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Comunicações Individuais Eixo Temático 7 História das Instituições e Práticas Educativas

Comunicações Individuais - UEM · ... a prÁtica educativa da escritora sousense julieta pordeus ... anaise cristina da silva nascimento ... uma abordagem histÓrica da formaÇÃo

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Comunicações Individuais

Eixo Temático 7

História das Instituições e Práticas Educativas

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SUMÁRIO A INFLUÊNCIA DOS IMIGRANTES JAPONESES NAS PRÁTICAS ESCOLARES DAS ESCOLAS PRIMÁRIAS DE PILAR DO SUL (1934 – 1976) ............................................................................................................................................387 ADRIANA APARECIDA ALVES DA SILVA ..............................................................................................................387 A ESCOLA NORMAL LIVRE MUNICIPAL DE SOROCABA(1929-1967)...................................................................387 ADRIANA RICARDO DA MOTA ALMEIDA............................................................................................................387 ORPHELINATO PARAENSE: AMPARO E EDUCAÇÃO DE MENINAS EM BELÉM DO PARÁ (1893-1910) ................388 ADRIENE SUELLEN FERREIRA PIMENTA .............................................................................................................388 MARIA DO PERPÉTUO SOCORRO GOMES DE SOUZA AVELINO ...........................................................................388 ENSINO PRIMÁRIO TIPICAMENTE RURAL NO ESTADO DE SÃO PAULO (1933-1968) .........................................388 AGNES IARA DOMINGOS MORAES ....................................................................................................................388 COLÉGIO PINHEIRENSE: CRIAÇÃO, INSERÇÃO E CONTRIBUIÇÕES AO CONTEXTO SOCIOCULTURAL REGIONAL DE PINHEIRO – MARANHÃO..................................................................................................................................389 ALAIRTON LUIS ARAUJO SOARES.......................................................................................................................389 AS MULHERES PROFESSORAS DE ARTE NA ESCOLA TÉCNICA FEDERAL DO MARANHÃO (1975-1989)...............389 ALEXANDRA NAIMA MACHADO RUDAKOFF ......................................................................................................389 IRAN DE MARIA LEITÃO NUNES.........................................................................................................................389 A EDUCAÇÃO E FÉ EM CAICÓ (1925 - 1941) ......................................................................................................390 ALEXANDRE REMO MIRANDA DE ARAÚJO.........................................................................................................390 EXTRA, EXTRA: AS MEMÓRIAS INFANTIS DO O CLARIM (1945-1965) ...............................................................391 ALICE RIGONI JACQUES.....................................................................................................................................391 ESCOLAS AO AR LIVRE E COLÔNIAS DE FÉRIAS: UM CORRETIVO PARA OS DÉBEIS ESCOLARES.........................391 ALINE MARTINS DE ALMEIDA............................................................................................................................391 ONGS ENQUANTO ESPAÇO NÃO ESCOLAR: UMA CARTOGRAFIA DESTE CENÁRIO NA CIDADE DE JOÃO PESSOA-PB ....................................................................................................................................................................392 ALYSSON ANDRÉ RÉGIS OLIVEIRTA....................................................................................................................392 MARLÚCIA MENEZES DE PAIVA.........................................................................................................................392 O INSTITUTO LAR DE JESUS, SUA HISTÓRIA A PARTIR DAS MEMÓRIAS DE SEUS GRUPOS VIVOS E HISTÓRIA DE VIDA DE UMA DE SUAS FUNDADORAS A PROFESSORA DIOSMA MARTINEZ NUNES........................................392 ANA CRISITINA DOS SANTOS AMARO DA SILVEIRA ............................................................................................392 GÊNERO E EDUCAÇÃO NA PARAÍBA: A PRÁTICA EDUCATIVA DA ESCRITORA SOUSENSE JULIETA PORDEUS GADELHA .........................................................................................................................................................393 ANA PAULA MENDES SILVA...............................................................................................................................393 “A CONCRETIZAÇÃO DE UM GRANDE DESEJO DESTA CIDADE” – A INAUGURAÇÃO DO GYMNÁZIO LEOPOLDO ANAISE CRISTINA DA SILVA NASCIMENTO .........................................................................................................394 INOVAÇÕES PEDAGÓGICAS DE UMA EDUCAÇÃO DO CORPO AO AR LIVRE: A ESCOLA DE APLICAÇÃO AO AR LIVRE DO ESTADO DE SÃO PAULO (1922-1956) ................................................................................................394 ANDRÉ DALBEN ................................................................................................................................................394 O ADVENTO DO PRIMEIRO CÓDIGO MENORISTA BRASILEIRO E O ATENDIMENTO AOS MENORES NO EDUCANDÁRIO NOGUEIRA DE FARIA...............................................................................................................395 ANDRESON CARLOS ELIAS BARBOSA .................................................................................................................395

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Caderno de Resumos - Comunicações Individuais

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MENINAS, EDUCAÇÃO E CASAMENTO NA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DA BAHIA.....................................395 ANGELA CRISTINA SALGADO DE SANTANA........................................................................................................395 ESCOLAS ISOLADAS EM SÃO PAULO (1933-1944): CONSTRUÇÃO DE UMA "IMAGEM" ....................................396 ANGÉLICA PALL ORIANI.....................................................................................................................................396 A ESCOLA SUPERIOR DE AGRICULTURA DE LAVRAS/ESAL E A UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS/UFLA; A TRAJETÓRIA DE UMA TRANSFORMAÇÃO.........................................................................................................396 ANGELO CONSTÂNCIO RODRIGUES................................................................................................................... 396 INSTITUIÇÕES ESCOLARES COMO OBJETO DE PESQUISA: (IN) DEFINIÇÕES, DESAFIOS E POSSIBILIDADES........397 APARECIDA MARIA ALMEIDA BARROS .............................................................................................................. 397 O ‘COLLEGIO DE MENINOS DE CURITIBA’ DE JACOB MÜLLER NO SECULO XIX: FAZENDO A VEZ DO GOVERNO. ARICLÊ VECHIA ................................................................................................................................................. 398 AS ESCOLAS PRIMÁRIAS RURAIS DO MUNICÍPIO DE BIRIGUI/SP: UM OLHAR HISTÓRICO ................................398 AUREA ESTEVES SERRA.....................................................................................................................................398 ASPECTOS BIOGRÁFICOS DO PATRONO EDGARD SCHALCHER .........................................................................399 BEATRIZ BACELAR BARBOSA ............................................................................................................................. 399 ODALEIA ALVES DA COSTA................................................................................................................................ 399 TIAGO RODRIGUES DA SILVA ............................................................................................................................ 399 DIÁLOGOS ENTRE EDUCAÇÃO FORMAL E INFORMAL NA VIDA E OBRA DE DONA IVONE LARA: O PAPEL DO INTERNATO ORSINA DA FONSECA ...................................................................................................................399 BRUNO DE CASTRO SOUZA ............................................................................................................................... 399 AS INSTITUIÇÕES DE ENSINO CRIADAS EM PORTO ALEGRE / RS ( 1770 - 1950): CARACTERÍSTICAS RELACIONADAS AO TEMPO-ESPAÇO DA CIDADE. ............................................................................................400 CARINE IVONE POPIOLEK..................................................................................................................................400 ENSINANDO COLONIZADORES PORTUGUESES: HISTÓRIA DAS PROPOSIÇÕES DA ESCOLA COLONIAL (1906-1974) CARLOS MANOEL PIMENTA PIRES..................................................................................................................... 401 MISSÃO PEDAGÓGICA AO URUGUAI EM 1913: CONTRIBUIÇÕES PARA O SETOR EDUCACIONAL DO RIO GRANDE DO SUL.............................................................................................................................................................401 CAROLINE BRAGA MICHEL ................................................................................................................................ 401 REPRESENTAÇÕES DA RURAL: UM ESTUDO SOBRE AS PRÁTICAS AGRÍCOLAS NO PROCESSO HISTÓRICO EDUCACIONAL DO GRUPO ESCOLAR FARROUPILHA (FARROUPILHA/RS, 1927 A 1945)....................................402 CASSIANE CURTARELLI FERNANDES .................................................................................................................. 402 UM ESTUDO SOBRE AS PRÁTICAS DE CIVILIDADE NO PROCESSO HISTÓRICO EDUCACIONAL DO GRUPO ESCOLAR FARROUPILHA (FARROUPILHA/RS, 1940 A 1946) .............................................................................................402 CASSIANE CURTARELLI FERNANDES .................................................................................................................. 402 EDUCAÇÃO ESCOLAR EM PIRACICABA NO INÍCIO DA PRIMEIRA REPÚBLICA....................................................403 CESAR ROMERO AMARAL VIEIRA ...................................................................................................................... 403 THIAGO BORGES DE AGUIAR............................................................................................................................. 403 RITA DE CÁSSIA LUIZ DA ROCHA........................................................................................................................ 403 INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DE PELOTAS: UMA INSTITUIÇÃO “GUARDIÔ DA MEMÓRIA DA CIDADE CHÉLI NUNES MEIRA.........................................................................................................................................404 “TEMPLO NA FRONTEIRA”. O GRUPO ESCOLAR ANTÔNIO JOÃO RIBEIRO NA ESCOLARIZAÇÃO REPUBLICANA (VARGUISTA) - 1953-1974. ...............................................................................................................................404 CLAUDIANI FERREIRA DA CUNHA RODELINI ......................................................................................................404

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A EPISTEMOLOGIA DA PRÁTICA: UMA ABORDAGEM HISTÓRICA DA FORMAÇÃO DE PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA DE UMA MICRORREGIÃO DO SUDOESTE DO PARANÁ NO CONTEXTO DE FRONTEIRA ......405 CRISTIANE DE QUADROS...................................................................................................................................405 ANTONIO MARCOS MYSKIW.............................................................................................................................405 RONALDO AURÉLIO GIMENES GARCIA ..............................................................................................................405 MARILENE APARECIDA LEMOS..........................................................................................................................405 UMA ABORDAGEM HISTÓRICA SOBRE A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA DE UMA MICRORREGIÃO DO SUDOESTE DO PARANÁ: A CONSTITUIÇÃO DO CONTEXTO DE FRONTEIRA.......................405 CRISTIANE DE QUADROS...................................................................................................................................405 DE 1907 A 2014: A METODOLOGIA HOLÍSTICA DE EURÍPEDES BARSANULFO NO COLÉGIO ALLAN KARDEC......406 CRISTIANE MONTEIRO DE SOUSA PEDROSA ......................................................................................................406 O ENTRECHOQUE FATAL DAS CURVAS CONTRARIAS: A GRAMÁTICA DAS DANÇAS DE SALÃO EM UMA BELO HORIZONTE PLANEJADA (1897 A 1936)............................................................................................................407 CRISTIANE OLIVEIRA PISANI MARTINI................................................................................................................407 ANDREA MORENO............................................................................................................................................407 DAS AULAS AVULSAS PÚBLICAS E PARTICULARES NA PROVÍNCIA DE SERGYPE: BREVES APONTAMENTOS SOBRE A CONFIGURAÇÃO DA INSTRUÇÃO SECUNDÁRIA. (1840-1860)........................................................................407 CRISTIANO DE JESUS FERRONATO.....................................................................................................................407 ANDERSON SANTOS..........................................................................................................................................407 A DISCIPLINA DE DIDÁTICA DO CEFAM DE TUPÃ “ODINIR MAGNANI” – (1988-2003): UMA CONTRIBUIÇÃO PARA A HISTÓRIA DA DISCPLINA DE DIDÁTICA NO BRASIL ........................................................................................408 CRISTINA MIRANDA DUENHA GARCIA CARRASCO .............................................................................................408 MARIANA SPADOTO DE BARROS.......................................................................................................................408 AS ESTRATÉGIAS DE ESCOLARIZAÇÃO PRIMÁRIA NA CIDADE DE RIO CLARO – SÃO PAULO (1889-1920)..........408 DANIELA CRISTINA LOPES DE ABREU.................................................................................................................408 A PRODUÇÃO DA EXCLUSÃO PERPETUADA PELA HISTÓRIA DE UMA ESCOLA CENTENÁRIA INFLUÊNCIANDO NAS PRÁTICAS EDUCATIVAS....................................................................................................................................409 DENIZE SEPULVEDA ..........................................................................................................................................409 A TRAJETÓRIA DE UMA ESCOLA CENTENÁRIA NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES : O PROJETO PIBID NO INSTITUTO DE EDUCAÇÃO DO PARANÁ ...........................................................................................................410 DESIRE LUCIANE DOMINSCHEK .........................................................................................................................410 ENTRE SUJEITOS E INSTITUIÇÕES EDUCATIVAS: AS ESCOLAS ISOLADAS ...........................................................410 DIMAS SANTANA SOUZA NEVES........................................................................................................................410 CLAUDIMAR APARECIDA DA SILVA....................................................................................................................410 O FUTURO QUE SE DESCORTINA: A IMPLANTAÇÃO DO COLLEGIO BAPTISTA AMERICANO MINEIRO E O PROCESSO DE URBANIZAÇÃO DO BAIRRO FLORESTA EM BELO HORIZONTE/MG (1920 A 1935) ......................411 ÉDER AGUIAR MENDES DE OLIVEIRA.................................................................................................................411 TACIANA BRASIL DOS SANTOS...........................................................................................................................411 OS SALESIANOS E A PARTICIPAÇÃO CATÓLICA NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL DO BRASIL IMPÉRIO ................411 EDNA BRAGA PEREIRA......................................................................................................................................411 MARCO AURÉLIO CORRÊA MARTINS .................................................................................................................411 EDUCAÇÃO: TEMPO E AMOR NOS SERMÕES DE ANTÔNIO VIEIRA NO SÉC. XVII..............................................412 EDSON BARBOSA DA SILVA ...............................................................................................................................412 MEMÓRIA, ORALIDADE E ESCOLARIZAÇÃO: OS DISCURSOS PRODUZIDOS SOBRE PRÁTICAS ESCOLARES, RELAÇÕES AFETIVAS E SOCIABILIDADE NA ESCOLA CONFESSIONAL BATISTA GRACIOSA (1981-2000)..............413 EDUARD HENRY LUI..........................................................................................................................................413

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Caderno de Resumos - Comunicações Individuais

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AS ESCOLAS SUBVENCIONADAS FEDERAIS NO PARANÁ: EDUCAÇÃO NACIONAL E CULTURA ESCOLAR............413 ELAINE CATIA FALCADE MASCHIO..................................................................................................................... 413 A INFÂNCIA, A CRIANÇA E A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO INFANTIL EM DOURADOS - MS: UM OLHAR SOBRE A CRECHE MUNICIPAL FRUTOS DO AMANHÃ (1990 - 2000) ................................................................................414 ELIANA MARIA FERREIRA..................................................................................................................................414 PRÁTICAS DE LEITURA, ESCRITA E PODER: DA VOZ DOS DECLAMADORES DE POEMAS DO SÉCULO XVII AOS POETAS MARGINAIS CONTEMPORÂNEOS........................................................................................................414 ELIANE APARECIDA BACOCINA.......................................................................................................................... 414 MARIA ROSA RODRIGUES MARTINS DE CAMARGO............................................................................................ 414 AS ESCOLAS ELEMENTARES ITALIANAS SUBSIDIADAS NO INÍCIO DO SÉCULO XX NA CIDADE DE SÃO PAULO. .415 ELIANE MIMESSE PRADO ..................................................................................................................................415 AS ESCOLAS REUNIDAS RURAIS EM MATO GROSSO (1940 – 1960) ..................................................................416 ELTON CASTRO RODRIGUES DOS SANTOS .........................................................................................................416 HISTORIOGRAFIA DAS ESCOLAS RURAIS DE MARINGÁ (1952-1962): A IMPLANTAÇÃO, O DESENVOLVIMENTO E O DESAFIO DE EDUCAR E INSTRUIR..................................................................................................................416 ÉRICA MYEKO OHARA ITODA ............................................................................................................................ 416 MODELOS E PROPOSTAS DE CONSELHOS PENSADOS PELOS PARTÍCIPES DA INSPEÇÃO E INSTRUÇÃO PÚBLICA DO PARANÁ (1857-1883) .................................................................................................................................417 ETIENNE BALDEZ LOUZADA BARBOSA............................................................................................................... 417 LEIS E REGIMENTOS: O ENSINO E AS TRANSFORMAÇÕES NAS ESCOLAS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE. EUCLIDES TEIXEIRA NETO..................................................................................................................................417 MARIA ARISNETE CÂMARA DE MORAIS............................................................................................................. 417 AS SOCIEDADES GINÁSTICAS TEUTO-BRASILEIRAS E A EDUCAÇÃO CORPORAL DA JUVENTUDE NAS PRIMEIRAS DÉCADAS DO SÉCULO XX .................................................................................................................................418 EVELISE AMGARTEN QUITZAU .......................................................................................................................... 418 GRUPOS ESCOLARES PARAIBANOS: SÍMBOLOS DA MODERNIZAÇÃO ARQUITETÔNICA ESCOLAR NO ESTADO DA PARAÍBA (1930 – 1961)....................................................................................................................................419 EVELYANNE NATHALY CAVALCANTI DE LUNA FREIRE ........................................................................................ 419 EDUCAÇÃO CATÓLICA PARA A ELITE FEMININA NO SUL DE GOIÁS ..................................................................419 FABIANA APARECIDA DE ANDRADE................................................................................................................... 419 O ESPAÇO EDUCATIVO DA CIDADE COMO FATOR DE CONTRIBUIÇÃO PARA A LONGEVIDADE ESCOLAR DE FAMÍLIAS DE MEIOS POPULARES (PERNAMBUCO, 1940-1960) ........................................................................420 FABIANA CRISTINA DA SILVA............................................................................................................................. 420 LYCEU DE GOIÂNIA: TRADIÇÃO E RENOVAÇÃO – 1938-1946............................................................................420 FERNANDA BARROS.......................................................................................................................................... 420 HISTÓRIAS DE ALFABETIZAÇÃO NAS NARRATIVAS DE PROFESSORAS ..............................................................421 FERNANDA ZANETTI BECALLI ............................................................................................................................ 421 ESCOLA ESTADUAL DE ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO NO CENTRO SÓCIOEDUCATIVO SÃO COSME DAMIÃO: EDUCAÇÃO ESCOLAR OFERTADA ÀS PESSOAS COM RESTRIÇÃO DA LIBERDADE (2010-2013) ..........................421 FLÁVIO CÉSAR FREITAS VIEIRA .......................................................................................................................... 421 EDUCAÇÃO E PRECEITOS DA FÉ: O COLÉGIO DO SALVADOR (ARACAJU 1935-1965) .........................................422 FRANCE ROBERTSON PEREIRA DA SILVA............................................................................................................ 422 MARLUCE DE SOUZA LOPES SANTOS................................................................................................................. 422 O REGULAMENTO DE 1943 DA BIBLIOTECA INFANTIL “CAETANO DE CAMPOS”: UMA PRÁTICA MODELAR .....423 FRANCIELE RUIZ PASQUIM................................................................................................................................ 423

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DA ESCOLA DE APRENDIZES ARTÍFICES À ESCOLA TÉCNICA FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE: AGENTES E SUJEITOS DA FORMAÇÃO ESCOLAR PROFISSIONAL (1910-1971)......................................................................423 FRANCISCO CARLOS OLIVEIRA DE SOUSA ..........................................................................................................423 INSTALAÇÃO DA ETFRN EM MOSSORÓ: UMA ANÁLISE A PARTIR DOS REGISTROS ESCRITOS E VISUAIS DA IMPRENSA LOCAL.............................................................................................................................................424 FRANCISCO DAS CHAGAS SILVA SOUZA .............................................................................................................424 ELVIRA FERNANDES DE ARAÚJO OLIVEIRA.........................................................................................................424 HIGIENE E MILITARISMO: INSTRUMENTOS PARA GARANTIR A DISCIPLINA NO COLÉGIO PEDRO II (1889-1937) GABRIEL RODRIGUES DAUMAS MARQUES ........................................................................................................424 UMA ESCOLA DE OPERÁRIOS E SUBURBANOS CARIOCAS ................................................................................425 GABRIELA DE CASTRO ALMEIDA DE OLIVEIRA AROSA ........................................................................................425 A FUNDAÇÃO DO COLÉGIO PAROQUIAL SANTO INÁCIO: SUA MISSÃO E O INÍCIO DA COLONIZAÇÃO NO MUNICÍPIO DE MARINGÁ.................................................................................................................................425 GESLAINE CRISTINA TAMIÃO PIOLA...................................................................................................................425 DEUS E AS ESCOLAS NAS RUAS: A MARCHA PELA “REVOLUÇÃO VITORIOSA” NAS CIDADES DA PARAÍBA NO ANO DE 1964............................................................................................................................................................426 GENES DUARTE RIBEIRO ...................................................................................................................................426 UM ESTUDO SOBRE A HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES EDUCATIVAS ESPECIALIZADAS EM MATO GROSSO DO SUL: O CASO DA A APAE/CEDEG DE CAMPO GRANDE..............................................................................................426 GIOVANI BEZERRA BEZERRA, GIOVANI FERREIRA ..............................................................................................426 ESCOLA NORMAL NOSSA SENHORA AUXILIADORA (1896 - 1930): A FORMAÇÃO DE PROFESSORAS MINEIRAS NOS PRIMEIROS ANOS DA REPÚBLICA.............................................................................................................427 GIOVANNA MARIA ABRANTES CARVAS .............................................................................................................427 DENILSON SANTOS DE AZEVEDO.......................................................................................................................427 ENTRELAÇANDO CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO: A FORMAÇÃO DE PROFESSORES NA PERSPECTIVA DO PROTESTANTE E DA ESCOLA NOVA NO RIO DE JANEIRO NA PRIMEIRA DÉCADA DO SÉCULO XX......................428 GISELE GONÇALVES ISAIAS GOMES ...................................................................................................................428 SÔNIA DE OLIVEIRA CAMARA RANGEL; .............................................................................................................428 A CENTRALIDADE DOS EVENTOS CÍVICO-PATRIÓTICOS NA REALIDADE ESCOLAR DO ENSINO SECUNDÁRIO EM UBERLÂNDIA E UBERABA, EM MINAS GERAIS NAS DÉCADAS DE 1930 A 1960. ................................................428 GISELI CRISTINA DO VALE GATTI........................................................................................................................428 CIRCULAÇÃO DE SABERES PEDAGÓGICOS NA BIBLIOTECA DA ESCOLA NORMAL: A ATUAÇÃO DO BIBLIOTECÁRIO COMO MEDIADOR DAS PRÁTICAS DE LEITURA. ...............................................................................................429 GIZELMA GUIMARÃES PEREIRA SALES...............................................................................................................429 ELEMENTOS CIRCENSES NO TEATRO E A EDUCAÇÃO DO PROLETARIADO NA REVOLUÇÃO RUSSA...................429 GLÁUCIA ANDREZA KRONBAUER.......................................................................................................................429 O CURSO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES DA ESCOLA DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTOS DA UFRJ: CAMINHOS E DESVIOS PROVOCADOS PELO REGIMENTO DE 1972 ...................................................................430 GUSTAVO DA MOTTA SILVA..............................................................................................................................430 A EDUCAÇÃO JESUÍTICA DE CRIANÇAS NEGRAS NO PERÍODO DO BRASIL COLÔNIA.........................................431 HELENA MARIA ALVES MOREIRA.......................................................................................................................431 CRISTIANE DA FONSECA AMANCIO ...................................................................................................................431 LUCIANA MARIA DA CONCEIÇÃO VIEIRA............................................................................................................431

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Caderno de Resumos - Comunicações Individuais

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PARA ALÉM DA SALA DE AULA: PROFESSORES NA CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO E DO CURRÍCULO ESCOLAR NO ENSINO MUNICPAL PAULISTANO DURANTE O REGIME MILITAR (1969-1979)..................................................431 HELENICE CIAMPI ............................................................................................................................................. 431 ALEXANDRE PIANELLI GODOY........................................................................................................................... 431 SAÚDE, EDUCAÇÃO E PRÁTICAS EDUCATIVAS: IDENTIDADES, MEMÓRIAS E EXPERIÊNCIAS DE VIDA (PARAÍBA, BRASIL, 1950-1980)..........................................................................................................................................432 IRANILSON BURITI DE OLIVEIRA ........................................................................................................................ 432 ESCOLA NORMAL NOSSA SENHORA DE FÁTIMA: PERCURSOS INSTITUCIONAIS E PRÁTICAS (1953 – 1980)......432 ISABELLE DE LUNA ALENCAR NORONHA ........................................................................................................... 432 UMA ANÁLISE DO REGIMENTO INTERNO DO LYCEU PARAIBANO DE 1922 ......................................................433 ITACYARA VIANA MIRANDA.............................................................................................................................. 433 INSTITUIÇÕES EDUCATIVAS E FORMAÇÃO DE PROFESSORES NO MUNICÍPIO DE OURO PRETO DO OESTE/RO, 1970-2013........................................................................................................................................................433 IVONE GOULART LOPES ....................................................................................................................................433 VADIAGEM E CRIME. A EDUCAÇÃO DAS MULHERES NAS ESCOLAS PRISIONAIS EXISTENTES NO COMPLEXO PENITENCIÁRIO DA CORTE E PENITENCIÁRIA NACIONAL DE BUENOS AIRES (1877-1890). ...............................434 JAILTON ALVES DE OLIVIEIRA ............................................................................................................................ 434 PRÁTICAS EDUCATIVAS NO GRUPO ESCOLAR JOAQUIM NABUCO (TAIPU/RIO GRANDE DO NORTE)...............435 JANAINA SILVA DE MORAIS............................................................................................................................... 435 MARIA ARISNETE CÂMARA DE MORAIS............................................................................................................. 435 INSTITUTO FERREIRA VIANNA – 1920: O QUE OS RELATÓRIOS DO DOUTOR MARIO FERREIRA EVIDENCIAM SOBRE AS POLÍTICAS HIGIENISTAS? .................................................................................................................435 JAQUELINE DA CONCEIÇÃO MARTINS ............................................................................................................... 435 MARYSOL DE SOUZA SANTOS ........................................................................................................................... 435 ANDRÉA MIGUEL ABRANTES FERREIRA............................................................................................................. 435 PERCURSO HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO RURAL NO MUNICÍPIO.........................................................................436 JAQUELINE KUGLER TIBUCHESKI ....................................................................................................................... 436 O MODERNO NO PROGRESSO DE UMA CULTURA URBANA, ESCOLAR E RELIGIOSA E A EDUCAÇÃO SECUNDÁRIA DO INSTITUTO PRESBITERIANO GAMMON (1892-1942)...................................................................................436 JARDEL COSTA PEREIRA ....................................................................................................................................436 A GÊNESE DO MITO: A IDEIA DA EXCELÊNCIA E A CRIAÇÃO DO COLÉGIO UNIVERSITÁRIO DA UFV ..................437 JOANA DARC GERMANO HOLLERBACH ............................................................................................................. 437 HISTORIA DO ENSINO SUPERIOR PÚBLICO EM GUARAPUAVA: 1970 - 1990.....................................................438 JOÃO CARLOS DA SILVA ....................................................................................................................................438 ANDERSON SZEUCZUK......................................................................................................................................438 O PROCESSO DE IMPLEMENTAÇÃO DAS ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO FÍSICA ATRAVÉS DO RÁDIO NO BRASIL(1932-1941) ..........................................................................................................................................438 JOSÉ CARLOS XAVIER BONFIM .......................................................................................................................... 438 REFORMULAÇÕES CURRICULARES DO CURSO DE PEDAGOGIA DA UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ NA PRIMEIRA DÉCADA DO SÉCULO XXI: AS QUESTÕES LOCAIS E OS DEBATES NACIONAIS SOBRE FORMAÇÃO E PRÁTICAS EDUCATIVAS....................................................................................................................................439 JOSÉ EDVAR COSTA DE ARAÚJO........................................................................................................................ 439 OS ESTUDOS DE TRAJETÓRIAS DE VIDA DE PROFESSORES (AS) E INTELECTUAIS NO PPGED/UFS. ....................439 JOSÉ GENIVALDO MARTIRES............................................................................................................................. 439 JOAQUIM TAVARES DA CONCEIÇÃO.................................................................................................................. 439

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VIII Congresso Brasileiro de História da Educação

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A PRESENÇA DE FRANCISCO MONTOJOS NA CONSTITUIÇÃO DO NOVO ENSINO INDUSTRIAL BRASILEIRO (1934–1942)................................................................................................................................................................440 JOSE GERALDO PEDROSA..................................................................................................................................440 ENSINO TÉCNICO-PROFISSIONAL NO INTERIOR DA PARAÍBA: COLÉGIO ALFREDO DANTAS (CAD) CAMPINA GRANDE – PARAÍBA (1928-1988) .....................................................................................................................441 JOSÉ JASSUIPE DA SILVA MORAIS......................................................................................................................441 RAYANE DE LIMA SILVA ....................................................................................................................................441 A ESCOLA PROFISSIONAL MIXTA DE SOROCABA/SP E A FORMAÇÃO DO TRABALHADOR FERROVIÁRIO (1929-1942)................................................................................................................................................................441 JOSÉ ROBERTO GARCIA.....................................................................................................................................441 WILSON SANDANO ...........................................................................................................................................441 O ENSINO PRIMÁRIO PRIVADO MARANHENSE NO SÉCULO XIX: EXPRESSÃO DA LIBERDADE DE ENSINO?.......442 JOSEILMA LIMA COLHO CASTELO BRANCO........................................................................................................442 DO OLHAR MICRO À CADERNETA NA MÃO: A EDUCAÇÃO FEMININA NA ESCOLA NORMAL NOSSA SENHORA DE NAZARÉ, CONSELHEIRO LAFAIETE (1930-1934) ................................................................................................442 JULIANA MIRANDA DE FARIA ............................................................................................................................442 CONHECENDO AS “CONSTELAÇÕES DE VIDA E DE FAMÍLIA”: ALGUNS ASPECTOS FAMILIARES DOS ALUNOS ATENDIDOS PELO SERVIÇO DE ORTOFRENIA E HIGIENE MENTAL (1934/1939).................................................443 JULIANA VITAL ABREU DAVID............................................................................................................................443 INSTITUIÇÕES DE FORMAÇÃO DOCENTE NA REGIÃO DOS INCONFIDENTES NO CONTEXTO DA PRIMEIRA REPÚBLICA: AS ESCOLAS NORMAIS DE OURO PRETO E MARIANA (1905-1929)................................................444 JUMARA SERAPHIM PEDRUZZI..........................................................................................................................444 JOSÉ RUBENS L JARDILINO ................................................................................................................................444 A EXPANSÃO DO ENSINO SECUNDÁRIO NO BRASIL E A HISTÓRIA DA CRIAÇÃO DO GINÁSIO BRIGADEIRO NEWTON BRAGA..............................................................................................................................................444 JUSSARA CASSIANO NASCIMENTO ....................................................................................................................444 HISTÓRIAS E MEMÓRIAS DO CURSO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE PORTO VELHO (RO).......................445 JUSSARA SANTOS PIMENTA ..............................................................................................................................445 KÉTILA BATISTA DA SILVA TEIXEIRA...................................................................................................................445 VANESSA GAMA BARBOSA................................................................................................................................445 ALINE MOREIRA CUELLAR .................................................................................................................................445 A PRESENÇA DE PROTESTANTES PRESBITERIANOS NA EDUCAÇÃO DO SUDOESTE DE GOIÁS (1930- 1942) ......445 KAMILA GUSATTI DIAS......................................................................................................................................445 ADEMILSON BATISTA PAES ...............................................................................................................................445 ESCOLA DE MÚSICA: UMA INSTITUIÇÃO PÚBLICA MARANHENSE DO INÍCIO DO SÉCULO XX ...........................446 KATHIA SALOMÃO ............................................................................................................................................446 PESQUISAS SOBRE INSTITUIÇÕES ESCOLARES: EM FOCO A INSTITUIÇÃO ESCOLAR ESPECIALIZADA.................447 KATIA CRISTINA NASCIMENTO FIGUEIRA...........................................................................................................447 A LUZ DA MEMÓRIA: A HISTÓRIA RECONTADA. O COTIDIANO DA ESCOLA RURAL MISTA MUNICIPAL SANTO ANTONIO (ANOS 1960) ....................................................................................................................................447 KATIA MARIA KUNNTZ BECK .............................................................................................................................447 RASTROS DE PRÁTICAS NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES DA ESCOLA NORMAL DA PROVÍNCIA DO RIO DE JANEIRO: OUVINDO ESPECTROS IMPERIAIS .....................................................................................................448 KÁTIA SEBASTIANA CARVALHO DOS SANTOS FARIAS.........................................................................................448 OS LEGADOS TESTAMENTAIS COMO INDÍCIOS DE PRÁTICAS EDUCATIVAS RELIGIOSAS – SÃO LUÍS, MARANHÃO (1770-1830) .....................................................................................................................................................448 KELLY LISLIE JULIO ............................................................................................................................................448

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Caderno de Resumos - Comunicações Individuais

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EXPANSÃO E MODALIDADES DAS ESCOLAS PRIMÁRIAS NO CENTRO E SUL SERGIPANO (1930-1961) ..............449 LAISA DIAS SANTOS .......................................................................................................................................... 449 RAYLANE ANDREZA DIAS NAVARRO BARRETO...................................................................................................449 AS ORIGENS DA PRIMEIRA FACULDADE DE MEDICINA DO INTERIOR DO BRASIL .............................................450 LEONARDO DE LIMA ROSSINI............................................................................................................................ 450 MARIA NILDE MASCELLANI E AS CLASSES EXPERIMENTAIS DE SOCORRO (SÃO PAULO, 1959-1962) ................450 LETÍCIA VIEIRA.................................................................................................................................................. 450 FACULDADE DE ECONOMIA DA UFMT: ORIGEM TRAJETÓRIA ..........................................................................451 LIANA DEISE DA SILVA.......................................................................................................................................451 “DAR CONSELHOS HIGIÊNICOS E ENSINAR O POVO”: PROPOSTAS E AÇÕES DA DIRETORIA DE HIGIENE DE MINAS GERAIS (1910-1927) .............................................................................................................................451 LILIANE TIBURCIO DE OLIVEIRA......................................................................................................................... 451 ESPAÇO URBANO E EDUCAÇÃO: AS INSTITUIÇÕES ESCOLARES E A URBANIZAÇÃO DE PORTO ALEGRE (1940-1970) ...............................................................................................................................................................452 LUCAS COSTA GRIMALDI...................................................................................................................................452 CONTRADIÇÕES ENTRE ECONOMIA E EDUCAÇÃO PÚBLICA NA CONSOLIDAÇÃO DE UM GRUPO ESCOLAR EM ITUIUTABA, MG (1957–61)...............................................................................................................................453 LUCIENE TERESINHA DE SOUZA BEZERRA.......................................................................................................... 453 BETANIA DE OLIVEIRA LATERZA RIBEIRO........................................................................................................... 453 ELIZABETH FARIAS DA SILVA ............................................................................................................................. 453 ATUAÇÃO EDUCACIONAL DE UMA PROFESSORA E VEREADORA EM SANTOS: ZENY DE SÁ GOULART (1935-1938) MAGDA FERNANDES GARCIA VENTURA............................................................................................................ 453 OS GRUPOS ESCOLARES E A CULTURA POLÍTICA EDUCACIONAL NA PRIMEIRA REPÚBLICA EM SERGIPE..........454 MAGNO FRANCISCO DE JESUS SANTOS ............................................................................................................. 454 O BISPADO DE DOM JOSÉ THOMAIS GOMES DA SILVA: E AS INSTITUIÇÕES EDUCATIVAS CONFESSIONAIS EM SERGIPE. ..........................................................................................................................................................454 MARBENE COSTA DOS SANTOS......................................................................................................................... 454 JOAQUIM FRANCISCO SOARES GUIMARÃES ......................................................................................................454 “BONS TEMPOS AQUELES... OU NÃO”: MEMÓRIA, HISTÓRIA E ORALIDADE NAS RELAÇÕES SOCIAIS DO COLÉGIO PAROQUIAL NOSSA SENHORA DO CARMO (1952-2000) ..................................................................................455 MARCELO SILVEIRA SIQUEIRA ........................................................................................................................... 455 BREVE RECORTE SOBRE A ORIGEM DA BIBLIOTECA NO MUNDO, NO BRASIL E NA CIDADE DE UBERLÂNDIA/MG. MÁRCIA CICCI ROMERO....................................................................................................................................456 INSTITUTO BORGES DE ARTES E OFÍCIOS: ESCOLA PROFISSIONAL DEIXADA EM TESTAMENTO POR BRASILEIRO DE TORNA-VIAGEM. 1921-1966 .......................................................................................................................456 MÁRCIA CRISTINA BELUCCI ............................................................................................................................... 456 WILSON SANDANO........................................................................................................................................... 456 PATRONATO SÃO BENTO: PROCESSOS DE ESCOLARIZAÇÃO E DE ASSISTÊNCIA AO “MENOR” NO MUNICÍPIO DE DUQUE DE CAXIAS (1950-1980) .......................................................................................................................457 MÁRCIA SPADETTI TUÃO DA COSTA.................................................................................................................. 457 OS SALESIANOS E A PARTICIPAÇÃO CATÓLICA NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL DO BRASIL IMPÉRIO ................457 MARCO AURÉLIO CORRÊA MARTINS ................................................................................................................. 457 EDNA BRAGA PEREIRA......................................................................................................................................457

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VIII Congresso Brasileiro de História da Educação

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POR ENTRE CAMPAINHAS E CORREDORES: ORGANIZAÇÃO DO TEMPO E DO ESPAÇO NO GRUPO ESCOLAR CÉSAR BASTOS (1947-1961) .............................................................................................................................458 MARIA APARECIDA ALVES SILVA .......................................................................................................................458 BETANIA DE OLIVEIRA LATERZA RIBEIRO...........................................................................................................458 DIRETORAS DA ESCOLA NORMAL DE NATAL ....................................................................................................459 MARIA CLAUDIA LEMOS MORAIS DO NASCIMENTO ..........................................................................................459 FERROVIA E EDUCAÇÃO: LACUNAS E RESGATE HISTÓRICO ..............................................................................459 MARIA CRISTINA GARCIA LIMA .........................................................................................................................459 IRLEN ANTÔNIO GONÇALVES ............................................................................................................................459 SEMINÁRIO DE EDUCADORAS CRISTÃS: HISTÓRIA E A AÇÃO EDUCATIVA DA MISSIONÁRIA MARTHA HAIRSTON MARIA DE LOURDES PORFÍRIO RAMOS TRINDADE DOS ANJOS ..........................................................................460 HISTÓRIA DA FACULDADE DE FILOSOFIA DE CAXIAS DO SUL: MEMÓRIAS, NARRATIVAS E REPRESENTAÇÕES.460 MARIA INÊS TONDELLO RODRIGUES .................................................................................................................460 ANTONIO MANOEL DE MELLO CASTRO E MENDONÇA E A CRIAÇÃO DA ACADEMIA MILITAR NA CAPITANIA DE SÃO PAULO......................................................................................................................................................461 MARIA LUIZA CARDOSO....................................................................................................................................461 CURSO NORMAL REGIONAL DE MAMANGUAPE (1949-1959): FORMAÇÃO DE PROFESSORAS NO INTERIOR PARAIBANO .....................................................................................................................................................461 MARIA VALDENICE RESENDE SOARES................................................................................................................461 O CINEMA EDUCATIVO DO GINÁSIO PARANAENSE NA DÉCADA DE 1930 ........................................................462 MARIANA ROCHA ZACHARIAS...........................................................................................................................462 A LITERATURA CIVILIZATÓRIA DE RUI BARBOSA NAS CARTILHAS BRASILEIRAS E “LIÇÕES DE COISAS”: MEMÓRIAS E NARRATIVAS ESCOLARES. ..........................................................................................................463 MARIAZENEIDE CARNEIRO MAGALHÃES DE ALMEIDA.......................................................................................463 DE ALUNO A PROFESSOR: O COTIDIANO DE UMA ESCOLA RURAL DA COMUNIDADE DE PEDRAS EM MATO GROSSO (1940-1960) .......................................................................................................................................463 MARINEIDE DE OLIVEIRA DA SILVA....................................................................................................................463 O PROCESSO DE CRIAÇÃO E PRIMEIROS ANOS DE FUNCIONAMENTO DA ASSOCIAÇÃO PESTALOZZI DA CIDADE DE DOURADOS/MS 1985-1990.........................................................................................................................464 MARLEY AUGUSTA DA SILVA SANTOS ...............................................................................................................464 MARIA EDUARDA FERRO ..................................................................................................................................464 HISTÓRIA E MEMÓRIA DAS INSTITUIÇÕES ESCOLARES DO MUNICÍPIO DE CIANORTE-PR.................................464 MARLI DELMÔNICO DE ARAÚJO FUTATA...........................................................................................................464 ALESSANDRO SANTOS DA ROCHA .....................................................................................................................464 AS CONGREGAÇÕES RELIGIOSAS E A EDUCAÇÃO: UM ESTUDO DIRECIONADO À DIVINA PROVIDÊNCIA E SUA VINDA PARA O MUNICÍPIO DE TUBARÃO/SC. ..................................................................................................465 MARLISE DE MEDEIROS NUNES DE PIERI ...........................................................................................................465 CIVISMO, RELIGIÃO E TRABALHO: O INSTITUTO CRUZEIRO E A EXPERIÊNCIA SALESIANA NO VALE DO PARAÍBA PAULISTA.........................................................................................................................................................465 MAURO CASTILHO GONÇALVES ........................................................................................................................466 MARINA TATIANA FERREIRA COSTA ..................................................................................................................466 PEDAGOGIA NO CÁRCERE: HISTÓRIA E MEMÓRIA DAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS DOS PEDAGOGOS NAS UNIDADES PENAIS DO PARANÁ .......................................................................................................................466 MAXCIMIRA CARLOTA ZOLINGER MENDES........................................................................................................466

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Caderno de Resumos - Comunicações Individuais

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OS CAMINHOS DA HISTÓRIA DA INFÂNCIA NO INTERIOR DO ESTADO DE SERGIPE: O JARDIM DE INFÂNCIA JOANA RAMOS (1969 – 1985) ..........................................................................................................................467 MICHELLINE ROBERTA SIMÕES DO NASCIMENTO.............................................................................................. 467 “EDUCAÇÃO DO POVO PARA O POVO": O MOVIMENTO ASSOCIATIVISTA PELA EXPANSÃO DA EDUCAÇÃO POPULARA EDUCAÇÃO POPULAR NO BRASIL (1870 – 1889) ............................................................................467 MILENA APARECIDA ALMEIDA CANDIÁ ............................................................................................................. 467 OS CASTIGOS ESCOLARES E SUAS PRESCRIÇÕES: SERGIPE, BAHIA E PARAÍBA (1840-1890) ..............................468 MILENA CRISTINA ARAGÃO RIBEIRO DE SOUZA.................................................................................................468 CONTEXTUALIZANDO O PASSADO, COMPREENDENDO O PRESENTE: BREVE HISTÓRICO DO INSTITUTO FEDERAL FLUMINENSE CAMPUS CAMPOS CENTRO E SUA RELAÇÃO COM O ALUNO COM DEFICIÊNCIA.........................468 MILLANY MACHADO LINO ................................................................................................................................ 468 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO E MUSEUS: POSSÍVEIS DIÁLOGOS ............................................................................469 NATÁLIA THIELKE.............................................................................................................................................. 469 A FACULDADE DE EDUCAÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE (1967-1971): ORIGENS E CONTRIBUIÇÕES. .............................................................................................................................................470 NAYARA ALVES DE OLIVEIRA............................................................................................................................. 470 MIRIAM FERREIRA DE MATOS........................................................................................................................... 470 QUANDO O TOCANTINS ERA GOIÁS... MEMÓRIAS DE ESCOTEIROS NA DÉCADA DE 1980................................470 OTÁVIO CÉSAR DOS SANTOS BORGES................................................................................................................ 470 NÁDIA FLAUSINO VIEIRA BORGES ..................................................................................................................... 470 A INSTRUÇÃO PRIMÁRIA EM BELO HORIZONTE: DEMANDAS POR ENSINO NA CIDADE REPUBLICANA............471 PAULA MYRRHA FERREIRA................................................................................................................................ 471 KARINA FERNANDES NICÁCIO ........................................................................................................................... 471 MARIA CRISTINA SOARES DE GOUVEA .............................................................................................................. 471 CO-EDUCAÇÃO DOS SEXOS EM DEBATE NO BRASIL NA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XIX............................471 PAULO ROGÉRIO MARQUES SILY....................................................................................................................... 471 AMANDA DE JESUS FONSECA............................................................................................................................ 471 ESCOLA LAR SÃO JOSÉ: UM DIÁLOGO ENTRE A HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES EDUCACIONAIS E A POLÍTICA DE EDUCAÇÃO INTEGRAL NO BRASIL CONTEMPORÂNEO. ....................................................................................472 PAULO SÉRGIO CANTANHEIDE FERREIRA .......................................................................................................... 472 PASSAGENS SOBRE DUAS ESCOLAS DE FORMAÇÃO DE PROFESSORAS NA REGIÃO DO GUAPORÉ/MT/RO, A PARTIR DA DÉCADA DE 1930: SOB O OLHAR DE MULHERES NEGRAS DOCENTES.............................................473 PAULO SÉRGIO DUTRA......................................................................................................................................473 MEMÓRIAS DA ESCOLA: ARQUITETURA ESCOLAR, DISCURSO PEDAGÓGICO E OS DOCUMENTOS INSTITUCIONAIS EM UMA ESCOLA PÚBLICA DE CAMPINAS/SP DOS ANOS DE 1970.........................................473 RAYANE JÉSSICA ARANHA DA SILVA.................................................................................................................. 473 MARIA DO CARMO MARTINS............................................................................................................................ 473 A HISTÓRIA DO CONSELHO DE EDUCAÇÃO DO DISTRITO FEDERAL (CEDF): UM ÓRGÃO QUE CONTRIBUI PARA O EXERCÍCIO DA CIDADANIA E DA PARTICIPAÇÃO SOCIAL ..................................................................................474 REGINA TOMAS BLUM DE OLIVEIRA.................................................................................................................. 474 ASPECTOS DA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO - OS TESTES ABC NO CONTEXTO DA ESCOLA IPIRANGA/RS ...............474 RENATA DOS SANTOS ALVES............................................................................................................................. 474 CARMO THUM.................................................................................................................................................. 474 CENTRO DE PESQUISA, MEMÓRIA E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DE DUQUE DE CAXIAS E BAIXADA FLUMINENSE - UMA EXPERIÊNCIA INSTITUINTE EM EDUCAÇÃO PATRIMONIAL......................................................................475 RENATA SPADETTI TUÃO ..................................................................................................................................475

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HISTÓRIA DA EQUIPARAÇÃO DO COLÉGIO MARISTA ARQUIDIOCESANO DE SÃO PAULO AO COLÉGIO PEDRO II (1900-1940) .....................................................................................................................................................476 RICARDO TOMASIELLO PEDRO..........................................................................................................................476 NAZARÉ CARVALHO E A EDUCAÇÃO INFANTIL NA TV SERGIPANA ...................................................................476 RÍSIA RODRIGUES SILVA MONTEIRO..................................................................................................................476 JOAQUIM TAVARES DA CONCEIÇÃO..................................................................................................................476 “A EDUCAÇÃO DAS MENINAS EM PELOTAS”: A CULTURA ESCOLAR PRODUZIDA NO INTERNATO CONFESSIONAL CATÓLICO DO COLÉGIO SÃO JOSÉ....................................................................................................................477 RITA DE CÁSSIA GRECCO DOS SANTOS ..............................................................................................................477 SOCIEDADES MISSIONÁRIAS CATÓLICAS E PROTESTANTES: RELIGIÃO, EDUCAÇÃO E CIVILIDADE....................477 RITA DE CÁSSIA LUIZ DA ROCHA........................................................................................................................477 CESAR ROMERO AMARAL VIEIRA ......................................................................................................................477 A BIBLIOTECA MANOELITO DE ORNELLAS E SEUS LEITORES: RASTREANDO PRÁTICAS DE LEITURA NO COLÉGIO FARROUPILHA (PORTO ALEGRE/RS, 1960-1980) ..............................................................................................478 ROBERTA BARBOSA DOS SANTOS......................................................................................................................478 CIDADE DA PARAYBA DO NORTE: AS ORFÃS E AS MENINAS DESVALIDAS DO ORPHANATO D.ULRICO. 1922...479 ROBERTA MARIA AGUIAR DO NASCIMENTO......................................................................................................479 MAURICEIA ANANIAS........................................................................................................................................479 A ESCOLA AMERICANA E A EDUCAÇÃO PROTESTANTE EM ESTÂNCIA/SERGIPE ...............................................479 ROGÉRIO FREIRE GRAÇA ...................................................................................................................................479 SENTIMENTOS DE BRASILIDADE E CATOLICIIDADE: A PRESENÇA DA IGREJA CATÓLICA NOS ESPAÇOS ESCOLARES EM TEMPOS DE NACIONALIZAÇÃO (1930-1945)...............................................................................................480 ROGÉRIO LUIZ DE SOUZA..................................................................................................................................480 ESCOLARIZAÇÃO DA INFÂNCIA EM MATO GROSSO (UNO): HISTÓRIA DA CASA ESCOLA O INFANTIL DO BOM SENSO DE DOURADOS (1973-1986)..................................................................................................................480 RONISE NUNES .................................................................................................................................................480 “GENERALIZAR, AMPLIAR E NÃO RESTRINGIR”: O PROCESSO DE EXPANSÃO DA ESCOLA PRIMÁRIA RURAL EM SERGIPE (1947- 1961).......................................................................................................................................481 RONY REI DO NASCIMENTO SILVA.....................................................................................................................481 O CURSO GINASIAL DO COLÉGIO SANTOS ANJOS: ESPAÇO DESTINADO À PREPARAÇÃO DA ELITE FEMININA NA FRONTEIRA ENTRE PARANÁ E SANTA CATARINA .............................................................................................482 ROSELI BILOBRAN KLEIN ...................................................................................................................................482 BIBLIOTECAS ESCOLARES NA ESCOLA PRIMÁRIA EM PARANAÍBA/MS (1936-1971): ALINHAVANDO MEMÓRIAS, COSTURANDO A HISTÓRIA...............................................................................................................................482 ROSIMAR PIRES ALVES......................................................................................................................................482 ESTELA NATALINA MANTOVANI BERTOLETTI.....................................................................................................482 RASTROS E INDÍCIOS DO MOVIMENTO ESCOLANOVISTA NO PERÍODO DE 1927 A 1930 NA ESCOLA PROFISSIONAL WASHINGTON LUIS: A REFORMA FERNANDO DE AZEVEDO NO DISTRITO FEDERAL .................483 SAMELA CRISTINNE FURTADO DE CARVLAHO IGNACIO .....................................................................................483 A AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM NO GRUPO ESCOLAR DR. BRASIL CAIADO (ANÁPOLIS-GO), 1926-1929......483 SANDRA ELAINE AIRES DE ABREU......................................................................................................................483 WENCESLAU GONÇALVES NETO........................................................................................................................483 A ESCOLA POLIVALENTE DE ITUIUTABA-MG E O SIMBOLISMO DO ENSINO PROFISSIONALIZANTE NO CONTEXTO DO REGIME MILITAR (1974-1985) ....................................................................................................................484 SAULOÉBER TARSIO DE SOUZA..........................................................................................................................484 GENIS ALVES PEREIRA DE LIMA.........................................................................................................................484

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Caderno de Resumos - Comunicações Individuais

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A ESCOLA NORMAL RURAL MURILO BRAGA: FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA O CAMPO? .......................485 SILVÂNIA SANTANA COSTA ............................................................................................................................... 485 EDUCAÇÃO PELA DISCIPLINA E PRINCÍPIOS MORAIS: COLÉGIO LINS DE VASCONCELLOS E A EVOLUÇÃO PELA EDUCAÇÃO (1963 – 1998) ................................................................................................................................485 SILVETE APARECIDA CRIPPA DE ARAUJO ........................................................................................................... 485 HISTÓRIA DA FORMAÇÃO DOCENTE NO SUL DE MATO GROSSO: AS ESCOLAS NORMAIS EM CAMPO GRANDE, AQUIDAUANA, PONTA PORÃ E DOURADOS (1930-1970).................................................................................486 SILVIA HELENA ANDRADE DE BRITO.................................................................................................................. 486 MARGARITA VICTORIA RODRÍGUEZ................................................................................................................... 486 CONDUTAS ACADÊMICAS NA UNIVERSIDADE DE COIMBRA NO SÉCULO XVIII .................................................486 SOLANGE MONTANHER ROSOLEN .................................................................................................................... 486 A CRIAÇÃO DA FACULDADE DE MEDICINA DO TRIÂNGULO MINEIRO EM UBERABA-MG: DE INSTITUIÇÃO PRIVADA À INSTITUIÇÃO ISOLADA DE ENSINO SUPERIOR POR MEIO DO PROCESSO DE FEDERALIZAÇÃO (1953-1960). ..............................................................................................................................................................487 SONIA MARIA GOMES LOPES............................................................................................................................ 487 SAULOÉBER TARSIO DE SOUZA ......................................................................................................................... 487 A HISTÓRIA DO COLÉGIO RIO BRANCO NAS PÁGINAS DO JORNAL NORTE FLUMINENSE..................................488 SUELEN RIBEIRO DE SOUZA............................................................................................................................... 488 CURRÍCULO E FORMAÇÃO: APRENDIZADO FEMININO PARA A DOCÊNCIA NA ESCOLA RURAL.........................488 TANIA MARIA RODRIGUES LOPES...................................................................................................................... 488 MARIA JURACI MAIA CAVALCANTE ................................................................................................................... 488 PROTAGONISMO FEMININO NA EDUCAÇÃO DA REGIÃO DOS INHAMUNS -CEARÁ: MULHERES DE ELITE NOMEANDO INSTITUIÇÕES ESCOLARES...........................................................................................................489 TANIA MARIA RODRIGUES LOPES...................................................................................................................... 489 MARIA JURACI MAIA CAVALCANTE ................................................................................................................... 489 LIVROS DE OCORRÊNCIA DISCIPLINAR: PODER DISCIPLINAR VERSUS DISCIPLINA ESCOLAR NO COLÉGIO PEDRO II TATYANA MARQUES DE MACEDO CARDOSO.....................................................................................................489 "ELEVAR AO GRAU SUPERIOR...": O IHGB E O PROJETO DA ACADEMIA DE ALTOS ESTUDOS (1916 -1919).......490 THAÍS DE MELO ................................................................................................................................................ 490 EDUCAÇÃO ESCOLAR EO PROJETO DE COLONIZAÇÃO DE BATAYPORÃ ............................................................490 THIERRY ROJAS BOBADILHA.............................................................................................................................. 490 ROSEMEIRE DE LOURDES MONTEIRO ZILIANI ....................................................................................................490 HISTÓRIAS E MEMÓRIAS DO GRUPO ESCOLAR PROFESSOR BALDUINO CARDOSO DE PORTO UNIÃO-SC (1918-1938) ...............................................................................................................................................................491 VALÉRIA APARECIDA SCHENA ........................................................................................................................... 491 VESTÍGIOS DA ORIGEM E CONSTITUIÇÃO DA ESCOLA SANTA CLARA ...............................................................492 VANESSA FRANÇA............................................................................................................................................. 492 APARECIDA MARIA ALMEIDA BARROS .............................................................................................................. 492 O INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DE GARÇA E A FORMAÇÃO DE PROFESSORES NO CURSO NORMAL SUPERIOR-2003-2006:RESULTADOS PRELIMINARES ........................................................................................492 VANIA REGINA PIERETTI JULIÃO........................................................................................................................ 492 LUCIRENE ANDREA CATINI LANZI ...................................................................................................................... 492 O COLÉGIO ESTADUAL DA PRATA: UMA ABORDAGEM HISTÓRICA (1953-1961)...............................................493 VÍVIA DE MELO SILVA .......................................................................................................................................493 O INSTITUTO PEDAGÓGICO E SUAS SENSIBILIDADES ESCOLARIZADAS CAMPINA GRANDE - PB (1919-1942) ...493 VIVIAN GALDINO DE ANDRADE......................................................................................................................... 493

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HISTÓRIA DO COLÉGIO ESTADUAL DR. GASTÃO VIDIGAL (1953-1975): UMA ABORDAGEM SOBRE AS FEIRAS DE CIÊNCIAS..........................................................................................................................................................494 VIVIANE DE OLIVEIRA BERLOFFA CARAÇATO .....................................................................................................494 MARIA ANGÉLICA OLIVO FRANCISCO LUCAS......................................................................................................494 COLÉGIO ESTADUAL PROFESSOR ERNESTO FARIA E O BAIRRO DE SÃO CRISTÓVÃO COMO ESPAÇOS QUE SE ENTRELAÇAM...................................................................................................................................................494 WÂNIA CRISTINA DOS REIS JOSÉ BALASSIANO...................................................................................................494 OS CUIDADOS E A EDUCAÇÃO DE MENINOS NO INSTITUTO ORFHANOLÓGICO DO OUTEIRO (1904-1922) ......495 WELINGTON DA COSTA PINHEIRO.....................................................................................................................495 SHEILA ALVES DE ARAÚJO.................................................................................................................................495 A ESCOLA NORMAL DE PORTEIRINHA: LUZES PARA O SERTÃO NORTE-MINEIRO (1964-1971) .........................496 WILNEY FERNANDO SILVA ................................................................................................................................496 A ESCOLA NORMAL REGIONAL NORTE-MINEIRA: ANÁLISE HISTÓRICO-CURRICULAR E DAS PRÁTICAS EDUCATIVAS (1960-1970) ................................................................................................................................496 WILNEY FERNANDO SILVA ................................................................................................................................496 A ESCOLA TECNICA DO COMÉRCIO DE JUAZEIRO DO NORTE............................................................................497 ZULEIDE FERNANDES DE QUEIROZ ....................................................................................................................497 MARLÚCIA MENEZES DE PAIVA.........................................................................................................................497

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A INFLUÊNCIA DOS IMIGRANTES JAPONESES NAS PRÁTICAS ESCOLARES DAS ESCOLAS PRIMÁRIAS DE PILAR DO SUL (1934 – 1976)

ADRIANA APARECIDA ALVES DA SILVA Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

Este trabalho faz parte da pesquisa desenvolvida durante o doutorado, que teve como enfoque analisar a constituição do campo escolar de Pilar do Sul – SP (1934 -1976). No período investigado o campo escolar de Pilar do Sul foi se constituindo por três modelos de escolas: escolas primárias – Grupo Escolar e Escolas Isoladas Rurais, Ginásio Estadual e Escola de Língua Japonesa e Internato. A constituição desse campo escolar foi impulsionada após a chegada dos imigrantes japoneses na cidade, em 1945. Estes imigrantes foram novos agentes no campo social e escolar, introduzindo novos habitos e estabelecendo novas relações de poder. Considerando as relações estabelecidas na constituição do campo escolar de Pilar do Sul, este trabalho aborda a influência dos imigrantes japoneses e seus descendentes nas práticas escolares das escolas primária de Pilar do Sul, analisando suas mudanças e transformações após o ingresso dos japoneses e seus descendentes, destacando as diferenças entre o discurso pedagógico predominante nas políticas educacionais vigentes no Brasil e as práticas pedagógicas do Grupo Escolar “Padre Anchieta” e as Escolas isoladas rurais. A periodização se inicia em 1934, ano de fundação do Grupo Escolar “Padre Anchieta”, e termina em 1976, ano que as escolas primárias de Pilar do Sul foram redefinidas como escola de primeiro grau, devido à lei 5692/71. Optamos em apresentar a analise a partir da fundação, pois conseguimos acompanhar as práticas escolares percebendo o movimento de permanência, aprimoramento e transformação. Foram utilizados documentos escritos, iconográficos e orais. Dentre os documentos reunidos enfatizamos os Livros de Atas das Reuniões Pedagógicas e Administrativas do Grupo Escolar “Padre Anchieta” e Escolas Isoladas Rurais que abrangem todo o período investigado, onde encontramos informações sobre o programa escolar, as práticas escolares, ocorrências das escolas, com alunos e professores, prescrições de atividades, entre outras informações; as fotografias registram principalmente festas, rituais, alunos e o prédio escolar; foram recolhidos depoimentos de diferentes agentes como: professores, alunos, funcionários e moradores locais. A análise evidenciou que, o discurso pedagógico predominante nas politicas educacionais vigentes, vinculava-se principalmente ao discurso da Escola Nova, porém encontramos poucos vestígios desse discurso nas práticas do Grupo Escolar “Padre Anchieta” e das Escolas Isoladas Rurais, Encontramos, sim, uma forte influência do discurso republicano nacionalista. As práticas escolares tinham como principal objetivo civilizar e moralizar a população rural. O ingresso dos imigrantes e seus descentes fez com que esse objetivo tomasse uma dimensão maior, tendo em vista a finalidade de nacionalizar e homogeneizar o estrangeiro, por meio de normas, regras disciplinares, transmissão de saberes, práticas essas norteadas por noções morais, cívicas e patrióticas.

A ESCOLA NORMAL LIVRE MUNICIPAL DE SOROCABA(1929-1967)

ADRIANA RICARDO DA MOTA ALMEIDA Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

Esta Tese de Doutoramento em andamento tem o propósito de verificar as singularidades da história da instituição educativa invocada monumentalmente de “Ginásio e Escola Normal Livre Municipal” ‘anexa’ da cidade de Sorocaba, desde o ano de sua criação, 1929, até o ano de 1967, quando passa a ser o Instituto de Educação Municipal “Dr. Getúlio Vargas”, ponderando os contextos histórico educacional, social, político e econômico, examinando e indagando pertinente e minuciosamente as fontes históricas primárias oficiais encontradas no interior da instituição(arquivos escolares), assim como recortes e reportagens, além de fotos, artigos de jornais condizentes com o período investigado encontrados no Gabinete de Leitura Sorocabano e no arquivo de um dos jornais locais. Algumas das indagações abrangentes que permeiam nosso trabalho: Como foi a relação da Escola Normal Livre com a sociedade de Sorocaba? O que a Escola Normal projetou de si na sociedade? Que imaginário a população local construiu sobre a Escola Normal? O que a Escola Normal instituiu na sociedade e qual o sentido desse instituído? De que forma as relações políticas de poder inseriram-se na história da instituição, considerando o período do recorte cronológico a ser investigado? Quais os significados dessa instituição escolar educativa local para além, num nível regional? O trabalho está dividido à princípio em três capítulos, sendo que o primeiro tratará da expansão e implantação das escolas Normais Livres no Estado de São Paulo e sua implantação na cidade de Sorocaba, além das tensões sociopolíticas sorocabanas antecedentes à criação da Escola Normal. O segundo capítulo explanará sobre as indagações e diálogos com as fontes primárias e oficiais coletadas e resgatadas. O terceiro capítulo irá abranger sobre como se deu a construção da cultura escolar ao longo desse período, considerando a trajetória da construção do prédio oficial, no final da década de trinta, funcionando até os dias de hoje, os diretores e professores, sendo muitos deles imortalizados nos nomes de inúmeras escolas de

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Caderno de Resumos - Comunicações Individuais

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caráter público da cidade de Sorocaba, a dinâmica da escola de aplicação anexa assim como a análise dos regimentos escolares. Um dos conceitos de cultura considerados, do qual nos apropriaremos, é o de Romanelli, 2013, que a conceitua como humanização, ou o processo que nos faz homens. Ou seja, a história do homem como história da cultura é dessa forma, processo de transformação do mundo e simultaneamente do próprio homem. A indiscutível relevância deste monumento, objeto de estudo e pesquisa para a cidade de Sorocaba, assim como de certa forma para a história da educação brasileira, a qual marca o início da história do ensino secundário de humanidades na cidade, além das marcantes relações de poder que permearam e ainda permeiam o seu interior.

ORPHELINATO PARAENSE: AMPARO E EDUCAÇÃO DE MENINAS EM BELÉM DO PARÁ (1893-1910)

ADRIENE SUELLEN FERREIRA PIMENTA MARIA DO PERPÉTUO SOCORRO GOMES DE SOUZA AVELINO

Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

Esse trabalho tem como objetivo analisar a educação de meninas órfãs no Orphelinato Paraense em Belém, no período de 1893 a 1910. Esse orfanato foi criado em Belém no ano de 1893, com o objetivo de amparar e educar meninas órfãs. Tratava-se de uma instituição mantida pela doação mensal de sócios e por outras doações como joias, carne, pão, tecidos, dentre outros objetos e mantimentos doados por comerciantes e pela sociedade em geral. Na direção interna do Orphelinato estavam mulheres freiras da ordem religiosa As Filhas de Santana, de origem italiana. A partir desse contexto, elaboramos o seguinte problema: como se dava a educação dessas meninas no Orphelinato Paraense, no período de 1893 a 1910? Como caminho metodológico, recorremos à pesquisa documental, na qual optamos por utilizar fontes históricas como o jornal A província do Pará do período de 1893 a 1910, os Relatórios da Intendência Municipal de Belém de 1902 a 1910 e o Estatuto da Associação Protetora dos Órphãos de 1893. A escolha desses documentos deu-se por conterem dados sobre o Orphelinato Paraense. Essas fontes foram localizadas no setor de Obras raras e de microfilmagem da Biblioteca Publica Arthur Vianna da Fundação Cultural do Pará Tancredo Neves – CENTUR. Para dar suporte teórico a essa pesquisa recorremos a autores como Julia (2001), Manoel (1996), Michelle Perrot (2012), Foucault (2010), dentre outros. As órfãs no Orphelinato Paraense realizavam exames de bom aproveitamento, aplicados por uma equipe de professoras externas ao orfanato. Esses exames verificavam o nível de aprendizagem das educandas, classificando-as em classes, de acordo com os resultados, para aprenderem as primeiras letras. Era dada às órfãs a instrução primaria, além de aprenderem toda sorte de costura, chá, prendas de agulha e serviços domésticos. Para as tarefas domésticas havia a divisão e distribuição dos trabalhos para cada uma das órfãs, segundo sua aptidão e o espaço que mediava uma refeição da outra. Nas aulas de prendas as órfãs produziam fronhas bordadas à mão, lenços, toalha de linho com guardanapos, camisa rendada, sapatinhos de crochê, chapéus de fustão branco bordados com flores de seda, bolsa forrada de seda, capa para cadeiras, dentre outros artigos do gênero. Esses trabalhos manuais constituíam-se uma fonte de renda para as órfãs. Esse aprendizado constituía-se também, um ofício. Por fim, as alunas que melhor se saiam nos exames de bom aproveitamento eram premiadas, geralmente com quantias em dinheiro ou livros.

ENSINO PRIMÁRIO TIPICAMENTE RURAL NO ESTADO DE SÃO PAULO (1933-1968)

AGNES IARA DOMINGOS MORAES Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

Apresentam-se resultados de pesquisa, com o objetivo geral de reconstituir aspectos da história da escola primária rural no Estado de São Paulo, focalizando-se as Granjas Escolares, os Grupos Escolares Rurais e as Escolas Típicas Rurais, implementadas no período de 1933 a 1968. Mediante abordagem histórica, centrada em pesquisa documental e bibliográfica, utilizam-se como corpus documental dois periódicos educacionais; legislação federal e estadual que normatizava a educação rural entre 1933 e 1968 e livros relacionados à temática produzidos e em circulação no período delimitado para a pesquisa. Os resultados apontam que as escolas estudadas foram concebidas visando o atendimento de demandas prementes no momento histórico de sua implementação. Essas demandas estavam relacionadas à formação de uma identidade nacional, fixação do homem no campo, difusão do sanitarismo, formação para o trabalho, entre outras. Considera-se que as três modalidades de escolas pesquisadas, por mais que representassem um número bastante restrito no conjunto de escolas primárias rurais do Estado de São Paulo, ao menos no plano legal representaram avanços para a

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educação rural desse estado. Essas escolas tinham programas de ensino diferenciados, exigiam formação ou especialização agrícola de todos os profissionais que nelas trabalhavam, tinham critérios específicos para sua instalação, como por exemplo, área de terra destinada à realização de atividades agrícolas e pastoris, dentre outros. Se comparadas às demais escolas primárias rurais, essas escolas, ao menos em tese, apontariam no sentido de superação da histórica precariedade desse ensino. A concepção de ensino dessas escolas estava em consonância com a proposta dos ruralistas do ensino, que defendiam uma escola adequada ao meio, com vistas inclusive a impedir o êxodo rural, difundir o sanitarismo e preparar para o trabalho agrícola. Alguns desses quesitos, no entanto, não eram defendidos exclusivamente pelos ruralistas. Essa discussão era recorrente naquele momento histórico, haja vista a defesa, por alguns setores, de um Brasil de vocação agrícola. Essa ideologia, baseada no agrarismo, permeava inclusive o programa de ensino dessas escolas. Verifica-se, portanto, que a criação, a manutenção e a extinção dessas escolas ocorreram conforme os projetos sócio-político-econômicos vigentes no Brasil, conforme os grupos hegemônicos no poder em cada momento. Isso indica que a escola, ainda que apresente características específicas, não está à margem da sociedade que a concebe.

COLÉGIO PINHEIRENSE: CRIAÇÃO, INSERÇÃO E CONTRIBUIÇÕES AO CONTEXTO SOCIOCULTURAL REGIONAL DE PINHEIRO – MARANHÃO.

ALAIRTON LUIS ARAUJO SOARES Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

Em 1939, por decisão da Nunciatura Apostólica no Brasil, atendendo a solicitação da Diocese de São Luís - MA, foi criada a Prelazia a ser instalada na baixada Ocidental Maranhense. A falta de padres brasileiros, aliada a situação de pobreza em que viviam mergulhadas algumas regiões, clamava, na época, pelo trabalho de missionários estrangeiros. A Prelazia de Pinheiro foi entregue aos Missionários do Sagrado Coração (M.S.C), ordem fundada pelo francês, Pe. Julio Chevalier. No entanto, as circunstâncias da II Guerra Mundial protelaram o início dos trabalhos. Os Missionários chegaram apenas em 15 de agosto de 1946. Nas décadas de 40 – 50 o quadro socioeconômico-cultural de Pinheiro era desolador: uma população asfixiada pelo binômio pobreza x ignorância. Havia duas escolas públicas que ofereciam o ensino primário até a 5ª série do antigo ensino fundamental. Aos 02 de março de 1947, Dom Afonso funda o Seminário São José, que foi fechado em 1950, surgindo a Escola paroquial, que em seguida passou a ser denominada Grupo Escolar Nossa Senhora do Sagrado Coração, que tinha mais salas de aulas, recursos didáticos e contava com algumas professoras normalistas. Em 1953 foi inaugurado o Ginásio Pinheirense, depois transformado em Colégio Pinheirense, incluindo cursos de nível médio. O objetivo desta Comunicação é historiar a criação, inserção e contribuições deste Colégio no contexto socioeconômico e cultural Regional de Pinheiro – MA., entrelaçando História da Instituição Educativa e História da Educação. Ao reconstituir a história da instituição, pretende-se fazer uso de um aporte teórico que permita uma síntese multidimensional (Justino Magalhães, 2004), a partir de três aspectos: a) materialidade – a instalação da escola em sua visibilidade, envolvendo condições físicas, sua estrutura organizacional, o suporte físico das práticas educativas; b) a representação – o ideal da instituição, envolvendo a memória, o planejamento das ações, o currículo, os estatutos, a disposição dos agentes diretores e encarregados do funcionamento institucional. c) apropriação – práticas pedagógicas propriamente ditas, as incorporações do ideário pedagógico, definindo a identidade dos sujeitos da instituição e seus destinos de e na vida. Entendo a Instituição educativa em uma complexidade espaciotemporal, de constantes projetos e tensões arquitetados a partir de aspectos socioculturais e político-econômicos. O projeto apoia-se em fontes imagéticas, entrevistas, documentos internos, trajetórias dos sujeitos envolvidos no processo de criação e de instalação, plantas arquitetônicas, currículos e programas de ensino, normas e regimentos escolares, dentre outros. Visa também identificar a origem social e destino do corpo discente, dos professores e a organização administrativa da escola.

AS MULHERES PROFESSORAS DE ARTE NA ESCOLA TÉCNICA FEDERAL DO MARANHÃO (1975-1989)

ALEXANDRA NAIMA MACHADO RUDAKOFF IRAN DE MARIA LEITÃO NUNES

Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

As mulheres professoras de Arte na Escola Técnica Federal do Maranhão (1975-1989) é um trabalho resultado de uma dissertação apresentada ao Mestrado em Educação da Universidade Federal do Maranhão, com o objetivo de analisar as trajetórias das mulheres professoras de Arte Maria José Duailibe Cassas Gomes e Maria Regina Soares Telles de Sousa na Escola Técnica Federal do Maranhão, no período de 1975 a 1989, investigando as suas

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contribuições para a formação e consolidação de um espaço artístico-pedagógico nesta Escola. Inicialmente, a análise incidiu sobre a compreensão dos itinerários sociais dessas professoras, tendo em vista a apreensão das suas origens sociais, dos investimentos escolares realizados e da formação artística e cultural desses agentes, que foram traduzidos em posições assumidas ao longo de suas trajetórias nesta Escola. Posteriormente, foi realizada a análise das trajetórias dessas professoras na Escola Técnica Federal do Maranhão, investigando o processo de formação, a estrutura e o funcionamento do espaço artístico-pedagógico desta Escola. A análise foi feita com base em categorias diversas desenvolvidas por Beauvoir (1980,1981), Bourdieu (1983,1990,1996a,1996b,1998), Perrot (2005), Scott (1992,1995), entre outros. A metodologia envolveu uma revisão bibliográfica e teórica, assim como um conjunto de procedimentos metodológicos apropriados à obtenção de dados e informações sobre o objeto de estudo, tais como: pesquisa em documentos oficiais do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão, notícias de jornais e relatórios de órgãos do Estado do Maranhão; entrevistas; diálogos com ex-alunos, professores aposentados da Escola e familiares dos agentes que fizeram parte do espaço artístico-pedagógico da Escola. A análise das trajetórias das professoras Maria José Cassas e Regina Telles na Escola Técnica Federal do Maranhão revelou um aspecto da identidade do ensino de Arte em São Luís, nas décadas de 1970 e 1980, o ensino não polivalente ou autônomo, que era totalmente inovador em relação ao ensino da maioria das escolas brasileiras e maranhenses do período, principalmente no que se refere ao aspecto metodológico. Vale lembrar que, naquele período, o Conselho Federal de Educação já tinha divulgado o Parecer nº 540/77, com o qual orientou que a prática pedagógica do ensino de Educação Artística nas escolas brasileiras deveria ser “polivalente”, ou seja, o professor deveria transitar pelas diversas linguagens artísticas, articulando saberes e procedimentos.

A EDUCAÇÃO E FÉ EM CAICÓ (1925 - 1941)

ALEXANDRE REMO MIRANDA DE ARAÚJO Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

O presente trabalho busca apresentar à discussão acadêmica nossa pesquisa, afim de fortalecer os conhecimentos relativos a educação ajustada na fé das religiosas do Educandário Santa Terezinha do Menino Jesus. Durante o desenvolvimento das atividades escolares, nota-se que a Cultura Escolar propicia um novo modelo de conduta experimentado nas dependências internas do STMJ, que começa a ser reproduzido externamente por suas alunas, disseminando seus ensinamentos ofertados as moças que lá eram conduzidas para serem orientadas aos padrões da boa formação cristã. Estes padrões de comportamento, faziam com que houvesse maior notoriedade na comunidade caicoense. Essa formação traz para o centro de nossas discussões o papel religioso e político da ins tuição, pois a Igreja procurava consolidar sua posição no Brasil, após rupturas entre ela e o Estado alguns anos antes. Assim nossa pesquisa procurou compreender como se deu esse percurso que trousse até hoje como desdobramento um complexo processo cultural na identidade dos alunos que passaram por essa ins tuição escolar de cunho confessional. Para compor o objeto de estudo, elencamos como objetivo geral: buscar a par cipação e as possíveis contribuições da Congregação Filhas do Amor Divino para a educação em Caicó entre os anos de 1925 a 1941. E como objetivos específicos: Localizar a origem da proposta pedagógica e práticas cotidianas do Educandário Santa Terezinha do Menino Jesus e entender as mudanças ocorridas neste período. Para tratar os dados nos norteamos em estudos da História Cultural que tem como referencial teórico-metodológico as reflexões trazidas por Julia (2001) e Chartier (1990), Carvalho (1998), Veiga (2000), Certeau (2006), no âmbito da cultura escolar que nos orienta para a elaboração de dados por meio de pesquisa bibliográfica, realização de pesquisa documental: Atas e registros escolares, Entrevistas com Ex-Professores, visitas ao Colégio Santa Terezinha do Menino Jesus (Caicó/RN), Ex-funcionários, Ex-alunos, Coletar fotografias tanto de ex-professores quanto de ex-alunos, Padres e Freiras, Análise de fontes obtidas. Durante a pesquisa, observamos que o educandário STMJ, teve um papel que foi além de um simples espaço escolar, tendo em vista que propiciou uma exercício pedagógico em que a religiosidade era seu carro chefe já que tinha como meta a completude do ser através de uma formação espiritual de maneira integral das moças caicoenses, onde havia a par cipação das alunas nas festas cívicas, atividades culturais que enalteciam o papel do cristão com ritos próprios. Além disso, o Educandário teve um papel social relevante, pois em alguns momentos serviu de espaço para ações de ordem política e assistencial, em que eram exercidos os exemplos bíblicos de compaixão e solidariedade para com os mais necessitados durante os períodos de dificuldade climática na região Seridó do RN.

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EXTRA, EXTRA: AS MEMÓRIAS INFANTIS DO O CLARIM (1945-1965)

ALICE RIGONI JACQUES Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

Os periódicos apresentam representações de uma época, sejam elas políticas, econômicas ou sociais; descrições variadas sobre a vida cotidiana da escola; valores importantes para a comunidade; concepções didáticas, signos escolares e suas mensagens. O presente estudo analisa 21 periódicos do O Clarim, jornal produzido pelos alunos do Grêmio Estudantil do Colégio Farroupilha de Porto alegre/RS no período de 1945 a 1965, pertencente ao acervo do Memorial Do Deutscher Hilfsverein. O Clarim era um periódico comum a toda escola, onde professores e alunos interagiam e se apropriavam de maneira distinta das páginas deste jornal. Memórias infantis registradas em periódicos também são objetos de estudo a partir das perspectivas da História Cultural, por isso, o recorte realizado para este artigo diz respeito à seção do primário inserida no periódico e que contemplava escritos dos alunos do curso primário da escola. A materialidade do periódico apresenta um formato semelhante a uma revista e a impressão parecida com a estrutura de um jornal. Nas reduzidas páginas noticiava-se acontecimentos escolares, textos com ideais nacionalistas, valorização de datas cívicas e festas escolares. O maior número de páginas era destinado ao curso ginasial, entretanto havia a seção do ensino primário que contemplava o escrito de fábulas, historietas, adivinhações, desenhos para colorir, poesias, adivinhações, concurso de redação e entrevistas. Outra composição do periódico dizia respeito às viagens realizadas pela diretora do ensino primário, Sra. Wilma Funcke onde em dois deles vamos testemunhar suas viagens realizadas à Europa. A pesquisa detém-se no exame da materialidade desse acervo documental, a tipologia do documento (formato, tamanho, dimensões, capa,), assim como, analisa as memórias infantis registradas. Examina o que escrevem, quem escreve e como se apresentam as narrativas produzidas pelas crianças e para as crianças. A partir da leitura e análise da seção destinada ao ensino primário, é possível chegar perto do universo social e cultural dos alunos, professores e direção, bem como perceber com que frequência estes escritos acontecia. Diante do estudo conclui-se que a participação do ensino primário no periódico era uma forma de divulgar o jornal para estes alunos e obter através da participação deles um maior número de adesão para sua comercialização. Portanto, a participação e inserção dos alunos do ensino primário nas páginas do O Clarim marcam uma iniciativa importante do Grêmio Estudantil em oportunizar o espaço para os alunos menores e oferecer a eles o contato com uma prática desenvolvida pelos alunos de níveis de ensino mais avançados, uma vez que estes se referiam algumas vezes ao descontentamento diante do fato de muitos alunos da escola não se interessarem, nem como autores, nem mesmo como leitores do periódico.

ESCOLAS AO AR LIVRE E COLÔNIAS DE FÉRIAS: UM CORRETIVO PARA OS DÉBEIS ESCOLARES

ALINE MARTINS DE ALMEIDA Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

Em 1917, o Anuário do Ensino do Estado de São Paulo, publicação oficial da Diretoria Geral da Instrução Pública, remodelou os serviços de inspeção médica das escolas do Estado. Como umas das promessas de renovação educacional, o Doutor Vieira de Mello, Chefe da Inspeção médica escolar, fundador e diretor da assistência escolar de São Paulo, com base na lei nº 1541, de 30 de dezembro de 1916, propõe a criação de escolas ao ar livre e colônias de férias destinadas a alunos débeis ou subnormais. Estes alunos foram caracterizados a partir do estabelecimento de um exame cuidadoso por meio do preenchimento de fichas que compreendiam medidas anatômicas, exame médico, observações pedagógicas e tabela das médias de desenvolvimento físico dos escolares. Os alunos que apresentassem desvios como: desnutrição, dificuldades e ou doenças do sistema respiratório (destacando-se a tuberculose, sendo esta a principal enfermidade a ser tratada nestes estabelecimentos), obesidade e afins eram caracterizados como débeis ou subnormais. Desta forma, estas escolas tinham como objetivo principal “salvar a semente”, ou seja, amparar a infância destes males que agravavam o desenvolvimento em prol da aptidão da infância para o trabalho. Com isso, estes espaços seriam criados e constituiriam os melhores corretivos, pois dariam subsídios às escolas primárias, num curto espaço de tempo, não apenas ao tratamento destes infantes em seu desenvolvimento físico e intelectual, mas, na formação higiênica, pedagógica e didática de crianças atentas e vivazes. Para tanto, estes espaços deveriam ser reformulados e o caráter de sanatório deveria ser substituído por um caráter de cunho educacional. Para tanto, o ensino desses escolares deveria inspirar-se em suas condições individuais, por meio do método intuitivo, no qual professores deveriam desenvolver a educação dos sentidos, considerada a metodologia inquestionavelmente superior à educação teórica ministrada nas escolas da Capital. Este método deveria ter como subsídios os trabalhos manuais, os exercícios de medições, as lições práticas de botânica, geologia e geografia, além de uma

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Caderno de Resumos - Comunicações Individuais

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disciplina branda composta por jogos, sesta e alimentação. Para amparar o nosso estudo, teremos como aparato teórico as contribuições de Bueno (2011), Carvalho (1997) e Lobo (2008), a Lei nº 1541 de 30/12/1916, o Anuário do Ensino do Ensino de São Paulo (1917), o Relatório de Inspeção do Doutor Vieira de Mello (1917) e as fichas sanitárias dos escolares débeis. Desta forma, este estudo tem por objetivos apresentar como o método intuitivo se fez presente na instrução pública proposta nos primeiros anos da República paulista, reconfigurando na aposta de uma pedagogia nova, experimental, cientifica sobre a natureza, os tempos, os espaços e as práticas para o desenvolvimento infantil. Reconfiguração que elegia como pilares a associação entre a saúde e a educação, de forma a colaborar na obra e formação integral do homem brasileiro.

ONGS ENQUANTO ESPAÇO NÃO ESCOLAR: UMA CARTOGRAFIA DESTE CENÁRIO NA CIDADE DE JOÃO PESSOA-PB

ALYSSON ANDRÉ RÉGIS OLIVEIRTA MARLÚCIA MENEZES DE PAIVA

Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

A educação formal ocorre, portanto, na instituição escolar, sob orientação do professor e com a finalidade de socializar saberes e transmitir conteúdos historicamente construídos, mediante o processo de ensino e aprendizagem, enquanto a educação não formal, por sua vez, atua em espaços de ações coletivas, nos quais os cidadãos interagem, segundo as diretrizes do grupo. A partir dessa constatação e reconhecendo a importância das Organizações Não Governamentais – ONGs enquanto espaços não escolares e para o atendimento às necessidades da sociedade civil, desenvolvemos o presente estudo, que buscou conhecer, a partir de uma cartografia, as organizações não governamentais situadas na cidade de João Pessoa, Paraíba, que trabalham na perspectiva da educação não formal. Utilizamos como método de abordagem a História das Instituições e Práticas Educativas. A presente pesquisa foi caracterizada como uma abordagem quati-qualitativa com enfoque exploratório e descritivo, para o conhecimento das características do fenômeno estudado e estabelecimento das relações entre variáveis presentes no contexto das ONGs pessoenses. Utilizou-se como técnica de coleta de dados os documentos ligados à Associação Brasileira das Organizações Não Governamentais e ao Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente – CMDCA, se caracterizando como uma pesquisa bibliográfica e documental. Em relação às estratégias de tratamento dos dados, utilizou-se o software SPSS – Statistical Package for Social Science e a planilha eletrônica Excel2003(análise quantitativa) e em relação à análise qualitativa, as informações ordenadas e organizadas foram analisadas e interpretadas através da utilização de técnicas descritas de Análise de Conteúdo baseado nos estudos de Bardin. Os resultados parciais obtidos pela pesquisa bibliográfica e documental nos permitiram concluir que as ONGs com registro no CMDCA-JP, cujo universo foi formado por 74 instituições não governamentais e se caracterizam da seguinte maneira: 60,80% das ONGs possuíam o campo de atuação voltado à Educação, com uma boa representatividade de 27,04% no campo voltado à Justiça e promoção de direitos. Percebe-se que tal cenário se dá, a princípio, no sentido de responder às demandas sociais até então negligenciadas pelo poder público, tais como: saúde, moradia, educação, saneamento básico, infraestrutura, alimentação, lazer, esporte, entre outras. Nesse escopo, o que se deve ter em mente é que as palavras-de-ordem devem passar a ser complementariedade, corresponsabilidade, participação efetiva e parceria. Agir em substituição às funções do Estado, ou mesmo de forma a deixar lacunas para que o poder público possa se eximir de suas responsabilidades constitucionais, seria uma fatalidade política e social (FERNANDES, 1996).

O INSTITUTO LAR DE JESUS, SUA HISTÓRIA A PARTIR DAS MEMÓRIAS DE SEUS GRUPOS VIVOS E HISTÓRIA DE VIDA DE UMA DE SUAS

FUNDADORAS A PROFESSORA DIOSMA MARTINEZ NUNES

ANA CRISITINA DOS SANTOS AMARO DA SILVEIRA Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

O texto procura “alinhavar” a construção da história do Instituto Lar de Jesus a partir das memórias dos grupos vivos da instituição. Os caminhos teóricos e metodológicos construídos para o texto e também que será tecido para a pesquisa são: o metodológico, o da História Oral e História de vida, como também documentos da escola e o teórico serão os diálogos com autores que elucidam temas como Instituição Escolar, Memória, História. As fontes que serão utilizadas, orais ou documentais, tecerão a investigação e construirão a história do Lar de Jesus a partir das memórias dos “grupos vivos” como também os documentos existentes na instituição. As entrevistas

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serão importantes recursos e ainda uma ferramenta capaz de instrumentalizar a construção da história do Lar de Jesus. Na pesquisa em tese, a fonte oral será utilizada com outras fontes tradicionais (documentos) para construir o passado dessa Instituição, que como já citado percebo a mais profunda união e ligação entre a D. Diosma (professora, mãe, mulher, política, gestora e benevolente) com o Lar de Jesus (instituição espírita, instituição assistencial e instituição escolar), como se fosse uma única história. É nas instituições escolares que a educação tem a mais profunda relação com os sujeitos que fazem parte de seu lócus espacial e é onde ela se manifesta de forma mais completa e elaborada. Isso porque a história das instituições escolares é construída pelas histórias dos sujeitos envolvidos suas memórias, seus olhares, considerando a profunda interligação que há entre eles. Esta ligação se dá pela participação destes sujeitos em seu processo social, cultural e político. O lar de Jesus também construiu a sua história a partir da história de seus sujeitos e principalmente pela história de vida da professora Diosma, que deu sentido e propósito para a instituição. Por perceber que nas memórias há possibilidade de construir, tecer a história da Instituição Lar de Jesus, hoje escolar, antes assistencial. O texto procura entender essas memórias, então fontes de pesquisa, como mecanismos vivos que dialogam com a história e documentos para assim poder construir a história dessa Instituição. Portanto para a construção da pesquisa será levado em conta a relação dialógica e os aspectos elencados pelos teóricos trabalhados e ainda contextualizar as falas dos grupos vivos, para assim poder construir a história da instituição dialogicamente e dialeticamente entre memórias, histórias e documentos. Nesse delineamento da História do Lar de Jesus, na construção do caminho da investigação a partir de documentos da instituição e entrevistas acredito na simetria e no diálogo entre as fontes documentais já existentes e as fontes orais, que serão produzidas a partir das entrevistas. E nessa simetria percebo os lugares de memória, desde a materialidade concreta ao que é simbólico e abstrato. Assim nessa relação dialógica levando em conta aspectos elencados procuro construir a história da instituição.

GÊNERO E EDUCAÇÃO NA PARAÍBA: A PRÁTICA EDUCATIVA DA ESCRITORA SOUSENSE JULIETA PORDEUS GADELHA

ANA PAULA MENDES SILVA Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

O presente trabalho tem como objeto de pesquisa a escritora sousense Julieta Pordeus Gadelha e como objetivo analisar sua prática educativa nas obras publicadas, bem como, na atuação enquanto professora do Colégio Dez de Julho, importante instituição de ensino que formava as elites locais do município de Sousa, estado da Paraíba. O desejo de escrever sobre Julieta Pordeus é antigo e vem acompanhando nossa vida acadêmica desde a graduação. Se por um sem número de motivos, esse desejo foi adiado, agora se concretiza por meio deste artigo, que faz parte de nossa tese de doutorado em andamento. O recorte temporal por nós adotado remonta a década de 1960 a 1990, período em que suas obras começam a se tornar evidentes para a historiografia do município de Sousa. Esse recorte, entretanto, não isenta a memória de outras épocas remotas, quando se fizer necessário. As obras publicadas por Julieta remontam um passado caracterizado por um contexto social, político, econômico e ideológico em que vários acontecimentos tiveram repercussão para a historiografia do lugar, como o Milagre Eucarístico, ainda existente até os dias atuais. Para a concretude da pesquisa, algumas fontes foram catalogadas e se tornam imprescindíveis para a relevância do trabalho. Entre outras, se destacam as fotos e os documentos de escolas em que Julieta atuou. Os instrumentos de entrevistas e questionários com familiares e colegas da época estudantil da escritora foram necessários para a colhida dessas fontes. Percorremos os caminhos da metodologia através do referencial direcionado por Burke, baseado na Nova História Cultural, no conceito de representação utilizado por Chartier, nas análises sociológicas de Norbert Elias e no conceito de prática educativa utilizado por Libâneo quando estabelece uma relação direta entre a prática educativa e a estrutura social mais ampla. Considerando que a prática educativa e os modos de fazer educação de muitas mulheres ficaram no adormecimento, sobretudo de professoras e escritoras, concluímos que Julieta Pordeus é uma mulher de destaque no município de Sousa, Sertão da Paraíba uma vez que têm uma gama de contribuições para a historiografia daquele lugar através de publicações de obras como crônicas e livros a construção do hino, o desenho da bandeira e a organização de museus. Por esse e tantos outros motivos, trazer à tona a memória feminina esquecida, rememorar trajetórias e práticas de mulheres que fizeram história faz parte desse trabalho. Falar sobre Julieta e sua prática educativa se configura, para nós, reviver um contexto social que talvez tenha sido esquecido ou que ainda não tenha sido objeto de estudo de uma pesquisa.

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Caderno de Resumos - Comunicações Individuais

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“A CONCRETIZAÇÃO DE UM GRANDE DESEJO DESTA CIDADE” – A INAUGURAÇÃO DO GYMNÁZIO LEOPOLDO

ANAISE CRISTINA DA SILVA NASCIMENTO Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

A partir de um do grupo de publicações em periódicos da baixada fluminense e da capital , datados do ano de 1930, este trabalho tem o objetivo de entender a conjuntura sócio histórica da fundação do Gymnázio Leopoldo , instituição educacional do município de Nova Iguaçu, que inicia suas atividades nesse mesmo ano. As publicações somam-se em cinco reportagens publicadas em três periódicos, O Correio da Lavoura, o Nilópolis Jornal e o Jornal O Globo. Os significados desse projeto ,seus os fundadores, e a proposta pedagógica da instituição são alguns pontos a serem abordados. As matérias publicadas nos periódicos serão entrecruzados com publicações sobre a história da educação do Distrito Federal, a história da baixada fluminense e a história de Nova Iguaçu, para ajudar a compreender o local de inserção da instituição, assim como, o momento em que a inauguração acontece. O Ginásio, desde a sua criação, é apresentado como algo desejado pela população do município, a abordagem dos periódicos sobre a inauguração apresenta indícios da importância do projeto no cenário educacional . Seu fundador, o professor Leopoldo Machado, é citado em todas as publicações, indicando o papel destaque do educador , que foi patrono e responsável pelo Gymnázio até seu falecimento . Sua atuação enquanto líder espiritual e difusor da doutrina espírita não apenas na Baixada Fluminense mas em todo o Brasil inclui elementos singulares ao seu histórico e deixa marcas. Estudar a história da educação da cidade de Nova Iguaçu, a partir da inauguração do Gymnázio Leopoldo a luz de teóricos como Dias (2012) aparece aqui como uma forma compreender como acontece o processo de escolarização da Baixada Fluminense , onde acontece e quando acontece . A perspectiva de uso dos periódicos enquanto fonte para Sousa (2002), Pallares-Burke (1998) e Lustosa (2003) evidencia esse tipo de material como um agente de cultura, propagador de idéias e mobilizador de opiniões que pode assumir em vários momentos o papel educacional de instruir e facilitar o acesso a informação. E quando compreendemos as questões acerca da educação e religiosidade , Johnson (2001), Incontri (2003) e Pires (1985) apresentam elementos que ajudam a elucidar a como o projeto educacional ali implementado se aproxima dos parâmetros da pedagogia espírita. Ou seja, várias interpretações aliadas para contribuir aos estudos sobre a historia da educação da Baixada Fluminense , sobre seus educadores e as práticas e filosofias ali consolidadas.

INOVAÇÕES PEDAGÓGICAS DE UMA EDUCAÇÃO DO CORPO AO AR LIVRE: A ESCOLA DE APLICAÇÃO AO AR LIVRE DO ESTADO DE SÃO

PAULO (1922-1956)

ANDRÉ DALBEN Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

A pesquisa aborda a única iniciativa de Escola ao Ar Livre posta em prática até o presente momento no Brasil, a qual poderia permanecer oculta à memória, presa entre as páginas de livros conservados em bibliotecas e arquivos, mas que se pretende resgatar com o intuito de ser o ponto de partida para a compreensão de um fenômeno mais extenso: de uma educação do corpo realizada na natureza, institucionalizada pelas Escolas ao Ar Livre e divulgada pelos movimentos da Escola Nova. Unindo o ar livre dos parques urbanos ou bosques nas cercanias das cidades à novos métodos pedagógicos, baseados sobretudo na observação da natureza, as Escolas ao Ar Livre ambicionavam modificar em profundidade os sistemas públicos de ensino primário, sobretudo os modelos escolares mais tradicionais, oferecendo um novo ar, mais fresco, não apenas aos pulmões dos alunos que aos bosques e parques agora se dirigiriam, mas principalmente aos programas, horários e arquiteturas escolares. A partir de uma pesquisa histórica, pretende-se investigar a inserção da escola paulistana no movimento médico-pedagógico internacional de Escolas ao Ar Livre, o qual teria tido início em 1922, com a realização do I Congresso Internacional de Escolas ao Ar Livre em Paris, encerrando-se em 1956, ano da realização de sua quinta e última edição, mesmo ano em que a Escola ao Ar Livre paulistana deixara as dependências do Parque da Água Branca para abrigar-se em um edifício escolar especialmente construído para esta finalidade. Parte-se da hipótese de que muitas das ideias para a criação da Escola ao Ar Livre paulistana chegaram ao Brasil a partir dos debates estabelecidos nos Congressos Internacionais de Escolas ao Ar Livre, os quais podem ter alimentado os movimentos de renovação pedagógica estabelecidos no Brasil pela Escola Nova. Esta hipótese está alicerçada no fato deste estabelecimento infantil ter se caracterizado como uma instituição experimental de ensino, na qual os alunos da Escola Superior de Educação Física do Estado de São Paulo (ESEF-SP) e da Escola Normal Caetano de Campos realizavam observações de campo e estágios, e onde seus

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professores colocariam à prova os mais recentes métodos pedagógicos. A investigação adota como fontes principais os anais dos referidos eventos científicos, assim como dos Congressos Pan-Americanos da Criança e os documentos oficiais da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo. A motivação para a pesquisa proposta advém do fato das Escolas ao Ar Livre terem sido concebidas como uma iniciativa alternativa de educação pública que, ao unir as teorias da saúde pública e dos movimentos da Escola Nova, em circulação durante às primeiras décadas do século XX, conformaram um dos exemplos mais refinados de uma educação do corpo ao ar livre.

O ADVENTO DO PRIMEIRO CÓDIGO MENORISTA BRASILEIRO E O ATENDIMENTO AOS MENORES NO EDUCANDÁRIO NOGUEIRA DE

FARIA

ANDRESON CARLOS ELIAS BARBOSA Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

Este artigo apresenta reflexões preliminares de um estudo em curso realizado no âmbito do Programa de pós-graduação em Educação (Doutorado) que tem como objetivo refletir sobre as práticas educativas das instituições correcionais na América Latina e se detém acerca do atendimento à Menoridade paraense através do Educandário Nogueira de Faria. O contexto histórico do estudo empreendida é a transição do século XIX para o XX quando se vivenciou, com grande força, as discussões acerca das propostas de atendimento às crianças e adolescentes envolvidos em práticas delituosas, que, a partir da doutrina da situação irregular foram categorizados como menores. Esses debates promoveram, dentre outras coisas, a criação dos Tribunais e Juizados de Menores, assim como o surgimento de legislações e instituições destinadas ao atendimento dos menores delinquentes. Nesse contexto, o Brasil foi pioneiro ao implantar o primeiro juízo privativo de menores da América Latina (1924), seguido pela promulgação do Código de Menores (1927) e, consequentemente, pelo surgimento dos estabelecimentos de reforma, como por exemplo, as casas de prevenção localizadas no Rio de Janeiro. O Estado do Pará, em consonância com o restante do país, também fundou uma instituição disciplinar, o Educandário Nogueira de Faria. Esse estabelecimento foi construído na Ilha de Cotijuba, às proximidades da capital paraense, durante o governo de Magalhães Barata e para tal contou com o empenho pessoal do magistrado paraense Raymundo Nogueira de Faria, seu idealizador, principal investidor e diretor durante os primeiros anos de funcionamento. A instituição surgiu com o objetivo de materializar os dispositivos presentes no Código menorista, sendo que a opção geográfica por uma ilha estava em consonância com a política praticada à época, denominada de repressivo-segregacionista, que visava o isolamento de todos aqueles que pudessem, de alguma forma, ameaçar a tranquilidade republicana, por isso, o Educandário, na prática, se consubstanciou numa política de controle social que subalternizava os sujeitos das camadas mais pobres da população, a saber: negros, indígenas e mestiços. Assim, a investigação em curso aponta que os dispositivos legais além de atribuírem ao Judiciário, na figura do juiz de menores, um poder praticamente ilimitado sobre as famílias, criaram a categoria social “menor” colocando esses sujeitos na condição de “em situação irregular” e, portanto, passíveis à ação governamental e também judiciária, dessa forma, essa doutrina se apresentava como a permanência dos processos colonizadores iniciados ainda com a chegada dos europeus em nosso território.

MENINAS, EDUCAÇÃO E CASAMENTO NA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DA BAHIA

ANGELA CRISTINA SALGADO DE SANTANA Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

Este trabalho consiste numa abordagem sobre a vida das crianças que eram enjeitadas por suas famílias ou responsáveis e eram acolhidas na Roda da Santa Casa e Misericórdia da Bahia, a partir de 1726 até a extinção do serviço em 1945. Pautada no seu pilar básico, a caridade, a Santa Casa da Bahia, ainda que não tendo em seu Estatuto a obrigação formal de educar, não ficou indiferente às necessidades educativas das crianças que abrigou, buscando oferecer a todas elas a educação moral e religiosa e a educação formal que as capacitaria, no futuro, para o ganho honesto do seu sustento. No espaço de uma instituição total, fundamentado nos princípios da igreja católica, observando com rigor os valores vigentes na cidade de Salvador, os meninos estudavam, aprendiam um ofício e eram em seguida relocados, enquanto as meninas cresciam, estudavam, rezavam, aprendiam trabalhos domésticos e determinados socialmente para o seu sexo, esperando a concessão de um dote que as habilitaria ao estado civil de casadas. Dentro da panorâmica levantada sobre a Santa Casa, evidenciam-se as diferentes formas de educar meninos e meninas. A educação, embasada nos conceitos e

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preconceitos do recorte histórico citado, era um poderoso instrumento de adestramento para o cumprimento dos papéis socialmente esperados para as meninas e mulheres que sobreviveram ao abandono familiar, ao estigma da exposição num asilo e ao rigoroso cumprimento da disciplina do corpo e da alma. Soma-se, ainda, a aspiração de imitação dos valores mariológicos, pregados e defendidos pela instituição para alunas, mestras e servas que viviam e circulavam em seus espaços cuidadosamente demarcados. As jovens consideradas aptas para o casamento, devidamente educadas e com o recebimento do dote e do enxoval, dali partiam para o mundo exterior, conhecendo muito pouco sobre o novo modo de vida que enfrentariam no campo social, afetivo e sexual e, principalmente, sobre como lidar com as adversidades. A pesquisa em fontes documentais da própria instituição é reveladora de procedimentos adotados pelas mestras, mulheres integrantes de ordens religiosas e, posteriormente, pelas mulheres que viviam fora dos muros institucionais e com olhares diversos sobre o mundo. As transformações sociais, culturais e políticas vivenciadas pelo país e que, naturalmente, se refletiram na cidade de Salvador, também se fizeram sentir no espaço da Santa Casa de Misericórdia e no seu processo educativo, levando a embates e reformulações significativas até os dias presentes na história da instituição e no cenário da filantropia na Bahia.

ESCOLAS ISOLADAS EM SÃO PAULO (1933-1944): CONSTRUÇÃO DE UMA "IMAGEM"

ANGÉLICA PALL ORIANI Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

Neste resumo são apresentados resultados preliminares de pesquisa de Doutorado em Educação (Bolsa CNPq) e o objetivo é problematizar a construção de uma "imagem" das escolas isoladas paulistas, a partir dos olhares avaliativos dos delegados regionais de ensino, contidos nos Relatórios das delegacias regionais de ensino (1933-1944). Nesses relatórios estavam concretizadas as prestações de contas dos delegados de ensino em relação às atividades que vinham desenvolvendo para a expansão da escolarização primária em suas regionais localizadas no estado de São Paulo. A partir da análise desenvolvida, constatou-se que as informações apresentadas nesses relatórios se referiam ao número de matrículas, à frequência, à promoção dos alunos e às condições físicas dos prédios em que estavam instalados os grupos escolares e as escolas isoladas em cada uma das regionais. A despeito de alguns aspectos específicos, as avaliações dos delegados regionais a respeito das escolas isoladas continham pontos convergentes, a saber: a indicação das condições inadequadas dos prédios onde as escolas isoladas funcionavam, como salas sem água, sem banheiro ou sem iluminação, ou seja, sem condições higiênicas e pedagógicas para o desenvolvimento das atividades didáticas; as dificuldades de manutenção das atividades pedagógicas das escolas isoladas durante todo o ano letivo devido às faltas esporádicas dos alunos, o que ocasionava o fechamento e/ou a transferência da escola para outro local; e a incompatibilidade das professoras nas escolas localizadas nas zonas rurais, o que resultava em inúmeros pedidos de licenças, de afastamentos ou de exonerações. A partir da análise, vem sendo possível constatar que os relatórios dos delegados operaram como legitimadores de uma determinada cultura escolar – vinculada ao padrão observado nos grupos escolares – da qual as escolas isoladas se afastavam. Nesse processo de produção de estratégias e de atribuição de sentidos às escolas isoladas e aos grupos escolares, a construção de uma "imagem" de escola isolada foi sendo vinculada à falha e à precariedade. Há que se considerar, entretanto, que apesar de terem sido sintetizadas sob o estigma da falta em termos pedagógicos e materiais, as escolas isoladas contribuíram juntamente com os grupos escolares para a expansão da escolarização primária pelo interior do estado de São Paulo e, a despeito de suas precariedades, alcançou muitas crianças em locais de difícil acesso, aos quais os grupos escolares não chegariam. Por esse motivo e tantos outros, constata-se a importância de compreender a história das escolas isoladas e de como elas, apesar das intempéries, alfabetizaram muitas crianças pelos "sertões" do interior paulista.

A ESCOLA SUPERIOR DE AGRICULTURA DE LAVRAS/ESAL E A UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS/UFLA; A TRAJETÓRIA DE UMA

TRANSFORMAÇÃO

ANGELO CONSTÂNCIO RODRIGUES Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

A presente comunicação tem por objetivo, colocar em discussão os resultados obtidos de estudo que buscou analisar o percurso de transformação institucional de uma “escola superior” – a Escola Superior de Agricultura de Lavras/ESAL – em “universidade” – a Universidade Federal de Lavras/UFLA – sob diversos pontos de vista: o

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administrativo-burocrático, o das vozes de seus agentes sociais e o da observação da dinâmica social que determinou esse processo. A micro-história inscreveu-se como a abordagem historiográfica que guiou a investigação na medida em que nos permitiu a partir do conceito de variação de escala de observação (entre o micro – local e institucional – e o macro – o global e o nacional –, operar com diversas fontes.Estas por sua vez, se distribuíram entre: a literatura pertinente, a legislação sobre o tema, os documentos legais internos – portarias, atas e outros - e entrevistas abertas com os atores sociais envolvidos no processo de transformação da ESAL em UFLA dentro dos marcos temporais do final dos anos 80 e inicio dos 90, com variações. Assim, do ponto de vista micro-historiográfico, os resultados evidenciaram que, no universo micro-institucional esaliano ocorreu um debate interno entre docentes das ciências agrárias e humanas que, a despeito de desejarem o modelo universitário, divergiam no que diz respeito à qual concepção de universidade deveria ser adotada – se especializada/agrária ou mais ampla/humanizada e heterogênea – , tornando essa discussão um importante elemento de análise da transformação em si. Por outro lado, variando a escala de observação para o nível macro-político – Brasília e a tramitação burocrática do processo – percebeu-se que igual discussão manifestava-se naquela instância por força de aspectos tais como: o político – o mandato-tampão de Itamar Franco e suas deliberações – e as normativas legais tais como o “princípio de universalidade de campo”. Dois aspectos se evidenciaram como conclusão: um primeiro que indica o fato de que a universidade brasileira, em sua construção histórica, assumiu determinada concepção que, em dado momento, entrou em processo de esgotamento e a transformação da ESAL em UFLA espelhou exatamente esse fenômeno, tendo a discussão sobre a universalidade de campo como cerne. O segundo aspecto diz respeito à confirmação de premissa apontada pelo autor, da importância de se retirar do “anonimato interiorano”, estudos históricos educacionais de diversas ordens, na medida em que nos permitem enxergar com igual clareza, o universo macro histórico-político.

INSTITUIÇÕES ESCOLARES COMO OBJETO DE PESQUISA: (IN) DEFINIÇÕES, DESAFIOS E POSSIBILIDADES.

APARECIDA MARIA ALMEIDA BARROS Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

O estudo situado no campo da história da educação, subsidiado por documentos oficiais e manuscritos de domínio público e privado, problematiza e discute questões envolvendo a investigação de instituições escolares na pós-graduação no sudeste goiano. Consta-se uma iniciativa relativamente recente de composição dos grupos de pesquisas, filiados aos programas de pós-graduação das instituições públicas e privadas, é possível evidenciar a inexistência, ou, digamos, a ausência de uma ‘tradição’ já consolidada da pesquisa em educação, seja por volume de produção, seja por tempo de inserção e permanência na área. Embora significativa e potencialmente articulada ao conhecimento científico produzido nos grandes centros nacionais e internacionais, protagonizamos uma trajetória recente de pesquisas e pesquisadores, quando nos referimos ao estudo das instituições escolares. Se tal premissa é verdadeira, então essa condição nos aproxima e nos coloca alguns aspectos que, potencialmente teriam um interesse comum a ser debatido e socializado no sentido de pavimentar possíveis vias que permitam o despertar de novos olhares e interesses para esta vertente. Aspectos como a fertilidade desta vertente, dificuldades quanto as (in) definições conceituais e metodológicas são problematizados. As preocupações em torno do objeto têm origem na experiência de docente e de pesquisador em processo de formação e no aprendizado de orientação na pós-graduação. Recortada por diferentes aspectos (políticos, filosóficos, sociais, curriculares, conceituais, organizacionais, didático-pedagógicos, etc.), a pesquisa de instituições escolares se reveste de complexidades, singularidades e distinções. Expressa características da cultura escolar, marcada por dispersões, contradições, representações e significações. A configuração teórica e metodológica das pesquisas com a apropriação de referenciais de autores, tais como Gatti Jr (2007), Magalhães (2004, 2007), Nascimento (2007), Nosella e Buffa (2009, 2011), Julia (2001), Bencosta (2011), Bourdieu (1964, 1990), Viñao Frago (2008, 2012) são apropriados na constituição do objeto, nas relações e interfaces com a Cultura Escolar, Objetos, Materiais, Métodos, circulação de modelos e concepções, dentre outras variáveis. Os resultados indicam a potencialidade do campo, bem como os entraves como o esvaziamento de registros e a não conservação de objetos materiais e imateriais que atestam a memória e a história das instituições. Aponta a urgência de se desencadear ações e processos que permitam o resgate, recuperação e preservação de acervos, para composição de bases empíricas da pesquisa, fomento de novos projetos, além da oportuna aproximação de pesquisadores de diferentes instituições na composição de redes de pesquisas de interesse comum.

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O ‘COLLEGIO DE MENINOS DE CURITIBA’ DE JACOB MÜLLER NO SECULO XIX: FAZENDO A VEZ DO GOVERNO.

ARICLÊ VECHIA Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

Por ocasião da sua emancipação politica em 1853, a Província do Paraná, já possuía uma instituição de ensino secundário, situada na capital – o Liceu de Coritiba. Durante as décadas de 50 e 60 do século XIX o Liceu sobreviveu à duras penas. Havia dificuldades financeiras e carência de pessoal habilitado para possibilitar que o mesmo, ofertasse um ensino secundário de acordo com o exigido nos Exames de Preparatórios das Academias do Império. No final da década de 60 o governo abriu um concurso para quem quisesse abrir uma instituição de ensino secundário na capital que deveria substituir o estabelecimento de ensino oficial, recebendo subvenção para tal fim. Dentre as propostas apresentadas o governo decidiu aceitar a apresentada pelo imigrante prussiano Jacob Müller anteriormente estabelecido em Joinville e que cursara o ‘Colégio Prussiano ‘e era filólogo pela Universidade de Bonn. O estudo tem por objetivos: desvelar as particularidades de criação do colégio de Jacob Müller; explicitar as suas finalidades, a clientela atendida e as relações entre os atores nela envolvidos. Teórica e metodologicamente o estudo insere-se na História das Instituições Escolares, tendo como matriz a História Cultural. As fontes documentais utilizadas foram: Relatórios do Inspetor Geral da Instrução Publica, Ofícios e Requerimentos trocados entre a Direção da Escola e o governo provincial, a imprensa periódica de Curitiba; planos de estudos, mapas de alunos. O estudo demonstra que o Colégio de Jacob Muller na década de 70 do século XIX, assumiu a responsabilidade de atender o ensino secundário ofertado na capital. Apesar de ser criado para atender a solicitação do governo, sua fundação foi marcada por inúmeros entraves interpostos pelo Inspetor Geral da Instrução Publica. Uma vez atendidas todas as exigências colocadas, o Colégio passou a ser subvencionado pela Província, substituindo, assim o estabelecimento público. O Colégio funcionava em regime de Internato e Externato e atendia os jovens da capital, do interior da Província do Paraná e de parte da Província de Santa Catarina, sendo que em 1870 já possuía 103 alunos. Sendo uma instituição de ensino secundário, tinha por finalidade atender os filhos das famílias mais abastadas, uma vez que o ensino secundário tinha por finalidade a ‘alta educação intelectual’ e a formação dos lideres. O Plano de Estudos adotado contemplava as matérias exigidas no Exames de Preparatórios para ingresso nas Academias do Império e deveria estar de acordo com o ofertado no Collegio de Pedro II no Rio de Janeiro. Apesar de a instituição atender a maioria das exigências do governo, passou-se a discutir o restabelecimento do Liceu e o contrato com Jacob Müller foi rescindido. . Por coincidência ou não, a rescisão do contrato se deu logo após Müller ter assinado um manifesto de apoio à Alemanha recém-unificada. O ‘Collegio de Meninos’, no entanto continuou atendendo a juventude como instituição particular.

AS ESCOLAS PRIMÁRIAS RURAIS DO MUNICÍPIO DE BIRIGUI/SP: UM OLHAR HISTÓRICO

AUREA ESTEVES SERRA Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

O objeto de estudo compreende a atividade educativa desenvolvida pelos governos, municipal e estadual no meio rural do município de Birigui, estado de São Paulo, Brasil, durante o período de 1920 a 1960, levando em consideração os antecedentes de colonização e imigração. Para a análise, o objeto de estudo procedeu a utilização tanto de indicadores do tipo quantitativo (escolas, população, período), como qualitativos (âmbitos temático, temporal, espacial e as características institucionais). O objetivo deste estudo consiste em apontar algumas notas sobre o desenvolvimento da escola primária rural no referido município a partir do resgate da história do ensino primário rural, por meio da localização, reunião e analise de fontes documentais. A análise também aborda a configuração que a gestão dos governos municipal e estadual assumiram quanto a criação das escolas rurais. Para a consecução desse objetivo, foi realizada uma pesquisa bibliografica e documental. Como resultado da pesquisa documental foi localizado um total de 300 referências bibliográficas sobre o tema. Vale lembrar que a cidade de Birigui surge em decorrência da construção da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil e a instalação da Companhia de Terras, Madeiras e Colonização do Estado de São Paulo, ambas, estas estratégias de colonização. Com relação ao desenvolvimento desse conceito, utiliza-se a matriz interpretativa cunhada por Rémond (2003) sobre a história política e quanto ao desenvolvimento da temática central - escola rural o trabalho pauta-se nos estudos de Ávila e Souza (2013) que tratam da história do ensino primário rural no Brasil e nos estudos de Cerecedo, Los Rios e Fernández (2011) que afirmam: “hablar da escuela rural, nos permite analizar la relación entre la institución escolar y la ruralidadd em el largo plazo, y abrir el paso a la realización de análisis comparativos que transciendan las fronteiras de los estados-nación, pero partiendo de la particularidad

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de las realidades locales, regionales y nacionales”. Conclui-se até a presente data o mapeamento dos bairros rurais e respectivas escolas, os tipos de escolas rurais, municipais e estaduais, e quantificação destas por determinados períodos. Diante do exposto, esta pesquisa visa contribuir tanto para a produção de uma história das escolas rurais em Birigui, do ponto de vista proposto, quanto contribuir para a compreensão de como essa expansão do ensino rural aconteceu no Estado de São Paulo, oferecendo assim subsídios para se pensar e se repensar esse tipo de ensino, a partir da compreensão histórica desse fenômeno, uma vez que, como afirma Michel de Certeau (1994) “o ‘lugar’ é o que permite e o que proíbe” (p.78) o tipo de discurso onde se enquadra as operações cognitivas.

ASPECTOS BIOGRÁFICOS DO PATRONO EDGARD SCHALCHER

BEATRIZ BACELAR BARBOSA ODALEIA ALVES DA COSTA

TIAGO RODRIGUES DA SILVA Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

A escolha dos nomes de pessoas em instituições escolares é um modo de homenagear cidadãos/cidadãs que de alguma forma contribuíram para a instrução pública. Desse modo, escrever biografia não é só narrar a história do indivíduo, mas entender todo o contexto histórico e social em que o biografado está (esteve) inserido, a fim de compreender sua trajetória de vida. A pesquisa objetiva a construção das biografias de patronos de seis escolas municipais de Timon, Maranhão. Este artigo apresentará a biografia de um patrono - Edgard Schalcher. O trabalho adotou como procedimentos metodológicos: entrevistas, pesquisas iconográficas e documentais. Inicialmente, foi realizada uma pesquisa no site do FNDE para verificar a lista de todas as escolas do município de Timon, um total de 174, destas foram visitadas doze (12) escolas da zona urbana, com a intenção de identificarmos quais possuíam o mínimo de informações sobre seus patronos. Assim, selecionamos seis (6) escolas da rede municipal de ensino, as Unidades Escolares: João Fonseca Maranhão, Benedito Silvestre, Hermenegildo da Silva Osório, Antônia Diva Rodrigues, Urbano de Sousa Martins e Edgard Schalcher. Para a seleção dos entrevistados levou-se em consideração os seguintes critérios: serem ex-funcionários da instituição escolar, familiares ou pessoas que tenham convivido com o patrono por pelo menos 10 anos. Dessa forma, a investigação histórica do patrono escolar é essencial para a história da instituição escolar na qual é homenageado. Edgar Schalcher de descendência alemã nasceu em São Luís, capital do Estado do Maranhão onde concluiu seu ginásio e aos 22 anos de idade migrou de São Luís para Timon, Maranhão onde começou a desenvolver a profissão de comerciante de cereais, tornando-se um dos maiores da cidade. Contudo no ano de 1959 foi morar na cidade de Bacabal, Maranhão, e exerceu a profissão de comerciante naquela cidade até o ano de 1964. Ao voltar para Timon em 1964, foi convidado pelo Poder Judiciário para assumir a função de Juiz de Paz; desempenhou essa função entre 1964 e 1988. Schalcher faleceu aos 84 anos por insuficiência respiratória. Por conta de suas contribuições para com a sociedade timonense seu nome foi eternizado em uma instituição escolar localizada no bairro Parque Piauí II, zona urbana da cidade de Timon no ano de 2002, na segunda gestão do ex-prefeito do município, Francisco Rodrigues de Sousa (2001-2004) que possuía uma admiração pelo seu trabalho, e preservava uma grande amizade com o patrono. Diante do exposto, conclui-se que Schalcher foi um honrado cidadão timonense, por conta dos seus serviços prestados à população de Timon, sendo que seu nome sobreviverá através dos tempos na memória dos timonenses.

DIÁLOGOS ENTRE EDUCAÇÃO FORMAL E INFORMAL NA VIDA E OBRA DE DONA IVONE LARA: O PAPEL DO INTERNATO ORSINA DA FONSECA

BRUNO DE CASTRO SOUZA Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

O presente estudo pretende analisar o papel que o internato Orsina da Fonseca desempenhou na trajetória de vida, na formação artística e na construção da obra da cantora e compositora carioca Yvonne Lara da Costa, popularmente conhecida como Dona Ivone Lara, procurando colocar em diálogo os saberes formalmente adquiridos nesta instituição com aqueles advindos de outros ambientes informais, no sentido de traçar a contribuição de cada um desses universos na construção de sua obra. A principal hipótese deste trabalho é a de que a construção de suas composições e a maneira peculiar de Dona Ivone Lara cantar, compor e executar improvisos e contracantos de rara expressão artística são originários preponderantemente de três ambientes de formação educacional. O primeiro ambiente seria a escola internato para meninas Orsina da Fonseca, de caráter formal, onde Dona Ivone Lara morou e estudou a partir dos nove anos de idade, entre outras disciplinas, o Canto

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Orfeônico. O segundo ambiente, informal, seria a casa do tio, músico e compositor do gênero choro, Dionísio Bento da Silva, onde Dona Ivone Lara passava temporadas esporádicas e tinha contato com o cavaquinho e com as composições de Dionísio. Finalmente, o terceiro ambiente, também informal, seria a comunidade da Serrinha, no bairro de Madureira, onde a artista foi morar e vivenciou dentro do seu núcleo familiar experiências muito intensas com o Jongo e o Samba, que estavam inseridos no contexto cultural local. Nesse sentido, o estudo pretende analisar a importância do diálogo entre os saberes formais e informais no processo de formação pessoal, acadêmica e artística de Dona Ivone Lara, com ênfase para a relação formal estabelecida com a Escola Internato Orsina da Fonseca. Tomaremos como base as literaturas que dissertem sobre os métodos utilizados no educandário naquele período, e também os escritos sobre as disciplinas oferecidas com foco no canto orfeônico ministrado naquela ocasião, pela professora Lucila Guimarães Villa-Lobos que, no período em questão, convidou Dona Ivone Lara a ingressar no Orfeão dos Apiacás, grupo com o qual a artista chegou a se apresentar na antiga rádio Tupi regida pelo maestro Heitor Villa-Lobos, então marido da professora Lucila. O presente trabalho fundamenta-se, ainda, em depoimentos orais de Dona Ivone Lara e de suas colegas do internato, assim como de familiares. Essas falas são cruciais para o entendimento de como se deu o impacto positivo na formação pessoal e profissional dessas alunas, já que todas reforçam em seus testemunhos a qualidade da formação que lhes foi ofertada pelo poder público naquela ocasião, possibilitando a assimilação de uma série de saberes que foram fundamentais ao longo de suas vidas. A vivência pessoal do autor principal deste artigo – desde 2007 músico e parceiro da cantora – também será explorada no presente estudo, visando contribuir, inclusive, para o debate sobre o papel das subjetividades na construção do conhecimento acadêmico.

AS INSTITUIÇÕES DE ENSINO CRIADAS EM PORTO ALEGRE / RS ( 1770 - 1950): CARACTERÍSTICAS RELACIONADAS AO TEMPO-ESPAÇO DA

CIDADE.

CARINE IVONE POPIOLEK Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

Investigar a relação existente entre a fundação das escolas e os espaços onde são inseridas é um dos objetivos deste texto, que faz parte de uma pesquisa mais ampla. Importa compreender como a história e a dinâmica da cidade se articulam com o desenvolvimento educacional e a expansão do acesso à educação, focalizando para tanto a história das instituições de ensino porto-alegrenses. As instituições de ensino de Porto Alegre têm sido estudadas e pesquisadas principalmente no sentido de melhor conhecer a história de instituições específicas, ao longo do tempo desde a sua criação. Assim, temos como exemplo pesquisas sobre o Colégio Farroupilha e o Colégio Americano que focalizam as dinâmicas e práticas de cada uma dessas instituições. Existem também estudos sobre escolas étnicas e outras mantidas por congregações religiosas. Também se percebe que boa parte dos estudos desenvolvidos até então tratam de uma instituição, ou mais de uma, mas apontando características específicas, como o estudo dos cadernos, da atuação dos docentes, do mobiliário escolar. A possível relação existente entre essas diferentes escolas não aparece com frequência nas análises mais aprofundadas. Percebendo essa característica dos estudos, este trabalho buscou investigar nas monografias, trabalhos de conclusão de curso, dissertações e teses publicadas informações sobre as escolas criadas e mantidas em Porto Alegre entre 1770 e 1950. O intuito foi constituir um atlas histórico da cidade que permitisse ver onde e quando as escolas foram sendo instaladas ao longo do período. Tratar a escolarização de um município nos remete à reflexão de Luciano Mendes de Faria Filho, quando destaca o duplo sentido do estabelecimento de processos e políticas voltados à organização de uma rede e de mecanismos de produção de referências sociais, tendo a escola como eixo articulador de sentidos e significados. O processo de busca dos textos que versam sobre as instituições escolares da capital gaúcha propicia algumas descobertas, a partir do momento em que se percebe, por um lado, a preocupação que os autores demonstram em explorar acontecimentos e fatos das escolas; enquanto que algumas relações com a sociedade como um todo e a ocupação dos espaços da cidade não são mencionadas. Neste texto foram utilizados como fonte de investigação, além do livro de Regina Schneider (A Instrução Pública no Rio Grande do Sul 1770-1889), os Relatórios da Diretoria de Instrução Pública (depois Secretaria de Educação do Estado). Mais especificamente sobre a história do Estado do Rio Grande do Sul e da cidade de Porto Alegre a historiadora Sandra Pesavento é uma das principais pesquisadoras consultadas.

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ENSINANDO COLONIZADORES PORTUGUESES: HISTÓRIA DAS PROPOSIÇÕES DA ESCOLA COLONIAL (1906-1974)

CARLOS MANOEL PIMENTA PIRES Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

A comunicação pretende expor uma análise sobre o conhecimento produzido pela Escola Superior Colonial (ESC)/Instituto Superior de Estudos Ultramarinos (ISEU) – estabelecimento estatal, que surgiu em 1906 e durou até o "25 de Abril" – cujo objetivo fora de preparar, científica e disciplinarmente, funcionários da alta administração para o além-mar. Diante de demandas de melhor governo do ultramar português, advindas desde o reposicionamento da colonização europeia sobre África (após Congresso de Berlim e a hegemonia militar sobre os povos do continente no início do século XX), à ESC/ISEU se propôs a formação de novos colonizadores com práticas que estivessem de acordo com os preceitos do processo civilizacional ocidental, da racionalização administrativa e de um maior controle sobre as terras e os povos colonizados. Dentro disso, tentaremos descrever mutações da colonização portuguesa operadas por esta instituição de ensino superior, que, num primeiro momento, definiu um projeto de deslocamento das ações até então predominantemente soberanas, estas baseadas que eram numa dominação de cariz mercantilista e no trabalho compulsório, para outras mais adequadas às práticas contemporâneas de autonomia progressiva dos povos ditos não civilizados, de uma economia monopolista e, concomitantemente, de um mais poder metropolitano. Numa primeira fase, percebe-se, mormente, uma atuação institucional que vai de acordo com a produção científica etnocêntrica e subjugadora, tão em voga no mundo acadêmico de antes da II Guerra Mundial; numa segunda etapa (após 1945), já há uma perspectiva culturalista e emancipatória dos povos colonizados, claro que ainda se mantendo a perspectiva de jugo sobre os domínios ultramarinos; por fim, principalmente após a explosão das guerras de libertação em África (1961) e, também, a reestruturação da própria faculdade – do que neste momento veio a se chamar Instituto Superior de Ciências Sociais e Política Ultramarina (ISCSPU) –, há um descolamento da função de sustentadora discursiva ao Estado português para as suas políticas colonialistas, transitando-se para uma possibilidade de se pensar criticamente a colonização e propor alternativas à perda do Império secular. Com relação à apreciação documental e a sua conceitualização, as intenções seriam de localizar historicamente a contribuição dos vários aspectos da educação colonialista institucional, como as leis e as normas, as ações dos indivíduos, as práticas discursivas, os poderes estatais instituídos etc., na constituição de um sujeito português “imperial”. Para tanto, dever-se-ia tentar ponderar quais foram as possibilidades históricas que fizeram admissíveis um determinado discurso colonizador de uma ciência, engendrada em meio às práticas instrucionais e investigativas da ESC/ISEU/ISCSPU, descrevendo sua genealogia.

MISSÃO PEDAGÓGICA AO URUGUAI EM 1913: CONTRIBUIÇÕES PARA O SETOR EDUCACIONAL DO RIO GRANDE DO SUL

CAROLINE BRAGA MICHEL Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

Em 1913, Antônio Augusto Borges de Medeiros, presidente do Estado do Rio Grande do Sul (RGS), encaminhou à capital do Uruguai, Montevidéu, uma missão pedagógica. Liderada pelo Diretor da Escola Complementar Alfredo Clemente Pinto, essa missão estava incumbida de realizar estudos sobre a estrutura e funcionamento do sistema educacional uruguaio, no intuito de identificar possibilidades ‘modernas’ para a educação rio-grandense. Desse modo, o objetivo do trabalho é identificar as implicações dessa missão no sistema educacional gaúcho. Para tanto, analisamos o Relatório Oficial entregue pelo grupo comissionado ao Dr. Firmino Paim Filho, Diretor Geral da Instrução Pública, e, posteriormente encaminhado ao Protásio Antônio Alves, Secretario dos Estados dos Negócios do Interior e Exterior. O uso dessa fonte justifica-se pelo fato de o grupo de professores ter registrado nesse documento as impressões sobre a educação no país vizinho, bem como, as possíveis contribuições para o sistema educacional gaúcho. Assim, a análise de cunho documental (CELLARD, 2010), teve como suporte para a contextualização do RGS os trabalhos de Giolo (1994), Tambara (1995), Corsetti (2007), Peres (2000), Trindade (2001) e para o contexto uruguaio, os de Bralich (1987), Barran (1998), Caetano (2000) e Greissing (2009). A partir da leitura do Relatório evidenciamos que a comissão de professores visitou, nos três meses que permaneceu no Uruguai, duas escolas de 1º grau, duas escolas de 2º grau, uma escola de 3º grau, uma escola de Aplicação, o Jardim de Infância, o Asilo Maternal, a Escola ao Ar Livre, o Instituto de Surdos-Mudos e o Museu e Biblioteca Pedagógica. Os principais destaques apresentados pelos comissionados foram: (i) a infraestrutura dos prédios uruguaios adequada às exigências da higiene e da Pedagogia; (ii) a presença de cartazes com preceitos de civilidade e moral em todas as instituições visitadas bem como uma disciplina e ordenamento de cunho cívico e patriótico; (iii) a superioridade do método João de Deus, utilizado no RGS, em relação ao utilizado nas classes de

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leitura uruguaias; (iv) a necessidade de ter pessoas preparadas pedagogicamente para assumir as aulas da Escola Complementar, assim como, a importância de destinar às escolas anexas a essa, o exclusivo preparo pedagógico dos futuros professores. Desse modo, identificamos que os elogios tecidos à estrutura educacional uruguaia corroboravam a proposta defendida pelos dirigentes do Estado de progresso através da ordem e da educação, bem como reafirmavam a importância do caráter prático na formação dos professores.

REPRESENTAÇÕES DA RURAL: UM ESTUDO SOBRE AS PRÁTICAS AGRÍCOLAS NO PROCESSO HISTÓRICO EDUCACIONAL DO GRUPO

ESCOLAR FARROUPILHA (FARROUPILHA/RS, 1927 A 1945)

CASSIANE CURTARELLI FERNANDES Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

O texto é resultado parcial de uma pesquisa de Mestrado, financiada pela CAPES, que está em andamento no município de Farroupilha, no estado do Rio Grande do Sul. A pesquisa intitulada “Grupo Escolar Farroupilha: história, sujeitos e práticas escolares (Farroupilha/RS, 1927 a 1949)” tem como principal objetivo investigar o processo histórico educacional do Grupo Escolar Farroupilha, entre os anos de 1927 a 1949, buscando compreender, a partir da documentação encontrada, as culturas escolares, atentando para o estudo dos sujeitos e das práticas educativas, em uma das primeiras escolas do Distrito de Nova Vicenza que, em 1934, torna-se município de Farroupilha/RS. O Grupo Escolar Rural de Nova Vicenza iniciou sua história no ano de 1927, a partir da união de duas escolas isoladas que existiam na área central da de Nova Vicenza, funcionando em um prédio de madeira por aproximadamente 11 anos, sob a regência das professoras Maria Ignez Vizeu e Maria Mocellini, com direção de Antão de Jesus Batista. Além de ministrar o ensino primário, este Grupo Escolar surge com a finalidade de ministrar os ensinamentos práticos e rudimentares de agricultura. Em 1938, é inaugurado um novo prédio de alvenaria com capacidade para receber 500 alunos. Conforme os registros a partir da inauguração a escola passa a se chamar Grupo Escolar Farroupilha. Esta Instituição chama-se hoje, Colégio Estadual Farroupilha, está situada na região central da cidade de Farroupilha/RS, dispondo em seu acervo particular uma vasta documentação que permite a (re)construção da sua história institucional a partir de diferentes enfoques. Neste artigo apresento um recorte temporal, entre os anos de 1927 a 1945, com o objetivo de analisar as práticas da educação rural que foram vivenciadas por alunos e professores no cotidiano desta Instituição. Para compor este estudo foram utilizados documentos textuais e fotográficos pertencentes ao Grupo Escolar, analisados pelo referencial teórico-metodológico da história cultural, das culturas escolares e da história das instituições. Os resultados apontam a ênfase destinada ao ensino agrícola com práticas diversas e diferenciadas para meninos e meninas que perduraram toda a década de 40 do século XX, mesmo a Instituição deixando de ser “rural” (ao menos nos documentos oficiais) e passando a estar situada, a partir de 1934, em um contexto tipicamente “urbano”. Com este estudo pretendo contribuir com as pesquisas já existentes sobre a história da educação rural no Rio Grande do Sul.

UM ESTUDO SOBRE AS PRÁTICAS DE CIVILIDADE NO PROCESSO HISTÓRICO EDUCACIONAL DO GRUPO ESCOLAR FARROUPILHA

(FARROUPILHA/RS, 1940 A 1946)

CASSIANE CURTARELLI FERNANDES Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

RESUMO: O presente texto vincula-se a uma pesquisa de Mestrado, financiada pela CAPES, que está em andamento no município de Farroupilha, no estado do Rio Grande do Sul. Compreendendo a escola como um espaço de produção cultural e de rituais de escolarização particulares, que podem ser investigados através dos registros do cotidiano escolar, a pesquisa intitulada “Grupo Escolar Farroupilha: história, sujeitos e práticas escolares (Farroupilha/RS, 1927 a 1949)” tem como principal objetivo investigar o processo histórico educacional do Grupo Escolar Farroupilha, entre os anos de 1927 a 1949, buscando compreender, a partir da documentação encontrada, as culturas escolares, atentando para o estudo dos sujeitos e das práticas educativas, em uma das primeiras escolas do Distrito de Nova Vicenza e posteriormente do município de Farroupilha/RS. O Grupo Escolar Rural de Nova Vicenza inicia sua história no ano de 1927, a partir da união de duas escolas isoladas que existiam na área central da Colônia de Nova Vicenza (antigo nome do município), funcionando em um prédio de madeira por aproximadamente 11 anos, sob a regência das professoras Maria Ignez Vizeu e Maria Mocellini com direção

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de Antão de Jesus Batista. Em 1938 é inaugurado o novo prédio de alvenaria com capacidade para receber 500 alunos. Conforme os registros encontrados a partir da inauguração, a escola passa a se chamar Grupo Escolar Farroupilha. Está Instituição, chama-se hoje Colégio Estadual Farroupilha, está situado na região central da cidade de Farroupilha/RS, dispondo em seu acervo particular uma vasta documentação que permite a (re)construção da sua história institucional a partir de diferentes enfoques. Para este artigo, apresento um recorte temporal, entre os anos de 1940 a 1946, com o objetivo de pensar e analisar as práticas de nacionalização do ensino que estiveram presentes no processo histórico educacional do Grupo Escolar Farroupilha, tendo como pano de fundo o aporte teórico da história cultural e das culturas escolares. A metodologia consistiu na análise documental e o corpus empírico é formado pelo acervo disponível na escola, como fotografias, Livro Ata de “Comemorações”, Livro de Ata Cívica referente ao trabalho do CPM do Grupo Escolar, Leis e Ofícios. Os resultados apontam que as práticas de nacionalizam se constituíam em verdadeiros rituais de civilidade, dentro e fora da escola, envolviam não só alunos e professores, mas a comunidade em geral, buscando instaurar o sentimento de patriotismo através dos desfiles cívicos, das disciplinas escolares, dos símbolos nacionais, entre outros.

EDUCAÇÃO ESCOLAR EM PIRACICABA NO INÍCIO DA PRIMEIRA REPÚBLICA

CESAR ROMERO AMARAL VIEIRA THIAGO BORGES DE AGUIAR

RITA DE CÁSSIA LUIZ DA ROCHA Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

Nas duas primeiras décadas do período republicano, o município de Piracicaba, situado no oeste paulista, em matéria de educação, impunha-se entre as mais representativas do Estado com aproximadamente 35 escolas e colégios. Neste período Piracicaba apresentava um quadro sociopolítico bastante complexo, em medida justificado pelo crescente processo de urbanização iniciado na segunda metade do século XIX e que se fortaleceu com a abolição do tráfego de escravos e a intensificação da imigração de origem europeia para a região. Aos poucos, a aristocracia local cedeu lugar a uma nova classe social que a partir do final do século vai assumindo os destinos da Nação. É nesse contexto que o ideal de instrução se fortaleceu orientado por concepções de mundo que buscavam definir novas condutas e hábitos em um discurso que articulava escolarização e civilização. O processo de escolarização, então entendido como medida para propagar a instrução, uniu-se aos projetos de modernização das cidades e passou a ser empreendido em escala significativa. A expansão da escolarização como um dos mais importantes e duradouros fenômenos dos estados modernos, gesta-se no conjunto das práticas e representações sociais e pode ser percebida como forma de atuação e de produção de um Brasil republicano. Para compreender a inserção do município de Piracicaba nesse contexto, ao mesmo tempo em que se contribui com a compreensão desse fenômeno em maior escala, este trabalho pretende mapear o panorama educacional do município de Piracicaba, no período de transição e consolidação do regime republicano. Para tal, far-se-á a análise de fontes primárias, em especial dos Relatórios trienais da Câmara Municipal relativos ao período 1889-1904 e do jornal local, a Gazeta de Piracicaba, no mesmo período, destacando e discutindo os principais aspectos geradores desse processo. Intencionamos aqui articular os dados presentes nos relatórios com as contribuições impressas nos jornais, destacando a evolução do número de estabelecimento, matrículas, gêneros, grupos sociais atendidos e outros dados que envolvam tanto as instituições públicas, estaduais e municipais, quanto às de origens particulares. Considerando que esse processo de expansão e modernização do cenário educacional em São Paulo foi efetivado por meio de Leis e Decretos republicanos que estabeleceram e regulamentaram a organização da instrução pública de seu território, este recorte, embora arbitrário, torna-se relevante porque circunscreve seus principais momentos. Nossa intenção é reunir um número considerável de informações e analisar, por meio do cruzamento das fontes selecionadas, os processos que deram origem à formação e à evolução dessas instituições educativas, percebidas como um conjunto de práticas e representações sociais que se manifesta no processo de interação com um contexto historicamente determinado.

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Caderno de Resumos - Comunicações Individuais

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INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DE PELOTAS: UMA INSTITUIÇÃO “GUARDIÔ DA MEMÓRIA DA CIDADE

CHÉLI NUNES MEIRA Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

O Instituto Histórico e Geográfico de Pelotas (IHGPEL) foi criado em sete de julho de 1982, após a realização do Seminário de debates sobre pontos controvertidos da História da Cidade, em comemoração aos 170 anos da cidade de Pelotas, no auditório Milton de Lemos, no Conservatório de Música. Durante este evento surgiu o desejo e a necessidade da criação de um Instituto Histórico e Geográfico na cidade de Pelotas com o intuito de aprofundar os estudos a respeito da mesma. Este trabalho tem como objetivo identificar o IHGPEL como uma instituição que teve desde a sua fundação a preocupação com a preservação da história da cidade de Pelotas. Neste sentido, ao longo de suas três décadas de atuação um importante acervo documental e bibliográfico foi estruturado, esta pesquisa pretende apresentar cada acervo documental, assim como todo o processo para sua preservação. Esta instituição divide-se em quatro grandes setores que são: arquivo de genealogia, arquivo histórico, hemeroteca e biblioteca. Para a construção teórica deste trabalho recorreu-se aos trabalhos de Carr (1982) e Prost (2008) para refletir sobre a escrita da história, de Burke (1992, 2005) e Engel (1993) para pensar sobre a história cultural, de Halbawachs (2004), Le Goff (1990) e Meneses (1999) para entender as questões relacionadas com a memória, Belloto (1979, 2004), Hilsdorf e Vidal (2004) e Possamai (1979) para assuntos de acervos. Sobre a metodologia cabe destacar as contribuições de Cellard (2010) para utilização da análise documental. A Nova História Cultural procura reconstruir o passado pela interpretação das culturas dos povos, das nações, das sociedades e dos indivíduos, “[...] mais do que um campo específico do conhecimento histórico, a História cultural revela-se como uma maneira de se conceber e de se fazer a própria História” (ENGEL, 1993, p.36). Os Institutos Históricos e Geográficos (IHGs) buscam se estabelecer como guardiões da memória oficial. O papel dos IHGs para os seus sócios é o de resgatar e preservar a memória. Entende-se que o IHGPEL está diretamente relacionado a História de Pelotas e desenvolve um papel fundamental para a história da educação, visitando escolas e divulgando através de palestras a história da cidade, assim como também com seus artigos publicados no Jornal Diário da Manhã. Seu espaço físico tem sido utilizado como uma ferramenta de pesquisa pelos alunos dos diversos níveis de escolarização, assim como as demais pessoas da comunidade. Atualmente o Instituto Histórico e Geográfico de Pelotas é uma instituição privada, aberta ao público para consulta local, mantida com o apoio da Prefeitura Municipal de Pelotas, da Universidade Federal de Pelotas, de empresas privadas e da mensalidade dos sócios.

“TEMPLO NA FRONTEIRA”. O GRUPO ESCOLAR ANTÔNIO JOÃO RIBEIRO NA ESCOLARIZAÇÃO REPUBLICANA (VARGUISTA) - 1953-

1974.

CLAUDIANI FERREIRA DA CUNHA RODELINI Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

“Templo na fronteira”. O Grupo Escolar Antônio João Ribeiro na escolarização republicana (varguista) - 1953-1974. A presente pesquisa vincula-se ao campo da História das Instituições Educacionais – (HIE), e tem como foco o processo de institucionalização dos Grupos Escolares no sul do Estado do Mato Grosso, em geral, e, mais particularmente, a implantação desse modelo de escola na região da Grande Dourados. Para esta análise, elegemos o então chamado Grupo Escolar Antônio João Ribeiro, instituição criada no município de Itaporã, no ano de 1953 e que está em funcionamento até os dias atuais. Portanto, a proposta do presente trabalho é discutir as condições políticas e sociais que foram decisivas às formas de funcionamento da instituição, observando como se davam as práticas cotidianas dos distintos agentes sociais alunos, professores e administradores da referida escola. A delimitação temporal dessa pesquisa é estabelecida entre os anos de 1953 e 1974. O ano inicial da pesquisa, 1953, se justifica pelo fato de ter sido este o ano de criação do município de Itaporã, fato definido por meio da Lei Municipal de número 659, de 10 de dezembro de 1953 e ratificado pela Lei nº 370, de 31 de junho de 1954. Foi essa a mesma lei que garantiu a emancipação política do município. O teto temporal máximo (1974) refere-se ao fato de ter sido esta a data em que o referido grupo escolar, definitivamente, se elevou à categoria de escola de nível de 1º Grau, deixando de ser Grupo Escolar, passando assim a denominar-se “Escola Antônio João Ribeiro”, em cumprimento à nº Lei 5692/71. Os dados utilizados para a fundamentação da pesquisa podem ser arrolados nos principais centros de pesquisas de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, com destaque para o Centro de Documentação Regional da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul e do Núcleo de Documentação e Informação Histórica Regional, do

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Instituto de Ciências Humanas e Sociais, da Universidade Federal de Mato Grosso. A própria escola, objeto da nossa pesquisa, também é guardiã de grande parte dos documentos oficiais. Além disso, é possível contar com relatórios localizados na Diretoria Geral da Instrução Pública de Mato Grosso, materiais reunidos nos arquivos da escola e nos acervos privados fornecidos por alguns moradores da cidade de Itaporã-MS. Os dados obtidos permitiram observar que a escola historicamente teve suas singularidades, já que se localiza na proximidade da fronteira Brasil-Paraguai, mas também foi veiculo propagador dos ideais de nacionalismo e progresso, amplamente divulgado pela República Populista Varguista

A EPISTEMOLOGIA DA PRÁTICA: UMA ABORDAGEM HISTÓRICA DA FORMAÇÃO DE PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA DE UMA MICRORREGIÃO DO SUDOESTE DO PARANÁ NO CONTEXTO DE

FRONTEIRA

CRISTIANE DE QUADROS ANTONIO MARCOS MYSKIW

RONALDO AURÉLIO GIMENES GARCIA MARILENE APARECIDA LEMOS

Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

Nosso compromisso com a formação humana, a qualificação profissional/professor, a inclusão social e a preservação das riquezas naturais, combatendo as desigualdades regionais, nos mobilizam para a realização desta pesquisa. Neste contexto, verifica-se que a história da região Sudoeste do Paraná ainda apresenta capítulos a serem construídos e, as memórias precisam ser preservadas como elemento fundante para pensar estratégias teórico-práticas e ações frente ao processo de formação de professores. A indagação que nos mobiliza em busca de subsídios para nossa atuação, diz respeito ao resgate dessa memória. Sendo assim, objetiva-se investigar a história das escolas (rurais, urbanas, interculturais de fronteira e especiais/inclusivas) e a formação de professores a partir de suas memórias e das epistemologias de suas práticas pedagógicas.Trata-se de uma pesquisa qualitativa, na perspectiva de aproximação de nosso objeto, haja vista a necessidade de investigarmos a constituição das escolas e suas práticas educativas em 42 municípios que compõem essa região para então investir no processo de formação permanente de professores e na organização de um Centro de Memórias. Um dos recortes da presente pesquisa diz respeito às escolas de fronteira vinculadas ao Programa Escolas Interculturais de Fronteira (PEIF), realizado pelo Ministério da Educação do Brasil, em parceria com os Ministérios de Educação de países vizinhos e com as Secretarias Estaduais e Municipais de Educação. As cidades envolvidas nesse recorte de pesquisa do grupo são: as cidades de Santo Antônio do Sudoeste (PR) que faz fronteira com o município argentino de San Antonio, localizado na província de Misiones. Uma vez já envolvidos com o programa Escolas Interculturais Bilíngües de Fronteira, surge à necessidade de compreender melhor a constituição das escolas e as práticas pedagógicas existentes nessa micro-região. Por isso, a presente pesquisa visa estudar a constituição da escola do município a partir de documentos produzidos pela própria instituição escolar (concepção de educação, de currículo, de formação de professores, entre outros). A expectativa com a constituição de um centro de memórias é de contribuir para formar uma massa documental que permita subsidiar as pesquisas atuais e futuras sobre a formação de professores da região. A partir da pesquisa e extensão, apropriar-se das experiências para melhor qualificar os alunos em formação nas licenciaturas; dar visibilidade ao processo de formação de professores em uma perspectiva que conceba as relações histórico-sociais, econômicas e culturais.

UMA ABORDAGEM HISTÓRICA SOBRE A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA DE UMA MICRORREGIÃO DO

SUDOESTE DO PARANÁ: A CONSTITUIÇÃO DO CONTEXTO DE FRONTEIRA

CRISTIANE DE QUADROS Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

A história da região Sudoeste do Paraná ainda precisa e merece ser estudada e, as memórias precisam ser preservadas como elemento fundante para pensar estratégias teórico-práticas e ações frente ao processo de

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formação de professores. A indagação que mobiliza nosso grupo de pesquisa em busca de subsídios para nossa atuação, diz respeito ao resgate dessa memória. Sendo assim, objetiva-se investigar a história das escolas (rurais, urbanas, interculturais de fronteira e especiais/inclusivas) e a formação de professores a partir de suas memórias e das epistemologias de suas práticas pedagógicas.Trata-se de uma pesquisa qualitativa, no qual, serão analisados documentos, fotos, entrevistas, depoimentos, entre outros; fontes primárias e secundárias. Pretendemos ao longo dos próximos anos investigar a constituição das escolas e suas práticas educativas em 42 municípios que compõem essa região para então investir no processo de formação permanente de professores e na organização de um Centro de Memórias. Um dos recortes da presente pesquisa diz respeito às escolas de fronteira vinculadas ao Programa Escolas Interculturais de Fronteira (PEIF), realizado pelo Ministério da Educação do Brasil, em parceria com os Ministérios de Educação de países vizinhos e com as Secretarias Estaduais e Municipais de Educação. Uma vez já envolvidos com o programa Escolas Interculturais Bilíngües de Fronteira, surge à necessidade de compreender melhor a constituição das escolas e as práticas pedagógicas existentes nessa micro-região. Por isso, o presente recorte de pesquisa visa apresentar um estudo sobre a constituição da fronteira (Brasil/Argentina - Paraná/Santa Catarina) e o projeto de educação existente, quando da sua constituição. Foi somente na segunda metade do século XX, interessado em ocupar a área, principalmente a região de fronteira, que o governo estadual estimula a ocupação da região. Inicialmente a ocupação das terras devolutas esteve a cargo da Colônia Agrícola General Osório (CANGO). Essa colônia tinha um projeto educacional bem marcado, por isso, a expectativa com a pesquisa proposta é de contribuir para formar uma massa documental que permita subsidiar as pesquisas atuais e futuras sobre a formação de professores da região. A partir da pesquisa, apropriar-se das experiências para melhor qualificar os alunos em formação nas licenciaturas; dar visibilidade ao processo de formação de professores em uma perspectiva que conceba as relações histórico-sociais, econômicas e culturais. Além disso, intencionamos, concomitantemente, construir um Centro de Memórias em Formação de Professores, que possibilite a realização de pesquisas e proposições de formação, na tentativa de amenizar lacunas existentes no processo de formação de professores da região em questão.

DE 1907 A 2014: A METODOLOGIA HOLÍSTICA DE EURÍPEDES BARSANULFO NO COLÉGIO ALLAN KARDEC

CRISTIANE MONTEIRO DE SOUSA PEDROSA Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

A ideia a respeito do presente trabalho surgiu em palestra do educador português José Pacheco, surgiu uma afirmativa de que a experiência mais inovadora da educação mundial do século XX teria ocorrido no interior do Brasil, à época da Primeira República, na pequena cidade de Sacramento, Minas Gerais. Desconhecido ainda de grande parte dos estudiosos da área de História da Educação, mas reconhecido e valorizado por pesquisadores europeus, quem é o homem por trás desta história? Que metodologia foi desenvolvida, então, para que estudiosos estrangeiros viessem a pesquisar e elogiar seu trabalho? Que trabalho poderia, no início do século XX, estar tão atualizado ao ponto de podermos compará-lo aos maiores filósofos da educação deste início do século XXI? Em 1907, Eurípedes Barsanulfo fundou o Colégio Allan Kardec, primeiro colégio espírita do Brasil. Resgatar sua história é muito mais do que referir-se à exaltação de um nome ligado a uma crença - no caso a Doutrina Espírita, codificada por Allan Kardec - é trazer à tona uma prática de educação holística que coaduna com diversos aspectos do Relatório Delors, muito antes que este existisse. Como uma personagem muito à frente de seu tempo, Eurípedes, com suas salas mistas, buscava ultrapassar o sexismo vigente. Com o ensino de História das Religiões demonstrava a necessidade de aprender a conviver e respeitar a alteridade. Ao focar no desenvolvimento da autonomia, incentivava seus alunos a atuarem em grupos de estudos e aqueles que se destacavam atuavam através das monitorias numa prática de aprender a aprender. Buscava ressaltar a necessidade e valorizava o trabalho voluntário (aprender a fazer) nas práticas da farmácia homeopática mantida por ele, pela família e os alunos servindo à população de forma gratuita. Utilizava a observação da natureza como prática de aplicação do método científico, aliado ao ensino de astronomia, possibilitando a percepção de nossa cidadania planetária (Morin). A utilização da arte, além de possibilitar a aproximação do belo, era utilizada em seu formato terapêutico, possibilitando, principalmente através do teatro, a reflexão das ações do sujeito, favorecendo o aprender a ser, o colocar-se no lugar do outro, a discussão profícua em torno da ética, da poiesis, e o desenvolvimento da oratória. Resgatar a história de Eurípedes pode, enfim, auxiliar-nos no debate deste início de século XXI sobre a reformulação do currículo atual, demonstrando-nos mais de cem anos após suas práticas, que a educação holística é um caminho possível.

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O ENTRECHOQUE FATAL DAS CURVAS CONTRARIAS: A GRAMÁTICA DAS DANÇAS DE SALÃO EM UMA BELO HORIZONTE PLANEJADA (1897

A 1936).

CRISTIANE OLIVEIRA PISANI MARTINI ANDREA MORENO

Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

A cidade de Belo Horizonte, de sua idealização à sua execução, propôs o planejamento rigoroso de espaços, ofícios e práticas urbanas. Esse texto pretende discutir as diferentes formas de se dançar a dois nos espaços de divertimento das danças de salão, entre os anos de 1897 a 1936. Nesse movimento, analisamos a ocorrência de estilos e ritmos na cidade, por vezes contrariando a organização proposta, que reformaram comportamentos e alteraram sensibilidades. Percebermos, pelo mapeamento das salas de dança, a correspondência entre baixo e alto centros da cidade com a linguagem do baixo e alto corporal, propostos por Bakhtin. A pesquisa documental indica que algumas práticas de divertimento foram mais “autorizadas” do que outras, e ocuparam locais mais “nobres” da cidade. Outras foram “empurradas” para as bordas, na tentativa de expulsá-las para o subúrbio. Esses espaços organizavam-se de acordo com uma gramática peculiar que propunha locais mais coerentes com os desejos dos habitantes, formando o “baixo” e o “alto” centros. Os movimentos de transitar por essas regiões, o “subir” e o “descer” pela cidade, sugeriam também a variação entre estilos, ritmos e maneiras de dançar. Os bailes, eleitos como divertimento elegante, foram incorporando outros elementos sensíveis. Nos tempos idos em que as mocinhas cultivavam o pudor, o baile era o seu embevecimento, o seu extase... Porque só nos bailes ellas experimentavam as vibrações cálidas do “seu principe azul”. No entanto, regido por outras normas, Os abraços nos jardins, os entrechoques nas praças publicas, os beijos nos divans, furtaram toda aquella poesia antiga dos bailes... A dança, que consistia em combinar os pés num ritmo cadenciado, passou a combinar com habilidade o entrechoque fatal das curvas contrarias. As curvas Dele com as curvas Dela... A valsa e o fox refinados dos salões de clubes eram, em muitas ocasiões, deixados de lado, dando lugar ao maxixe, ao samba e ao tango. Nos primeiros, corpos mais afastados, posturas endurecidas, roupas mais armadas e a orientação do olhar garantiam o distanciamento entre homem e mulher e seus pudores. Nos demais, as distâncias corporais diminuíam, os corpos se tocavam e as pernas se entrecruzavam durante a dança, permitindo sentir cheiros e suores no encontro dos casais. Impulsionados pela música ou pelo desejo da dança percebemos que as normas mais rígidas para esses espaços de divertimento foram modificadas. A poesia antiga dos bailes deu lugar à febre do baile, onde mocinhas deixavam o ultimo farrapo de seu pudor em seus quartos, antes de se entregarem ao nosso samba. E, nos rapazes, responsáveis por conduzir a dança, estava sempre agarrado um desejo mal; esses transformavam o redemoinho da dança elegante que circulava o salão em movimentos que enlouqueciam os sentidos sem nem mesmo saber combinar os proprios pés num passo choreografico.

DAS AULAS AVULSAS PÚBLICAS E PARTICULARES NA PROVÍNCIA DE SERGYPE: BREVES APONTAMENTOS SOBRE A CONFIGURAÇÃO DA

INSTRUÇÃO SECUNDÁRIA. (1840-1860).

CRISTIANO DE JESUS FERRONATO ANDERSON SANTOS

Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

O presente trabalho faz parte do projeto “Instituições escolares, aulas avulsas e cultura material escolar: A instrução secundária particular na Província de Sergype nos Oitocentos, (1822-1889)”, financiado pelo CNPq e realizado no interior do Grupo de Pesquisas História da Educação no Nordeste Oitocentista, GHENO/GT-SE. Nosso objetivo é os analisar aspectos relativos ao processo de configuração da instrução secundária pública e particular na Província de Sergype no período de 1840-1860, para tal, pretende-se levar em consideração os avanços e retrocessos observados no âmbito das aulas avulsas e das cadeiras de ensino secundário observados no período em questão. Assim, permeados pela luz da cultura política e da cultura escolar, buscaremos compreender como se caracterizou a estruturação formal da instrução secundária na província de Sergype no século XIX. Para tal, consideraremos a importância relegada ao âmbito instrucional secundário durante o processo de construção e organização da sociedade do Brasil oitocentista. Dessa forma, almejamos compreender como se deu o desenvolvimento do ensino secundário durante a formação do nascente Estado Nacional, a partir do que Gouvêa (2008) chama de Império das Províncias. Possuindo como principais fontes os relatórios de presidentes da Província de Sergype e a documentação existente no Arquivo Público do Estado de Sergipe, pertencentes ao

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Caderno de Resumos - Comunicações Individuais

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corte temporal, o presente estudo tem como orientação metodológica a pesquisa documental, baseando-se nos escritos de Le Goff (1984) acerca de documento/monumento. Os atores que atuavam nos círculos político-administrativos e da instrução como os presidentes de província, inspetores da instrução pública, diretores e professores são as vozes que podem ser ouvidas por meio dessa documentação e é sob a ótica desses sujeitos históricos que buscaremos compreender o processo de estruturação da instrução secundária do Sergype do século XIX. O cotejamento da documentação a ser utilizada poderá nos propiciar uma perspectiva mais ampla da temática em questão, no entanto levaremos em consideração que nossas fontes sempre terão a mediação das autoridades provinciais e das esferas oficiais do governo. Tendo em vista estes limites, esperamos que a análise das ações dos agentes envolvidos no âmbito instrucional do Sergype oitocentista, possibilite a compreensão do processo de organização da instrução secundária no período proposto. Para atingir os objetivos propostos, este trabalho se baseará nos aportes teórico-metodológicos da História Cultural, Historia das Disciplinas Escolares e da História política tendo como base Chartier (1970), Chervel (1990), Gouvêa (2008) e Dolnikoff (2005).

A DISCIPLINA DE DIDÁTICA DO CEFAM DE TUPÃ “ODINIR MAGNANI” – (1988-2003): UMA CONTRIBUIÇÃO PARA A HISTÓRIA DA DISCPLINA

DE DIDÁTICA NO BRASIL

CRISTINA MIRANDA DUENHA GARCIA CARRASCO MARIANA SPADOTO DE BARROS

Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

Nesta comunicação pretendemos expor os resultados parciais da pesquisa realizada sob o título “A disciplina de didática do CEFAM de Tupã ‘Odinir Magnani’ (1988-2003): uma contribuição para a história da disciplina Didática no Brasil”. O projeto CEFAM – Centros Específicos de Formação e Aperfeiçoamento do Magistério foi criado na década de 1980 em vários estados brasileiros. No estado de São Paulo, tal projeto surgiu por meio do Decreto 28.089, de 13 de janeiro de 1988, como um compromisso com a melhoria da qualidade do ensino, tal como concebido, inicialmente, pela Secretaria Estadual da Educação. Nesse sentido, nossa pesquisa objetiva localizar, identificar, recuperar, reunir e analisar aspectos da Didática ou das disciplinas com corpus de saberes próprios da Didática do CEFAM do município de Tupã “Odinir Magnani”, e suas repercussões para a prática docente de seus ex-alunos, atuais professores das escolas da Educação Infantil e do Ensino Fundamental deste município e região. Considerando-se os objetivos e o contexto histórico em que tal projeto fora criado, ou seja, para atender às carências do Estado quanto à formação de professores, tem-se como hipótese que os saberes que constituíam a Didática eram de cunho praticista. Acredita-se, também, que os saberes que constituíram a Didática deste centro de formação de professores podem ser evidenciados nas práticas docentes atuais de seus egressos. O interesse sobre o estudo da história da Didática como disciplina de um dado curso de formação de professores é decorrente da crença de que, mediante a reunião de aspectos constitutivos desta disciplina nos vários cursos de formação de professores, existentes em diferentes períodos no Brasil, é possível realizar o que chamamos de uma história da Didática no Brasil. A metodologia pauta-se nos procedimentos próprios de pesquisa de abordagem histórica e, com base no quadro teórico-metodológico da pesquisa, particularmente, de pesquisa em história das disciplinas escolares, cujos procedimentos consistem em sistematização de dados e informações de material documental diverso que remetam à ou contenham aspectos das disciplinas de Didática no CEFAM de Tupã “Odinir Magnani”. Até o momento, tem-se que a disciplina de Didática no CEFAM de Tupã “Odinir Magnani”, no período mencionado, aponta para a ideia de que havia certa necessidade de valorização do papel do educador, como aspecto de extrema importância para o desenvolvimento global dos alunos, que poderia ser alcançada com ações pedagógicas centradas nas demandas da escola.

AS ESTRATÉGIAS DE ESCOLARIZAÇÃO PRIMÁRIA NA CIDADE DE RIO CLARO – SÃO PAULO (1889-1920)

DANIELA CRISTINA LOPES DE ABREU Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

Nesta pesquisa, mapeamos as instituições educativas criadas na Primeira República, procurando analisá-las nas suas múltiplas estratégias de escolarização primária. Rio Claro, como muitas outras do interior do Estado, passou por diversas transformações, experimentando um acelerado desenvolvimento como produtora de café e com a chegada da linha férrea. Além disso, teve relevância no cenário paulista, pois possuía uma importante militância do Partido Republicano Paulista – PRP. O recorte temporal escolhido para a pesquisa tem como marco inicial a

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instauração da República, 1889, e como referência final a Reforma de Sampaio Dória, 1920. A República chama para si o desafio da escolarização e se compromete a alfabetizar a população brasileira, formando o cidadão e construindo um novo tempo. O projeto é frustrado. Assim, neste período surgem várias estratégias, empreendidas pelo setor particular e por movimentos sociais, para oferecer escola à população. Escolhemos a data da Reforma Sampaio Dória como marco final para o recorte temporal da pesquisa porque, após a reforma, a estrutura educacional paulista é redefinida, diminuindo o tempo de escolarização oficial e ampliando o número de alunos atendidos. Dessa forma, ao operacionalizarmos, a ideia de escolarização não nos limitamos às iniciativas públicas, estendendo a ideia também para as estratégias de escolarização da iniciativa particular. Metodologicamente, utilizamos o referencial teórico da micro-história. A contribuição da pesquisa consiste em explorar a importância das escolas isoladas e das organizações civis para a escolarização republicana. Não há como negar que há diferenças na dinâmica do movimento de escolarização primária observado no caso da capital paulista e no caso das cidades do interior. Fatores sociais, entre outros, moldam e alimentam essas dinâmicas. O corpus documental selecionado para o estudo é composto por fontes de pesquisa de diversas naturezas, Relatórios de Presidente de Província, Legislação Educacional, Anuários do Ensino de São Paulo, Jornais da cidade de Rio Claro, fotografias da cidade e das escolas, Correspondências entre a Câmara Municipal e a Assembleia Legislativa, Atas da Câmara Municipal, Recenseamento Escolar de 1895 da cidade de Rio Claro, Livros de Matrícula escolares, Atas de exames escolares, boletins escolares, entre outros. A análise conjunta de todas as fontes mencionadas tornou possível identificar as estratégias de escolarização, objeto desta pesquisa. A análise do local, em relação à macro política, pode contribuir para a compreensão das prioridades educacionais, sobretudo, se considerarmos que o foco dessa investigação contemplou também diferentes modalidades escolares.

A PRODUÇÃO DA EXCLUSÃO PERPETUADA PELA HISTÓRIA DE UMA ESCOLA CENTENÁRIA INFLUÊNCIANDO NAS PRÁTICAS EDUCATIVAS

DENIZE SEPULVEDA Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

Este trabalho teve como objetivo compreender as origens dos processos de produção da exclusão em uma escola pública centenária do Estado do Rio de janeiro. Dessa forma, foi necessário recuperar a história da escola, já que a mesma se encontrava esquecida. A proposta deste texto foi investigar como e por que as exclusões foram e são produzidas nessa escola. Para tanto, desenvolvemos a pesquisa na Escola Estadual de Ensino Fundamental República, hoje pertencente à rede Faetec (Fundação de Apoio à Escola Técnica), dentro do complexo de Quintino, portanto essa escola é o objeto de estudo do trabalho em questão. É necessário enfatizar que essa escolha também se deu em virtude de esse complexo ser herdeiro de uma unidade da antiga Funabem (Fundação Nacional de Bem-Estar do Menor), onde funcionava a Escola Quinze de Novembro e algumas unidades de retenção de menores infratores ou menores carentes internados – instituição que, desde o início do século XX, já abrigava jovens excluídos socialmente. Na verdade, desde 1906 já existia nesse complexo a Escola Correcional Quinze de Novembro, que amparava a “infância desvalida”. Em 1910, passou a chamar-se Escola Premunitória 15 de Novembro. Em 1923, foi nomeada Escola 7 de setembro. Na década de 40 foi transformada no Instituto Profissional 15 de Novembro, por fim, em 1996 passou a chamar-se Escola Estadual de Ensino Fundamental República. Portanto, foi importante resgatar a História da escola desde 1906, pois possuíamos pistas de que a produção ativa da exclusão que ainda ocorriam no cotidiano da escola investigada, de alguma maneira eram frutos de sua história. Assim, o espaço/tempo compreendido entre 1906 até 2006, foi o período pesquisado. Metodologicamente optamos pelo uso do paradigma indiciário de Ginzburg e pela história oral de Paul Thompson. As fontes usadas foram as narrativas de alguns sujeitos que vivenciaram parte da história da escola, e a análise de alguns documentos escolares. Como referencial teórico usamos o pensamento de FOUCAULT (2006, 1996,1987), GINZBURG (1989) e THOMPSON. (1992). Como conclusão percebemos que os processos de exclusão que ainda ocorrem atualmente no cotidiano da escola, eram frutos de sua história passada, processos esses que de certo modo continuam sendo produzidos e reproduzidos por alguns praticantes da instituição, como uma espécie de manutenção de uma cultura local. As diferentes narrativas dos sujeitos entrevistados nos possibilitaram entender melhor não só a história, mas o estabelecimento de um imaginário mítico coletivo que instituiu um conjunto de verdades na e sobre a Escola Estadual de Ensino Fundamental República. Essas verdades, de uma forma ou de outra, produziram uma característica histórica da escola que permitiu o desenvolvimento de práticas educativas de exclusão, práticas essas que de certa maneira continuam ocorrendo.

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A TRAJETÓRIA DE UMA ESCOLA CENTENÁRIA NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES : O PROJETO PIBID NO INSTITUTO DE EDUCAÇÃO DO

PARANÁ

DESIRE LUCIANE DOMINSCHEK Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

Este texto apresenta o projeto Pibid Uninter – Pedagogia. Que está vinculado ao Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid, junto a Capes – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal em Nível Superior. Participam do projeto os alunos que estão cursando o curso de pedagogia. A organização da pesquisa está subdividida em grupos de trabalho: Contexto histórico, Documentação escolar e observação. Está pesquisa está diretamente vinculada ao GT contexto histórico da escola. Assim, a presente pesquisa tem por objetivo investigar o contexto histórico do Colégio Instituto de Educação do Paraná “Professor Erasmo Pilotto”, em Curitiba, com foco no objeto de estudo que é o curso de formação de docentes (magistério) em nível médio. O problema se dá pela preocupação com a qualidade da formação de docentes em nível médio. A importância da pesquisa esta na perspectiva do grupo de trabalho em contexto histórico compreender a história da instituição, e principalmente, inserir os alunos bolsistas na pesquisa histórica. Este grupo de trabalho aproxima a discussão sobre o tempo histórico, sobre as fontes sobre os documentos históricos e sua importância na construção da práxis educativa das instituições. A pesquisa envolve o levantamento bibliográfico e a pesquisa documental, tem por base referenciais teóricos que auxiliam na compreensão do que é instituição escolar e o que são documentos/momentos. Portanto, a pesquisa tem que consta em andamento tem como base teórico metodológica os seguintes autores: Sanfelice ,Gamboa, Soares; Facci, Gatti, Severino, Le Goff, Saviani. Nossa analise sobre a instituição escolar tem uma abordagem a partir de fontes primárias que retratem o contexto histórico da escola, sendo elas: documentos oficiais, atas, fotografias. A pesquisa de campo também conta com entrevistas semi – estruturadas com profissionais que atuam e atuaram na escola, sendo: Diretores, pedagogos, professores e funcionários. Como resultados parciais indicamos que esta pesquisa que consta em andamento, fortalece o conhecimento dos bolsistas pibidianos sobre uma instituição que é centenária na formação de professores em nível médio, e também amplia o debate e discussão sobre o fazer histórico e os caminhos da história da educação na formação docente, caminho este que carece de novos pesquisadores. Formar novos pesquisadores na abordagem da história da educação é um dos objetivos primordiais do projeto PIBID pedagogia, pois compreendemos que o universo docente necessita de uma base mais profunda, entendemos que o espaço da sala de aula é muito importante para a formação do professor, mas o GT contexto histórico aproxima o movimento da pesquisa histórica do espaço docente em sala de aula.

ENTRE SUJEITOS E INSTITUIÇÕES EDUCATIVAS: AS ESCOLAS ISOLADAS

DIMAS SANTANA SOUZA NEVES CLAUDIMAR APARECIDA DA SILVA

Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

Ao constituir-se como espaço educativo privilegiado pelos setores sociais e políticos da sociedade republicana, as escolas isoladas tiveram na dimensão do fortalecimento da individualidade da professor e da valorização da experiência dos sujeitos a eficaz fórmula necessária para fazer existir e ampliar as ações de seus mestres, mas, também, para buscar o reconhecimento e a responsabilidade dos governantes pela efetivação da qualidade do processo educativo junto da sociedade. Qualidade essa expressão na afirmação da pessoalidade, autoridade e hierarquia. Assim, ideias como disciplina, responsabilidade, família, moralização e professor constituíam-se como os mais verdadeiros e eficientes discursos condutores da educação republicana durante o decorrer do século XX. A ideia de instituição de ensino, vinculada a um fazer singular, por se constituir em um formato entre escola e sala de aula, ainda precária e pouco compreendida, as escolas isoladas formam um modelo de organização e que a situação de existência e reconhecimento somente ganhou contornos de afirmação social após o florescimento do regime republicano como uma ideia que visava garantir a presença dos sujeitos no contexto das relações entre pessoas que se organizavam e associavam em busca de objetivos comuns: ensinar, educar e aprender. Nesse sentido, advogamos a ideia de que a existência das escolas isoladas pode ser compreendida como um esforço pessoal de professores que, ganhando reconhecimento junto as famílias, pela qualidade e disciplina empregada no fazer escolar, aumentaram o processo e os efeitos da escolarização por juntar interesses diferenciados da família, do Estado e da sociedade. A partir desta leitura, estes escritos constroem um significado em torno dos discursos produzidos por dirigentes municipais de Cáceres, que nas décadas entre 1950 a 1980, produziram um significativo contingente de escolas isoladas nesta cidade. Com o objetivo de assegurar suas fortalezas políticas, a partir do amparo a instituições educativas isoladas, produziram um conjunto de

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transformações na educação, desenvolvendo essas instituições e preparando-as para o processo de consolidação das escolas reunidas. Com contribuições de autores do campo da educação e com o pensamento em torno da ordem dos discursos produzidos por Foucault, foram analisados os documentos e discursos de uma geração de alunos e vizinhos de uma escola isolada de Cáceres, denominada de “Escola de Dona Tunica”. Instituição essa forjada no esforço individual e no amparo institucional do município que realizou “relevantes serviços”, ganhando méritos por “ajuda” de dirigentes locais que procuravam acentuar o papel e a importância da mestra na educação das crianças de um bairro periférico da cidade. Assim, no entrelaçar do poder individual e o amparo institucional essa instituição ficou reconhecida pelo papel da professora e da escola.

O FUTURO QUE SE DESCORTINA: A IMPLANTAÇÃO DO COLLEGIO BAPTISTA AMERICANO MINEIRO E O PROCESSO DE URBANIZAÇÃO

DO BAIRRO FLORESTA EM BELO HORIZONTE/MG (1920 A 1935)

ÉDER AGUIAR MENDES DE OLIVEIRA TACIANA BRASIL DOS SANTOS

Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

A “Nova Capital” mineira foi construída pela intervenção estatal com o intuito de ser a cidade símbolo do regime republicano. Seu traçado modernizante inspirado num padrão burguês de cidade necessitava de um “novo” modelo de homem. O advento da República no Brasil propiciou a veiculação do protestantismo e no campo da educação, o ensino católico passou a concorrer com o ensino protestante implantado por missionários norte-americanos que desempenhavam duplo papel de evangelistas e professores. Em Minas Gerais, a concretude do projeto educacional batista ocorreu após a chegada do casal de missionários norte-americanos Otis e Ephigênia Maddox. Em dezembro de 1920, os coordenadores do campo mineiro solicitaram empréstimo financeiro a Junta Missionária de Richmond, equivalente a U$ 25.000,00 (vinte e cinco mil dólares). A quantia foi utilizada para a aquisição de expressivo terreno localizado no bairro Floresta cujo objetivo era comportar as instalações do Collegio Baptista Americano Mineiro, educandário que passou a oferecer o curso secundário, o magistério e a formação ministerial. Este trabalho buscará compreender os motivos que levaram os missionários norte-americanos a escolherem a Nova Capital como espaço por excelência do campo educacional mineiro. Além disso, buscar-se-á perceber de que maneira o educandário batista se relacionou com o plano espacial e urbanístico do bairro Floresta, região suburbana de Belo Horizonte. Isso porque sua abertura se insere no contexto de ampliação da urbanização do espaço geográfico belo-horizontino e delineia as “fronteiras” geográficas e ideológicas de implementação das práticas educacionais dos batistas durante a década de 1920 até o ano de 1935, momento em que os dirigentes batistas construíram destacado equipamento escolar na parte mais elevada do bairro Floresta. Entendemos que essa ação constituiu uma mudança importante para a ocupação e urbanização de grande parte do terreno. Para o desenvolvimento do trabalho, objetivamos a realização de uma história das instituições escolares. Nesse campo, a arquitetura da escola, a distribuição do espaço e do tempo escolar tornam-se importantes para o entendimento da implantação de um determinado projeto pedagógico. Serão analisadas principalmente as fontes localizadas no Centro de Memória do Colégio Batista Mineiro, dentre as quais se destacam as Atas da Junta Executiva da Convenção Batista Mineira, as Atas da Convenção Batista Mineira, e os Prospectos do Collegio Baptista Americano Mineiro. Além destas fontes, serão consultados anúncios e propagandas levantados nos jornais “Minas Geraes", “O Batista Mineiro”, “A Floresta” e “Floresta”. Por fim, pretendemos utilizar fontes iconográficas, provenientes do Arquivo Público da Cidade de Belo Horizonte, referentes a Belo Horizonte e particularmente ao bairro Floresta durante as primeiras décadas do século XX.

OS SALESIANOS E A PARTICIPAÇÃO CATÓLICA NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL DO BRASIL IMPÉRIO

EDNA BRAGA PEREIRA MARCO AURÉLIO CORRÊA MARTINS

Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

Para uma compreensão do tempo histórico faz-se necessário buscar informações sobre as ideias circulantes em determinada época. Através de tal compreensão, torna-se o historiador sensível às mudanças decorrentes da introdução de novas alternativas. Procurando compreender a participação católica na questão educacional no tempo histórico das duas primeiras décadas da republica no Brasil, intentamos um estudo sobre a relação estabelecida no final do XIX entre educação profissionalizante e a questão social da pobreza na obra educacional

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salesiana. Esse estudo é parte de um projeto ainda em fase inicial, mas que conta com apoio da UNIRIO através do programa institucional de Iniciação Científica. A obra salesiana inicia-se em Niterói ainda no período do Segundo Império e tem a participação do Imperador no fomento e financiamento da escola salesiana em Santa Rosa. Naquele período, temos a educação como questão civil e disposta no sentido da maior inclusão das pessoas no processo civilizatório e/ou educativo no qual as necessidades do Estado Nacional em consolidação dava o ritmo dos investimentos. Paralelo a isso, a questão da pobreza, com o crescimento da sociedade urbana e industrial, torna-se cada vez mais preocupante: a industrialização produz novos pobres. A iniciativa salesiana liga a pobreza ao trabalho e nos permite perceber tal relação como socialmente aceita e válida. Ainda não tínhamos a educação como um direito social. Fundada pelo religioso Dom Bosco, a ordem dos salesianos tinha como característica a educação de jovens pobres e desamparados com a finalidade de equipá-los para saírem dessa condição. Assim como acontecia em Turim na Itália, nos colégios salesianos, ao se instalarem em Niterói, em 1883, eles começaram sua obra atraindo os jovens através de Oratórios Festivos, para encaminhá-los pela fé e oferecer-lhes um ensino profissionalizante. Consideramos assim, na obra salesiana, a educação como uma forma de diminuir as mazelas sociais. Com essa visão, os salesianos foram bem vindos ao Brasil, uma vez que por aqui já se havia instalado um “pensamento industrialista” com a que tornou necessária a capacitação de trabalhadores para as indústrias que instituíam uma produção brasileira, abrindo espaço para o desenvolvimento do país. A educação profissional no Brasil sempre esteve ligada a camada mais pobre da população num processo que ainda hoje é referido como uma dualidade educacional. A profissionalização era uma solução encontrada para amenizar as desigualdades e as mazelas sociais, tirando os “marginais” da rua e amparando os “desvalidos”. Nosso estudo pretende abordar como esse processo de profissionalização se deu no Rio de Janeiro sob o prisma da educação salesiana.

EDUCAÇÃO: TEMPO E AMOR NOS SERMÕES DE ANTÔNIO VIEIRA NO SÉC. XVII

EDSON BARBOSA DA SILVA Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

Escrever sobre um pedagogo da história educação do Brasil é uma das formas de se fazer história. Ao fazer a história real estamos de certa maneira influenciando a história de um povo, participando das suas construções mentais, das suas escolhas, de seu futuro. Devemos assumir a responsabilidade histórica das nossas escolhas ao escrever sobre arte de ensinar, como fez o Padre Antônio Ravasco Vieira. Vieira foi uma das figuras marcantes do século XVII português e brasileiro (apesar de ter nascido em Portugal em 1608, formou-se no Colégio Jesuíta na Bahia, foi convidado a dirigir o mesmo Colégio, e passou mais três quarto de sua longa existência no Brasil, morreu e está sepultado em Salvador em 1697). Foi não apenas como religioso, mas também como diplomata, conselheiro da corte, combatente da Inquisição, teólogo, filósofo e profeta, defensor dos cristãos novos (judeus), dos indígenas e dos escravos. Fernando Pessoa classifica-o como “o imperador da língua portuguesa”. Este artigo é o terceiro de uma tetralogia das leituras de seis Sermões do Mandato e um sobre Finezas (todos sobre amor), distribuídos nos 24 volumes (Editora Das Américas, 1957), totalizando em torno de duzentos Sermões. Mas dada a complexidade desta obra, analisaremos apenas quatro Sermões do Mandato: 1643, 1645, 1650 e 1670. Os Sermões do Mandato proferido por Vieira durante a Quaresma, cujo tema é a paixão, o sofrimento amoroso e o inquietante contraste entre o amor de Cristo e a vulgar amorosidade humana. Dentre as quatro ignorâncias dos homens estão tempo. O tempo é um dos remédios do amor. Como por fez Galeno em sua obra: De Remédio Amoris. O tempo é o primeiro remédio do amor. A temporalidade subordina e caracteriza diversos aspectos dos seres humanos, é o responsável pela finitude e corrupção, degradação das coisas, da qual nada que pertence ao mundo sensível pode escapar. Vieira diz que tudo cura o tempo, tudo faz esquecer, tudo gasta, tudo digere, tudo acaba. Grandes pensadores antigos sabiamente pintaram o amor menino, porque não há amor tão robusto, que chegue a ser velho. Gasta-se o ferro com o uso, quanto mais o amor? O mesmo amar é causa de não amar, e o ter amado muito, de amar menos. A enfermidade aumenta com o tempo, ela se gasta, perde aos poucos a intensidade e finda por completo com o passar dos dias. Na educação, na relação entre professor e aluno o elemento da novidade pode ser superado, pois cada encontro, cada aula é uma nova aula. Vieira estabelece a relação entre ciência e ignorância como uma forma de solucionar os problemas enfrentados pelo amante e pelo amado nos males do amor. Vieira aponta a ignorância dos educadores e educandos em matéria de amor, ou seja, a ciência e a ignorância é um elemento chave para compreender essa relação em ambos.

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MEMÓRIA, ORALIDADE E ESCOLARIZAÇÃO: OS DISCURSOS PRODUZIDOS SOBRE PRÁTICAS ESCOLARES, RELAÇÕES AFETIVAS E

SOCIABILIDADE NA ESCOLA CONFESSIONAL BATISTA GRACIOSA (1981-2000)

EDUARD HENRY LUI Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

Michel de Certeau (2006) afirma que o historiador trabalha em cima de um material para transformá-lo em história, em discurso. Pode-se corroborar esta afirmativa pela observação de práticas e costumes sociais, atribuindo-lhes certo significado quanto a hábitos e comportamentos, ou mesmo compreendendo certas permanências. Nestes termos, o presente trabalho tem por objetivo refletir sobre os usos da memória no processo de construção do discurso histórico sobre as vivências na Escola Graciosa, instituição confessional protestante de educação básica, de origem leta, situada na cidade de Quatro Barras, região metropolitana de Curitiba, desde 1981. O recorte cronológico de fundação da escola torna indispensável as considerações dos pressupostos que concernem aos domínios da história do tempo presente (RÉMOND, 2006) e de sua respectiva contextualização histórica no processo de reabertura democrática que marcou a historiografia brasileira neste momento. Por sua vez, a metodologia da história oral (THOMPSON, 2002; PORTELLI, 2010) fundamenta a criação de um acervo de depoimentos que contrapõem narrativas de experiências vividas pela comunidade discente e por professores e gestores escolares. Assim, para além de uma história institucional, e cabendo aos artifícios da memória as bases para a construção do discurso histórico e da identidade (LE GOFF, 2013; HALBWACHS, 2004; CANDAU, 2012), cabe verificar quais práticas e costumes sociais, selecionados pela narrativa mnemônica, estiveram presentes no discurso sobre as experiências de vida no espaço escolar da Graciosa, privilegiando-se não somente as recordações sobre as práticas escolares, mas também as relações afetivas e de sociabilidade desenvolvidas neste lugar. Quais similaridades e dissonâncias há entre os discursos produzidos sobre as memórias desta instituição de ensino? Como se produzem os discursos sobre comportamentos de adaptação e desvio de normas na escola cuja orientação pedagógica preservou a disciplina rígida, de base educacional batista? Como os usos da memória, a partir deste estudo de caso, podem contribuir para a compreensão do conhecimento em história da educação no referido período? Desta forma, como proposta desenvolvida em âmbito de dissertação de mestrado, e retomando a afirmativa de Michel de Certeau, verifica-se como práticas e costumes sociais se fizeram presentes nas experiências de vivências da Escola Graciosa, ressignificando hábitos e comportamentos sociais pelas memórias de sua comunidade escolar.

AS ESCOLAS SUBVENCIONADAS FEDERAIS NO PARANÁ: EDUCAÇÃO NACIONAL E CULTURA ESCOLAR

ELAINE CATIA FALCADE MASCHIO Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

A partir da Primeira Guerra Mundial, o governo federal se viu diante da necessidade de intervir severamente no processo de nacionalização dos filhos dos imigrantes. O elemento brasileiro deveria ser valorizado e o imigrante assimilado à cultura brasileira. Buscou-se ampliar o número de escolas nas colônias estrangeiras a fim de difundir a língua e a cultura nacional. Por meio do Decreto nº 13.014 de 04 de maio de 1918 foram criadas as Escolas Subvencionadas Federais nos estados que apresentavam o maior número de colônias estrangeiras, e o Paraná foi um deles. Além de nacionalizar o colono, essas escolas serviram para difundir a língua portuguesa entre os nacionais, porque foram criadas em localidades rurais onde há muito se reclamava o ensino. A proposta deste texto é discutir a organização das Escolas Subvencionadas Federais nas regiões de colonização estrangeira no Paraná entre os anos de 1918 a 1930. Buscou-se identificar as intenções e relações de poder na análise das estratégias dos governos para a instituição de uma rede de escolas federais. Almejou-se identificar os sujeitos, a materialidade e os conflitos gerados naquele contexto escolar. Enfim, buscou-se investigar os elementos da cultura escolar que permearam a abertura e o funcionamento dessas escolas. A pesquisa contou com a análise de fontes documentais localizadas no Arquivo Público do Estado. No acervo, foram consultadas as correspondências oficiais: requerimentos, ofícios, e relatórios dos secretários, inspetores e professores. Para dialogar com o campo empírico, constituíram-se importantes referências os estudos de Certeau (2008) e Viñao Frago (2012). Igualmente, fundamentaram esta pesquisa trabalhos que compõe a historiografia educacional, especialmente aqueles que versam sobre a nacionalização do ensino, como os estudos de Renk (2010) e Quadros (2014). As Escolas Subvencionadas Federais foram instituições especializadas em alfabetizar o imigrante. O apelo à alfabetização colocou em evidencia o interesse do governo na formação da nação. Assimilar o imigrante e civilizar

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o nacional era o principal objetivo da escolarização naquele período, a fim de torná-los homens “úteis à Pátria”. A fiscalização foi outro ponto forte da política de manutenção das Escolas Subvencionadas Federais, que ocorria por meio de inspetores escolares federais. Considera-se que essas instituições foram importantes para o processo de escolarização primária, porque preencheram uma lacuna da política educacional estadual, qual seja, a de criar escolas e nas regiões mais afastadas das cidades paranaenses. Assim, elas não atenderam somente os filhos de imigrantes e seus descendentes, mas grande parte da população infantil desprovida de escola.

A INFÂNCIA, A CRIANÇA E A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO INFANTIL EM DOURADOS - MS: UM OLHAR SOBRE A CRECHE MUNICIPAL FRUTOS

DO AMANHÃ (1990 - 2000)

ELIANA MARIA FERREIRA Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

O propósito deste estudo de cunho investigativo e histórico, intitulado A infância, a criança e a história da educação infantil em Dourados - MS: um olhar sobre a creche municipal Frutos do Amanhã (1990-2000), é elucidar os aspectos da história da educação infantil em Dourados e suas relações com a infância. O período delimitado demarca o momento em que a gestão municipal estava sistematizando uma nova organização administrativa, a gestão popular, ou seja, vivia-se uma fase de transição na prefeitura do município de Dourados. O período foi escolhido por dois motivos: o primeiro, data da fundação da creche e o segundo, por ser um período após a promulgação da Constituição de 1988. Delimitei até o ano de 2000 por ser o ano base para que as creches fossem assumidas pelo sistema de educação. Este trabalho traz aproximações do pensamento de Paulo Freire (1998) com a Educação da Infância das classes populares, Kuhlmann (1998) que trata da história das instituições e história oral, Alberti (2000). Quanto à pesquisa documental, serão feitos o levantamento e leituras da Constituição Federal de 1988, Lei de Diretrizes e Bases da Educação; documentos das esferas estadual e municipal, estabelecendo assim contribuição das questões locais, regionais e nacionais sobre o tema em questão. Levantamento das fontes de informação nos arquivos públicos, atas de reuniões e registros fotográficos. De acordo com o diário Oficial de 27/04/1990, foi denominado Creche Comunitária “Frutos do Amanhã” do Conjunto Habitacional Izidro Pedroso, constituída pela sociedade civil, sem fins lucrativos e organizada para a prestação de serviços aos carentes. Observa-se em registro à ata de nº. 001, datada aos dezessete dias do mês de março de 1990, que se reuniram em Assembleia moradores do Conjunto Izidro Pedroso para a elaboração, aprovação do Estatuto, constituição e posse da Diretoria da Creche. No Estatuto da Creche consta que o funcionamento era através de ação compartilhada entre a comunidade, Prefeitura Municipal de Dourados, através da Fundação de Promoção Social e da Coordenadoria Municipal PRONAV. A entidade oferecia alimentação, medicação, recreação e assistência ao desenvolvimento da criança. A Diretoria da creche era composta pelo presidente, pelo vice-presidente e por mais onze membros. Julgamos que a realização desta pesquisa, ao longo do tempo, permitirá aos pesquisadores da região analisar parte de sua história, permitindo a realização de outras pesquisas a partir daquelas realizadas. Concluída essa fase, será elaborado um roteiro de entrevistas para a pesquisa oral com pessoas que fizeram parte direta e indiretamente da construção da história da creche Frutos do Amanhã. Este trabalho visa, desse modo, contribuir com a discussão da historia das instituições e práticas educativas voltada para a criança pequena ao ampliar o debate acerca das escolhas teóricas, políticas e dos meandros produtores de sua tessitura.

PRÁTICAS DE LEITURA, ESCRITA E PODER: DA VOZ DOS DECLAMADORES DE POEMAS DO SÉCULO XVII AOS POETAS

MARGINAIS CONTEMPORÂNEOS

ELIANE APARECIDA BACOCINA MARIA ROSA RODRIGUES MARTINS DE CAMARGO

Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

O presente trabalho é uma produção de tese de Doutorado em andamento, cujo objetivo é aprofundar práticas de leitura e escrita de um grupo de poetas intitulado Sarau das Ostras, que produz literatura marginal periférica. Buscando introduzir o tema em um emaranhado de relações, propomos uma viagem em busca de indícios, inspiradas pelo paradigma indiciário (Ginzburg). Encontramos pela história da leitura a Espanha dos séculos XVI e XVII, com os declamadores de poemas apresentados por Chartier (2009), que compartilhavam textos diversos,

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por meio da leitura em voz alta, com artesãos e camponeses. Em Darnton (2014), é possível também conhecer os poemas contra o rei, na França do século XVIII. No Brasil, na época da ditadura militar, poetas, músicos e compositores também deixavam suas mensagens por meio das criações que produziam. Assim como tais pessoas utilizavam-se da linguagem poética para protestar, declamavam novelas de cavalaria, e peças poéticas destinadas à oralização, os poetas da atualidade, em espaços escolares, ruas, bibliotecas, livrarias e calçadões de praia no litoral de São Paulo, compartilham poemas de sua autoria ou não, muitos com ênfase no fazer político e social. O trabalho de pesquisa se desenvolve a partir de um trabalho de interlocução com o grupo de poetas proposto e tem como objetivos: cartografar práticas de invenção (escrita e produção poética) postas em ação por sujeitos em comunidades de escritores, estabelecer uma relação de interlocução com práticas de escrita e leitura, buscando conjuntamente construir com os sujeitos, conhecimentos e sentidos, dialogar com os diferentes “atores” que atuam nesse espaço, convidando-os a apresentar suas leituras de mundo a partir da linguagem poética e apontar elementos que contribuam para a invenção de novos / outros modos de compreensão da leitura, escrita e da formação de leitores e escritores. Constituem-se como questões da pesquisa: De que forma se constituem os sentidos que movem a criação de poetas anônimos? Como, nos caminhos que seguem cotidianamente, eles escrevem a si mesmos? Quais possibilidades encontram e inventam para tornar conhecidos seus escritos? Que conhecimentos terão esses sujeitos a respeito de aspectos referentes à língua escrita? O que seus textos possibilitam aos leitores / expectadores, enquanto obras de arte? Como foi o processo de formação desses “artistas”? E como os espaços por eles utilizados constituem-se enquanto espaços de formação? E trazendo tais questões em diálogo com os autores da História Cultural: Que podem ter em comum a leitura em voz alta do século XVII com a vertente de leitura atual? Que sentidos tais leituras podem despertar no leitor / ouvinte dos poemas e de que modos podem transformar as relações dos mesmos em seus processos de leitura e escrita? Busca-se, portanto, retomar na história de leitores do passado práticas singulares que se assemelham e diferenciam-se das práticas contemporâneas.

AS ESCOLAS ELEMENTARES ITALIANAS SUBSIDIADAS NO INÍCIO DO SÉCULO XX NA CIDADE DE SÃO PAULO.

ELIANE MIMESSE PRADO Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

As escolas elementares subsidiadas foram criadas pelo governo italiano nas colônias de emigrados existentes no mundo todo. A cidade de São Paulo contou com muitas escolas dessa modalidade. A Capital recebeu um número grande de imigrantes peninsulares, acompanhados de seus filhos em idade escolar, nos anos finais do século XIX e iniciais do XX. O objetivo deste estudo é o de analisar as práticas de algumas dessas escolas privadas italianas existentes na cidade paulistana. Essas escolas eram mantidas e geridas pela Sociedade “Dante Alighieri” que lhes impunha a função de divulgar o nacionalismo, a cultura e a língua italiana. As escolas estudadas nesta pesquisa são apenas as de ensino primário, ou elementares, como denominadas na documentação da época. As escolas subsidiadas aceitavam alunos de todas as etnias, mas predominavam - como foi constatado nas listas de chamada, alunos estrangeiros e brasileiros filhos de imigrantes, essa situação ocorria especialmente em função do idioma corrente usado nessas instituições, o italiano e alguns idiomas de diferentes localidades da península. Essas escolas recebiam alguns materiais, livros e valores mínimos em espécie, visando melhorias no cotidiano escolar. Elas deveriam receber materiais de ensino suficientes para o desenvolvimento das aulas, o que não se efetivava na realidade. Muitas dessas escolas foram criadas nos bairros operários da Capital, locais com maior número de crianças estrangeiras ou filhas de estrangeiros. Na maioria das vezes, seus diretores e professores, eram provenientes da mesma região que a população predominante no bairro. Os autores que fundamentaram essa pesquisa foram: Salvetti (1995) que estudou a Sociedade “Dante Alighieri”; Pereira (2010) que fez estudos sobre a população e a questão econômica e política do Estado e da cidade de São Paulo; Parlagreco (1906) que enalteceu os feitos da população imigrante peninsular residente na cidade paulistana e a nobreza na criação de escolas elementares; Mimesse (2010) que apresentou as escolas elementares de imigrantes italianos na área metropolitana da Capital; entre outros. As fontes documentais foram compostas por documentos e periódicos diversos sobre a instrução pública, que estão alocadas nos acervos do Arquivo Público do Estado de São Paulo e na Biblioteca Nazionale Centrale di Roma. As escolas subsidiadas e os materiais de ensino utilizados por seus professores difundiam a nacionalidade, e ainda contribuíam com a alfabetização de crianças e adultos na língua instituída oficialmente no Reino Italiano, após o processo de unificação política e territorial, de modo a colaborar diretamente com a manutenção do sentimento de italianidade.

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AS ESCOLAS REUNIDAS RURAIS EM MATO GROSSO (1940 – 1960)

ELTON CASTRO RODRIGUES DOS SANTOS Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

O ensino primário de Mato Grosso durante o período republicano passou por algumas reformas, como a de 1910 que normatizou a criação e implantação dos grupos escolares no estado. Contudo o que diferenciava os grupos escolares das demais escolas era o investimento que o Mato Grosso deveria demandar para construção de grandiosos edifícios, pois para ser considerado um grupo haviam requisitos a serem atendidos, como número maior de professores, divisão dos alunos por classe e série, entre outras prerrogativas. A determinação de se criar grupos escolares foi defendida pelos governantes mato-grossenses como sendo o modelo de instituição educacional que em todo o país era sinônimo de qualidade em educação primária e Mato Grosso não poderia ficar fora do cenário de desenvolvimento em que estes eram representantes. Como os cofres mato-grossenses não dispunham, segundo os governantes, de recursos para criar grupos escolares em todos os munícipios e a educação primária não conseguia avançar em qualidade com as escolas isoladas, modelo de baixa qualidade educacional, houve a necessidade de uma nova reforma no ensino, o Regulamento da Instrução Primária de 1927. Sancionado pelo Decreto nº 759 de 22 de abril de 1927, o novo Regulamento desmembrou as escolas isoladas em: escolas isoladas rurais, escolas isoladas urbanas, escolas isoladas noturnas e a criação das escolas reunidas (reunião de três escolas isoladas). A criação das Escolas Reunidas vinha ao encontro dos anseios políticos, pois era semelhante a organização do Grupo Escolar (ensino graduado), mas não necessitava de grandes investimentos. Mesmo não sendo um modelo para as áreas rurais e contradizendo ao que os governantes mato-grossenses estabeleciam nos documentos oficiais, havia também Escolas Reunidas nas áreas em que o acesso era somente à cavalo, barco ou estradas de difícil acesso. Para estudar essa contradição, esse trabalho busca analisar a criação e o cotidiano escolar de duas Escolas Reunidas criadas em áreas rurais entre os anos de 1940 e 1960. De caráter historiográfico, a metodologia abarca análise de fontes documentais, disponíveis nos principais acervos e arquivos de Mato Grosso e fontes orais, coletadas com atores que vivenciaram o cotidiano das escolas reunidas no estado, no período delimitado para pesquisa. Como subsidio teórico para pesquisar o cotidiano e a criação das Escolas Reunidas Rurais em Mato Grosso selecionaram-se como suporte teórico os estudos. Este artigo teve como aporte teórico os estudos de Souza (2010, 2011), Vidal (2006, 2009), Frago (1990), Noronha (2007), SÁ (2007, 2011) entre outros autores que estudam modalidades escolares no Brasil. Os dados apontam que para atender a demanda do ensino primário em diferentes lugares de Mato grosso, era necessário a criação de Escolas Reunidas foram uma importante modalidade escolar que proporcionou a oportunidade para mato-grossenses cursarem uma educação de “qualidade”.

HISTORIOGRAFIA DAS ESCOLAS RURAIS DE MARINGÁ (1952-1962): A IMPLANTAÇÃO, O DESENVOLVIMENTO E O DESAFIO DE EDUCAR E

INSTRUIR

ÉRICA MYEKO OHARA ITODA Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

O estudo faz parte de uma pesquisa em andamento, vinculada ao Grupo de Pesquisa História e Educação nos Séculos XIX e XX/UEM. O objetivo é analisar as relações e condições históricas do período quando da implantação e da expansão das unidades educativas rurais do município de Maringá-PR, nas décadas de 1950 e 1960, bem como o impacto desse trabalho educativo (formativo e instrucional) para o desenvolvimento da referida cidade e região. Num primeiro momento constatou-se a existência de 25 escolas rurais no quadro de instituições educacionais que atenderam aos alunos do município e de seu entorno, um dado preliminar que poderá ser alterado com o acesso a outros documentos oficiais. Este estudo se refere ao primeiro passo de uma pesquisa sobre a constituição histórica do aparato educativo em Maringá, seja em seu sentido singular ou nas relações de produção social que as constituíram. Este estudo insere-se no campo da Historiografia das Instituições Escolares e se fundamenta na análise de documentos sobre a educação da época, bem como no próprio movimento histórico adjacente à ação educativa do período analisado. Os documentos oficiais contemporâneos à implantação e desenvolvimento dessas escolas rurais, preservados ao longo do tempo, vinculam-se ao próprio desenvolvimento da colonização da região exigindo na sua análise a conexão direta com o contexto político, econômico e social no qual foram criadas. A metodologia adotada na análise busca evidenciar o movimento histórico-dialético que explicita, por sua vez, as necessidades e as condutas proferidas em prol da educação dos filhos da jovem cidade e da própria condição de subsistência e continuidade de um legado familiar. Será apresentado ao debate o processo de construção desse sistema educacional rural, destacando-se a organização administrativa e pedagógica bem como a participação popular na criação de novas unidades escolares. Entender

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a participação das escolas rurais no desenvolvimento regional também implica em compreender como essas instituições formaram os cidadãos cônscios de seu papel social, e exige destacar o interesse que motivou a implantação dessas escolas, os argumentos que as justificaram e a realidade que as superou enquanto forma educativa. Trata-se de uma análise importante para a historiografia das instituições escolares da região do noroeste paranaense, uma vez que o sustentáculo histórico e analítico das ações referentes ao contexto social e político do pós- guerra mundial possibilitou o desenvolvimento da cidade de Maringá de forma acentuada e, nele, a educação teve papel preponderante, inclusive com a participação das escolas rurais.

MODELOS E PROPOSTAS DE CONSELHOS PENSADOS PELOS PARTÍCIPES DA INSPEÇÃO E INSTRUÇÃO PÚBLICA DO PARANÁ (1857-

1883)

ETIENNE BALDEZ LOUZADA BARBOSA Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

A intenção de se organizar um Conselho Literário ou Conselho de Instrução na província paranaense ganhou espaço nos debates da Assembleia Legislativa Provincial, publicados no jornal O Dezenove de Dezembro, e nos relatos dos partícipes do ensino no Paraná – inspetores, presidentes de província, professores – na segunda metade da década de 1850. A inspeção da instrução pública passou por uma reorganização quanto a sua estrutura e funções após a emancipação do Paraná como comarca da província de São Paulo (1853), deixando de operar com as comissões inspetoras – formadas por três sujeitos – e se compondo hierarquicamente entre o presidente da província, o inspetor geral (Jesuíno Marcondes de Oliveira e Sá), inspetores de distrito e subinspetores. O Conselho Literário ou Conselho de Instrução não fez parte dessa primeira reorganização da inspeção, ocorrendo somente após 1857, previsto no regulamento organizado pelo inspetor geral Joaquim Ignácio Silveira da Motta. No recorte aqui abarcado, os Conselhos (Literário e de Instrução) foram pensados e organizados por inspetores gerais, presidentes, legisladores, com a participação de outros sujeitos responsáveis pela instrução pública paranaense (professores, inspetores, câmaras municipais, párocos) para compor o panorama do ensino e da inspeção, recebendo duas nomenclaturas: Conselho Literário (1857 e 1876) e Conselho de Instrução (1874). A intenção aqui se volta para compreender a organização e atuação desses por meio da legislação para a instrução, dos relatórios (de presidentes, de inspetores gerais e dos integrantes dos referidos conselhos) e dos ofícios enviados por professores e inspetores. No que concerne à legislação (leis e regulamentos de ensino), sete mencionavam ou traziam os desdobramentos das funções desses Conselhos. Nessa compilação, a nomenclatura que perdurou por mais tempo foi Conselho Literário, mudando do plural para o singular — primeiro de 1857 até 1874 (Conselhos Literários) e depois de 1876 a 1883 (Conselho Literário), final do recorte cronológico deste estudo. Essa informação suscitou alguns questionamentos, tais como: existem indícios de como foram pensados e por quem? Nesses dois períodos, a atuação foi a mesma? Quem eram os sujeitos escolhidos para compor as reuniões do Conselho? Que questões concernentes à instrução pública primária ganhavam destaque nas discussões do Conselho Literário? A partir dessas indagações, pretendo percorrer a teia construída pelas ações desses Conselhos, ora pelas margens ora aproximando do centro.

LEIS E REGIMENTOS: O ENSINO E AS TRANSFORMAÇÕES NAS ESCOLAS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE.

EUCLIDES TEIXEIRA NETO MARIA ARISNETE CÂMARA DE MORAIS

Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

O objeto de estudo centra-se no ensino e nas transformações ocorridas nas Instituições Escolares nos processos de Institucionalização, buscando compreender as ações e contribuições para a Educação no Estado do Rio Grande do Norte, nas décadas de 1910 e 1980. Destacamos como o ensino deveria ser ofertado nessas Escolas, ao serem renomeadas, durante o ideário moderno e pedagógico, instituído na estrutura Escola e no ensino primário, desde as Escolas Subvencionadas às Escolas Estaduais. O processo de organização do ensino no Estado segue o mesmo processo para todos os seus estabelecimentos. Elegemos a Escola Estadual Desembargador Vicente de Lemos como objeto de estudo e análise, uma vez que, reunimos documentos e informações do seu trajeto formativo, onde percebemos que as instituições escolares são espaços que se configuram como lugares privilegiados na construção do saber. A investigação histórica tem uma perspectiva Histórico-Cultural, focalizando as mudanças no interior do Estado. Para os fundamentos teórico-metodológicos, elencamos autores como: Morais (2002),

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Chartier (1990) e Burke (1992). Utilizamos como fontes documentais as Mensagens Governamentais, Leis e Decretos, Leis de Ensino, Regimentos Escolares, artigos de jornais e revistas. A partir do contato com os documentos e as leituras feitas, percebemos como foram desenvolvidas as práticas e, quais foram os métodos de ensino e as orientações das Leis, decretos e dos regimentos que conduziam e regulamentavam o ensino-aprendizagem da época em destaque. Diante da institucionalização escolar, buscamos produzir a escrita desta narrativa na construção da sociedade letrada norte-rio-grandense, colaborando para a história da educação. Assim, nos propomos a escrita da História da Educação do Rio Grande do Norte, especificamente, reescrever a história de uma instituição educacional, buscamos reconstruir a história de uma Escola Estadual, a Escola Estadual Desembargador Vicente Lemos, com o objetivo de recuperar o processo de institucionalização, nomeação e evolução do ensino juntamente com a organização da Escola primária no Estado. Denominada inicialmente de Escola Subvencionada, a instituição passou a ser Escola Rudimentar Mista, Escola Isolada, Escola Reunida, Grupo Escolar e Escola Estadual ao longo de seu percurso, conforme as Leis e Regimentos vigentes. As atividades de instrução desta instituição surgem a partir da década de 1910, no interior do Estado do Rio Grande do Norte, no povoado de Caiada de Baixo. A investigação mostra a importância da Instituição para a História da Educação norte-rio-grandense, na estruturação do saber escolarizado e na universalização da leitura e a escrita. Ressaltamos que as instituições educativas são decorrentes das institucionalizações, nas suas estruturas, características e funcionamento. Destacamos, também, a importância da instituição Escolar, por oportunizar formação e conquistas, seja no seu ambiente interior ou fora dele.

AS SOCIEDADES GINÁSTICAS TEUTO-BRASILEIRAS E A EDUCAÇÃO CORPORAL DA JUVENTUDE NAS PRIMEIRAS DÉCADAS DO SÉCULO XX

EVELISE AMGARTEN QUITZAU Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

Os estudos sobre a imigração alemã frequentemente apontam a tendência à formação de associações como uma característica deste grupo étnico. De fato, nas áreas de colonização germânica nas regiões sul e sudeste do Brasil, é possível encontrarmos uma grande quantidade de sociedades fundadas para as mais diversas finalidades: beneficentes, de auxílio-mútuo, escolares, de canto, de tiro, de ginástica. Entre estas três últimas, comumente agrupadas sob a categoria “sociedades recreativas”, destacam-se as sociedades ginásticas (Turnvereine), fundadas para a prática do Turnen, sistematização de exercícios físicos proposta por Friedrich Ludwig Jahn, no início do século XIX, e que tinha como objetivo não apenas o fortalecimento corporal da juventude alemã, mas também o desenvolvimento de determinadas características morais que este autor considerava serem fundamentais para o reerguimento dos estados alemães — que se encontravam parcialmente sob domínio francês — tais como a coragem, a camaradagem e o espírito de coletividade. No sul e no sudeste do Brasil, as sociedades ginásticas fundadas pelos teuto-brasileiros a partir de meados do século XIX expressavam que seus objetivos eram o robustecimento corporal da população brasileira, bem como a preservação da língua, das canções e dos costumes alemães, o que nos permite afirmar, conforme apontado por Willems (1981) que estas sociedades aliavam ao aspecto recreativo uma segunda função: a manutenção da cultura germânica em terras estrangeiras. Neste sentido, por vezes estas associações se colocavam ao lado da igreja e da escola como um dos pilares de preservação da germanidade (Deutschtum) no Brasil e, em seus esforços para alcançar este objetivo, identificava a juventude teuto-brasileira como um dos mais importantes — senão o mais importante — alvo de seus trabalhos. Assim, estas associações frequentemente apontavam para a necessidade de se começar a ensinar a ginástica para os teuto-brasileiros desde a infância. Esta noção levou à formação de departamentos dedicados às práticas corporais para as crianças e jovens dentro das sociedades ginásticas, bem como ao estabelecimento de colaborações entre as Turnvereine e as escolas teuto-brasileiras, o que possibilitava a estas associações atingirem um número ainda maior de crianças da comunidade em que estavam inseridas. O presente trabalho tem como objetivo compreender de que forma a educação do corpo através da prática do Turnen poderia, segundo estas sociedades ginásticas, contribuir para a formação da juventude teuto-brasileira e para a manutenção da germanidade no Brasil.

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GRUPOS ESCOLARES PARAIBANOS: SÍMBOLOS DA MODERNIZAÇÃO ARQUITETÔNICA ESCOLAR NO ESTADO DA PARAÍBA (1930 – 1961)

EVELYANNE NATHALY CAVALCANTI DE LUNA FREIRE Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

Este artigo apresenta resultados parciais de uma pesquisa de mestrado em andamento intitulado “Modernização Escolar Primária na Paraíba Citadina: os grupos escolares paraibanos (1930-1961)”. Por meio de pesquisa realizada no Arquivo Histórico do Estado da Paraíba da Fundação Espaço Cultural - FUNESC e no Instituto Histórico e Geográfico Paraibano – IHGP, mais especificamente em notícias publicadas no jornal “A União” e também através da leitura crítica da produção historiográfica referente ao período estudado, este artigo se propõe a analisar a modernização arquitetônica escolar no estado da Paraíba a partir dos grupos escolares paraibanos. Compreendemos que os grupos escolares foram, em todo o país, bem como na Paraíba, símbolos institucionais escolares da República, e que os mesmos permaneceram se configurando como símbolo da modernização arquitetônica escolar durante várias décadas. Desta forma entende-se também que os grupos escolares paraibanos e suas arquiteturas, se apresentam como sendo símbolos do poder público estatal nas cidades que foram sendo construídos e inaugurados. Destacamos a importância dos grupos escolares junto ao desenvolvimento urbano das cidades paraibanas, buscando mostrar como, tanto arquitetonicamente, quanto educacionalmente, os grupos escolares se configuraram dentro do padrão moderno e renovador, à época, auxiliando assim ao desenvolvimento citadino. Compreende-se também que os grupos escolares estiveram dentro de uma política educacional voltada para civilizar e nacionalizar as crianças, pois fazia parte da política nacional de Getúlio Vargas, nacionalizar o país, desta forma o ensino primário e suas instituições em excelência, os grupos escolares, tiveram um papel fundamental no que concerne a implementação de tais ideais nacionais dentro da educação, que seria o primeiro passo para conseguir tais objetivos. Na Paraíba, não foi diferente, os grupos escolares também tiveram esse papel de auxiliar na civilidade, na ideia de nacionalização dentre outras questões. A reflexão realizada fundamenta-se no referencial teórico propugnado por Hobsbawm (1998), buscando perceber algumas permanências e mudanças relacionadas aos grupos escolares paraibanos e sua organização, no período proposto. Fundamenta-se também em Thompson (2001), no que concerne as peculiaridades políticas e culturais locais, no caso específico paraibano, pensando em como tais instituições escolares e suas especificidades se configuraram na Paraíba, bem como em Saviani (2006) para perceber o legado educacional relacionado à “regulamentação nacional do ensino e o ideário pedagógico renovador (1931-1961)” (p.31). Desta forma, buscamos apresentar considerações acerca das propostas relacionadas à implementação de uma modernização escolar paraibana, tanto no panorama arquitetônico, quanto no pedagógico.

EDUCAÇÃO CATÓLICA PARA A ELITE FEMININA NO SUL DE GOIÁS

FABIANA APARECIDA DE ANDRADE Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

A presente pesquisa tem como objeto de estudo a educação feminina no âmbito da Escola Normal Dr. Hermenegildo Lopes de Morais, conhecido como “Colégios das Freiras”, fundado na cidade de Morrinhos, sul de Goiás, pela Congregação das Agostinianas Missionárias. Para pensar a educação feminina no âmbito dessa instituição adota-se como recorte temporal o período de 1939 a 1968, que corresponde ao início e término da ação das freiras Agostinianas Missionárias à frente dessa instituição educativa. Parte-se do pressuposto de que a igreja católica ocupou lugar destacado no processo educacional no país, principalmente na educação escolar das mulheres. Nesses termos, criou inúmeros colégios femininos, destinados a uma formação refinada, marcada por valores cristãos católicos, hábitos e práticas com vistas à formação da esposa, da mãe e da professora. A essas escolas a sociedade atribuía responsabilidade quanto à chamada “boa formação”. Em Goiás, assim como em outros estados, várias congregações atuaram no campo educacional, dentre elas, as Agostinianas Missionárias. Congregação fundada na Espanha em 1890, as Agostinianas Missionárias vieram para o Brasil, especificamente Catalão-GO em 1921, com a finalidade de assumir a educação de crianças e jovens, espalhando-se por outras regiões posteriormente. Considerando que as mulheres deviam ser mais educadas que instruídas, a presente pesquisa destaca a formação oferecida nessa escola católica: do ensino de línguas as boas maneiras, hábitos, habilidades manuais, prendas domésticas inerentes às atribuições femininas fossem elas no lar ou no exercício da profissão docente. Assim, traz uma discussão uma sobre o catolicismo ultramontano; a Congregação das Agostinianas Missionárias, sua ação no campo educacional, objetivos e práticas; o colégio, seus regulamentos, currículo e alunado. Historicamente a mulher tem sido representada com determinadas características produzidas socialmente em contextos que produzem e reproduzem múltiplas relações de poder. Entende-se que ser mulher é ter o destino traçado com a maternidade, com o professorado e com vários outros campos que

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exigem o instinto maternal. Logo, instituições como o Estado, a família, o mercado de trabalho, a escola, a religião, entre outras, acabam compondo discursos que padronizam modelos aceitáveis como polidos, corretos, civilizados em relação ao comportamento de mulheres e homens. Para além dos estudos de gêneros, os estudos sobre a História da Educação e a História Cultural têm contribuindo para a compreensão da transmissão e a intervenção da cultura, práticas educativas e representações dos atores, o que existe é uma preocupação com o cotidiano da escola, o ambiente escolar, o ser da escola, os saberes que se produziam e reproduziam, a disciplina como forma de manipulação, os ritos e rituais. Toma como fontes de pesquisa documentos da escola, tais como: livros de atas, de matrículas, de exames, cartas e documentos avulsos.

O ESPAÇO EDUCATIVO DA CIDADE COMO FATOR DE CONTRIBUIÇÃO PARA A LONGEVIDADE ESCOLAR DE FAMÍLIAS DE MEIOS POPULARES

(PERNAMBUCO, 1940-1960)

FABIANA CRISTINA DA SILVA Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

Este artigo tem como objetivo analisar de que forma o espaço educativo e cultural das cidades de Olinda, Barreiros e do Recife influenciaram no processo de longevidade escolar de filhos de famílias de meios populares entre 1940 e 1960 em Pernambuco. Qualificamos como longevidade escolar as situações de acesso e permanência ao nível secundário e superior. O período estudado corresponde ao processo de escolarização dos filhos. A pesquisa baseou-se em estudos realizados nos campos da Nova História Cultural e da História da Educação Pernambucana. Duas famílias com as características acima citadas constituíram o objeto desta pesquisa. Os depoimentos orais, realizados sob os pressupostos da “história” oral junto com os dados estatísticos, sobre escolarização e urbanização das cidades foram as principais fontes da pesquisa. De que forma as cidades em que viveram contribuíram para uma melhor inserção no mundo escolar desses sujeitos? Quais as possibilidades oferecidas na cidade de Barreiros, interior do estado e na capital Recifense? Aconteceram grandes rupturas na mudança para a capital? Qual foi a influência da indústria açucareira de Barreiros na escolarização dos filhos da família 2? Que possibilidades a zona urbana ofereceu para esses sujeitos galgarem seus espaços nas escolas? Quais os instrumentos e os bens culturais essas cidades dispunham no período, que de uma forma ou de outra, contribuíram na manutenção e na longevidade escolar desses indivíduos?Podemos destacar, entre outros fatores, que nos anos 40 a cidade de Barreiros vivia o auge da indústria açucareira e nos anos 50 o Recife era uma cidade caracterizada pela sua efervescência cultural e por já se encontrar plenamente urbanizada. Diante disso, observamos que, no período, morar em cidades ou em bairros específicos, com características urbanas, culturais e econômicas intensas, com acesso a bens culturais de prestígio, como cinemas, bibliotecas, parecem ter interferido bastante na trajetória escolar desses sujeitos. Constatamos, ainda, que morar em uma cidade com vida econômica, social e cultural intensa, viver em um bairro com vizinhança mais escolarizada. Este estudo possibilitou compreender melhor a influência da cidade como um fator e importante espaço educativo de socialização que contribuiu direta e indiretamente para a escolarização desses sujeitos. A cidade pode assim, neste caso, ser vista como mais uma agência de inserção educativa e cultural que ajudou essas famílias a superar limites e barreiras que tornariam improváveis o seu acesso e a sua permanência no sistema escolar, em um período histórico que os bens de prestígio facilitavam a permanência a níveis superiores de ensino que não tinham as pessoas de meios populares como principal público.

LYCEU DE GOIÂNIA: TRADIÇÃO E RENOVAÇÃO – 1938-1946

FERNANDA BARROS Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

Este texto tem como tema a Instituição Educativa Lyceu de Goiânia, instalado na Capital do Estado de Goiás em 1938. A instituição vinda da Cidade de Goiás, trouxe consigo toda a tradição carregada pelo educandário desde o ano de sua criação em Goiás, em 1846. A discussão tem como objetivo compreender os impactos da mudança para a instituição, bem como os aspectos de renovação adotados pelos seus membros, tanto pelos ideais de conformação de uma nova realidade político-educacional, quanto os aspectos de mudança de cidade, prédio e público da instituição. O texto advém de pesquisa já realizada sobre o Lyceu em Goiás, e busca abordar os aspectos de mudança que envolveram o período de 1938-1946. A metodologia de pesquisa documental, proporciona a interpretação de fontes documentais fundamentais para o entendimento da conjuntura educacional que se instalou no Brasil no período getulista. Alguns dos autores utilizados são BARROS (2006; 2012), BOMENY (1999), (SCHWARTZMAN, 2000), MAGALHÃES (2004), entre outros. As fontes consultadas são os

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diários oficiais, que estão no Arquivo Público do Estado de Goiás, neles encontramos a legislação educacional do ensino público secundário estadual e também documentos inerentes ao Lyceu. É preciso observar que primeiramente a mudança da instituição foi apenas de local. Toda a escola foi colocada em caminhões, a biblioteca, secretaria, laboratórios, todos transferidos juntamente com seus professores e boa parte de seus alunos, já que a maioria destes era parte de uma população que também se mudara para Goiânia, ou por ocuparem cargos públicos ou por pertencerem à classe comerciante da cidade e que teriam novas oportunidades de negócios na nova capital. Este é um dos fatores da diminuição de matrículas nos anos de 1937 e 1938. A mudança para o novo prédio foi feita de uma só vez, mas a adaptação à nova realidade se processou aos poucos, tanto que a documentação do Lyceu ainda continuou com o título Lyceu de Goyaz. Esta situação mudou lentamente, à medida que Goiânia ia tomando forma, o Lyceu foi se incorporando ao novo prédio e transformando-se em Lyceu de Goiânia. Enquanto o clima de industrialização tomava o país, Goiás ainda preservava a economia agrária como principal atividade. Esta realidade preservou a sociedade com sua elite tradicional atuante na política, na economia e na intelectualidade. O Lyceu em Goiânia não deixou de ser a instituição para o fim a que foi criada, e com o currículo humanista, preservado pela legislação, continuou a sua formação propedêutica e elitista.

HISTÓRIAS DE ALFABETIZAÇÃO NAS NARRATIVAS DE PROFESSORAS

FERNANDA ZANETTI BECALLI Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

Escrituras autobiográficas e biográficas vêm sendo cada vez mais utilizadas em investigações na área educacional, pois permitem compreender os sujeitos como autores de suas próprias histórias, num tempo e num espaço historicamente dados, no qual assumem um posicionamento, numa postura singular e concreta, dizem e assinam a própria palavra, resgatando a possibilidade de “ser humano”, de agir coletivamente pelo que caracteriza e distingue os homens, produzir com e para o outro. Seguindo esse fio condutor, o presente trabalho foi construído no diálogo com narrativas autobiográficas, produzidas por professoras alfabetizadoras que atuam em escolas do município de Vila Pavão no Estado do Espírito Santo, registradas na publicação Nossas memórias. A coletânea, elaborada a partir de uma das atividades de formação continuada vivenciadas no referido município – o Programa de Formação de Professores Alfabetizadores (PROFA), editada em 2007, é constituída por 112 depoimentos, apresentação, agradecimentos, epígrafe e mensagem assinada pelo prefeito e pelo secretário municipal de educação da época. Buscamos adentrar, por meio dos textos narrativos, nas representações das professoras sobre os seus próprios processos de aprendizagem da língua materna; sobre as relações estabelecidas entre as docentes e os alunos; e, sobre a (s) concepção (ões) de alfabetização que sustentava (m) a fase inicial de aprendizagem da leitura e da escrita, na época em que foram alfabetizadas. Metodologicamente o estudo se configura como uma análise documental, pautada pela perspectiva dialógica de linguagem, ou seja, pela compreensão da linguagem como uma atividade constitutiva dos seres humanos realizada num processo dinâmico de caráter social e dialógico que se constitui numa corrente evolutiva ininterrupta na e pela interação verbal dos interlocutores verbal (seja na interação face a face, seja no discurso escrito), podendo ser compreendida apenas num dado contexto concreto de enunciação, que se materializa por meio da palavra. E, dentro desse raciocínio, somos conduzidos a pensar que o corpus discursivo dessa pesquisa foi formado integralmente por palavras, porém não são palavras nossas e sim de professoras capixabas que cursaram o PROFA, consequentemente, palavras dos outros, palavras alheias. Partindo dessa compreensão, nos ancoramos teoricamente no referencial de Bakhtin e seu Círculo, de Benjamim e de Nóvoa. Este trabalho conduz a reflexões sobre os sentidos e a pertinência das escritas autobiográficas como prática de formação, autoformação e transformação de si.

ESCOLA ESTADUAL DE ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO NO CENTRO SÓCIOEDUCATIVO SÃO COSME DAMIÃO: EDUCAÇÃO ESCOLAR

OFERTADA ÀS PESSOAS COM RESTRIÇÃO DA LIBERDADE (2010-2013)

FLÁVIO CÉSAR FREITAS VIEIRA Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

A pesquisa documental na área da História das Instituições Educativas buscou identificar a cultura escolar da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio - EJA no Centro Socioeducativo São Cosme Damião, em Teófilo Otoni, Minas Gerais, Brasil. A proposta perpassa também por compreender o ordenamento jurídico brasileiro que fundamenta a existência de escolas nos Estabelecimentos Penitenciários e Socioeducativos no país. Ciente da

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carência de pesquisas sobre a história de instituições com foco na educação escolar que ofertadas a pessoas com restrição da liberdade na perspectiva dos Direitos Humanos. As fontes utilizadas são Regimento Escolar, a proposta Político-Pedagógica, Calendário Escolar, Quadro Curricular, entre outros. O procedimento metodológico foi realizado com duas etapas, sendo a primeira com objetivo de identificação e catalogação das fontes primárias e secundárias com respeito ao funcionamento da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio vinculada ao Centro Socioeducativo São Cosme Damião em Teófilo Otoni/MG, no período de 2010-2013. Em sequência, foi iniciada a análise dos dados obtidos e elaboração da versão parcial de resultados. Os resultados parciais obtidos apresentam a identificação do espaço físico do prédio onde está instalada a escola desde o ano de 2006 que sofreu adaptação para sua instalação. Verifica-se que o espaço físico da escola apresenta limitações para o desempenho das atividades tanto da administrativa quanto pedagógicas, sendo identificados os seguintes: salas de aula, sala dos professores, espaços para atividades da prática de educação física e da biblioteca, com os seus respectivos mobiliários. Verificou-se que essa instituição educativa enfrentou e enfrenta situação peculiar diante de instituições educativas da educação básica, pois, mesmo diante dos avanços educacionais, políticos e legais ainda há inúmeros impedimentos para aplicação de políticas públicas voltadas para garantir a democratização do acesso e a permanência na escola de jovens autores de atos infracionais. Os dados obtidos indicam que na esfera educacional a vinculação de dificuldades de aprendizagem e de evasão escolar são fenômenos comuns na vida de adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas, portanto, a maioria dos alunos dessa escola encontram-se com defasagem idade-série, tornando-se público alvo para Educação de Jovens e Adultos, resultados que expressam que a preocupação maior foi o de manter a pessoa presa com oferecimento de meios à sua recuperação insatisfatórios, em contradição as orientações dos direitos humanos que tem exigidos mecanismos de humanização no cumprimento das penas e das medidas sócios educativas, com base no ordenamento jurídico no país.

EDUCAÇÃO E PRECEITOS DA FÉ: O COLÉGIO DO SALVADOR (ARACAJU 1935-1965)

FRANCE ROBERTSON PEREIRA DA SILVA MARLUCE DE SOUZA LOPES SANTOS

Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

Este trabalho teve como objetivo investigar através de uma pesquisa histórica, a fundação e funcionamento dos primeiros trinta anos do Colégio Salvador, localizado na cidade de Aracaju/Se. O colégio foi fundado em 1935, período conhecido como a Era Vargas e em Sergipe as expressões políticas locais seguiam a mesma linha política do governo federal. E educação passava por vários processos de transformação como a expansão do ensino primário e é nesse contexto está inserido o Colégio Salvador, que desde a sua criação foi administrado por membros de uma família com orientação cristã católica desenvolvendo os processos educativos baseados na fé que professavam. O Colégio apesar de não ser confessional, segue uma linha de escola que obedece aos preceitos religiosos fundamentados na religião católica. Os pais ao matricularem seus filhos, estão cientes da orientação religiosa seguida pelo Colégio e os professores obedecem às normas ali vigentes. Muitos dos alunos que por ali passaram tornaram-se membros influentes da sociedade. Dos seus egressos registram-se políticos de várias denominações partidárias, Governadores, Médicos, Advogados, Dentistas, Professores respeitados e outros tantos profissionais que em decorrência dos métodos aplicados pelo Colégio tiveram e têm bastante notoriedade perante seus pares sociais. A importância em investigar a historia do Colégio Salvador em Aracaju/Se, está relacionada à carência de estudos que tratem da escola privada em Sergipe e especialmente nenhum trabalho histórico científico foi encontrando versando sobre o colégio pesquisado nem estudos sobre as práticas escolares ali adotadas. Para o desenvolvimento deste trabalho lançamos mão de autores que realizaram pesquisas congêneres com a qual trabalhamos; utilizamos: jornais e revistas da época; fontes e arquivos existentes no Colégio; entrevistas com ex-alunos, ex-professores, ex-funcionários, diretores, pedagogos da escola; fotografias; cadernetas; investigamos arquivos públicos municipais e estaduais, especialmente aqueles que constam documentação sobre as escolas aracajuanas e outras fontes que foram surgindo ao longo da pesquisa. Como categorias de análises prioritárias utilizamos: memória (LE GOFF, 2003; HALBWACS, 1990; BOSI, 2003); cultura escolar (JULIA, 2001); cultura material escolar (SOUZA, 2007). Esperamos que os resultados da nossa investigação possam contribuir para a história da Educação em Sergipe e que desperte em outros pesquisadores o interesse em elaborar pesquisas congêneres.

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O REGULAMENTO DE 1943 DA BIBLIOTECA INFANTIL “CAETANO DE CAMPOS”: UMA PRÁTICA MODELAR

FRANCIELE RUIZ PASQUIM Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

Apresentam-se, neste texto, resultados parciais de pesquisa de doutorado em Educação (Bolsa CAPES). Com o objetivo de contribuir para a compreensão da história das bibliotecas escolares infantis no estado de São Paulo, destaca-se a contribuição da Biblioteca Infantil “Caetano de Campos” do curso primário da Escola “Caetano de Campos”, situada na capital do estado de São Paulo-Brasil. Mediante abordagem histórica, centrada em pesquisa documental e bibliográfica, desenvolvida por meio da utilização dos procedimentos de localização, recuperação, reunião, seleção e ordenação de fontes documentais, vem-se elaborando um instrumento de pesquisa sobre as bibliotecas escolares infantis no estado de São Paulo. Dentre as fontes documentais reunidas, até o momento, vem-se analisando a configuração textual do Regulamento da Biblioteca “Caetano de Campos”, aprovado em 1943, pela diretoria dessa escola. Esse Regulamento está organizado em 11 capítulos, os quais somam 40 artigos, que dispõem sobre a organização e funcionamento da Biblioteca, que foi dirigida pela “adjunta-bibliotecária”, Iracema M. da Silveira, em 1943, e pelos “alunos-bibliotecários”, responsáveis pelo funcionamento das seguintes seções da biblioteca: “infantil”, “de professores’, “documentação”, “referência”, “estatística e investigações”. Dentre as atividades que eram realizadas, de acordo com o regulamento, destaca-se a produção do jornal infantil Nosso Esforço, escrito pelos alunos do curso primário e que podiam escrever nas seguintes seções desse jornal, “informativa”, “educativa” e “recreativa”. Os alunos do curso primário podiam também participar da “hora do conto”, atividade destinada à leitura de livros infantis e dramatizações de narrativas feitas pelas crianças com objetivo de despertar a curiosidade infantil e o gosto pela leitura. Ainda no regulamento dessa biblioteca há, ainda, indicação da criação de um museu escolar em homenagem ao patrono, Caetano de Campos (1844–1891). A análise desse documento tem contribuído para a compreensão de que essa biblioteca funcionou como um espaço destinado à realização de atividades “extracurriculares”, principalmente as relacionadas à prática da leitura e o desenvolvimento, nas crianças, das capacidades de “organizar”, “cooperar” e “criar”. Os resultados obtidos até o momento permitem compreender que a elaboração do regulamento contribuiu para a conformação de práticas educativas modelares de utilização da biblioteca, espaço destinado especificamente para o incentivo e a promoção da leitura.

DA ESCOLA DE APRENDIZES ARTÍFICES À ESCOLA TÉCNICA FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE: AGENTES E SUJEITOS DA FORMAÇÃO

ESCOLAR PROFISSIONAL (1910-1971)

FRANCISCO CARLOS OLIVEIRA DE SOUSA Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

Neste trabalho, partimos do pressuposto de que uma instituição escolar não se constitui sem seus agentes e sujeitos, aqui identificados como gestores, professores e alunos. Neste sentido, objetivamos analisar mudanças e permanências verificadas na composição desse tripé na instituição que, ao longo de seu percurso histórico, foi denominada, sucessivamente, de “Escola de Aprendizes Artífices” (1909-1937), “Liceu Industrial” (1937-1942), “Escola Industrial” (1942-1965), “Escola Industrial Federal” (1965-1968) e “Escola Técnica Federal do Rio Grande do Norte” (1968-1999). Para tanto, na análise das fontes consultadas, apoiamo-nos na matriz interpretativa cujo referencial teórico-metodológico está expresso no paradigma relacional e na mesoabordagem, propostos por Magalhães (2004). Entendemos, a partir daí, que a triangulação clássica estrutura do educando/aluno/sujeito, estrutura do educador/professor/agente e estrutura dos conteúdos reforça-se e complexifica-se, ganhando nova consistência, sob uma forma que integra dialeticamente a instituição educativa não apenas como referente espaciotemporal, mas como matriz de enquadramento/acompanhamento e referente de (in)formação e ação. Criada pelas determinações legais do Decreto nº 7566, de 23 de setembro de 1909, a Instituição tinha o intuito de habilitar os filhos dos desfavorecidos da fortuna com a formação profissional, e também de fazê-los adquirir hábitos de trabalho profícuo que os afastariam da ociosidade ignorante, tida como escola do vício e do crime. Esta era, por conseguinte, a missão de gestores e docentes. Considerando-se o referido intuito, a investigação realizada evidenciou três fases distintas predominantes no percurso histórico institucional. Na primeira, que vai da criação da Instituição até a decretação da Lei Orgânica do Ensino Industrial (1909-1942), predominou o ensino profissionalizante de caráter assistencialista, direcionado para alunos de precárias condições sociais, sob a condução de gestores e docentes que, com poucas exceções, apresentavam formação insuficiente para o exercício de suas respectivas funções. Na segunda, caracterizada como de transição, correspondente ao período

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da decretação da Lei Orgânica até a implantação dos primeiros cursos técnicos (1942-1963), verificam-se graduais modificações no perfil socioeconômico discente e na qualificação profissional de docentes e gestores, sobretudo com a instalação do Conselho de Representantes. Na terceira fase, cuja abrangência vai da criação dos cursos técnicos até a promulgação da Lei nº 5.692/71, que torna compulsória a profissionalização do Ensino de 2º Grau (1963-1971), consolida-se o ensino profissional de referência e modifica-se consideravelmente o conjunto de agentes e sujeitos da formação escolar profissional.

INSTALAÇÃO DA ETFRN EM MOSSORÓ: UMA ANÁLISE A PARTIR DOS REGISTROS ESCRITOS E VISUAIS DA IMPRENSA LOCAL

FRANCISCO DAS CHAGAS SILVA SOUZA ELVIRA FERNANDES DE ARAÚJO OLIVEIRA

Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

O campo da pesquisa histórico-educacional tem passado, nas últimas décadas, por um significativo processo de renovação nos seus temas. São merecedores de destaque, por exemplo, os estudos acerca da história das instituições escolares, demonstrando o interesse de investigadores em analisar a constituição de uma instituição educacional, buscando a inserção desta no plano histórico local. Esses historiadores das instituições escolares têm se preocupado em discutir, dentre outros temas, a importância dos arquivos como elementos essenciais para a memória das escolas, a compreensão do contexto histórico em que elas foram criadas e a cultura escolar que ali existiram em determinadas épocas. Considerando tais elementos, nesta comunicação, pretendemos pôr em análise o arquivo do Campus Mossoró do IFRN, este criado há vinte anos como uma Unidade de Ensino Descentralizada (UNED) da Escola Técnica Federal do Rio Grande do Norte (ETFRN). Tendo iniciado o seu funcionamento em 1995, a antiga UNED/ETFRN de Mossoró passou, ao longo de duas décadas, por um amplo processo de crescimento físico e acadêmico cujos registros (recortes de jornais, fotografias e vídeos) encontram-se no arquivo da biblioteca Prof. Arnaldo Arsênio de Azevedo, constituindo-se em fontes de grande relevo para a história dessa instituição de Educação Profissional. Portanto, nossa intensão é realizar uma análise sobre os primeiros anos de atuação da UNED/ETFRN, em Mossoró, tendo como fonte o conteúdo dos jornais locais (O Mossoroense e a Gazeta do Oeste). Buscamos investigar, por meio de registros da imprensa local, como se deu o nascimento e como foram os primeiros anos de “vida” do que seria mais tarde o Campus Mossoró do IFRN. A ênfase nos estudos com base em matérias de jornais mossoroenses se explica pela tão conhecida característica desse tipo de mídia como formadora da opinião pública. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, cuja metodologia será, inicialmente, o levantamento bibliográfico sobre a referida instituição seguida de uma leitura e análise nos jornais arquivados na biblioteca do Campus Mossoró. A pesquisa evidenciou uma preocupação da imprensa local em transmitir, para a sociedade, uma imagem positiva da instalação da ETFRN em Mossoró. Esse fato é visível não apenas nos textos escritos, mas também nas fotografias disponíveis nas páginas dos jornais, as quais registram detalhes da estrutura física da nova escola. Dessa forma, observa-se nos conteúdos da imprensa local a expectativa positiva com relação à chegada da referida instituição, vista como um elemento dinamizador da Educação profissional no oeste do Rio Grande do Norte e um diferencial, se comparada em termos de infraestrutura, com as demais instituições de ensino da região.

HIGIENE E MILITARISMO: INSTRUMENTOS PARA GARANTIR A DISCIPLINA NO COLÉGIO PEDRO II (1889-1937)

GABRIEL RODRIGUES DAUMAS MARQUES Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

O estudo busca analisar as práticas de escolarização, associadas às temáticas da higiene, da disciplina, da instrução militar e esportiva, realizadas no Colégio Pedro II (CPII), instituição secundária da cidade do Rio de Janeiro. A periodização da investigação está centrada entre os anos 1889 – momento em que o Colégio passa a sofrer os impactos da Proclamação da República – e o ano de 1937 – quando são realizados os festejos em comemoração ao centenário da instituição. Como meio para compreender a escolarização no Colégio, focamos nossa atenção para um tema muito caro aos intelectuais naquele período – a Higiene. Em fins do século XIX, esta ocupava uma posição de destaque, possuindo no CPII um grupo de funcionários responsáveis por criar e administrar as questões relacionadas a esse tema e a controlar as pessoas submetidas às demandas da higienização. Utilizamos como fonte de informação para o estudo do objeto as obras Memória Histórica do Colégio de Pedro Segundo, elaborada por Escragnolle Doria; e O Colégio Pedro II: cem anos depois; o Relatório do ano de 1916; e o Livro de Ocorrências dos anos de 1914 e 1915. Percebemos que no processo de organização do

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CPII, para materializar a escolarização e a higienização, a arquitetura e a alimentação eram alvos de atenção, tanto no regime de Internato, quanto no Externato – então as duas seções da instituição. Outro aspecto importante que também identificamos para a formação dos estudantes de colégio secundário era a disciplina, que forjava a existência de normas específicas e da polícia escolar para os estabelecimentos desta modalidade de ensino, com o intuito de garantir um espaço educacional asséptico, ordenado e regido pelas regras da higiene e da civilidade. Acreditava-se que tais condições favoreceriam a disciplina, que, por sua vez, resultaria na ordem desejada. Como coadjuvante da disciplina, nas duas seções do CPII, encontrava-se a instrução militar, existente desde 1908, objetivando conduzir os discentes a hábitos de obediência e subordinação. Havia empenho institucional para a regularidade da instrução militar, assim como o estímulo para os discentes participarem de solenidades e de campeonatos desportivos, estes últimos relatados com orgulho por docentes e ex-alunos, que eram registrados como as marcas do cotidiano escolar nos livros de ocorrências. Concluímos que a construção da escola deveria ser admirada, reverenciada e modelaria hábitos, atitudes e sensibilidades; a disciplina estava intrinsecamente ligada às proibições, desejando estudantes que se vestissem decentemente, obedecessem às ordens e fossem assíduos, pontuais e asseados; frequentemente discentes infringiam regras e responsáveis pela disciplina aplicavam punições; a instrução militar auxiliava o desenvolvimento do indivíduo forte, saudável e indispensável para o processo de desenvolvimento nacional; e as participações em eventos esportivos eram destacadas, principalmente quando da obtenção de resultados positivos em torneios.

UMA ESCOLA DE OPERÁRIOS E SUBURBANOS CARIOCAS

GABRIELA DE CASTRO ALMEIDA DE OLIVEIRA AROSA Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

Este trabalho se localiza entre uma série de pesquisas que vem sendo realizadas no campo da História da Educação e que pretendem compreender o processo de remodelação da cidade do Rio de Janeiro nos anos 1920. Além disso, desde os anos de 1980 estas pesquisas debruçaram-se, a partir de novos olhares, sobre a forma como os sujeitos se relacionaram com as ações de governo e as reformas urbanas que foram empenhadas para a construção de uma cidade-capital modelo. Com um olhar específico para regiões, por vezes esquecidas, o subúrbio fluminense oferece elementos importantes para a construção de uma representação acerca dos tempos e saberes escolares na cidade do Rio de Janeiro nos anos 1920. Principalmente, do ponto de vista daqueles estudos que pretendem compreender os sujeitos inseridos na cultura escolar do período e suas relações com o meio urbano é que este trabalho se insere. As fontes mobilizadas para esse trabalho foram trechos dos periódicos “A Voz do Trabalhador” e “Guerra Social”, ambos produzidos no ceio do movimento anarco-sindicalista, ligados à Federação Operária do Rio de Janeiro e de circulação majoritária na cidade do Rio. Além destes documentos, foram também analisadas as resoluções sobre educação das Atas dos três primeiros Congressos Operários Brasileiros que ocorreram no Rio de Janeiro. Nesse espectro, o objeto de estudo no qual me debrucei para o desenvolvimento desta pesquisa foi a Escola Operária Primeiro de Maio (1906) localizada no então bairro operário de Vila Isabel. A proposta de educação empenhada por esses agentes, que pretendiam-se como pertencentes ao ideário anarquista também foram analisadas. Pude observar contudo, que o bairro de Vila Isabel, naquele período, considerado como subúrbio da cidade do Rio de Janeiro, fora pensado para habitarem principalmente os operários que ali trabalhavam na Fábrica de Tecidos Confiança. As ações de governo para o Bairro pretendiam oferecer aos operários ali residentes uma completude do que era considerado necessário para o decorrer de suas vidas. Além disso, a existência do subúrbio, na maneira como se constituía – com uma presença de uma escola, um hospital, um jardim zoológico – estão inseridos em um projeto maior de cidade que destinava aquela região a uma parcela específica da população. Vila Isabel era um bairro para operários, mas também para suburbanos. No interior desse projeto de remodelação da cidade essa proposta de escola apresenta por vezes de forma contraditória com seus ideais propagandeados.

A FUNDAÇÃO DO COLÉGIO PAROQUIAL SANTO INÁCIO: SUA MISSÃO E O INÍCIO DA COLONIZAÇÃO NO MUNICÍPIO DE MARINGÁ

GESLAINE CRISTINA TAMIÃO PIOLA Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

Este trabalho tem como intenção contribuir com a construção da história da educação do Município de Maringá, mais especificamente, como campo de estudo da História da Educação Brasileira, instituições escolares e de suas culturas. Tendo como objeto de estudo a Escola Paroquial Santo Inácio, primeira escola confessional de ensino primário e do jardim de infância de Maringá. Escola está que foi fundada quando o município de Maringá era

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distrito de Mandaguari. A partir das imagens iconográficas, buscou-se construir a memória da instituição e revelar as práticas educativas por ela instituídas, com a finalidade de implementar seu projeto de formação intelectual e humana pautada nos princípios cristãos. Desde o início da sua fundação até o desenvolvimento do município de Maringá, sendo de grande aprendizado com apelo catequético do universo propriamente católico. Destaca-se a contribuição do Bispo Dom Jaime para o aprimoramento e desenvolvimento da Escola juntamente com a construção do município que estava sendo formado.

DEUS E AS ESCOLAS NAS RUAS: A MARCHA PELA “REVOLUÇÃO VITORIOSA” NAS CIDADES DA PARAÍBA NO ANO DE 1964.

GENES DUARTE RIBEIRO Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

Esse artigo discute a partir dos periódicos paraibanos o envolvimento das escolas (privadas, públicas e confessionais) no movimento intitulado “Marcha com Deus pela Liberdade” que aconteceram durante os meses de abril e maio de 1964 nas diversas cidades da Paraíba, como forma de comemoração expressiva da “Revolução vitoriosa” que depôs o presidente João Goulart. O nosso foco central consiste em perceber que o discurso religioso contra o comunismo foi o principal fio condutor para a aglutinação de pessoas e instituições nessas comemorações, como também o apoio e “solidariedade” dados ao governador Pedro Gondim, que era alvo de perseguição pelo Regime Militar, onde o mesmo utilizava esses momentos como estratégia de manutenção e legitimação do seu cargo no executivo paraibano. Para tanto, discutimos com Candido (1971) que averigua a estrutura da escola como um grupo social que mantém certo grau de autonomia internamente, observa ainda que geralmente grupos religiosos e políticos estabelecem normas para orientar e reger a escola segundo os seus interesses. Em outras palavras, as escolas são essencialmente produto da cooperação dos seus próprios membros, mas cujas funções coletivas e posições são parcialmente institucionalizadas por outros grupos sociais. (ZNANIECKI apud CÂNDIDO 1971 p.109). Dessa forma, pretendemos trabalhar a relação existente entre esse movimento e participação dos alunos e professores, como construtores de condutas, rotinas, crenças, costumes, valores, que perpassam as relações sociais dentro e fora da escola. Sendo assim, pretendemos trabalhar com os conceitos de comemoração, e cultura política, a fim de apreender como as atividades escolares se relacionam com as finalidades sociopolíticas, religiosas a partir das referencias temporais “nas marchas da família”. (JULIA, 2001). Esse entendimento permite pensar, teoricamente, que, nesse território, nesse continente vastíssimo da memória, em um dos gêneros a ele referidos que são as comemorações cruzam-se valores, linguagens, práticas culturais, tradições, marcos a serem lembrados e rituais coletivos. “A co“A comemoração pretende exorcizar o esquecimento” (OLIVEIRA, 1989 p.173). Dentro desses rituais coletivos selecionamos as “marchas com a família”, pois atuam como mediadores entre concepções e práticas políticas e culturais e como mantenedores de determinadas visões de mundo e de história. Em síntese, por meio dessa manifestação pode-se perceber as relações políticas e religiosas, cultura e ensino, pelas representações construídas e pelo imaginário. (FONSECA, 2004 p.73) e ainda, esse movimento não se restringe as ruas, mas, perpassam por toda sociedade influenciando e moldado os comportamentos dos indivíduos no interior das escolas. (CHAMON 2002)

UM ESTUDO SOBRE A HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES EDUCATIVAS ESPECIALIZADAS EM MATO GROSSO DO SUL: O CASO DA A

APAE/CEDEG DE CAMPO GRANDE

GIOVANI BEZERRA BEZERRA, GIOVANI FERREIRA Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

A história da Educação Especial no estado de Mato Grosso do Sul, antigo de sul de Mato Grosso, ainda precisa ser contada. As informações sobre o tema são escassas e, quase sempre, limitadas às fontes oficiais ou a notas de rodapé. Três instituições educativas especializadas dominaram e dominam a cena em Mato Grosso do Sul, quanto ao atendimento das pessoas com deficiências, sendo, ainda, referências modelares em seu campo de atuação, a saber: o Instituto Sul-Mato-Grossense para Cegos “Florisvaldo Vargas”, criado em 1957; a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), fundada em 1967, e a Sociedade Pestalozzi, inaugurada em 1979, todas as instituições na cidade de Campo Grande/MS. Todavia, elas não têm sido objeto de estudos com enfoque historiográfico propriamente dito. Muitas narrativas dessa história encontram-se por serem escritas, com a localização de documentos, impressos variados e materiais iconográficos que, por ora, encontram-se avulsos, dispersos, desordenados e em risco constante de deterioração nessas instituições educacionais que contam a

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história e compõem a memória do povo sul-mato-grossense. Na direção do exposto, busca-se, com este relato de pesquisa, vinculado ao doutoramento em educação, na linha de pesquisa História da Educação, Memória e Sociedade, apresentar o legado histórico de uma instituição privado-filantrópica, a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Campo Grande/MS (APAE) - Centro de Educação Especial Girassol (CEDEG), para a educação das pessoas com deficiência no Sul de Mato Grosso e em Mato Grosso do Sul, haja vista ser essa a segunda instituição educativa especializada fundada no referido estado para atender a clientela da Educação Especial, em 10 de junho de 1967. Em seu itinerário, a instituição revela e esconde diversas apropriações, práticas e representações culturais, implicadas em seu programa de ensino, em suas rotinas e formas de organização pedagógico-administrativa. Diante de sua representatividade, torna-se necessário entender como foi se constituindo e instituindo a APAE/CEDEG em Campo Grande/MS, haja vista o distanciamento histórico já ser de quase 50 anos da sua fundação. Para o desenvolvimento desta pesquisa, parte-se da vertente historiográfica mais ampla denominada História Cultural, que, recentemente, à medida que amplia as fontes, os objetos e métodos de investigação, tem forjado a emergência da abordagem denominada de Nova História Cultural, mais adequada para estudar objetos históricos singulares, como as instituições educativas. De modo mais específico ainda, recorre-se à perspectiva teórico-metodológica da História das Instituições Educativas, herdeira da concepção supramencionada, compreendendo a instituição educativa como uma totalidade epistêmica. Palavras-chave: História e Memória das instituições educativas especializadas. História Cultural. Sul de Mato Grosso/Mato Grosso do Sul.

ESCOLA NORMAL NOSSA SENHORA AUXILIADORA (1896 - 1930): A FORMAÇÃO DE PROFESSORAS MINEIRAS NOS PRIMEIROS ANOS DA

REPÚBLICA

GIOVANNA MARIA ABRANTES CARVAS DENILSON SANTOS DE AZEVEDO

Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

O presente trabalho investiga a história da formação de professoras da Escola Normal Nossa Senhora Auxiliadora, criada no ano de 1896, na cidade de Ponte Nova, Minas Gerais. Trata-se de resultados parciais de uma pesquisa de mestrado que vem sendo desenvolvida na Universidade Federal de Viçosa. Embora os estudos que envolvem instituições escolares tenham avançado, as pesquisas no campo de História da Educação ainda apresentam lacunas em relação às escolas normais, particularmente no que diz respeito aos estabelecimentos salesianos, como é o caso da Escola Normal Nossa Senhora Auxiliadora, que não apresenta publicações significativas sobre sua trajetória. Fruto do interesse e da ação conjunta de políticos locais e membros da Igreja Católica, a instituição, hoje centenária, foi a “primogênita” das escolas normais salesianas do Estado de Minas e formou mais de 630 professoras primárias nos primeiros trinta anos de atuação. O recorte de investigação estabelecido (1896-1930) insere nosso objeto de estudo nos primeiros anos da república no Brasil, momento em que as escolas normais passaram a ser entendidas como locais privilegiados para a formação de professores primários capazes de contribuir para o desenvolvimento do país por meio da formação educacional do povo. A fim de cumprir com o objetivo central do estudo, ou seja, investigar o processo de formação de professores realizado pela Escola Normal de Ponte Nova, foram analisadas informações contidas em documentos produzidos pela própria instituição (atas, registros, diplomas, relatórios, entre outros) e que se encontram sob os cuidados da hoje Escola Nossa Senhora Auxiliadora. A documentação selecionada refere-se, em sua maior parte, à organização do trabalho pedagógico, à assuntos do dia a dia escolar, ao corpo docente e discente da instituição, bem como a questões ligadas ao currículo desenvolvido no período em foco. As análises realizadas a partir das fontes consultadas indicam, entre outras coisas, que a proposta pedagógica das Salesianas (fundamentada no Sistema Preventivo de Dom Bosco) esteve ligada a um esforço contínuo de adaptação dos conteúdos explicitamente católicos aos conteúdos vinculados pelo Estado para a implantação do regime republicano, como o civismo, patriotismo e nacionalidade ressaltado tanto nas atividades diárias desenvolvidas pelas normalistas quanto nos festejos escolares que também envolviam a comunidade. As conclusões, ainda preliminares, dessa pesquisa nos permitem conhecer nuances ocultas da formação promovida pelas Salesianas na Escola Normal de Ponte Nova, bem como algumas das adequações pelas quais a instituição precisou passar ao longo das décadas republicanas para se manter atuante em seu propósito de formação e evangelização da juventude feminina.

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Caderno de Resumos - Comunicações Individuais

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ENTRELAÇANDO CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO: A FORMAÇÃO DE PROFESSORES NA PERSPECTIVA DO PROTESTANTE E DA ESCOLA

NOVA NO RIO DE JANEIRO NA PRIMEIRA DÉCADA DO SÉCULO XX

GISELE GONÇALVES ISAIAS GOMES SÔNIA DE OLIVEIRA CAMARA RANGEL;

Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

A implantação no Brasil de escolas protestantes por iniciativa de missionários norte-americanos deixaram marcas que necessitam ser identificadas e estudadas por pesquisas que se dediquem em problematizar as suas matrizes e possíveis influencias para a educação brasileira e, em particular para a formação de professores, a partir do início do século XX. Nesta direção, esta comunicação objetiva analisar, o processo de penetração do protestantismo norte-americano no Brasil e sua influência na constituição do pensamento educacional brasileiro, de modo a refletir sobre as questões relacionadas ao individualismo, aos ideais de liberdade e ao pragmatismo pedagógico. Interessa-nos, assim compreender a matriz que estruturou a ação educativa dos protestantes na criação de instituições no Rio de Janeiro, procurando identificar possíveis aproximações com o pensamento escolanovista, em particular com as contribuições do educador norte-americano John Dewey na primeira década do século XX. Os estudos de Boanerges (1973) e Barbanti (1977), mostram que o início da ação educativa missionária dos protestantes no Brasil deu-se no período em que as elites buscavam institui uma proposta educacional em consonância com o pensamento liberal. Este aspecto permite compreender a disseminação da crença e da influência educacional americana, especialmente em algumas regiões do país. Entre as estratégias utilizadas pelos missionários para divulgação do evangelho e da religião estava a criação de instituições educacionais ligadas as Igrejas Batistas pelos estados do país, dentre elas, foram criados: o Instituto Batista Correntino (Piauí - 1904), o Colégio Gilreath (atualmente Colégio Americano Batista - Recife - 1906), o Colégio Americano Egydio (Bahia), o Colégio e Seminário do Rio de Janeiro (1908) e o Colégio de Campos (inaugurado em 1911), ambos no Rio de Janeiro. Defendendo uma renovação das práticas e saberes escolares, os educadores missionários acreditavam que os alunos deviam, ocupar uma posição ativa no processo de aprendizagem. Assim, ao professor caberia valorizar as perguntas, as curiosidades, as experiências e os, questionamentos infantis em sua prática dentro e fora da sala de aula. A cidade foi concebida como espaço capaz de produzir novas e diferentes descobertas, sendo organizadas diferentes atividades, como: excursões, desfiles, passeios e visitas monitoradas. Nesta perspectiva, a emblemática renovação e modernização das práticas e saberes escolares inscrevia-se, em um esforço de ampliar o conhecimento da criança, propondo a relação entre a escola, a sociedade e a vida. À escola primária, caberia, dentre outros, o papel de interpretar e adequar as crianças e as famílias as novas exigências sociais do país.

A CENTRALIDADE DOS EVENTOS CÍVICO-PATRIÓTICOS NA REALIDADE ESCOLAR DO ENSINO SECUNDÁRIO EM UBERLÂNDIA E UBERABA, EM

MINAS GERAIS NAS DÉCADAS DE 1930 A 1960.

GISELI CRISTINA DO VALE GATTI Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

Trata-se da análise comparativa das práticas cívico patrióticas desenvolvidas no interior da Ginásio Mineiro de Uberlândia e do Ginásio do Triângulo Mineiro (Uberaba), ambas instituições de ensino secundário de Minas Gerais, no período compreendido entre as décadas de 1930 e 1960. Com o advento da República o processo de urbanização e modernização das cidades ganhou espaço, levando à emergência de projetos de escolarização, com intuito de construir um novo sujeito social que se alinhasse ao projeto republicano de ordem e progresso. Assim, a escola torna-se peça central, pois para que houvesse ordem seria necessário que houvesse também disciplina e, nesse sentido, a escola disseminaria valores morais e não apenas conhecimento. Deste modo, no contexto das práticas escolares, ganharam espaço os eventos cívicos patrióticos, que reforçavam as ideologias nacionalistas do Estado. As atividades cívico-patrióticas davam visibilidade às escolas, evidenciando disciplina e excelência formativa dos estabelecimentos de ensino e da educação neles ministrada, mas, também, reforçavam o sentimento cívico/patriótico e ajudavam a dar identidade ao novo contexto político brasileiro. Os primeiros indícios apontam que as duas escolas de ensino secundário mobilizavam suas cidades nestes eventos, sendo que ocorria toda uma preparação, com ensaios e utilização de uniformes especiais para as datas festivas. Em contrapartida, a população marcava presença, consubstanciando-se como um congraçamento entre os alunos e a sociedade, em um grande acontecimento, revelando uma intencionalidade que queria marcar um espaço da memória, ou seja, como uma forma de perpetuar fatos e acontecimentos importantes de uma época, valorizando

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seus heróis nacionais, em especial por meio do Sete de Setembro e do Quinze de Novembro. Nesta perspectiva, cabe destacar ainda a presença marcante da imprensa no registro das festividades. No caso das duas escolas pôde-se observar a presença de artigos relacionados às mais diversas festividades ocorridas ao longo ano, enaltecendo a ação dos professores e da direção dos estabelecimentos de ensino pelo exemplo de civilidade e patriotismo dos alunos frente aos desfiles cívicos, sendo que a mesma festividade era anunciada por dias seguidos em jornais locais. Nesse sentido, resultados parciais apontam que os eventos cívico-patrióticos davam grande visibilidade às escolas, mostrando e reafirmando, perante a sociedade, suas ideias e valores, importantes na constituição da cultura da cidade e da nação.

CIRCULAÇÃO DE SABERES PEDAGÓGICOS NA BIBLIOTECA DA ESCOLA NORMAL: A ATUAÇÃO DO BIBLIOTECÁRIO COMO MEDIADOR DAS

PRÁTICAS DE LEITURA.

GIZELMA GUIMARÃES PEREIRA SALES Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

A formação de professores no Brasil, especialmente nas primeiras décadas do século XX, foram permeadas por um conjunto de práticas, intervenções e mediações que contribuíram significativamente para a consolidação de um modelo de formação que vigorou no país por várias décadas. O bibliotecário da Escola Normal tinha a incumbência de selecionar, adquirir e divulgar entre os professores os autores específicos e relevante da época, brasileiros e estrangeiros que traziam um conjunto de conhecimentos e propostas pedagógicas consideradas novas, modernas e mais eficientes. Essas propostas constituíam, especialmente nos cursos de formação, como leituras indispensáveis, que colocariam os novos e futuros professores em contato com as modernas teoria educacionais Este texto resulta de pesquisa de mestrado, e são apresentados aspectos sobre a divulgação, circulação e sistematização de determinado conjunto de saberes pedagógicos considerados hegemônicos que permeavam o contexto da Escola Normal de Piracicaba, assim como no Estado de São Paulo, no período em questão. Esses saberes disseminados em livros brasileiros e estrangeiros, revistas, coleções, jornais e demais literaturas sobre o ensino na escola primária tinham como objetivo oferecer subsídios para conduzir o trabalho docente dos futuros professores, com base nos considerados avançados estudos da escola moderna, ativa, denominado no Brasil como Escola Nova. Carvalho (2007) aponta que tais saberes se “[...] organizam e constituem a cultura pedagógica representada como necessária ao desempenho escolar do seu destinatário, o professor”. (p. 18). Tais impressos caracterizam-se como suportes de investigação para a compreensão de determinados saberes pedagógicos e permitem analisar, na sua materialidade, tanto os processos de difusão e imposição desses saberes, quanto as práticas dos que deles se apropriam. (CARVALHO, 1989). Essa pesquisa parte dos pressupostos de análise da História Cultural, e busca compreender como em diferentes momentos uma determinada realidade tem sido apropriada por diferentes leitores. (CHARTIER, 1990). Resultados da pesquisa têm permitido compreender a relevância desses impressos como fontes de divulgação e circulação de saberes necessários à formação do professor primário, assim como para a configuração da escola primária, ao longo do seu desenvolvimento. Compreender aspectos da formação de professores primários no Brasil é, também, conhecer como determinados conjuntos de saberes pedagógicos e modelos culturais foram difundidos, desde o final do século XIX e que tiveram relativa hegemonia nas primeiras décadas do século XX.

ELEMENTOS CIRCENSES NO TEATRO E A EDUCAÇÃO DO PROLETARIADO NA REVOLUÇÃO RUSSA

GLÁUCIA ANDREZA KRONBAUER Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

O Circo é uma manifestação artística que percorreu diversos tempos e espaços na história da humanidade. Por isso, pode ser considerado uma arte plural, uma vez que incorporou técnicas elaboradas por diferentes sociedades e com funções específicas. O próprio nome “Circo” é associado coloquialmente às formas de divertimento esvaziadas de consciência crítica, que se propõem como momentos nos quais as pessoas esquecem-se dos problemas individuais e das contradições sociais, de catarse, utilizadas para desmobilizar a transformação e manter o status quo. Exemplo disso é a famosa política do “Pão e Circo” da Roma antiga, onde o povo assistia à espetáculos nos quais escravos e prisioneiros de guerra duelavam entre si, ou com animais selvagens, e recebia pães durante as apresentações para que não se revoltasse contra o governo e a desigualdade social. No entanto, na Rússia Revolucionária do início do século XX o Circo assumiu uma função muito distinta na constituição de um

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novo proletariado, preparado para compor a nação socialista. Neste caso, a Arte se tornou mais uma estratégia de educação, de conscientização das massas e disseminação dos ideais do Socialismo na busca do fortalecimento de uma classe revolucionária contra o governo absolutista dos czares. Integrando técnicas circenses ao teatro, os artistas e diretores da época carregaram os espetáculos de ideias socialistas na busca por um proletariado politécnico e com força suficiente a partir da compreensão do corpo como importante agente de formação da nova sociedade. A partir dessas constatações, o presente estudo tem o objetivo de compreender as relações do Circo e do Teatro com a educação do proletariado na época da Revolução Socialista na Rússia. Primeiramente discutiremos o Circo, sua incorporação entre os princípios pedagógicos do teatro de Vsevolod Meyerhold e a formação da Escola de Circo de Moscou. Em seguida, vamos analisar as encenações teatrais-circenses como meios de educação e disseminação das ideias revolucionárias no proletariado Russo. Este estudo será elaborado a partir da revisão de literatura acadêmica e não acadêmica sobre o tema, além de discussões sobre conceitos de Arte, Educação e o sistema de produção Socialista. Acreditamos que a partir dessas reflexões é possível elaborar uma compreensão mais aprofundada sobre a importante função da Arte para atender às necessidades estéticas humanas, mas também no que diz respeito ao seu potencial educador para a transformação da realidade social.

O CURSO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES DA ESCOLA DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTOS DA UFRJ: CAMINHOS E DESVIOS PROVOCADOS

PELO REGIMENTO DE 1972

GUSTAVO DA MOTTA SILVA Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

A década de 1970 representou um período de transformações para a Escola de Educação Física e Desportos (EEFD) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Nesse período houve a mudança de campus da Praia Vermelha para a Ilha do Fundão, a entrada de novas disciplinas no currículo e o início da Pós-Graduação. Essa comunicação apresenta parte dos resultados de uma dissertação de Mestrado defendida em 2013, que propôs analisar como ocorria o processo de formação de professores na Escola de Educação Física e da UFRJ entre 1968 e 1979. No presente trabalho intenciona-se analisar algumas das reformulações realizadas pelo Regimento da Escola de Educação Física e Desportos que entrou em vigência em 1973. Desse modo, o estudo abarca um momento caracterizado por significativas mudanças estruturais representadas pela criação de um novo Regimento, que modificou sensivelmente a estrutura do curso. O corpus documental do trabalho foi formado pelo Regimento da EEFD cuja reformulação ocorreu em 1972, um documento de 127 páginas, divido em sete títulos, cinco anexos e seis informações complementares. Adotou-se como referencial teórico a noção de documento concebida por Jacques Le Goff e Peter Burke, de “desvio” desenvolvida pelo autor Michel de Certeau e de “terceira margem” trabalhada por Durval Muniz de Albuquerque Junior. Os resultados apontam para uma série de modificações provocadas pelo Regimento, como a divisão do curso entre Licenciatura e Técnico em Desportos e a inserção da disciplina Estudos dos Problemas Brasileiros, que na EEFD apresentou uma série de incongruências no que se relaciona à formação de professores específicos para essa disciplina. Houve também a entrada das disciplinas pedagógicas no curso de licenciatura em Educação Física, algo inédito desde que o curso foi criado em 1939 e tinha o status de modelo para as demais Instituições. Embora o Regimento apresente um grande número de contradições e tenha enfrentado dificuldades para que algumas de suas “prescrições” fossem contempladas, acredita-se que três reformas realizadas entre o final da década de 1960 e o início da década de 1970 tenham influenciado direta e indiretamente a redação do mesmo: a Reforma Universitária de 1968, a qual, inclusive, é citada algumas vezes no mesmo, o Conselho Federal de Educação de 1969 e o Diagnóstico de Educação Física e Desportos de 1971. Logo, acredita-se que a reformulação do Regimento foi um momento permeado por continuidades e rupturas, assim como todo processo que ocorre em uma Instituição de ensino.

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A EDUCAÇÃO JESUÍTICA DE CRIANÇAS NEGRAS NO PERÍODO DO BRASIL COLÔNIA

HELENA MARIA ALVES MOREIRA CRISTIANE DA FONSECA AMANCIO

LUCIANA MARIA DA CONCEIÇÃO VIEIRA Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

A educação de crianças negras nos colégios jesuíticos filhos de escravos no período do Brasil Colonial que nasciam nas fazendas de propriedade da Companhia de Jesus ainda é considerado um aspecto pouco estudado da História da Educação Brasileira. A Companhia de Jesus chegava ao Brasil quarenta e nove anos após a chegada dos portugueses, neste momento, os líderes da igreja católica estavam preocupados com a expansão do protestantismo crescente na Europa. Sendo assim, os portugueses e espanhóis enviaram grupos de jesuítas para os territórios “descobertos”. Investigamos a educação do negro através dos jesuítas ressaltando seus interesses, princípios, e concepções. Para tanto, consideramos as análises de Focault (2006), Freire (2004), Fausto (2002), Holanda (1998), Leite (1945), Savianni (2012) dentre outros. Para alcançar seus objetivos, os jesuítas faziam uso de doutrinas violentas que submetiam os sujeitos às suas imposições, utilizando-se da força bruta para castigá-los, com a pretensa intensão de educa-los e assim, fazer com que eles aceitassem os ideais católicos. Mesmo o resultado da catequização dos negros não sendo o esperado pelos jesuítas, a imposição da religião católica neste período possui resquícios remanescentes até os dias atuais. Não por acaso, as imagens das entidades das religiões afro-brasileiras possuem estreitas semelhanças às da Igreja Católica. Apesar dos vários estudos sobre a História da Educação Brasileira no Período Colonial, há algumas lacunas a serem preenchidas. Neste intuito, destacamos o papel socioeconômico cultural que a Companhia de Jesus desempenhou no processo de consolidação do sistema colonial, sendo a atividade colonizadora europeia um desdobramento da expansão puramente comercial. Não cabe evidentemente aqui, aprofundar a análise desse processo extremamente complexo, porém objetivamos obter elementos indispensáveis para a compreensão da história do sistema colonial organizado em função desse movimento. Tendo como missão evangelizadora da Companhia de Jesus no novo continente a difusão da doutrina Católica em detrimento do protestantismo que crescia na Europa do século dezesseis, a catequese não tinha apenas um sentido de conversão à fé cristã mediante o ensino exclusivo dos dogmas catolicistas; às fazendas da Companhia de Jesus para filhos de escravos combinava catequese e ensino das primeiras letras. Problematizamos as práticas educativas para instrução de crianças negras e a escola Jesuítica como espaço de constituição de identidades e diferenças na construção do sujeito.

PARA ALÉM DA SALA DE AULA: PROFESSORES NA CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO E DO CURRÍCULO ESCOLAR NO ENSINO MUNICPAL

PAULISTANO DURANTE O REGIME MILITAR (1969-1979)

HELENICE CIAMPI ALEXANDRE PIANELLI GODOY

Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

Este artigo é um resultado de uma pesquisa mais ampla sobre a história do processo de institucionalização e consolidação das escolas de ensino de primeiro grau do município de São Paulo durante o regime militar. A importância desse processo de institucionalização foi a tentativa, em nível municipal, de unir duas culturas escolares distintas, a do ensino primário e do ensino secundário, em um único ciclo formativo de oito anos que resultou na implantação da escola de primeiro grau a partir de 1971 referendado pela LDB 5692/71 no país. Cabe enfatizar que o ensino municipal primário fundando em 1956 na cidade de São Paulo teve como especificidade o de instituir e ser instituído por um modelo escolar administrativo, racional e burocrático que prescrevia mais a forma de funcionamento do sistema do que determinava saberes e métodos pedagógicos. Nosso objetivo será o de documentar as práticas de espaço na configuração do currículo de oito anos em escolas municipais consideradas como “periféricas” na cidade durante o regime militar, pois além de estarem localizadas em bairros mais pobres ou de classe média baixa estavam mais distantes do controle do ensino municipal. A característica marcante dessas escolas é que todas foram rebatizadas com nomes de militares a partir de 1969 ou foram criadas com nomes de militares a partir de 1970. As escolas criadas antes ou nos anos 1960 possuíam os nomes dos bairros ou das regiões onde estavam localizadas, mas também foram construídas para atender ao ensino primário e sofreram modificações nos seus espaços externos e internos quando começaram a ofertar o ensino de primeiro grau. As escolas criadas a partir de 1970 já nasceram com o padrão construtivo para abrigar o ensino de primeiro grau, porém, também sofreram mudanças em seus espaços externos e internos dado que a experiência

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Caderno de Resumos - Comunicações Individuais

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com os dois níveis de ensino ainda era nova como mostram as atas de reuniões e plantas escolares das edificações. A imagem idealizada de um currículo impositivo na ditadura militar se desfazia diante das dificuldades estruturais do crescimento e da expansão do sistema municipal que iam desde a falta de carteiras, de limpeza, de materiais didáticos, de uniformes e de funcionários, até o problema das licenças, falta de professores substitutos e efetivos nas escolas. Os professores procuravam dentro de suas culturas escolares construírem um currículo para a escola de oito anos mais condizente com as limitações espaço-materiais do sistema municipal. Sair da sala de aula e ir para o modo como os professores lidavam com as dificuldades e possibilidades do espaço escolar é um modo de ampliar o debate sobre suas ações como intelectuais na escola e da educação e ampliar a noção de “currículo ativo” para além do processo interativo na sala de aula.

SAÚDE, EDUCAÇÃO E PRÁTICAS EDUCATIVAS: IDENTIDADES, MEMÓRIAS E EXPERIÊNCIAS DE VIDA (PARAÍBA, BRASIL, 1950-1980)

IRANILSON BURITI DE OLIVEIRA Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

Esta pesquisa tem como objetivo principal dar visibilidade às narrativas de professoras do Cariri Paraibano em relação às práticas de higienização do corpo e de cura de doenças físicas no período de 1950 a 1980, período em que os paraibanos foram acometidos de diversas doenças como sarna, verminoses, gripes, anemias, sarampo, coqueluches, dentre outras. Nessas aproximações, problematizamos como as políticas públicas voltadas para a saúde dos escolares estiveram presentes nas escolas primárias da Paraíba e como as mesmas foram recepcionadas pelos educadores. Na pesquisa, indagamos: Quais as principais práticas de cura para as doenças que atacavam tanto professores quanto alunos? Que receitas populares eram prescritas nesse cenário no qual as políticas de atenção à saúde básica eram, praticamente, inexistentes? Que modos e formas de curar estavam presentes nesse cenário? Que marcas da sabedoria popular e dos conhecimentos não legitimados cientificamente faziam parte desse lugar praticado, chamado cotidiano – cotidiano este que, longe de configurar uma rotina, significa inventividade, mudanças, rupturas, possibilidade de novos modos de ser e estar, de ter e viver, de criação de redes socioculturais. Como fontes, utilizamos as entrevistas com diversas professoras do Cariri Paraibano que lecionavam no curso Primário nas décadas acima mencionadas, com a finalidade de ouvir as narrativas sobre vida, morte, cura e “ressurreição” do corpo enfermo, abatido e convalescente por doenças como sarampo, catapora, sarnas, coqueluche. Além das entrevistas, pesquisamos nos relatórios das conferências de Saúde Pública das décadas de 60 e 70, pois os mesmos são importantes documentos que sinalizam para a educação da saúde do corpo no período supracitado. Assim, pesquisamos as aproximações entre a saúde e a educação no cariri da Paraíba, problematizando os discursos que circularam no período supracitado, emitidos por educadoras do Ensino Primário que escreviam e inscreviam na história local vários enunciados sobre as identidades dos sujeitos, discutindo, também, como a escola na Paraíba recepcionava e lia o discurso médico-higienista, sendo um dos canais de divulgação o rádio. Metodologicamente, trabalhamos com Michel de Certeau e os seus conceitos de cotidiano, táticas e astúcias, procurando perceber como as professoras se reinventavam em seu labor diário, como construíam táticas de cura, como elaboravam receituários como o objetivo de curar, sarar e ensinar. Dialogamos, portanto, com a teoria que repensa os conceitos de leitura e de apropriação de discursos construídos pela Nova História Cultural, como estratégia metodológica para problematizar as formas de ler e os modos de prescrever a Paraíba saudável e em dia com as políticas de atenção à saúde escolar.

ESCOLA NORMAL NOSSA SENHORA DE FÁTIMA: PERCURSOS INSTITUCIONAIS E PRÁTICAS (1953 – 1980)

ISABELLE DE LUNA ALENCAR NORONHA Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

O presente artigo objetiva trazer à análise a história da instituição de ensino normal Colégio Nossa Senhora de Fátima, fundado pela congregação católica das freiras Beneditinas na cidade de Barbalha, interior do estado do Ceará, na década de 1950. As freiras foram trazidas a esta cidade, pelo Centro de Melhoramentos, instituição beneficente fundada por intelectuais locais em 1945. Além disso, busca conhecer através de cadernos escolares e outros escritos, práticas educativas desta instituição que foi a primeira a formar professoras para o ensino primário na citada cidade. A pesquisa tem como aporte teórico-metodológico a nova história cultural, por ser esta a mais adequada para tal estudo investigativo. Como fontes, utilizamos os arquivos da instituição (atas, documentos oficiais como cartas e relatórios, bem como fotografias, dentre outros registros) e cadernos escolares cedidos por normalistas. Destes cadernos, acervo que constituímos em nossa pesquisa de doutorado,

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elegemos, dentro dos limites que este artigo comporta, o caderno de desenho. Este caderno traz atividades lúdicas que supostamente as normalistas deveriam aprender para reproduzir em seus campos sociais de atuação. Nos estudos em história da educação por meio de cadernos escolares, temos a possibilidade de chegarmos com maior proximidade às representações das práticas, posto que esses “objetos quase invisíveis da sala de aula” têm o poder de concentrar em suas páginas matérias e assuntos veiculados pela escola. É uma fonte complexa como qualquer outra, que não diz tudo e precisa ser posto em diálogo com outras fontes. O texto apresenta-se dividido em duas partes: inicialmente com a história da instituição e a sua inserção nos espaços da cidade. Este colégio foi edificado especificamente para o público feminino, numa época em que predominava na educação o enfoque escolanovista. As irmãs Beneditinas estiveram na direção do estabelecimento por três décadas. No segundo momento analisamos o caderno de desenho da normalista, a materialidade da forma e o seu uso. Interessa-nos perscrutar as representações das mensagens que este veicula nos desenhos e escritos grafados como rastros de memórias, e assim, conhecermos práticas educativas em desenvolvimento nos idos tempos, na instituição em tela. Por fim, as considerações finais retomam as reflexões feitas, no sentido de compreender melhor a educação feminina católica, especificamente em relação as práticas de ensino do curso normal da instituição pesquisada.

UMA ANÁLISE DO REGIMENTO INTERNO DO LYCEU PARAIBANO DE 1922

ITACYARA VIANA MIRANDA Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

O nosso trabalho terá como mote a instituição, Lyceu Paraibano, por meio do seu regimento interno do ano de 1922. Fato é que durante o período de transição do Império para a República o Lyceu enfrentou uma grave crise qual seja, falta de matrículas, que quase lhe custou à vida. Para termos uma ideia no governo de José Peregrino D’Araújo (1900-1904) chegou a ser divulgado em relatório do Presidente do Estado que o Lyceu andava entregue as moscas, não se ouvia mais a sineta das aulas, nem muito menos o burburinho dos alunos nos corredores. Vários outros relatos desse tipo podem ser identificados nas mensagens dos demais governadores nos anos que seguem. Diante do quadro de precariedade e na intenção de recuperar a instituição, por diversas vezes os gestores públicos realizaram intervenções, que em sua grande maioria buscavam melhorias matérias – estrutura do prédio, material para laboratório –, além de melhorias na legislação tendo em vista, por outro lado, o Lyceu Paraibano ser reconhecido pelo seu excelente corpo docente, a exemplo do cônego Matias Freire e do outrora Presidente de Estado Castro Pinto. Em busca dessas melhorias no que diz respeito à legislação é que objetivamos apreender o estatuto interno do Lyceu em seus vários títulos: organização administrativa, corpo discente e docente. A intenção vai ser por meio da legislação, nos aproximar, via prescrições, das prováveis práticas, tendo em vista estarmos encarando o regimento interno de 1922 não apenas pelo seu caráter oficial, mas sim enquanto vestígio possível de uma dinâmica interna da instituição. Contribuirá para esse debate FARIA FILHO (1998), que nos propõe o estudo da legislação em suas várias dimensões, enquanto campo de expressão e imposição dos interesses da classe dominante, mas também em sua dinamicidade nos permitindo estabelecer interelações entre os possíveis fazeres pedagógicos. O trabalho segue amparado nos referenciais teóricos e metodológicos da Nova História Cultural, que contribui para o emprego de um “novo” olhar acerca dos estudos relacionados à história da educação. Em se tratando de fonte, para além do regimento interno do Lyceu, também nos servirá de corpus documental os jornais em circulação na época e que pertencem, hoje, ao arquivo do IHGP, a saber: Diário do Estado; Estado da Paraíba; e O Parahybano. Os jornais nos possibilitarão apreender, mesmo que indiretamente, aquilo que muda, o cotidiano, ou seja, nos proporcionará tatear as nuances do debate em torno do regimento do Lyceu e que na época era publicizado nas folhas desses impressos. Esse trabalho segue vinculado ao Programa de Pós-graduação em Educação da UFPB, sendo desenvolvido junto à linha de História da Educação.

INSTITUIÇÕES EDUCATIVAS E FORMAÇÃO DE PROFESSORES NO MUNICÍPIO DE OURO PRETO DO OESTE/RO, 1970-2013.

IVONE GOULART LOPES Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

Este artigo versa sobre uma pesquisa iniciante, que tem como objeto a institucionalização da escola primária em Ouro Preto do Oeste/RO, seus sujeitos e procedimentos pedagógicos. Em três períodos: 1º) de 1970-1980, início dos projetos implantados pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), vários contingentes populacionais provenientes das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil deslocaram-se para a região,

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contribuindo para sua prosperidade. O segundo período equivale à fundação do município: 16/06/1981 até 1996 com a publicação da LDB 9.394/96 e a terceira etapa de 1997-2013, momentos fortes do processo de institucionalização do ensino municipal. Por meio da elaboração de uma linha de tempo, contendo as datas de fundação, número de alunos atendidos, professores que atuaram neste espaço, estamos fazendo o inventário das fontes. A linha de tempo e o vídeo que serão produzidos servirão como recursos didáticos e de pesquisas para educadores e educandos das escolas da rede pública e particular de ensino do município, para alunos da graduação e pós graduação da UNEOURO, que desejam fazer suas TCCs com base nas 130 escolas que o município já teve, a maioria rural. A partir de uma investigação documental iniciada em março de 2014, por mim, e pelos Coordenadores dos Cursos da UNEOURO: Licenciatura em Pedagogia, Licenciatura em Letras, Bacharelado em Administração, Ciências Contábeis e Programação de Sistemas, e outros professores e alunos da Graduação e da Pós Graduação, objetiva localizar e mapear os diferentes documentos que apresentam sujeitos, memórias e objetos destas antigas escolas, num movimento que busca dar visibilidade a estas instituições educativas, muitas vezes esquecidas, pois muitas delas já foram fechadas devido à polarização. Na primeira etapa do processo, começamos a realizar a coleta de fontes nos arquivos da SEMECE, da CRE, do INCRA e nas escolas de Ouro Preto do Oeste/RO, com a preocupação de compreender os sentidos das ausências e mesmo da guarda de determinados documentos, como parte das disputas em torno da manutenção de determinadas memórias, em detrimento de outras, como discutido em Ricoeur (2007). No auxílio teórico para tais análises sobre a escola, autores como Frago e Escolano (1998), Mogarro (2005), Magalhães (1996, 1999), Nóvoa (1991, 1992, 1995), proporcionam embasamento para a elaboração das perguntas feitas às fontes, sobretudo na preocupação com a memória escolar, com ênfase na história material e social das instituições educativas. O projeto se propõe também estudar a construção da identidade profissional dos professores da educação básica, na sua articulação com o processo de institucionalização desse nível de ensino no Brasil, com foco no único curso de magistério que existiu no município. O referencial teórico e metodológico é a História e a Memória das Instituições Educativas, a Formação de Professores.

VADIAGEM E CRIME. A EDUCAÇÃO DAS MULHERES NAS ESCOLAS PRISIONAIS EXISTENTES NO COMPLEXO PENITENCIÁRIO DA CORTE E

PENITENCIÁRIA NACIONAL DE BUENOS AIRES (1877-1890).

JAILTON ALVES DE OLIVIEIRA Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

Este artigo, fragmento das investigações realizadas no curso de doutorado, tem como principal objetivo discutir a respeito de como as mulheres pobres (livres e libertas) criminosas tinham seus corpos reeducados nas escolas existentes nesses estabelecimentos prisionais no tempo aqui proposto. Todos os dias, milhares de mulheres eram conduzidas a essas instituições por vários motivos, como desordem e vadiagem. Motivos, esses, imbricados com a necessidade da manutenção de uma ordem que estava sendo posta nessas cidades. As últimas décadas do Oitocentos foram marcadas por modificações ocorridas nas estruturas sociais, econômicas, políticas e urbanas tanto no Rio de Janeiro como em Buenos Aires. As tensões geradas por esses diferentes organismos ocasionaram um processo de medicalização, higienização, sobre os imigrantes - no caso portenho - e vadios. Tudo o que fosse contrário ao conceito de normalidade deveria ser combatido. Não por acaso, encontramos em vários discursos jurídicos oitocentistas imbricações entre crime, ociosidade e educação; da necessidade de reeducar comportamentos indesejáveis. Nesse caminho, o artigo foi dividido em três momentos. No primeiro, intentamos investigar alguns discursos jurídicos responsáveis pela conversão da ociosidade em criminalidade. O Código de Posturas da cidade do Rio de Janeiro e Lei Orgânica da cidade de Buenos Aires foram utilizados para entendermos essa questão. Em seguida, tenta-se compreender os discursos que emergiram desses espaços de vigilância e punição. À luz dos livros de Matrículas de Detentos e Detentas e Libros de Ladrones Conocidos, intentamos conhecer quem eram consideradas mulheres criminosas, como entravam, permaneciam e saíam. Por fim, faltava entender que estratégias foram utilizadas para manter esses corpos sob controle e como os mesmos reagiam a esses mecanismos de poder e saber. Para tal, nos concentramos em dois tópicos: o trabalho nas oficinas e o estudo na escola prisional como formas de reeducação de comportamentos. Nesse caminho, nos debruçamos sobre os regulamentos de ambas as instituições e algumas iconografias. Isso posto, o artigo foi estruturado a partir das noções de poder disciplinar propostas por Michel Foucault. Ou seja, um poder horizontal, que se esparrama pelo tecido social, percebido nas diferentes relações sociais. Nessa direção, as mulheres criminosas não foram tratadas aqui como figuras subjugadas por um Estado opressor, mas sim como seres que produziram resistências. Diante do exposto, a relevância da temática em questão justifica-se por possibilitar a produção de uma memória histórica dessas mulheres presas, o que pode contribuir para a reflexão a respeito das vicissitudes do encarceramento no tempo aqui proposto.

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PRÁTICAS EDUCATIVAS NO GRUPO ESCOLAR JOAQUIM NABUCO (TAIPU/RIO GRANDE DO NORTE)

JANAINA SILVA DE MORAIS MARIA ARISNETE CÂMARA DE MORAIS

Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

As primeiras décadas do século XX presenciaram a tentativa de reorganização do ensino primário brasileiro, tendo a escola como uma das principais propagadoras dos valores republicanos. Esta reorganização, comprometida com a modernização da sociedade brasileira, tinha como fins a universalização da instrução, o combate ao analfabetismo e a difusão da escola primária (VIDAL, 2006). Nesse contexto, os Grupos Escolares configuraram-se como projeto de educação popular para o acesso à leitura e à escrita, exigência pretendida pela República no Brasil. Entre os Grupos Escolares do Rio Grande do Norte, destacamos, neste estudo, o Grupo Escolar Joaquim Nabuco, o vigésimo nono a ser criado no estado, em 1919, com o realce para as práticas educativas das professoras Josefa Botelho e Helena Botelho que exerceram a docência nesse estabelecimento de ensino nos primeiros anos de seu funcionamento. De posse dos objetos disponíveis como o Regimento Interno dos Grupos Escolares, os diários de classe, a cartilha Ensino Rápido da Leitura e o livro Páginas Infantis, ambos de Mariano de Oliveira, buscamos os vestígios das práticas educativas dessas professoras. Para tanto, pesquisamos nos acervos do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte (IHGRN), do Arquivo Público e da Escola Estadual Joaquim Nabuco (atual nomenclatura da instituição pesquisada). Nesses acervos, dialogamos com as Leis, os Decretos do Governo, os Relatórios e Mensagens Governamentais e o jornal A República, em busca da configuração do espaço em questão. Analisamos as fontes, no diálogo com autores como Chartier (1990), na interface com a prática e a representação dos autores envolvidos; e Morais (2002; 2006), com as diferentes maneiras de se estabelecer a discussão com as fontes e de pensar acerca da apropriação da leitura e da escrita a partir dos objetos contextualizados. Observamos que as referidas professoras, formadas pela primeira turma da Escola Normal de Natal, em 1910, atuaram nos primeiros anos de funcionamento do Grupo Escolar Joaquim Nabuco e tiveram uma ação educativa voltada para a alfabetização, com ênfase nas cartilhas de ensino, que indicavam os modos de fazer e a conduta específica na escola primária do Rio Grande do Norte. Os diários de classe, registros dessas professoras, e as cartilhas e livros utilizados revelavam a narrativa do cotidiano escolar e o fazer das alfabetizadoras em sala de aula. Os ensinamentos da leitura e da escrita são indícios de que as maneiras de educar envolviam controlar, semear e cultivar a natureza das crianças. Eram preceitos voltados para a formação do cidadão republicano. Helena Botelho e Josefa Botelho legitimaram o magistério feminino no projeto de disseminação da instrução pública pelos recantos do estado e contribuíram para a formação da sociedade letrada norte-rio-grandense.

INSTITUTO FERREIRA VIANNA – 1920: O QUE OS RELATÓRIOS DO DOUTOR MARIO FERREIRA EVIDENCIAM SOBRE AS POLÍTICAS

HIGIENISTAS?

JAQUELINE DA CONCEIÇÃO MARTINS MARYSOL DE SOUZA SANTOS

ANDRÉA MIGUEL ABRANTES FERREIRA Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

O presente estudo analisa, especificamente, as políticas higienistas no Instituto Ferreira Vianna - RJ, no ano de 1920, a partir de relatórios do médico da instituição. O higienismo, sendo um movimento muito heterogêneo, com pensadores que pretendiam a higienização da população, atentou-se para o espaço escolar e o aluno, exaltando cuidados com o corpo, a alimentação, a hidratação, a rotina, a eliminação de resíduos corporais e o descanso. O Instituto Ferreira Vianna, que também sofreu influências do higienismo, apresentava uma prática destinada a acolher meninos desvalidos, ofertando-lhes o ensino primário e a iniciação ao trabalho, mediante uma disciplina rígida para com os internos. A concepção assistencialista acompanhou as ideias científicas, próprias do recorte temporal em questão, destacando-se a formação para e pelo trabalho. No período republicano, a instituição em destaque passou para a administração do Estado. Pelo Decreto 1.030, de 05 de janeiro de 1.916, a instituição ficou subordinada à Diretoria Geral de Instrução Pública e foi transformada em escola mista. Entretanto, continuou a manter o regime de internato, recebendo meninas e meninos de 5 a 8 anos de idade. Nesse mesmo ano, em 14 de março, por meio do Decreto 1.061, recebeu a denominação de Instituto Ferreira Vianna (inicialmente denominava-se Casa de São José), como uma homenagem ao fundador. A partir daí,

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as meninas que completassem 10 anos e os meninos que atingissem 11 anos de idade seriam desligados e transferidos, respectivamente, para o Instituto Profissional Feminino – Orsina da Fonseca – e o Instituto Profissional Masculino – João Alfredo. Para desenvolver o estudo, resultante de pesquisa em andamento, interlocuções foram estabelecidas com um conjunto de estudos na área da História da Educação que têm explicitado o conceito de políticas higienistas. A análise foi conduzida a partir dos relatórios médicos realizados nos meses do ano de 1920, mas também do cruzamento com outros documentos do arquivo da instituição em estudo, da observação da legislação que regia a instituição e de publicações relativas ao asseio da instituição pela imprensa. Assim, foi possível verificar que, apesar de regulamentações que determinavam todas as ações direcionadas à higiene dos ambientes e dos internos da instituição, persistiam algumas burlas. Além de reflexões no que tange às discussões higienistas, foram evidenciados outros indícios sobre possíveis vias de validação das concepções vigentes através da formação dos docentes em exercício, despontando dimensões caracterizadas como tentativa de conquistar, através dos profissionais da educação, a naturalização de algumas práticas educativas.

PERCURSO HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO RURAL NO MUNICÍPIO

JAQUELINE KUGLER TIBUCHESKI Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

A educação rural no Brasil é institucionalizada na legislação educacional vigente na segunda metade do século XX, em escolas isoladas, unidocentes e multisseriadas. No final dos anos de 1970, no Estado do Paraná, surgem projetos de consolidação ou nucleação das escolas rurais. Utilizamos a expressão “escolas consolidadas” na acepção dada por Roberval Pereira, ao se referir a um programa implantado pela Fundação Educacional do Paraná – FUNDEPAR, que visava a melhoria do sistema de ensino para a zona rural através da reorganização destas escolas. Posteriormente, o termo foi substituído por “escolas nucleadas” ou “escolas polos”. Contudo, e apesar das diferentes nomenclaturas, as características dessas escolas sediadas na zona rural guardam semelhanças consideráveis. Esta consolidação de escolas rurais fez parte do movimento de descentralização da educação para os municípios. Também com esse novo modelo de organização, as escolas consolidadas passaram a ter o seu território físico ampliado em relação às escolas isoladas, aumentando a oferta de ensino até o Ensino Médio. Neste estudo buscamos compreender o processo de consolidação das escolas isoladas localizadas na área rural no município de Araucária, estado do Paraná, em especial de escolas multisseriadas e unidocentes, com o objetivo de identificar os caminhos percorridos nesse processo de nucleação, além de identificar as principais modificações na organização e nas práticas pedagógicas decorrentes desse processo. Entendemos que o resgate dessa trajetória histórica permite compreender os impactos da consolidação da escola, seja no seu espaço físico, de infraestrutura ou no trabalho pedagógico das escolas rurais, atualmente categorizadas como Educação do Campo. O trabalho se orienta na perspectiva da História Cultural e metodologicamente partimos da pesquisa bibliográfica e documental, centrando-nos na análise do material disponibilizado no acervo do museu de Araucária. Como resultados identificamos que, se por um lado, esta consolidação fez com que as comunidades perdessem um antigo espaço de organização, de agregação, de preservação das culturas, de outro ganharam uma nova escola, com prédios novos, equipamentos modernos, recursos para o transporte de alunos, acesso às novas tecnologias, melhor capacitação de professores e funcionários, além de ampliação do acesso dos alunos do campo à Educação Básica como um todo. Observamos ainda que as escolas rurais foram estruturadas sem considerar as peculiaridades dos alunos no seu processo de aprendizagem, e que, com a consolidação, as mudanças ocorreram em frentes diferentes, a saber: transporte escolar; merenda escolar; planejamento do ensino e relação professor-aluno.

O MODERNO NO PROGRESSO DE UMA CULTURA URBANA, ESCOLAR E RELIGIOSA E A EDUCAÇÃO SECUNDÁRIA DO INSTITUTO

PRESBITERIANO GAMMON (1892-1942)

JARDEL COSTA PEREIRA Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

Nesta comunicação, será apresentado os resultados da tese defendida na Universidade de São Paulo (UNESP – Campus Araraquara) em agosto de 2014. O objetivo primeiro da pesquisa foi tentar compreender por que os presbiterianos investiram no desenvolvimento de escolas, como também ter uma visão dos propósitos da missão no Brasil e acompanhar, por meio dessa documentação, qual era a visão que os americanos tinham das terras brasileiras, principalmente numa perspectiva modernizante e progressista. Um levantamento de fontes foi

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realizado na cidade de Filadélfia, no Estado da Pensilvânia dos Estados Unidos da América onde encontra-se o Presbyterian Historical Society, que tem a missão de arquivar, cuidar e preservar documentos sobre a história da Igreja Presbiteriana nos Estados Unidos e de vários locais do mundo. Essa sociedade foi criada em 1852 e se tornou uma referência nacional, dado o acervo que possui, tendo principalmente muitos documentos raros sobre a vinda dos presbiterianos para o Brasil, como correspondências, panfletos, relatórios e jornais. Durante os quinze dias de intensa pesquisa, o resultado foi promissor. Por meio do levantamento e a fotocópia desses documentos algumas dessas fontes serviram para compreender o motivo do envio de missionários ao Brasil e também fazer uma aproximação dos conceitos de moderno e progresso trabalhados nesta tese. Um outro objetivo foi entender como os missionários presbiterianos, vindos dos Estados Unidos da América, iniciaram, na cidade de Campinas-SP, em 1969, o Colégio Internacional, que foi transferido para Lavras-MG em 1892, onde recebeu o nome de “Instituto Evangélico”. Com esta pesquisa pretendeu-se também compreender como essa escola foi se constituindo ao longo do tempo, construindo uma cultura escolar diferenciada e marcante para sua época, principalmente voltada para a educação secundária. Um fato determinante para seu desenvolvimento foi sua inserção urbana num momento em que outras tantas instituições já se faziam presentes em terras lavrenses, tendo o apoio de autoridades locais. Com o tempo, foi incorporada aos seus ideais educacionais a missão de contribuir para o progresso não somente da cidade, mas também do Brasil, criando um sistema educacional que abrangeu alunos de vários locais brasileiros. A categoria “moderno” foi objeto de compreensão do progresso da cultura urbana, escolar e religiosa presente tanto na educação secundária como nas outras escolas pertencentes ao Instituto Evangélico, na tentativa de compreender como ela e as outras instituições se auto intitulavam assim e eram também intituladas, como fator importante para o desenvolvimento urbano, cultural e religioso. Uma teia de relações foi estabelecida por seus fundadores, Samuel Rhea Gammon e Carlota Kemper, que se dedicaram à evangelização e à direção do Instituto. No estabelecimento de redes de sociabilidade, ambos conquistaram a confiança dos lavrenses e foram inseridos na história da cidade que ajudaram a instruir.

A GÊNESE DO MITO: A IDEIA DA EXCELÊNCIA E A CRIAÇÃO DO COLÉGIO UNIVERSITÁRIO DA UFV

JOANA DARC GERMANO HOLLERBACH Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

O trabalho aqui proposto tem por objetivo apresentar os primeiros indícios de uma pesquisa cujo objetivo é compreender o processo de criação e consolidação do COLUNI – Colégio Universitário da Universidade Federal de Viçosa (UFV). O recorte estudado compreende o período entre 1965, quando o Colégio foi criado, e 1981, último ano em ofertou apenas o terceiro ano do então segundo grau. Tem por método a pesquisa histórica, pautada em fontes documentais primárias. A lei 6042/61 facultava às universidades a criação de colégios com caráter pré-universitário para atender aos futuros candidatos aos cursos superiores. A criação do COLUNI, segundo os documentos encontrados, tinha por objetivo preparar os jovens candidatos aos cursos superiores da então Universidade Rural do Estado de Minas Gerais (UREMG), tendo em vista a defasagem acadêmica trazida por esses jovens do ensino secundário. Atualmente organizado como Colégio de Aplicação (CAP-COLUNI), a instituição encontra-se entre as primeiras no ranking do ENEM, figurando como a melhor escola pública do país, nas últimas edições da avaliação do INEP. Essa excelência tem raízes históricas, percebidas nos documentos encontrados e nos objetivos pioneiros do Colégio. A busca pela excelência no ensino superior era o mote que orientava a organização do Colégio Universitário, justificando sua existência mesmo depois da revogação do artigo 79, da Lei 4024/61. As estatísticas levantadas à época indicavam que os candidatos aos cursos superiores da Universidade egressos do Colégio Universitário tinham rendimento superior aos demais, vindos de outras instituições, tanto no vestibular quanto nas disciplinas introdutórias dos cursos superiores. Pretendemos aqui discutir como a ideia de excelência acompanhou o primeiro período de criação do Colégio, a despeito das dificuldades encontradas nos primeiros anos. Em retrospectiva de sua trajetória escolar/acadêmica, o professor Carlos Roberto Jamil Cury (CURY, 2013), demonstra a importância da História da Educação como campo de pesquisa, dentro do cenário acadêmico no Brasil. O autor nos remete à ideia de compromisso com a qualidade, levando-nos a refletir sobre a responsabilidade do pesquisador nesse campo. Esse compromisso nos motiva a tentar compreender a história de uma instituição reconhecida – a UFV, e dentro dela, o COLUNI. CURY, C. R. J. Um campo vivo da produção científica: a história da educação brasileira. In: MONARCHA, C, GATTI JÚNIOR, D. Trajetórias na formação do campo da história da educação brasileira. Uberlânida: EDUF, 2013, p.9-26.

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HISTORIA DO ENSINO SUPERIOR PÚBLICO EM GUARAPUAVA: 1970 - 1990

JOÃO CARLOS DA SILVA ANDERSON SZEUCZUK

Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

Resultado de pesquisa em andamento, o presente artigo discute os aspectos históricos regionais envolvidos na fundação da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Guarapuava (FAFIG), Estado do Paraná, atual Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO), considerando os embates sociais e políticos do período. Para isso dispomos de fontes de pesquisa, arquivadas no Centro de documentação e memória (CEDOC) que retratam a história da instituição. Optamos por um recorte temporal de 1970 a 1990, que marca a criação e posterior transição como instituição publica. A criação da IES foi um marco na consolidação da história da educação na região do Centro-Oeste do Paraná, atraindo estudantes de diferentes regiões para Guarapuava, a fim de ter uma formação de nível superior. A FAFIG se mostrou fundamental no processo de modernização e crescimento do município de Guarapuava, se desenvolvendo em pleno cenário político da ditadura militar no Brasil (1964-1985), marcado pelo apogeu do autoritarismo, destacando a realização de diversas reformas institucionais, principalmente no campo da educação. Tais iniciativas se enquadravam no projeto nacional-desenvolvimentista, ideário de universidade posto em prática pela legislação na época, conforme consideram Germano (1994) Saviani, (1988) e Alves (1968). Sua fundação, seguindo uma tendência nacional, apresenta as primeiras medidas concretas na formação de docentes. Nossas análises fundamentam-se no referencial teórico formulados em Gramsci (1988) compreendendo a história em suas múltiplas determinações. O acesso em um curso superior seria uma forma de garantir neste cenário de emergência da economia, uma boa qualificação e emprego. Neste momento de modernização pelo qual o Brasil passava, uma reforma nos sistemas de ensino viria em consonância com os objetivos do Estado militar. Os primeiros cursos da instituição justificavam-se no projeto de nação do período, que era formar cidadãos aptos ao trabalho, e com noções básicas de cidadania com destaque ao patriotismo. A educação deve ser analisada como transformadora da realidade social do individuo, atendendo as necessidades básicas de formação dos sujeitos que a mesma compreende. Porém, historicamente o ensino superior em tela constituiu-se na manutenção de um aparato burocrático de acordo com os interesses do Estado e de uma determinada classe social. O envolvimento do Estado na área da educação nos leva a perceber, a ideologia vigente que se preocupava em controlar o pensamento crítico. Pela ampliação e fortalecimento dos setores médios mediante expansão da produção de bens de consumo duráveis, acelerado processo de concentração da renda e de relação de dependência externa em relação ao capital internacional. Difundia-se meios de ascensão social, mediante pressões dos setores médios em consonância com a mobilização estudantil. Podemos considerar que a Historia do ensino superior na região do Centro oeste do Paraná teve esta dinâmica.

O PROCESSO DE IMPLEMENTAÇÃO DAS ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO FÍSICA ATRAVÉS DO RÁDIO NO BRASIL(1932-1941)

JOSÉ CARLOS XAVIER BONFIM Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

Esta comunicação procura problematizar o processo de implementação das atividades de Educação Física radiofônicas no Brasil, no início do segundo quartel do século XX, Construindo assim, um modelo de educação moderna, logo, atento, sobretudo, a um projeto de sociedade moderna considerado exemplo do progresso no século XX. Vale destacar, o rádio alcançando as regiões distantes e dispersas do país, assim, ajudando a potencializar meios práticos de saúde, do corpo e alma em disciplina, reconfigurando as representações da prática. O ponto de partida é compreensão como se constitui o projeto social de educação física radiofônico em Oswaldo Diniz. Enquanto proposta onde o corpo se tornaria útil e eficiente a serviço do espirito. Construindo assim, uma cultura popular e de ensino no Brasil na década de 1930. Em “operação historiográfica” como nos indica Certeau (1982) recorremos às fontes: Entrevistas de Oswaldo Diniz concedida em 1987, Oswaldo Diniz por ele mesmo: Uma Crônica, o plano de trabalho elaborado por Oswaldo Diniz para atividades de educação física pelas ondas do rádio, e os ensinamentos veiculados diariamente. A partir destas fontes busquei trazer proposições interpretativas capazes de tornar evidente o papel da educação física radiofônica em 1932-1941. Nesta perspectiva, se materializando e se tornando um projeto reformador que se pretendia moderno e inovador. Vale destacar, que o projeto de Radiofônico de educação se materializa através de Roquete Pinto em 1923, quando da fundação a Radio Sociedade do Rio de Janeiro. Onde o discurso cientifico gerado e pensado pelas ciências da época, seria através do rádio uma ação transformadora. Onde, Edgar Roque-Pinto enxergava o

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rádio como meio de difundir o nacionalismo e a educação como instrumento de salvação nacional, capaz de moldar o povo e constituir a nação a partir da cultura, dessa forma, o rádio educativo enquanto veículo de difusão e integração de novos valores sociais baseado no liberalismo e da tarefada imputada ao rádio educativo de levar luz às trevas. Assim, o projeto de Oswaldo Diniz de educação física pela radiodifusão passaria a ensinar e valorizava o caráter, a dignidade, a verdade os bons costumes e outros temas. Vale ressaltar, o pensamento de Oswaldo Diniz teria como matriz teórica a busca da reflexão sobre o papel que caberia a educação física através do rádio, ao difundir novos valores sociais. Outorgando-se a tarefa missionaria e iluminista de através da educação física promover progresso civilizatório, como também e, sobretudo, a defesa do território nacional.

REFORMULAÇÕES CURRICULARES DO CURSO DE PEDAGOGIA DA UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ NA PRIMEIRA DÉCADA

DO SÉCULO XXI: AS QUESTÕES LOCAIS E OS DEBATES NACIONAIS SOBRE FORMAÇÃO E PRÁTICAS EDUCATIVAS

JOSÉ EDVAR COSTA DE ARAÚJO Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

Ao longo da primeira década do século XXI o Curso de Pedagogia da Universidade Estadual Vale do Acaraú, localizada em Sobral, estado do Ceará, realizou reformulações em sua proposta de formação. O Grupo de Pesquisa História e Memória Social da Educação e da Cultura tomou estes acontecimentos como objeto de estudo, com a finalidade de descrever e analisar: os contextos sociais e políticos das reformulações; a rejeição e adoção de práticas educativas; a relação dos acontecimentos com a história da instituição de ensino da qual faz parte o Curso de Pedagogia. Para alcançar o objetivo foram tomados depoimentos de professores envolvidos nas reformulações, consultados os registros das sessões de trabalho e os documentos finais. Mais recentemente se tem acompanhado as discussões protagonizadas pelos estudantes. Os fundamentos, os objetivos e metas, os balanços e as críticas destes processos são analisados à luz dos debates amplos conduzidos no mesmo período por estudiosos como Acácia Kuenzer, Carmem Silvia Bissoli da Silva, Dermeval Saviani, Iria Brzezinski, José Carlos Libâneo, Leda Scheibe, Marli de Fátima Rodrigues e Selma Garrido Pimenta. A reformulação inicial surgiu do debate deflagrado em 1998 e encerrado em 2001 com a aprovação da proposta curricular que pretendia sintonizar a formação com os desafios observados nas sociedades contemporâneas; alinhava-se aos princípios da LDBEN nº 9394/96; e adotava o princípio da docência como base da formação dos pedagogos, conforme defendido pela ANFOPE e parte do movimento dos educadores nos debates sobre as diretrizes curriculares para os cursos de pedagogia. Duas reformulações ocorrem posteriormente para fazer ajustes conforme as diretrizes curriculares nacionais e atender as demandas internas de aperfeiçoamento. A partir de 2009 o movimento estudantil tem promovido discussões sobre: a concepção geral de formação, os processos de organização do ensino, a profissão de pedagogo, o papel da pesquisa na formação e outros temas. Para os organizadores estes debates decorrem da insatisfação dos estudantes com práticas de ensino consideradas inadequadas ao propósito do currículo e da preocupação com as oportunidades profissionais para pedagogos existentes para além da educação escolar; tem sido fortalecidos em virtude da circulação de discentes em eventos estudantis e científicos estaduais e nacionais. Em resumo, tanto nas reformulações conduzidas pelo corpo docente como nas discussões feitas a partir da percepção dos estudantes encontram-se associadas as questões locais e as discussões correntes no plano nacional e internacional, configurando a circulação de ideias na história da instituição e em suas práticas educativas.

OS ESTUDOS DE TRAJETÓRIAS DE VIDA DE PROFESSORES (AS) E INTELECTUAIS NO PPGED/UFS.

JOSÉ GENIVALDO MARTIRES JOAQUIM TAVARES DA CONCEIÇÃO

Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

O objetivo deste estudo é identificar e caracterizar na produção de dissertações e teses do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Sergipe (PPGED/UFS), no período de 1996 a 2014, as pesquisas com a temática de trajetória de vida de professores (as) e intelectuais sergipanos. No estado de Sergipe as pesquisas em história da educação remota ao inicio do século XX com uma produção bastante esporádica. Nos anos 80 do século XX, houve um aumento considerável da produção onde constata a realização

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de 25 trabalhos, sendo 17 da autoria da professora Maria Thétis Nunes, dentre eles a elaboração do livro História da Educação em Sergipe. Nos anos 90 do século XX, esse panorama se modificou em detrimento de alguns fatores, tais como: a) a modificação curricular dos cursos de licenciatura em história e licenciatura em educação física da Universidade Federal de Sergipe, onde os mesmos passaram a exigir o trabalho de monografia no final dos cursos, permitindo a pesquisa no campo da história da educação; b) a criação em 1994 do núcleo de pós- graduação em educação da Universidade Federal de Sergipe, já no ano de 1996 ocorreu à primeira defesa de dissertação com o objeto de vinculado ao campo da história da educação; c) a criação em 1997, no PPGED, do Grupo de Estudos e Pesquisas em História da Educação: intelectuais e práticas escolares, sob a coordenação do Prof. Dr. Jorge Carvalho do Nascimento. Dentre estes fatores acima elencados o NPGED se configurou o locus da produção e pesquisas no campo da história da educação em Sergipe a partir dos anos 90 do século XX. No decorrer destes 20 anos de existência, o PPGED (Programa de Pós-Graduação em Educação), com os cursos de mestrado e doutorado, no curso de mestrado que teve o seu início em 1994, já foram defendidas 362 dissertações, sendo 131 no campo da história da educação, num percentual de 49,3% de toda produção do programa. No curso do doutorado o seu inicio foi no ano de 2008. Até agosto de 2014 foram defendidas 24 teses, sendo 11 no campo da história da educação num percentual de 45,8% do total geral. Deste universo da produção na história da educação desenvolvida pelo PPGED que destacaremos os trabalhos que versam sobre a trajetória de vidas de professores e intelectuais sergipanos. O conceito de trajetória de vidas está amparado no campo da história cultural. Utilizamos a pesquisa bibliográfica como aporte metodológico e constatamos que o estudo de trajetória de vidas ganhou uma expansão, a partir de 2003 no Programa de Pós-Graduação em Educação, pois neste período ocorreu o deslocamento do aporte teórico-metodológico da interpretação marxista para os estudos no campo da história cultural, com o alargamento na utilização das fontes, e inovações de pesquisas atreladas aos saberes das culturas escolares. Contribuindo para o debate sobre o uso e descobertas de novas fontes, a exemplo das memórias, testemunhos e da oralidade.

A PRESENÇA DE FRANCISCO MONTOJOS NA CONSTITUIÇÃO DO NOVO ENSINO INDUSTRIAL BRASILEIRO (1934–1942)

JOSE GERALDO PEDROSA Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

O processo constituinte do novo ensino industrial brasileiro foi intenso no período de 1934 a 1942. Em 1934, Gustavo Capanema, ministro da Educação e Saúde (MES), criou um grupo de trabalho para elaborar a expansão dos estabelecimentos destinados a criar nova força de trabalho para a indústria em crescimento. De 1934 a 1942 houve uma série de acontecimentos que envolveram o MES, o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio (MTIC), representações do empresariado industrial articulado em torno da Confederação Nacional da Indústria (CNI), além de homens que atuavam em instituições de educação profissional localizadas principalmente no sudeste e no sul do Brasil. Nesse intervalo de oito anos foram criadas comissões de trabalho, projetos foram elaborados e houve muita disputa, polarizada entre os intelectuais de Capanema, de um lado, e representantes do MTIC e dos industriais, de outro lado. O resultado desse processo constituinte iniciado em 1934 veio em 1942, quando Vargas cedeu às pressões dos empresários industriais e lhes delegou o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), ao mesmo tempo em que vinculou as Escolas Técnicas ao Ministério da Educação e Saúde. O processo de constituição do novo ensino industrial brasileiro, em suas duas redes, foi marcado por disputas intelectuais, políticas e econômicas que se evidenciaram em distintos projetos de futuro para o País. Foi também um processo realizado em meio a mudanças na correlação de forças internacionais com fortes impactos na economia e na cultura brasileiras, com destaque para a expansão da indústria, para o crescimento demográfico urbano e para mudanças comportamentais. É nessa década que os EUA se firmaram como referencial civilizatório, enquanto que a velha e decadente Europa se descredenciava como farol para o Ocidente. É nesse ponto que se situa o problema investigado na pesqusa que deu origem ao artigo. A questão da pesquisa foi inspirada, entre outras referências, numa constatação de Warde (2000): ao longo do século XX os EUA começaram a figurar no horizonte, no imaginário, no repertório, nas práticas dos homens de política e de negócio no Brasil, ou seja, das elites condutoras. A questão a saber foi relacionada à presença da americanidade na constituição das redes de ensino industrial no Brasil dos anos 1940. A abordagem realizada no artigo resulta de pesquisa em fontes primárias e secundárias sobre os agentes que atuaram na constituição do novo ensino industrial brasileiro e as relações que estes estabeleceram com os Estados Unidos da América (EUA). De modo particular o artigo focaliza a atuação de Francisco Belmonte Montojos, um agente que atuou longamente no Governo Federal, boa parte em companhia de Gustavo Capanema no MES. O percurso realizado busca situar a atuação de Montojos no MES, sua presença nas comissões do ensino industrial, suas propostas, seus aliados e sua presença em ações que disseminaram idéias americanas no Brasil.

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ENSINO TÉCNICO-PROFISSIONAL NO INTERIOR DA PARAÍBA: COLÉGIO ALFREDO DANTAS (CAD) CAMPINA GRANDE – PARAÍBA (1928-1988)

JOSÉ JASSUIPE DA SILVA MORAIS RAYANE DE LIMA SILVA

Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

Campina Grande desde a sua fundação em 1697 e após elevada a condição de cidade em 1864 vem se destacando por sua vocação econômica. Por intermédio de sua localização, tornou-se um centro de comércio regional. Por tal característica, ela se assemelha a outros estudos realizados sobre educação profissionalizante contábil da Paraíba em localidades como Rio Tinto, Mamanguape e Guarabira, apresentando assim à necessidade de mão-de-obra que pudesse dar suporte a execução das atividades que eram de caráter burocrático e de controle contábil, como também para o atendimento ao público. O Colégio Alfredo Dantas (CAD) ao longo de sua existência foi uma instituição com proposta educacional laica, com encaminhamentos contrários à educação religiosa e um viés de educação militar que primava pelo higienismo e pela disciplina. Em 1928 foram criados os cursos Comercial e Normal, momento onde criou um curso profissionalizante na área comercial que visava formação de trabalhadores especializados na técnica contábil para atender a demanda do mercado profissional da região. Essa instituição escolar teve como seu idealizador o Tenente Alfredo Dantas Correia de Goés que com vertente de pensamento militar trouxe essa cultura escolar para o Colégio que fundou. Nessa trajetória foram criados em 1932 o curso Comercial Propedêutico e Perito Contador, além da Escola de Instrução Militar nº 243. Nesse sentido, o CAD em sua caminhada histórica tem evidenciado seu potencial na formação de força de trabalho, como também, para a formação de lideranças e de futuros profissionais moldados numa disciplina escolar que navegou entre o vigiar e o higienizar. Dessa forma, nosso objetivo principal foi reconstituir a história do Colégio Alfredo Dantas (CAD) de Campina Grande/PB. O período foi compreendido entre 1928-1988, intervalo entre a implantação do curso Comercial e a desativação do curso Técnico em Contabilidade. A construção de um histórico da educação contábil no Estado da Paraíba, perfazendo o trajeto do litoral ao interior justifica a operacionalização dos estudos sobre a temática. Para alcançar o objetivo do trabalho, realizamos pesquisa documental com análise qualitativa, utilizando documentos pedagógicos, administrativos e iconográficos da referida instituição escolar. Os dados foram coletados nos arquivos da escola ora objeto de estudo. As referências sobre higienismo, disciplina, educação profissional e cultura escolar nos deram suporte teórico para a pesquisa. Os resultados indicam que o Colégio Alfredo Dantas (CAD) tornou-se o primeiro estabelecimento de ensino da iniciativa privada a conferir títulos profissionalizantes no interior da Paraíba, como também, ofertou um ensino profissional e uma educação higienista com foco na disciplina militar que influenciou gerações de campinenses.

A ESCOLA PROFISSIONAL MIXTA DE SOROCABA/SP E A FORMAÇÃO DO TRABALHADOR FERROVIÁRIO (1929-1942)

JOSÉ ROBERTO GARCIA WILSON SANDANO

Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

O objeto histórico ao qual se refere este estudo é a Escola Profissional Mixta de Sorocaba, considerando principalmente a relação alunos-operários-ferrovia. Examina-se neste artigo a importância da Estrada de Ferro Sorocabana (EFS) tanto como participante no processo de ensino dos alunos como no destino dos egressos oriundos da instituição, durante o período de 1929-1942. Para o desenvolvimento deste trabalho consultas foram efetuadas aos arquivos históricos existentes no acervo disponibilizado pelo Centro de Memória da instituição. Destacam-se nas pesquisas os diários oficiais; os livros de registros de matrículas; os boletins; os livros dos diplomados. Análises em jornais da época, anais da Câmara de Vereadores, almanaques e livros históricos retratam as articulações ocorridas entre a instituição escolar e a Estrada de Ferro Sorocabana. Pesquisas efetuadas no Museu Ferroviário existente na cidade de Sorocaba/SP, forneceram, entre outros, dados sobre os funcionários e pensionistas da empresa, que, posteriormente, foram comparados com os registros dos egressos da instituição; aqueles constam do Livro de Registros de Funcionários e Pensionistas datado de 1965; forneceram, ainda, cadernos de instrução referentes às séries metódicas. Na área do ensino profissional, autores como Carmen Sylvia Vidigal Moraes, Luiz Antonio Cunha, Bárbara Weinstein, Simon Schwartzman e Maria Alice Rosa Ribeiro embasam o trabalho. Jaques Le Goff, Paul Thompson, Antonio Viñao e Dominique Julia foram outros autores pesquisados. Dois ex-ferroviários, entrevistados durante o desenvolvimento do trabalho, contribuíram para melhor compreensão da prática do educando/trabalhador no âmbito escolar e no cotidiano da fábrica. O estudo das 8.476 matrículas efetuadas durante o período analisado revela que 80% dos alunos não concluíam os

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cursos; a maior evasão ocorria entre as 1ªs e 2ªs séries, entendendo-se que com apenas seis meses iniciais do curso os alunos estariam minimamente preparados para pleitear vagas no mercado de trabalho. Nos cursos conviviam alunos oriundos do centro da cidade, dos bairros e de cidades circunvizinhas, bem como descendentes de brasileiros e de outras 21 nacionalidades. A análise dos diplomados conclui que acima de 55% dos egressos tinham como destino final de emprego a Estrada de Ferro Sorocabana; revela ainda que acima de 3/4 dos cursos oferecidos, mesmo aqueles destinados às mulheres, forneciam mão de obra para a ferrovia. Percebeu-se, nos cursos fornecidos pela instituição escolar, viés industrializante, em detrimento de formação integral do educando, consoante as concepções propostas pelos métodos Della Vos, da Escola Técnica de Moscou e do método Slojd. Ao fazer uso das séries metódicas, fornecendo aos alunos folhas de instrução que continham etapas, modelos e medidas de como desenvolver as tarefas solicitadas, a instituição inaugurou um novo tempo nos métodos do ensino profissional no país atendendo aos interesses do capital.

O ENSINO PRIMÁRIO PRIVADO MARANHENSE NO SÉCULO XIX: EXPRESSÃO DA LIBERDADE DE ENSINO?

JOSEILMA LIMA COLHO CASTELO BRANCO Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

A abordagem do processo histórico de instituição da escola pode ser compreendida como um projeto em andamento e que requer constante investigação, uma vez que novos questionamentos vêm à tona quanto às diversificadas realidades acerca do fenômeno educacional no Brasil. Quanto à institucionalização da educação formal em regiões como o Nordeste, afirma-se que ainda há lacunas historiográficas: quanto aos estudos do contexto maranhense, há indicativos de escassez sobre diversos aspectos da história local, particularmente no Império. Objetiva-se investigar a instituição da escola privada na província do Maranhão no século XIX. Analisamos e discutimos a criação de escolas privadas ou particulares, dedicadas ao ensino primário e secundário, mediante aspectos sociais, econômicos e políticos, focando relações entre iniciativas privadas e o Estado. Trata-se de pesquisa documental com uso de fontes do Arquivo Público do Estado do Maranhão e da Biblioteca Pública Benedito Leite: legislação, Relatórios, Falas e Mensagens dos Presidentes de Província e imprensa. Os resultados indicam que na Província do Maranhão oitocentista houve, em nome da liberdade do ensino, expansão de aulas avulsas, de escolas privadas para o ensino de primeiras letras e também de instituições de ensino secundário como o Liceu. O teor da legislação exarada, das falas dos Presidentes de Província e da imprensa periódica atribuía à educação papel civilizatório, sendo a formação escolar uma solução para alinhar a Província e o Império às nações avançadas. Fornecer instrução, seja para os filhos da elite e até mesmo para a população pobre, seria um contributo para o alcance da paz e tranquilidade, bem como para a melhoria das precárias condições de vida que ainda prevaleciam dados os poucos progressos nos serviços e organização da vida social na capital São Luís e no interior. A educação foi entendida como regeneradora, principalmente porque o Maranhão foi cenário de conflitos, dentre as quais a Balaiada é destaque. Verificam-se alianças entre a iniciativa particular, ordens religiosas e o Estado, na medida em alguns dos empreendimentos passaram a ser subvencionados pelo governo maranhense. Ficam evidentes alterações na finalidade social da escola se comparadas características do processo educativo durante o Império e os primórdios da República. Notadamente no início da era republicana, são veementes os discursos em defesa de uma educação escolar com caráter público e laico, opondo-se ao privado. Instalaram-se embates entre o privado e o público no ambiente político, social e cultural, que funcionaram como substrato para o debate sobre a liberdade de ensino como um dos elementos que continuaram nutrindo polêmicas sobre a natureza da escola ofertada à população brasileira.

DO OLHAR MICRO À CADERNETA NA MÃO: A EDUCAÇÃO FEMININA NA ESCOLA NORMAL NOSSA SENHORA DE NAZARÉ, CONSELHEIRO

LAFAIETE (1930-1934)

JULIANA MIRANDA DE FARIA Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

Este trabalho está inserido na temática da História das Instituições e Práticas Educativas e tem como intuito analisar a Caderneta Escolar da aluna Vera Andrade Albino produzida, entre os anos 1930-1934, pela Escola Normal Nossa Senhora de Nazaré, situada na cidade de Conselheiro Lafaiete, em Minas Gerais. A caderneta escolar, entendida como um componente da cultura escolar nos ajuda a pensar a organização da Escola Normal e ganha sentido na medida em que é analisada a partir das relações sociais que se travam no cotidiano. A

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caderneta contém dez páginas com informações de identificação como o nome da escola, da aluna, dos responsáveis pela emissão do documento e seu número de registro, bem como elementos das grades curriculares do curso. A instituição estabeleceu-se, no início de seu funcionamento, em 1905, como Orfanato Feminino sendo administrado pelas Irmãs pertencentes à Congregação da Divina Providência. Mais tarde transformou-se na Escola Normal Nossa Senhora de Nazaré, uma instituição confessional que passou a funcionar em regime de externato direcionado a um público exclusivamente feminino no período relativo ao documento. A instituição hoje é encontrada no mesmo prédio como Colégio Nossa Senhora de Nazaré. O documento em particular faz parte do acervo do Museu e Arquivo Antônio Perdigão, situado também na cidade de Conselheiro Lafaiete. O exercício de análise pautou-se nos procedimentos metodológicos da micro história, no intuito de alcançar o universo singular dos nomes e experiências específicas de um de entorno escolar. Buscamos compreender, nesta perspectiva, a educação voltada ao público feminino e sua relação com a religiosidade. Os caminhos percorridos à luz do nosso referencial nos sugerem analisar as especificidades dessa educação como componentes do discurso social da época que compreendia, entre outros, o debate que coloca o magistério diretamente relacionado à “aptidão” da mulher, qual seja, a atributos da maternidade, ampliando para o magistério sendo representado como uma atividade de amor, de entrega e doação. Essas características, consideradas tipicamente femininas, articuladas à tradição religiosa, reforçavam a ideia de que a docência deveria ser percebida mais como uma missão, um sacerdócio e um gesto de entrega do que propriamente uma profissão. Foi possível observar, por meio do documento analisado, que o desempenho da aluna, estabelecido por meio de notas e observações textuais, sugere se tratar de uma formação de cunho deontológico, parâmetro usualmente utilizado à época.

CONHECENDO AS “CONSTELAÇÕES DE VIDA E DE FAMÍLIA”: ALGUNS ASPECTOS FAMILIARES DOS ALUNOS ATENDIDOS PELO SERVIÇO DE

ORTOFRENIA E HIGIENE MENTAL (1934/1939)

JULIANA VITAL ABREU DAVID Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

Se nas primeiras décadas do século XX o espaço escolar assumiu centralidade no cenário educacional brasileiro, também podemos observar, neste período, algumas ações que visavam ultrapassar os muros das escolas, considerando a influência da família e do meio social em que viviam os alunos atendidos. Tal preocupação esteve presente no âmbito do Serviço de Ortofrenia e Higiene Mental (SOHM). Este Serviço, que funcionou sob a chefia do médico Arthur Ramos, atendia crianças de escolas experimentais que enquanto alunos apresentassem algum quadro “problema”, fosse ele relacionado à aprendizagem, ou ao comportamento considerado “inadequado” no espaço escolar. Através da atuação de professoras capacitadas, umas das ações do Serviço era a visita domiciliar, na qual eram observados, de forma minuciosa, aspectos relativos à organização e aos hábitos familiares, bem como aspectos físicos da casa e aspectos psicológicos daqueles que atuavam diretamente na educação das crianças. Neste trabalho serão apresentados alguns aspectos familiares destes alunos atendidos pelo SOHM, para isso utilizamos como fonte as fichas de observação comportamental, produzidas a partir da atuação das professoras visitadoras, bem como o livro “A Criança Problema”, no qual são reproduzidas algumas destas fichas. As referidas fichas foram elaboradas no intuído de classificar, penetrar e intervir na individualidade dos alunos atendidos e se constitui como uma fonte rica em descrições e análises feitas por pessoas ligadas ao Serviço. As fichas serão analisadas considerando-as como instrumento de intervenção sobre famílias, ação que fez parte de um projeto amplo presente há muito tempo na sociedade brasileira e em outros países, que visava elaborar estratégias de convencimento, estimulando mudança de hábitos, intervindo de forma significativa no espaço privado. Desta forma, destaco como referência os trabalhos de COSTA(1999), DONZELOT(2001) e LASCH(1991). Ao traçar alguns aspectos familiares, também serão analisados quais eram os comportamentos e hábitos considerados causadores de problemas escolares, bem como quais eram as ações e recomendações do Serviço frente a esses “problemas”. Sem realizar um mapeamento detalhado das fichas, foram selecionadas algumas delas, destacando alguns trechos, a partir dos quais foi feito um exercício de reflexão sobre algumas questões consideradas relevantes para o projeto do SOHM. Através deste trabalho pretendo contribuir para os estudos no campo da História da Educação, no sentido de arejar os debates e as reflexões acerca da temática que envolve família e educação.

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INSTITUIÇÕES DE FORMAÇÃO DOCENTE NA REGIÃO DOS INCONFIDENTES NO CONTEXTO DA PRIMEIRA REPÚBLICA: AS ESCOLAS NORMAIS DE OURO PRETO E MARIANA (1905-1929)

JUMARA SERAPHIM PEDRUZZI JOSÉ RUBENS L JARDILINO

Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

O presente trabalho insere-se nos estudos sobre História das instituições escolares e/ou educativas e formação docente, temas de muita frequência nos estudos da área. A investigação possui como objeto as Escolas Normais das cidades de Ouro Preto (anexa ao Ginásio de Ouro Preto) e Mariana (anexa ao Colégio Providência), na região que denominamos “Região dos Inconfidentes”, no estado de Minas Gerais, no contexto da Primeira República no Brasil (1905-1929). O estudo estabelece como principal objetivo compreender, através de análise bibliográfica e documental, o funcionamento dos referidos centros formadores de professores/as no período indicado nesta pesquisa, principalmente em meio a grande Reforma educacional estadual feita por João Pinheiro de 1906, e o papel destas instituições em um momento de apogeu das Escolas Normais, no qual floresciam centros desta natureza em todo o território nacional. Como referencial teórico, foram utilizados autores como Faria Filho (2000), Saviani (2007), Magalhães (2005) Noronha (2007), entre outros. As fontes foram analisadas seguindo dois caminhos metodológicos que têm norteado as pesquisas sobre as Instituições Escolares atualmente, em especial nos trabalhos de Ester Buffa (2002), quais sejam: 1. Construir visões gerais das Escolas Normais e descrições singulares de cada contexto em que se dão as referidas experiências educativas de formação de professores; 2. Considerar a História de determinada Instituição Escolar não meramente factual e descritiva, mas, acima de tudo, interpretativa. Pela análise dos dados, foi possível concluir que ambos os institutos, apesar de orientações distintas, sendo um leigo (de Ouro Preto) e o outro católico (de Mariana), são, em certa medida, semelhantes na sua essência. Ambos os centros formadores, no recorte considerado, recebiam apenas alunas do sexo feminino, sendo, geralmente, jovens e naturais da própria cidade ou da região. É importante observar que, pelas fontes analisadas, muitas alunas foram transferidas de uma Escola para a outra, sinalizando a relação entre ambas, seja pela proximidade espacial, seja pelas concepções formativas estabelecidas. Assim, as alunas compartilhavam de uma formação moral, humanística, higienista e civilizatória, de acordo com os moldes do novo sistema político há pouco instaurado, a República. Apesar de um dos centros de formação ser de orientação religiosa, é notório que ambos seguiam, de certo modo, e o modelo ditado pela Escola Normal da recente capital mineira, Belo Horizonte, e adotavam os pressupostos da Reforma estadual de 1906, e de maneira geral da Escola Normal no território Nacional, Neste contexto, é importante destacar que as mulheres passam a ter papel de relevância na educação das crianças, já que são vistas, neste momento, como personagens centrais na instrução dos jovens para o Estado moderno que se almejava nas primeiras décadas do século XX em Minas Gerais e no Brasil.

A EXPANSÃO DO ENSINO SECUNDÁRIO NO BRASIL E A HISTÓRIA DA CRIAÇÃO DO GINÁSIO BRIGADEIRO NEWTON BRAGA

JUSSARA CASSIANO NASCIMENTO Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

Este trabalho tem como objetivo apresentar discussões que estão relacionadas a história de uma instituição escolar de cunho militar. O Colégio Brigadeiro Newton Braga (CBNB), fundado em 1960, localizado na Ilha do Governador, na Cidade do Rio de Janeiro, escola reconhecida pela comunidade local e no restante do município do Rio de Janeiro pela qualidade de seu trabalho no ensino fundamental e médio. Pretendemos tecer a sua história com a História da Educação Brasileira. Este trabalho acadêmico é uma investigação que pertence à pesquisa de Doutorado em andamento, na Universidade Católica de Petrópolis (UCP) e que objetiva a reconstrução histórica desta instituição escolar, com vistas a sistematização e registros dessa memória. Serviram de motivação inicial para o estudo, as comemorações do seu Jubileu de Ouro, no ano de 2010, momento que suscitou muitos significados para sua história e fez vir à tona as recordações de fatos e de pessoas, porque a história de uma instituição escolar também se entrelaça com a história de vida e profissional dos que por ali passaram ao longo de 50 anos. A fundamentação teórica e metodológica se espelha nos trabalhos sobre história das instituições escolares de Nosella e Buffa (2005), Jaime Abreu (2005) e Geraldo Bastos Silva (1969) e no paradigma indiciário de Ginzburg (1989). Os dados foram coletados nos arquivos do III Comando Aéreo Regional (III COMAR) e no Centro de Memórias do Colégio. Neste trabalho tencionamos buscar uma história tecelã que faça o resgate da história de movimentos sociais do período de lutas pela expansão do ensino secundário, destacando o papel da Campanha Nacional de Educandários Gratuitos (CNEG) no Rio de Janeiro, contexto

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histórico em que se circunscreve a fundação do ginásio. Estabelecemos ênfase na relação entre os movimentos nacionais e locais de luta pela expansão da oferta do ensino secundário público e gratuito. É nesse contexto de conflitos e disputas sociais que se configuram ações de grupos como a CNEG, movimento que se caracterizava pela atividade do voluntariado, com objetivo de ampliar a oferta do ensino secundário para atender a população carente nas diferentes localidades brasileiras. Consideramos importante o resgate de movimentos sociais na luta pela expansão do ensino secundário nos anos de 1960 e sua vinculação com a história de uma instituição escolar de cunho militar, para entrelaçar novos fios na história da educação brasileira, na medida em que nos permite também articular o local e o nacional.

HISTÓRIAS E MEMÓRIAS DO CURSO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE PORTO VELHO (RO)

JUSSARA SANTOS PIMENTA KÉTILA BATISTA DA SILVA TEIXEIRA

VANESSA GAMA BARBOSA ALINE MOREIRA CUELLAR

Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

O presente trabalho tem como objetivo estudar as histórias e memórias do curso de Formação de Professores do município de Porto Velho (RO). Criado em 1947, por Laudímia Trotta, funcionária do Ministério da Educação recém-chegada à capital do Território do Guaporé na então “Escola Normal Regional Carmela Dutra”. Tinha como finalidade a capacitação de professores nos limites regionais, daí a sua primeira denominação: “Curso Normal Regional do Guaporé”. Até 1950 tinha a duração de quatro anos equivalentes ao antigo Curso Ginasial, tendo acrescidas as disciplinas pedagógicas para habilitar os Regentes de Ensino com conhecimentos técnicos suficientes ao atendimento da educação da infância. O “Curso Pedagógico da Escola Normal do Guaporé”, que habilitaria professores para o Ensino Primário só foi criado em 1952 e instalado dois anos depois, formando a sua primeira turma em 1956, já em nível médio. Devido a problemas orçamentários para custear as despesas, a escola iniciou os seus trabalhos em 1948 com a colaboração dos cidadãos que se comprometeram a lecionar gratuitamente. Funcionava em regime de externato e internato com alunos provenientes da própria capital, Porto Velho, e dos municípios de Guajará-Mirim, Abunã, Costa Marques, entre outras. Os grupos escolares Homero Kang Tourinho, Duque de Caxias, Escola Samaritana funcionavam como colégios de aplicação e ainda, com recursos do MEC foi construído um estádio olímpico para atender as atividades de educação física, ginástica e desportos. No início dos anos de 1970 passou a denominar-se “Escola de 1° e 2°Graus Carmela Dutra”; em 1984 passou a “Instituto Estadual de Educação Carmela Dutra” e com o advento da Lei 9394/96, passou a ser denominada “Instituto Estadual de Educação Carmela Dutra”, agora atendendo o Ensino Fundamental do 6º ao 9° ano e ainda ao Ensino Médio, tendo sido extinto o curso de formação de professores. Trabalhamos com as fontes primárias produzidas pela própria instituição, a imprensa periódica do período, a produção bibliográfica de memorialistas locais e depoimentos de antigos alunos e professores da instituição. A pesquisa tem como fundamentação teórica os trabalhos de Faria Filho (2000); 2001); Freitas (2009); Saviani (2006); Araújo (2006); Paiva (2003); Castiel (2002) e outros, por oferecerem a possibilidade de compreender o processo de constituição das instituições educacionais e dos cursos de formação de professores. Como resultados preliminares a pesquisa evidencia a instituição e o curso normal como um locus privilegiado para a formação de professores no então Território do Guaporé, implantado para amenizar os problemas do índice de analfabetismo regional.

A PRESENÇA DE PROTESTANTES PRESBITERIANOS NA EDUCAÇÃO DO SUDOESTE DE GOIÁS (1930- 1942)

KAMILA GUSATTI DIAS ADEMILSON BATISTA PAES

Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

A presença significativa de protestantes presbiterianos no Brasil, pode ser considerada, a partir da chegada de missionários norte-americanos, sobretudo, após a presença do Reverendo Ashbel Grenn Simonton, em 1859. Após o trabalho inicial desse pastor pela cidade do Rio de Janeiro, na Capital e interior paulista, passaram a ser organizadas frentes missionárias para outros estados, que serviram como centros de irradiação da fé e da educação protestante, pautados nos ideais de uma nova evangelização. Assim, a cidade de Jataí, localizada no sudoeste goiano e a 320 km da Capital, recebeu pastores e religiosos presbiterianos norte-americanos, em

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meados de 1930. Em 1940, o Reverendo Donald F. Schroeder e sua esposa Helen assumiram a missão na região, tendo como tarefa inicial a organização de uma biblioteca e uma escola primária, em virtude – segundo eles - da escassa capacidade de leitura daquela população. Em 1942, sob a diligência do Reverendo Robert E. Lodwick, cria-se um pequeno educandário intitulado Escola Evangélica de Jataí. Posteriormente, nesse cenário o Reverendo Samuel Irvine Graham, com sua esposa Ruth Graham, assumem a direção da instituição, com o propósito principal de construir uma sede própria para abrigar além da escola primária, o Curso Normal Regional (formação de professores rurais), o Curso Secundário com Habilitação Básica em Saúde, no nível de 2º Grau e Técnico em Magistério, sendo que os cursos primário e secundário passaram ao longo do tempo, a serem oferecidos em regime de internatos feminino e masculino. Pretende-se nesse escopo, apresentar reflexões acerca das ações educacionais e dos ideais de protestantes presbiterianos nesse município. Diante disso, o trabalho busca problematizar essas missões de implantação de colégios, mais especificamente no caso de Jataí (GO). Para a realização da pesquisa, estabelecemos duas frentes: uma de revisão bibliográfica que aprofunde a temática abordada, além de pesquisas em periódicos, teses e dissertações, e, outra pela busca, localização e digitalização do acervo escolar do Instituto Presbiteriano Samuel Graham. O foco norteador da pesquisa, diz respeito à compreensão da influência desses protestantes no processo educacional dessa região do sudoeste goiano. Ao que parece, os missionários presbiterianos, não foram apenas sujeitos sociais envolvidos no processo histórico que caracterizou a formação da educação protestante em Goiás, nem tampouco figurantes no seu tempo, mas sim atores que contribuíram na construção de uma educação confessional pautada em princípios de uma dita escola moderna. Quanto aos aportes teórico-metodológicos envolvidos na pesquisa, são utilizadas as contribuições da Nova História Cultural (NHC) e a pesquisa visa contribuir para a historiografia da educação no estado de Goiás.

ESCOLA DE MÚSICA: UMA INSTITUIÇÃO PÚBLICA MARANHENSE DO INÍCIO DO SÉCULO XX

KATHIA SALOMÃO Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

No Brasil, o ensino de música formal em escolas especializadas, ou seja, conservatórios e escolas de música, começou com a fundação do Conservatório do Rio de Janeiro em meados do oitocentos. Posteriormente, outros foram criados em diferentes estados, a exemplo do Pará e Bahia. No Maranhão, apesar do intenso movimento artístico existente a partir do século XIX, a primeira instituição dessa categoria, a Escola de Música, surgiu mais de meio século após a implantação do referido conservatório. A mesma fora criada em São Luís no ano de 1901 por meio da Lei nº. 280, com o objetivo de ensinar música e preparar instrumentistas e cantores para atuarem como profissionais no meio musical, tendo como diretor, o ludovicense e cantor lírico de renome nacional, Antonio Rayol. Sabendo-se da relevância desses institutos, este trabalho visa investigar a história da Escola de Música, levando em consideração o contexto em que estava inserida, as disciplinas oferecidas, os conteúdos trabalhados, os professores contratados, o material impresso empregado, enfim, os aspectos pedagógicos e artísticos referentes ao seu funcionamento. Utilizamos nesse trabalho a pesquisa bibliográfica, buscando o embasamento teórico em autores, como Sanfelice (2007), Castro (2014) e Saviani (2005), para o estudo de instituições escolares, em Fonterrada (2005) e Loureiro (2003) para a história do ensino de música em escolas especializadas, em Elias (1993; 2001) e Andrade (2013), entendendo no processo civilizador o emprego do ensino musical, e em Certeau (2012) para compreendermos as estratégias e táticas presentes no funcionamento da Escola de Música, e a pesquisa documental, tendo como fontes os documentos oficiais sobre a mesma: regulamentos, programas curriculares, legislação, mensagens do Governador, relatórios de instrução pública, jornais. A partir da análise dos dados, identificamos que as cadeiras propostas para essa instituição foram música e solfejo, canto coral e canto a solo, violino, flauta, clarinete e oboé, e piano elementar. No entanto, desde sua criação até a sua extinção, em 1912, percebemos nos relatórios de Governador de Estado que a Escola de Música não pôde efetivar a contratação do quantitativo docente necessário para oferecer o número de cadeiras presentes na documentação oficial, apesar da significativa quantidade de alunos matriculados, da grande demanda existente, e dos recitais e concertos realizados. Assim, funcionou de maneira limitada frente ao que era impresso nos Regulamentos e ao que desejavam o corpo docente e discente da mesma, embora os resultados apresentados suscitassem elogios públicos tanto das autoridades quanto da comunidade.

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PESQUISAS SOBRE INSTITUIÇÕES ESCOLARES: EM FOCO A INSTITUIÇÃO ESCOLAR ESPECIALIZADA

KATIA CRISTINA NASCIMENTO FIGUEIRA Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

Este trabalho tem por objetivo refletir sobre instituições escolares, entendendo-as como portadoras de organicidade materiais e simbólicas, que impõem aos pesquisadores a necessidade de apreender seus elementos constitutivos. Como recorte, foram analisadas as práticas desenvolvidas por uma instituição especializada do Estado de Mato Grosso do Sul, instalada em meados da década de 1970 em Campo Grande, que vem desenvolvendo projetos para incluir seus alunos no ensino comum, desde o final dos anos 1990, como o Programa de Apoio à Inclusão. Para atender ao objetivo de analisar a extensão dessas práticas na inclusão dos alunos no ensino comum, elegemos também duas escolas da Rede Municipal de Campo Grande, que recebiam alunos com deficiência encaminhados pela instituição pesquisada. Tal delimitação revelou-se como mecanismo de análise da constituição da educação especial, sobretudo frente ao processo de inclusão escolar que tem tomado corpo no campo das políticas públicas nos últimos anos. O problema que emergiu na investigação foi avaliar em que medida essas práticas contribuíram efetivamente para o processo de escolarização dos alunos por ela atendidos. A abordagem utilizada foi o estudo etnográfico, que além de possibilitar a apreensão de vários elementos de análise por meio da pluralidade de fontes para a apreensão do objeto da pesquisa, mostrou-se como fundamental para a investigação que se propõe a estudar as práticas da instituição. Foram utilizados a observação participante, a entrevista e, também, a análise documental que complementou os dados obtidos. A opção pela abordagem etnográfica justifica-se também pela necessidade de mergulho do pesquisador no campo estudado, a fim de captar as práticas desenvolvidas na instituição para entender como as instituições estão trabalhando no interior do movimento da inclusão escolar e se tais práticas são determinantes para o processo de escolarização dos alunos com deficiência. A imersão no cotidiano permite a indagação sobre as práticas estabelecidas, como se manifestam e o que significam no processo de investigação. Foi preciso, ainda, empreender esforços que permitiram a compreensão das relações sociais mais amplas no âmbito do movimento educacional, expressão da materialidade da sociedade. A pesquisa revelou que a instituição especializada, por força do emergente movimento de inclusão escolar, deflagra um processo de reorganização de suas práticas e implanta serviços que se ocupam especificamente da inclusão dos alunos com deficiência no ensino comum. A experiência de pesquisa no campo das instituições escolares evidenciou-a como um locus privilegiado para o estudo de temáticas educacionais, e um caminho importante para o estudo da educação especial no âmbito do movimento da inclusão escolar permitindo estudar as relações internas das instituições e as influências sociais presentes na instituição.

A LUZ DA MEMÓRIA: A HISTÓRIA RECONTADA. O COTIDIANO DA ESCOLA RURAL MISTA MUNICIPAL SANTO ANTONIO (ANOS 1960)

KATIA MARIA KUNNTZ BECK Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

Este estudo analisa o cotidiano da Escola Rural Mista Municipal Santo Antonio em Tangará da Serra - MT. Está fundamentado nas discussões de Michel de Certeau no campo da História Cultural e sobre a cultura escolar produzida pelos sujeitos escolares através de Dominique Julia. A partir da História Cultural, podemos analisar a construção de sentido e do fazer das práticas escolares numa determinada escola em região contemporânea de colonização. A metodologia de estudo é de caráter histórico-analítico-documental, tem como fonte obras memorialísticas, estudos bibliográficos, acervos escolares, a história oral, entre outros. Tais fontes são encontradas no arquivo da Secretaria Municipal de Educação e Cultura de Tangará da Serra, no Arquivo Público do Estado de Mato Grosso, na Sala de Memória de Tangará da Serra e na base de dados do Grupo de História da Educação e Memória/GEM da Universidade Federal de Mato Grosso. O período delimitado para o estudo inicia-se quando chegaram os primeiros migrantes até a criação da primeira escola rural nos anos de 1960. Os relatos de memória utilizados para análise e conhecimento da cultura escolar da escola rural são referentes a práticas vivenciadas por diferentes atores, entre eles, alunos, professora e mães. Tangará da Serra nasceu a partir de uma política de expansão da fronteira agrícola, através de um projeto de colonização privada. Motivados a melhorar de vida e incentivados pelas propagandas divulgadas pelo governo e pela colonizadora, famílias partiram de suas origens em busca da realização de sonhos. As famílias migrantes acreditavam na possibilidade de um futuro promissor para seus filhos a partir da reocupação desses espaços de terra fértil. Oriundos de diferentes estados do Brasil deixaram para trás amigos, familiares, suas moradas, suas vivências; mas trouxeram consigo as lembranças, a cultura, as crenças, a esperança de uma vida melhor, a experiência de vida no campo e

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Caderno de Resumos - Comunicações Individuais

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construíram um novo espaço de formas de fazer. Os resultados até o momento evidenciam que foi a partir da mobilização, do envolvimento e do interesse das famílias migrantes, que buscavam melhores condições de vida, que a educação escolar desponta durante o período inicial de colonização. Percebe-se, portanto, no caso da instituição em estudo a presença marcante das culturas familiares e infantis na constituição da cultura escolar que podem ser observadas através dos relatos de memória e das imagens, da construção da escola e da sala de aula e que diferentes representações de escolarização de infância se materializaram na cultura escolar da Escola Rural Mista Municipal Santo Antonio.

RASTROS DE PRÁTICAS NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES DA ESCOLA NORMAL DA PROVÍNCIA DO RIO DE JANEIRO: OUVINDO ESPECTROS

IMPERIAIS

KÁTIA SEBASTIANA CARVALHO DOS SANTOS FARIAS Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

Este trabalho tem como objetivo investigar práticas mobilizadoras de cultura aritmética que teriam sido realizadas na Escola Normal da Província do Rio de Janeiro, no período de 1868 a 1889, com o propósito de formar professores para atuarem nas chamadas "escolas de primeiras letras”. A pesquisa se insere no campo temático da historiografia da educação brasileira, história das instituições educacionais, bem como história da educação matemática. A base documental da pesquisa é constituída por: relatórios dos Presidentes da Província do Rio de Janeiro apresentados à Assembleia Legislativa Provincial; relatórios do Diretor da Escola Normal apresentados ao Diretor da Instrução Pública; relatórios do Diretor da Instrução Pública; Jornal A Instrução Publica; Jornal A Verdadeira Instrução Publica; A Revista do Ensino; Revista Brasileira de Educação e Ensino; Revista do Ensino Primário; Cours Théorique et Pratique de Pédagogie et de Métholologie, de Thomas Braun e o Compendio de Pedagogia, de Antonio Marciano da Silva Pontes. Tomamos como inspiração filosófica e metodológica o pensamento desenvolvido pelo filósofo Ludwig Wittgenstein, bem como o pensamento de desconstrução de Jacques Derrida. Na nossa encenação da linguagem, dentre outros, destaca-se que a Escola Normal da Província do Rio de Janeiro adotou, a partir do ano de 1876, o Compendio de Pedagogia elaborado pelo professor da cadeira de Pedagogia, Antonio Marciano da Silva Pontes, que se inspirou na obra de Tomas Braun Cours Théorique e Pratique de Pédagogie et de Méthodologie. Por meio do “Compendio de Pedagogia”, de Pontes, os alunos–mestres tomaram contato com o movimento em torno do “método intuitivo”. A partir dos anos de 1870, em todos os ramos do ensino, o professor deveria seguir o melhor método, o mais adaptado à escola primária, ou seja, o intuitivo. Mas esse método não foi bem aceito pelos professores primários, pois eles entendiam que se tratava apenas de “prática e mais prática”, com muitos exemplos e poucas regras, muitas aplicações e poucas teorias e abstrações, principalmente com relação à Aritmética; por isso, resistiram ao método intuitivo, preferindo utilizarem-se do método que já vinham desenvolvendo, o “tradicional”. Encontramos, ainda, rastros de que a Aritmética passa a ser escolarizada com uma intensa vertente moralizadora, de maneira mais veemente no Compendio de Pedagogia, elaborado por Antonio Marciano da Silva Pontes. A formação de professores da Escola Normal, ao mobilizar modelos e reproduções, acionou vários pontos fortes, para citar alguns: tensões entre grupos que participavam do poder político local; a cultura dos professores e as expectativas da comunidade.

OS LEGADOS TESTAMENTAIS COMO INDÍCIOS DE PRÁTICAS EDUCATIVAS RELIGIOSAS – SÃO LUÍS, MARANHÃO (1770-1830)

KELLY LISLIE JULIO Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

O trabalho que ora apresento é parte de uma pesquisa de doutoramento que tem procurado reconstituir as diferentes estratégias desenvolvidas pelas mulheres para que as crianças e jovens, que de algum modo ficaram sob suas responsabilidades, pudessem ser educados. Na pesquisa foram eleitas as sedes das Comarcas de Vila Rica e São Luís, localizadas nas Capitanias de Minas Gerais e Maranhão, respectivamente, entre os anos de 1770 e 1830. Tem sido utilizado um conjunto de fontes variadas, como: inventários, testamentos, contas de tutela, documentos camarários, petições e justificativas, além de tratados ligados à educação e manuais de civilidade. Nesta comunicação, restringirei a análise aos testamentos femininos produzidos em São Luís no período abarcado pela pesquisa. A intenção é apresentar alguns indícios presentes nessa documentação percebendo-os como tentativas por parte das mulheres de ensinar os preceitos religiosos para as crianças e jovens, entendidos

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como educandos. Os testamentos, dentre outros elementos, trazem as últimas determinações do testador, sua naturalidade, filiação, estado civil, nome do cônjuge e dos filhos, quando estes existiam. Além disso, entendidos como relatos individuais, expressam maneiras de viver, comportamentos e, especialmente neste estudo, trazem o modo como o testador desejou dispor de seus bens, além das últimas vontades a serem cumpridas após a sua morte. Interessa-nos os legados relacionados com alguma forma de prática religiosa, que foram aqui analisados como intenções educativas. Assim, as determinações ligadas à religiosidade, como a doação de imagens de santos e oratórios e os legados condicionados a missas e orações ao testador foram considerados sob o viés educativo. Os testamentos estão sob a guarda da Coordenadoria do Arquivo e Documentos Históricos do Tribunal de Justiça do Estado Maranhão – CADHTJEM e também no Arquivo Público do Estado do Maranhão/IPHAN – APEM/IPHAN, ambos localizados em São Luís. A intenção é evidenciar a participação feminina no que se refere à orientação educacional das crianças e jovens tentando demonstrar a importância das mulheres no processo de formação “idônea e de caráter moral” desses educandos. Para isso, primeiramente, tento, nesta comunicação, demonstrar a função educativa exercida pelas mulheres e as estratégias desenvolvidas para isso e, num segundo momento, sua importância no cultivo de uma moral religiosa cristã, contribuindo assim para a tentativa de produção de uma sociedade “virtuosa e civilizada”, como então era almejada. Para desenvolver essa discussão, considero a noção de estratégia defendida por Bourdieu (2004; 2010) e de costume de Thompson (1981; 1998). Os documentos analisados apontam que as maranhenses eram "produtos de seu tempo". Assim, adaptando-se às normas e aos papéis sociais para elas determinados, especialmente àquelas pertencentes a "elite", buscaram sim direcionar o processo educativo religioso das crianças e jovens sob suas responsabilidades.

EXPANSÃO E MODALIDADES DAS ESCOLAS PRIMÁRIAS NO CENTRO E SUL SERGIPANO (1930-1961)

LAISA DIAS SANTOS RAYLANE ANDREZA DIAS NAVARRO BARRETO

Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

Este artigo é fruto de investigação sobre o delineamento das escolas primárias dos territórios centro e sul do estado de Sergipe no período de 1930-1961. Para fazê-lo, utilizamos como fonte de pesquisa as lembranças/narrativas de 28 professores aposentados que estudaram e lecionaram no referido cronótopo, bem como documentos oficiais a exemplo das Mensagens de Governadores e relatórios da instrução pública do estado. Para interrogar as fontes de estudo elegemos a metodologia da História Oral, que, junto a pesquisa documental, auxilia o pesquisador na compilação das práticas partilhadas e impostas socialmente ao imaginário particular dos sujeitos simples que viveram em um tempo e lugares concretos. Assim, por meio das práticas discursivas e das lembranças de velhos professores objetivamos identificar a expansão e os modelos de escolas primárias que vigoraram no referido lugar. Ancoradas na História Cultural, levamos em consideração que os discursos, oficiais e não oficiais são, antes de tudo, fontes históricas que simbolizam uma, das várias maneiras de compreender a história e seus fatos. Por meio das fontes de pesquisa pudemos ressaltar que a educação, em todos os estados brasileiros, a partir da implantação da República, tornou-se alvo de muitas preocupações, afinal, ela seria o caminho para se formar o indivíduo que iria legitimar o novo regime. Em Sergipe não foi diferente. No inicio do regime, os governantes do estado, José Calazans (1893) e Olímpio Campos (1900) respectivamente, já tratavam da obrigatoriedade do ensino primário, bem como da necessidade de se ter um povo que soubesse ler e assim pudesse conhecer seus direitos e deveres. Isso só seria possível se houvesse uma mudança na instrução primária que deveria substituir os métodos imperfeitos e caducos que levavam a criança ao desestímulo pela escola e por uma educação que preparasse a criança para a vida social. Ao partir desse pressuposto, dos historiais anteriores e dos discursos que motivaram a implantação de distintos modelos de escola durante a República no período de 1930-1961, algumas indagações surgiram, dentre elas: Como se configurou o processo de expansão dessas escolas? A implantação dessas escolas condiziam aos discursos apresentados à época? Com quais modelos de escolas primárias era composto o cenário estudado? O que percebemos foi que para além de um discurso modernizador escolanovista a expansão das escolas primárias se deu a partir do crescimento no número de Escolas Isoladas, no período de 1930-1945, e pela implantação de Escolas Rurais e Grupos Escolares denominados Rurais, entre 1945-1961, mas a eles estavam também consorciadas às escolas domésticas, as bancas escolares, as escolas rurais e as escolas particulares, modelos, que embora não contemplados pelo discurso modernizador, supririam as demandas escolares dos referidos tempo e espaço.

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AS ORIGENS DA PRIMEIRA FACULDADE DE MEDICINA DO INTERIOR DO BRASIL

LEONARDO DE LIMA ROSSINI Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

Este trabalho, parte de uma pesquisa de pós-graduação, constitui no levantamento de fontes documentais localizadas, organizadas, examinadas e sistematizadas com o intuito de compreender o processo de constituição da educação superior em Sorocaba enfatizando a criação da primeira faculdade de medicina do interior do Brasil. Nesse sentido o trabalho, se encontra em um recorte temporal de 1947 à 1951 e consiste no entendimento do processo que viabilizou a implementação da faculdade de medicina sorocabana vista como demanda da elite local e estadual, quais eram os agentes promotores principais, ressaltando as considerações sobre o grupo social que seria beneficiado diretamente e quais as movimentações políticas e articulações para que se instalassem a referida faculdade. A pesquisa que está sendo realizada em arquivos como: o Gabinete de Leitura Sorocabano, que concentra jornais e fontes primárias relativos a Sorocaba; os arquivos da Câmara Municipal que abriga documentos do poder legislativo; os arquivos da Cúria Diocesana que abriga acervos documentais já digitalizados de períodos de sua história. Alguns resultados obtidos já podem ser expressados no contexto da instalação da primeira faculdade de medicina. Os resultados obtidos permitem a análise da instalação da Faculdade de Medicina de Sorocaba mediante a criação da Fundação Sorocaba que seria responsável por captação de recursos públicos, tanto federais como municipais. Foi identificada também a doação de área pública para que especificamente pudesse construir o prédio que sediaria os cursos de medicina e enfermagem. A articulação política visava à criação de leis que destinavam porcentagens de todo imposto municipal para a construção e manutenção da faculdade. Essa articulação pôde ser entendida em um processo que ocorreu através dos entendimentos promovidos pelo representante da Igreja Católica, Pe. André Pieroni, Prefeito Municipal Gualberto Moreira, eleito em 1948, e pelo industrial José Ermírio de Moraes, que controlava a Fundação Sorocaba e a Fundação Votorantim, mostrando o estreitamento das relações entre esses três segmentos da sociedade para toda a implantação da Faculdade de Medicina em Sorocaba, a primeira do interior do Brasil. A utilização de recursos públicos para a construção e manutenção do prédio que sediaria uma faculdade plenamente privada, o uso de fundações que ficariam a cargo de captar recursos financeiros e isenções fiscais e o baixo número de alunos matriculados na primeira turma de medicina residentes em Sorocaba. Mas quais seriam os interesses particulares de cada um desses segmentos? Outro ponto característico desse processo é relações estreita entre as autoridades eclesiásticas, o Executivo Municipal e o setor industrial, demonstrando a força política desses no cenário local.

MARIA NILDE MASCELLANI E AS CLASSES EXPERIMENTAIS DE SOCORRO (SÃO PAULO, 1959-1962)

LETÍCIA VIEIRA Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

O presente estudo tem por objetivo analisar uma experiência de destaque no projeto das Classes Experimentais Secundárias, o qual visava a implementação de experiências de ensino onde deveriam ser colocadas em prática as inovações pedagógicas pretendidas para o Ensino Secundário brasileiro na década de 1950, figurando como campo para ensaio de novos currículos e métodos pedagógicos. Este projeto, que buscava o rompimento com o ensino secundarista tradicional prescrito pela Reforma Capanema de 1942, propunha colocar em prática uma cultura escolar renovadora, a qual levaria em conta a diversidade dos indivíduos, criando situações educativas que propiciassem o desenvolvimento das potencialidades destes sujeitos. Este estudo apoia-se nas categorias de análise apropriação, de Roger Chartier, campo, de Pierre Bourdieu e estratégia, de Michel de Certeau e dá ênfase às Classes Experimentais do Instituto de Educação “Narciso Pieroni” de Socorro, experiência que teve início em 1959 e que, apesar de sua curta duração, ficou conhecida por sua vinculação com Maria Nilde Mascellani e aos Ginásios Vocacionais paulistas. Estas classes inseriam-se na esteira de apropriações da matriz das Classes Nouvelles do Centre International d´Études Pédagogiques (Sèvres/França), no Brasil, de maneira que se tem, aqui, o objetivo de lançar luz sob a cultura escolar destas Classes, perceber suas apropriações desta matriz francesa, bem como das prescrições que regiam as Classes Experimentais no Ensino Secundário Brasileiro, destinando atenção às distâncias existentes entre as prescrições e seus usos. Busca-se, ainda, estabelecer as relações da experiência com a trajetória de Mascellani, responsável pela apropriação dos princípios pedagógicos e filosóficos das Classes Experimentais no projeto dos Ginásios Vocacionais. O recorte temporal do presente estudo compreende os anos de 1959 a 1962, período de duração da experiência, e o recorte espacial limita-se ao Estado de São Paulo, onde o Instituto que sediou estas Classes encontrava-se inserido. Para viabilizar esta

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análise, realizou-se consulta ao arquivo pessoal de Maria Nilde, salvaguardado no Centro de Memória da Educação da Universidade de São Paulo, o qual é composto por relatórios da experiência, recortes de jornais e revistas, entrevistas, textos de autoria da educadora e de autores por ela lidos, bem como outros documentos pessoais. Menciona-se que por conter registros, anotações pessoais, entrevistas e relatórios, estes documentos fornecem-nos elementos de aproximação da “ordem dos efetivados”. Buscou-se, a partir destas fontes, perceber os jogos de poder e as distâncias que se colocaram entre as prescrições para as Classes Experimentais Secundárias e suas práticas no cotidiano escolar: esta “bricolagem” entre o prescrito e o efetivado.

FACULDADE DE ECONOMIA DA UFMT: ORIGEM TRAJETÓRIA

LIANA DEISE DA SILVA Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

O presente trabalho, consiste no estudo da origem e trajetória histórica do curso de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Mato Grosso e da sua inserção no campo educacional. O interesse em elaborar uma reflexão sobre o percurso desse curso na unidade de ensino superior surgiu por ocasião da comemoração dos 50 anos de sua criação, que acontecerá em 2015, fato esse indubitavelmente merecedor de uma homenagem, ainda que pontual, contemplativa das vicissitudes e perspectivas flagrantes nesse tempo de existência e que revele e ressalte sobretudo sua relevância na formação efetiva de profissionais qualificados e aptos às práticas de docência e pesquisa. Diante disso, o foco deste trabalho gira em torno das questões: quais foram às políticas adotadas na trajetória? Quais as estratégias utilizadas para sua manutenção na área educacional? Quais os limites postos e as vitórias alcançadas? Para tanto se faz necessário examinar essa história em sua dimensão interna. Criado em 1965, o Curso tem sua trajetória repleta de lutas e conquistas. Em suas lutas empreendidas contou com todos os seguimentos, docentes, técnicos - administrativos e discentes, visando à formação de profissionais qualificados e a sua permanência no campo cientifico. De acordo com Bourdieu, (2004), o campo científico é o “[...] universo no qual estão inseridos os agentes e as instituições que produzem, reproduzem ou difundem a arte, a literatura ou a ciência” (p. 20). Esse campo é um mundo social que, porém, não está livre das pressões externas do mundo social global, devido ao que todo campo é um campo de força e de luta para conservar ou transformar a si próprio. Assim, a Faculdade de Economia da UFMT, vem contribuindo para realização de estudos e pesquisas direcionadas a compreensão das transformações e impactos socioeconômicos e ambientais. Busca-se entender seus mecanismos, compreender suas especificidades e distinguir suas particularidades através de elementos, entre os quais, a criação, a implantação, a infraestrutura, o quadro docente e o corpo discente, que permitam delinear o seu retrato e o seu significado para a sociedade acadêmica. A pesquisa utilizou se das fontes documentais existentes no Arquivo da Faculdade, no Arquivo do Instituto de Educação, bem como às encontradas nos sites, da Faculdade de Economia, CAPES e do MEC. A análise dos documentos torna-se possível reconstituir essa história, que por certo poderá ser útil às novas gerações de professores e alunos. Entendemos que o passado de uma instituição merece ser recuperado porque nela estão depositados os sinais e marcas de sua trajetória e porque sua memória é capaz de abarcar as múltiplas representações vivenciadas pelos grupos que dela fizeram parte.

“DAR CONSELHOS HIGIÊNICOS E ENSINAR O POVO”: PROPOSTAS E AÇÕES DA DIRETORIA DE HIGIENE DE MINAS GERAIS (1910-1927)

LILIANE TIBURCIO DE OLIVEIRA Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

Este estudo aborda a atuação da Diretoria de Higiene de Minas Gerais, órgão responsável pelo serviço sanitário estadual, nos anos de 1910 a 1927. O objetivo principal foi compreendeer a dimensão educativa das propostas e ações que visavam difundir noções de higiene junto à população. Para tanto, buscou-se apreender a concepção de educação dos sujeitos que atuaram na repartição, na sua maioria médicos. Dessa forma, o trabalho pretende contribuir com a produção historiográfica do campo da História da Educação, especialmente em relação ao diálogo estabelecido entre higiene, educação e saúde pública nas décadas de 1910 e 1920, no Brasil. O recorte temporal proposto abrange o período de funcionamento da repartição durante o século XX. Organizada primeiramente em 1895, teve suas atividades encerradas em 1898. Com a reorganização do serviço sanitário mineiro, pelo Decreto 2733, de 11 de janeiro de 1910, a Diretoria de Higiene foi novamente criada e atuou no estado até 1927, quando foi instituída a Diretoria de Saúde Pública. Para construir uma narrativa sobre a Diretoria de Higiene, foram mobilizados documentos encontrados no Arquivo Público Mineiro, como os Relatórios da Diretoria de Higiene, as correspondências trocadas entre a repartição e a Secretaria do Interior e o

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Caderno de Resumos - Comunicações Individuais

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livro de registro de matrículas dos funcionários. Na Assembléia Legislativa de Minas Gerais foram consultados Relatórios dos Presidentes do Estado de Minas Gerais bem como decretos e leis refentes ao serviço sanitário da época, que também foram tomados como fontes neste trabalho. A partir da leitura e da análise de todo esse corpus documental foi possível compreender os modos de agir da Diretoria de Higiene e os interesses que norteavam as ações realizadas. O diálogo com os trabalhos de E.P.Thompson foram relevantes na medida em que o autor nos provoca a pensar a educação como uma baliza direcionada para a ampliação do universo mental, por meio de novos conhecimentos que, ao mesmo tempo, tende a distanciar os sujeitos de suas experiências forjadas nos costumes. As fontes analisadas sugerem que para elaboração e execução de propostas e ações educativas pela Diretoria de Higiene foram importantes os contratos firmados com o Governo Federal e com a Fundação Rockefeller. No diálogo com esses interlocutores, o órgão mineiro produziu um discurso que apontava a necessidade de educar a população nos preceitos higiênicos como maneira fundamental de melhorar as condições sanitárias do estado. Com tal objetivo, apresentou propostas de intervenções médicas nas escolas e procurou difundir noções de higiene junto ao povo nos serviços criados para a profilaxia das chamadas endemias rurais. Percebeu-se que, nesse contexto, a educação foi entendida como importante recurso para promover uma mudança de hábitos na população e que os médicos almejavam, dessa forma, produzir uma reforma de costumes que tivesse a higiene como base.

ESPAÇO URBANO E EDUCAÇÃO: AS INSTITUIÇÕES ESCOLARES E A URBANIZAÇÃO DE PORTO ALEGRE (1940-1970)

LUCAS COSTA GRIMALDI Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

Ao direcionarmos o olhar para outras possibilidades de interpretação do urbano, temos a oportunidade de efetuar cruzamentos com outros ramos do conhecimento. Nos últimos anos o campo da História da Educação, especificamente o eixo da História das Instituições Escolares, produziu diversos estudos que tiveram a cidade como pano de fundo, seja em relação a seus espaços ou prédios. Em seus 242 anos de existência, o espaço urbano da cidade de Porto Alegre tornou-se complexo, com inúmeras marcas, escritas e diferentes percursos. O presente estudo analisa o espaço urbano da cidade, através do processo de mudança, criação e a instalação de novas sedes de três escolas centenárias, no período de 1940 a 1970. O Colégio Americano, vinculado a Igreja Metodista, criado em 1885, o Colégio Farroupilha, vinculado a comunidade alemã, em 1886, e o Colégio Anchieta, criado pela ordem dos jesuítas, em 1890. As três instituições particulares localizavam-se na região central e, a partir do início do século XX, abandonaram a região e foram constituir suas sedes em locais, até então, pouco habitados, que originaram os atuais bairros Rio Branco e Três Figueiras. Com isso, analisou-se estas trajetórias singulares de instituições escolares para compreensão de um fenômeno maior, a urbanização. Até a primeira metade do século XX, a cidade concentrava-se na região do atual centro histórico. Os limites da cidade aumentavam e novos bairros surgiram, fruto da especulação imobiliária e da intenção administrativa de segregar parcelas da população. O aumento populacional, conjuntamente com reformas de ordem estrutural, contribuiu para criação de um cenário de êxodo da região central. A partir disso, diversas famílias e estabelecimentos comerciais e escolares passaram a constituir de forma efetiva seus negócios e suas residências em locais até então pouco habitados. A pesquisa se deteve no exame de documentos administrativos das escolas, plantas, livros comemorativos, fotografias, artigos da Revista do Globo e Revista do Ensino/RS. Para aprofundar o estudo sobre o processo de urbanização de Porto Alegre, foi utilizado depoimentos de viajantes, mapas da cidade e publicações administrativas elaboradas pela prefeitura/intendência, na década de 1940. Através da análise, compreende-se a história centenária das três escolas, que se distanciaram cada vez mais da região central, construíram novos prédios a fim de qualificar seu ensino. Oportunizaram também, a criação de outras atividades e propostas para a comunidade escolar e para a sociedade porto-alegrense.

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CONTRADIÇÕES ENTRE ECONOMIA E EDUCAÇÃO PÚBLICA NA CONSOLIDAÇÃO DE UM GRUPO ESCOLAR EM ITUIUTABA, MG (1957–

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LUCIENE TERESINHA DE SOUZA BEZERRA BETANIA DE OLIVEIRA LATERZA RIBEIRO

ELIZABETH FARIAS DA SILVA Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

Este estudo enfoca o processo de criação e organização de uma escola pública: o Grupo Escolar Governador Clóvis Salgado, que a ação das políticas públicas educacionais do período de 1950 e 1960 no interior do estado de Minas Gerais. O eixo de investigação da pesquisa são as contradições entre um desenvolvimento econômico ascendente e sua desarticulação com a situação educacional municipal — então precária. A pesquisa buscou compreender por que um município em ascensão econômica tinha uma educação marcada pela carência de escolas e um índice alto de analfabetismo. A pesquisa se ancora no arcabouço teórico de Saviani (2004), Araújo (2005), Vidal (2006), Magalhães (2004), Cury (2007), Faria Filho (2000), Lombardi (2005), Faria Filho (2000), Ribeiro e Silva (2012), dentre outros. Com apropriação de fontes pautada em memória social tais como atas da Câmara Municipal e jornais (Folha de Ituiutaba, Gazeta de Ituiutaba, Correio do Pontal, Correio do Triângulo, Cidade de Ituiutaba e Município de Ituiutaba), a pesquisa enfocou o contexto e as respectivas contradições da emergência de um grupo escolar interiorano. O recorte temporal (1957–61) indica um período de democracia representativa, quando o país saiu de um processo autoritário — mas com o Estado-Nação consolidado —, e os três anos que antecederam o golpe militar que impôs a ditadura. Nos anos 1950, o Brasil apresentou uma dinâmica efervescente no âmbito cultural, e questionamentos fulcrais no tocante à educação pública e sua relação com a economia vieram à tona. Igualmente, nessa década, Ituiutaba mantinha o título de “capital do arroz”, dada a expressividade de sua produção de grãos, que sustentaram um crescimento agrícola acelerado em Minas Gerais e abasteceram grande parte dos estados; e não só com o arroz, mas também com milho, feijão e algodão. No entanto, o analfabetismo municipal se situava em torno de 57% da população. Nesse sentido, a compreensão da história do Grupo Escola Clóvis Salgado possibilita constatar o processo contraditório que se nota entre uma economia pujante e a fragilidade da educação pública. A organização, a tenacidade e a responsabilidade com a escola pública ficaram a cargo das professoras primárias, que recorram a campanhas de arrecadação nas quais se pode ver uma luta tática que resultou na construção do prédio do terceiro grupo escolar de Ituiutaba. Conclui-se que os processos contraditórios e excludentes marcaram a expansão da escolarização publica no interior mineiro nos anos referentes à pesquisa realizada.

ATUAÇÃO EDUCACIONAL DE UMA PROFESSORA E VEREADORA EM SANTOS: ZENY DE SÁ GOULART (1935-1938)

MAGDA FERNANDES GARCIA VENTURA Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

Esta comunicação pretende investigar a Associação Feminina Santista no período em que a educadora Zeny de Sá Goulart (1935-1938) assumiu a presidência da instituição; conhecer o pensamento e as práticas escolares dos educadores que aí militavam durante sua gestão. A Associação Feminina Santista foi uma instituição que teve um grande destaque na sociedade santista, iniciando-se - sob a inspiração de Anália Franco e a orientação de Eunice Caldas - com o objetivo de ser vanguardeira na elevação da mulher no mundo da época (1902), tirando-a “do marasmo em que se encontrava o elemento feminino”. Sua atuação envolveu mulheres que se destacaram na instrução e na cultura da cidade, preocupando-se também com o crescimento de crianças dos estratos menos favorecidos economicamente com a instalação das escolas maternais (PEREIRA, 1996). O Liceu Santista (nome atual do Liceu Feminino da Associação Feminina Santista), após a República Velha (1889 – 1930) ressente-se de estudos historiográficos da época getulina. Nessa proposta, busca-se também estudar o tipo social de alunado que frequentou as escolas da Associação Feminina Santista e verificar , na década de 1930, como andavam seus projetos iniciais de elevação cultural da mulher e do ensino das crianças. As fontes para reconstruir esse passado histórico são provenientes do arquivo existente na própria instituição, muito bem conservado: atas, relatórios das Diretorias, livros de matrículas e ofícios, álbuns de formatura e outros materiais iconográficos, além de material do acervo da educadora. São considerados também os impressos como os periódicos de A Tribuna - principal jornal da cidade - onde se encontram material iconográfico, discursos, comunicados referentes às matrículas, anúncios e outras informações. Entre os resultados, já alcançados, estão sendo analisados a organização dos cursos, o corpo administrativo e docente e as alunas matriculadas. Dessa maneira, o estudo

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pretende reconstituir a história da Associação Feminina Santista na direção de D. Zeny de Sá Goulart, professora de várias gerações de jovens em renomadas escolas femininas santistas, além de ter passado pela rede pública de ensino. Paralelamente, a educadora atuou na Câmara Municipal de Santos, sendo a primeira vereadora feminina na cidade, inclusive num período tão emblemático que é o do governo de Getúlio Vargas, quando, por uma rápida intervenção federal - de março a agosto de 1938 - é afastada de seu cargo no Liceu Feminino junto com alguns professores.

OS GRUPOS ESCOLARES E A CULTURA POLÍTICA EDUCACIONAL NA PRIMEIRA REPÚBLICA EM SERGIPE

MAGNO FRANCISCO DE JESUS SANTOS Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

O ano era 1911. A cidade de Aracaju era o cenário da trama que teria início naquele dia. A cidade celebrou o seu ingresso educacional nas searas da modernidade com a festa de inauguração do novo prédio da Escola Normal. Ele tornou-se marco da trajetória educacional de Sergipe, pois introduziu no estado os novos pressupostos do ensino, com a difusão da metodologia moderna e principalmente com sua visibilidade. A educação passava para o palco da trama histórica republicana, tornando-se alvo de discursos, em campanhas eleitorais. Os anseios eram grandes, na perspectiva de corroborar para a constituição de uma nação regenerada, ordeira, progressista e sem os entraves do passado. Criou-se assim, o confronto discursivo pautado no contraponto entre o velho, arcaico, monárquico, atrasado versus o novo, moderno, republicano e civilizado. Era o momento da reconstrução do país. Essa reconstrução avançava em descompasso. Nas palavras, a modernidade era avassaladora e não deixava espaço para o velho decadente representante da monarquia. Nas ações, a República era letárgica e quase sempre reproduzia o criticado modelo educacional do Império, na expectativa de acelerar o processo civilizatório que estava emperrado. Contradições do campo educacional que refletiam a situação vivenciada na época. Os entraves se multiplicavam e pareciam sufocar a difusão dos novos ideais. Capital e interior estavam em sintonia com os ecos da modernidade educacional. Foram esses grupos os maiores ícones da propaganda republicana no decorrer dos primeiros decênios do século XX. Eles se tornaram o espelho de uma busca exacerbada pela modernidade, que apesar da pressa, era edificada a passos lentos, dificultando a execução da proposta de difusão do conhecimento das letras em Sergipe. Os grupos se tornaram os maiores símbolos do ensino primário, responsáveis diretos pela construção da identidade escolar e fortalecimento da imagem de escola. Partindo da relevância atribuída aos grupos escolares na Primeira República, torna-se eminente a necessidade de realizar estudos a seu respeito sob diferentes aspectos, na tentativa de descortinar as suas múltiplas facetas, muitas das quais obscurecidas pela penumbra do esquecimento. Se ao longo das primeiras décadas do século XX os grupos despertaram como ícones da modernização do ensino primário, nos últimos anos assistimos ao nascimento dos grupos escolares como objeto de estudo pelos historiadores da Educação. Sob as lentes da Nova História Cultural, diferentes olhares vêm sendo lançados na esfera educacional dos grupos. É importante lembrarmos que os grupos escolares como objeto de estudo podem suscitar inúmeros desafios, propiciando interpretações inovadoras, como tem ocorrido. Nesta perspectiva, este estudo tem como cerne a arquitetura dos grupos escolares sergipanos edificados entre 1911 e 1926.

O BISPADO DE DOM JOSÉ THOMAIS GOMES DA SILVA: E AS INSTITUIÇÕES EDUCATIVAS CONFESSIONAIS EM SERGIPE.

MARBENE COSTA DOS SANTOS JOAQUIM FRANCISCO SOARES GUIMARÃES

Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

Esse trabalho pretende contribuir acerca da História das Instituições Educativas em Sergipe, e a atuação de seus agentes educativos. Observando o governo Episcopal de Dom José Thomais Gomes da Silva, e as diversas iniciativas desse religioso em ampliar o campo de atuação da igreja católica no estado de Sergipe, através dos vários convites realizados as congregações religiosas, encorajando a abertura de colégios voltados a princípio ao ensino feminino, tanto em Aracaju e no interior do estado. Eleito no dia 12 de maio do ano de 1911, D. José Thomas Gomes da Silva, foi o primeiro bispo do estado de Sergipe. Ao tomar posse recebeu todas as honrarias, não só pelo clero mais pelos políticos locais e membros da sociedade. Uma explicita demonstração de como seria a estadia do bispo no Estado. Desejoso em reestruturar a Igreja católica local, Dom José Thomais Gomes, como era chamado. Valeu-se de diversas táticas no campo da comunicação e educação consequentemente também da política. Fundando em 1918, o jornal “A Cruzada,” naquele período foi um dos mais importantes e duradouros

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periódicos do estado na primeira metade do século XX. No campo da educação ampliaram-se as instituições educativas de ensino feminino com a achegada de várias ordens religiosas de diversos países. O Bispo agiu taticamente disseminando o poder católico, temeroso em virtude da ampliação do protestantismo. A nossa pesquisa é qualitativa documental, recorremos aos arquivos do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe (IHGS) e o Arquivo Público de Sergipe, encontramos alguns artigos de periódicos e documentos oficias. Ao lermos esses documentos, usamos as lentes do historiador Jacques Le Goff, para considerar que todo documento consiste em rastros, resquícios, vestígios e, sobretudo, é fruto de uma construção social e, por isso, possui relações de poder. Por certo, quando nossos olhos leram o que estava registrado nas páginas amareladas dos documentos, tivemos a intencionados de despi-los de suas roupagens e da sua aparência enganadora. Ainda estudando as fontes a nossa categoria de analise é fundamentada nos conceitos da História das Instituições de Magalhães (2002), por meio de tal conceito podemos conjecturar que as instituições educativas estabelecem interações políticas e normativas em uma estrutura educativa, estas podem estar inseridas na dimensão nacional ou internacional. Assim, as instituições por serem vivas, do mesmo modo que as pessoas, são possuidoras de memória. Outro conceito utilizado foi o de tática, elaborado por Certeau (2000). Para melhor compreender o movimento da reforma católica no século XX no Brasil recorremos a Azzi (2008). Conclui-se que as ações do Bispo, contribuíram para ampliar e compreender o trabalho evangelizador da igreja católica e a fundação de diversos colégios confessionais em Sergipe.

“BONS TEMPOS AQUELES... OU NÃO”: MEMÓRIA, HISTÓRIA E ORALIDADE NAS RELAÇÕES SOCIAIS DO COLÉGIO PAROQUIAL NOSSA

SENHORA DO CARMO (1952-2000)

MARCELO SILVEIRA SIQUEIRA Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

A partir da década de 1930, com as transformações paradigmáticas ocorridas nos domínios da História (BLOCH, 2001), as instituições escolares passaram a ser consideradas lugares de significativas práticas culturais, demonstrando a possibilidade de contribuírem para um conhecimento histórico maior da sociedade e de seus processos educativos formais. Mais do que isso, especialmente a partir das múltiplas experiências do Brasil República (NUNES, 2003), a escola se tornou lugar privilegiado das relações sociais da infância e da juventude, não preparando os indivíduos apenas para a vida, mas sendo ela própria uma parte desta experiência. Nestes termos, o presente trabalho tem por objetivo verificar como se construiu uma narrativa histórica do Colégio Paroquial Nossa Senhora do Carmo, situado no município paranaense de Paranavaí, através da memória de seus ex-estudantes e professores e gestores escolares, partindo da constituição de um acervo de depoimentos coletados com base nos pressupostos metodológicos da história oral (PORTELLI, 2010; THOMPSON, 2002) e nos fundamentos teóricos concernentes aos estudos da memória, seja pela perspectiva individual (HALBWACHS, 2004), na sua dimensão histórica (LE GOFF, 2013), ou formadora de identidades (CANDAU, 2012). O Colégio Paroquial Nossa Senhora do Carmo surgiu como desdobramento de um projeto missionário estabelecido pela Ordem dos Irmãos da Bem Aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo, também conhecidos como Freis Carmelitas. Estes religiosos perceberam a grande dificuldade em ensinar a doutrina católica para as crianças da nova cidade, e isto se dava porque “muitas crianças não sabiam ler nem escrever. Isto de jeito nenhum era motivado por elas serem preguiçosas para estudar, mas por não haver escolas” (GOEVERT, 1992, p. 16). Desta forma, no contexto do segundo Governo Vargas (1951-1954), que remete à data de criação da escola, à contemporaneidade, cabe verificar quais foram as memórias construídas ao longo da segunda metade do século XX sobre as experiências vividas na instituição. São memórias afetivas ou pendentes à negação? As narrativas orais remetem às quais práticas escolares e quais relações sociais especificamente? Que discursos remetem à acomodação da cultura escolar ou ao desvio da norma em uma instituição confessional, supostamente zelosa pela disciplina e controle comportamental? Finalmente, como os resultados desta pesquisa podem contribuir para a historiografia da educação no estado do Paraná? Caracterizando-se como parte de uma pesquisa de dissertação de mestrado, e retomando a afirmativa de Marc Bloch, pretende-se com este estudo ressignificar o Colégio Paroquial Nossa Senhora do Carmo como um lugar privilegiado não somente de práticas culturais, mas também propício à criação de determinada memória social.

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BREVE RECORTE SOBRE A ORIGEM DA BIBLIOTECA NO MUNDO, NO BRASIL E NA CIDADE DE UBERLÂNDIA/MG.

MÁRCIA CICCI ROMERO Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

Esse trabalho tem o objetivo de fazer um recorte sobre como as bibliotecas originaram-se no mundo, no Brasil e na cidade de Uberlândia/MG. Inicia-se fazendo um levantamento de como a escrita se originou, já que para falar sobre a origem das bibliotecas, primeiro é preciso falar sobre a da escrita. A história das bibliotecas é também a história da informação, de seu registro, assim, veiculando-se a história do próprio homem. Ela mistura-se um pouco com a do Ocidente, por tentar reunir diversos pensadores e suas obras dentro de um espaço específico. Tendo em vista essa ideia, é que surgiram primeiramente particulares, acervos tanto de príncipes como da Igreja. Em especial, no Ocidente, a biblioteca evidenciou a tradição, como as escolas deveriam ser organizadas, além de diversas divergências de quem detinha seu controle, que eram os nobres, reis e a Igreja. Compreender o significado de um livro é importante para conhecer como se deu o desenvolvimento de uma biblioteca. Uma das bibliotecas mais antigas do mundo, a Biblioteca de Alexandria era considerada a biblioteca que armazenava todo o saber construído pela antiguidade, além de ser um dos maiores centros da cultura mundial no período em que foi criada no século III a.C . Os objetivos gerais são fazer um delineamento de como as bibliotecas surgiram e o caminho que foi traçado então para que elas viessem a nascer no Brasil. Esse trabalho também faz um recorte sobre os tipos de leitura, já que de acordo com a propagação do livro e das bibliotecas, diferentes formas de leitura foram surgindo como a em voz alta e a silenciosa. Dessa forma, o artigo tem como principal problemática delinear como as bibliotecas surgiram no mundo, o contexto em que foram criadas no Brasil até chegar na origem da formação na cidade de Uberlândia. A metodologia adotada fundamentou-se na pesquisa qualitativa e bibliográfica por meio da análise de livros. Normalmente eram nos colégios (principalmente com os jesuítas), mosteiros e conventos que as primeiras bibliotecas no Brasil surgiram. Os livros e a instrução só se fazem ser percebidos em 1549 quando é instalado em Salvador (Bahia), o governo geral. A cultura só passa a ser desenvolvida com a fixação dos conventos de várias ordens religiosas, incluindo, a do jesuítas, que foram os primeiros a abrirem colégios na Bahia, como também de possuir excelentes bibliotecas. Foi na região de Minas Gerais que profissionais tais como advogados, médicos, padres possuíam bibliotecas próprias conforme a sua escolaridade. A partir do século XVIII e XIX a leitura começou a ser difundida pelo Brasil, fazendo com que inúmeras pessoas começassem a ter móveis próprios para guardarem seus livros, e consequentemente, foram criados lugares especiais para o armazenamento deles, como livrarias e bibliotecas para a população.

INSTITUTO BORGES DE ARTES E OFÍCIOS: ESCOLA PROFISSIONAL DEIXADA EM TESTAMENTO POR BRASILEIRO DE TORNA-VIAGEM.

1921-1966

MÁRCIA CRISTINA BELUCCI WILSON SANDANO

Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

A pesquisa trata da decisão de um português em destinar sua fortuna para edificar uma escola no interior paulista. Conhecida no inicio de suas atividades como Liceu de Itu, o Instituto Borges de Artes e Ofícios – IBAO foi criado por vontade e determinação testamentária de Joaquim Bernardo Borges, que impôs a Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Itu, a construção e administração perpétua, de uma escola profissional e gratuita para jovens pobres. Caso não fosse inaugurada em três anos, os bens deixados seriam transferidos para as Misericórdias de Santos e Campinas, a fim de cumprir a demanda imposta. Borges viveu em Itu de 1850 a 1877, quando retornou a Portugal, onde faleceu em 1921. Era um típico brasileiro de torna-viagem, como eram chamados os portugueses, que após período de trabalho no Brasil, retornavam ricos a sua terra natal. Como fizeram alguns desses brasileiros, direcionando parte da sua fortuna para construção de escolas por intermédio das Misericórdias, Borges deixou a maior parte dos seus bens para a educação de Itu. O corte temporal, 1921 a 1966, corresponde ao momento da doação até o encerramento das classes mistas e noturnas, do curso de auxiliar de comércio, e turmas diurnas de marcenaria e corte e confecções instaladas no IBAO. Os cursos tinham a duração de dois anos e deram lugar a outros, atendendo a novas exigências do mercado. O levantamento começou na própria escola, resgatando livros de registro de funcionários e diplomas expedidos. Posteriormente, no acervo do Centro de Estudos do Museu Republicano - USP, em jornais da época disponíveis na Hemeroteca da Biblioteca Nacional e na legislação. Além de vasta bibliografia, destacando os pesquisadores portugueses Isabel dos Guimarães Sá, Ivo Carneiro de Sousa, Laurinda Abreu e Maria Marta Lobo de Araujo. Os primeiros resultados

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da pesquisa apontam que, o prédio do IBAO foi inaugurado em 28 de outubro de 1924, para que a Misericórdia de Itu não perdesse a doação, considerando que as obras da escola ainda não estavam concluídas. As primeiras turmas iniciaram somente oito anos após a inauguração oficial do prédio escolar, como evidenciam os registros de diplomas. Situação reafirmada, por meio dos registros de funcionários, professores e diretor da escola, contratados pela Irmandade, somente em 1932. O levantamento apurou ainda que os móveis e bordados confeccionados nas oficinas eram disponibilizados para venda, valendo-se da Legislação Federal de 1909, que permitia que escolas de aprendizes artífices, para ensino profissional e gratuito, revertessem sua produção em renda para a compra de materiais e em prêmios para o diretor, mestres e alunos. E que, a escola habitualmente contratava os alunos, com melhor desempenho, na função de auxiliar para os referidos cursos.

PATRONATO SÃO BENTO: PROCESSOS DE ESCOLARIZAÇÃO E DE ASSISTÊNCIA AO “MENOR” NO MUNICÍPIO DE DUQUE DE CAXIAS

(1950-1980)

MÁRCIA SPADETTI TUÃO DA COSTA Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

Este trabalho destina-se a apresentar resultados de pesquisa em andamento sobre o Patronato São Bento, instituição destinada ao acolhimento da infância empobrecida, criada no município de Duque de Caxias, no estado do Rio de Janeiro, no ano de 1955. Esta instituição se localizava no espaço do Núcleo Colonial São Bento, marcada por várias temporalidades. Busca-se apresentar, a partir da pesquisa documental do acervo da mesma, a trajetória de criação, o projeto destinado ao acolhimento e a instrução de meninos ora abandonados, ora infratores. Desta forma, esta pesquisa tem como objetivo a compreensão acerca das ações educativas destinadas aos meninos considerados empobrecidos, particularmente, o projeto assistencial e “regenerador” da infância e da juventude estabelecido na cidade de Duque de Caxias através da formação profissional. No estabelecimento do contato com as informações, nos deparamos com a fundação da Associação Beneficente de Menores, seus princípios e critérios para o recebimento dos menores, o processo de aprendizagem, a formação profissional e as normas de condutas exigidas das crianças. O estudo dos documentos orienta acerca do funcionamento administrativo e financeiro da instituição, a articulação das verbas públicas federal, estadual e municipal. O conjunto documental do arquivo garimpado nos oferece variados documentos, desde ofícios, requerimentos, livros de atas, livros-caixa, memorandos internos, até guia de inclusão e exclusão de menores, livros de registro de empregados, livro de ponto, entre outros. Além de uma investigação mais cuidadosa da atuação da Igreja Católica, do poder público municipal, das políticas públicas educacionais implementadas pelo Estado brasileiro sobre os menores e da relação destas com o projeto nacional de colonização e a formação profissional para os menores. A busca da noção de experiência formulada por Thompson nos ajuda a entender os sujeitos que viveram neste espaço. Assim como, as contribuições de Mendonça orientam nosso olhar a partir das políticas macro do mundo do trabalho que determinaram, muitas vezes, as de educação, além da compreensão da formação dos patronatos como projeto ruralista e como fruto das necessidades de controle social sobre um país em processo de adequação ao modelo capitalista. Já Passeti, nos permite perceber as considerações acerca do processo de criminalização da infância. A pesquisa acerca dos menores abandonados justifica-se por contribuir para os estudos da História da Educação, mais especificamente abrir o debate sobre a História da Infância na Baixada Fluminense. E, ainda, a Memória e a História do Patronato São Bento frente às políticas públicas de escolarização, de assistência e de proteção, do projeto nacional e demais esferas, o que possibilita a compreensão da concepção de cidade moderna. Vale ainda pontuar que esta pesquisa é pioneira no que se refere a instituição e as experiências vividas no interior dos patronatos na Baixada Fluminense.

OS SALESIANOS E A PARTICIPAÇÃO CATÓLICA NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL DO BRASIL IMPÉRIO

MARCO AURÉLIO CORRÊA MARTINS EDNA BRAGA PEREIRA

Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

Para uma compreensão do tempo histórico faz-se necessário buscar informações sobre as ideias circulantes em determinada época. Através de tal compreensão, torna-se o historiador sensível às mudanças decorrentes da introdução de novas alternativas. Procurando compreender a participação católica na questão educacional no tempo histórico das duas primeiras décadas da republica no Brasil, intentamos um estudo sobre a relação

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estabelecida no final do XIX entre educação profissionalizante e a questão social da pobreza na obra educacional salesiana. Esse estudo é parte de um projeto ainda em fase inicial, mas que conta com apoio da UNIRIO através do programa institucional de Iniciação Científica. A obra salesiana inicia-se em Niterói ainda no período do Segundo Império e tem a participação do Imperador no fomento e financiamento da escola salesiana em Santa Rosa. Naquele período, temos a educação como questão civil e disposta no sentido da maior inclusão das pessoas no processo civilizatório e/ou educativo no qual as necessidades do Estado Nacional em consolidação dava o ritmo dos investimentos. Paralelo a isso, a questão da pobreza, com o crescimento da sociedade urbana e industrial, torna-se cada vez mais preocupante: a industrialização produz novos pobres. A iniciativa salesiana liga a pobreza ao trabalho e nos permite perceber tal relação como socialmente aceita e válida. Ainda não tínhamos a educação como um direito social. Fundada pelo religioso Dom Bosco, a ordem dos salesianos tinha como característica a educação de jovens pobres e desamparados com a finalidade de equipá-los para saírem dessa condição. Assim como acontecia em Turim na Itália, nos colégios salesianos, ao se instalarem em Niterói, em 1883, eles começaram sua obra atraindo os jovens através de Oratórios Festivos, para encaminhá-los pela fé e oferecer-lhes um ensino profissionalizante. Consideramos assim, na obra salesiana, a educação como uma forma de diminuir as mazelas sociais. Com essa visão, os salesianos foram bem vindos ao Brasil, uma vez que por aqui já se havia instalado um “pensamento industrialista” com a que tornou necessária a capacitação de trabalhadores para as indústrias que instituíam uma produção brasileira, abrindo espaço para o desenvolvimento do país. A educação profissional no Brasil sempre esteve ligada a camada mais pobre da população num processo que ainda hoje é referido como uma dualidade educacional. A profissionalização era uma solução encontrada para amenizar as desigualdades e as mazelas sociais, tirando os “marginais” da rua e amparando os “desvalidos”. Nosso estudo pretende abordar como esse processo de profissionalização se deu no Rio de Janeiro sob o prisma da educação salesiana.

POR ENTRE CAMPAINHAS E CORREDORES: ORGANIZAÇÃO DO TEMPO E DO ESPAÇO NO GRUPO ESCOLAR CÉSAR BASTOS (1947-1961)

MARIA APARECIDA ALVES SILVA BETANIA DE OLIVEIRA LATERZA RIBEIRO

Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

RESUMO: A implantação dos grupos escolares teve início em São Paulo, a partir de 1890 e serviu de referência aos demais estados, que, ao seu modo e de acordo com suas condições financeiras, buscavam instalar este novo molde de ensino primário. Denominada, inicialmente, de escola graduada ou seriada, esse modelo pressupunha um sistema de ensino mais ordenado, de caráter estatal e estabelecia normas de relações intraescolares constituídas de acordo com a racionalidade científica e a divisão do trabalho. Além do mais, os grupos escolares trouxeram, em seu bojo, a necessidade de constituição e diferenciação de um espaço específico para o funcionamento da escola pública. Dada a relevância da escola primária, que ora se estabelecia no projeto modernizador republicano, considerou-se o imperativo de que a mesma fosse dotada de um prédio próprio. Para tanto, este espaço, que caracterizava o lugar da educação escolar, deveria ocupar posição de destaque. Além de legitimar um novo espaço para a educação, os grupos escolares instauraram, também, novas referências de tempos e ritmos. O intuito de delimitar o tempo passou a ser estabelecido pelo detalhamento das matérias de ensino, calendários e horários escolares, o que tornou necessário a presença de instrumentos como relógios, campainhas e sinetas. Sob esta vertente, o presente trabalho - situado no âmbito da história e historiografia da educação brasileira - apresenta resultados finais da investigação científica (em nível de Mestrado) concluída em 2013, sobre o processo de gênese, constituição e cotidiano do Grupo Escolar César Bastos, criado e instalado na cidade de Rio Verde/GO, no ano de 1947. Para tanto, tem-se como objetivo verificar como ocorreu o processo de apropriação do espaço e tempo escolar por esta instituição escolar, no período de 1947 a 1961. A opção pela construção acerca de interpretações sobre o modo de apropriação de tempos e espaços, realizados pelo Grupo Escolar, justifica-se por não haver, no âmbito local e regional, estudos neste campo (em nível de Mestrado ou Doutorado), pois até o momento, esta constitui a única pesquisa acadêmica que abarca o ensino primário difundido pelos grupos escolares. Anseia-se, também, elaborar um estudo que esteja inserido no cerne dos debates contemporâneos, buscando captar a relação particular/geral e suas imbricações. Com relação ao corpus documental, este trabalho versará na análise das seguintes fontes: Regulamento do Ensino Primário do Estado de Goiás (1949), entrevistas com ex-professores e ex-alunos, Livro de ponto de funcionários e fotografias. No entanto, há que se considerar que as fontes históricas resultam de produções humanas e, para tanto, serão consideradas como formas de expressão da materialidade investigada. Em linhas gerais, verificou-se, no Grupo Escolar César Bastos, a utilização racionalizada do tempo e dos espaços, de modo a garantir o controle sistemático do trabalho das professoras e a disciplina dos alunos.

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DIRETORAS DA ESCOLA NORMAL DE NATAL

MARIA CLAUDIA LEMOS MORAIS DO NASCIMENTO Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

Esta Pesquisa faz parte do Projeto História da Leitura e da Escrita no Rio Grande do Norte: presença de professoras (1910 - 1980) / CNPq, vinculado ao Grupo de Pesquisa História da Educação, Literatura e Gênero. O trabalho analisa a História das Práticas das Professoras/Diretoras que atuaram na Escola Normal de Natal, Rio Grande do Norte e insere-se na temática da História das Instituições Escolares. Fundamenta-se nos pressupostos da História Cultural em autores como (ALMEIDA 2007; 2008), (MORAIS; SILVA, 2011), (MORAIS, 2002; 2003; 2006; 2014) dentre outros, como também em documentos localizados, principalmente, no acervo do Instituto Superior de Educação Presidente Kennedy, no Arquivo Público do Estado do Rio Grande do Norte, no Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte e também no acervo do Grupo de Pesquisa História da Educação, Literatura e Gênero/UFRN. Analisamos o Registro de acontecimentos importantes do ano de 1958 sob Diretoria de Maria Elza Fernandes Sena destinado ao Diário de movimento da Escola Normal de Natal no referido ano e o Livro de Atas do Grêmio Nísia Floresta 1953/1959 sob Diretoria de Francisca Nolasco Fernandes, primeira Diretora mulher da Escola Normal. Propomos o estudo indagando como se configurava a sociedade Brasileira, durante o período investigado? O que as marcas de educação, práticas de leitura e escrita evidenciaram para a contemporaneidade? A referida Instituição formadora de professores reveste-se de importância para uma análise histórica devido à relevância em investigar a construção histórica das Instituições de ensino e formação de professores no RN com ênfase na prática pedagógica das professoras/diretoras que atuaram na direção da referida instituição. A relevância em tomar por objeto de estudo as Diretoras da Escola Normal de Natal justifica-se pelo nosso interesse em conhecer e analisar o papel dessas mulheres frente à educação. Esta investigação pretende contribuir para a historiografia da educação no Brasil e, em especial, no Rio Grande do Norte. Observamos que a Escola Normal de Natal funcionou em diferentes espaços e consolidou-se como a Instituição responsável pelo preparo dos mestres primários. O Estudo evidenciou que a Escola Normal de Natal era um espaço de atividades pedagógicas de afirmação profissional que estavam em conformidade com o movimento pedagógico no cenário Nacional resguardando o caráter inovador assimilando as mudanças didático pedagógicas que vinham ocorrendo transformando em um Centro de referência na formação docente, principalmente, de mulheres professoras.

FERROVIA E EDUCAÇÃO: LACUNAS E RESGATE HISTÓRICO

MARIA CRISTINA GARCIA LIMA IRLEN ANTÔNIO GONÇALVES

Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

A partir das pesquisas voltadas para o setor ferroviário, nosso objetivo nesta comunicação é apresentar o resultado de um estado da arte sobre a temática. Para isso, faremos o levantamento das dissertações de mestrado e teses de doutorado que tratam do tema, com foco para as escolas ferroviárias. A delimitação territorial das produções será a região sudeste, analisando os trabalhos desenvolvidos junto aos principais programas de pós-graduação das seguintes instituições: USP, Unicamp, UFRJ, UFF, UERJ, UFJF, UFMG, UEMG e CEFET-MG. A opção por estas instituições justifica-se pelo fato de a implementação da ferrovia no país ter sido inicialmente voltada para a região sudeste. Já em relação ao período de produção, serão aqui relacionados os trabalhos desenvolvidos na última década do século XX até o presente ano. A ferrovia foi de extrema importância no Brasil desde sua implantação, no final do século XIX, até a década de 1950, quando o setor automobilístico ocuparia seu lugar de destaque e, no lugar dos trilhos, o projeto nacional-desenvolvimentista do governo daria ênfase para as estradas rodoviárias. Ao longo do século XX, o setor ferroviário foi sendo esquecido, bem como sua história, seus personagens e sua importância no desenvolvimento do país. Como bem elucidado por Maia (2009), poucos são os documentos, as fontes escritas para serem consultadas, pois há um “sucateamento” dos documentos oficiais relativos à história da ferrovia. Procuramos analisar mais detalhadamente os trabalhos voltados para as escolas ligadas à ferrovia, seja para a instrução dos filhos dos ferroviários ou aquelas voltadas para a demanda do setor. Há que se destacar o contexto do surgimento destas escolas no desenvolvimento do ensino industrial. Autores e livros que se dedicam ao tema “ferrovia” também se encontram em número reduzido, porém, nos ajudam a entender o que desperta nos pesquisadores o desejo de realizarem trabalhos que abordem o tema e a temática aqui em destaque. Em relação às instituições escolares e a história da educação, teremos como referência Magalhães (2004) e Cunha (2000). Frente aos dados analisados, importa ressaltar que muito há que se pesquisar, por meio da ampliação de estudos já realizados, preenchendo possíveis lacunas, bem como abordar assuntos ainda não discutidos. São muitas as histórias e personagens que merecem destaque e

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Caderno de Resumos - Comunicações Individuais

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cabe a nós, pesquisadores, não permitir que esta história faça parte apenas da memória esquecida dos ferroviários e seus familiares.

SEMINÁRIO DE EDUCADORAS CRISTÃS: HISTÓRIA E A AÇÃO EDUCATIVA DA MISSIONÁRIA MARTHA HAIRSTON

MARIA DE LOURDES PORFÍRIO RAMOS TRINDADE DOS ANJOS Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

Esta pesquisa, objetiva investigar a história do Seminário de Educadoras Cristãs (SEC) em Recife – Pernambuco no início do século XX e a forma como Martha Hairston implantou seu projeto no período de 1953-1967. O SEC é um Seminário protestante batista, fundado em 1917, por missionários norte-americanos, que através das décadas vem prestando relevantes serviços na formação de professoras para atuarem nas escolas anexas às igrejas. Abordar a história do SEC e suas práticas educativas implica em conhecer o processo pelo qual passou a instituição para se expandir e se consolidar e analisar os pilares sobre os quais está fundamentada sua proposta e o que se propunha a realizar. Para que isso aconteça com legitimidade é preciso revisitar seus primórdios, procurando entender o plano acadêmico, religioso, social e civilizatório concebido pelas pioneiras e missionárias batistas norte-americanas, que, aos poucos, foram imprimindo o seu ideário em terras brasileiras. A missão de Hairston no Brasil tinha “uma dimensão religiosa – de salvar – no sentido clássico da palavra entre os protestantes – as pessoas, e uma dimensão civilizatória – difundir seu estilo de democracia e espalhar sua visão de progresso econômico. Portanto, Hairston tinha como finalidade salvar, ensinar, civilizar, isto é, trabalhar o homem integral por meio da educação. O projeto apresentado a Junta Administrativa do SEC incluía mudanças, na organização interna da instituição, no currículo na formação acadêmica com a inclusão dos novos cursos, e o estágio na Casa da Amizade. Ao analisar o cotidiano percebeu-se que existia uma inter-relação entre as práticas curriculares e o rigor disciplinar. Entre as práticas sociais existentes, estão presentes as festas das secistas, formatura e os banquetes, o dia de Educação Feminina, comemoração das aniversariantes, a vida social das moças, as excursões de formaturas, o cultivo da vida religiosa, a cantina, o refeitório, as preleções semanais e bolsa de trabalho. Baseando-me em fontes documentais, bibliográficas e iconográficas tais como: E-mail Boletim Informativo, prospectos, atas, jornais, livros, revistas, regimentos, ofícios, teses e dissertações, monografias. As categorias analíticas foram estabelecidas por Dominique Julia, cultura escolar, Roger Chartier, representações e Sacristán, currículo. Camargo, Mildred Cox Mein, Almeida e Souza serviram como aportes teóricos do trabalho. Durante a pesquisa constatou-se que o SEC era mantido pela Junta de Richmond e pela União Feminina Missionária Batista do Brasil. Foi evidenciado também a implantação da Casa da Amizade, novos cursos, mudança no currículo e no regimento interno.

HISTÓRIA DA FACULDADE DE FILOSOFIA DE CAXIAS DO SUL: MEMÓRIAS, NARRATIVAS E REPRESENTAÇÕES

MARIA INÊS TONDELLO RODRIGUES Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

Inserido na área da história da educação no Brasil, este estudo tem como objeto de pesquisa a Faculdade de Filosofia de Caxias do Sul. Iniciando as atividades em 1960, foi mantida de forma autônoma pela Mitra Diocesana local até 1967 quando foi incorporada à Associação Universidade de Caxias do Sul - UCS. Neste espaço de tempo ocorreu o Golpe Militar de 1964 que influenciou na continuação dos trabalhos na Faculdade. As Leis e normas estabelecidas pelo novo regime de governo atingiram as instituições escolares em todo o país. Conhecer a história de sua criação, quem foram os articuladores, seus objetivos, como era seu funcionamento, para identificar como aconteceu sua manutenção nesse período histórico, se tornou o objetivo principal desta pesquisa. A pergunta que norteou as buscas foi de que forma, por quem e com que objetivos foi articulada a criação e manutenção da Faculdade de Filosofia de Caxias do Sul entre os anos 1960 e 1967? Fundamentado na perspectiva da história cultural que nos possibilita vários olhares sobre um mesmo objeto considerando as relações e os sujeitos que os compõem, esse estudo visa a construção de uma narrativa e não uma constituição de verdade. Com amparo em teóricos como Chartier (1999; 2002), Pesavento (2008; 2012), Hunt (1992), Le Goff (1996; 1998) e Burke (2008), a ênfase recai em três conceitos: narrativa, representação e memória. Para alcançar o objetivo proposto e manter o foco, o estudo foi realizado a partir de documentos de acervos históricos, entre eles do município, da Mitra Diocesana e da própria UCS. Na análise dos documentos fica evidente a feição tomista de ensino com orientações da Igreja Católica. O diretor da instituição era nomeado pela mantenedora, bem como seu vice, secretária e conselho técnico administrativo. A Faculdade de Filosofia de Caxias do Sul foi

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criada pelo Bispo Diocesano Dom Benedito Zorzi, em 08 de julho de 1959, tendo iniciado suas atividades em janeiro de 1960, porém apenas em 1963 foi reconhecida pelo Ministério da Educação e Cultura. Iniciou com quatro cursos: filosofia, pedagogia, história e letras neo-latinas. Ministrados de forma seriada com calendário escolar de 180 dias efetivos de aula, sem considerar período de provas e exames, os cursos funcionavam da mesma forma. A avaliação era bimensal, nos meses de abril, junho, setembro e novembro. Na primeira quinzena de dezembro eram realizados exames orais com avaliação de todo conteúdo do programa. As avaliações bimensais tinham peso 6 e o exame oral peso 4, a soma dos dois fixava a nota final do aluno. Para aprovação sem exames de segunda época, era exigida nota 7 e para os que necessitassem desse exame a nota mínima para aprovação era 5. O aluno que ficasse com pendência em até duas disciplinas podia avançar de série de forma condicional. Apesar das regras rígidas, a Faculdade se manteve com apoio da Mitra Diocesana e colaborou para a formação de professores para o então ensino secundário na região serrana gaúcha.

ANTONIO MANOEL DE MELLO CASTRO E MENDONÇA E A CRIAÇÃO DA ACADEMIA MILITAR NA CAPITANIA DE SÃO PAULO

MARIA LUIZA CARDOSO Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

Este trabalho teve como objetivo analisar o papel de Antonio Manoel de Mello Castro e Mendonça, na promoção da educação básica e profissional na Capitania de São Paulo, durante o período em que foi Capitão-General (hoje, governador) responsável por este território (1797-1802). Dentre as referências consultadas, destacamos a “Memória econômico-política da Capitania de São Paulo”, apresentada pelo Capitão-General, em 1800, a D. Rodrigo de Sousa Coutinho, Secretário de Estado da Marinha e Ultramar. Esse documento foi elaborado com o intuito de oferecer sugestões para a resolução de problemas de ordem econômica, política, educacional e religiosa que a Capitania paulista estava enfrentando na época. A parte que nos interessa está contida no Capitulo VII, “em que se expõe o único meio de poder estabelecer-se a Aula de Geometria nesta Capitania e as mais de que devem constar as Academias Militar e Farmaco-Cirúrgica”. Através de Carta Régia de 19 de agosto de 1799, o Príncipe Regente D. João tinha determinado que fosse criada uma Aula de Geometria na Capitania. Todavia, o Capitão-General não tinha recursos para implantá-la. Em algum momento, ele se lembrou que o Príncipe tinha dado poderes às Câmaras para “lançarem as fintas” (contribuições ou taxas), que se julgassem necessárias para manterem os estudos de alguns “Engenheiros, Hidráulicos e Topográficos, Médicos, Cirurgião e Contadores”. Assim, lhe pareceu que, ao invés de financiar estudos fora da Capitania, melhor seria empregar a referida contribuição para criar uma Academia Militar, na qual não só se ensinasse a Geometria, mas, também, todas as disciplinas que fossem objeto das Ciências Matemáticas. O Capitão-General elaborou, então, um plano de curso para a Academia, no qual podemos observar que o seu objetivo era formar, também, na Capitania de São Paulo, mestres de primeiras letras que, no caso, seriam formados como contadores. Segundo Ferreira (1966) essa é a razão pela qual, até o início do século XX, “os alunos da Escola Normal da Praça, hoje Instituto de Educação ‘Caetano de Campos’, tinham uma cadeira de Escrituração Mercantil”. Os documentos necessários à realização desta pesquisa foram consultados nos acervos do Instituto de Estudos Brasileiros, localizado na Universidade de São Paulo, e do Conselho Ultramarino, microfilmado e digitalizado pelo Projeto Resgate de Documentação Histórica Barão do Rio Branco. Esperamos que o texto possa colaborar para a escrita da história da educação brasileira, principalmente, em São Paulo, através do viés da cultura militar, cujos documentos, relativos à área pedagógica, ainda são pouco explorados.

CURSO NORMAL REGIONAL DE MAMANGUAPE (1949-1959): FORMAÇÃO DE PROFESSORAS NO INTERIOR PARAIBANO

MARIA VALDENICE RESENDE SOARES Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

O presente artigo tem por objeto de estudo as primeiras turmas concluintes do Curso Normal Regional de Mamanguape/PB entre os anos de 1949 a 1959. O objetivo é analisar como se constituiu o funcionamento e as práticas educativas nas primeiras turmas deste curso. Buscamos fundamentação teórica e metodológica nos pressupostos da Nova História Cultural, especialmente em Le Goff (1996), Chartier (1990, 1994) Burke (1991,1997, 2008) e Magalhães (2004) que apontam para uma ampliação do uso das fontes e das abordagens historiográficas. Nesse sentido, trabalhamos com fontes documentais, fontes bibliográficas e relatos orais de professoras e ex-alunas dessa instituição de ensino. Em face dessas reminiscências nos aproximamos do contexto da formação de professoras no interior paraibano e ao entendimento de como estas práticas interferiram na

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representação dessa identidade profissional. Conforme posto por Magalhães (2004), o estudo sobre instituições educativas abarca uma leitura de uma realidade complexa e multifacetada, sendo assim buscamos decompor neste trabalho: a legislação que a rege, os aspectos econômicos e culturais que a embalam, as similitudes e diferenças entre instituições do mesmo porte. No mosaico que se configura esse processo, reunimos um acervo documental para análise, a qual se abre para as contribuições dos vários campos do conhecimento, fontes as mais variadas: dos escritos oficiais emanados do governo aos escritos privados de arquivos pessoais. A utilização da memória e da oralidade são, entre outras, novas fontes, e o pensar o que fazer com elas, se constitui em novas formas de fazer a história. É certo que o exercício está em identificar as sinalizações das representações postas por seus sujeitos. Entre estas representações, nos debruçaremos neste artigo a analisar duas inclinações até então identificadas: A primeira aborda práticas pedagógicas de cunho cívico – patriótico, representados pelas comemorações de datas cívicas e personalidades nacionais. A segunda aborda práticas disciplinares dado a “Educação Feminina”, ou seja, saberes considerados necessários aos cuidados com o lar e a família, estas mais presentes na disciplina Economia Doméstica, o qual, aponta para uma formação posta não só para a exercício docente, e sim para suas funções sociais de mulher, esposa e mãe.Pelos sempre incompletos resultados a que chegamos, destacamos que escrever sobre a história das instituições escolares no âmbito da história cultural significa mergulhar num contexto que permite compreender a própria cultura de uma época, enraizada nos processos escolares que, por sua vez, gera também ideias, práticas e hábitos que são culturais.

O CINEMA EDUCATIVO DO GINÁSIO PARANAENSE NA DÉCADA DE 1930

MARIANA ROCHA ZACHARIAS Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

O cinema educativo foi introduzido no Brasil na década de 1920 e consistia na utilização pedagógica de recursos cinematográficos. O cinema nacional passa por uma revalorização durante a década de 1930, especialmente a partir do Estado Novo. A cinematografia como estratégia didática não era pensada apenas para a educação formal, mas principalmente como arma ideológica que poderia atingir um maior número de pessoas. Em 1937, é criado o Instituto Nacional do Cinema Educativo, o qual reforçou o caráter civilizador desse recurso, produzindo documentários e filmes pedagógicos que seriam distribuídos às escolas e exibidos em locais públicos. O principal objetivo neste artigo é analisar o espaço destinado ao Cinema Educativo dentro da estrutura física do Ginásio Paranaense e também a importância atribuída a esta atividade dentro da instituição e na imprensa local. O projetor de cinema, inaugurado no ano de 1933, foi instalado no Salão Nobre da instituição, espaço destinado também às Conferências Mensais. Tais conferências tiveram início no ano de 1928 e eram proferidas por professores da própria instituição de ensino, sendo destinadas à comunidade em geral, não apenas aos alunos do Ginásio. Os temas das conferências eram variados, podendo estar relacionados à saúde, como o alcoolismo por exemplo. Traçamos um paralelo entre a exibição de filmes educativos e a realização de tais eventos, pois ambas as atividades, fazem parte de um projeto institucional de palestras pedagógicas. As palestras, cujos temas eram entendidos como de interesse de toda a sociedade, bem como a exibição de vídeos educativos, estavam em consonância com o projeto de educação de massas do Instituto Nacional de Cinema Educativo, pensado a nível nacional e iniciado com os educadores da Escola Nova. Não se pode deixar de mencionar a importância das reformas educacionais realizadas em vários estados na década de 1920, sendo que aqui no Paraná o idealizador de uma dessas reformas foi o professor Lysimaco Ferreira da Costa. Para a realização desse artigo foram utilizados documentos levantados no acervo do Centro de Memória do Colégio Estadual do Paraná e também em periódicos de época disponíveis na Biblioteca Pública do Estado. Dialogamos com bibliografias que abordam o cinema educativo em sua perspectiva política-ideológica e educacional, ou seja, como instrumento de controle de massas, mas também como instrumento pensado para auxiliar os profissionais da educação – mesmo tendo uma conotação evidentemente civilizadora. Além de teses e dissertações que analisam o Cinema Educativo no Brasil, para esta análise foram utilizados como principais referenciais os trabalhos de Marta Maria Chagas de Carvalho, sobre a Escola Nova e os trabalhos de Maria Helena Capelato para endossar a discussão a cerca do Estado Novo.

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A LITERATURA CIVILIZATÓRIA DE RUI BARBOSA NAS CARTILHAS BRASILEIRAS E “LIÇÕES DE COISAS”: MEMÓRIAS E NARRATIVAS

ESCOLARES.

MARIAZENEIDE CARNEIRO MAGALHÃES DE ALMEIDA Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

Os métodos pedagógicos, particularmente o “método intuitivo”, ou “lições de coisas”, introduzido no Brasil pelas mãos de Rui Barbosa, em 1886, que traduziu sua versão americana na obra de Norman Calkins. Foi, anteriormente defendido também pela Reforma de Leôncio de Carvalho, em 1879, por meio das versões francesas de Lições de Coisas . O objetivo desse texto é dialogar com narrativas de ex-alunos de escolas isoladas e/ou rurais do noroeste mineiro (décadas 1920-1940) por meio das suas memórias e lembranças com os dados empíricos da pesquisa (livros didáticos, cartilhas, cadernos, relatórios) e parte da literatura produzida sobre esses temas. As críticas de Rui Barbosa, vão influenciar várias reformas da instrução pública no início do período republicano. A ênfase na implantação do “método intuitivo”, considerado como moderno e científico, nos contornos de uma política educacional, naquele contexto, tinha o claro propósito de forjar a construção de uma nacionalidade divorciada das interferências da Igreja, daí as críticas dirigidas à educação jesuíta e a influência da sua cultura arraigada nas práticas escolares e educativas da sociedade brasileira. No bojo dessas críticas, vinham embutidas a valorização da escrita e da pronúncia corretas, vistas naquele momento como importante instrumento de unidade nacional, de fortalecimento da língua pátria e da imagem do País. As memórias escolares dos narradores versam sobre as formas do ensinar e as práticas educativas ou estratégias do educar, dos seus mestres – entendidas na sua dimensão ampliada, ou seja, tanto em seu viés pedagógico: leituras, argüições, materiais didáticos; como das estratégias do educar: autoridade, castigos, rituais. O Projeto para a Instrução Pública elaborado por Rui Barbosa trazia no seu bojo preocupações de forte colorido político-ideológico, de construção de uma “consciência nacional”, de forjar a identidade de um País que se pretendia moderno, por isso, letrado. Palavras-Chave: Método Intuitivo; Literatura Educacional. Memória Escolar.A literatura civilizatória de Rui Barbosa nas Cartilhas Brasileiras e “lições de coisas”: memórias e narrativas escolares. Os métodos pedagógicos, particularmente o “método intuitivo”, ou “lições de coisas”, introduzido no Brasil pelas mãos de Rui Barbosa, em 1886, que traduziu sua versão americana na obra de Norman Calkins. Foi, anteriormente defendido também pela Reforma de Leôncio de Carvalho, em 1879, por meio das versões francesas de Lições de Coisas . O objetivo desse texto é dialogar com narrativas de ex-alunos de escolas isoladas e/ou rurais do noroeste mineiro (décadas 1920-1940) por meio das suas memórias e lembranças com os dados empíricos da pesquisa (livros didáticos, cartilhas, cadernos, relatórios) e parte da literatura produzida sobre esses temas. As críticas de Rui Barbosa, vão influenciar várias reformas da

DE ALUNO A PROFESSOR: O COTIDIANO DE UMA ESCOLA RURAL DA COMUNIDADE DE PEDRAS EM MATO GROSSO (1940-1960)

MARINEIDE DE OLIVEIRA DA SILVA Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

Em Mato Grosso nos anos de 1940 houve a propagação de inúmeras escolas rurais nas mais diversas áreas do estado. Isso porque, as escolas rurais por não demandarem maiores investimentos por parte dos governantes mato-grossenses e por poderem ser instaladas até mesmo na casa dos professores, eram o modelo escolar considerada ideal para um Estado considerado extremamente rural. As dificuldades de acesso às escolas rurais ultrapassavam estradas quase intransitáveis e viagens de barcos, elas se somavam a falta de estrutura física com conforto reduzido para os alunos na aula, pois na maioria havia somente bancos e mesas feitos de tronco de madeira e escassez de materiais pedagógicos, em sua maioria. Outra característica importante das escolas rurais se constituía no fato de que alunos poderiam mais tarde assumir a mesma escola em que eles foram alfabetizados. Tal fato ocorria porque nas comunidades era raro se estabelecer como morador mais de um professor. Assim, na falta do docente oficial, o aluno que mais sobressaísse, fosse filho de professor e/ou morasse na comunidade, era convidado a assumir o cargo de docente na escola. Para apreender minúcias deste cotidiano, este trabalho busca pesquisar sobre a escola rural da Comunidade de Pedras, Alto Paraguai – MT que teve, depois de anos, seu aluno como professor entre anos de 1940 e 1960. A pesquisa encontra-se situada no campo da historiografia, com análise de fontes documentais disponíveis nos principais arquivos de Mato Grosso como o Arquivo Público de Mato Grosso (APMT) e Arquivo da Casa Barão de Melgaço (ACBM) e depoimentos de professores primários que atuaram nos citados anos. A presente pesquisa busca subsídios em autores da História da Educação, como Frago (1998) Julia (2001), Sanfelice (2006, 2007), Sá (2012), entre outros, que possuem como

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Caderno de Resumos - Comunicações Individuais

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foco de estudo as instituições escolares, bem como seu cotidiano educacional. Os dados indicam que ser aluno da uma escola rural e após alguns anos ser professor dessa mesma escola constituía-se um status na comunidade, era um reconhecimento da formação recebida na escola e o único meio de se continuar com as “portas” da escola aberta. Mesmo com a falta de estrutura física e pedagógica, o professor tinha uma classe com níveis diferentes de conhecimento para lecionar, alguns dos estudantes da escola rural moravam com os professores, por não terem como retornar frequentemente a suas casas, pois à distância era um fator complicador para as crianças. Um professor poderia permanecer em uma escola rural, dependendo de suas aspirações profissionais, até 30 anos e só deixava o cargo para se aposentar.

O PROCESSO DE CRIAÇÃO E PRIMEIROS ANOS DE FUNCIONAMENTO DA ASSOCIAÇÃO PESTALOZZI DA CIDADE DE DOURADOS/MS 1985-

1990

MARLEY AUGUSTA DA SILVA SANTOS MARIA EDUARDA FERRO

Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

O presente estudo é a primeira das aproximações das discussões de uma pesquisa institucional. Temos como objetivo neste texto fazer uma reflexão histórica sobre os discursos presentes nas atas da diretoria da Associação Pestalozzi do município de Dourados (MS) sobre a sua fundação, em 1985, e os primeiros anos de funcionamento da então chamada Sociedade Pestalozzi de Dourados. A relevância social dessa instituição para a educação especial no município e para a história da educação especial em Mato Grosso do Sul (MS), bem como a inexistência de pesquisas científicas que se debruçaram especificamente sobre sua origem, foram alguns dos fatores que motivaram esta pesquisa. O recorte temporal eleito (1985-1990) é determinado pelo ano de fundação da instituição e o marco da educação especial no Estado de Mato Grosso do Sul quando, em consonância com a política nacional, houve a proposição da descentralização do atendimento dos alunos com deficiência em escolas especiais visando uma integração/inclusão em escolas da rede regular de ensino. Algumas perguntas norteadoras proporcionaram verificar que a proposta de trazer o Movimento Pestalozziano para a cidade de Dourados partiu de uma iniciativa privada. Foi o advogado e empresário Joaquim Lourenço Neto, pai de uma criança com deficiência, que vislumbrou estabelecer a instituição no município. As atas das reuniões da diretoria da Pestalozzi dão conta da fundação da Sociedade em junho 1985, entretanto, foi em meados de 1986 que a entidade iniciou o atendimento com o acompanhamento de uma equipe multidisciplinar às 20 crianças com deficiência (então nominadas de excepcionais). Os primeiros anos de funcionamento da Sociedade Pestalozzi de Dourados foram marcados por crises financeiras. O convênio firmado com a Prefeitura Municipal não foi suficiente para evitar o atraso de pagamentos de aluguéis e as consequentes mudanças de espaço físico. A falta de materiais didáticos exigiu que a diretoria adotasse a prática de promover almoços e jantares beneficentes, bingos e solicitassem doações dos empresários da cidade e da Loja Maçônica para custear os gastos de alimentação e transportes de alunos. O empenho da diretoria ao buscar novos convênios e associados e a ajuda da sociedade civil da época, foram cruciais nesse período para que pudessem continuar com o seu trabalho junto às crianças com deficiência. A Sociedade Pestalozzi de Dourados vem com a proposta de proporcionar condições para que essas crianças e jovens se tornassem ativos na sociedade.

HISTÓRIA E MEMÓRIA DAS INSTITUIÇÕES ESCOLARES DO MUNICÍPIO DE CIANORTE-PR

MARLI DELMÔNICO DE ARAÚJO FUTATA ALESSANDRO SANTOS DA ROCHA

Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

A pesquisa objetivou compor a história e memória das instituições escolares do município de Cianorte, localizado na região noroeste do Estado do Paraná. Fundada em 1953, pela Companhia Melhoramentos Norte do Paraná, Cianorte atraiu pessoas interessadas em prosperar por meio da agricultura em solo roxo e fértil. A cidade de Cianorte teve como base da economia até os anos 1970 a produção de café quando, no final da década, fortes geadas e mudanças na política econômica nacional afetaram drasticamente o setor cafeeiro e alteraram o curso da história. Assim como os demais municípios da região, Cianorte enfrentou o desemprego e o êxodo rural e na busca de alternativas para manter seu ritmo de desenvolvimento apostou na industrialização no setor de confecção. A partir de então, empresários, comerciantes e mesmo antigos produtores rurais passaram a investir

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no novo ramo de atividade. A expansão econômica, impulsionada pelo setor e, a geração de tantos postos de trabalho disseminou, como outrora, a ideia de um novo eldorado. Famílias inteiras de pequenas cidades da região e de outros Estados foram atraídas aumentando consideravelmente a população do município. Nesse cenário, a educação no município teve que se voltar ao novo ciclo de desenvolvimento. O crescimento do município requeria um modelo de educação formal para os filhos dos seus colonizadores. O quadro foi iniciado pela construção da primeira instituição de ensino, a Casa Escolar de Cianorte, em 1955. Desde então, outras instituições escolares foram surgindo, sobretudo em áreas rurais, entretanto, não deixavam de atender aos interesses do levante urbano que se instaurava no período. Ao eleger este município como objeto de estudo levou-se em consideração a ausência de produção historiográfica sobre a educação local, fato que justifica a necessidade de empreender pesquisas que venham a guardar a sua memória histórico-educativa. A pesquisa foi alicerçada em documentos produzidos e preservados pelas instituições educacionais e órgãos oficiais e escritos que versam sobre a memória e análise documental como trabalhos já realizados sobre Instituições Escolares. Também utilizou-se obras contemporâneas que tratam da pesquisa em história da educação e da história do Brasil. Quanto ao eixo teórico-metodológico norteador da pesquisa, a opção foi pelo método da História, cujas categorias, entre elas o trabalho, contribuíram para explicitar o evento educacional no município em questão como um fenômeno da relação trabalho- capital. Acredita-se que o objetivo da pesquisa de contribuir com a memória e história das instituições escolares locais, foi alcançado.

AS CONGREGAÇÕES RELIGIOSAS E A EDUCAÇÃO: UM ESTUDO DIRECIONADO À DIVINA PROVIDÊNCIA E SUA VINDA PARA O

MUNICÍPIO DE TUBARÃO/SC.

MARLISE DE MEDEIROS NUNES DE PIERI Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

O objetivo central deste estudo foi compreender como ocorreu a expansão da congregação da Divina Providência para o Brasil, até sua chegada a Tubarão/SC, qual sua atuação no campo da educação, especialmente das crianças pequenas. As informações que serão apresentadas fazem parte de uma pesquisa de mestrado em educação. A pesquisa foi realizada com intuito de investigar as primeiras iniciativas de jardins de infância coordenadas por congregações religiosas, sendo pesquisados diversos documentos entre eles as crônicas que são uma espécie de registro das principais atividades desenvolvidas por determinada congregação durante um período de tempo. Um dos principais documentos analisados nesta pesquisa foi localizado no arquivo do Colégio São José, se refere a textos descritivos do desenvolvimento das principais atividades da congregação da Divina Providência, sendo intitulada “A primeira crônica do Colégio São José (1895-1919)”. Com intuito de preservar suas memórias as irmãs registraram suas vivências, suas origens, sua história em relatos anuais, que expressam a imagem que a congregação quer passar de si para o público, tanto interno quanto externo. Este documento relata desde a saída das Religiosas da Alemanha em 1895 até 1919, sendo que consta a data da primeira iniciativa de jardim de infância em Tubarão/SC, que foi em 1908. Sabe-se que, as crônicas caracterizam-se por um material carregado de subjetividade, mas rico em inúmeras questões a serem discutidas, entre elas as relações estabelecidas entre a igreja, sua própria estrutura e a educação. Para realizar as análises utilizaram-se autores como Gramsci (1995), Thompson (1981) e kosík (2002) entre outros para pensar a influencia da igreja na organização social a partir da atuação das religiosas, e a função do intelectual orgânico e tradicional na sociedade e o poder hegemônico nas relações aqui estabelecidas, com a vinda desta congregação como uma maneira de dar assistência religiosa ao seu povo, por intermédio do Padre Francisco Topp, ao perceber as dificuldades de evangelizar, voltou à Alemanha em busca de ajuda feminina, encontrando apoio na Congregação da Divina Providência, essa foi a primeira expansão desta congregação, as religiosas no seu país de origem já desenvolviam trabalhos no campo da educação e da saúde e agiam para a igreja como “fermento na massa” disseminando os princípios da igreja católica a cultura da fé cristã e os dogmas da igreja, com a sua função direcionada prioritariamente a catequese, por meio da educação.

CIVISMO, RELIGIÃO E TRABALHO: O INSTITUTO CRUZEIRO E A EXPERIÊNCIA SALESIANA NO VALE DO PARAÍBA PAULISTA

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MAURO CASTILHO GONÇALVES MARINA TATIANA FERREIRA COSTA

Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

A pesquisa examinou aspectos da história do Instituto Cruzeiro, localizado no município paulista de Cruzeiro. Criada por Álvaro Moitinho Neiva em 1932, o educandário adotou princípios e métodos da Escola Nova, segundo informações coletadas em Introdução ao Estudo da Escola Nova, de Lourenço Filho. O principal elemento que conduziu a investigação foram às relações estabelecidas entre Neiva e a Congregação dos Filhos de Sales. Conhecidos como salesianos, e adeptos da filosofia de Dom Bosco, seus seguidores adotaram um conjunto de procedimentos pedagógicos que denominaram “Sistema Preventivo”, pautado na presença direta do mestre na vida do discípulo, no controle de suas iniciativas, objetivando evitar a falta e o erro, por meio de exercícios espirituais e de reflexão. Álvaro Neiva, uma liderança vinculada ao campo intelectual católico das décadas de 1920 e 1930, defendeu em sua escola uma organização pedagógica e didática pautada nos princípios salesianos de civilidade, espiritualidade e vivência no trabalho. Para fundamentar os procedimentos da pesquisa foram utilizadas categorias analíticas propostas por Jean-François Sirinelli, dentre elas os conceitos de intelectual, itinerário e rede. A principal fonte primária examinada foi uma coleção de revistas publicadas pelo Instituto Cruzeiro, um boletim denominado Coleção Instituto Cruzeiro. Os seus cinco volumes registram aspectos do cotidiano da escola, notadamente os eventos considerados nevrálgicos para Neiva e sua equipe. Também foram consultados veículos da imprensa local, a saber: Jornal Cruzeirense, Jornal de Cruzeiro e O Momento. Além desses periódicos, outra fonte pesquisada foi o livro Educação Moral e Cívica e as Instituições Extraclasses, escrito por Neiva e publicado em 1972, contexto no qual o autor era vice-presidente da Comissão de Educação Moral e Cívica. Essa obra, mesmo sendo produzida durante a ditadura militar, com fins pedagógicos de difundir a contribuição da educação moral e cívica para as escolas brasileiras, relata a sua experiência como fundador e diretor do Instituto. A escola, em sua trajetória, recebeu apoio de representantes da elite intelectual católica, particularmente Alceu de Amoroso Lima, de bispos e padres da região e de Lourenço Filho que, em seus discursos, teceu elogios à proposta de Neiva e à prática da salesianidade - conceito utilizado pelo fundador em suas publicações - para expressar a filosofia institucional que a escola defendeu e corroborou em suas iniciativas. Civismo, religião e trabalho foram os fundamentos que nortearam as iniciativas coordenadas por Moitinho Neiva e sua equipe de professores e técnicos, num ambiente sócio-histórico em que prevaleceu a articulação entre princípios do escolanovismo e a defesa do paradigma católico (salesiano) na organização pedagógica da instituição em pauta

PEDAGOGIA NO CÁRCERE: HISTÓRIA E MEMÓRIA DAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS DOS PEDAGOGOS NAS UNIDADES PENAIS DO PARANÁ

MAXCIMIRA CARLOTA ZOLINGER MENDES Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

O presente artigo destaca a possibilidade de emergir na realidade educacional dos espaços prisionais pelo recorte da história cultural e refletir sobre o trabalho do professor pedagogo responsável pela assistência educacional promovida dentro dos espaços de privação de liberdade do Estado do Paraná. Objetivando identificar em que medida o trabalho desse profissional possibilita aos apenados (as) a garantia do direito à educação, buscou-se pesquisar: Quem são os profissionais que atuam dentro das prisões? De que forma o trabalho do pedagogo (a) colabora para a implantação e efetivação da oferta de educação dentro dos espaços prisionais? Quais requisitos formativos e conhecimentos pedagógicos são imprescindíveis a esse profissional para atuar dentro desses espaços? O homem e a mulher presos, na condição de cidadão em conflito com a lei, dá-nos a falsa impressão de restrição abrangente dos seus direitos, no entanto, o direito máximo que lhes é negado é a liberdade de ir e vir, cabendo ao Estado à garantia de todos os outros direitos que não sejam atingidos pelo cerceamento a liberdade, inclusive a educação. A lógica em se garantir a educação é elementar, pois sendo o Estado responsável pela custódia e tutela do encarcerado, deve ele ser o responsável por apresentar os resultados esperados pela sociedade. Dados do Departamento Penitenciário do Paraná DEPEN (2013) indicam que a população carcerária paranaense é constituída de: 94% dos apenados do sexo masculino, 6 % do feminino, 60 % estão na faixa etária de 18 a 29 anos, em torno de 70 % da população possui escolaridade em nível de ensino fundamental incompleto e provenientes de famílias de baixa renda. Diante dessa realidade cumpre ao pedagogo a função de organizar uma aprendizagem com vistas a atender às demandas educativas diversas (DCN do curso de Pedagogia, 2006) e promover práticas pedagógicas emancipatórias dentro desses espaços. As reflexões deste estudo resultam de uma pesquisa com abordagem qualitativa de caráter bibliográfico, documental e de campo, com aporte teórico-metodológico na História Cultural. A pesquisa de campo consistiu de entrevistas semiestruturadas realizadas com 34 pedagogos (as) das 31 unidades penais do estado. Para os referenciais teóricos temos os estudos: Certeau (1982), Chartier (1990, Julia (2001), Falcon (2006), Pesavento (2005), Halbwachs (1990), Pacheco e Oliveira

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(2013), Gatti e Barreto (2009), Silva (1999), Tanuri (2000), Freire (1976, 1990, 2000, 2006), Julião (2007, 2011), Onofre (2007) e Ireland (2011). Ainda outros subsídios com leis e documentos da execução penal; documentos oficiais relacionados às normativas da Educação Básica e Educação de Jovens e Adultos e estudos relacionados à educação prisional. O presente estudo suscita novos e relevantes debates acerca da formação do profissional pedagogo para atuação em espaços diversos, como a prisão. As reflexões contribuíram para repensar os prisionais e a necessidade de trabalho pedagógico emancipador.

OS CAMINHOS DA HISTÓRIA DA INFÂNCIA NO INTERIOR DO ESTADO DE SERGIPE: O JARDIM DE INFÂNCIA JOANA RAMOS (1969 – 1985)

MICHELLINE ROBERTA SIMÕES DO NASCIMENTO Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

Com o objetivo de desvelar os caminhos da história da infância no interior do Estado de Sergipe e os aspectos educacionais da primeira instituição de Educação Infantil pública no município de Tobias Barreto, Estado de Sergipe/Brasil no período de 1969 – 1985, o presente trabalho tem por objeto de estudo o Jardim de Infância Joana Ramos e insere-se em um amplo movimento que procura investigar o atendimento às crianças pequenas no percurso da História da Educação. O referencial teórico e metodológico que orienta este trabalho está ancorado na historia cultural (CHARTIER, 1988), pelo qual passo a entender as práticas e representações da referida instituição. No que se refere à metodologia, além da pesquisa bibliográfica e documental foi necessário a metodologia da história oral (ALBERTI, 2004), pois esta aponta um leque de possibilidades na construção do fazer historiográfico. Ancorada nos conceitos de Instituição Educativa (MAGALHÃES, 2004) e de Infância (ÀRIES, 2004) foi possível apreender o Jardim de Infância Joana Ramos enquanto instituição educativa e entender sua representatividade dentro da sociedade tobiense, pois esta lhe confere um sentido histórico e alarga a consciência das particularidades infantis a luz das mudanças ocorridas na sociedade. Nesse sentido, o presente artigo apresenta as vozes da memória de uma instituição de educação infantil e justifica-se pela relevância de conhecer o processo de ensino e a evolução educacional de uma população através da instrução e da institucionalização dos seus espaços educativos. Com vista a esse entendimento, insere-se o presente estudo sobre o Jardim de Infância Joana Ramos como pioneiro no atendimento a educação infantil para crianças de 3 a 6 anos no referido tempo e lugar, como um organismo vivo, regado de memórias. Dar a ler a história do Jardim de Infância Joana Ramos não é somente contar a história da primeira instituição de educação infantil, sem os seus devidos historiais, por isso é preciso lançar olhar para dentro dos seus muros escolares e entender o contexto educacional e o caminhar da Educação Infantil. Procuro historiografar o contexto educacional da cidade de Tobias Barreto, município localizado na Região do Centro Sul Sergipano contribuindo assim com os estudos em História da Educação e da infância com o propósito de dar luz e compreender a trajetória da Educação Infantil no interior do estado de Sergipe tendo em vista a necessidade de apreender, interpretar e compreender a sua trajetória histórica.

“EDUCAÇÃO DO POVO PARA O POVO": O MOVIMENTO ASSOCIATIVISTA PELA EXPANSÃO DA EDUCAÇÃO POPULARA

EDUCAÇÃO POPULAR NO BRASIL (1870 – 1889)

MILENA APARECIDA ALMEIDA CANDIÁ Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

Este trabalho traz alguns resultados de pesquisa iniciada desde meu doutoramento, cujo o enfoque recai sobre o movimento associativista no Brasil no final do século XIX com ênfase voltada para a educação popular. Apoiada nos conceitos de rede de sociabilidade e de cultura política a pesquisa procurou compreender o papel da organização maçônica no movimento associativista, entre 1870 e 1889, examinando-se a composição social e os espaços de atuação dos maçons. Parto da hipótese de que tal movimento insere-se, em grande medida, assim como ocorreu em outros países Latino-Americanos, em um ensaísmo pedagógico, jurídico e político, cuja perspectiva filosófica apóia-se em uma vertente de pensamento que teria servido de contraponto ao Positivismo e para qual teria desembocado formas alternativas de se pensar a sociedade e sua relação com o Estado. Pretendo, ainda, compreender, em que medida este movimento associativo oitocentista inseriu-se no processo de conformação dos Estados Nações Latino-Americanos, forjados na esteira do séc. XIX, quando tais práticas associativas são tomadas como um dos instrumentos de pedagogia cívica, vinculadas à instauração do espaço público e à formação do novo cidadão e pelas quais, ganha centralidade a expansão da escolarização popular.

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Caderno de Resumos - Comunicações Individuais

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Tive como foco de análise os espaços culturais, pedagógicos e de sociabilidade criados e mantidos por maçons ilustrados, como por exemplo, a Associação Promotora da Instrução da Corte (1874), assim como as associações propagadoras de São Paulo, Minas, Pernambuco entre outras regiões. A criação dessas associações teria fornecido legitimidade e reconhecimento político e social aos seus organizadores e criaram ambiente para iniciativas concretas como a fundação e manutenção de aulas diversas e escolas gratuitas, algumas das quais remanescentes no espaço das cidades, como a Escola Municipal Senador Correia no Rio de Janeiro, a Biblioteca Municipal Pelotense (RS), entre outras. Foram também responsáveis pela criação e manutenção de bibliotecas, periódicos, conferências públicas entre outras iniciativas. Para a realização deste estudo, a investigação apóia-se em múltiplas fontes documentais, privilegiando, no entanto, as publicações da imprensa maçônica em diálogo com material proveniente de diferentes arquivos e que inclui diversos tipos de documentos, como textos legais, biografias, cartas, estatutos de associações, atas de assembléias, balancetes orçamentários, dados relativos à matrícula e aprovação em disciplinas, relatórios diversos, além de toda uma bibliografia nacional e internacional dedicada ao exame da relação entre maçonaria e educação e uma literatura historiográfica voltada tanto para a compreensão da Sociedade e do Estado, quanto da maçonaria brasileira no final do século XIX.

OS CASTIGOS ESCOLARES E SUAS PRESCRIÇÕES: SERGIPE, BAHIA E PARAÍBA (1840-1890)

MILENA CRISTINA ARAGÃO RIBEIRO DE SOUZA Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

Nos anos 1800, os castigos escolares aplicados nas crianças tinham dois fins: punir tanto o mau comportamento, quanto o aluno que não respondia de maneira apropriada as questões formuladas pelo docente. Como instrumentos punitivos havia a férula, o chicote ou a temida palmatória, bastante citada em obras literárias oitocentistas, a exemplo do texto “Memórias de um Sargento de Milícias” publicado em 1854 por Manuel Antônio de Almeida, onde a palmatória é retratada como um artefato comumente utilizado pelo professor; e no romance “O Ateneu” de Raul Pompéia, publicado em 1888, no qual Sérgio – protagonista da trama - relembra os anos em que viveu no internato, evocando a palmatória como um dos instrumentos que o professor se valia para manter a disciplina em sala de aula e garantir a aprendizagem dos alunos. As obras citadas, mesmo fazendo parte de textos ficcionais, são inseridas na realidade contextual da sociedade da época, revelando práticas comuns no ensino oitocentista, conforme apontou Cesar Castro (2010) ao analisar os castigos na instituição Casa de Educando Artífices do Maranhão, na segunda metade dos 1800, o qual relatou sobre as palmatoadas sofridas pelas crianças, denunciando que a internalização das regras de conduta e a aprendizagem dos conteúdos de ensino se davam – também - através dos castigos físicos. Todavia, a palmatória estava com os dias contados no que dependesse do Estado. Seu uso, visto como inadequado para educar crianças, foi proibido em 15 de outubro de 1827, apoiado na Lei Imperial que, dentre diversas prescrições, indicou a prática dos castigos escolares baseada no método Lancasteriano, o qual vetou os aviltes físicos e enalteceu os castigos morais para punir ações inadequadas. Após, com o Ato Adicional de 12 de agosto de 1834 - que instituiu a descentralização do sistema educacional – cada Província regulou a instrução primária e secundária à sua maneira, abordando a questão dos castigos conforme acreditava ser apropriada ao seu contexto. Desde então, foram redigidas uma série de leis, regimentos e decretos contendo especificações sobre como os professores deveriam castigar as crianças. Neste contexto, o presente artigo visa investigar e problematizar alguns ordenamentos oitocentistas publicados entre as décadas de 1840 e 1890, em Sergipe, na Bahia e na Paraíba. Tais textos foram problematizados à luz dos estudos histórico-culturais, entendendo que as Leis não existem por si só, mas estão em constante interação com o contexto, imersas num conjunto de relações sociais, formando e conformando praticas, tendo ao mesmo tempo um caráter histórico e político.

CONTEXTUALIZANDO O PASSADO, COMPREENDENDO O PRESENTE: BREVE HISTÓRICO DO INSTITUTO FEDERAL FLUMINENSE CAMPUS

CAMPOS CENTRO E SUA RELAÇÃO COM O ALUNO COM DEFICIÊNCIA.

MILLANY MACHADO LINO Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

Este trabalho tem o objetivo de traçar um breve histórico do Instituto Federal Flumiense campus Campos Centro, em Campos dos Goytacazes – RJ, e sua relação com os alunos com deficiência. Busca-se aqui abordar a chegada dos primeiros alunos com deficiência visual nessa instituição e quais práticas educativas foram adotadas fazendo

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dessa escola uma referência regional no trabalho com o ensino inclusivo. O debate relacionado à inclusão social de pessoas com deficiência tem conquistado cada vez mais espaço na sociedade. As pessoas com deficiência possuem um histórico, construído em determinada época e cultura, de exclusão do convívio social, mas atualmente possuem direitos específicos e importantes na luta pela inclusão. Nessa perspectiva de inclusão, a educação tem sido uma via, e o Instituto Federal Fluminense (IFF) campus Campos Centro, tem sido uma referência regional. O instituto possui o Núcleo de Apoio a Pessoas com Necessidades Educacionais Especiais (NAPNEE), responsável por gerir as diversas ações voltadas para a inclusão. A história do Instituto Federal Fluminense - IFF campus Campos Centro é algo relevante para a compreensão da relação deste com a inclusão dos alunos com deficiência no espaço escolar. De tal modo, abordaremos alguns aspectos desde sua criação, como algumas questões da política educacional no decorrer do século XX, considerando a influência dos fatos ocorridos neste período para as ações desta instituição na atualidade. O censo demográfico demonstra que no país ao menos 12.777.207 milhões de pessoas, representando 6,7% da população total, declararam possuir pelo menos uma deficiência severa (IBGE, 2011). Apesar desta quantidade de pessoas, no mínimo expressiva, ainda há dúvidas sobre o que é deficiência. As escolas, importante espaço de direito para a inclusão, possuem inúmeras dificuldades para se tornarem inclusivas, e no IFF campus Campos Centro também existiram, e ainda há barreiras para se concretizar a inclusão de pessoas com deficiência. Neste ponto, será abordado então o que é deficiência, como foi a entrada dessas pessoas na instituição, e quais são as ações voltadas para esta realidade. O Histórico do IFF e autores como Frigotto (2006), Cunha (2000), Mota (2008), Fávero (2004), Sassaki (2003) e outros deveram ser utilizados na análise do trabalho. As reflexões trazidas no mesmo tende a contribuir para ampliar o olhar sobre as pessoas com deficiência como sujeitos de direitos e analisar as práticas educativas envolvidas no processo de inclusão dos alunos com deficiência.

HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO E MUSEUS: POSSÍVEIS DIÁLOGOS

NATÁLIA THIELKE Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

Este estudo aborda as relações entre a História da Educação no Brasil e as instituições museológicas. Parte do pressuposto de que a História da Educação insere-se no âmbito da História Cultural que, por sua vez, emerge das intensas aproximações entre a História com outros campos do saber, como por exemplo, a Museologia. Sustenta a noção de que os museus são objetos de estudos que se relacionam intimamente com a educação, uma vez que, sendo espaços onde ocorrem ações de ensino e aprendizagem, assim como a produção ativa dos sujeitos. Ainda neste sentido, segue a premissa de que a educação é uma prática social coletivamente construída que tem por escopo a formação dos sujeitos e, portanto, opera-se em distintas instituições sociais. Para balizar a construção argumentativa proposta, toma-se como objeto de análise o Museu das Missões, localizado no município de São Miguel das Missões, noroeste sul-rio-grandense, projetado pelo arquiteto brasileiro Lucio Costa com o objetivo de ser um simples abrigo para as esculturas em madeira policromada remanescentes dos povoados jesuítico-guaranis, instalados naquela região entre os séculos XVII e XVIII. O corpus documental que embasa o presente trabalho é constituído por documentos textuais, tais como jornais, relatórios e decretos, e iconográficos, como plantas, mapas e fotografias. Desse modo a metodologia adotada contempla a análise de conteúdo dos referidos documentos. As sucessivas aproximações com o referido corpus empírico permitem inferir que a partir da concepção de Lucio Costa sobre o significado dos remanescentes do povoado missioneiro de São Miguel foi engendrado um discurso educativo cujo propósito era dar visibilidade a um passado selecionado não apenas pelos agentes patrimoniais do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional envolvidos na criação do Museu das Missões como também pela própria ação de Lucio Costa e sua concepção sobre o que deveria ser visto e lembrado naquele local, uma vez que a construção física do Museu, acompanhada de um processo de recuperação da ambiência do povoado missioneiro de São Miguel produziu uma construção didática que previa a organização de placas com legendas, mapas e plantas que, de forma lúdica e resumida, deveriam informar os visitantes sobre a história daquele local. Espaços não escolares como os museus interessam às investigações no âmbito da História da Educação por oferecerem diversos modos de construção de narrativas que almejam educar. No caso específico em estudo, a estatuária missioneira foi ressemantizada ao ser inserida no espaço de um museu cujo objetivo maior era ensinar sobre um determinado passado das ruínas da antiga igreja reducional e da região missioneira.

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A FACULDADE DE EDUCAÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE (1967-1971): ORIGENS E CONTRIBUIÇÕES.

NAYARA ALVES DE OLIVEIRA MIRIAM FERREIRA DE MATOS

Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

O presente texto tem o objetivo de apresentar a trajetória histórica da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Sergipe, no período de 1967 a 1971. A proposta inicial deste estudo é esclarecer questões relativas ao processo de criação, instalação e funcionamento dessa instituição, no espaço do ensino superior sergipano. Nesse sentido, também se pretende compreender as expectativas perante sua efetiva contribuição na formação do magistério e, consequentemente, no desenvolvimento cultural do Estado de Sergipe. Para tal, a metodologia foi desenvolvida a partir dos procedimentos da pesquisa histórica associada a uma análise bibliográfica e documental, ambas ancoradas nos pressupostos teórico-metodológicos da Nova História, mais precisamente da nova corrente historiográfica denominada História Cultural. Diante da análise, foi possível concluir que a Faculdade de Educação (FACED) da Universidade Federal de Sergipe foi criada legalmente em 1967, através do desmembramento da Faculdade Católica de Filosofia de Sergipe. Essa iniciativa foi uma exigência do Conselho Federal de Educação, através do relator do processo de criação da UFS, Newton Sucupira. O impasse gerou algumas divergências entre Dom Luciano Duarte (enquadrado no grupo defensor das Faculdades de Filosofia) e Newton Sucupira (responsável pelo movimento de extinção destas unidades no Brasil). A posição de Dom Luciano Duarte também gerou alguns conflitos internos, pois os alunos da Faculdade de Direito acreditavam que essa defesa na manutenção da Faculdade de Filosofia, estava atrelada a sua influência sobre o ensino básico. A instalação da FACED ocorreu no ano seguinte. Nesse processo, vários encontros e cursos foram realizados pelos conselheiros Newton Sucupira e Valnir Chagas, para assessorar os diretores da unidade. A ex-diretora da Faculdade da UFS tinha uma participação ativa nestes encontros. Aliás, os alunos e professores participavam de muitos eventos referentes à Educação em Sergipe e em outros Estados. A FACED, também promovia muitos encontros ligados à formação pedagógica, dedicados a comunidade interna e externa. Além dos cursos de extensão, aquela unidade ofereceu outros dois cursos superiores: de Pedagogia e Licenciatura. Enquanto o primeiro era considerado o eixo central da FACED, em virtude da formação integral dedicada aos alunos; o segundo concedeu apenas as disciplinas pedagógicas aos estudantes oriundos de outros cursos. Diante destas atribuições a FACED tornou-se o locus pedagógico da UFS.

QUANDO O TOCANTINS ERA GOIÁS... MEMÓRIAS DE ESCOTEIROS NA DÉCADA DE 1980

OTÁVIO CÉSAR DOS SANTOS BORGES NÁDIA FLAUSINO VIEIRA BORGES

Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

O objetivo deste trabalho é relatar as vivências e memórias dos escoteiros do Tocantins na década de 1980. Investiga-se como a educação proporcionada pelo método educacional da instituição escoteira contribuiu para a formação do caráter e da personalidade dos seus alunos colaborando para a formação de cidadãos conscientes, comprometidos com a sustentabilidade e a solidariedade, incentivando para atuar em meio à sociedade de forma engajada, combativa, ética e ordeira. A instituição escoteira criada em 1907, pelo inglês Robert S. S. Baden Powel, com a missão de contribuir para a educação dos jovens da época, imersos em alcoolismo, fundamenta o processo educativo em no dever para com Deus através da crença e vivencia de sua fé, no dever para com os outros na participação social e no serviço, e no dever para consigo mesmo comprometido com seu desenvolvimento pessoal. Baseado em um sistema de valores fundamentados na lei e na promessa escoteira, reconecta o homem à Deus, à natureza, e à sociedade, valorizando a participação individual e a construção coletiva, e é desenvolvido por adultos voluntários desde a sua criação. No programa educativo, o jovem é desafiado a assumir seu próprio desenvolvimento através do cultivo de valores como: lealdade, disciplina, verdade, companheirismo, honra, fraternidade, responsabilidade e sustentabilidade, em escalas local, regional e global. A partir da metodologia da História Oral, primeiramente revisou-se a literatura sobre o tema, e posteriormente realizou-se entrevistas semiestruturadas que foram degravadas e inseridas no artigo. Os sujeitos da pesquisa são 15 adultos engajados na sociedade atual, que outrora, em sua infância e juventude (1980) foram beneficiários do programam educativo do movimento escoteiro no Norte de Goiás. Resultados iniciais das transcrições das entrevistas evidenciam a relevância da educação aperfeiçoada pelo escotismo para a formação de cidadãos participativos na comunidade e comprometidos com a sustentabilidade ambiental e com a resolução dos problemas socioambientais. As memórias ainda caracterizam a importância da educação escoteira, que desenvolvida

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disciplinarmente com metodologia própria, que consegue proporcionar o desenvolvimento social, a consciência para a cidadania, a solidariedade e a sustentabilidade, através do lúdico e do desafio do trabalho em equipe na vida ao ar livre. As memórias e a vida ao ar livre promovem total integração dos sujeitos com o meio ambiente e a comunidade do entorno, primando pela melhoria na dinâmica das relações.

A INSTRUÇÃO PRIMÁRIA EM BELO HORIZONTE: DEMANDAS POR ENSINO NA CIDADE REPUBLICANA

PAULA MYRRHA FERREIRA KARINA FERNANDES NICÁCIO

MARIA CRISTINA SOARES DE GOUVEA Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

Esta pesquisa tem como objeto o estudo da escolarização na cidade de Belo Horizonte na Primeira República, abrangendo o período entre 1906 e 1927. Partindo-se da concepção de que o processo de escolarização é dinâmico e envolve os diferentes sujeitos – governo, professores, funcionários, famílias e alunos -, nesta pesquisa, ainda em desenvolvimento, busca-se apreender não apenas o discurso e a atuação do governo para a efetivação das políticas educacionais, mas priorizar as ações da população na busca por instrução, numa tentativa de apreender a demanda social por ensino primário. Para tal, tomamos como fonte principal a imprensa, pois esta pode conferir visibilidade à demanda social por instrução, priorizando os jornais de baixa circulação e produzidos por segmentos populares. Em Belo Horizonte, até o final da década de 1920 já havia aparecido cerca de 430 publicações, com uma população que, na virada da década, já ultrapassava os 100 mil habitantes, o que revela a importância deste veículo como canal de expressão da população. Observa-se na análise dos temas tratados por esses jornais que a educação está muito mais presente no discurso oficial. Não se vê um forte apelo pela instrução por parte das classes populares nesses jornais. A cobrança concentra-se pelos serviços de infraestrutura. A solicitação de serviços como abastecimento de água, luz, bondes, a limpeza de terrenos baldios é constante nessas fontes. Tendo em vista o fato de que a escola está inserida nesse meio, pode-se inferir que as condições desses serviços também afetavam o cotidiano escolar. A responsabilização do professor pela qualidade do ensino, assim como também o apontamento dos baixos salários e das más condições do trabalho docente são assuntos recorrentes nos jornais já consultados. Com a obrigatoriedade do ensino e com a criação dos grupos escolares em 1906, pela reforma João Pinheiro, tem-se um investimento do Estado nos grupos escolares – ensino graduado - e também nas escolas isoladas – multisseriadas, ampliando consideravelmente a malha de atendimento escolar na cidade. Mesmo assim, verificou-se a presença de anúncios com oferta de aulas particulares, que caracterizam-se por ofertar um ensino individual no espaço doméstico. Consideramos que, com a implementação da escola graduada, a questão da repetência emerge como problema. Diante disso, temos como hipótese a criação de dispositivos de apoio à aprendizagem do aluno. As aulas particulares teriam como objetivo a qualificação desta ou a preparação para o ensino secundário. A discussão acerca do trabalho docente e a oferta de aulas particulares revelam certo questionamento da qualidade do ensino, assim como um possível investimento na qualificação do aluno. Cabe considerar que os jornais expressam uma diversidade étnico-social da população da cidade naquele período numa cidade que buscava ser a expressão do projeto republicano de educação, através da reforma do espaço urbano.

CO-EDUCAÇÃO DOS SEXOS EM DEBATE NO BRASIL NA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XIX

PAULO ROGÉRIO MARQUES SILY AMANDA DE JESUS FONSECA

Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

Em tempos de institucionalização da educação escolar e de racionalização da pedagogia este trabalho tem por objetivo analisar o debate sobre a co-educação dos sexos na segunda metade do século XIX no Brasil. Polêmico à época, este tema foi tratado por educadores e autoridades de governo, tendo estado presente em exposições pedagógicas, conferências, congressos de instrução e planos de reforma da educação, muitos deles publicados em forma de pareceres, relatórios e artigos, em revistas e jornais de circulação nacional e internacional. Na intenção de examinar tal debate, buscamos evidenciar argumentos e considerações de educadores e parlamentares referentes à educação mista, a fim de perceber possíveis afinidades entre suas ideias e contribuições sobre este tema. Para orientar nossa investigação, buscamos responder a questões como: 1) Quais

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concepções pedagógicas sobre co-educação dos sexos estiveram em circulação no período evidenciado? 2) Quais as possíveis conexões entre as ideias em circulação e os argumentos apresentados por educadores e parlamentares? Para essa investigação tomamos como fontes estudos de Rui Barbosa sobre co-educação dos sexos, expressos em seus trabalhos - Reforma do Ensino Secundário e Superior (1882) e Reforma do Ensino Primário e Várias Instituições Complementares da Instrução Pública (1883) - e a opinião de professores e educadores sobre o tema, presentes nos Pareceres enviados à Mesa Diretora do Congresso da Instrução e nos trabalhos apresentados na Sétima Conferência Pedagógica, ambos em 1883. O primeiro foi elaborado quando o parlamentar ocupou o cargo de Relator da Comissão de Instrução Pública, encarregada de apreciar o Decreto nº 7.247, de 19 de abril de 1879, de autoria do ministro Carlos Leôncio de Carvalho, o qual reformava o ensino primário e secundário no município da Corte e o ensino superior em todo o Império. Em seus Pareceres dedicou parte de seus estudos ao que considerou a especificidade das mulheres em sua sexualidade e os cuidados que requer, inserido no debate a respeito da co-educação dos sexos ou igualdade de ensino para ambos os sexos. Já os pareceres e trabalhos apresentados nos encontros de educação aqui analisados foram escritos por educadores para discussão de assuntos referentes à instrução e ao ensino a partir de seus conhecimentos e experiências sobre o tema em questão e sua adoção nas escolas primárias, nos estabelecimentos de instrução secundária e nas escolas normais. Nesse estudo foi possível verificar a circulação de concepções pedagógicas entre Brasil, Estados Unidos e países da Europa, baseadas, em geral, em argumentos de ordem moral, econômica e médica, que deveriam ser considerados para a educação de jovens de ambos os sexos.

ESCOLA LAR SÃO JOSÉ: UM DIÁLOGO ENTRE A HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES EDUCACIONAIS E A POLÍTICA DE EDUCAÇÃO INTEGRAL

NO BRASIL CONTEMPORÂNEO.

PAULO SÉRGIO CANTANHEIDE FERREIRA Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

A Escola Orfanato Lar São José tem origem na década de 1920 com o objetivo de acolher meninas órfãs, a fim de conferir-lhes formação moral, religiosa e domestica. A partir da Década de 1980 a Escola realiza uma transformação radical em sua prática pedagógica ao situar os educandos como sujeitos dos processos educacionais. Os meios utilizados para a transformação da prática educativa foram: a aproximação das famílias dos educando junto à escola, atividades culturais e esportivas, trabalho manual e a parceria com as organizações dos movimentos sociais. De acordo com notícias vinculadas na imprensa da época e documentos da própria instituição, visava-se desenvolver um processo de formação em que a aquisição de conteúdos estivesse integrada às práticas cotidianas e à leitura crítica da realidade social, política e cultural dos educandos. Diante disso, o presente trabalho procura investigar se as práticas educacionais, adotadas naquela ocasião, refletem no projeto de educação integral desenvolvido pela instituição na atualidade. Partindo do pressuposto que a referida escola, enquanto experiência de tempo integral, possui boa conceituação regional e o plano nacional de educação estabelece que até 2020 cerca de 50% das matrículas efetuadas nas escolas públicas brasileiras sejam em escolas de tempo integral, a investigação aqui desenvolvida adquire relevância ao procurar trazer a baila possíveis contribuições de experiências do passado para a implantação de projetos de Educação integral na atualidade. Visto que o ideal de educação integral subsiste na história da educação brasileira desde as propostas do professor Anísio Teixeira na década de 1930, o trabalho visa, a partir do exemplo aqui estudado, estabelecer uma interface entre a História das instituições educacionais e o processo de implantação da política de Educação integral no Brasil contemporâneo. Para isso, Trabalharemos com fontes documentais da própria instituição, bem como com notícias vinculadas na imprensa no período de transição pedagógica da instituição (de 1979 a 1987). Para nos ajudar analisar a atual política brasileira de implantação da Escola de tempo integral frente os ideais históricos de educação integral no Brasil contaremos com as contribuições de Limonta (2013). Lançaremos mão da “Semântica dos tempos históricos” de Koselleck (2006), para quem o lugar das experiências do tempo presente possibilita a construção de um horizonte de expectativa para o futuro. A reflexão a ser desenvolvida no decorrer do trabalho nos permitirá indagar se os horizontes de expectativas, construídos no passado, por essa e outras instituições, em torno da Educação integral, não poderão servir de inspiração para a construção de uma política de Educação integral na atualidade?

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VIII Congresso Brasileiro de História da Educação

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PASSAGENS SOBRE DUAS ESCOLAS DE FORMAÇÃO DE PROFESSORAS NA REGIÃO DO GUAPORÉ/MT/RO, A PARTIR DA DÉCADA DE 1930:

SOB O OLHAR DE MULHERES NEGRAS DOCENTES

PAULO SÉRGIO DUTRA Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

O presente trabalho é parte do resultado de uma pesquisa oral e documental desenvolvida junto ao grupo de pesquisa Educação e Memória (GEM) da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) no decorrer de 2008 a 2010. A pesquisa teve como objetivo analisar a experiência de duas instituições religiosas criadas pelo Frei Dom Francisco Xavier Rey na cidade de Guajará-Mirim/MT e outra na região de Ilha das Flores na povoação de Costa Marques/RO. A pesquisa tem como recorte temporal os anos entre 1930 e 1960. Tais escolas foram criadas com intuito de formar professoras para atender a população valeguaporeana em idade escolar. Para compor este estudo, utilizou-se a pesquisa bibliográfica que versa sobre trabalhos realizados sobre as experiências das professoras formadas nas escolas em questão, além de abarcar os conceitos de eugenia, higienismo e nacionalismo. Utilizou-se também fontes iconográficas, ofícios, Regulamentos e Relatórios de Instrução Pública. Nesse sentido, a pesquisa tratou de conhecer o “Colégio Santa Terezinha”, e a “Escola Zona Rural Governador Mader”, escolas de caráter progressista; para formar professoras, e muitas delas negras para atuar na instrução pública e vencer o analfabetismo na região do Vale do Guaporé a partir da década de 1930. Partindo das fontes de pesquisas elencadas acima, pretende-se reconstituir a história dessas instituições que além de forma educadoras, formavam também agentes de saúde e religiosas para atuar em diversas frentes na sociedade guaporeana. Sobre essas experiências, registra-se a presença de um interlocutor conhecido por Dom religioso Dom Rey, fundador dessas escolas que propôs alternativas para a educação e para a alma das populações das localidades em questão. Esta pesquisa traz algumas indagações a respeito do percurso destas instituições religiosas que atenderam todo o Guaporé, tais indagações referem-se as ações para tornar essas instituições uma realidade. A esse respeito, questiona-se: havia um programa de para ensino a formação dessas professoras nestas instituições? Qual foi o destino das professoras após receberem a formação? Quais experiências puderam as professoras formadas construir? Como as comunidades viam estas professoras? Que percurso cumpriu essas duas escolas fundadas por Dom Rey? Desse modo, considera-se essas experiências com educação de extrema relevância para a localidade em questão, uma vez que a região naquela ocasião era caracterizada como de difícil acesso. Isto posto, presumo-se que havia uma ausência do estado brasileiro nas feituras do processo educacional da população nesta localidade. Findo a pesquisa, pretende-se inscrever estas experiências no âmbito da historiografia da educação, local, regional e nacional.

MEMÓRIAS DA ESCOLA: ARQUITETURA ESCOLAR, DISCURSO PEDAGÓGICO E OS DOCUMENTOS INSTITUCIONAIS EM UMA ESCOLA

PÚBLICA DE CAMPINAS/SP DOS ANOS DE 1970.

RAYANE JÉSSICA ARANHA DA SILVA MARIA DO CARMO MARTINS

Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

Memórias da escola: arquitetura escolar, discurso pedagógico e reforma de ensino em uma escola pública de Campinas-SP dos anos de 1970. Esta comunicação estabelece relações entre arquitetura escolar, discurso pedagógico e os documentos institucionais da Escola Estadual Professor Antônio Fernandes Gonçalves, localizada em Campinas/SP, no período da ditadura militar. A instituição em que se desenvolve o estudo foi projetada e construída no final da década de 1960 e desde sua fundação até os dias atuais testemunhou a implantação de diversas politicas educacionais, tendo como grandes marcos desses processos a reforma de ensino promovida pela Lei 5692 e posteriormente, a sua municipalização em 2008, sendo este o ato que conferiu à escola o encerramento de suas atividades. A pesquisa histórica de caráter documental analisa os documentos da escola relacionando-os com a reforma de ensino, sua politica curricular e os desdobramentos sobrepostos à arquitetura escolar, assim como investigam-se possíveis formas de lidar com os espaços nesta unidade educacional. Os lugares da escola têm muito a dizer, a formatação dos diferentes espaços, a construção moderna e a imponência de sua estrutura arquitetônica, tem revelado a importância da mesma na formação da grande parcela da população até então fora escola de seus arredores e bairros vizinhos, outro aspecto relevante na pesquisa evidencia a grande capacidade de expansão de atendimento após a implantação da reforma de ensino. Para avaliar as transformações curriculares e arquitetônicas sob a injunção da reforma, foram considerados os documentos institucionais administrativos e a produção normativa do período. Neste sentido os estudos de

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Caderno de Resumos - Comunicações Individuais

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GOODSON (1995) são referenciais para o desenvolvimento da pesquisa, já que o autor defende a análise histórica do currículo, pois esta auxilia na compreensão da escola em seu interior, assim como as tensões e conflitos dos atores nela presentes. O estudo da arquitetura dos espaços escolares constitui-se como um subsídio importante para a apreensão das complexidades existentes entre os muros da escola. As disposições dos espaços presentes e ausentes dentro de uma instituição escolar formatam a diagramação de “uma espécie de discurso que institui na sua materialidade um sistema de valores, como de ordem disciplina e vigilância, marcos para a aprendizagem sensorial e motora, e toda uma semiologia que cobre diferentes símbolos estéticos, culturais e também ideológicos” (ESCOLANO, 1998, p. 26). Analisados de forma articulada, currículo e arquitetura escolar, trazem à tona as transformações e modificações das instituições escolares e constituem um campo frutífero para investigação no campo da cultura escolar. VINÃO FRAGO; ESCOLANO. A. Currículo, Espaço e subjetividade. A arquitetura como programa. Rio de Janeiro: DP&A Editora, 1998. GOODSON, I. Currículo: Teoria e História. Petrópolis, RJ, Vozes, 1995.

A HISTÓRIA DO CONSELHO DE EDUCAÇÃO DO DISTRITO FEDERAL (CEDF): UM ÓRGÃO QUE CONTRIBUI PARA O EXERCÍCIO DA

CIDADANIA E DA PARTICIPAÇÃO SOCIAL

REGINA TOMAS BLUM DE OLIVEIRA Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

O objetivo dessa comunicação científica é apresentar a história do Conselho de Educação do Distrito Federal (CEDF), especialmente sua trajetória e a importância de sua constituição no processo histórico de luta pela democracia e pela gestão participativa da educação no Distrito Federal – DF. A fim de compreender o contexto sociopolítico de seu surgimento e os impactos causados à sociedade da capital do país, utilizou-se como referencial teórico-metodológico Cury (2001), Le Goff (2007), Bardin (2011), Gohn (2011) e Bordignon (2012) entre outros. A instituição do CEDF deu-se pelo Decreto n. 171, de 7 de março de 1962, da então Prefeitura do DF (CAPANEMA; LIMA, 2008). Constitui-se como órgão de deliberação coletiva, normativo e orientador das atividades educacionais do Sistema de Ensino do Distrito Federal. Como, no momento de sua instituição, o DF, por questões legais, era ainda considerado município, passou a acumular, na área educacional, as competências atribuídas aos estados e aos municípios, conforme se lê no parágrafo único do artigo 1º da Lei n. 9.394/1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional). Por esse motivo, desde sua origem, o CEDF assumiu o modelo e a identidade, tanto na composição quanto nas atribuições, dos Conselhos Estaduais de Educação. Observa-se, na trajetória do CEDF, ter ele sido submetido a múltiplas formas de organização e de orientação de suas relações com a União (GOMES; JESUS; SOUZA; CAPANEMA, 2013). É importante divulgar, também, como os conceitos de cidadania, de participação social, de democracia e de qualidade na educação comparecem nas decisões do Conselho de Educação do Distrito Federal (CEDF). Ressalta-se que o CEDF apresenta-se como órgão que contribui para o exercício da cidadania por meio da participação popular, por isso, possibilita a construção de uma sociedade democrática, que atua a serviço dos interesses da população, nesse sentido, a ênfase deve ser dada às funções consultiva, normativa, deliberativa e à função de assessoramento, as quais visam à construção de uma educação de qualidade. Além disso, o CEDF labora também como órgão de assessoramento da Secretaria de Educação, em sua gestão e na mediação de decisões entre o governo e a sociedade, visando sucessivamente a acolher a todos da melhor maneira, mas imperando sempre pela formulação de políticas e diretrizes que levem à edificação e à qualidade das escolas e do ensino no DF. É, portanto, conveniente que se conceba o CEDF como órgão capaz de realizar mudanças estruturais e reconhecê-lo, de fato, como espaço de participação social e de promoção da cidadania.

ASPECTOS DA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO - OS TESTES ABC NO CONTEXTO DA ESCOLA IPIRANGA/RS

RENATA DOS SANTOS ALVES CARMO THUM

Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

A Historiografia da educação apresenta lacunas quando visualizada na escala regional. As fontes em análise dão conta de apresentar a documentação de uma escola multisseriada localizada na região da Serra dos Tapes/RS. De um conjunto de documentos, analisamos em específico a presença dos Testes ABC elaborados por Lourenço Filho, sua aplicabilidade e função. Datado de período histórico a partir da Escola Nova, a presença dessas fontes

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documentais no acervo em análise revela que seu uso era corriqueiro em diferentes espaços da educação nacional, conforme demonstram os estudos da área. Sua disseminação atingiu até mesmo os mais recônditos lugarejos, entre eles, o da escola em análise: Escola Ipiranga. A documentação dos Testes ABC revelam práticas educativas da instituição na medida em que pressupõem e orientam concepções epistemológicas de ensino e aprendizagem ao que diz respeito à ‘verificação da maturidade necessária à aprendizagem da leitura e da escrita’ (LOURENÇO FILHO, 2008). A aplicação destes testes acontecia no ingresso do aluno na instituição, caracterizando-se como pré-requisito para a matrícula do estudante na 1° série do Ensino Fundamental. Os dados utilizados na análise são provenientes do banco de dados do Núcleo Educamemória (IE/FURG) e referem-se a documentos de escrituração escolar. Dentre eles: livros de atas, livros de matrículas, livros de frequência escolar, fichas de matrículas, testes ABC e boletins. Tais artefatos culturais da história da educação fazem parte de um conjunto de documentos encontrados nos arquivos de escolas da região rural da Serra dos Tapes. A localização deste arquivo escolar ocorreu por meio de práticas de pesquisa continuada articuladas pelo Núcleo Educamemória. As fontes documentais em análise revelam características da escola Ipiranga como uma escola rural situada no interior da Serra dos Tapes, no sul do Rio Grande do Sul, distante 70 km da sede do município de Pelotas. Datações documentais apontam para o fato da Escola Ipiranga ter sido municipalizada no ano de 1960. Os dados de escrituração escolar nos registram procedimentos formais e o cotidiano da história da instituição. A escola era multisseriada tendo em média um ou dois professores atuando por ano. Em trinta e cinco anos de funcionamento catorze docentes atuaram na escola Ipiranga. Apenas em um caso o professor permaneceu na instituição por mais de dois anos, totalizando o tempo de vinte e cinco anos. Havia na escola quatro ou cinco classes de aula, turmas de alfabetização a 4° série do Ensino Fundamental. Em três anos letivos funcionou na instituição a 5° série. Informações de comemorações cívicas, datas festivas, realização de provas finais e exames, reunião com pais e/ou comunidade, assim como inícios e términos de anos letivos aparecem nos livros de atas como práticas educativas formais realizadas no espaço da instituição escolar.

CENTRO DE PESQUISA, MEMÓRIA E HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DE DUQUE DE CAXIAS E BAIXADA FLUMINENSE - UMA EXPERIÊNCIA

INSTITUINTE EM EDUCAÇÃO PATRIMONIAL

RENATA SPADETTI TUÃO Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

Apresentamos a história de criação e a prática de educação patrimonial do Centro de Pesquisa, Memória, História da Educação da Cidade de Duque de Caxias e Baixada Fluminense – CEPEMHEd como uma instituição criada na cidade de Duque de Caxias/RJ a partir da iniciativa dos professores das redes municipal e estadual no período em que se encontravam como dirigentes do Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação/Núcleo Duque de Caxias. A iniciativa foi referendada pela categoria dos profissionais da educação do referido município em assembleia de data-base do ano de 2004. A reivindicação por um espaço de salvaguarda do patrimônio e das memórias da educação da cidade é solicitada à Secretaria Municipal de Educação em meio às demandas da categoria para aquele ano. Entre idas e vindas, mediado pelo SEPE – Núcleo Duque de Caxias, o CEPEMHEd é criado por um decreto no ano de 2005, que em 2008, é transformado em lei, iniciando suas atividades no ano de 2006. Gerido por um Conselho Deliberativo constituído por entes governamentais e da sociedade civil, tem suas atividades realizadas por uma Diretoria Executiva, composta por professores da rede pública municipal e estadual, indicados e eleitos pelas instituições que compõem o Conselho Deliberativo. Se propõe a reconstituir e preservar a História e a Memória da Educação da cidade, assim como, se legitimar como um espaço de pesquisa, de formação docente, de arquivamento e tratamento de dados coletados, de educação patrimonial e, igualmente, demandador de políticas públicas. Suas ações, apoiadas nos estudos de Michael Pollak, pretendem contribuir para a escavação das memórias subterrâneas de sujeitos, na maioria das vezes anônimos, que participaram do processo de constituição da educação do município, legitimando, dessa forma, memórias e fatos silenciados e negligenciados pela memória oficial. Pretendemos, com este trabalho, expor a experiência dessa instituição que é permeada pela ação coletiva, desde sua gênese até sua atuação no espaço da cidade, configurando-se como demandadora de políticas públicas que evidenciam o direito à memória como um processo formativo docente, como nos orienta Jorge Najjar. Entendemos a noção de experiência, formulada por Edward Thompson, como o fazer associado ao pensar numa relação dialógica que traz os sujeitos para o centro do processo histórico. Com isso, o projeto de instituição do Centro de Memória da Educação pretende trazer à tona elementos diferenciados da historiografia oficial, que durante muitos anos evidenciou os grandes nomes, os grandes feitos, permitindo a propagação de uma vertente da história. Ao trazer para o palco as memórias e as histórias dos silenciados, num movimento contra-hegemônico, busca-se minimizar os efeitos sociais do perigo da história única, além de demarcar o espaço das vozes oprimidas na disputa por um determinado projeto de cidade, por um projeto de educação.

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HISTÓRIA DA EQUIPARAÇÃO DO COLÉGIO MARISTA ARQUIDIOCESANO DE SÃO PAULO AO COLÉGIO PEDRO II (1900-1940)

RICARDO TOMASIELLO PEDRO Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

O Colégio Marista Arquidiocesano de São Paulo foi fundado em 1858, sendo considerado uma das mais antigas instituições de ensino da cidade de São Paulo e se origina a partir de um desdobramento do Seminário Episcopal de São Paulo, criado em 1856 por Dom Antonio Joaquim de Mello (1791-1861). Foi dirigido inicialmente pelos freis capuchinhos de Sabóia (1858-1879), sendo estes sucedidos pelos padres diocesanos (1879-1907) e, desde 1908 a instituição está sob a responsabilidade do Instituto dos Pequenos Irmãos de Maria (Irmãos Maristas) - congregação católica de origem francesa, fundada em 1817, pelo padre Marcelino Champagnat (1789-1840) e que desde o início de suas atividades encontra-se estreitamente vinculado à Educação. O Colégio possui em seu acervo documental a burocracia escolar ligada às prescrições legais relacionadas às principais reformas educacionais pelas quais passou a educação brasileira ao longo dos últimos 150 anos. Por conta de sua significativa ligação com o ensino secundário, sendo internato, masculino, o Arquidiocesano preocupou-se em equiparar-se ao Colégio Pedro II, instituição referência para esse ensino. Tal procedimento significava, dentre outros privilégios, garantir o acesso dos alunos do colégio ao nível superior sem que para isso houvesse a necessidade de que estes prestassem novas provas ou exames. Para a obtenção dessa chancela do governo federal era necessário, no aspecto curricular, igualar-se à instituição referencial e observar uma série de orientações estruturais e de materiais pedagógicos. Por ter atendido os requisitos legais o colégio obteve a equiparação em dois momentos distintos, em 1900, sendo ela revogada pela “Reforma Rivadávia Corrêa” (Decreto nº 8.659/1911) e, em 1934, período dentro da vigência da “Reforma Francisco Campos” (Decreto nº 19.890/1931). Este trabalho apresenta os resultados de uma pesquisa de mestrado, que historicizou o processo de equiparação do Colégio, sob a administração da congregação Marista, buscando apresentar como se deu a montagem de tal processo, os documentos apresentados, as exigências legais, bem como os benefícios adquiridos. Foram identificadas as estratégias utilizadas por um colégio privado, confessional, católico, para adaptar-se às demandas educacionais de caráter laico, de modo a flagrar como foram atendidas as diretrizes dadas pelo Departamento Nacional do Ensino. Para a pesquisa foram analisados, primordialmente, os documentos sobre a equiparação localizados no Arquivo Nacional (RJ) e o próprio processo disponível no acervo do Memorial do Colégio Marista Arquidiocesano. Para o trabalho foram utilizadas fotografias da estrutura do colégio, plantas arquitetônicas, relatórios de inspetores federais, fichas de classificação, gráficos, dentre outros itens.

NAZARÉ CARVALHO E A EDUCAÇÃO INFANTIL NA TV SERGIPANA

RÍSIA RODRIGUES SILVA MONTEIRO JOAQUIM TAVARES DA CONCEIÇÃO

Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

Este estudo, em fase inicial de desenvolvimento, é uma abordagem histórica em que se busca investigar a atuação da comunicadora Nazaré Carvalho em programas televisivos dedicados ao público infanto-juvenil, veiculados por emissoras de televisão sergipana, no período de 1971 a 1976. A apresentadora, na década de 1970, era detentora de significativos índices de audiência nas televisões locais, através da apresentação dos programas Clube Júnior (TV Sergipe- 1971) e Nosso Mundo Infantil (TV Atalaia- 1976), nos quais colocava em circulação diversas práticas educativas. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica e documental que utiliza como fontes livros, jornais, fotografias, documentário e registros orais de antigos telespectadores e participantes dos programas e da própria apresentadora. As memórias, com suas singularidades, semelhanças e contradições, assumiram papel importante na reconstrução da trajetória e atuação profissional de Nazaré Carvalho, “tia Nazaré”, como era conhecida, principalmente diante da precariedade dos arquivos das televisões locais, em especial a escassez de material relativo à fase de implantação das TVs e dos programas veiculados. A abordagem é feita numa perspectiva da história cultural, levando em conta as apropriações e representações postas em circulação nos programas apresentados pela jornalista e radialista Nazaré Carvalho. A pesquisa considera e aborda dois aspectos. No primeiro, a trajetória de vida de Nazaré Carvalho e sua inserção no campo da comunicação, contextualizando com aspectos importantes da fase de implantação das duas primeiras emissoras de TV locais. O segundo aborda conteúdos veiculados pela apresentadora nos programas infantis, elucidando práticas educativas postas em circulação por meio da televisão, através de programas de auditório dedicados ao público infanto-juvenil. Nazaré Carvalho, depois de alfabetizada pela mãe, continuou seus estudos escolares em

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diversos estabelecimentos de ensino, tendo cursado o curso pedagógico no Colégio Dom José Thomaz, enquanto fazia o científico no Atheneu e graduou-se em Letras na Universidade Federal de Sergipe, em 1978. Os programas apresentados por Nazaré Carvalho foram realizados na década de 1970, quando o país vivia a ditadura militar, a inclusão da educação moral e cívica nas escolas era defendida como uma maneira de ensinar as crianças a serem bons filhos, alunos e cidadãos. O conteúdo dos programas, em parte, seguia esse ideário. Assim, as televisões sergipanas, logo nos seus primeiros programas infantis, de forma intencional ou não, ao passo que procuravam entreter e garantir a audiência com suas produções, acabaram por inculcar diversos conteúdos educativos.

“A EDUCAÇÃO DAS MENINAS EM PELOTAS”: A CULTURA ESCOLAR PRODUZIDA NO INTERNATO CONFESSIONAL CATÓLICO DO COLÉGIO

SÃO JOSÉ

RITA DE CÁSSIA GRECCO DOS SANTOS Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

Neste texto apresento a caracterização da cultura escolar produzida no internato confessional feminino do Colégio São José, na cidade de Pelotas, localizada na Zona Sul do Rio Grande do Sul, no Brasil. Tal caracterização, parte da contextualização da fundação do Colégio, quando analiso a fundação da instituição e as repercussões do projeto educativo desenvolvido naquele contexto. Cabe ressaltar que o problema de pesquisa insere-se em uma preocupação mais ampla acerca da relação entre a educação e os processos de diferenciação social dos indivíduos (DURKHEIM, 1955), não ficando assim restrita a uma análise institucional isolada do contexto social ou, ainda, pensada apenas a partir deste viés. Nesse sentido, a escolha e a delimitação do recorte temporal pesquisado ocorreu, fundamentalmente, pelo próprio período de criação e funcionamento do Internato do Colégio São José, que iniciou seus trabalhos juntamente com a fundação da instituição, em 19 de março de 1910. Promovendo a formação de “meninas dóceis, cultas e cristãs”, em consonância com o modelo familiar, católico e higienista, próprio das primeiras décadas do século XX, pois acredito que a cultura que ao mesmo tempo reproduziu as relações sociais vigentes, também proporcionou brechas à construção de um comportamento de resistência e, quiçá, ruptura com a ordem vigente. A partir do entendimento das relações estabelecidas entre Estado, Igreja e Educação, assumo a Historiografia como perspectiva teórico-metodológica para a implementação desta pesquisa. Assim, através da utilização e triangulação de fontes plurais – a arquitetura do internato e seu mobiliário, o uniforme, os Livros de Matrícula do Externato e do Internato, o Regimento, as atas das Associações vinculadas à instituição, anúncios em alguns periódicos locais, documentos particulares da Congregação Religiosa, fotografias e das narrativas de ex-alunas internas e religiosas que trabalharam no internato – busco entender de que forma esta cultura escolar foi incorporada pelas internas. As bases teóricas fundamentam-se em Certeau (2007), Goffman (1973; 1999), Julia (2001) e Magalhães (1998), objetivando realizar um trabalho de desvelamento e compreensão do passado. A pesquisa evidenciou que o projeto educativo engendrado pelas Irmãs do Colégio São José teve uma ressonância na comunidade local, pois além do conteúdo formativo obrigatório, esta educação proporcionou uma formação sociopolítica articulada nas interações advindas dos trabalhos assistenciais. Concluo, a partir destes achados que, para além da formação humana e cristã própria das instituições confessionais, a cultura escolar do Internato Confessional Católico do Colégio São José permitiu a constituição de uma educação feminina afinada com as transformações socioculturais brasileiras.

SOCIEDADES MISSIONÁRIAS CATÓLICAS E PROTESTANTES: RELIGIÃO, EDUCAÇÃO E CIVILIDADE

RITA DE CÁSSIA LUIZ DA ROCHA CESAR ROMERO AMARAL VIEIRA

Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

O Brasil, em fins do século XIX, recebeu em seus portos diversos estrangeiros representantes de diferentes nacionalidades, dentre eles encontravam-se norte-americanos e alemães que na avalanche de um processo migratório internacional que atingiu principalmente os países periféricos, transferiram-se para o Brasil em busca de novas oportunidades. Neste período estava em curso no Brasil um processo de transformações estruturais que atingiriam profundamente não somente as relações comerciais e políticas, mas também seriam percebidas nas relações sociais e religiosas de um modo geral. Muitos desses estrangeiros eram mulheres representantes de sociedades missionárias, protestantes e católicas, que ao chegarem aqui se dedicaram à fundação de escolas com o mesmo propósito de evangelizar e educar a nação de acordo com os ideais de uma civilização cristã, moldado

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nos princípios de países civilizados, e o Brasil era visto como um campo fértil para difusão de suas ideias e práticas religiosas. É possível destacar nos escritos produzidos por essas missionárias referências ao primitivismo local, em relação aos costumes dos chamados países civilizados, bem como a preocupação em colocar em prática um movimento civilizatório que ao mesmo tempo em que provocasse mudanças nos comportamentos reorganizasse a sociedade por meio da intervenção educacional e religiosa. Este trabalho de pesquisa se propõe a investigar a ação de dois grupos religiosos e confrontar suas ações no campo educacional por meio da leitura e análise das cartas trocadas com seus superiores nos países de origens. Um desses grupos, é a ordem feminina Servas do Espírito Santo, enviada pelo Pe. Arnaldo Janssen da congregação Verbo Divino e que chegou ao Brasil no ano de 1902, para fundar escolas femininas e afirmar seus ideais católicos. O outro grupo, encabeçado pela missionária metodista Martha H. Watts, é a Woman’s Foreign Missions Society of the Methodist Episcopal Church, South – WFMS, de origem norte-americana, fundada em 1878 e que chegou ao Brasil em 1881, no interior de São Paulo, para divulgar os preceitos religiosos e instalar escolas metodistas. O trabalho de análise será realizado com base nas cartas trocadas com o fundador da ordem católica na Alemanha no período de 1891 a 1911, e nas correspondências da Martha Watts com suas superiores protestantes nos Estados Unidos, no período de 1881 a 1908. O estudo busca a partir da perspectiva de análise processual da meso-abordagem e das contribuições teóricas propostas por Norbert Elias, caracterizar os processos civilizatórios, percebendo o uso das estratégias e táticas que ambas as congregações empreenderam em um país novo que as recebiam. Ao evidenciar como vai sendo percebida a imagem, as mudanças nos percursos dessas mulheres, uma vez que se trata de instituições que representaram a veiculação do projeto de educação da Igreja Católica e da Igreja Metodista, pretende-se compreender a forma constitutiva deste universo de evangelizar e educar.

A BIBLIOTECA MANOELITO DE ORNELLAS E SEUS LEITORES: RASTREANDO PRÁTICAS DE LEITURA NO COLÉGIO FARROUPILHA

(PORTO ALEGRE/RS, 1960-1980)

ROBERTA BARBOSA DOS SANTOS Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

O presente estudo inscreve-se no campo da História da Educação e assenta-se nos postulados da História Cultural, tendo como inspiração estudos acerca da história das bibliotecas e da leitura, desenvolvidos por autores como Umberto Eco e Roger Chartier. A pesquisa buscou investigar a Biblioteca Manoelito de Ornellas, fundada em 1968, nas instalações do Colégio Farroupilha – pertencente à rede privada da cidade e Porto Alegre, no Rio Grande do Sul – e os sentidos atribuídos ao cotidiano escolar de um grupo de alunos nas décadas seguintes. Inicialmente chamado Knabenschule des Deutschen Hilfsverein, o colégio teve sua sede inaugurada no centro de Porto Alegre, passando para sua sede atual, no bairro Três Figueiras, no ano de 1962. Entendendo a biblioteca como um lugar de pesquisa e conservação do saber coletivo por meio do escrito, o estudo assenta-se na afirmativa de Umberto Eco (2010) ao defender que a mesma teve seu passado e terá seu futuro dedicado ao livro e sua conservação, o que a torna um templo da memória vegetal. Para Eco, “uma biblioteca é a melhor imitação possível, por meios humanos, de uma mente divina, onde o universo inteiro é visto e compreendido ao mesmo tempo” (ECO, 2003, s/p). Partindo desta concepção, o estudo toma a biblioteca como disseminadora das práticas de leitura, ainda que tuteladas, da comunidade escolar do Colégio Farroupilha e busca compreender possíveis significados que a mesma exerceu na vida de um grupo de alunos do final da década de 1960 até o início da década de 1980. Tendo a história oral como suporte metodológico, foram realizadas entrevistas com alguns membros da escola na época em questão – tais como a primeira bibliotecária e a diretora, sendo esta última uma grande entusiasta da criação da biblioteca – constituindo uma trama de relações analisadas e contrastadas. Paralelamente, a análise de documentos, feita a partir dos artefatos encontrados em visitas à biblioteca Manoelito de Ornellas e ao Memorial do Colégio Farroupilha, foi também fundamental nesta pesquisa: enquetes sobre as preferências de leituras dos alunos, levantamentos dos livros mais retirados e balanços dos leitores mais assíduos, entre outros documentos, serviram de suporte para auxiliar a compreensão destas práticas de leitura, pois, como argumenta Chartier, as condições para uma história das maneiras de ler são dificultadas “tanto pela raridade dos vestígios diretos quanto pela complexidade da interpretação dos indícios indiretos” (CHARTIER, 2001, p.77). Supõe-se que diversas podem ter sido as manifestações de práticas de leitura destes alunos, em outros espaços, fora do ambiente escolar, e através de diversos meios de propagação do escrito. Esta pesquisa, no entanto, se propôs compreender as representações das práticas de leitura de um grupo de alunos, tuteladas pela instituição escolar, que, de alguma forma, deixaram rastros, seja por meio dos documentos oficiais do colégio, seja através das memórias das pessoas entrevistadas.

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CIDADE DA PARAYBA DO NORTE: AS ORFÃS E AS MENINAS DESVALIDAS DO ORPHANATO D.ULRICO. 1922

ROBERTA MARIA AGUIAR DO NASCIMENTO MAURICEIA ANANIAS

Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

Este trabalho tem como objetivo principal compreender o Orphanato D. Ulrico como uma Instituição educativa que se responsabilizou pela educação de meninas pobres na Cidade da Parahyba dentro de uma conjectura do discurso de civilizar, modernizar, higienizar a cidade. A Instituição ora apresentada será visualizada considerando a sociedade paraibana do início do século XX, pois partilhou das ideias que se tinham das mulheres e da educação. Optamos pelo estudo do ano de 1922 pela inauguração do Orphanato. Também a indicação de, nesse ano, ter recebido um número significativo de internas nortearam a nossa escolha para a elaboração deste artigo. Compreendemos o Orphanato como uma produção sociohistórica da Cidade da Parahyba no período estudado. Para tal entendimento utilizamos de autores como Dermeval Saviani (2007), Justino Magalhães (2004), Castanho (2007), Farias (1997) e Nascimento (2013). A Instituições Educativa fez um duplo movimento no que se refere à preparação das jovens, oferecendo-lhes conteúdos e ideologias com a finalidade da aceitação das leis e da disciplina impostas. A partir da opção pela análise do perfil das internas buscamos desvendar a educação defendida para as jovens pobres do início do século XX na Paraíba. Para a realização do estudo, utilizamos as seguintes fontes: fichas de matrículas das internas do Orphanato do ano 1922; Ata da Assembleia Geral de 23 de março de 1922; Ata de Inauguração do Orphanato D. Ulrico, em 02 de abril de 1922 e o Jornal A Impresa de 1922. O perfil de mulher defendido pelos gestores do Orphanato indicava que ela deveria ser educada para cuidar do lar, dos filhos e do marido, demostrando uma aproximação com os ideais presentes na sociedade da época. Tal modo de compreensão sobre a mulher, principalmente daquelas das classes mais baixas, passou a ser naturalizado e se formou uma cultura que estipulava a forma de ação das jovens que frequentaram a Instituição condicionada às suas origens social. Deste de muito cedo as internas tiveram uma aprendizagem relacionada com as atividades domésticas exclusivamente. Não precisavam desenvolver hábitos e costumes considerados modernos já que os espaços da sociedade urbanizada que frequentavam não requeriam habilidades civilizatórias. O que pudemos constatar, a partir da análise dos documentos, indica que as internas tiveram uma educação voltada para as prendas domésticas e que ao saírem da instituição iam trabalhar nas casas dos sócios beneméritos do Orphanato apenas em troca de abrigo e comida, indicando assim uma certa fatalidade traçada nos destinos dessas jovens pobres.

A ESCOLA AMERICANA E A EDUCAÇÃO PROTESTANTE EM ESTÂNCIA/SERGIPE

ROGÉRIO FREIRE GRAÇA Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

O presente artigo objetiva reconstruir a História da Educação da Escola Americana de Estância. Encontramos nos jornais de Estância, referentes à primeira década do séc. XX, os anúncios da Escola Paroquial, denominada Americana, fundada em 1903 sob a direção do missionário Cassius Edwin Bixler. Nessa escola, lecionaram as professoras Florence Bixler; Sancha dos Santos Galvão, uma das primeiras diplomadas pelo Instituto Ponte Nova; Penélope Magalhães, formada na Califórnia; Ida Meirelles, dentre outras. Na escola ministrava o curso primário para o público masculino e o curso intermediário, e, no seu programa incluía leitura, caligrafia, Gramática Portuguesa, Aritmética, Geografia, História do Brasil e Francês. Segundo o seu diretor Cassius Bixler, em anuncio do jornal “A Razão” datado de janeiro de 1910, os princípios da religião cristã não eram ensinados em caráter sectário. Sua sede era o “sobrado dos ingleses”. Através da análise da bibliografia específica, de periódicos e de um diário, pretendemos mostrar uma educação que visava além do aprimoramento intelectual do aluno, sua inserção no mundo do trabalho, através do aprendizado de diversos ofícios e da sua prática durante as atividades docentes. Os protestantes estiveram no Brasil pela primeira vez, no início do século XVI, através da primeira invasão francesa e da criação da França Antártica, que abrigava dentre outros públicos, os protestantes calvinistas que buscavam liberdade de culto. Segundo Araújo (2009), neste período cogitou-se até a criação da primeira imprensa no Brasil, fato que não foi levado a cabo, devido à morte do oficial responsável pela montagem do maquinário, Pieter Janszonon, ocorrida em 03/08/1643. Com a expulsão dos holandeses do Brasil e a preocupação da Santa Inquisição em afastar os “hereges” protestantes de solo português e consequentemente brasileiro, os adeptos da nova religião foram abafados, ou pelo menos criaram meios para não tornar visíveis seus hábitos religiosos. Os Missionários norte-americanos estabeleceram-se no sudeste do Brasil entre o Rio de Janeiro e Santa Catarina e no nordeste, onde Bahia e Sergipe integravam a região

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denominada Missão Brasil Central. Por sua vez, podemos perceber a penetração do protestantismo em Sergipe a partir de 1897, quando os missionários presbiterianos vinculados à Missão Brasil Central se estabelecem na cidade de Salvador. As escolas paroquiais eram mantidas e equipadas pela Missão ou comunidade protestante local. “Em alguns momentos a missão propôs que também fossem preparadas pessoas das próprias comunidades para assumirem o ensino de suas escolas paroquiais.” (NASCIMENTO, 2004, p.219). Em Estância, as aulas ministradas nas escolas americanas ou paroquiais, pelos professores missionários ou pelas professoras formadas no Instituto Ponte Nova, desenvolviam no alunado, as aptidões que estavam intrínsecas, como também ensinava-lhes um ofício para nortear sua futura profissão.

SENTIMENTOS DE BRASILIDADE E CATOLICIIDADE: A PRESENÇA DA IGREJA CATÓLICA NOS ESPAÇOS ESCOLARES EM TEMPOS DE

NACIONALIZAÇÃO (1930-1945)

ROGÉRIO LUIZ DE SOUZA Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

Este trabalho procura mostrar o envolvimento da Igreja católica no processo de nacionalização no sul do Brasil (1930-1945) e a sua ligação com o poder político instituído, chamando a atenção para o controle do espaço escolar e para a "normalização" das condutas. Para a alta hierarquia católica, o sistema educacional deveria fomentar um ideal homogeneizador capaz de integrar os sujeitos e promover os sentimentos de brasilidade e de catolicidade. Por isso, a natureza da instrução escolar deveria levar em conta o ensino pátrio, com adoção de autores nacionais; o ensino moral, delimitado pelos princípios cristãos; e as noções de economia doméstica e de agricultura. Ademais, a Igreja contava com uma estrutura que atingia todos os níveis da sociedade brasileira, facilitando sua interferência nos espaços públicos, nos espaços domésticos e, sobretudo, nos espaços escolares. De fato, o espaço educacional foi requisitado por estas instituições (Estado e Igreja) a fim de garantir a estabilidade social longe de qualquer alteridade estranha ao regime (trata-se aqui entre outros dos descentes de imigrantes europeus, os comunistas, os devotos de uma religiosidade popular) e ao bom encaminhamento social. Todos os sujeitos deveriam internalizar os valores que seriam capazes de proporcionar a verdadeira industriosidade humana. Era o momento da introspecção de valores patrióticos, em que se resgatariam as raízes nacionais e os sentimentos de solidariedade. Portanto, a ação sócio-educacional se resumiria na regeneração moral de uma sociedade apática aos valores de pertencimento e de identidade nacional. Estar presente na Escola era o que a Igreja procurava fazer, exigindo a prática de valores nacionais e ardor patriótico. Afinal, para o discurso eclesiástico o meio social estava ameaçado. Esse período de aliança entre Igreja e Estado possibilitou uma fase, sem dúvida nenhuma, de projeção das Instituições. Mas a Igreja católica, com certeza, com seu colaboracionismo e com sua influência sobre a rede escolar pública e sobre os setores da própria política dominante, foi capaz de fomentar uma política nacionalista voltada a um ideal recristianizador da sociedade e à redefinição de um novo sujeito social. O ser brasileiro deveria se confundir com o ser católico. O trabalho, a honestidade, a família, a educação e a fé, eram as bases do edifício social brasileiro que começava a ser construído e gestado nas visões de futuro do discurso católico. A ordem moral cristã seria responsável pelo autodomínio das paixões humanas e de um tipo-ideal identificado com as estruturas sociais; um sujeito homogeneizado, fabricado pela prática pedagógico-cristã, que ultrapassaria as letras e que se transformaria em realidade exterior.

ESCOLARIZAÇÃO DA INFÂNCIA EM MATO GROSSO (UNO): HISTÓRIA DA CASA ESCOLA O INFANTIL DO BOM SENSO DE DOURADOS (1973-

1986)

RONISE NUNES Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

Este texto compõe uma pesquisa de Mestrado em desenvolvimento na linha de História da Educação, Memória e Sociedade, inscrita no Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Educação, da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), intitulada História da “Casa Escola O Infantil do Bom Senso” em Dourados-MS (1973–1986), cujo objetivo é analisar a história desta primeira instituição pré-escolar. Indaga-se: Como se deu o processo de institucionalização, implantação e funcionamento da “Casa Escola O Infantil do Bom Senso” (CEOIBS), de Dourados-MS? O arco temporal iniciado em 1973 demarca a organização do “Projeto de Curso

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Supletivo de Treinamento com Participação Comunitária para Professoras da Casa Escola O Infantil do Bom Senso”, que aconteceu a 21/11/1973 a 12/01/1974, realizado pelo Departamento Supletivo de Ensino, da Secretaria de Educação e Cultura de Mato Grosso (Uno), que serviu tanto à formação do primeiro corpo docente dessa instituição quanto à definição do currículo da CEOIBS. O ano de 1986 sinaliza a extinção do funcionamento da CEOIBS nos moldes iniciais e em espaços improvisados, quer dizer, em casas alugadas pelo Governo do Estado e utilizadas para fins educativos. Em 1986, a CEOIBS instalou-se em prédio novo construído na Escola Estadual Castro Alves, à qual foi integrada pelo Decreto nº 2030, a 07/07/1974, conquistando após doze anos de reivindicações espaço próprio e adequado ao atendimento da criança pré-escolar. Metodologicamente, esta investigação de caráter documental realiza pesquisa de campo em fontes documentais no arquivo passivo da Escola Estadual Castro Alves em documentos administrativos do Departamento Regional de Educação e Cultura (DREC), depositados no Centro de Documentação Regional (CDR), da UFGD. A pesquisa norteia-se pela perspectiva da Nova História Cultural ligada à História do Tempo Presente, ancorada em autores da História da Educação como Certeau (2002), Chartier (1990; 2010), Cunha e Silva (2013), Dosse (2012), Freitas e Biccas (2009), Kishimoto (1990; 1999), Kuhlmann Júnior (1998), Magalhães (1998, 2005), Rosemberg (1989; 1992; 1997), Sá (2007; 2012), Silva (1997; 2001, 2002; 2003; 2005), e outros. Resultados indicam que a CEOIBS de Dourados fez parte de um projeto estadual maior, se constituiu na primeira iniciativa de educação pré-escolar pública, marco representativo da história da educação em Mato Grosso (Uno), criado pelo Decreto nº 2328, de novembro de 1974, no Governo de José Manuel Fontanillas Fragelli, a ser instalado em seis cidades-sede: Cuiabá, Campo Grande, Três Lagoas, Corumbá, Aquidauana e Dourados. Em sua gênese, há indícios de que a CEOIBS de Dourados teve participação comunitária, porém, nas fichas de matrículas verifica-se que em sua maioria a clientela atendida eram filhos de pecuaristas, médicos, dentistas, engenheiros e advogados. Em março de 1974, começou a funcionar, atendendo 103 crianças com idades entre três e sete anos, matriculadas no Maternal, no Jardim I e no Jardim II.

“GENERALIZAR, AMPLIAR E NÃO RESTRINGIR”: O PROCESSO DE EXPANSÃO DA ESCOLA PRIMÁRIA RURAL EM SERGIPE (1947- 1961)

RONY REI DO NASCIMENTO SILVA Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

O presente trabalho é fruto de dissertação de mestrado em andamento, intitulada: “Memórias caleidoscópicas: A expansão das Escolas Rurais no estado de Sergipe (1947- 1961)”. Tal investida de pesquisa pretende compreender o processo de expansão da Escola Primária Rural no Estado de Sergipe, no arco de tempo que compreende 1947 a 1961. Para tanto, buscamos em dois projetos de pesquisa as fontes para nossa investigação, a saber: “Memória Oral da Educação Sergipana” e “História da Escola Primária no Brasil: investigação em perspectiva comparada em âmbito nacional (1930 – 1961)”. Para alcançar o que nos propomos, identificamos nos discursos de educadores e políticos as concepções de ensino delineadas para a Escola Primária Rural. Em seguida, operamos com os relatos orais dos(as) 16 professores(as) entrevistados(as), de acordo com a metodologia da História Oral, conforme as experiências de Alberti (2004). Para além de uma versão do passado, buscamos narrativas de acordo com o filósofo Walter Benjamin (2012). Unimos as fontes orais com a pesquisa documental, a saber: Anuários Estatísticos do IBGE, Mensagens de Governadores do Estado e os Relatórios Anuais. Ao lermos esses documentos, estabelecemos um diálogo entre teoria e evidência nos termos E. P. Thompson (1981). Operamos com as categorias de análise: “Cultura Escolar”, segundo Felgueiras (2005) e “Práticas Escolares” de acordo com Faria Filho e Vidal (2000). O processo de expansão das Escolas Rurais pretendia preparar o Brasil para se tornar uma nação desenvolvida em fina sintonia com os preceitos de progresso e civilização. Foi dentro desse contexto que se desdobrou um projeto em âmbito nacional de criação de Escolas Rurais por todo interior do país. Tal processo se desenvolveu no contexto de estreitamento das relações entre o Brasil e os Estados Unidos no pós-Segunda Guerra. Buscava-se dar a essas Escolas Rurais o papel de agente civilizador das populações rurais, cabendo a elas promover uma aprendizagem que atendesse as novas necessidades nacionais. Além disso, buscava-se ampliar o ensino para uma maior parcela da população brasileira, como a finalidade de reduzir os altos índices de analfabetismo da época. Por fim, concluímos que o processo de expansão das Escolas Rurais no Estado de Sergipe se deu de forma mais acentuada no governo de José Rollemberg Leite (1947 e 1951), que resultou na construção de mais de 200 unidades. Por certo, tal projeto de intensificação contou com a participação INEP em parceria com o Departamento de Educação do Estado de Sergipe, para além de diversos pesquisadores brasileiros e estrangeiros.

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O CURSO GINASIAL DO COLÉGIO SANTOS ANJOS: ESPAÇO DESTINADO À PREPARAÇÃO DA ELITE FEMININA NA FRONTEIRA ENTRE PARANÁ E

SANTA CATARINA

ROSELI BILOBRAN KLEIN Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

O tema central deste trabalho se propõe a apresentar a criação do Curso Ginasial do Colégio Santos Anjos, uma instituição feminina sob a modalidade de internato que formou as jovens do Sul do Paraná e Planalto Norte Catarinense. O Colégio Santos Anjos foi fundado no ano de 1917, na cidade de Porto União, Estado de Santa Catarina, funcionou como internato feminino. Buscou-se analisar o processo de criação do Curso Ginasial desse educandário pertencente à Congregação das Irmãs Missionárias Servas do Espírito Santo (MSSpS), uma escola de origem teuto-brasileira que fez parte do projeto ultramontano no final do século XIX. A intenção de fundar um Curso Ginasial para as meninas ocorreu ainda em 1942, quando o Conselho Provincial da Congregação concedeu permissão e dirigiu ofício de petição para o Departamento Federal de Educação, no Rio de Janeiro. Em 1943, a resposta desse Departamento foi afirmativa, sendo matriculada nesse mesmo ano a primeira turma das ginasianas. A criação do Ginásio foi ponto de destaque, pois o mesmo se equiparava aos modelos do Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro, e foi reconhecido como colégio secundário oficial. A pesquisa tem por objetivos analisar a implantação do Curso Ginasial feminino no ano de 1943, sem deixar de compreender a totalidade histórica; investigar o que se passa no seu interior, gerando um conhecimento mais aprofundado do espaço social destinado ao processo de ensino aprendizagem através das influências externas recebidas. O que instigou este estudo foi a aparente relevância e solidez atingida pelo colégio como local de ensino criado por uma congregação que se transferiu do mundo europeu e se fixou no Brasil com função missionária voltada para a educação. Para tal, procedeu-se a pesquisa da instituição tomando por base os estudos de Buffa e Nosella (2009), resgatando a cultura escolar no interior desta sob o olhar de Julia (2001). Foram utilizadas diversas fontes primárias: álbuns fotográficos, livros de matrículas, livros de visitas de inspetores escolares, atas de exames parciais e finais, atas de exames de admissão, atas de reuniões pedagógicas, relatórios. Além dessas realizaram-se entrevistas com ex-alunas. No decorrer do estudo investigaram-se as práticas pedagógicas, os saberes escolares e o espaço escolar. A contribuição para os estudos das instituições escolares no Brasil foi desvendar a cultura escolar produzida neste educandário, mais especificamente no Curso Ginasial, e seu impacto na sociedade e no comportamento dos indivíduos que fizeram parte dele.

BIBLIOTECAS ESCOLARES NA ESCOLA PRIMÁRIA EM PARANAÍBA/MS (1936-1971): ALINHAVANDO MEMÓRIAS, COSTURANDO A HISTÓRIA

ROSIMAR PIRES ALVES ESTELA NATALINA MANTOVANI BERTOLETTI

Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

O presente trabalho visa apresentar resultados parciais de pesquisa de mestrado sobre o tema história das bibliotecas escolares na escola primária pública em Paranaíba/MS, entre 1936 e 1971, vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, Unidade Universitária de Paranaíba. A proposta de pesquisa é oriunda dos resultados do projeto “Memória da Escola Primária em Paranaíba/MS (1946-1971)” desenvolvido no âmbito do Grupo de Estudos e Pesquisas em História e Historiografia da Educação Brasileira (GEPHEB). No projeto verificou-se em alguns documentos escolares localizados, reunidos e selecionados das Escolas Reunidas Sant’Anna de Paranahyba – um dos primeiros núcleos de escolarização do município de Paranaíba –, a fundação e a organização de uma biblioteca escolar a partir do ano de 1936, o que levou à constituição de um objeto de estudo, que vem sendo investigado a partir das seguintes indagações: quais os sentidos da biblioteca escolar na escola primária em Paranaíba? O que motivou a sua criação? Como era organizada? Quais livros e práticas de leitura eram disseminados nesse espaço? Com isso buscou-se contribuir para a produção de uma história da leitura em Mato Grosso do Sul e no Brasil a partir da história das bibliotecas escolares do município de Paranaíba no período mencionado, realizando levantamento, organização e análise de fontes documentais orais e escritas sobre a implementação, a organização e o funcionamento das bibliotecas escolares na escola primária. Em vista disso, tornou-se necessário ressaltar os avanços e as transformações na educação brasileira, trazidas pelos ideais da escola nova que apregoavam em seus objetivos a inserção de novas práticas no seio da escola primária, nas quais se destacavam a leitura, a literatura e a revalorização das bibliotecas escolares. A pesquisa fundamentou-se na abordagem histórica, no âmbito da educação, na vertente da Nova História. Tal abordagem enfatiza a história “vista de baixo”, que

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agregando novos elementos, objetos e fontes antes não considerados apresenta um leque de possibilidades no que se refere à pesquisa histórica em educação, constituindo um campo produtivo de estudo. Assim, a pesquisa realizada permitiu vislumbrar por meio do estudo das bibliotecas escolares no período de 1936 a 1971, parte de uma cultura escolar presente na escola primária do município de Paranaíba, no espaço das Escolas Reunidas e dos Grupos Escolares como uma representação do passado, que se produz numa constante dialética entre memória e história.

RASTROS E INDÍCIOS DO MOVIMENTO ESCOLANOVISTA NO PERÍODO DE 1927 A 1930 NA ESCOLA PROFISSIONAL WASHINGTON LUIS: A

REFORMA FERNANDO DE AZEVEDO NO DISTRITO FEDERAL

SAMELA CRISTINNE FURTADO DE CARVLAHO IGNACIO Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

Fruto da caminha de uma pesquisa investigativa e historiográfica, esta comunicação se deu a partir dos fragmentos do passado, existentes na Escola Profissional Washington Luis no período de 1927 a 1930, no Município de Niterói- RJ-, chamada atualmente de Escola Técnica Estadual Henrique Lage da Fundação de Apoio à Escola Técnica do Rio de Janeiro (Faetec), na qual estamos engajados com o desejo de investigar o processo de escolarização destinado a preparar mão de obra qualificada para trabalhar nas indústrias e estaleiros da região no período da reforma de ensino empreendida pelo educador Fernando de Azevedo, de 1927 a 1930. Este interesse faz-se tanto pela tentativa de recuperar os fragmentos documentais existentes nesta escola, como também pela grande importância atribuída pela historiografia da educação à Reforma Fernando de Azevedo. Com o objetivo de investigar a relação que a implementação do movimento escolanovista com Fernando de Azevedo no Distrito Federal tinha com a educação profissional de uma escola profissional masculina em Niterói, sendo a mesma de grande prestígio para a formação do trabalhador no Estado do Rio de Janeiro estamos nos debruçando no período de 1927 a 1930, anos em que Azevedo dirigiu a Diretoria Geral de Instrução Pública, procurando apresentar iniciativas no sentido de transformar o aparelho escolar existente, em um sistema de educação moderna e civilizadora, incluindo a educação técnica e profissional. Voltamos nosso olhar para as proposições apresentadas pela reforma no que tange ao ensino profissional, objetivando perceber de que forma essa perspectiva se integra à construção de uma nação moderna, industrializada e civilizada, tendo como fonte primária dossiês dos alunos no período em questão, na qual nos traça, deixa rastros (Ginzburg) e indícios do movimento escolanovista dentro da Escola Profissional Washington Luís. A escolha da atual Escola Técnica Estadual Henrique Lage se deu como uma das nossas problematizações, pois em 1923 ela foi fundada como Escola Profissional Washington Luiz, homenageando a presidente do país daquele período. Três anos após, em 1926 ela foi incorporada ao patrimônio do Estado do Rio de Janeiro pelo Governador Feliciano Sodré. Como ponto ápice de nossa pesquisa, além de todo seu modelo pedagógico voltado para o trabalho, temos exatamente em 1930 a mudança de seu nome para a Escola do Trabalho do Rio de Janeiro, o que nos traz a reflexão da grande influência e resquícios da influência escolanovista e/ou até mesmo a implantação deste movimento nas escolas de cidades vizinhas a cidade do Rio de Janeiro.

A AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM NO GRUPO ESCOLAR DR. BRASIL CAIADO (ANÁPOLIS-GO), 1926-1929

SANDRA ELAINE AIRES DE ABREU WENCESLAU GONÇALVES NETO

Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

O processo de avaliação da aprendizagem no Grupo Escolar Dr. Brasil Caiado (atual Colégio Estadual Antensina Santana) no período de 1926 a 1929, foi normatizado pelo Regulamento de instrução primária, de 27 de janeiro de 1900 e pela Lei n. 613, de 02 de agosto de 1918, do estado de Goiás. Na referida legislação chama a atenção inicialmente a ausência do termo “avaliação” ou “avaliação da aprendizagem” em seu conteúdo. No entanto, isso não significa que o processo de avaliação da aprendizagem não existisse. Nestes termos, a questão central e o objetivo desta pesquisa foram descrever e analisar o processo de avaliação da aprendizagem do grupo escolar Dr. Brasil Caiado entre os anos de 1926 e 1929. A delimitação do período histórico justifica-se pelo fato da primeira data ser o ano de fundação da unidade de ensino e 1929 o último ano em que o Regulamento de 1918 esteve em vigência, uma vez que a partir de 1930 passa a vigorar um novo regulamento de instrução, que altera as disposições regulamentares do ensino em Goiás. Para o desenvolvimento dos trabalhos foram utilizadas a

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pesquisa bibliográfica e a análise documental, privilegiando a legislação e os livros de atas dos exames do grupo escolar. Os mecanismos de avaliação da aprendizagem nos grupos escolares em Goiás davam-se pelo cômputo das faltas às aulas, análise da disciplina (aqui entendida como comportamento e aplicação) e os exames (de promoção e final) que definiam os aprovados e os reprovados. No que se refere aos resultados finais do processo de avaliação da aprendizagem no período entre 1926 e 1929 verificamos que foram matriculados no grupo escolar 611 alunos e, destes, 68% foram considerados aptos a prestarem os exames e 32% sem condições de se submeterem aos mesmos, um percentual de aproveitamento relativamente baixo. No entanto, o resultado final foi ainda pior, pois dos alunos encaminhados para exame apenas 26% foram aprovados. Esses indicadores significam que o fracasso escolar era marcante na unidade de ensino, no período estudado. Em relação ao grau de aprovação (conceito emitido na avaliação final dos aprovados), 19% dos alunos tiveram grau 5, 42% grau 4, 22% grau 3 e 17% grau 2. Os dados demonstram que era baixo o número de alunos aprovados com “distinção” (grau 5), sendo a maioria aprovada “plenamente” (grau 4) e num plano intermediário os aprovados “simplesmente” (graus 2 e 3). Acreditamos, a partir dos registros encontrados na documentação, que era alto o nível de exigência da junta examinadora, contribuindo para tais resultados. E não foi identificado nenhum registro referente a algum tipo de inquietação em relação ao alto índice de reprovação e ao baixo percentual de aprovação, o que nos permite inferir que a preocupação maior estava voltada para verificar, medir os conhecimentos adquiridos pelos alunos.

A ESCOLA POLIVALENTE DE ITUIUTABA-MG E O SIMBOLISMO DO ENSINO PROFISSIONALIZANTE NO CONTEXTO DO REGIME MILITAR

(1974-1985)

SAULOÉBER TARSIO DE SOUZA GENIS ALVES PEREIRA DE LIMA

Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

A pesquisa enfoca a história da Escola Estadual “Antônio de Souza Martins” – o Polivalente, na cidade de Ituiutaba- MG, entre os anos de 1974 e 1985. Partimos do contexto de sua criação legal, já no regime militar, até o fim do governo autoritário que também representou uma nova etapa no desenvolvimento da instituição. O Polivalente foi instalado no ano de 1974, por meio do Decreto nº 16.654 de 15/10/1974, em consonância com a Lei nº 5.760/71; nesse mesmo período, foram implantadas no estado de Minas Gerais 26 escolas polivalentes. Desde a instalação da Ditadura Civil-Militar, adotaram-se novos paradigmas ideológicos, dessa forma, o campo educacional passou a ser considerado como um forte mecanismo para se alcançar as novas propostas ligadas ao mundo urbano-industrial, ou seja, projetou-se o ensino técnico profissionalizante, por diferentes regiões do país fortalecendo mudanças de ordem econômica, baseadas no capitalismo monopolista e na acentuada divisão social. As escolas polivalentes foram então as instituições precursoras da implantação do modelo educativo tecnicista, o qual foi influenciado pelas relações econômicas entre o Brasil e Estados Unidos, que firmaram os acordos entre MEC/USAID (Ministério da Educação e Cultura/United States Agency of International Development). Segundo notícias difundidas pelo jornal Cidade de Ituiutaba, o Polivalente foi bastante comemorado pela sociedade local, desde o início da construção de seu prédio, sendo apresentado enquanto um novo modelo educativo na cidade, projetado como “uma nova arrancada de Ituiutaba no setor educacional”, capaz de “contribuir para o desenvolvimento sociocultural e econômico de Ituiutaba” (nov/1973). No ano seguinte, destacou convocou a população a se matricular no colégio, quando poderiam se inscrever os concluintes do antigo 4º ano primário e os candidatos a 6ª e 7ª série do primeiro ciclo: “O Ginásio Polivalente de Ituiutaba já é realidade! Você que não conseguiu vaga nos estabelecimentos de ensino de nossa cidade deverá fazer a inscrição à Escola Polivalente [...]” (jul/ago, 1974). O colégio em seu início de atividades contava já com mais de 300 alunos, atendendo nos períodos matutino e vespertino. O currículo era composto por conteúdos específicos e pela parte diversificada, sendo esta destinada à preparação profissionalizante, e somente no ano de 1984 que ofertaria ensino de 2º grau, como constatado em seu Regimento. Pode-se concluir que a escola foi realmente um avanço para a cidade que contava com poucas oportunidades de ensino, contudo, as metas propostas junto a educação profissional não foram atingidas, pois os investimentos em equipamentos tecnológicos foram restritos limitando a ação da instituição. Metodologicamente pautou-se pela pesquisa bibliográfica apoiando-nos em autores como Buffa (2006), Souza e Castanho (2009), Sanfelice (2003), Magalhães (2005) além da pesquisa documental, iconográfica, entrevistas com ex-gestores, alunos e professores.

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A ESCOLA NORMAL RURAL MURILO BRAGA: FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA O CAMPO?

SILVÂNIA SANTANA COSTA Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

Neste estudo, a preocupação da narrativa foi evidenciar o processo de formação das professoras primárias para atuarem na zona rural. A única instituição pública de formação para a docência em Sergipe era o Instituto de Educação Rui Barbosa, encarregado da preparação das normalistas para atuar nas escolas rurais. José Rollemberg Leite, governador de Sergipe, em sintonia com as propostas do governo Federal de expansão das escolas primárias rurais, criou pela Lei nº 212 de 29 de novembro de 1949, as escolas normais rural, nos municípios de Itabaiana e Lagarto. “[...] Art. 1º - Ficam criadas duas (2) Escolas Normais Rurais, com sede nas cidades de Lagarto e Itabaiana, respectivamente. Parágrafo Único – Cada Escola Normal Rural manterá um curso de Ginásio e um de formação de Professores [...]” (SERGIPE, 1949). A Escola Normal Rural Murilo Braga (ENRMB) de Itabaiana iniciou em 1950 com o curso Ginasial, denominada nos documentos pesquisados como Ginásio de Itabaiana. O Boletim de Informações referente ao ano de 1950 apresenta informações de que a instituição ocupava uma área total de 18.150 metros quadrados, a parte edificada correspondeu a 7.200 metros quadrados, dispondo de quatro sanitários, dez salas de aula, estas ocupavam uma área de 556,8 m2, possuía iluminação elétrica. No movimento financeiro, podemos identificar que a receita (rendas ordinárias), provinha das subvenções do governo do Estado e da arrecadação com as taxas de inscrições e de exame. Os gastos nas despesas ordinárias foram com a remuneração dos professores e com demais despesas de custeios. Na década de 1970, os locais de formação de professores primários estavam distribuídos em duas escolas da rede estadual ENRMB e IERB; dez escolas da rede privada e dez do CENEC. Nessa configuração de preparação das normalistas, seis concentravam-se na capital e as demais no interior. A necessidade de formação do professor primário para atuar nas áreas rurais, nos anos de 1951, direcionou o Ministério da Educação e Saúde a adotar diversas medidas para promover a preparação, seja em instituições escolares formais, seja com a oferta de cursos. O quadro docente do primeiro ano de funcionamento era formado por médico, contador e dentista e outros. De acordo com o Decreto Lei Nº 4.244 de 09 de abril de 1942, as disciplinas ministradas na primeira série seriam: Português, Latim, Francês, Matemática, História Geral, Geografia Geral, Trabalhos Manuais, Desenho e Canto Orfeônico. Importante os preceitos teóricos de civilização de Elias, (1993); representação e apropriação (CHARTIER, 2009); Habitus (BOURDIEU, 1990). Assim, pretende-se coletar as informações por meio da pesquisa bibliográfica e documental. O método de procedimento histórico empregado para realização da pesquisa explicou os processos e instituições inseridos no contexto cultural do período.

EDUCAÇÃO PELA DISCIPLINA E PRINCÍPIOS MORAIS: COLÉGIO LINS DE VASCONCELLOS E A EVOLUÇÃO PELA EDUCAÇÃO (1963 – 1998)

SILVETE APARECIDA CRIPPA DE ARAUJO Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

A presente pesquisa inserida na temática História das Instituições e Práticas Educativas se reporta a historiografia da instituição de Ensino confessional espírita Colégio Lins de Vasconcellos localizado em Curitiba, capital do Paraná. A investigação sobre esta instituição educacional tem o intuito de aprofundar uma ampla pesquisa de doutoramento referente à história das práticas educacionais, de trabalho e de saúde das instituições de caráter espíritas mantidas especificamente pela Federação Espírita do Paraná (FEP), bem como analisar a memória e a história dos processos e práticas de escolarização vinculados às instituições religiosas na primeira segunda metade do século XX. A escolha de uma instituição mantida pela Federação Espírita do Paraná tem como objetivo de investigação conhecer e compreender os processos para sua constituição bem como as práticas educativas exercidas neste ambiente e também desvelar como foi se compondo a história da educação de cunho espírita, especialmente em Curitiba, muitas vezes de forma assistencialista ou higienista e outra mais educativa, isto é, com propósito pedagógico. Em 1963 entra em funcionamento o Instituto Lins de Vasconcellos, o qual em 1970 passa a ser designado Colégio Lins de Vasconcellos, instituição de cunho instrucional, especificamente pedagógica, uma instituição formal de ensino. Este colégio foi concebido como de ensino particular, situação que causou muito embaraço a direção da escola e para a FEP. Este Colégio atendeu da pré-escola ao ensino médio, ofertando tanto o horário regular de ensino quanto o período integral, tendo em seu currículo no ensino médio também a oferta do curso normal, para preparar as futuras educadoras a fim de melhor atender as crianças seguindo o ideal de ‘evolução pela educação’, com foco na formação cristã e da reforma íntima. Também em 1970, neste colégio no período em que o professor Ney Lobo foi diretor, foi inaugurada a primeira Cidade Mirim em uma escola no Brasil, onde foram trabalhados aspectos políticos e morais. Em fevereiro de 1968, em Curitiba,

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Caderno de Resumos - Comunicações Individuais

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foi sediado pela FEP o 1º Encontro de Educadores Espíritas Centro Sulino, os eventos se sucederão em prol da propagação do espiritismo e de uma educação espírita que contribua com a evolução moral e social da humanidade. Contudo este discurso se desconfigurou a partir do ano de 1998, quando o Colégio Lins de Vasconcellos foi arrendado ao grupo Opet (Organização Paranaense de Ensino Técnico) por 15 anos. A análise desta investigação foi constituída por levantamento historiográfico a partir de fontes primárias documentais e de periódicos e de fontes secundárias.

HISTÓRIA DA FORMAÇÃO DOCENTE NO SUL DE MATO GROSSO: AS ESCOLAS NORMAIS EM CAMPO GRANDE, AQUIDAUANA, PONTA

PORÃ E DOURADOS (1930-1970)

SILVIA HELENA ANDRADE DE BRITO MARGARITA VICTORIA RODRÍGUEZ

Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

Assim como ocorreu em outras regiões do Brasil, a porção sul do estado de Mato Grosso também foi alvo do processo de expansão de escolas normais, entre a primeira e a segunda metade do século XX. Este é o objeto do presente trabalho: o processo de criação e implantação de escolas normais em alguns municípios do sul de Mato Grosso: em Campo Grande, a Escola Normal Joaquim Murtinho (1930); em Aquidauana, a Escola Normal Jango de Castro (1949); em Ponta Porã, a Escola Normal de Ponta Porã (1959); e em Dourados, o Instituto Educacional de Dourados (1959). Destas, as três primeiras escolas eram estatais, e a última, privada e confessional. O objetivo do trabalho é analisar o processo de criação e implantação das escolas, examinando as condições socioeconômicas e políticas nas quais foram criadas, bem como os planos de ensino propostos nestes estabelecimentos. Para isso, foram compulsadas fontes secundárias sobre o ensino normal, bem como fontes primárias (acervos escolares e dos órgãos estaduais responsáveis pela educação; legislação nacional e mato-grossense). As principais categorias que norteiam a análise são trabalho didático, pois os planos de ensino serão tratados como elementos pertencentes à organização do trabalho didático; e política educacional, entendida como expressão da ação estatal no campo da escolarização, contraditoriamente permeada por conflitos e disputas no campo educacional. Em relação às condições econômicas, sociais e políticas em que se encontrava o sul de Mato Grosso, deve-se enfatizar que, apesar da crise que assolava a sociedade capitalista, este foi um momento de expansão no sul de Mato Grosso. Destaque-se, em especial, as oportunidades abertas com a ferrovia Noroeste do Brasil, que possibilitou o crescimento de cidades como Campo Grande e Aquidauana. Tais processos se combinaram com a proposta de Marcha para o Oeste, favorecendo a urbanização e o adensamento populacional no sul de Mato Grosso. Foi no interior desses processos que a expansão do ensino primário tornou premente a necessidade de formação docente. Tendo em vista que, neste momento histórico, a educação no país estava sendo fortemente influenciada pelo ideário da Escola Nova, é possível identificar traços das propostas de renovação educacional nos planos de ensino, em especial, a ênfase na formação científica do professor; a defesa dos métodos ativos e da profissionalização docente. Ao mesmo tempo, aspectos representativos de especificidades regionais também estiveram presentes: quando a maioria da população mato-grossense residia nas zonas rurais, e a existência de escolas era intermitente, as escolas normais funcionaram mais como uma possibilidade de escolarização para mulheres de camadas médias, do que propriamente como espaço de profissionalização docente. Importa afirmar, no entanto, que tal situação tendeu a transformar-se com a expansão do ensino primário e a gradativa ocupação de vagas nas instituições por mulheres oriundas de outras classes sociais.

CONDUTAS ACADÊMICAS NA UNIVERSIDADE DE COIMBRA NO SÉCULO XVIII

SOLANGE MONTANHER ROSOLEN Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

CONDUTAS ACADÊMICAS NA UNIVERSIDADE DE COIMBRA NO SÉCULO XVIII ROSOLEN, Solange Montanher Este texto tem como objeto de estudo os comportamentos acadêmicos na Universidade de Coimbra no século XVIII, antes e depois da reforma pombalina. O estudo desses comportamentos visa encontrar padrões de conduta que permeiam os costumes acadêmicos universitários. A análise desses costumes pode colaborar na compreensão das dificuldades pedagógicas que atingem a vida acadêmica. No estudo dos comportamentos acadêmicos no século XVIII, envolvendo o antes e o depois da reforma pombalina, encontram-se condutas que renovam-se mesmo depois da aplicação do Estatuto da Universidade de Coimbra de 1772, e perduram com padrões de

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VIII Congresso Brasileiro de História da Educação

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semelhança na atualidade. O estudo é dirigido pela análise de documentos da época. Com sua obra O Verdadeiro Método de Estudar (1746), Verney afirmou que os alunos não frequentavam as aulas e não estudavam, porém, eram aprovados nos estudos. Antonio Ribeiro Sanches, em sua obra Método para Aprender a Estudar a Medicina (1763), relatou que a maior parte dos estudantes ficava em suas terras ou em outras localidades, mas não frequentava a universidade. Na reforma universitária empreendida pelo Marquês de Pombal O Compêndio Histórico do estado da Universidade de Coimbra (1771) criticou o uso das apostilas e a falta de rigorosidade nas atividades acadêmicas, e o Estatuto da Universidade de Coimbra de 1772 estabeleceu a criação dos compêndios pelos professores das disciplinas e rigidez nos exames e na frequência dos alunos. Nos primeiros anos de vigência do Estatuto de 1772 a rigidez foi mantida, mas os compêndios não foram redigidos e o interesse pela consolidação da reforma diminuiu com a saída do Marquês de Pombal do governo. Os compêndios foram substituídos pelas “sebentas” que eram as anotações das aulas proferidas pelos professores. Essa prática permitia aos estudantes que evitassem a necessidade da leitura dos livros impressos. Muitos estudantes sequer compravam os compêndios das aulas que eram obrigados a frequentar, e faziam todo o seu estudo pelos cadernos. Os cadernos manuscritos apresentavam erros de ortografia, de linguagem, de método e até de doutrina. Os estudantes mantinham o costume de faltar deliberadamente às aulas, não estudavam, e se entregavam a outras atividades, como jogar, beber e as práticas dos ritos de iniciação muitas vezes violentos. Braga (1898) admitiu na sua obra História da Universidade de Coimbra que naquele período ainda permanecia o uso das “sebentas” como prática universitária. Na atualidade o uso das apostilas ou “sebentas”, a falta de frequência às aulas, o uso de bebidas e a prática violenta dos ritos iniciação permanecem, e são renovados, no tempo e no espaço, dificultando as práticas pedagógicas.

A CRIAÇÃO DA FACULDADE DE MEDICINA DO TRIÂNGULO MINEIRO EM UBERABA-MG: DE INSTITUIÇÃO PRIVADA À INSTITUIÇÃO ISOLADA DE ENSINO SUPERIOR POR MEIO DO PROCESSO DE

FEDERALIZAÇÃO (1953-1960).

SONIA MARIA GOMES LOPES SAULOÉBER TARSIO DE SOUZA

Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

O texto analisa a trajetória histórica entre a criação e a federalização da Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro (FMTM) de Uberaba, no período de 1953 a 1960. A criação de um curso de Medicina na região do Triângulo Mineiro foi um diferencial não só para a cidade, que se encontrava em crescente processo de urbanização, mas também para o desenvolvimento do campo médico nessa região, num momento em que só era possível cursar medicina nas capitais, especialmente no Rio de Janeiro. Identificar os motivos pelos quais ela foi fundada como instituição privada sem fins lucrativos, em 27 de abril de 1953, e federalizada em 1960, não como universidade, mas como instituição isolada de ensino superior, é um dos desafios. Para isso, algumas questões centrais nortearam esse estudo: Quais sujeitos participaram desse processo e por quais motivos? Que contribuições o Curso de Medicina trouxe para a sociedade uberabense e seu desenvolvimento? E para a área médica? Quais práticas escolares predominavam no interior da instituição? Quem foram os primeiros alunos e professores? Quais metodologias de ensino e tendência pedagógica predominavam no currículo? A autorização para o funcionamento da FMTM foi assinada pelo Presidente Getúlio Vargas e pelo Ministro da Educação Antonio Balbino, no Decreto-Lei nº 35.249, de 24 de março de 1954. A FMTM foi criada com a participação de instituições e pessoas que não faziam parte da academia, mas que foram fundamentais para seu reconhecimento oficial e social, e principalmente para a sobrevivência da instituição. Sob esse aspecto foi decisiva a participação das lideranças políticas locais junto ao governador de Minas Gerais, Juscelino Kubitscheck de Oliveira, capitaneador das ideias desenvolvimentistas que o conduziria na sequência à presidência do Brasil. Em meados do século XX, Uberaba já era considerada um centro avançado da Medicina no País. Em 1927 foi criada a Sociedade de Medicina que, a partir de 1947, participou ativamente da realização de Congressos Médicos na região e no denominado “Brasil Central”, sul dos estados de Goiás e Mato Grosso. A ideia da criação de um curso de medicina surgiu no contexto dessas acaloradas discussões, em que participavam os médicos mais renomados das diversas áreas da medicina do País. Os principais autores de referência são: pesquisa sobre Instituições Escolares: Nosella e Buffa (2002, 2008 e 2013), Gatti Junior (2002) e Silva (2009); Trato de Fontes: Pinsky (2011), Miguel (2004), Lopes (2001) e Saviani (2006). As fontes históricas pesquisadas foram: livros de atas e de matrículas da FMTM (atual UFTM); jornais da cidade; acervos das bibliotecas: pública municipal e da UFTM; acervo do arquivo público municipal e entrevistas com ex-professores e ex-alunos.

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A HISTÓRIA DO COLÉGIO RIO BRANCO NAS PÁGINAS DO JORNAL NORTE FLUMINENSE

SUELEN RIBEIRO DE SOUZA Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

O Colégio Rio Branco (1922-2011), ocupou-se tanto da formação humana e científica da elite local como dos “desvalidos”. Instituição privada, fundada em 1922 por José Costa Júnior e Mário Bittencourt, na localidade do Arraial do Senhor Bom Jesus do Itabapoana, comarca de Itaperuna, no interior do Estado do Rio de Janeiro. A instituição funcionou por quase dez décadas, até seu fechamento em 2011, quando se transformou no “Centro Cultural Luciano Bastos”, dedicado a preservar a memória da escola e do Município. A escolha desta localidade para a implementação de uma escola de ensino primário privada se deu pela ausência de escolas públicas ou privadas na localidade, o que provocava que muitos moradores tivessem que ir para outras cidades em busca de educação para seus filhos. Os historiadores, até o momento, não conseguem identificar documentos que registrem uma instituição escolar na localidade antes deste educandário, apesar de existir relatos orais sobre a existência de algumas formas de ensino, como escolas improvisadas e de professoras que lecionavam nas suas residências. Desse modo, a pesquisa impulsiona-se pela importância que este educandário teve na história da educação do noroeste fluminense e para a história local, contribuindo, em um jogo de escalas (REVEL,1998), para a compreensão mais ampla sobre a escolarização na região. Busca-se neste trabalho apresentar parte da trajetória do Colégio Rio Branco, tendo como principal fonte de pesquisa o “Jornal Norte Fluminense”, da cidade de Campos dos Goytacazes/RJ, que dedicava, recorrentemente, em suas páginas matérias sobre a escola, assim contribuindo para sua fama e prestígio. O intuito é mostrar que, apesar do jornal em questão apresentar uma visão laudatória do educandário, ele se constituiu em importante e quase única fonte para compreender a história da instituição e da educação regional. O jornal como produtor de memória deve ser problematizado de forma a interpretar como este visa passar os valores, juízos e justificativas para ação social (VIEIRA, 2007). Em trabalho posterior, essa fonte será cruzada com documentação do próprio arquivo da escola. Conclui-se, que ao longo do tempo o Colégio Rio Branco, preocupou-se com a escolarização bonjesuense, atendendo à todas as classes, através de bolsas de estudo, o que contribui de forma significativa para a construção de uma cultura escolar singular que manteve este educandário como o mais importante da cidade durante décadas, mesmo depois da fundação de escolas públicas.

CURRÍCULO E FORMAÇÃO: APRENDIZADO FEMININO PARA A DOCÊNCIA NA ESCOLA RURAL.

TANIA MARIA RODRIGUES LOPES MARIA JURACI MAIA CAVALCANTE

Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

Parte do pressuposto de que as transformações que revolucionaram a sociedade brasileira e cearense, durante a primeira metade do século XX, tiveram reflexo no pensamento político, pedagógico, normativo e curricular dos cursos e, no tipo/formato de profissionalização organizados pelas instituições, que se ocuparam da formação feminina. A escolha da formação de professores como campo de pesquisa, em parte corresponde à tentativa de compreender a trajetória preponderante desse grupo, no magistério brasileiro e caririense. Destaca que as mudanças estruturais no cenário nacional e local demandaram a definição de programas oficiais ou privados que atendessem, de forma imediata, às lacunas na oferta de instrução e formação feminina. Esse cenário se articulava às necessidades de expansão da oferta de instrução pública a um grande contingente de população, indicando maior atenção para a formação de professores. Para reconstituir a trajetória da instituição optou-se por pesquisa de natureza qualitativa, apoiada em estudo bibliográfico, documental e história oral com foco na vida, formação e trabalho de ex-professoras. A pesquisa documental foi desenvolvida na Escola Normal Rural de Juazeiro do Norte – ENRJN, assim como as entrevistas semiestruturadas com ex-professores foram realizadas naquela cidade. A pesquisa bibliográfica forneceu indicações importantes para compreender o sentido do projeto de civilidade pensando para o Brasil e, neste, a essencialidade da formação de professores. A elaboração teórica foi constituída com base nos estudos desenvolvidos por Schwartzman (2000), Louro (1987; 2011), Almeida (2007), Manoel (2010), Monarca (2009), Nagle (2001), Pedro e Grossi (1998), Sousa (1950), dentre outros. As principais evidências indicam que, na essência, a organização curricular do curso normal aplicado na ENRJN aponta uma atualização à época para aquela formação, muito embora a composição curricular refletisse uma concepção de formação fragmentada, superficial, descontínua e mesclada por outros conhecimentos e procedimentos relacionados ao trato rural, com elevada carga horária para atividades voltadas para objetivos “sociais’’ estabelecidos na função da ENRJN. Indícios indicam também que, a ENRJN foi criada para preparar

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professores que contribuíssem para a adaptação do educando ao seu meio, de forma que pudessem compreender e intervir na dura realidade e vulnerabilidade em que viviam; sabendo-se que a dimensão social do currículo expressa compõe uma significativa carga de trabalho, que conciliava conhecimento e práticas elementares.

PROTAGONISMO FEMININO NA EDUCAÇÃO DA REGIÃO DOS INHAMUNS -CEARÁ: MULHERES DE ELITE NOMEANDO INSTITUIÇÕES

ESCOLARES.

TANIA MARIA RODRIGUES LOPES MARIA JURACI MAIA CAVALCANTE

Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

Trata-se de uma pesquisa realizada junto à disciplina Pesquisa Educacional, ofertada para alunos do 2º semestre do Curso de Pedagogia da UECE/CECITEC, por identificar certa escassez de estudos sobre esta temática, ao recorrer à produção bibliográfica do referido curso, por meio de suas monografias. Na perspectiva de compreender a organização do sistema de educação da Região dos Inhamuns e da cidade de Tauá, em seus delineamentos históricos, passou-se ao desenvolvimento desta investigação, onde foi possível identificar que muitas escolas da rede municipal e estadual eram nomeadas por personalidades femininas. Formulamos, então, a pergunta sobre quem teriam sido essas personalidades. Por que seus nomes foram escolhidos para designar as escolas de educação básica? Que contribuições tais mulheres que nomeiam as escolas dessa região terão trazido para a educação municipal? A metodologia aqui utilizada privilegia a pesquisa qualitativa, apoiada em estudo bibliográfico, oral e documental. Toma por referência alguns estudos desenvolvidos por Gil (1991), Franca (2007), Neves (1986), Pimenta (1949), além da consulta aos documentos produzidos pelas escolas em questão. Na tentativa de compreender a trama das relações existentes entre projetos escolares municipais e as protagonistas já citadas, localizaram-se aspectos relativos ao sistema educacional em suas origens, com destaque para o fato de que mulheres, filhas de latifundiários e lideranças políticas locais, foram as primeiras professoras das chamadas escolas isoladas, as quais colocaram em prática o aprendizado do Curso Normal, tendo o papel de contribuir para o desenvolvimento da educação do município de Tauá e da região dos Inhamuns. Nesse cenário, se destacaram várias mulheres, cujos registros foram localizados nos documentos consultados em várias instituições escolares. No breve histórico das instituições já consultadas, é pontuada a homenagem realizada às professoras, por meio da nominação das escolas, sendo este fato identificado, tanto nas instituições da rede municipal, como estadual. Os dados localizados sobre a história de vida, formação e profissão das professoras indica que elas tiveram atuação marcante na educação local, contribuindo para o seu desenvolvimento e fortalecimento, tanto no papel de docentes, como diretoras. Ressalta-se que este estudo apresenta conclusões relativas à primeira etapa da pesquisa, demanda, portanto novas buscas, na perspectiva de revelar aspectos singulares do movimento educacional levado a efeito em toda essa região.

LIVROS DE OCORRÊNCIA DISCIPLINAR: PODER DISCIPLINAR VERSUS DISCIPLINA ESCOLAR NO COLÉGIO PEDRO II

TATYANA MARQUES DE MACEDO CARDOSO Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

O Colégio Pedro II (CPII) fundado em 02 de dezembro de 1837, localizado no Rio de Janeiro, constitui- se, hoje, em uma autarquia federal do Ministério da Educação (MEC), cuja missão é ministrar ensino público e gratuito nos níveis fundamental e médio. De acordo com o Projeto Político-Pedagógico (PPP) do Colégio Pedro II (2002), a história do CPII confunde-se com a própria história da educação brasileira, especialmente no que diz respeito ao ensino público. Sua origem remonta à primeira metade do século XVIII, ao Abrigo dos Órfãos de São Pedro, obra de caridade da antiga paróquia do mesmo nome, no centro da cidade do Rio de Janeiro. O Colégio Pedro II despertou e continua a despertar a atenção de muitos pesquisadores. Inúmeras dissertações e teses foram produzidas com a temática do colégio cujo tema central sempre esteve ligado à história do ensino secundário brasileiro. Apesar de muito estudado, essa instituição de ensino possui espaços ainda não desvendados pela pesquisa. Sendo assim, pretendo analisar a coleção dos livros de ocorrências disciplinares presentes no Núcleo de Documentação e Memória (Nudom) a fim de verificar quais eram os castigos aplicados como método disciplinar na referida instituição, bem como associar o tipo de disciplina preconizada e aplicada no Colégio, ao regime político estabelecido. Essa coleção, juntamente com outras fontes de pesquisa que podem ser encontradas no

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Nudom (livros de ofícios, regulamentos e regimentos do Colégio, anuários, programas de ensino, entre outros) constitui um rico material de análise e estão à espera de investigação. De acordo com Barros (2005), a disciplina no contexto escolar está voltada para o cumprimento de regras de convivência, isto é, o desenvolvimento físico, intelectual, moral e cívico dos alunos no sentido de conseguir, numa primeira fase, atingir as metas traçadas para o projeto educativo de uma dada sociedade, o que significa formar um tipo ideal de Homem e, finalmente, atingir a plena integração social desse Homem que se quer cumpridor e respeitador das regras e das leis estabelecidas, um ser disciplinado que se possa tornar útil e produtivo enquanto trabalhador e cidadão ativo.Daqui se depreende que a disciplina escolar faz parte de um contexto político e ideológico que permite compreender que o controle social e a regulação de comportamentos eram colocados ao serviço de um poder que visava formar um determinado tipo de cidadão. Deste modo, a análise da disciplina escolar poderia mostrar de que forma o Colégio Pedro II procurou criar seus jovens educandos e em que moldes a disciplina escolar estava atrelada ao poder disciplinar de professores/inspetores de alunos na difícil missão que lhes era atribuída: formar o indivíduo/aluno?

"ELEVAR AO GRAU SUPERIOR...": O IHGB E O PROJETO DA ACADEMIA DE ALTOS ESTUDOS (1916 -1919)

THAÍS DE MELO Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

Esta comunicação refere-se ao desenvolvimento da pesquisa de mestrado sobre o projeto da Academia de Altos Estudos fundada pelo Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), em 1916, cuja finalidade era a promoção de cursos sobre História, Sociologia e assuntos da Administração Pública (GUIMARÃES, 2006). Posteriormente o projeto da Academia foi reformulado dando origem à Faculdade de Philosophia e Lettras, em 1919, cuja finalidade era a de formar mão de obra para administração pública e professores para o ensino secundário. Neste trabalho focaremos a análise na construção do projeto da Academia de Altos Estudos perpassando por sua estruturação política, curricular, e seu funcionamento. A proposta de tomar o IHGB como instituição atuante no campo educacional nos primeiros anos da República decorreu de estudos anteriores que buscaram rastrear as relações desta instituição com o campo educacional no início do século XX. Nesse estudo, foi possível constatar a existência de uma rede de sociabilidade (CHARTIER, 1990) formada pelos sócios do IHGB. Eles também estavam nos quadros de outras organizações como, a Associação Brasileira de Educação (ABE), assim como faziam parte de setores ligados à educação no Ministério de Educação e Saúde pública, recém criado. As esparsas menções a uma Academia de estudos superiores nas atas do IHGB despertou novos interesses, em especial pelo fato dela ter funcionado nas instalações do Instituto e sob sua administração. A aparente ausência de estudos sobre essa atividade estaria relacionada á escassez de fontes sobre ela; contudo uma varredura nas atas e em arquivos do IHGB nos remeteram à publicações no Diário Oficial da União, que constituem parte do material analisado e também do problema de pesquisa enfrentado. Os principais interesses no estudo da Academia de Altos Estudos concentram-se nos modelos de estruturação de cursos superiores, nas palavras de LACOMBE “[...] foi uma tentativa de elevar a História ao grau superior [...]” (1989, p.97-8). O regulamento e a organização dos programas demonstram uma tentativa de abrangência das necessidades administrativas e educacionais do período, ofertando cursos úteis como Diplomacia e História Administrativas, em conjunto com reflexões sobre o ensino para alunos excepcionais (DOU, 06/05/1916) O modelo flexível de construção do percurso formativo dialogava com práticas norte americanas e europeias (CATROGA, IN: CARVALHO; PINTASSILGO - orgs.- 2011 p.15-45) e surgia como alternativa às longas formações das faculdades instituídas. Outro fator era a presença de ouvintes e alunos aos cursos, estabelecendo relações diversas entre objetivos profissionais e instrutivos de seus frequentadores. Nesse sentido, existência desse projeto desperta interesses sobre os projetos e modelos possíveis (ou não) nestas primeiras décadas do século XX.

EDUCAÇÃO ESCOLAR EO PROJETO DE COLONIZAÇÃO DE BATAYPORÃ

THIERRY ROJAS BOBADILHA ROSEMEIRE DE LOURDES MONTEIRO ZILIANI

Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

O trabalho, resultado de pesquisa em andamento na pós-graduação em educação, objetiva apresentar uma análise preliminar sobre a relação entre a institucionalização da educação no município de Batayporã, antigo sul de Mato Grosso,e o projeto de colonização,empreendido desde os anos de 1940, pela Companhia Viação São PauloMato Grosso.A cidade de Batayporã surgiu de um projeto de colonização da Companhia Viação São Paulo

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Mato Grosso (CVSPMT) que fazia parte da “estratégia formada no Estado Novo forjada na expressão ‘Marcha para o Oeste’”; em 1941 a Companhia foi comprada pelo tchecoslovaco Jan Antonin Bata, que pretendiadesenvolver negócios no país.Uma das finalidades da CVSPMT era a de explorar terras devolutas concedidas pelos governos dos estados de São Paulo e Mato Grosso, além de criar colônias, explorar a indústria de navegação e transporte no rio Paraná e afluentes, explorar o comércio de gêneros alimentícios, entre outros tipos de explorações. No ano de 1953 deu-se início a colônia de Batayporã na região do rio Samambaia com 20.000 hectares. Em meio a essas conjunturas foi criada em 4 de março de 1955 a primeira escola no distrito de Batayporã, que em seu primeiro ano teve cerca de 70 alunos, filhos de colonos e de outros moradores de localidades próximas. Inicialmente a escola funcionou com a denominação de Escola Rural Mista passando, logo em seguida,ase chamar Grupo Escolar de Batayporã.Nesse sentido, buscou-sedescrever e analisara visão de educação dos colonizadores, utilizando fontesdisponíveis nos arquivos da escola (atualmente Escola Estadual “Jan Antonin Bata”)e do Centro de Memória “Jindrich Trachta”, localizado naquele município,além dos ditos da primeira professora da escola, obtidos em entrevista realizada em setembro de 2014. O aporte teórico-metodológico inscreve-se na perspectiva foucaultiana, considerando taisinterpretações e escritos como narrativas do nosso tempo, e que contribuem para problematizar o objeto em questão. Narrativa sem pretensão de plenitude do saber, nem de confortar averdade; antes, ciente de seus limites, conforma-se em ser um saber preliminar, parcial. Afirmar um diálogo com essas análises tem várias implicações, entre as quais se destacam para a pesquisa em questão: a recusa da busca de uma origem e de uma noção de poder como algo que se detém e que emanaria de instituições como o estado. Trata-se antes de concebê-la como correlações de forças, que produz saberes e os faz circular. Assim, a preocupação com a educação escolar em questão, se dirige para a relação entre o projeto de colonização em curso naquele lugar e momento e a invenção da instituição escolar. Observou-se que diferentes práticas e discursos, que lhe são exteriores e anteriores, possibilitaram sua fabricação como singularidade histórica.

HISTÓRIAS E MEMÓRIAS DO GRUPO ESCOLAR PROFESSOR BALDUINO CARDOSO DE PORTO UNIÃO-SC (1918-1938)

VALÉRIA APARECIDA SCHENA Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

HISTÓRIAS E MEMÓRIAS DO GRUPO ESCOLAR PROFESSOR BALDUINO CARDOSO DE PORTO UNIÃO-SC (1918-1938) UEPG/UNESPAR- Campus de União da Vitória-PR O presente estudo analisa a prática pedagógica empregada na educação primária no Estado de Santa Catarina, no início do século XX, estudando especificamente o Grupo Escolar Professor Balduino Cardoso, localizado no município de Porto União-SC. O referido educandário foi implantado no dia 28 de setembro de 1918 sendo criado primeiramente como Escolas Reunidas Professor Balduino Antônio Cardoso, e em 1927 esta unidade escolar foi elevada a “Grupo Escolar Professor Balduino Cardoso” sendo que nesta época foram oferecidas à população estudantil de Porto União-SC, as quatro primeiras séries do curso primário elementar e quatro séries do Curso Normal Regional denominado de “Marcelino Dutra”. Devido a grande procura por vagas no Grupo Escolar Professor Balduino Cardoso, foi construído novo prédio escolar em terreno doado pelo munícipio e recursos vindos do Estado, sendo inaugurado em 1938. O estudo apresenta como objetivo geral: Identificar o processo de produção e apropriação das ideias pedagógicas no Ensino Primário; Especificamente pretende-se descrever e analisar o discurso pedagógico contido nos Relatórios Anuais, e decreto-lei do estado de Santa Catarina. A educação em Santa Catarina, no início do século XX, permite-nos identificar uma sociedade em pleno desenvolvimento econômico, social e político, além de visualizarmos a expansão dos grupos escolares, a organização do trabalho didático da instrução pública. Essas mudanças indicaram uma nova instituição escolar pública, identificada com as novas funções que a sociedade, do início do século XX, impôs à educação escolar, efetivadas com a instalação de grupos escolares. Neste sentido, este estudo terá como fontes: Documentos localizados no Grupo Escolar Professor Balduino Cardoso, entre eles: a) Pareceres dos Inspetores de Ensino nos livros de visitas ao Grupo Escolar, b) Planos de Aula, enviados para o Estado e as Atas de Visitas das Autoridades Escolares contendo o parecer dos Inspetores Escolares, 1919- 1938; d) A opção pela fonte oral emerge como possibilidade de explorar a memória do Grupo Escolar Professor Balduino Cardoso, através das falas de três professoras que inicialmente foram alunas e após sua formação passaram a lecionar no ensino primário deste educandário; Tratando-se de uma investigação histórico-educacional, este trabalho tem alicerce em Roger Chartier, ou seja, busca-se compreender o processo educacional construído naquele momento histórico, retratando a apropriação pedagógica, bem como as ideias que circulavam nos materiais escolares no referido Grupo Escolar. Palavras-Chave: Histórias e Memórias, Grupo Escolar, Práticas Pedagógicas.

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VESTÍGIOS DA ORIGEM E CONSTITUIÇÃO DA ESCOLA SANTA CLARA

VANESSA FRANÇA APARECIDA MARIA ALMEIDA BARROS

Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

Situada no campo da história das instituições escolares, a investigação da Escola Santa Clara, tem como centro de interesse conhecer a sua origem e constituição institucional. Apesar de compor uma história relativamente recente (década de 1980), essa instituição, destinada a Educação Especial, foi concebida inicialmente por um grupo de profissionais oriundos de diversas áreas do conhecimento (professores, psicólogos, médicos, pais), que vislumbrou a possibilidade de edificar uma escola com as características e especificidades de atendimento a uma determinada clientela que se mantinha à margem da rede escolar e desprovida de quaisquer formas de assistência na cidade e região. A estrutura física e pedagógica foi gradativamente obtida com o provimento financeiro proveniente de diferentes convênios celebrados junto a Associação Pestalozzi, ao governo municipal, estadual e federal. No processo de constituição e consolidação, a escola vivenciou mudanças conceituais, sendo influenciada por alterações na legislação e nas políticas educacionais após a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB n. 9.394/1996). Ao buscar a interlocução teórica com o campo da pesquisa em história da educação, com ênfase no estudo das instituições escolares, referenciamos autores como Nosella e Buffa (2009), Nascimento (2007), Sanfelice (2006/2007/2009), Magalhães (2004) e Saviani (2005). Para dar visibilidade ao objeto de pesquisa, serão acionadas categorias, tais como: processo de criação, estruturação da escola e formato institucional, no sentido de compreender as motivações que impulsionaram o investimento nesse formato de escola até então inexistente na cidade de Catalão e região, com realce para as singularidades e especificidades de atendimento e projeto organizacional. Em termos metodológicos, a pesquisa é inspirada nas narrativas para a coleta de depoimentos dos idealizadores da instituição, enquanto que a pesquisa histórica se fundamentará em documentos oficiais para o levantamento dos aspectos de sua constituição e estruturação enquanto projeto formativo, assistencial e clínico, ancorado na legislação do Ensino Especial, bem como na influência da sociedade, da cultura e das políticas educacionais no processo histórico de criação (em 1982) e consolidação da Escola (até 2000), as singularidades de organização e abrangência de atendimento especializado a qual se destinava as ações multidisciplinares da instituição no período .

O INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DE GARÇA E A FORMAÇÃO DE PROFESSORES NO CURSO NORMAL SUPERIOR-2003-

2006:RESULTADOS PRELIMINARES

VANIA REGINA PIERETTI JULIÃO LUCIRENE ANDREA CATINI LANZI

Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

Apresentam-se, nesta comunicação, resultados de investigação preliminares que deram origem ao projeto de pesquisa, a ser desenvolvido entre 2014 e 2106, tendo como objeto de estudo aspectos da formação de professores no curso Normal Superior no Instituto Superior de Educação-Garça SP, a saber: aspectos da implantação e funcionamento do Instituto Superior de Educação, as disciplinas escolares ministradas no referido curso e o impacto dessa formação nos alunos egressos. A trajetória histórica da formação de professores no Brasil passou por períodos, até chegar na atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação-L.D.B. 9.394/96, que direcionou, conforme artigos 62 e 63, a formação de professores da Educação Infantil e Séries Iniciais do Ensino Fundamental nos Institutos Superiores de Educação, em curso de Licenciatura denominado Normal Superior. Após as publicações de Decretos, Pareceres e Resoluções, o que se viu foi uma expansão de autorização e funcionamento desses Institutos/curso Normal Superior. As disciplinas escolares do referido curso se organizaram de acordo com o Parecer CNE/CP 009/2001 que indicava as Diretrizes Curriculares Nacionais para Formação de Professores da Educação Básica em nível superior, curso de licenciatura, de graduação plena. Mediante as manifestações e debates por parte de educadores se teve os Pareceres CNE/CP n.5/2005 e 03/2006, que indicaram a formação em questão no curso de Pedagogia. Há a partir dai a transformação do curso Normal Superior em Pedagogia. A curta trajetória do curso Normal Superior, pautada num contexto histórico, marca a formação de professores em Institutos Superiores de Educação mantidos, em sua maioria, pela rede particular de ensino. O curso mencionado e o Instituto Superior de Educação apresentavam características próprias, de acordo com as legislações que os regulamentavam e as ações das pessoas envolvidas. Assim, apresentamos resultados do trabalho que tem como objetivo analisar como o Instituto Superior de Garça-SP organizou o curso Normal Superior; como foi a sua trajetória e as possíveis contribuições dessa formação para os alunos egressos. Nesse sentido, os aspectos abordados neste trabalho poderão colaborar como fontes para pesquisas nas diversas áreas

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relacionadas à formação de professores. O método de análise privilegiado é o da História Oral concebido por Meihy (2000). Trata-se de projeto de pesquisa de mestrado, em desenvolvimento, iniciado no âmbito do GP Forme - Formação do educador, da FFC-Unesp/Marília-SP e integrante do programa de pesquisa intitulado “História da didática em instituições de formação de professores no Brasil (1827-2011)”

O COLÉGIO ESTADUAL DA PRATA: UMA ABORDAGEM HISTÓRICA (1953-1961)

VÍVIA DE MELO SILVA Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

Inscrito no vasto campo dos estudos acerca da história das instituições escolares, esta pesquisa objetiva contribuir com a constituição de um conhecimento histórico concernente ao primeiro colégio secundário público de Campina Grande - Paraíba. Quanto ao recorte temporal, delimitamos o ano de 1953 por se tratar da fundação da instituição escolar em estudo e, o ano de 1961, por ser o momento em que foi aprovada a Primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a Lei n.º 4.024, de 20 de dezembro de 196, que alterou algumas deliberações acerca do ensino secundário. Para esse texto, procuramos focalizar aspectos relacionados à criação do estabelecimento de ensino secundário, destacando o contexto no qual o mesmo passou a se inserir, bem como, acerca da arquitetura escolar. A pesquisa se desenvolve a partir dos referenciais propugnados principalmente por Bourdieu (1996), Magalhães (2004), Saviani (2007), Viñao Frago (1995) entre outros. Quanto às fontes utilizadas, trabalhamos com mensagens presidenciais; mensagens de governadores apresentadas à Assembleia Legislativa; livros de memorialistas locais; jornais, anuário, planta baixa da estruturação do prédio escolar entre outras. De um modo geral, observamos que, quanto à implantação do Colégio Estadual de Campina Grande, foram três os indícios sobre à concretização desse feito para o ensino secundário público paraibano, e especificamente campinense, são os que seguem: a política educacional de expansão do ensino secundário público; a demanda populacional de Campina Grande e a reivindicação da elite local; e a expansão do ensino primário que repercutiu diretamente na necessidade de instauração de uma instituição pública de ensino secundário. No que se refere à edificação do educandário, o prédio foi erguido no bairro denominado Prata, localizada na zona oeste da cidade de Campina Grande-PB e cuja criação foi na década de 1950 quando esta cidade passou pelo forte processo de expansão do seu espaço urbano. Foi um projeto arquitetônico com perspectiva progressiva, que permitia ampliações futuras, sendo sua estruturação organizada em dois pavimentos, um térreo e o piso superior. Tal edificação se tratou de uma grandiosa construção, com capacidade para mais de dois mil estudantes. Além disso, foi possível perceber que a edificação do prédio indicou uma forma de “U” de ponta cabeça. Ademais, vale destacar essa construção enquanto espaço que educa revestido de uma simbologia. Foram 18 salas de aulas e várias outras dependências.

O INSTITUTO PEDAGÓGICO E SUAS SENSIBILIDADES ESCOLARIZADAS CAMPINA GRANDE - PB (1919-1942)

VIVIAN GALDINO DE ANDRADE Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

Este artigo busca discutir a participação de uma instituição escolar no projeto de modernização da cidade de Campina Grande/PB, durante os anos de 1919 a 1942. O Instituto Pedagógico, foco de nossa discussão, foi a primeira escola particular da cidade a ser referenciada com uma modernidade pedagógica. Existente e vivo até os dias atuais, agora como Colégio Alfredo Dantas (CAD), o antigo Instituto Pedagógico construiu historicamente para si, pelo intermédio de seu corpo diretor e docente, uma imagem de uma instituição escolar auspiciosa, moderna pedagogicamente, que tem sua história institucional envolvida nas tramas históricas da cidade. Nosso intuito está em apresentar a escola como uma das instituições responsáveis por gerar na cidade uma sensibilidade moderna, educando e civilizando os sujeitos aos moldes de uma urbe em constante “progresso”. Teve como diretor o tenente Alfredo Dantas que incorporou na escola um programa pedagógico militar, funcionando em níveis primário e secundário, mas também com a contribuição das Escolas Anexas (Escola Normal João Pessoa, Escola Militar General Pamplona e Escola de Comércio e Peritos Contadores) que educavam e profissionalizavam os sujeitos para suprir as necessidades econômicas e comerciais que surgiam na cidade. Saneamento básico, luz elétrica, alfabetização, desenvolvimento do comércio, higiene e urbanização eram os princípios motivadores de um projeto de cidade moderna, que conduziu várias instituições e sujeitos sociais no Brasil a experienciar uma “Pedagogia da Cidade”. Será através de Norbert Elias (1992) e Michel Foucault (2006) que problematizaremos esta intensa relação entre a escola, a sociedade e os indivíduos, visando apontar uma

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educação das sensibilidades que regenerava e produzia cidadãos aptos ao viver moderno. Foi por meio da Nova História Cultural e da apreensão/reflexão de fontes jornalísticas e de impressos pedagógicos produzidos pela própria Instituição, que encontramos os caminhos possíveis de serem traçados para a confecção deste texto, que almeja a produção de uma cartografia da história do Instituto Pedagógico, denotando como essa instituição educativa estava a serviço da cidade, mas também da pátria. Instituição escolar, cultura (material) escolar, disciplina e civilização são nossos conceitos-motes de reflexão, que apontam em seus interstícios para uma discussão sobre a arquitetura escolar, os materiais didáticos, os/as professores/as e os impressos pedagógicos como fontes que rememoram a organização da vida escolar dos/as alunos/as do Instituto Pedagógico. Para nos auxiliar nessa discussão lançamos mão de um grupo de autores/as da historiografia da Educação, entre eles/as Luciano Faria Filho, Clarice Nunes, Tarcisio Vago, Cynthia Greive Veiga, Dermeval Saviani, entre outros, visando discutir a cultura própria desse espaço escolar em conexão com a história da cidade, que educava/civilizava corpos e mentes, escolarizando as sensibilidades dos sujeitos.

HISTÓRIA DO COLÉGIO ESTADUAL DR. GASTÃO VIDIGAL (1953-1975): UMA ABORDAGEM SOBRE AS FEIRAS DE CIÊNCIAS

VIVIANE DE OLIVEIRA BERLOFFA CARAÇATO MARIA ANGÉLICA OLIVO FRANCISCO LUCAS

Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

O presente artigo faz parte de uma pesquisa sobre a história do Colégio Estadual Dr. Gastão Vidigal do município de Maringá-PR, o primeiro estabelecimento de ensino público a oferecer a primeira etapa do curso ginasial à classe estudantil maringaense. O referido colégio fora instituído, principalmente, devido à reivindicação das famílias de menor poder aquisitivo da cidade, as quais não possuíam condições de manter os filhos na rede privada de ensino. O estudo tem como objetivo principal reconstituir o processo histórico da supracitada instituição no período de 1953, ano de sua criação, a 1975, momento este em que recebeu legalmente a autorização de funcionamento do curso de 1º e 2º graus, conforme determinações regulamentadas pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1971. Além disso, o trabalho tem o propósito de analisar as Feiras de Ciências desenvolvidas no colégio, cuja prática educativa tinha como objetivo alterar o ensino memorístico da disciplina por uma aprendizagem de caráter mais prático e em consonância com o desenvolvimento científico e industrial por qual o país passara. Vale ressaltar que a referida prática pedagógica obteve grande repercussão municipal devido a qualidade dos trabalhos desenvolvidos pelos ginasianos, a ponto de, em anos posteriores, a instituição ter sido responsável pela organização de uma Feira de Ciências em nível nacional, onde puderam participar estudantes de todas as instituições do Paraná e de todos os estados do país, sendo esta realizada nos anos subsequentes em outros estados. Portanto, para o desenvolvimento deste estudo, julgamos necessário compreender o contexto educacional do período em questão, assim como os aspectos relacionados à colonização da região norte-paranaense, local onde fora fundada a cidade de Maringá. Diante disso, consideramos o conhecimento desse momento histórico como condição indispensável para recuperar aspectos referentes ao processo de criação de Maringá e da implantação do Colégio Estadual Dr. Gastão Vidigal. Nesse sentido, elegemos a pesquisa bibliográfica e documental para o desenvolvimento deste estudo. Na primeira parte, abordamos alguns aspectos relacionados ao desenvolvimento do norte-paranaense; na segunda, discorremos sobre a fundação de Maringá; na terceira, discutimos sobre a implantação da supracitada instituição e, por fim, analisamos a gênese e a importância destinada às Feiras de Ciências desse estabelecimento educativo para a formação da classe estudantil maringaense. Encerramos, reafirmando a valiosa contribuição da instituição ora estudada para o ensino da população de Maringá e para o desenvolvimento desse município.

COLÉGIO ESTADUAL PROFESSOR ERNESTO FARIA E O BAIRRO DE SÃO CRISTÓVÃO COMO ESPAÇOS QUE SE ENTRELAÇAM

WÂNIA CRISTINA DOS REIS JOSÉ BALASSIANO Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

A diversidade dos temas no âmbito da História da Educação é latente. Contudo, aquele que se debruça sobre a história das instituições educacionais tem demonstrado sua força, na medida em que seus pesquisadores entendem que através dele é possível compreender as condições históricas de produção da escola moderna de forma bastante competente. Este trabalho, vinculado a essa tradição, tem por objetivo analisar o momento de criação do Colégio Estadual Professor Ernesto Faria e sua relação com o bairro de São Cristóvão, onde se encontra localizado. Considera que se o colégio é inaugurado um ano após o golpe civil-militar, nas cercanias da

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favela da Mangueira, esta fervilhava social e culturalmente por conta de sua escola de samba, que pode ser entendida como a síntese do que de mais nobre havia em termos de cultura popular na cidade. Este trabalho, através de um ponto de vista sócio-histórico, propõe-se a destacar alguns aspectos específicos da história do bairro bem como da instituição em foco, visando salientar que a instituição escolar ao receber o nome de um latinista se firma segundo um valor distintivo, cujo nome implica na perpetuação de um modelo de escola pública que tem como base os mais altos valores de nossa cultura legítima - o latim - que, inclusive, se contrapõe à própria cultura produzida pelo bairro de São Cristóvão e, particularmente, pela favela da Mangueira naquele momento. Parte da hipótese de que haveria uma inter-relação entre bairro e escola que não deve ser desconsiderada. Enfim, acreditamos que um trabalho sobre a referida instituição implica considerar o bairro em que se situa, sua história e seu desenvolvimento cultural, na medida em que ambos os espaços de maneira diferenciada passam a produzir cultura, respectivamente, escolar e popular. O trabalho através de uma pesquisa documental nos Arquivos da Cidade e do próprio colégio se utilizará de registros que justamente consigam explicitar as condições históricas da criação do mesmo e também da efervescência social e cultural da cidade nos anos 1960 que, na época, se torna celeiro de uma mistura cultural que se efetiva por meio da “união” entre a favela e a zona sul, as culturas popular e de elite. A música e o cinema novo são exemplos emblemáticos dessa postura. O texto será dividido em duas partes. Na primeira mostrará o ambiente cultural do Rio de Janeiro e, mais especificamente, do bairro e da favela; a segunda parte evidenciará que o Colégio Estadual Professor Ernesto Faria, na contramão dessa postura, e apesar de encontrar-se circundado pela escola de samba, nasce sobre a lápide de um latinista. Assim, parece querer cumprir com o seu auguro: se constituir como um colégio modelo para a época, baseado nos princípios do que denominamos de cultura legitima.

OS CUIDADOS E A EDUCAÇÃO DE MENINOS NO INSTITUTO ORFHANOLÓGICO DO OUTEIRO (1904-1922)

WELINGTON DA COSTA PINHEIRO SHEILA ALVES DE ARAÚJO

Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

Esta pesquisa tem como objeto de estudo uma instituição destinada ao cuidado e à educação de meninos, denominada “Instituto Orfanológico do Outeiro”, mais especificamente, busca-se investigar as práticas educativas e de cuidados que eram desenvolvidas neste espaço, que foi criada 14 em julho de 1904 por decreto do então governador do Pará, Augusto Montenegro, mas que somente entrou em funcionamento em 31 de julho de 1906, e que funcionou até meados dos anos de 1922. Enquanto questões investigativas têm-se: como se dava as práticas educativas e de cuidados de meninos no Instituto Orfanológico do Outeiro? Quais as reais motivações para a criação e implantação desta instituição?Que concepções educacionais norteavam os princípios e práticas desta instituição?Qual a origem dos meninos matriculados no Instituto?Que destino os meninos recebiam após o desligamento do instituto?Como eram organizadas e desenvolvidas as práticas de cuidados, atividades, cursos e disciplinas no Instituto Orfhanológico? No sentido de responder estes questionamentos, propõe-se como objetivo geral da pesquisa: Analisar, por meio de fontes documentais, as práticas educativas e de cuidados realizadas no Instituto Orfhanológico do Outeiro no período de 1904 a 1922. E enquanto objetivos específicos para contribuírem a intenção central deste estudo: investigar as motivações históricas e sociais para a criação e implantação do Instituto Orfanológico do Outeiro; evidenciar as concepções educacionais que norteavam os princípios e práticas desta instituição; compreender a forma de ingresso e qual o destino dos meninos após serem desvinculados desta instituição educativa; caracterizar o perfil social dos meninos matriculados neste instituto; contextualizar e analisar os cuidados, atividades, cursos e disciplinas destinados aos meninos no Instituto Orfhanológico. Metodologicamente, este estudo se pauta em uma pesquisa documental, tendo como fontes investigativas: jornais impressos desse período, mensagens e relatórios do Governador a época, Augusto Montenegro e informações e imagens sobre o Instituto Orfanológico contidas no Álbum do Pará, de 1908. A discussão dos dados obtidos é norteada por estudiosos da História das Instituições, da História da infância e da Educação no Pará. Os resultados preliminares desta pesquisa apontam o Instituto Orfanológico aqui como uma instituição bastante representativa no cenário educacional paraense do início do século XX, pois é umas das poucas a fornecerem educação a meninos desvalidos abaixo dos doze anos de idade, servindo como um projeto do Estado de formar estes meninos, por meios dos cuidados, cursos e disciplinas, em sujeitos civilizados e preparados, físico e intelectualmente, para contribuírem para o progresso do Pará republicano.

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A ESCOLA NORMAL DE PORTEIRINHA: LUZES PARA O SERTÃO NORTE-MINEIRO (1964-1971)

WILNEY FERNANDO SILVA Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

Este trabalho consiste em um estudo acerca da Escola Normal de Porteirinha durante o período compreendido de 1964 a 1971. Seu objetivo principal é verificar qual foi o significado político e educacional da criação desta instituição para a cidade e região Norte-Mineira, bem como o seu funcionamento no período pesquisado. Tendo o estudo do campo da história como referência primordial, realizou-se uma análise das principais práticas políticas e educacionais auferidas por alguns agentes políticos locais, tais como ex-professores, ex-funcionários da escola, ex-dirigentes municipais e ex-estudantes. Foram utilizadas como técnicas de pesquisa, a análise documental, a iconografia e entrevistas semi-dirigidas. Na análise documental, foram levantados documentos originais como livro de ponto de professores, biografias, diplomas, regimento, produções textuais de alunos etc., bem como fotografias pertencentes ao acervo histórico da Escola Estadual Alcides Mendes da Silva, do Museu da Prefeitura Municipal de Porteirinha/MG e do Cartório Eleitoral. Foram entrevistados atores ligados à política e à educação que participaram na construção das práticas e do cotidiano escolar no período enfocado. A instalação da Escola Normal foi um produto de antigas práticas clientelistas, concretizadas por meio de trocas, favores e acordos políticos e de um ideário nacional-desenvolvimentista, de cunho militar. Estes dois elementos também transpassaram dentro da cultura escolar, sendo reproduzidos nos discursos e nas práticas pedagógicas dos professores, diretores e inspetores, bem como nos comportamentos, aspirações e formação dos estudantes. Dois importantes documentos analisados, o Regimento Interno da Escola Normal e as produções textuais dos alunos, retratam o tipo de educação que se empregava na época: uma educação voltada para a normatização, para a disciplina e para a técnica. Por fim, com o endurecimento da política militarista, a Escola Normal tornou-se ainda mais rígida, criando sistemas de vigilância e disciplinamento por meio da transformação do Grêmio Estudantil em Centro Cívico, dos incentivos aos desfiles de 7 de setembro e pela imposição de um currículo autoritário com a substituição das disciplinas de História, Sociologia e Filosofia pela Organização Social e Política do Brasil (OSPB) e Educação Moral e Cívica (EMC). Por fim, é preciso destacar a função social que a escola teve no município de Porteirinha e região Norte-Mineira, pois foi uma escola pública responsável pela formação de milhares de professores leigos que buscavam sua profissionalização nos idos das décadas de 1960 e 1970. Numa região carente de recursos, com enormes índices de analfabetismo, a Escola Normal de Porteirinha representou a luz da formação, da busca de novos olhares e perspectivas para a educação de homens e mulheres, sertanejos daquele lugar e tempo.

A ESCOLA NORMAL REGIONAL NORTE-MINEIRA: ANÁLISE HISTÓRICO-CURRICULAR E DAS PRÁTICAS EDUCATIVAS (1960-1970)

WILNEY FERNANDO SILVA Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

As funções que o currículo cumpre como expressão do projeto cultural e da socialização são realizadas por meio de seus conteúdos, de seu formato e das práticas que giram em torno de si. Analisar os currículos significa estudá-los no contexto em que se configuram e no qual se expressam as práticas educativas. São sobre essas questões que esse trabalho se assenta. Ao analisar o currículo da Escola Normal Regional da cidade de Porteirinha, cidade localizada no norte de Minas Gerais, o trabalho buscará desvelar identidades regionais, práticas educacionais e direções políticas dos anos 1960 e 1970. Para realização dessa pesquisa qualitativa, utilizamos como técnicas de coleta de dados, a pesquisa documental realizada em leis, decretos, Regimento Interno da escola, currículo, atas, calendário, caderno de registro de matérias, livros de ponto e relatórios técnicos. Como principais teóricos, utilizaremos Justino Magalhães e Clarice Nunes. O curso Normal Regional foi uma das modalidades ofertadas nas Escolas Normais Brasileiras e foi responsável por formar a maioria dos professores para o magistério e, em sua grade curricular, constatava-se o predomínio de disciplinas de conteúdos geral/humanista sobre as de formação pedagógica. Para efeito da formação profissional docente, o currículo da 5ª série do Ginasial Normal, da Escola Normal de Porteirinha, era composto pelas disciplinas fundamentais à prática pedagógica, como: Psicologia, Introdução à Didática Teórica e Prática, Sociologia, Filosofia e Biologia Educacional. Disciplinas e práticas da cultura geral como Português, Matemática, Francês, Inglês, História, Educação Musical, Educação Física e Geografia prevaleciam sobre as disciplinas de formação profissional. As disciplinas Trabalhos Manuais, Agricultura, Artes e Economia Doméstica pareciam estar voltadas para o fazer e para a prática. As disciplinas Economia Doméstica, Agricultura e Agropecuária pareciam refletir os traços dos papéis do homem e da mulher na sociedade. A religião católica afirmava-se fortemente por meio dos seus

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conteúdos e pelos valores da época. Estes preceitos, juntamente com os difundidos na disciplina Educação Cívica, eram baseados em temas como “pátria e religião, necessidade da religião, a salvação, a bíblia, os mandamentos”, como consta nos registros da súmula do primeiro livro de ponto de professores da Escola. Por fim, os currículos das escolas sofreram algumas imposições com a instalação do Governo Militar. Isso figurou, por exemplo, a substituição de disciplinas como história e filosofia pela Organização Social e Política do Brasil (OSPB) e Educação Moral e Cívica (EMC) fazendo dissolver as reais necessidades políticas das pessoas ao incutir práticas educativas disciplinares, normatizadoras e rígidas, perpassadas por um dispositivo político ideológico.

A ESCOLA TECNICA DO COMÉRCIO DE JUAZEIRO DO NORTE

ZULEIDE FERNANDES DE QUEIROZ MARLÚCIA MENEZES DE PAIVA

Eixo Temático: 7 - História das Instituições e Práticas Educativas

O estudo da instituição educacional tem lugar em Juazeiro do Norte, localizado no sul do Ceará. Espaço que nas década do século XX teve um crescimento econômico, com ênfase no comércio e consolidação de cultural. Quando adentramos na história da educação sua história se mistura a do Padre Cícero Romão Batista, em que no final do século XIX e início do XX, inicia uma ação missionária na região do Cariri cearense sob o lema ‘em cada sala um altar e em cada quintal uma oficina’, e, antes da sua morte, na década de 1930, deixa parte de sua herança para os Padres Salesianos para ‘cuidar da educação da juventude pobre’. Nas décadas que se seguem a cidade recebe a criação da Escola Técnica do Comércio – ETC/JN, uma idealização de um grupo de comerciantes que fundaram a Associação dos Empregados do Comércio em Juazeiro, com a missão de ‘diante da necessidade de aprimorar os conhecimentos contábeis e ao mesmo tempo incentivar o comércio local’ foi criada a ETC/JN. Este estudo teve por objetivo reconstituir a história da instituição educacional de base profissional e a pesquisa qualitativa nos marcos da concepção metodológica da história das instituições educacionais utilizando como instrumental os documentais oficiais da instituição, escritos locais e a entrevista semiestruturada com os sujeitos – alunos, professores, gestores e historiadores locais. A pesquisa registrou que, em 1930, teve início uma experiência de escola profissionalizante no município de Juazeiro do Norte, localizado no sul do Ceará, com aulas noturnas para os filhos dos seus associados e balconistas. A oficialização da ETC/JN só realizou-se no ano de 1944, pelo Ministério da Educação, com o reconhecimento do Curso Básico de Contabilidade. Em 1947 a Escola foi reconhecida e inspecionada, consolidando o Curso de Técnico de Contábil. Em 1974 passou a ser inspecionada pelo Conselho Estadual de Contabilidade, o que antes, era realizado pela Diretoria de Ensino Comercial no Rio de Janeiro, desde 1945. Na mesma década foi criado o Curso Técnico de Administração de Empresas e na década de 1980, o Curso Técnico de Enfermagem e, posteriormente, o Curso de Informática. A partir da segunda metade dos anos de 1990, procedeu-se a reforma do ensino nacional estabelecendo uma nova configuração de educação profissional - Decreto nº. 2.208/97 e Portaria MEC Nº. 646/97, com o apoio do Programa de Reforma da Educação Profissional (PROEP), Portaria MEC Nº1.005/97, com repercussão no sistema federal de ensino e nos sistemas estaduais. No ano de 1998 a instituição encerrou suas atividades com uma turma de 46 concludentes. O estudo possibilitou a reconstituição histórica de uma importante instituição educacional, de base profissionalizante e responsável pela formação dos comerciantes da região do Cariri, bem como situar a educação do Cariri Cearense na política educacional das décadas de 1930 e 1940, quando da consolidação da industrialização e do comércio no Brasil, com repercussões no Ceará.

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