Comportamento Estrutural Vigas e Concreto e Carbono

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Comportamento Estrutural Vigas e Concreto e Carbono

Citation preview

  • Comportamento Estrutural de Vigas de Concreto Armado Reforadas com

    Compsitos de Fibra de Carbono

    Andriei Jos Beber

    PORTO ALEGRE 2003

  • ii

    Andriei Jos Beber

    Comportamento Estrutural de Vigas de Concreto Armado Reforadas com

    Compsitos de Fibra de Carbono

    Tese apresentada ao Programa de Ps-Graduao em Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, como parte dos requisitos para obteno do ttulo de Doutor em Engenharia

    Porto Alegre Julho 2003

  • iii

    Andriei Jos Beber

    Comportamento Estrutural de Vigas de Concreto Armado Reforadas com

    Compsitos de Fibra de Carbono

    Esta tese de doutorado foi julgada adequada para a obteno do ttulo de

    DOUTOR EM ENGENHARIA e aprovada em sua forma final pelo professor

    orientador e pelo Programa de Ps-Graduao em Engenharia Civil da Universidade

    Federal do Rio Grande do Sul.

    Porto Alegre 28 de julho de 2003.

    Prof. Amrico Campos Filho Dr. pela USP

    Orientador/Coordenador do PPGEC-UFRGS

    BANCA EXAMINADORA

    Prof. Ivo Jos Padaratz (UFSC) PhD. pela University of Edinburgh

    Prof. Mauro de Vasconcellos Real (FURG) Dr. pela UFRGS

    Prof. Francisco de Paula Simes Lopes Gastal (UFRGS) PhD. pela North Carolina State University

    Prof. Joo Luiz Campagnolo (UFRGS) MSc. pela UFRGS

  • iv

    A vitria metade conquistada quando se desenvolve o hbito de estabelecer metas e alcan-las. Mesmo a mais entediante rotina torna-se suportvel quando se marcha convencido que toda tarefa,

    no importando sua dimenso, lhe traz cada vez mais perto de conquistar seus sonhos.

  • v

    AAGGRRAADDEECCIIMMEENNTTOOSS

    O desenvolvimento de uma tese de doutorado experimental representa, acima de

    tudo, um exerccio de esforo coletivo na busca de um objetivo. Com enorme satisfao,

    gostaria de prestar meus mais sinceros agradecimentos a todos aqueles que, de alguma forma,

    contriburam para a concretizao deste trabalho.

    Primeiramente gostaria de agradecer ao Prof. Amrico Campos Filho, entusiasta deste

    trabalho desde seu incio, pelos seus ensinamentos, rigor cientfico, disponibilidade e,

    principalmente, amizade e incentivo permanente.

    Aos professores, colaboradores e bolsistas de iniciao cientfica do LEME, pelo

    incentivo e apoio constantes durante a conduo de todas as etapas desta tese. Estendo meu

    agradecimento, tambm, aos demais funcionrios do PPGEC e do Departamento de

    Engenharia Civil. Em particular, agradeo ao Prof. Joo Luiz Campagnolo, grande

    incentivador deste trabalho.

    Aos amigos Eurpedes Martins Fontes e Dirceo Santarosa, grandes companheiros

    durante esta jornada, sempre presentes em todos os momentos do desenvolvimento desta

    tese. Agradeo, ainda, querida Liliani Gaeversen que, com sua contribuio maternal foi

    muito importante, principalmente nos momentos de dificuldade.

    Gostaria de agradecer a importante contribuio da Votorantim Cimentos S/A,

    Siderrgica Rio-Grandense S/A e Belgo-Mineira, pela doao de materiais para a realizao

    dos ensaios desta tese. Alm disso, gostaria de prestar meus agradecimentos aos engenheiros

    Jos Eduardo Granato, Paulo Cruz e Fbio Andr Viecili, funcionrios da Master Builders

    Technologies do Brasil, pela doao dos sistemas de reforo CFK 200/2000 e

    C-Sheet 240 empregados nesta tese.

    Gostaria de agradecer, ainda, ao CNPq pelo suporte financeiro durante a elaborao

    deste trabalho.

    A Deus, pela fora e graa de poder realizar este trabalho.

  • vi

    SUMRIO

    Lista de Quadros ........................................................................................................................................ x

    Lista de Tabelas ......................................................................................................................................... xi

    Lista de Figuras ......................................................................................................................................... xii

    Notao e Simbologia ............................................................................................................................ xvii

    Resumo ...................................................................................................................................................... xx

    Abstract ..................................................................................................................................................... xxi

    Glossrio .................................................................................................................................................. xxii

    CAPTULO 1 INTRODUO .................................................................................................................. 1 1.1 Consideraes iniciais .............................................................................................................. 1

    1.2 Reabilitao de estruturas de concreto ................................................................................. 5

    1.3 Mtodos convencionais de reforo estrutural ..................................................................... 9

    1.3.1 Aumento de seo transversal ..................................................................................... 10

    1.3.2 Protenso externa .......................................................................................................... 10

    1.3.3 Chapa de ao colada com resina epxi ....................................................................... 11

    1.4 Reforo de estruturas de concreto com materiais compsitos ....................................... 13

    1.5 Objetivos do trabalho ............................................................................................................ 14

    CAPTULO 2 MATERIAIS COMPSITOS ........................................................................................... 18 2.1 Consideraes iniciais ............................................................................................................ 18

    2.2 Histrico .................................................................................................................................. 20

    2.3 Composio ............................................................................................................................ 21

    2.3.1 Matriz .............................................................................................................................. 21

    2.3.2 Fibras ............................................................................................................................... 23

    2.3.2.1 Fibras de vidro .......................................................................................................... 24

    2.3.2.2 Fibras de aramida ..................................................................................................... 25

    2.3.2.3 Fibras de carbono ...................................................................................................... 25

    2.4 Compsitos de FRP ............................................................................................................... 26

    2.4.1 Propriedades dos compsitos de FRP ....................................................................... 29

    2.4.1.1 Resistncia e rigidez ................................................................................................... 29

    2.4.1.2 Fadiga ....................................................................................................................... 29

  • vii

    2.4.1.3 Fluncia .................................................................................................................... 30

    2.4.1.4 Coeficiente de expanso trmica .................................................................................. 30

    2.4.2 Compsitos de CFRP ................................................................................................... 30

    2.4.2.1 Sistemas pr-fabricados .............................................................................................. 31

    2.4.2.2 Sistemas curados in situ ............................................................................................. 32

    2.4.3 Vantagens e desvantagens do reforo estrutural com compsitos de CFRP ....... 35

    2.4.3.1 Resistncia ...................................................................................................................... 36

    2.4.3.2 Peso prprio ............................................................................................................... 36

    2.4.3.3 Transporte ................................................................................................................. 36

    2.4.3.4 Versatilidade de projeto ............................................................................................. 36

    2.4.3.5 Facilidade de aplicao ............................................................................................... 37

    2.4.3.6 Menor necessidade de fixao ..................................................................................... 37

    2.4.3.7 Durabilidade ............................................................................................................. 38

    2.4.3.8 Resistncia ao do fogo ........................................................................................... 38

    2.4.3.9 Manuteno ............................................................................................................... 38

    2.4.3.10 Menor tempo de interdio ....................................................................................... 39

    2.4.3.11 Protenso ................................................................................................................. 39

    CAPTULO 3 COMPORTAMENTO ESTRUTURAL ............................................................................ 40 3.1 Histrico das principais investigaes ................................................................................ 40

    3.2 Aplicaes de compsitos de CFRP ................................................................................... 47

    3.3 Modos de ruptura .................................................................................................................. 49

    3.4 Comportamento de vigas reforadas flexo .................................................................... 53

    3.4.1 Condio inicial ............................................................................................................. 54

    3.4.2 Anlise no estado limite ltimo (ELU) ...................................................................... 56

    3.4.3 Verificao de modos de ruptura prematuros ........................................................... 62

    3.5 Comportamento de vigas reforadas ao cisalhamento ..................................................... 67

    3.5.1 Generalidades ................................................................................................................. 68

    3.5.2 Configuraes de um reforo ao cisalhamento ......................................................... 70

    3.5.3 Princpios gerais de dimensionamento ....................................................................... 73

    3.5.3.1 Contribuio do concreto ............................................................................................. 76

    3.5.3.2 Contribuio da armadura transversal ........................................................................ 79

    3.5.3.3 Contribuio do reforo externo .................................................................................. 81

  • viii

    CAPTULO 4 PROGRAMA EXPERIMENTAL ...................................................................................... 93 4.1 Consideraes iniciais ............................................................................................................ 93

    4.2 Caractersticas das vigas ........................................................................................................ 94

    4.2.1 Vigas reforadas flexo .............................................................................................. 96

    4.2.2 Vigas reforadas ao cisalhamento ............................................................................... 97

    4.3 Concreto .................................................................................................................................. 99

    4.3.1 Dosagem ....................................................................................................................... 100

    4.3.2 Mistura .......................................................................................................................... 101

    4.3.3 Moldagem ..................................................................................................................... 101

    4.3.4 Adensamento ............................................................................................................... 101

    4.3.5 Retirada das frmas e cura ......................................................................................... 102

    4.3.6 Controle tecnolgico ................................................................................................... 103

    4.4 Ao ......................................................................................................................................... 103

    4.5 Compsitos de CFRP .......................................................................................................... 104

    4.5.1 Sistema pr-fabricado ................................................................................................. 104

    4.5.2 Sistema curado in situ .................................................................................................. 104

    4.5.3 Aplicao do reforo ................................................................................................... 105

    4.5.3.1 Preparao da superfcie ........................................................................................... 105

    4.5.3.2 Aplicao do compsito de CFRP ............................................................................ 107

    4.6 Metodologia de ensaio ................................................................................................... 113

    4.6.1 Instrumentao ............................................................................................................ 116

    4.6.1.1 Cargas ..................................................................................................................... 116

    4.6.1.2 Deslocamentos verticais ............................................................................................ 116

    4.6.1.3 Deformaes especficas do concreto ............................................................................ 117

    4.6.1.4 Deformaes especficas da armadura e reforo ........................................................... 121

    4.6.2 Sistema de aquisio de dados ................................................................................... 123

    CAPTULO 5 AVALIAO DOS RESULTADOS EXPERIMENTAIS ................................................. 125 5.1 Vigas reforadas flexo .................................................................................................... 125

    5.1.1 Avaliao da resistncia: cargas e modos de ruptura .............................................. 126

    5.1.2 Avaliao da rigidez: deslocamentos e deformaes especficas .......................... 132

    5.1.2.1 Deslocamentos verticais ............................................................................................ 132

    5.1.2.2 Deformaes especficas na armadura ........................................................................ 136

    5.1.2.3 Deformaes especficas no concreto ............................................................................ 140

  • ix

    5.1.3 Avaliao do comportamento do reforo: deformaes especficas e tenses .. 146

    5.1.4 Modelos analticos para a previso do desempenho das vigas reforadas .......... 151

    5.2 Vigas reforadas ao cisalhamento ...................................................................................... 156

    5.2.1 Avaliao da resistncia: cargas e modos de ruptura .............................................. 156

    5.2.2 Deslocamentos verticais ............................................................................................. 174

    5.2.3 Deformaes especficas ............................................................................................ 175

    5.2.4 Modelos analticos para a previso do desempenho das vigas reforadas .......... 178

    CAPTULO 6 CONCLUSES E SUGESTES .................................................................................... 187 6.1 Concluses ............................................................................................................................ 187

    6.2 Sugestes para trabalhos futuros ....................................................................................... 192

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ........................................................................................................ 194 APNDICE .............................................................................................................................................. 206

  • x

    LISTA DE QUADROS

    QUADRO 1-1 Possveis causas para o surgimento de manifestaes patolgicas no concreto ............ . 6

    QUADRO 2-1 Tipos de fibra de vidro e suas principais aplicaes .......................................................... 25

    QUADRO 2-2 Descrio das mantas e tecidos empregados nos sistemas FRP curados in situ ............ 34

    QUADRO 2-3 Principais caractersticas e aspectos de instalao de sist. de reforos com CFRP ..... . 35

    QUADRO 3-1 Modos de ruptura possveis [Juvandes, 1999; Hollaway & Leeming, 1999] .................. 51

    QUADRO 4-1 Esquema de reforo das vigas do grupo F ......................................................................... . 97

    QUADRO 4-2 Esquema de reforo das vigas do grupo C ......................................................................... 99

    QUADRO 4-3 Consumo de materiais para 1 m3 de concreto .................................................................. 101

    QUADRO 4-4 Propriedades do laminado pr-fabricado CFK 200/2000 S&P Reinforcements ......... 104

    QUADRO 4-5 Propriedades da manta flexvel Replark 20 Mitsubishi Chemical Corporation ............. 105

    QUADRO 4-6 Propriedades da manta flexvel C-Sheet 240 S&P Reinforcements ............................... 105

    QUADRO 4-7 Valores aceitveis de irregularidade da superfcie de concreto ...................................... 106

    QUADRO 4-8 Coordenadas de posicionamento dos strain gages da armadura e reforo (grupo F) ... 122

  • xi

    LISTA DE TABELAS

    TABELA 2-1 Propriedades mecnicas de algumas resinas [Nanni et al, 1993] ........................................ 23

    TABELA 2-2 Propriedades tpicas de algumas fibras [Kendall, 1997] ...................................................... 27

    TABELA 4-1 Composio granulomtrica do agregado grado .............................................................. 100

    TABELA 4-2 Composio granulomtrica do agregado mido ............................................................... 100

    TABELA 4-3 Caractersticas das armaduras ................................................................................................ 103

    TABELA 5-1 Comparao entre cargas e modos de ruptura (grupo F) ................................................. 126

    TABELA 5-2 Comparao entre cargas e deformaes especficas no escoamento (grupo F) .......... 137

    TABELA 5-3 Resultados das tenses mximas no reforo (grupo F) ..................................................... 147

    TABELA 5-4 Resultados de tenses mximas no reforo (grupo F) ...................................................... 152

    TABELA 5-5 Comparao entre cargas de ruptura experimentais e tericas (grupo F) ...................... 153

    TABELA 5-6 Comparao entre cargas de ruptura de acordo com a abordagem de Teng et al (2001) 154

    TABELA 5-7 Comparao entre cargas de ruptura de acordo com a abordagem do ACI (2002) ..... 154

    TABELA 5-8 Comparao entre cargas de ruptura experimentais (grupo C) ........................................ 158

    TABELA 5-9 Resultados de inclinao da biela no momento da ruptura das vigas do grupo C ........ 177

    TABELA 5-10 Comparao entre os modelos para determinao da contribuio do concreto ....... 179

    TABELA 5-11 Comparao entre cargas de ruptura experimentais e tericas (Khalifa et al, 1998) .. 179

    TABELA 5-12 Comparao entre cargas de ruptura experimentais e tericas (fib, 2001) .................... 181

    TABELA 5-13 Comparao entre cargas de ruptura experimentais e tericas (ACI, 2002) ................ 182

    TABELA 5-14 Comparao entre cargas de ruptura experimentais e tericas (Teng et al, 2001) ...... 183

    TABELA 5-15 Comparao entre cargas de ruptura experimentais e tericas ...................................... 185

  • xii

    LISTA DE FIGURAS

    FIGURA 1-1 Tipos de estratgia de renovao ............................................................................................... 7

    FIGURA 1-2 Esquema organizacional da tese .............................................................................................. 17

    FIGURA 2-1 Diagrama tenso-deformao de fibras e metais .................................................................. 27

    FIGURA 2-2 Diagrama esquemtico do processo de pultruso ................................................................ 32

    FIGURA 2-3 Diagrama esquemtico do processo de fabricao do sistema curado in situ ................... 33

    FIGURA 3-1 Modos de ruptura possveis [Juvandes, 1999; Hollaway & Leeming, 1999] ..................... 51

    FIGURA 3-2 Modos de ruptura observados por Buyukosturk & Hearing (1997) .................................. 52

    FIGURA 3-3 Efeito de peeling off na interface concreto/compsito [Buyukosturk & Hearing, 1997] .. 52

    FIGURA 3-4 Diagrama esquemtico de equilbrio da seo transversal reforada ................................. 57

    FIGURA 3-5 Fluxograma para a determinao da capacidade resistente flexo .................................. 59

    FIGURA 3-6 Possveis localizaes de uma falha na interface ................................................................... 63

    FIGURA 3-7 Falhas no concreto ..................................................................................................................... 63

    FIGURA 3-8 Modelo tenso de adernciadeslizamento proposto por Chen & Teng (2001) ............. 64

    FIGURA 3-9 Dependncia entre mdulo de elasticidade e orientao das fibras ................................... 70

    FIGURA 3-10 Possveis configuraes de um reforo ao cisalhamento .................................................. 71

    FIGURA 3-11 Exemplo de aplicao do envolvimento da seo transversal com tiras de reforo ..... 72

    FIGURA 3-12 Exemplos de distribuio do reforo com compsitos de CFRP .................................... 72

    FIGURA 3-13 Exemplos de orientao das fibras de reforo dos compsitos de CFRP ...................... 73

    FIGURA 3-14 Mecanismos de resistncia ao cisalhamento de vigas de concreto armado .................... 74

    FIGURA 3-15 Notao para esquema de reforo ao cisalhamento ........................................................... 82

    FIGURA 4-1 Etapas bsicas da engenharia estrutural .................................................................................. 94

    FIGURA 4-2 Detalhamento da armadura das vigas do grupo F ................................................................ 96

    FIGURA 4-3 Detalhamento da armadura das vigas do Grupo C .............................................................. 98

    FIGURA 4-4 Detalhe das armaduras .............................................................................................................. 98

    FIGURA 4-5 Detalhes da concretagem ........................................................................................................ 102

    FIGURA 4-6 Preparao da superfcie de concreto para receber o reforo ........................................... 106

    FIGURA 4-7 Esquema de preparao da superfcie para o sistema curado in situ ................................ 107

  • xiii

    FIGURA 4-8 Corte do laminado pr-fabricado .......................................................................................... 108

    FIGURA 4-9 Preparao da resina epxi ..................................................................................................... 108

    FIGURA 4-10 Aplicao do laminado ......................................................................................................... 109

    FIGURA 4-11 Corte da manta flexvel ........................................................................................................ 110

    FIGURA 4-12 Esquema de aplicao da manta flexvel ........................................................................... 111

    FIGURA 4-13 Mistura e aplicao da resina de saturao ........................................................................ 111

    FIGURA 4-14 Posicionamento da manta flexvel ...................................................................................... 112

    FIGURA 4-15 Retirada do ar aprisionado e acabamento do reforo ..................................................... 113

    FIGURA 4-16 Esquema de ensaio ............................................................................................................... 114

    FIGURA 4-17 Vista frontal do sistema de ensaios .................................................................................... 115

    FIGURA 4-18 Vista lateral do sistema de ensaios ..................................................................................... 115

    FIGURA 4-19 Detalhes do posicionamento dos LVDTS ...................................................................... 117

    FIGURA 4-20 Detalhe do posicionamento dos transdutores de deslocamento superf. (grupo F) ..... 117

    FIGURA 4-21 Caractersticas geomtricas dos transdutores de deslocamento superficial ................. 118

    FIGURA 4-22 Detalhe do posicionamento dos transdutores de deslocamento superf. (grupo F) ..... 119

    FIGURA 4-23 Detalhe da instrumentao atravs de rosetas (grupo C) ............................................... 120

    FIGURA 4-24 Esquema de posicionamento das rosetas (grupo C) ....................................................... 121

    FIGURA 4-25 Detalhe do posicionamento das rosetas (grupo C) ......................................................... 121

    FIGURA 4-26 Esquema de posicionamento dos strain gages da armadura e reforo (grupo F) ........... 122

    FIGURA 4-27 Detalhe da instrumentao da armadura e reforo (grupo F) ........................................ 123

    FIGURA 4-28 Detalhe da disposio dos equipamentos durante um ensaio ........................................ 124

    FIGURA 5-1 Detalhes do modo de ruptura das vigas V1_A e V1_B ..................................................... 127

    FIGURA 5-2 Aspecto geral do descolamento nas vigas reforadas com laminado pr-fabricado ..... 128

    FIGURA 5-3 Detalhe do descolamento na interface adesivo/compsito .............................................. 128

    FIGURA 5-4 Deslocamento vertical e fissurao da viga V4_B .............................................................. 129

    FIGURA 5-5 Detalhe do modo de ruptura das vigas reforadas com uma camada de manta ............ 129

    FIGURA 5-6 Detalhe do modo de ruptura das vigas V5 .......................................................................... 130

    FIGURA 5-7 Detalhe do modo de ruptura das vigas V7 .......................................................................... 131

    FIGURA 5-8 Diagramas carga vs. deslocamento das vigas V1, V2 e V3 ....................................................... 133

  • xiv

    FIGURA 5-9 Diagramas carga vs. deslocamento das vigas V1, V4 e V5 ....................................................... 133

    FIGURA 5-10 Diagramas carga vs. deslocamento das vigas V1, V6 e V7 ..................................................... 134

    FIGURA 5-11 Diagramas carga vs. deslocamento das vigas V1, V4 e V6 ..................................................... 134

    FIGURA 5-12 Diagramas carga vs. deslocamento das vigas V1, V5 e V7 ..................................................... 135

    FIGURA 5-13 Diagramas carga vs. deslocamento das vigas V1, V2 e V6 ..................................................... 135

    FIGURA 5-14 Diagramas carga vs. deformao especfica na armadura das vigas V1, V2 e V3 .................. 137

    FIGURA 5-15 Diagramas carga vs. deformao especfica na armadura das vigas V1, V4 e V5 .................. 137

    FIGURA 5-16 Diagramas carga vs. deformao especfica na armadura das vigas V1, V6 e V7 .................. 138

    FIGURA 5-17 Diagramas carga vs. deformao especfica na armadura das vigas V1, V4 e V6 .................. 138

    FIGURA 5-18 Diagramas carga vs. deformao especfica na armadura das vigas V1, V5 e V7 .................. 139

    FIGURA 5-19 Diagramas carga vs. deformao especfica na armadura das vigas V1, V2 e V6 .................. 139

    FIGURA 5-20 Diagramas carga vs. deformao especfica no concreto (TRD-1) das vigas V1, V2 e V3 .. 140

    FIGURA 5-21 Diagramas carga vs. deformao especfica no concreto (TRD-1) das vigas V1, V4 e V5 .. 140

    FIGURA 5-22 Diagramas carga vs. deformao especfica no concreto (TRD-1) das vigas V1, V6 e V7 ... 141

    FIGURA 5-23 Diagramas carga vs. deformao especfica no concreto (TRD-1) das vigas V1, V4 e V6 ... 141

    FIGURA 5-24 Diagramas carga vs. deformao especfica no concreto (TRD-1) das vigas V1, V5 e V7 ... 141

    FIGURA 5-25 Diagramas carga vs. deformao especfica no concreto (TRD-1) das vigas V1, V2 e V6 ... 142

    FIGURA 5-26 Distribuio das deformaes na seo transversal das vigas V2_B e V3_A ............... 142

    FIGURA 5-27 Distribuio das deformaes na seo transversal das vigas V4_B e V5_B .............. 143

    FIGURA 5-28 Distribuio das deformaes na seo transversal das vigas V6_B e V7_A .............. 143

    FIGURA 5-29 Diagrama momento vs. curvatura e deformada das vigas V1, V2 e V3 ............................... 144

    FIGURA 5-30 Diagrama momento vs. curvatura e deformada das vigas V1, V4 e V5 ............................... 144

    FIGURA 5-31 Diagrama momento vs. curvatura e deformada das vigas V1, V6 e V7 ............................... 144

    FIGURA 5-32 Diagrama momento vs. curvatura e deformada das vigas V1, V4 e V6 ............................... 145

    FIGURA 5-33 Diagrama momento vs. curvatura e deformada das vigas V1, V5 e V7 ............................... 145

    FIGURA 5-34 Diagrama momento vs. curvatura e deformada das vigas V1, V2 e V6 ............................... 145

    FIGURA 5-35 Perfil de tenses da viga V2_B ............................................................................................ 148

    FIGURA 5-36 Perfil de tenses da viga V3_B ............................................................................................ 148

    FIGURA 5-37 Perfil de tenses da viga V4_B ............................................................................................ 149

  • xv

    FIGURA 5-38 Perfil de tenses da viga V5_B ............................................................................................ 149

    FIGURA 5-39 Perfil de tenses da viga V6_B ............................................................................................ 149

    FIGURA 5-40 Perfil de tenses da viga V7_B ............................................................................................ 150

    FIGURA 5-41 Perfil de tenses normalizado das vigas V2_B e V3_B ................................................... 150

    FIGURA 5-42 Perfil de tenses normalizado das vigas V4_B e V5_B ................................................... 151

    FIGURA 5-43 Perfil de tenses normalizado das vigas V6_B e V7_B ................................................... 151

    FIGURA 5-44 Relao tenso vs. rigidez do reforo ...................................................................................... 152

    FIGURA 5-45 Detalhe do modo de ruptura das vigas V8_A e V8_B .................................................... 159

    FIGURA 5-46 Desempenho das vigas reforadas em tiras orientadas 90o .......................................... 160

    FIGURA 5-47 Detalhes do modo de ruptura das vigas V9_A, V9_B e V21_A .................................... 160

    FIGURA 5-48 Detalhes do modo de ruptura das vigas V9_A, V9_B e V21_A .................................... 161

    FIGURA 5-49 Detalhes do modo de ruptura das vigas V10_A, V10_B e V17_A ............................... 162

    FIGURA 5-50 Detalhe do modo de ruptura das vigas V11_A, V11_B e V17_B ................................. 162

    FIGURA 5-51 Detalhe do modo de ruptura das vigas V11_A, V11_B e V17_B ................................. 163

    FIGURA 5-52 Detalhe do modo de ruptura das vigas V11_A, V11_B e V17_B ................................. 163

    FIGURA 5-53 Detalhe do modo de ruptura das vigas V12_A, V18_A e V20_A ................................. 164

    FIGURA 5-54 Detalhe do modo de ruptura das vigas V12_A, V18_A e V20_A ................................. 164

    FIGURA 5-55 Desempenho das vigas reforadas em tiras orientadas 45o .......................................... 165

    FIGURA 5-56 Detalhe do modo de ruptura das vigas V12_B e V14_B ................................................ 166

    FIGURA 5-57 Detalhe do modo de ruptura das vigas V19_A e V19_B ................................................ 166

    FIGURA 5-58 Desempenho das vigas com reforo contnuo orientado 90o ...................................... 167

    FIGURA 5-59 Detalhe do modo de ruptura das vigas V16_A e V18_B ................................................ 168

    FIGURA 5-60 Detalhe do modo de ruptura das vigas V13_A, V13_B, V15_B e V16_B ................... 168

    FIGURA 5-61 Detalhe do modo de ruptura das vigas V14_A e V15_A ................................................ 169

    FIGURA 5-62 Detalhe do modo de ruptura das vigas V20_B, e V22_B ............................................... 170

    FIGURA 5-63 Detalhe do modo de ruptura das vigas V21_B e V22_A ................................................ 170

    FIGURA 5-64 Desempenho das vigas com reforo em tiras coladas somente na lateral .................... 171

    FIGURA 5-65 Desempenho das vigas com reforo em tiras do tipo L .............................................. 171

    FIGURA 5-66 Detalhe da ruptura das vigas reforadas com laminados pr-fabricados ...................... 173

  • xvi

    FIGURA 5-67 Detalhe da ruptura das vigas reforadas com laminados pr-fabricados ...................... 173

    FIGURA 5-68 Diagramas carga vs. deslocamento das vigas do grupo C ....................................................... 174

    FIGURA 5-69 Diagramas carga vs. deslocamento das vigas do grupo C ....................................................... 175

    FIGURA 5-70 Diagrama carga vs. deformao especfica vertical no vo de cisalhamento ............................ 176

    FIGURA 5-71 Diagrama carga vs. deformao especfica vertical no vo de cisalhamento ............................ 176

  • xvii

    NOTAO E SIMBOLOGIA

    LETRAS MINSCULAS

    a = distncia entre o ponto de aplicao da carga e o apoio; vo de cisalhamento [cm]

    bw = largura da base da viga [cm]

    bf = largura do reforo flexo [cm]

    d = distncia entre a fibra mais comprimida e o centride da armadura longitudinal tracionada

    [cm]

    d = distncia entre a fibra mais comprimida e o centride da armadura longitudinal comprimida

    [cm]

    df = distncia entre a fibra mais comprimida e o centride do reforo [cm]

    fc = resistncia compresso do concreto [kN/cm2]

    fy = resistncia de escoamento da armadura longitudinal [kN/cm2]

    fyw = resistncia de escoamento da armadura transversal [kN/cm2]

    h = altura da viga [cm]

    hf! = altura do reforo colado na lateral [cm]

    hf,e = altura efetiva do reforo colado na lateral [cm]

    hf,t = distncia entre a face comprimida e a extremidade superior do reforo [cm]

    k1/k2 = coeficientes de modificao [ - ]

    "! = vo [cm]

    n = nmero de camadas de reforo [ - ]

    s = espaamento entre estribos medido segundo o eixo longitudinal da pea [cm]

    sf = espaamento entre tiras de reforo ao cisalhamento [cm]

    tf = espessura do compsito [cm]

    wf = largura do reforo ao cisalhamento [cm]

    x = posio da linha neutra [cm]

    LETRAS MAISCULAS

    Ac = rea da seo transversal de concreto [cm2]

    As = rea da seo transversal da armadura longitudinal tracionada [cm2]

    As = rea da seo transversal da armadura longitudinal comprimida [cm2]

  • xviii

    Ad = coeficiente de ajuste da forma [ - ]

    Af = rea da seo transversal de reforo flexo [cm2]

    Afv = rea da seo transversal de reforo ao cisalhamento [cm2]

    Asw = rea da seo transversal de um estribo [cm2]

    Df = fator de distribuio de tenso do reforo ao longo de uma fissura de cisalhamento

    [ - ]

    Ec = mdulo de elasticidade do concreto [kN/cm2]

    Ef = mdulo de elasticidade do compsito de CFRP [kN/cm2]

    Es = mdulo de elasticidade do ao [kN/cm2]

    I = momento de inrcia da seo homogeneizada de concreto [cm4]

    II = momento de inrcia da seo homogeneizada de concreto no estdio I [cm4]

    III = momento de inrcia da seo homogeneizada de concreto no estdio II [cm4]

    Le = comprimento de ancoragem efetivo [cm]

    Lmx = comprimento de ancoragem mximo [cm]

    Mi = momento fletor atuante na ocasio da aplicao do reforo [kN.cm]

    Mn = momento fletor atuante [kN.cm]

    Mr = momento de fissurao [kN.cm]

    Mu = momento ltimo [kN.cm]

    Pf = fora mxima de ancoragem de um reforo flexo [kN]

    Vc = parcela da fora cortante resistida pelo concreto [kN]

    Vf = parcela da fora cortante resistida pelo reforo externo [kN]

    Vr = fora cortante resistida por uma viga reforada [kN]

    Vsw = parcela da fora cortante resistida pela armadura transversal [kN]

    LETRAS GREGAS

    = ngulo de inclinao dos estribos em relao ao eixo longitudinal da pea [ o ]

    e = relao entre os mdulos de elasticidade do ao e do concreto [ - ]

    = ngulo de inclinao entre a orientao das fibras e o eixo longitudinal da pea [ o ] L = coeficiente de comprimento de ancoragem [ - ] P = coeficiente de largura do reforo flexo [ - ] W = coeficiente de largura do reforo ao cisalhamento [ - ] 0 = deformao especfica do concreto na direo 0o (rosetas) [ - ]

    45 = deformao especfica do concreto na direo 45o (rosetas) [ - ]

  • xix

    90 = deformao especfica do concreto na direo 90o (rosetas) [ - ]

    1 = deformao especfica principal (rosetas) [ - ]

    2 = deformao especfica principal (rosetas) [ - ]

    c = deformao especfica do concreto comprimido [ - ]

    f,e = deformao especfica efetiva do reforo [ - ]

    f,u = deformao especfica de ruptura do reforo [ - ]

    i = deformao especfica no instante da aplicao do reforo [ - ]

    n = deformao especfica no substrato de concreto para um momento fletor

    qualquer [ - ]

    s = deformao especfica da armadura longitudinal tracionada [ - ]

    s = deformao especfica da armadura longitudinal comprimida [ - ]

    = comprimento mximo de ancoragem normalizado [ - ] = taxa de armadura longitudinal [ - ] f = taxa de reforo [ - ]

    = parmetro geomtrico [ - ] m = coeficiente de minorao da tenso em um reforo flexo [ - ]

    v = coeficiente de minorao da tenso em um reforo ao cisalhamento [ - ]

    s = tenso na armadura longitudinal comprimida [kN/cm2]

    s = tenso na armadura longitudinal tracionada [kN/cm2]

    f = tenso no reforo [kN/cm2]

    f,e = tenso efetiva no reforo [kN/cm2]

    f,mx = tenso mxima admissvel no reforo [kN/cm2]

    bu = tenso ltima de aderncia [kN/cm2]

    F = tenso de aderncia no reforo [kN/cm2]

    = ngulo de inclinao da diagonal comprimida (biela) em relao ao eixo longitudinal da pea [ o ]

    1 = ngulo de inclinao da deformao principal 1 [ o ]

    2 = ngulo de inclinao da deformao principal 2 [ o ]

  • xx

    RESUMO

    BEBER, A. J. Comportamento Estrutural de Vigas de Concreto Armado Reforadas com Compsitos de Fibra de Carbono. 2003. Tese (Doutorado em Estruturas) Programa de Ps-Graduao em Engenharia Civil, UFRGS, Porto Alegre.

    Atualmente, a necessidade de reabilitao estrutural tem se tornado cada vez mais freqente.

    Desde o advento do concreto, diversas metodologias de reabilitao estrutural vm sendo

    desenvolvidas e aplicadas; e tm tornado-se cada vez mais sofisticadas. A aplicao de

    compsitos de fibra de carbono no reforo de estruturas de concreto armado, representa o

    que h de mais moderno neste importante segmento da engenharia estrutural. Apesar das

    inmeras vantagens de sua aplicao, a incorporao de um material, at ento estranho ao

    meio da engenharia estrutural convencional, tem merecido especial ateno por parte dos

    pesquisadores envolvidos neste segmento. Este estudo tem por objetivo, portanto, explorar

    as principais implicaes estruturais da aplicao dos compsitos de fibra de carbono no

    reforo externo de vigas de concreto armado. Para tanto, tornou-se necessria a

    implementao de um amplo programa de investigao, fundamentalmente experimental,

    baseada na realizao de ensaios de flexo em vigas de concreto armado, reforadas flexo e

    ao cisalhamento, com dois tipos de sistemas de reforo. De modo a permitir uma anlise

    ampla das evidncias experimentais alcanadas atravs da conduo do programa

    experimental, realizou-se uma profunda reviso da literatura disponvel acerca do assunto. O

    programa experimental foi dividido em dois grupos. O primeiro, composto por 14 vigas,

    reforadas flexo e o segundo, composto por 30 vigas, reforadas ao cisalhamento. Em

    ambos os grupos, empregaram-se dois tipos de sistema de reforo (laminados pr-fabricados

    e mantas flexveis pr-impregnadas). O procedimento de ensaio, idealizado e implementado

    especialmente para a conduo do programa experimental da presente tese, foi totalmente

    controlado por computador, conferindo, assim, maior confiabilidade aos ensaios. Em cada

    um dos grupos, analisaram-se, alm dos modos e cargas de ruptura, deformaes especficas,

    deslocamentos e distribuio de tenses. Finalmente, estes resultados so discutidos e

    avaliam-se modelos analticos que permitam simular o comportamento destas estruturas.

    Palavras-chave: Estruturas de concreto armado, Anlise experimental, Reabilitao

    estrutural, Flexo, Cisalhamento, Compsitos de CFRP.

  • xxi

    ABSTRACT

    BEBER, A. J. On the Structural Behaviour of Reinforced Concrete Beams Strengthened with Carbon Composites. 2003. Tese (Doutorado em Estruturas) Programa de Ps-Graduao em Engenharia Civil, UFRGS, Porto Alegre.

    Currently, the need for structural rehabilitation has become even more frequent. Since

    concretes genesis, several rehabilitation techniques have been developed and applied and

    they have become very sophisticated. Structural strengthening with carbon fibre composites

    represents the ultimate solution for structural engineering applications. Despite numerous

    advantages, the use of such peculiar material has drawn the attention of several researchers

    involved in this field. This study aims to explore the main structural implications regarding

    the use of carbon fibre composites in the external strengthening of reinforced concrete

    beams. In order to accomplish this task it was imperative to carry out an extensive research,

    essentially experimental, based on testing the flexural strength of reinforced concrete beams

    externally strengthened in shear and bending with two types of carbon fibre composite

    systems. In order to establish a comprehensive analysis of these experimental evidences a

    very thorough literature review on the subject was carried out. The experimental programme

    comprised two sets of beams. The first set, consisting of 14 beams strengthened in flexure

    and the second set, consisting of 30 beams, strengthened in shear. For both sets, two types

    of carbon fibre composite systems were applied (pre-fabricated laminates and

    pre-impregnated sheets). The experimental procedure was especially conceived and

    implemented for this thesis and it was completely computer controlled, providing very good

    results reliability. Failure loads and modes were analysed together with strains, displacements

    and stress profiles. Finally, these results are discussed and some analytical models to simulate

    the behaviour of such structures are analysed.

    Keywords: Reinforced concrete structures, Experimental analysis, Structural rehabilitation,

    Bending, Shear, Carbon fibre composites.

  • xxii

    GLOSSRIO

    Ao longo deste trabalho, uma diversidade de termos introduzida e apresentada. O

    objetivo deste glossrio , portanto, apresentar com clareza o significado destes termos.

    Alm disso, deseja-se promover uma familiaridade nacional com a terminologia empregada

    no mbito do reforo estrutural de elementos de concreto com materiais compsitos. Estes

    termos e suas respectivas definies foram compilados a partir de publicaes internacionais

    como: ACI 440R-1996, ACI 440R2-2002, ASTM D3878-1995, Hollaway (1993) e

    Juvandes (1999).

    Adesivo ou cola a substncia responsvel pela colagem de dois materiais ao longo

    de uma superfcie de ligao e pode apresentar-se sob a forma de um lquido, filme ou

    pasta.

    Aramida fibras orgnicas derivadas da poliamida aromtica e de sigla (A).

    AFRP sigla da famlia dos polmeros (ou compsitos) reforados com fibras de

    aramida.

    Camada lmina individualizada (mantas, tecidos ou outros sistemas) de material

    impregnado com resina de saturao.

    Carbono fibra produzida por tratamento trmico das fibras de precursor orgnico

    (rayon, PAN ou piche) em uma atmosfera inerte. representado pela sigla (C).

    Catalisador agente orgnico utilizado para ativar a polimerizao ou a cura de

    sistema de resina.

    CFRP sigla da famlia dos polmeros (ou compsitos) reforados com fibras de

    carbono.

    Cloth termo internacional para representar o sistema de fios contnuos tecidos por

    um processo txtil convencional (uni, bi ou multidirecional) e cujo estado final pode

    apresentar-se seco ou pr-impregnado. Constitui um tipo de tecido.

  • xxiii

    Compsito ou material compsito combinao de dois ou mais materiais, diferentes, em

    nvel macroscpico, na forma ou na composio. Os constituintes mantm as suas

    identidades, ou seja, no se dissolvem nem se transformam completamente em outros,

    apesar de atuarem em conjunto.

    Compsitos de FRP resultam, sobretudo, da combinao de uma matriz polimrica,

    termorrgida ou termoplstica, com uma elevada percentagem de fibras de reforo,

    contnuas ou no, orgnicas ou inorgnicas, de modo a incrementar resistncia ou

    rigidez em uma ou mais direes (uni, bi e multidirecional).

    Cura ou polimerizao, o processo qumico de alterao irreversvel das

    propriedades de uma resina termorrgida. Geralmente, a cura proporcionada pela

    adio de um agente de cura ou catalisador (endurecedor), com ou sem aquecimento

    (ou presso).

    Delaminao qualquer um dos diversos mecanismos de falha decorrentes do

    progressivo destacamento do compsito de FRP do elemento de concreto, segundo

    um plano paralelo orientao das fibras.

    Descolamento falha local na interface concreto/reforo. No necessariamente

    significa uma ruptura ao longo do adesivo, podendo tambm ser resultado da ruptura

    do concreto na regio prxima ao reforo. Ver tambm peeling off.

    Endurecedor agente que proporciona a polimerizao (ou cura) quando adicionado a

    uma resina termorrgida (ou adesivo). comum aplicar-se s resinas epxi.

    Fibra componente estrutural dos compsitos de FRP, apresenta uma micro-

    estrutura altamente orientada e livre de defeitos.

    Filamento a menor unidade de um material fibroso.

    Fios representam sistema simples de feixe de fibras, dispostas paralelamente

    (unidirecional).

    FRP sigla da famlia geral dos polmeros (ou compsitos) reforados com fibras.

    GFRP sigla da famlia dos polmeros (ou compsitos) reforados com fibras de

    vidro

  • xxiv

    Impregnao processo de saturao dos interstcios de um sistema de reforo com

    fibras (laminados, mantas, tecidos) ou substrato de concreto, atravs de uma resina.

    Interface define a fronteira, a junta ou a superfcie entre dois materiais distintos.

    Existem, por exemplo, os casos das interfaces concreto-adesivo, adesivo-compsito

    ou concreto-adesivo-compsito.

    Kevlar marca registrada de uma fibra tipo de aramida e cuja sigla (K).

    Laminado pr-fabricado resulta da impregnao de um conjunto de feixes ou camadas

    contnuas de fibras (sistema unidirecional) por uma resina termorrgida, consolidado

    por um processo de pultruso, com controle de forma (espessura e largura) do

    compsito.

    Manta flexvel e pr-impregnada sistema de agrupamento de fibras, atravs da

    disposio de faixas contnuas e paralelas (unidirecionais) sobre uma rede simples de

    proteo e/ou com espalhamento de uma resina de pr-impregnao.

    Mat termo internacional para representar o tipo de tecido que resulta do

    espalhamento aleatrio das fibras em uma esteira rolante e, posteriormente, da

    pulverizao com resina para adquirir consistncia. O seu estado final do tipo

    pr-impregnado.

    Matriz polimrica representa a outra componente do compsito de FRP.

    constituda base de uma resina, termorrgida ou termoplstica, que envolve

    completamente as fibras de reforo.

    Orientao das fibras refere-se ao direcionamento das fibras em um compsito de

    FRP. freqentemente expressa em um ngulo em relao ao eixo longitudinal do

    elemento de concreto reforado.

    PAN (poliacrilonitrila) uma das possveis matrias-primas na fabricao de fibras de

    carbono.

    Peeling off designao da literatura internacional, para o efeito conjunto da ao das

    tenses normais de trao e das tenses de cisalhamento na interface

  • xxv

    concreto-adesivo-FRP e que provocam as rupturas prematuras por

    delaminao/descolamento nesta zona.

    Piche material com elevado peso molecular que resduo da destilao destrutiva de

    derivados de carvo e petrleo Piche utilizado para a fabricao de fibras de

    carbono com alto mdulo de elasticidade.

    Polmero define um material orgnico composto por molculas caracterizadas pela

    repetio de um ou mais tipos de monmeros, de forma regular. Nesta fase, este

    sistema no contm fibras de reforo.

    Polimerizao reao qumica que liga os monmeros para formar polmeros, pode

    ser interpretada como a cura de um polmero.

    Pr-impregnado quando um sistema de fibras (fios, mantas ou tecidos) semi-curado;

    resultado da impregnao com resina, em pequena percentagem, para garantir a

    consistncia mnima do produto at sua aplicao in situ.

    Primer apesar de no se tratar de uma formulao do tipo adesivo, este produto

    destina-se a completar e melhorar o desempenho daquele. O primer aplicado aps a

    limpeza mecnica da superfcie e apresenta a caracterstica de penetrar no concreto

    por capilaridade, de modo a melhorar a propriedade adesiva desta superfcie, para,

    ento, receber a resina de saturao ou o adesivo. Este produto indispensvel,

    principalmente, para as aplicaes de sistemas de FRP curados in situ (fios, mantas e

    tecidos).

    Pultruso processo contnuo que combina as aes de trao e extruso para a

    produo de um compsito de FRP com seo final constante. Os fios contnuos

    embebidos em resina so esticados e passados por um molde aquecido, para processar

    a cura e a forma do FRP. Apresenta-se como o processo mais utilizado na fabricao

    de sistemas de FRP pr-fabricados.

    Putty ou produto de regularizao de uma superfcie. Seu objetivo a eliminao

    de pequenas irregularidades na superfcie do concreto, com o intuito de evitar a

    formao de bolhas de ar e garantir uma superfcie uniforme para a aplicao do FRP.

  • xxvi

    Reabilitao restaurao da capacidade estrutural de um elemento danificado para a

    situao anterior a manifestao do processo de degradao ou sinistro.

    Reforo no contexto de materiais compsitos, este termo utilizado para se referir

    ao componente estrutural (as fibras) adicionado matriz, de modo a transmitir as

    caractersticas desejadas de resistncia e rigidez. Ainda, pode ser entendida como um

    conjunto de aes para aumentar a resistncia de uma estrutura ou de seus

    componentes, com o objetivo de melhorar a estabilidade estrutural de uma

    construo.

    Reparo ao tomada para conduzir a um nvel aceitvel, a funcionalidade de uma

    estrutura ou seus componentes, que podem apresentar-se deficientes, deteriorados,

    degradados ou danificados sem que haja qualquer restrio nos materiais ou mtodos

    empregados.

    Resina componente de um sistema polimrico, que requer a adio de um

    catalisador ou endurecedor, para se iniciar o processo de polimerizao (ou cura) de

    um compsito. Pode ser referida, tambm, como a matriz de um compsito de FRP.

    Permite a transferncia das solicitaes alm de proteger as fibras do ambiente.

    Resina epxi resina formada por reaes qumicas de grupos epxi com aminas,

    lcool, fenol e outros. a matriz mais utilizada nos compsitos de FRP e o tipo de

    adesivo empregado nas colagens de elementos da construo civil.

    Sistema de FRP curado in situ um sistema constitudo por fibras contnuas, com a

    forma de fios, mantas ou tecidos em estado seco ou pr-impregnado. Transforma-se

    em compsito de FRP, somente aps a execuo do reforo no local, isto ,

    polimerizado ou endurecido in situ com a adio de uma resina de saturao das fibras

    que, simultaneamente, o agente adesivo de ligao ao elemento estrutural sendo

    reforado.

    Sistema de FRP pr-fabricado um produto finalizado de FRP (j curado), com

    caractersticas mecnicas e fsicas garantidas pelos seus produtores e com a forma

    corrente de perfis ou laminados, entre outros.

  • xxvii

    Tecidos representam a forma geral dos sistemas de agrupamento de fibras em um

    reforo, atravs da disposio em forma de cloth (uni, bi ou multidirecional),

    de woven roving (bidirecional) ou de mat (multidirecional). O estado final do sistema

    pode apresentar-se seco ou pr-impregnado.

    Tempo de contato (open time) o intervalo de tempo entre o instante em que a mistura

    de resina aplicada (sobre o concreto, FRP ou ambos) e o instante em que esta

    comea a endurecer e deixa de ser possvel efetuar sua aplicao.

    Tempo de cura tempo necessrio para polimerizar um sistema termorrgido ou pr-

    impregnado a uma determinada temperatura.

    Tempo de utilizao (pot life) tambm denominado tempo de trabalho, o intervalo de

    tempo, aps a mistura da resina e catalisador, durante o qual o material lquido

    utilizvel sem dificuldade. Esgotado o tempo de utilizao, qualquer mistura de resina

    perde drasticamente suas caractersticas de aderncia, motivo pelo qual no deve ser

    mais utilizada.

    Termorrgido tipo de matriz do polmero que no pode ser fundida nem dissolvida,

    depois de curada, como por exemplo, o polister insaturado, o epxi, o vinilster e

    outras.

    Termoplstico tipo de plstico que pode, atravs de ciclos de aquecimento e

    resfriamento, ser repetidamente moldado e reciclado.

    Tixotropia propriedade do adesivo que permite seu amolecimento aps agitao e

    endurecimento sob descanso. Materiais tixotrpicos apresentam elevada resistncia

    esttica ao cisalhamento e reduzida resistncia dinmica ao cisalhamento ao mesmo

    tempo. Estes materiais perdem sua viscosidade sob tenso.

    Woven roving termo internacional para representar o tipo de tecido que resulta do

    entrelaamento direcionado (bidirecionais: 0/90 ou 0/45) de dois fios ou faixa de

    fibras e cujo estado final do sistema pode apresentar-se seco ou pr-impregnado.

  • CAPTULO 1

    INTRODUO

    Este captulo tem por objetivo apresentar aspectos gerais da engenharia estrutural,

    particularmente das estruturas de concreto armado e sua inerente necessidade de reabilitao.

    Materiais e tcnicas tradicionais de reabilitao so apresentadas e introduz-se a possibilidade

    do emprego de materiais compsitos como alternativa na soluo desses problemas. Essas

    informaes, organizadas sistematicamente, servem como ponto de partida para o

    desenvolvimento desta tese.

    1.1 CONSIDERAES INICIAIS

    A histria da humanidade tem sido marcada pela inquietude do homem no ato

    contnuo de explorar as potencialidades do universo ao seu redor. Desde cedo, o homem

    aprendeu a conviver e, em diversas oportunidades a desafiar, as leis da matria, construindo

    estruturas cada vez maiores, mais altas e grandiosas.

    Para edificar, o homem teve que buscar um poderoso aliado, a tcnica, ou seja, um

    conjunto de habilidades e regras que tornaria possvel a implementao de todos os seus

    sonhos. A construo do Pantheon, em 27 a.C. (reconstrudo no sculo II), marcou o incio da

    aplicao da pozzolona, tambm conhecida como cimento romano, que se constituiu em uma

    tcnica que revolucionou a indstria da construo e abriu novos horizontes para a expresso

  • Andriei Jos Beber www.ppgec.ufrgs.br Projeto de Tese Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2003

    2

    arquitetnica da poca. A grande descoberta consistiu no aglomerante que, combinado com

    areia e pedra, alm de proporcionar um material de grande resistncia, permitiu a criao e o

    desenvolvimento de novas formas e tipologias de estruturas, com necessidades funcionais

    especficas [fib, 1999].

    O interesse pelo concreto foi tambm manifestado durante o perodo renascentista,

    tendo como exemplo a Baslica de So Pedro, em Roma, onde foi empregado um

    aglomerante similar pozzolana. Entretanto, foi somente com a introduo do concreto

    armado, em fins do sculo XIX, que teve incio sua extraordinria evoluo, que se estendeu

    em meados do sculo XX, com a introduo do concreto protendido [McCormac, 1998;

    fib, 1999].

    O sculo XX foi, portanto, marcado pela consolidao do concreto armado como um

    dos mais importantes materiais da engenharia estrutural. O desenvolvimento da tecnologia

    do concreto e suas respectivas tcnicas construtivas, em conjunto com a implementao de

    ferramentas computacionais sofisticadas, capazes de reproduzir com grande preciso o

    comportamento do concreto e do ao, permitiram explorar, plenamente, suas propriedades

    [Beber, 1999a]. Este fato notrio principalmente aps a II Guerra Mundial, quando

    passaram a ser construdas estruturas mais esbeltas e arrojadas [Juvandes, 1999].

    O concreto um material extremamente verstil, contudo est sujeito ocorrncia de

    alguns problemas, ignorados at h alguns anos. O concreto apresenta dificuldades de

    reajuste, sobretudo de sua capacidade de carga, uma vez consolidada a estrutura

    [Juvandes, 1999].

    Em todo o mundo, tm sido considerveis os investimentos em obras destinadas

    moradia e ao transporte de pessoas, mercadorias e servios. Uma infra-estrutura eficiente a

    espinha dorsal de qualquer sociedade e se constitui em um importante indicador da sade

    scio-econmica de uma nao. De acordo com o Civil Engineering Institution, do Reino

    Unido, uma infra-estrutura eficiente e adequada pode ser considerada como a base da

    economia de qualquer nao [Silva Filho, 1999]. No entanto, a segurana destes

    investimentos vem sendo questionada [Swamy & Mukhopadhyaya, 1999;

    Karbhari & Zhao, 2000].

  • Comportamento Estrutural de Vigas de Concreto Armado Reforadas com Compsitos de Fibra de Carbono

    3

    Embora otimizadas do ponto de vista estrutural e econmico, as novas estruturas de

    concreto so mais sensveis a qualquer defeito dos materiais, da execuo ou do clculo,

    podendo gerar situaes de risco. As estruturas de concreto armado de hoje, so, portanto,

    mais suscetveis a apresentar um quadro patolgico do que as mais antigas, que eram

    dimensionadas com uma margem de segurana superior, dispondo de uma reserva de

    capacidade resistente para suplantar os efeitos de agentes agressivos, mecnicos e qumicos.

    Atualmente, muitas estruturas de concreto armado esto atingindo o perodo de vida

    til inicialmente previsto. Nas ltimas dcadas, em virtude de uma conjuno de fatores, a

    durabilidade das estruturas de concreto tornou-se alvo de enorme preocupao por parte dos

    profissionais envolvidos neste importante segmento da economia. Grande parte das

    dificuldades para a compreenso deste fenmeno e sua relevncia no cenrio atual, est

    associada pouca importncia dispensada pela comunidade, como um todo, s questes

    relacionadas durabilidade, manuteno e vida til destas estruturas. Com efeito, nunca se

    deu a devida importncia aos aspectos relacionados durabilidade das estruturas, e tem sido

    colocado em segundo plano, o controle de qualidade na construo do concreto armado

    [Juvandes, 1999].

    A natureza quase artesanal do processo de fabricao do concreto implica que,

    pequenas variaes em sua composio (quantidade de agregado, consumo de cimento e

    relao gua/cimento) possam conduzir produo de concretos excepcionalmente durveis

    ou extremamente vulnerveis. Modernamente, incorporou-se durabilidade ao conceito de

    estabilidade, pois no h sentido que uma estrutura seja estvel por um perodo de tempo to

    curto que a torne economicamente invivel [Souza & Ripper, 1998]. A discusso a respeito

    da manuteno e durabilidade de estruturas de concreto um assunto de vital importncia

    nos dias atuais. Apesar do seu desempenho e larga utilizao, a durabilidade das estruturas de

    concreto apresenta-se aqum do desejvel.

    Mesmo que, de modo geral, as estruturas de concreto armado apresentem um perodo

    de vida til longo, seu regime de utilizao pode alterar-se durante este perodo, quer seja

    atravs do aumento do nvel de solicitaes ou proveniente de alteraes em sua geometria

    [Beber, 1999b]. Alm de modificaes, o envelhecimento natural e/ou a deteriorao

    resultante da ao de agentes agressivos alteram as condies iniciais consideradas no projeto

    original. No raro, ainda, que estas estruturas, depois de construdas, apresentem diferenas

  • Andriei Jos Beber www.ppgec.ufrgs.br Projeto de Tese Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2003

    4

    em relao ao projeto original. Adicionalmente, podem existir falhas intrnsecas, geradas pela

    adoo de hipteses inadequadas durante as fases de planejamento e projeto, bem como

    incorporao de materiais e componentes de baixa qualidade [Nanni, 1995;

    Souza & Ripper, 1998; Juvandes, 1999].

    Assim, neste incio de terceiro milnio, coloca-se, frente da indstria da construo

    civil, o desafio de manter esta infra-estrutura, respeitando as enormes restries econmicas

    dos dias atuais, buscando-se fazer mais com menos. Um exemplo da necessidade e

    importncia da reabilitao estrutural, como alternativa para a manuteno da infra-estrutura,

    tem sido evidenciado atravs dos esforos de norte-americanos, europeus e japoneses.

    Em 1981, a quantia de recursos investidos em programas de reabilitao de estruturas

    em territrio britnico foi de cerca de US$ 10 bilhes. Menos de quinze anos mais tarde, em

    1995, este nmero aumentara em quatro vezes [Beeby & Etman, 1999]. Estes nmeros

    tornam-se ainda mais expressivos quando comparados ao total de investimentos na

    construo civil. Em 1995, o Reino Unido investiu, na indstria da construo, cerca de

    US$ 79 bilhes, dos quais 48% foram direcionados para o reparo, manuteno e melhoria das

    estruturas.

    Um estudo realizado pelo governo do Reino Unido identificou que cerca de 17% das

    pontes britnicas encontram-se deterioradas e necessitando de intervenes para seu reparo

    ou reforo. Alm do envelhecimento e dos processos inerentes de deteriorao destas

    estruturas, o volume de trfego sofreu um aumento de 40% nos ltimos vinte anos, com um

    significativo incremento no peso dos veculos de transporte de mercadorias [Ziara, 2000].

    Nos Estados Unidos, de acordo com o FHWA Federal Highway Agency, cerca de

    35% das pontes norte-americanas esto classificadas como deficientes ou em necessidade de

    reabilitao ou substituio [Klaiber et al, 1987; Karbhari & Zhao, 1999]. A maioria destas

    pontes apresenta deficincias em sua capacidade portante, que no suficiente ou

    apresenta-se inadequada para os atuais nveis de trfego.

    O volume de recursos efetivamente gastos ou que deveriam ser gastos com a

    manuteno, reparo e reforo de estruturas de concreto atinge, anualmente, montantes da

    ordem de centenas de bilhes de dlares [Beber, 1999b]. Entretanto, h fortes indcios de

  • Comportamento Estrutural de Vigas de Concreto Armado Reforadas com Compsitos de Fibra de Carbono

    5

    que esta enorme quantidade de recursos, necessria para retificar e reabilitar esta

    infra-estrutura, no ser facilmente conseguida [Swamy & Mukhopadhyaya, 1999].

    1.2 REABILITAO DE ESTRUTURAS DE CONCRETO

    O envelhecimento e a degenerao das estruturas de concreto constituem-se em um

    processo natural e inevitvel. O problema principal no a degenerao propriamente dita,

    mas sim, como este processo se desenvolve e quais as condicionantes que determinam sua

    evoluo [fib, 1999]. Durante sua vida til, os materiais, componentes e elementos,

    empregados na construo civil, interagem com o ambiente, constitudo, dentre outros, por

    agentes agressivos que apresentam variados nveis de agressividade.

    A ao do meio ambiente ocorre, fundamentalmente, atravs da combinao de

    efeitos distintos dos diversos agentes de deteriorao. Estes efeitos, contudo, no podem ser

    somados linearmente, ou seja, a combinao de diferentes agentes pode produzir um efeito

    maior do que a soma dos efeitos destes agentes atuando individualmente. Desta forma, o

    conhecimento das origens dos mecanismos de deteriorao indispensvel. O estudo das

    causas responsveis pelo surgimento dos processos de deteriorao em estruturas de concreto

    denominado patologia. Apesar da grande variedade de leses que as estruturas possam

    apresentar, existe uma soluo para a maioria dos quadros patolgicos em estruturas de

    concreto.

    As estruturas de concreto devem ser consideradas como produtos extremamente

    complexos, que apresentam uma enorme variedade de caractersticas, das quais depender a

    sua maior ou menor adequao aos propsitos estabelecidos inicialmente pelo projeto.

    Excetuando-se os casos correspondentes ocorrncia de catstrofes naturais, pela violncia

    das solicitaes e carter imprevisvel das mesmas, os problemas patolgicos tm suas origens

    motivadas por falhas que ocorrem durante uma das trs etapas bsicas do processo da

    construo: concepo, execuo/materiais e utilizao. O quadro 1-1 apresenta, em cada

    uma destas etapas, as possveis causas para o surgimento de manifestaes patolgicas em

    estruturas de concreto.

  • Andriei Jos Beber www.ppgec.ufrgs.br Projeto de Tese Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2003

    6

    O processo de tratamento de uma estrutura apresenta vrias etapas. A primeira delas

    constitui-se, normalmente, em uma anlise preliminar, atravs do levantamento de dados

    sobre a condio da estrutura, e normalmente denominada diagnstico. De posse dos

    resultados desta anlise, procede-se a uma avaliao das possveis causas e discusso de

    alternativas de interveno passveis de serem aplicadas. Esta etapa denominada anlise.

    Em seguida, na etapa de prognstico, procede-se a uma simulao e verificao dos riscos e

    conseqncias da adoo de cada alternativa proposta. Finalmente, considerando todos os

    dados e informaes, reunidos nas etapas anteriores, define-se qual o tipo de interveno a

    ser aplicada. A etapa de aplicao do tratamento escolhido para restabelecer as condies de

    segurana ou funcionalidade de uma estrutura denominada terapia. A etapa de terapia

    caracterizada pela ao sobre o elemento.

    QUADRO 1-1 Possveis causas para o surgimento de manifestaes patolgicas no concreto

    Etapa Possveis causas

    Concepo da estrutura

    projeto

    [1] Elementos de projeto inadequados, m definio das aes atuantes, modelo analtico no apropriado, deficincia no clculo, etc.;

    [2] Falta de compatibilidade entre a estrutura e a arquitetura, assim como com os demais projetos;

    [3] Especificao inadequada de materiais; [4] Detalhamento insuficiente ou errado; [5] Detalhes construtivos inexeqveis; [6] Falta de padronizao das representaes (convenes); [7] Erros de dimensionamento.

    Execuo da estrutura construo

    [1] Baixa capacitao e falta de experincia dos profissionais; [2] Instalao inadequada do canteiro de obras; [3] Deficincias na confeco de frmas, escoramentos; [4] Deficincias no posicionamento e quantidade de armadura; [5] Baixa qualidade dos materiais e componentes; [6] Baixa qualidade do concreto, desde sua fabricao at a cura.

    Utilizao da estrutura manuteno

    [1] Utilizao inadequada; [2] Falta de um programa de manuteno apropriado.

    Alm do surgimento de manifestaes patolgicas, que venham a comprometer a

    segurana e a funcionalidade das estruturas de concreto, muitas destas estruturas compem o

    patrimnio histrico arquitetnico da sociedade, e a demolio, na maioria dos casos, no

    representa uma opo vivel [Beber, 1999a].

  • Comportamento Estrutural de Vigas de Concreto Armado Reforadas com Compsitos de Fibra de Carbono

    7

    Originalmente, uma estrutura de concreto armado concebida para atender a uma

    determinada finalidade. Durante sua vida til, esta finalidade pode ser alterada ou estendida.

    No entanto, sua capacidade de atender a um determinado propsito, originalmente

    considerado ou agregado ao longo de sua vida til, ir determinar o tipo de interveno a ser

    adotada para a sua adequao. Esta interveno pode apresentar diferentes intensidades e

    objetivos. A terapia de uma estrutura consiste, portanto, em executar a sua reabilitao,

    atravs de sua restaurao parcial ou total, devolvendo ao conjunto, condies mnimas de

    segurana e funcionalidade [Emmons et al, 1998; Beber et al, 1999].

    Embora no exista pleno consenso quanto terminologia mais adequada para

    descrever as aes desenvolvidas durante a etapa de terapia de uma estrutura, no mbito deste

    trabalho, necessrio estabelecer a distino que deve existir entre os termos reparo, reforo

    e retrofitting, que freqentemente se sobrepem.

    Diante da necessidade de uma interveno para a renovao de uma estrutura, duas

    estratgias podem ser adotadas: a reabilitao ou a substituio [Karbhari & Zhao, 2000].

    Estas estratgias so ilustradas na figura 1-1.

    FIGURA 1-1 Tipos de estratgia de renovao

    De acordo com o fib Fdration Internationale du Bton (resultado da associao do

    CEB - Comit Euro-International du Bton e da FIP Federation Internationale de la Precontrainte, em

    1998), reabilitar significa restabelecer a funcionalidade de uma estrutura ao nvel original ou

    mais alto, tanto do ponto de vista da durabilidade quanto de resistncia. Entende-se por

    reparo de uma estrutura, o ato de corrigir uma deficincia estrutural ou funcional; como por

    exemplo, a recuperao de um elemento severamente deteriorado. O reparo no

    necessariamente objetiva o restabelecimento das condies de resistncia e durabilidade

    Renovao

    Reabilitao Substituio

    Retrofitting Reparo Reforo

  • Andriei Jos Beber www.ppgec.ufrgs.br Projeto de Tese Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2003

    8

    originais da estrutura ou componente. Esta ao, em muitas oportunidades, destina-se

    simplesmente a reduzir a taxa de deteriorao, sem melhorar significativamente o nvel atual

    de funcionalidade.

    Por outro lado, o reforo caracteriza-se como uma atividade especfica para os casos

    em que se deseja elevar o desempenho de uma estrutura, dotando-a de maior resistncia e/ou

    rigidez. Finalmente, o termo retrofitting, ou em alguns casos seismic retrofitting, define as

    atividades de reforo que visam, exclusivamente, dotar o elemento estrutural de resistncia

    ao ssmica, atravs do aumento da ductilidade e da resistncia ao cisalhamento, permitindo

    maior capacidade de deformao e dissipao de energia [Beber et al, 1999;

    Karbhari & Zhao, 2000].

    As aes para a reabilitao de estruturas constituem-se em um complexo ramo da

    engenharia, cujo impacto torna-se cada vez maior, na medida em que a demanda por reparos,

    reforos e manuteno, aumenta a cada dia. Estratgias de reabilitao eficientes e que

    satisfaam uma multiplicidade de restries de projeto e execuo representam o grande

    desafio a ser enfrentado. Na maioria dos casos, a opo pela reabilitao de uma estrutura

    representa a melhor alocao dos escassos recursos disponveis [Beber, 1999b].

    A civilizao moderna est baseada na manuteno do desempenho de uma grande

    variedade de estruturas (edifcios residenciais, comerciais e industriais, pontes, viadutos,

    barragens, etc.). Aparentemente, embora estas estruturas possam parecer diferentes,

    identificam-se, entre elas, diversas semelhanas:

    (i) Degenerao estrutural ocasionalmente acelerada pela ao de agentes agressivos;

    (ii) Mudanas no regime de utilizao e aumentos nas solicitaes;

    (iii) Necessidade de mnima interrupo durante as possveis intervenes de reparo;

    (iv) Necessidade de estender a vida til, minimizando os custos de manuteno;

    (v) Restries econmicas que impem uma rigorosa avaliao do custo-benefcio

    das diversas solues de manuteno.

    O nmero de estruturas continua a crescer em todo o mundo, assim como a sua idade

    mdia. Cada vez mais, a necessidade de manuteno est tornando-se inevitvel. A completa

    reposio de uma estrutura tende a tornar-se muito onerosa e certamente representa um

  • Comportamento Estrutural de Vigas de Concreto Armado Reforadas com Compsitos de Fibra de Carbono

    9

    desperdcio de recursos naturais e econmicos, na medida em que a reabilitao uma

    alternativa vivel [Hollaway & Leeming, 1999].

    1.3 MTODOS CONVENCIONAIS DE REFORO ESTRUTURAL

    Juntamente com o advento do concreto, a demanda pelo reforo de estruturas surgiu

    como resposta aos problemas de deteriorao, projetos inadequados e problemas de

    construo, ou ainda, para antecipar-se ao aparecimento de cargas adicionais sobre as

    estruturas. Inicialmente, em funo do pouco conhecimento sobre o comportamento das

    estruturas, as tcnicas de reforo limitavam-se adio de novos elementos, apoios e no

    incremento das sees resistentes; mtodos que so empregados at hoje. Modernamente,

    com o surgimento de novas tecnologias, as tcnicas de reforo tornaram-se mais sofisticadas

    [Emmons et al, 1998; Beber, 1999b; Carolin, 2001].

    A necessidade de reforo estrutural est geralmente associada a uma mudana de

    utilizao da estrutura ou como uma alternativa para o melhoramento de sua capacidade para

    suportar determinado conjunto de solicitaes. Um projeto de reforo estrutural

    caracterizado pela peculiaridade que cada situao pode apresentar. Assim, existem

    disponveis, atualmente, diversas tcnicas de reforo, cuja aplicao e desempenho iro

    depender da configurao geomtrica e de carregamento. A escolha, portanto, de uma destas

    tcnicas dever estar baseada nas seguintes consideraes [Robery & Innes, 1997]:

    (i) Custo de aplicao;

    (ii) Desempenho do reforo;

    (iii) Durabilidade do reforo;

    (iv) Facilidade e rapidez na instalao.

    importante salientar que freqentemente mais complicado reforar uma estrutura

    do que construir uma nova. Especial precauo deve ser tomada com o material existente,

    geralmente deteriorado, durante o procedimento de reforo. Em muitos casos o acesso pode

    ser difcil em reas que necessitam de reforo. Alm disso, a documentao existente sobre a

    estrutura geralmente deficiente e no retrata a realidade encontrada. Adicionalmente,

  • Andriei Jos Beber www.ppgec.ufrgs.br Projeto de Tese Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2003

    10

    quando um reforo empregado, as possveis alteraes no comportamento estrutural do

    elemento devem ser cuidadosamente consideradas. Um reforo flexo, por exemplo, pode

    conduzir ruptura por cisalhamento ao invs de permitir que seja alcanada a capacidade

    portante desejada [Sharif, 1994; Beber, 1999b; Carolin, 2001].

    1.3.1 Aumento de seo transversal

    Esta metodologia de reforo estrutural to antiga quanto a prpria indstria da

    construo. O aumento de seo transversal consiste na colocao de uma camada adicional

    de concreto armado em um elemento estrutural existente. Pilares, vigas, lajes, tabuleiros de

    pontes e vigas-parede podem ter suas sees resistentes aumentadas para elevar sua

    capacidade de carga, rigidez, ductilidade, etc. A nova camada deve ser aplicada superfcie de

    concreto existente com o objetivo de produzir um elemento monoltico. Argamassas

    tambm so empregadas nestas aplicaes. Recentemente, este mtodo desenvolveu-se

    sobremaneira atravs da utilizao de concreto e argamassa projetada.

    No entanto, o alto risco de corroso das armaduras, em virtude de cobrimentos

    reduzidos, e a conseqente deteriorao do concreto do reforo e o aumento da carga

    permanente sobre a estrutura caracterizam-se como as principais desvantagens deste mtodo

    [Emmons et al, 1998; Pinto, 2000]. Estes problemas esto, tambm, associados com a

    relativa incompatibilidade entre o concreto novo e o existente. O concreto existente, na

    maioria dos casos, no mais afetado por alteraes em seu volume devido retrao. Por

    outro lado, o surgimento de tenses de trao, podem ocasionar fissurao e destacamento se

    o concreto novo for impedido de deformar-se.

    1.3.2 Protenso externa

    Apesar de se constituir em uma tcnica construtiva amplamente utilizada desde a

    dcada de 50, aps permanecer latente por algum tempo, foi redescoberta como uma

    excelente alternativa no reforo de estruturas de concreto armado. A protenso externa vem

    desenvolvendo-se rapidamente no reforo de estruturas de concreto, principalmente, nos

    EUA, Japo e Sua. A aplicao da protenso externa contribui para a reduo das

  • Comportamento Estrutural de Vigas de Concreto Armado Reforadas com Compsitos de Fibra de Carbono

    11

    deformaes na estrutura existente, bem como aumentar a capacidade portante destes

    elementos. Dentre as principais vantagens deste mtodo de reforo, pode-se destacar: (i) a

    relativa simplicidade do mtodo construtivo; (ii) a ausncia de problemas com o cobrimento

    dos cabos; (iii) a possibilidade de inspeo e eventual reposio dos cabos durante a vida til.

    Por estar localizado no exterior dos elementos estruturais, apresentam-se como

    desvantagens desta tcnica, a sua vulnerabilidade ao do fogo, da corroso eletroqumica e

    atos de vandalismo. A proteo de um sistema de protenso externa contra um ambiente

    agressivo ou a ao do fogo pode ser alcanada atravs do encapsulamento dos cabos com

    concreto convencional ou projetado.

    1.3.3 Chapa de ao colada com resina epxi

    No presente, a aplicao de reforos externos, atravs de chapas de ao coladas em

    elementos de concreto, considerada como uma das melhores tcnicas de reforo ou reparo

    de elementos de concreto deteriorados. Desde meados dos anos 60, o reforo externo com

    chapas de ao coladas em vigas de concreto armado tem sido utilizado na frica do Sul,

    Japo e em vrios pases da Europa. Este mtodo utilizado para reparar ou reforar

    elementos de concreto com capacidade resistente insuficiente devido a danos estruturais,

    mudanas de utilizao, e, muito freqentemente, por corroso das armaduras. O princpio

    desta tcnica bastante simples: chapas ou outros elementos de ao so colados na superfcie

    de elementos de concreto atravs de adesivos epxi [Saadatmanesh & Ehsani, 1990].

    A grande aceitao desta tcnica pode ser atribuda ao desenvolvimento de adesivos

    com base epxi de alta qualidade, aliado ao fato de ser uma tcnica simples, econmica,

    eficiente e de aplicao relativamente fcil, permitindo reforar o elemento sem que haja um

    aumento significativo em suas dimenses.

    O primeiro caso notificado da utilizao desta tcnica, aconteceu em Durban, na

    frica do Sul (dcada de 60). As vigas de um complexo residencial foram reforadas com

    chapas coladas porque a armadura existente, devido a falhas durante a execuo, era menor

    do que a projetada. Na antiga Unio Sovitica, em 1974, um arco de uma ponte de concreto

    armado com 60 anos de idade foi reforado com chapas de ao coladas. Cerca de 25% das

  • Andriei Jos Beber www.ppgec.ufrgs.br Projeto de Tese Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2003

    12

    armaduras da ponte original estavam corrodas por conta de deficincias no sistema de

    drenagem de guas pluviais. Na Polnia, onde muitas pontes de concreto armado e

    protendido foram reforadas, verificou-se que este um dos mtodos mais econmicos e

    prticos de reforo de pontes. Diversas pontes de uma rodovia elevada no Japo, tambm

    foram reforadas com chapas coladas com resina epxi, mostrando a eficincia da tcnica

    [Beber, 1999a].

    Comprovou-se, atravs de diversos ensaios, que as chapas de ao coladas nas faces

    tracionadas de vigas de concreto armado conduzem a aumentos significativos na resistncia

    flexo, em conjunto com incrementos na rigidez flexo evidenciada por menores

    deformaes e fissuras [Swamy et al, 1987; Campagnolo et al, 1997]. As chapas de ao atuam

    como um suplemento a armadura existente no interior do elemento de concreto, e so

    consideradas como uma armadura secundria, aplicada para reduzir as tenses na armadura

    existente em nveis aceitveis.

    Entretanto, alguns estudos demonstraram que se deveria dispensar ateno especial

    aos reforos com chapa colada. Um vasto programa experimental conduzido pelo Transport

    and Road Research Laboratory investigou, atravs de uma srie de ensaios de durabilidade, o

    comportamento de longo prazo de estruturas reforadas atravs desta tcnica [Calder, 1979,

    1988, Calder & Lloyd, 1982]. Os resultados demonstraram que aps longos perodos de

    exposio, a corroso nas chapas de ao evidente, em especial na interface adesivo/chapa.

    Esta corroso, ocorrendo ao longo da interface do adesivo, compromete perigosamente a

    aderncia entre os elementos, alm de ser muito difcil de ser diagnosticada em inspees de

    rotina.

    Embora sejam altamente suscetveis corroso, este processo emprega chapas de ao

    com baixo teor de carbono. Imediatamente aps a sua instalao, o reforo deve ser

    protegido, criando tarefas adicionais de manuteno, alm do comprometimento da

    durabilidade em funo do grande potencial para a manifestao da corroso na interface

    chapa/adesivo [Emmons et al, 1998a]. Alm disso, outro problema que envolve a tcnica de

    chapa colada est relacionado ao manuseio de elementos que possuem grandes dimenses,

    devido ao elevado peso prprio do ao. Apresenta-se, ainda, como dificuldade, a fabricao

    de chapas para o reforo de elementos com formas complexas. Este mtodo demanda,

  • Comportamento Estrutural de Vigas de Concreto Armado Reforadas com Compsitos de Fibra de Carbono

    13

    tambm, um sistema de escoramento para suportar o peso destes elementos durante as

    operaes de fixao das chapas [Spadea et al, 1997].

    Embora no sejam to freqentes, em funo das dificuldades inerentes de cada

    metodologia de reforo, a aplicao de estribos externos pr-tracionados (variao da

    protenso externa), a adio de vergalhes ou perfis metlicos colados com resina epxi e a

    incorporao de novos elementos estruturais, se constituem, tambm, em alternativas viveis

    para o reforo de estruturas de concreto armado [Emmons et al, 1998; Pinto, 2000].

    O emprego de materiais convencionais, como ao e concreto, na reabilitao de

    estruturas, apresenta inmeras vantagens, principalmente por causa da tradio destes

    materiais na construo civil e em funo de apresentarem um custo relativamente baixo.

    Contudo, embora estes materiais e tecnologias sejam adequados em muitas situaes, a falta

    de longevidade em alguns casos, e a rpida deteriorao em outros, conduzem necessidade

    de um melhoramento em suas propriedades e o desenvolvimento de novas tecnologias

    [Karbhari & Zhao, 2000]. Em alguns casos, ainda, restries de projeto podem impedir a

    aplicao de determinadas alternativas de reabilitao, tanto do ponto de vista estrutural

    quanto de funcionalidade.

    1.4 REFORO DE ESTRUTURAS DE CONCRETO COM MATERIAIS COMPSITOS

    Nos ltimos anos, div