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NÃO CLASSIFICADO S. R. MINISTÉRIO DA DEFESA NACIONAL CONSELHO DE CHEFES DE ESTADO-MAIOR NÃO CLASSIFICADO CONCEITO ESTRATÉGICO MILITAR CEM 2014 Aprovado pelo MDN em 22 de julho de 2014. Confirmado em CSDN de 30 de julho de 2014.

CONCEITO ESTRATÉGICO MILITAR (CEM) - … · nÃo classificado s. r. ministÉrio da defesa nacional conselho de chefes de estado-maior nÃo classificado conceito estratÉgico militar

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NÃO CLASSIFICADO

S. R.

MINISTÉRIO DA DEFESA NACIONAL

CONSELHO DE CHEFES DE ESTADO-MAIOR

NÃO CLASSIFICADO

CONCEITO ESTRATÉGICO

MILITAR

CEM 2014

Aprovado pelo MDN em 22 de julho de 2014. Confirmado em CSDN de 30 de julho de 2014.

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Referências:

A. Constituição da República Portuguesa.

B. Lei de Defesa Nacional (LDN).

C. Lei Orgânica de Bases de Organização das Forças Armadas (LOBOFA).

D. Conceito Estratégico de Defesa Nacional, DR de 5 de abril de 2013.

E. Resolução do Conselho de Ministros (RCM) n.º26/2013, DR de 19 de abril.

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ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO

2. FINALIDADE

3. ENQUADRAMENTO

a. Ambiente Externo

b. Ambiente Interno

c. Ameaças e Riscos

4. CENÁRIOS DE EMPREGO DAS FORÇAS ARMADAS

a. C1 – Segurança e defesa do território nacional e dos cidadãos (1) Defesa convencional do TN (2) Garantia de circulação no espaço interterritorial (3) Atuação em estados de exceção (4) Evacuação de cidadãos nacionais em áreas de crise (5) Extração/proteção de contingentes/Forças Nacionais Destacadas

(FND) (6) Ciberdefesa (7) Cooperação com as forças e serviços de segurança

b. C2 – Defesa coletiva

c. C3 – Exercício da soberania, jurisdição e responsabilidades nacionais (1) Vigilância e controlo, incluindo a fiscalização e o policiamento aéreo,

dos espaços sob soberania e jurisdição nacional (2) Busca e salvamento (3) Segurança das linhas de comunicação no EEINP

d. C4 – Segurança cooperativa (1) Operações de Resposta a Crises no âmbito da OTAN (não artigo 5º); (2) Outras operações e missões no âmbito da OTAN; (3) Operações e missões no âmbito da UE; (4) Operações de Paz no âmbito da ONU e da CPLP; (5) Operações e missões no âmbito de acordos bilaterais e multilaterais.

e. C5 – Apoio ao desenvolvimento e bem-estar (1) Apoio à proteção e salvaguarda de pessoas e bens (2) Apoio ao desenvolvimento

f. C6 – Cooperação e assistência militar (1) Cooperação e assistência militar de natureza bilateral e multilateral; (2) Ações no âmbito da Reforma do Sector de Segurança (RSS) de

outros países

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5. CONCEITO DE AÇÃO MILITAR

a. Objetivos Estratégicos Militares

b. Ação Militar (1) Empenhamento em tempo de paz (esforço padrão):

(a) C1 – Segurança e defesa do território nacional e dos cidadãos (b) C2 – Defesa coletiva (c) C3 – Exercício da soberania, jurisdição e responsabilidades

nacionais (d) C4 – Segurança cooperativa (e) C5 – Apoio ao desenvolvimento e bem-estar (f) C6 – Cooperação e assistência militar

(2) Empenhamento em estados de exceção/tempo de crise (3) Empenhamento em tempo de guerra (esforço máximo)

c. Nível de Ambição (1) Conjunto (2) Marinha (3) Exército (4) Força Aérea

6. ORIENTAÇÕES ESPECÍFICAS

a. Missões das Forças Armadas

b. Sistema de Forças

c. Dispositivo de Forças

d. Estratégia Militar Operacional

ANEXO A – METODOLOGIA

ANEXO B – CARACTERIZAÇÃO DE AMEAÇAS E RISCOS

ANEXO C – CENÁRIOS, OBJETIVOS ESTRATÉGICOS MILITARES E TIPOLOGIA DE FORÇAS

ANEXO D – CENÁRIOS E SUBCENÁRIOS DE ATUAÇÃO DAS FORÇAS ARMADAS

NOTA INFORMATIVA: Devido à sua Classificação de Segurança, os Anexos B e D são

distribuídos separadamente.

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1. INTRODUÇÃO

a. A reconfiguração do sistema internacional, nomeadamente no continente

europeu, durante a primeira década do século XXI, motivou uma reflexão

profunda sobre o papel de cada um dos diferentes atores na cena política

internacional, que conduziu à atualização dos principais documentos em

que assenta a respetiva postura estratégica. Assim sucedeu com Portugal,

designadamente na área da defesa nacional, com a aprovação do Conceito

Estratégico de Defesa Nacional (CEDN) 2013.

A crescente vaga de globalização a que se vem assistindo, catalisada por

uma verdadeira revolução na área das Tecnologias de Informação e

Comunicação (TIC), acelerou o ritmo de mudança no ambiente

internacional, conduziu à reconfiguração dos espaços de interesse dos

atores internacionais num quadro alargado de objetivos comuns, em que a

concertação, o diálogo e a cooperação têm sido os instrumentos

privilegiados de atuação.

Nesse quadro, ocorrerá um recrudescimento das intervenções de natureza

multilateral, que necessitarão, cada vez mais, de ser legitimadas pela

comunidade internacional. É neste âmbito que a ONU, tendo sabido manter

um importante papel ao nível da prevenção e resolução de conflitos, pode

garantir o «primado do direito» e assumir uma posição de ainda maior

relevância.

No espaço alargado em que Portugal se insere, têm vindo a ser adotados

novos conceitos estratégicos, sendo exemplo o Conceito Estratégico de

2010 da OTAN, que veio redefinir o âmbito de atuação da organização,

aumentar e reforçar a cooperação entre os seus membros, e aprofundar as

relações com os seus parceiros estratégicos. Por outro lado, com o Tratado

de Lisboa (2007), foram dados importantes passos no sentido de dotar a

UE de uma política própria de segurança e defesa e dos instrumentos para

a sua aplicação.

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b. Portugal tem sabido demonstrar a sua determinação e empenho em

iniciativas de natureza multilateral, sendo de registar as participações de

Forças Nacionais Destacadas (FND) em operações internacionais de média

e alta intensidade, bem como o incremento de atuação no âmbito interno,

ao nível das responsabilidades nacionais nos espaços de soberania e

jurisdição, no apoio da segurança humana, na proteção de infraestruturas e

recursos estratégicos críticos.

A adoção, em abril de 2013, do novo CEDN e, fundamentalmente, as

análises e orientações nele incluídas, quanto ao ambiente e enquadramento

da atuação, missões e capacidades das Forças Armadas, determinaram a

atualização do Conceito Estratégico Militar (CEM) a qual recolheu ainda

orientação política na RCM n.º26/2013 – «Defesa 2020».

2. FINALIDADE

Enquanto documento central da ação estratégico-militar nacional para a

definição da estratégia operacional, da qual decorrem a estratégia estrutural e a

estratégia genética, o CEM tem por finalidade orientar a constituição de um

instrumento militar que permita dar respostas às necessidades, interesses e

responsabilidades de âmbito nacional, onde se incluem as solicitações de

natureza coletiva e cooperativa.

Para o efeito, o CEM estabelece o Conceito de Ação Militar e as orientações

específicas atinentes ao trabalho subsequente, de definição das Missões das

Forças Armadas (MIFA), do Sistema de Forças (SF) e do Dispositivo de Forças

(DIF), constituindo, ainda, a base para o planeamento da estratégia operacional.

Através do Anexo A é apresentada a metodologia utilizada na elaboração do CEM

e é descrita conceptualmente a sua estrutura.

3. ENQUADRAMENTO

a. Ambiente Externo

(1) Ao longo da última década, o ambiente internacional tem sido

marcado pelo fenómeno da globalização e por um esforço de

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afirmação do diálogo e da cooperação entre os povos.

(2) Esta realidade materializa um conjunto de novas oportunidades que

vieram reafirmar o papel das organizações internacionais como

fundamental num contexto de segurança e defesa. Muitos dos atores

aproveitaram para redefinir a sua postura e utilidade perante um

ambiente em mudança, encetando verdadeiros processos

transformacionais que, no plano nacional, importa saber compreender

e explorar:

O Conceito Estratégico da OTAN de 2010 manteve as tarefas

tradicionais de defesa coletiva dos seus membros e o

crescimento da intervenção militar para a prevenção e gestão de

crises “out of area” – lançamento de Operações de Resposta a

Crises (Crisis Response Operations) – mas deu, também, um

novo impulso às questões das parcerias com as várias

organizações internacionais globais, regionais e com

determinados Estados relevantes na atual ordem internacional.

Esta realidade reforça a importância da OTAN para a defesa

coletiva, seja num papel de dissuasão, pelas capacidades e

prontidão de resposta de que dispõe, numa ótica de contenção,

pela condução de operações além-fronteiras, ou, ainda, numa

perspetiva de prevenção, pelo estabelecimento de laços no plano

mais alargado da diplomacia e da cooperação;

Sem que tenha sido alterado o nível de ambição da OTAN,

perspetiva-se o abrandamento do ritmo operacional de

operações de grande envergadura, a par de uma adaptação

da estrutura de comando para a condução de múltiplas

operações de média e pequena dimensão, originando uma maior

ênfase na necessidade de criar e manter um exigente programa

de exercícios, quer em dimensão, quer em número, relevando a

importância do treino e da formação, para assegurar a

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interoperabilidade e a prontidão de resposta das forças e

concomitantemente contribuir para a função dissuasão. Esta

nova postura recupera a noção de que só é possível materializar

elevados níveis de desempenho, através de um esforço

continuado no treino, aspeto que, num passado recente foi

tendencialmente mais restrito face à diversificação da tipologia

das operações. A evolução recente do ambiente estratégico no

Continente Europeu aponta para uma nova refocagem na Defesa

Coletiva;

O aprofundamento da Política Comum de Segurança e

Defesa (PCSD) no quadro da UE, nomeadamente através da

geração de capacidades militares próprias, procura responder à

necessidade do empenhamento europeu para assumir um papel

ativo na segurança internacional e no apoio humanitário num

quadro de gestão de crises, sem esquecer, contudo, o vínculo

transatlântico e evitando a duplicação de esforços. Tal ideia

potencia a criação de parcerias regionais que explorem a

unidade de esforço e a implementação de soluções que

aproveitem as economias de escala, podendo conduzir a uma

maior racionalização de sistemas e dispositivos, sem, contudo,

perder de vista as questões relacionadas com a autonomia

necessária para prosseguir interesses e estratégias de forma

autónoma.

(3) Mas a transição para a multipolaridade vem também gerar novos

desafios à estabilidade e aos equilíbrios regionais que asseguraram a

manutenção de uma ordem internacional ora em transformação.

Compreender tal dinâmica revela-se essencial para que se encontrem

as soluções mais adequadas para fazer face a esses desafios.

Inserem-se nesta lógica:

O elevado crescimento económico em países como o Brasil, a

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Rússia, a India e a China, reflete-se, também, no aumento de

interesses de natureza estratégico-militares. Esta realidade

provocou já a reorientação estratégica dos EUA, do Atlântico

para a região da Ásia e Pacífico, colocando sobre a Europa maior

responsabilidade e, por consequência, a necessidade de assumir

um maior esforço relativamente à sua própria defesa e

segurança. Acresce que, tal realinhamento poderá potenciar a

criação de vazios estratégicos, cujo preenchimento importa

acautelar;

O recrudescimento de ameaças de tipo convencional passível de

alterar os anteriores equilíbrios junto às fronteiras europeias

exige que se melhore a capacidade de dissuasão, de previsão e

de antecipação de comportamentos que possam indiciar a

materialização de ameaças à segurança das fronteiras

europeias, o que só será possível através da partilha de

informação e da unidade de esforço ao nível da vigilância,

controlo e intervenção nos espaços de interesse, onde se inclui o

espaço da Aliança Atlântica;

As tensões e os conflitos que, mesmo enquanto contidos fora

das fronteiras europeias, como no caso da designada

“Primavera Árabe”, são potenciais geradores de fenómenos de

migração em massa, de situações de carência humanitária e de

dificuldades no abastecimento energético (i.e. gás e crude) a

alguns países da UE. Também na África subsariana, têm

emergido Estados frágeis ou em colapso, com implicações em

termos de segurança, com especial relevância para fenómenos

de terrorismo, pirataria marítima, criminalidade organizada,

associada a todo tipo de tráfico transnacional. Esta constatação

impõe que se melhore a articulação interagências e a

complementaridade no emprego dos instrumentos militares e

não-militares;

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A profunda crise económica e financeira mundial que,

afetando sobretudo os EUA e o espaço da UE, colocou os

Estados ocidentais perante o dilema de terem de promover um

maior esforço no sentido do reforço e da consolidação dos

mecanismos de segurança cooperativa, com a tendência para,

simultaneamente, reduzir os respetivos orçamentos de defesa,

com a consequente criação de vulnerabilidades coletivas. Neste

contexto, procuram desenvolver-se mecanismos para a criação

de parcerias multinacionais bem como a adoção de uma

abordagem holística nas respostas a crises, articulando de forma

crescente meios civis e militares, que permitam obter sinergias,

partilhando capacidades.

b. Ambiente Interno

(1) Num ambiente globalizado e interdependente, onde as diferenças

tendem a diluir-se, e os valores a uniformizar-se ou a tornar-se

comuns, é essencial que os Estados sejam capazes de se afirmar

como entidades com vontade e interesses específicos. Este desiderato

só poderá ser atingido se se evitar a criação de quaisquer “vazios

estratégicos”, incluindo no domínio militar.

(2) Para tal, a exploração das potencialidades próprias constitui um

ativo importante para racionalizar opções e maximizar o emprego

articulado das capacidades nacionais, garantindo que o País mantém

um adequado grau de autonomia na escolha e materialização da sua

ação. Neste contexto, os ativos a explorar são:

A História, que nos molda enquanto povo com um ideal e

atitude, e nos concede os ensinamentos / fundamentos sobre os

quais se poderá construir o futuro;

A identidade nacional, onde se inclui a diáspora, que assegura

a união perante as grandes causas nacionais e a coesão perante

a adversidade;

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A cultura e o espaço linguístico, presentes em todos os

continentes, que potenciam o acesso a áreas estratégicas, a

aceitação internacional de Portugal enquanto interlocutor isento

e um ambiente favorável à mediação e prossecução de

interesses nacionais;

O regime democrático consolidado, que legitima a ação

política;

As participações na OTAN, na UE e na ONU, que

demonstram, e credibilizam, o empenho e a determinação

nacional na presença e participação nos processos e ações

coletivas tendentes à criação de um clima melhorado de paz e

segurança internacionais, em particular na promoção da

estabilidade em regiões próximas da Europa;

O mar e a centralidade no espaço euro-atlântico, que, por

um lado, quando consubstanciado no aumento da área de

soberania e jurisdição nacional associada à extensão da

plataforma continental, potencia o acesso a recursos naturais

com significativo impacto económico. Por outro, quando

perspetivado na assunção das responsabilidades internacionais e

dos direitos de soberania e jurisdição, nomeadamente sobre as

Regiões de Informação de Voo e de Busca e Salvamento e a

Zona Económica Exclusiva (ZEE), faz confinar as fronteiras

marítimas e aéreas de Portugal com as da América do Norte

(EUA e Canadá), reforçando o papel do País nas relações

transatlânticas e credibilizando a capacidade nacional como ator

da cena internacional, aspetos de manifesta relevância nos

planos político e militar;

(3) Simultaneamente, existem vulnerabilidades e preocupações que o

País tem de considerar:

A descontinuidade territorial que, se por um lado confere

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uma maior profundidade estratégica ao País, por outro, implica a

presença e, se necessário, a defesa, para garantir a livre

circulação no espaço interterritorial e o abastecimento das

regiões periféricas, o que obriga à dispersão de forças, bem

como a aptidão para as reforçar e um esforço continuado de

vigilância, controlo e intervenção nesse espaço;

A dependência do exterior em matéria de recursos

energéticos e alimentares que impõe que, através da projeção de

força além-fronteiras, se contribua ativamente para o esforço

internacional de combate às ameaças que impedem a livre

circulação de pessoas e bens, o que, num contexto de carência

noutras áreas com muita visibilidade social, pode alienar a

opinião pública e, com ela, o apoio político a essas operações;

A proximidade a regiões com tendências fragmentárias

ou com forte instabilidade política, social e demográfica,

que pode colocar o País perante situações de significativa

dimensão humanitária, social, ou securitária;

As severas limitações orçamentais e o envelhecimento da

população que, durante um período de tempo muito alargado,

irão condicionar o funcionamento da componente militar da

defesa nacional.

c. Ameaças e Riscos1

(1) A realidade geoestratégica descrita, potencia a eclosão de múltiplos

focos de tensão ou conflitualidade que motivam a emergência de

novos polos de poder:

Uns, materializando um alinhamento regional segundo objetivos

estratégicos comuns, tendo por base a criação e ampliação da

interdependência entre Estados;

1 Conceito de riscos entendido como eventos não intencionais, com impacto estratégico.

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Outros, evidenciando a aspiração de núcleos populacionais com

firme vontade de viverem como comunidades autónomas e

culturalmente individualizadas;

Outros, ainda, à margem do concerto das nações e do respeito

pelo Direito Internacional, constituem-se em poderes “erráticos”.

(2) O novo ambiente estratégico, ao mesmo tempo que renova as

preocupações com as ameaças tradicionais clássicas de cariz militar às

fronteiras de segurança, como a europeia, fez surgir fatores de

instabilidade traduzidos em novos perigos e potenciais ameaças, de

que as ações de terrorismo transnacional são um trágico exemplo.

Esta realidade, incidindo, potencialmente, sobre infraestruturas

críticas, é passível de causar perturbações ao fornecimento de bens de

primeira necessidade, gerar insegurança e provocar a perda de

confiança nas instituições, afetando o normal funcionamento da

sociedade e do Estado de Direito.

(3) Atualmente, a instabilidade, por vezes associada a Estados frágeis,

cujas instituições deixaram de exercer o efetivo controlo, desenvolve-

se sob a forma de tensões e de conflitos armados fundamentados em

radicalismos de natureza étnica, religiosa e ideológica, conotados

muitas vezes com reivindicações de natureza territorial e originando,

em tantos casos, movimentos descontrolados de refugiados com

graves repercussões sociais e económicas sobre as populações

deslocadas e sobre as comunidades de acolhimento. Este é um

problema complexo, pois, pode fazer com que a tentativa de conter o

movimento dos refugiados, coloque em conflito os Estados de origem

com os países que aceitam prestar auxílio. Por outro lado, o impacto

socioeconómico de uma deslocação em massa pode originar

fenómenos de xenofobia e de instabilidade social nos países de

acolhimento, cujo reflexo poderá ser a retaliação sobre as

comunidades estrangeiras residentes nos territórios/regiões em

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conflito, fazendo perigar os interesses de pessoas e bens e

compelindo os Estados a agir para os proteger e salvaguardar,

acrescentando, assim, um problema a outro.

(4) Os fatores estratégico-económicos, agravados por uma significativa

explosão demográfica em diversas regiões, têm conduzido igualmente

ao desenvolvimento de fluxos migratórios em direção às regiões mais

desenvolvidas, na sua grande maioria situadas no hemisfério Norte,

com um impacto negativo sobre os países de destino. Traduzindo-se,

essencialmente, em custos sociais e económicos relacionados com a

integração dos migrantes, trata-se de uma questão, mais uma vez,

passível de gerar tensões que, à vez, poderão redundar em represálias

sobre as comunidades ocidentais radicadas nas regiões afetadas.

Como do anterior, tal compelirá os Estados a agir para assegurar a

proteção e a salvaguarda de pessoas e bens.

(5) Face à necessidade de afirmação ou dissuasão por parte de alguns

Estados, continua a verificar-se a ameaça de fenómenos de

proliferação de armas de destruição massiva e respetivos vetores de

lançamento, capazes de comprometerem a segurança e estabilidade

regionais, e a ações de terrorismo internacional de alcance cada vez

mais global, conjugando a violência tradicional, atentados e ações

bombistas, com a possível utilização do ciberespaço e de meios de

destruição em grande escala, com implicações na segurança e bem-

estar das populações. Esta realidade reflete-se, assim, e

potencialmente, de três formas com perigosidade crescente:

No acesso, por atores não-estatais, a instrumentos de elevada

perigosidade, que potenciam a realização de ações terroristas de

maior impacto e gravidade;

Na reclamação, por atores regionais, de direitos (soberanos)

sobre pontos focais ou sobre outras áreas que afetam a livre

circulação de pessoas e bens;

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Na alteração de equilíbrios regionais com o aumento da

hostilidade, incluindo no plano militar.

(6) Também as eventuais roturas no aprovisionamento de recursos vitais

e os atentados ecológicos são ameaças à estabilidade a ter em conta

na atual conjuntura, tanto mais que o planeta regista uma sobre-

exploração dos recursos existentes, um desordenamento territorial

provocado pela ação do homem, uma atividade intensa de transporte

e queima de combustíveis fósseis e um processamento de resíduos

radioativos e tóxicos. Além do óbvio impacto na qualidade de vida das

populações, cuja degradação se reflete em tensões sociais e, em

última instância, na perda de confiança nas instituições, tais

fenómenos redundam em pressões externas sobre os recursos e as

áreas sob soberania e jurisdição dos Estados, onde a eventual falta de

vigilância, de controlo e de capacidade de intervenção afeta a sua

credibilidade, e potencia a perda desses direitos em benefício de

terceiros.

(7) Entre as principais ameaças aos Estados, à segurança e ao bem-estar

das populações, destaca-se ainda:

O crime organizado, que se apresenta como um fenómeno de

dimensão transnacional, abrangendo o tráfico de armamento e

tecnologia Nuclear, Biológica, Química e Radiológica (NBQR), e o

narcotráfico, que merece especial atenção, já que, quer pela sua

dimensão, quer pelos efeitos devastadores que representa para a

sociedade, constitui um flagelo para o qual importa encontrar

respostas autónomas e concertadas no seio da comunidade

internacional;

A imigração ilegal;

O ciberterrorismo e os ataques às infraestruturas nacionais de

informação e comunicação.

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Ocorrendo, qualquer destes problemas, a partir do exterior, uma

inadequada articulação entre a componente militar da defesa nacional

e outros agentes, não só nacionais, limita a capacidade do Estado

para prever e antecipar ocorrências e, em consequência, expõe a sua

vulnerabilidade aos efeitos nefastos dessas ações, o que pode

também refletir-se na eventual perda de confiança nas instituições e

no normal funcionamento do Estado de Direito.

(8) Importa, ainda, ter em conta os riscos cujas consequências afetam

diretamente o território, o EEINP2, a população, a economia, o

ambiente e a estabilidade social. Destacam-se:

Os decorrentes dos incidentes/acidentes marítimos e aéreos;

Os incêndios, as cheias e outras catástrofes naturais, cuja

mitigação é apoiada com recurso às capacidades militares;

Os resultantes de fenómenos naturais, situações ambientais

extremas, pandemias e outros riscos sanitários.

(9) Entre as ameaças e riscos que continuarão a enformar o ambiente

estratégico militar, identificam-se com particular relevância para o

espectro de atuação das Forças Armadas:

A persistência de ameaças do tipo convencional que se

manifestam por via direta ou indireta, em territórios de outros

Estados. Estas ações traduzem-se, muitas vezes, na própria

ocupação do território de outro Estado, ou no apoio a

movimentos de subversão que procuram fragilizar as instituições

democráticas instituídas, pretendendo promover a autonomia, a

independência ou a própria integração em outros espaços. Para

2 EEINP - Espaço Estratégico de Interesse Nacional Permanente é o espaço que corresponde ao território nacional compreendido entre o ponto mais a norte, no concelho de Melgaço, até ao ponto

mais a sul, nas ilhas Selvagens, e do seu ponto mais a oeste, na ilha das Flores, até ao ponto mais a

leste, no concelho de Miranda do Douro, bem como o espaço interterritorial e os espaços aéreos e marítimos sob responsabilidade ou soberania nacional.

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evitar que esses fenómenos possam ocorrer no espaço da EU ou

da OTAN é fundamental garantir, em primeiro lugar, capacidade

de dissuasão, uma permanente disponibilidade para vigiar,

controlar e, se necessário, participar nos esforços internacionais

para repor a legalidade, através de uma presença militar, dentro

ou na periferia dos espaços de segurança partilhados.

A propagação de formas de combate assimétrico, que se

caracterizam por uma grande diversidade e flexibilidade nos seus

vetores de atuação. Sendo espectável, sobretudo, em teatros

além-fronteiras, combater a ameaça assimétrica com sucesso,

dependerá, por um lado, da aptidão para prever e antecipar

ações, e, por outro, da faculdade de adaptar as reações às

alterações dos modos de operação. Para isso, deverão contribuir,

decisivamente, capacidades militares que visem a edificação de

conhecimento situacional, a geração de aviso antecipado, a

projeção e coordenação de meios, a flexibilidade da ação, a

proteção e a continuidade das operações;

O terrorismo transnacional, o ciberterrorismo e a

cibercriminalidade, e o crime organizado, onde se inclui o

tráfico de pessoas, armas e drogas, que se projetam,

principalmente, do exterior para o interior das fronteiras. O

essencial do combate a este tipo de ações reside na

«antecipação», para que as autoridades nacionais possam gerar

respostas, em tempo. A articulação da componente militar da

defesa nacional com outros organismos do Estado, em reforço e

complemento, revela-se fundamental para a geração de alertas e

para a interseção dos vetores de ação. Neste âmbito, destacam-

se as capacidades que se centram na edificação de

conhecimento situacional, no aviso antecipado, na proteção e na

atuação em profundidade, bem como o apoio militar;

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A pirataria marítima que, afetando rotas comerciais vitais para

o fluxo de matérias-primas para o País, obriga a uma postura

proactiva e desejavelmente coordenada com a comunidade

internacional. Exige a projeção e a permanência nas áreas

afetadas por períodos alargados, por ser uma questão que

requer tempo para se aprender, adaptar e reajustar modos de

operação, podendo implicar ações no âmbito da Reforma do

Setor de Segurança (RSS) e no levantamento de capacidades

regionais de combate à pirataria;

A proliferação das armas de destruição massiva NBQR,

que ocorre em espaços internacionais ou através de regiões

pouco controladas pelos Estados, é igualmente contrariada

através de abordagens multinacionais. O êxito de tais iniciativas

assenta, primariamente, num sólido conhecimento situacional, e

exige uma presença constante e determinada que assegure uma

capacidade permanente de vigilância e intervenção;

A fragilização de Estados que, colocando em risco a

segurança, a economia ou o modo de vida num crescente

número de regiões, como é o caso das que se estendem desde o

Médio Oriente ao norte de África e Sahel, fazem perigar o

equilíbrio e a estabilidade regionais, podendo mesmo alastrar

para dentro das fronteiras de outros Estados (incluindo os

ocidentais), exigindo intervenções firmes da comunidade

internacional. Para enfrentar esta ameaça, torna-se necessário

manter um constante enfoque ao nível do conhecimento

situacional nessas regiões, antecipando e prevenindo potenciais

problemas, através de ações que visem quer o apoio à paz, quer

o restabelecimento da paz e o auxílio na reconstrução. Além da

cooperação civil-militar (CIMIC) e da assistência militar que seja

imperioso desenvolver em prol dos fins a alcançar, o grau de

exigência das ações pode levar à necessidade de projeção de

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forças, e à permanência nos teatros por períodos de tempo

prolongados;

Os fluxos migratórios ilegais, com risco de pandemias e

outros riscos sanitários, que poderão vir a constituir fontes de

pressão e de instabilidade socioeconómica nos países de destino.

A forma mais consentânea de contrariar tais consequências, será

apostar na antecipação e na prevenção das ocorrências, para o

que poderá contribuir, decisivamente, um sólido conhecimento

situacional, a coordenação entre meios de diferentes agências e

a atuação em profundidade, desideratos onde têm enorme

utilidade as capacidades da componente militar da defesa

nacional;

As disputas pelo controlo de recursos naturais (água, gás

natural, petróleo), que se refletirão numa crescente pretensão de

terceiros sobre áreas soberanas ou jurisdicionais. Para contrariar

tais reivindicações, será essencial assegurar que os Estados

consigam vigiar, controlar e intervir nesses espaços,

credibilizando a capacidade de neles exercer a sua autoridade. A

articulação de outros agentes com a componente militar da

defesa nacional, na partilha de conhecimento situacional, na

coordenação dos meios a envolver e na atuação em

profundidade, transparece como forma eficiente e eficaz, de gerir

e empregar capacidades militares em prol daqueles desideratos;

As situações ambientais extremas, designadamente,

alterações climáticas, sismos, a ocorrência de ondas de calor e

de frio, os atentados ao ecossistema, as pandemias e outros

riscos sanitários, que afetam, particularmente, as atividades

económicas, logo, a qualidade de vida das populações. Uma vez

que estes perigos não podem ser evitados, combatem-se ao

nível da prevenção, assegurando que a lei e demais

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regulamentos são cumpridos e, em colaboração da componente

militar da defesa nacional com as autoridades de proteção civil,

através do apoio militar às populações em situações de

catástrofe para reduzir alguns dos riscos que lhe estão inerentes;

(10) Este panorama de ameaças e riscos configura uma situação em que

os Estados são confrontados com a necessidade de recorrer a um

vasto leque de recursos e, não somente, a meios exclusivamente

dedicados a uma só finalidade, numa perspetiva de transversalidade;

(11) A tipologia dos novos conflitos tornou-se, por isso, mais complexa, e a

própria natureza do emprego de forças militares encontra-se em

transformação, visando adequar-se aos desafios dos novos cenários e

à evolução tecnológica, tendo em conta o seu impacto na doutrina

militar. Para tal, releva o facto de que qualquer ameaça só pode ser

eficazmente combatida se mantida à distância, o que requer uma

abordagem conceptual visando desencorajar (dissuadir), detetar,

condicionar (circunscrever), controlar e neutralizar.

4. CENÁRIOS DE EMPREGO DAS FORÇAS ARMADAS

Considerando as missões das Forças Armadas definidas genericamente na CRP e

na lei, a conjuntura estratégica e os objetivos da política de defesa nacional, são

estabelecidos cenários e subcenários3, entendidos como situações hipotéticas,

prováveis e possíveis do emprego da força militar.

Entre outros objetivos, pretende-se, com a “cenarização”, contribuir para o

refinamento do pensamento estratégico, com reflexo na definição dos Objetivos

Estratégicos Militares e do Conceito de Ação Militar, na definição das MIFA, do

SF, e do DIF, e apoiar a tomada de decisão relativa ao levantamento ou

sustentação de capacidades;

O emprego das Forças Armadas nos cenários adiante tipificados, respeita as

3 Ver Anexo B “Caracterização de ameaças e riscos” ; Anexo C “Cenários, objetivos estratégicos militares e tipologia de forças” e Anexo D “Cenários e Subcenários de atuação das Forças Armadas.”

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prioridades e orientações contidas no CEDN, designadamente no que concerne:

À eventualidade de se perpetrar um ataque militar convencional ao

Território Nacional (TN);

À atenção devida à materialização das ameaças emergentes para dentro

das nossas fronteiras;

Ao imperativo de, numa perspetiva de soberania, não deixar que se

materializem vazios estratégicos nas áreas de interesse nacional;

À necessidade de projetar e manter a imagem de Portugal enquanto

«coprodutor de segurança»; e

Ao papel vital da OTAN para a defesa coletiva.

Para concretizar os objetivos da política de defesa nacional, as Forças Armadas

deverão ser capazes de gerar e explorar as capacidades que lhes permitam

executar missões em diversos cenários gerais de emprego.

Essas capacidades inserem-se nas áreas de capacidade4 de: Comando e

Controlo; Emprego da Força; Proteção e Sobrevivência; Mobilidade e Projeção;

Conhecimento Situacional; Sustentação; Autoridade, Responsabilidade, Apoio e

Cooperação.

Os cenários gerais de emprego são:

C1 – Segurança e defesa do território nacional e dos cidadãos.

C2 – Defesa coletiva.

C3 – Exercício da soberania, jurisdição e responsabilidades nacionais.

C4 – Segurança cooperativa.

4 Definidas em linha com a doutrina da OTAN, a que acresce a área “Autoridade, Responsabilidade, Apoio e Cooperação”, que congrega capacidades que concorrem para o cumprimento das missões

especificamente cometidas às Forças Armadas, relativas ao exercício da autoridade do Estado nos espaços sob soberania e jurisdição e às responsabilidades nacionais, nomeadamente no âmbito da

vigilância e controlo, incluindo a fiscalização, o policiamento aéreo, a busca e salvamento, bem como

outras ações de interesse público, inerentes ao desempenho das tarefas relacionadas com o desenvolvimento e bem-estar, cooperação e assistência militar.

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C5 – Apoio ao desenvolvimento e bem-estar.

C6 – Cooperação e assistência militar.

Dos cenários anteriormente aduzidos, decorrem subcenários estabelecidos em

função da natureza dos objetivos e interesses que o Estado pretende atingir e

salvaguardar, designadamente:

a. C1 – Segurança e defesa do território nacional e dos cidadãos

A segurança e defesa do TN e a salvaguarda da vida dos cidadãos

portugueses constituem interesses vitais a garantir. Logo, reclamam das

Forças Armadas um conjunto de ações tendentes a fazer face às ameaças e

riscos que os visem diretamente, e tenham como ponto de aplicação o TN,

ou os cidadãos nacionais, no País ou no estrangeiro.

A palavra-chave para este cenário é, por isso, prontidão.

Neste âmbito identificam-se os seguintes subcenários:

(1) Defesa convencional do TN

Entendida num quadro de conflitualidade entre Estados. Apesar de

não se identificarem atualmente, ameaças militares clássicas contra a

integridade do TN, esta continua a ser responsabilidade constitucional

primária das Forças Armadas, dado que envolve a salvaguarda de um

valor vital. Nessa medida, o País deve manter uma capacidade própria

– forças operacionais apoiadas numa estrutura permanente de

comando e controlo – que promova, de forma autónoma ou quando

integrada num esforço coletivo, a dissuasão e defesa.

(2) Garantia de circulação no espaço interterritorial

Dada a natureza descontínua do TN, a vigilância, o controlo e a livre

circulação entre as suas parcelas está associada a objetivos

fundamentais do Estado, como sejam a independência nacional e o

exercício da soberania, pelo que se torna necessário assegurar tal

desiderato, através da manutenção da liberdade de ação, evitando o

isolamento de qualquer uma das suas partes. Este subcenário envolve

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complementaridade com o anterior, dado que a garantia da livre

circulação entre parcelas do TN assenta, também, na defesa dos seus

portos e aeroportos.

(3) Atuação em estados de exceção

Este subcenário, prevê o emprego coordenado com as forças e

serviços de segurança (FSS) e outras autoridades civis, decorrendo da

lei e em conformidade com os mecanismos de articulação a

estabelecer.

(4) Evacuação de cidadãos nacionais em áreas de crise

Este subcenário, envolve a evacuação de cidadãos nacionais, cuja

segurança esteja posta em causa fora do TN, por situações de tensão

ou crise, através de ações autónomas ou eventualmente coligadas.

(5) Extração/proteção de contingentes/Forças Nacionais

Destacadas (FND)

O Estado tem de garantir a segurança daqueles que, em seu nome, se

dispuseram a defender os seus interesses, face a evoluções

desfavoráveis de determinadas intervenções. O planeamento militar

não pode deixar de acautelar, em todas as circunstâncias, a

capacidade de acorrer às modalidades de ação mais perigosas.

(6) Ciberdefesa

Este subcenário diz respeito à intervenção das Forças Armadas no

âmbito da ciberdefesa, através da aplicação de medidas de segurança

que garantam a salvaguarda da informação e a proteção das

infraestruturas de Comunicações e dos Sistemas de Informação das

Forças Armadas contra ciberataques, bem como, o apoio, no caso de

um ciberataque, na proteção e defesa das infraestruturas críticas

nacionais e do governo eletrónico do Estado;

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(7) Cooperação com as forças e serviços de segurança

Este subcenário diz respeito ao emprego das Forças Armadas em

cooperação, nos termos da lei, com as FSS em missões de combate ao

terrorismo, narcotráfico, defesa de pontos sensíveis, cibersegurança e

defesa NBQR, entre outras.

b. C2 – Defesa coletiva

Defesa do território das nações aliadas

O conceito de Defesa Coletiva deriva do artigo 5º do Tratado do Atlântico

Norte e tem por finalidade garantir o envolvimento coletivo na defesa

militar das nações aliadas em caso de ataque a um ou mais dos seus

membros, o que pressupõe a preparação de um dispositivo de defesa

credível, capaz de fazer face a ameaças convencionais ou não

convencionais. De forma idêntica, deverá ser considerada a cláusula de

solidariedade do Tratado de Lisboa, no que respeita à UE. Assim, o poder

de dissuasão da OTAN e da UE torna-as um elemento estruturante da

política de segurança e defesa nacional, num quadro de interdependência

coletiva, da qual resulta a responsabilidade e obrigação de participação

ativa em caso de necessidade.

A palavra-chave para este cenário é credibilidade.

c. C3 – Exercício da soberania, jurisdição e responsabilidades

nacionais

A afirmação da soberania nacional e a concretização das responsabilidades

assumidas, através da ratificação de convenções internacionais, são

funções do Estado cometidas às Forças Armadas, nomeadamente, a

vigilância, a busca e o salvamento marítimo e aéreo e a fiscalização e o

policiamento aéreo de áreas sob soberania e jurisdição nacional. Este

cenário inclui ainda o apoio à busca e salvamento terrestre e, quando

determinado, a vigilância terrestre.

A palavra-chave para este cenário é presença.

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Neste âmbito, identificam-se os seguintes subcenários:

(1) Vigilância e controlo, incluindo a fiscalização e o policiamento

aéreo, dos espaços sob soberania e jurisdição nacional

Atendendo às suas capacidades operacionais, as Forças Armadas têm,

por lei, atribuídas competências de vigilância e controlo, incluindo a

intervenção, fiscalização e o policiamento aéreo, de espaços sob

soberania e jurisdição nacional, por forma a garantir salvaguarda dos

interesses nacionais de âmbito económico, ambiental e de prevenção

de ameaças transnacionais. Inclui-se ainda neste subcenário, a

vigilância terrestre, quando determinado.

(2) Busca e salvamento

Portugal, além da satisfação das necessidades nacionais, assumiu

responsabilidades internacionais no âmbito da busca e salvamento

marítimo e da busca e salvamento aéreo em áreas que se inscrevem

no EEINP. Inclui-se ainda neste subcenário, o apoio à busca e

salvamento terrestre.

(3) Segurança das linhas de comunicação no EEINP

A segurança das linhas de comunicação que intersetam os espaços

adjacentes ao território nacional é fundamental para garantir o normal

abastecimento do País e a estabilidade da circulação comercial

internacional. Para além do interesse nacional específico, a segurança

das rotas internacionais no EEINP, representa um contributo

significativo para a afirmação de Portugal como coprodutor de

segurança internacional.

d. C4 – Segurança cooperativa

A participação das Forças Armadas em ações de nível multinacional

tendentes à resolução de crises internacionais tem como finalidade:

Promover a paz e estabilidade na comunidade internacional;

Fazer face a desastres humanitários;

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Impor o cumprimento do Direito Internacional.

Estas ações visam promover a segurança cooperativa e apoiar a política

externa do Estado em espaços regionais com implicações estratégicas para

Portugal. Esta tipologia de intervenções pode ter lugar no quadro dos

tratados internacionais firmados por Portugal ou no âmbito de eventuais

coligações “ad-hoc”. A participação de Portugal neste tipo de cenários

permite a afirmação da identidade nacional numa lógica de “soberania de

serviço”, em que o Estado Português se disponibiliza para tomar parte nas

ações coletivas tendentes à criação de um clima favorável à paz e

segurança internacional, do qual é diretamente beneficiário.

As palavras-chave para este cenário são: interoperabilidade e projeção.

Neste âmbito identificam-se os seguintes subcenários:

(1) Operações de Resposta a Crises no âmbito da OTAN (não

artigo 5º);

Portugal beneficia e coopera num esforço global de segurança

cooperativa. As ameaças, riscos e a necessidade de promover a

estabilização em áreas dentro da fronteira de segurança da Aliança,

são sempre consideradas num quadro comum por todos os que a

integram. Proporcionalmente à dimensão e interesses de cada um, a

afirmação da OTAN como "produtora de segurança" global, faz-se com

o contributo de todos os países, incluindo Portugal.

(2) Outras operações e missões no âmbito da OTAN;

Deriva dos compromissos assumidos para, em operações e missões

em tempo de paz, permitir ao País integrar forças e estruturas

permanentes da OTAN, para policiamento aéreo, vigilância aero-naval

e afirmação dos interesses da aliança.

(3) Operações e missões no âmbito da UE;

Num esforço contínuo de aprofundar e consolidar a Política Comum de

Segurança e Defesa, Portugal participa em operações e missões no

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âmbito da UE, a fim de contribuir para a promoção da paz e da

segurança internacional.

(4) Operações de Paz no âmbito da ONU e da CPLP;

O esforço desenvolvido, em especial nas últimas décadas, em que se

afirmou a competência e determinação do País, levou a que Portugal

fosse considerado como um parceiro fiável e credível dentro da ONU.

Também no âmbito da CPLP, Portugal tem mantido uma atitude pró-

ativa, em forte ligação com os restantes países, contribuindo para a

coesão e a significância crescente desta organização. A vontade de

prosseguir na ONU e aprofundar esta dimensão na CPLP é,

naturalmente, não apenas do interesse mas, acima de tudo, da

afirmação da vontade de Portugal participar na promoção da paz e

segurança global.

(5) Operações e missões no âmbito de acordos bilaterais e

multilaterais.

Conjunturalmente, Portugal promove acordos e assume compromissos

com um ou mais países, identificando oportunidades, parcerias

estratégicas e sinergias, para uma colaboração que não se esgota nas

alianças e organizações a que pertence. Esta abertura em procurar

estar presente e colaborar em esforços locais, regionais ou globais de

segurança, são a demonstração que, também através das suas Forças

Armadas, Portugal procura afirmar-se como um ator ativo e proactivo

na busca de soluções para uma segurança melhor e mais estável.

e. C5 – Apoio ao desenvolvimento e bem-estar

Para além do serviço público, de valor intangível, inerente ao desempenho

das tarefas relativas à defesa nacional, as Forças Armadas desempenham

outras missões que reforçam a natureza de uma instituição ao serviço do

bem comum, revelando-se essenciais para a consecução dos objetivos

nacionais de segurança e desenvolvimento. Neste âmbito, destacam-se:

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As ações de cooperação nas atividades de proteção civil;

O apoio à satisfação das necessidades básicas da população;

A defesa do património nacional;

A investigação e desenvolvimento (I&D), nomeadamente no âmbito

da cartografia, hidrografia e oceanografia;

O apoio à pesquisa e preservação de recursos naturais;

O apoio na preservação do ambiente e da segurança marítima e aérea

(safety).

A palavra-chave para este cenário é disponibilidade.

Neste âmbito, identificam-se os seguintes subcenários:

(1) Apoio à proteção e salvaguarda de pessoas e bens

Inclui, entre outras, intervenções no âmbito da proteção NBQR, apoio

sanitário, evacuações médicas, transporte de órgãos para transplante,

engenharia de construções, combate a incêndios, combate à poluição,

segurança da navegação marítima e aérea, apoio em caso de

catástrofes naturais e outras emergências complexas, e ainda em

situações de ciberataques que afetem as infraestruturas críticas

nacionais.

(2) Apoio ao desenvolvimento

Inclui, entre outras, atividades de apoio ao desenvolvimento

económico, científico e cultural, defesa e salvaguarda do património

histórico, proteção do ambiente marinho, investigação científica,

hidrografia/oceanografia, informação geográfica, acessibilidades e

meteorologia.

f. C6 – Cooperação e assistência militar

Este cenário tem por finalidade apoiar a política externa do Estado num

quadro restrito de relações internacionais de cooperação. Abrange um vasto

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espectro de ações, que vão desde a formação e treino técnico, até à

assistência militar, passando pela assessoria a instituições militares e

órgãos de comando de países terceiros.

A palavra-chave para este cenário é credibilidade.

Neste âmbito, identificam-se os seguintes subcenários:

(1) Cooperação e assistência militar de natureza bilateral e

multilateral;

Em especial no seio da CPLP, mas estendendo-se a outros países num

âmbito bilateral ou multilateral, Portugal tem assumido um

compromisso firme, de forma continuada nas três últimas décadas,

de estar lado a lado com os parceiros fundamentais na cooperação

técnico-militar. A edificação de capacidades no âmbito da defesa entre

os países amigos é a garantia de uma melhor defesa para todos e da

construção de um sistema em que todos participam e beneficiam

mutuamente. É um subcenário que implica ações dentro dos países

signatários dos acordos de cooperação, recebendo e colocando

cooperantes, estudantes, projetos, estruturas, investigação e

desenvolvimento, assessorias técnicas, até ao uso de pequenas

unidades e envio de meios para construir e sustentar projetos.

(2) Ações no âmbito da Reforma do Sector de Segurança (RSS) de

outros países

Inclui, mas não se esgota, nas atividades de Training & Mentoring

previstas nas atuais estratégias da OTAN e UE. São usadas equipas de

mentores, de cooperantes ou de conselheiros (incluindo o possível

envio de militares isolados) apoiados, ou não, por pequenos

destacamentos de apoio de serviços e de proteção/segurança

(conforme o ambiente estratégico em causa seja considerado mais

hostil ou mais permissivo) e que geralmente se integram em

estruturas internacionais mais amplas com uma estratégia cooperativa

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para o desenvolvimento das Forças Armadas e de Segurança nos

países apoiados.

5. CONCEITO DE AÇÃO MILITAR

O Conceito de Ação Militar constitui uma referência essencial para o

desenvolvimento das estratégias operacional, genética e estrutural, expressando

preceitos orientadores para a definição das MIFA, do SF, do DIF, do planeamento

de forças e elaboração de planos. Considerando os Objetivos Estratégicos

Militares, é caracterizada a ação a ser desenvolvida pelas Forças Armadas para a

prossecução desses objetivos e o respetivo nível de ambição.

a. Objetivos Estratégicos Militares

No contexto dos cenários identificados, constituem objetivos da

componente militar da defesa nacional:

(1) Assegurar a defesa militar do TN, de modo autónomo, ou quando

integrado num esforço coletivo, a dissuasão credível necessária à

manutenção da integridade do território, a segurança da circulação de

pessoas e bens e a afirmação da soberania e dos interesses nacionais;

(2) Atuar, permanentemente, no EEINP com uso de forças autónomas,

salvaguardando os interesses nacionais, incluindo o patrulhamento, a

busca e salvamento, a vigilância e a fiscalização marítima e aérea, e

quando determinado, a vigilância terrestre;

(3) Atuar no EEINC5 salvaguardando a vida e os interesses dos cidadãos

nacionais, bem como a segurança das linhas de comunicação

estratégicas;

(4) Contribuir com forças e meios para as organizações internacionais,

5 EEINC - Espaço Estratégico de Interesse Nacional Conjuntural decorre da avaliação da conjuntura internacional e da definição da capacidade nacional, tendo em conta as prioridades da

política externa e de defesa, os atores em presença e as diversas organizações em que Portugal se insere. Podem considerar-se áreas de interesse relevante para a definição do espaço estratégico de

interesse nacional conjuntural, quaisquer zonas do globo em que, em certo momento, os interesses

nacionais estejam em causa ou tenham lugar acontecimentos que os possam afetar (ver informação complementar no Anexo B).

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das quais depende a defesa e segurança coletiva, materializando os

compromissos assumidos;

(5) Cooperar com as FSS, nos termos da lei, contribuindo para o combate

à criminalidade e terrorismo transnacionais, nas suas diferentes

vertentes, na proteção de infraestruturas críticas, bem como no

âmbito de eventos de elevada importância politico-estratégica;

(6) Garantir as condições para atuar no âmbito do Sistema de Autoridade

Marítima e da Autoridade Aeronáutica Nacional, de acordo com as

competências atribuídas, para assegurar a autoridade do Estado;

(7) Garantir as condições para atuar em estado de sítio, tendo em vista o

pronto restabelecimento da normalidade e, em estado de emergência,

apoiando as autoridades administrativas civis;

(8) Participar em operações no âmbito da segurança cooperativa e

humanitária, garantindo a aptidão para atuar em todo o espectro de

ações militares, a um nível que assegure relevância estratégica ao

País, enquanto ator no sistema internacional;

(9) Colaborar no âmbito de parcerias, em especial com os países vizinhos

e da CPLP, por forma a criar vínculos permanentes que permitam a

consecução de objetivos comuns e/ou complementares;

(10) Colaborar com outras instituições do Estado contribuindo para a

proteção das populações e promoção do seu bem-estar, no âmbito:

sanitário, da segurança alimentar e energética; cibersegurança; de

cataclismos e acidentes graves; de pandemias, alterações climáticas

extremas, e outros grandes fenómenos.

b. Ação Militar

O conceito de ação militar caracteriza a atuação das Forças Armadas, ao

nível estratégico-militar, nos empenhamentos em tempo de paz,

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exceção/crise6 e guerra, respeitando os cenários identificados. Nesta ótica,

devem estar preparados os mecanismos necessários à transição da situação

de paz para a situação de exceção/crise ou guerra, garantindo, ainda, um

núcleo de capacidades para fazer face a evoluções desfavoráveis do

ambiente estratégico, incluindo os procedimentos previstos no âmbito da

convocação, mobilização e requisição, o que determina que se disponha,

em permanência, e com aptidão para operar em todo o espectro de

operações militares, de:

Estruturas de Comando e Controlo (C2) e de ciberdefesa;

Estruturas de informações até ao nível estratégico militar;

Forças de operações especiais;

Forças e unidades navais com valências para a guerra de superfície,

antiaérea, antissubmarina, submarina e anfíbia;

Forças terrestres ligeiras, médias e pesadas, organizadas em três

comandos de escalão brigada garantindo-se assim, não só a

necessária flexibilidade de emprego, através de um amplo leque de

tipologia de forças, como também, a possibilidade de mobilizar

pessoal e reativar meios e unidades militares;

Forças e unidades aéreas com valências em luta aérea defensiva e

ofensiva, operações aéreas de apoio, vigilância e reconhecimento e

contribuição para operações terrestres e marítimas.

6 Os estados de exceção (de sítio e de emergência) de acordo com o consignado na legislação em

vigor. O conceito de crise, entendido como o adotado nas alianças de que Portugal faz parte, nomeadamente, OTAN e UE.

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(1) Empenhamento em tempo de paz (esforço padrão7):

(a) C1 – Segurança e defesa do território nacional e dos

cidadãos

Manter um dispositivo militar permanente com o grau de

prontidão, de sustentação e de comando e controlo

adequados que garanta uma capacidade credível de

dissuasão, a vigilância e o alerta oportuno, e permita a

intervenção rápida em qualquer área do EEINP, adequado à

manutenção da integridade do TN, à segurança humana, à

garantia da circulação de pessoas e bens naquele espaço e

à proteção dos interesses nacionais, assegurando os

compromissos do Estado e evitando situações de vazio

estratégico-militar;

Igualmente, no contexto da alínea anterior, garantir, nas

Regiões Autónomas, a dissuasão de ameaças militares de

natureza irregular (não-convencional); assegurar o exercício

de competências de autoridade e responsabilidade do

Estado, cometidas às Forças Armadas; e apoiar as

autoridades civis no quadro da proteção civil ou do apoio ao

bem-estar das populações locais. Deverão estar disponíveis,

por arquipélago, estruturas de comando e controlo (C2)8,

forças ligeiras, unidades e meios, incluindo os respetivos

apoios;

Preparar, aprontar e disponibilizar meios militares para

cooperar com as FSS, nomeadamente na prevenção e

7 Entendido como o conjunto de capacidades empenhadas ou com elevada categoria de prontidão, para

missões de salvaguarda da soberania, da independência nacional, da integridade territorial, ou da vida

e dos interesses dos portugueses, e de satisfação dos compromissos conjunturais de natureza externa

do Estado, dotados com a necessária capacidade de regeneração e sustentação.

8 Inclui Comunicações e Sistemas de Informação (CSI).

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combate ao terrorismo e crime organizado transnacional;

Preparar, aprontar e disponibilizar meios militares para

garantir, autonomamente, através de uma Força de Reação

Imediata (FRI), de forças de operações especiais, ou

outras, de natureza conjunta e de elevada prontidão, a

proteção e evacuação de cidadãos nacionais e de países

amigos, em áreas de tensão ou crise e a salvaguarda de

outros interesses nacionais, bem como a resposta a

situações de catástrofe ou calamidade (emergências

complexas) quer em TN, quer no EEINC numa lógica de

ajuda humanitária no quadro bilateral ou multilateral e

ainda em situações em que se torne imperioso

reforçar/proteger contingentes militares nacionais;

Preparar os mecanismos de passagem à resistência e de

crescimento do SF, em caso de ocupação de todo ou parte

do TN.

(b) C2 – Defesa coletiva

Preparar, aprontar e disponibilizar meios militares para

garantir as capacidades necessárias à participação nas

organizações de segurança e defesa coletiva,

nomeadamente na OTAN e UE, em consonância com os

níveis acordados, garantindo que, aos meios

disponibilizados em alta prontidão – NATO Response Force

e, no âmbito da UE, Battlegroups, Air e Maritime Rapid

Response Forces, poderão ser adicionados outros, em caso

de necessidade, para reforçar o esforço coletivo de defesa;

Garantir uma participação militar permanente, quantitativa

e qualitativamente representativa nas estruturas

internacionais de defesa de que Portugal faz parte, com

prioridade para a OTAN e UE, como forma de afirmação do

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País e de procura da melhor articulação possível dos

interesses nacionais com os interesses dessas organizações,

através de uma participação ativa nos respetivos processos

de decisão.

(c) C3 – Exercício da soberania, jurisdição e

responsabilidades nacionais

Manter um dispositivo permanente de vigilância e controlo

que possibilite a criação e a partilha de panoramas

situacionais, e, assim, prevenir, antecipar e maximizar a

capacidade de intervenção;

Conservar um dispositivo que permita o emprego atempado

dos meios em toda a área de soberania, jurisdição e

responsabilidade, seja ao nível do empenhamento dos

instrumentos de ação próprios, seja na coordenação de

meios não orgânicos;

Garantir o apoio à decisão através de centros e

infraestruturas que permitam gerar conhecimento

situacional através da fusão, análise, validação, partilha e

utilização da informação obtida de diferentes fontes

(sistemas, organizações, agências, etc.);

Assegurar a racionalização no emprego dos meios, a

unidade de esforço e a eficácia nas respostas operacionais,

através de centros de comando e controlo, da coordenação

interagências e da promoção de um ambiente colaborativo.

(d) C4 – Segurança cooperativa

Participar com FND em operações de resposta a crises,

humanitárias e outras missões em tempo de paz, sob a égide da

ONU, OTAN, UE e CPLP, ou no quadro bilateral ou multilateral,

tendo como referência de prontidão e sustentabilidade, períodos

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de seis meses. Deverá dispor-se da seguinte natureza e escala

de meios:

De âmbito conjunto: Manter uma estrutura de C2, de

CIMIC, capacidade permanente para comandar forças de

operações especiais, que permita uma contribuição

adequada com elementos e estruturas de estado-maior

para um comando de componente de operações especiais,

e uma estrutura de informações até nível estratégico-

militar, que permita planear e conduzir operações em todo

o espetro de missões, para o emprego sustentado de forças

conjuntas e combinadas.

De âmbito naval: Projetar e sustentar, em simultâneo e

em permanência, duas unidades navais de tipo fragata, um

navio auxiliar reabastecedor de esquadra, uma unidade

anfíbia de escalão companhia, ou no limite, de escalão

batalhão para operações sem rotação, forças de operações

especiais ao nível de destacamento e um submarino, sendo

o esforço limite de emprego o comando de forças navais

multinacionais.

De âmbito terrestre: Projetar e sustentar, em

simultâneo, até três unidades de combate (até escalão

batalhão), apoio de combate ou apoio de serviços,

constituídas de forma modular e adequadas aos objetivos

militares a atingir, a serem destacadas para até três teatros

de operações, com exigência de rotação de forças, tendo

como nível de esforço limite de emprego o comando de

uma força de escalão brigada (conceito framework brigade9

9 Admite-se o emprego de uma brigada completa (situação de emprego mais exigente, designadamente

para o cenário de defesa coletiva), apta a operar em todo o espectro das operações militares. O

conceito de framework brigade utilizado na OTAN, envolve a capacidade de constituir um comando de brigada, incluindo os meios de apoio de combate e apoio de serviços, e no mínimo uma unidade de

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ou battlegroup), em qualquer situação e grau de

intensidade, por tempo limitado.

De âmbito aéreo: Projetar e sustentar, em simultâneo,

até três destacamentos aéreos independentes de pequena

dimensão, compostos, na sua totalidade, por seis

aeronaves de combate ou duas aeronaves de

reconhecimento, vigilância e patrulhamento, ou duas

aeronaves de transporte, ou dois helicópteros, ou apenas

um grupo aéreo expedicionário, composto por meios aéreos

de diferente natureza.

(e) C5 – Apoio ao desenvolvimento e bem-estar

Preparar, aprontar e disponibilizar meios militares para

colaborar, com as autoridades de proteção civil e outras

instituições do Estado, no esforço integrado de apoio à

proteção e salvaguarda de pessoas e bens, em ações de

proteção NBQR, de cibersegurança, de âmbito sanitário, de

combate à poluição, de vigilância e combate a incêndios, de

apoio geral de engenharia militar, e de apoio em caso de

catástrofe natural;

Promover atividades de I&D para contribuir para o

desenvolvimento do conhecimento e do tecido científico

nacional, gerando produtos que beneficiem a exploração

dos recursos, a segurança das atividades económicas e o

bem-estar da população;

Conduzir, junto da população, ações de divulgação e

consciencialização para as questões de Segurança e Defesa.

escalão batalhão de manobra, recebendo dos aliados (por geração de forças) as restantes unidades –

esta multinacionalidade contribui para garantir a credibilidade das intervenções da comunidade internacional (situação de emprego mais provável).

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(f) C6 – Cooperação e assistência militar

Participar no âmbito da cooperação e da assistência militar

com países amigos e no quadro das organizações

internacionais.

(2) Empenhamento em estados de exceção/tempo de crise

Para além do empenhamento estabelecido para o tempo de paz,

acresce para os Cenários C1, C2 e C4:

(a) Participar, ativamente, na gestão de crises a nível nacional e

contribuir para a gestão de crises no âmbito da OTAN e UE,

acompanhando o desenvolvimento da crise, através da

implementação das medidas adequadas em termos de alerta e

prontidão. Caso necessário, garantir a colaboração de meios

aliados em situações de crise em TN;

(b) Estar em condições de, rapidamente, projetar e concentrar meios

em qualquer parte do EEINP, de acordo com a evolução da crise

e consequentes orientações do poder político;

(c) Estar em condições de adotar as medidas inerentes aos estados

de exceção, em particular o emprego das Forças Armadas em

ações no TN e a assunção, pelo CEMGFA, do comando

operacional das forças de segurança, quando nos termos da lei,

aquelas sejam colocadas na sua dependência;

(d) Face a uma escalada da crise e quando o poder político assim o

determine, preparar a integração do apoio de forças aliadas na

atuação das Forças Armadas;

(e) Assegurar, em caso de Defesa Coletiva fora do TN, a projeção de

meios militares para participar nas operações, nomeadamente ao

abrigo do artigo 5º do Tratado do Atlântico Norte, da Cláusula de

Solidariedade da UE ou de acordo com os compromissos políticos

assumidos.

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(3) Empenhamento em tempo de guerra (esforço máximo10)

Para além do já estipulado para o tempo de paz e situação de

exceção/crise acresce para os Cenários C1 e C2:

(a) Assumir uma postura estratégica adequada à situação de

agressão militar, acionando simultaneamente os mecanismos

adequados ao crescimento do SF;

(b) Assegurar, quando determinado, os mecanismos inerentes ao

comando operacional, pelo CEMGFA, das forças de segurança;

(c) Garantir o acionamento de todos os mecanismos político

militares, nomeadamente a solidariedade militar aliada, em

reforço da capacidade militar nacional;

(d) Negar a utilização das linhas de comunicação interterritoriais a

antagonistas;

(e) Garantir, no caso da ocupação total ou parcial do TN, a

prossecução do combate contra o invasor, através da resistência

ativa e das medidas tendentes à reposição da integridade e

soberania nacionais.

c. Nível de Ambição11

As grandes linhas de ação anteriormente definidas, em síntese, estão

limitadas na sua abrangência e articulação ao seguinte nível de ambição:

(1) Conjunto

Capacidade de comando e controlo (C2), incluindo de

ciberdefesa;

Capacidade de informações ao nível estratégico militar;

10 Entendido como o conjunto de capacidades a atingir pelos sucessivos ciclos de planeamento de defesa, com a necessária capacidade de sustentação limitada no tempo, que atenda aos cenários de

emprego definidos, à duração da missão e ao nível de esforço, permitindo, desta forma, o

estabelecimento de prioridades para a edificação das capacidades militares que o País deve possuir. 11 Em linha com o estabelecido na RCM N.º 26/2013 (Ref. E).

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Capacidade para comandar operações especiais de

responsabilidade nacional ou no quadro bilateral e multilateral;

Capacidade CIMIC, até escalão de companhia;

Capacidade para constituir e empregar uma força de natureza

conjunta, a Força de Reação Imediata (FRI), orientada para

missões de evacuação de cidadãos nacionais em áreas de crise

ou conflito e de resposta nacional autónoma em situações de

emergência complexas.

(2) Marinha

Capacidade para projetar e sustentar, em simultâneo, duas

unidades navais de tipo fragata, para participação nos esforços

de segurança e defesa coletiva;

Capacidade anfíbia e submarina, navios auxiliares, de patrulha

oceânica e de fiscalização costeira e capacidade oceanográfica,

de modo a garantir, simultânea e continuadamente, o controlo e

vigilância do espaço marítimo sob responsabilidade e jurisdição

nacional, as missões de interesse público e as atribuições

cometidas à Armada no âmbito do Sistema de Autoridade

Marítima.

(3) Exército

Capacidade para projetar e sustentar, em simultâneo, até três

unidades de combate (até escalão batalhão), apoio de combate

ou apoio de serviços, para participação nos esforços de

segurança e defesa coletiva, podendo no máximo comandar uma

única operação de escalão brigada em qualquer situação e grau

de intensidade, por tempo limitado;

Capacidade de dissuasão convencional defensiva, a reforçar no

quadro das alianças e suficiente para desencorajar e/ou conter

as agressões, pronta para continuadamente cumprir missões no

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âmbito da segurança e defesa do território e da população e do

apoio militar de emergência.

(4) Força Aérea

Capacidade para projetar e sustentar até três destacamentos

aéreos de pequena dimensão, para participação nos esforços de

segurança e defesa coletiva por períodos de curta duração, ou

um destacamento aéreo por um período alargado;

Garantir, simultânea e continuadamente, a vigilância e controlo

do espaço aéreo, incluindo aeronaves de combate em elevada

prontidão, vocacionadas para execução de missões de luta

aérea, e meios aéreos para o reconhecimento, fiscalização e

intervenção nos espaços de soberania sob responsabilidade e

jurisdição nacional, a projeção aérea e o apoio logístico e

operacional a FND, bem como outras missões de interesse

público e a execução das ações cometidas no âmbito da

Autoridade Aeronáutica Nacional.

6. ORIENTAÇÕES ESPECÍFICAS

a. Missões das Forças Armadas

(1) As missões das Forças Armadas são as que decorrem da Constituição

da República Portuguesa e da lei, sendo especificadas, através do

documento “Missões das Forças Armadas” (MIFA), tendo em atenção

os diversos cenários levantados e os Objetivos Estratégicos Militares

definidos.

(2) O atual quadro conjuntural possibilita um maior envolvimento das

Forças Armadas em operações de resposta a crises, missões

humanitárias e outras missões em tempo de paz, em ações de

assistência e cooperação militar (nomeadamente com os países

integrantes da CPLP) e em apoio ao desenvolvimento e bem-estar das

populações nacionais.

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(3) No entanto, os múltiplos cenários levantados, que se caracterizam

pela instabilidade e imprevisibilidade, implicam que o EEINP passe a

representar uma prioridade de defesa mais elevada, face a ameaças

não convencionais. Com efeito, na atual conjuntura, são prioritários os

esforços de informação estratégica, quer externamente, quer no

interior das fronteiras da soberania, bem como a vigilância e controlo,

em elevado estado de prontidão, nos espaços marítimos e aéreos de

soberania e sob jurisdição nacional, e a proteção de infraestruturas

críticas.

(4) Deverão ser consideradas as prioridades de emprego, conforme

expresso nas tabelas em Anexo D.

b. Sistema de Forças

O SF a edificar deverá enquadrar as capacidades12 dos Ramos numa

estrutura baseada em áreas de capacidades de natureza conjunta,

entendidas nos seus efeitos operacionais, tendo por base os cenários

identificados e adotando uma abordagem coerente com as respetivas

prioridades de emprego.

Para os cenários e subcenários identificados no CEM e correspondentes

missões expressas nas MIFA, será necessário assegurar um conjunto

diversificado de capacidades que se insira nas áreas de capacidade de:

Comando e Controlo; Emprego da Força; Proteção e Sobrevivência;

Mobilidade e Projeção; Conhecimento Situacional; Sustentação; Autoridade,

Responsabilidade, Apoio e Cooperação. O SF estabelecerá a correlação

entre as MIFA, as capacidades e essas áreas de capacidade.

O SF será único e permanente, cobrindo as situações de paz, de

exceção/crise ou de guerra, com a indispensável capacidade de crescimento

e de adaptação, de acordo com as circunstâncias aplicáveis, constituindo-se

12 Como capacidade militar deverá ser entendido o conjunto de elementos que se articulam de forma

harmoniosa e complementar e que contribuem para a realização de um conjunto de tarefas

operacionais ou efeito que é necessário atingir, englobando componentes de doutrina, organização, treino, material, liderança, pessoal, infraestruturas e interoperabilidade, entre outras (DOTMLPII).

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como o referencial nacional para o levantamento de capacidades

(planeamento de forças), suportado pela programação militar e

correspondentes instrumentos financeiros.

Permitirá identificar, com base nas capacidades disponíveis e planeadas,

lacunas existentes, que apoiem, no âmbito do planeamento de forças, o

estabelecimento de prioridades, em função do risco associado ao não

cumprimento de determinadas missões.

Neste contexto, importará saber compatibilizar o planeamento por

capacidades, tal como atrás se enuncia, com a lógica genética. Assim, se

por um lado, o SF deve favorecer uma estrutura de natureza genética que

facilite a programação dos projetos de aquisição de meios, sistemas e

equipamentos, em termos de objetivos e calendário, orçamentáveis, para

efeitos do respetivo financiamento pelos mecanismos previstos na lei, por

outro lado deve associar à genética as contribuições para as referidas áreas

de capacidades.

Para o efeito, deverão ainda ser observadas as seguintes orientações na

sua edificação:

(1) Para o planeamento de forças

(a) Edificar capacidades diversificadas, interoperáveis e integráveis,

capazes de responder, de forma equilibrada, a todo o espectro

de conflitos identificado, do assimétrico ao convencional,

cobrindo, também, as exigências das operações de resposta a

crises, missões humanitárias e outras missões em tempo de paz;

(b) Procurar assegurar, no curto, médio e longo prazo, uma forte

componente de modernização evolutiva e de aperfeiçoamento

dos meios, que permita mantê-los continuamente atualizados e

interoperáveis nacionalmente e com os aliados;

(c) Melhorar a sustentação estratégica e operacional, no domínio

das reservas de guerra, adaptando-a, continuamente, às

capacidades disponíveis para que se assegure, efetivamente, a

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atuação autónoma e a credibilização da participação no esforço

combinado com os aliados;

(d) Assegurar a coerência com os planeamentos de capacidades da

OTAN e da UE;

(e) Considerar os conceitos de Smart Defense (OTAN) e Pooling &

Sharing (UE) na abordagem relativa à edificação de capacidades.

(2) Para a geração de forças

(a) Organizar as Forças Armadas de acordo com a atual realidade

estratégica, colocando a tónica no emprego modular e flexível,

capacitadas para ações conjuntas e combinadas, e

expedicionárias, dotadas de adequado comando e controlo,

proteção, superioridade de informação, poder de fogo,

mobilidade, velocidade, alcance e sustentação e capazes de

atuar com outras instituições do Estado;

(b) Privilegiar, na edificação de capacidades e com base na

orientação política, um modelo de organização que contemple

três conjuntos de forças e meios, com a seguinte ordem de

prioridade:

Uma Força de Reação Imediata (FRI) - orientada para

missões de evacuação de cidadãos nacionais em áreas de

crise ou conflito e de resposta nacional autónoma em

situações de emergência complexas;

Um conjunto de Forças Permanentes em Ação de

Soberania (FPAS) – orientadas para missões,

designadamente, de defesa aérea, patrulhamento,

vigilância e fiscalização marítima e aérea, vigilância

terrestre13, busca e salvamento, defesa Nuclear Biológica

Química e Radiológica (NBQR), outras de interesse público 13 Quando determinado.

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e de resposta a catástrofes, em continuidade no território

nacional e nas áreas de jurisdição ou responsabilidade

nacional;

Um Conjunto Modular de Forças – orientado para

resposta a compromissos internacionais nos quadros da

defesa coletiva e da segurança cooperativa (FND),

constituídas ou a constituir, para emprego sustentado, por

períodos de seis meses, para empenhamento até três

operações simultâneas de pequena dimensão ou numa

operação de grande dimensão.

(c) Estabelecer a FRI e as FPAS com base em requisitos nacionais de

capacidade de atuação autónoma. Estas duas forças podem

partilhar capacidades e meios em função do alinhamento com os

ciclos de preparação, operação e sustentação de cada um dos

elementos que as integram;

(d) Pugnar por unidades operacionais certificadas, de acordo com

padrões internacionalmente reconhecidos, incluindo a afiliação

internacional, de acordo com os interesses e as reais

necessidades e possibilidades do País;

(e) Estabelecer ciclos de aprontamento eficientes que,

simultaneamente, garantam a operacionalidade das forças, a sua

função dissuasora e o emprego efetivo;

(f) Desenvolver e manter a possibilidade de, por mobilização e

requisição, fazer crescer o SF, aprontando as forças consideradas

necessárias;

(g) Gerar sinergias civis-militares, através do desenvolvimento de

capacidades civis e militares integradas, onde se inclui a criação

de uma unidade militar de ajuda de emergência e a valorização

do princípio do duplo uso.

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(3) Para geração e exploração de potenciadores de forças

(a) Centralizar a coordenação das comunicações e dos sistemas de

informação, e implementar uma plataforma transversal de apoio

à decisão, designadamente no que diz respeito às funções de

comando, controlo e direção;

(b) Capacidade de informações até ao nível estratégico-militar;

(c) Desenvolver parcerias:

Com organizações nacionais e internacionais, nos domínios

da segurança e defesa que, valorizando a atuação conjunta

e combinada, fortaleçam o potencial estratégico-militar e

auxiliem a aquisição e sustentação de capacidades;

Tendo por base o benefício mútuo em áreas de educação,

formação, treino e investigação científica.

(d) Garantir as capacidades de C2 que permitam o comando

operacional das forças de segurança por parte do CEMGFA, nas

situações e condições previstas na lei;

(e) Assegurar capacidades de C2 necessárias a uma atuação

conjunta em missões no âmbito da colaboração com as

autoridades de proteção civil;

(f) Contribuir com capacidades para a edificação do Sistema de

Proteção de Infraestruturas de Informação Nacional (SPIIN);

(g) Obter sinergias ao nível das Forças Armadas através de

estruturas:

Integradas

Com recurso a capacidades equivalentes ou equiparáveis

existentes nos Ramos;

Conjuntas, no âmbito do emprego operacional

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Com recurso a capacidades diferenciadas existentes nos

Ramos para emprego conjunto, como é o caso, entre

outras, da FRI e da capacidade de ciberdefesa, a levantar.

c. Dispositivo de Forças

O Dispositivo de Forças materializa a forma como se organizam e

respondem as várias capacidades elencadas no SF, tendo em vista o

cumprimento das Missões das Forças Armadas, estabelecendo estruturas de

C2, identificando forças, unidades e meios, e respetiva localização. Para o

efeito, atenderá à estrutura subjacente à organização de forças por FRI,

FPAS e FND, e observará as seguintes orientações específicas:

(1) Deverão ser tidos em consideração os objetivos estruturais em pessoal

que vierem a decorrer do SF;

(2) A racionalização é um princípio que urge materializar, em especial, por

via da concentração, da complementaridade e da eliminação da

duplicação de órgãos e meios. Neste sentido dever-se-á:

Reorganizar o dispositivo dos três Ramos das Forças Armadas,

conduzindo, simultaneamente, a sua racionalização e

redimensionamento, para que se valorize o produto operacional

e se obtenham economias de escala;

Incrementar a integração de estruturas de comando e direção,

órgãos e serviços administrativos e logísticos que privilegiem a

atuação conjunta;

Racionalizar infraestruturas, adaptando-as para comportar forças

com forte componente tecnológica e responder a requisitos de

funcionalidade, habitabilidade e ambientais cada vez mais

exigentes. No entanto, acautelando a função estratégica

“previsão”, devem estar previstas infraestruturas que

possibilitem o crescimento das capacidades militares com recurso

à mobilização/requisição;

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(3) Não obstante a desejável racionalização, o DIF deverá ter a dispersão

necessária para assegurar a presença e visibilidade efetivas em todas

as parcelas do TN, permitir uma intervenção rápida em qualquer

ponto e ter capacidade para gerar forças, apoiar o SF, receber

reforços e contribuir para um apoio mais próximo às atividades de

proteção civil, disponibilizando hospitais, aquartelamentos, redes de

telecomunicações, em apoio ao desenvolvimento e bem-estar da

população.

d. Estratégia Militar Operacional

(1) Garantir, no âmbito dos processos relativos ao comando e emprego,

que o CEMGFA tem na sua dependência hierárquica os Chefes de

Estado-Maior dos Ramos para as questões que envolvem a capacidade

de resposta das Forças Armadas, designadamente pela prontidão,

emprego e sustentação da componente operacional do SF,

constituindo-se, para este efeito, o único interlocutor militar do

Ministro da Defesa Nacional (MDN).

(2) Assegurar ao nível do planeamento da estratégia militar operacional, a

produção/atualização de planos com referência aos cenários admitidos

para emprego das Forças Armadas, aquilatando sobre a verdadeira

dimensão e natureza dos meios necessários.

(3) Aperfeiçoar o conceito de emprego conjunto das Forças Armadas,

prevendo uma capacidade efetiva de cooperação em matéria de

segurança interna, em apoio/reforço e complemento das FSS.

Contribuir para o desenvolvimento de um “Plano de Articulação

Operacional”.

(4) Assegurar um contributo militar credível para a OTAN e para a UE,

quer através da colocação de pessoal qualificado nas respetivas

estruturas, quer através da participação de meios ou forças

adequadamente treinadas e certificadas, em missões no quadro

daquelas organizações.

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(5) Assegurar capacidade para assumir o comando de missões ou

operações desenvolvidas no quadro da OTAN, da UE ou da ONU,

perspetivando essa possibilidade a cada ciclo de quatro anos e por um

período desejável de seis meses a um ano.

(6) Melhorar a comunicação estratégica das Forças Armadas contribuindo

para uma melhor compreensão por parte da sociedade, dos interesses

estratégicos nacionais e das ameaças e oportunidades que se lhes

colocam, promovendo junto dos cidadãos, o conhecimento e a

utilidade da componente militar da defesa nacional.