CONCRETO RECICLADO

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Trabalho sobre concreto reciclado.

Citation preview

INTRODUO HISTRICA

INTRODUO HISTRICAQuem imagina que a reciclagem e o estudo de resduos de construo e demolio comearam apenas com o incio da adoo de conceitos, tcnicas e posturas mais sustentveis por parte de todos os setores se engana.

A reciclagem de resduos de construo e demolio (RDC ou RCD) vem da Antiguidade (romanos e fencios). Foi empregada na reconstruo da Europa aps a segunda guerra mundial (1945). Naquele perodo, milhares de escombros ficaram espalhados pelas cidades. A necessidade de matria prima para reconstruo dos centros urbanos e a falta de local de destino do vultoso volume de resduos fizeram com que estes fossem reaproveitados. As estaes de reciclagem da Alemanha produziram cerca de 11,5 milhes de metros cbicos de agregado reciclado de alvenaria. A partir de ento vrios trabalhos e pesquisas vm sendo desenvolvidos para aumentar o potencial de reutilizao dos resduos de construo.

Atualmente praticada amplamente na Europa, especialmente na Holanda.

No Brasil, a reciclagem dos resduos de construo teve incio apenas em 1991, em Belo Horizonte.

Existe atualmente um forte grupo na universidade brasileira, muito ativo no estudo

dos resduos de construo, seja no aspecto de reduo de sua gerao durante a atividade de

construo, polticas pblicas para o manuseio dos resduos e ainda tecnologias para a

reciclagem. Diversos municpios brasileiros j operam com sucesso centrais de reciclagem deste material.Com exceo gua, o concreto o material mais usado no mundo. A gerao de resduos de construo e demolio j possui nmeros assustadores e a tendncia mundial que estes valores aumentem ainda mais. Encontrar uma utilizao para estes resduos mais que uma necessidade, uma obrigao.

MATRIA-PRIMA necessrio esclarecer que no o concreto e sim o agregado que entra na composio da nova concretagem que reciclado. Dentro da cadeia produtiva da construo, o resduo pode ter vrias origens, que podem ser:

Catstrofes naturais ou artificiais (terremotos, bombardeios, incndios ou desabamentos);

Resduos de demolies e construo (deficincias inerentes aos processos) - RDC,

Os resduos de construo so constitudos de uma ampla variedade de produtos, que podem ser classificados em:

Solos;

Materiais cermicos: rochas naturais; concreto; argamassas a base de cimento e cal;

resduos de cermica vermelha, como tijolos e telhas; cermica branca, especialmente a de

revestimento; cimento-amianto; gesso pasta e placa; vidro

Materiais metlicos: ao para concreto armado, lato, chapas de ao galvanizado,

etc.;

Materiais orgnicos: como madeira natural ou industrializada; plsticos diversos;

materiais betuminosos; tintas e adesivos; papel de embalagem; restos de vegetais e outros

produtos de limpeza de terrenos.

Vale destacar que a proporo entre estas fases muito varivel e depende da origem.

O grfico abaixo apresenta a composio tpica dos resduos recebidos no aterro de Itatiba em So Paulo. Estes entulhos so originados predominantemente de atividades de construo de edifcios. A frao predominante a de natureza cermica, seguida pelo solo.

De acordo com estudos realizados, cada metro quadrado construdo gera cerca de 150 kg de resduos. Algumas pesquisas apontam que o ndice de perdas de materiais medidos bem maior que os geralmente utilizados nas composies de custo dos empreendimentos do setor da construo.COLETA DO MATERIAL

Os RDC j so hoje um negcio estabelecido em quase todas as grandes cidades brasileiras, envolvendo as empresas contratadas pela prefeitura para recolher o entulho depositado irregularmente. As empresas contratadas pela prefeitura que operam os aterros de resduos utilizam caminhes poliguindaste e caambas, e tambm h um grupo de transportadores autnomos, que utilizam carroas e at carrinhos de mo. As empresas de coleta recolhem tipicamente de 50 a 90% do RDC gerado nos municpios em que atuam.

Embora j se observe no mercado a movimentao de empresas interessadas em explorar o negcio de reciclagem de RCD (Proguaru, Estao Resgate, entre outras) e no apenas o negcio de transporte, as experincias brasileiras so em maioria desenvolvidas pelas municipalidades.

Algumas empresas recebem o material sem nenhum custo, no caso de volumes de at 1m, acima desta quantidade so cobrados determinados valores. Em empresas paulistas, por exemplo, considerando que o custo de transporte de uma caamba de 4m de R$60 gerariam um faturamento potencial anual de R$20 milhes. Este valor corresponderia a apenas 400 mil viagens, ou a 7,3 mil caambas, considerando uma viagem por semana, valores muito abaixo das estimativas existentes. O faturamento ocorre ento, duas vezes: a primeira, quando recebe o entulho e a segunda, quando vende o produto final.BENEFCIOS AO MEIO AMBIENTE Reduo do uso das jazidas minerais: A construo civil responsvel pela extrao de 20 a 50% dos recursos naturais extrados no mundo;

Reduo da emisso de poluentes em virtude do transporte, no caso de jazidas distantes; Reduzir a emisso de poeira e gs carbnico, principalmente durante a produo do cimento; Diminui a gerao de resduos slidos, que pode ser at duas vezes maior que o volume de lixo urbano gerado, aumentando a vida til de locais adequados para aterramento dos resduos no-renovveis e diminuindo:- Montes de entulho que agregam lixo tornando-se abrigo de vetores transmissores de doenas; - Entulhos nas vias pblicas e crregos que afetam a drenagem e a estabilidade das encostas;

DURABILIDADEDo ponto de vista tcnico as possibilidades de reciclagem dos resduos variam de acordo com a sua composio. Quase a totalidade da frao cermica pode ser beneficiada como agregado com diferentes aplicaes conforme sua composio especfica.

As fraes compostas predominantemente de concretos estruturais e de rochas naturais podem ser recicladas como agregados para a produo de concretos estruturais.

A presena de fases mais porosas e de menor resistncia mecnica, como argamassas e produtos de cermica vermelha e de revestimento, provoca uma reduo da resistncia dos agregados e um aumento da absoro de gua. Assim agregados mistos tem sua aplicao limitada concretos de menor resistncia, como blocos de concreto, contra-pisos, camadas drenantes, etc.

RCD retirados de obras expostas atmosfera marinha podem estar contaminados por sais que, dependendo da situao, podem levar a corroso de metais. Seu uso em concreto armado, por exemplo, deve ser limitado.

Uma etapa normalmente no includa nas centrais brasileiras a criao de pilhas de homogenizao dos agregados, de forma a diminuir a variabilidade natural do produto, ao longo do processo.

Assim sendo, acredita-se que em primeira instncia se a regulamentao da produo de agregados reciclados viesse a ser controlada atravs da seleo da procedncia e origem dos resduos, antes do envio para a britagem, e na fase posterior britagem fosse realizado um acompanhamento da forma e textura e anlises granulomtricas, seria o primeiro passo em direo produo seriada de agregados reciclados com vistas a produo de concretos durveis.

Estudos confirmaram que o incremento de resduos de concreto e alvenaria at o teor de 20%, no afeta o comportamento do concreto em relao ao de referncia, demonstrando que podero ser utilizados sem qualquer restrio quanto resistncia e durabilidade.

possvel reciclar qualquer concreto, desde que seja escolhido o uso adequado e se respeitem as limitaes tcnicas. Agregados reciclados provenientes de concretos estruturais apresentam melhor qualidade em relao aos agregados provenientes de tijolos cermicos e argamassas e podem ser usados em aterros de inertes, obras de pavimentao, agregados para argamassas e at concretos estruturais.

No caso de concreto estrutural, preciso maior acuidade para dosar e especificar o material reciclado. Vale lembrar que o mdulo de elasticidade do material produzido poder ser menor do que aquele verificado para concretos convencionais, enquanto poder haver aumento da relao gua-cimento em funo da maior absoro de gua dos agregados cermicos. No entanto, a mistura entre o agregado reciclado e o agregado normal traz bons resultados.

O concreto reciclado pode ser utilizado na produo de elementos estruturais tais como: pisos, contramarco de janelas, painis de pr-moldados e lajes pr-moldadas, desde que observada suas particularidades: sua menor resistncia, maior deformabilidade e maior permeabilidade, as quais podem vim a serem fatores limitantes em alguns casos.

A diferena essencial entre um concreto convencional e outro com agregado reciclado a porosidade, razo pela qual a ABNT restringe, por meio de normas especficas, o seu uso apenas para pavimentao ou concreto no estrutural, no prevendo a utilizao em estruturasDivergncia: Os resultados mostram grande potencial do uso de agregados reciclados, sendo portanto um produto com grande potencial para utilizao de concreto estrutural desde que se avalie outras caractersticas importantes que vo depender do tipo de obra e do ambiente a que a estrutura estar exposta.

Os concretos reciclados mostraram-se mais porosos e permeveis, o que tendem a ser menos durveis por proporcionar, no caso das aplicaes estruturais, menor proteo armadura contra agente agressivos externos. Entretanto, isso s vira a ser um fator extremamente limitante do uso desses concretos no caso daquelas estruturas que estiver aparente. A norma ABNT NBR 6118 Projeto de Estruturas de Concreto Armado Procedimento, permite que revestimentos podem ser aplicados sobre o concreto no intuito de proteger o material das condies ambientais nocivas.Estimativas da Abesc (Associao Brasileira das Empresas de Servio de Concretagem) mostram que somente na regio metropolitana de So Paulo so gerados entre 3.500 a 7 mil m3 de concreto residual nas centrais dosadoras (usinas de reciclagem).

DISPOSIO FINAL DO PRODUTO (RECICLAGEM E GERENCIAMENTO DE RESDUOS)A partir de agora, para associar-se entidade, a central dosadora deve provar que possui sistema de reciclagem de agregados e tratamento de gua. O procedimento consiste na separao do agregado grado do agregado fino e no reuso da gua que retornou central. Aps o processo de separao, tanto o agregado quanto a gua so reutilizados em novas dosagens. Onde se encaixa essa informao?!

Utilizao em pavimentaoA forma mais simples de reciclagem do entulho a sua utilizao em pavimentao (base, sub-base ou revestimento primrio) na forma de brita corrida ou ainda em misturas do resduo com solo.

Vantagens: Maior eficincia do resduo quando adicionado aos solos saprolticos em relao a mesma adio feita com brita. Enquanto a adio de 20% de entulho reciclado ao solo saproltico gera um aumento de 100% do CBR, nas adies de brita natural o aumento do CBR s perceptvel com dosagens a partir de 40%;Limitaes: No disponvel.

Grau de desenvolvimento: A eficincia desta prtica j comprovada cientificamente, vem sendo confirmada pela utilizao, na prtica, por diversas administraes municipais como So Paulo, Belo Horizonte e Ribeiro PretoVale enfatizar que no momento, no Brasil, a nica tecnologia consagrada capaz de consumir os grandes volumes gerados a pavimentao, que possui praticamente um cliente, as municipalidades, que garantem o mercado para o produto reciclado. Utilizao como Agregado para o ConcretoO entulho processado pelas usinas de reciclagem pode ser utilizado como agregado para concreto no estrutural, a partir da substituio dos agregados convencionais (areia e brita).

Vantagens: possibilidade de melhorias no desempenho do concreto em relao aos agregados convencionais, quando se utiliza baixo consumo de cimento;

Limitaes: A presena de faces polidas em materiais cermicos (pisos, azulejos, etc.) interferem negativamente na resistncia compresso do concreto produzido.Grau de desenvolvimento: Embora pesquisas tenham demonstrado eficcia do processo, vrios fatores como os relacionados durabilidade do concreto produzido ainda precisam ser analisados. As prefeituras de So Paulo e a de Ribeiro Preto j utilizam blocos de concreto feitos com entulho reciclado.

Utilizao como agregado para a confeco de argamassasAps ser processado por equipamentos denominados "argamasseiras", que moem o entulho, na prpria obra, em granulometrias semelhantes as da areia, ele pode ser utilizado como agregado para argamassas de assentamento e revestimento.

Vantagens: ganho na resistncia a compresso das argamassas.

Limitaes: As argamassas de revestimento obtidas apresentam problemas de fissurao, possivelmente pela excessiva quantidade de finos presentes no entulho modo pelas argamasseiras.

Grau de desenvolvimento: Esta reciclagem vem sendo utilizada, com freqncia, por algumas construtoras do pas e pesquisas esto em andamento para tentar solucionar as limitaes desta tcnica.As construtoras, de um modo geral, ainda carregam um pouco de dvida sobre materiais reciclados na construo civil. importante mostrar que o produto aproveitado uma opo barata e segura. A Poltica Nacional de Resduos Slidos (PNRS) j interferiu nesse assunto para assegurar sua utilizao nas construes civis. Atualmente, o Brasil conta com 130 usinas de reciclagem de entulho, a maioria na regio sudeste. O ideal seriam mil delas.PRODUTOSAREIA RECICLADA

Caractersticas Uso Recomendado

Material com dimenso mxima caracterstica inferior a 4,8 mm. Argamassas de assentamento de alvenaria de vedao, contrapisos, solo-cimento, blocos e tijolos de vedao.

BRITA CORRIDA

CaractersticasUso Recomendado

Material com dimenso mxima caracterstica de 63 mm (ou a critrio do cliente).Obras de base, sub-base, reforo do subleito e subleito de pavimentos, alm de regularizao de vias no pavimentadas, aterros e acerto topogrfico de terrenos.

PEDRISCO RECICLADO

Caractersticas Uso Recomendado

Material com dimenso mxima caracterstica de 6,3 mm.Fabricao de artefatos de concreto, como blocos de vedao, pisos intertravados, manilhas de esgoto, etc.

BRITA RECICLADA

Caractersticas Uso Recomendado

Material com dimenso mxima caracterstica inferior a 39 mm. Fabricao de concretos no estruturais e drenagens.

RACHO

Caractersticas Uso Recomendado

Material com dimenso mxima caracterstica inferior a 150 mm. Obras de pavimentao, drenagens, terraplenagem, etc.

Frao ArgamassaAreia, cal e cimento.Como agregado na preparao de massa para assentamento de tijolos e blocos, bem como em revestimento de paredes (reduzindo-se os traos para areia e cal).

UTILIZAO NO BRASILAtualmente, no Brasil, existem usinas de reciclagem de resduos de construo instaladas em

Belo Horizonte/MG; So Paulo; So Jos dos Campos/SP; Ribeiro Preto/SP; Piracicaba/SP,

Londrina/PR e Muria/RJ. Outras cidades encontram-se em fase de estudo para implantao da reciclagem dos resduos de construo como o caso de: Braslia/DF; Campo Grande/MS; Cuiab/MT, Jundia/SP; Ribeiro Pires/SP; Santo Andr/SP; Salvador/BA; So Bernardo do Campo/SP e So Jos do Rio Preto/SP.

Em Guarulhos (SP) um piso de concreto com 12.500m de volume existente no terreno onde foi construdo o condomnio Villaggio Maia, foi totalmente reciclado, sendo o agregado utilizado sob a forma de blocos de fundao e de concreto, muros, lajes, contramarcos de janelas e outros pr-moldados.

Contramarcos de janelas e outros pr-moldados empregados na obra do Villagio Maia

No centro do Rio de Janeiro, a construo do edifcio Torre Almirante, com 36 pavimentos, provocou a demolio de um esqueleto de 9 pavimentos, o que gerou 7 mil m de entulho. A construtora montou uma usina de reciclagem que produziu toda a pavimentao da obra e ainda blocos de concreto que foram utilizados de fato na construo do edifcio.

Em Curitiba, um projeto-piloto do governo local possibilitou a construo de uma creche a partir dos resduos gerados na prpria obra, juntos com sobras de outras construes feitas pela empresa Enjiu, vencedora da licitao. Restos de material cermico como telhas e tijolos foram reaproveitados e utilizados como emboo e argamassa para assentar tijolo.

Empresa EcoblocoEspecializada na fabricao industrial de pr-moldados de concreto: piso intertravado (paver), piso ecograma, guias (meio-fio), tijolos ecolgicos e canaletas.

No quesito destinao de materiais de construo, todos os estdios sedes dos jogos da Copa do Mundo de 2014, esto tratando de forma sustentvel. As sobras dos materiais das obras que, normalmente, encheriam os aterros, passaram a ser reaproveitados.O Estdio Governador Magalhes, o Mineiro, por exemplo, doou todos os entulhos provenientes da construo para vrias instituies de reciclagem.

CONCLUSOA reciclagem dos resduos de construo e demolio vivel do ponto de vista tcnico e ambiental. O risco de contaminao ambiental por este tipo de reciclagem pode ser considerado baixo, embora um controle mnimo seja desejvel especialmente quando se trata de RCD oriundos de instalaes industriais.

Vrias prefeituras brasileiras j operam centrais de reciclagem de RCD, produzindo agregados utilizados basicamente em obras de pavimentao. O desafio do prximo perodo generalizar a prtica, inclusive atravs da viabilizao da atividade privada. Para que esta meta seja atingida, so necessrias polticas pblicas consistentes, abrangendo as reas de legislao, pesquisa e desenvolvimento, legislao tributria e educao ambiental.

Dessa forma, o estudo de solues prticas que apontem para a reutilizao do entulho na prpria construo civil, contribui para amenizar o problema urbano dos depsitos clandestinos deste material - proporcionando melhorias do ponto de vista ambiental - e introduz no mercado um novo material com grande potencialidade de uso.

Bibliografiahttp://www.cimento.org/index.php?option=com_content&view=article&id=161:concreto-reciclado&catid=1:ultimas-noticias&Itemid=50http://www.inicepg.univap.br/cd/INIC_2011/anais/arquivos/0246_0254_01.pdfhttp://www.inicepg.univap.br/cd/INIC_2010/anais/arquivos/RE_0284_0267_01.pdfhttp://www.urbem.com.br/principal.htmhttp://www.revistatechne.com.br/engenharia-civil/112/artigo31829-1.asphttp://www.institutoprovider-it.com.br/projetos/carla/1/entulho.htmlhttp://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/21839/000292768.pdf?sequence=1http://www.observatorioderesiduos.com.br/obsr3df/banco_arquivos/228418683a1ea7af7f68b5cd715893e2.pdfhttp://www.reciclagem.pcc.usp.br/ftp/tese%20SALOMON.pdfhttp://www.piniweb.com.br/construcao/noticias/reciclagem-de-concreto-80112-1.asphttp://www.abesc.org.brhttp://www.ecodesenvolvimento.org/posts/2012/maio/iniciativas-sustentaveis-na-construcao-das-arenas