17
DIA MUNDIAL DA MÚSICA CONCERTO AMIGO CCB Concerto Campestre

CONCERTO AMIGO CCB Concerto Campestre · cujo exigente e cultivado gosto musical era bem conhecido. De tal forma que D. Maria I chegou mesmo a oferecer várias das partituras deste

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: CONCERTO AMIGO CCB Concerto Campestre · cujo exigente e cultivado gosto musical era bem conhecido. De tal forma que D. Maria I chegou mesmo a oferecer várias das partituras deste

DIA MUNDIAL DA MÚSICACONCERTO AMIGO CCB

ConcertoCampestre

Page 2: CONCERTO AMIGO CCB Concerto Campestre · cujo exigente e cultivado gosto musical era bem conhecido. De tal forma que D. Maria I chegou mesmo a oferecer várias das partituras deste

© DENYS STETSENKO

Page 3: CONCERTO AMIGO CCB Concerto Campestre · cujo exigente e cultivado gosto musical era bem conhecido. De tal forma que D. Maria I chegou mesmo a oferecer várias das partituras deste

CONCERTO DIA MUNDIAL DA MÚSICA CONCERTO AMIGO CCB

Concerto CampestrePedro Castro direção artística

Joana Seara soprano (ANGELICA)

Giuseppina Bridelli meio-soprano (MEDORO)

Fernando Guimarães tenor (ORLANDO)

Carolina Figueiredo meio-soprano (LICORI)

Sandra Medeiros soprano (TIRSI)

Pedro Couto Soares, Olavo Barros flautas

Pedro Castro, Luís Marques oboés

Paulo Guerreiro, Tracy Nabais trompas

Almut Schlicker, Denys Stetsenko, Cesar Nogueira, Manuel Maio, Iñigo Aranzasti, Raquel Cravino, Álvaro Pinto, Flávio Azevedo violinos

Lucio Studer Ferreira viola

Sofia Diniz viola de gamba

Ana Raquel Pinheiro, Catherine Strynckx violoncelos

Duncan Fox violone

Flávia Almeida Castro cravo

Ana Caeiro legendagem

João de Sousa Carvalho L’Angelica, Serenata per musica (1778)

1 outubro 2017Grande Auditório, 17hM / 6 anos

CCB CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO ELÍSIO SUMMAVIELLE PRESIDENTE / ISABEL CORDEIRO VOGAL / LUÍSA TAVEIRA VOGAL / SECRETARIADO JOÃO CARÉ / LUÍSA INÊS FERNANDES

/ RICARDO CERQUEIRA / DIREÇÃO DE ARTES PERFORMATIVAS PROGRAMAÇÃO ANDRÉ CUNHA LEAL / FERNANDO LUÍS SAMPAIO / DEPARTAMENTO DE OPERAÇÕES COORDENADORA

PAULA FONSECA / PRODUÇÃO INÊS CORREIA / PATRÍCIA SILVA / HUGO CORTEZ / JOÃO LEMOS / VERA ROSA / DIREÇÃO DE CENA PATRÍCIA COSTA / JOSÉ VALÉRIO / TÂNIA AFONSO / CATARINA

SILVA / FRANCISCA RODRIGUES / SOFIA SANTOS / SECRETARIADO DO DEPARTAMENTO DE OPERAÇÕES SOFIA MATOS / DEPARTAMENTO TÉCNICO COORDENADOR PEDRO RODRIGUES / CHEFE

TÉCNICO DE PALCO RUI MARCELINO / ADJUNTO DA COORDENAÇÃO TÉCNICA PEDRO CAMPOS / TÉCNICOS PRINCIPAIS LUÍS SANTOS / RAUL SEGURO / TÉCNICOS EXECUTIVOS F. CÂNDIDO SANTOS /

CÉSAR NUNES / JOSÉ CARLOS ALVES / HUGO CAMPOS / MÁRIO SILVA / RICARDO MELO / RUI CROCA / HUGO COCHAT / DANIEL ROSA / JOÃO MOREIRA / FÁBIO RODRIGUES / CHEFE TÉCNICO

DE AUDIOVISUAIS NUNO GRÁCIO / CHEFE DE EQUIPA DE AUDIOVISUAIS NUNO BIZARRO / TÉCNICOS DE AUDIOVISUAIS EDUARDO NASCIMENTO PAULO CACHEIRO / NUNO RAMOS / MIGUEL NUNES

/ CHEFE DE MANUTENÇÃO PAULO SANTANA / TÉCNICOS DE MANUTENÇÃO LUÍS TEIXEIRA / VÍTOR HORTA / SECRETARIADO DO DEPARTAMENTO TÉCNICO YOLANDA SEARA

PARCEIRO MEDIA TEMPORADA 2017

PARCEIRO INSTITUCIONAL

Notas ao programa

“Nenhuma casa real na Europa era tão musical como a de Portugal”, declarava em 1772 Nathaniel Wraxall no seu Historical Memoirs of my own time (publicado em 1815), argumentando saber que “o próprio D. José I tocava com considerável competência violino; e as três princesas suas filhas, todas eram mais ou menos habilitadas em diferentes instrumentos”. A mais velha destas princesas viria a tornar-se D. Maria I, cujo reinado deixou de parte as grandes produções de ópera públicas e preferiu dramas musicais realizados nas salas dos palácios, nos dias onomásticos e de aniversário dos principais membros da família real. A norma era os respetivos enredos versarem sobre feitos heroicos de soberanos da antiguidade em que o personagem principal refletia a virtude e nobreza de sentimentos do homenageado. Neste contexto, é algo surpreendente este drama de Metastasio, que conta como a bela Angelica ludibriou com os seus poderes de sedução o nobre Orlando para assim fugir com o seu Medoro. É preciso ter em conta que a dedicatária desta obra, a Princesa Maria Francisca Benedita, se tinha tornado recentemente herdeira do trono e que, sendo irmã da soberana “e, segundo os testemunhos

da época, a mais prendada nas artese na figura”, segundo os testemunhos da época, se tinha tornado objeto de uma certa pedagogia e formação moral por parte da rainha. Angelica é bem- -sucedida no seu esquema e consegue o seu propósito, mas as consequências das suas ações são graves e injustas. Ciente das qualidades e capacidades da irmã, a rainha pretendeu porventura transmitir-lhe que os dotes de beleza e inteligência, apesar da sua eficácia, devem ser usados de forma e moralmente aceitável. O que torna um pouco mais subtil esta relação da heroína do drama com a princesa dedicatária é uma viragem algo inesperada no enredo, no momento em que Orlando, num ataque de ciúmes, perde o juízo, e reclama com os astros. Quando tudo parece perdido ele vê um astro “benigno” que lhe mostra as qualidades da princesa e o leva a cantar-lhe a respetiva dedicatória ou licenza, no final da qual os restantes solistas se juntam em coro.Esta foi a oportunidade de João de Sousa Carvalho, sucessor de David Perez no cargo de Mestre de Música de Suas Altezas Reais, ou seja, das infantas, se estrear nestes dramas de corte com um texto do clássico padre poeta. A capacidade de fazer sobressair os sentimentos dos personagens nos recitativos acompanhados, o cuidado em escrever os ornamentos e variações nas secções repetidas das árias, a intensidade dramática do dueto do final da primeira parte e a delicadeza expressiva da segunda ária de Medoro, terão com certeza conquistado os ouvidos e corações da Casa de Bragança,

APOIO

CAPALISBOA, ALFAMA. JOGO INFANTIL, JOÃO MARTINS, PORTUGAL, 1930-1940,

FOTO: LUISA OLIVEIRA,1999, © DIREÇÃO-GERAL DO PATRIMÓNIO CULTURAL / ARQUIVO DE DOCUMENTAÇÃO FOTOGRÁFICA

Page 4: CONCERTO AMIGO CCB Concerto Campestre · cujo exigente e cultivado gosto musical era bem conhecido. De tal forma que D. Maria I chegou mesmo a oferecer várias das partituras deste

cujo exigente e cultivado gosto musical era bem conhecido. De tal forma que D. Maria I chegou mesmo a oferecer várias das partituras deste compositor à corte de Madrid e a confiar-lhe a responsabilidade de criar as obras mais importantes do seu reinado, como foi o caso de Nettuno ed Egle, em 1785.O texto de Metastasio, posto em música pela primeira vez em 1720 por Nicola Porpora, é uma das suas muitas obras dramáticas de menor dimensão e das poucas que originalmente foi intitulada pelo próprio poeta de “Serenata” e não “Dramma per musica”, como era mais comum. A razão desta distinção não é óbvia em termos do tipo de escrita ou até mesmo do tipo de personagens, que nas Serenatas de Alessandro Scarlatti tendiam a ser alegóricas e ter a função de louvar alguém ou celebrar algum acontecimento importante. A razão mais clara desta classificação em L’Angelica tem uma raiz claramente poética e pode-se identificar no próprio enredo, que em grande parte se passa na noite em que os amantes resolvem fugir. Nesta fuga, Medoro apercebe-se do luar que afortunadamente lhes ilumina o caminho e dedica ao astro a ária Bela Diva all’ombre

amica tal como um amante dedicaria uma serenata à janela da sua diva.Nas apresentações das Serenatas de corte no tempo de D. Maria I, os cantores solistas atuavam à frente de uma orquestra de cerca de 35 músicos, disposta a poucos metros da própria família real numa das salas dos Palácios de Queluz ou da Ajuda. O ambiente festivo contava com a presença da restante corte e de ilustres convidados, em que as damas de companhia se sentavam no chão e os demais presentes se espalhavam, mais ou menos informalmente, pela restante sala. Não sendo realizado num dos teatros de corte, não havia cenários nem figurinos no espetáculo, mas tratando-se de uma peça teatral com várias cenas e ação concreta implícitas, é fácil imaginar que os cantores atuavam e interagiam de facto. A própria música está escrita de forma a dar tempo às movimentações dos personagens e faz prever distribuições distintas pelo espaço entre os cantores, criando um objeto sonoro rico, expressivo e eficaz a nível dramatúrgico.

PEDRO CASTRO

Sobre o compositorJoão de Sousa Carvalho

João de Sousa Carvalho nasceu em Estremoz, em 1745, e veio a morrer em Lisboa, em 1799. Foi em Vila Viçosa que iniciou os seus estudos musicais, a 23 de outubro de 1753, e logo aos 15 anos, a 15 de janeiro de 1761, ingressa no conservatório de Santo Onofre de Capuana, em Nápoles, na qualidade de bolseiro do Rei D. José I e na companhia dos irmãos Jerónimo Francisco e Brás Francisco de Lima. Em 1766, a sua ópera sobre um texto de Metastasio, La Nitetti, foi apresentada em Roma e é no ano seguinte que regressa a Portugal, altura que ingressou na irmandade de Sta. Cecília. Torna-se então professor de contraponto do seminário da Patriarcal, onde foram seus alunos António Leal Moreira e Marcos Portugal. Em 1778, sucede a David Perez

na qualidade de professor de música da corte. É a partir daqui que escreve regularmente serenatas para celebrar aniversários e outros eventos festivos da corte. É considerado por vários musicólogos como o compositor português mais importante da sua geração. Das dez óperas compostas por compositores portugueses no seu tempo são-lhe atribuídas quatro, e das trinta e seis serenatas realizadas no reinado de D. Maria I, dez são de sua autoria. Na sua correspondência com o embaixador em Itália, cujas funções incluíam recrutamento artístico, o responsável português pelas atividades dos teatros de corte, Pinto da Silva, escreve em 1783 que apesar das crescentes dificuldades em encontrar em Itália cantores com nível para agradar os ouvidos da família real, “atualmente não existe compositor como o nosso João de Sousa Carvalho, e que tanto ele como o seu discípulo António Leal Moreira recentemente compuseram excelentes serenatas”.

Page 5: CONCERTO AMIGO CCB Concerto Campestre · cujo exigente e cultivado gosto musical era bem conhecido. De tal forma que D. Maria I chegou mesmo a oferecer várias das partituras deste

1.ª PARTE

A ação começa com Angelica a chegar à entrada da gruta, onde Medoro se esconde. Medoro aparece e ela apercebe-se de que as únicas feridas de Medoro que ainda precisam de tratamento são as do coração e não as da carne. Para o assegurar do seu amor canta-lhe a ária Mentre rendo a te la avita, antes de partir para colher mais ervas medicinais. Ele, ao ficar só, volta aos seus tormentos de ciúme por estar longe do seu amor, na ária Terrore m’inspira.Noutra cena, surge Licori em busca do seu amado Tirsi, que pede às plantas e sombras da floresta que lhe digam onde pode encontrar o seu amado, na ária Ombre amene. Tirsi aparece e assegura

o seu amor à pastora. São interrompidos pela chegada intempestiva de Orlando que surge em perseguição de um tal de Mandricardo. Nenhum dos pastores viu passar tal guerreiro e Licori acaba por oferecer a sua humilde casa para repouso do herói.Medoro lamenta-se do desespero de passar a vida à espera da sua amada, quando esta se volta a reunir com ele para seu grande alívio. Ao longe, surge um guerreiro que Angelica percebe ser Orlando. Ela urge Medoro a esconder-se, explicando que com os seus olhares e dizeres ternos vai despistar o perigoso guerreiro. Orlando aparece com Licori e Angelica faz-lhe várias promessas de amor, despedindo-se no final dizendo que se vai banhar ao rio e que mais tarde

o volta a encontrar. Orlando fantasia com tal imagem na ária Vanne felice rio e parte no final.Angelica regressa para encontrar Medoro, que ficou muito ofendido

e desconfiado por ter achado tão convincentes e verosímeis as promessas de amor que acabou de assistir. A briga conjugal continua e acaba resolvida no dueto Ah non dirmi.

Sinopse

L’AngelicaJoão de Sousa Carvalho

PERSONAGENS

ANGELICABela princesa chinesa há muito procurada, pretendida por Orlando

MEDOROSoldado sarraceno ferido em território inimigo que se esconde numa gruta

LICORIPastora amante de Tirsi e confidente de Angelica

TIRSIAmante de Licori

ORLANDONobre herói guerreiro e pretendente de Angelica

2.ª PARTE

Licori entra no esquema de Angelica para a ajudar a escapar de Orlando e concorda que ela o tente seduzir, de forma a distraí-lo ainda mais. Quando o guerreiro aparece, Angelica põe em ação os seus dotes femininos. Acontece que Tirsi, escondido e sem que Licori se tivesse apercebido da sua presença, escutou toda a cena e ficou muito ofendido. Desta vez o casal não se reconcilia e o pastor acaba a cantar Il tuo pianto antes de partir.Angelica vem despedir-se da sua amiga e confidente pastora. Aconselha-a a não dar muita importância ao recente desgosto de amor, oferecendo-lhe uma joia preciosa antes de partir. Licori reflete que prefere a paz de alma, a beleza do prado e das simples flores ao resplendor do ouro que lhe foi oferecido. Tirsi revela a Orlando o amor de Angelica e Medoro e prova-o

através das inscrições que se podem encontrar pelo bosque. Licori faz mais uma tentativa desesperada de reconciliação que se revela infrutífera. Angelica urge o seu amante a fugir da fúria e desdém do perigoso guerreiro. Ao ver que a lua resplandece e lhes vai iluminar o caminho da fuga, Medoro dedica-lhe a ária Bela diva all’ombre amica. Angelica despede-se da gruta que foi seu ninho de amor na ária Io dico all’antro addio.Orlando entra no esconderijo dos amantes e tem um acesso de ciúmes que se transforma em loucura, acabando a reclamar com os deuses e astros na ária Da me che volete. De repente, Orlando vê um astro “benigno” que lhe revela as qualidades da princesa aniversariante, levando-o a dedicar-lhe uma série de louvores que culminam com o coro final.

Page 6: CONCERTO AMIGO CCB Concerto Campestre · cujo exigente e cultivado gosto musical era bem conhecido. De tal forma que D. Maria I chegou mesmo a oferecer várias das partituras deste

Libreto ANGELICA (principessa cinese)MEDORO (soldato saraceno)ORLANDO (cavaliere francese)LICORI (pastorella, amante di Tirsi)TIRSI (pastorello, amante di Licori)

SinfoniaAllegro con spiritoAndante con motoAllegro assai

La scena si finge in un giardino di una casa di delizie in campagna.

PRIMA PARTEAngelica e Medoro.

ANGELICA Esci dal chiuso tetto,Medoro, Idolo mio:Vieni, che in questo loco,Ove del dì splendon più chiari i rai Men grave albergo, e più felice avrai.

MEDORO Conduci, ove ti piace, Angelica, mio Nume il tuo fedele; Che se con lui tu sei,Più non cerca Medoro, e più non cura.

ANGELICA Qui t’assidi, o Medoro, e ti riposa.

MEDORO M’è legge il tuo volere.

ANGELICA

Or dimmi intantoTi è la piaga, cor mio, così molesta?

MEDORO

No, mio bel sol, dacché tu stessa il succo Da quell’erbe, possenti espresso prima,

ANGELICA (princesa chinesa)MEDORO (soldado sarraceno)ORLANDO (cavaleiro francês)LICORI (pastora, amante de Tirsi)TIRSI (pastor, amante de Licori)

SinfoniaAllegro con spiritoAndante con motoAllegro assai

A cena passa-se no jardim de uma casa de campo.

PRIMEIRA PARTEAngelica e Medoro.

ANGELICA

Sai daí de dentro, Medoro meu amado: Vem, pois aqui os raios do dia brilham mais claros e mais feliz estarás, neste lugar mais alegre.

MEDORO

Leva-me onde quiseres, Angelica minha deusa, pois, se estás comigo, mais nada se preocupa.

ANGELICA

Senta-te aqui, oh Medoro, e repousa.

MEDORO

A tua vontade é a minha lei.

ANGELICA Ora diz-me então da tua ferida, meu coração, ainda te dói?

MEDORO

Não, meu belo Sol, tu própria aplicas-te o suco daquelas poderosas ervas,

Page 7: CONCERTO AMIGO CCB Concerto Campestre · cujo exigente e cultivado gosto musical era bem conhecido. De tal forma que D. Maria I chegou mesmo a oferecer várias das partituras deste

Applicasti pietosaAll’acerba ferita, in un momento Disparve il suo tormento.Ma, se del mio periglioTu, mia cortese Diva, il prezzo sei,Quella man che ferimmi, io bacierei.

ANGELICA

O Medoro, Medoro, oh come male Paghi la mia pietade Io furo a morteTe, troppo bella, ed immatura preda; Tu con quei cari SoliMentre vita ti rendo, il cor m’involi. Mentre rendo a te la vita Passa, oh Dio, la tua ferita Da quel fianco a questo cor. In quel labbro pallidetto In quel guardo languidetto I suoi dardi, e la sua face, Per ferirmi ascose Amor.

MEDORO

Non più, taci cor mio;Taci se pur non vuoi,Che il soverchio piacer forse m’uccida.

ANGELICA

Ch’io da te mi divida è d’uopo: invanoIl Dittamo si coglieAllorché ferve in mezzo al corso il Sole.

MEDORO

Dunque tu mi abbandoni?

ANGELICA Amore a te mi lega,Amor da te mi parte, o mio bel foco; Ma teco in ogni locoÈ sempre il mio pensier.

MEDORO

Sì, mio Tesoro,Del tuo fervido amor gode Medoro; Ma allorché di te privo io passo l’ore, Indiviso è con me sempre il timore.

Terrore m’inspira D’orrore m’ingombra

e num instante a dor se foi, mas se foste tu o prémio do meu perigo, minha graciosa Deusa, a mão que me feriu eu beijarei.

ANGELICA Oh Medoro, Medoro...oh como pagas mal a minha piedade.Juro amar-te, belíssima e imatura presa, tu com esse olhar, enquanto a vida te dou, o coração me roubas.Enquanto te dou a vida passa, oh Deus, a tua ferida daquele braço até este coração Nesse pálido lábio Nesse olhar lânguido Suas flechas e seu rosto Para ferir-me esconde o seu amor.

MEDORO

Mais não, para meu coração! Para se não queres que o excesso de prazer me mate.

ANGELICA

Agora devo partir que, pois tenho de colher as ervas para te tratar antes do meio-dia, senão não fazem efeito.

MEDORO

Então vais-te embora?

ANGELICA

Amor a ti me prende, amor de ti me afasta, oh meu belo fogo, mas onde quer que vá estás sempre no meu pensamento.

MEDORO Sim, meu tesouro, do teu ardente amor goza Medoro, mas nas horas que passo sem ti, não consigo deixar de ter medo.

De terror me enche De horror me invade

Un’ombra gelosa,Che intorno mi gira Se lungi, Ben mio Se lungi tu resti da me. Ah taci, taci t’intendo Perdonami: oh Dio! Conosco, che offendo La bella tua fé.Ma... oh, Dio...Perdonami... Ben mio t’intendo..Taci, Taci... Ma...

Licori, poi Tirsi

LICORI

Già quasi a mezzo il Cielo Splendono più cocenti i rai del giorno:Già quasi al tronco intornoCadon l’ombre de’ faggi, e degl’allori Ma non vien Tirsi a consolar Licori.

Ombre amene,Amiche piante,Il mio BeneIl caro AmanteChi mi dice ove n’andò?Zeffiretto lusinghieroA lui vola messaggero,Dì che torni, e che mi renda Quella pace che non ho.

TIRSI

La mia bella PastorellaChi mi dice ove n’andò?

LICORI

Tirsi, Tirsi, ove sei, dove t’ascondi?

TIRSI

Ovunque Tirsi sia, È teco anima mia.

LICORI

Ah Tirsi io sempre temoDel tuo amor, di tua fede; un sol momento,Che son da te lontana,Dice un pensier crudele,Che tu non m’ami, e non mi sei fedele.

Uma sombra de ciúme Que gira em torno de mim Se longe, meu bem,Se longe de mim ficas Ah para! Compreendo-te Perdoa-me, oh Deus, Sei que ofendoA tua bela fidelidadeMas... Oh Deus…Perdoa-me meu amor Compreendo-te… mas...

Licori, poi Tirsi

LICORI

Já é quase meio-dia, no céu brilham os raios mais quentes, as sombras caem ao redor do tronco das faias e dos loureiros, mas não vem Tirsi consolar Licori.

Amáveis sombras, amigas plantas O meu bem, o meu querido,Quem me diz, sombras amáveis, onde estará o meu amado! Brisa agradávelA ele voa, mensageira,Diz que volte, e que me devolvaAquela paz que não tenho.

TIRSI

A minha bela pastoraQuem me diz onde ela foi?

LICORI Tirsi, Tirsi, onde estás? Onde te escondes?

TIRSI

Onde esteja o Tirsi, ele está contigo, minha querida.

LICORI

Ah Tirsi, se fico longe de ti um momento que seja, um pensamento cruel diz-me que não me amas e que não me és fiel.

Page 8: CONCERTO AMIGO CCB Concerto Campestre · cujo exigente e cultivado gosto musical era bem conhecido. De tal forma que D. Maria I chegou mesmo a oferecer várias das partituras deste

Orlando e detti.

ORLANDO

Pur ti raggiungerò barbaro imbelle.

LICORI

Fuggiam, caro mio Tirsi.

TIRSI

Aita, o Stelle.

ORLANDO

Fermate il piè, fermate,Pastorelli innocenti: il mio furoreNon viene a disturbar la vostra pace. Ditemi, se vedesteFuggitivo GuerrieroGiunger poc’anzi in questo loco a sorte?Ad un bianco Destriero,Senza fren che lo regga, il dorso preme:Va di lucente acciaroGrave le membra, e le scomposte chiome, Senz’asta, o brando, e Mandricardo ha nome.

LICORI

Non si offerse a’ miei sguardiMai sì strano Guerrier,

TIRSI

Nè mai tal nomeL’orecchio mi ferì.

ORLANDO

Non sempre il caso

D’Orlando all’ira il toglierà.

LICORI

Se vuoi,Signor, deporre in quest’ameno albergo La stanchezza, e ‘l sudore,Licori te ne fa povero invito.

ORLANDO

Molto a me sia gradito: in ver richiede Qualche riposo il natural desio.

LICORI

Addio Tirsi mio ben.

Orlando e outros.

ORLANDO

Ah, vou-te apanhar, bárbaro cobarde.

LICORI

Fujamos, meu Tirsi.

TIRSI

Ajuda! Oh estrelas.

ORLANDO Esperem aí, inocentes pastores, que a minha fúria não é contra vocês. Digam-me, viram um guerreiro fugitivo chegar há pouco tempo neste lugar? Leva um bom cavalo branco sem freio, o corpo apertado com uma armadura luzente, todo despenteado, sem lança ou espada e o seu nome é Mandricardo.

LICORI

Não vi esse estranho guerreiro.

TIRSI

Nem tal nome ouvi.

ORLANDO

Um dia ele não escapará da minha raiva.

LICORI

Se o senhor quiser, aceite o meu humilde convite, e descanse neste lugar.

ORLANDO Fico muito agradecido: na verdade precisava de descansar um pouco.

LICORI Adeus Tirsi, meu bem.

TIRSI

Licori, addio.

Medoro, poi Angelica.

MEDORO

Gentili alme, e ben nate,Anime innamorate,Se alcuna è fra di voi,Che negli affetti suoiInfelici taloraDimorasse lontan dal suo bel foco; Deh per pietà mi dica Se v’è dolor più fiero, ed inumano,Che l’aspettarlo, ed aspettarlo in vano. Ma veggo a questa volta,Se il desio non m’inganna,Angelica venir.

ANGELICA

Mio bel Medoro,Eccomi che ritornoA pascer ne’ tuoi sguardi, i sguardi miei.

MEDORO

Oh come vaga sei,Or che più dell’usatoL’affanno, ed il camminoDelle tue guance il bel rossore accresce; Ma quale, oh Dei! ver noiCon Licori ne vien, superbo, e fiero, Incognito Guerriero?

ANGELICA

Guerrier! Chi mai sarà? Cieli, che miro! All’armi, ed all’insegne è questi Orlando. Oh che arrivo importuno!

MEDORO

Orlando? Oh Dio!

ANGELICA

Qui presso un sol momento,Nasconditi, Medor; saprò ben’ioCon sguardi, e vezzi teneri, e fallaci Lusingarlo.

MEDORO

Ah mio ben...

TIRSI

Adeus Licori.

Medoro, depois Angelica.

MEDORO Gentis almas apaixonadas, se alguém entre vocês sabe o que é ficar longe do seu amado, diga-me por favor se há dor mais feroz e desumana do que esperar, e esperar em vão. Mas desta vez, se o desejo não me engana, Angelica vem aí.

ANGELICA

Meu belo Medoro, aqui estou de volta a saciar no teu olhar, o meu olhar.

MEDORO

Oh como sois bela, corada pelo cansaço do caminho. Mas o que é isto! Deuses! Venho um desconhecido e magnífico guerreiro, com Licori na nossa direção.

ANGELICA

Mas de que Guerreiro se trata? Céus, que vejo! Pelas armas e brasões deve ser Orlando: oh que chegada inoportuna!

MEDORO Orlando? Oh Deus!

ANGELICA Esconde-te Medoro aqui ao lado. Com falsos olhares e encantos saberei distraí-lo.

MEDORO Ah meu bem...

Page 9: CONCERTO AMIGO CCB Concerto Campestre · cujo exigente e cultivado gosto musical era bem conhecido. De tal forma que D. Maria I chegou mesmo a oferecer várias das partituras deste

ANGELICA

T’ascondi, e taci.

Orlando e Licori.

ANGELICA

Orlando, oh quanto invanoRicercato da me giungi opportuno.

ORLANDO

Come, o mia bella Diva, in questo loco? Come in traccia di me, se poco primaDi me, di Sacripante, e di mill’altri Generosi GuerrieriDisprezzasti l’amor?

LICORI (Ve’ quanti amanti,Benché schive, e ritrose,Sanno acquistar le cittadine Ninfe!)

ANGELICA

Oh come mal spiasti,Orlando, i miei pensieri; allor non eraTempo di far palese il nostro amore.

MEDORO

(Ancor che finto sia, pur mi dà penaQuesto suo favellar.)

ORLANDO

Ma quando al fonte,Ove soletta io ti trovai...

ANGELICA

Deh serba,Serba a tempo miglior le tue querele;Lieta, o caro, io sarei, se le nostr’almeEgual nodo stringesse, egual catena.

MEDORO

(Meglio è partir che tollerar tal pena.)

LICORI

Quest’ameno soggiorno,Signor, v’attende, e al travagliato fiancoOffre grato riposo.

ORLANDO

Io più no’l curo.

ANGELICA

Esconde-te e cala-te.

Orlando e Licori .

ANGELICA

Oh Orlando, tanto procurei por ti e agora chegas no momento certo.

ORLANDO Como, oh minha bela Deusa, te encontro neste lugar? E como andavas atrás de mim, se pouco antes desprezas-te o meu amor, o de Sacripante e de outros tantos nobres guerreiros?

LICORI

(Vejam quantos amantes, apesar de tímidos, sabem conquistar as meninas nobres.)

ANGELICA

Oh Orlando, não me percebeste bem. Aquela é que não era a altura de revelarmos o nosso amor.

MEDORO

(Mesmo que seja falso, custa-me tanto ouvir este seu falar.)

ORLANDO Mas quando na fonte, sozinha eu te encontrei...

ANGELICA Calma aí, agora não é altura para essas lamúrias. Eu feliz serei se as nossas almas estiverem presas pela mesma corrente.

MEDORO (O melhor é partir que tolerar esta dor.)

LICORI Este lugar agradável está à sua disposição, e dar-lhe-á repouso a esse corpo cansado.

ORLANDO Isso não me importa.

ANGELICA

No; no; vanne, che intanto Andrò a bagnarmi al vicin rio, e poi Farò che meglio intenda i sensi miei.

ORLANDO

Tu sola del mio cor l’arbitra sei.13. Vanne, vanne felice Rio Vanne superbo al marAh, potessi io cangiar Teco mia sorte. Or or tu bagneraiQuei vezzosetti rai Che volgon la mia vita,E la mia morte.

Angelica, Medoro.

ANGELICA

Torna, torna, Medoro, ove ti ascondi?

MEDORO Mio tesoro son teco, Se pur lice a Medoro Chiamarti suo tesoro.

ANGELICA

E donde mai S’avanza nel tuo core Così strano timore?

MEDORO Ah che d’Orlando a fronte Il tuo affetto vacilla.

ANGELICA

Io non te’l dissi, Che seco fingerei?

MEDORO Ma benché finto,Quel parlar lusinghieroSembra troppo a Medor simile, al vero.

ANGELICA

Ah, non dirmi, ingrato amante, Che incostante – è l’amor mio;Che infedel son’io con te.

MEDORO No mia vita mio tesoroDi Medoro il cor sì rio

ANGELICA Não, não, ide, que entretanto vou tomar banho ali ao rio e depois explico-te melhor o que te quero dizer.

ORLANDO

Só tu mandas no meu coração.Ide, ide feliz rioIde orgulhoso ao marah, pudesse eu trocar de lugar contigo Agora que ides banharAqueles olhos encantadoresQue guiam a minha vida e a minha morte.

Angelica, Medoro.

ANGELICA

Volta, volta Medoro! Onde te escondes?

MEDORO Meu tesouro, estou aqui, se ainda tenho licença de chamar-te meu tesouro.

ANGELICA E porque surge no teu coração esse estranho temor?

MEDORO Ah, porque à frente de Orlando o teu afeto vacila.

ANGELICA

Eu não te disse que ia fingir?

MEDORO Mas mesmo sendo falso, aquele teu fingimento parece a Medoro demasiado verdadeiro.

ANGELICA

Ah, não me digas, ingrato amante, que inconstante é o meu amor e que infiel eu te sou.

MEDORO

Não minha vida, meu tesouro, o coração de Medoro, oh Deus, não é assim tão cruel,

Page 10: CONCERTO AMIGO CCB Concerto Campestre · cujo exigente e cultivado gosto musical era bem conhecido. De tal forma que D. Maria I chegou mesmo a oferecer várias das partituras deste

Qual tu credi, oh Dio! non è.

ANGELICA Taci, ah taci.

MEDORO Ascolta, oh pene.

ANGELICA Vanne ingrato.

MEDORO Ah no, mio bene.Rasserena i vaghi rai.

MEDORO E ANGELICA

Cara speme, ah tu saraiSempre il mio sincero ardor.

MEDORO Ah no, mio bene... etc.

ANGELICA Taci, ah taci, etc.

MEDORO E ANGELICA

Se inspiraste, amici Dei,Questi affetti nel mio cor; Questi puri affetti miei Conservar dovete ancor. Fine della Prima Parte

PARTE SECONDALicori e Medoro.

LICORI

Dunque perché a MedoroNon turbi Orlando i fortunati amori, Infida al suo Pastor sarà Licori?

MEDORO

E infedeltà tu chiami,Finger per gioco un innocente affetto?

LICORI

L’alma, che in me si annida,Non sa nemmen per gioco essere infida.

como tu crês!

ANGELICA Oh cala-te.

MEDORO Ouve, oh que sofrimento!

ANGELICA Vai-te, ingrato!

MEDORO

Ah não meu bem Acalma esse teu belo olhar.

MEDORO E ANGELICA

Oh querida esperança! Serás sempre o meu sincero ardor.

MEDORO Meu bem, escuta... etc.

ANGELICA

Vai, cala-te, ingrato... etc.

MEDORO E ANGELICA

Se inspiraram amigos deuses estes tão puros sentimentos no meu coração, deverão agora conservá-los.

Fim da Primeira Parte

SEGUNDA PARTE Licori e Medoro.

LICORI Então, para que o Orlando não perturbe o teu amor, terei eu de ser infiel ao meu pastor?

MEDORO E tu chamas infidelidade fingir, a brincar, um inocente afeto.

LICORI

A alma escondida em mim, não é capaz, nem a brincar, de ser infiel.

MEDORO

Taci, Licori, e lasciaCosì rigidi sensi.

LICORI

Ecco Orlando a noi viene.

MEDORO

Il tempo è questoDa porre appunto in opra ilnostro avviso.

LICORI Sento gia di rossor tingermi il viso.

Orlando, Licori, e poi Tirsi.

ORLANDO Vezzosetta Licori, e perché teco Angelica non è? Dove dimora?

LICORI

Io la lasciai pur ora Di quel limpido lago in su le sponde, Che le sue placide ondeNella valle de’ Mirti aduna, e stagna. Fillide a me compagna Le insegna i pesci ad ingannar coll’amo.

ORLANDO Se non ti spiace a ritrovarla andiamo.

TIRSI (Con Orlando Licori! Udiam che dice.)

LICORI

No: che in partir da leiDisse, che fra momenti a te venia.Forse la doppia viaC’impedirebbe il ritrovarla: intantoQui l’attendiam, ch’ella verrà: ti è forseSì noiosa LicoriChe non sai restar seco unsol momento?

ORLANDO

Anzi cara mi sei.

TIRSI

(Cieli, che sento?)

LICORI

Si, ma... (che mai dirò?)

MEDORO

Cala-te Licori e deixa de ser tão rígida.

LICORI

Aí vem o Orlando.

MEDORO

É altura de colocarmos em ação o nosso plano.

LICORI

Já estou a ficar corada.

Orlando, Licori, e depois Tirsi.

ORLANDO Bela Licori porque não estás com Angélica? Onde é que ela está?

LICORI

Deixei-a mesmo agora nas margens daquele límpido lago, deitado no vale de Mirti. A minha amiga Fillide ficou a ensinar-lhe a pescar.

ORLANDO

Se não te importas vamos encontrá-la.

TIRSI (Licori com Orlando! Ouçamos o que dizem.)

LICORI

Não, porque ela disse que já vinha ter contigo e se ela não vier pelo mesmo caminho, podes não encontra-la. É melhor esperarmos aqui. Gostas tão pouco de mim que não queiras estar aqui nem um minuto?

ORLANDO

Pelo contrário, és querida para mim.

TIRSI

(Céus, que ouço?)

LICORI Sim, mas...que mais direi?

Page 11: CONCERTO AMIGO CCB Concerto Campestre · cujo exigente e cultivado gosto musical era bem conhecido. De tal forma que D. Maria I chegou mesmo a oferecer várias das partituras deste

Tu sempre avvezzoA’ cittadini affetti,Così basso mirar forse non vuoi.

TIRSI

(Infida!)

ORLANDO

Io non intendo i detti tuoi.

LICORI

T’intenderei ben ioSe d’amor mi parlassi. Ah tu non curi, E non intender fingi Questi selvaggi, e pastorali amori.

ORLANDO

Forse meco scherzar piace a Licori.

Tirsi e Licori.

TIRSI

Alma mia fida, e bellaVezzosa Pastorella,Sprezzatrice de’ boschi,Amante degli Eroi,Tirsi oscuro, e negletto, Povero Pastorello umil s’inchina.

LICORI

Tirsi ancor si compiaceDi rinnovar così gli scherni miei?

TIRSI

Anzi cara mi sei.

LICORI

Dunque cara ti sono,E ti piace vedermiCosì schernita e tollerar il puoi,Mio Tirsi?

TIRSI

Io non intendo i detti tuoi.

LICORI

Come! tu non m’intendi? Ah che il tuo petto È già fatto ricettoDi nuove fiamme, e di novelli amori.

TIRSI

Forse meco scherzar piace a Licori.

Estás tão habituado às meninas nobres que não deves querer nada com uma camponesa.

TIRSI (Infiel!)

ORLANDO Eu não percebo o que dizes.

LICORI Eu perceberia bem se me falasses de amor, mas em vez disso tu não te importas e finges não entender o meu humilde amor.

ORLANDO Talvez a Licori goste de brincar comigo.

Tirsi e Licori.

TIRSI

Alma minha, fiel e bela encantadora pastora que desprezas os bosques e amas os Heróis.Tirsi, escuro e rejeitado, pobre pastor, humilde se inclina.

LICORI

Tirsi ainda gosta de gozar comigo desta forma.

TIRSI

Pelo contrário, és querida para mim.

LICORI

Oh meu Tirsi, então sou querida para ti e gostas de ver como gozam comigo?

TIRSI

Eu não entendo o que dizes.

LICORI

Como! Tu não me entendes? Então o teu peito já está cheio de novas chamas e de novos amores!

TIRSI

Talvez a Licori goste de brincar comigo.

LICORI

Tirsi ascolta, ove fuggi?Fermati un sol momento,Poi dimmi se potrai, ch’io son fallace.

TIRSI

Vanne ad amar gli Eroi, lasciami in pace. Il tuo pianto, i tuoi sospiri, Vaga Ninfa spargi al vento: Or conosco, e son contento, Quanto instabile è il tuo cor. Vivi pur felice, e lietaOr che un nuovo amor t’allaccia; Ma con l’onta, e con la taccia D’infedele vivi ancor.

Angelica e Licori.

ANGELICA

Perché, bella Licori,Così mesta ti miro, e sì dolente?

LICORI

Vanne, Angelica, vanne,Cerca con altra Ninfa,Meglio impiegar gl’insegnamenti tuoi.

ANGELICA

Perché parli in tal guisa?L’amor tuo disprezzò?

LICORI

Sarebbe poco,Perché poco mi cal; ma Tirsi, oh Dio! Intese, e l’amor mio credé verace,E sdegnato mi disse, Vanne ad amargli Eroi, lasciami in pace.

ANGELICA

E per questo ti affanni?Semplicetta che sei!

LICORI

Tu vai meco scherzando;Io perdo Tirsi, e non acquisto Orlando.

ANGELICA Se non acquisti Orlando,Tirsi non perderai.

LICORI

Codesti tuoi sì straniDogmi d’amare a me seguir non giova.

LICORI

Tirsi ouve, para onde foges? Para um pouco e diz-me, se puderes, que eu te engano.

TIRSI

Vai amar os heróis e deixa-me em paz. O teu choro, os teus suspiros, Bela ninfa espalha ao vento:Agora sei e fico contente,Quanto instável é o teu coração.Já podes viver feliz e contenteAgora que um novo amor te prende;mas com a vergonha e com a culpa de ser infiel ainda vives.

Angelica e Licori.

ANGELICA

Por que tão triste te vejo, bela Licori?

LICORI Vai Angélica, vai-te embora! Tenta com outra Ninfa aplicar melhor os teus ensinamentos.

ANGELICA

Porque falas dessa maneira? Ele desprezou o teu amor?

LICORI

Isso não me importa. Mas Tirsi, oh Deus, ouviu e pensou ser verdade, e irritado disse-me: “Vai amar os heróis, deixa-me em paz!”.

ANGELICA E por isso te afliges? Sois tão ingénua.

LICORI

Tu gozas comigo, mas eu perco Tirsi e não conquisto Orlando.

ANGELICA Se não conquistas Orlando, Tirsi não perderás.

LICORI

Não me convém seguir estas tuas estranhas regras de amor.

Page 12: CONCERTO AMIGO CCB Concerto Campestre · cujo exigente e cultivado gosto musical era bem conhecido. De tal forma que D. Maria I chegou mesmo a oferecer várias das partituras deste

ANGELICA Fa ciò che vuoi, te n’avvedrai per prova. Ma teco in van consumoL’ore del giorno: veggo omai che’l Sole Fa rosseggiar l’occidental marina. Nella notte vicinaVuò col favor dell’ombreAd Orlando involarmi; in tanto, o cara Ciò che fia d’uopo ad apprestar andiamo.

LICORI

Dunque già m’abbandoni?Nè più ti rivedrò?

ANGELICA

Chi sa, che un giornoBenigno il Ciel non ne congiunga: in tanto Da me ricevi in donoQuesto, che il manco braccioM’adorna e cinge, aureo legame: e sappi,Che se Angelica tornaIl patrio soglio a ricalcar giammai,Premio maggior della tua fede avrai.Orsù, non è più tempoDa trattenerci a favellar: Medoro N’attende ascoso in quel riposto speco. Andiam.

LICORI

Vanne, che or or Licori è teco.

Licori sola.

LICORI

Questo è il metallo infameDi cui parlando il Genitor tal volta,Fuggi, fuggi, disse, Licori, Quei fallaci splendori; ed io contenta Del suo consiglio or sono,Che di lui non mi curo,Ornar le membra, o riempir la mano:Per farmi vacillar, tu splendi in vano.

5. Non curo del Fato Ricchezze, e tesori: Del colle, e del prato Fra semplici fiori: Fra limpidi umori Di vago ruscello

ANGELICA Faz o que quiseres, com a experiência vais perceber que assim perdes o teu tempo. Vejo que o sol já se põe, e com a ajuda das sombras da noite que se aproxima, quero fugir de Orlando. Entretanto, minha querida, vamos fazer o que é necessário.

LICORI

Então já me abandonas? Nem te verei outra vez?

ANGELICA Quem sabe um dia o Céu nos junte: entretanto recebe de mim esta pulseira que no esquerdo braço me adorna e cinge: e sabe que se Angélicaalguma vez voltar a este lugar terás um prémio pela tua fidelidade. Agora não temos mais tempo. Medoro espera escondido naquela caverna. Vamos!

LICORI Vamos, que agora Licori está contigo.

Licori a sós.

LICORI Este é o metal infame de que falava o meu pai.Foge! Foge, disse, Licori, dos falsos esplendores. E eu contente com seu conselho fiquei, que não me importo de me enfeitar com ouro. Brilhas em vão.

Não me interessam riquezas e tesourosMais belo é o candor dos tesouros da colinaDas flores simples do prado, e dos regatos.

Più bello – traspira Modesto il candor. Di un vano splendore Si fugga il diletto: Ei sempre nel petto Si spande maggiore; Ei toglie, cresciuto La pace del cor.

Orlando e Tirsi.

ORLANDO Dunque è Angelica amante?

TIRSI Amante.

ORLANDO E questoMedor, che tu mi narri,È l’oggetto del suo amor?

TIRSI

Questo.

ORLANDO

Io non lo credo.

TIRSI

Se no ‘l credi al mio labbroCredilo agli occhi tuoi: quindi d’intorno Tronco non v’ha, che di lor man non mostri Impresse queste note:Liete piante, verd’erbe, e limpid’acque, A voi rendon mercè de’ lor riposi Angelica, e Medoro amanti, e sposi.

ORLANDO

Ed il ver tu mi narri?

TIRSI

Un tal amoreÈ noto in queste selve ai sassi ancora.

ORLANDO

Perfidissima Donna,Anima senza fede: or questi sonoQuelli teneri sensi,Che testé mi giurasti?Và pur, fuggi ove vuoi,Ti giungerò crudele: Ti sbranerò su gli occhiL’infame usurpator de’ miei contenti;

Melhor é fugir ao prazer de um vão esplendorEle cresce sempre no peito e tira-nos a paz do coração.

Orlando e Tirsi.

ORLANDO

Então Angelica é amante?

TIRSI.

Amante.

ORLANDO E este Medoro de que me falas, é o objecto de seu amor?

TIRSI Esse mesmo.

ORLANDO

Eu não acredito.

TIRSI Se não acreditas nos meus lábios, acredita nos teus olhos: Não um tronco aqui à volta que não tenha estas palavras escritas pelas suas mãos: “Queridas plantas, ervas verdes, águas transparentes, Angelica e Medoro, amantes e esposos, agradecem-vos o seu repouso”.

ORLANDO

E dizes-me a verdade?

TIRSI Até as pedras deste bosque conhecem este amor.ORLANDO Malvada mulher, alma infiel, é esta a ternura que me juraste? Podes fugir para onde quiseres, mas eu vou sempre conseguir apanhar-te. Diante dos teus olhos vou esquartejar o infame usurpador da minha felicidade. A minha vingança juntar-te-á a ele na morte.

Page 13: CONCERTO AMIGO CCB Concerto Campestre · cujo exigente e cultivado gosto musical era bem conhecido. De tal forma que D. Maria I chegou mesmo a oferecer várias das partituras deste

E renderatti a lui,Se forse più veloceVerso il regno dell’ombre i passi affretta, Compagna nel morir la mia vendetta.

Licori e Tirsi.

LICORI

Tirsi mio Tirsi ascolta:Deh non far più, ben mio,Oltraggio co’ sospetti alla mia fede.

TIRSI

Io temer non vorrei,Ma tu sei troppo vaga, io troppo amante.

LICORI

Almen, finchè la sorteT’allontana da me, pensa ch’io t’amo.

TIRSI

Fuorché quel del tuo volto,Da lungi, o da vicino,Non sanno i miei pensieri altro cammino. Angelica e Medoro.

ANGELICA

Fuggiam, bell’Idol mio,Dallo sdegno d’Orlando.Questa ruvida spoglia soffri, e dona Quest’impaccio noioso,Alla tua sicurezza, al mio riposo.Ecco dall’onde fuoriSpunta la bianca Luna, e’l Ciel rischiara Col suo tremulo raggio, e sin del bosco Fra gl’intricati rami,Penetrando furtiva,A regolar gl’incerti passi arriva.

MEDORO

Se al suo placido voltoImportuno vapor non copre il lume, Coll’umido splendoreSarà dolce compagna al nostro errore. Bella Diva all’ombre amica Scorgi almen con puro ciglio Nel periglio – il nostro amor. Nuda splendi, e chiara in Cielo, Come allor, che senza velo Fosti in braccio al tuo pastor.

Licori e Tirsi.

LICORI Tirsi, meu Tirsi, ouve: insultas-me se duvidas da minha fidelidade.

TIRSI

Eu não quero temer, mas tu és muito bela e eu demasiado apaixonado.

LICORI Lembra-te que te amo até que a sorte te separe de mim.

TIRSI Os meus pensamentos não seguem outro caminho que não o do teu rosto.

Angelica e Medoro.

ANGELICA

Fujamos, meu amor, da raiva do Orlando, vamos para um lugar onde depois de tu estares em segurança eu possa descansar. A Lua branca está a surgir, e está a clarear o céu com os seus raios trémulos que nos ajudam a encontrar o caminho.

MEDORO

Se nevoeiro algum cobrir a face da lua, será ela a doce companheira do nosso erro.Bela Diva amiga das sombrasvê, pelo menos, com puros olhos no perigo, o nosso amor. Nua e clara brilhas no Céu Como Então que sem um véu foste ao colo do teu pastor.

ANGELICA Andiam Medoro andiamo; Tu sai, che son per noi Preziosi i momenti.

MEDORO Dunque addio, care selve.Selve per me beate, or ch’io vi lascio, Qual interno dolor prova il cor mio!

ANGELICA

Antri felici addio.No, ch’io non possoVolgere in voi partendo, asciutti i lumi.In voi vollero i Numi,Che nascesse il mio amore, or voi serbate Coll’amorose note,Che la mia man ne’ vostri sassi impresse Entro il concavo seno dell’amor mio.Le rimembranze, le rimembranze almeno.

10. Io dico all’antro addio, Ma quello al pianto mio, Sento, che mormorando, Addio risponde. Sospiro, e i miei sospiri Ne’ replicati giri Zeffiro rende a me Da quelle fronde.

Orlando.

ORLANDO

Ove son? Chi mi guida?Queste, ch’io calco arditoSon le fauci d’Averno, o son le Stelle?Oh Dio, qual voce, oh Dio,Quali accenti noiosi!Angelica, e Medoro amanti, e sposi.Numi, barbari Numi,Angelica dov’è, perché s’asconde? Rendetela ad Orlando, o ch’io sdegnatoFarò con una scossaFin da’ cardini suoi crollare il Cielo.Infelice, che dissi?Misero che pensai?Contro il Ciel? Contro i Dei? La destra! il brando!Crudo amor, Donna ingrata, e folle Orlando!

ANGELICA

Vamos, Medoro, vamos! Tu sabes que para nós cada momento é precioso.

MEDORO Então adeus, queridos bosques. Bosques abençoados, agora que vos deixo, dentro de mim o coração experimenta a dor.

ANGELICA Grutas felizes, adeus. Não, não consigo olhar para vocês sem chorar. Os Deuses quiseram que o meu amor nascesse entre vós. Agora vocês conservam pelo menos as memórias nas provas de amor que a minha mão gravou nas vossa pedras no côncavo seio da floresta.

Eu digo adeus à cavernamas ouço que ela,ao meu lamento,Responde murmurando Adeus, Adeus.Suspiro, e os meus suspirosSão-me devolvidos pela brisaDaqueles ramos.

Orlando.

ORLANDO

Onde estou? Quem me guia?Isto que eu piso corajoso é a garganta do Inferno ou são as estrelas?Oh Deus, que voz é esta? Que palavras desagradáveis: Angelica e Medoro, amantes e esposos.Deuses bárbaros, Angelica onde está? porque se esconde?Devolvam-na a Orlando, senão, tanto vou sacudir que farei desabar o céu. Infeliz, que disse eu? Miserável, que pensei?Contra o céu? Contra os Deuses? A espada, eu virei. Amor cruel. Mulher ingrata, e louco Orlando.Vá, deixai-me em paz, que querem de mim, malignas estrelas?

Page 14: CONCERTO AMIGO CCB Concerto Campestre · cujo exigente e cultivado gosto musical era bem conhecido. De tal forma que D. Maria I chegou mesmo a oferecer várias das partituras deste

Deh lasciatemi in pace,Che volete da me, maligne stelle?Se bramate che mora,Orlando morirà. Vi basta ancora?

Da me che volete Infauste Comete?Non più, ch’io mi sento L’inferno nel sen.

Mal qual Astro benignoFra l’orror della notte a me risplende?Chi mi rende a me stesso? Eterni Dei,Qual fatidico sguardoFra l’ombre del futuro.Antivedo sicuro!... In riva al TagoDal Rettore del Ciel, d’Augusta Donna, (De’ Regi Lusitani inclito Germe )Si prepara il Natal! De’ pregi suoi La bellezza è il minor: sferico giro Di preclare virtudi il suo bel core Nobilmente circonda! Oh voi felicePopoli Lusitani, a cui dal FatoSì gloriosa Eroina già si serba!A Lei la vostra in fronteFelicità sta scritta. Il lieto giornoAl nascer suo prescritto, io già prescrittaOh auguri! Oh voti! Oh liete voci!A destraPura luce, e serenaEcco alfin che balena: ecco già parmi,In cento guise e cento udir gli evvivaDa un popol fido, e giusto,Di Maria Benedetta al nome augusto.

CORO (TUTTI)

Viva l’Augusta ProleViva mill’anni, e mille:De’ giorni suoi tranquille Spirino l’aure ognor. Quanto misura il Sole Sia terra a te soggetta O Augusta Benedetta,O vero nostro amor.

IL FINE

Se querem mesmo que eu morra, Orlando morrerá. É suficiente para vocês?

O que querem de mimfunestos cometaschega! que eu sintoo inferno no meu peito.

Mas qual astro benigno é que entre o horror da noite, brilha para mim?Quem me devolve a paz?Deuses eternos, qual o olhar do destino entres as sombras do futuro?À beira do Tejodo Regente dos céus,de nobre mulherdescendente de Reis LusitanosPrepara-se o aniversáriodas suas virtudes a beleza é a menoro seu belo coração está rodeado de inegáveis virtudesVocês, felizes povos lusitanos, para quem o destino guardou uma heroína tão gloriosa.A vossa felicidade está escrita na sua testa.Oh, Parabéns!Oh, Votos!Oh, Vozes felizes!À direita uma luz pura e serena no fim aparece.Pronto, parece-me que já oiço de cem maneiras diferentes os “vivas” de um povo fiel e justo.De Maria Benedettao nobre nome.

CORO (TODOS)

Viva a nobre descendênciaViva por mil anos:Dos seus dias possam sair auras A cada hora que o sol medeQue o mundo te esteja sujeitoOh Nobre benditaO nosso verdadeiro amorViva por mil anos (...)

FIM

Page 15: CONCERTO AMIGO CCB Concerto Campestre · cujo exigente e cultivado gosto musical era bem conhecido. De tal forma que D. Maria I chegou mesmo a oferecer várias das partituras deste

C O N C E R T O C A M P E S T R E Com o nome inspirado no famoso quadro de Giorgone, o Concerto Campestre é um grupo de música de câmara que se dedica à interpretação da música europeia, desde o renascimento ao período barroco, chamada «música antiga». É constituído por jovens profissionais intérpretes em instrumentos da época, tais como cravo, oboé barroco, viola da gamba e violoncelo barroco. Os seus elementos são formados nas principais escolas europeias e trabalham em vários grupos de música barroca, tais como Ricercar Consort, Al Ayre Español, Les Talens Liryques e Divino Sospiro. O grupo está sediado em Lisboa e tem a direção artística de Pedro Castro. A sua constituição é versátil, tendo sido já realizados projetos com diferentes geometrias: trio de câmara, ensemble de dez músicos e cantores na execução de cantatas e concertos de J.S. Bach, Telemann e Seixas. Apresentou-se na Festa da Música no CCB, nos Encontros de Música Antiga de Loulé, no átrio do Museu Gulbenkian, na Festa no Chiado, nas Festas de Lisboa, nos Encontros de Música Antiga de Tomar, no Festival Terras Sem Sombra e nos Festivais de Outono em Aveiro. Em colaboração com o Quarteto Arabesco, apresentou a estreia moderna da serenata L’Angelica, de João de Sousa Carvalho, com sete récitas um pouco por todo o país entre outubro de 2009 e junho de 2010, tendo a respetiva gravação sido lançada em 2016 pela Naxos.

J O A N A S E A R A S O P R A N O

Joana iniciou os seus estudos musicais na Academia de Música de Santa Cecília e no Conservatório Nacional de Lisboa. Graças a uma generosa bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian, conseguiu prosseguir os seus estudos na afamada Guildhall School of Music and Drama, em Londres, tendo mais tarde sido bolseira de várias instituições, tais como a Wingate Foundation, o E. M. Behrens Charitable Trust e a Worshipful Company of Barbers, que a ajudaram a concluir o seu percurso académico naquela escola. Foi, também, distinguida com um Sybil Tutton Award e um Worshipful Company of Glass Sellers Music Prize.Em ópera, Joana tem interpretado papéis de Monteverdi a Puccini, de Verdi a Francisco António de Almeyda. Destacam-se Margery com a Akademie für Alte Musik Berlin, Damigella com a English National Opera, Gretel e Despina para Opera Holland Park e Dorinda para a Independent Opera at Sadler’s Wells. Outros papéis incluem Zerlina na Holanda, Inglaterra e Irlanda, e Galatea em França. No Teatro Nacional de São Carlos, foi Susanna, Tebaldo/Voce dal Cielo, Flora, Ines e Frasquita. Sob a direção de maestros como Ton Koopman, Lawrence Foster, Simone Young, Donato Renzetti, Mathew Halls, Enrico Onofri, Christoph König, Nicholas Kraemer, Carlos Mena, Jorge Matta, Pedro Castro, Miguel Jalôto, Massimo Mazzeo, Marcos Magalhães, Joana Seara tem cantado nos grandes auditórios da Fundação Gulbenkian, do Centro Cultural de Belém, da Casa da Música e do Teatro Nacional de São Carlos, bem como nos palcos internacionais de países como a Bulgária, Espanha, França, Reino Unido, Índia e Brasil. Para além das grandes óperas e oratórias de repertório, Joana tem-se dedicado também a obras antigas em primeira audição moderna, nomeadamente obras portuguesas do século XVIII, trabalhando com

vários grupos em Portugal na sua descoberta. Trabalha regularmente nas produções dos Músicos do Tejo (dir. Marcos Magalhães) e, com este grupo, lançou vários projetos discográficos de música antiga portuguesa: Il Trionfo d’Amore e La Spinalba e As Árias de Luísa Todi. Outra discografia inclui a gravação dos CD 18th-Century Portuguese Love Songs, com o agrupamento L’Avventura London, sob direção de Zak Ozmo, e L’Angelica, de João Sousa Carvalho, com os Concerto Campestre de Pedro Castro.

G I U S E P P I N A B R I D E L L IM E I O - S O P R A N O

A meio-soprano italiana Giuseppina Bridelli estudou no conservatório de Placência, de onde é natural. Em 2007, venceu a competição internacional da Aslico – Associazione Lirica Concertistica Italiana e estreou-se no papel de Despina (Così fan tutte), sob direção de Diego Fasolis. Desde 2008 que estuda na Scuola dell’Opera Italiana, em Bolonha, onde participou em masterclasses de Raúl Giménez, Sonia Ganassi, Francisco Araiza, Sonia Prina, Bruno Bartoletti e Dolora Zajick.Para esta temporada, tem como compromissos os papéis de Cherubino (Le nozze di Figaro), em Nápoles e Malmö, de Aristeo (em L’Orfeo, de Luigi Rossi), com o ensemble Pygmalion em Versalhes e Bordéus, de Flora (La Traviata), em Nápoles, e várias partes das três óperas de Monteverdi com os La Venexiana no Schwetzingen Festival. Recentemente, cantou o papel de Mercédès (Carmen), em Nápoles.Em recital, atuou este ano em Paris com a cravista Simone Ori, em Lyon com um programa de Nicola Porpora, em Limoges com uma sequência de árias de Rossini, e no Carnegie Hall, em Nova Iorque, com a orquestra Il Pomo d’Oro e a soprano Emoke Baráth. Este outono, Bridelli vai inicar uma digressão pelos EUA e América do Sul interpretando L’Orfeo, de Monteverdi, com os Cappella Mediterranea,

Page 16: CONCERTO AMIGO CCB Concerto Campestre · cujo exigente e cultivado gosto musical era bem conhecido. De tal forma que D. Maria I chegou mesmo a oferecer várias das partituras deste

sob a batuta de Leonardo García Alarcón, e aparecerá de novo na ópera no Carnegie Hall, com o grupo L’Arpeggiata. No próximo ano, Giuseppina Bridelli vai cantar Ruggiero (Tancredi) no Teatro Petruzzelli Bari, entre outros projetos em curso. Será ainda gravado um CD em torno da ópera perdida de Stradella, La Doriclea, com a orquestra Il Pomo d’Oro.

F E R N A N D O G U I M A R Ã E S T E N O R

Nascido no Porto e vencedor de prémios nas competições Orfeo e Innsbruck, o tenor Fernando Guimarães trabalhou com alguns dos mais importantes maestros e já atuou em festivais em Aix-en-Provence, Insbruque, Potsdam, Ambronay, Saintes e Beaune. Também já deu concertos com formações como a Orchestra of the Age of Enlightenment, Les Arts Florissants, Les Talens Lyriques, Freiburger Barockconsort, Capriccio Stravagante, Collegium Vocale Gent, Al Ayre Español, L’Arpeggiata, B’Rock e a Australian Brandenburg Orchestra. Em 2014, estreou-se nos EUA, no papel principal de Il ritorno d’Ulisse in pátria, de Monteverdi, para o qual obteve uma nomeação nos prémios GRAMMY® na categoria de Melhor Gravação de Ópera.+ info fernando-guimaraes.com

C A R O L I N A F I G U E I R E D OFormou-se em Canto na Escola de Música do Conservatório Nacional de Lisboa, em 2005, trabalhando hoje regularmente com Manuela de Sá, e sendo acompanhada por Susan Waters e Lucia Mazzaria. Colabora em concerto com grandes coros e orquestras nacionais, o seu reportório incluindo, entre outras obras, Paixão segundo S. João, de J. S. Bach, Messiah, de Händel, Te Deum, de Charpentier, Magnificat, de Vivaldi, Petite Messe

Solennelle, de Rossini, Manfred, de Schumann, Les Béatitudes, de Franck, Il Tramonto, de Respighi, Sonho de uma Noite de Verão, de Mendelssohn, sob a direção de Aapo Häkinnen, Michael Corboz, João Paulo Santos, Massimo Mazzeo, Cesário Costa, Pedro Neves, Pedro Carneiro, Jorge Matta e Paulo Lourenço.Apresenta-se em recitais de música barroca e romântica, acompanhada por Adriano Jordão, Olga Prats, João Paulo Santos, José Manuel Brandão e Anna Tomasik. Estreou e gravou obras de música contemporânea (Carlos Marecos, Jorge Salgueiro). Na área da ópera, integrou o elenco de Beaumarchais, de Pedro Amaral (Condessa Rosina), Der Zwerg, de Zemlinsky (3.ª Camareira), Dialogues des Carmelites, de Poulenc (Mère Jeanne), Madama Butterfly, de Puccini (Kate Pinkerton), Ester, de Leal Moreira (Assuero), Bastien e Bastienne, de Mozart (Bastien), e Faust, de Gounod (Marthe), sob a direção de Pedro Amaral, Martin André, João Paulo Santos, Domenico Longo, Laurence Foster, Cristóbal Soler, Yi-Chen Lin, e Jan Wierzba.Licenciada em Direito e com o Diploma Internacional de Tradução do Chartered Institute of Linguists, Carolina Figueiredo prossegue em paralelo uma carreira na área da tradução jurídico-legal.

S A N D R A M E D E I R O S S O P R A N O

Sandra Medeiros nasceu em São Miguel, nos Açores. Estudou no Conservatório Regional de Ponta Delgada, com Imaculada Pacheco. É licenciada em Canto pela Escola Superior de Música de Lisboa, tendo integrado a classe da professora Joana Silva.Como bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian e do Centro Nacional de Cultura prosseguiu estudos de pós-graduação em canto na Royal Academy of Music (RAM), em Londres, onde se graduou com Distinção, obteve o Diploma RAM e o prémio Amanda von Lob memorial Prize.

Foi premiada em concursos nacionais e internacionais de canto, dos quais se destaca o 2.º Prémio no V Concurso Internacional de Canto Bidu Sayão, no Brasil.Gravou para as rádios portuguesa, búlgara e inglesa, para as televisões portuguesa, espanhola e brasileira e para as editoras Naxos e Hyperion.A sua atividade como solista distribui-se pela música antiga, oratório, lied, melodie, canção dos séculos XX e XXI e ópera, tendo atuado sob a direção de ilustres maestros, tais como Michael Corboz, Lawrence Foster, Marc Minkowski, Philippe Herreweghe, Sir Charles Mackerras, Laurence Cummings, entre muitos outros. Também atuou com as mais destacadas orquestras portuguesas, com os mais conceituados grupos de música antiga portugueses, nomeadamente Os Músicos do Tejo e Divino Sospiro, com as orquestras Barroca da RAM, Camerata Lysy de Gstaad, Sinfonia Varsóvia e com o grupo L’Avventura London.É convidada regular das temporadas dos principais teatros, salas de concerto e festivais de música portugueses. Tem-se apresentado também em Macau, Espanha, França, Luxemburgo, Alemanha, Inglaterra, Bulgária, Brasil e Uruguai. + info sandramedeiros-soprano.net

P E D R O C A S T R OD I R E Ç Ã O A R T Í S T I C A

Pedro Castro nasceu em 1977, no Porto. Diplomado pela Escola Superior de Música de Lisboa sob a orientação de Pedro Couto Soares e pelo Conservatório Real de Haia na Holanda sob a orientação de Sébastien Marq (flauta) e Ku Ebbinge (oboé barroco). É doutorado em música pela Universidade de Aveiro, tendo realizado uma tese sobre a tradição da serenata de corte no tempo de D. Maria I. A sua atividade profissional inclui várias orquestras e agrupamentos de instrumentos históricos nos principais centros artísticos europeus, tais como Al Ayre Español, Les Talens

Lyriques e Le Cercle d’Harmonie. Em outubro de 2010, dirigiu a estreia moderna da serenata L’Angelica, de João de Sousa Carvalho. Em 2012, dirigiu a ópera Paride ed Elena, de Gluck no âmbito de um projeto do estúdio de ópera da ESML.Como solista, apresentou-se com a Orquestra Capela Real, com a orquestra Divino Sospiro e com a Orquestra Barroca da Casa da Música com concertos para oboé e flauta de bisel de Vivaldi, Telemann, Marcello e J.S. Bach. No oboé clássico, e com o Quarteto Arabesco, apresentou-se com o quarteto de Mozart, ícone do repertório virtuosístico do classicismo. Colabora também com os Sete Lágrimas, com os quais realizou várias gravações premiadas e digressões pela Europa. É coordenador artístico do Concerto Campestre. Foi doutorando na Universidade de Aveiro, onde realizou uma investigação académica sobre a tradição das serenatas de corte em Lisboa no tempo de D. Maria I (1777-1800). Em 2016, foi lançado pela editora Naxos a primeira gravação moderna da serenata L’Angelica, de Sousa Carvalho, de quem é responsável artístico e

produtor.

Page 17: CONCERTO AMIGO CCB Concerto Campestre · cujo exigente e cultivado gosto musical era bem conhecido. De tal forma que D. Maria I chegou mesmo a oferecer várias das partituras deste

A SEGUIR15 outubro 2017Pequeno Auditório / 17h / M/6

Produção CCB

I N D I V I D U A L

#ccbelem#amigoccb

A Arte da FugaLa Paix du ParnasseAntónio Carrilho flautas de bisel e direção artísticaPepa Megina oboé barroco / António Santos sacabuxa tenor / Guillermo Salcedo fagote barroco / Carlos Gallifa violino barroco / Juan Mesana viola barroca / Javier Aguirre viola da gamba / Catherine Strynckx violoncelo barroco

Johann Sebastian Bach A Arte Da Fuga

Decorridos mais de dois séculos e meio desde que J. S. Bach compôs A Arte da Fuga (Die Kunst der fuge), esta permanece uma obra de grande complexidade, amplamente executada por todo o mundo e envolta em mistério. Sendo a última obra do grande Mestre, a edição final aconteceu após a sua morte, vindo a ser alvo de estudo por parte de músicos e musicólogos desde o século XIX, numa incessante busca da derradeira verdade: seria a obra objeto de estudo para o ensino do teclado ou para o ensino do contraponto? Ainda há questões relacionadas com a primeira edição, como surge no manuscrito, relacionadas com o facto de as fugas estarem notadas em partitura sem qualquer indicação de instrumentação. Desde a performance para instrumento de tecla solo até à interpretação por grandes orquestras, A Arte da Fuga é a perfeição no domínio do contraponto ao longo de 15 fugas e 4 cânones, envolto em pureza sonora e em tensão, à vez.

DESCONTOS

Só aplicados a bilhetes superiores a 12€ para espetáculos com Produção CCB:

_30% Desconto Cartão Amigo CCB (Individual, Sénior, Jovem e Família)

_50% para bilhetes de última hora, a partir de 30 minutos antes do início do espetáculo (apenas para bilhetes adquiridos na bilheteira do CCB)

_20% para menores de 25 anos e maiores de 65 (exceto 1ª Plateia no Grande Auditório)

_10% para titulares do cartão FNAC (apenas para bilhetes adquiridos nos postos de atendimento)

_25% para clientes da CP (apenas para bilhetes adquiridos nos postos de atendimento)

_50% para desempregados (contra apresentação de comprovativo do IEFP; apenas para bilhetes adquiridos nos postos de atendimento)

Quota limitada de bilhetes a 5€ para estudantes e profissionais de espetáculo. Desconto válido exclusivamente para o 2.º balcão do Grande Auditório e para Laterais no Pequeno Auditório (apenas para bilhetes adquiridos na bilheteira CCB)