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ISSN 1414-9850 Agosto, 2007 Brasília, DF Comunicado Técnico 44 Ailton Reis 1 Míldio das Cucurbitáceas 1 Pesquisador, Fitopatologia, Centro Nacional de Pesquisa de Hortaliças/Embrapa Hortaliças, Cx. Postal 218, CEP 70359-970, Brasília – DF. [email protected], Bolsista do CNPq. As doenças podem ser um grande problema no cultivo de plantas da família Cucurbitaceae, conhecidas simplesmente por cucurbitáceas, quando as condições ambientais forem favoráveis a elas e medidas de controle adequadas não forem utilizadas. Diversas doenças das cucurbitáceas têm sido registradas na literatura, sendo estas causadas principalmente por fungos, bactérias, vírus e nematóides (doenças bióticas). Algumas doenças das cucurbitáceas apresentam alguns sintomas em comum e é muito importante que estas possam ser diagnosticadas corretamente, de modo que se possa definir as melhores estratégia para seu controle. Neste trabalho são descritos aspectos sobre a sintomatologia, epidemiologia, agente causal e manejo do míldio em cucurbitáceas, visando oferecer subsídios aos extensionistas e produtores para uma correta identificação da doença e uso das medidas de controle mais adequadas. Importância O míldio é uma doença bastante comum em cucurbitáceas no Brasil (KUROZAWA; PAVAN, 1997). Ela é mais problemática nas épocas úmidas e de temperaturas amenas, quando poderá causar severas perdas, se não controlada adequadamente. É um problema mais sério nas regiões

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ISSN 1414-9850Agosto, 2007Brasília, DF

ComunicadoTécnico

44

Ailton Reis1

Míldio das Cucurbitáceas

1 Pesquisador,Fitopatologia,CentroNacionaldePesquisadeHortaliças/EmbrapaHortaliças,Cx.Postal218,CEP70359-970,Brasília–[email protected],BolsistadoCNPq.

AsdoençaspodemserumgrandeproblemanocultivodeplantasdafamíliaCucurbitaceae,conhecidassimplesmenteporcucurbitáceas,quandoascondiçõesambientaisforemfavoráveisaelasemedidasdecontroleadequadasnãoforemutilizadas.Diversasdoençasdascucurbitáceastêmsidoregistradasnaliteratura,sendoestascausadasprincipalmenteporfungos,bactérias,vírusenematóides(doençasbióticas).Algumasdoençasdascucurbitáceasapresentamalgunssintomasemcomumeémuitoimportantequeestaspossamserdiagnosticadascorretamente,demodoque se possa definir as melhores estratégia paraseucontrole.

Nestetrabalhosãodescritosaspectossobreasintomatologia,epidemiologia,agentecausalemanejodomíldioemcucurbitáceas,visandooferecersubsídiosaosextensionistaseprodutoresparaumacorreta identificação da doença e uso das medidasdecontrolemaisadequadas.

Importância OmíldioéumadoençabastantecomumemcucurbitáceasnoBrasil(KUROZAWA;PAVAN,1997).Elaémaisproblemáticanasépocasúmidasedetemperaturasamenas,quandopoderácausarseverasperdas,senãocontroladaadequadamente.Éumproblemamaissérionasregiões

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� MíldiodasCucurbitáceas

temperadasesub-tropicaisdoglobo,maspodeocorrertambémemregiõestrapicais(ZITTERet al.,1996).OcorreemtodasasregiõesdoBrasilondesecultivamabóboras,morangas,melão,melanciaepepino;sejaacampoouemestufas;masémaisimportantenasregiõesSuleSudeste;ondeascondiçõesambientaissãomaisfavoráveis(KUROZAWA; PAVAN,1997).

AgenteCausalAdoençaécausadapelooomiceto,Pseudoperonospora cubensis (Berk,M.A.Curtis)Rostovzev,oqualatacaapenasplantasdafamíliaCurucurbitaceae(COHEN,1981;KUROZAWA; PAVAN,1997;ZITTERet al.,1996).Apresentaesporangióforoscomramificações dicotômicas, produzidos em pequenos tufos, saindo dos estômatos dasplantasinfectadas.Osesporângiossãoproduzidosisoladamentenaspontasdas ramificações dicotômicas. Apresentam formaovalaelipsóide,coloraçãoverde-olivaacinza-escuraedimensõesde20-40x14-25µm.(PALTI,1975;ZITTERetal.,1996).Éumparasitaobrigatórioeapresenta especialização fisiológica, com cincoraçasdescritasatérecentemente.Todasasraçasinfectamomeloeiro,

entretantoapenasasraças4e5infectammelancia(PALTI,1975;THOMAS,1988;ZITTERet al.,1996).

SintomasOpatógenopraticamentesóatacaasfolhasdascucurbitáceas.Ossintomasdadoençasãonotadosinicialmentenafacesuperiordasfolhasnaformadepequenasmanchascloróticasouamareladas,quesedesenvolvemesparsamentenolimboeaumentamemfreqüênciaetamanhocomotempo (Figura 1A e 1B).Asfolhasmais velhas des plantassãoasprimeirasaapresentarem os sintomasdadoença,quevai se espalhando paraasmaisnovas.Coma expansão das lesões, estas podem ficar amarelas ouamarronzadasenecróticas(Figura 2A, 2B e 2C). Sob condiçõesdealtaumidade relativa, observa-se,nafaceinferior das folhas nasáreascorrespondentesàs lesões, aproduçãoabundantede estruturasreprodutivasdofungo.Estas estruturas sãocompostasdeesporangióforos e esporângiosdopatógeno.Em cultivares muitosuscetíveis,aslesõesexpandem rapidamente,coalescemeafolhapode secarcompletamente.Amorteequedadasfolhasexpõeosfrutosàaçãodosraios

Fig. 1.Sintomasdemíldio,causadopor Pseudoperonospora cubensis, em melão A e morango B.

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�MidiodasCucurbitáceas

solares e estes podem ficar escaldados, perdendoseuvalorcomercial(KUROZAWA;PAVAN,1997;ZITTERet al.,1996).

EpidemiologiaUmavezqueofungoéumparasitaobrigatório,suasobrevivênciadeumaestaçãodeculturaaoutrasedáprincipalmenteemplantasvoluntáriasouemoutrascucurbitáceascultivadasousilvestres.Plantascultivadasemsistemaprotegidotambémpodemservirdefontedeinóculoinicialparaepidemiasdadoençaemplantascultivadasnocampo.Outramaneiradesobrevivênciadopatógenoserianaformadeoósporos,queéseuesporoderesistência,entretantonãosesabeaocertoopapeldestasestruturasnaepidemiologiadadoença(KUROZAWA;PAVAN,1997).Osesporângios,queservemdeinóculoprimárioparainíciodasepidemias,devemvircomoventodeplantaçõespróximasoudistantesdalavoura.Dentrodocampodecultivo,oinóculosecundárioédispersopelomovimentodoar,respingosdeáguaepelocontatocomtrabalhadoresoucom

ferramentaseimplementos.Paraproduçãoabundantedeesporângios,umperíododepelomenos6horasdeumidaderelativapróximaa100%etemperaturade15a20oCénecessário.Quandoaumidaderelativadiminui,osesporângiossedestacamdosesporangióforosesãodispersosalongaecurtadistânciaporcorrentesdear.Osesporângiosnecessitamdeágualivrenasuperfíciedafolhaparagerminareinfectarostecidosdaplanta.Sobtemperaturasmaisbaixas,osesporângiospodemgerminarindiretamenteedarorigemavárioszoósporos,multiplicandoaquantidadedeinóculonaplanta.Assim,sobcondiçõesambientaismuitofavoráveis,quecorrespondeatemperaturasde15a22oCealtaumidaderelativaaciclodadoençapodesercompletadoematéquatrodias(ZITTERet al.,1996).

ControleOmétododecontrolequetemsidomaisutilizadoparaestadoençaéautilizaçãodefungicidasprotetores,sucedidosde fungicidas sistêmicos (específicos paraoomicetos).Paraamaioriadascucurbitáceascultivadas,comoamelancia,asabóboraseopepinonãoexistemuitosfungicidasregistradosnoMAPA(COHEN,1981;ZITTERet al.,1996).Entretanto,osprodutorescostumamutilizaraquelesregistradosparamelãoenasdosesrecomendadasparaestacultura.Umaoutramedida,quepoderiaajudarnocontroledadoença,éautilizaçãodecultivaresresistentes,entretanto,nãosetemdisponibilidadesdestascultivaresnocomérciobrasileiro.Algumaspráticasculturaistambémpodemauxiliarnocontroledadoença,taiscomoevitarplantiospróximosdelavourasvelhasoude

Fig. 2.Sintomasdemíldio,causado porPseudoperonospora cubensis,emabobrinha

demoita(A)edetalhesdas lesões sobre (B) esob(C)afolha.

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� MíldiodasCucurbitáceas

Comunicado Exemplaresdestaediçãopodemseradquiridosna: Técnico,�� EmbrapaHortaliças BR060km9Rod.Brasília-Anápolis C.Postal�18,70�59-970-Brasília-DF

www.cnph.embrapa.br Telefone:(61)��85-9110 Fax:(61)��85-90�� E-mail:[email protected]

1aedição 1aimpressão(�007):500exemplares

Ministério da Agricultura,Pecuária e Abastecimento

Comitêde Presidente:GilmarP.HenzPublicações: Secretária-Executiva:FabianaS.Spada EditorTécnico:FláviaA.deAlcântara SupervisorEditorial:SieglindeBrune Membros: AliceMariaQuezadoDuval EdsonGuiducciFilho MilzaM.Lana

Expediente NormalizaçãoBibliográfica:RosaneM.Parmagnani Editoraçãoeletrônica:JoséMigueldosSantos

outrascucurbitáceas,utilizaçãodequebra-ventoseevitarirrigaçãoporaspersãovisandodiminuiraduraçãodosperíodosdemolhamentofoliar(KUROZAWA; PAVAN, 1997;ZITTERet al.,1996).

LiteraturaCitadaCOHEN,Y.Downymildewofcucurbits.In:SPENCER,D. M.(Ed.)The downy mildews.NewYork:AcademicPress,1981.p. 341-354.

KUROZAwA,C.;PAvAN,M. A.Doençasdascucurbitáceas.In:KIMATI,H.;AMORIM,L.;BERgAMNIFILHO,A.;CAMARgO,L. E. A.;REZENDE,J. A. M.(Ed.).Manual de fitopatologia: volume 2: doenças das plantas

cultivadas.SãoPaulo:CERES,1997.p. 325-337.

PALTI,J.Pseudoperonospora cubensis.Descriptioins of pathogenic fungi and bacteria,n.457,CMI,Kew,England,1975.

THOMAS,C. E.Physiologicalspecializationindownyandpowderymildewsofcucurbits.In:CUCURBITACEAE88,1988,France.Proceedings ... Avignon-Montfavet: InstitutNationaldelaRecherche Agronomique, 1988. p. 51-56.

ZITTER,T. A.;HOPKINS,D. L.;THOMAS,C. E.Compendium of cucurbit diseases.St.Paul:APS,1996.87 p.

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