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CONCEITO DE MÉRITO EM PROCESSO CIVIL DIREITO PROCESSUAL CIVIL Valderez Bosso Segundo o Dicionário Técnico Jurídico[1] Mérito significa: “Tudo quanto diz respeito à substância do pedido, ao conteúdo do feito, razão de ser de uma petição, arrazoado ou causa. Aprecia-se o mérito após as questões preliminares, pois estas poderão tornar prejudicado o pedido. O juiz, pela apreciação do mérito, julgará procedente a ação e dará sentença. O juiz conhecerá diretamente do pedido, proferindo a sentença, quando a questão de mérito for unicamente de direito ou, sendo de direito e de fato, não houver necessidade de produzir prova em audiência; ou quando ocorrer a revelia, a menos que o revel compareça antes do julgamento. Em recurso a 2ª instância, rejeitada a preliminar, ou se com ela for compatível a apreciação do mérito, seguir-se-ão a discussão e julgamento da matéria principal, pronunciando-se sobre esta os juízes vencidos na preliminar. O CPC prevê todas as hipóteses para a extinção do processo com e sem julgamento do mérito. (C.P.C. Arts. 267 e 269, 330, I, 561).” Já para Eliézer Rosa[2] Mérito significa: “É a lide. Julgar o mérito é julgar a lide, ou, noutras palavras, é julgar o pedido do autor qualificado pela resistência do réu (...) ter-se-á a conceituação de mérito consubstanciada na própria lide, submetida à apreciação de órgão jurisdicional, com os limites impostos pelo autor, ao deduzir sua pretensão em juízo, por meio de uma petição inicial.” Na visão de Humberto Theodoro Junior[3] “lide e mérito da causa são sinônimos para o Código. O pedido do autor, manifestado na propositura da ação, revela processualmente qual a lide que se pretende compor através da tutela jurisdicional. (...) o reconhecimento do pedido refere-se diretamente ao próprio direito material sobre o qual se funda a pretensão do autor.” Após verificarmos os conceitos acima exarados, tem-se que a Constituição Federal assegura a todo aquele que afirma ter sofrido lesão em direito individual, o direito de invocar a jurisdição, a instaurar processos e a pedir a tutela jurisdicional, direito esse a que se dá o nome de ação. Por isso se pode dizer que, no âmbito do processo, existe um trinômio: pressupostos processuais, condições da ação e mérito. No projeto do CPC vigente, o vocábulo “lide” ora significa processo, ora o mérito da causa. Lide é, consoante a lição de Carnelutti, o conflito de interesses qualificado pela pretensão de um dos litigantes e pela resistência do outro. O julgamento desse conflito de pretensões, mediante o qual o juiz, acolhendo ou rejeitando o pedido, dá razão a uma das partes e nega-a à outra, constitui uma sentença definitiva de mérito. A lide é, portanto, o objeto principal do processo e nela se exprimem às aspirações em conflito de ambos os litigantes. Como o Estado não tolera a justiça feita pelas próprias mãos dos interessados, caberá à parte deduzir em juízo a lide existente e requerer ao Juiz que a solucione na forma da lei, fazendo, de tal maneira, a composição dos interesses conflitantes, uma vez que os respectivos titulares não encontram um meio voluntário ou amistoso para harmoniza-los. Diante disso, o objetivo da atividade estatal é colocar fim ao processo, entregando a prestação jurisdicional. Assim, a solução da ação, afinal, será a solução da pretensão. Como o direito de ação é abstrato, o juiz pronunciará, em sentença, sobre o mérito, e comporá a lide, tenha ou não o autor o direito substancial invocado.

Conceito de Mérito Em Processo Civil

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CONCEITO DE MRITO EM PROCESSO CIVILDIREITO PROCESSUAL CIVILValderez BossoSegundo o Dicionrio Tcnico Jurdico[1]Mrito significa: Tudo quanto diz respeito substncia do pedido, ao contedo do feito, razo de ser de uma petio, arrazoado ou causa. Aprecia-se o mrito aps as questes preliminares, pois estas podero tornar prejudicado o pedido. O juiz, pela apreciao do mrito, julgar procedente a ao e dar sentena. O juiz conhecer diretamente do pedido, proferindo a sentena, quando a questo de mrito for unicamente de direito ou, sendo de direito e de fato, no houver necessidade de produzir prova em audincia; ou quando ocorrer a revelia, a menos que o revel comparea antes do julgamento. Em recurso a 2 instncia, rejeitada a preliminar, ou se com ela for compatvel a apreciao do mrito, seguir-se-o a discusso e julgamento da matria principal, pronunciando-se sobre esta os juzes vencidos na preliminar. O CPC prev todas as hipteses para a extino do processo com e sem julgamento do mrito. (C.P.C. Arts. 267 e 269, 330, I, 561).

J para Elizer Rosa[2]Mrito significa: a lide. Julgar o mrito julgar a lide, ou, noutras palavras, julgar o pedido do autor qualificado pela resistncia do ru (...) ter-se- a conceituao de mrito consubstanciada na prpria lide, submetida apreciao de rgo jurisdicional, com os limites impostos pelo autor, ao deduzir sua pretenso em juzo, por meio de uma petio inicial.

Na viso de Humberto Theodoro Junior[3]lide e mrito da causa so sinnimos para o Cdigo. O pedido do autor, manifestado na propositura da ao, revela processualmente qual a lide que se pretende compor atravs da tutela jurisdicional. (...) o reconhecimento do pedido refere-se diretamente ao prprio direito material sobre o qual se funda a pretenso do autor.

Aps verificarmos os conceitos acima exarados, tem-se que a Constituio Federal assegura a todo aquele que afirma ter sofrido leso em direito individual, o direito de invocar a jurisdio, a instaurar processos e a pedir a tutela jurisdicional, direito esse a que se d o nome de ao. Por isso se pode dizer que, no mbito do processo, existe um trinmio: pressupostos processuais, condies da ao e mrito.

No projeto do CPC vigente, o vocbulo lide ora significa processo, ora o mrito da causa. Lide , consoante a lio de Carnelutti, o conflito de interesses qualificado pela pretenso de um dos litigantes e pela resistncia do outro. O julgamento desse conflito de pretenses, mediante o qual o juiz, acolhendo ou rejeitando o pedido, d razo a uma das partes e nega-a outra, constitui uma sentena definitiva de mrito. A lide , portanto, o objeto principal do processo e nela se exprimem s aspiraes em conflito de ambos os litigantes.

Como o Estado no tolera a justia feita pelas prprias mos dos interessados, caber parte deduzir em juzo a lide existente e requerer ao Juiz que a solucione na forma da lei, fazendo, de tal maneira, a composio dos interesses conflitantes, uma vez que os respectivos titulares no encontram um meio voluntrio ou amistoso para harmoniza-los. Diante disso, o objetivo da atividade estatal colocar fim ao processo, entregando a prestao jurisdicional. Assim, a soluo da ao, afinal, ser a soluo da pretenso. Como o direito de ao abstrato, o juiz pronunciar, em sentena, sobre o mrito, e compor a lide, tenha ou no o autor o direito substancial invocado.

Quando se fala na previso em abstrato do pronunciamento pretendido, ou no veto que lhe seja aposto, no considerado o tipo processual de sentena a que o autor visa, mas a soluo por ele pleiteada para a composio da lide. O que se tem de levar em conta o tipo de soluo que o autor busca para compor a lide, ou seja, a sentena, considerada como ato estatal que defini o litgio quanto ao mrito.

Sendo assim, conforme Art. 162, 1 do CPC, a sentena o ato pelo qual o juiz pe termo ao processo, decidindo ou no o mrito da causa.

Tambm, importante se faz observar que, o art. 468 do CPC, o qual dispe que: a sentena, que julgar total ou parcialmente a lide, tem fora de lei nos limites da lide e das questes decididas, tem o marcante propsito de dimensionar a autoridade da sentena trnsita em julgado frente lide e demais questes decididas, outorgando quela eficcia de lei ante as partes e nos limites do apreciado[4].

Assim, o juzo no est adstrito ao acolhimento ou rejeio sempre integral da pretenso deduzida pelo autor, eis que poder acolhe-la ou rejeit-la apenas parcialmente e mesmo assim estar julgando a lide na sua integralidade, no havendo, pois, negativa de jurisdio ou, muito menos, apreciao apenas parcial do pedido.

De outra banda, vale registrar que com acolhimento ou rejeio total ou parcial do pedido estar o juzo a proceder, exame de mrito, e, portanto, extinguindo, por sentena, na forma do Artigo 269 do CPC, o processo.

Por todo o exposto conclu-se que, para se considerar sentena de mrito o julgamento de uma causa, no preciso que o juiz empregue os termos procedncia ou improcedncia do pedido. Sempre que houver exame e soluo do pedido do autor, ou seja, soluo da lide, favorvel ou no sua pretenso, de mrito ser a sentena.

BIBLIOGRAFIA:

FRANA, Limongi.Enciclopdia Saraiva do Direito.Ed. Saraiva. 1980. So Paulo.GUIMARES, Deocleciano Torrieri. Dicionrio Tcnico Jurdico.Ed. Rideel Ltda. So Paulo. 5 ed.HEODORO JR, Humberto.Curso de Direito Processual Civil. 36 ed. Ed. Forense. 2001. Rio de Janeiro. Vol. I.PORTO, Srgio Gilberto.Comentrios ao Cdigo de Processo Civil. Ed. Revista dos Tribunais. Vol. 6. 2000.GRECO FILHO, Vicente.Direito processual Civil Brasileiro. 1 vol. Ed. Saraiva. 13 ed. 1998.Notas:

[1]GUIMARES, Deocleciano Torrieri.Dicionrio Tcnico Jurdico.Ed. Rideel Ltda. So Paulo. 5 ed. p.406.[2]FRANA, Limongi. Enciclopdia Saraiva do Direito.Ed. Saraiva. 1980. So Paulo. p. 296.[3]THEODORO JR, Humberto.Curso de Direito Processual Civil. 36 ed. Ed. Forense. 2001. Rio de Janeiro. Vol. I, p. 281.[4]PORTO, Srgio Gilberto.Comentrios ao Cdigo de Processo Civil. Ed. Revista dos Tribunais. Vol. 6. 2000. p. 189