33
THEATRO MUNICIPAL DE SÃO PAULO TEMPORADA 2014 CONCERTOS JUNHO E JULHO

Concertos Sinfônicos - Junho-Julho

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Programa da série sinfônica no Theatro Municipal entre os meses Junho e Julho de 2014.

Citation preview

Page 1: Concertos Sinfônicos - Junho-Julho

THEATROMUNICIPAL DESÃO PAULOTEMPORADA2014

CONCERTOSJUNHO

E

JULHO

Page 2: Concertos Sinfônicos - Junho-Julho

Concertos

Junho e Julho

Page 3: Concertos Sinfônicos - Junho-Julho

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 4

Strauss é o autor de um dos mais importantes tratados de or-

questração do século 19). Destes, nosso público poderá ou-

vir as Danças Sinfônicas, última composição orquestral de

Sergei Rachmaninov, que exige da orquestra uma técnica

virtuosística ímpar; Assim Falou Zaratustra, um dos poemas

sinfônicos centrais na obra do gênio alemão, cujo tema foi

usado no filme 2001 – Uma Odisseia no Espaço, de Stanley

Kubrick; e a Terceira Sinfonia de Gustav Mahler, talvez a mais

longa sinfonia do repertório romântico expressionista, obra

monumental da qual também participam uma contralto so-

lista, o coro feminino e um coro infantil.

Além dessas grandes criações sinfônicas, teremos

ainda a oportunidade de apreciar a Abertura 1812 de Tchai-

kovsky com a Orquestra Experimental de Repertório sob

a regência do maestro Carlos Moreno, seu regente titular,

em um concerto que tem ainda duas obras brasileiras dos

repertórios moderno e contemporâneo, além do Concerto

para Violino e Orquestra de Sibelius (outro orquestrador

de peso), tendo como solista o brilhante violinista Daniel

Guedes.

Dentre nossos regentes convidados estará Claudio

Cruz, que nos brindará com uma plêiade de obras de Antô-

nio Carlos Gomes, nosso maior compositor lírico, também

filho d'arte do século 19. Cantores brasileiros, todos parti-

cipantes de nossas temporadas líricas, abrilhantarão o es-

petáculo especialíssimo em que homenagearemos o gênio

campineiro de Il Guarany.

Alexander Sladkovskiy debutará em nosso país frente à

nossa orquestra; e o violoncelista italiano Mario Brunello e a

pianista Valentina Lisitsa nos oferecerão interpretações cer-

tamente notáveis dos concertos de Dvorák para violoncelo

e de Rachmaninov para piano.

Será um mês de grande gozo artístico para todos nós,

músicos e ouvintes.

Desejo a todos que se divirtam.

CinCo são os ConCertos durante junho e julho, meses em

que o Brasil estará hospedando a Copa do Mundo de Fute-

bol, com a presença de muitos turistas que, certamente, além

dos jogos poderão desfrutar de entretenimentos culturais de

grande qualidade.

Em cada um destes concertos apresentaremos no mí-

nimo uma grande obra sinfônica do século 19, período

do romantismo e do pós–romantismo expressionista. Foi

exatamente neste século que a escrita orquestral ganhou

contornos modernos, explorou uma extensa gama de possi-

bilidades sonoras até então desconhecidas e preparou o ca-

minho para as sonoridades dos séculos 20 e 21.

Alguns dos compositores que mais inovaram e revolu-

cionaram as técnicas de orquestração estão representados

nos programas que serão executados pela Orquestra Sinfô-

nica Municipal de São Paulo e pela Orquestra Experimental

de Repertório: Rachmaninov, Strauss e Mahler foram pilares

do desenvolvimento da instrumentação moderna (Richard

John Neschling

Diretor Artístico

Page 4: Concertos Sinfônicos - Junho-Julho
Page 5: Concertos Sinfônicos - Junho-Julho

Sergei Rachmaninov

(1873-1943)

Piotr Ilitch Tchaikovsky

(1840-1893)

Antônio Carlos Gomes

(1836-1896)

Richard Strauss

(1864-1949)

Antonín Dvorák

(1841-1904)

César Guerra-Peixe

(1914-1993)

Alexander Borodin

(1833-1887)

Jean Sibelius

(1865-1957)

Gustav Mahler

(1860-1911)

Silvia de Lucca

(1960-)

Page 6: Concertos Sinfônicos - Junho-Julho

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 10

Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo

Claudio Cruz Regente

Taís Bandeira Soprano

Marcello Vannucci Tenor

Saulo Javan Baixo

Quinta (26/06)

Sexta (27/06)

às 20h

Antônio Carlos Gomes

Il Guarany

Abertura

Duetto Finale Ato I: Sento una forza

indomita

Ária di Pery: Vanto io pur superba cuna

Duettino Cacico e Cecy: Giovinetta,

nello sguardo

Lo Schiavo

Alvorada. Prelúdio do IV Ato

Romanza di Ilara: Oh, come splendido e

bello

Romanza di Americo: Quando nascesti

tu

Fosca

Abertura

Ária de Delia: Ad ogni mover lontan di

fronda

Salvator Rosa

Abertura

Ária del Duca: Di sposo...di padre

Maria Tudor

Abertura

Programa sujeito a alterações.

Page 7: Concertos Sinfônicos - Junho-Julho

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 12

tes num universo que para os europeus da época seria quase

tão distante quanto os mundos extraterrestres para nós. A es-

treia deu–se com extraordinário sucesso no Teatro alla Scala em

1870, com repercussão por toda a Itália e no Brasil, demarcando

o início de uma trajetória europeia conturbada, eivada por êxi-

tos e dissabores. A Abertura de Il Guarany, também chamada

Protofonia, é seguramente uma das páginas mais conhecidas

de toda a música clássica brasileira. Curiosamente, só foi com-

posta depois da estreia da ópera, por ocasião de uma apresen-

tação para a abertura da Exposição Industrial de Milão, em 1871.

Ainda da ópera Il Guarany, no famoso dueto Sento una

forza indomita, instado por Cecília, Peri expõe seu amor di-

zendo que sente uma atração irresistível e indefinível por ela.

Já na ária Vanto io pur superba cuna, Peri conta sua nobre linha-

gem e seus feitos gloriosos, todos agora sem valor diante de

sua paixão por Ceci. O dueto Giovinetta, nello sguardo ocorre

no momento em que o Cacique dos Aimorés, fascinado pela

beleza de Cecília, declara o seu amor e lhe oferta o trono de

sua tribo.

Imbuído pela abolição dos escravos no Brasil em 1888, Go-

mes, ainda na Europa, encanta–se com um livro de Alfredo Tau-

nay e faz dele o tema para Lo Schiavo, convertido em libreto

por Rodolfo Paravicini. O enredo traz um triângulo amoroso

entre os índios Tamoios Ilara e Iberê e o filho do Conde Ro-

drigo, Américo, tendo como pano de fundo a cidade do Rio

de Janeiro de 1567. Ao final, num ato de suprema coragem e

extremo altruísmo, perseguido por sua própria gente, Iberê

se sacrifica para que Ilara e Américo possam viver juntos. Uma

das principais árias da ópera tem destaque neste programa.

Quando nascesti tu trata do momento em que Américo decide

pedir ao pai a mão de Ilara em casamento.

Após o sucesso inconteste de Il Guarany, Gomes dedicou–

se a Fosca (1873), sua quarta ópera. Àquela altura, o compositor

se sentia pronto para alçar voos maiores e, de fato, conseguiu

em Fosca sua melhor, mais ousada e mais bem acabada obra.

muito antes de antonio Carlos Gomes Começar a Compor, as

óperas já contavam histórias sobre amores atribulados e emol-

durados pelas ações de deuses e heróis, por lugares imaginá-

rios e longínquos e pela inexorabilidade do destino. Quando

Carlos Gomes surgiu no cenário italiano da segunda metade

do ottocento, o mundo real – ou o idealizado – não o seduziu

e, por isso, ele buscou como mote de suas óperas justamente

o inusitado e o exótico. Mas ele não estava só nessas escolhas,

evidentemente. Apenas deu vazão ao gosto da época e fez res-

soar a sua origem e trajeto pessoal nos enredos das obras, afi-

nal, era um homem a viver, compor e se fazer ouvir em meio à

chamada civilização, vindo do quase mítico Brasil, terra de flo-

restas, feras e índios.

Ao olharmos atentamente os títulos das óperas de Gomes

apresentadas hoje, desvela–se a questão: baseado no romance

homônimo de José de Alencar, o libreto de Il Guarany foi de-

senvolvido por Antonio Scalvini e Carlo D’Ormeville e trata do

amor entre a branca Cecília, a Ceci, e o indígena Peri, residen-

Antonio Ribeiro é compositor e

professor da Escola Municipal de

Música de São Paulo.

Notas de programaAntonio Ribeiro

Antônio Carlos Gomes

(1836-1896)

Page 8: Concertos Sinfônicos - Junho-Julho

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 14

Salvator Rosa é o protagonista do melodrama e a histó-

ria se inicia com a visita de Masaniello ao ateliê de seu amigo,

com o objetivo de lhe contar sobre os planos duma rebelião.

Ato contínuo, o povo napolitano, levado pelas palavras de Ma-

saniello, vence as forças do infame Duque D'Arcos e passa a

controlar a cidade. Em meio à situação, Salvator e Isabella, filha

do duque, vêem–se apaixonados e, após uma série de desven-

turas, a tragédia acaba por atingi-los. Masaniello, envenenado,

enlouquece e é assassinado; e Isabella, para provar seu amor

por Salvator e evitar que seu pai o mate, num ato derradeiro,

toma um punhal e se suicida na frente dos dois, atônitos. Ago-

nizante, Isabella exorta seu amado a seguir pintando rumo à

glória a que estava destinado.

A Abertura de Salvator é uma das mais executadas de Go-

mes e tem figurado com bastante frequência no repertório das

orquestras. Ademais, a ária Di sposo, di padre constitui um dos

trechos mais conhecidos da ópera e tem seu lugar no Ato II, cena

I, momento em que o pai de Isabella, o infame Duque de Arcos,

proclama que a ele competem os assuntos de estado e a ela fa-

zer–se bonita e arrumada para regozijo de seu futuro marido.

Maria Tudor (1879) viu–se desde o início em meio a atri-

bulações, a começar por seu libreto, cuja origem foi tão tor-

tuosa quanto a própria história por ele abordada. A já aflita e

infeliz vida da Rainha Maria, filha de Henrique VIII, havia sido

usada muito livremente por Victor Hugo para escrever um

drama que, por sua vez, serviu de argumento para um libreto

iniciado por Emilio Praga e, após sua morte, finalizado por Za-

nardini e Fontana. E foi justamente sobre este texto retalhado

e de confecção descontínua que Carlos Gomes compôs sua

ópera. Infelizmente, por ocasião da estreia, Maria Tudor foi um

fracasso, colaborando, inclusive, para o retorno de Gomes ao

Brasil. Não pôde mais suportar as dívidas e o ataque dos pro-

dutores e editores, além de ver o seu próprio casamento des-

moronar. Porém, apesar das qualidades da obra, esta ópera

é raramente visita os palcos atualmente, salvo a sua Abertura.

Para tanto, Gomes pôde contar com Antonio Ghislanzoni, cé-

lebre libretista que escrevia para Verdi e Ponchielli, e que asse-

gurou um enredo eficiente sobre o qual o brasileiro pudesse

trabalhar: um libreto baseado em Le Feste delle Marie: Storia

Veneta del Secolo X, do marquês Luigi Capranica, sobre um

ataque de corsários a Veneza no ano de 944, e o amor não cor-

respondido de uma mulher pirata – Fosca – pelo capitão vene-

ziano Paolo, feito refém por seus companheiros piratas a fim de

exigir um vultoso resgate. Após uma série de desventuras, e ao

perceber que Paolo não deixará sua amada Delia, Fosca cai em

desespero e tira a própria vida. A Abertura da ópera encerra

algumas das mais belas páginas de Gomes, seja pelo colorido

orquestral, seja pela capacidade de articular motivos díspares

num todo com sentido único e coerente. A bela ária Ad ogni

mover lontan di fronda é cantada no Ato III por Delia que, dei-

xada sozinha pelos piratas numa lúgubre caverna e assustada,

tenta imaginar o paradeiro de Paolo.

A respeito do sucesso de Salvator Rosa (1874), sua quinta

ópera, Carlos Gomes escreveu numa carta a seu amigo Alfredo

Taunay: ‘É sempre assim, o que nada me custou, causa todo

esse barulho ao passo que a Fosca, um trabalho sério, cons-

ciencioso e cheio de valor, foi recebida friamente’

O aparente pouco caso com que Gomes trata Salvator Rosa

deriva, em parte, do fato de tê–la composto praticamente de um

fôlego só. Levou pouco mais de seis meses. À época, disse que

tal rapidez se deveu à angústia gerada pelo relativo fracasso de

Fosca, estimulando–o a dar uma resposta aos críticos e ao pú-

blico que o haviam detratado. Mais uma vez seu amigo Ghislan-

zoni realizou o libreto, desta vez baseado em Masaniello (1851),

novela do escritor francês Charles Jean–Baptiste Jacquot (1812–

1880), e que, por sua vez, havia se pautado pelas vidas do pin-

tor e poeta italiano Salvator Rosa e de Masaniello, este último

um comerciante de peixes napolitano que virou líder de uma re-

volta popular em Nápoles, em julho de 1647, contra a opressão

do governo espanhol (que, naquele tempo, controlava a região).

Page 9: Concertos Sinfônicos - Junho-Julho

Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo

Coro Lírico Municipal

Coral da Gente

John Neschling Regente

Lidia Schäffer Mezzo–Soprano

Bruno Greco Facio Regente do Coro Lírico

Silmara Drezza Regente do Coral da Gente

Domingo (06/07)

às 17h

Segunda (07/07)

às 20h

Gustav Mahler

Sinfonia N. 3

Erste Abthelung

I. Kräftig. Entschieden 

Zweite Abthelung

II. Tempo di Menuetto: Grazioso

III. Comodo. Scherzando. Ohne Hast 

IV. Sehr langsam. Misterioso (attacca)

V. Lustig im Tempo und keck im

Ausdruck (attacca)VI. Langsam. Ruhevoll.

Empfunden 

Programa sujeito a alterações.

Page 10: Concertos Sinfônicos - Junho-Julho

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 18

Quarto movimento

De Assim falou Zaratustra, de Friedrich Nietzsche

Oh homem! Preste atenção!

O que diz a meia-noite profunda?

'Eu dormi, eu dormi —

acordei de um sonho profundo: —

O mundo é profundo,

e mais profundo do que o dia achava

Profunda é a dor —,

O prazer – mais profundo ainda que que a

mágoa,

A dor diz: vai-te!

Porém, todo prazer deseja a eternidade—,

—deseja a profunda, profunda eternidade'

Três anjos cantavam uma doce canção,

Com alegria, ela soava feliz no céu,

Eles também se regozijavam, contentes

Porque Pedro não tinha pecados!

E quando o Senhor Jesus se sentou à mesa,

ceando com seus doze jovens,

o Senhor Jesus disse: 'Por que você está

parado aí?

Quando olho para você, se põe a chorar!'

'Não deveria eu chorar, meu bom Deus?

Infingi os dez mandamentos!

Eu vago e choro com amargura!

Ah, venha e tenha piedade de mim!'

'Se você infringiu os dez mandamentos,

fique de joelhos e ore a Deus!

Ame apenas Deus em todos os tempos!

E assim você ganhará a alegria celestial'.

A alegria celestial é uma cidade feliz,

a alegria celestial, que não tem mais fim!

A alegria celestial foi concedida por Jesus

a Pedro e a todos, para nossa felicidade.

O Mensch! Gib Acht!

Was spricht die tiefe Mitternacht?

‘Ich schlief, ich schlief—,

aus tiefem Traum bin ich erwacht:—

Die Welt ist tief,

und tiefer als der Tag gedacht.

Tief ist ihr Weh—,

Lust—tiefer noch als Herzeleid.

Weh spricht: Vergeh!

Doch all' Lust will Ewigkeit—,

—will tiefe, tiefe Ewigkeit!’

Quinto movimento

Do Ciclo de Canções Des Knaben Wunderhorn

Es sungen drei Engel einen süßen Gesang,

mit Freuden es selig in dem Himmel klang.

Sie jauchzten fröhlich auch dabei:

daß Petrus sei von Sünden frei!

Und als der Herr Jesus zu Tische saß,

mit seinen zwölf Jüngern das Abendmahl aß,

da sprach der Herr Jesus: ‘Was stehst du denn

hier?

Wenn ich dich anseh', so weinest du mir!’

‘Und sollt' ich nicht weinen, du gütiger Gott?

Ich hab' übertreten die zehn Gebot!

Ich gehe und weine ja bitterlich!

Ach komm und erbarme dich über mich!’

‘Hast du denn übertreten die zehen Gebot,

so fall auf die Knie und bete zu Gott!

Liebe nur Gott in all Zeit!

So wirst du erlangen die himmlische Freud'.’

Die himmlische Freud' ist eine selige Stadt,

die himmlische Freud', die kein Ende mehr hat!

Die himmlische Freude war Petro bereit't,

durch Jesum und allen zur Seligkeit.

Gustav MahlerSinfonia N. 3

Tradução: Irineu Franco Perpetuo

Page 11: Concertos Sinfônicos - Junho-Julho

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 20

prática pouco dialogava com as origens formais da sinfonia.

Coube ao compositor Gustav Mahler retomar o processo de

transcendência e desenvolvimento da sinfonia iniciado por

Beethoven. Nascido na pequena cidade de Kaliste (hoje Re-

pública Tcheca, mas à época parte do Império Austro–Hún-

garo), Mahler consolidou sua atividade profissional como um

dos mais requisitados regentes de ópera de seu tempo. En-

tretanto, como compositor, centrou sua obra na composição

de canções com acompanhamento orquestral e, claro, num

monumental ciclo de nove sinfonias.

Sua Sinfonia N. 3 foi elaborada entre os anos 1893 e

1896, período no qual dirigiu a Ópera Real de Budapeste,

na Hungria, e a Ópera Estatal de Hamburgo, ao norte da Ale-

manha. Nesse mesmo período, valendo–se de seus contatos

no meio orquestral, Mahler conseguiu com que suas primei-

ras sinfonias fossem estreadas.

Naquele momento de vida, suas atividades como re-

gente não lhe davam tempo suficiente para dedicar–se à

composição durante as temporadas líricas que comandava

e, por isso, o músico passou a esperar as férias de verão para

se dedicar à suas atividades criativas.

Foi justamente com sua terceira sinfonia que Mahler deu

início à sua atividade como Sommerkomponist (ou compo-

sitor de veraneio). Em dias amenos à beira do lago Attersee,

na Áustria, o músico trancafiava–se por horas a fio numa pe-

quena cabana que ele havia mandado construir especial-

mente para este fim, reunindo esboços feitos durante o ano

e dando forma à partitura final da obra.

A obra encaixa–se no que se convencionou chamar de

Sinfonias Wunderhorn. Como dissemos, além de sinfonias,

Mahler foi um prolífico compositor de canções orquestrais,

trabalho este fruto de uma fascinação pessoal com o can-

cioneiro popular local, cujo conjunto é conhecido como Des

Knaben Wunderhorn (ou em tradução livre A trompa má-

gica do menino). Justamente, suas quatro primeiras sinfo-

Gênero estrutural de tudo aquilo que modernamente se

entende por universo musical clássico, a origem da sinfonia

remete à primeira metade do século 18, período no qual o

próprio agrupamento instrumental conhecido como orques-

tra passou gradualmente a ganhar a forma como o conhe-

cemos hoje em dia. Se por um lado coube a compositores

como Haydn e Mozart consolidarem a sinfonia enquanto um

modelo musical, pelo outro coube a Beethoven transcender

esse modelo, ainda que ele não tenha aberto mão de mui-

tos de seus elementos–chave, tal como a divisão da obra em

quatro partes (ou movimentos) contrastantes entre si.

Ao longo do século 19, no período normalmente de-

signado como Romantismo, vários compositores continua-

ram a se dedicar ao gênero (tais como Schubert, Schumann

e Brahms). Ao mesmo tempo, outros viam nele certo esgota-

mento de seu modelo, e por isso levaram ao palco da orques-

tra todo um novo mundo literário – tal como Berlioz em sua

Sinfonia Fantástica, ou Liszt em sua Sinfonia Fausto – que na

Notas de programaLeonardo Martinelli

Gustav Mahler

(1860–1911)

Leonardo Martinelli é

compositor, professor e diretor

de formação da Fundação

Theatro Municipal de São Paulo

Page 12: Concertos Sinfônicos - Junho-Julho

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 22

lindo solo de mezzo–soprano entoa versos de Nachtwand-

lerlied (ou Canção do viajante noturno), extraídos de Assim

falou Zaratustra, umas das mais importantes obras do filó-

sofo alemão Friedrich Nietzsche, e que no mesmo momento

inspirava Richard Strauss a compor seu famoso poema sinfô-

nico. Já no quinto movimento cabe a um coral infantil cantar,

Três anjos cantam uma doce canção (Es sungen drei Engel

einen süßen Gesang), versos do extraídos do Des Knaben

Wunderhorn.

Originalmente a sinfonia previa ainda um sétimo movi-

mento, no qual diversos elementos apresentados no quinto

movimento seriam retrabalhados. No entanto, ele foi rea-

locado para encerrar sua Sinfonia N. 4, o que reforça ainda

mais a organicidade que une as quatro primeiras sinfonias

de Mahler.

Podermos entender e ouvir essas quatro sinfonias como

um grande conjunto. No entanto, é clara a singularidade con-

ceitual e técnica que caracteriza a Sinfonia N. 3, na qual po-

demos vislumbrar muito do intenso universo dramático e

musical que Mahler viria a desenvolver ao longo de sua

carreira.

nias são caracterizadas pela presença marcante de temas e

melodias provenientes destas canções. Por exemplo, o tema

musical principal do terceiro movimento da Terceira Sinfonia

é o mesmo utilizado na canção Ablösung im Sommer, extra-

ída do Wunderhorn.

Na Sinfonia, Mahler manteve a tendência de amplia-

ção formal que já ele mesmo havia delineado em suas duas

obras anteriores, algo que também constatamos nas sinfo-

nias de Beethoven. Entretanto, ao final do processo, acabou

por compor uma das maiores sinfonias da história. Aqui o

compositor transcende o modelo padrão da sinfonia ao es-

crever seis movimentos, e não quatro como o normalmente

feito. O primeiro deles, Kräftig. Entschieden (ou ’Forte. De-

cidido‘) é concebido quase como sinfonia à parte, e fre-

quentemente sua interpretação ultrapassa os 30 minutos

de duração.

Ao longo do processo de criação da sinfonia, Mahler

fez saber a amigos e pessoas próximas que tinha uma es-

pécie de roteiro poético para esta obra, e que isso o havia

orientado em sua composição. Esse roteiro jamais veio ofi-

cialmente a público, mas por meio das cartas que trocou no

período é possível sabermos hoje o significado oculto de

cada um de seus movimentos:

1 – Pan (ou fauno, divindade da natureza)

acorda, o verão chega

2 – O que me dizem as flores do campo

3 – O que me dizem os animais da floresta

4 – O que me dizem os homens

5 – O que me dizem os anjos

6 – O que me diz o amor

Tal como realizado na sinfonia anterior, (conhecida como

’Ressurreição‘), nesta obra Mahler também lança mão da voz

humana ao efetivo orquestral. No quarto movimento, um

Page 13: Concertos Sinfônicos - Junho-Julho

Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo

Alexander Sladkovskiy Regente

Mario Brunello Violoncelo

Sábado (19/07)

às 20h

Domingo (20/07)

às 11h

Alexander Borodin

Abertura Príncipe Igor

Antonín Dvorák

Concerto para Violoncelo em Si Menor,

Op. 104, B.191

Allegro

Adagio ma non troppo

Finale: Allegro moderato

Sergei Rachmaninov

Danças Sinfônicas, Op. 45

Non allegro

Andante con moto (Tempo di valse)

Lento assai – Allegro vivace

Programa sujeito a alterações.

Page 14: Concertos Sinfônicos - Junho-Julho

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 26

registrado no nome de um dos servos de seu pai, mas aca-

bou tendo uma criação esmerada. Música e ciência foram

suas paixões mais ardentes de adolescência. Na química or-

gânica, costuma–se atribuir a ele (em conjunto com Charles

Adolphe–Wurz) a descoberta da reação aldólica – uma das

ferramentas mais poderosas da síntese orgânica para a cons-

trução de ligações carbono–carbono.

Pode–se dizer, sem exagero, que Borodin era um cien-

tista que compunha nas horas vagas. Contudo, mesmo divi-

dindo o tempo entre tubos de ensaio e partituras, esse autor

bissexto legou à posteridade obras que até hoje estão no

repertório, mesmo fora da Rússia, como o poema sinfônico

Nas Estepes da Ásia Central, a Sinfonia N. 2 e a monumental

ópera Príncipe Igor (cujas Danças Polovetsianas ganharam

vida autônoma nas salas de concertos).

Com libreto do próprio compositor, a partir de um argu-

mento de Stássov baseado no poema épico anônimo Conto

da Campanha de Igor, do século XII, a ópera narra uma fra-

cassada incursão militar do Príncipe Igor, de Nóvgorod–Sé-

versk, contra os polovetsianos, povo nômade turcomano.

Deixada inacabada por Borodin, a partitura foi finalizada por

Rimsky-Korsakov e Glazunov, cuja fenomenal memória musi-

cal revelou–se crucial na tarefa de colocar de pé trechos fun-

damentais da obra, como a abertura, estruturada a partir de

temas que se fazem ouvir ao longo de toda a ópera.

Em 1891, aos 50 anos de idade, o compositor tcheco Antonín

Dvorák podia–se considerar satisfeito: vinha recebendo re-

conhecimento internacional, com seguidas turnês na Ingla-

terra, viagens à Rússia e a condecoração com a Cruz de Ferro,

em Viena. Além disso, em janeiro daquele ano, acabara de

ser contratado como professor de composição e orquestra-

ção do Conservatório de Praga.

O melhor ainda estava por vir: em junho do mesmo ano,

na rússia de meados do séCulo XiX, um CírCulo de CinCo

compositores decidiu seguir os passos de Mikhail Glinka

(1804–1857) – que eles reverenciavam como um ‘pai funda-

dor’, equivalente musical do que Púchkin representava para

a literatura – e criar uma escola de música russa com cará-

ter distintamente nacional. O crítico Vladímir Stássov (1824–

1906) batizou–os de Mogútchaia Kutchka (Grupo Poderoso),

denominação que, no Ocidente, costuma ser traduzida como

Os Cinco, ou Grupo dos Cinco.

Como esses músicos se reuniram antes da criação do

Conservatório de São Petersburgo, em 1862, sua formação

trazia as marcas do autodidatismo. Se o grupo tinha um líder,

ele era o matemático Mili Balákirev (1837–1910); seus outros

membros eram o oficial do exército César Cui (1835–1918), o

funcionário público Modest Mussorgsky (1839–1881), o ma-

rujo Nikolai Rimsky-Korsakov (1844–1908) e o químico Ale-

xander Borodin (1833–1887).

Filho ilegítimo de um príncipe e uma criada, Borodin foi

Notas de programaIrineu Franco Perpetuo

Alexander Borodin

(1833–1887)

Irineu Franco Perpetuo é

jornalista e tradutor, ministra

cursos na Casa do Saber e

colabora com a Revista Concerto.

Antonín Dvorák

(1841–1904)

Page 15: Concertos Sinfônicos - Junho-Julho

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 28

Duplo para Violino e Violoncelo, teria afirmado, ao conhecer

a obra: ‘como é que eu não sabia que era possível escrever

um concerto desses para violoncelo? Se eu soubesse, teria

escrito um há muito tempo’.

A reputação do russo Sergei Rachmaninov como compositor

repousa sobre um número relativamente pequeno de obras.

A que ouviremos hoje é apenas o Opus 45, e constitui sua

derradeira composição.

A razão principal para tal escassez foi o degredo auto–

imposto do músico, que deixou sua terra natal logo após a

Revolução de 1917 para nunca mais voltar, radicando–se nos

EUA. ‘Ao sair da Rússia, deixei para trás a vontade de com-

por’, afirmou, em entrevista ao Monthly Musical Record, em

1934. ‘Ao perder meu país, também me perdi de mim mesmo.

Nesse exílio, longe de minhas raízes e minhas tradições, não

encontro mais o desejo de me exprimir’.

Rachmaninov se exprimia, sim, ao instrumento: nessa

época, priorizou as atividades de pianista, consolidando–se

como um dos maiores artistas do teclado do século 20, dei-

xando gravações que até hoje são vistas como paradigma

de excelência.

Concebidas originalmente como Danças Fantásticas

(cujos movimentos dever–se–iam chamar Meio–Dia, Cre-

púsculo e Meia–Noite), as Danças Sinfônicas foram escritas

em 1940, em Orchard Point, a bucólica propriedade rural do

compositor em Long Island, perto de Nova York, e estreadas

pela Orquestra de Filadélfia, regida por Eugene Ormandy,

no ano seguinte.

Trazendo o lirismo, nostalgia, expressividade e apelo

sentimental que marcam o estilo pessoal do autor, as Danças

Sinfônicas são não apenas a última partitura de Rachmani-

nov, como uma suma poética, uma síntese de sua produção

e procedimentos criativos.

a norte–americana Jeanette Thurber, rica patrona das ar-

tes, convidou–o para assumir o posto de diretor artístico

e professor de composição do Conservatório Nacional

de Música da América, em Nova York.

O salário, de US$ 15 mil, era irrecusável: equivalia a 25

vezes a remuneração que Dvorák recebia em Praga. Assim,

o músico aceitou e, nos três anos de permanência nos EUA

(1892–5), criou alguma de suas obras mais célebres, como

a Sinfonia N. 9 – Do Novo Mundo, o Quarteto de Cordas

N. 12 – Americano e o Concerto para violoncelo.

Derradeiro e mais célebre dentre os concertos de

Dvorák, ele mantém o melodismo inato e a sentimenta-

lidade romântica do compositor – sem conter, contudo,

os ’americanismos‘ de suas outras obras escritas nos EUA.

Enquanto estava redigindo o segundo movimento da

obra, ele recebeu a notícia de que sua cunhada, Josefina

Kaunitzová, estava doente. Como tributo a ela – um amor

platônico da juventude –, Dvorák incluiu na peça uma das

melodias favoritas de Josefina, Kez duch muj sám (Le-

ave me alone), a primeira de suas Quatro Canções, Op.

82. Depois do falecimento da cunhada, em maio de 1895,

o compositor inseriu a citação também no final da obra –

conferindo ao concerto um caráter confessional.

A literatura concertante para violoncelo não era

muito vasta até então; o próprio compositor fizera, em

1865, um concerto para o instrumento que ficou esque-

cido, sendo resgatado apenas no século XX. Para a nova

obra, mais ambiciosa, Dvorák consultou–se com o solista

Hanus Wihan várias vezes a respeito da escrita para o ins-

trumento e, ao final, acabou produzindo uma obra funda-

mental do repertório, não apenas devido às demandas

para o violoncelo, mas também às suas qualidades mu-

sicais intrínsecas. Diz–se que o alemão Johannes Brahms

(1833–1897), com o qual Dvorák nutria uma relação de

amizade e mútua admiração, e que compôs um Concerto

Sergei Rachmaninov

(1873–1943)

Page 16: Concertos Sinfônicos - Junho-Julho

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 30

Uma orquestração luxuriante e refinada, incluindo o

protagonismo do saxofone solo na primeira dança, é utili-

zada para urdir uma sofisticada teia de citações, incluindo,

no primeiro movimento, a ópera O Galo de Ouro, de Rimsky-

-Korsakov (sua maior influência como instrumentador) e sua

Sinfonia N. 1 (cuja estreia, na juventude, foi um fracasso trau-

mático), para concluir com um embate entre vida e morte:

na terceira dança, Rachmaninov coloca uma de suas obses-

sões musicais, o Dies Irae (canto gregoriano evocador do Ju-

ízo Final que aparece em várias de suas outras obras, como

A Ilha dos Mortos, Sinfonia N. 2 e Rapsódia sobre um tema

de Paganini), em contraste com o cântico Bendito seja o Se-

nhor, das Vésperas, de sua autoria. O final, triunfante, deixa

claro quem venceu: para dirimir eventuais dúvidas, na última

página do manuscrito, Rachmaninov ainda escreveu ‘Gra-

ças a Deus’.

Page 17: Concertos Sinfônicos - Junho-Julho

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 32

Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo

John Neschling Regente

Valentina Lisitsa Piano

Sábado (26/07)

às 20h

Sergei Rachmaninov

Concerto N. 3 em Ré Menor, Op. 30

Allegro ma non tanto

Intermezzo: Adagio

Finale: Alla breve

Richard Strauss

Assim Falou Zaratustra, Op. 30

Einleitung (Introdução)

Von den Hinterweltlern

(Dos Antigos Homens)

Von der großen Sehnsucht

(Da Grande Espera)

Von den Freuden und Leidenschaften

(Das Alegrias e Paixões)

Das Grablied (A Canção Túmulo)

Von der Wissenschaft (Da Ciência)

Der Genesende (A Convalescença)

Das Tanzlied (A Dança–Canção)

Nachtwandlerlied (Canção do Sonâmbulo)

Programa sujeito a alterações.

Page 18: Concertos Sinfônicos - Junho-Julho

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 34

longo dos primeiros meses de 1909 e o trabalho é iniciado

no dia 20 de maio daquele ano. Após pequenos contratem-

pos quanto à confirmação da agenda da turnê americana – o

empresário do compositor vem a morrer em finais do mês –,

Rachmaninov termina o Concerto e começa a estudá–lo crite-

riosa (ou obsessivamente) já durante a viagem, de transatlân-

tico, em um teclado mudo.

Nos EUA, começa sua turnê com um recital onde apre-

senta sua Sonata Op.28 e alguns prelúdios. Na sequência,

apresenta–se com a Sinfônica de Boston e o Segundo Con-

certo em Baltimore, Nova Iorque, Hartford, Boston e Toronto.

No final de novembro, faz mais um recital em Nova Iorque, e

rege na Filadélfia, sua Segunda Sinfonia.

Finalmente, será no dia 28 de novembro, em Nova Ior-

que, sob a direção de Walter Damrosch, que Rachmaninov

trará a público seu Terceiro Concerto. A crítica não seria

muito favorável e reverberaria o primeiro temor do artista:

ao comentar que o som de Rachmaninov não primava pela

beleza e variedade, o crítico conclui, a despeito das palavras

favoráveis à peça, com a sugestão de outros profissionais

que poderiam defender a obra melhor que o compositor.

No dia 16 de janeiro de 1910, Rachmaninov executa no-

vamente o Concerto com a Filarmônica de Nova Iorque sob

a regência de Gustav Mahler. Embora guarde em suas me-

mórias um relato emocionante dos ensaios – ‘continuamos a

trabalhar o concerto para muito além do tempo de ensaios…

sem notar (da parte dos músicos) o menor sinal de cansaço’

– a verdade é que poucas seriam as execuções que o satisfa-

zem. Duas delas ocorreriam somente em 1928, com Furtwän-

gler e a Filarmônica de Berlim.

Hoje o Concerto em Ré Menor, Op. 30, de Sergei Rach-

maninov é uma das obras mais queridas do público. Sua di-

ficuldade técnica é lendária e cada apresentação uma prova

de fogo ao pianista, que precisa lidar com as desafiadoras

características da escrita madura do concerto para piano de

serGei raChmaninov Começa a pensar seu terCeiro ConCerto

quando, em 1909, às vésperas de uma turnê como pianista e

regente de orquestra pelos EUA, percebe que apresentar–se

mais uma vez com seu segundo concerto seria, se não anti-

climático, certamente a oportunidade para comparações não

necessariamente favoráveis. O sucesso do seu Concerto N. 2,

Op. 18, pode ser avaliado pela recorrência de apresentações

públicas desde sua estreia. Já no inverno de 1902, ano se-

guinte à primeira apresentação pública, o concerto foi exe-

cutado pelo pianista russo Vasily Sapelnikov em Londres, e

em abril por Alexander Siloti em São Petersburgo – ali, sob a

regência do maestro Arthur Nikisch; foi reapresentado pela

dupla Sapelnikov/Nikisch em Leipzig naquele mesmo ano.

Ainda longe de ser o grande intérprete reconhecido do

entre guerras, Rachmaninov planejava para si, em 1909, uma

carreira de pianista–compositor. A notoriedade do Segundo

Concerto, portanto, faz o compositor considerar também a

apresentação de uma obra inédita. A ideia é amadurecida ao

Notas de programaLeandro Oliveira

Sergei Rachmaninov

(1873–1943)

Leandro Oliveira é

compositor e musicólogo

Page 19: Concertos Sinfônicos - Junho-Julho

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 36

perdido’. O truque alquímico que ele descobriu é a simbo-

logia dos ritos dionisíacos gregos… Assim, à medida que se

percorre o livro fica claro que ideias como a Vontade de Po-

tência, o Eterno Retorno, o Além–Homem, são todas roupas

novas para uma variação religiosa tão velha quanto a huma-

nidade: o culto à Natureza com sua força cega, às potências

profundas, à embriaguez do êxtase com sua dissolução no

cosmos, à Mãe Terra, ora fecunda ora devoradora.’ Trazendo

todo esse rico manancial metafísico em linguagem acessível –

embora obscuro em seu sentido, a retórica de Nietzsche é evi-

dentemente inspirada – o texto será quase que imediatamente

devorado por artistas e intelectuais. Neste contexto é que Ri-

chard Strauss, extremamente perspicaz e incrivelmente inte-

ligente, propõe, já em 1896, um poema sinfônico ‘livremente

inspirado em Friedrich Nietzsche'.

Naquele ano, Strauss se tornara o regente principal da

Orquestra Estatal da Ópera de Munique, o ponto inicial de

sua carreira como regente de orquestra. Ao que parece, no

entanto, o público de Munique, respeitando o intérprete, de-

testava o compositor, e os empresários aconselharam prudên-

cia ao jovem músico (Strauss tinha aquela altura 32 anos) que

decidiu realizar a estreia da obra em Frankfurt. No texto do

programa da estreia, o compositor sugere não pretender criar

música filosófica ou fazer a descrição da obra de Nietzsche.

Seu objetivo, não menos pretensioso, é sugerir a evolução

da raça humana a partir de suas origens e através de suas

distintas fases de desenvolvimento – religiosa e científica –

até o projeto do super–homem. Sobretudo, diz Strauss, o po-

ema sinfônico é ‘uma homenagem ao gênio de Nietzsche'.

A homenagem assume grandes dimensões já evidenciadas

na introdução – o nascer do sol, que é um pequeno golpe de

gênio popularizado pelo filme ‘2001 – Uma Odisseia no Es-

paço’, de Stanley Kubrick. A esta pequena, porém impressio-

nante seção seguem oito partes cujos títulos são retirados do

livro do filósofo.

finais do século 19: dimensões monumentais em cerca de

quarenta minutos, um grande volume de som por parte do

solista que deve fazer frente a uma orquestra robusta e sem-

pre ativa, além, claro, do protagonismo inequívoco alcan-

çado com passagens de dificuldades transcendentais.

Será apenas no final da década de trinta que o Concerto

N.3 começará a tornar–se popular. O feito se dá, a esta al-

tura resta evidente, não pelas mãos do compositor, mas de

dois grandes contemporâneos, o russo Vladimir Horowitz e

o alemão Walter Gieseking, Em 1939, Rachmaninov decide

de uma vez por todas não executar mais a peça em público

(ao que parece, após ouvir Gieseking em uma apresentação

pública). Com trinta anos de atraso, o compositor concorda-

ria com o crítico nova–iorquino: não estava a altura da peça.

Publicado em sua versão completa em 1886, Assim falou

Zaratustra marcou toda uma época. Friedrich Nietzsche faz

com o livro um misto de exploração filosófica, poesia e refle-

xão moral. O livro causou impacto em toda Europa, em parte

por expressar, através de uma aguda intuição do autor, algu-

mas perplexidades dos tempos modernos. O filósofo Mar-

celo Consentino comenta que:

‘Assim falou Zaratustra definitivamente não é uma espe-

culação filosófica, mas uma mitologia privada feita à imagem

e semelhança da alma atormentada de Nietzsche. O livro foi

idealizado enquanto ainda se recuperava do choque causado

pela rejeição da insinuante Lou Salomé, a primeira e única

mulher à qual jamais se declarou, experiência que o mergu-

lharia em um período de extrema angústia e conflito interior.

‘Sofri com as lembranças humilhantes e atormentadas deste

verão como de um delírio’, diz em carta ao amigo Franz Over-

beck, ‘ele implica uma tensão entre paixões contrárias que

ultrapassa minhas forças... A não ser que eu descubra o tru-

que alquímico de transformar essa imundície em ouro, estou

Richard Strauss

(1864–1949)

Page 20: Concertos Sinfônicos - Junho-Julho

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 38

Orquestra Experimental de Repertório

Carlos Moreno Regente

Daniel Guedes Violino

Domingo (27/07)

às 11h

Silvia De Lucca

Gaudeamus

Jean Sibelius

Concerto para Violino e Orquestra

em Ré Menor, Op. 47

Allegro moderato

Adagio di molto

Allegro ma non tanto

César Guerra–Peixe

Dança dos Cabocolinhos, segundo

movimento da Suíte Sinfônica N. 2

– Pernambucana

Piotr Ilitch Tchaikovsky

Abertura 1812, Op. 49

Programa sujeito a alterações.

Page 21: Concertos Sinfônicos - Junho-Julho

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 40

um parêntese para os sopros; e o final é um apoteótico samba.

Silvia de Lucca tocou durante cinco anos em orquestra

jovem, familiarizando–se, desta forma, com as especificida-

des técnicas e de repertório desse tipo de formação: ‘Dife-

rentemente do que vem ocorrendo nos processos de minhas

criações na última década, optei em não fazer para esta obra

qualquer elaboração racional prévia, possibilitando assim a

livre expressão de minha intuição e emoção, o que, a meu

ver, também faz referência ao viver juvenil’, conta. ‘Bastou de-

cidir que a música começaria norteada pelo modo jônico e

finalizaria pelo modo lídio – o que significa o interesse pelo

caráter aberto, luminoso, tendente à ascensão; e que algo

dançante deveria constantemente pulsar’.

Se, no repertório pianístico, os concertos de Rachmaninov re-

presentam a continuidade, no século XX, da estética român-

tica, no violino esse papel é desempenhado pelo concerto

de Sibelius. Trata–se não apenas de uma das mais célebres

criações de seu autor, mas o mais popular concerto para o

instrumento do século passado.

Sibelius só foi ter aulas formais de violino aos 15 anos.

Tendo começado tarde, adquiriu um bom domínio do instru-

mento, embora não à altura de suas ambições. Aos 26, foi re-

provado em audição de emprego na Filarmônica de Viena e,

aos 50, chegou a escrever em seu diário: ‘Sonhei que tinha

12 anos e era um virtuose’.

A ideia de escrever um concerto para violino vinha, pelo

menos, desde 1899, tomando corpo por volta de 1903. Sua mu-

lher, Aino, descreve o processo de composição a Axel Carpelan:

‘Ele tem uma multidão tão grande de temas na cabeça que fica

literalmente zonzo. Mantém–se acordado a noite toda, toca de

maneira incrivelmente bela, não consegue se separar das de-

liciosas melodias – tem tantas ideias que é difícil de acreditar’.

A estreia, em 8 de fevereiro de 1904, foi um desastre. Apa-

a Compositora paulistana silvia de luCCa esCreveu Gaudeamus

sob encomenda para o Festival de Orquestras Jovens de Sankt

Gallen de 2003, realizado na Suíça para celebrar o aniversário

de 200 anos do cantão.

‘Com o objetivo de atender a proposta festiva e juvenil

da solicitação, tive desde o princípio a convicção de que de-

veria escrever uma obra viva, dinâmica, alegre, calorosa, bem

humorada, porém, com eventuais e curtas referências à refle-

xão e à emoção interior, já que não raramente estas solitárias

e profundas experiências também acompanham a passagem

das datas e acontecimentos especiais’, explica a compositora.

Ao fazer a encomenda, o regente Hermann Ostendarp, co-

nhecido por seu trabalho à frente da orquestra Il Mosaico, pediu

uma obra de caráter festivo, eloquente e grandioso – de onde

o título latino Gaudeamus (Alegremo–nos). Ostendarp também

queria uma obra que fosse mais exigente para sopros e percus-

são do que para as cordas. Assim, a compositora inicia Gaude-

amus com um solo de conga; no meio da obra, há como que

Notas de programaIrineu Franco Perpetuo

Silvia De Lucca

(1960–)

Irineu Franco Perpetuo é

jornalista e tradutor, ministra

cursos na Casa do Saber e

colabora com a Revista Concerto.

Jean Sibelius

(1865–1957)

Page 22: Concertos Sinfônicos - Junho-Julho

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 42

Tchaikovsky não botava muita fé naquela que se tornaria uma

de suas obras mais populares. ‘A abertura vai ser bastante ba-

rulhenta – mas eu a escrevi sem sentimentos cálidos e amoro-

sos e, consequentemente, ela provavelmente não vai ter mérito

artístico’, afirmou, em carta à sua mecenas, Nadiejda von Meck

(1831–1894). Com a obra concluída, escreveu ainda a seu editor,

Iurguenson: ‘não sei ainda se a minha abertura (1812) é boa ou

má, mas é possivelmente (sem falsa modéstia) a última opção’.

Estreada na Exposição de Artes e Indústria de Moscou,

em 1882, a obra evoca os eventos do conflito que os russos

chamam de Guerra Patriótica de 1812, quando os 690 mil sol-

dados a serviço de Napoleão Bonaparte (1769–1821) –o maior

exército reunido na Europa até então– fracassaram na tenta-

tiva de derrotar a Rússia.

Para tanto, Tchaikovsky lança mão de uma instrumentação

generosa, incluindo, além dos efetivos orquestrais regulares,

uma banda de metais, sinos (substituídos por vezes pelos car-

rilhões das orquestras) e tiros de canhão (que podem ser troca-

dos por instrumentos de percussão que reproduzam seu ruído).

A abertura é uma batalha musical, na qual o compositor

faz entrar em cena vários temas conhecidos dos ouvintes de

seu tempo: Guarda, Senhor, o Teu Povo (Spassí, Góspodi, Li-

údi Tvoiá) é a oração pela vitória na batalha, entoada no iní-

cio pelos violoncelos e violas. Posteriormente, entre temas

folclóricos e até uma citação de sua ópera O Voievoda, Tchai-

kovsky faz da peça um conflito entre o hino imperial russo

Deus Salve o Tsar (Bóje, Tsariá Khraní) e A Marselhesa.

Curiosamente, embora fossem os hinos nacionais de

seus países na época da composição da abertura, nenhuma

dessas melodias desfrutava desse status em 1812 Com mú-

sica do príncipe Alekséi Lvov (1799–1870), Deus Salve o Tsar

foi escrito em 1833, enquanto A Marselhesa, composta em

1792 por Claude Joseph Rouget de Lisle (1760–1836), e ofi-

cializada em 1795, foi banida por Napoleão em 1805, para só

recuperar a condição de hino nacional em 1879.

rentemente, a culpa residiu na insuficiência técnica do solista Vi-

ktor Novácek, incapaz de domar as extremas demandas da obra.

O compositor sentiu o golpe, e tirou a obra de circu-

lação, submetendo–a a uma revisão que a tornou mais

compacta, e algo menos difícil, reestreando, na versão re-

elaborada, em Berlim, no ano seguinte. Para o Dicionário

Grove, nessa partitura Sibelius simultaneamente afirma e

transcende a tradição do concerto virtuosístico por meio de

uma ‘seriedade completa de propósito e uma densidade 'ex-

tra' de pensamento composicional’.

Em 2014, celebra–se o centenário de nascimento de um dos

líderes do nacionalismo musical no Brasil: César Guerra–Peixe.

Natural de Petrópolis–RJ, Guerra–Peixe foi regente, violinista

e professor, formando uma plêiade de alunos que vai desde

os ‘eruditos’ Guilherme Bauer e Ernani Aguiar aos ‘populares’

Clóvis Pereira, Paulo Moura, Sivuca, Capiba e Baden Powell,

dentre muitos outros. Foi ainda um rigoroso pesquisador do

folclore brasileiro e reconhecido arranjador de música popu-

lar – em ano de Copa, não custa lembrar seu arranjo do jingle

Pra Frente, Brasil, de Miguel Gustavo, que embalou o tricam-

peonato mundial do escrete canarinho, em 1970.

Aluno do grande difusor do dodecafonismo no Brasil,

Hans Joachim Koellreuter, começou compondo no estilo do

mestre, com sucesso: sua Sinfonia n. 1 foi executada pela

BBC de Londres, no Reino Unido, em 1946, e o regente ger-

mânico Hermann Scherchen, um dos maiores expoentes das

vanguardas europeias, convidou–o para ir à Suíça, em 1949.

Guerra–Peixe, contudo, preferiu permanecer no Brasil,

onde, orientado pelos princípios estéticos de Mário de An-

drade, deu à sua música o rumo nacionalista que o orientaria

até o final da vida. Depois de recusar o convite de Scherchen,

assinou contrato com uma rádio do Recife, onde permane-

ceu três anos, embebendo–se do folclore local.

César Guerra–Peixe

(1914–1993)

Piotr Ilitch Tchaikovsky

(1840–1893)

Page 23: Concertos Sinfônicos - Junho-Julho

Alexander Sladkovskiy

MarioBrunello

LidiaSchäffer

ValentinaLisitsa

JohnNeschling

DanielGuedes

MarcelloVannucci

Silmara Drezza

ClaudioCruz

CarlosMoreno

SauloJavan

Bruno GrecoFacio

TaísBandeira

Page 24: Concertos Sinfônicos - Junho-Julho

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 46

A formação da Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo

remonta a 1921, dez anos após a inauguração do Theatro Mu-

nicipal, por meio da Sociedade de Concertos Sinfônicos de

São Paulo. Em mais de 90 anos de história, a Orquestra to-

cou sob a regência de maestros como Mstislav Rostropovich,

Ernest Bour, Maurice Leroux, Dietfried Bernett, Kurt Masur,

Camargo Guarnieri, Armando Belardi, Edoardo de Guar-

nieri, Eleazar de Carvalho, Isaac Karabtchevsky, Sergio Mag-

nani, além de vários compositores regendo suas obras,

como Villa-Lobos, Francisco Mignone e Penderecki. Solis-

tas de renome se apresentaram com o grupo, como Magda

Tagliaferro, Guiomar Novaes, Yara Bernette, Salvatore Accardo,

Rugiero Ricci, dentre muitos outros. Desde o início de 2013, a

Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo tem como dire-

tor artístico o maestro John Neschling.

O Coro Lírico Municipal de São Paulo foi criado em 1939 por

iniciativa do prefeito Prestes Maia, sob a coordenação do

Maestro Armando Belardi, então diretor artístico do Theatro

Municipal. As 16 óperas que marcaram sua temporada de es-

treia foram preparadas pelo maestro Fidélio Finzi.

Em 1947, Sisto Mechetti assumiu o posto de maestro ti-

tular e, a partir da oficialização do grupo, em 1951, esteve

sob a regência dos maestros Tullio Serafin, Olivero De Fa-

britis, Eleazar de Carvalho, Armando Belardi, Francisco Mig-

none, Heitor Villa-Lobos, Roberto Schnorrenberg, Marcello

Mechetti e Fábio Mechetti.

Entre 1994 e 2013, o Coro Lírico esteve sob o comando

de Mário Zaccaro, período no qual recebeu os prêmios de

Melhor Conjunto Coral, pela APCA, em 1996, e o prêmio Car-

los Gomes, na categoria ópera, em 1997.

Desde dezembro de 2013 está sob a direção de Bruno

Greco Facio.

Orquestra

Sinfônica

Municipal

de São Paulo

Coro Lírico

Municipal

de São Paulo

O Coral da Gente é a porta de entrada no Instituto Bacca-

relli para crianças e adolescente, de 4 a 14 anos, da comu-

nidade Heliópolis e região. O programa oferece aulas de

técnica vocal, postura, respiração, expressão cênica, percep-

ção e teoria musical, compondo uma sólida base para a for-

mação de músicos.

Ministradas por professores altamente qualificados,

as atividades do Coral da Gente são lúdicas e coletivas, vi-

sando aprendizado e formação que contemplem o desen-

volvimento de valores para a vida em sociedade.

Com um repertório diversificado, os corais do Instituto

Baccarelli já realizaram apresentações em importantes espa-

ços culturais de São Paulo, entre os quais se destacam: Sala

São Paulo, Teatro Alfa, Teatro Municipal de São Paulo, Obe-

lisco do Ibirapuera, Estádio do Morumbi, Mosteiro de São

Bento, Pátio do Colégio e Catedral da Sé.

Com mais de duas décadas de história, a Orquestra Experi-

mental de Repertório (OER) é a orquestra-escola da Funda-

ção Theatro Municipal de São Paulo. Com sede na Praça das

Artes, a OER se apresenta no Theatro Municipal e em outros

espaços da Cidade de São Paulo, dentro da política de des-

centralização da Secretaria Municipal de Cultura.

Criada em 1990 pelo maestro Jamil Maluf, a partir da

Orquestra Jovem Municipal de São Paulo, a orquestra ocu-

pou lugar de destaque nas temporadas sinfônicas e líricas

do Theatro Municipal, com programações regulares e inin-

terruptas ao longo dos anos.

Sob direção de Carlos Moreno desde fevereiro de 2014,

o grupo apresenta da integral das Sinfonias de Beethoven

na Sala do Conservatório, das Sinfonias de Brahms no The-

atro Municipal, além de uma série no Auditório Ibirapuera e

apresentações no Teatro Paulo Eiró e nos CEUs, com o obje-

tivo de enriquecer ainda mais a formação dos bolsistas e le-

Orquestra

Experimental

de Repertório

Coral da Gente do

Instituto Baccarelli

Page 25: Concertos Sinfônicos - Junho-Julho

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 48

John Neschling

Regente

Paulistano, graduado em composição e regência pelas Fa-

culdades de Artes Alcântara Machado, estudou sob a orien-

tação dos mestres Abel Rocha, Isabel Maresca e Naomi

Munakata. No ano de 2011, assumiu a regência do Collegium

Musicum de São Paulo, tradicional coro da capital, dando

continuidade ao trabalho musical do maestro Abel Rocha.

Por 11 anos dirigiu o Madrigal Souza Lima, trabalho res-

ponsável pela formação musical de jovens cantores e regen-

tes. Durante 2010, foi preparador do coro da Cia. Brasileira

de Ópera, projeto pioneiro do maestro John Neschling que

percorreu mais de 20 cidades brasileiras com a ópera O Bar-

beiro de Sevilha, de Gioachino Rossini.

A convite do maestro Neschling, tornou-se regente titu-

lar do Coral Paulistano em fevereiro de 2013 e, em dezembro

do mesmo ano, assumiu a direção do Coro Lírico do Theatro

Municipal de São Paulo.

Silmara Drezza iniciou os estudos de música aos cinco anos

na Associação de Música Pio X, onde também atuou como

regente de 1996 a 2010. Estudou Pedagogia Musical Infantil

na École de Musique Martenot, em Paris, e cursou regência

coral na Butler University (EUA), com o maestro Henry Leck.

Foi aluna de regência do Professor Doutor Jocelei Bo-

hrer (Faculdade de Música Carlos Gomes) e Eduardo Oster-

green (Unicamp). Formou-se em Licenciatura Plena em Música

pela Faculdade de Música Carlos Gomes, em São Paulo, e em

piano pelo Instituto Gomes Cardim em Campinas. No exterior,

participou do Creating Artistry na Butler University, sob orien-

tação do maestro Henry Leck (EUA), do Curso de inverno para

regentes de coral infantil, com o maestro Jean Jacques Mar-

gueritat (França) e do II Taller Internacional de Regência Coral

com Maria Guinand e Alberto Grau (Venezuela).

Silmara é regente fundadora do Coral Infanto-juvenil

ThyssenKrupp e regente do Instituto Baccarelli desde 2002,

var a OER para além do centro da Cidade.

Ligada à diretoria de Formação da Fundação Theatro

Municipal, a OER tem papel fundamental no projeto de inte-

gração que parte da Escola Municipal de Música, passando

pelas orquestras Infanto-Juvenil e Jovem Municipal de São

Paulo, e que tem como objetivo preparar músicos de exce-

lência para as grandes orquestras profissionais, como a Sin-

fônica Municipal de São Paulo.

Diretor Artístico do Theatro Municipal de São Paulo, John

Neschling voltou ao Brasil após alguns anos em que se de-

dicou à carreira na Europa, e depois de ter durante 12 anos

reestruturado a Osesp, transformando-a num ícone da mú-

sica sinfônica na América Latina.

Durante a longa carreira de regente lírico, Neschling diri-

giu musical e artisticamente os Teatros de São Carlos (Lisboa),

St. Gallen (Suíça), Bordeaux (França), Massimo de Palermo (Itá-

lia), foi residente da Ópera de Viena (Áustria) e se apresentou

em muitas das maiores casas de ópera da Europa e dos EUA,

em mais de 70 produções diferentes. Dirigiu ainda, nos anos

de 1990, os teatros municipais do Rio de Janeiro e de São Paulo.

Como regente sinfônico, tem uma longa experiência

frente a grandes orquestras dos continentes americano, eu-

ropeu e asiático. Suas gravações têm sido frequentemente

premiadas e o registro de Neschling para a Sinfonia N.1 de Be-

ethoven foi escolhido pela revista inglesa Gramophone como

um dos melhores da história. No momento, se prepara para

gravar o terceiro volume das obras de Respighi pela grava-

dora sueca BIS, frente à Filarmônica Real de Liège, Bélgica.

Neschling nasceu no Rio de Janeiro em 1947 e sua for-

mação foi brasileira e europeia. Seus principais mestres foram

Heitor Alimonda, Esther Scliar e Georg Wassermann no Bra-

sil, Hans Swarowsky em Viena e Leonard Bernstein nos EUA.

É membro da Academia Brasileira de Música.

Bruno Greco Facio

Regente do Coro Lírico

Municipal de São Paulo

Silmara Drezza

Regente do Coral

da Gente

Page 26: Concertos Sinfônicos - Junho-Julho

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 50

Claudio Cruz teve seu pai, o luthier João Cruz, como seu

primeiro professor e posteriormente recebeu orientações

de Erich Lenninger, Maria Vischnia e George Olivier Toni.

Foi premiado pela Associação Paulista de Críticos de Artes

– APCA e recebeu o Prêmio Carlos Gomes, o Prêmio Bravo e

o Grammy Awards, entre outros. Nos últimos anos regeu a

Orquestra de Câmara de Osaka, Orquestra de Câmara de

Toulouse, Orquestra Sinfônica de Avignon, Northern Sinfonia,

Sinfonia Varsovia, New Japan Philharmonic, Hyogo Academy

Orchestra, Hiroshima Symphony, Svogtland Philharmonie, Je-

rusalem Symphony Orchestra entre outras. Atuou como Dire-

tor Artístico e Regente nas montagens das óperas Lo Schiavo

e Don Giovanni em Campinas, Rigoletto e La Boheme em

Ribeirão Preto. Na temporada 2014 regerá no Brasil: a Or-

questra Sinfônica do Theatro Municipal de São Paulo, Osesp,

Orquestra Sinfônica de Curitiba, Ópera, Balet e Concertos

Sinfônicos em Ribeirão Preto, no Festival Berlioz, na França,

além de concertos em Amsterdam e em Israel. De 1990 a

2012 ocupou o cargo de Spalla da Osesp. Atualmente é o

Regente Principal e Diretor Musical da Orquestra Sinfônica

Jovem do Estado de São Paulo.

Soprano vencedora do Concurso de Canto Maria Callas, do

Festival Aldo Baldin e do Concurso Carlos Gomes, se apre-

sentou, em 2013, como Rosália, da opera Jupyra de Francisco

Braga no Theatro Municipal de São Paulo, com regência de

Victor-Hugo Toro.

Nos últimos anos excursionou por São Paulo com a

Ópera Curta, projeto da Casa da Ópera e do Governo do

Estado de São Paulo interpretando Mimì e Musetta em La

Bohème de Puccini, Micaëla em Carmen de Bizet e Violetta

em La Traviata de Verdi. Foi protagonista do Brazil Inside Out,

da BBC de Londres e cantou em diversas províncias do Ja-

pão e nos EUA, neste sob a regência de Plácido Domingo.

onde também ocupa o cargo de coordenadora pedagógica

da área coral desde 2009.

Regente titular da Orquestra Experimental de Repertório,

Carlos Moreno foi regente titular da Orquestra Sinfônica da

USP entre 2002 e 2008 e da Orquestra Sinfônica de Santo

André de 2009 a 2013.

Começou a estudar piano aos seis anos, passou poste-

riormente ao violino e, em 1978, ingressou no Instituto dos

Meninos Cantores de Petrópolis, atuando como solista - me-

nino cantor soprano. Foi spalla da Orquestra Jovem Came-

rata Abrarte, atuou como violinista na Orquestra Sinfônica

Nacional da Universidade Federal Fluminense por dez anos

e regeu pela primeira vez uma orquestra aos 15 anos, diri-

gindo uma composição própria para cordas.

Estudou com maestros como Gustav Mayer, Kirk Trevor,

David Zinman e Bernard Haitink.

Venceu em 1998 o 5ª Concurso Latino-Americano para

Regentes promovido pela Osusp, foi laureado em 2003 com

o Prêmio Carlos Gomes e, em 2006, com a Osusp, recebeu

o XI Prêmio Carlos Gomes na categoria Melhor Orquestra

Sinfônica.

A trajetória de Carlos Moreno está marcada pela inter-

pretação de importantes ciclos sinfônicos, como os Choros

de Camargo Guarnieri, as sinfonias de Beethoven, as sin-

fonias de Tchaikovsky, além das sinfonias e concertos de

Brahms, as Bachianas de Villa-Lobos, as sinfonias de Schu-

mann, Poemas Sinfônicos de Rimsky-Korsakov e, recente-

mente, as sinfonias de Anton Bruckner.

Em 2012, gravou a Sinfonia N. 8 de Anton Bruckner, o

primeiro registro da obra na América do Sul, com a Orques-

tra Sinfônica de Santo André em parceria com a Osesp.

Claudio Cruz

Regente

Taís Bandeira

Soprano

Carlos Eduardo Moreno

Regente

Marcello Vannucci

Tenor

Page 27: Concertos Sinfônicos - Junho-Julho

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 52

Reconhecido pela crítica como um dos grandes artistas de

ópera do Brasil, tem se apresentado nas principais casas de

concerto e ópera do país, como a Sala São Paulo, o Theatro

Municipal de São Paulo, Theatro São Pedro, Teatro Tobias

Barreto, Teatro Santa Isabel, entre outros.

Gravou com a Osesp a Sinfonia Ameríndia de Heitor

Villa–Lobos, interpretou Padre José em Magdalena também

de Villa–Lobos, Bonzo em O Rouxinol de Stravinsky, Ramphis

em Aida de Verdi, Dulcamara em O Elixir do Amor e Don Pas-

quale, de Donizetti, e Simone em Gianni Schicchi de Puccini.

Integrou o elenco da Cia. Brasileira de Ópera e cantou o

papel de Bozo na estreia da ópera Dulcinéia e Trancoso de

Eli–Eri Moura. Outras performances incluem Salieri, em Mo-

zart & Salieri de Rimsky–Korsakov, O Homem dos Crocodilos

de Arrigo Barnabé, O Franco Atirador de Weber, Don Gio-

vanni e As Bodas de Fígaro de Mozart, Alcina de Händel, Es-

camillo em Carmen de Bizet e Treemonisha de Scott Joplin.

Em 2002, venceu o Concurso de Canto Villa–Lobos, em

Araçatuba.

Bacharel em Canto pela UNESP, Lidia Schäffer vem se des-

tacando no repertório de mezzo–soprano dramático e con-

tralto. Foi premiada no 8º Concurso Carlos Gomes, em 1998,

e no Concurso Nacional de Canto Edmar Ferretti, em 2005.

Já atuou frente a grandes orquestras, como a Sinfonia Cultura,

Osesp, Orquestra Sinfônica de Campinas, Filarmônica de Ri-

beirão Preto, Sinfônica Municipal de São Paulo, Experimental

de Repertório e OSB, entre outras.

Foi solista com maestros como John Neschling, Claudio

Cruz, Roberto Tibiriçá, Aylton Escobar, Mário Zaccaro, Jamil

Maluf e Luiz Fernando Malheiro. No Theatro São Pedro, já

atuou como Fidalma em Il Matrimonio Segreto, Ulrica em Un

Ballo in Maschera e Mercedes em Carmen.

No Theatro Municipal de São Paulo foi a Terceira Dama

Em Coimbra, além de cantar com a Orquestra Clássica

do Centro, fez um recital de música brasileira, acompanhada

pelo maestro Luís Gustavo Petri, na Biblioteca Joanina, apre-

sentando canção composta por eles especialmente para o

evento.

É Mestra em Música pela UNESP com pesquisa inédita

sobre o cancioneiro de Arnaldo Rebello e teve sua educação

vocal conduzida por Benito Maresca, Martha Herr e Laura

de Souza.

Em 2014, cantou com a Orquestra Sinfônica Municipal

de Campinas canções de Carlos Gomes e está em turnê pelo

estado de São Paulo como Ciò Ciò San da Madame Butter-

fly da Casa da Ópera.

Desde sua estreia em 1995 na ópera Nabucco, Marcello

Vannucci alcançou um enorme sucesso, sendo reconhecido

pelo público e crítica. Foi aluno do tenor Benito Maresca e

atuou como protagonista nas óperas Turandot, Andrea Ché-

nier, Ariadne auf Naxos, La Giocconda, Sansão e Dalila, Aida,

Tosca, Rigoletto, La Traviata, Il Trovatore, La Bohème, Caval-

leria Rusticana, Madama Butterfly, Carmen, Il Guarany, Con-

dor, Colombo, Simon Boccanegra, Norma, Macbeth, Lucia

de Lammermoor e La Fanciulla del West.

Entre os prêmios que recebeu ao longo da carreira, es-

tão o do College d'Advocats de Barcelona, Concurso Fran-

cisco Viñas, em 1998, Concurso Internacional Maria Callas

e o Prêmio Carlos Gomes como melhor cantor lírico, em

2010. Fora do Brasil, cantou na Colômbia, Espanha e Itália.

Em 2003, dividiu o palco com a soprano Kiri Te Kanawa na

turnê pelo Brasil. Recentemente cantou a Nona Sinfonia de

Beethoven com o maestro Lorin Maazel. Foi aluno do tenor

Benito Maresca. Apresenta-se regularmente nos principais

teatros de ópera brasileiros.

Saulo Javan

Baixo

Lidia Schäffer

Mezzo–soprano

Marcello Vannucci

Tenor

Page 28: Concertos Sinfônicos - Junho-Julho

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 54

Em 1986, Mario Brunello foi o primeiro italiano a vencer a

Competição Tchaikovsky em Moscou, vitória que lançou sua

carreira internacional.

Apresentou-se com orquestras como London Philharmonic,

Royal Philharmonic, Filarmônica de Munique, Philadelphia

Orchestra, Mahler Chamber Orchestra, London Symphony,

Orchestre Philharmonique de Radio–France, Filarmonica della

Scala, Accademia di Santa Cecilia, DSO Berlin, dentre outras; e

colaborou com regentes como Valery Gergiev, Yuri Temirkanov,

Antonio Pappano, Manfred Honeck, Riccardo Chailly, Riccardo

Muti, Vladimir Jurowski, Ton Koopman, Daniele Gatti, John

Axelrod, Myung–Whun Chung, Seiji Ozawa e Claudio Abbado.

Brunello foi convidado diversas vezes por Abbado a se

apresentar, tanto como solista como regente, com a orques-

tra do Festival Lucerne e com a Mozart Orchestra. Habitu-

ado a cumprir as duas funções, criou em 1994 a Orchestra

d’Archi Italiana, com a qual faz turnês regulares tanto pela

Itália quanto em outros países.

A música de câmara também tem um papel importante

na vida artística de Brunello, que já colaborou com Gidon

Kremer, Martha Argerich, Frank Peter Zimmermann, Isabelle

Faust, Yuri Bashmet, Maurizio Pollini, Valery Afanassiev e An-

drea Lucchesini e com o Hugo Wolf Quartett.

Nascida na Ucrânia, Valentina Lisitsa estudou na Escola de

Música Lysenko e no Conservatório de Kiev. Em 1992, emi-

grou para os EUA e desde sua estreia no Avery Fischer Hall

no Mostly Mozart Festival recebe ótimas críticas.Valentina

se mostra confortável num repertório que vai de Bach e Mo-

zart a Shostakovich e Bernstein, porém admite ter uma espe-

cial afinidade com a música de Rachmaninov e Beethoven.

Tendo já gravado todos os concertos de Rachmaninov com

a London Symphony Orchestra, incluindo o N. 5 (um arranjo

da Sinfonia N. 2) que tocou em 2010, em sua estréia holan-

em A Flauta Mágica, a Condessa de Coigny em Andrea

Chénier, Segunda Criada em Amelia al Ballo, Siegrune em

A Valquíria e Primeira Norna em O Crepúsculo dos Deuses

de Wagner. Participou da estreia brasileira de Midsummer

Night´s Dream de Britten com a OSB como Hipolyta. De seu

repertório sinfônico, destacam-se obras Gloria de Vivaldi,

Fantasia Coral e Sinfonia N. 9 de Beethoven, Réquiem de

Mozart e a Missa de Réquiem de Verdi, dentre outras.

Integra o Coro Lírico do Theatro Municipal de São Paulo

desde 2002 e atualmente recebe orientação de Isabel

Maresca.

Diretor Artístico da Orquestra Sinfônica Nacional do Tartaris-

tão, na Rússia, Sladkovskiy venceu diversos prêmios como a

Terceira Competição Internacional Prokofiev de Regência de

São Petersburgo, a Medalha de Honra do 300° aniversário

de São Petersburgo e foi eleito o Regente do Ano na Rússia

em 2011 pela revista Musical Review.

Alexander Sladkovskiy se apresentou com renomados

artistas como Denis Matsuev, Yuri Bashmet, Boris Berezovsky,

Barry Douglas, Nikolai Lugansky, Ekaterina Mechetina, Kse-

nia Bashmet, Viktor Tretyakov, Vadim Repin, Sergei Krylov,

Alyona Baeva, Dmitri Sitkovetsky, David Geringas, Alexan-

der Knyazev, Alexander Rudin, Antonio Meneses, Montserrat

Caballe, Olga Borodina, Hibla Gerzmava, Lyubov Kazarno-

vskaya, Albina Shagimuratova, Sumi Jo, Dinara Alieva, Dmi-

tri Hvorostovsky, Vasili Gerello, Placido Domingo, Roberto

Alagna, Ildar Abdrazakov, Sergei Nakaryakov, dentre outros.

Alexander Sladkovskiy foi regente convidado de várias

orquestras, como a Orchestra dell'Accademia Nazionale di

Santa Cecilia, Orquestra Sinfônica do Teatro Bolshoi, Sinfô-

nica Svetlanov, Nacional Russa, Filarmônica de São Peters-

burgo, Sinfônica Tchaikovsky, Filarmônica Nacional da Rússia,

Sinfônica Siciliana, Filarmônica de Dresden, dentre outras.

Valentina Lisitsa

Piano

Alexander Sladkovskiy

Regente

Mario Brunello

Violoncelo

Page 29: Concertos Sinfônicos - Junho-Julho

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 56

Além de solista, é regente e professor da Universidade

Federal do Rio de Janeiro e é frequentemente convidado a

lecionar em festivais de música, como o de Campos de Jor-

dão e Juiz de Fora.

desa com a Filarmônica de Roterdã. Em Agosto de 2011 fez

sua estreia com esta obra no Brasil com a Orquestra Sinfô-

nica Brasileira, sob a regência de Lorin Maazel. Já se apresen-

tou com importantes orquestras como Colorado Symphony,

Chicago Symphony, Seattle Symphony, San Francisco Sym-

phony, Pittsburgh Symphony, WDR Colônia, Filarmônica de

Helsinki, Filarmônica de Seul; em grandes teatros, como Te-

atro Colón de Buenos Aires, o Royal Albert Hall de Londres,

e colaborou com regentes como Manfred Honeck, Yannick

Nézet-Séguin, e Jukka-Pekka Saraste, dentre outros.

Seu canal no YouTube, criado em 2007, é um grande su-

cesso, com mais de cem mil assinantes e 62 milhões de visu-

alizações. Além disso, Valentina completou recentemente a

gravação completa dos concertos de Rachmaninov e Rhap-

sody on a Theme of Paganini com a London Symphony Or-

chestra, sob condução de Michael Francis.

O carioca Daniel estudou no Conservatório Brasileiro de Mú-

sica do Rio de Janeiro. Em 1991, ganhou bolsa de estudos

da Capes para estudar em Londres, onde foi aluno de De-

tlef Hahn na Guildhall School of Music durante um ano. Em

seguida, concluiu a graduação e o mestrado na Manhattan

School of Music de Nova York, na classe de Pinchas Zuker-

man e Patinka Kopec no Pinchas Zukerman Performance Pro-

gram, com bolsas da Vitae e da Capes.

Estudou música de câmera com Sylvia Rosenberg, Isi-

dore Cohen e Arnold Steinhardt. Foi vencedor dos concursos

Jovens Concertistas Brasileiros em 1991, Bergen Philharmo-

nic Competition em 1998 e Waldo Mayo Memorial Award em

2000, que lhe valeu um concerto no Carnegie Hall de Nova

York tocando o Concerto N. 1 de Max Bruch.

Atua como recitalista e solista desde os 10 anos de

idade com orquestras brasileiras e de outros países, como

EUA, Canadá, Inglaterra, Noruega, Itália e América do Sul.

Daniel Guedes

Violino

Page 30: Concertos Sinfônicos - Junho-Julho

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 58

Orquestra Sinfônica

Municipal de São Paulo

Diretor Artístico

John Neschling

Primeiros-violinos

Pablo De León (spalla)

Martin Tuksa (spalla)

Fabian Figueiredo

Maria Fernanda Krug

Adriano Mello

Fábio Brucoli

Fábio Chamma

Fernando Travassos

Francisco Ayres Krug

Heitor Fujinami

John Spindler

José Fernandes Neto

Liliana Chiriac

Mizael da Silva Júnior

Paulo Calligopoulos

Rafael Bion Loro

Sílvio Balaz

Victor Bigai

Segundos-violinos

Andréa Campos*

Laércio Diniz*

Nadilson Gama

Otávio Nicolai

André Luccas

Djavan Caetano

Edgar Montes Leite

Evelyn Carmo

Helena Piccazio Ornellas

Oxana Dragos

Ricardo Bem-Haja

Sara Szilagyi

Ugo Kageyama

Wellington R. Guimarães

Flautas

Cássia Carrascoza*

Marcelo Barboza*

Andréa Vilella

Cristina Poles

Renan Dias Mendes

Oboés

Alexandre Ficarelli*

Rodrigo Nagamori*

Marcos Mincov

Victor Astorga**

Clarinetes

Luís Afonso Montanha*

Otinilo Pacheco*

Diogo Maia Santos

Domingos Elias

Marta Vidigal

Thiago Naguel**

Fagotes

Fábio Cury*

Matthew Taylor*

Marcelo Toni

Marcos Fokim

Osvanilson Castro

Trompas

André Ficarelli*

Luiz Garcia*

Eric Gomes da Silva

Rogério Martinez

Vagner Rebouças

Douglas Costa**

Rafael Fróes**

Thiago Ariel**

Trompetes

Fernando Guimarães*

Marcos Motta*

Breno Fleury

Eduardo Madeira

Albert Santos**

Trombones

Diego Vieira****

Matheus M. Baião****

Rodolfo G. da Silva****

Wallace B. do Santos****

Violas

Alexandre De León*

Silvio Catto*

Abrahão Saraiva

Tânia de Araújo Campos

Adriana Schincariol

Bruno de Luna

Cindy Folly Farias

Eduardo Cordeiro

Eric Schafer Licciardi

Jessica Wyatt

Pedro Visockas

Roberta Marcinkowski

Tiago Vieira

Violoncelos

Mauro Brucoli*

Raïff Dantas Barreto*

Mariana Amaral

Alberto Kanji

Charles Brooks

Cristina Manescu

Joel de Souza

Maria Eduarda Canabarro

Moisés F. dos Santos

Sandro Francischetti

Teresa Catto

Contrabaixos

Sanderson Cortez Paz***

Taís Gomes***

Adriano Costa Chaves

Miguel Dombrowski

Ricardo Busatto

Vinicius Frate

Walter Müller

Gustavo Quintino****

Julio Cesar M. N. Silva****

Roney Stella*

Hugo Ksenhuk

Luiz Cruz

Marim Meira

Eduardo Machado**

Tuba

Gian Marco de Aquino*

Harpa

Jennifer Campbell*

Paola Baron*

Piano

Cecília Moita*

Percussão

Marcelo Camargo*

César Simão

Magno Bissoli

Sérgio Coutinho

Thiago Lamattina

Rosângela R. Silva****

Tímpanos

Danilo Valle*

Márcia Fernandes*

Gerente da Orquestra

Paschoal Roma

Assistente

Manuela Cirigliano

Inspetor

Carlos Nunes

Montadores

Alexandre Greganyck

Paulo Broda

Rafael de Sá

* Chefe de naipe

** Músico convidado

***Chefe de naipe interino

****Bolsista da OER

Orquestra

Experimental

de Repertório

Regente Titular

Carlos Moreno

Regente Assistente

Raphael Brasilio

Primeiros Violinos

Cláudio Micheletti (Spalla)

Ana Rebouças Guimarães

Caik Rodrigues

Diego Adinolfi Vieira

Gabriela Fogo

Jessé Xavier Reis

Jonas Alves de Souza

Lucas Oliveira da Silva

Matheus Baião

Ramon R. de Andrade

Renan Gonçalves

Rodolfo Guilherme da Silva

Thais Morais

Wallace Bispo

Willian Gizzi

Segundos Violinos

Paulo Galvão (Monitor)

Alexandre Britto

Ananda Fukuda

Caio Paiva dos Santos

Danilo Alves

Douglas Araújo

Evaldo Alves

Fernanda Garcia

Gabriel Redivo Chiari

Gabriel S. de Oliveira

Henry Setton

Karin Higa

Natália Brito

Ramon Silva

Ricardo Galdino

Wagner Filho

Violas

Estela Ortiz (Monitora)

Bruno Rocha

Gabriel Iscuissati

Guilherme C. Bonfim

Joel Alves

Johnny Roger Lo

Mauro Koiti Shimada

Rodrigo Ramos

Thiago Neres

Vúpulos Antônio Vaplam

Violoncelos

Júlio Cerezo Ortiz

(Monitor)

Agton dos Santos

Douglas Pereira

Elton Araújo

Jonatas Pereira

Luiz Sena

Patrícia Rezende Vanuci

Rafael de Caboclo

Rodrigo Prado

Ygor Ghensev

Contrabaixos

Alexandr Iurcik (Monitor)

Daniel Camargo

Gustavo Quintino

Haran Magalhães

Júlio Nogueira

Leopoldo Carvalho

Marcos Magni

Flautas

Marcos Kiehl (Monitor)

Aline Viana

Danilo Crispim

Felipe Mancz

Oboés

Rodolfo Hatakeyama

(Monitor)

Gabriel P. Marcaccini

Gutierre Machado

Rafael Felipe

Clarinetes

Alexandre F. Travassos

(Monitor)

Danilo Oliveira

Evandro Alves

Felipe Reis

Fagotes

José Eduardo Flores

(Monitor)

Bruno Gualberto

Matheus Parizon Amaral

Sandra Ribeiro

Nara Flores

Trompas

Weslei Lima (Monitor)

Álvaro Braga

Edson R. Nascimento

Gerson Pierotti

Rubens do N. Silva

Wesley Medeiros

Trompetes

Luciano Melo (Monitor)

Dan Yuri Huamán Diaz

Mauro Stahl Júnior

Roger Brito

Trombones

João Paulo Moreira

(Monitor)

Arthur Da Silva Rita

Igor Bueno Da Silva

Lucas Henrique De Faria

Maurício Lundgren

Tuba

Sérgio Teixeira (Monitor)

Percussão

Richard Fraser (Monitor)

Bruno Rogério Oliveira

Mónica Navas

Rosângela Rhafaelle

Zacarias Maia

Coordenadora Artística

Angela De Santi

Assistente Artístico

Daniel Martins

Inspetores

Raquel Rosa

Renato Lotierzo

Arquivistas

Bruno Lacerda

Maria Cláudia Ribeiro

Montadores

Márcio Cavalcante Bessa

Wellington Nunes Pinheiro

Page 31: Concertos Sinfônicos - Junho-Julho

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 60

Diretoria de Produção

Produção Executiva

Anna Patrícia Araújo

Nathália Costa

Rosa Casalli

Produtores

Aelson Lima

Pedro Guida

Miguel Teles

Assistente de Produção

Arthur Costa

Palco

Chefe da Cenotécnica

Aníbal Marques (Pelé)

Técnicos de Palco

Rodrigo Nascimento

Thiago Panfieti

Antonio Carlos da Silva

Antonio Oliveira Almeida

Alex Sandro N. Pinheiro

Aristide da Costa Neto

Cláudio Nunes Pinheiro

Cristiano T. dos Santos

Edival Dias

Ermelindo T. Sobrinho

Julio de Oliveira

Lourival F. Conceição

Manuel Lucas Souza

Marcelo Luiz Frosino

Paulo Miguel Filho

Assistentes

Elisabeth de Pieri

Ivone Ducci

Contrarregragem

Cênica Residente

Julianna Santos

Segunda Assistente

de Direção Cênica

Ana Vanessa

Assistente de Direção

Cênica e Casting

Sérgio Spina

Figurinista Residente

Veridiana Piovezan

Produção de Figurinos

Fernanda Câmara

Arquivo Artístico

Coordenadora

Maria Elisa P. Pasqualini

Assistente

Ana Raquel Alonso

Arquivistas

Ariel Oliveira

Guilherme Prioli

Karen Feldman

Leandro José Silva

Leandro Ligocki

Copista

Ana Cláudia Oliveira

Ação Educativa

Aureli Alves de Alcântara

Centro de Documentação

Chefe de seção

Mauricio Stocco

Equipe

Lumena A. de M. Day

Diretoria Geral

Assessora

Maria Carolina G. de Freitas

Secretárias

Ana Paula S. Monteiro

Marcia de Medeiros Silva

Monica Propato

Cerimonial

Egberto Cunha

Bilheteria

Nelson F. de Oliveira

Diretoria Artística

Assessoria de

Direção Artística

Stefania Gamba

Luís Gustavo Petri

Clarisse De Conti

Secretária

Eni Tenório dos Santos

Coordenação de

Programação Artística

João Malatian

Diretor Técnico

Juan Guillermo Nova

Assistente de

Direção Técnica

Giuseppe Cangemi

Diretor de Palco Cênico

Ronaldo Zero

Assistente de Direção

de Palco Cênico

Sabrina Mirabelli

Caroline Vieira

Assistente de Direção

Coral da Gente do

Instituto Baccarelli

Regente

Silmara Drezza

Preparadora Vocal

Claudia Cruz

Cantores

Beatriz de Souza Sobrinho

Bethânia Silva Gomes

Camilla Dual Portela

Daniel Alves da Rocha

Edwiges R. A. da Silva

Ellen G. Rodrigues Sousa

Gabriela C. Nogueira Lira

Giselle C. de Sousa Brito

Henzo Limeira Cavalcante

Juliana A. P. do Nascimento

Kaique Almeida Santos

Laís Simões da Silva

Letícia Alves Neres

Luciana Beatriz N. Lira

Luiza Fernanda Rodrigues

Maria A.de Oliveira Alves

Maria E. P. Dual de Souza

Mariana Eliz S. Merzbahcer

Rafaela Batista dos Santos

Raissa Neves de Sousa

Ricardo dos Santos Albano

Robert Correia Borges

Samuel G. de Oliveira e Silva

Sophia G.de Oliveira e Silva

Coro Lírico do

Theatro Municipal

Regente Titular

Bruno Greco Facio

Regente Assistente

Sérgio Wernec

Pianistas

Marcos Aragoni

Marizilda Hein Ribeiro

Sopranos

Adriana Magalhães

Berenice Barreira

Claudia Neves

Elaine Moraes

Elayne Caser

Elisabeth Ratzersdorf

Graziela Sanchez

Huang Shu Chen

Ivete Montoro

Jacy Guarany

Juliana Starling

Marcia Costa

Angélica Feital

Maria Antonieta Soares

Milena Tarasiuk

Monique Corado

Marivone P. Caetano

Marta Mauler

Nadja Sousa

Rita de Cassia Polistchuk

Rosana Barakat

Sandra Félix

Mezzo-Sopranos

Elisa Nemeth

Erika Mendes Belmonte

Heloísa Junqueira

Keila de Moraes

Juliana Valadares

Maria Luisa Figueiredo

Mônica Martins

Contraltos

Celeste do Carmo

Claudia Arcos

Clarice Rodrigues

Elaine Martorano

Lidia Schäffer

Magda Painno

Mara Dalva de Alvarenga

Margarete Loureiro

Maria José da Silveira

Vera Ritter

Tenores

Alex Flores de Souza

Antonio Carlos Britto

Dimas do Carmo

Eduardo Pinho

Eduardo de Góes

Eduardo Trindade

Fernando de Castro

Gilmar Ayres

Joaquim Rollemberg

José Silveira

Luciano Goés

Luiz Antonio Doné

Marcello Vannucci

Márcio Lucas Valle

Miguel Geraldi

Paulo Chamié Queiroz

Renato Tenreiro

Rúben de Oliveira

Rubens Medina

Sérgio Sagica

Valter Felipe

Valter Estefano Mesquita

Barítonos

Alessandro Gismano

Ary Lima Jr.

Daniel Lee

Davi Marcondes

Diógenes Gomes

Eduardo Paniza

Jang Ho Joo

Luis Orefice

Marcio Martins

Miguel Csuzlinovics

Roberto Fabel

Sandro Bodilon

Baixos

Claudio Guimarães

Fernando Gazoni

Jessé Vieira

José Nissan

Josué Silva

Leonardo Amadeo Pace

Marcos Carvalho

Orlando Marcos

Rafael Thomas

Sérgio Righini

Assistente

Cristina Cavalcante

Inspetora

Eugenia Sansone

Montador

Alfredo Barreto de Souza

Prefeitura do Município

de São Paulo

Prefeito

Fernando Haddad

Secretário Municipal

de Cultura

Juca Ferreira

Fundação Theatro

Municipal de São Paulo

Direção Geral

José Luiz Herencia

Diretora de Gestão

Ana Flávia Cabral S. Leite

Diretor de Formação

Leonardo Martinelli

Instituto Brasileiro

de Gestão Cultural

Presidente do Conselho

Cláudio Jorge Willer

Diretor Executivo

William Nacked

Diretora Técnica

Isabela Galvez

Diretor Financeiro

Neil Amereno

Diretor Artístico

John Neschling

Diretora de Produção

Cristiane Santos

Direitos Autorais

Olivieri Advogados

Associados

Page 32: Concertos Sinfônicos - Junho-Julho

theatro municipal de são paulo_temporada 2014_pg 62

Arquitetura

Lilian Jaha

Estagiários

Marina Castilho

Vitória R. R. Dos Santos

Seção Técnica

de Manutenção

Edisangelo R. da Rocha

Eli de Oliveira

Narciso Martins Leme

Estagiário

Vinícius Leal

Comunicação

Editor e Coordenador

Marcos Fecchio

Editor assistente

Gabriel Navarro Colasso

Mídias Eletrônicas

Desirée Furoni

Assessoras de Imprensa

Amanda Sena

Daniela Oliveira

Design Gráfico

Kiko Farkas/ Máquina Estúdio

Designer Assistente

Ana Lobo

André Kavakama

Atendimento

Michele Alves

Impressão

Formags Gráfica

e Editora LTDA

Contabilidade

Alberto Carmona

Cristiane Maria Silva

Diego Silva

Luciana Cadastra

Marcio Aurélio O. Cameirão

Meire Lauri

Compras e Contratos

George Augusto Rodrigues

Jessica Elias Secco

Marina Aparecida Augusto

Infraestrutura

Marly da Silva dos Santos

Antonio Teixera Lima

Cleide da Silva

Eva Ribeiro

Israel Pereira de Sá

Luiz Antonio de Mattos

Maria Apª da C. Lima

Pedro Bento Nascimento

Therezinha P. da Silva

Almoxarifado

Nelsa A.Feitosa da Silva

Bens Patrimoniais

José Pires Vargas

Informática

Ricardo Martins da Silva

Renato Duarte

Estagiários

Victor Hugo A. Lemos

Yudji A. Otta

Emília Reily

Acervo de Figurinos

Marcela de Lucca M. Dutra

Assistente

Ivani Rodrigues Umberto

Acervo de Cenário

e Aderecista

Aloísio Sales

Expediente

José Carlos Souza

José Lourenço

Paulo Henrique Souza

Diretoria de Gestão

Lais Gabriele Weber

Carolina Paes Simão

Cristina Gonçalves Nunes

João Paulo Alves Souza

Juçara A. de Oliveira

Juliana do Amaral Torres

Oziene O. dos Santos

Paula Melissa Nhan

Vera Lucia Manso

Assistência Administrativa

Alexandro R. Bertoncini

Seção de Pessoal

Cleide Chapadense da Mota

José Luiz P. Nocito

Solange F. França Reis

Tarcísio Bueno Costa

Parcerias

Suzel Maria P. Godinho

Carlos Bessa

Contrarregras

Bruno Farias

Eneas Leite

Luca Leme Nunes

Peter Silva

Sandra Satomi Yamamoto

Chefe de Som

Sérgio Luis Ferreira

Operadores de Som

Guilherme Ramos

Daniel Botelho

Kelly Cristina da Silva

Chefe de Iluminação

Valéria Lovato

Iluminadores

Alexandre Bafe

Igor Augusto F. de Oliveira

Luciano Paes

Fernando Azambuja

Ubiratan Nunes

Camareiras

Alzira Campiolo

Isabel Rodrigues Martins

Lindinalva M. Celestino

Maria Auxiliadora

Maria Gabriel Martins

Marlene Collé

Nina de Mello

Regiane Bierrenbach

Tonia Grecco

Central de Produção

"Chico Giacchieri"

Coordenação de Costura

Agradecimentos

Escarlate

Hotel Marabá

Page 33: Concertos Sinfônicos - Junho-Julho

realização

Organização Social de Cultura do Município de São Paulo

Municipal. O palcO de sãO paulO