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SECRETARIA ESPECIAL DOS DIREITOS HUMANOS CONSELHO NACIONAL DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE <!ID40967-0> RESOLUÇÃO Nº 113, DE 19 DE ABRIL DE 2006 Dispõe sobre os parâmetros para a institucionalização e fortalecimento do Sistema de Garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente: O PRESIDENTE DO CONSELHO NACIONAL DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - CONANDA, no uso das atribuições legais estabelecidas na Lei n.º 8.242, de 12 de outubro de 1991 e no Decreto n° 5.089 de 20 de maio de 2004, em cumprimento ao que estabelecem o art. 227 caput e §7º da Constituição Federal e os artigos 88, incisos II e III, 90, parágrafo único, 91, 139, 260, §2º e 261, parágrafo único, do Estatuto da Criança e do Adolescente - Lei Federal nº 8.069/90, e a deliberação do Conanda, na Assembléia Ordinária n.º 137, realizada nos dias 08 e 09 de março de 2006, resolve aprovar os seguintes parâmetros para a institucionalização e fortalecimento do Sistema de Garanta dos Direitos da Criança e do Adolescente: CAPÍTULO I - DA CONFIGURAÇÃO DO SISTEMA DE GARANTIA DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Art. 1º O Sistema de Garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente constitui-se na articulação e integração das instâncias públicas governamentais e da sociedade civil, na aplicação de instrumentos normativos e no funcionamento dos mecanismos de promoção, defesa e controle para a efetivação dos direitos humanos da criança e do adolescente, nos níveis Federal, Estadual, Distrital e Municipal. § 1º Esse Sistema articular-se-á com todos os sistemas nacionais de operacionalização de políticas públicas, especialmente nas áreas da saúde, educação, assistência social, trabalho, segurança pública, planejamento, orçamentária, relações exteriores e promoção da igualdade e valorização da diversidade. § 2º Igualmente, articular-se-á, na forma das normas nacionais e internacionais, com os sistemas congêneres de promoção, defesa e controle da efetivação dos direitos humanos, de

CONANDA Res113

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  • SECRETARIA ESPECIAL DOS DIREITOS HUMANOSCONSELHO NACIONAL DOS DIREITOS DA

    CRIANA E DO ADOLESCENTE

    RESOLUO N 113, DE 19 DE ABRIL DE 2006

    Dispe sobre os parmetrospara a institucionalizao efortalecimento do Sistema deGarantia dos Direitos daCriana e do Adolescente:

    O PRESIDENTE DO CONSELHO NACIONAL DOS DIREITOS DACRIANA E DO ADOLESCENTE - CONANDA, no uso das atribuies legaisestabelecidas na Lei n. 8.242, de 12 de outubro de 1991 e no Decreto n 5.089 de 20 demaio de 2004, em cumprimento ao que estabelecem o art. 227 caput e 7 da ConstituioFederal e os artigos 88, incisos II e III, 90, pargrafo nico, 91, 139, 260, 2 e 261,pargrafo nico, do Estatuto da Criana e do Adolescente - Lei Federal n 8.069/90, e adeliberao do Conanda, na Assemblia Ordinria n. 137, realizada nos dias 08 e 09 demaro de 2006, resolve aprovar os seguintes parmetros para a institucionalizao efortalecimento do Sistema de Garanta dos Direitos da Criana e do Adolescente:

    CAPTULO I - DA CONFIGURAO DO SISTEMA DE GARANTIA DOSDIREITOS DA CRIANA E DO ADOLESCENTE

    Art. 1 O Sistema de Garantia dos Direitos da Criana e do Adolescente constitui-se naarticulao e integrao das instncias pblicas governamentais e da sociedade civil, naaplicao de instrumentos normativos e no funcionamento dos mecanismos de promoo,defesa e controle para a efetivao dos direitos humanos da criana e do adolescente, nosnveis Federal, Estadual, Distrital e Municipal.

    1 Esse Sistema articular-se- com todos os sistemas nacionais de operacionalizao depolticas pblicas, especialmente nas reas da sade, educao, assistncia social, trabalho,segurana pblica, planejamento, oramentria, relaes exteriores e promoo daigualdade e valorizao da diversidade.

    2 Igualmente, articular-se-, na forma das normas nacionais e internacionais, com ossistemas congneres de promoo, defesa e controle da efetivao dos direitos humanos, de

  • nvel interamericano e internacional, buscando assistncia tcnico-financeira e respaldopoltico, junto s agncias e organismos que desenvolvem seus programas no pas.

    Art. 2 Compete ao Sistema de Garantia dos Direitos da Criana e do Adolescentepromover, defender e controlar a efetivao dos direitos civis, polticos, econmicos,sociais, culturais, coletivos e difusos, em sua integralidade, em favor de todas as crianas eadolescentes, de modo que sejam reconhecidos e respeitados como sujeitos de direitos epessoas em condio peculiar de desenvolvimento; colocando-os a salvo de ameaas eviolaes a quaisquer de seus direitos, alm de garantir a apurao e reparao dessasameaas e violaes.

    1 O Sistema procurar enfrentar os atuais nveis de desigualdades e iniqidades, que semanifestam nas discriminaes, exploraes e violncias, baseadas em razes de classesocial, gnero, raa/etnia, orientao sexual, deficincia e localidade geogrfica, quedificultam significativamente a realizao plena dos direitos humanos de crianas eadolescentes, consagrados nos instrumentos normativos nacionais e internacionais,prprios.

    2 Este Sistema fomentar a integrao do princpio do interesse superior da criana e doadolescente nos processos de elaborao e execuo de atos legislativos, polticas,programas e aes pblicas, bem como nas decises judiciais e administrativas que afetemcrianas e adolescentes.

    3 Este Sistema promover estudos e pesquisas, processos de formao de recursoshumanos dirigidos aos operadores dele prprio, assim como a mobilizao do pblico emgeral sobre a efetivao do princpio da prevalncia do melhor interesse da criana e doadolescente.

    4 O Sistema procurar assegurar que as opinies das crianas e dos adolescentes sejamlevadas em devida considerao, em todos os processos que lhes digam respeito.

    Art. 3 A garantia dos direitos de crianas e adolescentes se far atravs das seguintes linhasestratgicas:

    I - efetivao dos instrumentos normativos prprios, especialmente da Constituio Federal,da Conveno sobre os Direitos da Criana e do Estatuto da Criana e do Adolescente;

    II - implementao e fortalecimento das instncias pblicas responsveis por esse fim; e

    III- facilitao do acesso aos mecanismos de garantia de direitos, definidos em lei.

    CAPTULO II - DOS INSTRUMENTOS NORMATIVOS DE GARANTIA DOSDIREITOS DA CRIANA E DO ADOLESCENTE

  • Art. 4 Consideram-se instrumentos normativos de promoo, defesa e controle daefetivao dos direitos humanos da criana e do adolescente, para os efeitos destaResoluo:

    I - Constituio Federal, com destaque para os artigos, 5, 6, 7, 24 - XV, 226, 204, 227 e228;

    II - Tratados internacionais e interamericanos, referentes promoo e proteo de direitoshumanos, ratificados pelo Brasil, enquanto normas constitucionais, nos termos da Emendan 45 da Constituio Federal, com especial ateno para a Conveno sobre os Direitos daCriana e do Adolescente;

    III - Normas internacionais no-convencionais, aprovadas como Resolues da AssembliaGeral das Naes Unidas, a respeito da matria;

    IV - Lei Federal n 8.069 (Estatuto da Criana e do Adolescente), de 13 de julho de 1990;

    V - Leis federais, estaduais e municipais de proteo da infncia e da adolescncia;

    VI - Leis orgnicas referentes a determinadas polticas sociais, especialmente as daassistncia social, da educao e da sade;

    VII - Decretos que regulamentem as leis indicadas;

    VIII - Instrues normativas dos Tribunais de Contas e de outros rgos de controle efiscalizao (Receita Federal, por exemplo);

    IX - Resolues e outros atos normativos dos conselhos dos direitos da criana e doadolescente, nos trs nveis de governo, que estabeleam principalmente parmetros, comonormas operacionais bsicas, para regular o funcionamento do Sistema e paraespecificamente formular a poltica de promoo dos direitos humanos da criana e doadolescente, controlando as aes pblicas decorrentes; e

    X - Resolues e outros atos normativos dos conselhos setoriais nos trs nveis de governo,que estabeleam principalmente parmetros, como normas operacionais bsicas, pararegular o funcionamento dos seus respectivos sistemas.

    CAPTULO III - DAS INSTNCIAS PBLICAS DE GARANTIA DOS DIREITOSHUMANOS DA CRIANA E DO ADOLESCENTE

    Art. 5 Os rgos pblicos e as organizaes da sociedade civil, que integram esse Sistema,devero exercer suas funes, em rede, a partir de trs eixos estratgicos de ao:

    I - defesa dos direitos humanos;

  • II - promoo dos direitos humanos; e

    III - controle da efetivao dos direitos humanos.

    Pargrafo nico. Os rgos pblicos e as organizaes da sociedade civil que integram oSistema podem exercer funes em mais de um eixo.

    CAPTULO IV - DA DEFESA DOS DIREITOS HUMANOS

    Art. 6 O eixo da defesa dos direitos humanos de crianas e adolescentes caracteriza-se pelagarantia do acesso justia, ou seja, pelo recurso s instncias pblicas e mecanismosjurdicos de proteo legal dos direitos humanos, gerais e especiais, da infncia e daadolescncia, para assegurar a impositividade deles e sua exigibilidade, em concreto.

    Art. 7 Neste eixo, situa-se a atuao dos seguintes rgos pblicos:

    I - judiciais, especialmente as varas da infncia e da juventude e suas equipesmultiprofissionais, as varas criminais especializadas, os tribunais do jri, as comissesjudiciais de adoo, os tribunais de justia, as corregedorias gerais de Justia;

    II - pblico-ministeriais, especialmente as promotorias de justia, os centros de apoiooperacional, as procuradorias de justia, as procuradorias gerais de justia, as corregedoriasgerais do Ministrio Publico;

    III - defensorias pblicas, servios de assessoramento jurdico e assistncia judiciria;

    IV - advocacia geral da unio e as procuradorias gerais dos estados

    V - polcia civil judiciria, inclusive a polcia tcnica;

    VI - polcia militar;

    VII - conselhos tutelares; e

    VIII - ouvidorias.

    Pargrafo nico. Igualmente, situa-se neste eixo, a atuao das entidades sociais de defesade direitos humanos, incumbidas de prestar proteo jurdico-social, nos termos do artigo87, V do Estatuto da Criana e do Adolescente.

    Art. 8 Para os fins previstos no art. 7, assegurado o acesso justia de toda criana ouadolescente, na forma das normas processuais, atravs de qualquer dos rgos do PoderJudicirio, do Ministrio Publico e da Defensoria Pblica.

  • 1 Ser prestada assessoria jurdica e assistncia judiciria gratuita a todas as crianas ouadolescentes e suas famlias, que necessitarem, preferencialmente atravs de defensorespblicos, na forma da Lei Complementar de Organizao da Defensoria Pblica.

    2 A no garantia de acesso Defensoria Pblica dever implicar em sanes judiciais eadministrativas cabveis, a serem aplicadas quando da constatao dessa situao deviolao de direitos humanos.

    Art. 9 O Poder Judicirio, o Ministrio Pblico, as Defensorias Pblicas e a SeguranaPblica devero ser instados no sentido da exclusividade, especializao e regionalizaodos seus rgos e de suas aes, garantindo a criao, implementao e fortalecimento de:

    I - Varas da Infncia e da Juventude, especficas, em todas as comarcas que correspondam amunicpios de grande e mdio porte ou outra proporcionalidade por nmero de habitantes,dotando-as de infra-estruturas e prevendo para elas regime de planto;

    II - Equipes Interprofissionais, vinculadas a essas Varas e mantidas com recursos do PoderJudicirio, nos termos do Estatuto citado;

    III - Varas Criminais, especializadas no processamento e julgamento de crimes praticadoscontra crianas e adolescentes, em todas as comarcas da Capital e nas cidades de grandeporte e em outras cidades onde indicadores apontem essa necessidade, priorizando oprocessamento e julgamento nos Tribunais do Jri dos processos que tenham crianas eadolescentes como vtimas de crimes contra a vida;

    IV - Promotorias da Infncia e Juventude especializadas, em todas as comarcas na forma doinciso III;

    V - Centros de Apoio Operacional s Promotorias da Infncia e Juventude;

    VI - Ncleos Especializados de Defensores Pblicos, para a imprescindvel defesatcnico-jurdica de crianas e adolescentes que dela necessitem; e

    VIII - Delegacias de Polcia Especializadas, tanto na apurao de ato infracional atribudo aadolescente, quanto na apurao de delitos praticados contra crianas e adolescentes emtodos os municpios de grande e mdio porte.

    Art. 10 Os conselhos tutelares so rgos contenciosos no-jurisdicionais, encarregados de"zelar pelo cumprimento dos direitos da criana e do adolescente", particularmente atravsda aplicao de medidas especiais de proteo a crianas e adolescentes com direitosameaados ou violados e atravs da aplicao de medidas especiais a pais ou responsveis(art. 136, I e II da Lei 8.069/1990).

  • Pargrafo nico. Os conselhos tutelares no so entidades, programas ou servios deproteo, previstos nos arts. 87, inciso III a V, 90 e 118, 1, do Estatuto da Criana e doAdolescente.

    Art. 11 As atribuies dos conselhos tutelares esto previstas no Estatuto da Criana e doAdolescente, no podendo ser institudas novas atribuies em Regimento Interno ou ematos administrativos semelhante de quaisquer outras autoridades.

    Pargrafo nico. vedado ao Conselho Tutelar aplicar e ou executar as medidassocioeducativas, previstas no artigo 112 do Estatuto da Criana e do Adolescente.

    Art. 12 Somente os conselhos tutelares tm competncia para apurar os atos infracionaispraticados por crianas, aplicando-lhes medidas especificas de proteo, previstas em lei, aserem cumpridas mediante requisies do conselho. (artigo 98, 101,105 e 136, III, b daLei 8.069/1990).

    Art. 13 Os conselhos tutelares devero acompanhar os atos de apurao de ato infracionalpraticado por adolescente, quando houver fundada suspeita da ocorrncia de algum abusode poder ou violao de direitos do adolescente, no sentido de providenciar as medidasespecficas de proteo de direitos humanos, prevista em lei e cabvel.

    CAPTULO V - DA PROMOCAO DOS DIREITOS HUMANOS

    Art. 14 O eixo estratgico da promoo dos direitos humanos de crianas e adolescentesoperacionaliza-se atravs do desenvolvimento da "poltica de atendimento dos direitos dacriana e do adolescente", prevista no artigo 86 do Estatuto da Criana e do Adolescente,que integra o mbito maior da poltica de promoo e proteo dos direitos humanos.

    1 Essa poltica especializada de promoo da efetivao dos direitos humanos decrianas e adolescentes desenvolve-se, estrategicamente, de maneira transversal eintersetorial, articulando todas as polticas pblicas (infra-estruturantes, institucionais,econmicas e sociais) e integrando suas aes, em favor da garantia integral dos direitos decrianas e adolescentes.

    2 No desenvolvimento dessa poltica devero ser considerados e respeitados osprincpios fundamentais enumerados no artigo 2 e seus pargrafos desta Resoluo.

    3 O desenvolvimento dessa poltica implica:

    I - na satisfao das necessidades bsicas de crianas e adolescentes pelas polticas pblicas,como garantia de direitos humanos e ao mesmo tempo como um dever do Estado, dafamlia e da sociedade;

  • II - na participao da populao, atravs suas organizaes representativas, na formulaoe no controle das polticas pblicas;

    III - na descentralizao poltica e administrativa, cabendo a coordenao das polticas eedio das normas gerais esfera federal e a coordenao e a execuo dessas polticas edos respectivos programas s esferas estadual, Distrital e municipal, bem como s entidadessociais; e

    IV - no controle social e institucional (interno e externo) da sua implementao eoperacionalizao.

    Art. 15 A poltica de atendimento dos direitos humanos de crianas e adolescentesoperacionaliza-se atravs de trs tipos de programas, servios e aes pblicas:

    I - servios e programas das polticas pblicas, especialmente das polticas sociais, afetosaos fins da poltica de atendimento dos direitos humanos de crianas e adolescentes;

    II - servios e programas de execuo de medidas de proteo de direitos humanos; e

    III - servios e programas de execuo de medidas socioeducativas e assemelhadas.

    SEO I - DOS SERVIOS E PROGRAMAS DA POLTICA DE ATENDIMENTODOS DIREITOS HUMANOS DE CRIANAS E ADOLESCENTES

    SUBSEO I DOS PROGRAMAS EM GERAL DAS POLTICAS PBLICAS

    Art. 16 As polticas pblicas, especialmente as polticas sociais, asseguraro o acesso detodas as crianas e todos os adolescentes a seus servios, especialmente as crianas e osadolescentes com seus direitos violados ou em conflito com a lei, quando afetos sfinalidades da poltica de atendimento dos direitos humanos da criana e do adolescente,obedecidos aos princpios fundamentais elencados nos pargrafos do artigo 2 destaResoluo.

    SUBSEO II - DOS SERVIOS E PROGRAMAS DE EXECUO DE MEDIDASDE PROTEO DE DIREITOS HUMANOS

    Art. 17 Os servios e programas de execuo de medidas especficas de proteo de direitoshumanos tm carter de atendimento inicial, integrado e emergencial, desenvolvendo aesque visem prevenir a ocorrncia de ameaas e violaes dos direitos humanos de crianas eadolescentes e atender s vtimas imediatamente aps a ocorrncia dessas ameaas eviolaes.

    1 Esses programas e servios ficam disposio dos rgos competentes do PoderJudicirio e dos conselhos tutelares, para a execuo de medidas especficas de proteo,previstas no Estatuto da Criana e do Adolescente; podendo, todavia receber diretamente

  • crianas e adolescentes, em carter excepcional e de urgncia, sem previa determinao daautoridade competente, fazendo, porm a devida comunicao do fato a essa autoridade, ato segundo dia til imediato, na forma da lei citada.

    2 Os programas e servios de execuo de medidas especficas de proteo de direitoshumanos obedecero aos parmetros e recomendaes estabelecidos pelo ConselhoNacional dos Direitos da Criana e do Adolescente - Conanda e, complementarmente, pelosdemais conselhos dos direitos, em nvel estadual, Distrital e municipal e pelos conselhossetoriais competentes.

    3 Estes programas se estruturam e organizam sob a forma de um Sistema Nacional deProteo de Direitos Humanos de Crianas e Adolescentes, regulado por normasoperacionais bsicas especficas, a serem editadas pelo Conselho Nacional dos Direitos daCriana e do Adolescente - Conanda.

    Art. 18 Consideram-se como programas e servios de execuo de medidas de proteo dedireitos humanos aqueles previstos na legislao vigente a respeito da matria.

    SUBSEO III - DOS PROGRAMAS DE EXECUO DE MEDIDASSOCIOEDUCATIVAS E ASSEMELHADAS

    Art. 19 Os programas de execuo de medidas socioeducativas so destinados aoatendimento dos adolescentes autores de ato infracional, em cumprimento de medidajudicial socioeducativa, aplicada na forma da lei, em decorrncia de procedimentoapuratrio, onde se assegure o respeito estrito ao princpio constitucional do devidoprocesso legal.

    1 Os programas de execuo de medidas socioeducativas para adolescentes autores deato infracional obedecero aos parmetros e recomendaes estabelecidos pelo ConselhoNacional dos Direitos da Criana e do Adolescente - Conanda e, complementarmente, pelosdemais conselhos dos direitos, em nvel Estadual, Distrital e Municipal.

    2 Estes programas se estruturam e organizam, sob forma de um Sistema Nacional deAtendimento Socioeducativo - SINASE em cumprimento dos seguintes princpiosnorteadores:

    I - prevalncia do contedo educativo sobre os sancionatrios e meramente de conteno,no atendimento socioeducativo;

    II - ordenao do atendimento socioeducativo e da sua gesto, a partir do projetopoltico-pedaggico;

    III - construo, monitoramento e avaliao do atendimento socioeducativo, com aparticipao proativa dos adolescentes socioeducandos;

  • IV - exemplaridade, presena educativa e respeito singularidade do adolescentesocioeducando, como condies necessrias no atendimento socioeducativo;

    V - disciplina como meio para a realizao do processo socioeducativo;

    VI - exigncia e compreenso enquanto elementos primordiais de reconhecimento erespeito ao adolescente durante o processo socioeducativo;

    VII - dinmica institucional favorecendo a horizontalidade na socializao das informaese dos saberes entre equipe multiprofissional (tcnicos e educadores);

    VIII - organizao espacial e funcional dos programas de atendimento scio-educativocomo sinnimo de condies de vida e de possibilidades de desenvolvimento pessoal esocial para o adolescente;

    IX - respeito diversidade tnica/racial, de gnero, orientao sexual e localizaogeogrfica como eixo do processo socioeducativo; e

    X - participao proativa da famlia e da comunidade no processo socioeducativo.

    3 Os programas de execuo de medidas socioeducativas devem oferecer condies quegarantam o acesso dos adolescentes socioeducandos s oportunidades de superao de suasituao de conflito com a lei.

    Art. 20 Consideram-se como programas socioeducativos, na forma do Estatuto da Criana edo Adolescente, os seguintes programas, taxativamente:

    I - programas socioeducativos em meio aberto

    a) prestao de servio comunidade; e

    b) liberdade assistida.

    II - programas socioeducativos com privao de liberdade

    a) semiliberdade; e

    b) internao.

    Pargrafo nico. Integram tambm o Sistema Nacional Socioeducativo - SINASE, comoauxiliares dos programas socioeducativos, os programas acautelatrios de atendimentoinicial (arts. 175 e 185 da lei federal n 8069/90), os programas de internao provisria (art108 e 183 da lei citada) e os programas de apoio e assistncia aos egressos.

    CAPTULO VI - DO CONTROLE DA EFETIVAO DOS DIREITOS HUMANOS

  • Art. 21 O controle das aes pblicas de promoo e defesa dos direitos humanos dacriana e do adolescente se far atravs das instncias pblicas colegiadas prprias, onde seassegure a paridade da participao de rgos governamentais e de entidades sociais, taiscomo:

    I - conselhos dos direitos de crianas e adolescentes;

    II - conselhos setoriais de formulao e controle de polticas pblicas; e

    III - os rgos e os poderes de controle interno e externo definidos nos artigos 70, 71, 72,73, 74 e 75 da Constituio Federal.

    Pargrafo nico. O controle social exercido soberanamente pela sociedade civil, atravsdas suas organizaes e articulaes representativas.

    Art. 22 Na Unio, nos Estados, no Distrito Federal e nos Municpios haver um Conselhodos Direitos da Criana e do Adolescente, respectivamente, composto por igual nmero derepresentantes do governo e da sociedade civil organizada, garantindo a ampla participaoda populao, por suas organizaes representativas, no processo de formulao e controleda poltica de atendimento aos direitos da criana e ao adolescente, dos seus programas,servios e aes.

    Pargrafo nico. A composio desses conselhos e a nomeao de seus membros devemser estabelecidas de acordo com as Resolues 105 e 106 do Conanda, inclusive asrecomendaes, contendo procedimentos que ofeream todas as garantias necessrias paraassegurar a representao pluralista de todos os segmentos da sociedade, envolvidos dealguma forma na promoo e proteo de direitos humanos, particularmente atravs derepresentaes de organizaes da sociedade civil governamentais, sindicatos, entidadessociais de atendimento a crianas e adolescentes, organizaes profissionais interessadas,entidades representativas do pensamento cientfico, religioso e filosfico e outros nessalinha.

    Art. 23 Os conselhos dos direitos da criana e do adolescente devero acompanhar, avaliare monitorar as aes pblicas de promoo e defesa de direitos de crianas e adolescentes,deliberando previamente a respeito, atravs de normas, recomendaes, orientaes.

    1 As deliberaes dos conselhos dos direitos da criana e do adolescente, no mbito desuas atribuies e competncias, vinculam as aes governamentais e da sociedade civilorganizada, em respeito aos princpios constitucionais da participao popular, daprioridade absoluta do atendimento criana e ao adolescente e da prevalncia do interessesuperior da criana e do adolescente, conforme j decidido pelo Supremo Tribunal Federal.

    2 Constatado, atravs dos mecanismos de controle, o descumprimento de suasdeliberaes, os conselhos dos direitos da criana e do adolescente representaro ao

  • Ministrio Publico para as providencias cabveis e aos demais rgos e entidadeslegitimados no artigo 210 da Lei n 8.069/90 para demandar em Juzo por meio do ingressode ao mandamental ou ao civil pblica.

    CAPTULO VII - DOS MECANISMOS ESTRATGICOS DE PROMOO,DEFESA E CONTROLE DA EFETIVAO DE DIREITOS HUMANOS

    Art. 24 Para promover e defender os direitos de crianas e adolescentes, quando ameaadose violados e controlar as aes pblicas decorrentes, o Sistema de Garantia dos Direitos daCriana e do Adolescente dever priorizar alguns determinados mecanismos estratgicos degarantia de direitos:

    I - mecanismos judiciais extra-judiciais de exigibilidade de direitos;

    II - financiamento pblico de atividades de rgos pblicos e entidades sociais deatendimento de direitos;

    III - formao de operadores do Sistema;

    IV - gerenciamento de dados e informaes;

    V - monitoramento e avaliao das aes pblicas de garantia de direitos; e

    VI - mobilizao social em favor da garantia de direitos.

    CAPTULO VIII - DA GESTO DO SISTEMA DE GARANTIA DOS DIREITOSDA CRIANA E DO ADOLESCENTE

    Art. 25 A estrutura governamental, em nvel federal, contar com um rgo especifico eautnomo, responsvel pela poltica de atendimento dos direitos humanos de crianas eadolescentes, com as seguintes atribuies mnimas:

    I - articular e fortalecer o Sistema de Garantia dos Direitos da Criana e do Adolescente;

    II - funcionar prioritariamente como ncleo estratgico-conceitual, para a promoo dosdireitos humanos da infncia e adolescncia, no mbito nacional;

    III - manter sistema de informao para infncia e adolescncia, em articulao com asesferas estadual e municipal;

    IV - apoiar tcnica e financeiramente o funcionamento das entidades e unidades deexecuo de medidas de proteo de direitos e de medidas socioeducativas;

  • V - Coordenar o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo, especialmente osprogramas de execuo de medidas socioeducativas; e

    VI - Co-coordenar o Sistema Nacional de Proteo de Direitos Humanos, especialmente osprogramas de enfrentamento da violncia, proteo de crianas e adolescentes ameaadosde morte, os programas e servios de promoo, defesa e garantia da convivncia familiar ecomunitria, dentre outros programas de promoo e proteo dos direitos humanos decriana e adolescente.

    Art. 26 Nos nveis estadual, distrital e municipal, as entidades pblicas responsveis pelapoltica de atendimento dos direitos de crianas e adolescentes e por esses servios,programas e aes especiais devero funcionar nessa linha, em seu respectivo nvel decompetncia e devero ter estrutura e organizao prprias, respeitada a autonomia dapoltica de atendimento de direitos da criana e do adolescente, na forma do Estatuto daCriana e do Adolescente, ficando, alm do mais, responsveis pela execuo dos seusprogramas, servios e aes e a manuteno das unidades respectivas.

    1 Cada Estado, municpio e o Distrito Federal vincularo essas suas entidades pblicasresponsveis pela poltica de atendimento de direitos da criana e do adolescente Secretaria ou rgo congnere que julgar conveniente, estabelecendo-se pormexpressamente que elas se incorporam ao Sistema de Garantia dos Direitos da Criana e doAdolescente e que devero ser considerados interlocutores para o Conselho Nacional dosDireitos da Criana e do Adolescente - Conanda e para o rgo federal responsvel,previsto no artigo anterior, principalmente para efeito de apoio tcnico e financeiro.

    2 O rgo federal previsto no artigo anterior dever assegurar que os estados, o DistritoFederal e os municpios estejam conscientes de suas obrigaes em relao efetivao dasnormas de proteo criana e juventude, especialmente do Estatuto da Criana e doAdolescente e da Conveno sobre os Direitos da Criana, da Constituio Federal e de queos direitos previstos nessas normas legais tm que ser implementados em todos os nveis,em regime de prioridade absoluta, por meio de legislaes, polticas e demais medidasapropriadas.

    Art. 27 A Unio, os Estados, o Distrito Federal e os municpios organizaro, em regime decolaborao, os sistemas estaduais, distrital e municipais, tanto de defesa de direitos, quantode atendimento socioeducativo.

    1 Caber Unio a coordenao desses programas e servios de execuo das medidasespecficas de proteo de direitos e de execuo das medidas socioeducativas,integrando-os no campo maior da poltica de atendimento de direitos da criana e doadolescente e exercendo funo normativa de carter geral e supletiva dos recursosnecessrios ao desenvolvimento dos sistemas estaduais, distrital e municipais.

  • 2 Os sistemas nacionais de proteo de direitos humanos e de socioeducao tmlegitimidade normativa complementar e liberdade de organizao e funcionamento, nostermos desta Resoluo.

    3 Aplica-se ao Distrito Federal, cumulativamente, as regras de competncia dos estados emunicpios.

    Art. 28 Incumbe Unio:

    I - elaborar os Planos Nacionais de Proteo de Direitos Humanos e de Socioeducao, emcolaborao com os estados, o Distrito Federal e os municpios;

    II - prestar assistncia tcnica e financeira aos estados, ao Distrito Federal e aos municpiospara o desenvolvimento de seus sistemas de proteo especial de direitos e de atendimentosocioeducativo, no exerccio de sua funo supletiva;

    III - colher informaes sobre a organizao e funcionamento dos sistemas, entidades eprogramas de atendimento e oferecer subsdios tcnicos para a qualificao da oferta;

    IV - estabelecer diretrizes gerais sobre as condies mnimas das estruturas fsicas e dosrecursos humanos das unidades de execuo; e

    V - instituir e manter processo nacional de avaliao dos sistemas, entidades e programasde atendimento.

    1 Para o cumprimento do disposto nos incisos III e V, a Unio ter livre acesso sinformaes necessrias em todos os sistemas, entidades e programas de atendimento.

    2 As funes de natureza normativa e deliberativa da competncia da Unio seroexercidas pelo Conselho Nacional dos Direitos da Criana e do Adolescente - Conanda, e asfunes de natureza executiva, pela Presidncia da Repblica, atravs da SecretariaEspecial dos Direitos Humanos.

    Art. 29 Incumbe aos Estados:

    I - elaborar os planos estaduais de defesa de direitos e de atendimento socioeducativo, emcolaborao com os municpios;

    II - instituir, regular e manter seus sistemas de defesa de direitos e de atendimentosocioeducativo, respeitadas as diretrizes gerais dos respectivos Planos Nacionais;

    III - criar e manter os programas de defesa de direitos e de atendimento socioeducativo,para a execuo das medidas prprias;

  • IV - baixar normas complementares para a organizao e funcionamento dos seus sistemasde defesa de direitos e de atendimento e dos sistemas municipais;

    V - estabelecer, com os municpios, as formas de colaborao para a oferta dos programasde defesa de direitos e de atendimento socioeducativo em meio aberto; e

    VI - apoiar tecnicamente os municpios e as entidades sociais para a regular oferta deprogramas de defesa de direitos e de atendimento socioeducativo em meio aberto.

    Pargrafo nico. As funes de natureza normativa e deliberativa relacionadas organizao e funcionamento dos sistemas referidos, em nvel estadual, sero exercidaspelo Conselho Estadual dos Direitos da Criana e do Adolescente.

    Art. 30 Incumbe aos municpios:

    I - instituir, regular e manter os seus sistemas de defesa de direitos e de atendimentosocioeducativo, respeitadas as diretrizes gerais dos Planos Nacionais e Estaduais,respectivos;

    II - criar e manter os programas de defesa de direitos e de atendimento socioeducativo paraa execuo das medidas de meio aberto; e

    III - baixar normas complementares para a organizao e funcionamento dos programas deseus sistemas de defesa de direitos e de atendimento socioeducativo.

    1 Para a criao e manuteno de programas de defesa de direitos e de atendimentosocioeducativo em meio aberto, os municpios integrantes de uma mesma organizaojudiciria podero instituir consrcios regionais como modalidade de compartilharresponsabilidades.

    2 As funes de natureza normativa e deliberativa relacionadas organizao efuncionamento dos sistemas municipais sero exercidas pelo Conselho Municipal dosDireitos da Criana e do Adolescente.

    CAPTULO IX - PARMETROS, PLANOS, PROGRAMAS E PROJETOS DEINSTITUCIONALIZAO E FORTALECIMENTO DO SISTEMA DE

    GARANTIA DOS DIREITOS DA CRIANA E DO ADOLESCENTE PELOSCONSELHOS DOS DIREITOS

    Art. 31 O Conselho Nacional dos Direitos da Criana e do Adolescente - Conanda e osconselhos congneres, nos nveis estaduais, distritais e municipais, em cartercomplementar, aprovaro parmetros especficos, como normas operacionais bsicas para ainstitucionalizao e fortalecimento do Sistema de Garantia dos Direitos da Criana e doAdolescente.

  • Art. 32 Igualmente, no limite de suas atribuies, o Conselho Nacional dos Direitos daCriana e do Adolescente - Conanda e os conselhos congneres, nos nveis estadual,distrital e municipal, em carter complementar, aprovaro planos que visem planejarestrategicamente as aes de instncias pblicas e os mecanismos de garantia de direitos doSistema de Garantia dos Direitos de Crianas e Adolescentes.

    Pargrafo nico. Esses planos sero elaborados por iniciativa dos prprios conselhos oupor propostas das entidades de atendimento de direito ou de fruns e frentes de articulaode rgos governamentais e/ou entidades sociais.

    Art. 33 Os programas e projetos de responsabilidade de rgos governamentais e entidadessociais que devam ser financiados com recursos pblicos dos fundos para os direitos dacriana e do adolescente devero ser obrigatoriamente analisados e aprovados, previamente,pelos conselhos respectivos.

    Art. 34 Esta resoluo entra em vigor na data da sua publicao.