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Rede Globo
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Comunicação: Rede Globo,sinônimo de televisão no Brasil?Andréia Martins
Da Novelo Comunicação 12/06/2015 19h11
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Reprodução/Memória Globo
Cid Moreira e Sérgio Chapelin em foto do "Jornal Nacional" na década de 1980
Celular, internet e serviços de streaming são alguns exemplos de novas formas e
plataformas de comunicação e informação surgidas nos últimos anos. No entanto, no
Brasil, a televisão ainda se mantém como o meio mais presente no dia a dia dos
brasileiros.
Aqui, a mídia televisiva é o meio de comunicação que tem maior repercussão e
alcance entre a população. Apesar de recentes dados sobre queda na audiência,
uma pesquisa realizada pela Secom (Secretaria de Comunicação visual da
Presidência da República), em 2010, apontou que 94,2% da população brasileira
utiliza a televisão como fonte principal de informação e entretenimento.
Direto ao ponto: Ficha-resumo
Nesse meio, acompanhamos há décadas a hegemonia de uma emissora em
especial: a Rede Globo, empresa fundada pelo jornalista Roberto Marinho
(1904-2003) e que entrou oficialmente no ar em abril de 1965, há 50 anos.
Atualmente o canal faz parte do maior conglomerado de comunicação da América
Latina e, que segundo a emissora, cobre 99% do território nacional.
Quem nunca ouviu alguém comentar que fará tal coisa após o Jornal Nacional,
comentar sobre o novo comercial que estreou no Fantástico ou ir ao cabelereiro e
escutar as pessoas conversarem sobre a última polêmica que viram na novela das
nove?
Entender a trajetória da Globo é entender um pouco da história da televisão no
Brasil. Ao longo de cinco décadas, sua presença em todo território nacional e sua
programação, jornalística e ficcional passou a influenciar a cultura, política e opinião
pública do país.
Trajetória e cultura de massa
Era Getúlio Vargas. Durante os anos 1930 o rádio foi o mais importante veículo de
integração nacional e o Estado começou a se preocupar com uma gestação de
identidade nacional. No início dos anos 1950, o jornalista Roberto Marinho, então
dono de um jornal e uma rádio, percebeu que a TV surgia como o novo advento de
comunicação de massa e decidiu apostar no setor.
Em 1957, o presidente Juscelino Kubitschek (1902-1976) aprovou a concessão
pública de um canal para a Rede Globo, que seria inaugurado em 1965. Os primeiros
anos foram difíceis para o canal que amargava baixas audiências, mas no final da
década, com as mudanças na programação e produção, o canal começou a ganhar
terreno e a ter receitas com publicidade. Logo ela se tornaria o principal veículo para
os anunciantes.
Identidade e integração nacional
Durante a ditadura militar (1964-1985), a TV superou o poder de comunicação do
rádio e apoiou o regime para evitar problemas políticos. O apoio editorial à ditadura
foi confirmado em um editorial do jornal O Globo em 31 de agosto de 2013, após as
manifestações de junho do mesmo ano. "Já há muitos anos, em discussões
internas, as Organizações Globo reconhecem que, à luz da História, esse apoio foi
um erro", diz o texto.
Enquanto isso, o governo militar expandia seu projeto de integração nacional,
buscando unir o país com megaprojetos como a estrada Transamazônica e a
instalação de um sistema nacional de torres de televisão.
Em 1965, estreia a primeira telenovela da Globo “Ilusões Perdidas”. A partir de 1969,
a emissora começa a transmissão via satélite, um marco tecnológico para a época.
A inovação chega a todo o país e permite que brasileiros assistam programas ao
vivo, como os jogos de futebol.
No mesmo ano estreia o “Jornal Nacional”, que influenciaria a vida política brasileira.
Primeiro, por integrar todo o país sendo o primeiro jornal transmitido para todo o
território nacional. Segundo, com uma ampla audiência, torna-se o principal veículo
de informação da vida política do país.
Quando a programação da Globo passou a ser nacional, muitos brasileiros
começaram a ter referências em comum. O alcance da emissora ajudou a formar a
cultura de massa no Brasil, com a população compartilhando costumes, gostos,
preferências, bordões e comportamentos vistos nos programas e, principalmente,
nas novelas da emissora. De alguma forma, todo o país estava conectado por um
canal, todos os dias, nos mesmos horários.
Inovações
Outra inovação trazida pela emissora, cujo formato foi muito influenciado pela TV
norte-americana, foram os anúncios publicitários. Logo no início, as inserções
comerciais eram feitas ao longo do dia nos intervalos dos programas. Ou seja, o
formato que hoje se vê em todos os canais brasileiros.
A dramaturgia foi outro elemento de destaque na trajetória da Rede Globo. O
brasileiro já escutava novelas pelas rádios e a emissora foi pioneira em transportar o
gênero para a TV. A empresa fortaleceu a indústria criativa do país e também criou o
Projac, maior conjunto de estúdios televisivos das Américas, inaugurado em 1995.
Combinando seu alcance nacional e uma capacidade técnica e tecnológica avançada
e relação às outras redes, a emissora ajudou a construir, através de suas novelas,
uma identidade brasileira que era transmitida dentro e, mais tarde, fora do Brasil,
passando a ditar tendências de comportamento, moda e outros.
Polêmicas
Desde a sua fundação, a Rede Globo tem um longo histórico de protagonismo, mas
também acumula controvérsias na forma como fez negócios e relatou (ou omitiu)
fatos em seus telejornais.
Entre as polêmicas, temos o caso da fundação da emissora, feita em sociedade com
uma empresa norte-americana, a Time-Life, o que era proibido pela Constituição; o
suposto apoio ao regime militar e a influência em eleições presidenciais, como
ocorreu em 1989, na edição jornalística do debate entre os candidatos Fernando
Collor de Mello e Lula, que culminou na vitória do primeiro.
Críticos de comunicação sempre apontaram o excesso de poder que a Globo teria
para influenciar a opinião pública. O jornalista Roberto Marinho chegou a ser
considerado um dos homens mais poderosos do país e era amigo de presidentes,
como Tancredo Neves (1910-1985), que chegou a consultar o empresário para
nomear o ministro das Comunicações. O indicado de Marinho foi Antonio Carlos
Magalhães (1927-2007). Após a morte de Tancredo, José Sarney assumiu o cargo e
manteve a indicação de ACM.
Outra acusação é de que o Grupo Globo apoiava a ditadura militar. O jornal “O
Globo”, por exemplo, chegou a fazer um editorial apoiando o golpe que depôs o
governo do presidente João Goulart. E na época da campanha das Diretas Já, em
1984 e 1985, o canal fez uma cobertura limitada das manifestações no país porque
temia que uma cobertura ampla acirrasse o clima político.
A manipulação da informação para omitir as jornadas das Diretas Já incluía cobrir
um comício em São Paulo (SP) no dia 25 de janeiro de 1984 e apresentá-lo como se
ele fosse parte do aniversário da cidade. Este ano, o canal reconheceu publicamente
esses erros.
Movimentos sociais como o coletivo Intervozes criticam a concentração econômica
em um único canal e consideram a Rede Globo como o símbolo de um monopólio no
setor.
Mais recentemente, a emissora foi citada num caso de sonegação fiscal. O
conglomerado de comunicação é suspeito de ter sonegado o Imposto de Renda ao
usar um paraíso fiscal para comprar os direitos de transmissão da Copa do Mundo
FIFA de 2002. No entanto, o processo desapareceu da Receita Federal. Em 2013
uma funcionária do órgão foi condenada pelo sumiço do documento.
No mesmo ano, a emissora confirmou ter pagado uma multa de R$ 274 milhões à
Receita Federal, em 2006. Em nota, a assessoria da emissora declarou que "todos
os procedimentos de aquisição de direitos de transmissão da Copa do Mundo de
2002 pela TV Globo deram-se de acordo com as legislações aplicáveis, segundo
nosso entendimento. Houve entendimento diferente por parte do Fisco. Este
entendimento é passível de discussão, como permite a lei, mas a empresa acabou
optando pelo pagamento".
O poder da TV
Como meio de comunicação, o teórico Jesús Martín-Barbero escreve que "a
televisão terminou por se constituir ator decisivo das mudanças políticas,
protagonista das novas maneiras de fazer política". Nesse sentido, televisão e poder
se misturam.
Para o filósofo Norberto Bobbio, o poder -- "a capacidade de um sujeito influir,
condicionar e determinar o comportamento de outro individuo"--, é a finalidade última
da política e ele se constrói através do poder econômico, político e ideológico. Este
último é exercido com o uso da palavra e da transmissão de símbolos, ideias e visão
de mundo, ou seja, através dos meios de comunicação e da indústria cultural.
No caso da TV, o papel mais importante que ela cumpre como mídia decorre da
possibilidade de construir a realidade por meio da representação que faz nos seus
telejornais, da própria política e dos políticos, e nos programas de entretenimento e
telenovelas, da realidade e dia a dia do país. Não à toa, esse poder da mídia gerou a
expressão "quarto poder", criada no final do século 19.
No Brasil, embora siga líder de audiência e ainda enfrente protestos contra a sua
programação e o viés jornalístico, a emissora tem pela frente o desafio de se adaptar
a novas tecnologias, como a TV digital, e plataformas de conteúdo, e acima de
disso, se antecipar para repetir o feito no passado: ser a TV do futuro.
DIRETO AO PONTO
Celular, internet e serviços de streaming são alguns exemplos de novas formas e
plataformas de comunicação e informação surgidas nos últimos anos. No entanto, no
Brasil, a televisão ainda se mantém como o meio mais presente no dia a dia dos
brasileiros.
Entender a trajetória da Rede Globo, que completou 50 anos em 2015, é entender
um pouco da história da televisão no Brasil. Ao longo de cinco décadas, sua
presença em todo território nacional e sua programação, jornalística e ficcional
passou a influenciar a cultura, política e opinião pública do país.
Além da inovação na dramaturgia, área em que sempre foi pioneira no Brasil, a
programação nacional a da emissora deu uma sensação de integração nacional ao
país nos anos 1960. Muitos brasileiros começaram a ter referências em comum.
O alcance da emissora ajudou a formar a cultura de massa no Brasil, com a
população compartilhando costumes, gostos, preferências, bordões e
comportamentos vistos nos programas e, principalmente, nas novelas da emissora.
Mesmo com o advento de outras formas e plataformas de comunicação, o poder da
TV continua em alta no Brasil. Após 50 anos, a emissora segue com um alto poder
de influência na opinião pública e inovando para se manter a frente do mercado
televisivo em uma era onde a comunicação se transforma diariamente.
Andréia Martins
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