CONCENTRAÇÕES SÉRICAS DE CÁLCIO, FÓSFORO, … n.1, 2003/87-95.pdf · cessos minerais em rebanhos criados em condições de pastejo são de ocorrência cosmopolita (Underwood,

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ARS VETERINARIA, Jaboticabal, SP, Vol. 19, nº 1, 087-095, 2003. ISSN 0102-6380

1 Alunos de Doutorado do programa de Pós-graduação em Medicina Veterinária da FCAV–Unesp, Câmpus de Jaboticabal–SP,[email protected]

2 Professor Adjunto do Departamento de Clínica e Cirurgia Veterinária da FCAV-Unesp, Câmpus de Jaboticabal–SP, Via deAcesso Prof. Paulo Donato Castellane, s/n, 14884-900, Jaboticabal - SP.

CONCENTRAÇÕES SÉRICAS DE CÁLCIO, FÓSFORO,MAGNÉSIO, BILIRRUBINAS, URÉIA E CREATININA DECAPRINOS DAS RAÇAS ANGLO-NUBIANA E SAANENCRIADOS NOS ESTADOS DE SÃO PAULO E PARAÍBA.

(SERUM CONCENTRATIONS OF CALCIUM, PHOSPHORUS, MAGNESIUM,BILIRRUBIN, UREA, AND CREATININE

FROM ANGLO-NUBIAN AND SAANEN GOATS RAISED INSÃO PAULO STATE AND PARAÍBA STATE.)

S.L. SILVA1, J.J. FAGLIARI2, F. T. R. S. CESCO1

RESUMO

Foram analisadas amostras de soro sangüíneo de caprinos das raças Anglo-nubiana e Saanen criados nos Estadosde SP e PB. Este estudo foi dividido em dois ensaios. No primeiro, foram examinados 355 caprinos da raça Saanen, sendo173 criados em São Paulo e 182 na Paraíba. No segundo, 182 animais eram Saanen e 187 Anglo-nubianos criados naParaíba. Para cada ensaio foram constituídos quatro grupos experimentais, de acordo com a idade. No primeiro, os gruposforam analisados em função da região e do sexo. No segundo, substituiu-se o fator região pelo fator raça. No primeiroensaio, houve interação entre sexo, idade e região para o cálcio, bilirrubinas e uréia. A fosfatemia variou em função dosexo, idade e região. A magnesemia foi maior nas fêmeas criadas na PB. A concentração sérica de creatinina aumentou coma idade e foi maior nos caprinos machos de SP. No segundo ensaio houve interação entre sexo, idade e raça para o cálcio,fósforo, bilirrubinas e uréia. A concentração sérica de creatinina foi maior para os caprinos da raça Anglo-Nubiana. Amagnesemia foi superior nas fêmeas, e os caprinos da raça Anglo-Nubiana apresentaram médias maiores que os Saanen.

PALAVRAS-CHAVE: Bioquímica clínica. Caprinos. Soro sangüíneo. Valores de referência.

SUMMARY

Serum samples from Anglo-Nubian and Saanen goats raised in São Paulo State and Paraíba State were analyzed.This study was divided in two trails. In the first one, 355 Saanen goats were examined, from which 173 were raised in SãoPaulo State and 182 in Paraíba State. The second study was comprised by 182 Saanen goats and 187 Anglo-Nubian goatsfrom Paraíba State. In both trials, the animals were assigned to four groups. In the first trial, the groups were tested regard-ing geographic region and gender variables. In the second trial, the groups were established the same age criteria, however,the variable geographic region was changed for breed variable. In the first trail, an interaction was seen among gender, ageand geographic region regarding the serum concentration of calcium, bilirrubin, and urea. Phosphatemia varied regardingthe sex, age and geographic region. The magnesemia was higher in female goats raised in Paraíba State. Serum concentra-tion of creatinine increased with age and was higher in male goats from São Paulo. In the second trial, an interaction amonggender, age and breed occurred for calcium, phosphorus, bilirrubin, and urea variables. Serum concentration of creatinine

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S. L. SILVA, J. J. FAGLIARI, F. T. R. S. CESCO. Concentrações séricas de cálcio, fósforo, magnésio, bilirrubinas, uréia e creatinina de caprinos das raças Anglo-nubiana e Saanen criados nos Estados de São Paulo e Paraíba. / Serum concentrations of calcium, phosphorus, magnesium, bilirrubin, urea, and creatinine fromAnglo-nubian and Saanen goats raised in São Paulo state and Paraíba state. Ars Veterinaria, Jaboticabal, SP, Vol. 19, nº 1, 087-095, 2003.

were higher in Anglo-Nubian goats. Magnesemia was higher in females. Anglo-Nubian goats shower higher mean valuesthan Saanen goats.

KEY-WORDS: Clinical biochemistry. Goats. Reference values. Serum.

INTRODUÇÃO

Vários fatores como idade, sexo e raça podeminfluenciar os teores de diversos constituintes sangüíneos.Tal fato indica que a determinação de valores de referên-cia para as diferentes categorias animais asseguram resul-tados mais confiáveis. Outros fatores que influenciam aconcentração dos elementos séricos ou plasmáticos in-cluem ambiente e região, devendo tais variáveis tambémserem consideradas.

Os minerais apresentam inúmeras funções no or-ganismo, dependendo de sua localização nos tecidos e flui-dos do corpo (EL-GALLAD, 1987). Deficiências ou ex-cessos minerais em rebanhos criados em condições depastejo são de ocorrência cosmopolita (Underwood, 1966;Conrad e MacDowell, 1978 citados por EL-GALLAD,1987) e o conhecimento do perfil bioquímico de cada es-pécie pode subsidiar a identificação de possíveis deficiên-cias minerais. Os níveis séricos de cálcio, fósforo emagnésio de cabras criadas no semi-árido do Nordesteforam influenciados por fatores fisiológicos e raciais. Acalcemia foi maior no início e no final da prenhez, espe-cialmente em animais Anglo-nubianos mestiços e da raçaMoxotó. O teor de fósforo diminuiu significativamentedurante a gestação e lactação e houve uma variação signi-ficativa da concentração sérica de magnésio e fósforo emfunção da raça (UNANIAN e SILVA 1985).

Estudos realizados por RÊGO (2000) demons-traram que os níveis séricos de cálcio e fósforo de caprinosSRD criados em Pernambuco foram influenciados signifi-cativamente pela idade, verificando-se maiores valores decálcio em animais jovens de até 12 meses, fato atribuídoao período de crescimento e a fosfatemia foi maior noscaprinos com até seis meses, diminuindo progressivamentecom o avançar da idade. A concentração sérica de fósforode fêmeas caprinas da raça Parda Alpina oriundas deBotucatu-SP foi significativamente maior nas jovens(BARIONI et al., 2001).

Segundo CASTRO et al. (1977), a concentraçãosérica de bilirrubina total de caprinos da raça Pygmy cria-dos no Estado de Oregon-USA foi influenciada pela idade,variando de 0,2 a 0,8 mg/dL, com o valor máximo emanimais com um a dois anos de idade. BOTOUBA et al.(1990) verificaram que caprinos castrados da raça Angorá,

castrados, com 1 a 2 anos de idade alimentados com ar-bustos nativos encontrados ao longo da faixa ocidentalamericana, apresentaram níveis estatisticamente superio-res de bilirrubinas mesmo não tendo sido verificadohepatotoxicidade dessas plantas.

A função renal exerce importante papel na ma-nutenção da vida. Água e eletrólitos são conservados pe-los rins quando há balanço corpóreo negativo e excretadosem momentos de balanço positivo (KANEKO et al., 1997).Portanto, para compreender o bom funcionamento renal éimportante avaliar sua capacidade de excreção mediante adosagem de uréia e creatinina do soro sangüíneo. A con-centração sérica de uréia de ovelhas da raça Ideal foimaior quando comparada a de carneiros, porém, sem di-ferença significativa, enquanto ovelhas de diferentes ra-ças, de quatro anos, apresentaram semelhantes concentra-ções de creatinina e os animais mais jovens tiveram valo-res significativamente menores (LARA et al., 1976). Oobjetivo do presente estudo foi determinar as concentra-ções séricas de cálcio, fósforo, magnésio, bilirrubinas, uréiae creatinina de caprinos das raças Anglo-Nubiana e Saanencriados nos Estados de São Paulo e Paraíba, verificando ainfluência de sexo, raça, idade e região.

MATERIAL E MÉTODOS

A realização deste estudo envolveu dois ensaios.No primeiro foram examinados 355 caprinos da raçaSaanen, sendo 173 criados no Estado de São Paulo (SP) e182 na Paraíba (PB). No segundo foram utilizados 187animais da raça Anglo-nubiana e 182 da raça Saanen cria-dos na Paraíba. Todos os animais eram negativos às pro-vas sorológicas para diagnóstico de brucelose e artrite-encefalite caprina. Antes da colheita das amostras de san-gue os caprinos foram inspecionados e descartaram-seaqueles visivelmente doentes.

Para o estudo comparativo dos constituintesséricos de caprinos da raça Saanen, machos e fêmeas, cria-dos nos Estados de SP e PB, foram constituídos quatrogrupos experimentais nas seguintes faixas etárias: grupoI: até 90 dias de idade; grupo II: 91 a 180 dias; grupo III:181 a 360 dias e grupo IV: 361 dias a cinco anos de idade.No segundo ensaio os grupos experimentais seguiram o

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mesmo critério de idade, porém, substituindo-se o fatorregião pelo fator raça.

Foram colhidos 10 mL de sangue de cada ani-mal, utilizando-se sistema de colheita a vácuo, em frascossiliconizados (Vacutainer BD). As amostras de sangue fo-ram mantidas em caixas isotérmicas contendo gelo até omomento da separação do soro sangüíneo. Após retraçãodo coágulo a amostra foi centrifugada e as alíquotas desoro foram mantidas congeladas a -20° C até o momentodas análises laboratoriais. Determinaram-se as concentra-ções séricas de cálcio (método de Labtest), fósforo(método Basques-Lustosa), magnésio (método Labtest),bilirrubinas total e direta (método de Sims-Horn), uréia(método da urease) e creatinina (método de Basques-Lustosa), utilizando-se conjunto de reagentes comerciais(LABTEST - MG). A bilirrubina indireta foi calculadasubtraindo-se a concentração de bilirrubina direta dabilirrubina total.

As leituras das amostras foram realizadas median-te espectrofotometria (Espectrofotômetro semi-automáti-co LABQUEST) com luz de comprimento de onda apro-priado para cada teste.

Os grupos experimentais foram distribuídos emum delineamento inteiramente casualizado, no esquemafatorial 2x2x4 (sexo, região e idade – primeiro ensaio –sexo, raça e idade – segundo ensaio). Os dados coletadosforam submetidos à análise de variância e as médias com-paradas pelo teste de Tukey, utilizando o procedimentoGLM do “Statistical Analysis System” (SAS, 1996).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

No primeiro ensaio a concentração sérica de cál-cio foi semelhante nas duas regiões analisadas (Tabela 1).Estes valores encontram-se dentro dos limites propostospor KANEKO et al. (1997), com exceção dos grupos I eIII de fêmeas caprinas da Paraíba. Nas demais faixas etáriasa calcemia assemelhou-se à relatada por RÊGO (2000) eBARIONI (2001), porém superou a relatada porD’ANGELINO et al. (1990).

A fosfatemia variou em função do sexo (Tabela2), pois as fêmeas apresentaram concentração sérica in-versamente proporcional ao desenvolvimento etário, con-cordando com os resultados apresentados por BARIONIet al. (2001). O fator região pouco influenciou nafosfatemia (Tabela 3) e apenas os animais do grupo IV,criados em SP, apresentaram valores significativamentemaiores que os da PB.

A magnesemia das fêmeas caprinas criadas na Pa-raíba (2,47±0,56mg/dL) foi significativamente superior a

de São Paulo (2,55±0,44 mg/dL), assim como a dos ma-chos paraibanos (2,21±0,56 mg/dL). Os valores séricosde magnésio assemelham-se aos relatados por UNANIANe SILVA (1985) e foram inferiores aos de fêmeas caprinasdas raças Saanen, Parda Alpina e mestiças examinadas porD’ANGELINO et al. (1990). A concentração sérica demagnésio não variou entre as duas regiões analisadas (Ta-bela 4). Entretanto, nos caprinos paraibanos, o grupo IVapresentou a maior média e diferiu dos grupos I e III. Es-tes dados concordam com os obtidos por D’ANGELINOet al. (1990), os quais indicavam níveis séricos superioresem caprinos de um a cinco anos de idade.

As concentrações séricas de bilirrubina total (Ta-bela 5) e bilirrubina direta (Tabela 6) foram maiores noscaprinos criados na PB, exceto as fêmeas dos grupos I eIII. Os valores de bilirrubina indireta (Tabela 7) seguiramo mesmo padrão das bilirrubinas total e direta. Os caprinosmachos da PB apresentaram médias superiores aos ani-mais de SP, com exceção do grupo IV. Influência da idadeno teor de bilirrubina indireta foi verificada apenas entreos caprinos da PB. A bilirrubinemia dos caprinosparaibanos pode ter sido influenciada por fatores regio-nais e alimentares (BOTOUBA et al., 1990), uma vez quea maioria desses animais era criada em sistema extensivo.

A concentração sérica de uréia variou em funçãodo sexo, idade e região (Tabela 8). Os caprinos machos efêmeas da PB dos grupos II e IV apresentaram as maioresmédias. Considerando-se as diferentes condições climáti-cas e alimentares nas duas regiões é possível que a dietatenha influenciado estes resultados visto que a quantidadede uréia formada está relacionada com a taxa decatabolismo protéico (KANEKO et al., 1997).

Analisando a concentração sérica de creatininaobtida nas diferentes regiões (Tabela 9), verificou-se au-mento progressivo deste catabólito em função da idade,provavelmente em decorrência do desenvolvimento mus-cular. Estes resultados diferem dos relatados por CASTROet al. (1977), que constataram uma diminuição da creatininasérica nos caprinos da raça Pygmy em função da idade.Os níveis séricos de creatinina elevaram-se em função daidade, porém não foram verificadas diferenças significati-vas entre os grupos etários analisados, de acordo com es-tudos realizados por REGO (2000). Os caprinos machosde SP apresentaram concentrações séricas de creatinina(1,07±0,32 mg/dL) significativamente maiores que osmachos criados na PB (0,93±0,17mg/dL), bem como àsfêmeas paulistas (0,99±0,18 mg/dL). A idade e o sexo in-fluenciaram as concentrações séricas de creatinina (Tabe-la 9) e os valores dos grupos III e IV, de fêmeas e machos,respectivamente, foram os maiores. Os valores séricos decreatinina obtidos foram semelhantes aos apresentados por


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Tabela 1 - Média e desvio padrão da concentração sérica (mg/dL) de cálcio de caprinos da raça Saanen, machos e fêmeasde diferentes idades, criados nos Estados de São Paulo e Paraíba.

Tabela 2 - Média e desvio padrão da concentração sérica (mg/dL) de fósforo de caprinos da raça Saanen, machos e fêmeasde diferentes idades, criados nos Estados de São Paulo e Paraíba.

Médias seguidas por letras maiúsculas iguais na mesma linha e minúsculas na mesma coluna não diferem entre si (p>0,05) pelo teste de Tukey

Tabela 3 - Média e desvio padrão da concentração sérica (mg/dL) de fósforo de caprinos da raça Saanen, em função daidade, criados nos Estados de São Paulo e Paraíba.

Tabela 4 - Média e desvio padrão da concentração sérica (mg/dL) de magnésio de caprinos da raça Saanen, em função daidade, criados nos Estados de São Paulo e Paraíba.



Tabela 5 - Média e desvio padrão da concentração sérica (mg/dL) de bilirrubina total de caprinos da raça Saanen, machose fêmeas de diferentes idades, criados nos Estados de São Paulo e Paraíba.




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Tabela 6 - Média e desvio padrão da concentração sérica (mg/dL) de bilirrubina direta de caprinos da raça Saanen, machose fêmeas de diferentes idades, criados nos Estados de São Paulo e Paraíba.


Tabela 7 - Média e desvio padrão da concentração sérica (mg/dL) de bilirrubina indireta de caprinos da raça Saanen,machos e fêmeas de diferentes idades, criados nos Estados de São Paulo e Paraíba.


Tabela 8 - Média e desvio padrão da concentração sérica (mg/dL) de uréia de caprinos da raça Saanen, machos e fêmeas dediferentes idades, criados nos Estados de São Paulo e Paraíba.


Tabela 9 - Média e desvio padrão da concentração sérica (mg/dL) de creatinina de caprinos da raça Saanen, machos efêmeas de diferentes idades, criados nos Estados de São Paulo e Paraíba.



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RÊGO (2000), embora o autor não tenha verificado va-riação estatisticamente significativa em função da idade edo sexo.

No segundo ensaio, as fêmeas da raça Saanen dogrupo III apresentaram a maior concentração sérica decálcio (Tabela 10). Este valor diferiu significativamentedaqueles obtidos em machos e fêmeas da raça Anglo-Nubiana, bem como em machos Saanen.

Os fatores raça, sexo e idade influenciaram sig-nificativamente a concentração sérica de fósforo (Tabela11). A fosfatemia foi estatisticamente maior nas fêmeasda raça Saanen do grupo III, quando comparada a de ma-chos da mesma raça e machos e fêmeas Anglo-Nubianos,ocorrendo o mesmo com os machos Saanen do grupo IV.Estas variações, especialmente nas fêmeas, podem ser atri-buídas à adaptação dos mecanismos fisiológicos verifica-dos na gestação, parto e puerpério (UNANIAN & SILVA,1985; MOHAMED et al., 1999).

A concentração sérica de magnésio variou emfunção do sexo e as fêmeas apresentaram média maior(2,78±0,71mg/dL) que os machos (2,58±0,72 mg/dL).Estes resultados diferem dos obtidos por RÊGO (2000).A magnesemia de caprinos da raça Anglo-Nubiana foisuperior a de Saanen (Tabela 12). Entre os animais Anglo-Nubianos, o grupo I apresentou valor estatisticamente in-ferior aos grupos II e III. Estes resultados assemelham-seaos de UNANIAN e SILVA (1985), que analisaram a in-fluência de fatores fisiológicos e raciais nos níveis séricosde cálcio, fósforo e magnésio de cabras criadas no semi-árido nordestino e constataram diferenças significativasdo magnésio em função da raça.

As concentrações séricas de bilirrubina total in-dicam valores acima dos citados na literatura, com exceçãodas fêmeas da raça Saanen do grupo III (Tabela 13). Se-gundo KANEKO et al. (1997), em ruminantes a

bilirrubinemia situa-se ao redor de 0,5 mg/dL. RÊGO(2000) encontrou níveis séricos de bilirrubina de 0,25 a0,39 mg/dL. A elevação da bilirrubinemia desses animaispode ser atribuída a fatores alimentares e regionais quepodem acarretar uma maior produção deste pigmento(BOTOUBA et al., 1990). A concentração sérica debilirrubina direta foi maior nos caprinos machos da raçaSaanen do grupo III (Tabela 14). RÊGO (2000) constatouuma diminuição significativa da concentração sérica des-sa bilirubina conjugada em função do desenvolvimentoetário, fato não verificado entre os caprinos das raçasAnglo-Nubiana e Saanen criados na PB. A concentraçãosérica de bilirrubina indireta das fêmeas caprinas da raçaSaanen do grupo III foi significativamente menor que nosmachos da referida raça, assim como das fêmeas Anglo-Nubianas (Tabela 15).

A concentração sérica de uréia foi influenciadapelos fatores raça, sexo e idade, que interagiram entre si(Tabela 16). As maiores médias foram observadas em ani-mais com mais de três meses, com exceção das fêmeasSaanen do grupo III. Os animais Anglo-Nubianos do gru-po III apresentaram valores significativamente maiores queos da raça Saanen do respectivo grupo. RÊGO (2000) nãoverificou variação na concentração sérica de uréia em fun-ção da idade, ao contrário da constatação deD’ANGELINO et al. (1990).

A concentração sérica de creatinina variou emfunção da raça, sexo e idade, com elevação progressiva àidade (Tabela 17). CASTRO et al. (1977) verificaram quea concentração sérica de creatinina de caprinos da raçaPygmy diminuiu com a idade. O fator racial influenciousignificativamente a concentração sérica de creatinina,obtendo-se as maiores médias em caprinos da raça Anglo-Nubiana (Tabela 17). Estes valores médios assemelham-se aos obtidos por RÊGO (2000).

Tabela 10 - Média e desvio padrão da concentração sérica (mg/dL) de cálcio de caprinos das raças Anglo-Nubiana eSaanen, machos e fêmeas de diferentes idades, criados no Estado da Paraíba.



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Tabela 11 - Média e desvio padrão da concentração sérica (mg/dL) de fósforo de caprinos das raças Anglo-Nubiana eSaanen, machos e fêmeas de diferentes idades, criados no Estado da Paraíba.


Tabela 12 - Média e desvio padrão da concentração sérica (mg/dL) de magnésio de caprinos das raças Anglo-Nubiana eSaanen, de diferentes idades, criados no Estado da Paraíba.


Tabela 13 - Média e desvio padrão da concentração sérica (mg/dL) de bilirrubina total de caprinos das raças Anglo-Nubiana e Saanen, machos e fêmeas de diferentes idades, criados no Estado da Paraíba.


Tabela 14 - Média e desvio padrão da concentração sérica (mg/dL) de bilirrubina direta de caprinos das raças Anglo-Nubiana e Saanen, machos e fêmeas de diferentes idades, criados no Estado da Paraíba.


Tabela 15 - Média e desvio padrão da concentração sérica (mg/dL) de bilirrubina indireta de caprinos das raças Anglo-Nubiana e Saanen, machos e fêmeas de diferentes idades, criados no Estado da Paraíba.



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Tabela 16 - Média e desvio padrão da concentração sérica (mg/dL) de uréia de caprinos das raças Anglo-Nubiana eSaanen, machos e fêmeas de diferentes idades, criados no Estado da Paraíba.

Tabela 17 - Média e desvio padrão da concentração sérica (mg/dL) de creatinina de caprinos machos e fêmeas de diferen-tes idades, das raças Anglo-Nubiana e Saanen, criados no Estado da Paraíba.

CONCLUSÕES

No primeiro ensaio a fosfatemia variou em fun-ção do sexo, idade e região que interagiram entre si. Amagnesemia foi maior nas fêmeas caprinas criadas naParaíba. As concentrações séricas das bilirrubinas foramsuperiores nos caprinos criados na Paraíba (BT de ma-chos: grupo I= 0,95±0,32 mg/dL; grupo II= 1,34±0,48 mg/dL; grupo III= 1,44±0,33 mg/dL; grupo IV= 0,85±0,78mg/dL; de fêmeas: grupo I= 0,73±0,33 mg/dL; grupo II=1,31±0,57 mg/dL; grupo III= 0,41±0,39 mg/dL; grupo IV=0,69±0,55 mg/dL – BD de machos: grupo I= 0,36±0,24mg/dL; grupo II= 0,62±0,28 mg/dL; grupo III= 0,78±0,18mg/dL; grupo IV= 0,38±0,41 mg/dL; de fêmeas: grupo I=0,21±0,23 mg/dL; grupo II= 0,73±0,38 mg/dL; grupo III=0,11±0,21 mg/dL; grupo IV= 0,25±0,24 mg/dL). A con-centração sérica de creatinina aumentou com a idade e foimaior nos caprinos machos de São Paulo (grupo I=0,88±0,12 mg/dL; grupo II= 0,84±0,05 mg/dL; grupo III=1,07±0,18 mg/dL e grupo IV= 1,30±0,28 mg/dL; machosSP= 1,07±0,32 mg/dL e machos PB= 0,93±0,17 mg/dL;fêmeas SP= 0,99±0,18 mg/dL e fêmeas PB= 0,95±0,15mg/dL).

As concentrações séricas de cálcio, fósforo, uréia ebilirrubinas do segundo ensaio foram influenciadas pelosfatores raça, sexo e idade, que interagiram entre si. A con-centração sérica de creatinina foi superior nos caprinosAnglo-nubianos. A magnesemia foi maior nas fêmeas(2,78±0,71 mg/dL) e os animais da raça Anglo-nubianaapresentaram médias maiores (grupo I= 2,69±0,57 mg/dL;grupo II= 3,14±0,63 mg/dL; grupo III= 3,21±0,62 mg/dL; grupo IV= 3,08±0,81 mg/dL) que os Saanen (grupoI= 2,16±0,48 mg/dL; grupo II= 2,44±0,64 mg/dL; grupoIII= 2,18±0,37 mg/dL; grupo IV= 2,57±0,65 mg/dL).

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem à FAPESP pela concessãodo auxílio financeiro.

ARTIGO RECEBIDO: ABRIL/2002




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REFERÊNCIAS

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