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Comunicação e Cultura do Ouvir1
José Eugenio de O. Menezes2
Aprender a compreender os processos de comunicação na contemporaneidade é um desafio que
supõe dinâmicas de investigação, busca de raízes, espaços de vinculação, bem como tempos para
ouvir ou orquestrar experiências, objetos de pesquisa e perspectivas emergentes. A vinculação de
pessoas e objetos de estudo, como veremos em seguida, possibilita a progressiva articulação dos
Grupos de Pesquisa ao redor de algumas opções do tecido de práticas e perspectivas teóricas em
Comunicação.
O crescimento do número de pesquisadores do Programa de Pós-graduação em Comunicação da
Faculdade Cásper Líbero3 interessados em compreender a importância do ouvir e dos meios sonoros
no contexto das mudanças culturais presentes nas práticas de Comunicação na Contemporaneidade,
permitiu a articulação do Grupo de Pesquisa Comunicação e Cultura do Ouvir.
A denominação do grupo, sua ementa e palavras-chave são passíveis de ajustes que ocorrerão no
desenvolvimento das pesquisas em andamento.
Ementa: A comunicação como sistema de vinculação social que possibilita a organização da cultura como macro-sistema comunicativo. Os meios sonoros, tradicionais ou em rede, como ambientes de vinculação e participação. A cultura do ouvir, a construção de paisagens sonoras e as narrativas da contemporaneidade. Dimensões simbólicas, informativas e lúdicas dos produtos mediáticos. As narrativas jornalísticas. Palavras-chave: comunicação, cultura do ouvir, meios
1 A rede de conceitos e práticas da Cultura do Ouvir orquestradas neste trabalho pretende contribuir para as investigações do Grupo de Pesquisa “Comunicação e Cultura do Ouvir”, do Programa de Mestrado em Comunicação da Faculdade Cásper Líbero, grupo este liderado pelo autor do presente texto. No início de agosto de 2008 o grupo é constituído por: Eliane Calixto Paiva Dancur, José Eugenio de Oliveira Menezes, Luiz Fernando Camara Vitral, Pedro Serico Vaz Filho, Marcelo Cardoso, Osorio Antonio Candido da Silva, Rodrigo Fonseca Fernandes, Roseli Trevisan Campos e Sérgio Pinheiro da Silva.2 Doutor em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo. Coordenador de Pesquisa do CIP –Centro Interdisciplinar de Pesquisa e docente da graduação e pós-graduação da Faculdade Cásper Líbero. 3 O Programa de Pós-graduação em Comunicação da Cásper Líbero, reconhecido pela Capes em junho de 2006, tem a “Comunicação na Contemporaneidade” como área de concentração. Suas duas Linhas de Pesquisa são: Linha A – Processos Midiáticos: tecnologia e mercado e Linha B – Produtos Midiáticos: jornalismo e entretenimento. No contexto da Linha de Pesquisa B, por dois anos funcionou o Grupo de Pesquisa Comunicação, Identidade e Recepção que, a partir de junho de 2008, permitiu a criação de três grupos com diferentes denominações e concentração de pesquisadores com temas afins: 1. Cultura das Mídias e Mediações Culturais, 2. Comunicação, Jornalismo e Epistemologia da Compreensão e 3. Comunicação e Cultura do Ouvir.
sonoros, teoria da comunicação, escalada da abstração, narrativa e jornalismo.
Comunicação e Cultura
Os laços entre campos que historicamente se aproximam e se interpenetram, como num movimento
de contínua retroalimentação, demarcam o que chamamos de Cultura e o que denominamos
Comunicação. Na medida em que estudamos objetos concretos como, por exemplo, o meio rádio
por ondas eletromagnéticas ou redes digitais, observamos a importância da teia de vínculos na qual
estamos envolvidos quando falamos de processos comunicativos. Conforme observamos em Rádio
e Cidade: Vínculos Sonoros, o rádio tem a capacidade de vincular os corpos e, em conjunto com
outros meios, possibilitar a sincronização da vida em sociedade (Menezes, 2007: 19). As
experiências de vinculação presentes na comunicação face a face4, na comunicação onde um dos
atores utiliza equipamentos de amplificação do corpo, como nos meios impressos, e na
comunicação mediada5 por equipamentos eletrônicos utilizados pelos protagonistas envolvidos,
mostram que Comunicação e Cultura são termos que indicam posturas de compreensão do mesmo
fato que permite a vida em sociedades: os processos de vinculação.
Assim, ao pensarmos a comunicação como sistema de vinculação social que possibilita a
organização da cultura como macro-sistema comunicativo, colocamos em diálogo diferentes
investigações sobre os meios. Com a leitura dos trabalhos de Harry Pross, jornalista e radialista, e
Dietmar Kamper (1936-2001), pesquisador de antropologia histórica e sociologia do corpo, ambos
ex-professores da Universidade Livre de Berlim, aprendemos que no momento em que as
tecnologias de imagens e sons tudo querem mostrar e esclarecer, obrigando os corpos a se
adequarem aos ritmos das máquinas, compreendemos que toda pesquisa sobre comunicação começa
4 Para a compreensão da classificação dos meios proposta por Harry Pross em sua obra Medienforschung (Investigação dos Meios), publicada em 1972, podem ser consultados os trabalhos de Baitello (2005: 69 – 79) e Menezes (2007: 21-43). Harry Pross pode ser considerado o inspirador de uma Teoria Integrada dos Meios, conforme relata a página do Grupo de Pesquisa Centro Interdisciplinar de Semiótica da Cultura e da Mídia – CISC no Diretório dos Grupos de Pesquisa no Brasil. Disponível: < www.cnpq.br >. Acesso em: 11 set. 2008.5 Encontramos em A dromocracia cibercultural. Lógica da vida humana na civilização mediática avançada, de Eugênio Trivinho uma nota que explica a opção pelos termos “mediático” e “mediatizado”. “A utilização, na presente obra, do termo media (medium, no singular) e de seus derivados mediático (a) e mediatizado (a), atende ao imperativo – incondicional e a priori – de consideração à herança latina de nossa língua. O procedimento, que não cumpre senão princípios básicos de política teórica e epistemológica, tem a vantagem lógica e estratégica de evitar dois enganos: um, histórico-cultural - já socialmente consagrado no Brasil -, o de fixar em português, o termo media por influência direta da prosódia da língua inglesa (“mídia”); outro, etimológico-gramatical, o de converter para o singular o que em latim já era plural” (Trivinho, 2008: 19).
com o estudo dos corpos em vinculação. O corpo, com todos os seus sentidos, permite a
apropriação do espaço e do tempo de vida pessoal, o compartilhamento do espaço e do tempo com
os outros e, na medida em que crescem os vínculos materiais ou simbólicos, na medida em que se
complexifica a comunicação, a apropriação do espaço e do tempo de vida dos outros (Baitello,
2005:69 e Menezes, 2006:74).
Pelo fato de toda comunicação implicar vinculação entre corpos, face a face ou mediada por redes
de equipamentos, consideramos, com Harry Pross, que toda comunicação sempre começa e retorna
aos corpos (Pross apud Baitello, 2005: 71). Como compreendemos que, no entrelaçamento de
comunicação e cultura, os corpos estão antes e depois dos equipamentos, interessam-nos: a
instância corpo como fundante de todos processos de vinculação, a complementaridade entre os
meios e a referência de todos os meios ao corpo.
Como já analisamos no texto As formas de percepção e as mudanças culturais (Menezes, 1999), em
1936, quando escreveu o texto A obra de arte na era da reprodutibilidade técnica, Walter
Benjamin, já observava que “o tipo e o modo de organização da percepção sensorial humana – o
meio em que ela se dá – é determinado não apenas natural, mas também historicamente” (Benjamin,
1994). Na mesma linha, algumas décadas depois, também Marshall McLuhan analisou, em
Understanding Media (1964), as mudanças culturais que ocorrem na medida em que se
transformam os meios, por ele considerados extensões do homem. Nesta perspectiva de
investigação, nas últimas décadas do século XX, encontramos os trabalhos do filósofo tcheco Vilém
Flusser (1920-1991) que propôs o conceito de escalada da abstração para explicar a história dos
meios de comunicação.
Flusser mapeou o crescimento da abstração na medida em que experimentamos a comunicação
tridimensional (com o corpo), a comunicação bidimensional (as imagens), a comunicação
unidimensional (o traço e a linha da escrita) e a comunicação nulodimensional (o número, os
algoritmos das imagens técnicas) (Menezes, 2005: 9). Ao descrever este cenário das transformações
que experimentamos, não pretendeu catalogar todos os processos comunicativos, mas indicar o que
ganhamos e o que perdemos no trânsito entre os diferentes processos. Vivendo nos entremeios da
comunicação tridimensional, bidimensional, unidimensional e nulodimensional, observamos que
não se trata apenas de denunciarmos os riscos de incomunicação presentes nas mediações
eletrônicas, mas observarmos que comunicação e incomunicação estão presentes tanto na
comunicação direta entre os corpos como na comunicação mediada por aparatos. Não se trata de
sonharmos com uma volta a uma comunicação predominantemente tridimensional, mas de
transitarmos entre processos de vinculação ora mais próximos do corpo e ora mais próximos das
mediações nulodimensionais (Menezes, 2006: 74).
Entre as ciências da cultura que podem subsidiar nossa reflexão, destacamos as propostas do tcheco
Ivan Bystrina e as perspectivas do chamado Colégio Invisível ou Escola de Palo Alto. Com Bystrina
(1995) aprendemos a distinguir e relacionar o mundo da natureza ou “primeira realidade” e o
mundo dos símbolos, que ele denomina “segunda realidade”. O homem não vive apenas num
mundo biológico ou no mundo das interações sociais proporcionadas pela linguagem, mas
especialmente num universo simbólico permeado de crenças, narrativas, histórias, religiões,
ciências e artes. Vive em um universo de textos imaginativos que ultrapassam a mera finalidade de
preservar a sobrevivência material e se propõem a superar o medo existencial. Essa perspectiva
simbólica pode ajudar na compreensão dos objetos dos pesquisadores do Grupo de Pesquisa
Comunicação e Cultura do Ouvir.
Os pesquisadores americanos que deram origem ao chamado Colégio Invisível ou Escola de Palo
Alto, destacaram que cada indivíduo participa da comunicação, mais do que é sua origem ou ponto
de chegada. Questionaram o modelo linear ou telegráfico que marcava os estudos da Teoria
Matemática da Informação elaborada por Claude Shannon e propuseram, ainda ao redor de 1950, o
que hoje denominamos um modelo orquestral de comunicação, que traduz o primeiro sentido do
termo tanto em latim (communicare, communis) como em inglês ou francês: por em comum,
participação e comunhão. Aos pesquisadores de formação antropológica, como Gregory Bateson,
Erving Goffman, Edward T. Haal e Ray Birdwhistell, como também a psiquiatras como Paul
Watzlawick, devemos o despertar para uma leitura comunicacional do mundo social e um método
etnográfico de análise dos fenômenos.
Eles nos ensinam a considerar o que chamam de princípio goffmaniano: “(...) a ordem interacional é
também uma das modalidades da ordem social. Trabalhar sobre as interações é in fine trabalhar
sobre a sociedade inteira” (Winkin, 1998: 144). Por método etnográfico os autores da Escola de
Palo Alto entendem o “descer a campo” para observar fenômenos comunicativos em lugares
concretos como bares, restaurantes, estações, piscinas e, acrescentamos, telecentros e lan houses. A
metodologia de uma Antropologia da Comunicação considera que o universal está “bem no coração
do particular” e supõe o desenvolvimento de três competências por parte de um pesquisador:
aprender a ver, aprender a estar com e aprender a anotar as observações para posterior compreensão
(Winkin, 1999: 132).
Na apresentação de A Nova Comunicação. Da teoria ao trabalho de campo, de Yves Winkin
(1998), obra introdutória à história e aos paradigmas da Escola de Palo Alto publicada no Brasil, o
antropólogo e comunicólogo Etienne Samain enfatiza que “comunicação e antropologia dão-se
muito bem e comunicam-se muito mal”. Lembra que essas ciências humanas se imaginam mais do
que se conhecem, narcisam-se mais do que se exploram mutuamente. Nessa linha, mostra que
pensar antropologicamente a comunicação significa praticá-la, isto é, “investigar etnograficamente
os comportamentos, as situações, os objetos que, numa comunidade dada, são percebidos como
portadores de um valor comunicativo” (Samain in Winkin, 1998: 9 e 11). Entendemos que alguns
conceitos e especialmente a prática etnográfica da Escola de Palo Alto contribuirão para a
compreensão dos objetos de pesquisa do que chamamos Comunicação na Contemporaneidade.
Meios Sonoros: ambientes de vinculação
Quando pensamos em meios sonoros no contexto da convergência das mídias, nas misturas entre
ambientes tradicionais como rádio e televisão com os ambientes digitais, entramos diretamente em
contato com duas noções que deverão ser investigadas: a circularidade e a interação em contexto de
ecossistemas de comunicação. Ou ainda, conforme as palavras de Lucien Sfez para se referir às
pesquisas de Gregory Bateson ou de Paul Watzlawick, acima citados:
Posta desse modo, a noção de circularidade leva à de interação
generalizada do observado e do observador. A interação se torna, ela
mesma, sistema. Todos os temas habituais do sistemismo em sua
metáfora orgânica são aqui retomados: subsistemas, meios,
comunicações verticais e horizontais entre os elementos, totalidade, não-
somatividade, eclusão de relações unilaterais entre os elementos,
retroação, eqüifinalidade, homeostasia etc. (Sfez, 2007: 73).
Os meios sonoros propiciam ambientes de vinculação através dos quais homens e mulheres podem
experimentar diversas paisagens sonoras. Ouvir com o corpo inteiro e não apenas através de um
simples fone de ouvido, como enfatiza o engenheiro acústico Sami Douek, é uma experiência que
permite o resgate do corpo com toda sua sensorialidade6.
O estudo dos ambientes de vinculação sonora serão ampliados no diálogo com o conceito de
paisagem sonora proposto pelo músico e radiomaker canadense R. Murray Schafer: “Paisagem
sonora – o ambiente sonoro. Tecnicamente, qualquer porção do ambiente sonoro vista como um
campo de estudos. O termo pode referir-se a ambientes reais ou a construções abstratas, como
composições musicais e montagens de fitas, em particular quando consideradas como um ambiente”
(2001: 366).
Narrativas da contemporaneidade
Quando observamos a história dos meios sonoros necessariamente retomamos a importância da
narrativa lembrando que, por exemplo, a dimensão ressonadora do rádio está carregada dos ecos
ressoantes das trombetas tribais e dos tambores antigos (McLuhan, 1974: 337). Assim, nas
reportagens veiculadas em meios sonoros, tanto no rádio como na rede mundial de computadores,
encontramos contadores de histórias que, captando a diversidade sonora dos ambientes, levam os
ouvintes ou internautas a saborear a jornada dos protagonistas da comunicação na
contemporaneidade. Narrar não é apenas o talento de alguns, mas uma necessidade vital, ou
precisamente nas palavras de Cremilda Medina: “O que se diz da realidade constitui outra realidade,
a simbólica. Sem essa produção cultural – a narrativa – o humano ser não se expressa, não se afirma
perante a desorganização e a inviabilidade da vida (Medina, 2003: 47).
Já na narrativa grega encontramos exemplos que nos fazem pensar. Amarrado ao mastro da
embarcação e ciente que seus marujos estavam com os ouvidos tampados com cera, Ulisses não se
deixou seduzir pelos sons encantadores das sereias. Orfeu, por sua vez, através do canto e da cítara,
amansou as criaturas representadas como pássaros ou peixes com cabeça de mulher e seguiu sua
viagem (Menezes, 2007). Esses cenários mitológicos misturam-se com paisagens sonoras mais
recentes onde as sirenes das fábricas anunciam a hora do início e do fim do período de trabalho,
onde figuras femininas inebriam, encantam e seduzem.
6 Sami Douek, na palestra musical “Rever Flusser – O gesto de ouvir”, realizada no Centro da Cultura Judaica (São Paulo, 15 de setembro de 2008), apresentou um equipamento com oito válvulas para comparar tecnologias analógicas e digitais no armazenamento dos sons. No mesmo evento, Norval Baitello mostrou como Flusser, no texto El gesto de oír música, enfatiza a importância de se resgatar a sensorialiade do corpo.
A importância das narrativas se faz presente nas experiências de grandes reportagens das jornalistas
Vera Lúcia Fiordoliva (Estado de São Paulo de ponta a ponta, 1999), Filomena Salemme (Um
retrato da fome no Brasil, 2002) e Rosely Forganes (Vozes do Timor, 2000) veiculadas pela Rádio
Eldorado7. Estes exemplos de narrativas radiofônicas revelam a necessidade de contar histórias sem
limpar todos os sons que, mais do que atrapalhar a definição da qualidade do áudio, na verdade, o
enriquecem quando captam a riqueza do cenário sonoro (Menezes, 2006: 77). Mostram que quando
um repórter capta a paisagem sonora, opera com sons que exigem ouvidos, mais que olhos
penetrantes como bem mostrou Joachim-Ernest Berendt ao frisar que se o símbolo máximo da
acuidade visual é a águia que escolhe sua presa, o ouvido pode ser considerado como uma concha
que analogicamente remete a receptividade, aconchego e abertura (Berendt, 1997: 178).
Da mesma forma que Walter Benjamin, no texto O Narrador, já mostrava que a narrativa
“mergulha a coisa na vida do narrador para em seguida retirá-la dele” (1994: 205), podemos dizer
que um repórter de rádio que experimenta uma paisagem sonora também coloca toda sua pele no
contexto da narrativa que produz em áudio para transmissão eletromagnética ou disponibilização na
Internet. As perspectivas da narrativa serão ampliadas, por exemplo, a partir dos estudos do
mitólogo Joseph Campbell, como faz a jornalista e pesquisadora Monica Martinez ao mostrar que
“a estrutura narrativa mítica, antes de ser um modelo fechado, é um mapa de direções, de
possibilidades”; permite ver que “não se trata de uma lógica binária, nem de blocos redutores, mas
de formações auto-organizadas que dialogam entre si, remetendo-se uma às outras” (Martinez,
2008: 51).
Cultura do Ouvir
Quando nos referimos a cultura do ouvir8 buscamos as raízes dos processos comunicativos, ou
melhor, buscamos pistas das fases históricas nas quais um ou alguns dos chamados órgãos dos
sentidos foram mais privilegiados nos diversos ambientes culturais. Christoph Wulf, um dos
integrantes do Centro Interdisciplinar para Antropologia Histórica da Universidade Livre de Berlim,
relembra que grande parte do mundo dos sons, tons e rumores que nos circundam está sujeita a
mutações históricas, sociais e geográficas. Os sons do universo rural, por exemplo, são diferentes
dos sons que conhecemos após a revolução industrial, mecânica e eletrônica9.
7 As reportagens de Fiordoliva e a de Salemme foram analisadas em Rádio e Cidade. Vínculos Sonoros (Menezes, 2007).8 As reflexões sobre Cultura do Ouvir foram debatidas no Núcleo de Pesquisa Rádio e Mídia Sonora durante o XXX Congresso da Intercom, realizado em 2007, em Santos, e publicadas na revista Líbero em 2008.
Para compreender a importância do ouvir, Wulf faz uma análise ontogenética enfatizando que já aos
quatro meses e meio o feto têm condições de reagir a estímulos acústicos, que o ouvido se
desenvolve antes da vista e que o ouvir é condição prévia para que se desenvolvam os sentimentos
de segurança e pertencimento. No ambiente sonoro, muito antes das palavras com significados
específicos, um bebê percebe o timbre da voz, o seu tom, a sua articulação, fundamentais na relação
com os interlocutores.
A repetição de determinados sons do ambiente familiar, em formas de ritos sempre renovados, com
os mesmos rumores e os mesmos tons de voz, favorece a ambientação do bebê em uma rede de
sons. Na escuta de si mesmo e na escuta do outro, "o ouvido desenvolve um papel fundamental na
constituição da subjetividade e da sociabilidade" (Wulf, 2002: 463). As repetições lingüísticas
ritualizadas e articuladas em ritmos, bem como as imitações dos sons conhecidos, estimulam a
capacidade mimética. Segundo Wulf, através de variações imitativas o bebê começa a falar e a
compreender; com a possibilidade de se “fazer ouvir, adquire uma nova competência social graças a
qual sua personalidade pode se desenvolver” (2002: 463).
Mostrando as relações entre o olho e o ouvido, Wulf lembra que enquanto o primeiro reduz o
mundo a uma imagem bidimensional, o segundo capta a tridimensionalidade do espaço. Enquanto o
olho, altamente centrado, percebe objetos que se encontram à sua frente, de forma estática, o ouvido
permite o senso de equilíbrio, o sentido de localização no espaço e a percepção da sucessão dos
sons na perspectiva do tempo.
Na cultura grega, segundo Wulf, a passagem da oralidade, do período de Homero10, para a ênfase na
visão e decifração da escritura foi gradualmente percebida quando, na época de Platão, se cumpriu a
gradual passagem do predomínio da vista sobre os outros sentidos. O próprio Platão teria valorizado
de forma ambivalente a importância da visão requerida pela escrita: deu total destaque ao falar e ao
ouvir na dinâmica dialógica do filosofar, mas ao mesmo tempo frisou, na Alegoria da Caverna, a
importância da visão como meio privilegiado de conhecimento. Por outro lado, os mitos de Narciso
e Eco ou de Apolo e Marsia11, podem ser lidos, segundo Wulf, como expressões da tensão entre
ouvir e ver, resolvidas em favor do ver.
9 Uma pesquisa sobre as paisagens sonoras de vários períodos históricos e em diferentes locais do planeta foi dirigida pelo compositor canadense R. Murray Schaffer e está disponível na sua obra The Tuning of the World (1977), traduzida para o português como A Afinação do Mundo (1997). 10 A chamada “questão homérica” também foi objeto de estudo de Walter Ong (1998).11 Marsia, na mitologia grega, era deus do rio Mársias, na Frigia. Tocava flauta, instrumento que a própria deusa Atena, sua inventora, havia desprezado porque disfigurava a face de quem o tocava. Desafiou Apolo, deus da música e da lira, para uma competição e foi vencido por ele.
Ainda de acordo com Wulf, após a difusão da escrita aconteceram profundas mudanças culturais.
“A afirmação de formas de pensamento logocêntrico que se seguiram à difusão da cultura escrita
exigiram processos de abstração que apresentam evidente afinidades como o ver” (2002: 465).
Quando nos referimos à cultura do ouvir advogamos a necessidade de pesquisarmos com maior
profundidade as relações entre a visão e a audição nos processos comunicativos. Se, como já
observamos, por uma perspectiva temos o olho que reduz o mundo a uma imagem bidimensional,
em outra temos o ouvir e a percepção da tridimensionalidade do espaço. Perguntamos: o cultivo do
ouvir pode enriquecer os processos comunicativos hoje muito limitados à visão? O cultivo do ouvir
pode nos ajudar a viver melhor num mundo marcado pela abstração?
A expressão Cultura do Ouvir foi o tema de uma palestra12 proferida por Norval Baitello Junior no
seminário A Arte da Escuta, em 1997, na Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio
do de Janeiro. Na ocasião o autor apresentou caminhos para o diálogo com Joachim-Ernst Berendt 13
e Dietmar Kamper14. Das relações entre o universo do ouvir e o do ver, dialogando com Berendt, o
autor destaca que:
Assim, o ouvir e o ver, operações perceptivas associadas a cada um destes
dois universos, requerem ambos o cuidado e o cultivo dos próprios
limites. O ouvir, mais vinculado ao universo do sentir, da paixão, do
passivo, do receber e do aceitar. O ver, mais associado ao universo da
ação, do fazer, da atividade, do atuar, do agir e do poder... (BAITELLO,
2005: 106).
Analisando o processo de reprodução inflacionária de imagens e a progressiva cegueira
para estas mesmas imagens, dialogando com Kamper, Norval Baitello propõe, como
intertítulo da palestra e do artigo citado, a afirmação: “um novo milênio para o ouvir”.
O que resulta desta incrível combinatória é a redescoberta e o resgate do
mundo do ouvir, a necessidade de uma nova cultura do ouvir. E de uma
outra temporalidade. E de um novo desenvolvimento da percepção
humana para as relações mais profundas, para os nexos profundos, para os
sentidos e para o sentir (2005: 108).
No verbete Fantasia, publicado no Vom Menschen. Handbuch Historische Antropologie,
organizado por Christoph Wulf, o próprio Dietmar Kamper, conforme resgatamos da
tradução italiana (2002: 1037), pergunta: “É possível dissolver a fixação espacial do olho?
Não se devem reforçar as capacidades do ouvido” ? Tratam-se de perguntas que podem ser
cotejadas com a proposta de se substituir a agressividade do olhar pela receptividade do
ouvido feita por Joachim-Ernst Berendt em Nada Brahma (1993).
12 A palestra foi transcrita como Cultura do Ouvir e publicada em Rádio Nova. Constelações da radiofonia contemporânea, Vol. 3, obra organizada por Zaremba, Lílian e Bentes, Ivana (1999). Uma versão atualizada e reescrita está disponível em A Era da Icononofagia. Ensaios de Comunicação e Cultura. Baitello, 2005, p. 98-109.13 O livro Nada Brahma. Die Welt ist Klang (1983), Nada Brahma. O mundo é som, foi publicado no Brasil como Nada Brahma. A música e o universo da consciência (1997).14 O texto “O padecimento dos olhos” (Kamper in CASTRO et al. 1997) é a tradução brasileira de um dos capítulos do livro Bildestörungen. Im Orbit dês Imaginären (KAMPER, 1994).
Como pistas para a continuidade dos estudos sobre a cultura do ouvir ainda podemos citar a
importância da relação eu-tu na perspectiva de Martin Buber, os limites e a insuficiência da
fórmula eu-tu segundo a leitura de Merleau-Ponty e, ainda, o predomínio dos discursos
sobre os diálogos e a solidão no meio das massas, “conseqüência da dificuldade crescente
para entrarmos em comunicação dialógica uns com os outros”, conforme apontado por
Vilém Flusser (1983: 59). Essas questões necessariamente devem ser lidas no contexto dos
desafios contemporâneos das relações entre comunicação, jornalismo, não-violência e
cultura da paz, termos que se contrapõem ao universo das relações entre comunicação15,
exclusão social e guerra16.
Diálogos com outros Grupos de Pesquisa
O conjunto de pesquisadores, objetos de estudo e perspectivas de enfoques do Grupo de Pesquisa
Comunicação e Cultura do Ouvir estão entrelaçados tanto com grupos de pesquisa das duas linhas
de pesquisa do Mestrado da Cásper Líbero, como com grupos de instituições como Intercom e
Compós. Destaca-se inicialmente a inspiração para as relações entre comunicação e cultura
estudadas no âmbito do Centro Interdisciplinar de Semiótica da Cultura e da Mídia, que nasceu na
PUC de São Paulo em 1992 e hoje também reúne pesquisadores que atuam em vários programas de
pós-graduação em comunicação em diferentes universidades.
Linha de Pesquisa Comunicação e Mídia do Centro Interdisciplinar
de Semiótica da Cultura e da Mídia.
Estudo dos veículos de comunicação enquanto sistemas de mediação,
suas raízes histórico-antropológicas, seus usos sócio-político-culturais e
os cenários que se desenham a partir de seus desenvolvimentos mais
15 Podemos também considerar que também o amor, na linguagem do filósofo e poeta Rubem Alves, vive num sutil fio de conversação, balançando-se entre a boca e o ouvido. “O segredo do amor é a androgenia: somos todos, homens e mulheres, masculinos e femininos ao mesmo tempo. É preciso saber ouvir. Acolher. Deixar que o outro entre dentro da gente. Ouvir em silêncio. Sem expulsá-lo por meio de argumentos e contra-razões” (1992: 25).16 No contexto das redes de comunicação e da constante aceleração da velocidade, na obra Velocidade e Política, o arquiteto francês Paul Virilio destaca que: ‘a guerra econômica que assola atualmente a Terra é tão somente a frase lenta da guerra declarada, de um assalto rápido e breve por vir, porque é ela que perpetua, na não-batalha, o poderio militar como poder de classe” (1996: 69).
recentes. Mídia primária, secundária e terciária. Mídia, tecnologia e
sistemas simbólicos. Mídia e sincronização social. Palavras-chave: Mídia
e sincronização social; mídia e sistemas simbólicos; mídia e tecnologia;
mídia primária, secundária e terciária17.
GP – Grupo de Pesquisa Rádio e Mídia Sonora da Intercom
Abrange estudos, dentro de diferentes perspectivas teóricas e
metodológicas, a respeito do meio rádio – em suas manifestações
comercial, estatal e pública, incluindo abordagens educativas e
comunitárias – e de outros meios sonoros, preocupando-se com aspectos
como a teoria, a linguagem, as técnicas, o mercado, a história, a ética, a
arte, a programação, a experimentação, a educação e os conteúdos de
jornalismo, de publicidade e de entretenimento. Compreende, ainda,
pesquisas a respeito da música como manifestação comunicativa, da
fonografia e das diversas formas de utilização do áudio em ambientes
multimídia ou não, trabalhando as questões da sonoridade em sua ampla
gama de manifestações como fenômeno comunicacional18.
GT - Grupo de Trabalho Comunicação e Cultura da COMPÓS.
Arqueologia dos textos da cultura e dos media. Genealogia da cultura a
partir dos meios. Corpo, subjetividade, cultura e comunicação. Meios de
comunicação, sensibilidades, afecções e percepções. As representações
culturais da visualidade, da oralidade, da gestualidade e dos territórios
simbólicos. Ecologia da comunicação: cenários e efeitos culturais das
praticas midiáticas. As questões da imagem e seus desdobramentos:
imaginário cultural e cultura da imagem19.
17 Objetivo da Linha de Pesquisa Comunicação e Mídia, do CISC – Centro Interdisciplinar de Semiótica da Cultura e da Mídia. Disponível em: < www.cisc.org.br >. Acesso em: 15 set. 2008.18 Ementa ainda em elaboração a partir do XXXI Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação (Natal, setembro de 2008), quando a direção da Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação, propôs a alteração da denominação de Núcleo de Pesquisa para Grupo de Pesquisa Rádio e Midia Sonora.19 Ementa do Grupo de Trabalho Comunicação e Cultura da Compós. Disponível em: < www.compos.org.br >. Acesso em: 15 set. 2008.
Desafio epistemológico
Os pesquisadores e pesquisadoras que atuam no âmbito da Comunicação e Cultura do Ouvir, na
medida em que consideram que todo o corpo está aberto ao universo sonoro, na medida em que
frisam sentidos além da cultura da imagem, serão desafiados a contribuir na reflexão sobre uma
epistemologia da comunicação que vá além da questionável matriz logocêntrica do Ocidente. Esse
desafio foi sinteticamente formulado por Etienne Samain, antropólogo que, entre outras histórias
que marcam sua vida, coordenou o Programa de Pós-gradução em Comunicação e Multimeios da
Unicamp:
O verbal escrito instaurou-se como ordem epistemológica e fizemos tanto
da fala como da escrita, as crenças (para não falar em dogmas) e as
alavancas de nossas faculdades de apreensão e intelecção. Não é somente
possível como necessário livrar-se desta epistemologia da comunicação
que ignora, enquada e reduz a indizibilidade e a riqueza polissêmica do
sensorial humano (Samain, 2007: 78).
Na cultura do ouvir, conforme apresentamos no artigo Cultura do Ouvir: os vínculos
sonoros na contemporaneidade (2008), somos desafiados a repotencializar a capacidade de
vibração do corpo diante dos corpos dos outros, ampliar o leque da sensorialidade para
além da visão. Ir além da racionalidade que tudo quer ver, para adentrar numa situação
onde todo o corpo possa ser tocado pelas ondas de outros corpos, pelas palavras que
reverberam, pela canção que excita, pelas vozes que vão além dos lugares comuns e
tautologias mediáticas.
Esperamos que estas anotações sobre a cultura do ouvir também contribuam para
continuidade da investigação e compreensão do que Dietmar Kamper (1997: 136) chamou
de “uma nova época do ouvir”. Investigações que poderão nos ajudar a repensar posturas na
compreensão dos vínculos sociais, das relações pedagógicas e das práticas dos profissionais
da comunicação.
Referências
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ANEXO: Observação
Lista com os nomes dos primeiros integrantes do Grupo de Pesquisa Comunicação e Cultura do Ouvir. Não corrigir os nomes, pois os mesmos conferem com os documentos disponíveis na secretaria da pós. Eugenio, Camara, Osorio, Candido não possuem acentos. Trevisan com n final.Os colegas concordam que seria generoso acrescentar um anexo com os títulos das pesquisas em
andamento, já que todos estão de fato contempladas nas ementas?
Eliane Calixto Paiva Dancur, José Eugenio de Oliveira Menezes, Luiz Fernando Camara Vitral, Pedro Serico
Vaz Filho, Marcelo Cardoso, Osorio Antonio Candido da Silva, Rodrigo Fonseca Fernandes, Roseli Trevisan
Campos e Sérgio Pinheiro da Silva.