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Compra e venda de Compra e venda de bens de consumo: bens de consumo: âmbito de aplicação âmbito de aplicação objectivo e a noção de objectivo e a noção de conformidade conformidade Direito do Consumo Direito do Consumo 16 de Novembro de 2009 16 de Novembro de 2009

Compra e venda de bens de consumo: âmbito de aplicação objectivo e a noção de conformidade Direito do Consumo 16 de Novembro de 2009

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Compra e venda de Compra e venda de bens de consumo: bens de consumo:

âmbito de âmbito de aplicação objectivo aplicação objectivo

e a noção de e a noção de conformidadeconformidade

Direito do ConsumoDireito do Consumo

16 de Novembro de 200916 de Novembro de 2009

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Âmbito de Âmbito de aplicação objectivoaplicação objectivo

DL 67/2003DL 67/2003

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O revogado n.º 2 do art. O revogado n.º 2 do art. 1.º1.º

O presente diploma é aplicável, com as O presente diploma é aplicável, com as necessárias adaptações, aos contratos necessárias adaptações, aos contratos de fornecimento de bens de consumo de fornecimento de bens de consumo

a fabricar ou a produzir a fabricar ou a produzir (caso de (caso de produtos naturais agricolas)produtos naturais agricolas) e de e de

locação de bens de consumolocação de bens de consumo

Contratos de empreitadaContratos de empreitada Contratos de locaçãoContratos de locação

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O actual n.º 2 do art. 1.ºAO actual n.º 2 do art. 1.ºA

O presente decreto-lei é ainda aplicável, O presente decreto-lei é ainda aplicável, com as necessárias adaptações, aos com as necessárias adaptações, aos

bens de consumo fornecidos no âmbito bens de consumo fornecidos no âmbito de um contrato de empreitada ou de de um contrato de empreitada ou de

outra prestação de serviços, bem como outra prestação de serviços, bem como à locação de bens de consumoà locação de bens de consumo

Contratos de empreitadaContratos de empreitada Outras prestações de serviçosOutras prestações de serviços Contratos de locaçãoContratos de locação

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Calvão da Silva assimila à venda (com Calvão da Silva assimila à venda (com entregas fraccionadas ou entregas fraccionadas ou

repartidas), os fornecimentos repartidas), os fornecimentos duradouros, continuados, reiterados duradouros, continuados, reiterados ou periódicos de bens de consumo ou periódicos de bens de consumo

como água, gás, electricidade, leite, como água, gás, electricidade, leite, pão, jornais, revistas, etc.pão, jornais, revistas, etc.

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Excluídos do âmbito de Excluídos do âmbito de aplicaçãoaplicação

Contratos de mera reparação, conservação Contratos de mera reparação, conservação ou manutenção de bens de consumo que o ou manutenção de bens de consumo que o

consumidor já possua, bem como as consumidor já possua, bem como as demais prestações de serviços – mesmo as demais prestações de serviços – mesmo as relativas aos bens de consumo vendidos ou relativas aos bens de consumo vendidos ou fornecidos, designadamente os serviços de fornecidos, designadamente os serviços de pós-venda e de assistência e manutenção pós-venda e de assistência e manutenção

para o período ulterior à conclusão do para o período ulterior à conclusão do contrato –, com excepção dos serviços de contrato –, com excepção dos serviços de instalação da coisa vendida ou fornecida instalação da coisa vendida ou fornecida

(art. 2.º, n.º 4) (art. 2.º, n.º 4)

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O que muda com a O que muda com a expressão expressão ou de outra ou de outra prestação de serviçosprestação de serviços ? ?

Por exemplo, se um automóvel é reparado Por exemplo, se um automóvel é reparado e, no âmbito da reparação, o profissional e, no âmbito da reparação, o profissional coloca uma peça nova, por exemplo, um coloca uma peça nova, por exemplo, um

novo farol, aplica-se o 67/2003?novo farol, aplica-se o 67/2003?

Sim, uma vez que se trata de um Sim, uma vez que se trata de um bem de bem de consumoconsumo fornecido no âmbito de um fornecido no âmbito de um contrato de empreitada ou de outra contrato de empreitada ou de outra

prestação de serviços.prestação de serviços.

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Locação de bens de Locação de bens de consumoconsumo

Aluguer de longa duraçãoAluguer de longa duração

Ex.: AutomóveisEx.: Automóveis

Leasing ou Locação financeira Leasing ou Locação financeira mobiliária ou imobiliáriamobiliária ou imobiliária

Responsável: vendedor ou empreiteiro Responsável: vendedor ou empreiteiro e não o locadore não o locador

Locação-vendaLocação-venda

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Objecto da venda: móveis e Objecto da venda: móveis e imóveisimóveis

A Directiva 1999/44/CE comporta:A Directiva 1999/44/CE comporta: Bens móveis corpóreos Bens móveis corpóreos

Exclui:Exclui: Bens objecto de venda judicialBens objecto de venda judicial Fornecimento de água e gás quando Fornecimento de água e gás quando

não forem postos à venda em volume não forem postos à venda em volume determinado, ou em quantidade determinado, ou em quantidade determinadadeterminada

Fornecimento de electricidadeFornecimento de electricidade

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O DL 67/2003:O DL 67/2003: Bens imóveisBens imóveis Não realizou qualquer das exclusões Não realizou qualquer das exclusões

mencionadas na Directivamencionadas na Directiva Animais defeituososAnimais defeituosos As coisas em segunda mão adquiridas As coisas em segunda mão adquiridas

em leilão, em leilão, mesmomesmo que o consumidor- que o consumidor-comprador tenha estado presentecomprador tenha estado presente

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““E, porque a venda é o arquétipo dos E, porque a venda é o arquétipo dos contratos onerosos (art. 939.º do contratos onerosos (art. 939.º do

CC), este regime especial da compra CC), este regime especial da compra e venda deve aplicar-se também à e venda deve aplicar-se também à

troca ou permuta de bens de troca ou permuta de bens de consumo” (Calvão da Silva) consumo” (Calvão da Silva)

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Note-se que aos “bens vendidos por Note-se que aos “bens vendidos por via de penhora ou qualquer outra via de penhora ou qualquer outra

forma de execução judicial” não se forma de execução judicial” não se aplica DL 67/2003, apesar de se aplica DL 67/2003, apesar de se

reconhecer ao comprador ou reconhecer ao comprador ou adjudicatário direito à garantia legal adjudicatário direito à garantia legal

nas vendas forçadas, tal como nas nas vendas forçadas, tal como nas vendas voluntárias vendas voluntárias

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O regime especial do CCO regime especial do CC Credores como garantes do comprador ou Credores como garantes do comprador ou

adjudicatário de coisa onerada em vendas adjudicatário de coisa onerada em vendas forçadasforçadas

A garantia contra vícios do direito e a garantia A garantia contra vícios do direito e a garantia contra os vícios da coisa merecem idêntico contra os vícios da coisa merecem idêntico tratamento, tratamento, eadem ratioeadem ratio: contrapartida do : contrapartida do preço pago pelo comprador e recebido pelo preço pago pelo comprador e recebido pelo credor ou credores nas vendas forçadas de credor ou credores nas vendas forçadas de bens por via «de penhora ou qualquer outra bens por via «de penhora ou qualquer outra

forma de execução judicial» (art. 1.º, n.º 2, al. forma de execução judicial» (art. 1.º, n.º 2, al. b), primeiro travessão, da Directiva) b), primeiro travessão, da Directiva)

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A conformidade A conformidade

Art. 2.º, n.º 1Art. 2.º, n.º 1

O vendedor tem o dever de entregar O vendedor tem o dever de entregar ao consumidor bens que sejam ao consumidor bens que sejam conformes com o contrato de conformes com o contrato de

compra e vendacompra e venda

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Alguma doutrina tem considerado que a Directiva Alguma doutrina tem considerado que a Directiva 1999/44/CE não poderia abarcar a situação da venda de 1999/44/CE não poderia abarcar a situação da venda de

bens onerados (art. 905.º), uma vez que os remédios nela bens onerados (art. 905.º), uma vez que os remédios nela previstos como a reparação e a substituição da coisa previstos como a reparação e a substituição da coisa

seriam completamente incompatíveis com esta figura. seriam completamente incompatíveis com esta figura. Menezes LeitãoMenezes Leitão diz-nos que “a definição de reparação diz-nos que “a definição de reparação constante do art. 1.º, n.º 1 f) da Directiva: “em caso de constante do art. 1.º, n.º 1 f) da Directiva: “em caso de falta de conformidade, a reposição do bem de consumo falta de conformidade, a reposição do bem de consumo em conformidade com o contrato de compra e venda” em conformidade com o contrato de compra e venda”

parece adequada a abranger a expurgação dos ónus ou parece adequada a abranger a expurgação dos ónus ou encargos a que se refere o artigo 907.º, pelo que encargos a que se refere o artigo 907.º, pelo que

consideramos pelo menos duvidosa essa exclusão. Em consideramos pelo menos duvidosa essa exclusão. Em qualquer caso, em face do art. 2.º do DL 67/2003, parece-qualquer caso, em face do art. 2.º do DL 67/2003, parece-nos claro que a venda de bens onerados constituirá uma nos claro que a venda de bens onerados constituirá uma

hipótese de desconformidade” hipótese de desconformidade”

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Noção de conformidadeNoção de conformidade

““Conformidade é uma relação deôntica entre Conformidade é uma relação deôntica entre duas entidades, a relação que se estabelece duas entidades, a relação que se estabelece entre algo entre algo como écomo é e algo e algo como deve sercomo deve ser. Há . Há

portanto muitas modalidades de conformidade, portanto muitas modalidades de conformidade, variáveis consoante a natureza das entidades variáveis consoante a natureza das entidades (o referente e a referência) que estejam em (o referente e a referência) que estejam em relação do ser com o dever ser. Neste caso – relação do ser com o dever ser. Neste caso –

conformidade da coisa com o contrato – o conformidade da coisa com o contrato – o referente é o objecto no acto de execução, a referente é o objecto no acto de execução, a

referência é o contrato, por si e incluindo em si referência é o contrato, por si e incluindo em si várias remissões. Se o objecto na execução for várias remissões. Se o objecto na execução for como deve sercomo deve ser, há , há conformidadeconformidade; se o objecto ; se o objecto

na execução na execução não for como deve sernão for como deve ser, há falta de , há falta de conformidade ou conformidade ou desconformidadedesconformidade””

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Padrões de conformidadePadrões de conformidade

QualidadeQualidade

QuantidadeQuantidade

Quando e OndeQuando e Onde

O quê e ComoO quê e Como

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O reverso da conformidade é a O reverso da conformidade é a desconformidadedesconformidade ou falta de ou falta de

conformidade, isto é, a divergência entre conformidade, isto é, a divergência entre a a qualidade que tem qualidade que tem e a e a qualidade que qualidade que

devia terdevia ter a coisa prestada a coisa prestada Unificar: o defeito, que englobava, mas Unificar: o defeito, que englobava, mas

distinguia, vícios da coisa (ocultos ou distinguia, vícios da coisa (ocultos ou aparentes) e falta de qualidades (aparentes) e falta de qualidades (peiuspeius), ), ambos, por sua vez, distintos da ambos, por sua vez, distintos da diferença de identidade (diferença de identidade (aliud pro alioaliud pro alio) e ) e da insuficiência da quantidade (da insuficiência da quantidade (minusminus). ).

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A garantia de conformidade imposta ao A garantia de conformidade imposta ao vendedor implica uma alteração muito vendedor implica uma alteração muito

significativa no regime da compra e significativa no regime da compra e venda de bens de consumo, uma vez venda de bens de consumo, uma vez

que vem relegar a solução tradicional que vem relegar a solução tradicional do do caveat emptorcaveat emptor: cabe ao vendedor o : cabe ao vendedor o

ónus da prova, de acordo com as ónus da prova, de acordo com as regras gerais, de ter cumprido essa regras gerais, de ter cumprido essa

obrigação de entrega de um bem obrigação de entrega de um bem conforme. conforme.

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Presunção de não Presunção de não conformidade (n.º 2 do art. conformidade (n.º 2 do art.

2.º )2.º )1.º - qualidades especialmente 1.º - qualidades especialmente acordadas no contratoacordadas no contrato, ,

incluindo aquelas que, por referência, resultem de:incluindo aquelas que, por referência, resultem de:a) descrição (feita pelo vendedor), amostra ou modelo a) descrição (feita pelo vendedor), amostra ou modelo

(apresentado pelo vendedor) e/ou(apresentado pelo vendedor) e/oub) indicação de uso específico pelo consumidor e/oub) indicação de uso específico pelo consumidor e/ou

2.º - qualidades que, 2.º - qualidades que, nãonão sendo especialmente sendo especialmente referidas referidas no contratono contrato::

c) sejam adequadas às utilizações habituais de bens do c) sejam adequadas às utilizações habituais de bens do mesmo tipo e/oumesmo tipo e/ou

d) sejam esperadas, atendendo à natureza do bem e a d) sejam esperadas, atendendo à natureza do bem e a declarações públicas promovidas pelo vendedor ou declarações públicas promovidas pelo vendedor ou pelo produtor através de publicidade ou de rotulagem.pelo produtor através de publicidade ou de rotulagem.

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A teoria moderna assenta (...) na ideia A teoria moderna assenta (...) na ideia de que «as declarações (directas ou de que «as declarações (directas ou indirectas) relativas às qualidades indirectas) relativas às qualidades da coisa não representam meros da coisa não representam meros

enunciados descritivos», antes são enunciados descritivos», antes são «determinações preceptivas». A «determinações preceptivas». A

coisa pode ser até «amostra de si coisa pode ser até «amostra de si mesma»mesma» (Ferreira de Almeida) (Ferreira de Almeida)

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Estes factos não são cumulativos. Estes factos não são cumulativos. Apenas é necessário que se verifique Apenas é necessário que se verifique

algum destes factos para que logo se algum destes factos para que logo se presuma a não conformidade com o presuma a não conformidade com o contrato. contrato.

Se as circunstâncias do caso tornarem Se as circunstâncias do caso tornarem algum ou alguns dos elementos algum ou alguns dos elementos manifestamente inapropriado, manifestamente inapropriado, continuarão a aplicar-se os restantes continuarão a aplicar-se os restantes elementos que constituem a presunção. elementos que constituem a presunção.

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Determinação das Determinação das qualidades da coisaqualidades da coisa

o próprio acordo contratual, devidamente interpretado o próprio acordo contratual, devidamente interpretado e composto por todas as referências descritivas e e composto por todas as referências descritivas e qualificativas da coisa, nas quais se contam remissões qualificativas da coisa, nas quais se contam remissões para amostras ou modelos e para amostras ou modelos e informações pré-informações pré-contratuais de inserção imperativacontratuais de inserção imperativa;;

a lei, quando disponha, de modo supletivo ou a lei, quando disponha, de modo supletivo ou imperativo, sobre as características do objecto imperativo, sobre as características do objecto contratual fornecido, incluindo as que respeitem à contratual fornecido, incluindo as que respeitem à segurança dos bens;segurança dos bens;

os usos, linguísticos ou normativos, a partir dos quais os usos, linguísticos ou normativos, a partir dos quais se deduzem as utilizações, as qualidades e os se deduzem as utilizações, as qualidades e os desempenhos a que se referem as als. c) e d) do artigo desempenhos a que se referem as als. c) e d) do artigo 2.º, n.º 2 do DL 67/2003;2.º, n.º 2 do DL 67/2003;

as mensagens publicitárias e os rótulos que se refiram as mensagens publicitárias e os rótulos que se refiram a bens do mesmo tipo do bem fornecido.a bens do mesmo tipo do bem fornecido.

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A alínea a) do artigo 2.º, A alínea a) do artigo 2.º, n.º 2n.º 2

Declarações do vendedor e não de Declarações do vendedor e não de terceiros terceiros

A descrição do vendedor ou a A descrição do vendedor ou a comparação com a amostra é suficiente comparação com a amostra é suficiente para determinar a presença das para determinar a presença das qualidades mencionadas pelo vendedor qualidades mencionadas pelo vendedor ou constantes da amostra, mesmo que ou constantes da amostra, mesmo que essas situações tenham apenas essas situações tenham apenas acontecido na fase pré-contratual acontecido na fase pré-contratual

Estes elementos integram o conteúdo do Estes elementos integram o conteúdo do contratocontrato

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A alínea b) do artigo 2.º, A alínea b) do artigo 2.º, n.º 2n.º 2

Quando o bem de consumo não é Quando o bem de consumo não é idóneo para o uso específico (expresso idóneo para o uso específico (expresso ou tácito) a que o consumidor o ou tácito) a que o consumidor o destine e do qual tenha informado o destine e do qual tenha informado o vendedor quando celebrou o contrato vendedor quando celebrou o contrato e que o mesmo tenha aceite e que o mesmo tenha aceite

Assim, podemos dizer que a Assim, podemos dizer que a destinação da coisa a um fim destinação da coisa a um fim específico integra o contratoespecífico integra o contrato

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A alínea c) do artigo 2.º, A alínea c) do artigo 2.º, n.º 2n.º 2

Quando os bens não forem aptos às Quando os bens não forem aptos às utilizações normalmente dadas a utilizações normalmente dadas a bens do mesmo tipo, bens do mesmo tipo, independentemente do fim independentemente do fim específico referido pelo compradorespecífico referido pelo comprador

Havendo uma pluralidade de Havendo uma pluralidade de utilizações habituais, parece os bens utilizações habituais, parece os bens terão de ser idóneos para todas elas terão de ser idóneos para todas elas

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A alínea d) do artigo 2.º, A alínea d) do artigo 2.º, n.º 2n.º 2

Quando os bens de consumo não Quando os bens de consumo não mostrarem as qualidades e o desempenho mostrarem as qualidades e o desempenho habituais nos bens do mesmo tipo habituais nos bens do mesmo tipo ee que o que o consumidor pode razoavelmente esperar, consumidor pode razoavelmente esperar,

considerando a natureza do bem e, considerando a natureza do bem e, eventualmente, as declarações públicas eventualmente, as declarações públicas sobre as suas características específicas sobre as suas características específicas feitas pelo vendedor, pelo produtor ou feitas pelo vendedor, pelo produtor ou pelo representante, nomeadamente na pelo representante, nomeadamente na

publicidade ou rotulagem.publicidade ou rotulagem.

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““razoáveis expectativas” do razoáveis expectativas” do consumidor médio consumidor médio

A natureza do bem e as declarações A natureza do bem e as declarações públicas sobre as características públicas sobre as características

concretas feitas pelo vendedor, pelo concretas feitas pelo vendedor, pelo produtor ou seu representante – produtor ou seu representante –

representante económico, representante económico, distribuidor oficial –, distribuidor oficial –,

designadamente na publicidade ou designadamente na publicidade ou na rotulagem na rotulagem

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Quanto à natureza do bem relevará a Quanto à natureza do bem relevará a sua idade, o facto de a coisa ser nova ou sua idade, o facto de a coisa ser nova ou

usada, pouco ou muito usada, assim usada, pouco ou muito usada, assim como os diferentes preços por que sejam como os diferentes preços por que sejam oferecidos bens do mesmo tipo dotados oferecidos bens do mesmo tipo dotados

das características imprescindíveis à sua das características imprescindíveis à sua utilização habitual, presumindo-se utilização habitual, presumindo-se

contratualmente queridos só os bens contratualmente queridos só os bens que entrem no mesmo escalão de preço que entrem no mesmo escalão de preço

da aquisição da aquisição

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São os critérios São os critérios cumulativos ?cumulativos ?

NÃONÃO

Menezes LeitãoMenezes Leitão

SIMSIM

Mota PintoMota Pinto

Calvão da SilvaCalvão da Silva

Ferreira de AlmeidaFerreira de Almeida

Sara LarcherSara Larcher

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Mota PintoMota Pinto

Entende que a introdução da Entende que a introdução da expressão expressão ee visou limitar o critério visou limitar o critério das expectativas razoáveis pelo da das expectativas razoáveis pelo da habitualidade do desempenho do habitualidade do desempenho do bem, evitando-se assim que o bem, evitando-se assim que o consumidor que visa uma utilização consumidor que visa uma utilização incomum do bem possa criar incomum do bem possa criar expectativas razoáveis apenas com expectativas razoáveis apenas com base na publicidade e na rotulagem base na publicidade e na rotulagem

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Calvão da SilvaCalvão da Silva Defende a cumulação argumentando que as Defende a cumulação argumentando que as

versões inglesa e alemã utilizam a conjunção versões inglesa e alemã utilizam a conjunção copulativa copulativa ee

No mesmo sentido, a própria No mesmo sentido, a própria natureza cumulativa natureza cumulativa das presunções, a mostrar a sobreposição normal das presunções, a mostrar a sobreposição normal dos critérios que lhes servem de pressupostodos critérios que lhes servem de pressuposto – por – por exemplo, a conformidade com a amostra coincidirá exemplo, a conformidade com a amostra coincidirá em regra com as qualidades e o desempenho em regra com as qualidades e o desempenho habituais de bens do mesmo tipo, que o consumidor habituais de bens do mesmo tipo, que o consumidor pode razoavelmente esperar; o uso específico pode razoavelmente esperar; o uso específico corresponderá correntemente à utilização corresponderá correntemente à utilização habitualmente dada aos bens do mesmo tipo habitualmente dada aos bens do mesmo tipo

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““Mas se a Mas se a declaração públicadeclaração pública feita por vendedor, feita por vendedor, produtor ou seu representante (...) produtor ou seu representante (...) foca e exalta foca e exalta uma característica concreta exclusiva de certo uma característica concreta exclusiva de certo produtoproduto (qualidade não habitual, portanto, nos (qualidade não habitual, portanto, nos bens do mesmo tipo ou categoria: por exemplo, bens do mesmo tipo ou categoria: por exemplo, carro gasta 5 litros aos 100 Km, quando o tipo da carro gasta 5 litros aos 100 Km, quando o tipo da viatura a que pertence faz em média 10 litros) viatura a que pertence faz em média 10 litros) (...), o consumidor(...), o consumidor tem razões para tem razões para justificadamente confiar nessa declaração-justificadamente confiar nessa declaração-informação e informação e pode razoavelmente esperar essa pode razoavelmente esperar essa qualidade qualidade ou atributo no caso concreto apesar de ou atributo no caso concreto apesar de não habitual nos automóveis do mesmo tiponão habitual nos automóveis do mesmo tipo ” ”

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Ferreira de AlmeidaFerreira de Almeida

Mensagem publicitária: emitida pelo vendedor Mensagem publicitária: emitida pelo vendedor ou pelo produtor (ou pelo produtor (requisito subjectivorequisito subjectivo) e se ) e se referir a características concretas de bens do referir a características concretas de bens do mesmo tipo daquele que é objecto do contrato mesmo tipo daquele que é objecto do contrato ((requisito objectivorequisito objectivo). Discute se, além disso, a ). Discute se, além disso, a Directiva impõe, como Directiva impõe, como requisito autónomorequisito autónomo, a , a criação no consumidor de uma expectativa criação no consumidor de uma expectativa razoável ou se, para o efeito, é suficiente que, razoável ou se, para o efeito, é suficiente que, no momento da celebração do contrato, o no momento da celebração do contrato, o consumidor não conhecesse ou não devesse consumidor não conhecesse ou não devesse conhecer a desconformidade.conhecer a desconformidade.

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Como os consumidores tomam as Como os consumidores tomam as suas decisões de compra mais em suas decisões de compra mais em função das declarações públicas do função das declarações públicas do fabricante ou do vendedor do que fabricante ou do vendedor do que em declarações privadas deste, a em declarações privadas deste, a solução coerente consiste pois em solução coerente consiste pois em responsabilizar o vendedor também responsabilizar o vendedor também pelas qualidades divulgadas pela pelas qualidades divulgadas pela publicidade publicidade

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Sara LarcherSara Larcher Tendo em conta o elemento histórico e Tendo em conta o elemento histórico e

outras versões linguísticas da Directiva outras versões linguísticas da Directiva Temos que ter presentes os princípios que Temos que ter presentes os princípios que

enformam a publicidade, nomeadamente a enformam a publicidade, nomeadamente a veracidade, fiabilidade e lealdade. Assim, veracidade, fiabilidade e lealdade. Assim, se o consumidor acreditou na publicidade se o consumidor acreditou na publicidade feita para um determinado bem, e feita para um determinado bem, e adquiriu esse bem, joga apenas, e a favor adquiriu esse bem, joga apenas, e a favor do consumidor/comprador a segunda do consumidor/comprador a segunda hipótese do art. 2.º, n.º 2, al. d) hipótese do art. 2.º, n.º 2, al. d)

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Menezes LeitãoMenezes Leitão Por razões de protecção do consumidorPor razões de protecção do consumidor ““se o consumidor poderia razoavelmente esperar se o consumidor poderia razoavelmente esperar

em face da natureza do bem e das declarações em face da natureza do bem e das declarações públicas do vendedor, produtor ou representante públicas do vendedor, produtor ou representante sobre ele, que ele teria certas qualidades e sobre ele, que ele teria certas qualidades e desempenho não parece que possa excluir-se a desempenho não parece que possa excluir-se a presunção de falta de conformidade apenas com presunção de falta de conformidade apenas com base no critério da habitualidade das qualidades base no critério da habitualidade das qualidades e desempenho dos bens do mesmo tipo” e desempenho dos bens do mesmo tipo”

““O argumento literal parece inaceitável num O argumento literal parece inaceitável num texto com versões oficiais em tantas línguas e é texto com versões oficiais em tantas línguas e é claramente reversível” (cfr. versões francesa e claramente reversível” (cfr. versões francesa e italiana)italiana)

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Caso PráticoCaso Prático

Imaginemos a seguinte mensagem Imaginemos a seguinte mensagem publicitária: “Com a SuperTV vê filmes publicitária: “Com a SuperTV vê filmes como no cinema: a mesma qualidade como no cinema: a mesma qualidade de som!”. António, que adquiriu o de som!”. António, que adquiriu o respectivo aparelho, pretende alegar respectivo aparelho, pretende alegar falta de conformidade: não vê os filmes falta de conformidade: não vê os filmes como no cinema, o sistema de som da como no cinema, o sistema de som da televisão tem uma qualidade muito televisão tem uma qualidade muito inferior à daquele inferior à daquele

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Art. 2.º, n.º 4 da Directiva 1999/44/CEArt. 2.º, n.º 4 da Directiva 1999/44/CE

As declarações públicas deixam de vincular o As declarações públicas deixam de vincular o vendedor se este demonstrar que:vendedor se este demonstrar que:

a) não tinha conhecimento nem podia a) não tinha conhecimento nem podia razoavelmente ter conhecimento da declaração razoavelmente ter conhecimento da declaração em causa; em causa;

b) até ao momento da celebração do contrato a b) até ao momento da celebração do contrato a declaração em causa fora corrigida; edeclaração em causa fora corrigida; e

c) a decisão de comprar o bem de consumo não c) a decisão de comprar o bem de consumo não poderia ter sido influenciada pela declaração poderia ter sido influenciada pela declaração em causa em causa

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A garantia de conformidade A garantia de conformidade nos bens objecto de nos bens objecto de

instalaçãoinstalação O art. 2.º, n.º 4 vem estabelecer uma O art. 2.º, n.º 4 vem estabelecer uma

extensão da garantia de extensão da garantia de conformidade a prestar pelo vendedor conformidade a prestar pelo vendedor aos bens objecto de instalação aos bens objecto de instalação

Abrange situações de prestações de Abrange situações de prestações de serviços conexas com esse bem, tais serviços conexas com esse bem, tais como a instalação pelo vendedor ou a como a instalação pelo vendedor ou a prestação de informações sobre o prestação de informações sobre o modo de proceder a essa instalação modo de proceder a essa instalação

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Exclusão da garantia de Exclusão da garantia de conformidade (art. 2.º, n.º conformidade (art. 2.º, n.º

3)3) Quando, no momento em que é Quando, no momento em que é celebrado o contrato, o consumidor celebrado o contrato, o consumidor

tiver conhecimento da falta de tiver conhecimento da falta de conformidade ou não puder conformidade ou não puder

razoavelmente ignorá-la ou se esta razoavelmente ignorá-la ou se esta decorrer dos materiais fornecidos decorrer dos materiais fornecidos

pelo consumidor pelo consumidor

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Momento relevante para a Momento relevante para a verificação da conformidadeverificação da conformidade A conformidade deve verificar-se no momento A conformidade deve verificar-se no momento

em que a coisa é em que a coisa é entregueentregue ao consumidor ao consumidor No entanto, o art. 3.º, n.º 2 vem consagrar No entanto, o art. 3.º, n.º 2 vem consagrar

uma presunção de que as faltas de uma presunção de que as faltas de conformidade que se verifiquem num prazo conformidade que se verifiquem num prazo de dois ou de cinco anos a contar da data da de dois ou de cinco anos a contar da data da entrega de coisa móvel corpórea ou de coisa entrega de coisa móvel corpórea ou de coisa imóvel, respectivamente, já existiam nessa imóvel, respectivamente, já existiam nessa data, a não ser que essa presunção seja data, a não ser que essa presunção seja incompatível com a natureza do bem ou com incompatível com a natureza do bem ou com as características da falta de conformidade as características da falta de conformidade

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A Problemática do Risco A Problemática do Risco

Conforme resulta do art. 3.º, n.º 1, a Conforme resulta do art. 3.º, n.º 1, a conformidade deve verificar-se no conformidade deve verificar-se no

momento em que a coisa é momento em que a coisa é entregueentregue ao consumidor, o que implica ao consumidor, o que implica

passarem a correr por conta do passarem a correr por conta do vendedor os riscos relativos a vendedor os riscos relativos a

defeitos da coisa ocorridos entre a defeitos da coisa ocorridos entre a venda e a entrega ao consumidor venda e a entrega ao consumidor

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Sara LarcherSara Larcher

Considera acertada a adopção da Considera acertada a adopção da regra da Directiva tendo em conta as regra da Directiva tendo em conta as compras e vendas transfronteiriças. É compras e vendas transfronteiriças. É

natural que o risco da entrega do natural que o risco da entrega do bem adquirido, conforme ao contrato, bem adquirido, conforme ao contrato,

recaia sobre o vendedor. Assim, recaia sobre o vendedor. Assim, enquanto o consumidor não receber enquanto o consumidor não receber

os bens adquiridos, o risco deverá ser os bens adquiridos, o risco deverá ser totalmente suportado pelo vendedortotalmente suportado pelo vendedor

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O considerando 14 da Directiva O considerando 14 da Directiva parece colocar-se contra esta parece colocar-se contra esta

interpretação ao mencionar que “as interpretação ao mencionar que “as referências à data da entrega não referências à data da entrega não implicam que os Estados membros implicam que os Estados membros

devam alterar as suas normas sobre devam alterar as suas normas sobre transferência do risco”transferência do risco”

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Sara LarcherSara Larcher

Defende que o considerando 14 Defende que o considerando 14 prevê que os Estados-membros não prevê que os Estados-membros não se encontram obrigados a alterar o se encontram obrigados a alterar o regime geral do risco, o qual se regime geral do risco, o qual se manterá em vigor, naturalmente, manterá em vigor, naturalmente, para todos os contratos não para todos os contratos não abrangidos pela Directiva abrangidos pela Directiva

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Menezes LeitãoMenezes Leitão

Parece dificilmente compatível com o art. 3.º, n.º Parece dificilmente compatível com o art. 3.º, n.º 1, da Directiva considerar-se que correria por 1, da Directiva considerar-se que correria por conta do consumidor o risco de avaria de uma conta do consumidor o risco de avaria de uma televisão, que sofre um curto-circuito devido a televisão, que sofre um curto-circuito devido a

uma sobrecarga de corrente eléctrica no uma sobrecarga de corrente eléctrica no estabelecimento do vendedor, após ter sido estabelecimento do vendedor, após ter sido

vendida e antes de entregue (por exemplo, no vendida e antes de entregue (por exemplo, no curto período em que o consumidor se desloca curto período em que o consumidor se desloca a ir buscar o carro para a transportar), “e entre a ir buscar o carro para a transportar), “e entre o considerando (14) e a imposição do art. 3.º, o considerando (14) e a imposição do art. 3.º,

n.º 1, da Directiva haverá que dar prevalência a n.º 1, da Directiva haverá que dar prevalência a esta última”esta última”

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Calvão da SilvaCalvão da Silva

““E E não existe qualquer contradição entre o não existe qualquer contradição entre o considerando 14 e o art. 3.º, n.º 1 da Directiva, considerando 14 e o art. 3.º, n.º 1 da Directiva,

porque diferentes os problemas a que se porque diferentes os problemas a que se reportamreportam. Com efeito, uma coisa é a . Com efeito, uma coisa é a

responsabilidade do vendedor pelos vícios ou responsabilidade do vendedor pelos vícios ou defeitos da coisa existentes no momento da sua defeitos da coisa existentes no momento da sua

entrega ao consumidor (...) entrega ao consumidor (...) Outra coisa bem Outra coisa bem diferente é a impossibilidade do cumprimento diferente é a impossibilidade do cumprimento

da obrigação de entrega conformeda obrigação de entrega conforme, pontual, em , pontual, em todos os termos devidos, todos os termos devidos, em virtude do em virtude do

perecimento ou deterioração da coisa por caso perecimento ou deterioração da coisa por caso fortuito ou força maior fortuito ou força maior (...)”(...)”

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Assim, Assim, AA, profissional, vende um automóvel a , profissional, vende um automóvel a BB, consumidor, que só por conveniência , consumidor, que só por conveniência

pessoal o não recebe no momento da pessoal o não recebe no momento da conclusão da venda. Se o automóvel perecer conclusão da venda. Se o automóvel perecer

por caso fortuito antes da entrega, o risco por caso fortuito antes da entrega, o risco corre por conta do adquirente, tendo de pagar corre por conta do adquirente, tendo de pagar o preço, se ainda o não tiver feito, ou podendo o preço, se ainda o não tiver feito, ou podendo o vendedor retê-lo, se já tiver cumprido (art. o vendedor retê-lo, se já tiver cumprido (art. 796.º, n.º 1). 796.º, n.º 1). BB levante adiante o automóvel: levante adiante o automóvel:

pela não conformidade, existente já na pela não conformidade, existente já na conclusão da venda ou surgida até à entrega, conclusão da venda ou surgida até à entrega, responde o vendedor (arts. 3.º, n.º 1, do DL e responde o vendedor (arts. 3.º, n.º 1, do DL e

da Directiva).da Directiva).