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Composição da Mesa Diretora da Assembléia · de 2003, um Seminário sobre as “Formas de Participação Popular”. Foram convidados a integrar a mesa, como palestrantes: represen-tantes

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Composição da Mesa Diretora da AssembléiaLegislativa do Rio Grande do Sul

Presidência: Dep. Vilson Covatti (PP)1ª Vice-Presidência: Dep. Ronaldo Zulke (PT)2ª Vice-Presidência: Dep. Márcio Biolchi (PMDB)1ª Secretaria: Dep. Paulo Azeredo (PDT)2ª Secretaria: Dep. Manoel Maria (PTB)3ª Secretaria: Dep. Paulo Brum (PPB)4ª Secretaria: Dep. Cézar Busatto (PPS)

Composição da Comissão de ParticipaçãoLegislativa Popular

Presidente: Dep. Edson Portilho (PT)Vice-Presidente: Dep. Jussara Cony (PC do B)

Titulares: Dep. Cézar Busatto (PPS) Dep. Floriza dos Santos (PDT) Dep. Iradir Pietroski (PTB) Dep. Jair Soares (PP) Dep. Jerônimo Goergen (PP) Dep. João Osório (PMDB) Dep. Márcio Biolchi (PMDB) Dep. Paulo Brum (PSDB) Dep. Raul Pont (PT) Dep. Sérgio Peres (PL)

Reuniões Ordinárias: quintas-feiras às onze horas.

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ÍNDICE

Apresentação ......................................................................... 5

Abertura do Seminário ........................................................ 7

Consulta Popular..................................................................... 9

Orçamento Participativo ..................................................... 14

Participação Popular dos Trabalhadores ......................... 19

COREDES ................................................................................ 22

Fórum Democrático .............................................................. 26

Democracia Representativa ................................................ 31

Pronunciamento do Dep. Cézar Busatto........................... 37

Pronunciamento do Dep. Raul Pont .................................... 42

Encerramento ......................................................................... 46

Anexos ..................................................................................... 49

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APRESENTAÇÃO

A Comissão de Participação Legislativa Popular tem como princi-pal objetivo promover um espaço de afirmação e construção da par-ticipação popular no legislativo rio-grandense, visando possibilitar àpopulação gaúcha, o exercício de sua cidadania.

Este é um desafio de todo o Parlamento, pois o mesmo tem umcompromisso com todos os cidadãos e cidadãs, bem como com a so-ciedade civil organizada. Neste sentido, a Comissão apresenta-secomo instrumento privilegiado, recebendo, discutindo e encaminhandosugestões e propostas legislativas.

Como primeiro evento da Comissão, foi realizado, em 08 de maiode 2003, um Seminário sobre as “Formas de Participação Popular”.Foram convidados a integrar a mesa, como palestrantes: represen-tantes da sociedade civil organizada, do parlamento e do atual go-verno estadual.

A presente publicação resume o conteúdo deste Seminário,onde estão transcritos, sinteticamente, os pronunciamentos ini-ciais dos palestrantes e dos senhores deputados Cézar Busatto eRaul Pont, coordenados pelo Deputado Edson Portilho, presiden-te da Comissão.

Os temas desenvolvidos durante o Seminário foram:• Consulta Popular;• Orçamento Participativo;• Participação Popular dos Trabalhadores;• COREDES;• Fórum Democrático e• Democracia RepresentativaAnexamos nesta separata, as informações contidas em um folder,

previamente distribuido com os objetivos, competência e formas deencaminhamentos das sugestões de projetos e propostas à Comis-são Legislativa de Participação Popular.

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Abertura do Seminário

Deputado Edson Portilho, Presidente da Comissão deParticipação Legislativa Popular:

Saudamostodos os pre-sentes, Deputa-do Sérgio Peres– Membro Titu-lar desta Comis-são –, entidadesconvidadas edemocratica-mente aqui re-presentadas.

É com ale-gria que aceita-

mos este desafio, compromisso assumido junto com os colegas daComissão Mista Permanente de Participação Legislativa Popular, or-ganizada e votada nesta Casa para aproximar a população do Parla-mento Gaúcho.

“Entendemos que, pelos tempos que estamos vivendo, a popula-ção do Rio Grande do Sul tem o direito à oportunidade de fazer comque os Mandatos, os gabinetes e as Comissões funcionem de formaaberta, participativa e democrática.”

Esta Comissão – que existe hoje na Assembléia Legislativa deSão Paulo e na de Brasília – buscará a maior integração possível coma sociedade civil organizada do nosso Estado.

Entendemos também que ela deverá ouvir sugestões, propostase idéias vindas destas entidades. Faremos o possível paratransformá-las em Projetos de Lei e Proposições, encaminhadas aoPlenário desta Casa para serem votadas, discutidas e apreciadaspelos demais Deputados.

No nosso entendimento é uma Comissão muito importante, queabrirá canais efetivos de participação. Sabemos das dificulda-des que teremos, inclusive em relação ao horário em que está serealizando, nas quintas-feiras, às 11 horas. Outros colegas estãotambém participando de outras Comissões neste momento, mas

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faremos o possível para que ela cumpra o seu papel, DeputadaJussara Cony – nossa Vice-Presidente –, promovendo ainteriorização, seminários, encontros nas Câmaras de Vereado-res, nas entidades organizadas, para que possamos divulgar e in-formar as pessoas.

Esta Comissão estará aberta a sugestões e propostas que virãoda população. Como temos o objetivo de não só realizarmos audiên-cias neste local, é consenso entre nós, andarmos pelo Rio Grandeaproximando população e Parlamento.

A Comissão é formada pelos Deputados Titulares: CézarBusatto, PPS; Floriza dos Santos, PDT; Iradir Pietroski, PTB; JairSoares, PP; Jerônimo Goergen, PP; João Osório, PMDB; MárcioBiolchi, PMDB; Paulo Brum, PSDB; Raul Pont, PT; Sérgio Peres, PL.Deputados Suplentes: Adolfo Brito, PP; Alexandre Postal, PMDB;Estilac Xavier, PT; Frei Sérgio, PT; Maria Helena Sartori, PMDB;Manoel Maria PTB; Paulo Azeredo, PDT. Preside esta Comissão, oDeputado Edson Portilho - PT, tendo como Vice-Presidente a De-putada Jussara Cony - PC do B.

Abrimos este Seminário, agradecendo, desde já, a dedicação,o empenho e a organização dos nossos assessores e funcionáriosda Casa.

Convidamos para fazer parte da Mesa o ex-Deputado Valdir Fra-ga, hoje representando o Governo Rigotto, que falará sobre a Con-sulta Popular; o Sr. Ubiratan de Souza, representando o OrçamentoParticipativo, que muito colaborou na implementação do GovernoOlívio Dutra – Governo Democrático e Popular –; o Professor DinizarBecker, representando os COREDES – Conselho Regional de Desen-volvimento –, que chegará mais tarde; a Secretária Estadual de for-mação da Central Única dos Trabalhadores, Sra. Maria Eunice Dias,que contribuirá em relação à participação popular dos trabalhado-res; a professora Maria Izabel Noll, da Faculdade de Ciências Polí-ticas da UFRGS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, quefalará sobre a democracia representativa; nossa Vice-Presidente,Deputada Jussara Cony, representando a Assembléia Legislativa,que falará sobre Fórum Democrático.

Passaremos a palavra ao ex-Deputado Valdir Fraga que re-presenta o Governo Rigotto, fará uma abordagem sobre a Consul-ta Popular.

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Consulta Popular

Valdir Fraga

Estou acompanhado do nosso Diretor-Técnico Edgardo Castro quefará uma explanação técnica. Posso fazer uma explanação rápida.

“No processo de participação popular com os COREDES,COMUDES e Consulta Popular, nossa intenção é ampliar o acessoda população às decisões democráticas. Vamos ampliar a expe-riência do OP e das consultas populares COREDES e COMUDESque estamos tentando buscar junto aos municípios, sugerindo umkit-COMUDE aos prefeitos para que possam desenvolver umtrabalho através de uma Lei aprovada na Câmara Municipal.Faremos um plebiscito em níveis municipal e estadual com cédu-las e urnas.”

Essa é uma pequena diferença que existe. Os municípios terãoos eleitores, o cidadão – não só a entidades – o cidadão também paravotar através do seu título, na sua região decidindo no seu municí-pio. Essa diferença chama a atenção, não é diferenciado de traba-lhos de outros representantes do governo, tanto municipais comoestaduais.

Não vamos discutir se o governo A, B, C ou D fez um trabalhomelhor que o outro, porque não nos interessa isso. Interessa, a nós,somar todos esses trabalhos para um entendimento de um bem co-mum de nossas comunidades.

Acredito que com este trabalho de votações, que estamos en-tendendo, diz, o processo de participação popular poderá ser alte-rada, inclusive, neste trabalho de hoje que estamos participando,com algumas sugestões. Vamos ficar atentos e sugerir ao Governa-dor, se for necessário, uma alteração ou outra.

Sobre as votações, entendemos que deverão ocorrer em trêsdias e não só num dia, porque se votará através do título eleitoral. Ocidadão poderá votar no sábado, se tiver condições. Se não tivercondições no sábado votará no domingo ou na segunda-feira. Quemvotou num dia, automaticamente, não poderá votar no outro. Seráuma votação através de um movimento de uma escola como conhece-mos em alguns lugares.

Estou sendo rápido na abordagem, mas são alguns dados queestamos dando politicamente aqui. Outro dado que se pode dar, pelo

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que ouvi pela imprensa, é de que todas as demandas aprovadas peloOrçamento Participativo do ano anterior ou pelo governo anterior,não falo do Orçamento Participativo para evitar qualquer tipo desituação e dizerem que estou contra por isso ou aquilo. Não tenhonada contra o OP, a favor, total. O negócio é trabalharmos e tentar-mos facilitar para as votações e resultados para o estado.

Quer dizer, vamos colocar nesses três dias esse modelo de cé-dula, o qual será decidido pelos COREDES, pelos COMUDES e pelaConsulta Popular.

Os municípios que não implantaram os COMUDES vão ter umtrabalho natural, porque os próprios COREDES entendem que o ci-dadão poderá votar, não tem nenhuma alteração. Tanto é que em1998, trouxe os dados para que possamos olhar quando na época eraPrefeito o Deputado Raul Pont, Presidente da região da Grande Por-to Alegre, que são: Alto do Jacuí, 1 milhão e 730 mil. Noroeste Co-lonial, 3 milhões, 677 mil. Sul, 9 milhões. E, na Região da GrandePorto Alegre foi 18 milhões, bem superior aos demais. Isso querdizer que houve entendimento na consulta popular. Por que não podehaver nesse momento? Mas é uma discussão e, quem tem de decidir,quem tem de sugerir são os Senhores e nós estamos aqui para ouvir.

Edgardo Castro

Vamos tentar fazer a apresentação que o Vice-Governador estáfazendo por todo o Estado, visitando os 22 COREDES, dos quais jávisitou 13, e que na próxima semana começa uma maratona diáriapara completar as visitas no total de COREDES.

É isso que vou tentar colocar para os Senhores. No primeiro diado Governo Rigotto foi criado o gabinete de políticas públicas den-tro da vice-governadoria. Foi exatamente com o intuito de podercriar uma metodologia que permitisse à população participar de umaforma direta na elaboração do Orçamento Estadual.

Um dos pontos também importantes é tentar evitar a manipula-ção das populações, das comunidades no processo. E isso o Deputa-do Valdir Fraga colocou claramente, quando falou da utilização dotítulo eleitoral como fundamental para poder ter essa participação,pois pretende-se evitar que pessoas de outros municípios ou de ou-tras regiões participem por outras regiões. Ou seja, universalizaressa participação por meio de consulta popular nas regiões.

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Um aspecto fundamental é que o orçamento, mesmo não sendomuito alto e exatamente o que gostaríamos, que foi aprovado, sejarealmente executado. Essa é uma das grandes questões colocadasde um modo geral pelas prefeituras, pelos municípios.

Encontramos um marco legal para essa proposta na Constitui-ção Estadual, que menciona a regionalização de parte orçamentá-ria estadual.

Ainda temos a Lei dos COREDES criada em 1994, no GovernoCollares e sua regulamentação. E, temos agora, o Projeto de Lei nº195/2003, que está sendo analisado pela Assembléia Legislativa, oqual vai alterar a Lei nº 11.179 de 1998, que foi do Governo Britto.

E quando colocamos aqui Ordem de Serviço, referimo-nos à cria-ção de uma direção para isso, encabeçada pelo Vice-Governador, Sr.Antônio Hohlfeldt; pelo Secretário Especial de Combate às Desigual-dades Regionais, Sr. José Hugo Ramos e pelo Secretário de Estadoda Coordenação e Planejamento, Sr. João Carlos Brum Torres.

Com isso mostramos na palestra os 23 COREDES e as macror-regiões do Estado, porque o nosso vínculo, o nosso contato com aspopulações seria por meio dos COREDES, amplamente conhecidospor todos, que contará com a participação de Deputados, que atual-mente fazem parte deles, e fundamentalmente com a criação dosConselhos Municipais de Desenvolvimento.

Essa é a peça na qual a participação popular, a democracia diretaserá melhor representada e acontecerá realmente.

Existia uma lei, criada no Governo Britto, a respeito da criaçãode COMUDES, a qual foi declarada inconstitucional. Pediram umadeclaração de inconstitucionalidade, porque não poderia ter uma leiestadual determinando uma questão de nível municipal.

Então a nossa peregrinação pelo interior, bem como o trabalhojunto aos COREDES junto aos nossos parceiros, que são a Federa-ção das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul – FAMURS;a Associação Gaúcha Municipalista – AGM; a União dos Vereadoresdo Rio Grande do Sul – UVERGS; a própria Assembléia Legislativa eoutros, é no sentido de que cada município crie seu Conselho Munici-pal de Desenvolvimento.

É nesse Conselho que serão feitas as audiências públicas, as quaisirão determinar as prioridades de cada um dos municípios, que se-rão levadas aos Conselhos Regionais.

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“Esse é o aspecto fundamental dessa nossa construção, queocorreria finalmente com uma consulta popular, com uma elei-ção, onde cada cidadão, independente de não terem participadode reuniões de COMUDES, de reuniões de COREDES, poderávotar em cédulas que estarão com as prioridades que foramescolhidas dentro de um rol de atividades, de programas e terácondições de optar por alguns, para que possam, depois, serincluídos no Orçamento Estadual.”

“Teremos cédulas regionalizadas, distribuiremos urnas nosmunicípios e ainda haverá a possibilidade de consulta popular naInternet, a qual ainda está sendo trabalhada junto ao TribunalRegional Eleitoral, para dar credibilidade ao processo.”

Esse é apenas um organograma de como o Estado trabalha apolítica de desenvolvimento regional, considerando a Secretaria deEstado da Coordenação e Planejamento, porque tem relação comtoda a parte orçamentária; a Secretaria do Desenvolvimento e dosAssuntos Internacionais – Sedai; o trabalho da Agência de Fomen-to, do FUNDOPEN, do Integrar/RS, os quais são projetos já apre-sentados na Assembléia Legislativa e que estão sendo analisadospelos Deputados; a Secretaria Especial de Combate às Desigualda-des Regionais, que também está trabalhando fortemente no sentidode melhorar essa situação, e o Conselho Estadual de Desenvolvi-mento Econômico e Social – CODES, o qual é um projeto que estátramitando na Assembléia Legislativa. Será um conselho de entida-des representantes. Juntamente com nosso trabalho no gabinetede políticas públicas do Vice-Governador, estamos em contato comos COREDES e os COMUDES, e, por meio dessa consulta popular,estaremos trabalhando com a política de desenvolvimento regional,que é fundamental no Governo Rigotto.

Iniciamos com a determinação, de parte da Secretaria de Plane-jamento, de quais são os programas e do Plano Plurianual – PPA –, queserá entregue agora, até dia 15 de maio, na Assembléia Legislativa.Nesse momento então, se determinarão quais são as verbas regio-nais, quais os valores que serão determinados em nível regional. OsCOREDES, acolhendo isso, passarão para os Conselhos Municipaisde Desenvolvimento, e haverá audiências públicas municipais, esta-belecendo-se então as prioridades municipais, que virão aosCOREDES para se fazerem audiências públicas regionais, com a par-ticipação de delegados desses municípios.

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Determinam-se, então, prioridades municipais, retornam aosCOREDES e para o governo, para que se viabilize a consulta popular.Isso é a criação das células, toda essa parte burocrática, com pos-terior efetivação da consulta popular.

Os resultados são encaminhados novamente ao governo, que apre-senta, então, a Lei Orçamentária à Assembléia Legislativa, que, de-pois, dentro do seu processo de Fórum Democrático, termina comoutra fase de participação direta da população. Isso culmina com aLei Orçamentária do próximo ano.

Chegamos à conclusão de que esse será um incentivo real à par-ticipação popular. Pretendemos, no mínimo, dobrar o nosso traba-lho, dobrar a participação anterior, que seria de chegar a, pelo me-nos, 700.000 eleitores, cidadãos envolvidos no processo e tentardar uma transparência ao orçamento. Isso estará absolutamenteregulamentado por lei, recolhendo, como disse o ex-Deputado Val-dir Fraga, as experiências dos últimos três governos, isto é, tudoque consideramos que tiveram de bom estamos tentando resumir ecolocar em uma situação que esperamos que seja melhor e com umamaior participação popular. Obrigado.

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Orçamento Participativo

Ubiratan de Souza

Vou fazer uma exposição – essa foi a proposta feita pela Comis-são – sobre a nossa experiência com o Orçamento Participativo, ini-ciada há quase quinze anos, na Prefeitura de Porto Alegre, e quatroanos no Governo do Estado do Rio Grande do Sul, de 1999 a 2002, noGoverno Olívio Dutra. Trata-se de uma experiência que hoje estáuniversalizada, a sua atuação se verifica no Brasil e também em mui-tos municípios da Europa e de países da América Latina. Mais recen-temente, temos a aplicação do Orçamento Participativo em Córdo-ba, na Espanha, e em Saint-Denys, na França, para dar exemplos deexperiências que já estão com um período de três anos.

“O Orçamento Participativo é um processo de democracia di-reta, voluntária e universal para decidir e controlar o orçamentopúblico e as políticas públicas, ou seja, o cidadão deixa de ser umsimples coadjuvante na política para ser sujeito, protagonistadesse processo. Deixa de ser cidadão apenas de quatro em quatroanos, quando vota nas eleições da democracia representativa,para ser cidadão todos os anos, todos os dias, decidindo o orça-mento público.”

Também há um princípio da nossa experiência que é importantedestacar, que é a democratização da relação do estado com a soci-edade. A experiência do Orçamento Participativo tem sido buscadapor governos de outros países acadêmicos, porque é uma experiên-cia contemporânea com a crise do estado liberal, a crise de legitimi-dade política e a crise fiscal, agravada pelo processo neoliberal, quetransfere patrimônio público, receita pública para acumulação pri-vada do capital, na contrapartida excluindo milhões e milhões depessoas, que vão engrossar as grandes e médias cidades,

O Orçamento Participativo entra nessa conjuntura como um pro-cesso de redistribuição da renda pública para os setores mais ne-cessitados, nos municípios, em políticas de estruturas e serviçospúblicos, e, na nossa experiência do estado, ampliando inclusive paraquestões do processo de geração de renda e de desenvolvimentoregional.

O OP é um sistema de gestão, não se encerra somente no mo-mento da decisão das prioridades, da elaboração do orçamento. Ele

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vai além, buscando um sistema completo de gestão pública, no qual aparticipação direta do cidadão define as prioridades do orçamento,e os delegados e a própria população podem acompanhar a execuçãodo orçamento público.

“Temos quatro princípios dessa experiência que são univer-sais, norteadores e garantidores dessa participação e dessesresultados de planejamento democrático. O primeiro é assegu-rar a participação universal de todo cidadão no processo doOrçamento Participativo. Isso significa dizer que o orçamentonão é debatido com representações, é diretamente pelos cida-dãos. Essa é uma diferença fundamental, inclusive com outrostipos de consultas e até mesmo a consulta que hoje está sendocolocada em discussão pelo novo Governo, que prioriza as enti-dades, mesmo depois fazendo um referendo, lá no final de umalista que é elaborada por entidades. Essa é uma diferença fun-damental, ou seja o cidadão participando diretamente”.

A auto-regulamentação do processo do Orçamento Participativoé um outro princípio importante, na medida em que temos, na nossalegislação, na Constituição Federal, nas Constituições Estaduais enas Leis Orgânicas Municipais, o orçamento como uma lei de iniciati-va do Executivo. Portanto, todo o processo de regramento de comofunciona o Orçamento Participativo é decidido pela própria socieda-de, com critérios de distribuição de recursos, a forma das reuniões,e esse regramento é publicado e passa a vigorar como norma funda-mental para o processo, e pode ser avaliado a cada ano e modificadopela crítica da sociedade. Isso possibilitou que ao longo dos nossosquinze anos a nossa experiência não ficasse estagnada, que ela fos-se modernizada a cada momento.

A discussão de todo o orçamento público é um outro elementoimportante, ou seja, não podemos separar uma pequena parcela doorçamento para discutir com a sociedade e deixar todo o resto doorçamento. É necessário abrir a caixa-preta do orçamento, é preci-so que a sociedade debata os gastos de pessoal, os gastos de servi-ço, de custeio da máquina administrativa e os serviços-fins, que be-neficiam diretamente a população, e inclusive o serviço da dívidapública, que hoje é um dos pontos de estrangulamento da maioriados orçamentos dos estados, que foi acordado em abril de 1998.

A discussão da totalidade do Orçamento permite que a popula-ção se aproprie do conjunto das receitas públicas e dos itens que

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compõem a despesa e poder decidir sobre investimentos, serviços,programas de desenvolvimento e também de geração de emprego erenda. Isso possibilita, inclusive, uma tomada de consciência de queé preciso aumentar a receita pública de maneira continuada parafazer frente à prestação de serviços oriunda dos novos investimen-tos. E aí temos a questão da Reforma Tributária com justiça fiscal,ou seja, com progressividade: quem tem mais paga mais, quem temmenos paga menos imposto.

Esse é o grande debate do nosso processo. Por isso, dizia antesque o processo do Orçamento Participativo é um sistema de gestão,não apenas um processo de deliberação.

O princípio da prestação de contas do Governo sobre tudo oque for decidido no Orçamento também é fundamental. Na nossaexperiência, tanto na prefeitura como no governo do estado, pu-blicamos o plano de investimento decidido pela população, de ma-neira que ela possa ter um instrumento de controle sobre a execu-ção. Se não fosse feito isso, não haveria memória, nem por parteda população nem por parte do conjunto das Secretarias, do quedeveria ser executado.

Esse plano de investimento compõe a própria proposta orçamen-tária que é aprovada pela Assembléia Legislativa ou pela Câmara deVereadores.

Esse processo tem possibilitado a credibilidade do OrçamentoParticipativo, porque aquilo que é decidido é executado e dentrodas normas da despesa pública. A despesa pública é mais morosa doque a despesa privada, porque há normas que precisam ser cumpri-das como a de projetos, os processos de licitação, as fases de liqui-dação e de pagamento da despesa, que permitem, portanto, um acom-panhamento por parte da população de todas as etapas. Mesmo quan-do algum projeto, alguma obra não tenha sido realizada no exercí-cio, províamos os recursos do exercício anterior para a sua execu-ção, possibilitando, nesses quinze anos na Prefeitura de Porto Ale-gre e na nossa experiência do estado, que a população acreditassenesse processo, no qual o que era decidido era executado.

Uma outra questão importante na nossa experiência é a soli-dariedade como um elemento fundamental dentro do processo datomada de consciência do cidadão, do planejamento democráticoe da preservação dos direitos das minorias. Ao longo da nossaexperiência, pudemos assistir, por exemplo, a comunidades que

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eram minoritárias proporem investimentos num ano e, por nãoconseguirem mobilizar uma quantidade de pessoas, ficaram malcolocadas, porém receberam, no ano seguinte, a solidariedade dasoutras comunidades e puderam colocar as suas prioridades noplano de investimentos.

Esse processo, portanto, possibilita que o direito das minoriasseja realizado e é resultado da prática política da comunidade noexercício do Orçamento Participativo através da solidariedade. Por-tanto, há resultados também no planejamento, que coloca obras im-portantes de comunidades dentro de uma hierarquia de realização.

Um outro aspecto importante que a nossa experiência aponta noexercício, na prática direta da base da sociedade na gestão públicaé a democratização das relações sociais. Podemos dizer que aburocratização não surge somente no seio do estado, dos municípiosou dos governos estaduais e federal. A burocracia dirigente podesurgir no seio das entidades da própria sociedade, dos partidos po-líticos. Portanto, a nossa experiência aponta também para uma re-flexão da necessidade de uma prática da democracia direta, dosmovimentos sociais e das entidades representativas da sociedadecom a base que as elegeu.

Chamo a atenção para um outro aspecto que se refere à nossaexperiência quando passou do município para o estado. Muitos críti-cos da nossa experiência – setores conservadores ou mesmo seto-res não-conservadores, mas que têm uma visão concentradora dopoder – diziam que a experiência do Orçamento Participativo só erapossível em nível municipal.

Com a nossa experiência no estado, com a própria prática,pudemos colocar que não era verdade e que o OrçamentoParticipativo aumentava a sua potência numa escala maior. Au-mentou a potencialidade de recursos financeiros, tanto orçamen-tários como extra-orçamentários e, com o Banrisul, conseguimosviabilizar uma série de projetos na área do desenvolvimento daagricultura e da micro e pequena empresa. Foram projetos im-portantes nos quais dialogávamos embasados com recursos or-çamentários e extra-orçamentários.

Ampliou também a competência do estado em relação ao municí-pio. A reforma agrária, por exemplo, passou a ser discutida no Or-çamento Participativo, o que no município não era possível. Houveprojetos de desenvolvimento econômico, regional, de geração de

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renda, ampliando também a competência legal. Portanto, a expe-riência do Estado aponta para uma maior materialidade do Orça-mento e uma maior potência, tanto em termos de competência derealização como também em recursos financeiros orçamentários eextra-orçamentários.

A qualificação das relações do governo do estado com o conjun-to da prefeituras sobre o controle social foi outro aspecto impor-tante. Ou seja, a prática clientelista, subjetiva de repassar recur-sos para os municípios foi substituída pela participação direta doscidadãos, decidindo o Orçamento Participativo. Na sua execução, osrecursos também foram distribuídos por critérios que levam emconta a população, a carência dos temas em cada região e as priori-dades estabelecidas no Orçamento. Assim, o conjunto dos progra-mas, tanto de estrutura, de desenvolvimento ou da área social, eramdistribuídos para as regiões e os municípios, independente dos par-tidos políticos, em programas nos quais o conjunto das 497 prefei-turas recebiam recursos do Governo do Estado, controlados depoispela população e pelos conselhos temáticos e setoriais.

A gestão democrática do Orçamento Participativo gera um pro-cesso de construção da cidadania, no qual o indivíduo passa a sersujeito construtor e protagonista, possibilitando uma tomada deconsciência livre, soberana e que eleva o grau de organização dacomunidade para outras tarefas que a própria sociedade coloca naquestão do desenvolvimento econômico e social para a melhoria denossa população.

É essa experiência que – ao longo dos quinze anos na Prefeiturade Porto Alegre e de quatro anos no governo de Olívio Dutra noestado e que se espalhou pelo Brasil e em muitos municípios do mun-do – queremos continuar construindo com a população do Rio Grandee do Brasil. Muito obrigado.

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Participação Popular dos Trabalhadores

Maria Eunice Dias Wolf (CUT)

Falando em nome dos movimentos sociais e do movimento sindi-cal, cabe a nós recuperar a história dos movimentos de esquerdaneste país, que foi uma história de luta contra a ditadura e pordemocracia na década de 80.

Esse foi o movimento que fez o surgimento da Central Única dosTrabalhadores, dos partidos, do Orçamento Participativo e o res-surgimento de toda a luta popular neste país.

Com a mobilização histórica que construímos na década de 80para a mudança da constituinte, pelo direito de votar para a escolhado Presidente, pelo direito de reconstruir as nossas organizações,trouxemos não só a luta pela democracia representativa ou pelo votodireto, mas a luta consubstanciada na criação de espaços na partici-pação popular.

Na visão da CUT e dos movimentos sociais, o Estado brasileiro, oEstado como um todo neste País calcado na ditadura e no autorita-rismo, precisava construir espaços de participação real, efetiva ecotidiana dos trabalhadores, porque isso materializaria para nós umavisão de democracia. Diferente é – para a nossa compreensão –aprofundar a ditadura, o autoritarismo que o Estado tem.

Por isso, combinado com a luta política que fizemos pela anistia,pela construção das nossas organizações, da CUT, do MST e dosmovimentos populares, combinamos a luta para a constituição deespaços públicos de participação popular.

Essa luta se materializou com as definições por ocasião da Cons-tituinte. Foi na década de 90 que materializamos essa disputa, quandogrande parte do campo democrático popular começou, além de cons-truir as suas organizações, a estar num espaço público conquistandoprefeituras e governos e, a partir dessa vontade política de enormecontingente de trabalhadores, a materializar espaços concretos departicipação.

Nesse sentido, nós – os movimentos sociais, a CUT – compreen-demos que fizemos uma luta da qual não pretendemos abrir mão deforma alguma na história da sociedade brasileira, qual seja, a lutapela participação dos conselhos e das comissões, pela garantia dosfóruns e, particularmente no Estado do Rio Grande do Sul, pela garan-tia da efetivação do Orçamento Participativo.

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A CUT entende que o Orçamento Participativo não é a única for-ma de materialização da democracia, mas não temos dúvidas de queele é o instrumento que mais potencializou a participação direta dostrabalhadores.

“Entendemos que é um retrocesso abrirmos mão do Orça-mento Participativo do Estado e também que temos que avançarna participação, criando espaços de diálogo com as organizaçõessociais, com os movimentos populares, fortalecendo os conse-lhos, nos quais todos os segmentos da sociedade: empresários,trabalhadores e Estado, participam e, mais do que isso, propi-ciando a participação ativa e efetiva de cada cidadão.”

Neste contexto, pelo que está sendo proposto aqui neste semi-nário, entendemos que é insuficiente o voto. Entendemos que a de-mocracia é o processo que estabelecemos entre a fase de elabora-ção, de definição, de execução e de avaliação.

Entendemos também que se retirarmos uma das partes desseprocesso a democracia fica aleijada, porque, se toda a classe traba-lhadora, se o povo não puder opinar a respeito do que pretende deforma organizada e por processo de mobilização e apenas avaliar evotar, será insuficiente para construir de fato uma democraciaenraizada e substancial, que faça com que cada vez mais os traba-lhadores se apoderem do Estado, o que faz com que cada vez maisele se democratize.

Achamos que estaremos em permanente disputa de hegemoniapolítica, porque, na verdade, estamos construindo uma disputa depoder que se materializa em várias formas e espaços que constituí-mos. A relação que os poderes terão com o poder constituído é umadisputa de hegemonia que se faz no cotidiano. Nesse sentido, temosde avançar muito aqui no Estado. Precisamos construir outrosespaços de debate além do Orçamento Participativo, que propi-cia riqueza com a mobilização popular, a agregação de trabalha-dores, da sociedade e do povo que define, disputa, mas sesolidariza e partilha os recursos e a política.

Discordamos da iniciativa do Governo atual de quererreestruturar o atual modelo, prejudicando o movimento populardos trabalhadores, que não necessariamente estão organizadosem entidades, movimentos ou partido político, mas encontram-sena vila, no bairro, desempregados. Nesse sentido, a CUT entendeque é necessário avançar, o que significa para nós manutenção do

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Orçamento Participativo, na relação de espaço com o movimentoorganizado.

Embora tenha sido insuficiente em Governos passados, precisa-mos criar espaço de relação com as centrais, com o Movimento dosSem Terra e manter diálogo permanente, combinando uma ação di-reta de organização, de mobilização, de coleta de opinião e de ela-boração do conjunto de trabalhadores com outros espaços de re-presentação, necessários para que de fato consigamos uma partici-pação de vários segmentos e de várias opiniões, sem a qual não con-seguiremos avançar no processo de democratização deste País edeste Estado. Muito obrigada.

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COREDES

Dinizar Becker

É um prazer para os Conselhos Regionais de Desenvolvimentoparticipar desta discussão fortemente carregada de posições polí-tico-partidárias e político-ideológicas, reconhecidamente verdadei-ras e que devem ser mantidas por aqueles que as defendem.

Nós, dos COREDES, defendemos uma construção que trabalhecom ambas as propostas aqui apresentadas, se é que podemos dividí-las em duas. Na concepção dos COREDES, não existe o bem e o mal,o bom e o ruim e única e exclusivamente. Nem tudo é tão ruim e nemtudo é tão bom quanto se vende e quanto se prega.

Na concepção dos COREDES, há alguns pressupostos e questõesfundamentais para a sociedade de uma forma geral, e principalmen-te para aqueles que vêem uma outra direção, um outro contexto quefaz parte da construção de dois processos distintos que, de certaforma, caracterizam e dão pioneirismo ao Estado do Rio Grande doSul. Esta é uma qualidade dos COREDES de longa data.

Está acontecendo um processo de descentralização político-ad-ministrativo no Estado há muito tempo. É marca do Estado do RioGrande do Sul fazer isso. Se olharmos ao longo da história da ocu-pação e colonização do Estado do Rio Grande do Sul, é marca doEstado. Por outro lado, temos um processo que está sendo recupe-rado que é a participação crescente da sociedade organizada e dacidadania na construção na definição dos rumos dos negócios públi-cos. São dois processos que, ao contrário do que se imagina, não sãocontraditórios, são complementares.

Pregar uma ou outra forma é esquecer, no mínimo, uma parte dadiscussão. Não sou eu que digo isso, não sou eu que prego isso temum velho socialista italiano que está fazendo os seus noventa anos,chama-se Norberto Bobbio,(1909-) que diz o seguinte: “A partici-pação é um corretivo necessário da representação. A participa-ção não se reduz a rótulos, a participação tem dimensões dife-rentes de instituição e organizações e cidadãos que acontece deforma diferente. A participação não pode ser objeto de manipu-lação por parte da representação. A participação manipuladapela representação é uma participação alienada; e a participa-ção alienada é uma participação que traz, no mínimo, alguns

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complicadores para a democracia, porque ela perde a sua funçãopedagógica de construir e de criar de quem está participandoclareza sobre o que está decidindo.”

Os Conselhos Regionais têm esta questão muito clara. A demo-cracia direta, participativa, ao contrário de ser uma concessão dademocracia representativa, historicamente, está comprovado quedemocracia participativa, que a participação direta e universal dapopulação é um corretivo necessário para a participação.

Cada um sabe no Deputado que vota e quantos anos já é Deputa-do. Cada um sabe quantos são profissionais da política e quantos nãosão; e quem aposta nisso e quem não aposta nisso; quem faz da polí-tica uma profissão ou quem faz da política uma representação. Oscolégios têm clareza o que é representação e o que é profissão depolítico. A profissão de político faz manipular a participação.

Essa é a primeira discussão que gostaríamos de abordar quandose fala em participação popular para deixar claro que tem participa-ção manipulada e que estamos buscando, como COREDES, uma parti-cipação autônoma, plural, aberta, flexível, diferente. A velha fórmulado socialista italiano, Norberto Bobbio, que diz – repetindo: “A de-mocracia direta é um corretivo necessário para a democracia.”

De outro lado, a história também diz que a organização social éo elemento decisivo da participação política. Sem organização so-cial, não temos participação política. Sem participação política o nossodesenvolvimento, em termos econômicos, tem todos os complica-dores que o Brasil possui, ou seja, em outros termos, a democraciavive e sobrevive da organização da sociedade e das múltiplas for-mas de organização da sociedade. Não só a corporativa, setorial eeconômica, mas das múltiplas formas que a sociedade tem para seorganizar e trabalhar. Esses elementos organizativos de cada umadas comunidades, combina elementos que são elementos da políticae da técnica. E aqui faço referência a outro comunista italiano, cha-mado Antonio Gramsci (1891-1937), que trabalha com a figura dointelectual e que, resumindo, refere-se a essa combinação de técni-ca e política, a uma dimensão da organização que permite ser em-presário e político simultaneamente e, de outro lado, ser político eao mesmo tempo interagir na vida prática, cotidiana da comunidadeem que está contextualizado.

Essa combinação só é possível quando a sociedade se organiza,quando a sociedade opera essa combinação e essa combinação é de

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organização social com cidadania. O fenômeno pedagógico de qual-quer um dos movimentos, de qualquer um dos rótulos, correspondediretamente ao processo de participação enquanto processo deconscientização. O processo de participação deve ser um processopedagógico de tal forma que o contingente participante termine,por sua vez, compreendendo porque ele está ou não participando.O sentido pedagógico dessa construção é o elemento decisivo nes-se contexto de compreendermos a participação popular de umaforma geral.

Nesse sentido, o que nos organiza e o que nos faz atuar enquan-to espaço da sociedade organizada do Rio Grande do Sul, em queparticipam trabalhadores, empregadores, prefeitos, vereadores,associações de moradores, etc., é a intenção de trabalhar pela cres-cente participação social e cidadã, combinando a participação dire-ta com representação política. É essa mediação que precisamos, fa-zer a participação sair daqui indo lá, a 500, 600 quilômetros, é anossa parceria e nossa crítica ao Orçamento Participativo.

Agora, uma proposta oportunista, eleitoreira, tipo a da consultapopular, tem esse outro lado que nós criticamos ao longo do período.E digo para aqueles que só vêem um ou outro lado, que fomos parcei-ros e críticos da consulta popular, fomos parceiros e críticos doOrçamento Participativo, e o Ubiratan está aqui para confirmar ounegar isso, pelos diversos embates que tivemos, inclusive antes decomeçarmos a operar o Orçamento Participativo no Estado. E tive-mos dificuldades em operacioná-lo em nível de Estado.

Temos a clareza de que houve críticas nesta Casa à não-institucionalização do Orçamento Participativo. Temos clareza queos mesmos que criticaram a não-institucionalização do OrçamentoParticipativo agora encaminharam um projeto de lei que nãoinstitucionaliza a consulta que está se propondo. E os COREDES sãoparceiros dessa construção e críticos dessa, vamos dizer assim, nãodesação da nossa proposta, porque ela esquece de especificar todoo processo que para nós é fundamental na democracia, que é a soci-edade organizada.

Representando a CUT, digo que nós, os trabalhadores, organiza-dos, que pagamos mensalidade ao sindicato, somos uma minoria nes-te País, e nos auto-titulamos representantes da maioria que não ésindicalizada, e da maioria que trabalha no mercado informal, e queesquecemos que existe. Esquecemos que eles existem inclusive na

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base, porque lá quem é que votou as propostas? Podem fazer o le-vantamento, foram os agricultores, foram os professores, foram ostrabalhadores da saúde. Esses são os organizados, esses que conse-guiram as verbas do Orçamento. A nossa reivindicação, enquantosociedade, é de que autonomamente, livremente, pluralmente, comodeve ser na democracia, façamos o chamamento da participação, enós decidamos o que é bom e o que não é bom para nós. O Governo, oEstado, o poder instituído deve ir lá e levar a sua proposta. Nós,conselhos municipais de desenvolvimento, nós, conselhos regionaisde desenvolvimento, nós, conselhos estaduais de desenvolvimento,queremos ter autonomia, queremos ter a pluralidade, queremos, deforma associativa, solidária, comunitária, fazer a participação. Essaé a participação da história do Rio Grande do Sul.

Trabalho em instituições, vivo do salário de instituições que sãocomunitárias, construídas pelas comunidades, bancadas pelas comu-nidades. Essa é a questão de fundo dessa construção, a participaçãonecessariamente tem que passar pela liberdade da cidadania, pelaliberdade da organização social. Trabalhar sem a mediação da socie-dade organizada, ou ficar restrito à dimensão de uma parte dessasociedade, de maneira corporativa, é esquecer a complexidade damodernidade na qual vivemos.

Essa é a briga, essa é a luta cotidiana, a luta do PT, do PMDB, doPPB, agora PP. Essa é a construção dos gaúchos, da CUT, da forçasindical, de todo o mundo. É uma construção comunitária. Ali, a fa-mília e a comunidade têm um papel importante, ali a solidariedadeexiste, porque ali acontece o mutirão, a ajuda, não acontece a com-petição que a maioria de nós está acostumado no contexto em queestamos, na disputa do sindicato, na disputa político-partidária, nadisputa que se faz nesta Casa, entre as diversas correntes. Ali, oconsenso tem espaço, para poder ser construído, e isso é participa-ção, é solidariedade, não é discurso, é prática na base.

Estamos no quarto Governo, e com todos eles, ao mesmo tempoque somos parceiros, somos críticos, e críticos nesse tom que estouexplicando para vocês.

Eu gostaria de encerrar dizendo claramente: a construção dademocracia é uma construção que se faz de forma organizada, por-que a participação política depende disso, e a construção da partici-pação direta universal se constrói através da organização social.Esses são os elementos que trouxemos para o atual debate, e estamosà disposição. Muito obrigado.

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Fórum Democrático

Deputada Jussara Cony

Gostaria de cumprimentar a Mesa, por meio do companheiroDinizar, até para dizer a ele nesta oportunidade – já que esqueceu –que esta é a luta também dos comunistas.

A partir daí, gostaria de esclarecer, rapidamente antes de en-trar nessa questão do Fórum Democrático, que me foi pedido inclu-sive pelos funcionários que atuam e dirigem o Fórum nesta Assem-bléia, por decisão unânime desse Poder – já que estão em Caxias,porque hoje iniciamos uma outra parte do debate das reformas –,que eu fizesse essa exposição aqui.

Gostaria de afirmar do significado e do modo pelo qual constru-ímos esta Comissão. Em Brasília, no Congresso Nacional, há uma Co-missão de Legislação Participativa. Foi criada há pouco. Quando eu,pelo menos, tomei conhecimento dessa Comissão?

Quando fui chamada, por dirigir, aqui no Estado, mais especifi-camente na Assembléia, há cinco anos, o Fórum pela Vida – ProjetoÁguas Vivas –, designada pela Comissão da Saúde – Projeto esteconstruído com a cidadania em todas regiões de nosso Estado eabsorvido pelo Governo Olívio Dutra, que o transformou naquilo que,hoje é uma realidade, a Política Estadual de Plantas Medicinais –para dar o nosso parecer, pela experiência do Rio Grande, numa ini-ciativa popular da Abifito – Associação Brasileira deFitomedicamentos, na busca de uma legislação para esse Setor.

Fomos lá e demos a nossa contribuição como Coordenadora doFórum pela Vida. No momento que tivemos a primeira reunião daMesa Diretora da Assembléia Legislativa e das lideranças, numimpasse formado em função da ex-Comissão de Fiscalização e Con-trole criada na Legislatura passada – embora Comissão PermanenteFinanças, Orçamento e Planejamento regimentalmente pudesse cum-prir esse papel –, aproveitamos aquela oportunidade.

Penso que foi um momento importante desta Casa, na medida emque foi aprovado por unanimidade naquela reunião – a primeira quetivemos –, para trazermos aquela experiência vivida em Brasília ecriarmos essa Comissão na Assembléia Legislativa, que, hoje, estáinstalada – primeiro grande momento nosso aqui –, presidida pelonosso Deputado Edson Portilho com a representação de todas ban-

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cadas. Inclusive, o Deputado Edson Portilho, aqui, já fez menção atodos os Deputados que integram essa Comissão, que tenho a honrade ser Vice-Presidente.

Coube-me trabalhar essa questão do Fórum Democrático. Masantes, gostaria de dizer, numa reflexão coletiva, que esta Comissãoestá em consonância com um novo tempo que buscamos para a naçãobrasileira. Um novo tempo para todos que contribuíram para a ga-rantia desse novo ciclo histórico e político para a nação que enfren-ta um grande e complexo desafio: transformar a grave situação eco-nômica e social que temos num novo tempo de conquistas, de cons-trução da soberania nacional, da ampliação dos direitos. Esta última,para mim, é a palavra-chave, porque trabalha o contexto em que nosencontramos: de liberdades democráticas.

Esta Comissão cumpre esse papel, e nós termos decidido que farí-amos desse primeiro momento – que serviria já para o credenciamentodas entidades representativas dos amplos segmentos da sociedade –aquele de discussão das formas mais variadas de participação, quefelizmente – comungo da idéia – o nosso Estado tem.

Por que digo isso?Porque cada Estado tem concepções diferentes a respeito do tipo

de participação. A pluralidade de idéias traz essa conseqüência. Nãoobstante os erros e acertos que porventura venham acontecer, quan-to mais popular for essa participação, com certeza, mais acertos ha-verá. Isso tudo faz parte disso que todos queremos, e tanto lutamos,que é conseguir momentos de liberdades democráticas.

O Fórum Democrático de Desenvolvimento Regional é uma par-ceria interessante, que a Assembléia estabelece desde setembrode 1999 com parceiros importantes: os próprios Conselhos Regio-nais de Desenvolvimento – COREDES –, que já vêm de Legislaturasanteriores – desde o Governo Collares – e, diga-se de passagem, commuita dificuldade de regulamentação. Quando o Dinizar refere-se aisso, vêm me à lembrança essas dificuldades. Felizmente, situamo-nos no campo daqueles que queriam a regulamentação dos COREDES.

Já no primeiro ano estava com esse pensamento, como também oDeputado Valdir, que naquela época era Colega aqui. Mas a grandemaioria não queria. Essas coisas são boas, porque nada melhor do quefazermos da história nossa aliada, porque, assim, podemos ir buscan-do os consensos, não como algo da paz dos cemitérios, mas fruto deuma luta e de disputa de idéias, haja vista, que é altamente salutar.

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O Fórum é feito com a parceria dos COREDES, juntamente coma Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul –FAMURS –, que envolve, portanto, todos os Prefeitos; mais a Uniãodos Vereadores do Estado do Rio Grande do Sul – UVERGS.

A Assembléia Legislativa tem tido momentos importantes emrelação ao Fórum. Penso que um dos momentos importantes naLegislatura passada – quando começamos – aconteceu após o enviode um projeto pelo Governador Olívio Dutra. Esse Projeto, que foi acriação – tão cara para o povo do Rio Grande – da UERGS, nossaUniversidade Estadual, chegou à Assembléia – nossa obrigação – para,pela primeira vez, ser discutido – via Orçamento Participativo e ins-tâncias da sociedade – nas 22 regiões do Estado. Portanto, esse foium momento muito alto de participação do Fórum.

Outro momento – que acho interessante da participação do Fórum– diz respeito a esse processo de interiorização, já que essa partici-pação pode ser feita também por meio da discussão com setores emfunção de determinado projeto. Às vezes, nem dá tempo, já que,pela própria dinâmica política – que, no meu entendimento, deve acom-panhar a dinâmica das necessidades e demandas da nossa sociedade–, isso se torna impossível, fazendo com que o Fórum, com essessetores, tenha que ser estabelecido aqui em Porto Alegre.

Mas um outro aspecto que gostaria de chamar a atenção – atépela experiência, muito salutar, que tive como Deputada de base desustentação do Governo anterior, na Legislatura passada, pela Comis-são de Finanças e Planejamento – foi a experiência que tivemos nosentido de termos tido a oportunidade de discutir o Plano Plurianual,as Leis de Diretrizes Orçamentárias e, depois, o Orçamento.

Neste ano, o que estamos fazendo nesse sentido?De acordo com uma proposta levada pelo Deputado Ronaldo Zülke

– 1º Vice-Presidente desta Casa – à Mesa Diretora e ao Colégio deLíderes, iniciamos o processo do Fórum Democrático por meio dodebate das reformas, estratégicas, essenciais e, mais do que isso,com a participação popular, para que as reformas saiam na perspec-tiva da mudança, num momento difícil que vivemos de uma transiçãodos que querem o continuísmo e dos que querem avançar com mu-danças estruturais e de fundo para o nosso País, com a devida paciên-cia, é claro, que precisamos de ter num processo de transição.

Temos feito o debate da Reforma da Previdência na AssembléiaLegislativa e tem sido muito importante. O representante do Orça-

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mento Participativo, Ubiratan de Souza, que esteve presente na dis-cussão da LDO e do Plano Plurianual do Governo anterior, teve par-ticipação decisiva. Fazíamos uma simbiose, e ele como coordenadordo Orçamento Participativo só engrandeceu o Rio Grande do Sul.

Assim, considero que esse processo do Fórum pode contribuirmuito para que a Reforma da Previdência seja feita com justiça,onde direitos não sejam confundidos com privilégios e trabalhado-res do setor privado não sejam jogados contra trabalhadores dosetor público, porque aqui está em jogo a concepção de Estado.

Que Estado queremos e que servidores precisamos no sentidode fazer na ponta as políticas públicas que incluam e realizem asmudanças?

Quero fazer aquela experiência, que tive na gestão passada, naComissão de Finanças, discutir com a sociedade este plano, a LDO eos orçamentos, porque nada mais efetivo do que uma discussão comoessa com a sociedade para podermos saber, afinal, que projeto deGoverno está em curso.

É um projeto baseado na lógica do Estado mínimo, que chamo dediet para as políticas públicas e para a dignidade e máximo para ofavorecimento do capital, ou é um projeto do Estado como promotorde progresso para todos, como incentivador da participação popu-lar, como regulador e compromissado com as políticas públicas paraa cidadania.

Nada melhor do que um Plano Plurianual, uma discussão da Lei deDiretrizes Orçamentárias e do Orçamento para que se possa efeti-vamente entender que projeto de Estado estamos discutindo. Porisso, quero convidar a todos para participarem das discussões doFórum Democrático, porque tem a participação livre da sociedade.Há parceiros importantes e interessantes, mas a tônica quem dá é asociedade organizada.

Sr. Presidente, temos também uma forma interessante de apro-ximar a juventude do Legislativo, com a participação dos alunossecundaristas no evento Deputado por um Dia. No dia 8 de março,tivemos a Deputada por um Dia. Nessas oportunidades temos tidovaliosas contribuições dos movimentos de juventude, materializa-dos nos Grêmios Estudantis e nos Centros Acadêmicos, que elabo-ram projetos importantíssimos.

“Estamos de parabéns todos. Este momento, para mim, éimportantíssimo, porque há o objetivo real de várias entidades

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no sentido de credenciarem-se para fazer efetivamente partedesse processo de busca de liberdades democráticas que sãoessenciais, porque depois da Reforma da Previdência e depois daReforma Tributária vem a Reforma Trabalhista e a ReformaPolítica. Nem a trabalhista e nem a política têm que tirar direi-tos e, muito menos, restringir as liberdades democráticas.”

Vamos ter muito que lutar, para que possamos ter todas as cor-rentes de opinião estabelecidas, pois são fundamentais para o Paísque queremos. A Reforma Política precisa de muita atenção, princi-palmente por parte dos trabalhadores e da sociedade organizadaatravés das suas instituições. Num processo como esse acreditoque poderão ser contempladas. Muito obrigada.

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Democracia Representativa

Maria Izabel Noll

Muito ouvi e aprendi sobre os vários níveis de participação dascomissões e dos projetos. Peço desculpas ao público, porque a minhaintervenção vai ser muito menos informativa nesse campo e muitomais uma tentativa, como professora, de pensar um pouquinho so-bre a questão da democracia, que no fundo é nosso objeto de dese-jo, da sociedade gaúcha e brasileira, atualmente.

Quando falamos em democracia, parece que estamos nos refe-rindo a alguma coisa clara para todos, que tem uma conceituaçãounívoca na literatura político-sociológica e filosófica, o que não éverdade.

A democracia tem tido, ao longo do tempo, interpretações e con-teúdos dos mais variados. Não estaria faltando com a verdade selembrasse aos Senhores que, mesmo aqui no Brasil, a democracia foimuitas vezes adjetivada para mostrar a que conteúdo e conjunturase referia.

O próprio conceito de democracia restrita da época da ditaduramilitar onde o direito ao voto, de parte da população, era considera-do como elemento fundamental para caracterizar o regime comodemocrático. Lembraria isso para dizer como a democracia é amplana sua possibilidade de conceituação.

Quando recebi o convite fiz um plano de apresentação e nelelembrava o ponto de partida para a questão democrática onde todosnós, sempre que pensamos sobre este tema, obviamente nos reme-temos a velha Grécia, a chamada democracia clássica onde os cida-dãos deviam, antes demais nada, dispor de uma igualdade políticapara serem livres, governar e serem governados.

Essa participação dos cidadãos não lembra nada do que hoje pen-samos às vezes como democracia, até porque não havia uma diferen-ciação e nem uma especialização para esses papéis, todo cidadãopodia tanto exercer funções legislativas, executivas e judiciárias,porque havia a competência do cidadão para isso.

A assembléia do cidadão tinha um poder soberano o que às vezesé o nosso sonho da democracia direta. A esfera de ação dessa as-sembléia soberana era muito ampla, dizia respeito a todos os assun-tos da polis, da cidade onde a democracia era exercida. Não havia

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campos específicos para que essa democracia e esse poder sobera-no da assembléia democrática fosse exercido. Era exercido no sen-tido mais amplo possível que também para nós às vezes, remete-nospara uma democracia de sonho.

Os métodos para eleger os candidatos aos cargos públicos eramos mais variados. Não havia uma regra, tanto podia ser a eleiçãodireta, uma indicação, um sorteio, a rotatividade. O que nos mostratambém que a possibilidade da escolha, na perspectiva dessa demo-cracia primitiva, era muito ampla. Não havia diferenciação entreprivilégios entre o que já foi funcionário, já teve um cargo e o cida-dão comum.

“Com exceção às profissões muito mais ligadas a guerra, queexigiam uma profissionalização, os demais cargos recomendava-se que jamais fossem exercidos duas vezes pelo mesmo cidadãopara evitar o gosto pelo poder, para evitar o apego ao poder epara abrir uma ampla possibilidade de participação. e ao mesmotempo os mandatos eram curtos, não havendo uma regra espe-cial, mas havia uma recomendação sobre uma certa exigüidadeentre os mandatos.”

O cargo público era reconhecidamente um cargo que deveria serremunerado, porque o cidadão abdicava da sua vida privada, do seuganho, das suas atividades particulares para se dedicar ao bem dacoletividade.

Às vezes nos parece que nem sempre é desejado que o cidadãoque se dedica a vida pública seja remunerado, e não, os gregos járeconheciam como perfeitamente lógico e desejável que o cidadãofosse bem remunerado para poder bem exercer o seu papel de fun-cionário da sua coletividade.

É óbvio que tudo isso funcionava dentro de um espaço restritoque era a cidade-estado grega, numa economia escravista, que ésempre bom lembrar que criava tempo livre para aquele que possuíaum escravo, onde o serviço doméstico e a educação das crianças erafeita pelas mulheres, que também abria tempo para que os homenspudessem ser cidadãos, e conseqüentemente se deduz de tudo issoque essa democracia que às vezes nos parece tão desejável, eraconstruída em cima da restrição da própria cidadania de alguns gru-pos, que eram os escravos e as mulheres. Portanto, isso trago rapi-damente só para lembrarmos, como o próprio exercício da cidada-

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nia, naquilo que consideramos o berço nascedouro desse regime, tevetambém as suas limitações e limitações muito sérias.

Não vou dizer nenhuma novidade de que a democracia, cinco anosantes de Cristo sofreu um longo processo de restrições e deadormecimento até, praticamente, o século XVIII, ou seja, um lon-go período.

O famoso século das luzes, onde os nossos filósofos que lança-ram as idéias fundamentais da Revolução Francesa (1789-1799), res-suscitaram as idéias de lutar contra o despotismo, contra o excessode autoridade, contra o estado absoluto, contra o monarca que ti-nha poder ilimitado.

O princípio, segundo o qual a idéia da democracia renasce, é o daliberdade, esse será o ponto fundamental de como manter a liber-dade frente ao estado, neste momento já aparece como uma insti-tuição diferenciada da sociedade, daquilo que Jonh Locke (1632-1704) e outros teóricos chamam de sociedade civil e que, conse-qüentemente, essa sociedade tem que se defender.

“A primeira idéia dessa democracia, que eu chamo de umademocracia que surge com a idéia de uma democracia legal, é aidéia de que, em nome de um princípio da maioria, têm que haverformas desejáveis de proteger os indivíduos de um governo ar-bitrário, em nome do direito à liberdade.”

Para que a vida política e econômica seja uma questão de liber-dade, de iniciativa individual, esse governo da maioria deve instituiralgumas regras básicas, segundo as quais ele governará e instituirácritérios para a defesa dessa liberdade.

Esse estado, aí começaremos a falar num modelo institucionalbaseado na divisão dos poderes, no Executivo, no Legislativo e noJudiciário, segundo a fórmula de Montesquieu (1689-1755), ele estáfundado exclusivamente em cima do governo, da lei.

É a idéia de que a lei é o elemento fundamental que vai regeressa sociedade, o respeito à lei, de preferência uma mínima inter-venção desse estado na vida social e econômica, principalmente, essasociedade irá se organizar em torno de um livre mercado, no respei-to a seus direitos e nas possibilidades de negociação, bem como naefetivação de seus direitos.

A liderança política reconhecida deve ser regida por respeitoaos princípios liberais, uma minimização das regras burocráticas

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mais rígidas, uma certa restrição e não reconhecimento aos gru-pos de interesse, que mais tarde, já no século XIX, estaremosreconhecendo como os partidos políticos, atividades ligadas aossindicatos, à defesa de determinados interesses específicos den-tro da sociedade.

Essa democracia especificamente legal cresce, se desenvolve eamadurece, passa àquilo que vocês, talvez quando me convidaram,pensaram muito, ou seja, a democracia basicamente representativa,onde o cidadão requer proteção dos governantes, bem como da pro-teção dos outros cidadãos.

Isso quer dizer uma sociedade que se defenda não só do poderarbitrário, mas também defenda os seus direitos individuais.

A soberania está na mão do povo, mas é delegada, é transmitidaaos representantes do povo, esse é o princípio básico, é o princípiodo voto, da escolha daqueles a quem nós, legitimamente, vamos de-legar o nosso direito de exercer uma função de estado, de governo.

Eleições regulares, voto secreto, competição entre facções, par-tidos, governo de maioria, são as bases para que se estabeleça essaresponsabilidade do governo.

Os poderes do estado, em princípio, devem ser impessoais, le-galmente circunscritos, divididos, obviamente, entre os três pode-res, a centralidade do constitucionalismo é fundamental nesse mo-delo, o respeito ao pacto constitucional estabelecido entre o estadoe a sociedade.

No nosso caso, no Brasil, o pacto foi diversas vezes refeito ereconversado, atualmente vivemos sob a égide do último pasto, quefoi a Constituição de 1988.

A separação do estado e da sociedade civil, que permite ao cida-dão se dedicar à sua vida privada, aos seus negócios individuais, aosseus interesses em nome da delegação a um grupo especializado, quedeverá governar, defender e representar esses mesmos cidadãos.

Essa sociedade deve ser política autônoma, obviamente estamosconversando, aqui, num sistema onde a propriedade privada é omeio dominante de organização dessa economia, uma economia com-petitiva de mercado, onde se pensa na família como base dessasociedade.

Estamos falando numa dimensão de estado territorial, de esta-do-nação como surgiu, de resto, no século XVI e XVII, que é a nossarealidade até hoje.

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Nós ouvimos muito, hoje, aqui, sobre a democracia participativa,eu concordo plenamente com o colega de mesa, quando ele diz, ci-tando o Bobbio, que a democracia participativa é o complemento, é oalgo a mais da democracia representativa, elas não se opõem, sãoabsolutamente formas complementares.

“A democracia representativa pode receber muitas críticas,agora, nunca vamos esquecer que a democracia representativa,em termos de suas regras gerais, não é boa nem ruim, é usadapor elites que, às vezes, a utilizam de uma forma absolutamentedespótica, restritiva em nome dos seus próprios interesses, oBrasil tem exemplos de sobra sobre isso, a República Velha, afraude que sempre campeou em termos eleitorais, o controle dospartidos políticos.”

Temos uma história muito recente de democracia representati-va que faça jus ao termo daquilo que já foi na França, na Inglaterra,em países que tomamos como referência quando estudamos essesregimes.

É claro que a participação direta dos cidadãos não é só desejá-vel, como fundamental dentro da democracia representativa.

Falamos muito em liberdade e participação, mas um termo queeu coloquei como fundamental na questão da democracia, não nosreferimos muito aqui, é a questão da igualdade.

Nunca vamos poder falar em democracia se não reconhecermosa igualdade dos direitos.

Igualdade não é querer que todos sejamos iguais, mas igualdadede acesso, no sentido de tornar as pessoas menos desiguais.

Estamos aqui num ambiente ímpar em termos de politização, dereconhecimento de direitos, de lutas por direitos dos mais variadospartidos que compõem essa mesa ou esta Casa.

Vivemos num país onde, basicamente a questão da liberdade jáfoi um problema, mas hoje em dia a questão da igualdade é o grandeproblema que se coloca.

Quando pensamos na questão da cidadania como elemento fun-damental na questão da igualdade dos direitos, como diria HannahArendt (1906-1975): O direito a ter direitos.

Temos a chamada cidadania civil, a política e a social, sabemosque no Brasil houve quase que uma inversão desse processo, nosanos 30 e 40 uma parte dos trabalhadores recebeu uma cidadaniasocial, quando foi feita a legislação trabalhista.

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Qual era o elemento de identificação do trabalhador, o que davacidadania ao trabalhador? Era a sua carteira de trabalho.

A cidadania política ficou para depois e hoje nós sabemos queboa parte da população brasileira não tem cidadania civil, não nasce-mos iguais, não temos direitos às mesmas coisas. A Constituição éuma regra abstrata, que hoje não existe em boa parte do País, deuma forma concreta.

Quando falamos em cidadania, em democracia, em participação,estamos, às vezes, evoluídos e pensamos muito na nossa realidade,quando vivemos ainda numa sociedade pós-moderna para uma quenos lembra quase a pré-história, com cidadãos que vivem sem asmínimas condições de lutar pelos seus direitos, por não saberem oque é tê-los.

“Na questão da cidadania e da participação no Brasil, prin-cipalmente a democracia passa não só por uma organização dasociedade – acho fundamental mecanismos de controle, de par-ticipação, de luta por direitos – mas passa também por umademocratização do próprio Estado.”

Temos uma longa história de Estado extremamente centraliza-do, autoritário, que a democracia e a sociedade têm obrigação dedemocratizar.

Concluo lançando este lembrete: A democracia é muito mais amplae diferenciada para uns e outros do que se fala.

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Pronunciamento do Dep. Cézar Busatto

“Prezado Deputado Edson Portilho, Deputada Jussara Cony, que-ria cumprimentá-los pela belíssima iniciativa desse Seminário. Infe-lizmente, estava na Comissão de Finanças discutindo prestação decontas dos governos e sou membro titular e não pude estar presen-te desde o início, o que lamento. Também peço desculpas pelo adian-tado da hora, onde todo o mundo já deve estar muito cansado, maspareceu-me que seria correto eu não perder estar oportunidade detambém dar aqui a minha opinião.

Gostaria que talvez este debate pudesse ser retomado, com maistempo, porque acaba-se fazendo um debate um tanto atropeladouma vez que todo o mundo está pressionado por suas agendas.

Eu queria primeiro dizer da importância deste diálogo que estáacontecendo aqui. Sinceramente, eu acho que na AssembléiaLegislativa, um diálogo desta natureza eu não sei se aconteceu antes.

Normalmente haviam os enfrentamentos, mas me parece que aqui,hoje, há um clima de diálogo, um clima de tentarmos realmente cons-truir alguma coisa juntos. Acho que o momento é positivo para isso,com a eleição do Lula, com a eleição do Rigotto, eu acho que temosuma possibilidade de fazermos este diálogo e construir a partir dasexperiências que estão sendo vividas pela sociedade.

Concretamente vivemos, nestes dias, um belíssimo diálogo aquina Casa, na formulação da Lei do Conselho Estadual de SegurançaAlimentar, Nutricional, Sustentável do Estado, onde por unanimida-de, todas as Bancadas, Governo, oposição, todos os setores, conse-guimos chegar a um documento que eu acho que é um marcoreferencial importante para a participação popular neste Estado eparece ser um bom ponto de partida para construirmos um diálogoneste Projeto de Lei da Participação Popular. Já temos um bom exem-plo de que é possível isto.

Onde eu acho que podemos avançar nesta discussão: em primei-ro lugar, eu acho que devemos fazer um esforço de, periodicamen-te, avançar no aperfeiçoamento da Democracia Representativa. Eume posiciono nesta matéria. Não gosto de estarmos aqui comemo-rando o fim da Democracia Representativa e dizer que ela está fe-rida de morte. Eu acho que nós estamos nos aproximando de umregime autoritário fascista, se isto vier a acontecer, a não ser quesurja um novo modelo de representação da sociedade, a partir des-

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ta crise fantástica da democracia que estamos vivendo. Eu acho quenão. Acho que temos que trabalhar para aperfeiçoar a capacidaderepresentativa da nossa democracia, da democracia universal, talqual foi constituída a partir da Revolução Francesa, até nossos dias.

Sou partidário de que nós sejamos capazes de institucionalizarestes avanços. Faço aqui esta crítica fraternal, mas quero deixá-laaqui registrada: foi um erro a não institucionalização das experiên-cias de democracia direta, como forma de ir aperfeiçoando a demo-cracia na sociedade. Ou seja, se nós tivéssemos tido, no Governoanterior, uma lei instituindo a experiência do OrçamentoParticipativo, talvez não fosse exatamente a lei tal qual o governoquisesse fazê-la, mas o diálogo que isso iria gerar, talvez pudesseter levado a definir um modelo convergente, em que a marca daexperiência do PT estaria presente, porque é fundamental e precisaser reconhecida, porque é um avanço histórico, realmente, no pro-cesso democrático, mas também poderia estar presente a experi-ência do Fórum Democrático, que eu acho uma experiência impor-tante deste Estado.

Poderia estar presente também a Consulta Popular, porque é umaexperiência, embora tênue, mas que foi uma experiência que me pa-rece que pode ser resgatada, uma vez que ela está dentro da óticade um crescimento da participação popular nos destinos da gestãopública.

Neste sentido, eu sei que o tema é complexo, mas também seiqual é a pressa do governo, pois temos a LDO e o PA, mas estariadisposto a dar a minha contribuição para que saíssemos desta dis-cussão com um novo marco legal da participação popular no Estado,resgatando a experiência dos COMUDES, COREDES, da ConsultaPopular, do Fórum Democrático, do Orçamento Participativo.

Talvez não seja a lei que nenhum de nós vá considerar ideal, masvai ser a lei possível para este estágio histórico. Daqui um, dois,três ou quatro anos vão mudá-la, mas seria já uma institucionalizaçãodo estágio no qual nós chegamos até o momento.

A outra questão que eu queria colocar aqui, e reforçando as pa-lavras da Profa Maria Izabel Noll, que eu tive grata alegria de ouvir,é a questão da relação da democracia com igualdade. Eu digo a vocês,sinceramente, eu acho que a democracia está ameaçada. Não a De-mocracia Representativa, é a democracia, a nossa forma democráti-ca, porque nós temos sido ineficazes em fazer desta sociedade menos

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desigual e se nós não formos capazes de fazer com que a experiên-cia democrática gere uma sociedade menos desigual, os excluídosvão acabar com a democracia.

Porque excluído não come democracia, excluído não come voto,excluído não come Assembléia Popular. Excluído come arroz, feijãoe carne. Quer ter uma casinha boa para morar, quer ter roupa paravestir, quer ter o filho na escola. E eu pergunto a vocês: nós temossido eficazes em dar estas respostas aos excluídos? Eu acho quenós temos sido pouco eficazes. E não estou falando de Porto Alegre,Rio Grande do Sul. Estou falando de Brasil, estou falando de umproblema nacional. Ou seja, nós temos que, definitivamente, aliar anossa experiência democrática com eficácia de resultados sociais.Porque do contrário, a democrácia vai para o beleléo.

O povo, daqui um pouco, vai se colocar contra esta democra-cia e vai buscar o salvador da pátria, sim, para fazer justiça,porque o povo tem fome, tem desemprego, tem falta de moradia,o povo tem pressa.

No estágio que nós estamos da tecnologia da informação, do aces-so das pessoas às informações, todo mundo tem pressa. Ninguémmais aceita ficar, sem um mínimo de dignidade, ao lado da opulênciae da prosperidade absoluta dos outros.

Esta discussão, que a professora introduz aqui, me apaixona,porque esta é a questão central. É nós termos capacidade e compe-tência de produzir igualdade. Do contrário, a nossa experiência de-mocrática, por mais bonita que seja, não prosperará. E nós teremosum retrocesso autoritário.

Aliás, a história está cheia de demonstrações disto, inclusive anossa história brasileira, latino-americana. Daí porque a nossa re-flexão, bravo presidente Edson Portilho, tinha que aliar participa-ção com instrumentos de promoção da igualdade. Como fazer? Umaquestão que coloco: nós temos que mudar a relação da participaçãocom orçamento. Temos que avançar. Para mim não é suficiente aexperiência que tivemos até aqui, em que a população reivindica umafatia do orçamento. Só que depois não há nenhuma garantia de queaquilo seja efetivamente implantado.

O orçamento é executado centralizadamente. Ele é debatidodemocraticamente, mas a execução é centralizada. Isto para mimtem que ser rompido. A execução também tem que ser compartilha-da. Do contrário, não há nenhuma garantia de que aquilo que as as-

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sembléias decidem, depois os burocratas cumpram. Acho que esta éuma questão que temos que discutir.

Por exemplo: a Constituição Estadual de 12, 13, 15 anos atrásdizia que nós tínhamos que ter o Orçamento Regionalizado: pará-grafo 8º do art. 149. Eu pergunto: o que temos hoje? Está faltandocapacidade técnica? Não. Está faltando tecnologia para implantá-lo? Não. Está faltando decisão política. E o Orçamento Regionalizadonão é os COREDES fazerem uma ou outra demanda. É que tenha oorçamento dividido em 22 regiões. E que a parcela de cada regiãoseja discutida e executada pela região compartilhadamente: gover-no e sociedade.

Que história é essa de discutir e depois quem decide é o Secre-tário da Fazenda? E falo isso porque já fui Secretário da Fazenda,com poder extremamente autoritário nas minhas mãos. Se quero,executo, se não quero, não executo. Qual é a garantia que os instru-mentos de participação popular têm? Porque o povo vem para a as-sembléia, com a expectativa de atender suas reivindicações, parti-cipa, discute, e aí na hora da execução não tem nenhuma garantia deque isso vá acontecer.

E normalmente, vocês sabem, que tem acontecido (e isto tam-bém não é uma crítica), isto é geral, porque o sistema está errado,não são as pessoas que estão erradas e sim a maneira de trabalharque está muito atrasada, está muito longe daquilo que a Constituiçãojá previa em 1988-89. Aí que eu acho que nós temos que avançar.

Noutra questão que nós temos que avançar: descentralização.Não é mais possível governar centralizadamente. A sociedade é muitocomplexa, para hoje continuarmos tendo um Estado centralizado.Esta contradição está ficando insuportável.

A democracia está avançando e o Estado continua absolutamen-te centralizado. E o Estado a que me refiro é o setor público: União,Estado, Município. Nós tínhamos que ter na verdade 22 instânciasregionais de governo porque cada instância tem uma visão própria,dificuldades próprias, uma cultura própria. Nós temos que ter cora-gem de começar a fazer esta mudança. E a Constituição nos dá todoo respaldo para isso. Está faltando, no meu entender, é nos botar-mos a trabalhar nesta direção.

Acho que esta Comissão, Deputado Portilho, tem um papel chaveneste sentido. Quero dizer, eu presido uma Comissão de Reponsa-bilidade Social, com esta visão. Acho que futuramente temos que

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debater, quem sabe, um entrosamento destas preocupações, por-que vejo que podem, do ponto de vista permanente desta Casa, se-rem aprofundadas na instâncias desta Comissão Permanente que estánascendo.

Acho que avançamos muito na participação mas se não introdu-zirmos a questão da gestão compartilhada e o poder de executar oque foi decidido também à população, nós vamos desmoralizando osnossos instrumentos e podemos estar cavando um perigoso proces-so de perda de nossas conquistas e quem sabe, de volta de umautoritarismo.”

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Pronunciamento do Dep. Raul Pont

“Eu quero cumprimentar a todos e a todas e saldar os nossosconvidados, e inicialmente, me desculpar pela ausência na parte inicialdos trabalhos. Sou Presidente da Comissão de Serviços Públicos ehouve coincidência na data e no horário e era impossível estar nosdois lugares ao mesmo tempo. Mas sinto-me gratificado de estar nes-ta reunião, e ao mesmo tempo, de participar desta Comissão, que par-tilho de quem já falou, de que é importantíssima, inovadora e trata,sem dúvida, de uma contribuição a esse debate e a esse processo.

Sobre o tema especificamente, não ouvi os palestrantes, masacompanho e tenho debatido estas questões, e já me debrucei tam-bém sobre o projeto que tramita na Casa. Já pratiquei e praticoexperiências neste sentido.

Então queria colaborar aqui no debate dizendo que eu tambémacho que há uma crise de representação de legitimidade no SistemaRepresentativo, ainda que isso não configure que há uma crise mor-tal, porque se fosse, nós deveríamos estar na defesa da sobrevivên-cia do sistema e não de ajudá-lo a matar.

Ninguém quer acabar com o Sistema Representativo. O que existeé que há um processo de desgaste, que é sensível não só no nossopaís. A abstenção eleitoral, os processos de burocratização, os pro-cessos de corrupção, e o centralismo do Estado, tudo isso ocorreem graus variados, em diversos países, levou ao descrédito. Portan-to, é correto dizer que há um descrédito. Ele é sensível, é palpávelnas abstenções eleitorais, na pouquíssima participação partidáriada cidadania.

As pessoas não se integram aos partidos que também são res-ponsáveis pela desilusão, pela desesperança das pessoas de não acre-ditar, porque as pessoas mudam com facilidade de partidos, porqueas pessoas votam uma coisa diferente do que disseram. As respon-sabilidades são variadas neste processo. O que cabe a nós é pensar-mos bem como discutir isso.

Se esse Sistema Representativo, ele não custasse tão caro, seele fosse menos burocrático, se a revogabilidade dos mandatos es-tivesse na mão dos eleitores, se não fosse um conjunto de ses e ses,nós estaríamos em outro sistema. Portanto teríamos um Sistema deRepresentação Participativo, ou seja, onde as pessoas poderiam tera possibilidade de confiança de discutir.

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Quando por exemplo, um cidadão eleito como conselheiro, porausência, ou por não cumprir as suas funções na segunda ou terceirareunião é destituído pelos que o elegeram, dizendo: olha companhei-ro, tá cansado, não tem tempo, não dá para acompanhar, agradeço,até logo, mas vamos colocar outro. Nós não podemos fazer isso comas pessoas eleitas pelo Sistema de Representação, porque o Siste-ma Representativo, fossilizou, burocratizou, estabeleceu distânci-as enormes com as bases, com os eleitores. Portanto, se nósrompessemos com tudo isso, tranqüilamente nós estaríamos numaoutra situação. Agora, na ausência disso, ocorre, evidentemente, umconflito entre as formas de participação direta e os Sistemas Re-presentativos que nós temos. E aí eu acho que nós temos que avan-çar neste debate.

A Constituinte do Estado do Rio Grande do Sul, colocou na Cons-tituição do Estado, fato inédito, singular, nenhuma outra Constitui-ção Estadual tem a figura da Emenda Popular, para o processo orça-mentário. Foi um pequeno avanço naquela oportunidade, mas foi umavanço a ponto de ter sido singular. Nenhuma outra ConstituiçãoEstadual Brasileira tem isso.

Foi um avanço, uma sinalização. Aqui ocorreram experiências degestão participativa, mais ou menos consultivas.

As experiências que se realizam aqui em Porto Alegre e em ou-tras cidades, são também importantes experiências nesse sentido.Nenhuma delas está acabada, nenhuma delas é um modelo difinitivo,porque esse é um processo dinâmico, que tem que incorporar perma-nentemente conflitos, realidades distintas, diferentes.

Eu era Prefeito e Presidente de um dos COREDES, quando de-fendi, que estes deveriam participar do Orçamento Participativo, efoi numa decisão apertadíssima: onze a dez, me recordo desta deci-são. Decidimos que deveríamos participar do OrçamentoParticipativo, porque os COREDES que sempre foram consultivos,sempre reclamaram daquilo que o Deputado Cézar Busatto diz, nãoadianta que as pessoas tenham o direito de participar de algumaforma direta ou indiretamente e depois esse ser apenas um conse-lho, uma aspiração, e depois, cumpre quem decide, queira ou nãoqueira, ou se a pessoa quer cumprir, cumpre, se não quiser, não cum-pre. Ou seja, nosso Sistema Presidencial, autoritário e centralizador,por essência, isso também tem que estar presente quando discuti-mos o problema da crítica da representação.

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Nós vivemos num país que tem Medida Provisória. A três séculosatrás, decapitavam um rei lá na Inglaterra porque ele não obedeciao Parlamento. E nós estamos três séculos depois, convivendo pacifi-camente, ou melhor, passivamente com a Medida Provisória. Eu te-nho certeza de qualquer daqueles lutadores religiosos da Igreja de1640/50, estaria aqui, neste momento, em pé de guerra. Estariamarchando com algum Cromwell da vida contra o absolutismo, con-tra o poder arbitrário do executivo, que é o caso. Mas aqui é legal,está na Constituição, pode fazer. Bem, isso tudo faz parte do por-que do descrédito.

Não vou me aprofundar muito. Eu gostaria de voltar a este tema,como diz o deputado Cézar Busatto, gostaria de discutir com ele ex-periências concretas que estamos vivendo, em que esta frustraçãoela é, ou totalmente eliminada, ou diminui muito, porque tem formasem que as decisões se efetivem desde que os números, os dados doorçamento desde o primeiro momento sejam factíveis; que o orça-mento no Brasil não seja uma peça de ficção, mas as decisões sejamdentro de um limite estabelecido. Este é um problema chave. É umproblema que muitas vezes até se sobrepõe a questão de vontade.

Muitas vezes o governante quer fazer, mas não tem o dinheiro.Mas se não tem o dinheiro tem que decidir, tem que dizer antecipa-damente que não tem o dinheiro, para as pessoas não criarem umailusão. Isso nós aprendemos com o Orçamento Participativo.

Eu fui Prefeito e vice-Prefeito por oito anos e nós aprendemosque não se pode criar nenhuma ilusão nas pessoas e que aquilo que aspessoas decidem, tem que ser efetivado. Sob pena de perda decredibilidade.

Eu vivi uma experiência em que esta credibilidade aumentou, nãodiminuiu. O número de participantes, no caso de Porto Alegre atéhoje é crescente, felizmente. Porque as pessoas sabem que o queelas decidem é cumprido, pode às vezes atrasar, por questões téc-nicas, por razões orçamentárias, por razões de desencaixe, mas nãose pode criar ilusões. Isso é regra, que tem que se pensar em qual-quer discussão orçamentária. E acho que as formas diretas e elas,quanto mais diretas forem, melhores, porque não é só o problema dedecidir. Nós não estamos tratando de uma sociedade européia, emque a igualdade, o acesso à escola, um conjunto de coisas estão ga-rantidas. Nós estamos além da discussão do orçamento. Alguns ex-pressaram muito bem aqui este sentimento, que é o sentimento do

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aprendizado. Esse sentimento que as pessoas transformam, não maisem algo emotivo, mas em consciência.

A pessoa, por sua participação, conhece como é que é o orça-mento, como é que se gere o Estado, como se faz estas coisas. Cadareunião destas é um aprendizado de cidadania. Por isso que aí temum valor insubstituível, um valor que é inestimável para todos nós.Acho que o governo poderia, independente de partido, ter mantidoum processo de participação direta. Acho que o governo está esco-lhendo outro caminho. Acho que nos cabe a luta para que ele seja omais democrático possível, o mais direto, para que a gente não criedesilusões.

A pior coisa, na atividade pública, é quando um partido, um diri-gente no governo cria uma expectativa e depois não cumpre, e vocêtem um duplo trabalho, que é de recuperar aquela pessoa para acrença que o sistema que nós estamos praticando, ele tem algumaserventia. É duplo o trabalho depois de recuperar, vide o que estamosvendo hoje na Argentina, ou em outros países, onde a abstenção temsido enorme e o descrédito na ação política partidária crescente.Obrigado.”

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ENCERRAMENTO DO SEMINÁRIO

Deputado Edson Portilho, Presidente da Comissão

Antes de encerrar o nosso Seminário que, na nossa visão, alcan-çou seu objetivo, portanto tivemos sucesso. Tivemos mais de 100pessoas inscritas e participando, iniciando às 11h20min e terminan-do às 15h10min. Então, fizemos um bom debate quando as pessoastiveram oportunidade de expor as suas idéias, fazer as suas inter-venções, defender seus pontos de vista, sendo todos respeitadosem sua intervenção.

O nosso objetivo com este Seminário, Deputada Jussara Cony edemais membros titulares desta Comissão, era, no início do debate,fustigar, trabalhar, compreender, aprofundar as mais diversas for-mas de participação popular. Na minha opinião, conquistamos tudoisso e tivemos êxito nesse objetivo por meio da participação do Sr.Valdir Fraga, representando o Governo Rigotto; do Sr. Ubiratan deSouza, do Orçamento Participativo; do Sr. Dinizar Becker, traba-lhando e defendendo a participação dos COREDES; da Sra. MariaEunice Dias Wolf, representando a Central Única dos Trabalhado-res, quando defendeu o ponto de vista dos trabalhadores; e tambémda Profª. Maria Izabel Noll, que trouxe um pouco da história dademocracia no mundo e também do nosso País e do nosso Estado etambém da Deputada Jussara Cony, trabalhando a perspectiva e aforma com que o Fórum Democrático se organiza nesta Casa.

Então, fico satisfeito com o objetivo conquistado. Estaremos, apartir de agora, buscando uma conversação com o Presidente da Casa,Deputado Vilson Covatti, e com a Comissão de Finanças e Planejamen-to para que juntos formemos uma Comissão Mista para trabalhar pormeio do Fórum Democrático a proposta que já está nesta Casa, que éa proposta do Governo de uma das formas de participação popular,mas uma forma institucional, legal, legítima do Governo Rigotto.

É bom que possamos, como uma Comissão de ParticipaçãoLegislativa Popular, proporcionar à população gaúcha conhecimentodo projeto. A participação de todos nos debates contribuíram mui-to, mesmo a daqueles que não estão mais aqui. As nossas falas estãotodas sendo gravadas e registradas nos anais desta Casa, portanto,toda e qualquer contribuição que hoje foi trabalhada aqui, está guar-

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dada com carinho. A história vai nos cobrar. Sobre o que estamosfalando aqui, seremos cobrados futuramente.

Finalizando, agradeço a participação de todos e, em especial dosSenhores que ficaram até este momento, apoiando, estimulando erespeitosamente ouvindo todas as considerações. Vale a pena dizerque esta Comissão é nova, jovem, mas já começa bem, com o pé es-querdo. Ela começa bem no sentido de que possamos, a partir desteSeminário, oportunizar, pela interiorização, outras formas de par-ticipação popular, iniciando pela própria Comissão. Infelizmente, pelohorário que não nos ajuda, porque esta Comissão funciona – às 11horas –, “competindo” – entre aspas – com outras Comissões com tãoimportantes debates quanto os nossos.

Tivemos a presença dos Deputados Raul Pont e César Busatto.Outros Deputados e Deputadas não puderam passar por aqui, mastambém deram sua contribuição na formulação deste Seminário.Agradecemos com carinho a participação dos nossos assessores,Deputada Jussara Cony, dos nossos funcionários que prepararamdesde os folders, dos cartazes, dos convites, visitando as entida-des, chamando a todos para os debates cujo resultado verificou-sehoje aqui. Tivemos mais de 100 participantes. Estamos todos deparabéns. Dou por encerrada esta Sessão da Comissão Mista Per-manente de Participação Legislativa Popular. Muito obrigado. E umaxé para todos nós.

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A N E X O S

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Objetivos da Comissão:– Apreciar sugestões legislativas apresentadas pela sociedade

organizada– Contribuir na gestão do Estado– Promover maior integração entre o legislativo e a comunidade

gaúcha– Debater e incentivar a participação popular na gestão pública– Aprofundar a democracia participativa.

Competências da Comissão:– Receber, examinar e transformar em proposições as sugestões

legislativas apresentadas por associações, órgãos de classe, sin-dicatos, conselhos, organizações não-governamentais e entida-des organizadas da sociedade, excetuando-se os partidos políti-cos e organismos internacionais

– Promover pareceres técnicos e exposições sobre experiênciasinovadoras em gestão pública, participação popular e transpa-rência administrativa

– Requisitar informações, relatórios e documentos sobre aplica-ção das leis, programas e despesas do Estado, diretamente ouatravés do Tribunal de Contas

– Propiciar o envolvimento da cidadania em assuntos do interessesocial, promovendo o direito da sociedade a informação e à par-ticipação.

Participação:As entidades que podem apresentar propostas à Comissão: sin-

dicatos, organizações não-governamentais, associações, órgãos declasse, entidades civis organizadas e conselhos.

Documentos necessários:A entidade autora da proposição legislativa deve apresentar:

registro em cartório e documento legal que comprove a composiçãode sua diretoria.

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formas de participação popular 51

Legislação:As sugestões que podem ser apresentadas à Comissão:

– Projetos de Lei Ordinária,– Projetos de Lei Complementar,– Emendas à Constituição,– Requerimentos de Convocação,– Audiências Públicas e– Projetos de Resolução.

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Composição da Assessoria Técnicada Comissão de Participação Legislativa Popular

Venício Guterres GuareschiRomeu Machado KarnikowskiJoel Fernandes CantoLígia Maria Sica da RochaLoise T. Melecchi CostanzoTatiana Raminger

Publicação: Seminário Formas de Participação Popular

Promovido pela Comissão de Participação Legislativa Popular,no dia 08 de maio de 2003.

Texto: Serviço de Transcrição do Setor de Taquigrafiada Assembléia Legislativa.