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COMPORTAMENTO DA PRESSÃO ARTERIAL E DO VO 2 Max INDIRETO EM IDOSOS HIPERTENSOS APÓS EXERCÍCIOS RESISTIDOS Behavior blood of pressure and indirect vo2 max in elderly hypertensive resistance exercise. CINTIA TEIXEIRA ROSSATO MORA [a] , JONE FABIANA PESSATTO DOS SANTOS [b] VANDA ALVES DE SOUZA SAITO [c] [a] Professora do curso de Fisioterapia da Faculdade Anglo Americano de Foz do Iguaçu (FAAFI), Foz do Iguaçu – PR, Brasil, e-mail: [email protected] [b] Graduanda em Fisioterapia na Faculdade Anglo Americano de Foz do Iguaçu (FAAFI), Foz do Iguaçu – PR, Brasil, e-mail: [email protected] [c] Graduanda em Fisioterapia na Faculdade Anglo Americano de Foz do Iguaçu (FAAFI), Foz do Iguaçu – PR, Brasil, e-mail: [email protected] Resumo Introdução: Os idosos constituem a parcela da população que mais cresce em todo o mundo, e o próprio envelhecimento pode estar relacionado ao maior desenvolvimento da hipertensão arterial. Objetivo: Avaliar os efeitos de exercícios resistidos em idosos hipertensos, em relação à pressão arterial, consumo máximo de oxigênio (VO 2 máx) e distância percorrida através do teste de caminhada de seis minutos (TC6). Materiais e Métodos: Foram selecionados 29 idosos de ambos os sexos, com média de idade de 68,17 (±5,52) anos, participantes de atividade física, sendo estes, divididos em 2 grupos, um grupo experimental (G1) com 17 indivíduos e outro grupo controle (G2) com 12 indivíduos, onde o G1 foi submetido a um protocolo de exercícios resistidos com carga de 50% de 10 RM, associados à prática da atividade física. Os idosos foram avaliados antes e depois do programa de exercícios, que teve duração de 4 semanas, por 30 minutos, três vezes por semana. Resultados: Houve melhora significante da pressão arterial sistólica (p=0,0137) e diastólica (p= 0,0003), VO 2 máx (p=0,0185) e da distância percorrida (p=0,0151) entre pré e pós período de aplicação no grupo experimental. Na comparação entre os grupos também houve melhora significativa no VO 2 máx (p=0,0010) pressão arterial sistólica (p=0,0021) e diastólica (p=0,0247) e a distância percorrida (p=0,0001). Conclusão: Os exercícios resistidos com 50% de 10 RM proporcionaram uma melhora da pressão arterial, do VO 2 máx e da distância percorrida nos idosos hipertensos. [P] Palavras-chave: Hipertensão. Idoso. Exercício. Consumo de oxigênio.

Comportamento da pressão arterial e do vo2 max

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COMPORTAMENTO DA PRESSÃO ARTERIAL E DO VO2 Max

INDIRETO EM IDOSOS HIPERTENSOS APÓS EXERCÍCIOS

RESISTIDOS

Behavior blood of pressure and indirect vo2 max in elderly hypertensive

resistance exercise.

CINTIA TEIXEIRA ROSSATO MORA [a], JONE FABIANA PESSATTO DOS SANTOS [b]

VANDA ALVES DE SOUZA SAITO [c]

[a] Professora do curso de Fisioterapia da Faculdade Anglo Americano de Foz do Iguaçu

(FAAFI), Foz do Iguaçu – PR, Brasil, e-mail: [email protected] [b] Graduanda em Fisioterapia na Faculdade Anglo Americano de Foz do Iguaçu (FAAFI), Foz

do Iguaçu – PR, Brasil, e-mail: [email protected] [c] Graduanda em Fisioterapia na Faculdade Anglo Americano de Foz do Iguaçu (FAAFI), Foz

do Iguaçu – PR, Brasil, e-mail: [email protected]

Resumo Introdução: Os idosos constituem a parcela da população que mais cresce em todo o mundo, e o próprio envelhecimento pode estar relacionado ao maior desenvolvimento da hipertensão arterial. Objetivo: Avaliar os efeitos de exercícios resistidos em idosos hipertensos, em relação à pressão arterial, consumo máximo de oxigênio (VO2 máx) e distância percorrida através do teste de caminhada de seis minutos (TC6). Materiais e Métodos: Foram selecionados 29 idosos de ambos os sexos, com média de idade de 68,17 (±5,52) anos, participantes de atividade física, sendo estes, divididos em 2 grupos, um grupo experimental (G1) com 17 indivíduos e outro grupo controle (G2) com 12 indivíduos, onde o G1 foi submetido a um protocolo de exercícios resistidos com carga de 50% de 10 RM, associados à prática da atividade física. Os idosos foram avaliados antes e depois do programa de exercícios, que teve duração de 4 semanas, por 30 minutos, três vezes por semana. Resultados: Houve melhora significante da pressão arterial sistólica (p=0,0137) e diastólica (p= 0,0003), VO2 máx (p=0,0185) e da distância percorrida (p=0,0151) entre pré e pós período de aplicação no grupo experimental. Na comparação entre os grupos também houve melhora significativa no VO2 máx (p=0,0010) pressão arterial sistólica (p=0,0021) e diastólica (p=0,0247) e a distância percorrida (p=0,0001). Conclusão: Os exercícios resistidos com 50% de 10 RM proporcionaram uma melhora da pressão arterial, do VO2 máx e da distância percorrida nos idosos hipertensos. [P] Palavras-chave: Hipertensão. Idoso. Exercício. Consumo de oxigênio.

Page 2: Comportamento da pressão arterial e do vo2 max

Abstract Introduction: The elderly constitute the portion of the fastest growing population worldwide, making it more prone to developing hypertension that are characteristic of aging. Objective: To evaluate the effects of resistance training in elderly hypertensive patients in relation to blood pressure and maximal oxygen uptake (VO2max) and distance traveled through the test of six-minute walk test (6MWT). Materials and Methods: We selected 29 patients of both sexes with a mean age of 68.17 (± 5.52) years, participating in physical activity, the latter being divided into two groups, one experimental group (G1) with 17 individuals and one control group (G2) with 12 individuals, where the G1 was subjected to a resistance exercise protocol with a load of 50% of 10 RM, associated with physical activity. The elderly were assessed before and after the exercise program, which lasted 4 weeks, 30 minutes, three times a week. Results: There was significant improvement in systolic blood pressure (p = 0.0137) and diastolic (p = 0.0003), VO2 max (p = 0.0185) and distance traveled (p = 0.0151) between pre and post application period in the experimental group. In the comparison between groups was also significant improvement in VO2 max (p = 0.0010), systolic blood pressure (p = 0.0021) and diastolic (p = 0.0247) and distance (p = 0.0001). Conclusion: Resistance exercises with 50% of 10 RM provided an improvement in blood pressure, VO2 max and distance covered in the elderly hypertensive. Keywords: Hypertension. Elderly. Task Oxygen consumption.

INTRODUÇÃO

Os idosos constituem a parcela da população que mais cresce em todo o mundo.

No Brasil, o envelhecimento populacional tem ocorrido de forma rápida e acentuada,

segundo projeções, chegará ao ano 2020 com mais de 26,3 milhões, representando

quase 12,9% da população total (1).

As alterações próprias do envelhecimento tornam o indivíduo mais propenso ao

desenvolvimento de hipertensão arterial sistêmica (HAS), sendo essa a principal doença

crônica dessa população. Estima-se que a hipertensão arterial acometa 50% das pessoas

com 60 anos ou mais (2), e aproximadamente 22% da população brasileira acima de

vinte anos, sendo responsável por 80% dos casos de acidente cérebro vascular, 60% dos

casos de infarto agudo do miocárdio e 40% das aposentadorias precoces, além de

significar um custo de 475 milhões de reais gastos com 1,1 milhões de internações por

ano (3), assim, logo percebe-se a gravidade desta doença silenciosa.

Uma das estratégias para a redução da pressão arterial de repouso é a prática

regular de atividades físicas. Diversos estudos têm comprovado um efeito benéfico do

treinamento físico, tanto aeróbio quanto de força sobre os níveis de pressão arterial (PA)

de repouso. Esses efeitos podem ocorrer como uma adaptação crônica ao treinamento

Page 3: Comportamento da pressão arterial e do vo2 max

ou como uma redução dos níveis pressóricos depois de uma sessão de exercícios,

denominada hipotensão pós-exercícios (4).

A hipotensão pós-exercícios já foi amplamente relatada após sessões de

exercícios aeróbicos. Mas recentemente, surgiram estudos procurando demonstrar esse

efeito após exercícios resistidos, sendo, entretanto, contraditórios os resultados em

normotensos, parecendo, então, que sujeitos hipertensos são mais suscetíveis à

ocorrência de hipotensão pós-exercícios (5).

O teste de caminhada de seis minutos (TC6) é um teste submáximo consagrado

mundialmente, ocorrendo uma correlação linear entre a distância total percorrida e o

consumo máximo de oxigênio (VO2 máx), obtido no teste. O TC6 apresenta-se como

uma opção de baixo custo e bem tolerado, além de possibilitar ao paciente determinar

a velocidade e a necessidade de realizar pausas, o que é uma vantagem adicional em

idosos (6). Este teste avalia a distância máxima que um participante caminha durante

seis minutos, ao longo de um percurso. Ao sinal indicativo, o participante caminha a

maior distância possível, sem correr, em volta do percurso, quantas vezes ele conseguir,

dentro do limite de tempo de 6 minutos (7).

A análise destas variáveis, busca proporcionar uma associação dos exercícios

aeróbicos com exercícios musculares resistidos, podendo atuar não somente na

hipertensão arterial, mas na capacidade funcional no que se refere à potencialidade para

desempenhar as atividades de vida diária (AVDs).

O presente estudo tem por objetivo geral, verificar através do TC6 o

comportamento do VO2 máx, e avaliar os valores da pressão arterial antes e após o

programa de exercícios resistidos em idosos hipertensos.

MATERIAIS E MÉTODOS

Amostra

Faziam parte desta amostra indivíduos idosos encaminhados por médicos com

diagnóstico de hipertensão arterial, que participavam de atividade física, na faixa etária

de 60 anos ou mais, de ambos os gêneros. Foram excluídos os voluntários que

apresentaram hipertensão ainda não controlada, e que não apresentavam condições de

realizar o TC6, por alterações ortopédicas ou neurológicas.

Todos os indivíduos foram esclarecidos e orientados quanto à natureza e ao

significado do estudo proposto e assinaram o termo de Consentimento Livre e

Page 4: Comportamento da pressão arterial e do vo2 max

Esclarecido, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da

Faculdade Assis Gurgacz, sob Protocolo 143/2010. Este estudo foi realizado no Centro

Escola Bairro Professor Pedro Zanatta, na cidade de Foz do Iguaçu.

Os participantes foram divididos de acordo com o horário que praticavam

atividades físicas, em dois grupos, sendo o G1 o grupo experimental e o G2 controle. O

grupo experimental foi acompanhado por 4 semanas, no período de 27 de outubro a 26

de novembro, três vezes por semana em dias alternados, com duração de 30 minutos

cada atendimento, que ocorria sempre após 30 minutos de atividades físicas com

educador físico.

O grupo controle manteve as atividades físicas com o educador físico durante

uma hora, três vezes por semana.

Avaliação

Através de uma ficha foram coletados os dados dos participantes, tais como,

nome completo, idade, sexo, tempo de pratica de atividade física, a fim de analisar o

perfil dos grupos, além desta avaliação inicial, foi realizado o TC6, antes e após o

período de intervenção.

O TC6 foi realizado da seguinte forma: dois avaliadores devidamente treinados

orientaram cada idoso, a percorrer a maior distância possível em um corredor de 30

metros sinalizado com cone, um avaliador acompanhou o idoso durante o teste, ao

longo de 6 minutos. Durante o teste foi verificada, a freqüência cardíaca (FC), saturação

periférica de oxigênio (SpO2) e escala de Borg no 2º, 4º e no 6º minuto de caminhada e

após o 1º, 3º e 6º minutos de repouso. No TC6 a instrução foi caminhar o mais rápido

possível e o indivíduo determinou a velocidade da caminhada. A PA, FC, SpO2 e escala

de Borg foram mensurados no início do teste (após 5 minutos de repouso sentado) e

logo ao final do teste. Para a coleta de dados referente às variáveis FC, SpO2 foi

utilizado oxímetro de dedo da marca registrada Onyx e para aferir a PA foi utilizado

estetoscópio e esfigmomanômetro marca registrada Premium. Neste trabalho foram

utilizadas as equações de referência propostas por Enright & Sherrill (8,9).

O TC6 foi realizado 48 horas antes de iniciar as atividades e 48 horas após a

finalização do período de intervenções em ambos os grupos, para a verificação do VO2

indireto foi utilizada a seguinte fórmula baseada no TC6 (velocidade x 0,1+3,5).

Page 5: Comportamento da pressão arterial e do vo2 max

Os exercícios realizados pelo grupo G1 foram feitos com uma carga determinada

através do teste de 10 RM, utilizando 50% desta carga. Para a determinação de 10

repetições máximas, foram realizados deslocamentos de um peso por toda a extensão do

movimento articular por 10 vezes, sem que este pudesse realizar a 11º repetição.

Os participantes foram instruídos quanto aos tipos de exercícios realizados e

tiveram acompanhamento durante estas atividades pelos pesquisadores, sendo

orientados a não realizarem manobra de valsalva durante os exercícios, e sim a

respiração diafragmática. Para maior segurança dos pacientes, a PA foi monitorado

antes e após os exercícios.

Protocolo de Atendimento

O protocolo de atendimento foi elaborado baseando-se em exercícios de fácil

execução e nos princípios do método Kabat (10), com movimentos em diagonal, a fim

de favorecer a funcionalidade durante os exercícios. A resistência utilizada foi 50% do

teste de 10 RM.

Todos os exercícios foram realizados em duas séries de 15 repetições, em ambos

os membros. (Figura 01)

1) Exercícios em diagonais de Kabath de membros superiores: paciente ira ter uma

tornozeleira adaptada no punho, saído de uma adução, flexão e rotação interna para

uma abdução, extensão e rotação externa, bilateral (ADLER, BECKERS e BUCK,

1999).

2) Abdução e adução horizontal de membro superior.

3) Extensão de joelhos com uma tornozeleira, com o paciente sentado em uma cadeira

com as costas bem apoiadas realizando extensão de joelho, utilizando toda a

amplitude possível. Retornando até formar um ângulo de 90º nas articulações dos

joelhos.

4) Abdução e adução dos MMII com tornozeleira: paciente em pé, apoiando-se numa

barra de apoio com uma tornozeleira realizando abdução e adução.

5) Extensão do quadril com uma tornozeleira: paciente em pé, apoiando-se numa barra

de apoio com uma tornozeleira, realizando extensão do quadril.

6) Marcha estacionaria 5 minutos, com tornozeleira.

Page 6: Comportamento da pressão arterial e do vo2 max

Figura 01. Protocolo de atendimento

Análise estatística

Os dados obtidos foram analisados por meio de comparações de seus percentuais

por categoria ou pelo cálculo de suas médias, e desvios-padrões. As variáveis entre os

grupos por meio do teste de Wilcoxon Matched Pairs test. As comparações das

variáveis com distribuição não paramétricas foram feitas por meio do teste Mann-

Whitney test, para descrever a relação entre as variáveis antes e após a intervenção. Os

testes estatísticos foram considerados significantes para um erro alfa de 5% (p < 0,05).

Os cálculos foram realizados no software Statistica® (versão 3.2, 32 – bit for Windows)

(Versão Created July 10 2009).

Page 7: Comportamento da pressão arterial e do vo2 max

RESULTADOS

Foram acompanhados 29 indivíduos, sendo que destes, 17 participaram do grupo

experimental (G1), e 12 do grupo controle (G2). Os grupos G1 e G2 apresentaram

média de idade de 68±5, 68±4 anos, índice de massa corporal (IMC) de 27±4, 26±2

Kg/m2 e tempo de atividade de 10±11, 12±7 meses, respectivamente (Tabela 01). Os

participantes apresentavam perfil de não tabagistas, tendo 3 participantes do G1 que

haviam tido acidente vascular encefálico a 3 meses. Em relação ao perfil observa-se que

os grupos estudados foram homogêneos, sem diferença estatística entre os grupos

quanto à idade, altura, peso, IMC e tempo de atividade física.

Tabela 01. Perfil dos grupos em médias e desvio padrão

Características G1 (n=17) G2 (n=12) Idade (anos) 68,5±5 68±4 Sexo, H/M 5/12 4/8 Altura (m) 1,59±0,7 1,58±0,10 Peso (Kg) 69±13 66±6 IMC (Kg/m2) 27±4 26±2,5 Tempo de atividade física (meses) 10±11 12±7

IMC: índice de massa corporal.

Na avaliação inicial, o G1 apresentou resultado do TC6 uma distância percorrida

de 417± 64,07 m e na avaliação final foi de 480±63 m, sendo que a média do predito da

distância foi de 425±58 m e o G2 caminhou 436,5± 57,86 m antes e na avaliação final

caminhou 395±38 m com o predito de 461±66 m, em relação a metragem inicial e final

do G2 observou que teve uma diminuição e um aumento no G1. A diferença pré e pós

do VO2 máx do G1 foi de 1,23±0,08 e do G2 de -0,66±0,94. Havendo uma diferença

significativa estatística entre os grupos.

Em relação à PA, observa-se que o grupo controle apresentava valores inferiores

que o grupo experimental, após o treinamento a PAS do G1 diminuiu enquanto que a do

G2 apresentou um pequeno aumento, já em relação à PAD houve uma diminuição em

ambos os grupos.

Os valores após o treinamento do G1 apresentaram melhora no desempenho do

TC6, aumento do VO2 máx indireto, e diminuição da PAS e PAD, já o grupo controle

demonstrou uma diminuição da distância percorrida, piora do VO2 máx e ainda um

aumento da pressão arterial.

Page 8: Comportamento da pressão arterial e do vo2 max

Ao relacionar os valores pré e pós-intervenção, observou-se diferença

estatisticamente significativa em relação aos valores do TC6, VO2 máx, PAS e PAD no

G1, quando comparados estas variáreis entre o grupo experimental e o controle também

foi observado significância estatística (Tabela 02). Tabela 02. Variáveis avaliadas pré e pós intervenção em médias e desvio padrão

G1 (n=17)

Diferença entre Pré e Pós G1

G2 (n=12)

Diferença entre Pré e Pós G2

Pré Pós Pré Pós

TC6 (m) 417,2±64,07 480±63,91* 59,29 + 36,58* 436,5±57,86 395,8±38,33 -47+ 65,42* VO2 máx

(ml/kg/min) 10,23±0,94 11,35±1,08* -1,23 ± 0,08* 10,58±0,75 10,16± 0,68 0,66± 0, 94 PAS

(mmHg) 143,5±10,26 130±17,49* -14,70 +14,90* 125,8±8,62 127,5±10,10 2,50 +10,10 PAD

(mmHg) 96,5±9,04 81,8±9,84* -15,88 + 14,57* 88,3±8,97 85,8± 8,62 1,66 +9,86 TC6: Teste de caminhada de seis minutos; VO2: consumo de oxigênio; Pré: antes do tratamento; Pós: depois do tratamento; PAS: pressão arterial sistólica; PAD: pressão arterial diastólica; *p < 0,05 quando comparados pré e pós intra grupo;

Na PAS o G1 apresentou uma média de 143,5±10,26mmhg antes e

depois 130±17,49mmhg, e no G2 125,8±8,62mmhg antes e 127,5± 10,10mmhg depois,

e na PAD G1 teve resultado 96,5±9,04mmhg antes e 81,8±9,84mmhg depois, o G2

antes 88,3±8,97mmhg e depois 85,8± 8,62mmhg apresentando diferenças significantes

estatisticamente entre os grupos pré e pós-intervenções.

DISCUSSÃO

Idosos que realizam atividades físicas periodicamente têm melhor independência

funcional e melhor qualidade de vida do que aqueles sedentários, modificações no estilo

de vida têm o potencial de prevenir a hipertensão (11,12).

Neste estudo os voluntários eram praticantes de atividades físicas sendo que

apresentavam média de IMC de 27±4 kg/m2, estando eutróficos, segundo Cervi, (13),

que utiliza valores recomendados para adultos e idosos.

Para avaliar a capacidade funcional destes idosos foi utilizado o TC6 que foi

bem tolerado por eles. Como durante o TC6 não houve intercorrências, nos parâmetros

avaliados antes e pós-teste, apesar de apresentarem variação significativa

estatisticamente, não trouxeram grande variação que pudessem trazer riscos para os

idosos, sendo esse um método de avaliação seguro (14, 15,16).

*

Page 9: Comportamento da pressão arterial e do vo2 max

Na avaliação inicial, o G1 apresentou resultado do TC6 uma distância percorrida

de 417± 64,07 m e na avaliação final foi de 480±63 m sendo que o predito foi 425±58

m observando que no início estava abaixo do predito e no final acima, e o G2 de

436,5± 57,86 e na avaliação final de 395±38 com o predito de 461±66 m, em relação a

metragem inicial e final do G2 observou que teve uma diminuição significativa isto,

podendo estar relacionado, ao não controle de suas presença as atividades pelas

pesquisadoras. Baseado nos resultados encontrados, o teste de caminhada de seis minutos é

um teste reprodutível e sensível ao avaliar a capacidade funcional de sedentários de

diferentes faixas etárias (17).

A distância obtida no TC6 apresenta forte correlação com o VO2 max (18),

sendo este em média do G1 de 10,23±0,94 no início e no final 1,35±1,08 havendo uma

diferença estatística, e do G2 no início foi de 10,58±0,75 e no final de 10,16± 0,68 onde

não teve diferença. Na comparação entre os grupos à diferença foi significativa, G1

1,23±0,08 e no G2 foi 0,66±0,94, sendo valor de p=0,0010.

A inclusão de exercícios resistidos em idosos hipertensos atuou de forma a

complementar a atividade física já realizada. Confirmando o posicionamento oficial, do

American College of Sports Medicine, que ressalta a importância de incluir o

treinamento resistido em um programa de prevenção, tratamento e controle da

hipertensão arterial (HA) (19, 20), ainda a prática regular de atividades físicas é parte

primordial das condutas não medicamentosas de prevenção e tratamento da HÁ (21).

Para a determinação da carga ideal de treinamento, foi utilizado o teste de 10

RM e utilizado a carga de 50 a 60% de 10 RM, indo de encontro com as VI Diretrizes

Brasileiras de Hipertensão Arterial, que recomendam que os exercícios resistidos

“sejam realizados entre 2 e 3 vezes por semana, por meio de 1 a 3 séries de 8 a 15

repetições (22)”. Sendo seguidas estas recomendações para a realização desta pesquisa.

Os exercícios resistidos de intensidade leve (40% a 60% da carga voluntária

máxima), com um número maior de repetições também parecem ter efeito benéfico na

PA, além dos benefícios comprovados sobre o sistema osteomuscular, podem, portanto,

ser prescritos para o hipertenso desde que estejam associados aos exercícios aeróbios

(23).

A carga utilizada para os exercícios foi de 50% do teste de 10 RM, indo de

encontro a um estudo que demonstrou que a realização de exercícios resistidos a uma

intensidade de 80% da carga voluntaria máxima (CVM) promoveu aumento da PAS e

manutenção da PAD; porém, quando a mesma atividade foi realizada a 50% da CVM, a

Page 10: Comportamento da pressão arterial e do vo2 max

PAS não se alterou pós exercícios, mas foi seguida de diminuição da PAD pós exercício

(24, 25).

Os resultados obtidos entre os grupos demonstram a diminuição estatisticamente

significativa da PAS (P=0,0021) e PAD (P=0,0247) no grupo experimental maior que

no grupo controle, após a execução do protocolo de exercícios resistidos durante 12

atendimentos. Tais resultados corroboram com os dados encontrados por outro autor

(26), em uma revisão mais recente, com estudos sobre o efeito do exercício (aeróbio e

resistido, principalmente dinâmico) na PA em pacientes hipertensos, sugerindo que o

treinamento resistido (TR), de moderada intensidade, é capaz de reduzir a PA.

Vários estudos e metanálises recentes mostram importante redução nos níveis de

pressão arterial clínica em pacientes hipertensos após um período de treinamento físico,

sendo observada redução pressórica de até 11 mmhg para a pressão sistólica e 8 mmhg

para a pressão diastólica (19,26,27). O exercício resistido tem se inserido

progressivamente em programas de prevenção e reabilitação cardiovascular (28).

Em relação ao grupo controle não foi encontrado a mesma correlação, podendo

estar também associada à falta de controle da freqüência das atividades supervisionadas,

o que ocorreu com o grupo tratado, com o incentivo das pesquisadoras.

Desse modo o treinamento resistido é um exemplo de exercício físico de baixo

custo, que traz efeitos benéficos ao praticante, com resultados fisiológicos que reduzem

os malefícios dos efeitos deletérios advindos com a idade, otimizando a qualidade de

vida (29, 30).

CONCLUSÃO

A prática das atividades físicas associadas aos exercícios resistidos em pacientes

idosos hipertensos promoveu uma diminuição significativamente estatística da pressão

arterial, aumento da distância percorrida associada à melhora do consumo de oxigênio

no teste de caminhada de seis minutos, e demonstrou-se segura para os pacientes

estudados.

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Page 11: Comportamento da pressão arterial e do vo2 max

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