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RESPEITO À DIVERSIDADE MEMÓRIA RECICLAGEM ESPORTE ARTE CULTURA Conheça as histórias de cidadania construídas aqui mesmo em Flexal! Comunica Flex · Jornal da Rede Juventude de Atitude em Flexal · Cariacica / ES · número 1 · 1º semestre de 2012 · tiragem: 5 mil exemplares

Comunica Flex

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Jornal Comunitário

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Page 1: Comunica Flex

RESPEITO À DIVERSIDADE

MEMÓRIA

RECICLAGEM

ESPORTEARTE

CULTURAConheça as histórias de cidadania

construídas aqui mesmo em Flexal!Com

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Papo com a comunidadefala aí

Caro leitor e cara leitora,

A ideia do Comunica Flex surgiu durante as atividades da Rede Juventude de Atitude (veja informações no quadro logo abaixo), que reúne em nosso bairro um grupo de cerca de 40 jovens que estão interessados em dinamizar a cultura e construir a cidadania.

À frente dessa iniciativa está o grupo Flex Dance (conheça o grupo na página 11). Com o jornal, encontramos uma maneira de concretizar alguns dos nossos maiores sonhos: resgatar e registrar a história de Flexal, aproximar os jovens dessa história e mostrar os potenciais e diferenciais do bairro.

O Comunica Flex é um jornal comunitário, idealizado e elaborado por jovens de Flexal. A intenção é que ele esteja na escola, nos grupos culturais, nas instituições. Desejamos que ele circule bastante, que ele seja um espaço democrático, aberto para toda a comunidade do bairro e redondezas. Queremos muito que esse veículo seja uma ferramenta para incentivar a cidadania, para promover o desenvolvimento e a expressão dos jovens e para valorizar a nossa região.

O Comunica Flex é uma construção coletiva. Por isso, depende de todos. Se você tiver interesse em participar dessa iniciativa, dar sugestões de pauta ou fazer comentários em geral, entre em contato conosco através do email [email protected].

Este material foi elaborado em 2011 pelos jovens participantes da Rede Juventude de Atitude, um programa de formação de agentes juvenis de promoção da cultura e da cidadania. A iniciativa é realizada pela Associação Imagem Comunitária (AIC) em parceria com o Ministério da Cultura, com o patrocínio exclusivo da Vale e o apoio da Prefeitura Municipal de Cariacica e da Associação dos Moradores de Flexal I e Nova Canaã.

Participantes da Rede Juventude de Atitude em FlexalConheça a lista em www.rja.aic.org.br/efvm.html

Pesquisa e redaçãoDaniel BarbosaEduardo AndradeLorraine Paixão LopesMarina Lopes

DesignDélio Faleiro

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nossa história

De Flechal a FlexalUm dos primeiros assuntos sobre os quais conversamos foi a origem do nome Flexal. O senhor Argeu, que se mudou para cá no ano de 1954, quando era funcionário da então Companhia Vale do Rio Doce, nos conta que o nome está relacionado com as características da vegetação que existia no local. “Antigamente, aqui era tipo um brejo, que possuía uma vegetação propícia para a construção de flechas”, diz.

O local ficou conhecido principalmente pela extração de madeira para a confecção de flechas, atividade que atraía a atenção de muitas pessoas de fora. “Na época em que me mudei para cá, em 1954, já não havia mais flechas, elas tinham acabado, mas o local ainda era chamado pelo antigo nome de Flechal, com “ch” mesmo. Foi só depois que o nome começou a ser escrito com ‘x’, que é como ficou até hoje”, se recorda Argeu.

A pesca e a ferroviaSobre Flexal de antigamente, Argeu afirma que era “um lugar pobre, pouco desenvolvido”, mas que, apesar disso, ninguém passava fome no local. “Tinhamos uma maré rica, cheia de peixes. A pesca era uma atividade muito importante, todos se alimentavam dela, mas isso foi acabando”, lamenta-se. Segundo Argeu, o despejo de esgoto não tratado nas águas ao redor do bairro colocou fim na mais importante atividade econômica da época. “A poluição prejudicou muito nossa comunidade. Atualmente, as águas estão começando a se recuperar...”, diz.

Além da pesca, outro elemento importante para o desenvolvimento de Flexal foi a Estrada de Ferro Vitória a Minas. “O bairro foi crescendo ao redor da estação. Vieram para cá muitos funcionários da Vale, e o trem era a principal forma de transporte de mercadorias e pessoas”, recorda Argeu.

Olhar para trás por um futuro melhorO senhor Pedro fala também com carinho da época em que chegou em Flexal, no mesmo ano de 1954, vindo de Minas Gerais. “Não existia aqui essa violência de hoje. Íamos à missa domingo, à noite, à pé... Podíamos deixar as portas e janelas abertas durante o dia, e até mesmo à noite. Mas a tranquilidade foi dando lugar à falta de respeito, e a violência começou a aumentar”, conta.

Pedro diz que a chave para mudar essa situação é a participação, e lembra que a comunidade tem uma história de lutas que garantiram várias melhorias para a localidade. Foi batalhando junto ao poder público que os moradores conseguiram grandes avanços nos últimos tempos, como luz, telefone, água encanada. Mas, apesar disso, ele percebe que essa participação vem diminuindo. “Hoje em dia, poucos querem realmente participar das lutas coletivas”, avalia.

Para Pedro, a população do bairro tem que olhar para trás, valorizar sua história, e pensar no futuro, para o muito que ainda pode ser feito se houver a união em torno de causas em comum. “Podemos voltar a ser um lugar tranquilo, um lugar bom para se viver, mas não podemos ficar acomodados. Precisamos nos organizar para mudar nosso bairro”, finaliza.

Redescobrindo FlexalUma entrevista sobre nossas origens e histórias

Afinal, o que se conhece da história de Flexal? Muito do que se sabe a respeito do bairro é baseado na visão apresentada pela mídia, relacionada em geral com a violência e a pobreza. Mas, além dessa visão, o que realmente conhecemos sobre nossas origens? Como Flexal surgiu, como era a vida no passado, como era a comunidade de antigamente? E hoje? Como é viver aqui?

Com o objetivo de aprender um pouco mais sobre a história de nosso bairro, sentamos para uma conversa com dois dos mais antigos moradores do local, o senhor Argeu Rodrigues, e o senhor Pedro Souza Ramos, ex-presidente da Associação dos Moradores de Flexal I e Nova Canaã.

Logo no começo da conversa, o senhor Pedro revelou que “muitos não sabem, mas na verdade Flexal é o bairro mais antigo de Cariacica”. Com isso, percebemos que nossa região surgiu no século XIX, junto com a cidade. Estamos no nosso terceiro século de história! Essa revelação já nos colocou no clima do que seria uma tarde de agradáveis surpresas...

Sr. Argeu e Sr. Pedro: memória viva do bairro

LORRAINE LOPES

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Preconceito: uma violência que está em nosso dia a diaÁurea Carolina de FreitasPesquisadora e educadora da Associação Imagem Comunitária

pense nisso

Existe racismo no Brasil? Você se considera racista?

É provável que você tenha respondido sim à primeira pergunta e não à segunda. De acordo com uma pesquisa realizada em 2003 pela Fundação Perseu Abramo, 87% dos brasileiros reconhecem que existe racismo no Brasil, mas apenas 4% se consideram racistas.

Parece contraditório, não? Como é que tanta gente enxerga o racismo, se quase não há racistas?

É evidente que tem um problema aí, mas não é erro da pesquisa. O problema é que a maioria das pessoas não admite ou não sabe que é preconceituosa. Isso também acontece com quem já sofreu discriminação: muitas vezes, as pessoas não denunciam, por medo ou vergonha, ou não percebem que foram vítimas de uma violência.

Além do racismo, infelizmente, há vários tipos de preconceito e discriminação, como o machismo e a homofobia, por exemplo. Saiba mais sobre o assunto:

• Qualquer opinião, sentimento ou crença sem fundamento pode virar preconceito. Por isso, é preciso ter cuidado. Preconceito é uma ideia preconcebida, geralmente desfavorável, fruto da desinformação e da ignorância.

• A discriminação é o preconceito em ação, ou seja, é uma atitude preconceituosa, intencional e consciente. Toda discriminação tem consequências nocivas. Na prática, significa excluir, distinguir, ridicularizar ou desprezar alguém ou um grupo em função de determinadas características: cor da pele, sexo, tipo de cabelo, orientação sexual, idade, classe, lugar de origem, religião, identidade de gênero, deficiência, entre outras.

• No Brasil, o racismo é crime previsto pela Lei nº 7.716, de 1989. A homofobia e o machismo ainda não foram criminalizados, mas também são formas de violência e devem ser combatidos.

• A homofobia é a aversão a lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais. Ninguém tem

o direito de agredir uma pessoa por causa de sua orientação sexual, mesmo que não concorde com ela. Em uma democracia, as diferenças devem ser respeitadas.

• O machismo prejudica homens e mulheres, em toda a sociedade. É a crença de que as mulheres devem cuidar do espaço doméstico e ser objeto de prazer sexual, enquanto os homens devem controlar a vida pública e ter poder acima de tudo. O machismo explica situações como a violência contra a mulher, o alto índice de mortes de homens no trânsito, a baixa participação das mulheres na política e a pouca presença masculina no cuidado corresponsável de crianças e pessoas dependentes.

• Em caso de discriminação, denuncie! Para saber como atuar, entre em contato com a Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos, pelo site http://www.direitoshumanos.gov.br/ogc ou pelo Disque Direitos Humanos – basta ligar para o número 100. A ligação é gratuita.

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COMO PARTICIPAR*Separe o lixo seco do molhado e entre em contato com o projeto para o recolhimento do lixo seco.

O que é o lixo molhado: Todo material composto por matéria orgânica, como restos de alimentos, cascas de frutas, folhagens e rejeitos, lixo de banheiro (papel higiênico e fraldas descartáveis) e lixo de cozinha (papel engordurado, filtro com borra de café), além de guimbas de cigarros.

O que é o lixo seco: É todo material composto por PAPEL, PLÁSTICO, VIDRO OU METAL, que pode ser reciclado, ou seja, reaproveitado como matéria-prima para fabricação de novos produtos.

*Informações fornecidas pelo Flex Vida.

Flex Vida: preservação ambiental e qualidade de vida

Lúcia (foto acima) e os participantes

do Flex Vida: uma década de luta

ACERVO FLEX VIDA

Contato do Flex Vida: Rua da Estação, 76 – Nova Canaã. Telefone: (27) 3336 9307.

nossa comunidade

O Flex Vida é uma proposta de organização comunitária voltada à questão dos resíduos sólidos. Criada com os objetivos de incentivar a geração de renda, a inclusão social dos catadores, a preservação ambiental e a melhoria de qualidade de vida, a iniciativa é hoje uma associação que abrange cerca de dez catadores que trabalham na coleta e separação do lixo.

A luta do projeto vem desde 2002. Nesses dez anos, os participantes já enfrentaram diversas dificuldades. Segundo Lúcia Maria Freire, idealizadora do Flex Vida, uma das maiores barreiras é a falta de apoio de instituições públicas e empresas. “Seria muito importante esse apoio mas, mesmo sem ele, temos que seguir em frente, acreditar em um projeto de vida nesse local”, diz ela, que revela também alguns dos objetivos para os próximos anos: um galpão próprio e a formalização da associação de catadores.

Apesar da falta de apoios institucionais, a contribuição de um setor é fundamental para o Flex Vida: o da própria população de Flexal I e II, Nova Canaã e bairros adjacentes. Atualmente, passam pelo Flex Vida cerca de 70 toneladas de lixo por ano, o que gera renda para os catadores associados e, ao mesmo tempo, colabora para a preservação ambiental e a qualidade de vida da região. Esse número poderia ser ainda maior com um aumento da participação da população local na separação do lixo em suas próprias casas, o que agilizaria o trabalho dos catadores. Saiba mais sobre a separação no quadro abaixo.

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Votar não é só uma obrigação. É também uma forma de contribuir para o bom funcionamento da política em nosso país. Saiba o porquê disso e também como é possível participar da política para além do dia do voto

Votar no BrasilO Brasil é uma democracia desde 1985, ano em que o primeiro presidente eleito do país tomou posse, depois de 20 anos de ditadura militar. Desde então, somos nós que escolhemos os políticos que vão nos representar nos poderes Legislativo e Executivo. Podemos definir a divisão entre estes poderes da seguinte forma: o Executivo aplica as leis que gerem nossa sociedade e administra os órgãos públicos que prestam serviço à população, como é o caso de alguns bancos, hospitais, escolas e instituições de segurança. Os políticos do Poder Executivo são responsáveis por governar o país (presidente), os estados (governadores) e as cidades (prefeitos). Já o Legislativo tem a função de discutir e votar as leis que vão guiar as funções do executivo, além de ser responsável por fiscalizar a atuação e os gastos dos outros poderes. São nossos representantes no Poder Legislativo os senadores, os deputados federais e estaduais e os vereadores.

Cada parlamentar ou governante eleito tem um mandato de quatro anos, exceto os senadores, que ficam no cargo por oito anos. Assim, sempre que esses mandatos estão prestes a acabar, acontecem novas eleições. Este ano, por exemplo, vão acontecer as eleições municipais, quando vamos escolher o prefeito e os vereadores da nossa cidade. Daqui a dois anos, acontecerão as eleições estaduais e federais, quando

votaremos nos candidatos a deputados federais e estaduais, senadores e presidente.

Mas essa escolha que fazemos de dois em dois anos às vezes é vista mais como uma obrigação do que como um direito que temos de incidir na política do nosso país. Conversamos com Victor Guimarães, diretor da Associação Democracia Ativa (ver box), sobre a importância das eleições e do cuidado com o voto. Segundo ele, “as eleições são parte muito importante do processo democrático. Não é à toa que muitos chamam esse momento de ‘festa da democracia’, porque é justamente nas eleições que o cidadão tem a primeira chance de participar da política de maneira direta. Votar em um candidato não é só ajudar a colocar alguém em um cargo público, porque, quando elegemos um candidato, estamos colocando no poder alguém que tem responsabilidades que refletem diretamente na vida do cidadão”.

É por isso que temos que pensar bastante antes de escolher em quem vamos votar. Todo mundo já escutou alguém falando que os “políticos são todos iguais”, que os “políticos só querem ganhar dinheiro às nossas custas” e que “eles são todos corruptos”. Mas sabemos que coisas bacanas também acontecem no âmbito dos governos e nos parlamentos, e nosso voto é fundamental para escolher quem estará no poder nos representando. Então, o primeiro passo para que

Ao voto e além

Samuel AndradeJornalista - AIC

Sempre que chegam as eleições, pipocam candidatos estranhos, fazendo piadas. Aparecem também aqueles candidatos sérios demais, que prometem mudar o mundo e denunciam todas as barbaridades que acontecem no país. Mas as questões mais importantes em meio a isso tudo são: quem nós escolhemos para nos representar? Qual a importância do nosso voto?

DNS FOTOGRAFIA DIGITAL MARCOS SANTOS/USP IMAGEM CECILIA BASTOS/USP IMAGEM

MARCHA MUNDIAL DAS MULHERES - RIO+20

Votar é uma

entre inúmeras

possibilidades de

participação

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DEMOCRACIA ATIVAA Associação Democracia Ativa foi criada em 2006 por estudantes que sentiam falta de um espaço que tratasse das questões políticas para além dos momentos de eleição ou dos escândalos de corrupção, e que acreditavam que qualquer pessoa pode - e deve - participar do universo da política. A partir dessa inquietação, o grupo criou projetos como o MeuDeputado.org, que abarca um blog (depoisdovoto.wordpress.com) e um programa de rádio. Nesses dois veículos, são publicadas matérias e notinhas que mostram o dia-a-dia da Assembléia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), dão dicas sobre como podemos ocupar os canais de participação junto ao poder legislativo, falam da atuação de cada um dos deputados e dos projetos em tramitação na ALMG. Além disso, tratam de assuntos mais gerais, como a Lei do Ficha Limpa (lei, criada por iniciativa popular e que já vale para as eleições de 2012, que impede a candidatura, por oito anos, de políticos condenados pela Justiça, que tiveram mandato cassado ou que tiverem renunciado para evitar a cassação).

Enfim, a proposta da Democracia Ativa é acompanhar de perto a atuação do poder legislativo e intervir junto a ele. Não deixe de conferir!

VOTE NA WEBO Vote na Web é um portal que agrega todos os projetos em tramitação no Congresso Nacional. Além de disponibilizar o texto dos projetos, o site mostra, de maneira bastante interativa, qual foi o deputado ou senador que o propôs, a situação do projeto no parlamento (se está em tramitação ou se já foi votado), e ainda permite que os cidadãos comentem e simulem uma votação que represente o interesse público. Para saber de tudo isso, acesse o www.votenaweb.com.br. E se você quiser saber mais especificamente o que os deputados e senadores capixabas andam fazendo no Congresso Nacional, basta selecionar o Espírito Santo na aba “Estados”, que o site fará a seleção dos projetos que foram propostos pelos nossos representantes.

PROJETO EXCELÊNCIASO Excelências – Parlamentares em Exercício no País é um projeto da Transparência Brasil, entidade que tem como principal objetivo combater a corrupção no país. O portal do Excelências (www.excelencias.org.br) disponibiliza informações sobre todos os parlamentares em exercício nas casas legislativas das esferas federal e estadual, e também apresenta dados das câmaras municipais das capitais brasileiras, totalizando 2368 políticos. O portal trabalha com dados extraídos de várias fontes públicas, como os sites das casas parlamentares e de outros projetos da Transparência Brasil.

No site, você pode ver, por exemplo, que o orçamento anual da Assembleia Legislativa do Espírito Santo é de mais de 140 milhões de reais por ano e que cerca de 50% dos deputados estaduais em exercício no estado já foram citados na Justiça e no Tribunal de Contas.

cidadaniao cidadão exerça bem seu papel como eleitor é escolher com cuidado seus candidatos. Conhecer o histórico deles e conferir quais têm as melhores propostas para saúde, educação, segurança e todos os outros assuntos que fazem parte do nosso dia-a-dia é muito importante!

Mas... e depois?Passaram as eleições, cada cidadão votou nos candidatos que mais lhe interessavam, um novo ano começou e os políticos eleitos tomaram posse de seus cargos. Mas isso não quer dizer que nossa participação no processo democrático acabou. Conforme Victor Guimarães, a participação política pós-eleitoral é tão importante quanto o momento das eleições, e pode ajudar, inclusive, a potencializar o valor dos nossos votos. Segundo ele, “durante as campanhas eleitorais, muita coisa é prometida, muitas coligações são feitas, mas é no dia-a-dia do trabalho dos parlamentares e governantes que as decisões são tomadas e o dinheiro é investido em políticas públicas. Nesse sentido, acompanhar e fiscalizar o trabalho dos nossos representantes é fundamental para que as demandas sociais sejam ouvidas e para que a gente possa saber se os políticos estão exercendo suas respectivas funções com competência”.

Acompanhar o trabalho dos nossos representantes pode não ser a coisa mais fácil do mundo, mas também está longe de ser a mais difícil. Pequenas ações, como acompanhar o noticiário para saber o cotidiano da política no Brasil, já são uma forma de participar. Fazer parte de grupos e movimentos sociais que têm atuação próxima aos parlamentares, também. Outra maneira de participar é levar aos vereadores de sua cidade reivindicações do seu bairro e da sua comunidade.

Já existem no Brasil vários mecanismos que ajudam a aproximar os cidadãos do poder público. O Congresso Nacional e as Assembleias Legislativas de todo o país já têm sites, e a maioria das Câmaras Municipais também. Dessa maneira, é possível saber os projetos que estão em tramitação, para onde está indo o dinheiro dos nossos impostos e quais disputas políticas acontecem no cotidiano parlamentar. Há ainda outros portais, não institucionais, que trazem informações bem relevantes. É o caso do portal Vote na Web, onde estão listados todos os projetos propostos pelos deputados e senadores do Congresso Nacional, e do projeto Excelências, da organização Transparência Brasil, que contém um extenso banco de dados sobre os parlamentares brasileiros.

Essas são apenas algumas dicas de como a participação popular pode ser feita. Existem vários outros canais de participação, e cabe a cada um decidir como quer contribuir para que os votos de todos nós possam valer ainda mais. 7

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Time da CidadaniaO Educação em Campo é um projeto que visa promover a cidadania junto aos jovens de Cariacica por meio do futebol. Idealizado pela Vale e pela AERT (Associação Esportiva e Recreativa de Tubarão), junto com as comunidades de Flexal I, Flexal II e Nova Canaã, o projeto é realizado desde maio e vem conquistando muitas crianças e adolescentes que desejam praticar o esporte.

Para o educador Milson Garcia, “o esporte é um trampolim para se falar em educação”. Ele acredita que, com o esporte, é possível formar meninos e meninas cada vez mais conscientes do que é viver em comunidade, exercitando a tolerância e o respeito; e que a prática esportiva é um meio para inserir crianças e adolescente nas questões sociais de suas localidades.

Mesmo sendo uma iniciativa recente, já se notam resultados positivos na vida desses meninos e meninas. Francine da Costa Rocha participa das atividades do projeto duas vezes por semana e vê no Educação em Campo um espaço para cultivar boas amizades, além de ser uma oportunidade para a prática do futebol, sua paixão. Jhefferson Filho, também participante, atenta para o fato de que a iniciativa ajuda os jovens a buscarem perspectivas de desenvolvimento pessoal e social, a acreditarem e investirem em seu potencial, evitando “ciladas” como as drogas, realidade presente em muitas comunidades. “O projeto me influencia para buscar coisas boas e a não entrar em ‘furadas’; e eu influencio também meus primos e meus amigos. Além disso, acabo por aproximá-los do projeto”.

O Educação em Campo trabalha também com questões relacionadas à saúde dos participantes. É realizado todo um acompanhamento médico, que vai desde a medição de peso dos alunos até visitas de nutricionistas, com palestras sobre saúde alimentar, o que colabora para hábitos mais saudáveis.

COMO PARTICIPAR- Ter entre 9 e 15 anos.

- Não estar em nenhum outro projeto social.

- Residir em Flexal I, Flexal II ou Nova Canaã.

- Estar devidamente matriculado e frequente em alguma escola, que será a intermediária no processo de inscrição do estudante no projeto.

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Participantes do projeto

Educação em Campo

nossa comunidadeFOTO: LORRAINE LOPES

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Bom de Bola 10 na EscolaCriado em 2008 pelo Idesbre, Instituto de Desenvolvimento Sócio Econômico dos Trabalhadores de Baixa Renda, o projeto “Bom de Bola 10 na Escola” é uma importante iniciativa da nossa comunidade. Atuando nos bairros de Flexal I e II, Nova Canaã, Modelo e Santa Rosa, atende anualmente, de forma gratuita, cerca de 150 jovens, entre sete e dezessete anos, de ambos os sexos, oferecendo espaço para o desenvolvimento da cidadania.

O projeto parte de uma visão do esporte como uma atividade socioeducativa e cultural. Segundo Cláudio Mendonça, do Idesbre, “o objetivo é mobilizar a comunidade para que conheça seus direitos e deveres, criando assim um sentimento de pertencimento, com foco nas crianças e adolescentes”. Para alcançar esses objetivos, o primeiro ponto importante do projeto é sua ligação com a escola. Para participar, os jovens devem estar regularmente matriculados em escolas públicas ou particulares, ou se comprometer a retomar os estudos – no caso daqueles que abandonaram a escola.

As ações do projeto se estendem também além das quatro linhas. Há uma assistente social, Solange Le Paus, cuja função é acompanhar os jovens e suas famílias, com o objetivo de apoiá-los na busca por melhorias em sua vida. “Aqui eu não sou somente uma assistente social, sou uma amiga, parceira mesmo. É preciso trabalhar a autoestima desses meninos e criar oportunidades para eles”, conta Solange.

O “Bom de Bola” promove também a formação humana dos jovens e seus familiares através de eventos e campanhas de conscientização socioambiental. Outra preocupação é com a inclusão digital. Quem participa do “Bom de Bola” tem acesso também ao projeto “Cidadão.com”, que oferece aos jovens e seus familiares cursos básicos de informática.

nossa comunidade

COMO PARTICIPAR- Idade entre 07 e 17 anos.

- Ambos os sexos.

- Estar matriculado em escolas públicas ou particulares, ou se comprometer a retomar os estudos – no caso daqueles que abandonaram a escola.

- Residir em Flexal I e II, Nova Canaã, Modelo ou Santa Rosa.

- Informações estão disponíveis no Idesbre, pelo telefone (27) 3223 7450 ou no site www.idesbre.org.br.

Participantes do projeto

Bom de Bola 10 na Escola

FOTOS: LORRAINE LOPES

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Fale um pouco sobre seu percurso na área de educação.Atuar como educadora é a minha vocação. Tudo o que já fiz e faço está relacionado a essa área. E eu escolhi estar na ponta, com os adolescentes e jovens. Não quero um trabalho burocrático, quero estar junto com eles. Fui catequista por muitos anos, criei uma escola de futebol que funcionou por dez anos, trabalho na Escola Estadual Ana Lopes há mais de duas décadas... Todas essas atividades me trouxeram batalhas muito sofridas, mas também conquistas muito prazerosas. O meu prazer é a amizade sólida que tenho com vários de meus educandos e seus familiares, é ouvir de algum deles que aprendeu algo bacana comigo.

Como surgiu o Flex Dance?Eu coordeno o Escola Aberta (programa do governo federal que é promovido na Ana Lopes) há oito anos. No Programa, temos oferecido várias oficinas, mas a que sempre atrai mais público é a de dança.

E eu fui percebendo o potencial que a dança tinha em termos de sensibilizar e mobilizar o jovem, de melhorar a sua autoestima, de despertar nele a vontade de realizar alguma coisa para a comunidade. A oficina de dança foi crescendo e extrapolou os limites do Programa. E resolvemos buscar voos mais altos e adquirir nossa liberdade. Foi assim que nasceu o Projeto Artístico, Cultural e Social (PARCS) Flex Dance, que fundamos em 25 de setembro de 2010.

Por favor, explique como o grupo trabalha.O grupo tem cerca de 15 integrantes e nos reunimos no mínimo uma vez por semana. As reuniões são aqui em casa, mesmo, na minha garagem. Coloquei espelhos na parede, preparei o espaço para recebê-los... Então, essa garagem se tornou a nossa sede.

As coreografias são criadas pelos próprios integrantes do grupo. O meu papel é de coordenar e apoiar. Para incrementar o trabalho artístico da turma, a gente muitas vezes conta com o apoio de grupos e artistas parceiros, que sempre convidamos a somar forças conosco.

O trabalho com a dança é combinado com muito bate-papo, com encontros em que discutimos questões sobre a vida deles. Todos sabem que, para a participação, há normas e regras e que é preciso que a pessoa esteja disposta a investir nela mesma e em nossa comunidade. É preciso muita coragem, compromisso e dedicação.

Por fim, gostaríamos de saber quais são os seus sonhos em relação ao Flex Dance.Uma palavra resume o meu sonho: respeito. Respeito, nada mais do que isso. Temos uma grande batalha pela superação do preconceito. Boa parte dos integrantes do grupo é homossexual e, antes do Flex Dance, eles eram muito discriminados. Aos poucos, eles passaram a ser vistos com outros olhos. Hoje, começam a ganhar respeito e reconhecimento em função de seu trabalho artístico. Mas isso só começou. Eu quero muito mais e eles merecem muito mais! Tendo respeito, eu tenho certeza que o resto eles conquistam.

histórias de vidaArte pela CidadaniaConheça a história de Glorinha, que há 30 anos é parceira da juventude em projetos que buscam promover a qualidade de vida

Na nossa primeira edição, quem nos conta a sua história de vida é Maria da Glória Silva, a Glorinha, fundadora e coordenadora do Grupo Flex Dance e coordenadora da Escola Estadual Ana Lopes. Glorinha é psicopedagoga e por toda a vida tem participado da luta pelo desenvolvimento educacional e artístico da comunidade de Flexal.

Glorinha com os alunos da Escola Aberta (foto 1) e

com o Flex Dance (foto 2): amizade sólida

ACERVO PESSOAL – MARIA DA GLÓRIA SILVA

FOTO 1

FOTO 2

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Flex DanceA dança mudando vidas em Flexal

O “Projeto Artístico, Cultura e Social Flex Dance” busca, através da dança, desenvolver os talentos juvenis de Flexal e mostrar outro lado do bairro para a sociedade. “A iniciativa colabora para abrir o horizonte artístico e cultural da comunidade e para mudar percepções negativas que pessoas de fora possam ter do bairro”, comenta Victor Dias, um dos integrantes do Flex Dance. “Muitas pessoas de fora veem Flexal como um lugar perigoso e violento, mas Flexal não é só isso e com o grupo, tentamos mudar essa opinião. Em Flexal tem muitas coisas boas, muitos talentos”, complementa Kelly Cristina, também integrante do grupo.

A proposta é, ainda, não ser apenas um projeto de dança, mas sim uma iniciativa social e de formação humana. O grupo busca promover o desenvolvimento integral dos jovens e ampliar os horizontes da juventude no que diz respeito às suas oportunidades educativas e a diversas outras dimensões: a afetividade, a relação com a família e a comunidade, a criatividade, a crítica, a sensibilidade. A dança é o recurso utilizado para despertar e motivar os jovens para processos de reflexão em relação a suas vidas, suas relações e suas ações. “A partir da hora que entramos no Flex Dance, somos outras pessoas. Refletimos sobre nossos comportamentos em casa e na rua, aprendemos a conviver e lidar melhor com as pessoas e o mesmo acontece ao contrário, as pessoas aprendem a nos respeitar e a respeitar a diferença”, diz Kelly Cristina.

Os jovens que integram o grupo têm que estar comprometidos com o desempenho escolar e atuam em diversas frentes, como na organização do Natal sem Fome e de coletas de alimentos para famílias desabrigadas pelas chuvas. “Não somos apenas um grupo de dança. Desenvolvemos, por exemplo, diversas ações na intenção de ajudar pessoas que precisam de algum tipo de amparo”, explica Victor Dias. “O surgimento do Flex Dance ajudou muito a diminuir o preconceito na comunidade, principalmente em relação aos homossexuais”, completa William Santos, integrante do projeto.

O Flex Dance busca também participar e apoiar outras iniciativas que acontecem na comunidade, como a I Conferência Municipal de Emprego e Trabalho Decente de Cariacica (2011) e o projeto Rede Juventude de Atitude. Além disso, em sua busca de uma mudança no reconhecimento social de Flexal, o grupo realiza apresentações em diversas cidades, como Serra, Vitória, Vila Velha, Piúma e Belo Horizonte.

Em 2011, o grupo foi convidado a participar do Festival Globo Minas de Quadrilhas e, no evento, recebeu um troféu em reconhecimento ao trabalho realizado. O Flex Dance também possui passistas de destaque na Escola de Samba Independente de Boa Vista, campeã do carnaval capixaba em 2012. Em função dessa atuação, os passistas foram convidados a participar do desfile de duas escolas de samba do Rio de Janeiro, em 2013.

O carro-chefe do grupo é a coreografia do Hino do Espírito Santo, que tem dado grande destaque ao projeto. “Somos um grupo que não apenas escuta uma música e cria uma coreografia. Representamos a nossa comunidade para além das fronteiras que possam existir”, comenta Kelly Cristina.

Grupo Flex Dance em suas apresentações e na I Conferência

Municipal de Emprego e Trabalho Decente de Cariacica

nossa comunidadeACERVO FLEX DANCE

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fique ligado

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Associação dos Moradores de Flexal I e Nova Canaã

Comitê de Juventude de FlexalGarantir os direitos e gerar oportunidades de educação, cultura, lazer e cidadania para a juventude. É com esse objetivo que estão surgindo, em inúmeras comunidades e em âmbito nacional, grupos, movimentos e fóruns de discussão sobre as políticas públicas de juventude.

Em Flexal, esse movimento também está ganhando vida. Prefeitura e comunidade estão criando o primeiro Comitê de Juventude de Flexal, um espaço de debate e formação política e cidadã, que também irá articular atividades como oficinas artísticas.

Contato: Gerência de Direitos Humanos (Prefeitura de Cariacica): (27) 3226-2336.

Comunidade e ValeO desenvolvimento sustentável de nossa comunidade é uma causa que deve, cada vez mais, integrar moradores, poder público e empresas. A aproximação e o diálogo entre os diversos setores são essenciais para unir esforços e garantir melhorias. Pensando nisso, a Vale tem realizado diversas atividades culturais e educativas junto aos moradores de Flexal.

Além de ser parceira da Rede Juventude de Atitude, a empresa vem promovendo dezenas de encontros envolvendo seus empregados e grupos variados, como os alunos da Escola Estadual Ana Lopes, integrantes da Associação dos Moradores de Flexal I e Nova Canaã, o PARCS Flex Dance e o Projeto Bom de Bola 10 na Escola. São realizadas palestras, bate papos e campanhas sobre meio ambiente, segurança, qualidade de vida e memória. As atividades vêm acontecendo no Museu Vale (foto 1), no Parque Botânico Vale (foto 2), na locomotiva da Estação Porto Velho e no Complexo de Tubarão.

Os interessados em participar desse tipo de atividade podem entrar em contato com os setores de agendamento de visitas do Complexo de Tubarão (telefone: 27-3333-3613), do Parque Botânico Vale (telefone: 27-3333-6200) e do Museu Vale (telefone: 27-3226-2343).

Trabalho e Emprego DecenteSegundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), trabalho decente é aquele “adequadamente remunerado, exercido em condições de liberdade, equidade e segurança, capaz de garantir uma vida digna”. Em todo o país, a sociedade está se organizando para buscar políticas públicas que ampliem o acesso da população a esse tipo de trabalho – condição fundamental à cidadania.

Os jovens de Flexal estão participando ativamente desta mobilização. Em setembro do ano passado, o PARCS Flex Dance participou da I Conferência Municipal de Trabalho e Emprego Decente de Cariacica (foto 3). A participação foi tão intensa que um dos integrantes do grupo, Felipe Bessa, foi escolhido como um dos delegados do Espírito Santo para a Conferência Nacional de Emprego e Trabalho Decente – CNETD, coordenada pelo Ministério do Trabalho e Emprego.

Acompanhe esse debate! http://portal.mte.gov.br/antd/

ServiçosAgência do Trabalhador de Cariacica (oportunidades de qualificação profissional e divulgação de vagas de emprego). Telefone: (27) 3349-6374.

Gerência Municipal dos Direitos da Mulher (oficinas de gênero e prevenção da violência doméstica, ações de combate à violência contra a mulher). Telefone: (27) 3226-5488.