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Comunicações Individuais Eixo Temático 6 História das Culturas e Disciplinas Escolares

Comunicações Individuais - Programa de Pós-Graduação ... · projetos de civilizaÇÃo: educar a moral e disciplinar corpos e mentes na corte imperial ... a histÓria do ensino

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Comunicações Individuais

Eixo Temático 6

História das Culturas e Disciplinas Escolares

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SUMÁRIO ENSINAR A ENSINAR LITERATURA INFANTIL NO CURSO MAGISTÉRIO (PARANAPUÃ/SP : 1983-1993) .............339 ALINE FRANCIELE MARTINS DE OLIVEIRA ..........................................................................................................339 CONSTRUINDO UM GÊNERO LITERÁRIO: A DISCIPLINA LITERATURA INFANTIL NO INSTITUTO DE EDUCAÇÃO DO DISTRITO FEDERAL (1934 - 1938)......................................................................................................................339 ALINE SANTOS COSTA.......................................................................................................................................339 O ENSINO DE HISTÓRIA NA ESCOLA NORMAL DE DIAMANTINA, MG (1879-1906) ...........................................340 ANA CRISTINA PEREIRA LAGE............................................................................................................................340 A EDUCAÇÃO PELO EXEMPLO: REFLEXÕES A PARTIR DO TRATADO “PRINCÍPIOS DE PEDAGOGIA”, DE JOSÉ AUGUSTO COELHO...........................................................................................................................................340 ANA PAULA DE SOUZA KINCHESCKI...................................................................................................................340 A APROPRIAÇÃO DAS TABUADAS NO ENSINO PRIMÁRIO PARANAENSE (1903-1932)......................................341 ANDRÉ FRANCISCO DE ALMEIDA.......................................................................................................................341 NEUZA BERTONI PINTO.....................................................................................................................................341 CURRÍCULO ESCOLAR, CULTURA E MODERNIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO FEMININA NO INÍCIO DO SÉCULO XX......342 ANDRÉA GABRIEL FRANCELINO RODRIGUES......................................................................................................342 A DISCIPLINA DE HIGIENE SOB A INFLUÊNCIA MÉDICO HIGIÊNICA EM SERGIPE (1879-1930). ..........................342 ANGELA MARIA MELO SÁ BARROS ....................................................................................................................342 DILSON GONZAGA SAMPAIO.............................................................................................................................342 A DIDÁTICA NO “PROGRAMA ESPECIAL DE FORMAÇÃO PEDAGÓGICA DE PROFESSORES” DA UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ – UTFPR/CÂMPUS MEDIANEIRA (2005 A 2012): ALGUNS ASPECTOS .....343 ANGELA ROSINA ALEXIUS MATTÉ......................................................................................................................343 FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO: UMA HISTÓRIA DA DISCIPLINA NO ENSINO SUPERIOR PÚBLICO DE BELO HORIZONTE [ENTRE AS DÉCADAS DE 1960 E 1990] ..............................................................................................................343 AURILANE MESQUITA FREITAS..........................................................................................................................343 A PESQUISA NOS PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO DO BRASIL SOBRE AS MANIFESTAÇÕES ARTÍSTICAS DO MOVIMENTO NA EDUCAÇÃO BÁSICA ..............................................................................................................344 CARLA MICHELE RAMOS ...................................................................................................................................344 A DISCIPLINA HISTÓRIA E A POLÍTICA EDUCACIONAL NAS DÉCADAS DE 30 A 40 DO SÉCULO XX......................345 CLARÍCIA OTTO.................................................................................................................................................345 CURRÍCULO E PRÁTICAS DE ENSINO DE GEOGRAFIA: HISTÓRIA E HISTORIOGRAFIA ........................................345 DANIEL MENDES GOMES ..................................................................................................................................345 UM ESTUDO HISTÓRICO SOBRE A EDUCAÇÃO MATEMÁTICA EM UMA ESCOLA DE ENSINO PRIMÁRIO NO PERÍODO DE 1950 A 1970.................................................................................................................................346 DANILENE DONIN BERTICELLI............................................................................................................................346 CURRÍCULO E HISTORICIDADE: A DISCIPLINA HISTÓRIA DO MARANHÃO NO SISTEMA PÚBLICO ESTADUAL DE ENSINO (1902 – 2013)......................................................................................................................................346 DAYSE MARINHO MARTINS...............................................................................................................................346 COTIDIANO ESCOLAR: OS EXAMES E A FREQUÊNCIA ESCOLAR.........................................................................347 DIANA ROCHA DA SILVA....................................................................................................................................347

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Caderno de Resumos - Comunicações Individuais

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EM PROL DA GEOGRAFIA NA EDUCAÇÃO PRIMÁRIA OITOCENTISTA: AS (PRO)POSIÇÕES ERIGIDAS DAS PÁGINAS DO PERIÓDICO A INSTRUÇÃO PÚBLICA (1872-1875) ........................................................................................348 EDNA TELMA FONSECA E SILVA VILAR............................................................................................................... 348 PROJETOS DE CIVILIZAÇÃO: EDUCAR A MORAL E DISCIPLINAR CORPOS E MENTES NA CORTE IMPERIAL (1860-1880) ...............................................................................................................................................................348 FÁTIMA APARECIDA DO NASCIMENTO.............................................................................................................. 348 “PARA DAR PERFEITA EDUCAÇÃO À ALMA DO TENRO INFANTE”: RECOMENDAÇÕES E PRESCRIÇÕES MORAIS EM UM MANUAL PORTUGUÊS DO SÉCULO XVIII..............................................................................................349 FERNANDO CEZAR RIPE DA CRUZ...................................................................................................................... 349 A LITERATURA INFANTIL NO ENSINO NORMAL: O CURSO INTENSIVO PROMOVIDO PELO DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO DE SÃO PAULO (1957) ...................................................................................................................349 FERNANDO RODRIGUES DE OLIVEIRA................................................................................................................ 349 “ASSIM DEVEM PROCEDER TODAS AS MENINAS EDUCADAS!”: EDUCAÇÃO FEMININA EM LIVROS DE LEITURA FLÁVIA REZENDE .............................................................................................................................................. 350 GUIA DE CIVISMO: UMA PUBLICAÇÃO DO MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA DESTINADA AOS PROFESSORES/AS DE EDUCAÇÃO MORAL E CÍVICA..........................................................................................351 GILMARA DUARTE PLÁCIDO.............................................................................................................................. 351 CIRCULAÇÃO DE PRINCÍPIOS DA ESCOLA NOVA EM SANTA CATARINA NA DÉCADA DE 1940: UMA ANÁLISE CRÍTICA DO DISCURSO DA DISCIPLINA DE “LEITURA, LINGUAGEM ORAL E ESCRITA”.......................................351 GLADYS MARY GHIZONI TEIVE .......................................................................................................................... 351 O SABER HISTÓRICO NOS LIVROS DIDÁTICOS PARA O ENSINO PRIMÁRIO (1917-1945): UMA ANÁLISE DO MANUAL NOSSA PÁTRIA..................................................................................................................................352 HELOISA ANTONIO FERREIRA............................................................................................................................ 352 O ENSINO DE HISTÓRIA E GEOGRAFIA NO LICEU ALAGOANO NO OITOCENTOS: CONFIGURAÇÕES A PARTIR DOS LIVROS DIDÁTICOS...........................................................................................................................................352 IVANILDO GOMES DOS SANTOS ........................................................................................................................ 352 EDGLEIDE DE OLIVEIRA HERCULANO................................................................................................................. 352 A DISCIPLINA ENSINO RELIGIOSO: HISTÓRIA, LEGISLAÇÃO E PRÁTICAS ...........................................................353 JOSÉ ANTONIO SEPULVEDA .............................................................................................................................. 353 A CIRCULAÇÃO DA ARITMÉTICA DE SOUZA LOBO NAS AULAS PÚBLICAS DE PORTO ALEGRE (1892 – 1921).....353 JOSEANE LEONARDI CRAVEIRO EL HAWAT ........................................................................................................353 TEMPO DE CULTURA: ANÁLISE DO PROJETO DE IMPLANTAÇÃO DE ESCOLINHAS DE ARTE NAS ESCOLAS DO INTERIOR DO ESTADO DO PARANÁ. (DÉCADA DE 1960)...................................................................................354 LUCIANA GURGEL DE SIQUEIRA ........................................................................................................................ 354 A OLIMPÍADA ESCOLAR E A CULTURA ESPORTIVA CAPIXABA NA GRANDE IMPRENSA CAPIXABA (1946-1954) 355 MARCELO LAQUINI ELLER .................................................................................................................................355 OMAR SCHNEIDER............................................................................................................................................ 355 WALLACE ROCHA ASSUNÇÃO............................................................................................................................ 355 MARCELA BRUSCHI........................................................................................................................................... 355 A MEMÓRIA ESCOLAR SOBRE A GUERRA DO CONTESTADO.............................................................................355 MARCOS AURÉLIO PEREIRA .............................................................................................................................. 355 SOAM CANÇÕES COM MATIZES ALEMÃES E CANTOS CÍVICOS BRASILEIROS; CONJUGAM-SE TRADIÇÕES MILENARES COM CIDADANIA NO COLLEGIO ALLEMÃO DE PELOTAS-RS (1910-1940).......................................356 MARIA ANGELA PETER DA FONSECA................................................................................................................. 356 ESCOLARIZAÇÃO DA ARTE NA CIDADE DO RECIFE (1960 A 1980) .....................................................................356 MARIA BETÂNIA E SILVA...................................................................................................................................356

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VIII Congresso Brasileiro de História da Educação

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HISTÓRIA DA DISCIPLINA ENSINO RELIGIOSO: A EXPERIÊNCIA DO AMAPÁ......................................................357 MARIA DE LOURDES SANCHES VULCÃO.............................................................................................................357 A PRODUÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E HISTÓRIA NO NPGED NO PERÍODO DE 1997 ATE 2014 ........................357 MARIZA ALVES GUIMARÃES..............................................................................................................................357 A PERSPECTIVA ILUMINISTA APLICADA À DEFICIENCIA VISUAL – OBSERVAÇÕES DE UM DOCENTE DE HISTÓRICA DO IBC (INSTITUTO BENJAMIN CONSTANT). ....................................................................................................358 MAURO MARCOS FARIAS DA CONCEIÇÃO .........................................................................................................358 CONCEPÇÕES DE HISTÓRIA E DO SEU ENSINO EXPRESSAS NAS DIRETRIZES CURRICULARES DURANTE O REGIME DITATORIAL NO ESPÍRITO SANTO (1964-1985).................................................................................................359 MIRIÃ LÚCIA LUIZ .............................................................................................................................................359 LITERATURA NO ENSINO SECUNDÁRIO BRASILEIRO: TEXTOS, AUTORES E HISTÓRIA DE LEITURA ....................359 MIRIAN HISAE YAEGASHI ZAPPONE...................................................................................................................359 HISTÓRIA DO ENSINO DE HISTÓRIA: ESTADO DA ARTE (1970-2014).................................................................360 NADIA GAIOFATTO GONÇALVES........................................................................................................................360 HISTÓRIA DA CULTURA ESCOLAR BRASILEIRA E ARGENTINA: UM ESTUDO COMPARATIVO SOBRE CRIANÇA E ESCOLA ............................................................................................................................................................360 NUBEA RODRIGUES XAVIER ..............................................................................................................................360 O MESTRE JONATHAS SERRANO E AS LIÇÕES DE HISTÓRIA PARA OS PROFESSORES OUVINTES DA UNIVERSIDADE DO AR (1941-1944)..................................................................................................................361 PATRÍCIA COELHO DA COSTA ............................................................................................................................361 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA TÉCNICA FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE (1968-1998).......362 PATRICIA SLANY SOARES PEREIRA.....................................................................................................................362 AS DISCIPLINAS ESCOLARES NA FAP – FACULDADE DE ARTES DO PARANÁ E A FORMAÇÃO DE PROFESSORES ENTRE A REDEMOCRATIZAÇÃO E A PRIMEIRA DÉCADA DA LDB (1985-2006)...................................................362 PAULO DA SILVA PEREIRA .................................................................................................................................362 A PRODUÇÃO ACADÊMICA SOBRE HISTÓRIA DO ENSINO DE HISTÓRIA NO BRASIL DA ÚLTIMA DÉCADA.........363 RAFAELA PAIVA COSTA .....................................................................................................................................363 PRÊMIO E CASTIGO NO COLÉGIO ARQUIDIOCESANO DE SÃO PAULO (1908-1963)...........................................363 RAQUEL QUIRINO PINAS...................................................................................................................................363 AS SEMANAS DE ESTUDOS SOBRE ARTE E EDUCAÇÃO: ESTRATEGIAS DE IMPLANTAÇÃO DE ESCOLINHAS DE ARTE NOS GRUPOS ESCOLARES PARANAENSES ( 1967 A 1969) ........................................................................364 RICARDO CARNEIRO ANTONIO..........................................................................................................................364 DO DESENHO A EXPRESSÃO GRÁFICA MUDANÇAS DE UM CAMPO DISCIPLINAR.............................................365 ROSSANO SILVA................................................................................................................................................365 ADRIANA VAZ...................................................................................................................................................365 O TRABALHO DE OLGA REVERBEL PARA O ENSINO DO TEATRO ENTRE OS ANOS DE 1974 A 1989 ...................365 SIMONE VARELA...............................................................................................................................................365 KEITH SWANWICK: A HISTÓRIA DA ESTÉTICA NA EDUCAÇÃO MUSICAL NO SÉCULO XX...................................366 TADEU APARECIDO MALAQUIAS.......................................................................................................................366 ALBONI MARISA DUDEQUE PIANOVSKI VIEIRA ..................................................................................................366

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Caderno de Resumos - Comunicações Individuais

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A ARITHMÉTICA ESCOLAR – LIVRO DO MESTRE DE RAMON ROCA DORDAL: AS PRESCRIÇÕES NOS PROGRAMAS DE SANTA CATARINA .......................................................................................................................................366 THUYSA SCHLICHTING DE SOUZA...................................................................................................................... 366 DAVID ANTONIO DA COSTA .............................................................................................................................. 366 DAS REPRESENTAÇÕES AOS SENTIDOS: AS FESTIVIDADES ESCOLARES DO GRUPO ESCOLAR SOLON DE LUCENA EM CAMPINA GRANDE-PB (1924-1937) ...........................................................................................................367 VÍVIA DE MELO SILVA .......................................................................................................................................367 A HISTÓRIA DO ENSINO DE LITERATURA EM MATO GROSSO DO SUL (1977-2012) ..........................................368 WESLEY FERNANDO DE ANDRADE HILÁRIO.......................................................................................................368 SILVANO FERREIRA DE ARAÚJO......................................................................................................................... 368 RECURSOS PARA O ENSINO DE MÚSICA E CANTO ORFEÔNICO NA ESCOLA SECUNDÁRIA PÚBLICA DE CURITIBA (1931-1956) .....................................................................................................................................................368 WILSON LEMOS JÚNIOR....................................................................................................................................368

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VIII Congresso Brasileiro de História da Educação

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ENSINAR A ENSINAR LITERATURA INFANTIL NO CURSO MAGISTÉRIO (PARANAPUÃ/SP : 1983-1993)

ALINE FRANCIELE MARTINS DE OLIVEIRA Eixo Temático: 6 - História das Culturas e Disciplinas Escolares

O presente trabalho, vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), Unidade Universitária de Paranaíba, tem como proposta compreender historicamente a disciplina literatura infantil no curso de Habilitação Específica para o Magistério (HEM) na Escola Estadual de Primeiro e Segundo Grau “Prefeito José Ribeiro”, atual Escola Estadual Prefeito José Ribeiro, no município de Paranapuã/SP, no período de 1983 a 1993 (período em que houve o curso de HEM e foi ofertada a disciplina de literatura infantil, nessa escola), para depreender como se ensinava a ensinar literatura infantil. Desse modo, com o objetivo de contribuir para a produção de uma história sobre literatura infantil brasileira e seu ensino na formação de professores venho realizando levantamento, localização, organização, reunião e recuperação de fontes documentais sobre essa disciplina nessa formação, buscando tanto no aspecto legal, quanto no aspecto curricular, informações sobre as prescrições para a formação de professores, assim como nos arquivos escolares, documentos produzidos no interior de uma cultura escolar. O estudo calca-se do ponto de vista metodológico nas contribuições da Nova História Cultural para a história da educação, sobretudo, no campo da cultura escolar e da história das disciplinas escolares. Assim, o estudo proposto, no período mencionado, vem permitindo de acordo com Julia (2001) identificar, tanto por meio das práticas de ensino utilizadas na sala de aula como dos grandes objetivos que presidiram a constituição da disciplina, o núcleo duro que pode constituir uma história renovada da educação: a “caixa preta” da escola, ao buscar compreender o que ocorreu nesse espaço particular. Para isso, Julia (2001) acredita que o historiador sabe fazer flechas com qualquer madeira. Portanto, a análise dessas fontes e da pesquisa que vem sendo realizada tem propiciado compreender como foi constituído o ensino da literatura infantil na formação de professores, os materiais didáticos utilizados, as práticas escolares, o perfil dos professores que ensinavam a ensinar literatura infantil, entre outros, especialmente no curso de Habilitação Específica do Magistério na Escola Estadual de Primeiro e Segundo Grau Prefeito José Ribeiro, além de permitir compreender desde quando e de que modo a literatura infantil começou a se fazer presente nos cursos de formação de professores, para que eles fossem considerados habilitados a ensinar literatura infantil. Os resultados obtidos permitem, ainda, confirmar o quão relevante se faz o estudo sobre o tema “disciplina literatura infantil na formação de professores”.

CONSTRUINDO UM GÊNERO LITERÁRIO: A DISCIPLINA LITERATURA INFANTIL NO INSTITUTO DE EDUCAÇÃO DO DISTRITO FEDERAL (1934 -

1938)

ALINE SANTOS COSTA Eixo Temático: 6 - História das Culturas e Disciplinas Escolares

O presente trabalho tem por objetivo refletir sobre algumas contribuições da disciplina Literatura Infantil, ministrada no Instituto de Educação do Distrito Federal entre 1934 e 1938, para a conformação de um modelo de livros infantis, durante os anos de 1930. Para compreender essas contribuições oferecidas pela disciplina ao gênero literário analisamos seu programa de curso, escrito em 1935 pela educadora Elvira Nizynska da Silva, responsável por lecionar a matéria. Uma das preocupações apresentadas pela disciplina em questão era estabelecer critérios de qualidade para os livros de literatura infantil a partir dos aspectos materiais, literários e educativos. Todavia, a análise do Programa de Curso não foi suficiente para compreender a maneira como esses predicativos deveriam aparecer nos livros infantis. Diante disso, houve a necessidade de recorrer a outras fontes, que se relacionam com a primeira por serem de autoria da educadora Elvira Nizynska, e que foram escritas durante sua atuação na Comissão Nacional de Literatura Infantil (CNLI), entre 1936 e 1938. Convidada para compor a CNLI dois anos após sua entrada no Instituto de Educação do Distrito Federal, a educadora produziu pareceres e artigos para a Comissão. Dentre as fontes documentais tratadas, elegemos para análise a “ficha padrão de avaliação dos livros infantis”, cujo objetivo era avaliar os livros participantes de um Concurso de Literatura Infantil de 1937; o parecer “classificação da Literatura Infantil”, e o artigo “Problemas da Literatura Infantil”, no qual a educadora tece reflexões sobre algumas pesquisas realizadas por ela no Instituto de Educação do Distrito Federal. A compreensão das contribuições da disciplina na construção de um modelo de literatura infantil (gênero que ainda não possuía clara definição à época) nos aproxima das reflexões sobre disciplina escolar propostas por André Chervel (1990). As análises realizadas até o momento apontam para uma disciplina que, longe de apenas reproduzir conhecimentos socialmente já estabelecidos, construía saberes a partir de uma

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Caderno de Resumos - Comunicações Individuais

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organização própria do conhecimento (CHERVEL, 1990). Essa construção se dá, principalmente, através do diálogo com outras áreas do saber, como a Psicologia e a Pedagogia. É importante ressaltar também que, ao propor um formato para o livro destinado às crianças, a disciplina literatura infantil parece interferir no circuito de circulação (DARNTON, 2009) desse gênero literário, ao menos no que se refere à circulação no meio escolar, uma vez que privilegia certos formatos de encadernação, de linguagem e de ilustração, em detrimento de outros. Por último, nota-se que o estudo ancora-se em reflexões teóricas e metodológicas extraídas tanto da História da Leitura quanto da História da Educação.

O ENSINO DE HISTÓRIA NA ESCOLA NORMAL DE DIAMANTINA, MG (1879-1906)

ANA CRISTINA PEREIRA LAGE Eixo Temático: 6 - História das Culturas e Disciplinas Escolares

Este trabalho pretende dialogar com a implantação da Disciplina História do Brasil na Primeira Escola Normal de Diamantina, Minas Gerais, entre os anos de 1879-1906. A Instituição recebeu alunos e alunas de diversas localidades da região norte de Minas Gerais. Na década de 1880, percebe-se uma ampliação deste tipo de educação e a Escola Normal de Diamantina destaca-se no cenário educativo mineiro da época, por meio da ampliação do número de alunos e também pelas suas mudanças curriculares. O modelo das Escolas Normais já era difundido tanto na Europa quanto nos Estados Unidos, socializado e discutido principalmente no principal meio de circulação de idéias da época: os periódicos. Além disso, a ampliação da educação, tanto pelo investimento na ampliação das escolas de Primeiras Letras, quanto nas Escolas Normais, visava alavancar o Brasil rumo ao “progresso”, conceito amplamente difundido na segunda metade do século XIX. Quando a Escola Normal de Diamantina foi fundada, o seu modelo visava refletir a inserção da região neste caminho do “progresso” e os jornais da cidade de Diamantina deste período estão repletos de informações acerca da implantação, estruturação e desenvolvimento da sua Escola Normal. A partir da análise e interseção de diversas fontes, como os jornais, avaliações de alunos, relatórios de presidentes de província e de obras literárias da época, torna-se possível verificar as ações docentes e como os alunos eram formados para a docência e ainda para a construção de um determinado conhecimento histórico, o qual era mobilizado na instituição analisada. A metodologia da pesquisa deve centrar-se no campo teórico da História cultural, na interface com o campo do conhecimento da História da educação, especialmente nas discussões acerca da cultura escolar e das disciplinas escolares. A disciplina seria uma criação espontânea e original do sistema escolar, responsável tanto por formar os indivíduos quanto por moldar e modificar a cultura da sociedade. Conceitualmente, as disciplinas seriam conjuntos organizados de conhecimentos apropriados para a escola. As disciplinas se formam pelas apropriações e práticas que envolvem o cotidiano escolar. Quanto ao ensino de História, verifica-se que este era ofertado apenas aos alunos do 2º ano e configurava uma disciplina compartilhada com a geografia. Além disso, havia uma baixa procura por parte dos alunos interessados nessa disciplina. Por outro lado, deve-se levar em consideração que a constituição da disciplina História no Brasil está intimamente vinculada ao processo de construção da identidade nacional, que teria na educação e, especificamente no ensino de História, um dos principais esteios após a independência e a constituição do Império brasileiro.

A EDUCAÇÃO PELO EXEMPLO: REFLEXÕES A PARTIR DO TRATADO “PRINCÍPIOS DE PEDAGOGIA”, DE JOSÉ AUGUSTO COELHO

ANA PAULA DE SOUZA KINCHESCKI Eixo Temático: 6 - História das Culturas e Disciplinas Escolares

O presente trabalho tem como objetivo localizar no manual escrito por José Augusto Coelho, intitulado “Princípios de Pedagogia”, discursos e elementos teóricos que auxiliem no entendimento acerca do valor dos objetos na construção de comportamentos escolares. O referido manual teve sua leitura recomendada a partir do Decreto n. 586, de 22 de abril de 1911, na formação de professores que frequentaram a Escola Normal Catarinense e divide-se em quatro tomos que foram publicados pela editora Teixeira & Irmão entre os anos de 1891 e 1893. Este artigo resulta de investimentos realizados em pesquisa de mestrado que tem como intuito identificar relações existentes entre objetos escolares e práticas disciplinares de punição e premiação em escolas públicas primárias catarinenses. Neste sentido, adota-se a compreensão de que os artefatos, por agregarem valores simbólicos, são aspectos constituintes de uma cultura escolar e material e, por esta razão, busca-se identificar no manual, conteúdos que circulavam entre os professores e que davam suporte e legitimidade a discursos e práticas de punição e premiação materializadas em objetos. Para o desenvolvimento das análises, os

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VIII Congresso Brasileiro de História da Educação

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discursos presentes em “Princípios de Pedagogia” são entrecruzados com outras fontes, como por exemplo, o Programa da Escola Normal do Estado de Santa Catarina do ano de 1911, e são entendidos nesta produção como representações, que procuram disseminar um modelo de educação a partir de determinados ideais, sustentados pela ciência. A partir da classificação proposta pela autora Marta Maria Chagas de Carvalho (2006), identifica-se este manual como um Tratado de Pedagogia, o qual expõe teorias por meio de argumentos de autoridades científicas. Assume-se aqui a percepção de que os manuais são fontes muito prósperas para análises no âmbito da História da Educação, por colaborarem, entre outros fatores, para a construção de uma cultura escolar, auxiliando, a partir da divulgação de seus discursos, na elaboração de representações sobre educação e práticas pedagógicas por parte de docentes já atuantes ou ainda em formação. Para fundamentar as reflexões desenvolvidas neste trabalho, apoia-se em produções de autores como Dominique Julia (2011), para tratar do conceito de “cultura escolar”; e de Chartier (2002), no que se refere às noções de representação e apropriação. Pelas análises desenvolvidas, percebe-se nos discursos de José Augusto Coelho contidos nas páginas do tratado “Princípios de Pedagogia”, a defesa de uma Pedagogia entendida como ciência e a responsabilização da educação para adaptar os alunos à civilização. Nesta direção, destaca-se a importância do exemplo que deveria partir dos docentes para que os alunos se espelhassem, o que seria decisivo e essencial na formação da virtude e da moralidade das crianças.

A APROPRIAÇÃO DAS TABUADAS NO ENSINO PRIMÁRIO PARANAENSE (1903-1932)

ANDRÉ FRANCISCO DE ALMEIDA NEUZA BERTONI PINTO

Eixo Temático: 6 - História das Culturas e Disciplinas Escolares

A comunicação tem como objeto a apropriação das tabuadas no ensino da Aritmética na escola primária paranaense, no período de 1903 a 1932. Na história da educação matemática, são recentes os estudos que tratam dessa temática. A história da matemática escolar, principalmente a que se refere à escola primária, vem mostrando que as tabuadas ocupavam um espaço importante nos programas e livros didáticos escolares e que seu ensino estava ligado às práticas de memorização, característica que marcou por longo tempo as práticas da tabuada na escolarização inicial. O objetivo é compreender como as tabuadas foram apropriadas no ensino da Aritmética do estado do Paraná, de 1903 a 1932. Assim, considera-se relevante buscar essa compreensão na temporalidade indicada, 1903, ano da instalação em Curitiba, do primeiro Grupo Escolar do estado, o Grupo Escolar Xavier da Silva, a 1932, ano do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova e que trazia em sua proposta educativa, ideias e métodos considerados modernos e apropriados para uma escola ativa e que se contrapunham ao tradicional ensino abstrato, memorístico e mecânico. De acordo com historiadores da educação brasileira (Carvalho, 1989; Nagle, 2009; Souza, 2009; Valdemarin, 2004), as escolas primárias seguiam orientações metodológicas prescritas nos programas de ensino e uma das recomendações frequentes era o uso da tabuada, principalmente para o ensino e aprendizagem da multiplicação. No ensino intuitivo que marcou presença na escola primária desde os primeiros tempos republicanos como era o uso da tabuada? Havia conflito em relação à memorização da tabuada? O que diferenciava o ensino e aprendizagem da tabuada nos diferentes programas e livros didáticos do período? Foram apropriadas de formas diferentes em momentos que predominava o ensino intuitivo e em momentos da escola ativa? Dentre as fontes a serem constituídas para o estudo encontram-se documentos oficiais disponíveis no Arquivo Público do Estado do Paraná, como Relatórios e Mensagens de Governo, Códigos e Regulamentos do Ensino Primário, Programas de Ensino do período demarcado. Outras fontes a serem constituídas para o estudo são livros didáticos de Aritmética, utilizados no em escolas primárias do estado, “Arithmética Elementar”- livro 1 ( 1919), de George Buchler e “Aritmética Elementar Ilustrada” ( 1922), de Antonio Trajano. O estudo será conduzido a partir da perspectiva da história cultural e da história das disciplinas escolares contemplando conceitos de apropriação (Chartier, 1990) e de cultura escolar (Julia, 2001). Chervel (1990), referência fundamental para o presente estudo, destaca a importância da história das disciplinas escolares para a compreensão do porque ensinamos da forma como ensinamos. Compreender historicamente a apropriação de um dispositivo utilizado pela escola primária para ensinar matemática às crianças no início de sua escolarização tem sido uma preocupação recente da história da educação matemática.

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Caderno de Resumos - Comunicações Individuais

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CURRÍCULO ESCOLAR, CULTURA E MODERNIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO FEMININA NO INÍCIO DO SÉCULO XX

ANDRÉA GABRIEL FRANCELINO RODRIGUES Eixo Temático: 6 - História das Culturas e Disciplinas Escolares

A presente pesquisa tem como objeto de estudo o currículo escolar da Escola Doméstica de Natal, instituição educativa da cidade do Natal/RN, fundada em 1914, que tinha como proposta modernizadora a educação feminina para a cidade no início do século XX num contexto em que os modelos educativos da República brasileira materializavam-se nas instituições escolares do país nas formas de organização das classes escolares, na arquitetura escolar, nas disposições da rotina, nos horários e nos conhecimentos a serem ensinados e configurados no currículo escolar. Para análise da referida temática, tomamos como aporte teórico os autores Sacristán (2012), Moreira (2000), Chervel (1990), Veiga Neto (2000), que discutem o currículo sob a perspectiva crítica, numa perspectiva sócio-histórica. Os conceitos de História e memória nas acepções de Chartier e Le Goff também contribuíram para uma leitura das práticas e da cultura da Escola Doméstica de Natal. Compreendemos que tratar sobre currículo escolar implica compreendê-lo a partir da sua constituição social e histórica, reconhecendo que o conhecimento organizado em forma curricular e transmitido nas instituições educativas apresenta finalidades explícitas, ou não, dentro de um contexto lógico de construção de significados a partir de interesses individuais e grupais apresentando uma história de proposições e valores. Numa perspectiva crítica sobre o significado do currículo, reconhecemos a não neutralidade da ciência, dos saberes e das atitudes de quem aprende e de quem ensina, envolto a objetivos e finalidades. Nesse sentido, qualquer discurso sobre currículo, e numa perspectiva mais ampla também da cultura escolar é considerar o projeto social que se quer construir, visto não ser o currículo um elemento neutro, mas impregnado de valores sociais e culturais. Com base nos resultados da presente pesquisa, entendemos que os saberes priorizados pela Escola Doméstica de Natal compreendiam uma aprimorada educação social, moral, física e intelectual, segundo as finalidades da instituição e dos valores culturais da sociedade. Foi com base nos fins a que se propunha a Escola que o currículo foi construído, voltado para formação de uma cultura geral, onde as discentes deveriam aprender conhecimentos numa ordem dialógica: teoria/prática. Os saberes escolares elencados pela escola situavam-se num quadro educacional de valorização da moral, da cultura física, da higiene e da pedagogia segundo ainda valores Republicanos que propunham o novo e a modernização do país. Deveria tal modelo curricular ser ensinado na escola, tendo como base a corrente da Pedagogia Nova que se baseava no método Intuitivo de ensino, numa visão pragmática, onde os saberes transmitidos deveriam ter associação direta com a vida das alunas.

A DISCIPLINA DE HIGIENE SOB A INFLUÊNCIA MÉDICO HIGIÊNICA EM SERGIPE (1879-1930).

ANGELA MARIA MELO SÁ BARROS DILSON GONZAGA SAMPAIO

Eixo Temático: 6 - História das Culturas e Disciplinas Escolares

Este trabalho faz parte de nossa dissertação de mestrado intitulada “A Disciplina de hygiene, geral e escolar da escola normal de Sergipe (1879-1930)” em andamento no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Tiradentes - UNIT. Tem por objetivo promover uma reflexão no que se refere à disciplina de higiene como instrumento transformador no contexto educacional sergipano. A instituição escola sempre foi palco estrutural de mudanças Históricas da sociedade, sendo estas permeadas de influências sofridas pelo ensino aprendizagem. Neste sentido, como marco temporal inicial ocorre em 1879 com a Reforma Leôncio de Carvalho, onde o Decreto nº 7.247, de 19 de Abril de 1879 definiu e estruturou o modelo a ser seguido para o ensino primário, secundário e o superior, que deveriam ser seguidas em todas as províncias do Império. Nesse momento houve a inserção da disciplina de higiene no plano de ensino das Escolas Normais. “O Ensino nas Escolas Normaes do Estado comprehenderá as disciplinas mencionados nos dous primeiros paragraphos seguintes [...] Elementos de sciencias physicas e naturaes, e de physiologia e hygiene, [...] (BRASIL,1879)”. Finalizando-se em 1930, quando no pós-golpe, foi criado o Ministério dos Negócios da Educação e Saúde Pública, Decreto nº 19.402, de 14/11/1930 e mais tarde o Decreto 19.850 de 11/04/1931 criou o Conselho Nacional de Educação, ocorrendo naquele momento estruturação de um modelo de atenção profilática, assim as questões de higiene tiveram o apoio do ministério da saúde, porém a disciplina de higiene permaneceu no currículo das normalistas por várias décadas. Neste sentido, buscar identificar os sujeitos envolvidos no contexto sociocultural escolar da época e descrever como a disciplina de higiene influenciou no processo de construção dos conceitos sobre higiene no espaço escolar e por consequência hábitos de saúde. Mapear os conceitos ensinados e descrever como foram incutidos e absorvidos pelos sujeitos da ação educativa. E dessa forma, compreender de que forma essa ação

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educadora influenciou na mudança de hábitos e comportamentos dos indivíduos, reconfigurando e moldando a sociedade e assim sua história e cultura. Com a disciplina de higiene a professora torna-se protagonista da ação social por meio da Higiene “que envolvia a Puericultura /Paidologia, enfatizava os cuidados com o corpo da criança e por consequência da mulher, família, incutindo hábitos civilizadores” Freitas (2003). Entendendo o ensino da higiene como premissa básica da saúde, evidenciam-se as professoras como as primeiras difusoras das prescrições médico-higiênicas, que em suas práticas pedagógicas promoveram as primeiras ações profiláticas de saúde no ambiente escolar, produzindo reflexos nas famílias do estado de Sergipe. Para atingirmos o objetivo proposto do trabalho utilizamos como aportes teórico-metodológicos, Chervel (1990), Le Goff (1994), Gondra (2003), Burke (2005), Valença (2006), Tanuri (2006), Loracca (2009), Alves(2006).

A DIDÁTICA NO “PROGRAMA ESPECIAL DE FORMAÇÃO PEDAGÓGICA DE PROFESSORES” DA UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ – UTFPR/CÂMPUS MEDIANEIRA (2005 A 2012): ALGUNS

ASPECTOS

ANGELA ROSINA ALEXIUS MATTÉ Eixo Temático: 6 - História das Culturas e Disciplinas Escolares

O presente artigo refere-se ao projeto de pesquisa desenvolvido em nível de mestrado com objetivo geral de recuperar, reunir, selecionar, sistematizar, analisar e interpretar aspectos do corpo de saberes considerados como sendo propriamente da Didática no “Programa Especial de Formação Pedagógica” da Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR/Câmpus Medianeira, especificamente no período entre 2005 e 2012, apresentando as mudanças que ocorreram nas ementas do Curso. Este projeto faz parte do projeto integrado de pesquisa “A história da didática em instituições de formação de professores no Brasil, compreendendo o período de 1827 e 2011. Trata-se de investigação sobre a história da educação no Brasil, a formação de professores e a história das disciplinas de Didática ou com o corpo de saberes propriamente da Didática.Tal formulação se originou da crença de que, as pesquisas que buscam analisar e interpretar aspectos da história das disciplinas nas diversas instituições de formação de professores no Brasil contribuem para uma história dessas disciplinas no Brasil, e, consequentemente para a história da formação de professores no país. Ao término deste estudo, espera-se contribuir para a busca de soluções para os problemas desse ensino, apresentando alguns pontos históricos da formação de professores, destacando sempre a importância do papel da Didática. A formulação deste projeto está centrada na história da constituição dos saberes propriamente da didática, nas disciplinas específicas do Programa Especial de Formação Pedagógica do Câmpus Medianeira, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná. A metodologia utilizada foi a pesquisa documental. Em relação às fontes, buscou-se por documentos, informações, depoimentos de professores que participaram da construção destes projetos de formação de professores no campus. A abordagem histórica da didática teve embasamento nos estudos de Chervel (1990), Libâneo (2009 ), Saviani (2009) e Candau (2012). O método de análise e de interpretação dos dados e informações coletados será o dos “aspectos da configuração textual”, segundo Magnani (1993;1997), Mortatti (2000). Como resultados parciais da pesquisa identificar-se-á primeiramente o sujeito da pesquisa, o professor, e nesta perspectiva de como ele, o professor, percebe o discente com potencialidades criadoras e transformadoras, assim como as concepções de conhecimento, de homem, de educação e de sociedade, e singularmente as mudanças que ocorreram tanto na concepção do conhecimento como na adequação das disciplinas consideradas de Didática.

FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO: UMA HISTÓRIA DA DISCIPLINA NO ENSINO SUPERIOR PÚBLICO DE BELO HORIZONTE [ENTRE AS DÉCADAS DE

1960 E 1990]

AURILANE MESQUITA FREITAS Eixo Temático: 6 - História das Culturas e Disciplinas Escolares

O objetivo é investigar a constituição histórica da disciplina de Filosofia da Educação na formação docente, buscando compreender seu desenvolvimento histórico no interior do curso de pedagogia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a partir de 1968, ano em que coincidem dois movimentos fundamentais para a compreensão do processo de estabelecimento da referida disciplina, a saber, a fundação da Faculdade de Educação da UFMG e a Reforma Universitária, lei que fixou normas de organização e funcionamento do ensino

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superior e sua articulação com o ensino básico. A pesquisa pretende se estender até a década de 1990, marco de expansão dos centros universitários do país. A proposta é explorar, por meio da utilização e articulação de fontes variadas - textos oficiais programáticos, leis, decretos, planos de estudo, programas, métodos, exercícios, etc. - uma história da disciplina de Filosofia da Educação no currículo de formação de professores do curso de pedagogia, entre o final de década de 1960 até a década de 1990, investigando as relações entre a disciplina e os aspectos políticos, sociais e culturais que influenciaram na organização da estrutura curricular do curso de pedagogia da UFMG. A pesquisa aspira oferecer possíveis reflexões para os problemas contemporâneos relativos à educação, ao processo de escolarização e à sua história, considerando como elementos-chave os conceitos de disciplina, cultura, experiência e formação. Para essa análise investigativa foram escolhidas, inicialmente, três abordagens historiográficas, imprescindíveis para o seu desenvolvimento: as propostas metodológicas do historiador inglês Edward Thompson, com o intuito de captar aspectos culturais, sociais e políticos na medida em que são tomados como intermediários em certos aspectos da estrutura do sistema educativo, o emprego do conceito de experiência thopmsoniana amplia as considerações a respeito dos diversos sujeitos envolvidos no processo de legitimação da escolarização, suas influências e interesses, e o conceito de formação possibilita alcançar uma compreensão entre práticas formativas e práticas escolares, presentes no processo de escolarização da referida Instituição de ensino; e duas abordagens historiográficas dentro do campo da História das Disciplinas Escolares: o viés historiográfico francês de André Chervel, na medida em que se servirá de suas definições sobre disciplina e cultura escolar; e a historiografia anglo-saxônica de Ivor Goodson, uma vez que, se reportará às suas teorias sobre o currículo como um artefato social e político e a constituição das disciplinas acadêmicas. A análise de uma história da disciplina na formação docente pretende compreender as relações entre diretrizes curriculares, instâncias legais e institucionais, programa da disciplina, projeto político pedagógico, etc., que são muitas vezes marcadas por tensões que remetem às experiências sócio-históricas que as viabilizam.

A PESQUISA NOS PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO DO BRASIL SOBRE AS MANIFESTAÇÕES ARTÍSTICAS DO MOVIMENTO NA

EDUCAÇÃO BÁSICA

CARLA MICHELE RAMOS Eixo Temático: 6 - História das Culturas e Disciplinas Escolares

A Educação Básica tem se tornado centro das atenções de vários eixos de pesquisa nos últimos anos no Brasil. Quando analisada sob a ótica da história da educação, é possível compreender diversas questões relativas à fundamentação teórica, mas também aos interesses e relações de poder que justificam a presença de determinados componentes curriculares e à função que eles assumem no processo educativo que se formaliza na escola. Contudo, parece-nos que alguns conteúdos não têm recebido a devida atenção, o que reflete tanto na produção acadêmica quanto na sua prática pedagógica. Exemplo disso, é o fato de que o corpo e o movimento nos espaços escolares, aparentemente, continuam sendo negligenciados nas ações pedagógicas, principalmente quando se trata de suas formas artísticas, expressivas e criadoras. A partir dessa conjuntura surgiu o projeto de pesquisa intitulado “A Produção Acadêmica sobre as Manifestações Artísticas do Movimento na Educação Básica”, desenvolvido no ano de 2014 por docentes do Instituto Federal do Paraná e da Universidade Estadual do Centro-Oeste, ambas situadas em Irati-PR, e que possui como tema central as expressões artísticas teatrais, circenses e de dança nos currículos escolares da Educação Básica brasileira. O projeto parte de três pressupostos: o corpo como materialização da nossa existência e nosso “instrumento” de inter-relação; a arte como forma de atender às necessidades estéticas do ser humano; a escola como um espaço de socialização de conhecimentos construídos culturalmente pela humanidade ao longo de sua história. Vale salientar que o interesse pelo tema surgiu na tentativa de integrar as disciplinas da área de ciências humanas e linguagens nos projetos políticos dos cursos técnicos profissionalizantes na forma de oferta integrada, oferecidos pelos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia do Paraná. Desse modo, esse artigo tem como propósito apresentar um mapeamento das produções acadêmicas dos Programas de Pós-Graduação Brasileiros que abordam o teatro, a dança e a arte circense como expressões artísticas do movimento na Educação Básica, e discutir essas produções em relação ao processo histórico de reconhecimento dessas manifestações como conteúdos escolares. Até o presente momento foram catalogadas vinte e oito produções entre teses e dissertações que tem como temática as expressões artísticas citadas, inseridas no universo escolar. A partir do mapeamento é possível verificar os referenciais teóricos e metodologias contidas nas produções acadêmicas, conhecer a concepção dos(as) autores(as) em relação à função da arte e do movimento no processo de ensino-aprendizagem, bem como compreender os processos de mediação que levaram à incorporação desses conteúdos nos currículos escolares, em contradição à sua prática pedagógica ainda restrita.

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A DISCIPLINA HISTÓRIA E A POLÍTICA EDUCACIONAL NAS DÉCADAS DE 30 A 40 DO SÉCULO XX

CLARÍCIA OTTO Eixo Temático: 6 - História das Culturas e Disciplinas Escolares

Na primeira metade do século XX, ocorreu uma radicalização da política nacional consubstanciada em eventos, tais como a Revolução de 1930, as Constituições de 1934 e 1937, o Estado Novo (1937-1945), a crise mundial do capitalismo, em 1929, o Plano Nacional de Educação, em 1936, a Segunda Grande Guerra iniciada em 1939 e as reformas educacionais Francisco Campos, de 1931, e Gustavo Capanema, de 1942. As duas reformas reconhecem, embora com diferenciações, a importância da História para formar o cidadão político e patriótico. Nessa direção, este trabalho se insere em projetos de investigação sobre a apropriação do conhecimento histórico e sobre as políticas educacionais voltadas para a construção do “código disciplinar” da História, conforme expressão cunhada por Cuesta Fernández (1998), isto é, da produção da História como disciplina escolar. O objetivo principal é identificar, nos discursos, a influência e a interrelação das políticas e teorias educacionais do Estado nacional, nos discursos sobre qual História ensinar e para que ensinar, em Santa Catarina, nas primeiras décadas do século XX. Pretende-se, principalmente, focalizar a interrelação entre a História a ser ensinada e a nacionalização, haja vista a centralização do governo federal voltada para tal finalidade – seja na administração, nos programas e na fiscalização. Do Ministério da Educação provinham instruções de combate às diferentes manifestações de culturas estrangeiras existentes no Brasil, especialmente os usos da língua e o ensino da história e da geografia dos países de onde os diferentes grupos étnicos haviam emigrado. O corpus documental é constituído por material bibliográfico, especialmente discursos de obras de Jonathas Serrano e de recortes da legislação educacional, tais como dos relatórios de inspetores escolares. Neste artigo, Jonathas Serrano é tomado apenas como exemplo de um dos porta-vozes de determinada concepção de História do período, um dos formuladores de discursos e programas da política oficial. Os discursos são compreendidos como práticas organizadoras da realidade e como formas de poder, na perspectiva de Foucault (1996). São os discursos de determinada época, em torno da História, que a constituem como matéria a ser ensinada bem como da regulamentação a respeito do que ensinar, para que e como ensinar. Nessa direção, os discursos que se configuram historicamente num longo período produzem certa tradição, o que remete à ideia do código disciplinar. Ao mesmo tempo, num movimento dialético, os discursos são produzidos por essa mesma tradição.

CURRÍCULO E PRÁTICAS DE ENSINO DE GEOGRAFIA: HISTÓRIA E HISTORIOGRAFIA

DANIEL MENDES GOMES Eixo Temático: 6 - História das Culturas e Disciplinas Escolares

Essa comunicação tem por objetivo contribuir para o debate sobre o currículo e as práticas de ensino em Geografia Escolar ao apresentar o encaminhamento teórico e metodológico que tenho utilizado para estudar a história do Ensino de Geografia na Província de São Paulo nos anos de 1834 a 1896 em minha tese de doutorado. A questão fundamental analisada aqui, do ponto de vista do método, é a aproximação dos estudos históricos curriculares ao cotidiano escolar, procurando desvelar as práticas do ensino de Geografia nesse período. Este estudo está fundamentado na categoria de Cultura Escolar proposto principalmente nas idéias de André Chervel (1990), procurando assim apresentar o que a escola tem de peculiar, como esta é um espaço de criação de conhecimento. Dessa maneira o currículo não se resume ao conteúdo de uma disciplina escolar, muito menos a suas metodologias. As teorias do currículo o concebem como algo maior que nos remete a organização da escola. Esta é constituída de valores e regras específicas que, em muitas circunstâncias, lhes são próprias. Dessa forma, para uma discussão mais profícua sobre o currículo da disciplina de Geografia para a educação básica é imprescindível um maior envolvimento com a escola propriamente dita. Isto implica em estudar o currículo escolar tendo em vista as necessidades dos seus sujeitos, ou seja, é necessário que se estude o currículo na sua fase de implementação mas também o currículo em ação, como o ensino de geografia é praticado na escola. Nessa perspectiva, não adianta discutir currículo de Geografia ou mesmo criar novos currículos, um currículo ideal de Geografia, se este não estiver em consonância com a cultura escolar. Pretende-se aqui resgatar os debates feitos sobre os estudos curriculares na tentativa de aproximar esse debate aos estudos sobre a disciplina de Geografia e, por último, apontar como essa disciplina vem realizando suas pesquisas no âmbito curricular do ponto de vista histórico. Na tentativa de avançar os estudos sobre a História da Disciplina de Geografia, esta pesquisa tem nos levado a busca de fontes variadas de pesquisa sobre o ensino dessa disciplina que vão desde livros didáticos, mapas, globos e outros materiais escolares da época até memórias de estudantes do ensino secundário, currículos e legislação de ensino. Dessa forma, propomos um cotejamento das fontes com o intuito

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de conhecer os locais, isto é cadeiras isoladas, cursos e colégios que lecionaram Geografia em São Paulo no período de 1834 a 1896, e os sujeitos que a compõem, alunos e professores destacando como a disciplina de Geografia foi se constituindo ao longo desse período.

UM ESTUDO HISTÓRICO SOBRE A EDUCAÇÃO MATEMÁTICA EM UMA ESCOLA DE ENSINO PRIMÁRIO NO PERÍODO DE 1950 A 1970

DANILENE DONIN BERTICELLI Eixo Temático: 6 - História das Culturas e Disciplinas Escolares

Atualmente, no Brasil, como em outros países, há uma tendência de se estudar a história das disciplinas escolares por se entender que o conhecimento desta história dará maior visibilidade ao passado profissional dos docentes. O estudo histórico da trajetória de uma disciplina escolar é de grande valia para que os professores compreendam práticas culturais adotadas no presente. Este artigo trata-se de um estudo em andamento que busca compreender como o passado deixou marcas no presente e como, a partir do conhecimento das heranças, podemos projetar reformas futuras. Cabe a nós, pesquisadores ou historiadores, construir representações do passado como um objeto determinado de trabalho para a sua investigação, levantando hipóteses de trabalho sobre os restos do passado deixados no presente, construindo um discurso, elaborando respostas às questões formuladas. Estas respostas dependem de um longo caminho a trilhar, pois o contexto atual é marcado por racionalidades que orientam o ensinar e aprender Matemática, cujas origens encontram-se no passado, e por isso, compreender os fatos que já aconteceram é uma forma de poder contribuir para o entendimento de questões do presente. Buscando fundamentação teórica em autores que vêm estudando a História da Educação Matemática como Valente, Pinto, Ferreira, Garnica, Fiorentini, e a História das Disciplinas Escolares como Chervel, Chartier, Julia, Barros, buscaremos ter presente essa dimensão histórica, conhecer as herança de práticas e saberes buscando permitir ao professor a construção de novos saberes e novas práticas. O objetivo deste estudo é construir representações sobre as práticas pedagógicas utilizadas pelos professores no período de 1950 à 1970. Trata-se de um estudo histórico sobre o ensino da Matemática em uma instituição de ensino primário no município de Palotina–Pr, no momento da sua consolidação, buscando, através da análise documental e da história oral, construir as representações sobre a prática pedagógica docente do período determinado. Buscaremos nos traços deixados no passado contribuir para a construção de conhecimentos sobre como se consolidou o ensino primário em meados do século XX. Acredita-se que com a apropriação da História da Educação Matemática que se deu em uma instituição do município de Palotina-Pr será possível (re) construir o ideário pedagógico e contribuir para que mais professores possam enriquecer seus conhecimentos e re-pensar a prática pedagógica. Além disso, buscaremos contribuir com as pesquisas sobre História da Educação Matemática, ao buscar respostas à questões que possam indicar como se organizou a escola de ensino primário neste período, como se caracterizavam as práticas docentes dos professores no período e contexto especificado, quais os fatores que influenciavam a escolha dos professores, como foi a formação formal dos professores da referida escola, além de aprofundar estudos sobre os saberes matemáticos no ensino primário neste período.

CURRÍCULO E HISTORICIDADE: A DISCIPLINA HISTÓRIA DO MARANHÃO NO SISTEMA PÚBLICO ESTADUAL DE ENSINO (1902 –

2013)

DAYSE MARINHO MARTINS Eixo Temático: 6 - História das Culturas e Disciplinas Escolares

Pesquisa centrada na análise histórica e documental acerca do percurso de legitimidade e desenvolvimento da disciplina História do Maranhão no currículo da rede pública de ensino estadual a partir do ano de 1902, quando foi estabelecida a disciplina, no currículo da Escola Normal, em São Luís - MA. Objetiva-se analisar como a disciplina História do Maranhão vem sendo ministrada no sistema estadual de ensino por meio do currículo oficial. Para tanto, são consideradas as contribuições dos estudos sobre a Nova História, especificamente em História Cultural. A análise sobre Currículo se fundamenta nos princípios teórico-metodológicos da Nova Sociologia da Educação através da História das disciplinas escolares de Ivor Goodson e André Chervel que ressalta o aspecto político do currículo, bem como o caráter de tradição presente na implantação das disciplinas escolares; aproximando o estudo em História da Educação à pesquisa histórica. A pesquisa é qualitativa, tendo como método de abordagem, o hipotético-dedutivo; e o comparativo como método de procedimento. Nesse sentido, aborda-se o processo de implantação da disciplina História do Maranhão em 1902, as principais

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concepções didáticas no trabalho com a referida disciplina no decorrer do século XX e sua caracterização vigente nas diretrizes curriculares da rede estadual de ensino. Para tanto, utiliza-se, enquanto fontes: Regulamentos do ensino público entre 1902 e 1915, os jornais “A Pacotilha” e “Diário do Maranhão” periódicos da primeira década do século XX, os principais livros didáticos abordados na disciplina e a proposta curricular da rede estadual de ensino do ano de 2013. Por meio do estudo, identifica-se a concepção de História que norteou a abordagem da disciplina e seus desdobramentos na formação do aluno a partir de pressupostos da história local. Assim, contribui-se para a escrita de uma nova História da Educação Maranhense com base na interpretação do currículo escolar e sua relação com a cultura local. A partir dos aspectos apontados pela pesquisa, compreende-se que a disciplina História do Maranhão em sua trajetória, se fundamentou no processo de “invenção da tradição” ao instituir os conteúdos curriculares a serem abordados no âmbito da História Regional. Caracterizando a parte diversificada do currículo, a referida disciplina escolar foi permeada pela condução problemática da relação entre identidade e diversidade. No currículo da rede estadual, a organização do ensino de História do Maranhão vinculou-se ao estabelecimento de um padrão quanto à seleção de conteúdos. Nesse sentido, privilegiou fatos, narrativas, sujeitos, elementos identitários, ou seja, versões da História construída por uma parcela da sociedade em detrimento de toda a diversidade étnica e cultural maranhense.

COTIDIANO ESCOLAR: OS EXAMES E A FREQUÊNCIA ESCOLAR

DIANA ROCHA DA SILVA Eixo Temático: 6 - História das Culturas e Disciplinas Escolares

Alguns fatos marcaram o cotidiano dos Grupos Escolares, como a abertura e o encerramento do ano letivo, o ensino, os exames, promoção de alunos e a fiscalização escolar. Por meio da análise desses eventos, foi possível estabelecer conexões e compreender os aspectos culturais vivenciados no interior dessas escolas. O interesse por esta temática se destaca pela possibilidade de compreender, a partir de uma releitura baseada nos indícios, pistas e marcas deixadas ao longo do tempo, de que forma o corpo escolar, formado por professores, alunos, diretor, vigilantes, porteiro e outros sujeitos, interagiam no ambiente dos Grupos escolares no Maranhão. Táticas e estratégias que, ao serem cotidianamente ritualizadas, favoreciam ou não o processo de civilização de homens, mulheres e crianças para viverem numa sociedade que caminhava a passos lentos para o progresso e desenvolvimento tão sonhado pelos republicanos. Neste sentido, este trabalho tem como objetivo apresentar o cotidiano escolar dos grupos escolares maranhenses, criados em 1903, no que se refere aos exames, à frequência, normas de comportamento, deveres e imposições feitas aos educandos no ambiente educativo. A metodologia constitui-se de um estudo documental, priorizando a análise do Regimento interno dos Grupos escolares publicado em 1904 e os manuscritos de Barbosa de Godois, diretor desses institutos, enviados ao governador do Estado no período de 1903 a 1912, época de criação e extinção desses grupos respectivamente. Em relação ao ensino, constatamos que os Grupos escolares maranhenses não conseguiram desenvolver o ensino graduado em virtude da falta de professores que, em muitos casos, eram transferidos ou nomeados para assumirem outras cadeiras ou funções nas demais instituições públicas. Há aspectos que trouxeram mudanças significativas para a estruturação do ensino, como: a definição de períodos de matrícula e as condições para sua efetuação; a instituição de regras que deveriam ser obedecidas; a graduação do ensino; o estímulo ao patriotismo; as noções de higiene; o incentivo ao respeito pelos mais velhos e, principalmente, pelas autoridades; a definição de horários de aulas e do calendário letivo; e a adoção de uniformes escolares e dos compêndios de ensino. Observa-se que a aplicação dos exames nos Grupos Escolares era efetuada a partir de uma rede de ritualização, previamente planejada, onde a definição do dia, hora e comissão avaliadora eram regularizadas em lei. O processo de avaliação dos alunos era feita a classificação dos educandos, com a designação dos habilitados e dos sem aproveitamento, o que evidenciava a própria escola como lugar de exclusão. Fica evidente, ainda, que a relação entre matriculados e aprovados era nitidamente irregular. Essa situação se dava não apenas pela dificuldade ou pela complexidade dos exames, mas, principalmente, pelo fato da matrícula não ser garantia de que todos os alunos conseguiriam permanecer na escola até o fim do ano letivo

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EM PROL DA GEOGRAFIA NA EDUCAÇÃO PRIMÁRIA OITOCENTISTA: AS (PRO)POSIÇÕES ERIGIDAS DAS PÁGINAS DO PERIÓDICO A

INSTRUÇÃO PÚBLICA (1872-1875)

EDNA TELMA FONSECA E SILVA VILAR Eixo Temático: 6 - História das Culturas e Disciplinas Escolares

Considerando que a instrução primária, em consonância com o disposto na legislação da primeira metade do século XIX restringia-se, em temos de currículo, à preocupação com a instrução moral e religiosa, a leitura e a escrita e os princípios elementares da aritmética; muitos intelectuais brasileiros posicionaram-se em favor desta ampliação curricular na qual se inscrevia a educação como aliada da instrução, implicando no acréscimo das matérias a ser ensinadas, dentre elas a “Geografia elementar” ou cujos “elementos” fossem especialmente os da Geografia do Brasil. Neste artigo, visamos discutir acerca da produção do lugar da Geografia no/para o ensino primário no período do Oitocentos a partir das -(pro)posições de intelectuais brasileiros veiculadas no periódico A Instrução Pública (1872-1875), considerado por Bastos (2009) como um dos mais representativos da imprensa educacional brasileira, tanto pela sua longevidade quanto por sua focalização na educação e ensino; inclusive no que diz respeito as matérias a ser ministradas na escola primária, agregando diversas vozes, incluindo-se a dos professores. Nas análises, valemo-nos das interfaces teórico-metodológicas possibilitadas entre a “história das disciplinas escolares” (CHERVEL, 1990), a “cultura escolar” (JULIA, 2001 e 2002) e o constructo “Geografia Escolar” (SANTOS, 2008, p. 355), entendida como um espaço para onde confluem discursos e práticas “para e sobre” o ensino que, contraditoriamente, “confrontam e conformam o conhecimento escolar geográfico” Adotamos os pressupostos apresentados por Vinão (2008) acerca das pesquisas empreendidas no âmbito das disciplinas escolares, consideradas as especificidades dos saberes elementares e/ou matérias prescritas para o ensino e sua vinculação ao tipo de escola, nesse caso, a primária brasileira pós Reforma Couto Ferraz (1854), que dentre outras propostas, ampliou o currículo do ensino primário. As análises evidenciam que a busca pelo ideário de Nação desenvolvida, bem como da constituição de uma identidade nacional almejada no período Oitocentista, em que a instrução e a educação pública foram colocadas como veículos apropriados para o alcance destas finalidades, à inserção da Geografia foi posta como elemento basilar. Nesse contexto, a referida matéria ganhou destaque, notadamente em suas finalidades, mas também em função da modernização dos métodos e a exigência de novos objetos/materiais para o seu ensino. A análise das fontes permite destacar que pelos discursos veiculados no periódico focalizado, encaminhava-se a renovação das orientações para o ensino de Geografia na educação primária no Brasil na segunda metade do Oitocentos.

PROJETOS DE CIVILIZAÇÃO: EDUCAR A MORAL E DISCIPLINAR CORPOS E MENTES NA CORTE IMPERIAL (1860-1880)

FÁTIMA APARECIDA DO NASCIMENTO Eixo Temático: 6 - História das Culturas e Disciplinas Escolares

Este trabalho foi constituído com a proposta de pensar ideais de projetos civilizadores, a partir do conjunto de ações do poder público no campo educacional, que estabelecia como exigência legal a boa conduta moral de professores e alunos. Interessa refletir sobre os objetivos propostos a partir das normas e ações de fiscalização, que pretendiam definir, modelar e padronizar o comportamento da sociedade e os sujeitos da educação. Importou-nos perceber de que forma as intervenções governamentais na educação, compuseram os ideais civilizatórios em circulação no Oitocentos. Procuramos demonstrar como o Estado interviu para inculcar e legitimar a moral nos espaços escolarizados. Trata-se de investigar a forma pela qual as ações do governo contribuíram para que a educação fosse utilizada como um mecanismo na construção de uma nova identidade nacional, que (re)significasse o ser brasileiro e o pertencimento à pátria pelo caminho da moralidade. Portanto, procuramos dar visibilidade aos dispositivos disciplinares instituídos pelos órgãos governamentais, no processo de escolarização da Corte Imperial entre as décadas de 1860 e 1880, por se tratar do período de recorte cronológico das fontes. Selecionamos alguns manuscritos localizados no Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro e no Arquivo Nacional (ofícios, mapas de matrículas, abaixo-assinados e relatórios enviados por professores e diretores de diversos colégios à Inspetoria Geral da Instrução Pública da Corte Imperial), bem como atentamos para a publicidade nos anúncios de colégios publicados no Almanak Laemmert (um impresso de circulação nacional no Brasil, entre 1844 e 1914). A análise dessa massa documental possibilitou desenvolver reflexões acerca do conjunto de ações governamentais no campo educacional, utilizadas como estratégias que pretendiam controlar comportamentos. Da mesma forma, nos permitiram inquirir os modelos civilizadores e moralizantes exigidos nas medidas legais, que determinavam a moral como princípio norteador dos hábitos e

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costumes de professores e alunos. Nas páginas do impresso, foi possível perceber alguns vestígios relacionados ao funcionamento do comércio da instrução, que pretendiam por em prática o projeto moralizador a partir da ordem e da disciplina, cuja intenção era homogeneizar comportamentos na sociedade. Observamos que o propósito era utilizar o veículo impresso, as normas legais, as ações públicas de controle e fiscalização para construir representações acerca da conduta moral, para erigir dispositivos direcionados à formação de uma população ordeira e disciplinada.

“PARA DAR PERFEITA EDUCAÇÃO À ALMA DO TENRO INFANTE”: RECOMENDAÇÕES E PRESCRIÇÕES MORAIS EM UM MANUAL

PORTUGUÊS DO SÉCULO XVIII

FERNANDO CEZAR RIPE DA CRUZ Eixo Temático: 6 - História das Culturas e Disciplinas Escolares

Nos séculos XVII e XVIII, Portugal vivenciou uma profícua e intensa publicação de manuais de bom comportamento e civilidade, obras que se enquadram na categoria conhecida como Literatura de Comportamento Social dedicada aos aspectos valorativos e morais, de acordo com o pensamento iluminista, que, diante do grande desenvolvimento da imprensa e das consequentes práticas de escrita e leitura, circulou também na América Portuguesa. Foi o período em que se deu uma nova sensibilidade à ordem da educação, vista como possibilidade de organização das condutas sociais e controle das populações coloniais. Nesse período, a corte portuguesa recorrentemente estava preocupada com o “descontrole” e a “falta de civilidade” – especialmente nos domínios americanos (FONSECA, 2009, p. 31). A educação moral (não necessariamente de caráter escolar) seria, então, uma estratégia para desenvolver e conformar uma harmoniosa sociedade. Assim, nesse contexto ampliaram-se as práticas de educação que adotavam características moralizadoras e de civilidade cosmopolita. O pensador Michel Foucault caracterizou este período como sendo de um verdadeiro processo de normalização, “época de um poder que se exerce como disciplina sobre os indivíduos” (CASTRO, 2009, p. 301). No século XVIII a educação torna-se centro nas discussões relativas à organização social, porém o disciplinamento dos sujeitos é atravessado por outras diferentes instituições controladoras, a legislativa e a clerical, mesmo se tratando de um período de laicização. Todavia, para o império lusitano, a difusão das práticas de leitura a partir da Literatura de Comportamento Social e espiritual são mecanismos capazes de promover máximas morais e civilizatórias – cristãs em sua maioria – que contribuíam na manutenção e bom funcionamento da hierarquia social, bem como garantiam certa obediência e subordinação à monarquia e à Igreja. Portanto, a partir desse contexto de proliferação das práticas de escrita e leitura e dos processos de normatização das condutas que pretendemos, nesta comunicação, analisar, através de uma perspectiva filosófica e histórica, a obra A aia vigilante, ou reflexões sobre a educação dos meninos, desde a infância até á adolescencia (1767), de autoria de D. Joanna Rousseau de Villeneuve, com objetivo de verificar tanto os discursos morais e valorativos apresentados na constituição dos modos específicos de ser sujeito masculino infantil, quanto analisar as estratégias e práticas educativas que orientavam a normatização de condutas e bons costumes prescritas na realidade social luso-brasileira setecentista. Obras Consultadas CASTRO, Edgardo Manuel. Vocabulário de Foucault: Um percurso pelos seus temas, conceitos e autores. Belo Horizonte: Autêntica, 2009. FONSECA, Thais Nívia de Lima e. Letras, ofícios e bons costumes: civilidade, ordem e sociabilidade na América Portuguesa. Belo Horizonte: Autêntica, 2009.

A LITERATURA INFANTIL NO ENSINO NORMAL: O CURSO INTENSIVO PROMOVIDO PELO DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO DE SÃO PAULO

(1957)

FERNANDO RODRIGUES DE OLIVEIRA Eixo Temático: 6 - História das Culturas e Disciplinas Escolares

Neste texto, apresentam-se resultados parciais de pesquisa de doutorado em Educação (Bolsas FAPESP). Com os objetivos de contribuir para a produção de uma história do ensino da literatura infantil nos cursos de formação de professores primários no estado de São Paulo e compreender algumas das iniciativas paulistas em torno da criação das disciplinas escolares no Ensino Normal, focalizam-se aspectos da realização do I Curso Intensivo de Literatura Infantil, promovido em 1957, pelo Departamento de Educação do Estado de São Paulo, e da publicação de um livro decorrente desse curso. Mediante abordagem histórica, centrada em pesquisa documental e bibliográfica, desenvolvida por meio da localização, recuperação, reunião, seleção e ordenação de fontes

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documentais, elaborou-se instrumento de pesquisa contendo documentos relacionados ao ensino da literatura infantil nos Cursos Normais do estado de São Paulo. A análise desses documentos vem propiciando constatar, dentre outros, que: em 1957, com a criação da disciplina “Literatura infantil” no Ensino Normal paulista, visando a contribuir para o processo de construção de saberes escolares sobre esse assunto na formação dos professores primários, a Biblioteca Central do Departamento de Educação desse estado organizou o I Curso Intensivo de Literatura Infantil, para orientar professores e alunos sobre como “ensinar a ensinar” literatura infantil. Esse curso de literatura infantil, realizado entre os dias 27 de maio e 1º. de junho de 1957, contou com a participação de mais de 50 professores e estudantes. Devido ao sucesso obtido e apelos dos professores normalistas, as aulas desse curso foram publicadas, em 1958, no livro Curso de literatura infantil, editado por Santos Oliveira (SP), sob a organização de Antenor Santos de Oliveira. Nesse período, devido à escassez de bibliografia sobre o assunto e também à inexistência de um programa de ensino para a disciplina “Literatura infantil”, esse livro passou a subsidiar as primeiras práticas de ensino da literatura infantil nos Cursos Normais paulistas, tendo passado a funcionar como um manual de ensino. A partir da análise dos resultados obtidos foi possível compreender que o I Curso Intensivo de Literatura infantil e a publicação decorrente dele estiveram diretamente envolvidos na constituição de práticas relacionadas ao ensino da literatura infantil na formação de professores, contribuindo para a construção de saberes escolares sobre a literatura infantil no estado de São Paulo. Até que fossem elaborados e publicados os programas de ensino dessa disciplina e os manuais condizentes com esses programas, Curso de literatura infantil subsidiou a preparação e a atuação dos professores normalistas no “ensinar a ensinar” literatura infantil, concorrendo diretamente para a conformação de práticas de ensino da literatura infantil no estado de São Paulo.

“ASSIM DEVEM PROCEDER TODAS AS MENINAS EDUCADAS!”: EDUCAÇÃO FEMININA EM LIVROS DE LEITURA

FLÁVIA REZENDE Eixo Temático: 6 - História das Culturas e Disciplinas Escolares

Este trabalho tem como objetivo a análise do primeiro livro de leitura da série graduada publicada por Romão Puiggari e Arnaldo de Oliveira Barreto, em 1895, procurando interrogar o modo como as narrativas, em conjunção com as ilustrações presentes na edição, participam da construção de representações da mulher e de um modelo de educação feminina. Para tanto, parte do exame dos textos e das imagens, visando buscar respostas para as seguintes indagações: que pautas de comportamento perpassam as narrativas que compõem o livro de leitura? Como vai sendo construída a ideia de formação da menina? De que forma se desenha no livro de leitura um projeto de socialização das meninas e de conformação dos seus gestos? É possível lê-lo como um manual de “bons modos”, articulado aos propósitos de conformação do comportamento dos seus leitores e, particularmente, das meninas que iniciavam o seu percurso de escolarização? Os autores, por meio das histórias presentes na edição e das ilustrações, constroem personagens que exibem comportamentos marcados pela oposição entre o bem e o mal, o justo e o injusto, a virtude e os vícios. Ao longo das narrativas, alguns desses personagens apresentam comportamentos ideais que deveriam ser seguidos pelas crianças durante a infância, em oposição a gestos considerados reprováveis. Em meio a esses personagens, Luizinha, uma pequena menina de cinco anos de idade, que ainda não frequentava a escola, será uma das protagonistas das narrativas. Vigiada em suas ações e gestos, a menina é recorrentemente alvo dos castigos e repreensões dos pais, por apresentar maus comportamentos, desobedecer, não praticar boas ações e mentir. Duas outras mulheres, a mãe de Luizinha e sua avó, vão sendo construídas paralelamentecomo exemplos da bondade, da caridade e das virtudes maternais, valores que deveriam ser incorporados e aprendidos por Luizinha e pelas leitoras em formação. Na análise do livro de leitura de Puiggari e Barreto, será necessário considerar a intencionalidade presente no texto de atingir o leitor infantil e, de modo particular, as meninas com tais narrativas e imagens. O tratamento dessa fonte para a compreensão das indagações propostas considera que os livros de leitura foram amplamente utilizados pelas escolas primárias paulistas, no período de sua institucionalização, entre o final do século XIX e o início do século XX, sendo a única literatura destinada exclusivamente ao uso das crianças. Assumem, nesse sentido, um lugar central no processo de formação da criança. Visando alcançar o objetivo deste trabalho, a imagem será tomada em sua relação com o texto, procurando-se levar em conta as possibilidades que ela oferece quando se busca decifrar a mensagem oferecida às crianças por meio de palavras e ilustrações que põem em cena crianças envolvidas em práticas exemplares e em gestos de transgressão.

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GUIA DE CIVISMO: UMA PUBLICAÇÃO DO MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA DESTINADA AOS PROFESSORES/AS DE EDUCAÇÃO MORAL

E CÍVICA

GILMARA DUARTE PLÁCIDO Eixo Temático: 6 - História das Culturas e Disciplinas Escolares

A implantação da disciplina e prática educativa de Educação Moral e Cívica (EMC) no currículo das escolas brasileiras, em 1969, foi precedida da elaboração e publicação de um Guia de Civismo destinado aos professores e professoras do Ensino Médio. A elaboração deste documento obedeceu alguns critérios estabelecidos pela Divisão Extra Escolar de Educação, à época um dos departamentos do Ministério da Educação e Cultura (MEC). A ideia era dar subsídios aos professores de EMC, pois havia grande preocupação por parte do governo militar com a formação dos jovens brasileiros, haja vista que o futuro do país estaria nas mãos destes estudantes. Neste sentido, em 1968 o Ministério da Educação e Cultura lançou um concurso para a publicação de um Guia de Civismo destinado ao Ensino Médio. De acordo com o edital de lançamento do concurso, publicado no Diário Oficial da União (DOU), do dia 08 de abril de 1968, este material deveria ser um norteador para os/as professores/as de EMC, bem como também poderia ser utilizado em outras disciplinas, pois deveria ensinar princípios morais considerados básicos para a “formação do caráter humano”. Além disso, deveria estimular o patriotismo por meio das ações cívicas. Após a realização do concurso, duas obras foram classificadas em 1º lugar e foram publicadas pelo Ministério da Educação e Cultura e distribuídas a todas as instituições de ensino médio do Brasil. Uma destas obras foi o Guia de Civismo, de autoria do Cel. Diniz Almeida do Valle. Esta publicação é a fonte documental investigada neste artigo, pois é um documento de grande importância, haja vista que foi produzido durante a ditadura civil-militar para nortear as ações morais e cívicas no ambiente escolar. Neste sentido, o principal objetivo desta pesquisa é compreender qual o modelo ideal de cidadão proposto pelo Guia de Civismo. Para este fim foram elencadas as seguintes questões, a saber: O que a legislação educacional previa para o ensino e a prática educativa de EMC? Quais eram as ideias básicas que norteavam o Guia de Civismo? Quais eram os principais assuntos abordados no referido guia? Por se tratar de uma pesquisa que busca compreender a influência de um documento impresso nas práticas escolares, utilizo como referencial teórico os estudos de Dominique Julia (2001) para compreender a cultura escolar, e Roger Chartier (1999) para problematizar as questões referentes a circulação, intenção e apropriação do texto impresso. Este artigo é parte de uma pesquisa de mestrado que está em andamento.

CIRCULAÇÃO DE PRINCÍPIOS DA ESCOLA NOVA EM SANTA CATARINA NA DÉCADA DE 1940: UMA ANÁLISE CRÍTICA DO DISCURSO DA

DISCIPLINA DE “LEITURA, LINGUAGEM ORAL E ESCRITA”

GLADYS MARY GHIZONI TEIVE Eixo Temático: 6 - História das Culturas e Disciplinas Escolares

Investigar aspectos da circulação das idéias da Escola Nova em Santa Catarina, na década de 1940, na disciplina de “Leitura, Linguagem Oral e Linguagem Escrita”, do Programa para os Estabelecimentos de Ensino Primário no Estado de Santa Catarina, de 1946, é a proposta deste artigo, fruto da pesquisa “Grupos Escolares: entre a Pedagogia Moderna e a Escola Nova”. Num primeiro momento, é discutida a circulação, pela via das prescrições legislativas, das idéias da Escola Nova no Estado e, num segundo momento, são analisados como os princípios da “graduação do ensino”, “interesse natural da infância,” “ensino a partir da realidade da criança” e “desenvolvimento do espírito de cooperação,” referendados pela Lei Orgânica do Ensino Primário do Estado de Santa Catarina, (1946) foram incorporados à disciplina de “Leitura, Linguagem Oral e Linguagem Escrita”. As análises de ambos os momentos foram realizadas na perspectiva da Análise Crítica do Discurso, de Norman Faircloug (ACD), o qual propõe uma análise tridimensional do discurso: o discurso como texto, o discurso como prática discursiva e o discurso como prática política. Tal ferramenta nos permitiu concluir que apesar dos propósitos dos elaboradores da Lei e do Programa no sentido de buscar um consenso em torno da supremacia da Escola Nova no Estado, os significados por eles atribuídos aos princípios escolanovistas aqui analisados foram, regra geral, fruto de um bricoleur e ou justaposição destes com os da Pedagogia Moderna. Isso certamente teve impacto no entendimento que os professores da escola primária tiveram sobre a questão, sobretudo no que diz respeito ao tão decantado discurso acerca do “sujeito ativo” e da “escola ativa”, reiteradamente confundido no programa da disciplina aqui em foco como “ensino ativo” e ou como sinônimo de exercício ou de como fazer coisas. Aliada a estas e outras confusões acerca dos princípios escolanovistas aqui analisados havia, ainda, a tendência centralista e autoritária do Departamento de Educação, que no que se referia a administração da

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Caderno de Resumos - Comunicações Individuais

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escola primária, manteve praticamente intactas as prescrições do Regulamento para os Estabelecimentos de Ensino Primário, de 1914, organizado segundo os pressupostos da Pedagogia Moderna, de caráter “peremptório e irrevogável”, as quais, se cumpridas à risca, anulariam qualquer trabalho de renovação, destruindo pela base, o poder criador e as iniciativas dos professores tão caros a Pedagogia da Escola Nova. De modo que, apesar de acreditarem e defenderem a superioridade da Escola Nova em relação à Tradicional e à Pedagogia Moderna , a operacionalização da Lei Orgânica do Ensino Primário no programa de “Leitura, Linguagem Oral e Linguagem Escrita” foi realizada pelas lentes desta última.

O SABER HISTÓRICO NOS LIVROS DIDÁTICOS PARA O ENSINO PRIMÁRIO (1917-1945): UMA ANÁLISE DO MANUAL NOSSA PÁTRIA

HELOISA ANTONIO FERREIRA Eixo Temático: 6 - História das Culturas e Disciplinas Escolares

O objetivo deste trabalho é buscar um olhar histórico sobre conteúdos e métodos de ensino que formaram gerações – além de indagar o perfil de um autor de livros que se tornaram “clássicos” nas escolas brasileiras em sua “fase de ouro”. Para desvendar os caminhos de construção e a representação da obra, bem como a trajetória do autor, utilizaremos à perspectiva teórico-metodológica proposta pela História Cultural. A produção cultural do professor, jornalista e historiador paranaense José Francisco da Rocha Pombo (1857-1933) é o objeto da minha pesquisa. Optamos pela baliza de tempo que abarca as décadas de 1917 até 1945. A ênfase recai na sua produção de livros didáticos, largamente aceitos no mercado editorial brasileiro até a década de 1970, especificamente, o manual Nossa Pátria: pequena história do Brasil, com 88 edições pela Companhia Melhoramentos. Retomando a concepção de história, que orientou sua produção de manuais didáticos, procura-se problematizar as implicações do universo intelectual de Rocha Pombo e sua relação com o saber escolar. Com o intuito de viabilizar suporte para esta reflexão é preciso perceber, por exemplo, as relações entre o projeto da história como disciplina escolar, proposto pelos órgãos oficiais; o processo editorial dos compêndios; a recepção dos leitores frente ao livro didático. O livro didático é uma fonte privilegiada para o estudo da história das disciplinas escolares. Ali estão os conteúdos que numa época se consolidaram como constitutivos de uma disciplina. Mais do que isso, é cada vez mais frequente o livro didático apresentar uma estrutura que já organiza os conteúdos em unidades que simulam uma aula, com respectivas atividades, exercícios e avaliações. Acompanhar as sucessivas edições de livros didáticos possibilita, então, traçar a evolução das disciplinas escolares. Os protocolos de edição, definidos pelo governo ou pelas próprias editoras, determinam de modo considerável o produto final e, portanto, a disciplina a ser ministrada. É preciso reconstituir todos os momentos pelos quais o livro passa até chegar á sala de aula, desde a concepção, a produção e a avaliação (quando houver), até a venda e a compra. O estudo dos usos efetivos do livro didático pode constituir uma das entradas possíveis para a análise das disciplinas em funcionamento. Embora não tenha desenvolvido pesquisas históricas originais junto a fontes primárias, Rocha Pombo ficou conhecido como historiador e um estudo da obra deste autor permite: encaminhar reflexões acerca da relação que se estabelece no início do século XX entre historiografia e literatura pedagógica; problematizar conteúdos e métodos de ensino que formaram gerações; indagar o perfil dos autores de livros que se tornaram “clássicos” nas escolas brasileiras em sua “fase de ouro”.

O ENSINO DE HISTÓRIA E GEOGRAFIA NO LICEU ALAGOANO NO OITOCENTOS: CONFIGURAÇÕES A PARTIR DOS LIVROS DIDÁTICOS

IVANILDO GOMES DOS SANTOS EDGLEIDE DE OLIVEIRA HERCULANO

Eixo Temático: 6 - História das Culturas e Disciplinas Escolares

Atualmente os novos estudos realizados no cenário da História da Educação mostram que o processo de instrução de uma época pode ser desvelado por meio dos “livros escolares”, que se inserem na escola como difusores de valores morais e patrióticos. Desta feita, o presente artigo pretende analisar a constituição das cadeiras de História e Geografia no Liceu Alagoano, durante o período imperial, sobretudo a partir da construção dos livros didáticos. Assim, nosso propósito nesta análise consiste em apreender os conteúdos historiográfico, geográficos e pedagógico contidos nas obras didáticas e assim respondermos a nossa pergunta sobre quais saberes eram veiculados no ensino de História e Geografia no Liceu Alagoano. Na instituição, a cadeira de História esteve presente desde a sua criação, em 1849. Entretanto, ao que pudemos constatar durante o período imperial ela esteve subordinada ao ensino da Geografia. E assim foi criada sob a denominação Geographia, Chronologia e Historia. Tal subordinação pode ser comprovada pelas pesquisas realizadas pelo Grupo de Pesquisa

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História da Educação, Cultura e Literatura, que já localizou vários compêndios para o ensino da cadeira, tais como Opúsculo da Descripção geographica e topographica, phizica, política, e histórica do que unicamente respeita à provincia das Alagôas no Império do Brazil (1844), de Antônio Joaquim Moura; Geografia alagoana ou descrição física, política e histórica da província das Alagoas (1860) e Elementos de Geographia e Cosmographia oferecidos a mocidade alagoana (1874), ambos de Thomaz do Bomfim Espíndola. Conforme Madeira e Reis (2011), durante o século XIX havia uma concepção predominante de que os agentes físicos influenciavam mais poderosamente a raça humana, sendo fator determinante para o desenvolvimento da nação. Dessa maneira, ganhavam destaque os aspectos geográficos frentes as demais áreas de ensino. Além disso, a geografia antecede a história porque também havia a necessidade de se demarcar territórios, descrevê-los e medi-los. Somente assim se poderia elaborar a história pátria, com suas dimensões territoriais definidas. Souza Neto (1997) observa que o pensamento geográfico do Império tinha uma relação direta com o poder político, e tal prestígio tinha desdobramentos diretos na forma de circular o saber geográfico nas escolas provinciais, em especial, por disseminar a ideia de que havia uma força externa ao homem, definindo o seu presente e o seu futuro. Para identificarmos a finalidade do ensino de história, bem como analisarmos os compêndios e manuais utilizados, apropriamo-nos das reflexões teórico-metodológicas de autores como Choppin (2004), Souza Neto (1997) e Galvão (2005) e com relação à análise do livro didático destacamos os pesquisadores Bittencourt (2004), Corrêa (2000) e Munakata (2013).

A DISCIPLINA ENSINO RELIGIOSO: HISTÓRIA, LEGISLAÇÃO E PRÁTICAS

JOSÉ ANTONIO SEPULVEDA Eixo Temático: 6 - História das Culturas e Disciplinas Escolares

Este é um trabalho de análise documental com base quase exclusiva em fontes primárias, tendo como referência teórica o conceito de campo de Pierre Bourdieu, para o qual campo é um espaço de disputa de agentes e de instituições pelo monopólio interno da violência simbólica legítima e pela propriedade do capital típico do campo. Outro conceito presente no texto é o de documento do historiador francês Jacques Le Goff, ampliando sua concepção tradicional. A partir disso, o estudo fez uso de diferentes formas de documentos, em especial das legislações referentes à legalidade do Ensino Religioso (ER) nas escolas públicas brasileiras, além de entrevistas e observações com profissionais da educação. Vale ressaltar ainda que, embora a inserção dessa disciplina no currículo das escolas públicas brasileiras tenha mobilizado um grande número de personagens ao longo da história da educação nacional, o tema ainda é pouco frequente na nossa bibliografia, o que evidencia a relevância deste trabalho, cuja abrangência temporal focaliza o período entre 1930 e 2010, com ênfase nas legislações educacionais. Assim, a análise de tais legislações, no referido período, permitiu observar que a presença compulsória do ER no currículo das escolas públicas brasileiras demonstra que Estado e Igreja, historicamente, se reforçam mutuamente, gerando tensões e conflitos por fragilizar a laicidade do Estado e a autonomia do campo educacional. Dessa forma, para explicitar de forma objetiva essa problemática, o texto apresenta resultados da pesquisa realizada sobre a prática do ensino religioso nas escolas públicas estaduais do ensino fundamental, no município de Duque de Caxias, Rio de Janeiro. Para maior compreensão desse contexto foram visitadas três escolas distribuídas no 1º, 3º e 4º distritos, nos meses de maio a julho de 2010, sendo realizadas entrevistas com professores de ensino religioso, com o coordenador da disciplina e com os diretores das escolas. Além disso, foram observadas as aulas, o espaço escolar e analisados os documentos internos das escolas. O estudo percebeu uma dissonância entre o que dizem os professores, os diretores e o Coordenador de ensino religioso e o que ocorre na prática. Embora todos os entrevistados defendam que a escola é laica e afirmem não trabalhar conceitos religiosos em sala de aula, os discursos, o material pedagógico, bem como os símbolos expostos no espaço escolar demonstraram que este é marcado pelos signos das religiões cristãs, evidenciando diferentes formas de ocupação do espaço público. O estudo conclui reconhecendo que no contexto atual a laicidade nas instituições escolares é condição fundamental para a efetivação de uma educação emancipadora que possibilite a implementação da democracia nesses espaços.

A CIRCULAÇÃO DA ARITMÉTICA DE SOUZA LOBO NAS AULAS PÚBLICAS DE PORTO ALEGRE (1892 – 1921)

JOSEANE LEONARDI CRAVEIRO EL HAWAT Eixo Temático: 6 - História das Culturas e Disciplinas Escolares

O presente estudo realiza uma reflexão sobre a Primeira Arithmetica para Meninos, livro do professor José Theodoro Souza Lobo. O referido autor esteve presente de forma ativa em diferentes esferas da instrução

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Caderno de Resumos - Comunicações Individuais

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pública gaúcha, como professor da Escola Normal, diretor geral da Instrução Pública da Província e, posteriormente, da Escola Normal, inspetor escolar e, também, autor de livros didáticos. Com o propósito de identificar elementos acerca da circulação da Primeira Arithmetica nas aulas públicas primárias de Porto Alegre no final do século XIX e início do século XX, foram analisados três conjuntos de documentos: as inscrições contidas na capa e interior do livro, os “Mappa(s) Demonstrativo(s) dos objectos recebidos pelo Almoxarifado da Instrução Publica e distribuidos ás escolas publicas” e livros de inventários do período, estes últimos localizados no Arquivo Histórico do Rio Grande do Sul. A reflexão proposta ampara-se na perspectiva da história cultural, na qual o campo historiográfico de investigação explora as diversas possibilidades de analisar a trajetória do homem no tempo e espaço. Dessa forma, os estudos da história cultural abrangem as mais variadas produções do próprio homem, procedendo à observação da cultura letrada, da cultura popular, das diferentes manifestações sociais de determinados grupos, a produção cultural de sociedades diversas, cotidianos, normas de conduta, sistemas de educação e cultura material. Segundo Roger Chartier, a história cultural, do modo como a compreendemos, tem por principal intenção identificar o modo como em diferentes lugares e momentos uma determinada realidade social é estabelecida, pensada, dada a ler (2002). Tendo em vista que a Primeira Arithmetica esteve presente nas aulas públicas da capital, tanto nas aulas do sexo masculino como mistas e, ainda, contando com um número significativo de edições, mesmo após a morte do autor, acredita-se que esta obra possa ter desempenhado uma função de apoio no cotidiano e práticas docentes das aulas públicas de Porto Alegre. Nesse sentido, ao examinar a circulação do livro do professor Souza Lobo foram consideradas as apreciações de Alain Choppin acerca das funções essenciais exercidas pelos livros didáticos. De acordo com o autor, os livros didáticos são fontes privilegiadas e portadores de múltiplas funções – referencial, instrumental, ideológica e cultural e documental – , as quais podem ser alteradas segundo condições socioculturais, período, disciplinas, métodos de utilização e níveis de ensino.

TEMPO DE CULTURA: ANÁLISE DO PROJETO DE IMPLANTAÇÃO DE ESCOLINHAS DE ARTE NAS ESCOLAS DO INTERIOR DO ESTADO DO

PARANÁ. (DÉCADA DE 1960)

LUCIANA GURGEL DE SIQUEIRA Eixo Temático: 6 - História das Culturas e Disciplinas Escolares

No Paraná, durante as décadas de 1960 e 1970, um projeto educacional chamado Arte na Educação pretendeu inserir escolinhas de arte nos grupos escolares do estado. Para isto, foi criado, em 1964, o Curso de Artes Plásticas na Educação (CAPE), promovido pela Secretaria de Educação e Cultura do Estado do Paraná (SEC) com o intuito de especializar professores normalistas para implantar e dirigir escolinhas de arte nestas escolas. Quando foram criadas, no Rio de Janeiro no final da década de 1940, as escolinhas de arte tinham o caráter ideológico de trazer ao Brasil as novas concepções acerca de arte e educação já avançadas no exterior, como as distintas expressões artísticas (dança, pintura, teatro, desenho, poesia etc.) e a livre-expressão infantil. Para que o projeto paranaense fosse realizado, era necessária a liberação destes professores para participarem do curso que era ministrado em Curitiba. Alguns alunos que eram liberados se deslocavam de cidades da região metropolitana e do interior do Paraná. Durante os cinco primeiros anos do CAPE, a implantação das escolinhas enfrentou algumas dificuldades estruturais. Enquanto algumas escolas não possuíam o espaço necessário para a implantação das escolinhas de arte, uma parte dos diretores não liberava seus professores para o curso, por causa da falta de professores na escola. Havia também grande evasão devido a estes mesmos motivos. Por conta disto, em 1969, a SEC lançou outro projeto intitulado Tempo de Cultura que tinha como objetivos promover a educação integral da criança, divulgar as Escolinhas de Arte funcionando junto à Escolas Primárias, divulgar o Curso de Artes Plásticas na Educação e desta forma despertar o interesse de professores ao projeto Arte na Educação. O Tempo de Cultura foi um evento itinerante promovido pela Divisão de Atividades Culturais na Educação do Departamento de Cultura da SEC. Durante dois semestres, cada cidade visitada recebia palestras sobre Arte na Educação, atividades com as crianças e exposição de trabalhos dos alunos das escolinhas de Curitiba. No primeiro semestre o evento passou por Ponta Grossa, Foz do Iguaçu, Palmas, União da Vitória, Maringá e Londrina. No segundo semestre por Pato Branco, Bela Vista do Paraíso, Jacarezinho e Campo Mourão. Em cada cidade, o evento permanecia por uma semana para realização da programação. O evento ocorreu em um período importante para o CAPE no qual a permanência de suas atividades passava por um impasse: as escolinhas precisariam ser oficializadas pelo governo estadual para que o projeto continuasse. O trabalho apresentado trata-se de uma pesquisa de mestrado em andamento na qual se levanta a hipótese de que este evento foi elaborado como estratégia, segundo o conceito de Certeau, para divulgação e implantação de escolinhas de arte em todo o estado do Paraná.

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A OLIMPÍADA ESCOLAR E A CULTURA ESPORTIVA CAPIXABA NA GRANDE IMPRENSA CAPIXABA (1946-1954)

MARCELO LAQUINI ELLER OMAR SCHNEIDER

WALLACE ROCHA ASSUNÇÃO MARCELA BRUSCHI

Eixo Temático: 6 - História das Culturas e Disciplinas Escolares

O estudo analisa a temática da Olimpíada Escolar, por meio da grande imprensa, objetivando compreender a Cultura Esportiva fomentada no Espírito Santo, entre os anos de 1946 e 1964, e a sua relação com o desenvolvimento esportivo no Pós-Segunda Guerra na constituição do ideário de civilidade e modernidade capixaba. Como corpus documental utiliza os principais periódicos veiculados entre 1946 e 1954, os jornais A Gazeta e A Tribuna, em suas seções esportivas, e o arquivo pessoal do professor Aloyr Queiroz de Araújo, idealizador da Olimpíada Escolar. Pretende-se, com a investigação, compreender a relação da Cultura Esportiva capixaba com a Olimpíada Escolar, instituída com finalidades cívicas e patrióticas pelo órgão estadual Serviço de Educação Física, que foi criado para desenvolver e controlar as ações da Educação Física, principalmente no ensino secundário. Como referencial teórico, o trabalho focaliza o conceito de lutas de representações de Roger Chartier, amparado pelo modelo indiciário de Carlo Ginzburg, norteando, assim, a construção da narrativa histórica. Por Cultura Esportiva entende-se o conjunto de ações e valores que representam o modo predominante de perceber o esporte, seja ele amador, seja profissional que, em determinado momento histórico, dita os limites e as possibilidades de usar o fenômeno esportivo. Nesse caso, a Cultura Esportiva tem relação com os sentidos que são atribuídos ao esporte, sejam institucionais, sejam sociais, que circulam por meio dos documentos oficiais, ou por impressos pedagógicos, comerciais ou de vulgarização. Assim, a imprensa é um dos locais em que se pode flagrar a constituição da cultura esportiva e, mais do que isso, é por meio dela que se sedimenta a própria cultura. O periodismo não é neutro, mas um elemento ativo, uma vez que ele molda o que por ele é registrado. É uma força relevante que não deve ser desconsiderada na construção da realidade. Conclui-se que a Cultura Esportiva local foi possivelmente influenciada e moldada pela grande imprensa capixaba, em que aproximadamente 80% das matérias veiculadas em relação às práticas esportivas citadinas representaram a modalidade futebol. Em seguida, 15% com as demais modalidades, como remo, natação, basquetebol e voleibol. Os restantes 5% estão relacionadas com atletismo, vela, boxe, xadrez e jogos escolares. Observa-se que, no âmbito estudantil, durante as cinco edições da Olimpíada Escolar capixaba, a modalidade atletismo superou o futebol em termos de grêmios participantes, demonstrando haver a circulação de culturas socialmente diferenciadas. Constatou-se, ainda, a busca pela profissionalização, as dificuldades estruturais e financeiras do esporte capixaba, as tensões entre alunos/atletas estudantis com os clubes esportivos e, principalmente, o êxodo dos talentos esportivos da região para centros de maior representatividade, comprometendo o fortalecimento do esporte capixaba.

A MEMÓRIA ESCOLAR SOBRE A GUERRA DO CONTESTADO

MARCOS AURÉLIO PEREIRA Eixo Temático: 6 - História das Culturas e Disciplinas Escolares

O presente trabalho é o resultado de uma pesquisa de campo sobre a memória escolar da Guerra do Contestado, buscando identificar os elementos da narrativa histórica escolar sobre o conflito entre os estados do Paraná e Santa Catarina na segunda década do século XX. No espaço escolar, o ensino da história tem sido empregado para legitimar um passado, principalmente aquele entendido como a verdadeira experiência dos indivíduos ao longo do tempo, nivelando as complexidades da realidade humana. A consciência histórica formulada nas práticas educativas no ensino da História dá um sentido coletivo à própria significância e insignificância do sujeito histórico, sendo que é no interstício desses sentimentos que se tece a identidade, seja como indivíduo ou como coletividade. Na pesquisa empregou-se o método surveys, com uma amostra não probabilística por intenção, em que foi utilizado um questionário autoaplicável, com 6 perguntas. O público alvo foram alunos da segunda fase do Ensino Fundamental. A escolha deste público foi por estarem concluindo Ensino Fundamental e terem estudado a Guerra do Contestado em dois momentos de sua escolarização, no 5º e 8º ano. No 5º ano ao estudarem a história do estado e no 8º ano quando estudaram os movimentos populares na República Velha (1889-1930). As escolas escolhidas par aas pesquisa foram particulares e públicas localizadas na mesma região da cidade Curitiba. Ao mesmo tempo, fez-se uma pesquisa documental de fontes secundária: os livros didáticos de História e livros sobre a história da Guerra do Contestado escritos por paranaenses ou pessoas radicadas no Paraná. Destes, os livros didáticos de História ganham destaque porque são dispositivos didáticos destinados a

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Caderno de Resumos - Comunicações Individuais

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instrução, veiculando valores e elementos identitários a serem inculcados nas novas gerações. Seja em âmbito individual ou coletivo, a memória e a História fornecem a matéria-prima com a qual os seres humanos tecem as explicações sobre sua vida ao longo tempo, estabelecendo uma complexa conexão entre a “consciência de nós” e a “consciência do Eu”. Dessa maneira o ensino da história no espaço escolar contribui para formulação de uma consciência histórica coletiva em que os indivíduos se reconheçam como pertencentes a uma dada comunidade e portadores de uma identidade. E, pelas práticas educativas desenvolvidas na escola identificam-se a memória e a história das guerras, levando os indivíduos a formularem os fundamentos que diferenciam as identidades coletivas dos grupos em confronto.

SOAM CANÇÕES COM MATIZES ALEMÃES E CANTOS CÍVICOS BRASILEIROS; CONJUGAM-SE TRADIÇÕES MILENARES COM

CIDADANIA NO COLLEGIO ALLEMÃO DE PELOTAS-RS (1910-1940)

MARIA ANGELA PETER DA FONSECA Eixo Temático: 6 - História das Culturas e Disciplinas Escolares

Este artigo apresenta um estudo sobre a Música presente no currículo do Collegio Allemão de Pelotas nas primeiras quatro décadas do século XX, como estratégia para a preservação do germanismo e da língua alemã. A temática faz parte de uma investigação mais ampla desenvolvida no Doutorado e no Centro de Estudos e Investigações em História da Educação (CEIHE), da Faculdade de Educação, da Universidade Federal de Pelotas que contempla a História da Educação Teuto-Brasileira Urbana na região sul do Rio Grande do Sul, nos séculos XIX e XX. A pesquisa foi realizado de forma quanti-qualitativa, bibliográfica, documental e por meio de entrevista, privilegiando um aspecto descritivo, tendo como fontes os Relatórios Escolares do Collegio Allemão de 1913 e 1923, os Estatutos do Collegio Allemão de 1915, o cancioneiro “Es Tönen die Lieder” (Soam Canções) de Wilhelm Schlüter, 1931, entrevistas com quatro ex-alunas e boletins escolares. O Collegio Allemão de Pelotas, um colégio teuto-brasileiro urbano, particular, de ensino primário e secundário, para meninos e meninas, foi fundado em 1898, por uma sociedade escolar cujos membros eram imigrantes alemães e teuto-brasileiros, industriais e comerciantes que formavam uma pequena burguesia, que, em sua maioria, protestantes luteranos, pertenciam à Comunidade Evangélica Alemã de Pelotas. Ao analisar o currículo do Collegio Allemão de Pelotas nas décadas de 1910 e 1920, percebe-se que a música, trabalhada na disciplina de Canto, estava inserida no corpus teórico da instituição. A partir dessas informações, questionamos: qual era a importância do Canto e que conteúdos eram transmitidos através dessa disciplina que justificava a sua inserção no currículo da instituição? O Canto veiculava um logos e um ethos específicos? Quais as especificidades do Canto entoado em língua alemã? Nas primeiras duas décadas do século XX, o Canto, no Collegio Allemão de Pelotas, foi entoado predominantemente em língua alemã. Porém, a partir de 1930, com o advento do Estado Novo, o Brasil implantou a Nacionalização do Ensino, especificamente em relação à obrigatoriedade do ensino em língua portuguesa. De acordo com as entrevistas das ex-alunas da década de 1930, evidencia-se a presença de canções em língua alemã permeadas com canções e hinos brasileiros, conjugando par e par tradições milenares com os valores cívicos emergentes da nação brasileira, especialmente através do canto em uníssono, nos primeiros anos, e o canto coral, nos anos mais adiantados. A prática do Canto no Collegio Allemão de Pelotas nas primeiras quatro décadas do século XX, foi significativa e através dela, transmitia-se um conteúdo cultural identificador de uma visão de mundo com matizes alemães em terras brasileiras. Mas a essa visão somavam-se aspectos primordiais da cidadania brasileira contribuindo para a formação singular de uma identidade teuto-brasileira, nos alunos, crianças e adolescentes, desse educandário.

ESCOLARIZAÇÃO DA ARTE NA CIDADE DO RECIFE (1960 A 1980)

MARIA BETÂNIA E SILVA Eixo Temático: 6 - História das Culturas e Disciplinas Escolares

Investigar como se deu o processo de escolarização da arte em uma escola pública da região metropolitana da cidade do Recife, no período dos anos 60 aos 80 do século XX, foi o objetivo principal desse trabalho. A instituição selecionada para a pesquisa era considerada referência no ensino secundário da época e foi estruturada para servir de laboratório para as práticas e experimentações pedagógicas estudadas, desenvolvidas e aprimoradas pelo Centro de Educação da Universidade Federal de Pernambuco. Baseado na História das Disciplinas Escolares, o estudo teve como principais fontes de investigação documentos impressos, manuscritos, imagéticos e orais. Entre eles leis, pareceres, programas escolares, cadernetas, materiais de pesquisa utilizados pelos professores para a construção da sua prática pedagógica, fotografias, atividades realizadas pelos alunos e

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VIII Congresso Brasileiro de História da Educação

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depoimentos de professores. A pesquisa mostra que a influência das primeiras experiências artísticas vividas no seio da família e a rede de relações estabelecida na trajetória individual e de formação profissional do professor contribuíram para sua formação artística, a estruturação e organização de seu trabalho pedagógico com arte. A arte ensinada na escola apresentou elementos advindos dos espaços de formação que o professor frequentou, no entanto, não podemos afirmar que ela adveio, estritamente, do conhecimento científico. Muitas vezes a arte ensinada foi criada e produzida na própria dinâmica do cotidiano escolar. A arte produzida pela escola se apresentou completamente diferenciada daquela dos movimentos artísticos, produzida pelos artistas em um período de governo ditatorial, no caso brasileiro. Os alunos da escola estudada compunham o grupo seleto que atingia a educação secundária no Brasil naquele momento. As diversas experiências vivenciadas pelos alunos provocaram uma dinamicidade no espaço escolar e os lugares escolhidos pelo professor para a realização dessas atividades diferenciadas corresponderam a sua própria trajetória de formação e as concepções que tinha de arte. Os processos metodológicos utilizados pelo professor e as formas de veicular a arte no interior mesmo do espaço escolar foram diferenciadas provocando uma constante dinâmica nas aulas de arte. No que se refere à avaliação em arte observa-se uma dificuldade em estabelecer critérios do como e do que avaliar em arte e isso se reflete no estabelecimento de elementos que dizem mais respeito às atitudes e comportamentos que ao próprio processo de aprendizagem em arte.

HISTÓRIA DA DISCIPLINA ENSINO RELIGIOSO: A EXPERIÊNCIA DO AMAPÁ

MARIA DE LOURDES SANCHES VULCÃO Eixo Temático: 6 - História das Culturas e Disciplinas Escolares

O presente trabalho propõe analisar como historicamente o Ensino Religioso se constituiu em disciplina escolar no Brasil, particularizando a experiência do Estado do Amapá. No contexto republicano se deu a institucionalização do Ensino Religioso enquanto disciplina escolar, especificamente a partir da Reforma Francisco Campos (1931). Demarcada a obrigatoriedade de sua oferta, tornando-se objeto de conflito em razão da laicidade do Estado e da defesa, pela Igreja Católica, do ensino doutrinário. A história das disciplinas é um campo relativamente novo, configurado a partir dos anos 1970, vinculado à Nova Sociologia do Currículo, corrente sociológica que privilegiou a discussão e problematização do currículo enquanto construção social. A história das disciplinas enquanto vertente de investigação vem ganhando espaço dentre os estudos sob o marco da História Cultural. Situado nessas influências teóricas, o presente estudo se inscreve no campo da história das disciplinas escolares embasado nos autores André Chervel, Viñao Frago e Ivor Goodson. Problematizar a história de uma dada disciplina, sob a perspectiva desses referenciais, instiga situá-la na interseção de “forças internas e externas”. Dessa relação depreendem-se os estágios de estabilidade e mudança. A disciplina Ensino Religioso, assim como as outras disciplinas escolares é uma construção histórica que guarda particularidades quanto aos padrões de configuração. Considerados, os entes federados e os atores sociais e políticos envolvidos na sua construção, no Estado do Amapá, coloca-se em destaque a Associação de Professores de Ensino Religioso do Amapá (APERAP), criada em 2006, como interlocutora na promoção de estudos e debate sobre a disciplina Ensino Religioso na esfera estadual. Desde então, a associação vem assumindo, por meio de ações e inserções, o protagonismo na configuração do ensino religioso no Amapá, instituindo uma experiência distinta de outros estados brasileiros, onde o que prevalece o Conselho de Ensino Religioso (CONER). Na compreensão das disciplinas escolares como construções complexas, perpassadas por disputas, que interligam tempos, espaços, relações de poder, crenças, finalidades, interesses de grupos e atores sociais, demarcamos que as disciplinas não constituem apenas um conhecimento específico, são, também, determinantes na profissionalização docente, para ficar apenas em uma de suas dimensões. Assim, o presente estudo discute a necessidade de pensar a construção social da disciplina Ensino Religioso e problematizar sua presença no currículo escolar.

A PRODUÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E HISTÓRIA NO NPGED NO PERÍODO DE 1997 ATE 2014

MARIZA ALVES GUIMARÃES Eixo Temático: 6 - História das Culturas e Disciplinas Escolares

Este artigo tem por objetivo investigar a produção dos estudantes oriundos dos cursos de Educação Física no NPGED da Universidade Federal de Sergipe, no período de 1997 até 2014. Assim estaremos apresentando o caminhar da Educação Física, representada por acadêmicos oriundos de seus cursos de formação, no processo de materialização do campo de pesquisa em História da Educação em Sergipe. O NPGED foi criado em 1994, período

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Caderno de Resumos - Comunicações Individuais

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em que havia uma forte discussão sobre o estatuto científico da história e a definição do campo empírico ao qual esta pertencia. Neste sentido, além de consistir um objeto de estudo representativo da história da Educação, a história da Educação Física desenvolvida na dinâmica interior do NPGED pode implicar um apoio na compreensão do desenvolvimento institucional e epistemológico o que coincide com o desenvolvimento do fazer historiográfico em âmbito nacional e internacional. Com isso, podemos formular uma primeira pergunta: sobre quais bases epistemológicas a história produzida pelos acadêmicos oriundos da Educação Física foi desenvolvida no contexto do NPGED/UFS? Para o desenvolvimento desta pesquisa utilizamos a pesquisa bibliográfica, nela consultamos livros, teses de doutorado e dissertações de mestrado defendidas no NPGED/UFS no período de 1997 até 2014. Observando as produções relacionadas à Educação Física observamos trabalhos sendo defendidos a partir de 1997, sendo uma dissertação na linha marxista e outro na história cultural. Fato que atende ao que se percebeu ao longo do processo de efetivação da História da Educação enquanto campo científico. Sendo que na Educação Física esta diversidade no que tange ao método de pesquisa vai permanecer durante todo o período estudado. Outro fato a ser observado é que dentre as 05 primeiras dissertações defendidas, 04 eram de professores do quadro efetivo do Departamento de Educação Física. Fato importante para o incentivo aos acadêmicos deste curso à pesquisa e a produção em história da educação e história da Educação Física. Aos observamos os temas das dissertações de mestrado defendidas no NPGED, percebemos que em 05 delas temos como objeto de estudo algo relacionado à História da Educação, em 06 delas temáticas relacionadas à História da Educação Física. Após o ano de 2012 o NPGED já trouxe no seu quadro de teses de doutorado defendidas, algumas produções relacionadas à Educação Física, nestas não tivemos temas que tratam da História da Educação e da História da Educação Física. Pudemos perceber com os dados apresentados o quanto da Educação Física esteve presente no quadro de dissertações e teses defendidas no NPGED/UFS. Fato que colaborou para o aumento de produções deste núcleo e contribui para o processo de legitimação e visibilidade da pesquisa em níveis locais, regionais e nacionais. Além de mostrar sua efetiva participação nos debates no campo de produção da linha em História da Educação e no processo de desenvolvimento e legitimação deste núcleo de pesquisa.

A PERSPECTIVA ILUMINISTA APLICADA À DEFICIENCIA VISUAL – OBSERVAÇÕES DE UM DOCENTE DE HISTÓRICA DO IBC (INSTITUTO

BENJAMIN CONSTANT).

MAURO MARCOS FARIAS DA CONCEIÇÃO Eixo Temático: 6 - História das Culturas e Disciplinas Escolares

A disciplina de História, e o seu exercício profissional no Instituto Benjamin Constant/IBC/RJ, permitiu-nos algumas reflexões que desenvolvemos sob a forma de um texto. Problematizar aspectos e observações, neste caso a relação entre as perspectivas conceituais e sua apreensão e empregabilidade por alunos com deficiência visual, configura-se na questão a ser abordada neste trabalho. O propósito é concentrar-se no pensar e nas aplicações, sociais e culturais, dos estudos e debates referentes ao Iluminismo ou, ainda, do pensamento Ilustrado. Considerando, neste caso, que ao público discente, objeto destas observações, estabelecem-se relações de ensino e aprendizagem à qual se atribui ênfase à abordagem tátil e/ou oral. Não obstante, a oralidade é permeada por sinais e significados que nem sempre dispensam a perspectiva visual à sua melhor compreensão. Deste aspecto há que se apreender certo afastamento entre o entendimento do conceito e sua efetiva realização. Estas iniciais ponderações objetivam constituir sentido às relações que se estabelecem, fundamentalmente, entre a deficiência visual e a apreensão de conceitos e teorias associadas à realidade ou a perspectivas históricas que solicitam alguma percepção visual. Destarte, objetiva-se, com a realização desta breve contribuição analítica, trazer ao debate, preliminarmente, a perspectiva Iluminista e a percepção teórica e pragmática – presentes na evolução histórica da sociedade ocidental – a se realizar àqueles indivíduos com algum nível de comprometimento visual (cegos ou a baixa visão). Como acima se assevera os conceitos não estabelecem uma ruptura, imperiosa, à visibilidade. Relativizando esta relação, entre a oralidade e a perspectiva visual, empregar-se-á, neste estudo, referências aos dois fatos históricos exemplares à abordagem do pensamento Ilustrado e, ainda, à construção deste diálogo e fundamentação analítica à questão temática destacada: a Revolução Francesa (1789) e a Revolução Russa (1917). A motivação ao emprego dos eventos decorre, fundamentalmente, do referencial e das perspectivas Iluministas implícitos no processo evolutivo que levaram à concepção de ambos os eventos. Não se pretende debater exaustiva e minunciosamente a ocorrência desses eventos, mas, fundamentalmente, estabelecer um liame que vincule este ‘espírito teórico’ aos procedimentos humanos, tanto no que diz respeito à configuração quanto à afirmação da cidadania. Desta forma há por se considerar que a apresentação, aos alunos cegos e de baixa visão, de temas voltados às questões conceituais, solicita distintas modalidades pedagógicas à sua apresentação. Os referencias e as palavras requerem sentidos que possibilite, a este público discente, estabelecer associações semiológicas que possibilitem o entendimento dos termos apresentados. O que se procura é, não somente, o aproveitamento deste sentido às

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VIII Congresso Brasileiro de História da Educação

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questões escolares apresentadas, mas, fundamentalmente, a apreensão dos conceitos em sua, também, aplicação humanista

CONCEPÇÕES DE HISTÓRIA E DO SEU ENSINO EXPRESSAS NAS DIRETRIZES CURRICULARES DURANTE O REGIME DITATORIAL NO

ESPÍRITO SANTO (1964-1985)

MIRIÃ LÚCIA LUIZ Eixo Temático: 6 - História das Culturas e Disciplinas Escolares

Analisa concepções de História e de seu ensino em diretrizes curriculares para o ensino de História durante a Ditadura Militar (1964-1985) no Espírito Santo. Compreende como diretrizes, propostas produzidas no Espírito Santo (1973 e 1974) e materiais pedagógicos produzidos em âmbito nacional (Cadernos MEC: História Geral e Guia metodológico – 1971). Estes documentos, ao serem analisados como fontes, permitem compreender concepções de História e de seu ensino, em meio às tensões que marcaram o período ditatorial. Assim, são fontes para a História da Educação capixaba e para a história do ensino de história, em particular. Parte de interlocuções com Marc Bloch (2001) e Carlo Ginzburg (2002, 2004, 2007). Nos cadernos, quanto à concepção de História, identifica-se: aspectos que os vinculam à perspectiva tradicional, como a sua organização pelo esquema quadripartite francês, a presença de atividades que privilegiam fatos, datas e personagens célebres, desprovidas de problematização; Elementos relativos ao marxismo clássico, como a análise histórica tendo como mote a noção de evolução histórica; Aspectos que vinculam o conteúdo à História Nova: a ênfase ao trabalho com a multiplicidade de fontes; interface da história global/local; atribuições que colocam o aluno como produtor da história e alusão a diferentes concepções de História. Nos cadernos, no guia e na proposta estadual para 1ª a 8ª série (1974), quanto à concepção de ensino, percebe-se: Elementos que os vinculam a uma perspectiva conteudista, propondo memorização e repetição de fatos, datas e personagens; aspectos referentes à pedagogia de matriz escolanovista, atribuindo ao estudante o papel central do processo educativo; enfatizando a experimentação, o trabalho em grupo, aproximação do aluno ao meio em que se insere, com destaque para os recursos materiais. No guia e nas propostas estaduais para 1ª a 4ª (1973) e 1ª a 8ª (1974), identifica-se: Aspectos relativos ao construtivismo, pautado na Epistemologia Genética de Jean Piaget. Em todos os documentos, destaca-se a aquisição de técnicas de aprendizagem que permitem que se apliquem em situações similares, as mesmas habilidades solicitadas nos exercícios. No prefácio dos cadernos e guia, enfatiza-se o patriotismo e o civismo, enquanto nas propostas estaduais são expressas as tentativas de contemplar as exigências da Lei nº. 5692/71. Nos documentos analisados, quanto à concepção de História, percebe-se uma mesclagem de tendências historiográficas, pelo fato de os conteúdos serem secundários. No ensino, o foco centrava-se no desenvolvimento de técnicas, que se utilizasse de variados materiais e recursos didáticos. Buscava-se aperfeiçoar formas de ensinar, mais do que repensar o conteúdo.

LITERATURA NO ENSINO SECUNDÁRIO BRASILEIRO: TEXTOS, AUTORES E HISTÓRIA DE LEITURA

MIRIAN HISAE YAEGASHI ZAPPONE Eixo Temático: 6 - História das Culturas e Disciplinas Escolares

A história do ensino secundário no Brasil revela que tanto a legislação quanto os programas deste nível de ensino exerceram forte influência na trajetória de todas as disciplinas nele ministradas. Paralelamente às normativas governamentais, os “Exames Preparatórios”, como eram chamadas as antigas provas de acesso ao ensino superior também exerceram grande influência sobre os conteúdos ministrados na escola secundária, tal como acontece até hoje com os exames vestibulares e, mais recentemente, com o Exame Nacional do Ensino Médio – Enem, que tende a se tornar o modelo predominante de acesso ao ensino superior em nosso país. Esta comunicação tem como pressuposto o fato de que as provas de acesso ao ensino superior se tornaram modelos tanto dos conteúdos escolares quanto das práticas didáticas exercidas em torno deles, uma vez que o ensino secundário brasileiro surgiu, no Brasil, em função de seu caráter propedêutico. Como mostra Razzini (2000), a conclusão do ensino secundário não era obrigatória como pré-requisito para a entrada nas escolas superiores, fazendo com que o ensino secundário brasileiro se constituísse a partir de um caráter marcadamente propedêutico. Muito embora a reforma Francisco Campos, de 1931, tenha instituído a obrigatoriedade do ensino secundário para acesso ao nível superior, o caráter propedêutico que marca a gênese deste nível de ensino prevalece até nossos dias. Esboçadas as premissas deste trabalho, a saber, o caráter propedêutico do ensino

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Caderno de Resumos - Comunicações Individuais

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secundário e a importância das provas de acesso ao ensino superior como vetores do ensino médio, esta comunicação objetiva apresentar um levantamento tanto dos textos e autores presentes em materiais didáticos relevantes da disciplina “literatura”, a fim de verificar quais os autores, textos e modelos de leitura foram priorizados em três diferentes materiais: a) o compêndio denominado Antologia Nacional, de Carlos de Laet e Celso Barreto, cuja permanência na escola brasileira vai de 1895 a 1969; b) livros didáticos atuais, entre os quais se selecionou os livros adotados do Plano Nacional do Livro Didático em escolas do município de Maringá-PR e c) as provas do Exame Nacional do Ensino Médio desde sua primeira versão, em 2009 até a prova de 2013. Como lembra Chartier (1999), a leitura enquanto prática será sempre inacessível, pois raramente deixa vestígios, de forma que, na ausência de outros indícios, o livro pode ser um forte indício de seu uso. Neste sentido, este trabalho investigará no corpus mencionado tanto os materiais de leitura propostos para a leitura no ensino secundário quanto os modelos de leitura que podem ser deles aferidos. Espera-se que, com tal levantamento, seja possível observar o desenvolvimento diacrônico do conteúdo "literatura", dentro da disciplina de Língua Portuguesa e suas relações com questões políticas e identitárias que definiram e definem as práticas de leitura em sala da aula.

HISTÓRIA DO ENSINO DE HISTÓRIA: ESTADO DA ARTE (1970-2014)

NADIA GAIOFATTO GONÇALVES Eixo Temático: 6 - História das Culturas e Disciplinas Escolares

Este trabalho é parte de uma pesquisa que tem por objetivo analisar como o Ensino de História foi abordado em periódicos acadêmicos de Educação e de História, a partir dos anos de 1970. Identificando tendências, divergências, consensos, movimentos na produção acadêmica, busca-se evidenciar o tom que as pesquisas vêm promovendo a respeito da história do ensino de História, a fim de compreender com mais clareza suas perspectivas, limitações, contribuições e demandas de pesquisa, e as lutas de representações que as perpassam. O início dos anos de 1970, que demarca no Brasil o momento de criação e consolidação de Programas de Pós-Graduação e de periódicos acadêmicos, é a referência temporal inicial, que envolve as publicações até o ano de 2014, visando maior abrangência da produção pesquisada. Ressalta-se que como o ensino de História teve várias configurações ao longo da história, os trabalhos acerca de Estudos Sociais, Educação Moral e Cívica, Organização Social e Política do Brasil e Estudo de Problemas Brasileiros, embora não se voltem apenas a conteúdos específicos de História, são incluídos, por compreender-se que remetem fortemente à disciplina de História e às funções a ela atribuídas currículo escolar em suas distintas configurações. Quanto à fonte, foram pesquisados periódicos acadêmicos nacionais, constantes no Qualis – CAPES 2013, com classificação mínima entre A1 e B3, das áreas de Educação e História, ou seja, todos os periódicos que constavam nestas duas áreas, nesta classificação, foram pré-selecionados, excluindo-se os estrangeiros e aqueles cujo objeto era muito distinto do da pesquisa, resultando em cento e sessenta e quatro títulos. Em cada um deles, busca-se o acesso à integralidade de seus números, identificando-se os artigos que tratem do tema, com base no título, nas palavras-chave e no resumo, a partir do critério de que o trabalho deverá ter foco específico em algum aspecto da história do ensino de História. Em uma segunda etapa, os artigos selecionados são lidos, identificando-se elementos como periódico, ano de publicação, instituição de vínculo dos autores, conceitos ou referenciais teóricos, fontes, recortes das pesquisas, entre outros. A seleção está quase completa e a análise em andamento, mas devido ao recorte final proposto, somente poderá ser concluída em dezembro. Como principais referenciais, destacam-se os conceitos de campo e habitus de Pierre Bourdieu, em especial suas problematizações relativas ao campo científico, e representações e luta de representações de Roger Chartier. Para a apresentação deste trabalho em especial, pretende-se apresentar o quadro geral dos artigos identificados, com ênfase nos temas abordados pelos autores, averiguando o movimento ocorrido ao longo do período analisado.

HISTÓRIA DA CULTURA ESCOLAR BRASILEIRA E ARGENTINA: UM ESTUDO COMPARATIVO SOBRE CRIANÇA E ESCOLA

NUBEA RODRIGUES XAVIER Eixo Temático: 6 - História das Culturas e Disciplinas Escolares

O trabalho refere-se ao projeto de pesquisa de doutorado, em andamento, da linha História, Memória e Sociedade, do programa de pós-graduação em educação da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – UFGD de Dourados/MS, sob a orientação do Prof. Dr. Phd Ademir Gebara e tem como objetivo realizar uma análise comparativa, por meio da produção cultural de autores brasileiros e argentinos, como o tempo, definido como símbolo social, a família e o ambiente escolar foram atuando como elementos civilizadores dos comportamentos

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e instintos infantis, das infâncias do Brasil e Argentina, no período de final do século XIX e início do século XX. Como procedimentos metodológicos, nos pautaremos num estudo sócio-cultural acerca do campo literário, obtendo os vestígios de uma infância, em que a criança será colocada como personagem principal, sem descrevê-la com artificialidade e com aspecto meramente lúdico, mas, com a realidade evocada, obtendo assim, uma recriação social, de forma, a se obter elementos para uma análise da organização social familiar e escolar, buscando definir como foi sendo elaborada essa infância em meio às normas, regras e formalizações de direitos e deveres de uma sociedade. Como embasamento teórico nos pautaremos nas obras de ARIÈS (1978); FARIAS FILHO (2004); GÉLIS (1992); GOUVEA (2008); KUHLMANN JR. (1998); SARAT (2005); SARMENTO (2007); VEIGA (2010), VIDAL (2000), e de acordo com os estudos sociais de ELIAS (1994) para compreender como o afastamento e distinção entre adulto e infantil foi sendo elaborada em ambiente familiar e escolar, num processo de longa duração e como o campo cultural (obras literárias, poesias, livros infantis, propriedades culturais) descritos pelo próprio mercado editorial e a instâncias de mediação e difusão da literatura, do qual esses autores participaram, vão denotar características importantes sobre o período em que eles viveram e produziram suas obras, conduziram a uma construção de uma relação de indivíduo e sociedade, conforme propõe BOURDIEU (1992). Tal análise, se pautará na história, sociedade e cultura brasileiras e argentinas, verificando quais os pontos em comum acerca da criança e de escola, bem como, da sua constituição escolar enquanto espaço destinado exclusivamente à criança. Como resultados, apresentaremos as aproximações e distanciamentos entre as infâncias brasileiras e argentinas, por meio das transformações sociais e culturais, obtidas na escola e na formação do indivíduo, compreendendo como os dispositivos de correção, modelação, moralização, instrução foram utilizados na formação da criança escolarizada do Brasil e Argentina.

O MESTRE JONATHAS SERRANO E AS LIÇÕES DE HISTÓRIA PARA OS PROFESSORES OUVINTES DA UNIVERSIDADE DO AR (1941-1944)

PATRÍCIA COELHO DA COSTA Eixo Temático: 6 - História das Culturas e Disciplinas Escolares

Esta comunicação deriva de uma pesquisa maior sobre a experiência da Universidade do ar, programa educacional radiofônico direcionado aos nossos mestres, irradiado entre 1941 e 1944 pela Rádio Nacional. Organizada pela Divisão do Ensino Secundário do Ministério da Educação, esta programação contou com a participação Francisco Venâncio Filho, Lourenço Filho, Jonathas Serrano, Carlos Delgado de Carvalho entre outros intelectuais que acreditavam na capacidade do rádio de disseminar o conhecimento metodológico das disciplinas,desenvolvido na Faculdade de Filosofia, situada a cidade do Rio de Janeiro, para os professores que trabalhavam nas regiões mais distantes do país.Foram irradiados cursos de diferentes disciplinas: Literatura Luso-Brasileira, Língua e Literatura Francesas, Língua e Literatura Inglesas, Língua e Literatura Latinas, Língua e Literatura Espanholas, História do Brasil, Geografia do Brasil, História da Civilização, Geografia Geral, Física, Química, Biologia, Matemática, Desenho, Introdução à Filosofia, História e Filosofia da Educação, Sociologia, Psicologia Educacional, Fundamentos Biológicos da Educação, Estatística Educacional e Orientação Educacional. Os cursos tinham a duração de um ano, eram gratuitos e qualquer professor poderia inscrever-se por meio de cartas. Ao longo do período letivo, os rádioalunos recebiam resumos e escreviam cartas para o acompanhamento das aulas. Ao final, os alunos ouvintes deveriam elaborar um trabalho com a finalidade de verificar o aproveitamento, sendo este um pré-requisito para obtenção do certificado de conclusão.Para este trabalho,a proposta é realizar a partir da concepção de História Cultural, um estudo sobre o conceitode fato histórico defendido por Jonathas Serrano em suas aulas na Universidade do ar.Jonathas Serrano (1855 - 1944)foi aluno e professor de História do Colégio Pedro II e da Escola Normal do Rio de Janeiro. Advogado por formação, dedicou-se aos estudos sobre História e a metodologia de ensino desta disciplina. Crítico dos métodos de ensino do seu tempo e defensor do escolanovismo, escreveu livros didáticos, além de obras dedicadas aos professores. Qual a concepção de fato histórico defendida por Jonathas Serrano? Qual a didática recomendada aos mestres para trabalhar este conceito em sala de aula? O que os professores ouvintes pensavam sobre este tema? Como reagiram às orientações de Serrano? Serão usados como fontes scripts, periódicos e cartas de ouvintes. Com o estudo se pretende contribuir para a construção de novos prismas sobre a história da radiodifusão educativa e a história das disciplinas escolares, a História, em especial.

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Caderno de Resumos - Comunicações Individuais

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HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA TÉCNICA FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE (1968-1998)

PATRICIA SLANY SOARES PEREIRA Eixo Temático: 6 - História das Culturas e Disciplinas Escolares

Em 1909, no Brasil foi criada uma rede de escolas para a formação de crianças para o trabalho: as Escolas de Aprendizes Artífices. A cidade do Natal recebeu, em 1909, uma dessas escolas que inicialmente oferecia curso primário, de desenhos e oficinas de trabalhos manuais e, ao longo desses mais de 100 anos foram sofrendo transformações em suas denominações e formas de oferta de ensino, dentre elas Liceu Industrial em 1937, Escola Industrial de Natal em 1942 onde após vinte anos passou a atuar em cursos técnicos de nível médio, Escola Industrial Federal em 1965 e no final dos anos de 1960 essa instituição passou a ser denominada de Escola Técnica Federal do Rio Grande do Norte (ETFRN), denominação que perdurou até a década de 1990. Considerando essa periodização, este trabalho tem como tema a escolarização profissional a partir da história do currículo e a história das disciplinas o que concorre para o objetivo de problematizar a cultura escolar da educação física em sua relação com a formação para o trabalho na ETFRN (1968-1998). Nesses termos, nos indagamos: qual a relação da cultura e da prática pedagógica da educação física com a formação para o trabalho na ETFRN de 1968 a 1998? As concepções de história do currículo, história das disciplinas e cultura escolar orientam nossa análise que, metodologicamente, faz uso da interpretação histórica e do método indiciário para configurar uma história da cultura escolar da educação física na ETFRN. Com isso, expressamos que este trabalho tem como dimensão a História cultural, como abordagem o método indiciário e a história oral e como domínio a História da Educação Profissional. Nesses termos, atentamos à ETFRN e os caminhos de uma educação para o trabalho, pois acreditamos que a escola e o projeto de país tem interfaces com as dimensões da Organização Didático-Pedagógica dessa instituição de ensino e que implicam na formação dos sujeitos e na cultura da escola. Por isso, enfatizamos a relação entre o currículo e a Educação Física com vistas às discussões da memória da prática docente e a formação para o trabalho. A prática da educação física na ETFRN, uma instituição voltada à formação profissional, entre os anos de 1968 e 1998 esteve marcada pela prática da ginástica, de jogos, de esportes, de danças, de lutas e de recreação, priorizando o desenvolvimento do corpo e do espírito com vistas a formação de discentes disciplinados, saudáveis e aptos para o trabalho a partir da esportivização, tendo a prática esportiva como fundamental nas aulas de educação física, fazendo uso, em alguns momentos, do sistema militarista e higienista para fundamentar esta prática. A prática da educação física na ETFRN foi marcada pelas normas e práticas da formação para o trabalho e à cultura escolar pautada pela esportivização e pela disciplina.

AS DISCIPLINAS ESCOLARES NA FAP – FACULDADE DE ARTES DO PARANÁ E A FORMAÇÃO DE PROFESSORES ENTRE A

REDEMOCRATIZAÇÃO E A PRIMEIRA DÉCADA DA LDB (1985-2006)

PAULO DA SILVA PEREIRA Eixo Temático: 6 - História das Culturas e Disciplinas Escolares

A presente comunicação apresenta os resultados parciais da pesquisa desenvolvida com o projeto “O modelo de constituição, planejamento, execução e avaliação das disciplinas escolares na FAP – Faculdade de Artes do Paraná: uma reflexão interdisciplinar sobre sua contribuição na formação de Professores de Artes”. O projeto tem como tema disciplinas escolares e formação dos professores em instituições formadoras; e como objeto o modelo cultural de constituição e realização das disciplinas escolares e sua contribuição para a formação de professores na Faculdade de Artes do Paraná, hoje, um dos campis avançados da UNESPAR – Universidade Estadual do Paraná. Partindo do pressuposto de que as disciplinas são vividas e de que são parte essencial daquilo que a FAP, foi e fez em sua missão de formar professores de artes; partindo ainda, do pressuposto de que a instituição tanto poderia como deveria ter definidos os pilares do que ela quer que uma disciplina seja na vida acadêmica dos alunos e professores e; de que deve definir o que uma disciplina deve resultar para o desenvolvimento cultural e artístico da sociedade; realizou-se um estudo fundamentado na história cultural e na história das disciplinas escolares. Esta reflexão desenvolvida a partir de uma considerável quantidade de registros históricos e pedagógicos demonstrou que a abordagem institucional sobre as disciplinas foi compreendida, predominantemente, nos seus aspectos de normatização; ou seja, as disciplinas foram historicamente tratadas como um problema a ser resolvido. Sendo assim, constatou-se que não houve em sua história um posicionamento pedagógico institucional acerca da constituição, planejamento, execução e avaliação das disciplinas como experiência didática e pedagógica no âmbito da FAP. No período abordado que compreende entre os anos de 1985 à 2005 percebe-se que não há nenhum tipo de abordagem teórica: pedagógica,

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historiográfica, sociológica, antropológica ou administrativa sobre as disciplinas. Não há um documento que oriente a organização disciplinar com critérios para elaborar, planejar, executar e avaliar uma disciplina. Ao não apresentar uma proposta para a organização e realização das disciplinas escolares, a instituição não definiu de forma explícita a essência de sua missão na formação de professores de artes. Tendo em vista que este problema foi identificado no contexto histórico institucional, as contribuições da pesquisa servirão de base para que, de uma história das disciplinas escolares se constitua uma pedagogia das disciplinas escolares para a formação dos professores de artes no âmbito da FAP.

A PRODUÇÃO ACADÊMICA SOBRE HISTÓRIA DO ENSINO DE HISTÓRIA NO BRASIL DA ÚLTIMA DÉCADA

RAFAELA PAIVA COSTA Eixo Temático: 6 - História das Culturas e Disciplinas Escolares

Este trabalho investiga a produção acadêmica sobre história do ensino de História desenvolvida no Brasil, nos programas de pós-graduação em Educação e em História, nos últimos dez anos. O objetivo é analisar as tendências mais recentes em relação aos temas de pesquisa, períodos históricos, fontes e aportes conceituais privilegiados. Visa refletir sobre o conhecimento que vem sendo desenvolvido na área, relacionando-o ao campo geral da História da Educação no país, além de identificar suas principais lacunas, compreendidas como novos caminhos potenciais para a pesquisa. A inspiração veio do segundo capítulo do livro História & Ensino de História, de Thais Nívia de Lima e Fonseca, cuja análise se debruçou sobre a produção entre os anos de 1988 e 2002. Minha proposta foi desenvolver o mesmo tipo de abordagem em relação aos estudos realizados nos anos seguintes, entre 2003 e o início de 2014, com enfoque especificamente nas teses e dissertações defendidas no período. Para isso, considerei a avaliação de 2013 da Capes sobre os programas de pós-graduação no Brasil, a partir da qual foram selecionados os trabalhos dos programas qualificados com as notas 5, 6 ou 7, isto é, definidos como bons ou excelentes. Dentre os resultados, destaco que em relação aos principais temas de pesquisa, o livro didático de História permanece na liderança, presente em 44% da produção – seja isoladamente, seja combinado a outras temáticas. Em seguida, tanto o currículo de História como a própria construção histórica da disciplina escolar foram objeto de mais de 22% dos trabalhos analisados, cada um, o que compreendo como a consolidação do vínculo entre os estudos sobre história do ensino de História e os já tradicionais ramos da história da educação brasileira referentes ao livro didático e à história do currículo e das disciplinas escolares. No tocante aos recortes temporais das pesquisas, os trabalhos da última década apontam o crescimento considerável da utilização de uma periodização alternativa para as investigações em História da Educação em relação aos marcos políticos tradicionais da historiografia brasileira. Apesar de quase 40% das dissertações e teses perscrutadas tenham seus objetos assentados no interior destes blocos temporais (Colônia, Império, Primeira República, etc.), apenas 7,6% delas seguiram, a rigor, esta periodização. Mais da metade dos trabalhos (53,8%) propuseram seus recortes em zonas de fronteira, quer dizer, em mais de um desses grandes blocos e independentes deles. Credito este comportamento da pesquisa como parte de um movimento geral do campo da História da Educação que, nos últimos anos, tem se consolidado no sentido de construir periodizações mais condizentes com seus próprios objetos de pesquisa, sem prejuízo para o diálogo já estabelecido com os grandes ramos da historiografia nacional e internacional.

PRÊMIO E CASTIGO NO COLÉGIO ARQUIDIOCESANO DE SÃO PAULO (1908-1963)

RAQUEL QUIRINO PINAS Eixo Temático: 6 - História das Culturas e Disciplinas Escolares

O objetivo deste texto é apresentar os resultados de dissertação de mestrado, estudo centrado no entendimento das práticas de premiação e punição no Colégio Arquidiocesano de São Paulo entre 1908 e 1963. A intenção da pesquisa foi compreender qual a relação entre prêmios e castigos na escola como práticas pedagógicas historicamente dadas, ações escolarizadas que estimulam um tipo de formação que é de interesse particular desta cultura escolar, além de conduta disciplinadora. A hipótese é de que os significados das premiações e punições estão relacionados, são interdependes e estimulados pela própria cultura escolar, a despeito da circulação de mitos fundadores que apontam para a abolição do castigo dentro da “pedagogia marista”. O Colégio Arquidiocesano é uma instituição católica e particular. Durante o período analisado oferecia ensino primário e secundário, em regime de internato exclusivamente para alunos do gênero masculino, que ao concluírem os estudos cursavam medicina, direito e engenharia. O recorte temporal inicia-se em 1908 a partir da

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presença dos Irmãos Marista no colégio, e 1963 ano de encerramento da Revista Echos do Collegio Archidiocesano, principal fonte para o trabalho, e refreamento na divulgação dos prêmios escolares. O estudo centra sua análise nas práticas escolares acessadas a partir dos documentos que compõem o Memorial do Colégio Marista Arquidiocesano de São Paulo, centro de documentação e memória, responsável pela preservação dos acervos da instituição. A análise estabeleceu o cotejamento dessas fontes com as informações levantadas no Guia das Escolas Maristas, manuais pedagógicos, normativas, imagens e registros de outras instituições escolares. Como resultado, percebeu-se a presença constante das práticas de punição e recompensa ao longo da escolarização moderna, como traço da cultura escolar, revelando resistências, rupturas e transformações de seus significados. No caso do Colégio Arquidiocesano foi amplo o uso das premiações com objetivo de promover os conteúdos das disciplinas; o conhecimento teórico da religião católica; a vivência espiritual em ritos; a frequência à escola e as habilidades artísticas e físicas. O que incentivou a competitividade tratada como qualidade da virtuosidade masculina do varão político a ser formado. No caso dos castigos as poucas informações foram lidas como ausência proposital. Contudo percebe-se que, além do bom funcionamento da escola, visavam propiciar as condições consideradas necessárias ao aprendizado e exercícios para o aprimoramento intelectual dos alunos.

AS SEMANAS DE ESTUDOS SOBRE ARTE E EDUCAÇÃO: ESTRATEGIAS DE IMPLANTAÇÃO DE ESCOLINHAS DE ARTE NOS GRUPOS ESCOLARES

PARANAENSES ( 1967 A 1969)

RICARDO CARNEIRO ANTONIO Eixo Temático: 6 - História das Culturas e Disciplinas Escolares

Em 1964, o Departamento de Cultura da Secretaria de Educação e Cultura do Paraná criou um curso denominado Curso de Artes Plásticas na Educação, CAPE, que tinha por finalidade especializar professoras normalistas para implantar e dirigir escolinhas de arte nos grupos escolares paranaenses. Estas professoras, após cursar o CAPE em Curitiba, retornavam aos seus respectivos grupos para providenciar a criação e o funcionamento das escolinhas. Estas atividades tinham como base o respeito à liberdade expressiva da criança e à sua autonomia de frequentar ou não a escolinha, que era oferecida no contra-turno. O CAPE era parte de um projeto denominado Arte na Educação que pretendia reformular a participação da arte no processo educativo, acreditando que, desta forma, seria possível um melhor aproveitamento escolar das crianças e consequentemente a formação de um adulto melhor preparado para as diversas áreas do conhecimento humano. Durante uma década, de 1964 a 1974, o CAPE especializou em Arte na Educação uma turma de professoras por ano, só interrompendo suas atividades após a criação dos cursos de Educação Artística em conformidade com a Lei n. 5.692/71. Porém, a manutenção do funcionamento das escolinhas esbarrava em questões operacionais que iam desde a falta de material para as atividades até a necessidade da professora especializada assumir outras matérias. Assim, os responsáveis pelo projeto de Arte na Educação viram a necessidade de oferecer às professoras orientadoras de escolinhas uma oportunidade de troca de experiências e de avaliação de seu trabalho. A partir da identificação das dificuldades comuns, a direção do CAPE acreditava que seria possível encontrar soluções que permitissem a permanência e mesmo a consolidação institucional do projeto de Arte na Educação. Foram organizadas, então, as Semanas de Estudos sobre Arte e Educação nos anos de 1967, 1968 e 1969 com o propósito de reunir em Curitiba as professoras formadas pelo CAPE para que tivessem uma oportunidade de discutir os rumos do projeto. Estas Semanas de Estudo são vistas aqui não só como uma continuidade da formação destas professoras mas também como uma estratégia de afirmação do projeto de Arte na Educação na estrutura da Secretaria de Educação e no cotidiano dos próprios grupos escolares. O artigo utiliza os documentos referentes ao planejamento e divulgação, relatórios das atividades, assim como palestras transcritas proferidas pelas professoras e convidados, entre eles o artista plástico Ivan Serpa, responsável pela Escolinha de Arte do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro desde 1952. Observando estas fontes, o artigo procura identificar quais ideias e quais autores orientaram e assim colaboraram para legitimar a implantação de escolinhas de arte no Paraná.

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DO DESENHO A EXPRESSÃO GRÁFICA MUDANÇAS DE UM CAMPO DISCIPLINAR

ROSSANO SILVA ADRIANA VAZ

Eixo Temático: 6 - História das Culturas e Disciplinas Escolares

O objetivo do presente trabalho é analisar as mudanças do campo disciplinar do desenho, compreendido aqui em sua dimensão técnica e aplicada nas disciplinas de desenho geométrico, de geometria descritiva e de desenho técnico, para a disciplina de expressão gráfica, movimento determinado no campo educacional, pela mudança do foco da disciplina escolar de desenho que após a Lei 5692/71, deixa de ser obrigatória nos currículos escolares. Tal mudança levou o ensino de desenho em sua dimensão técnica a ser ministrada quase que exclusivamente nos cursos superiores e técnicos, com o enfoque na representação gráfica. Com advento de novos marcos tecnológicos (como a inclusão do desenho auxiliado pelo computador) e de novos marcos conceituais (como cursos de pós-graduação, publicação de periódicos e congressos e seminários na área) a disciplina acadêmica de desenho passa gradualmente a ser denominada de Expressão Gráfica. Nesse sentido a presente investigação pretende perceber os movimentos desse campo disciplinar através da análise comparada da historia do Departamento de Expressão Gráfica - DEGRAF da UFPR com a do campo. Buscando as consonâncias e rupturas desse campo no contexto nacional, através da análise das mudanças da estrutura departamental e dos currículos dos cursos atendidos por ele (Agronomia, Arquitetura, Engenharias, Educação Artística e Matemática). O DEGRAF foi criado em 1971, com a denominação de Departamento de Desenho e Geometria Descritiva e posteriormente em 1974 de Departamento de Desenho, assumindo sua atual denominação em 2008. Essa investigação faz parte de um projeto mais amplo que visa estudar a conformação do campo da disciplina de expressão gráfica no contexto nacional estabelecendo seus marcos históricos e conceituais. Para realizar tal análise a investigação se valeu dos conceitos de campo, habitus e capital de Pierre Bourdieu (1996 e 2006), com o intuito de analisar os agentes que figuravam nesse campo e as posições dessa disciplina no contexto do campo educacional, além do aporte teórico da história das disciplinas e do currículo utilizando os estudos de Goodson (1995, 2000 e 2003), Chervel (1991) e Julia (2000). As fontes privilegiadas para essa investigação são as atas do Departamento de Expressão Gráfica (1971-2008) e os currículos dos cursos de graduação atendidos pelo departamento. Objetivando-se com essa análise estabelecer as modificações do campo do desenho enquanto disciplina acadêmica para a disciplina de expressão gráfica.

O TRABALHO DE OLGA REVERBEL PARA O ENSINO DO TEATRO ENTRE OS ANOS DE 1974 A 1989

SIMONE VARELA Eixo Temático: 6 - História das Culturas e Disciplinas Escolares

Este estudo integra uma pesquisa em desenvolvimento no curso de Doutorado em Educação da Universidade Tiradentes (UNIT), cujo objetivo consiste em refletir sobre a trajetória do Ensino do teatro no Brasil a partir dos reflexos do trabalho de Olga Reverbel no ensino da Arte (modalidade teatro), no período de 1971 até 1996. O recorte temporal circunscreve a pesquisa a partir da promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação 5.692/71 que determinou a obrigatoriedade da Arte no currículo da escola até a atual LDB 9.394/96 que mantém a obrigatoriedade apesar de não explicitar as diferentes linguagens que compõem o ensino da Arte. A problemática desta pesquisa se iniciou pela observação do hiato presente na atual LDB 9.394/96 mencionado anteriormente e, se configura no seguinte questionamento central: em que medida a releitura das experiências de Olga Reverbel referentes ao ensino do teatro, sob as lentes da História das Disciplinas escolares, pode reconhecer os instrumentos que impedem a inserção das diferentes linguagens da Arte, neste caso o teatro, no currículo da escola brasileira? Metodologicamente a pesquisa delineia-se como uma pesquisa bibliográfica e documental fundamentada pelos pressupostos da História Cultural (Jacques Le Goff) pela História oral (Jacques Le Goff e Verena Alberti) e pela História do tempo presente (Henry Rousso). As noções fundamentais que orientam as análises na pesquisa e os autores que discutem a respeito delas são: o processo de disciplinarização, os códigos disciplinares e o processo de formação docente (Viñao Frago); a cultura escolar (Margarida Felgueiras) e a metodologia para o ensino do teatro (Olga Reverbel). Atrelado ao objetivo da pesquisa o presente artigo considera parte da trajetória profissional de Olga Reverbel e suas implicações no currículo e na metodologia por ela propostos para o ensino do teatro. Vale ressaltar que sua proposta foi desenvolvida durante quinze anos (1974-1989), de modo experimental, no Colégio de Aplicação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Um dos livros de Olga Reverbel (Teatro: atividades na escola, currículos) e a dissertação de mestrado Lúcia de Fátima Royes Nunes (2003) se constituem como fontes centrais para o desenvolvimento desta etapa da pesquisa. A

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Caderno de Resumos - Comunicações Individuais

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primeira por conter o detalhamento da proposta do referido currículo e a segunda por revelar, a partir de entrevistas com Olga Reverbel, a concepção metodológica por ela adotada. Embora tenha ocorrido a extinção do currículo proposto por Olga Reverbel, atualmente no referido Colégio o Teatro é componente curricular obrigatório para os anos finais do ensino fundamental e, no ensino médio, os alunos optam entre Educação Musical, Artes ou Teatro, mantendo assim uma apropriação do que fora pensado por Olga Reverbel. Fato intrigante haja vista o artigo 26 da LDB 9.394/96 determinar uma base nacional comum a ser seguida.

KEITH SWANWICK: A HISTÓRIA DA ESTÉTICA NA EDUCAÇÃO MUSICAL NO SÉCULO XX

TADEU APARECIDO MALAQUIAS ALBONI MARISA DUDEQUE PIANOVSKI VIEIRA

Eixo Temático: 6 - História das Culturas e Disciplinas Escolares

O trabalho tem por objetivo analisar historicamente a abordagem de Keith Swanwick na educação musical, ocorrida na segunda metade do século XX. Swanwick, professor emérito do Instituto de Educação da Universidade de Londres, elaborou um modelo educacional que tem impactado de forma significativa a prática da educação musical como pedagogia de ensino. Saber a influência dessa nova abordagem nas matrizes curriculares das instituições de ensino superior do Paraná que ofertam cursos na área musical também será um dos objetivos da pesquisa, além da descrição dos desdobramentos que essas práticas podem ter proporcionado nessas instituições. A partir do século XX a educação musical deixou de ter um foco exclusivo numa pedagogia clássica de ensino da música e passou a buscar novas perspectivas e concepções que atendessem as demandas dos tempos atuais. Essa mudança de abordagem vai ao encontro das necessidades dos novos professores de música, que devem estar preparados para administrar as novas tendências e necessidades dos alunos relativos à aula de música, com os novos desafios lançados pelos estudantes e pela sociedade. Swanwick ficou conhecido por defender e elaborar metodologias que tornam possíveis a vivência musical para indivíduos (bebês, crianças, jovens e adultos) não tendo como objetivo único a formação de intérpretes e especialistas virtuoses na execução de instrumentos ou canto na música erudita, mas sim proporcionar uma significativa experiência emocional e intelectual através da educação musical. A questão norteadora da pesquisa foi identificar qual o principal conceito epistemológico que fundamentou o autor na elaboração desse novo modelo de educação musical, que se disseminou através do século XX. Para a fundamentação teórica da pesquisa foi utilizado o primeiro livro do próprio Swanwick (1979). Foram consultados também Hegel (2001), Schopenhauer (2003) e Reicher (2009), possibilitando a contextualização e diálogo dos conceitos que Swanwick expõe, proporcionando uma análise epistemológica e um resgate histórico sobre o tema. Os procedimentos para a coleta de dados da pesquisa foram baseados em pesquisa bibliográfica e pesquisa documental. A pesquisa mostrou que o principal conceito que Swanwick utiliza para desenvolver sua concepção educacional é a definição que ele próprio elabora de “experiência estética”, que dialoga com os conceitos de filosofia estética de autores clássicos como Hegel, Schopenhauer e mais recentemente Reicher. Do ponto de vista histórico, foi possível constatar que esses novos conceitos educacionais tiveram impacto nas instituições de ensino do Paraná, mas foi na Escola de Música e Belas Artes do Paraná que ocorreu sua maior influência, sendo adotados como base metodológica do Curso de Extensão, a partir de 2000.

A ARITHMÉTICA ESCOLAR – LIVRO DO MESTRE DE RAMON ROCA DORDAL: AS PRESCRIÇÕES NOS PROGRAMAS DE SANTA CATARINA

THUYSA SCHLICHTING DE SOUZA DAVID ANTONIO DA COSTA

Eixo Temático: 6 - História das Culturas e Disciplinas Escolares

A pesquisa da história de uma disciplina escolar passa pelas escolhas das fontes. Para Chervel (1990) os livros didáticos assumem papel importante no estudo dos conteúdos explícitos do ensino disciplinar, o qual deve ser tarefa primeira do historiador das disciplinas escolares. Corroborando com esta ideia, Julia (2001) afirma que o entendimento da cultura escolar como objeto histórico, pode ser feito tomando-se três eixos: normas e finalidades que regem a escola; avaliação do papel desempenhado pela profissionalização do trabalho docente; e análise dos conteúdos ensinados e das práticas escolares. Este estudo tangencia os primeiro e terceiro eixos, pois acreditamos que a análise do livro didático nos permite compreender quais objetivos e metodologias o autor da obra transmite ao seu leitor e, consequentemente, como o livro participou e inferiu na produção de uma cultura

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escolar em um dado período. Dessa forma, esta comunicação tem por objetivo apresentar uma análise do texto de Ramon Roca Dordal tomando aportes da história cultural para responder a seguinte questão: Quais eram as metodologias presentes no livro do mestre para o ensino de Aritmética? Compreendemos que a análise desse livro didático contribui para o estudo da história da Aritmética, particularmente em momentos de implantação dos grupos escolares catarinenses. Este livro está indicado no Parecer das Obras Didáticas (1911) emitidas por Orestes Guimarães - professor paulista que conduziu as mudanças no ensino catarinense durante a reforma da instrução pública de 1910 sob o cargo de inspetor-geral. Sua indicação está prescrita para duas instâncias: Biblioteca dos Inspetores e Biblioteca dos Grupos Escolares. Ou seja, o Parecer indica livros que poderiam ser consultados, mas não utilizados de forma sistemática no ensino. Este fato representa o que o novo e “moderno” modelo pedagógico desejava ultrapassar: o ensino pautado na memorização e repetição de compêndios. As análises presentes neste artigo indicam ainda que no livro do mestre de Dordal as concepções pedagógicas adotadas eram baseadas no método intuitivo seguindo um ensino gradual, do simples para o mais complexo, do concreto para o abstrato. Ressaltamos ainda a proposição de exercícios realizados com faturas de lojas e estabelecimentos comerciais nos problemas indicados para as operações básicas. Isto permitia ao aluno aprender o conteúdo por meio de problemas práticos e contextualizados. Outros resultados serão arrolados na versão final desta proposição de comunicação.

DAS REPRESENTAÇÕES AOS SENTIDOS: AS FESTIVIDADES ESCOLARES DO GRUPO ESCOLAR SOLON DE LUCENA EM CAMPINA GRANDE-PB

(1924-1937)

VÍVIA DE MELO SILVA Eixo Temático: 6 - História das Culturas e Disciplinas Escolares

Neste trabalho, buscamos discutir as festas escolares do primeiro Grupo escolar da cidade de Campina Grande-PB, o Grupo Escolar Solon de Lucena, focando especificamente o que representaram e os seus sentidos. É importante especificar que consideramos as festas como espaços de múltiplos significados e/ou interesses, ou seja, como momentos, por exemplo, nos quais alguém ou um grupo requer reconhecimento da população por algo realizado, de inculcar sentidos nas pessoas, de disseminar valores e crenças, de fazer exaltação a uma determinada personagem. As festas, de um modo geral, também representaram/representam a cultura de povos distintos de momentos históricos variados. Sobre o recorte temporal, justificamos o ano de 1924 por se referir a instauração da instituição escolar, e 1937, por se tratar do ano em foi criado o segundo grupo escolar em Campina Grande. Para esse trabalho, utilizamos como fontes: matérias de Jornais de circulação do Estado da Paraíba, como o jornal A União, e de circulação da cidade de Campina Grande, como o Século e a Voz da Borborema. Além disso, também usamos matérias da Revista Era Nova, publicação estadual e fotografias divulgadas nesse periódico. Em termos teóricos, nos fundamentamos no conceito de representação de Roger Chartier (1990) e cultura escolar na perspectiva de Dominique Julia (2001). Para esse trabalho priorizamos os seguintes momentos de festas da instituição escolar em foco: A) a festa de a inauguração do Grupo Escolar Solon de Lucena, a qual se realizou no dia 12 de outubro de 1924, praticamente duas semanas após o decreto de sua criação, Decreto nº. 1.317 de 30 de setembro de 1924. Essa inauguração apresentou uma repercussão estadual, sendo notícia nos principais veículos de comunicação escritos da Paraíba; B) As datas comemorativas, sendo algumas datas: Descobrimento da América, o dia da bandeira nacional, o dia da Criança entre outras datas, que foram celebradas com uma programação revestida de civismo; C) Exposições escolares, momentos nos quais se divulgaram trabalhos da escola à comunidade campinense. Essas exposições, compondo também os momentos de festividades das instituições de ensino, expressaram o empenho, dedicação, habilidade, criatividade e trabalho de muitos professores e alunos. Portanto, foram várias as representações e os sentidos dos momentos festivos do grupo escolar em questão. Em suma, as festas escolares caracterizavam momentos da escola se abrir para a cidade com a finalidade de divulgar seus trabalhos. Além disso, tornavam-se momentos revestidos de significados, como também de reforçar os ideais de civismo e patriotismo.

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Caderno de Resumos - Comunicações Individuais

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A HISTÓRIA DO ENSINO DE LITERATURA EM MATO GROSSO DO SUL (1977-2012)

WESLEY FERNANDO DE ANDRADE HILÁRIO SILVANO FERREIRA DE ARAÚJO

Eixo Temático: 6 - História das Culturas e Disciplinas Escolares

O presente trabalho objetiva apontar os caminhos percorridos pelas práticas de ensino de Literatura nas escolas do Estado de Mato Grosso do Sul a partir do ano de sua criação, 1977, até o ano de 2012, quando foi publicado o último documento que direciona o ensino da disciplina, o Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino de Mato Grosso do Sul - Ensino Médio, sendo este o recorte temporal desta pesquisa. Para tanto, a metodologia aplicada na investigação é de caráter documental, tendo como objeto de estudo o conteúdo referente ao ensino de Literatura presente nos seguintes documentos: Diretrizes Gerais para o Ensino de 2º Grau do Estado de Mato Grosso do Sul (1989), Diretrizes Curriculares: Português, Língua Portuguesa e Literatura Brasileira - 1º e 2º graus (1992), Referencial Curricular para o Ensino Médio de Mato Grosso do Sul: linguagens, códigos e suas tecnologias (2004), Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino de Mato Grosso do Sul - Ensino Médio (2008) e o Referencial Curricular da Educação Básica da Rede Estadual de Ensino de Mato Grosso do Sul - Ensino Médio (2012). A pesquisa apresenta, também, as propostas trazidas pelas Leis de Diretrizes e Bases de 1961, 1971 e 1996; pelos Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio (PCNEM), publicados em 2000; pelas Orientações Educacionais Complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN+), de 2006; e, ainda, leis, decretos, livros e trabalhos que tratam da temática proposta. Como referenciais teóricos e metodológicos, no que tange aos estudos atinentes à literatura, a pesquisa está embasada nas perspectivas apresentadas por Lajolo (2001, 2005), Lajolo e Zilberman (1985), Zilberman (1986; 2008), Leite (1986) e Coelho (1966); no campo da história das disciplinas, em Chervel (1980); na cultura escolar em Julia (2001); e na Nova História Cultural, nas teorias de Chartier (2001; 2002). A partir desse trabalho é possível compreender o processo de ensino de Literatura no Estado durante o período mencionado, sendo possível vislumbrar o seu caráter didático-pedagógico e até mesmo tecnicista, o qual se deu a partir do estudo estrutural dos textos literários e não da análise de seu conteúdo, além de se fazer refletir sobre a história das disciplinas e a cultura escolar. Assim, concebe-se que diante das diversas mudanças nas legislações que ordenaram a Educação brasileira e as propostas curriculares apresentadas pelo governo de Mato Grosso do Sul, o que se buscava era a padronização das práticas docentes com a utilização de conteúdos tradicionais, sendo sua finalidade pautada no período e contexto sócio-cultural em que o Estado se encontrava.

RECURSOS PARA O ENSINO DE MÚSICA E CANTO ORFEÔNICO NA ESCOLA SECUNDÁRIA PÚBLICA DE CURITIBA (1931-1956)

WILSON LEMOS JÚNIOR Eixo Temático: 6 - História das Culturas e Disciplinas Escolares

Até o início da década de 1930, não havia a obrigatoriedade da inclusão da disciplina de Música nos currículos das escolas de ensino secundário no Brasil. Por isso, não era comum figurar a presença do professor de Música nessas instituições. Consequentemente não havia também uma preocupação em relação ao espaço físico e aos recursos que seriam adotados por estes professores. A partir do ano de 1931, a disciplina de Música e Canto Orfeônico passou a ser adotada oficialmente nos currículos das escolas secundárias brasileiras, especialmente no curso ginasial e na Escola Normal. Essa inclusão ocorreu graças ao projeto apresentado por Heitor Villa-Lobos ao então presidente Getúlio Vargas, que sugeria a adoção do Canto Orfeônico como disciplina obrigatória na escola em todos os níveis de ensino. Porém, a inclusão do Canto Orfeônico como disciplina obrigatória, ocasionou uma nova particularidade para a adequação desta prática nas escolas, já que para que o ensino de Música prosperasse de maneira satisfatória, havia a necessidade da utilização de recursos específicos, além do espaço adequado para a prática musical. O presente estudo trata dos recursos didáticos disponíveis para as aulas de Canto Orfeônico entre os anos de 1931 a 1956, nas duas escolas secundárias públicas da cidade de Curitiba: o Ginásio Paranaense, atual Colégio Estadual do Paraná e o Instituto de Educação Professor Erasmo Pilotto. A pesquisa fundamenta-se na valorização da experiência de tais instituições e em suas relações com a sociedade, política e cultura do período. Sendo assim, valorizam-se as contribuições teóricas de Edward-Palmer Thompson que defende como método histórico, uma abordagem acerca da experiência. Objetiva-se através das práticas educacionais relacionadas ao ensino de Música e Canto Orfeônico, demonstrar a experiência desta disciplina em contexto regional. Utilizando fontes primárias encontradas nos arquivos do Colégio Estadual do Paraná e do Instituto de Educação Professor Erasmo Pilotto, pretende-se abordar a questão dos recursos disponíveis para as aulas de Música e Canto Orfeônico, já que esses fatores contribuíam definitivamente para o êxito ou o fracasso do

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VIII Congresso Brasileiro de História da Educação

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professor na condição de ensinar Música e Canto Orfeônico. Serão abordados neste estudo, quatro recursos focados na realidade das duas instituições aqui contempladas: os métodos para o ensino de Música, os livros didáticos, os materiais disponíveis para o professor de Música, além da questão espacial para as práticas orfeônicas na escola.

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Caderno de Resumos - Comunicações Individuais

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