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http://www.mma.gov.br/conama/res/res06/res36906.xml Edição Número 61 de 29/03/2006 Ministério do Meio Ambiente Conselho Nacional do Meio Ambiente RESOLUÇÃO N o 369, DE 28 DE MARÇO DE 2006 Dispõe sobre os casos excepcionais, de utilidade pública, interesse social ou baixo impacto ambiental, que possibilitam a intervenção ou supressão de vegetação em Área de Preservação Permanente-APP. O CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE-CONAMA, no uso das competências que lhe são conferidas pela Lei n o 6.938, de 31 de agosto de 1981, regulamentada pelo Decreto n o 99.274, de 6 de junho de 1990, e tendo em vista o disposto nas Leis n o 4.771, de 15 de setembro e 1965, n o 9.433, de 8 de janeiro de 1997, e o seu Regimento Interno, e Considerando, nos termos do art. 225, caput, da Constituição Federal, o dever do Poder Público e da coletividade de proteger o meio ambiente para a presente e as futuras gerações; Considerando as responsabilidades assumidas pelo Brasil por força da Convenção da Biodiversidade, de 1992, da Convenção Ramsar, de 1971 e da Convenção de Washington, de 1940, bem como os compromissos derivados da Declaração do Rio de Janeiro, de 1992; Considerando que as Áreas de Preservação Permanente-APP, localizadas em cada posse ou propriedade, são bens de interesse nacional e espaços territoriais especialmente protegidos, cobertos ou não por vegetação, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas; Considerando a singularidade e o valor estratégico das áreas de preservação permanente que, conforme indica sua denominação, são caracterizadas, como regra geral, pela intocabilidade e vedação de uso econômico direto; Considerando que as áreas de preservação permanente e outros espaços territoriais especialmente protegidos, como instrumentos de relevante interesse ambiental, integram o desenvolvimento sustentável, objetivo das presentes e futuras gerações; Considerando a função sócioambiental da propriedade prevista nos arts. 5 o , inciso XXIII, 170, inciso VI, 182, § 2 o , 186, inciso II e 225 da Constituição e os princípios da prevenção, da precaução e do poluidor- pagador; Considerando que o direito de propriedade será exercido com as limitações que a legislação estabelece, ficando o proprietário ou posseiro obrigados a respeitarem as normas e regulamentos administrativos; Considerando o dever legal do proprietário ou do possuidor de recuperar as Áreas de Preservação Permanente-APP's irregularmente suprimidas ou ocupadas; Considerando que, nos termos do art. 8 o , da Lei n o 6.938, de 1981, compete ao Conselho Nacional do Meio Ambiente-CONAMA estabelecer normas, critérios e padrões relativos ao controle e à manutenção da http://www.mma.gov.br/conama/res/res06/res36906.xml (1 de 10)31/3/2006 06:45:20

CONAMA 369-2006 Area de Preservacao Permanente

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CONAMA 369-2006 Area de Preservacao Permanente

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    Edio Nmero 61 de 29/03/2006

    Ministrio do Meio Ambiente Conselho Nacional do Meio Ambiente

    RESOLUO N o 369, DE 28 DE MARO DE 2006

    Dispe sobre os casos excepcionais, de utilidade pblica, interesse social ou baixo impacto ambiental, que possibilitam a interveno ou supresso de vegetao em rea de Preservao Permanente-APP.

    O CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE-CONAMA, no uso das competncias que lhe so conferidas pela Lei n o 6.938, de 31 de agosto de 1981, regulamentada pelo Decreto n o 99.274, de 6 de junho de 1990, e tendo em vista o disposto nas Leis n o 4.771, de 15 de setembro e 1965, n o 9.433, de 8 de janeiro de 1997, e o seu Regimento Interno, e

    Considerando, nos termos do art. 225, caput, da Constituio Federal, o dever do Poder Pblico e da coletividade de proteger o meio ambiente para a presente e as futuras geraes;

    Considerando as responsabilidades assumidas pelo Brasil por fora da Conveno da Biodiversidade, de 1992, da Conveno Ramsar, de 1971 e da Conveno de Washington, de 1940, bem como os compromissos derivados da Declarao do Rio de Janeiro, de 1992;

    Considerando que as reas de Preservao Permanente-APP, localizadas em cada posse ou propriedade, so bens de interesse nacional e espaos territoriais especialmente protegidos, cobertos ou no por vegetao, com a funo ambiental de preservar os recursos hdricos, a paisagem, a estabilidade geolgica, a biodiversidade, o fluxo gnico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populaes humanas;

    Considerando a singularidade e o valor estratgico das reas de preservao permanente que, conforme indica sua denominao, so caracterizadas, como regra geral, pela intocabilidade e vedao de uso econmico direto;

    Considerando que as reas de preservao permanente e outros espaos territoriais especialmente protegidos, como instrumentos de relevante interesse ambiental, integram o desenvolvimento sustentvel, objetivo das presentes e futuras geraes;

    Considerando a funo scioambiental da propriedade prevista nos arts. 5 o , inciso XXIII, 170, inciso VI, 182, 2 o , 186, inciso II e 225 da Constituio e os princpios da preveno, da precauo e do poluidor-pagador;

    Considerando que o direito de propriedade ser exercido com as limitaes que a legislao estabelece, ficando o proprietrio ou posseiro obrigados a respeitarem as normas e regulamentos administrativos;

    Considerando o dever legal do proprietrio ou do possuidor de recuperar as reas de Preservao Permanente-APP's irregularmente suprimidas ou ocupadas;

    Considerando que, nos termos do art. 8 o , da Lei n o 6.938, de 1981, compete ao Conselho Nacional do Meio Ambiente-CONAMA estabelecer normas, critrios e padres relativos ao controle e manuteno da

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    qualidade do meio ambiente com vistas ao uso racional dos recursos ambientais, principalmente os hdricos; e

    Considerando que, nos termos do art. 1 o 2 o , incisos IV, alnea "c", e V, alnea "c", da Lei n o 4.771, de 15 de setembro de 1965, alterada pela MP n o 2.166-67, de 24 de agosto de 2001, compete ao CONAMA prever, em resoluo, demais obras, planos, atividades ou projetos" de utilidade pblica e interesse social; resolve:

    Seo I

    Das Disposies Gerais

    Art. 1 o Esta Resoluo define os casos excepcionais em que o rgo ambiental competente pode autorizar a interveno ou supresso de vegetao em rea de Preservao Permanente-APP para a implantao de obras, planos, atividades ou projetos de utilidade pblica ou interesse social, ou para a realizao de aes consideradas eventuais e de baixo impacto ambiental.

    1 o vedada a interveno ou supresso de vegetao em APP de nascentes, veredas, manguezais e dunas originalmente providas de vegetao, previstas nos incisos II, IV, X e XI do art. 3 o da Resoluo CONAMA n o 303, de 20 de maro de 2002, salvo nos casos de utilidade pblica dispostos no inciso I do art. 2 o desta Resoluo, e para acesso de pessoas e animais para obteno de gua, nos termos do 7 o , do art. 4 o , da Lei n o 4.771, de 15 de setembro de 1965.

    2 o O disposto na alnea "c" do inciso I, do art. 2 o desta Resoluo no se aplica para a interveno ou supresso de vegetao nas APP's de veredas, restingas, manguezais e dunas previstas nos incisos IV, X e XI do art. 3 o da Resoluo CONAMA n o 303, de 20 de maro de 2002.

    3 o A autorizao para interveno ou supresso de vegetao em APP de nascente, definida no inciso II do art. 3 o da Resoluo CONAMA n o 303, de 2002, fica condicionada outorga do direito de uso de recurso hdrico, conforme o disposto no art. 12 da Lei n o 9.433, de 8 de janeiro de 1997.

    4 o A autorizao de interveno ou supresso de vegetao em APP depende da comprovao pelo empreendedor do cumprimento integral das obrigaes vencidas nestas reas.

    Art. 2 o O rgo ambiental competente somente poder autorizar a interveno ou supresso de vegetao em APP, devidamente caracterizada e motivada mediante procedimento administrativo autnomo e prvio, e atendidos os requisitos previstos nesta resoluo e noutras normas federais, estaduais e municipais aplicveis, bem como no Plano Diretor, Zoneamento Ecolgico-Econmico e Plano de Manejo das Unidades de Conservao, se existentes, nos seguintes casos:

    I - utilidade pblica:

    a) as atividades de segurana nacional e proteo sanitria;

    b) as obras essenciais de infra-estrutura destinadas aos servios pblicos de transporte, saneamento e energia;

    c) as atividades de pesquisa e extrao de substncias minerais, outorgadas pela autoridade competente, exceto areia, argila, saibro e cascalho;

    d) a implantao de rea verde pblica em rea urbana;

    e) pesquisa arqueolgica;

    f) obras pblicas para implantao de instalaes necessrias captao e conduo de gua e de efluentes tratados; e

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    g) implantao de instalaes necessrias captao e conduo de gua e de efluentes tratados para projetos privados de aqicultura, obedecidos os critrios e requisitos previstos nos 1 o e 2 o do art. 11, desta Resoluo.

    II - interesse social:

    a) as atividades imprescindveis proteo da integridade da vegetao nativa, tais como preveno, combate e controle do fogo, controle da eroso, erradicao de invasoras e proteo de plantios com espcies nativas, de acordo com o estabelecido pelo rgo ambiental competente;

    b) o manejo agroflorestal, ambientalmente sustentvel, praticado na pequena propriedade ou posse rural familiar, que no descaracterize a cobertura vegetal nativa, ou impea sua recuperao, e no prejudique a funo ecolgica da rea;

    c) a regularizao fundiria sustentvel de rea urbana;

    d) as atividades de pesquisa e extrao de areia, argila, saibro e cascalho, outorgadas pela autoridade competente;

    III - interveno ou supresso de vegetao eventual e de baixo impacto ambiental, observados os parmetros desta Resoluo.

    Art. 3 o A interveno ou supresso de vegetao em APP somente poder ser autorizada quando o requerente, entre outras exigncias, comprovar:

    I - a inexistncia de alternativa tcnica e locacional s obras, planos, atividades ou projetos propostos;

    II - atendimento s condies e padres aplicveis aos corpos de gua;

    III - averbao da rea de Reserva Legal; e

    IV - a inexistncia de risco de agravamento de processos como enchentes, eroso ou movimentos acidentais de massa rochosa.

    Art. 4 o Toda obra, plano, atividade ou projeto de utilidade blica, interesse social ou de baixo impacto ambiental, dever obter do rgo ambiental competente a autorizao para interveno ou supresso de vegetao em APP, em processo administrativo prprio, nos termos previstos nesta resoluo, no mbito do processo de licenciamento ou autorizao, motivado tecnicamente, observadas as normas ambientais aplicveis.

    1 o A interveno ou supresso de vegetao em APP de que trata o caput deste artigo depender de autorizao do rgo ambiental estadual competente, com anuncia prvia, quando couber, do rgo federal ou municipal de meio ambiente, ressalvado o disposto no 2 o deste artigo.

    2 o A interveno ou supresso de vegetao em APP situada em rea urbana depender de autorizao do rgo ambiental municipal, desde que o municpio possua Conselho de Meio Ambiente, com carter deliberativo, e Plano Diretor ou Lei de Diretrizes Urbanas, no caso de municpios com menos de vinte mil habitantes, mediante anuncia prvia do rgo ambiental estadual competente, fundamentada em parecer tcnico.

    3 o Independem de prvia autorizao do rgo ambiental competente:

    I - as atividades de segurana pblica e defesa civil, de carter emergencial; e

    II - as atividades previstas na Lei Complementar n o 97, de 9 de junho de 1999, de preparo e emprego das Foras Armadas para o cumprimento de sua misso constitucional, desenvolvidas em rea militar.

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    Art. 5 o O rgo ambiental competente estabelecer, previamente emisso da autorizao para a interveno ou supresso de vegetao em APP, as medidas ecolgicas, de carter mitigador e compensatrio, previstas no 4 o , do art. 4 o , da Lei n o 4.771, de 1965, que devero ser adotadas pelo requerente.

    1 o Para os empreendimentos e atividades sujeitos ao licenciamento ambiental, as medidas ecolgicas, de carter mitigador e compensatrio, previstas neste artigo, sero definidas no mbito do referido processo de licenciamento, sem prejuzo, quando for o caso, do cumprimento das disposies do art. 36, da Lei n o 9.985, de 18 de julho de 2000.

    2 o As medidas de carter compensatrio de que trata este artigo consistem na efetiva recuperao ou recomposio de APP e devero ocorrer na mesma sub-bacia hidrogrfica, e prioritariamente:

    I - na rea de influncia do empreendimento, ou

    II - nas cabeceiras dos rios.

    Art. 6 o Independe de autorizao do poder pblico o plantio de espcies nativas com a finalidade de recuperao de APP, respeitadas as obrigaes anteriormente acordadas, se existentes, e as normas e requisitos tcnicos aplicveis.

    Seo II

    Das Atividades de Pesquisa e Extrao de Substncias Minerais

    Art. 7 o A interveno ou supresso de vegetao em APP para a extrao de substncias minerais, observado o disposto na Seo I desta Resoluo, fica sujeita apresentao de Estudo Prvio de Impacto Ambiental-EIA e respectivo Relatrio de Impacto sobre o Meio Ambiente-RIMA no processo de licenciamento ambiental, bem como a outras exigncias, entre as quais:

    I - demonstrao da titularidade de direito mineral outorgado pelo rgo competente do Ministrio de Minas e Energia, por qualquer dos ttulos previstos na legislao vigente;

    II - justificao da necessidade da extrao de substncias minerais em APP e a inexistncia de alternativas tcnicas e locacionais da explorao da jazida;

    III - avaliao do impacto ambiental agregado da explorao mineral e os efeitos cumulativos nas APP's, da sub-bacia do conjunto de atividades de lavra mineral atuais e previsveis, que estejam disponveis nos rgos competentes;

    IV - execuo por profissionais legalmente habilitados para a extrao mineral e controle de impactos sobre meio fsico e bitico, mediante apresentao de Anotao de Responsabilidade TcnicaART, de execuo ou Anotao de Funo Tcnica-AFT, a qual dever permanecer ativa at o encerramento da atividade minerria e da respectiva recuperao ambiental;

    V - compatibilidade com as diretrizes do plano de recursos hdricos, quando houver;

    VI - no localizao em remanescente florestal de mata atlntica primria.

    1 o No caso de interveno ou supresso de vegetao em APP para a atividade de extrao de substncias minerais que no seja potencialmente causadora de significativo impacto ambiental, o rgo ambiental competente poder, mediante deciso motivada, substituir a exigncia de apresentao de EIA/RIMA pela apresentao de outros estudos ambientais previstos em legislao.

    2 o A interveno ou supresso de vegetao em APP para as atividades de pesquisa mineral, observado o disposto na Seo I desta Resoluo, ficam sujeitos a EIA/RIMA no processo de licenciamento ambiental,

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    caso sejam potencialmente causadoras de significativo impacto ambiental, bem como a outras exigncias, entre as quais:

    I - demonstrao da titularidade de direito mineral outorgado pelo rgo competente do Ministrio de Minas e Energia, por qualquer dos ttulos previstos na legislao vigente;

    II - execuo por profissionais legalmente habilitados para a pesquisa mineral e controle de impactos sobre meio fsico e bitico, mediante apresentao de ART, de execuo ou AFT, a qual dever permanecer ativa at o encerramento da pesquisa mineral e da respectiva recuperao ambiental.

    3 o Os estudos previstos neste artigo sero demandados no incio do processo de licenciamento ambiental, independentemente de outros estudos tcnicos exigveis pelo rgo ambiental.

    4 o A extrao de rochas para uso direto na construo civil ficar condicionada ao disposto nos instrumentos de ordenamento territorial em escala definida pelo rgo ambiental competente.

    5 o Caso inexistam os instrumentos previstos no 4 o , ou se naqueles existentes no constar a extrao de rochas para o uso direto para a construo civil, a autorizao para interveno ou supresso de vegetao em APP de nascente, para esta atividade estar vedada a partir de 36 meses da publicao desta Resoluo.

    6 o Os depsitos de estril e rejeitos, os sistemas de tratamento de efluentes, de beneficiamento e de infra-estrutura das atividades minerrias, somente podero intervir em APP em casos excepcionais, reconhecidos em processo de licenciamento pelo rgo ambiental competente, atendido o disposto no inciso I do art. 3 o desta resoluo.

    7 o No caso de atividades de pesquisa e extrao de substncias minerais, a comprovao da averbao da reserva legal, de que trata o art. 3 o , somente ser exigida nos casos em que:

    I - o empreendedor seja o proprietrio ou possuidor da rea;

    II - haja relao jurdica contratual onerosa entre o empreendedor e o proprietrio ou possuidor, em decorrncia do empreendimento minerrio.

    8 o Alm das medidas ecolgicas, de carter mitigador e compensatrio, previstas no art. 5 o , desta Resoluo, os titulares das atividades de pesquisa e extrao de substncias minerais em APP ficam igualmente obrigados a recuperar o ambiente degradado, nos termos do 2 o do art. 225 da Constituio e da legislao vigente, sendo considerado obrigao de relevante interesse ambiental o cumprimento do Plano de Recuperao de rea Degradada-PRAD.

    Seo III

    Da implantao de rea Verde de Domnio Pblico em rea Urbana

    Art. 8 o A interveno ou supresso de vegetao em APP para a implantao de rea verde de domnio pblico em rea urbana, nos termos do pargrafo nico do art 2 o da Lei n o 4.771, de 1965, poder ser autorizada pelo rgo ambiental competente, observado o disposto na Seo I desta Resoluo, e uma vez atendido o disposto no Plano Diretor, se houver, alm dos seguintes requisitos e condies:

    I - localizao unicamente em APP previstas nos incisos I, III alnea "a", V, VI e IX alnea "a", do art. 3 o da Resoluo CONAMA n o 303, de 2002, e art. 3 o da Resoluo CONAMA n o 302, de 2002;

    II - aprovao pelo rgo ambiental competente de um projeto tcnico que priorize a restaurao e/ou manuteno das caractersticas do ecossistema local, e que contemple medidas necessrias para:

    a) recuperao das reas degradadas da APP inseridas na rea verde de domnio pblico;

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    b) recomposio da vegetao com espcies nativas;

    c) mnima impermeabilizao da superfcie;

    d) conteno de encostas e controle da eroso;

    e) adequado escoamento das guas pluviais;

    f) proteo de rea da recarga de aqferos; e

    g) proteo das margens dos corpos de gua.

    III - percentuais de impermeabilizao e alterao para ajardinamento limitados a respectivamente 5% e 15% da rea total da APP inserida na rea verde de domnio pblico.

    1 o Considera-se rea verde de domnio pblico, para efeito desta Resoluo, o espao de domnio pblico que desempenhe funo ecolgica, paisagstica e recreativa, propiciando a melhoria da qualidade esttica, funcional e ambiental da cidade, sendo dotado de vegetao e espaos livres de impermeabilizao.

    2 o O projeto tcnico que dever ser objeto de aprovao pela autoridade ambiental competente, poder incluir a implantao de equipamentos pblicos, tais como:

    a) trilhas ecotursticas;

    b) ciclovias;

    c) pequenos parques de lazer, excludos parques temticos ou similares;

    d) acesso e travessia aos corpos de gua;

    e) mirantes;

    f) equipamentos de segurana, lazer, cultura e esporte;

    g) bancos, sanitrios, chuveiros e bebedouros pblicos; e

    h) rampas de lanamento de barcos e pequenos ancoradouros.

    3 o O disposto no caput deste artigo no se aplica s reas com vegetao nativa primria, ou secundria em estagio mdio e avanado de regenerao.

    4 o garantido o acesso livre e gratuito da populao rea verde de domnio pblico.

    Seo IV

    Da Regularizao Fundiria Sustentvel de rea Urbana

    Art. 9 o A interveno ou supresso de vegetao em APP para a regularizao fundiria sustentvel de rea urbana poder ser autorizada pelo rgo ambiental competente, observado o disposto na Seo I desta Resoluo, alm dos seguintes requisitos e condies:

    I - ocupaes de baixa renda predominantemente residenciais;

    II - ocupaes localizadas em rea urbana declarada como Zona Especial de Interesse Social-ZEIS no Plano

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    Diretor ou outra legislao municipal;

    III - ocupao inserida em rea urbana que atenda aos seguintes critrios:

    a) possuir no mnimo trs dos seguintes itens de infra-estrutura urbana implantada: malha viria, captao de guas pluviais, esgotamento sanitrio, coleta de resduos slidos, rede de abastecimento de gua, rede de distribuio de energia;

    b) apresentar densidade demogrfica superior a cinqenta habitantes por hectare;

    IV - localizao exclusivamente nas seguintes faixas de APP:

    a) nas margens de cursos de gua, e entorno de lagos, lagoas e reservatrios artificiais, conforme incisos I e III, alnea "a", do art. 3 o da Resoluo CONAMA n o 303, de 2002, e no inciso I do art. 3 o da Resoluo CONAMA n o 302, de 2002, devendo ser respeitada faixas mnimas de 15 metros para cursos de gua de at 50 metros de largura e faixas mnimas de 50 metros para os demais;

    b) em topo de morro e montanhas conforme inciso V, do art. 3 o , da Resoluo CONAMA n o 303, de 2002, desde que respeitadas as reas de recarga de aqferos, devidamente identificadas como tal por ato do poder pblico;

    c) em restingas, conforme alnea "a" do IX, do art. 3 o da Resoluo CONAMA n o 303, de 2002, respeitada uma faixa de 150 metros a partir da linha de preamar mxima;

    V - ocupaes consolidadas, at 10 de julho de 2001, conforme definido na Lei n o 10.257, de 10 de julho de 2001 e Medida Provisria n o 2.220, de 4 de setembro de 2001;

    VI - apresentao pelo poder pblico municipal de Plano de Regularizao Fundiria Sustentvel que contemple, entre outros:

    a) levantamento da sub-bacia em que estiver inserida a APP, identificando passivos e fragilidades ambientais, restries e potencialidades, unidades de conservao, reas de proteo de mananciais, sejam guas superficiais ou subterrneas;

    b) caracterizao fsico-ambiental, social, cultural, econmica e avaliao dos recursos e riscos ambientais, bem como da ocupao consolidada existente na rea;

    c) especificao dos sistemas de infra-estrutura urbana, saneamento bsico, coleta e destinao de resduos slidos, outros servios e equipamentos pblicos, reas verdes com espaos livres e vegetados com espcies nativas, que favoream a infiltrao de gua de chuva e contribuam para a recarga dos aqferos;

    d) indicao das faixas ou reas que, em funo dos condicionantes fsicos ambientais, devam resguardar as caractersticas tpicas da APP, respeitadas as faixas mnimas definidas nas alneas "a" e "c" do inciso I deste artigo;

    e) identificao das reas consideradas de risco de inundaes e de movimentos de massa rochosa, tais como, deslizamento, queda e rolamento de blocos, corrida de lama e outras definidas como de risco;

    f) medidas necessrias para a preservao, a conservao e a recuperao da APP no passvel de regularizao nos termos desta Resoluo;

    g) comprovao da melhoria das condies de sustentabilidade urbano-ambiental e de habitabilidade dos moradores;

    h) garantia de acesso livre e gratuito pela populao s praias e aos corpos de gua; e

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    i) realizao de audincia pblica.

    1 o O rgo ambiental competente, em deciso motivada, excepcionalmente poder reduzir as restries dispostas na alnea "a", do inciso I, deste artigo em funo das caractersticas da ocupao, de acordo com normas definidos pelo conselho ambiental competente, estabelecendo critrios especficos, observadas as necessidades de melhorias ambientais para o Plano de Regularizao Fundiria Sustentvel.

    2 o vedada a regularizao de ocupaes que, no Plano de Regularizao Fundiria Sustentvel, sejam identificadas como localizadas em reas consideradas de risco de inundaes, corrida de lama e de movimentos de massa rochosa e outras definidas como de risco.

    3 o As reas objeto do Plano de Regularizaco Fundiria Sustentvel devem estar previstas na legislao municipal que disciplina o uso e a ocupao do solo como Zonas Especiais de Interesse Social, tendo regime urbanstico especfico para habitao popular, nos termos do disposto na Lei n o 10.257, de 2001.

    4 o O Plano de Regularizao Fundiria Sustentvel deve garantir a implantao de instrumentos de gesto democrtica e demais instrumentos para o controle e monitoramento ambiental.

    5 o No Plano de Regularizao Fundiria Sustentvel deve ser assegurada a no ocupao de APP remanescentes.

    Seo V

    Da Interveno ou Supresso Eventual e de Baixo Impacto Ambiental de Vegetao em APP

    Art. 10. O rgo ambiental competente poder autorizar em qualquer ecossistema a interveno ou supresso de vegetao, eventual e de baixo impacto ambiental, em APP.

    Art. 11. Considera-se interveno ou supresso de vegetao, eventual e de baixo impacto ambiental, em APP:

    I - abertura de pequenas vias de acesso interno e suas pontes e pontilhes, quando necessrias travessia de um curso de gua, ou retirada de produtos oriundos das atividades de manejo agroflorestal sustentvel praticado na pequena propriedade ou posse rural familiar;

    II - implantao de instalaes necessrias captao e conduo de gua e efluentes tratados, desde que comprovada a outorga do direito de uso da gua, quando couber;

    III - implantao de corredor de acesso de pessoas e animais para obteno de gua;

    IV - implantao de trilhas para desenvolvimento de ecoturismo;

    V - construo de rampa de lanamento de barcos e pequeno ancoradouro;

    VI - construo de moradia de agricultores familiares, remanescentes de comunidades quilombolas e outras populaes extrativistas e tradicionais em reas rurais da regio amaznica ou do Pantanal, onde o abastecimento de gua se de pelo esforo prprio dos moradores;

    VII - construo e manuteno de cercas de divisa de propriedades;

    VIII - pesquisa cientfica, desde que no interfira com as condies ecolgicas da rea, nem enseje qualquer tipo de explorao econmica direta, respeitados outros requisitos previstos na legislao aplicvel;

    IX - coleta de produtos no madeireiros para fins de subsistncia e produo de mudas, como sementes, castanhas e frutos, desde que eventual e respeitada a legislao especfica a respeito do acesso a recursos genticos;

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    X - plantio de espcies nativas produtoras de frutos, sementes, castanhas e outros produtos vegetais em reas alteradas, plantados junto ou de modo misto;

    XI - outras aes ou atividades similares, reconhecidas como eventual e de baixo impacto ambiental pelo conselho estadual de meio ambiente.

    1 o Em todos os casos, incluindo os reconhecidos pelo conselho estadual de meio ambiente, a interveno ou supresso eventual e de baixo impacto ambiental de vegetao em APP no poder comprometer as funes ambientais destes espaos, especialmente:

    I a estabilidade das encostas e margens dos corpos de gua;

    II - os corredores de fauna;

    III - a drenagem e os cursos de gua intermitentes;

    IV - a manuteno da biota;

    V - a regenerao e a manuteno da vegetao nativa; e

    VI - a qualidade das guas.

    2 o A interveno ou supresso, eventual e de baixo impacto ambiental, da vegetao em APP no pode, em qualquer caso, exceder ao percentual de 5% (cinco por cento) da APP impactada localizada na posse ou propriedade.

    3 o O rgo ambiental competente poder exigir, quando entender necessrio, que o requerente comprove, mediante estudos tcnicos, a inexistncia de alternativa tcnica e locacional interveno ou supresso proposta.

    Seo VI

    Das Disposies Finais

    Art. 12. Nas hipteses em que o licenciamento depender de EIA/RIMA, o empreendedor apresentar, at 31 de maro de cada ano, relatrio anual detalhado, com a delimitao georreferenciada das APP, subscrito pelo administrador principal, com comprovao do cumprimento das obrigaes estabelecidas em cada licena ou autorizao expedida.

    Art. 13. As autorizaes de interveno ou supresso de vegetao em APP ainda no executadas devero ser regularizadas junto ao rgo ambiental competente, nos termos desta Resoluo.

    Art. 14. O no-cumprimento ao disposto nesta Resoluo sujeitar os infratores, dentre outras, s penalidades e sanes, respectivamente, previstas na Lei n o 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 e no Decreto n o 3.179, de 21 de setembro de 1999.

    Art. 15. O rgo licenciador dever cadastrar no Sistema Nacional de Informao de Meio Ambiente-SINIMA as informaes sobre licenas concedidas para as obras, planos e atividades enquadradas como de utilidade pblica ou de interesse social.

    1 o O CONAMA criar, at o primeiro ano de vigncia desta Resoluo, Grupo de Trabalho no mbito da Cmara Tcnica de Gesto Territorial e Biomas para monitoramento e anlise dos efeitos desta Resoluo.

    2 o O relatrio do Grupo de Trabalho referido no pargrafo anterior integrar o Relatrio de Qualidade Ambiental de que tratam os incisos VII, X e XI do art. 9 o da Lei n o 6.938 de 1981.

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    Art. 16. As exigncias e deveres previstos nesta Resoluo caracterizam obrigaes de relevante interesse ambiental.

    Art. 17. O CONAMA dever criar Grupo de Trabalho para no prazo de um ano, apresentar proposta para regulamentar a metodologia de recuperao das APP.

    Art. 18. Esta Resoluo entra em vigor na data de sua publicao.

    MARINA SILVA

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