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conchas variadas
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28/10/2014 Conchas
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Conchas
Não posso dizer que seja um coleccionador de conchas, pois isso requeria conhecimentos que não possuo. Mas sou,
indubitavelmente, um grande apreciador da beleza extraordinária de que se revestem os "esqueletos exteriores" de
alguns dos animais do filo dos Moluscos (Mollusca). Assim, tenho vindo a adquirir, sem plano nem objectivo definidos,
exemplares que me impressionam, seja pelo seu aspecto estranho, seja pela dita beleza.
GASTRÓPODES (GASTROPODA)
A classe dos gastrópodes inclui mais de 3/4 de todos os moluscos, dos quais cerca de metade são espécies marinhas.
Durante a minha infância e juventude, nas praias aqui da região do Porto abundavam as conchinhas: de mexilhões,
lapas, vários tipos de pequenos búzios, de bivalves aparentados com a amêijoa e o berbigão e, de todas as mais
apreciadas, os beijinhos!
A mim, e atrevo-me a dizer a quase toda a gente, encantavam-me os beijinhos! Pequeninos, pois mal excedem os 10
mm, de forma delicada e perfeita, parecem pequenas jóias, uma espécie de pérolas dos pobres!
Na maré baixa, dezenas de pessoas percorriam a praia, curvadas,
apanhando principalmente beijinhos. Mesmo deitados na areia, era
fácil encontrar beijinhos. Será que o seu nome provém de algum
jogo que os namorados praticavam, cujo prémio era um "dito cujo"
por cada beijinho encontrado? Ou, simplesmente decorre da sua
forma que sugere uns lábios em posição de beijar?
O beijinho era tão popular que havia em Leça, e ainda há, uma
praia chamada Praia dos Beijinhos! Beijinhos é que parece já não
haver, ou quase! Estarão em vias de extinção nas praias do Porto?
Será que terão sido vítimas desta maldita poluição que espalhamos
por todo o lado?
O beijinho é um gastrópode da família TRIVIIDAE, com o nome científico Trivia
monacha. Beijinho é um nome muito português, acho eu, pois traduzindo os
nomes ingleses, encontramos: caurim-feijão, caurim-manchado ou caurim-
europeu-comum.
Ocorre desde o Mediterrâneo até às Ilhas Britânicas e o seu tamanho vai dos 7
aos 12 mm.
A família TRIVIIDAE é muito próxima de uma outra, a CYPRAEIDAE, a ponto de, durante muito tempo, os gastrópodes
hoje classificados na primeira terem sido incluídos na segunda.
Para um leigo como eu, a diferença mais evidente entre as duas famílias resulta de os beijinhos apresentarem sulcos
enquanto as cipreias têm uma superfície lisa e muito brilhante. Além disso, os beijinhos têm tamanhos, em geral, mais
pequenos.
A superfície brilhante das cipreias levou os navegadores portugueses de quinhentos, que as encontraram
abundantemente na costa africana, a pensar que era a partir delas que os chineses fabricavam a porcelana. Daí, o seu
nome popular de porcelanas. A família é constituída por cerca de 200 espécies diferentes, algumas das quais são
abundantes, particularmente nos trópicos.
A popularidade das cipreias é tão grande que, durante milénios, uma
destas conchas, a cipreia-moeda (Cypraea moneta) (ao lado), foi
utilizada como moeda.
É uma concha que apresenta uma variação muito grande, pelo que se
encontram exemplares quer com diferentes cores, como também de
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forma.
O meu exemplar tem 2,1 cm, um pouco abaixo da média que é 2,5
cm.
A bela, embora pequena, cipreia-cabeça-de-serpente tem
numerosas subespécies em toda a região tropical do Indo-
Pacífico.
Esta, parece-me tratar-se da Cypraea caputserpentis
kenyonae, nativa da África Austral, onde habita os recifes de
coral.
Este espécime tem 2,7 cm, encontrando-se exemplares dos
1,5 aos 4,3 cm.
Uma das mais bonitas cipreias é certamente a
cipreia-tigre (Cypraea tigris), apesar de ser muito
comum e, portanto, muito fácil de conseguir.
O seu habitat é nos recifes de coral da região do
Indo-Pacífico e o tamanho médio dos espécimes
adultos é 9 cm (o meu tem 7,5 cm).
São conhecidas formas gigantes e todas negras.
Outra cipreia muito popular é a cipreia-toupeira (Cypraea talpa).
Muito brilhante e com cores bonitas seduz facilmente qualquer
apreciador de conchas.
Encontra-se também nos recifes de coral do Indo-Pacífico, a uma
profundidade entre 5 e 10 m.
O meu espécime tem 6,3 cm, um pouco acima da média que é 5,6
cm.
A cipreia-arábica (Cypraea arabica) tem numerosas subespécies
habitando a região do Indo-Pacífico, desde a África Oriental ao
Tahiti, e do Japão à Austrália, cujo tamanho varia dos 3,3 aos 6
cm. Este exemplar tem 5,5 cm.
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A cipreia-lince (Cypraea lynx) é também nativa do Indo-Pacífico e
tem tamanho entre 2,7 e 7,8 cm. O meu bonito espécime tem 5,1
cm.
A cipreia-rosa-silvestre (Cypraea eglantina) não será uma das
cipreias mais bonitas, mas é difícil uma porcelana não suscitar
apreço, pelo que não deixa de ser interessante.
Habita o Pacífico Central, as Filipinas e a Indonésia e o seu
tamanho pode variar desde os 3,5 aos 8,5 cm. O meu exemplar
tem 5,9 cm.
Muito bela e muito rara, a porcelana-
dourada (Cypraea aurantium) é uma das
conchas mais desejadas pelos
coleccionadores.
O seu habitat localiza-se no lado de fora
dos recifes do Sudoeste do Pacífico, desde
as Filipinas às Ilhas Salomão e Fidji.
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O seu tamanho varia dos 5,8 aos 11,7 cm e o meu exemplar mede 9,3 cm.
Na imagem ao lado, pode apreciar-se o aspecto particular da espiral desta
concha e a sua cor branca.
É também patente o grande desenvolvimento da margem à volta do canal
superior.
A Cypraea histrio tem, em língua inglesa, o nome popular de minstrel ou histrio cowry, o que, numa tradução livre,
poderia dar algo como porcelana-comediante, em português. Ignoro se existe nome oficial popular, em português, mas
do que "não tenho dúvidas" é que a Natureza se "divertiu" muito ao criar esta fantástica concha!
De facto, só um artista de imaginação delirante poderia
produzir semelhante obra! No dorso, o padrão faz lembrar um
delicado mosaico duma antiga civilização, ao qual se
sobrepõem misteriosas manchas escuras! Para além da linha
do manto o padrão muda para um mosaico de ladrilhos mais
pequenos e mais esparsos! Finalmente, a base apresenta
pintas escuras num fundo quase branco, como se vê na zona
ventral de muitos felídeos, como o leopardo e o jaguar, por
exemplo! Incrível!
É nativa do Oceano Índico, embora exista uma
subespécie na Austrália, e o seu tamanho varia dos 2,3
aos 8,8 cm. Este exemplar corresponde à variedade
endémica das Maldivas e tem 5,3 cm.
A família OVULIDAE é próxima da família CYPRAEIDAE e inclui conchas finas e
leves, em geral muito atraentes.
A língua-de-flamingo (Cyphoma gibbosum) é uma concha pequena, com uma
forma muito curiosa e, sobretudo, muito bonita.
Habita uma região que se estende desde o Sudeste da Florida, Caraíbas, até ao
Brasil.
O meu espécime, que trouxe de Cuba, Província do Oriente, tem 2,5 cm, o que,
aliás, corresponde à média do seu tamanho.
Os abalones, orelhas-do-mar ou lapas-reais (família HALIOTIDAE) têm conchas achatadas que apresentam buracos na
circunvolução final que o animal usa para a respiração. Vivem em rochedos submersos sobre os quais deslizam
facilmente. A face interna é iridescente, notando-se no centro a marca do músculo.
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O abalone-arco-íris (Haliotis iris) é exclusivo da Nova Zelândia, onde é conhecido por black-foot ou paua, na língua dos
Maoris. Realmente, a superfície externa da concha natural é negra, embora o meu exemplar tenha sido polido para pôr
em evidência o belo irisado da camada inferior. Pode atingir os 20 cm, ainda que o meu tenha apenas 14 cm.
As conchas em forma de cone, ou troques, pertencem à família TROCHIDAE, que inclui centenas de espécies distribuídas
por todo o mundo. Coloridas por fora, têm o interior raiado de madrepérola.
O facto de a camada interior ser nacarada faz com que, frequentemente, estas conchas nos cheguem às mãos depois
de polidas. O problema é que, para os leigos como eu, classificar estas conchas torna-se, em geral, uma tarefa muito
complicada. A concha que se segue é um bom exemplo.
Já pensei tratar-se do troque-em-forma-
de-cone ou troque-morango (Tectus ou
Trochus conus), mas agora, enquanto
espero que alguém me esclareça, estou
mais inclinado para a hipótese de ser o
troque-comercial (Tectus ou Trochus
niloticus).
O troque-comercial deve o seu nome a ter
sido intensivamente utilizada para fazer
botões e, mesmo hoje, ainda é pescada em
pequenas quantidades com fins comerciais.
É uma concha bastante comum na região tropical do Indo-Pacífico, perto dos
recifes de coral.
A sua cor original é branca ou rosada com riscas vermelhas ou cinzentas nas
circunvoluções e manchas ou pintas na base, como a imagem da esquerda
deixa ver, pelo menos em parte.
O meu exemplar tem perto de 7 cm, podendo encontrar-se conchas desde os
5 aos 15 cm.
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A concha que se segue, parcialmente polida, já foi mais fácil de classificar, embora com alguma sorte à mistura.
Trata-se do troque-pêga (Cittarium pica) que habita a região das
Caraíbas. Este exemplar foi, efectivamente, trazido da província de
Holguín, Cuba.
Tem cerca de 9,5 cm, sendo o tamanho normal dos espécimes adultos
compreendido entre 5 e 10 cm.
O polimento parcial permite ainda ver a sua coloração natural que é
manchas pretas em fundo branco, o que ainda é mais patente na foto da
esquerda, que mostra a base que não foi polida.
A família TURBINIDAE integra as conchas conhecidas popularmente por
turbantes ou turbos. O turbo-sul-africano (Turbo sarmaticus) é uma das
conchas mais apreciadas pelos coleccionadores que a guardam depois de
polida para revelar o nacarado da camada inferior.
Vive nos rochedos submersos do litoral da África do Sul e tem um
tamanho médio de 7,5 cm. O meu belíssimo exemplar tem quase 7 cm.
De facto, aprecio tanto esta concha que achei justificar-se mostrar aqui
várias fotos dela.
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Estas conchas ilustram bem a dificuldade, para um
amador, em classificar conchas que foram polidas!
Penso não estar enganado ao considerar que se
tratam ambas de espécies da família TURBINIDAE.
Quais é que não sei!
A primeira, que tem 7 cm, trazia uma etiqueta com
o nome (popular) jade-turbo, mas é tudo quanto
sei! Pode ser que se trate do turbo-prateado (Turbo
argyrostomus), ou talvez do Turbo olearium , ou
ainda do Turbo stenogyrus!
A segunda, uma concha com apenas 5,5 cm, a
acreditar num site comercial que consultei, poderia
ser o turbo-de-boca-dourada (Turbo
chrysostomus), mas só pela fotografia lá existente,
pois o nome levanta muitas dúvidas! Vou continuar
a pesquisar e se, entretanto, alguém me puder
esclarecer ... ficarei muito grato!
As turritelas, gastrópodes da família TURRITELLIDAE, são especialmente
atraentes pela sua forma muito elegante.
O exemplar, representado à direita,
corresponde à turritela-comum
(Turritella communis), abundante na
Europa Ocidental e Mediterrâneo. Vive
na areia, em águas muito ou pouco
profundas, e tem um tamanho médio
de 6 cm. O meu tem 6,5 cm.
A maior das turritelas é a turritela-em-parafuso (Turritella terebra), muito
comum na areia lodosa da Região Tropical do Indo-Pacífico. O meu
exemplar, à esquerda, tem apenas 8,8 cm, mas o tamanho dos espécimes
adultos pode atingir os 17 cm.
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A família STROMBIDAE abrange seis géneros, cada um deles com a sua forma característica.
Os estrombos distinguem-se por
terem um lábio bojudo, como se vê à
direita no estrombo-rosa, também
conhecido por raínha-das-conchas
(Strombus gigas).
É comum em toda a região desde o
sudeste da Florida até ao centro do
litoral brasileiro e vive na areia. O
animal é comestível e a sua concha
tem um tamanho médio de 23 cm,
aliás, o caso do meu espécime.
O estrombo-lutador-das-Índias-Ocidentais (Strombus pugilis),
à esquerda, tem o mesmo habitat do anterior e encontra-se
abundantemente nas areias das praias. Deve o seu nome aos
enérgicos movimentos do animal.
O meu espécime, que veio duma praia do Nordeste do Brasil,
trazido pelo meu filho Rui, tem 6 cm, um pouco abaixo da
média que é 7,5 cm.
As conchas do género Lambis, também da família
STROMBIDAE, têm o nome popular de conchas-
aranha. Têm longos dedos-extensão, como se
vê, ao lado, neste exemplar da Lambis chiragra.
A Lambis chiragra tem várias subespécies, pelo
que se encontram conchas com variações
apreciáveis, quer em tamanho, cor e padrão de
decoração. Vive na areia do litoral do Indo-
Pacífico, onde é comum.
Esta bonita concha pertence à subespécie Lambis
chiragra arthritica e o seu tamanho normal oscila
entre 11 e 19 cm.
Durante anos, possuí um espécime com os três
dedos superiores partidos mas, em 2004,
consegui este bonito exemplar, com 13,3 cm.
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Já em 2003, tinha conseguido um outro exemplar, este da subespécie Lambis chiragra chiragra, com o impressionante
tamanho de 22 cm, já que o tamanho médio oscila entre 8,5 e 33 cm:
A concha-aranha-comum (Lambis lambis) é
também nativa do Indo-Pacífico, larga, pesada,
com tamanho variável entre 9 e 27,5 cm. O meu
exemplar tem 19 cm.
Como se vê, a abertura larga e ondulada tem seis
dedos-extensão (ou espinhos), quase todos
curvados para cima. O canal sifonal (em baixo) é
simétrico ao espinho superior.
Os espinhos das conchas-aranha permitem-lhes
rastejar na areia, à volta dos recifes, sem serem
arrastadas pelas correntes marinhas. As fêmeas
possuem espinhos mais longos do que os machos!
Porque será?
Além disso, os jovens não têm espinhos!
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Ainda da família STROMBIDAE, as tíbias (género Tibia) são em forma de fuso
com um canal sifonal mais ou menos comprido. A mais espectacular é
certamente a tíbia-fuso (Tibia fusus), pois tem o canal sifonal incrivelmente
longo, tão longo quanto o resto da concha. O canal é suavemente curvado na
ponta.
O meu exemplar é perfeito com 24,5 cm, bem acima da média que é 20 cm.
Habita nas águas profundas do sudoeste do Pacífico e é relativamente rara.
A tíbia-delicada (Tibia delicatula), em baixo, embora mais discreta do que a
anterior, é também muito bonita.
É uma concha não muito comum,
uma vez que habita águas
profundas.
Existem várias subespécies e
acentuadas variações de cor,
ocorrendo em toda a zona
setentrional do Índico, desde o
Golfo de Aden e a África Oriental
até à Ilha de Samatra.
O meu exemplar tem 9,5 cm,
encontrando-se espécimes de
tamanhos que variam desde os 4,5
aos 11 cm.
As mais de 80 espécies de conchas elmo pertencem à família CASSIDAE e distinguem-se pelo lábio externo espesso e
pela larga protecção da columela. Os animais habitam na areia e alimentam-se de ouriços do mar.
Uma das espécies mais notáveis da
família é a Cypraeacassis rufa,
popularmente conhecida por elmo-boca-
de-boi, ou boca-de-touro, uma concha
grande e espectacular, muito utilizada
antigamente para fazer medalhões e
camafeus.
Habita perto dos recifes de coral do Indo-
Pacífico tropical e tem um tamanho
médio de 15 cm. O meu magnífico
exemplar tem uns bons 16,5 cm.
Outro membro da família CASSIDAE, o
elmo-do-rei (Cassis tuberosa), pouco
fica a dever em beleza ao anterior,
apesar da sua cor mais discreta.
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Habita o Atlântico Ocidental, desde a
Carolina do Norte até ao Brasil e ainda
as Ilhas de Cabo Verde.
O meu exemplar tem cerca de 15 cm,
enquanto a média é 19 cm.
Mais pequeno, mas não menos bonito do que os
anteriores, o elmo-flamejante (Cassis flammea) habita
as águas de baixa profundidade, desde as Caraíbas até
ao Brasil.
O meu exemplar tem 8 cm, podendo encontrar-se
conchas desde os 7 aos 15,5 cm.
Ainda mais pequeno, mas também muito belo, o elmo-do-
Senegal (Cypreacassis testiculus senegalica) habita as costas
do Senegal e de Angola. O seu tamanho varia entre 3 e 10
cm e o meu exemplar tem 4,5 cm.
Tritões e búzios são designações populares de conchas de
animais que se incluem em diferentes famílias. Uma dessas
famílias é a família RANELLIDAE que, à semelhança da
anterior família CASSIDAE, pertence à superfamília
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TONNOIDEA.
Os tritões da família RANELLIDAE apresentam conchas
espessas de tamanho muito variável, que pode ir de poucos
centímetros até às várias dezenas! São carnívoros,
alimentando-se de outros moluscos e de ouriços-do-mar.
O exemplar ao lado é certamente um tritão desta família.
Penso tratar-se do tritão-protuberante (Charonia lampas
nodiferum), que ocorre nas Canárias, no Mediterrâneo e da
Mauritânia até Angola. O seu tamanho pode variar de 11,5 a
39 cm, mas o meu tem apenas 18,5 cm.
Em contraste com o enorme tritão anterior, este seu
parente é uma pequenina, mas muito bela concha, com
apenas 2,5 cm, apesar de poder atingir os 10 cm.
Trata-se do tritão-folha-de-carvalho (Biplex perca), que
habita as águas profundas da região tropical do Indo-
Pacífico, desde a Somália até às Filpinas e Japão.
A escalária-preciosa (Epitonium scalare), da família
EPITONIIDAE, é talvez a concha mais famosa e mais desejada
pelos coleccionadores.
No século XIX, a sua beleza e raridade fizeram dela objecto só
acessível aos ricos e poderosos, a ponto de os mercadores
chineses venderem falsificações feitas de pasta de arroz. Hoje,
é relativamente comum, mas mesmo assim difícil de obter.
Habita as areias e águas de baixa profundidade da região
tropical do Indo-Pacífico. O seu tamanho vai dos 3 aos 7 cm,
tendo o meu exemplar 3,5 cm.
Os múrices, animais da família MURICIDAE, ainda que por vezes ostentando belas cores, destacam-se sobretudo pela
ornamentação, verdadeiramente impressionante em algumas espécies. De alguns membros desta família pode extrair-
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se um corante de cor púrpura. Os fenícios foram os primeiros a desenvolver essa técnica e os seus tecidos de púrpura
eram usados pelos nobres romanos como sinal de riqueza.
O múrice representado à esquerda é,
seguramente, uma das jóias mais preciosas da
minha pequena colecção.
Trata-se da extraordinária Murex pecten,
conhecida popularmente por pente-de-vénus.
Habita os litorais arenosos do Leste do Oceano
Índico, Pacífico e Japão. Pensa-se que os
espinhos podem constituir uma protecção
contra peixes predadores.
Não é uma concha rara, mas é muito difícil
encontrar um exemplar com os espinhos
intactos.
O meu exemplar é realmente excepcional,
aparentemente sem nenhum espinho partido.
Tem 13 cm, que é justamente o tamanho
médio.
A família MURICIDAE é muito numerosa, pois conta com mais de 380 espécies, algumas com variações significativas.
São, em geral, conchas muito belas, logo muito procuradas pelos coleccionadores. Para um leigo, como eu, a sua
classificação não é fácil pois só o género Chicoreus abrange cerca de 180 espécies. Em todo o caso, parece não haver
dúvida que o espécime abaixo representado é o múrice-ramificado (Chicoreus ramosus), uma concha comum dos
recifes de coral do Indo-Pacífico.
Há muito que possuo dois exemplares com cerca de 11 cm, mas recentemente consegui este outro, com 14 cm, muito
mais bonito e perfeito. Embora o tamanho médio desta espécie seja 20 cm, encontram-se exemplares com tamanhos
que vão dos 5 aos 30 cm, dependendo certamente da idade do animal.
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A dificuldade referida quanto à concha anterior estende-se
ao múrice representado à esquerda.
Dada a grande variabilidade de cor e tamanho do
Chicoreus ramosus, pareceu-me que poderia tratar-se
duma variante dessa espécie. Mas, não!
Trata-se, afinal, do múrice-tição (Chicoreus torrefactus),
também oriundo do Indo-Pacífico.
O meu exemplar tem 9 cm, podendo encontrar-se
espécimes com tamanho entre os 6 e os 12 cm.
O múrice-de-ramos-cor-de-rosa (Chicoreus palmarosae) é mais uma espécie cuja beleza nos deixa com dificuldade de
arranjar adjectivos! Os seus relevos esculpidos, de uma delicadeza extrema, fazem desta concha uma rara obra de arte
da Natureza.
Habita o litoral do Indo-Pacífico, desde as Maldivas ao Sudoeste do Japão, podendo apresentar pequenas variações em
função da região. O seu tamanho varia dos 6,5 aos 13 cm.
O meu exemplar mede 8,0 cm e é a variante das Maldivas.
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Em Agosto de 2004, adquiri a bela concha,
ao lado figurada, que se trata, obviamente,
dum múrice, mas ... qual?
Com uma "ajudazinha" lá descobri que é o
múrice-chicória (Hexaplex chicoreum),
nativo das Filipinas.
O tamanho deste exemplar é 11 cm, um
valor médio já que se encontram conchas
entre os 5 e os 15 cm.
Outro múrice com canal sifonal muito comprido, mas sem espinhos, é o
múrice-bico-de-narceja (Haustellum haustellum).
É uma das maiores espécies do seu género e habita os bancos de areia
sujeitos às marés, desde o Mar Vermelho e o Índico até ao Pacífico
Ocidental.
O meu exemplar tem 12 cm, podendo encontrar-se espécimes com
tamanho entre os 6,5 e os 15 cm.
Este pequenino e encantador múrice (não chega aos 2
cm) é a drupa-eriçada-do-Pacífico (Drupa ricinus), que
habita os recifes expostos às marés da região do Indo-
Pacífico Tropical. Existem várias subespécies, em geral
todas com as extremidades das agulhas negras. Esta, a
Drupa ricinus ricinus, infelizmente, não as tem.
O tamanho deste exemplar é 19,2 mm, podendo
encontrar-se conchas entre os 19 e os 32 mm.
As mitras, os membros da família MITRIDAE, são conchas de cores atraentes
que devem o seu nome à semelhança da sua forma com as mitras dos bispos.
Animais predadores, habitam geralmente nos corais, rochedos ou areia, entre
marés.
O exemplar figurado refere-se à mitra-episcopal (Mitra mitra), uma concha
comum que habita na areia de águas pouco profundas da região tropical do
Indo-Pacífico.
O meu exemplar tem cerca de 10 cm, que corresponde ao tamanho médio desta
espécie.
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A família HARPIDAE integra conchas belíssimas pela sua
forma, pelos padrões requintados e pelas cores
brilhantes. As harpas são animais carnívoros, não têm
opérculo e vivem na areia.
Dentro de cada espécie, há uma grande variação dos
padrões e das tonalidades, o que dificulta bastante a sua
identificação. Penso, contudo, não estar enganado ao
identificar o meu exemplar como sendo a Harpa major.
A harpa-mor vive na areia, em águas pouco profundas do
Indo-Pacífico tropical. Tem um tamanho médio de 9 cm,
enquanto o meu exemplar tem cerca de 8 cm.
A maravilha-japonesa (Thatcheria mirabilis), da família
TURRIDAE, pelo seu nome e aspecto, logo indicia tratar-
se duma concha muito especial. Sendo uma concha de
águas profundas (150 a 500 m), foi no passado muito
rara, a ponto de durante muito tempo se ter conhecido
apenas um exemplar! Continua a ser uma concha difícil
de encontrar, mas relativamente acessível.
Diz-se que o famoso arquitecto Frank Lloyd Wright se
teria inspirado na sua bela forma para desenhar o
Museu Guggenheim, de Nova Iorque.
O meu espécime tem 6,5 cm, um pouco abaixo do
normal que é entre 7 e 12 cm. Ocorre desde o Japão ao
noroeste da Austrália.
A família TEREBRIDAE inclui centenas de espécies, em geral, com conchas
longas, esbeltas e brilhantes. As terebras são animais de águas quentes ou
temperadas, alimentam-se de larvas marinhas e habitam, normalmente,
águas pouco profundas, na areia, rochedos ou coral.
A terebra-manchada (Terebra maculata) tem uma concha espessa e
pesada, pelo que não admira que tenha sido usada, no passado, como
ferramenta de perfuração.
Habita águas pouco profundas da região tropical do Indo-Pacífico, onde é
bastante comum.
A terebra-manchada tem um tamanho médio de 14 cm, que é, justamente,
o tamanho do meu exemplar.
Os cones (família CONIDAE) são conchas muito populares entre os coleccionadores dada a grande variedade de cores e
padrões que apresentam. Alimentam-se doutros moluscos, larvas e pequenos peixes, que capturam injectando-lhes
veneno.
À esquerda, o cone-da-faia (Conus betulinus) é uma das maiores
espécies desta família, podendo chegar perto dos 18 cm. O meu
exemplar, contudo, tem apenas 6,5 cm.
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O cone-de-mármore (Conus marmoreus), à direita, apresenta uma
significativa variedade de cores e o seu tamanho pode variar entre
os 5 e os 15 cm. O meu tem 7 cm. Ambos habitam águas pouco
profundas da região do Indo-Pacífico.
A classificação sistemática das espécies levantou, desde sempre, dificuldade
e controvérsia entre os especialistas. Que dizer então dos terríveis
obstáculos que se deparam a um simples leigo como eu? Vejamos o caso do
cone representado à esquerda. Com a ajuda do enorme manancial de
informação que a Internet constitui, tentei pacientemente classificá-lo. A
certa altura, julguei ter atingido o meu objectivo, uma vez que as imagens
disponíveis pareciam indicar tratar-se do Conus omaria. Então, verifiquei
que também poderia ser o Conus pennaceus!
Valeu-me, finalmente, um amigo coleccionador experiente que, chamando-
me a atenção para o facto de o ápice (ou vértice) ser rosa, dever tratar-se
certamente do Conus omaria, que habita a região do Indo-Pacífico e cujo
tamanho varia dos 3,3 aos 8,6 cm. O meu exemplar tem 7,5 cm.
A família ARCHITECTONICIDAE compreende os discos solares, também conhecidos por relógios-de-sol, cujas conchas
são, de entre as conchas marinhas, as que exibem a simetria mais perfeita.
O disco-solar (Architectonica perspectiva) é uma bela concha pesada que habita as regiões arenosas da região tropical
do Indo-Pacífico.
O meu exemplar tem 4,9 cm, bem perto
da média que é de 5 cm, sendo o
tamanho máximo da ordem dos 6 cm.
A família CAMAENIDAE integra gastrópodes terrestres e a concha a seguir representada parece não haver dúvida de
corresponder a uma das suas espécies. Saber qual delas é, porém, é que levanta alguma dificuldade!
Um amigo, muito mais conhecedor do que eu, sem a ajuda do qual, aliás, eu
nem sequer teria descoberto a que família pertencia, inclina-se para se tratar
da Obba parmula, nativa das Filipinas, cujo tamanho pode atingir 29 mm. Com
essa indicação sobre a família, pus-me a pesquisar e, com base nas fotos que
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encontrei, iria jurar que se trata de uma Caracollus sagemon! Existem várias
subespécies, todas nativas de Cuba, com tamanhos que, dependendo da
subespécie, podem atingir os 34, 35 ou 40 mm.
O meu amigo acha que é pouco provável ser uma Caracollus, pois só existe em Cuba e a esmagadora maioria das
conchas comercializadas são da região das Filipinas.
Só que, em 2002, eu trouxe algumas
conchas de Santiago de Cuba e uma delas
pode bem ter sido esta concha!
Além disso, como a minha concha tem 38
mm de diâmetro não me parece ser uma
Obba, se esta não ultrapassar os 29 mm!
Contudo, o meu amigo diz ter uma Obba,
cuja proveniência é garantidamente das
Filipinas, com 37 mm!
Finalmente, acrescenta pormenores
descritivos da concha, que seria
despropositado reproduzir aqui, que o
levam a insistir na sua classificação.
Desta forma, a decisão definitiva fica a aguardar uma classificação mais peremptória.
ESCAFÓPODES (SCAPHOPODA)
A classe dos escafópodes integra as conchas dente de elefante, assim chamadas pelo seu aspecto, e que vivem em
luras, na areia do litoral.
Possuo dois exemplares de cuja classificação ainda não estou bem certo. Assim,
é com reservas que apresento a minha opinião.
A concha da esquerda parece-me ser o dente-de-elefante-alongado (Antalis
longitrorsum), nativo do Indo-Pacífico Tropical. O seu tamanho médio é 9,5 cm,
medindo o meu espécime 7,5 cm.
Quanto à concha da direita, as minhas dúvidas são maiores. Tendo em conta
que foi apanhada, segundo me foi dito, na praia de Tróia, Grândola, inclino-me
para que se trate do dente-de-elefante-europeu (Antalis dentalis), comum no
litoral desde a Aquitânia à Mauritânia e em todo o Mediterrâneo. Contudo,
parece que o tamanho médio desta concha é 3 cm e como a minha mede 3,8
cm, suspeito que possa tratar-se doutra espécie. Além disso, a ausência de
estrias longitudinais mais acentua as minhas dúvidas!
Do que me parece não haver dúvidas é que se tratam de duas conchas
pertencentes à família DENTALIIDAE.
BIVALVES (BIVALVIA)
A classe dos bivalves é a mais numerosa a seguir à classe dos gastrópodes. A concha dos bivalves é constituída por
duas peças ou valvas, unidas por um ligamento.
As vieiras (família PECTINIDAE), com conchas em forma de leque, encontram-se entre os mais conhecidos de todos os
bivalves.
O meu exemplar, abaixo, é o grande-pecteu (Pecten maximus), comum desde a Noruega ao Mediterrâneo. Imortalizada
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por um quadro de Botticelli e adoptada como símbolo duma poderosa multinacional, é talvez a mais conhecida de todas
as conchas marinhas. A valva direita é encurvada (a única que possuo), enquanto a esquerda é plana. As vieiras
deitam-se no fundo do mar com a valva plana para cima. O meu exemplar tem 13 cm, que é o tamanho médio dos
adultos.
CEFALÓPODES (CEPHALOPODA)
Dos cefalópodes, classe que integra os polvos, as lulas e os chocos, os náutilos (família NAUTILIDAE) são os únicos com
uma verdadeira concha externa. Apesar de já terem sido muito numerosos, actualmente apenas cinco espécies
sobrevivem na região do Indo-Pacífico.
O meu exemplar refere-se ao náutilo-com-câmaras
(Nautilus pompilius), a espécie mais comum e mais
conhecida.
É uma concha muito procurada pela sua
originalidade, com um tamanho médio de 15 cm. A
minha tem apenas 11 cm.
NOVAS AQUISIÇÕES (por catalogar)
Que bivalve é este? (12,3 cm):
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Esta concha de bivalve veio da praia de Tróia, Grândola. Suponho que popularmente é designada por conquilha. Será
uma telina?
Este búzio foi pescado no mar do Algarve e é comestível (comi-o!). Será um turbo? Qual? Devem-se remover as
deposições calcáreas? (6,3 cm)
Esta concha foi comprada no circuito comercial e, como se vê, foi polida. Parece um troque ou um turbo, mas qual? (5,5
cm)
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Todas as imagens desta secção reproduzem conchas minhas e foram fotografadas por mim. Todos os direitos de
utilização destas imagens estão reservados. Ó 2002 - 2004 Franclim Ferreira.
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