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1 Comportamento Organizacional em Redes para Posicionamento Estratégico e Desempenho Superior: um Estudo no Setor de TI Autoria: Ricardo Luiz de Freitas, Henrique Cordeiro Martins, Alexandre Teixeira Dias RESUMO O objetivo deste trabalho foi descrever de que maneira a forma de relacionamento entre as empresas de TI alteram as dinâmicas de competição, cooperação e aprendizagem organizacional. Foi aplicado um modelo hipotético, a fim de se verificar hipóteses formuladas sobre redes interorganizacionais. A pesquisa quantitativa teve os dados coletados por meio de questionários nas empresas de TI associadas a SUCESU-MG. O software SPSS foi utilizado para os cálculos das análises de regressão estatística. Os resultados apontaram para uma forte tendência de relacionamento entre as empresas, mas mostraram um comportamento bastante competitivo e pouco cooperativo, apesar da tendência de colaboração futura.

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Comportamento Organizacional em Redes para Posicionamento Estratégico e Desempenho Superior: um Estudo no Setor de TI

Autoria: Ricardo Luiz de Freitas, Henrique Cordeiro Martins, Alexandre Teixeira Dias

RESUMO O objetivo deste trabalho foi descrever de que maneira a forma de relacionamento entre as empresas de TI alteram as dinâmicas de competição, cooperação e aprendizagem organizacional. Foi aplicado um modelo hipotético, a fim de se verificar hipóteses formuladas sobre redes interorganizacionais. A pesquisa quantitativa teve os dados coletados por meio de questionários nas empresas de TI associadas a SUCESU-MG. O software SPSS foi utilizado para os cálculos das análises de regressão estatística. Os resultados apontaram para uma forte tendência de relacionamento entre as empresas, mas mostraram um comportamento bastante competitivo e pouco cooperativo, apesar da tendência de colaboração futura.

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I - INTRODUÇÃO São diversos os estudos sobre redes interorganizacionais e o tema vem ganhando cada

vez mais importância nos debates acadêmicos e empresariais. Hoffmann, Bandeira-de-Mello e Molina-Morales (2006) observam que o assunto vem registrando uma média de quatro trabalhos anuais, desde 2000, em periódicos Qualis A de circulação nacional. Lima (2007) destaca a presença constante desse tipo de estudo nas publicações recentes do EnANPAD e Amato Neto (2000) evidencia a relevância da formação e do desenvolvimento de redes de empresas em países industrializados, como Itália, Japão, Alemanha e os chamados países emergentes, como México, Chile e Argentina. Casarotto Filho e Pires (2001) corroboram com Amato Neto (2000) ao mostrar a bem sucedida relação interorganizacional entre as pequenas empresas localizadas na região de Emilia Romogna, ao Sul da Itália, reforçando a abrangência e a atualidade do tema.

Pelo caráter multidisciplinar dos assuntos relacionados às redes organizacionais (MATHEUS; SILVA, 2006), são vários os conceitos e terminologias encontrados na literatura, tais como clusters (PORTER, 1998), aglomerado competitivo, consórcios, sistemas produtivos locais, polos (CASAROTTO FILHO; PIRES, 2001), aglomerados territoriais, distritos industriais, cadeia produtiva (LASTRES; CASSIOLATO, 2005) e redes interorganizacionais (LAZZARINI, 2008). Mesmo com essa diversidade, grande parte dos estudos disponíveis remete a ideais similares, em que a cooperação entre os participantes da rede é o foco central.

Os benefícios que uma rede pode propiciar são vários, como, por exemplo, o acesso facilitado à matéria-prima e à mão de obra especializada (LASTRES; CASSIOLATO, 2005); a economia de escala; o desenvolvimento de barreira aos novos entrantes (FERREIRA JUNIOR, 2006); a redução do custo de transação; a redução de custos em pesquisas; a promoção do desenvolvimento local,entre outros.

Lazzarini (2008) observa que o atual padrão de competição tem-se movido das empresas individuais para os grupos de firmas que colaboram entre si, permitindo uma relação de cooperação e competição no mesmo conjunto. Nesse sentindo, as organizações precisam extrair o máximo de recursos em seu grupo, ao mesmo tempo em que o grupo possa oferecer subsídios na obtenção de vantagens superiores frente aos demais competidores.

Diante desse cenário, propõe-se o seguinte problema de pesquisa: como os atores se apoiam no sistema de rede atuando como sistema de referência de competição, cooperação, aprendizado, inovação, e formulam e processam estratégias para competição e ou cooperação?

Neste sentido, o objetivo deste trabalho é descrever de que maneira a estrutura de relacionamento entre as empresas de TI da grande Belo Horizonte determina a competição, a cooperação e o aprendizado organizacional por meio da aplicação de um modelo hipotético, de modo a contribuir para os estudos das redes interorganizacionais.

O setor de TI foi escolhido como fonte para a realização da pesquisa empírica proposta neste trabalho. Este segmento apresenta forte relevância e potencialidade como gerador de inovações tecnológicas, necessárias ao desenvolvimento sustentável, e também na geração de novos empreendimentos, principalmente entre os jovens que são anualmente inseridos no mercado de trabalho. O estudo se processará dentro de grupos estratégicos de empresas de TI filiadas a SUCESU-MG, que é uma entidade sem fins lucrativos, formada por empresas fornecedoras e consumidoras de TIC. O presente trabalho se justifica pelos benefícios gerados por meio de análise dos fatores ambientais mais significativos pesquisados que poderão impactar as estratégias adotadas nas empresas de TI, quando do relacionamento com o mercado e outras organizações.

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2 - REFERENCIAL TEÓRICO  

2.1 Redes Interorganizacionais Como respostas aos desafios dos ambientes externo e interno surgem novas estruturas

organizacionais por meio da formação de redes de relacionamentos interorganizacionais. Segundo Lazzarini (2008), quando um grupo de pessoas ou empresas (chamados de nós) se ligam umas às outras por meio de relacionamentos diversos (chamados de laços), em suas interações periódicas, formam-se redes de relacionamentos. Redes interorganizacionais tem como base o relacionamento entre empresas ou organizações de forma geral.

Para Silva Junior (2007), a aplicação dos conceitos de redes no contexto do atual ambiente de negócios decorre do aumento da competição entre empresas e da percepção de que as organizações, atuando de forma isolada, terão menos condições de sobrevivência e desenvolvimento. Isso porque nenhuma empresa domina sozinha os conhecimentos e as habilidades necessárias para a sua sustentação. Da mesma forma, Verschoore (2004) destaca a importância das redes como instrumento para enfrentar as dificuldades e crises do agitado ambiente competitivo no qual as empresas atualmente estão inseridas e permitem viabilizar ações que, isoladamente, não seriam tão facilmente alcançadas, tendo em vista a falta de poder competitivo de uma única empresa.

Castells (1999) reforça a importância da transformação tecnológica que estabelece a integração em redes como forma fundamental de concorrência na nova economia global e destaca a elevação das barreiras que impedem o acesso de novas organizações isoladas em setores mais avançados da economia, dificultado a entrada de novos concorrentes. Nesse contexto, a cooperação e os sistemas de redes seriam a melhor forma de minimizar os riscos, dividir os custos e manter-se em dia com a informação constantemente atualizada. Ainda segundo o autor, novas oportunidades são criadas o tempo todo quando se está dentro das redes. Mas, fora delas, a sobrevivência ficará cada vez mais difícil.

De acordo com Vale (2007), não existe uma teoria única que trata de redes. São várias as discussões em torno do assunto, com perspectivas bastante distintas, porém, com alguns pontos em comum, que permitem uma sistematização do tema. Para a autora, a evolução da abordagem de redes no campo das ciências sociais apresenta características peculiares, como a contribuição de vários ramos de pensamento e o progresso do assunto devido a uma forte interação entre teoria, método e pesquisa empírica.

Similar às abordagens teóricas, o conceito de redes possui vários enfoques e está longe de chegar a uma unanimidade acadêmica. Segundo Cândido e Abreu (2000), até mesmo no sentindo etimológico, o termo “redes” pode conter vários significados, como entrelaçamento de fios, cordas, cordéis e arames, com aberturas regulares fixadas por malhas, formando uma espécie de tecido. Nesse sentido, os fios e as malhas dariam a forma básica da rede, na qual os fios corresponderiam às relações entre atores e organizações, representadas por malhas ou nós. Porém, grande parte dos estudos disponíveis, ao abordarem a perspectiva de redes, partem da ideia de que todas as organizações são formadas por redes sociais e, por isso, devem ser analisadas como tais. Nessa perspectiva, a estrutura de qualquer organização deve ser entendida e analisada em termos de redes múltiplas de relações internas e externas.

Em contexto organizacional, Amato Neto (2000), em uma primeira aproximação, conceitua o tema como um conjunto ou uma série de células interconectadas por relações bem definidas. Para Porter (1998), o termo redes extrapola o âmbito da teoria organizacional e é definido como sendo o método organizacional de atividades econômicas através da coordenação e da cooperação entre as empresas. Já Castells (1999) afirma que redes é um conjunto de nós interconectados onde um nó depende do tipo de redes concretas no qual ele

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está inserido. Lazzarini (2008), seguindo a tendência de Castells (1999), define redes como um conjunto de indivíduos ou organizações interligadas por meio de relações dos mais diversos tipos. 2.2 Tipologia e Análise de Redes

A partir de uma pesquisa bibliográfica sobre o tema e dos resultados obtidos da aplicação de dois trabalhos empíricos, Hoffmann, Molina-Morales e Martinez-Fernandez (2004) desenvolveram uma tipologia de redes dividida em quatro indicadores direcionalidade; localização; formalização; e poder. Para os autores, o primeiro indicador, a direcionalidade, é dividida em redes verticais e horizontais. As redes verticais são formadas por empresas distintas que adotam a estratégia da especialização. Já as redes horizontais são constituídas por empresas que competem pelos mesmos produtos e/ou mercados, objetivando ganhos decorrentes da união entre as partes. No indicador localização, as redes podem ser consideradas dispersas, quando interagem por meio de um processo de logística avançado que permite superar distâncias. Quanto à formalização, uma rede pode possuir uma base de contrato formal ou uma base não-contratual. O último indicador é baseado na relação de poder entre as empresas e pode ser classificado como orbital ou não-orbital. No primeiro caso, existe um centro de poder ao redor do qual as demais empresas circulam e, quando cada empresa tem a mesma capacidade de tomada de decisão, a rede é considerada como não-orbital (HOFFMANN; MOLINA-MORALES; MARTINEZ-FERNANDEZ, 2004).

Para Matheus e Silva (2006), a abordagem da análise de redes estuda o relacionamento entre atores sociais, que podem ser representados por pessoas, grupos, empresas e demais coletividades. O diferencial desse tipo de estudo está na ênfase dada às ligações entre os elos, e não às características de cada ator.

De acordo com Lazzarini (2008), a análise de rede deriva de um ramo da matemática, a teoria dos grafos. Nesse contexto, uma rede é representada por uma matriz relacional, também denominada matriz de adjacência, em que cada célula, ou nó, indica como um ator (linha) se relaciona com outro (coluna). A relação entre nós é determinada através de linhas (laços) que ligam um nó a outro do grafo. Uma das maneiras de se codificar tal relacionamento é pelo valor 1 ou 0, onde 1 indica a existência de relacionamento e 0, a inexistência dele. De modo alternativo, é possível atribuir força ou intensidade aos relacionamentos, indicando números maiores do que 1 no preenchimento das células. As redes ou grafos que possuem peso nos laços são denominados grafos ponderados. Uma matriz relacional pode também ser representada graficamente por meio da composição de nós (atores) e laços (relacionamentos) que interligam os nós (LAZZARINI, 2008. Esse tipo de representação pode ser obtida por meio da utilização de sistemas computacionais, como, por exemplo, o UCINET.

Os laços existentes em uma rede podem ser classificados como direcionais ou não-direcionais (LAZZARINI, 2008). São direcionais quando um nó está ligado a outro apenas em uma direção, ou seja, o relacionamento não é recíproco.. Quando a relação entre os laços for bilateral ou simplesmente não tiver importância na análise da rede, ela será considerada como não-direcional.

O tamanho de uma rede é representado pelo número total de ligações existente entre os atores de determinado grupo de análise ou pelo tamanho potencial de ligações. Com esse indicador, é possível verificar a presença de uma rede de relacionamento bem como a existência de alguma fragmentação. A densidade de uma rede é calculada dividindo o número de laços (relações) existentes pelo número máximo de laços possíveis. Quanto maior a ligação entre os atores, maior será a densidade da rede. Se os atores de determinada rede não tiverem nenhum tipo de relacionamento, a densidade será igual a zero. E quando todos os atores foram conectados entre si, a densidade será igual a 100%. Portanto, uma rede é considerada densa quando vários atores se conectam entre si. Esse indicador permite analisar e mensurar o

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potencial de comunicação de um grupo e quanto maior for a densidade, maior a possibilidade de ocorrer o fluxo máximo de informação (LAZZARINI, 2008; SILVA, 2003).

Carstens (2005) define centralidade como a identificação do quão acessível determinado integrante da rede se encontra para os demais. Essa análise pode ser feita por meio da mensuração do número de ligações que um ator possui dentro do grupo e do número de caminhos que passam por eles para integração entre dois outros atores desconectados. Quanto mais central na rede o ator estiver, maior sua capacidade de acessar, direta ou indiretamente, outros atores (LAZZARINI, 2008).

Segundo Silva (2003), a coesão está relacionada à presença de subgrupos dentro de uma rede. Tais subgrupos caracterizam-se pela suposição da existência de um grau de afinidade entre os seus membros para que os laços possam ser estabelecidos. Uma rede é considerada coesa quando a quantidade de subgrupos for pequena ou inexistente. Para Lazzarini (2008), são diversos os contextos sociais com a presença de subgrupos que têm alta interação entre si, mas que não se relacionam intensamente com outros atores. 2.5 - Proposição do Modelo Teórico de Verificação

O modelo hipotético mostrado na Figura1, já testado em pesquisas como a de Oliveira (2010), Martins, Gonçalves, Miranda (2012) e outros, será verificado neste trabalho por levar em consideração as teorias apresentadas nesta seção e as informações colhidas em pesquisas exploratórias preliminares. As hipóteses foram traçadas com base nos objetivos do presente trabalho, com o intuito de auxiliar na resposta ao problema de pesquisa.

FIGURA 1 - Modelo hipotético conceitual

Fonte: Baseado em Oliveira (2010), adaptado pelo autor

Hipótese 1 (H1): A primeira hipótese do modelo considera que a cooperação é baseada na atuação em redes, e quanto maior a intensidade da atuação em rede, maior será o relacionamento de cooperação (contrária à fragmentação). Hipótese 2 (H2): Pressupõe-se a existência da intenção de uma política de relacionamento fruto da cooperação entre os atores da rede, e quanto maior for a cooperação, maior será a intenção de estabelecer uma política favorável à manutenção e ampliação de trocas de experiência e fortalecimento do relacionamento. Hipótese 3 (H3): A terceira hipótese parte do pressuposto de que, com um relacionamento de cooperação (H1): Apoiado em uma política de relacionamento (H2), surge o aprendizado relacional mais intenso com a percepção de ganhos para crescimento nos planos coletivo e individual. Quanto mais intensa for a cooperação, maior será o aprendizado.

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Hipótese 4 (H4): Caso o processo da aprendizagem relacional desenvolva-se e estabeleça-se como prática, a tendência da rede é fortalecer as relações. Espera-se que quanto menos intenso for a sensação do ganho de aprendizado relacional maior será o seu fortalecimento. Hipótese 5 (H5); Ao constatar a tendência de fragmentação da rede (H4), presume-se no aumento da competição e a cooperação poderá ser comprometida e a competição incentivada.Hipótese 6 (H6): A sexta hipótese parte da premissa de que quanto menor for a cooperação maior a tendência de se competir. Hipótese 7 (H7); Inseridos em um ambiente de competição, mas com uma estrutura de aglomeração (seja territorial ou virtual) já estabelecida, os participantes da rede evitarão o confronto explícito e iniciarão novamente uma política de relacionamento baseada na cooperação.

O tratamento para cada um dos construtos é distinto e não necessariamente todas as medidas de rede indicadas são utilizadas concomitantemente (SILVA, 2003). O constructo Competição constitui-se em característica intrínseca do mercado. As empresas também competem e reconhecem aqueles que são altamente competitivos entre si (concorrente efetivo). A Cooperação remete a atividades relevantes de compartilhamento de despesas, publicidade, treinamento, aquisição de produtos, contratação de serviços, indicação de clientes, entre outros. A Aprendizagem Relacional decorre da interação entre empresas no sentido de adotar ideias, conceito sobre comportamento estratégico, procedimentos para gerar inovação. O Fortalecimento da rede remete as empresas que mais tendem a aumentar à cooperação. O Aumento da Cooperação ocorre quando as empresas encontram em ambiente muito competitivo (destrutivo), ou percebem os ganhos relativos a cooperar. A Política de Relacionamento indica a intenção das empresas em fazer política de “boa vizinhança” e relacionamento (apoio mútuo, acordos negociais, negociações para desenvolvimento). 

3 METODOLOGIA

A metodologia utilizada para este trabalho de natureza quantitativa, do tipo descritiva, por meio de survey, com os gestores das empresas selecionadas. Para o tratamento dos dados quantitativos foram consideradas as técnicas da estatística descritiva (utilizando-se o software Excel), da análise de regressão estatística (utilizando-se o software SPSS) e das teorias de análise de redes sociais (utilizando-se o software UCINET).

A área geográfica de abrangência desta pesquisa compreendeu empresas de TI do setor privado com unidades na grande Belo Horizonte, filiadas a SUCESU-MG, entidade sem fins lucrativos que reúne empresas fornecedoras e consumidoras de produtos e serviços de TI. A amostragem foi de conveniência e formada por adesão e, portanto, de forma não probabilística. Diante da estimativa inicial de uma amostra entre 15 e 20 empresas participantes, a pesquisa trabalhou com 21 empresas fornecedoras de produtos e serviços de TI. Esse número é conveniente para estudos de rede não somente pelo poder explicativo da amostra, mas também para não carregar a representatividade do grafo.

Os dados foram coletados por meio de questionário fechado e o tratamento dos dados coletados teve início com a tabulação das respostas, utilizando-se os softwares Microsoft Word e Microsoft Excel. A partir das matrizes relacionais, os dados foram analisados na perspectivada das teorias de redes sociais. Como todas as matrizes possuem as mesmas características, com números iguais de linhas e colunas (matriz quadrada) e com idêntica composição de atores, pôde-se padronizar o método de análise com o emprego dos mesmos indicadores: tamanho, densidade, centralidade e coesão. Tais indicadores foram calculados utilizando-se os recursos presentes no software UCINET. As matrizes relacionais serviram, também, como forma de calcular as análises de regressão estatística efetuadas mediante o uso do software SPSS (Statistical Package for the Social Sciences). A representação gráfica de cada matriz foi gerada pelo software UCINET, tendo como objetivo proporcionar uma análise visual dos relacionamentos, como forma de auxiliar nas interpretações.

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4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS 4.1 A SUCESU-MG, perfil das empresas estudadas e o mercado de TI

A SUCESU-MG (Sociedade de Usuários de Informática e Telecomunicações de Minas Gerais) foi fundada em 14 de agosto de 1968, 3 anos após a criação da SUCESU Nacional, por um grupo de usuários de informática, com o objetivo de discutir problemas ligados à área de TI. Hoje ela conta com 162 associados, entre empresas e pessoas físicas, entre eles, os fornecedores e usuários de TIC (SUCESU-MG, 2012).

Em relação ao perfil das empresas estudadas, das 21 empresas pesquisas, 18 delas (85,7%) são brasileiras, sendo que deste grupo, 17 (80,9% do total) são mineiras com a matriz instalada em Minas Gerais, mais especificamente na região metropolitana de Belo Horizonte. Mais de 50% das empresas pesquisadas tem mais de 20 anos de mercado, sendo a mais nova tem 3,6 anos e a mais antiga 42 anos, com média de 20,3 anos, ou seja, empresas maduras e com estratégias internas e de mercado já consolidadas. Do total, 47,6% das empresas pesquisadas só tem escritórios instalados no Brasil, e 33,3% delas somente em Minas Gerais. Apenas 4 empresas também tem escritórios fora do Brasil. A média do faturamento anual em R$ das empresas pesquisadas está em torno de 920,3 milhões de Reais e 61,9% das empresas pesquisadas tem faturamento igual ou superior a 10 milhões de reais, e em 33,3% delas o faturamento é igual ou superior a 100 milhões de reais.

É importante também analisar resumidamente o cenário do mercado de TI no Brasil e em Minas Gerais. O Brasil é o 8º mercado de TI no mundo, com um faturamento anual em torno de 85,09 bilhões de dólares. O setor de TI representa 4% do PIB brasileiro e exporta 2,39 bilhões de dólares. Para o ano de 2022, estima-se que o faturamento deste setor chegue a 200 bilhões de dólares. Em Minas Gerais, o setor de TI responde por 7,6% do total de empresas do Brasil, algo em torno de 5000 empresas, que faturam 2,3 bilhões de reais anuais. A Região Metropolitana de Belo Horizonte abriga 3500 empresas de TI (70% do total de MG), com 10 mil profissionais empregados e 1,6 bilhão de reais de faturamento anual, correspondendo a 1,6% do PIB brasileiro (SOFTEX, 2012).

4.2 Análise dos Dados na Forma de Redes

Observa-se que a estrutura de atuação em rede (Figura 2) entre as empresas apresenta dois atores isolados (H e I), os outros dezenove atores compõem a estrutura do componente principal. Este componente possui 62 relações. Ainda pode-se observar que no componente principal há dois pontos de articulação, empresas U e Q, e que a não existência destes implica na fragmentação do mesmo. A saída da empresa U implica no isolamento da empresa R, bem como a saída da empresa Q implica no isolamento da empresa F. Acontecendo estas fragmentações, que resulta nos isolamentos dos atores indicados, a estrutura ganharia mais atores isolados, mas continuaria existindo somente um componente principal.

A empresa que possui melhor atuação em redes é a N. Esta consegue manter relação com 40% da estrutura. As empresas L, M, U e B também possuem atuação relevante. Os atores H e I encontram-se isolados na estrutura, por isso tem o grau de saída igual a “zero”. Contudo, todas as empresas, (menos as que estão isoladas) possuem algum grau de saída, demonstrando atuar de alguma forma, sendo por troca de contatos, experiência, ideias ou informações dentro da estrutura. A empresa S é a que possui mais entradas recebidas de quem atua em rede, seguida pelas empresas A, M e N. Estas possuem várias relações de entrada para atuação em rede, isto é, são referências para as outras na hora de atuar na troca experiências, informações, contatos ou ideias.

Em termos de proximidade, os atores que apresentam somente grau de entrada não tem a capacidade de circular pela rede. Ou seja, recursos ou informações somente chegam a eles. Por este motivo, as empresas G, L, I, H e F não estão próximas de nenhum relacionamento. O

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distanciamento é inversamente proporcional ao grau de proximidade, ou seja, quanto maior o distanciamento menor o grau de proximidade, ou quantidade de relações do ator na rede. Na rede em questão, o valor 420 para distanciamento e 4,76 para grau de proximidade indica que o ator está isolado. Lembrando que as empresas H e I estão isoladas do ator principal e não possuem nenhuma relação com as demais. Entretanto, as empresas S, M, A, Q, N, E, J, K, P, D, B, U, T e C conseguiriam circular por mais de 2/3 da rede. As empresas O e R também possuem condições de circular pela rede, só que em menor distância.

FIGURA 2 - Atuação em rede

Fonte: Dados da Pesquisa (2013)

Observa-se que a estrutura de atuação em rede é formada por cliques maiores: um clique de cinco atores; um de seis atores; um de sete atores; um de oito atores; um de dez atores; três de onze atores; e um de doze atores. A presença de cliques maiores mostra a maior coesão da rede e a forte relação que ela possui. No entanto, considerando as posições relativas dos atores, foram identificados dois cliques fortes que formam alguns subgrupos bastante coesos. Assim, constata-se as relações entre os atores e a formação de alguns subgrupos, destacando as relações fortes entre os mesmos. 4.3.2 Competição

Observa-se que a estrutura de rede da Competitividade entre as empresas apresenta dois atores isolados (L e R), os outros dezenove atores compõem a estrutura do componente principal. Este componente possui 47 relações sendo 29 diretas e 9 não diretas (recíprocas).

Ainda pode-se observar que no componente principal há três pontos de articulação, empresas K, J e G, e que a não existência destes implica na fragmentação do mesmo. A saída da empresa K implica no isolamento da empresa U. A saída da empresa G implica no isolamento da empresa N. A saída da empresa J implica no isolamento da empresa E. Acontecendo estas fragmentações, que resulta nos isolamentos dos atores indicados, a estrutura ganharia mais atores isolados, mas continuaria existindo somente um componente principal (FIG 3).

A intensidade da densidade é sempre um valor relativo e a própria rede em questão constitui-se em importante parâmetro para sua apuração. Uma densidade total (1) só existiria caso todas as empresas competissem entre si. Visto que muitas das empresas possivelmente atuam com segmentos diferenciados ou mesmo em nichos diferentes, dificilmente ocorreria uma competição generalizada entre todos elas. Assim, a densidade de 0,11 indica uma competição pouco coesa para o conjunto de empresas.

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A empresa S é considerada como concorrente para outras 7 empresas, sendo que destas relações somente duas são simétricas (com os atores P e B), onde a empresa S também reconhece estas duas como concorrentes. Tratando de empresas do mesmo segmento esta porcentagem demonstra uma estrutura de baixa densidade. As empresas P e Q foram apontadas por outras 5 empresas como concorrentes. Em relação a empresa P, das 5 empresas, 3 também a consideram como concorrente. Já a empresa Q considera 2 destas como concorrente.

FIGURA 3 - Estrutura de Competição

Fonte: Dados da Pesquisa (2013)

Considerando as relações fortes de competição (simétricas), observa-se as seguintes

relações (O – P; P – T; P – S; P – B; S – B; B – J; J – E; Q – F; Q – C). Dentro destas empresas com relações de competitividade forte, a empresa P é apontada com maior competitividade, conseguindo ter a maior quantidade de relações recíprocas (4). A empresa B também se destaca por obter 3 relações fortes de reciprocidade dentro da estrutura. Entretanto, as empresas L e R não são apontadas como concorrentes por ninguém, e nem consideram nenhuma das outras empresas como concorrentes.

Quanto maior o tamanho do clique, maior a “coesão” do subgrupo em relação à estrutura como um todo. Como se tratam de relações de competição, esta “coesão” indica concentrações de competição entre empresas. Ao todo foram identificados na estrutura de competição 11 cliques de tamanhos variados, formados independente da simetria da relação. No entanto, se considerados apenas os cliques fortes (relações simétricas), observa-se que a competição mútua entre empresas existe apenas em um clique de tamanho três: P B S, contido nos cliques 4, 6, 7 e 12. Dentro da estrutura destaca-se a formação (O – P – B – J – E), com relações simétricas. Outros cliques fortes são com relações simétricas e se destacam são: (O – P –S), (O – P – T), (O – P – B), (Q – C – F). 4.3.3 Cooperação

Na rede de cooperação, observa-se que nem todas as empresas estão conectadas. Embora os 21 atores componham o tamanho da rede, 5 destes atores estão isolados (F, H, I, L e T). Estes atores não informaram quaisquer tipo de relação com os demais. Pode-se observar que esta estrutura é composta de dois componentes: o principal com 14 atores e 17 relações, e um componente secundário com 2 atores e uma relação. Pode-se auferir que esta rede apresenta uma densidade fraca dentro das suas relações. Uma densidade de 0,04, onde o total seria de 1, só existiria caso todos os atores estivessem interligados cooperando entre si (FIG 4).

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No componente principal, pode-se observar que existem 5 pontos de articulação (S, Q, N, B e U). A existência destes pontos demonstra a fragilidade da rede, na qual a saída de qualquer destes implica da fragmentação. Por exemplo, se a empresa S sair, as empresas D, J e C irão ficar isoladas. Ou, se a empresa Q sair, a empresa N ficará isolada entre outros.

A natureza do construto “cooperação” sugere as empresas compartilharem recursos entre si de forma simétrica. Desta forma, se uma empresa menciona colaborar com outra, é esperado que a relação da outra empresa que recebe a cooperação seja recíproca. No entanto, mantendo a análise real dos dados fornecidos, constata-se que a relação entre todos os pares de atores indica uma baixa reciprocidade de 0,17. Somente três relações são recíprocas, demonstrando a fragilidade da rede de cooperação.

As empresas que cooperam podem ser identificadas pelo grau de saída. Com o grau de saída pode-se identificar o comportamento de cooperação das empresas pesquisadas. O grau de entrada identifica a cooperação recebida. A empresa Q é aquela que mais coopera, relacionando com outras três empresas. As empresas B, G, S e U mantém suas relações cada uma com outras 2 empresas. Como já mencionado, os atores F, H, I, L e T estão isolados na estrutura não mantendo relações com nenhuma outra empresa. Entretanto, mesmo empresas que possuem relações podem não cooperar, possuindo grau de saída igual a “zero” (E, M, N, P e T). Estes casos demonstram a assimetria da rede sendo que, os atores M, N, E e T fazem parte do componente principal, por receberem cooperação, sem no entanto cooperar.

As empresas N e S são as que mais recebem cooperação dos demais atores. No caso, cada uma recebe cooperação de 5 empresas (25% do total). As empresas A, P, E, M, P, Q, R e U também recebem, cada qual, uma relação de cooperação. A baixa reciprocidade da rede, que enfraquece suas relações, é percebida pois nem todas as empresas que recebem cooperação cooperam com seus pares, caso das empresas A, P, D e E. Porém, percebe-se algumas ligações fortes (simétricas) que são correspondidas: empresas D e S, S e Q além de U e R. Já a empresa N recebe cooperação de 5 outras empresas e não coopera com nenhuma destas.

FIGURA 4 - Rede de Cooperação

Fonte: Dados da Pesquisa (2013).

Em termos de proximidade, os atores que apresentam somente grau de entrada não tem a capacidade de circular pela rede. Ou seja, recursos ou informações somente chegam a eles. Por este motivo, as empresas B, C, F, G, H, I, J, K, L, O e T não estão próximas de nenhum relacionamento. Entretanto, a empresa N conseguiria circular por cerca de 50% da rede, podendo estabelecer 210 relações. As empresas M, S, D e Q também possuem condições de circular pela rede. Observa-se que a rede de cooperação é formada por cliques menores: dois cliques de três atores, um clique de quatro atores, um clique de cinco atores, e dois cliques de seis atores. A presença de cliques menores demonstra a falta de coesão da rede como um todo.

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No entanto, considerando as posições relativas dos atores, foram identificados dois cliques fortes que formam alguns subgrupos bastante coesos. A ligação D – S – Q é a que possui maior reciprocidade em toda a rede, e está abordada pelo clique 5. 4.3.4 Aprendizagem Relacional

Na rede de aprendizagem relacional cinco empresas se encontram isoladas (C, F, H, O e T), não fazendo nenhuma ligação com outros atores. Assim, embora o tamanho seja 21, somente 16 fazem parte do componente principal, com 21 relações entre si. Neste componente, constata-se alguns pontos de articulação. O ator mais interessante a ser observado é o N, que faz o vínculo de três subgrupos, no qual, se sair da rede a fragmentará em três componentes distintos. Outros pontos de articulação são U, M, S, B e Q. Demonstrando a fragilidade da rede de aprendizagem, pode-se observar que: se o ator U sair, R ficará isolado; se o ator M sair, A ficará isolado; se o ator S sair, P ficará isolado; se o ator Q sair, I ficará isolado; e se o ator B sair, G e J ficarão isolados (FIG 5).

A rede aprendizagem apresenta uma densidade de 0,05. A empresa M é aquela que aprende mais estendendo suas relações a outras 4 empresas. As empresas B e N estendem para outras 3 suas relações. As empresas D, L e Q para outras duas empresas. E as empresas G, K, R e S para uma empresa. Contudo, as empresas A, E, J, O, P e U, mesmo conectadas ao componente principal, não apresentam relação de aprendizagem relacional com nenhuma empresa da rede.

A empresa N é aquela que recebe mais indicações de outras empresas que com ela aprende. No caso, 20%. As empresas Q, S e U receberam 3 indicações cada. As empresas B e E duas. E as empresas A, J, K e P receberam uma cada. Novamente, as empresas C, F, H, C e T receberam zero, pois estão isoladas dentro da estrutura. Além destas, as empresas D, G, I, L, M e R, apesar de fazerem parte do componente principal, não são consideradas como provedoras de conhecimento. Todos as empresas relataram níveis variados de aprendizado com outras empresas da rede, mas só é considerada recíproca um caso: a relação entre as empresas B e N. Desta forma, observa-se que não existem relações fortes (simétricas) dentro da rede de aprendizagem relacional.

FIGURA 5 - Rede de aprendizagem relacional

Fonte: Dados da Pesquisa (2013)

As empresas C, F, H, O e T estão isoladas do componente principal. As outras

empresas apresentam somente grau de entrada (E, J, A e P) ou somente grau de saída (L, M, D, G, R e I) e são incapazes de intermediar relações entre os atores.

Em ordem decrescente, alguns outros atores com considerável proximidade são: U, E, J, B e N que possuem uma mobilidade significativa. Os atores P, S, Q, A e K possuem baixa

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mobilidade. Observa-se que a rede de aprendizagem apresentou poucos cliques (dois cliques de tamanho 4, três cliques de tamanho 5, um clique de tamanho 6 e um clique de tamanho 7). No entanto, se considerados apenas os cliques fortes, foram identificados dois cliques em que a relação entre as empresas B e N se encontram (a única relação simétrica). 4.3.5 Fortalecimento da rede – aumento de cooperação

Observa-se que alguns atores encontram-se isolados na “rede de cooperação”. Outro fator evidente é que na “rede de cooperação” existiam dois componentes: um principal com o maior número de atores e relações e outro secundário. Já na tendência de “aumento da cooperação em redes” pode-se observar que existe um único componente, no qual, todos os atores estão se relacionando (FIG 6).

Com isso, pode-se observar que o aumento do tamanho dos atores cresce 50%, de 14 atores no componente principal, passa para 21. O tamanho das relações no componente principal aumenta 388%, passando de 18 para 83 relações criando maior coesão. Desta forma, também pode-se notar o aumento da densidade em 361% que passa de 0,04 para 0,20. Também, nota-se, com menos expressividade, o aumento da reciprocidade em 8%, que passa de 0,17 para 0,18. Pode-se considerar que as relações simétricas e fortes praticamente continuaram as mesmas.

FIGURA 6- Tendência de aumento da cooperação

Fonte: Dados da Pesquisa (2013)

4.3.6 Política de Relacionamento

Observa-se que cinco atores encontram-se isolados na rede de cooperação (FIG 7). Já na tendência de políticas de relacionamento, nenhuma empresa encontra-se isolada.

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FIGURA 7 - Tendência na política de relacionamento

Fonte: Dados da Pesquisa (2013)

Pode-se observar que o aumento do tamanho dos atores cresce 50%, de 14 atores no componente principal, passa para 21. O tamanho das relações no componente principal aumenta 412%, passando de 18 para 87 relações criando maior coesão. O efeito do crescimento do quantitativo de atores e de relações na rede de política de relacionamento induz ao aumento da densidade da rede em 383% que passa de 0,04 para 0,21. Também, nota-se, com menos expressividade, o aumento da reciprocidade em 3%, que passa de 0,001 para 0,17. Pode-se considerar que as relações simétricas e fortes praticamente continuaram as mesmas

A Tabela 1 mostra o resumo das análises feitas utilizando as redes pesquisas sob o ponto de visto dos construtos propostos neste trabalho.

TABELA 1 - Resumo das análises das redes

Medidas ► Tamanho

Den

sid

ade

Rec

ipro

cida

de

Grau de Entrada

(média)

Grau de Saída

(média)

Interme-diação

(média)

Proximi-dade

(média) Construtos▼

Ato

res

Rel

açõe

s

Cooperação 14 17 0,04 0,17 0,86 0,86 1,67 5,46

Aprendizado Relacional

16 21 0,05 0,05 1,00 1,00 2,67 5,69

Competição 19 47 0,11 0,19 2,24 2,24 -- --

Atuação em Rede 19 62 0,15 0,24 2,95 2,95 21,11 19,28

Fortalecimento da Rede

21 83 0,2 0,18 3,95 3,95 12,76 15,65

Politica de Relacionamento

21 87 0,21 0,17 4,14 4,14 16,14 21,79

Fonte: Dados da Pesquisa (2013) 4.4 Análise estatística descritiva do modelo hipotético

Com o objetivo de validar as hipóteses relacionadas ao modelo hipotético foram realizadas análises que verificaram a relação linear entre os construtos propostos na pesquisa e foram calculados os respectivos coeficientes de correlação de Pearson (TABELA 2).

TABELA 2 - Análise de correlação dos construtos

Hipóteses Correlação de Pearson

Valor P Relação Linear

H0

H1: Atuação em Rede Vs Cooperação 0,688 0,00057 FORTE REFUTADA

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H2: Cooperação Vs Política de Relacionamento 0,594 0,00450 MÉDIA REFUTADA

H3: Cooperação Vs Aprendizagem Relacional 0,791 0,00002 FORTE REFUTADA

H4: Aprendizagem Relacional Vs Fortalecimento da Rede

0,772 0,00004 FORTE REFUTADA

H5: Fortalecimento da Rede Vs Competição -0,034 0,8837 FRACA NÃO REFUTADA

H6: Cooperação Vs Competição 0,233 0,3101 FRACA NÃO REFUTADA

H7: Competição Vs Atuação em Rede -0,060 0,7972 FRACA NÃO REFUTADA

Fonte: Dados da Pesquisa (2013)

Ao analisar os dados percebe-se que existe uma tendência linear muito forte entre os construtos, para as hipóteses H1, H2, H3 e H4. Já nas hipóteses H5, H6 e H7 observou-se que elas não possuem tendência linear muito forte, não podendo nem refutar a hipótese nula (H0) . Procurando maiores evidências, foram realizados testes de hipóteses (TAB. 2) para verificar se é aconselhável ou não refutar a hipótese nula de que não há correlação linear entre os construtos, ou seja, o coeficiente de correlação de Pearson é igual a zero (r = 0). A hipótese nula é refutada se o valor P for muito pequeno, menor que o nível de significância do teste (α). Utilizando um nível de significância de 0,05 (5%), só existem evidências estatísticas para se refutarem as hipóteses de que as correlações sejam zero para as hipóteses H1, H2, H3 e H4. Contudo, as correlações existentes podem ser classificadas como fortes (H1, H3 e H4) e média (H2) por estarem próximas de 1. Já as hipóteses H5, H6 e H7 foram classificadas como fracas. Com estes modelos de causa e efeito espera-se encontrar modelos de regressão lineares significativos principalmente levando em conta as 4 primeiras hipóteses (TAB 3).

TABELA 3- Análise de correlação dos construtos ampliada

Hipóteses r² β1 Stat t Teste F (Anova)

Valor P (teste F)

H1: Atuação em Rede Vs Cooperação 0,4730 0,2779 4,1295 17,0531 0,0006 H2: Cooperação Vs Política de Relacionamento

0,3531 1,6444 3,2206 10,3722 0,0045

H3: Cooperação Vs Aprendizagem Relacional

0,6257 0,3149 5,6355 31,7586 0,0000

H4: Aprendizagem Relacional Vs Fortalecimento da Rede

0,5964 1,9744 5,2987 28,0765 0,0000

H5: Fortalecimento da Rede Vs Competição 0,0012 -0,0217 -0,1482 0,0220 0,8837

H6: Cooperação Vs Competição 0,0541 0,4178 1,0429 1,0876 0,3101

H7: Competição Vs Atuação em Rede 0,0036 -0,0823 -0,0597 0,0679 0,7972

Fonte: Dados da Pesquisa (2013) Assim, podemos afirmar que as hipóteses H1, H2, H3 e H4 são as únicas hipóteses do

modelo hipotético que podem ser confirmadas pelas análises de regressão linear. Para todas as demais hipóteses não foram encontradas relações significativas entre os construtos. 5 O TESTE DO MODELO EM OUTROS SETORES

O modelo hipotético testado neste artigo é objeto de outros estudos e já foi testado em dois outros setores: Pousadas (OLIVEIRA, 2010) e em Hospitais (MARTINS, GONÇALVES, MIRANDA, 2012).

Os estudos iniciais de rede no modelo proposto foi iniciado a partir de pesquisa no setor de Pousadas, localizadas na região da Serra do Cipó, região metropolitana de Belo Horizonte, em Minas Gerais, analisando-se 16 pousadas da região (OLIVEIRA, 2010). Nesta pesquisa, o autor propôs análise de redes a partir de três hipóteses: (H1) quanto maior for a intensidade do relacionamento em rede, maior será a cooperação entre os participantes; (H2)

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uma vez constatada a cooperação, pressupõe-se a existência do aprendizado relacional de forma proporcional à intensidade da cooperação; (H3) caso o processo da aprendizagem relacional enfraqueça ou não se forme, a tendência da rede é fragmentar-se. Os dados apontaram que, apesar da existência da cooperação, a sua baixa intensidade apontou para um baixo aproveitamento do seu potencial de crescimento da estrutura em rede. Em relação ao aprendizado, foi apurado uma intensidade maior em relação ao constructo cooperação, inclusive os dados apontaram para a presença do aprendizado relacional mesmo em situações de não cooperação. Em relação à fragmentação da rede, observou-se que a sua intensidade é superior à intensidade da cooperação. Deste modo, constatou-se a relação positiva e significativa entre a atuação em redes e cooperação (H1); a segunda hipótese (H2) também foi aceita . A relação negativa entre o aprendizado relacional e a fragmentação da rede (H3) também foi identificada como significativa, porém, de forma menos intensa que os demais. Assim, pressupõe-se que, quanto menor o aprendizado, maior a tendência de fragmentação da rede (OLIVEIRA, 2010). A segunda pesquisa ocorreu nos hospitais da região metropolitana da grande Vitória. Neste novo estudo, as hipóteses foram ampliadas para 07, correspondendo exatamente aquelas adotadas na pesquisa deste artigo, na área de TI (MARTINS, GONÇALVES, MIRANDA, 2012). Nos dados da pesquisa em hospitais, pôde ser observado a menor reciprocidade e o maior valor de grau de entrada entre os hospitais, o que permite concluir pela alta competitividade do setor e a regular delimitação dos concorrentes. Em relação ao constructo Cooperação, observou-se que nem todos os hospitais estão conectado. Tendo como referência a rede de cooperação, a tendência de fragmentação aumentou ainda mais a presença de atores isolados. Em políticas de relacionamento, observa-se uma forte intenção dos hospitais em fazer uma boa política de relacionamento, com um aumento significativo das relações, o que indicaria, a curto e médio prazos, uma melhoria em relação aos achados desta pesquisa. Assim, nesta pesquisa a Hipótese 3 foi a única hipótese do modelo hipotético que pode ser confirmada pela análise de regressão linear, ou seja, quanto mais intensa for a cooperação, maior será o aprendizado. Para todas as demais hipóteses não foram encontradas relações significativas entre os construtos (MARTINS, GONÇALVES, MIRANDA, 2012). 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste trabalho, pretendeu-se analisar o comportamento em redes das empresas de TI.Ao analisar as redes e seus enlaces para cada construto, observou-se que os grafos de tendência (Fortalecimento da Rede e Política de Boa Vizinhança), aqueles que criam uma projeção para o futuro, de acordo com os gestores das empresas pesquisadas, obtiveram densidades mais significativas, demonstrando redes mais consistentes e com enlaces mais simétricos. Conclui-se que a baixa formação das redes no segmento de TI é relevante, a diferença entre os enlaces de tendência e a situação atual de Cooperação e Aprendizagem Relacional, por exemplo, demonstra que o setor é muito competitivo e fomenta o comportamento de atuação isolada. Em vários enlaces, foram observados atores isolados, tornando a rede mais fraca.

O estudo contribui para a análise do setor estudado, na identificação das relações estratégicas, os núcleos de relacionamento, atores centrais, atores secundários e as novas formas de relacionamento entre empresas. Outros resultados podem ser obtidos estudando-se algumas das características das empresas pesquisadas, que podem colaborar na interpretação das redes, e na formação das relações entre as organizações

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