187
___________________________________________________________________ CURSO DO PROF. DAMÁSIO A DISTÂNCIA MÓDULO I DIREITO TRIBUTÁRIO __________________________________________________________________ Praça Almeida Júnior, 72 – Liberdade – São Paulo – SP – CEP 01510-010 Tel.: (11) 3346.4600 – Fax: (11) 3277.8834 – www.damasio.com.br

Concursos - Direito Tributário - Curso Damasio

Embed Size (px)

Citation preview

___________________________________________________________________

CURSO DO PROF. DAMÁSIO A DISTÂNCIA

MÓDULO I

DIREITO TRIBUTÁRIO

__________________________________________________________________

Praça Almeida Júnior, 72 – Liberdade – São Paulo – SP – CEP 01510-010Tel.: (11) 3346.4600 – Fax: (11) 3277.8834 – www.damasio.com.br

_____________________________________________________________________________ MÓDULO I

1/8

DIREITO TRIBUTÁRIO

1. INTRODUÇÃO

É o ramo do Direito que estuda os princípios e normas que disciplinam a

tributação.

A tributação no Brasil só pode ser desenvolvida pelo Estado:

• União;

• Estados-Membros;

• Municípios;

• DF (após a CF/88, virou pessoa política. Antes era autarquia

administrativa da União).

A criação dos tributos depende de lei, logo, só quem legisla pode tributar

e só quem pode legislar são as pessoas políticas.

O Direito Tributário estuda os princípios e as normas que disciplinam a

ação estatal de exigir tributos, e se preocupa com as relações jurídicas que, em

decorrência da tributação, se estabelecem entre o Fisco e os contribuintes.

Direito Tributário, para Hugo de Brito Machado, é “o ramo do Direito

que se ocupa das relações entre o fisco e as pessoas sujeitas às imposições

tributárias de qualquer espécie, limitando o poder de tributar e protegendo o

_____________________________________________________________________________ MÓDULO I

2/8

cidadão contra os abusos desse poder”1.

O tributo é um instituto jurídico especial, pois sozinho alcança valores

primordiais às pessoas, que são: liberdade (ninguém paga tributo por vontade

própria) e propriedade (atinge o patrimônio).

2. TRIBUTO

2.1. Conceito

O conceito de tributo está previsto no art. 3.º do CTN, assim

compreendido:

“Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda cujo valor

nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei

e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.”

É uma obrigação ex lege, em moeda, que não se constitui em sanção por

ato ilícito e que tem por sujeito ativo (credor), normalmente, uma pessoa

política e por sujeito passivo (devedor) qualquer pessoa (apontada na lei da

entidade tributante).

A obrigação é compulsória, obrigatória, porque decorre diretamente da

lei. A vontade do contribuinte é irrelevante.

1 BRITO MACHADO, Hugo de. Curso de Direito Tributário. 19.ª ed. São Paulo: Malheiros.

_____________________________________________________________________________ MÓDULO I

3/8

2.2. Obrigação ex lege

O tributo é uma obrigação ex lege, pois nasce direta e imediatamente da

vontade da lei, que traça a hipótese de incidência do tributo.

As obrigações ex lege contrapõem-se às obrigações ex voluntate (em que

a vontade das partes é prestigiada pelo Direito), pois o legislador, ao

mencionar instituída em lei, certamente pretendeu afastar as chamadas

obrigações convencionais, que teriam fulcro, invariavelmente, numa

convergência de vontades.

Nosso Direito desconhece o tributo in natura (no qual parte da

mercadoria comercializada é entregue ao Fisco a título de pagamento do

tributo, ex.: para o pagamento do ICMS, entregam-se 10 quilos de arroz a cada

100 quilos vendidos) e desconhece também o tributo in labore (a cada mês, o

sujeito passivo destina alguns dias de seu trabalho à entidade tributante).

Obrigação é o vínculo abstrato de conteúdo patrimonial pelo qual uma

pessoa (sujeito passivo) vê-se compelida a dar, a fazer, a não fazer ou a

suportar algo em favor de outra (sujeito ativo).

Síntese: Sendo o tributo uma obrigação ex lege, a capacidade tributária

passiva independe da capacidade civil do contribuinte, ou sendo ele uma

pessoa jurídica, do fato de estar regularmente constituída – conforme o art.126

do CTN.

2.3. Obrigação em Moeda ou Cujo Valor Nela se Possa Exprimir

O tributo só pode ser pago em dinheiro corrente. Com a expressão “ou

cujo valor nela se possa exprimir”, quer a lei dizer que, em circunstâncias

_____________________________________________________________________________ MÓDULO I

4/8

extraordinárias, previstas em lei, é possível que o Fisco aceite a satisfação da

obrigação tributária com a entrega de bens, cujo valor possa ser convertido em

moeda. A LC n. 104, de 10.1.2001, acrescentou no art. 156 do CTN o inc. XI:

“Art.156. Extinguem o crédito tributário:

...XI – a dação em pagamento em bens imóveis, na forma e condições

estabelecidas em lei.”

Tal inclusão serviu para explicitar o conceito de tributo, lembrando que,

em casos especiais, a lei já autorizava a extinção do crédito tributário por este

instituto.

2.4. O Tributo não se Constitui em Sanção por Ato Ilícito

O tributo não é multa. Ao contrário desta, tem por pressuposto a prática

de um fato lícito qualquer, que revela capacidade econômica ou capacidade

contributiva. A multa nasce de uma ilicitude; paga-se porque se praticou um

ato ilícito. Quando a lei descreve abstratamente um fato originário de um

tributo, não pode descrever um fato ilícito.

O tributo tem finalidade arrecadatória, ao passo que a multa tem

finalidade preventiva e sancionatória. O Estado tributa para atingir seus fins, e

a multa visa desestimular os infratores.

A lei não pode colocar, na hipótese de incidência tributária, a descrição

de um fato em si mesmo ilícito, sob pena de o tributo converter-se em sanção,

o que é vedado por nosso Direito positivo (art. 3.º do CTN).

Essa regra pode ser observada em relação ao Imposto de Renda, cuja

hipótese de incidência é obter rendimento. Não importa se os rendimentos são

_____________________________________________________________________________ MÓDULO I

5/8

de atividade lícita ou não. Por isso, os bicheiros devem pagar Imposto de

Renda. Princípio do non olet (não cheira).

Esse princípio, non olet, surgiu em Roma, onde um Imperador instituiu

um imposto do uso de latrina (banheiros públicos), fato que deu origem a

grandes falatórios. Até seu filho se opôs à cobrança desse imposto, dizendo

que não era conveniente que Roma sobrevivesse da cobrança de dinheiro

originário de um local tão sujo. O Imperador pediu então para que seu filho

fosse buscar um pouco do dinheiro arrecadado, mandou-o cheirar e disse:

“Está vendo filho, non olet (não cheira)!”, querendo dizer que pouco importava

a origem remota do dinheiro arrecadado.

2.5. Obrigação Cobrada Mediante Atividade Administrativa

Plenamente Vinculada

É necessário entender tal expressão sem o exagero que deflui do texto.

Se é verdade que atos importantes do procedimento de arrecadação tributária

pertencem à classe dos vinculados, outros muitos existem, dentro da mesma

atividade, em que o administrador está autorizado, pela lei, a integrar com sua

vontade ou juízo a norma jurídica diante do caso concreto, operando com

critérios subjetivos próprios, a fim de dar satisfação aos objetivos consagrados

no sistema legal.

Em suma, o tributo, ao lume de nosso Estatuto Magno, é a relação

jurídica que se estabelece entre o Fisco e o contribuinte (pessoa abrangida pelo

Direito positivo), tendo por base a lei, em moeda, igualitária e decorrente de

um fato lícito qualquer.

_____________________________________________________________________________ MÓDULO I

6/8

A CF classificou os tributos em impostos, taxas e contribuições de

melhoria (art. 145, I a III), desenhando a norma-padrão de incidência de cada

uma dessas figuras jurídicas e discriminando competências para que as pessoas

políticas, querendo, viessem a instituí-las (sempre por meio de lei). O STF, por

unanimidade, reconheceu que existem, na ordem jurídica brasileira, quatro

espécies tributárias: impostos, taxas, contribuições (que englobam

contribuições de melhoria e contribuições parafiscais ou especiais) e

empréstimos compulsórios (STF, RDA, 190: 78-82).

Por fim, a CF arrolou os direitos fundamentais que a União, os Estados,

os Municípios e o Distrito Federal, ao levarem a efeito a tributação, devem

respeitar.

Tributo tem o mesmo significado de obrigação tributária, e essa é uma

relação jurídica, tendo assim um sujeito ativo e um sujeito passivo.

3. OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA

3.1. Sujeito Ativo

• Credor do tributo: é aquele que tem o direito subjetivo de exigir a

prestação pecuniária (capacidade tributária ativa).

• Pessoas que têm capacidade tributária ativa: normalmente aquelas

investidas de capacidade política – são as pessoas políticas de direito

constitucional interno – dotadas de Poder Legislativo.

_____________________________________________________________________________ MÓDULO I

7/8

Competência tributária é a capacidade para criar o tributo,

diferentemente de capacidade tributária ativa, que é capacidade de exigir a

prestação pecuniária.

A capacidade tributária ativa é delegada por lei da entidade tributante.

Sendo assim, nada impede que terceira pessoa venha a arrecadar, basta que tal

atividade seja delegada por lei. Isso se chama parafiscalidade.

Parafiscalidade é a delegação de capacidade tributária ativa que a pessoa

política, por meio de lei, faz à terceira pessoa, a qual, por vontade dessa

mesma lei, poderá também dispor do produto arrecadado. Só pode se voltar em

favor de pessoas jurídicas de Direito Público (ex.: autarquias) e em favor de

pessoas jurídicas de Direito Privado perseguidoras de finalidade pública (entes

paraestatais – caminham paralelamente ao Estado, ex.: sindicatos, SESI,

SESC, SENAI, SENAC).

A parafiscalidade não pode alcançar as empresas comerciais, tendo em

vista os seguintes princípios constitucionais:

• princípio da igualdade: as pessoas que se encontram na mesma

situação econômica devem ser tratadas de modo igual;

• princípio da destinação pública do dinheiro arrecadado mediante o

exercício da tributação.

3.2. Sujeito Passivo

• O devedor do tributo: é a pessoa, física ou jurídica, privada ou pública,

que tem o dever jurídico de efetuar o pagamento do tributo. Em tese,

qualquer pessoa tem capacidade tributária passiva, ou seja, qualquer

_____________________________________________________________________________ MÓDULO I

8/8

pessoa pode figurar no pólo negativo da obrigação tributária, inclusive

as pessoas políticas (União, Estados, Municípios e Distrito Federal).

Estas são imunes apenas quanto aos impostos (art. 150, VI, “a”, da

CF/88), mas podem ser alvo de taxas e contribuições de melhoria.

• As autarquias: também são imunes quanto aos impostos (art. 150, § 2.º,

da CF/88), mas podem ser alvo de cobrança de taxas e contribuições.

• As empresas públicas e sociedades de economia mista: possuem

capacidade tributária passiva plena (impostos, taxas e contribuições –

art. 173, inc. II, da CF/88).

• As empresas privadas.

• As empresas particulares.

_____________________________________________________________________________ COMPLEMENTO

1/1

DIREITO TRIBUTÁRIO

MÓDULO I

Tendo em vista o disposto na Emenda Constitucional n. 32/01 o item. 1.

NASCIMENTO DO TRIBUTO recebeu nova redação em sua parte final:

Para a maioria da doutrina, a medida provisória não pode criar ou majorar tributo,

porque a medida provisória é precária e não corresponde à certeza com a qual o tributo

deve se revestir.

Atualmente, em razão da Emenda Constitucional n. 32, a medida provisória

poderá criar ou majorar tributo, dado que o § 2.º do art. 62 da Constituição Federal

recebeu a seguinte redação:

“ § 2.°. Medida provisória que implique a instituição ou majoração de

impostos, exceto os previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, só produzirá efeitos

no exercício financeiro seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia

daquele em que foi editada.”

___________________________________________________________________

CURSO DO PROF. DAMÁSIO A DISTÂNCIA

MÓDULO II

DIREITO TRIBUTÁRIO

__________________________________________________________________

Praça Almeida Júnior, 72 – Liberdade – São Paulo – SP – CEP 01510-010Tel.: (11) 3346.4600 – Fax: (11) 3277.8834 – www.damasio.com.br

____________________________________________________________________________ MÓDULO II

1/6

DIREITO TRIBUTÁRIO

1. ART. 3.º DO CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL

Rubens Gomes de Souza foi convidado para elaborar o Anteprojeto que

acabou sendo transformado em nosso Código Tributário Nacional, contendo a

definição de tributo em seu art. 3.º, tal qual estudado.

Há doutrinadores que criticam o CTN por tal definição, já que não é

dado à lei definir, conceituar, doutrinar. Para esses doutrinadores, quem deve

fazer doutrina são os estudiosos e não o legislador.

Realmente não é bom que a lei defina, mas a definição do art. 3.º do

CTN é de boa qualidade.

1.1. Definição de Tributo

A CF não define tributo, mas cuida de uma série de figuras afins que

lembram o tributo: a desapropriação, o perdimento de bens, a pena privativa de

liberdade, a pena de multa etc. Todas essas figuras são impostas coativamente,

por isso semelhantes ao tributo: “Tributo é a relação jurídica que se estabelece

entre o Fisco e o contribuinte, tendo por base a lei em moeda igualitária e

decorrente de um fato lícito qualquer (por isso pretender instituir um tributo

por decreto é impossível, a Constituição Federal impede tal situação)”.

____________________________________________________________________________ MÓDULO II

2/6

2. NASCIMENTO DO TRIBUTO

O tributo nasce quando se verifica, no mundo em que vivemos, o fato

lícito e não voluntário descrito na hipótese de incidência tributária.

O mundo em que vivemos é conhecido como o mundo fenomênico, dos

fenômenos naturais.

O tributo nasce de um fato lícito porque ele não é multa por ato ilícito, e

não é voluntário porque se trata de uma obrigação ex lege, nasce da vontade da

lei e não da vontade do contribuinte ou do Fisco.

No Brasil, por força do princípio da legalidade, a norma tributária só

pode ser veiculada por meio de lei. Mas não por qualquer lei; é necessário que

seja lei da pessoa política competente para criar aquele determinado tributo,

sendo que tal regra se encontra na CF (art. 155, I, da CF/88).

P.: Uma lei federal e uma estadual que dispõem sobre o mesmo tributo.

Qual prevalece?

R.: Prevalece aquela que, pela CF, for a competente para veicular o

tributo. A lei federal, portanto, não é superior à outra, todas estão em igualdade

e prevalece a competente.

A CF é a carta das competências tributárias.

Medida provisória não pode criar tributo, para a maioria da doutrina. Isso

porque a medida provisória é precária e não corresponde à certeza com a qual

o tributo deve se revestir. Mas o STF vem aceitando a criação de tributo por

medida provisória.

____________________________________________________________________________ MÓDULO II

3/6

3. HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA

É a descrição que a lei faz de um fato tributário que, quando ocorrer, fará

nascer a obrigação tributária (obrigação de o sujeito passivo ter de pagar ao

sujeito ativo o tributo correspondente). Em suma, é o fato descrito em lei que,

acontecido, faz nascer a relação jurídica tributária, tendo por objeto a dívida

tributária.

Segundo definição de Geraldo Ataliba: “Hipótese de incidência é fato

descrito em lei que, se e quando acontecido, faz nascer para alguém o dever de

pagar um dado tributo”.

4. FATO IMPONÍVEL

Hipótese de incidência é diferente de fato imponível, sendo que fato

imponível é aquele que aconteceu (fato que realizou o tipo tributário), e

hipótese de incidência é o fato descrito na lei.

Ex.: uma pessoa que obter rendimentos tem que pagar Imposto sobre a

Renda (IR). Isso é a hipótese de incidência. João da Silva obteve rendimento,

tem que pagar Imposto sobre a Renda; este é o fato imponível.

____________________________________________________________________________ MÓDULO II

4/6

Exemplo espelhado em Direito Penal:

• tipo penal é a descrição legal que a ordem jurídica considera

delituoso (hipótese de incidência);

• fato típico penal é a conduta do indivíduo (fato imponível).

A doutrina costuma chamar fato gerador tanto a hipótese de incidência

como o fato imponível, mas, em ciência, isso não é conveniente, porque em

ciência as expressões devem ser unívocas e não equívocas.

“Fato gerador”, portanto, é expressão equívoca e, por isso, deve ser

evitada.

A doutrina mais moderna vem dividindo a expressão fato gerador em:

• fato gerador in abstrato: expressão referente à hipótese de incidência;

• fato gerador in concreto: refere-se ao fato ocorrido, ao fato

imponível.

Para que o tributo nasça, o fato deve ajustar-se rigorosamente a uma

hipótese de incidência tributária (fenômeno da subsunção, que se equivale à

tipicidade penal).

A lei descreve a hipótese de incidência, e ocorrendo o fato gerador

imponível, é devido o tributo.

Henzel Albert diz que: “Só deves pagar tributo se realizas, em todos os

seus aspectos, a hipótese de incidência tributária”.

____________________________________________________________________________ MÓDULO II

5/6

O que distingue um tributo do outro é a hipótese de incidência.

A norma jurídica tributária deve conter hipótese de incidência, sujeito

ativo, sujeito passivo, base de cálculo e alíquota, sob pena de não haver tributo

a lançar. Enquanto a lacuna não for suprida, não existe tributo em abstrato, não

podendo existir em concreto.

5. BASE DE CÁLCULO E ALÍQUOTA

São elementos quantitativos do tributo (conjugados, permitem que se

chegue ao quantum debeatur, quantia devida, a título de tributo).

Importante ao Fisco e ao contribuinte é o quanto se deve cobrar e pagar.

5.1. Base de Cálculo

É a dimensão legal da materialidade do tributo, é a perspectiva

dimensível do aspecto material da hipótese de incidência tributária.

Deve guardar uma correlação lógica com a hipótese de incidência do

tributo. Ex.: Imposto de Renda, no qual a hipótese de incidência é obter

rendimentos e a base de cálculo é a renda líquida; ICMS, hipótese de

incidência é vender mercadorias, a base de cálculo é o valor da mercadoria.

Se houver incongruência, ou seja, não houver correlação lógica, o tributo

será indevido. Ex.: IPTU, a hipótese de incidência é ser proprietário de imóvel

urbano, a base de cálculo é, hipoteticamente, o valor do aluguel. É indevido

porque os aluguéis obtidos configuram renda (IR).

____________________________________________________________________________ MÓDULO II

6/6

5.2. Alíquota

É o critério apontado em lei, normalmente em porcentagem, que,

conjugado à base de cálculo, permite que se chegue ao quantum debeatur. Ex.:

base de cálculo igual a 100 (cem), a alíquota é de 15% (quinze por cento), o

quantum debeatur será de 15 (quinze).

O tributo não pode ter característica de confisco (art. 150, IV, da CF/88).

Não pode retirar do contribuinte o mínimo vital, tanto para a pessoa física

quanto para a jurídica.

___________________________________________________________________

CURSO DO PROF. DAMÁSIO A DISTÂNCIA

MÓDULO III

DIREITO TRIBUTÁRIO

__________________________________________________________________

Praça Almeida Júnior, 72 – Liberdade – São Paulo – SP – CEP 01510-010Tel.: (11) 3346.4600 – Fax: (11) 3277.8834 – www.damasio.com.br

____________________________________________________________________________ MÓDULO III

1/14

DIREITO TRIBUTÁRIO

1. LEIS TRIBUTÁRIAS

A União é competente para instituir leis tributárias federais, os estados

para instituírem leis tributárias estaduais, os Municípios para instituírem leis

tributárias municipais e o Distrito Federal, as leis tributárias distritais.

Tais leis, quando obedecida a CF, estão no mesmo plano jurídico, não há

hierarquia entre elas. Só podemos falar em hierarquia entre normas jurídicas

quando umas extraem das outras a validade e a legitimidade.

Portanto, como aquelas leis não extraem uma das outras a validade e a

legitimidade, não há hierarquia ou subordinação. Necessário, contudo, que

exista obediência à CF.

Uma lei que invade a competência de outra entidade política é

inconstitucional. Se houver duas leis tributárias que tratam do mesmo tributo,

certamente uma será inconstitucional.

2. CLASSIFICAÇÃO JURÍDICA DOS TRIBUTOS

Classificar é dividir um conjunto de seres (coisas, objetos) em categorias,

segundo critérios preestabelecidos.

A classificação jurídica leva em conta a norma jurídica, esta é seu ponto

de partida.

____________________________________________________________________________ MÓDULO III

2/14

A classificação jurídica dos tributos baseia-se nas normas jurídicas

tributárias em vigor estabelecidas na CF.

Tributo (gênero) compreende, segundo o art. 5.º do CTN:

• impostos;

• taxas;

• contribuições de melhoria.

Tributos, segundo a CF, art. 145, compreendem, além das três espécies

acima enumeradas, as seguintes:

• empréstimos compulsórios;

• impostos extraordinários;

• contribuições sociais (art. 149 da CF/88);

• contribuições parafiscais.

Os empréstimos compulsórios, os impostos extraordinários, as

contribuições parafiscais e as contribuições sociais são tributos que podem ser

exteriorizados como taxa, imposto ou contribuição de melhoria, ou seja, não

são outras espécies tributárias, pois espécies são somente as três do art. 145 da

CF/88.

____________________________________________________________________________ MÓDULO III

3/14

2.1. Impostos – Art. 145, I, da CF/88

São os tributos economicamente mais importantes.

Conforme o art. 16 do CTN, imposto é o tributo cuja obrigação tem por

fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal

específica relativa ao contribuinte.

É um tributo não vinculado. Não é necessário que a União, os Estados-

membros, os Municípios ou o Distrito Federal prestem, por exemplo, um

serviço público ou realizem uma obra pública para poderem cobrar imposto,

pois não há uma equivalência entre o montante que uma pessoa paga a título

de imposto e o que o Estado reverte em seu benefício.

O imposto tem fundamento de validade no poder de império da entidade

tributante. Nasce sempre de fatos regidos pelo Direito Privado. Ex.: a venda de

mercadorias gera ICMS (Direito Comercial); a prestação de serviços gera ISS

(Direito Civil).

Imposto é um tipo de tributo que tem por hipótese de incidência um

comportamento do contribuinte ou uma situação jurídica na qual ele se

encontra.

• Um comportamento do contribuinte: por exemplo, ao se adquirir um

imóvel, há a incidência do ITBI ou SISA; ao se vender uma

mercadoria, deve incidir ICMS; ao se prestar um serviço, surge o ISS.

• Situação jurídica na qual o contribuinte se encontra: por exemplo, o

proprietário de um imóvel deve pagar IPTU; já o proprietário de um

imóvel rural deve arcar com o ITR.

____________________________________________________________________________ MÓDULO III

4/14

2.1.1. Competência dos impostos – art. 153 da CF/88

a) Impostos federais

• Imposto sobre Importação.

• Imposto sobre a Exportação.

• Imposto sobre a Renda e Proventos (IR).

• Imposto de Produtos Industrializados (IPI).

• Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).

• Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR).

• Imposto sobre grandes fortunas.

b) Impostos estaduais e DF – art. 155 da CF/88

• Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doações.

• Imposto sobre Operações Mercantis (ICMS).

• Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA).

c) Impostos municipais e DF – art. 156 da CF/88

• Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU).

• Imposto sobre Transmissão Inter Vivos (ITBI).

• Imposto sobre Serviços (ISS).

____________________________________________________________________________ MÓDULO III

5/14

O Distrito Federal pode criar os impostos estaduais e municipais

(competência impositiva dobrada – art. 155, caput, e art. 147, in fine, ambos da

CF. A competência impositiva distrital é o somatório das competências

impositivas dos Estados e Municípios).

De acordo com a art. 154 da CF/88, a União possui competência

impositiva residual (infinita), pois sempre poderá criar imposto. Ex.: imposto

sobre arrematações. Essa competência residual se limita apenas aos impostos e

não a qualquer tributo.

O art. 154, II, da CF/88 permite a instituição de impostos extraordinários

na iminência ou no caso de guerra externa, compreendidos ou não em sua

competência tributária, ou seja, podendo inclusive invadir competência das

outras entidades tributantes.

Os tributos em geral devem ser criados por lei ordinária. Os impostos de

competência impositiva residual da União (art. 154, I, da CF/88) e os

empréstimos compulsórios (art. 148 da CF/88) devem ser criados por meio de

lei complementar.

2.1.2. Classificação dos impostos

a) Pessoais

São aqueles que estabelecem diferenças tributárias em função das

condições próprias do contribuinte. Ex.: IR.

____________________________________________________________________________ MÓDULO III

6/14

b) Reais

São aqueles que não levam em consideração as condições do

contribuinte, incidindo igualmente para todas as pessoas. Ex.: IPTU.

c) Diretos

Quando numa só pessoa se reúnem as condições de contribuinte de

direito (aquele que é responsável pelo cumprimento de todas as obrigações

tributárias previstas na legislação, porque foi ele quem praticou o fato gerador

do tributo) e de fato (aquele sobre quem recai o ônus do impostos). Ex.: IR.

d) Indiretos

Quando, na relação jurídico-tributária que se estabelece entre o Estado e

o sujeito passivo, este paga o tributo correspondente e se ressarce cobrando de

terceiro por meio da inclusão do imposto no preço. Aquele que paga o imposto

e mantém a relação pessoal e direta com o Estado denomina-se contribuinte de

direito; o terceiro é estranho à relação jurídico-tributária, embora vinculado ao

fato gerador, e é denominado de contribuinte de fato (porque de fato foi ele

quem suportou o ônus do imposto). É o fenômeno econômico da transladação

ou repercussão dos tributos. Ex.: ICMS, IPI. O consumidor final não é o

atingido diretamente. Ele é o contribuinte de fato e não o contribuinte de

direito.

O art. 166 do CTN estabelece que a repetição dos chamados impostos

indiretos só é possível quando o contribuinte de direito não tiver repassado ao

contribuinte de fato a carga econômica do tributo ou quando, tendo havido tal

repasse, o contribuinte de direito estiver expressamente autorizado, pelo

____________________________________________________________________________ MÓDULO III

7/14

contribuinte de fato, a ingressar com o pedido de repetição. Ex.: se o

contribuinte recolher ICMS a mais, ele só poderá pedir a repetição se ocorrer

uma das hipóteses mencionadas no art. 166 do CTN. Essas situações, porém,

são difíceis de ocorrer, pois geralmente há o repasse ao contribuinte de fato e,

quando não houver, impossível será obter autorização deste último.

2.1.3. Princípio informador dos impostos

O princípio da capacidade contributiva encontra-se veiculado no art. 145,

§ 1.º, 1.ª parte, da CF/88: “sempre que possível os impostos terão caráter

pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica dos contribuintes”.

Esse princípio se hospeda no princípio da igualdade e ajuda a realizar os

ideais republicanos (quem tem mais, paga mais e quem tem menos, paga

menos).

É por meio de alíquotas progressivas que se alcança o princípio da

capacidade contributiva, pois esse princípio exige que os impostos observem

uma progressividade de alíquotas: quanto maior a base de cálculo, tanto maior

a alíquota. Ex.: IR, que tem três alíquotas (0%,15% e 27,5%).

O art. 145, §1.º, da CF/88 contém a expressão “sempre que possível”,

portanto as pessoas políticas é quem decidem se imprimem caráter pessoal aos

impostos. O ICMS, por exemplo, é imposto que não respeita o princípio em

estudo, pois quem suporta a carga econômica é o consumidor final, e este

suportará sempre a mesma alíquota, pouco importando a sua capacidade

contributiva. Outro exemplo é o IPI.

O ICMS (art. 155, § 2.º, II, da CF/88) e o IPI, embora não respeitem o

princípio da capacidade contributiva, são impostos seletivos em função das

mauricio
Sticky Note
até aqui

____________________________________________________________________________ MÓDULO III

8/14

mercadorias e serviços e da essencialidade dos produtos industrializados,

respectivamente.

2.2. Taxa – Art. 145, II, da CF/88 e Art. 77 do CTN

É o tributo que tem por fato gerador abstrato uma atuação estatal

diretamente referida ao contribuinte (art. 145, II, da CF/88) consistente em um

serviço ou em um ato de polícia, ou seja, trata-se de tributo vinculado a uma

atuação estatal. Não nasce de um comportamento do contribuinte ou de uma

situação jurídica em que este se encontre.

Essa atuação estatal pode consistir, segundo o art. 145, II, da CF/88 e art.

77 do CTN, em taxa de serviço e taxa de polícia.

2.2.1. Taxa de serviço

É o tipo de tributo que tem por hipótese de incidência um serviço público

específico e divisível.

Serviço público é a prestação de utilidade material usufruível

individualmente sob o regime de Direito Público. O que torna público o tributo

é o regime de Direito Público que o rege. Os serviços públicos podem ser:

a) Gerais (universais)

Alcançam a comunidade considerada como um todo. Não se referem

diretamente a ninguém. São prestados uti universi. Devem ser custeados pelas

receitas gerais da pessoa política que os presta. Ex.: serviço de segurança

____________________________________________________________________________ MÓDULO III

9/14

pública, serviço diplomático, serviço de defesa da soberania nacional, serviço

de iluminação pública;

b) Específicos (singulares)

Alcançam pessoas individualmente consideradas. Referem-se

diretamente a alguém. São prestados uti singuli. São dotados de divisibilidade

(possibilidade de aferir-se a utilização efetivo-potencial individualmente

considerada). Ex.: serviço de fornecimento domiciliar de água potável, serviço

de fornecimento domiciliar de energia elétrica, serviço de transporte coletivo

etc.;

c) Divisíveis

É a possibilidade de o contribuinte aferir-se a utilização efetiva ou

potencial, individualmente considerada. No Brasil, a taxa pode ser cobrada de

quem efetivamente se utiliza do serviço público ou de quem tem a

disponibilidade do serviço público. A simples disponibilidade já dá ensejo à

cobrança da taxa.

d) Fruíveis

Postos à disposição (art. 145, II, in fine, da CF/88).

Para que o serviço público possa servir como fato gerador de taxa, deve

ser:

• específico e divisível;

____________________________________________________________________________ MÓDULO III

10/14

• prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição;

• utilizado, efetiva ou potencialmente, pelo contribuinte.

Uma parte da doutrina define o pedágio como sendo uma taxa de serviço

(art. 150, V, da CF/88). O serviço de conservação da rodovia permite o

pedágio.

2.2.2. Taxa de polícia

O CTN, em seu art. 78, define o que se considera poder de polícia.

É a espécie de tributo que tem por hipótese de incidência um ato de

polícia de efeitos concretos, ou seja, um ato que se refere diretamente ao

contribuinte e que envolve o exercício do chamado poder de polícia. Poder de

polícia é a faculdade que o Estado tem de, observados os limites

constitucionais, baixar regras de nível constitucional legal ou infralegal para

disciplinar o exercício dos direitos à liberdade e à propriedade das pessoas,

compatibilizando-os com o bem comum.

O poder de polícia se manifesta das mais diversas maneiras. O art. 78 do

CTN reporta-se ao interesse público concernente à segurança, à higiene, à

ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de

atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder

Público, à tranqüilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos

individuais ou coletivos. Para alguns autores, a enumeração possui caráter

taxativo. Para outros, sua abrangência é praticamente ilimitada.

____________________________________________________________________________ MÓDULO III

11/14

2.2.3. Base de cálculo e alíquota

As taxas não podem ter base de cálculo idêntica à dos impostos (art. 145,

§ 2.º, da CF/88).

As taxas geralmente são estabelecidas em quantias prefixadas, mas o

legislador pode preferir indicar uma base de cálculo e uma alíquota; pode

ocorrer também que a determinação do valor da taxa seja feita em função de

elementos, por exemplo, a área do imóvel.

A especificidade da taxa advém de seu fato gerador ser uma atividade

estatal específica relativa ao contribuinte.

2.2.4. Competência para instituir e cobrar taxas

Competente para instituir e cobrar taxas é a pessoa jurídica de Direito

Público que seja competente para a realização da atividade à qual se vincule o

fato gerador respectivo. A entidade estatal competente para o desempenho da

atividade é competente, por conseqüência, para instituir e cobrar a taxa

correspondente (art. 80 do CTN).

A doutrina reconhece:

• taxas de uso: aquelas que têm por hipótese de incidência a utilização

de bens pertencentes ao domínio público;

• taxas de obra: aquelas que têm por hipótese de incidência a realização

de obras públicas.

No Brasil são inconstitucionais, mas existem na prática.

____________________________________________________________________________ MÓDULO III

12/14

Nada impede que a pessoa política preste um serviço público ou pratique

um ato de polícia a título gratuito. Ex.: serviço de vacinação.

Há um serviço público que necessariamente deve ser gratuito, que é o

serviço de ensino quando prestado em estabelecimento oficial de ensino (art.

206, IV, da CF/88).

Caso o Poder Público resolva cobrar os serviços e os atos de polícia,

deve faze-lo por meio de taxa, mas sempre obedecido o regime jurídico

tributário (princípios que protegem o contribuinte contra excessos fazendários.

Ex.: legalidade, igualdade, reserva de competência, anterioridade).

2.2.5. Tarifa

A tarifa é o preço público pago pela utilização de serviços facultativos (e

não compulsórios) que a Administração Pública ou seus delegados colocam à

disposição da população (serviço de uso facultativo).

A diferença entre taxa e preço público encontra-se na Súmula n. 545 do

STF: “Preços de serviços públicos e taxas não se confundem, porque estas,

diferentemente daqueles, são compulsórias e têm sua cobrança condicionada à

prévia autorização orçamentária, em relação à lei que as instituiu”.

Observação para o concurso do MP e da Magistratura: os serviços e atos

de polícia praticados não podem ser cobrados por meio de preço (preços

públicos e tarifas).

Observação para o concurso da Procuradoria: preço é a quantidade

devida pelo serviço público ou pelo ato de polícia de fruição facultativa. Não

precisa obedecer ao regime jurídico tributário, podendo ser criado ou

____________________________________________________________________________ MÓDULO III

13/14

aumentado por meio de decreto, portaria, ato administrativo etc., sem atenção

ao princípio da anterioridade.

O preço é cabível quando se está diante de coisa em comércio.

2.3. Contribuição de Melhoria – Art. 145, II, da CF/88 e Arts. 81 e 82

do CTN

É a modalidade de tributo que tem por hipótese de incidência uma

atuação estatal diretamente referida ao contribuinte. A contribuição de

melhoria tem como fato gerador a valorização do imóvel do contribuinte em

razão de obra pública (ex.: obras contra enchentes etc.). Os beneficiários

diretos da obra arcam com seu custo, total ou parcialmente. É, portanto, tributo

vinculado.

Atuação estatal (art. 145, III, da CF/88): só pode consistir em obra

pública.

Obra pública: é a edificação, a ampliação ou a reforma total de um bem

imóvel pertencente ou incorporado ao patrimônio público. É preciso que essa

obra pública cause valorização imobiliária. Entre a obra pública e a

valorização imobiliária deve haver uma relação de causalidade.

Só pode ser cobrado depois que a obra pública estiver concluída, quando

só então se perceberá o quanto valorizou o imóvel em função de sua

realização.

____________________________________________________________________________ MÓDULO III

14/14

2.3.1. Base de cálculo e alíquota

A contribuição de melhoria é um tributo e, como tal, também tem uma

base de cálculo e alíquota que devem ser apontadas em lei. A base de cálculo

possível da contribuição de melhoria é o quantum da valorização

experimentada pelo imóvel em decorrência da obra pública realizada em suas

imediações.

A alíquota possível da contribuição de melhoria é um percentual desse

quantum. Só pode ser cobrada uma vez para cada obra pública que valorize o

imóvel. É um tributo social, pois visa devolver à sociedade uma parte do

enriquecimento sem causa, já que o dono do imóvel valorizado por uma obra

pública, custeada pela sociedade, paga a contribuição de melhoria.

2.3.2. Competência para instituir e cobrar contribuição de

melhoria

Tem competência para instituir e cobrar contribuição de melhoria a

pessoa política (União, Estados, DF e Municípios) que tem atribuição para a

realização dos trabalhos.

As taxas e contribuições de melhoria são tributos vinculados a uma

atuação estatal e têm por hipóteses de incidência uma atuação estatal de algum

modo referida ao contribuinte. Nascem sempre de fatos regidos pelo Direito

Público.

___________________________________________________________________

CURSO DO PROF. DAMÁSIO A DISTÂNCIA

MÓDULO IV

DIREITO TRIBUTÁRIO

__________________________________________________________________

Praça Almeida Júnior, 72 – Liberdade – São Paulo – SP – CEP 01510-010Tel.: (11) 3346.4600 – Fax: (11) 3277.8834 – www.damasio.com.br

____________________________________________________________________________ MÓDULO IV

1/5

DIREITO TRIBUTÁRIO

1. EMPRÉSTIMOS COMPULSÓRIOS

São tributos restituíveis, mas sempre tributos. Tendo em vista a redação

do artigo constitucional que trata do instituto em questão, a configuração

tributária fica nitidamente exposta, tornando-se difícil sustentar posições

dissonantes.

O art. 148 da CF/88 manda aplicar aos empréstimos compulsórios o

regime jurídico tributário, e eles satisfazem plenamente as cláusulas que

compõem a redação do art. 3.º do CTN.

Apenas a União, por meio de lei complementar, poderá instituir

empréstimos compulsórios.

Medida Provisória não pode criar nem alterar empréstimos

compulsórios, pois ela é transformável em lei por maioria simples, e o

empréstimo compulsório só pode ser aprovado por maioria absoluta. A

aplicação desse tributo deve ser vinculada à despesa que o fundamentou (art.

148, par. ún., da CF/88), expressando uma garantia ao contribuinte.

Passaremos a analisar o art. 148, assim expresso na CF/88:

“Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir

empréstimos compulsórios:

I. para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade

pública, de guerra externa ou sua iminência;

____________________________________________________________________________ MÓDULO IV

2/5

II. no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante

interesse nacional, observado o disposto no art. 150, II, ‘b’.

Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo

compulsório será vinculada à despesa que fundamentou sua instituição.”

1.1. Art. 148, I, da CF

“Inciso I: para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de

calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência.”

Nesses casos, não é necessário observar o princípio da anterioridade,

sendo visível a intenção do legislador constitucional, pois as situações expostas

no referido artigo são de graves proporções, não podendo esperar o ano

seguinte para sua solução.

1.2. Art. 148, II, da CF

“Inciso II: no caso de investimento público de caráter urgente e de

relevante interesse nacional, observado o disposto no art. 150, III, “b”.”

Nesses casos, a observância do princípio da anterioridade é necessária.

Calamidade pública, guerra externa, iminência de guerra externa e o

investimento público são os pressupostos necessários e suficientes para que o

empréstimo compulsório seja criado, não são as hipóteses de incidência do

empréstimo compulsório.

____________________________________________________________________________ MÓDULO IV

3/5

Os empréstimos compulsórios são restituíveis, mas nem por isso perdem

o caráter de tributo (art. 4.º, II, do CTN: estabelece que a natureza jurídica do

tributo deriva de sua hipótese de incidência e não da destinação do tributo).

A restituição é obrigatória. A lei deverá fixar o prazo e as condições do

resgate (cria direito subjetivo). A restituição só pode ocorrer em moeda, tendo

que ser integral para não caracterizar confisco, incluindo-se também correção

monetária.

Os empréstimos compulsórios poderão assumir quaisquer das formas que

correspondem às espécies do tributo, podendo a hipótese de incidência ser:

• imposto;

• taxa;

• contribuição de melhoria.

Normalmente, acabam revestindo a natureza do imposto.

Alfredo Augusto Berker foi o primeiro a observar que entre os

empréstimos compulsórios existem duas relações jurídicas:

• ação jurídica tributária: tem por sujeito ativo a União e por sujeito

passivo o contribuinte. Quando o contribuinte paga o empréstimo

compulsório à União, desaparece a relação jurídica tributária;

• relação jurídica administrativa: surge com o desaparecimento da

relação jurídica tributária e tem por sujeito ativo o contribuinte e por

sujeito passivo a União, tendo em vista a obrigação de pagar ser,

nessa relação, da União.

____________________________________________________________________________ MÓDULO IV

4/5

2. CONTRIBUIÇÕES PARAFISCAIS

São tributos arrecadados por pessoas diversas daquelas que os

instituíram, mas são tributos. Ex.: autarquia, empresa pública. Essa delegação

recebe o nome de parafiscalidade.

Esse tributo, conforme sua hipótese de incidência, poderá revestir a

natureza de imposto, taxa ou contribuição de melhoria.

2.1. Contribuições do Art. 149 da CF

São contribuições de intervenção no domínio econômico, de caráter

extrafiscal, com finalidade interventiva específica.

A União, por meio de lei ordinária, pode criar contribuições de:

• intervenção no domínio econômico;

• interesse de categorias econômicas ou profissionais;

• custeio da seguridade social.

São tributos qualificados pela finalidade (uma das três acima). Dentro do

seu campo de competência, a União pode criar taxas ou impostos associados a

qualquer um desses fins. Assim, tais contribuições não caracterizam nova

espécie de tributo, mas taxa ou imposto de finalidade específica.

____________________________________________________________________________ MÓDULO IV

5/5

2.2. Contribuições do Art. 195 da CF

São tributos destinados ao financiamento da Seguridade Social. O inc. I

trata das contribuições patronais, que são impostos, e traz três possíveis bases

de cálculo (sua hipótese de incidência é o fato desvinculado de atuação

estatal).

O inc. II trata das contribuições dos empregados. São taxas, pois é

colocado à disposição do empregado o serviço de Previdência Social.

O inc. III incide sobre a receita de concurso de prognósticos.

O § 6.º traz regra específica sobre o princípio da anterioridade. A lei só

se torna eficaz 90 dias após a sua publicação.

O par. ún. do art. 149 traz uma exceção ao caput, pois autoriza os

Estados, o DF e os Municípios a instituírem contribuições para custeio da

Seguridade Social Estadual, Distrital e Municipal, desde que mantenham

sistemas próprios de Previdência e Assistência Social para seus funcionários.

___________________________________________________________________

CURSO DO PROF. DAMÁSIO A DISTÂNCIA

MÓDULO V

DIREITO TRIBUTÁRIO

__________________________________________________________________

Praça Almeida Júnior, 72 – Liberdade – São Paulo – SP – CEP 01510-010Tel.: (11) 3346.4600 – Fax: (11) 3277.8834 – www.damasio.com.br

_____________________________________________________________________________ MÓDULO V

1/6

DIREITO TRIBUTÁRIO

1. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS TRIBUTÁRIOS

As normas constitucionais não possuem o mesmo grau de importância,

pois algumas veiculam regras enquanto outras são verdadeiros princípios.

Princípio é uma regra básica implícita ou explícita que, por sua grande

generalidade, ocupa posição de destaque no mundo do Direito e, por isso,

vincula o entendimento e a boa aplicação, seja dos simples atos normativos,

seja dos próprios mandamentos constitucionais. Não importa se o princípio é

implícito ou explícito, mas sim se ele existe ou não existe (ex.: o princípio da

isonomia das pessoas políticas é implícito).

Sempre que houver uma dupla interpretação da norma, devem-se

utilizar os princípios. O princípio é, portanto, um vetor para as soluções

interpretativas. É uma regra básica, com âmbito de validade maior, que exerce,

dentro do sistema jurídico, função axiologicamente mais importante do que a

regra, mesmo a constitucional.

1.1. Princípio da Legalidade

É um princípio universal, disposto no art. 5.º, II, da CF/88: “ninguém

será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”.

No Brasil, vigora a universalidade da legislação (princípio da

legalidade). A expressão “sob reserva de lei” não faz muito sentido, pois toda

_____________________________________________________________________________ MÓDULO V

2/6

matéria está sob reserva de lei. É usada como pleonasmo, reforço, e significa

que “é matéria de lei”.

O art. 150, I, da CF/88 veda às pessoas políticas a criação, a exigência ou

o aumento de tributo sem ser por intermédio de lei.

Tudo o que é importante em matéria de tributo deve ser matéria de lei.

Assim, somente a lei poderá diminuir e isentar tributos, parcelar e perdoar

débitos tributários, criar “obrigações acessórias” etc. Obrigações acessórias são

deveres impostos pela lei ao contribuinte ou à terceira pessoa a ele relacionada,

tendo em vista o perfeito funcionamento do sistema tributário. Esses deveres

podem consistir em um “fazer”, um “não fazer” ou um “suportar”.

Em Direito Tributário vigora, além do princípio da legalidade, o

princípio da estrita legalidade (princípio da reserva absoluta da lei formal), o

que leva ao princípio da tipicidade fechada da tributação. O aplicador do

Direito Tributário não tem margem de discricionariedade.

Não há exceções ao princípio da legalidade tributária. No art. 153, § 1.º,

da CF/88, existe uma “aparente” exceção que faculta ao Poder Executivo

(Presidente da República – art. 76 de CF/88) alterar, por meio de decreto, as

alíquotas dos impostos sobre importação, exportação, produtos industrializados

(IPI) e operações de crédito (IOF), dentro dos parâmetros da lei, observando-se

os ditames legais. Só poderá ser aumentada, entretanto, a alíquota, e não a base

de cálculo (como ocorria na CF anterior).

Essa faculdade regulamentar, entretanto, deverá atender ao princípio da

legalidade tributária. Os únicos regulamentos válidos em matéria tributária são

os executivos, que, subordinando-se inteiramente à lei, limitam-se a prover sua

fiel execução, sem, porém, criar ou aumentar tributos nem estabelecer

_____________________________________________________________________________ MÓDULO V

3/6

quaisquer ônus ou encargos que possam repercutir no patrimônio ou na

liberdade dos contribuintes.

Os regulamentos só podem ser secundum legem e contra legem, não

podendo criar realidade tributária. Sendo o regulamento fonte secundária de

Direito, limitada ao princípio da legalidade, as portarias, os pareceres

normativos, a ordem de serviço e os atos administrativos tributários em geral

estão abaixo do regulamento, também devendo observar o princípio da

legalidade.

• Portaria: é um ato interorgânico que serve para disciplinar as

questões internas da repartição fazendária (ex.: estabelecer escala de

férias, estabelecer horários etc.).

• Parecer Normativo: é a opinião oficial da Fazenda Pública acerca do

significado, conteúdo e alcance de determinada norma jurídica

tributária.

• Ordem de Serviço: é uma determinação que o chefe faz ao seu

subordinado para que este realize uma dada diligência.

• Atos Administrativos Tributários em Geral: aplicam a lei tributária de

ofício (ex.: lançamento identifica oficialmente o contribuinte e

desvenda a quantia devida a título de tributo. É o mais importante ato

administrativo tributário).

1.2. Princípio da Anterioridade

Disposto no art. 150, III, “b”, da CF/88, é um princípio exclusivamente

tributário. A lei que cria ou aumenta um tributo, ao entrar em vigor, fica com

sua eficácia suspensa até o início do próximo exercício financeiro, quando

_____________________________________________________________________________ MÓDULO V

4/6

produzirá todos os seus efeitos. O exercício financeiro, no Brasil, inicia-se em

1.º de janeiro e termina em 31 de dezembro, coincidindo o ano civil com o ano

fiscal.

A lei criada em um exercício só poderá entrar em vigor, ter incidência, a

partir de 1.º de janeiro do exercício seguinte. Pelo princípio da anterioridade, a

lei que cria ou aumenta um tributo deve entrar em vigor num exercício

financeiro e tornar-se eficaz no próximo exercício financeiro.

Por trás do princípio da anterioridade está a idéia de que o contribuinte

não seja pego de surpresa, reforçando a segurança jurídica da tributação.

O princípio da anterioridade existe para favorecer o contribuinte, assim,

uma lei que isenta ou reduz o tributo poderá ter incidência imediata. Somente

tributos criados ou aumentados deverão obedecer ao princípio da

anterioridade. Também deverá atender ao princípio da anterioridade aquela lei

que revoga uma isenção.

A Súmula n. 615 do STF dispõe, entretanto, que “a lei que revoga a

isenção de ICM não precisa atender à anualidade”, ou seja, a norma que revoga

a isenção de ICMS não precisa atender à anterioridade. Alguns entendem que

essa súmula é inconstitucional, visto que a revogação da isenção de um tributo

estará recriando o tributo.

As exceções ao princípio da anterioridade estão dispostas no art. 150, §

1.º, da CF/88 e são:

• imposto sobre a importação;

• imposto sobre a exportação;

• IPI;

_____________________________________________________________________________ MÓDULO V

5/6

• IOF;

• imposto lançado por motivo de guerra.

Os quatro primeiros poderão ter suas alíquotas aumentadas por decreto

(art. 153, § 1.º, da CF/88).

Também não precisam obedecer ao princípio da anterioridade os

empréstimos compulsórios para atender às despesas extraordinárias

decorrentes de calamidade pública, guerra externa ou sua iminência (art. 148,

I, da CF/88).

O art. 195, § 6.º, da CF/88 veicula uma anterioridade especial. Dispõe

que a lei que cria uma contribuição social para a Seguridade Social só poderá

incidir 90 dias após sua publicação. Nesse caso, obedece-se a uma

anterioridade medida (anterioridade nonagesimal). O STF entende que o

princípio da anterioridade é uma cláusula pétrea e não pode ser limitado por

EC.

1.2.1. Princípio da Anualidade

Vigorou no Brasil enquanto vigorou a CF/46. Dispunha que “nenhum

tributo será cobrado sem prévia autorização orçamentária anual”. Lei

orçamentária é o ato-condição a regular cobrança dos tributos. Esse princípio

da anualidade foi substituído pelo princípio da anterioridade por meio da EC n.

18/65 e depois veio disposto na CF/88.

_____________________________________________________________________________ MÓDULO V

6/6

1.3. Princípio da Segurança Jurídica da Tributação

Em sua dupla manifestação (certeza do direito e proibição do arbítrio),

exige que as leis sejam irretroativas. Não poderá haver tributo sem que a lei

anterior preveja (nullum vectigal sine praevin lege).

A lei tributária deve ser anterior ao fato imponível (art. 150, III, “a”, da

CF/88), não havendo exceção a essa regra. Quando a lei, de alguma forma,

aumenta ou cria o tributo, não poderá retroagir a fatos anteriores à sua

promulgação.

Em se tratando de leis tributárias benéficas, essa regra não é de

observância obrigatória, ou seja, essas leis poderão retroagir, nos termos do

art.106 do CTN.

___________________________________________________________________

CURSO DO PROF. DAMÁSIO A DISTÂNCIA

MÓDULO VI

DIREITO TRIBUTÁRIO

__________________________________________________________________

Praça Almeida Júnior, 72 – Liberdade – São Paulo – SP – CEP 01510-010Tel.: (11) 3346.4600 – Fax: (11) 3277.8834 – www.damasio.com.br

_____________________________________________________________________________ MÓDULO VI

1/2

DIREITO TRIBUTÁRIO

1. FONTES FORMAIS SECUNDÁRIAS

São consideradas de menor importância que as fontes primárias, uma vez

que possuem a função de viabilizar os comandos destas. Assim, temos como

fontes formais secundárias: decretos e regulamentos, instruções ministeriais,

circulares, normas complementares.

1.1. Decretos e Regulamentos

São expedidos pelo Chefe do Poder Executivo com o objetivo de

possibilitar a fiel execução das leis.

1.2. Instruções Ministeriais

Explicitam leis e decretos, possuem como destinatários os servidores

públicos em seus relacionamentos com os contribuintes em geral.

1.3. Circulares

As circulares, ordens de serviços e outros da mesma natureza, são atos

administrativos emitidos pelos chefes dos departamentos ou seções. Sua

denominação pode variar em face das normas administrativas de cada entidade

de Direito Público.

_____________________________________________________________________________ MÓDULO VI

2/2

1.4. Normas Complementares

Normas complementares, de acordo com o art. 100 do CTN são:

• atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas;

• decisões de órgãos singulares ou coletivos de jurisdição

administrativa aos quais a lei atribua eficácia normativa;

• práticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas

(art. 100 do CTN).

2. DOUTRINA

São os ensinamentos dos juristas acerca do Direito Tributário.

3. JURISPRUDÊNCIA

São decisões do Poder Judiciário acerca de questões tributárias.

___________________________________________________________________

CURSO DO PROF. DAMÁSIO A DISTÂNCIA

MÓDULO VII

DIREITO TRIBUTÁRIO

__________________________________________________________________

Praça Almeida Júnior, 72 – Liberdade – São Paulo – SP – CEP 01510-010Tel.: (11) 3346.4600 – Fax: (11) 3277.8834 – www.damasio.com.br

_____________________________________________________________________________ MÓDULO VII

1/5

DIREITO TRIBUTÁRIO

1. VIGÊNCIA E APLICAÇÃO DAS LEIS TRIBUTÁRIAS

1.1. Entrada em Vigor da Lei Tributária

A lei tributária entra em vigor na data que a própria lei apontar. Se a

lei não especificar, socorre-se da regra geral trazida pelo art. 1.º da LICC: as

leis entram em vigor, no Brasil, 45 dias após sua publicação, salvo disposição

em contrário. O § 1.º do referido artigo estabelece que, no exterior, as leis

entram em vigor 90 dias após sua publicação (territórios fictos, tais como

embaixada, aeronaves etc.).

O período entre a publicação da lei e sua vigência chama-se vacatio

legis, e serve para que os futuros destinatários da lei possam conhecê-la e

prepararem-se para bem cumpri-la. Quanto mais complexa for a matéria em

questão, mais se estende a vacatio legis. A CF/88 não regula a vacatio legis,

deixando a questão ao arbítrio do legislador.

O veículo adequado para a criação de tributos é a lei ordinária. As

exceções são o empréstimo compulsório (art. 148, CF); os impostos de

natureza residual (art. 154, inc. I, CF) e as contribuições a que se refere o art.

195, § 4.º, CF, que devem ser criados por lei complementar.

A lei ordinária é ato complexo, pois participam pelo menos dois Poderes

para a sua formação (Legislativo e Executivo). De acordo com o processo

legislativo, toda lei ordinária passa por uma fase introdutória (iniciativa), uma

fase constitutiva (deliberação e sanção) e, ainda, uma fase complementar

(promulgação e publicação).

_____________________________________________________________________________ MÓDULO VII

2/5

A LC n. 90/98 dispõe que, ao término do processo legislativo, devem as

leis ser publicadas para que se tornem conhecidas. Se a lei tributária for

federal, sua publicação deverá ocorrer no DOU; se estadual, no DOE; se

distrital, no DO-DF e, se municipal, sua publicação deverá ocorrer no DOM

ou, em sua falta, nos periódicos de circulação local.

1.2. Publicação

A publicação é o ato de conhecimento da lei, requisito de eficácia da lei.

Assim, a falta de publicação ou a publicação irregular impedem que a lei

produza seus efeitos. Com a publicação regular, nasce uma presunção absoluta

de que a lei é conhecida. A publicação tem efeito certificatório, ou seja,

proclama erga omnes que a ordem jurídica foi inovada.

1.2. Diferença entre Elisão Fiscal e Evasão Fiscal

A elisão fiscal é um meio lícito de evitar ou diminuir a carga tributária.

Já a evasão fiscal é um meio ilícito de evitar ou diminuir a carga tributária por

meios fraudulentos.Ex.: vender mercadoria sem nota fiscal. A evasão fiscal é

crime contra a ordem tributária (art. 1.º da Lei n. 8.137/90).

1.3. Revogação

A revogação pode ser total (ab-rogação) ou parcial (derrogação).

A lei tributária de caráter especial não revoga nem é revogada pela lei

tributária de caráter geral. Ex.: o art. 174 do CTN dispõe que a ação de

cobrança de tributos prescreve em cinco anos; o art. 46 da Lei n. 8.212/91

_____________________________________________________________________________ MÓDULO VII

3/5

dispõe que a ação de cobrança de contribuições sociais para a Seguridade

Social prescreve em dez anos. O art. 46 não revogou o art. 174, devendo ser

entendido somente para as contribuições sociais para a Seguridade Social.

Revogada, a lei tributária não mais voltará a vigorar, ainda que

desapareça a lei que a revogou. Não há efeito repristinatório no Direito

Tributário Brasileiro. Se a lei “A” é revogada pela lei “B”; ainda que a lei “C”

venha a revogar a lei “B”, a lei “A” não voltará mais a produzir efeitos.

2. INTERPRETAÇÃO E INTEGRAÇÃO DAS LEIS TRIBUTÁRIAS

2.1. Interpretação

Interpretação é o procedimento lógico pelo qual se observam o

significado, o conteúdo e o alcance de uma dada norma jurídica. Qualquer

pessoa pode interpretar a lei. A única interpretação vinculada é a feita pelo

Juiz, que obriga as partes no caso concreto (prerrogativa do Juiz).

Por força do princípio da tipicidade fechada, não se aplica analogia em

lei tributária se resultar na exigência de tributo não previsto (art. 108, § 1.º,

CTN).

2.2. Interpretação das Leis Tributárias

2.2.1. Quanto ao sujeito que a realiza

• Autêntica: é feita pelo Poder Legislativo por meio de leis

interpretativas (lei posterior interpretando lei anterior). O art. 106, I,

_____________________________________________________________________________ MÓDULO VII

4/5

do CTN dispõe que a lei tributária interpretativa retroage à data da

entrada em vigor da lei tributária interpretada.

• Doutrinária: é feita pelos juristas. Será mais ou menos valiosa de

acordo com a maior ou menor intelectualidade do jurista que fez a

interpretação. Não é fonte de direito, visto que não prescreve nenhum

comportamento, apenas descrevendo o direito. A linguagem

doutrinária é uma linguagem descritiva e a linguagem do Direito é

uma linguagem prescritiva.

• Judicial: é feita pelo Poder Judiciário por meio de suas sentenças e

seus acórdãos. A cristalização das decisões judiciais forma a chamada

jurisprudência. A jurisprudência não é fonte de direito nem vincula o

Poder Judiciário, ou seja, não se pode exigir que a jurisprudência

prevaleça.

2.2.2. Quanto aos meios de que se vale o intérprete

• Gramatical: é a simples leitura da lei. É um trabalho preliminar. É

uma interpretação leiga que prepara a interpretação jurídica.

• Lógica: vale-se de elementos sistemáticos e teleológicos. O elemento

teleológico (mens legis) é a busca da vontade do Estado contida na lei

(voluntas legis).

_____________________________________________________________________________ MÓDULO VII

5/5

2.2.3. Quanto aos resultados que produz

• Extensiva: vai além da lei. Entende-se que o interesse público, no caso

de omissão da lei, ou numa situação de dúvida, deve prevalecer (in

dubio pro fisco).

• Restritiva: fica aquém da lei. Na omissão desta, não prevalece a

vontade do fisco (in dubio contra fisco).

• Declaratória: fica nos estritos limites da lei. Utilizada nos dias de

hoje. No caso de dúvida, devem prevalecer os estritos limites da lei (in

dubio pro lege). Se houver, entretanto, dúvidas insuperáveis, deve-se

utilizar a interpretação restritiva.

2.3. Integração

Integrar é buscar solução para um caso concreto se houver lacuna da lei.

O CTN cuida da integração em seu art. 108, prevendo, inclusive, a ordem de

utilização das fontes de integração.

No campo tributário, a analogia não pode resultar em um novo tributo ou

aumento deste (art. 108, § 1.º, do CTN). Por outro lado, a eqüidade não pode

dispensar o sujeito passivo do pagamento de um tributo previsto em lei (§ 2.º

do art.108, do CTN).

Obs.: ler arts. 110 a 112 do CTN.

___________________________________________________________________

CURSO DO PROF. DAMÁSIO A DISTÂNCIA

MÓDULO VIII

DIREITO TRIBUTÁRIOCompetência Tributária

__________________________________________________________________

Praça Almeida Júnior, 72 – Liberdade – São Paulo – SP – CEP 01510-010Tel.: (11) 3346.4600 – Fax: (11) 3277.8834 – www.damasio.com.br

___________________________________________________________________________ MÓDULO VIII

1/6

DIREITO TRIBUTÁRIO

Competência Tributária

1. CONCEITO

Competência tributária é a aptidão para criar in abstrato tributos,

descrevendo legislativamente sua hipótese de incidência, seus sujeitos ativos,

seus sujeitos passivos, suas bases de cálculo e suas alíquotas.

A rigor, a competência tributária é a aptidão não só para criar tributos,

mas também para atingir outros fins, como aumentar, parcelar, diminuir, isentar.

2. CARACTERÍSTICAS DA COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA

A competência tributária possui vários traços característicos:

• é privativa;

• incaducável;

• de exercício facultativo;

• inampliável;

• irrenunciável;

• indelegável.

___________________________________________________________________________ MÓDULO VIII

2/6

2.1. Privativa

A competência tributária é privativa da União, dos Estados-Membros,

dos Municípios e do Distrito Federal. Ao se dizer privativa, entenda-se

exclusiva. Ex.: a competência que a União recebeu para instituir o Imposto de

Renda exclui os demais órgãos tributantes de instituí-lo (Estado, Município e

Distrito Federal).

Tanto em relação aos impostos quanto em relação à contribuição de

melhoria, a competência tributária é privativa.

Em relação aos impostos, a CF/88 utilizou dois critérios: critério material

de repartição de competências impositivas; critério territorial de repartição de

competências impositivas.

2.1.1. Critério material de repartição de competências impositivas

A Constituição Federal descreveu objetivamente fatos que poderão ser

colocados na hipótese de incidência de vários impostos. Com esse critério, a

CF/88 evitou conflitos entre a União, os Estados e os Municípios. Não

conseguiu, entretanto, evitar a guerra fiscal entre os Estados, os Municípios e o

Distrito Federal.

2.1.2. Critério territorial de repartição de competências impositivas

O critério territorial de repartição de competências foi criado para evitar

conflitos entre Estados, Municípios e Distrito Federal. Por esse critério, cada

Estado, Município e o Distrito Federal terá competência para tributar nos

___________________________________________________________________________ MÓDULO VIII

3/6

limites de seu território. As leis tributárias só poderão incidir sobre os fatos

ocorridos no território de cada pessoa política.

Em relação às taxas e contribuições de melhoria, há alguma divergência.

A doutrina tradicional sustenta que a competência para a criação de taxas e

contribuições de melhoria é comum. Esse entendimento, entretanto, é

equivocado, visto que todas as pessoas políticas podem criar taxas e

contribuições de melhoria, mas não as mesmas.

Tem competência para exigir a taxa ou a contribuição de melhoria a

pessoa política que:

• Tiver competência administrativa para realizar a atuação estatal:

pessoa política que tem competência para prestar o serviço público,

praticar ato de polícia ou realizar obra pública.

• Tiver regulada, por meio de lei, essa atuação estatal: o art. 21 da

CF/88 aponta as competências administrativas da União, o art. 25 da

CF/88 aponta as competências administrativas dos Estados-Membros,

os arts. 29 e 30 apontam as competências administrativas dos

Municípios e o art. 32 da CF/88 aponta a competência administrativa

do Distrito Federal. A Administração Pública só pode agir quando

uma lei lhe determina a conduta.

• Tiver efetivamente atuado ou, em relação à taxa, estiver pelo menos

em condições de atuar assim que recolhido o tributo: a taxa de serviço

somente poderá ser cobrada depois que o serviço público for prestado.

A contribuição de melhoria só poderá ser cobrada após serem

realizadas as obras públicas. As taxas de polícia somente podem ser

cobradas após a prática do ato de polícia.

___________________________________________________________________________ MÓDULO VIII

4/6

A competência administrativa residual foi dada aos Estados pelo art. 25,

§ 1.º, da CF/88, ou seja, a competência dos Estados é toda aquela que não for

de competência nem da União nem dos Municípios. O § 1.º do art. 32 estende

ao Distrito Federal as competências estabelecidas para os Estados. Então o

Distrito Federal também tem competência administrativa residual para criar

taxas e contribuições de melhoria.

O art. 32 da CF/88 apontou as competências administrativas do

Distrito Federal.

2.2. Incaducável

A competência tributária, além de ser privativa, é incaducável, ou seja,

não há prazo. Ex.: imposto sobre grande fortuna – a União poderá exercer a

competência a qualquer momento.

O não-exercício da competência tributária, ainda que prolongado no

tempo, não tem a propriedade de impedir que a pessoa política venha ao final

criar o tributo que lhe foi constitucionalmente deferido.

Competência tributária nada mais é que competência para legislar

sobre tributos. A competência legislativa tributária é competência

legislativa incaducável.

O que caduca é a capacidade tributária ativa, ou seja, o direito de exigir o

tributo, que prescreve em cinco anos, conforme o disposto no art. 174 do CTN.

___________________________________________________________________________ MÓDULO VIII

5/6

2.3. De Exercício Facultativo

A pessoa política é livre para exercitar sua competência tributária; é livre

para criar ou não os tributos que a Constituição lhe outorgou. O não-exercício

da competência tributária pela pessoa política não a defere a outra ou outras

pessoas políticas, ou seja, o fato de a pessoa política não exercer sua

competência tributária não permite que outra pessoa política possa exercê-la. A

competência tributária não é res nullis, a competência tributária é privativa de

cada pessoa política (art. 8.º do CTN). Há, entretanto, uma exceção a essa

regra: a competência para criar o ICMS é obrigatória.

2.4. Inampliável

A competência tributária é inampliável por decisão unilateral da própria

entidade tributante, ou seja, a própria entidade tributante não poderá alargar a

sua competência tributária.

2.5. Irrenunciável

A competência tributária é irrenunciável porque a pessoa política não

pode abrir mão por definitivo de sua competência tributária.

Uma lei que o fizesse estaria, também, atentando contra o livre exercício

da função legislativa.

___________________________________________________________________________ MÓDULO VIII

6/6

2.6. Indelegável

A competência tributária é indelegável, pois a pessoa política não pode

transferi-la a outra, nem mesmo por força de lei.

As pessoas políticas tributam por delegação constitucional, portanto não se

pode delegar o que se recebeu por delegação (“delegatur, delegare, non protest”).

Delegável é a capacidade tributária ativa, isto é, o direito de arrecadar o

tributo (art. 7.º do CTN).

___________________________________________________________________

CURSO DO PROF. DAMÁSIO A DISTÂNCIA

MÓDULO IX

DIREITO TRIBUTÁRIO Capacidade Tributária Ativa

__________________________________________________________________

Praça Almeida Júnior, 72 – Liberdade – São Paulo – SP – CEP 01510-010Tel.: (11) 3346.4600 – Fax: (11) 3277.8834 – www.damasio.com.br

___________________________________________________________________________ MÓDULO IX

1/4

DIREITO TRIBUTÁRIO

Capacidade Tributária Ativa

1. SUJEITO ATIVO DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA

Ocorrido o fato gerador em concreto, nasce a obrigação tributária, que,

como toda e qualquer relação jurídica, tem um sujeito ativo (credor) e um

sujeito passivo (devedor).

Sujeito ativo é a pessoa que tem o direito subjetivo de cobrar o tributo, é a

pessoa que tem capacidade tributária ativa (credor do tributo). A capacidade

tributária ativa está situada no plano da atividade tributária em sentido secundário

(concreto) e é, lógica e cronologicamente, posterior ao nascimento do tributo.

Na maioria das vezes, a pessoa política que cria o tributo o arrecadará.

Visto, entretanto, que a capacidade tributária é delegável por lei, nada impede

que a pessoa política, tendo criado um tributo, delegue o direito de arrecadá-lo

para pessoa diversa. Somente pode haver delegação de capacidade tributária

ativa por meio de lei (princípio da legalidade).

A pessoa que não criou o tributo, mas irá arrecadá-lo, poderá:

• arrecadar o tributo em nome e por conta da entidade tributante:

nesse caso, dá-se o fenômeno da sujeição ativa auxiliar;

• arrecadar o tributo para si própria: nesse caso, dá-se o fenômeno da

parafiscalidade.

___________________________________________________________________________ MÓDULO IX

2/4

1.1. Sujeição Ativa Auxiliar

O sujeito ativo auxiliar não passa de um substituto ex legis do sujeito

ativo; é um mero arrecadador do tributo. Pode-se comparar o sujeito ativo

auxiliar com o cobrador da empresa privada. A mesma lei que delega a

capacidade tributária ao sujeito ativo auxiliar poderá fixar uma porcentagem

sobre o tributo arrecadado que ficará com o mesmo.

No Brasil, o fenômeno não é comum, havendo dois casos:

• ICMS sobre o consumo de energia elétrica;

• ICMS sobre serviços de telefonia.

Nesses casos, a companhia, após receber a conta, remete a quantia

referente ao ICMS para os cofres públicos.

O sujeito ativo auxiliar é remanescente da época em que o Estado não

estava bem estruturado, estando tal figura fadada, por esse motivo, ao

desaparecimento.

1.2. Parafiscalidade

É o fenômeno mais comum. Parafiscalidade é a delegação de capacidade

tributária ativa que a pessoa política, por meio de lei, faz à terceira pessoa, a

qual, por vontade dessa mesma lei, passa a dispor do produto arrecadado.

Podem ser beneficiadas com a parafiscalidade:

• pessoas políticas (União, Estados, Municípios e Distrito Federal);

___________________________________________________________________________ MÓDULO IX

3/4

• autarquias (pessoas jurídicas de Direito Público de nível

meramente administrativo).

1.2.1. Diferença entre parafiscalidade e extrafiscalidade

A parafiscalidade é a delegação de capacidade tributária ativa que a

pessoa política, por meio de lei, faz à terceira pessoa, a qual, por vontade dessa

mesma lei, passa a dispor do produto arrecadado.

Extrafiscalidade é o emprego dos meios tributários para fins não fiscais, mas

ordinatórios, isto é, para disciplinar comportamentos de virtuais contribuintes.

A tributação quase sempre persegue fins fiscais, ou seja, abastecer os

cofres públicos para atender à finalidade do Estado.

Zona Franca: recebe incentivos fiscais, portanto tem a finalidade de

incentivar os contribuintes a se instalarem em determinadas regiões. Esse é um

exemplo de extrafiscalidade.

1.2.2. O controle do Tribunal de Contas

As pessoas que arrecadam para si tributos devem ter suas contas

apreciadas pelo Tribunal de Contas (art. 71, inc. II, CF/88):

• pessoa federal: Tribunal de Contas da União;

• pessoa estadual: Tribunal de Contas do Estado respectivo;

• pessoa distrital: Tribunal de Contas do Distrito Federal;

___________________________________________________________________________ MÓDULO IX

4/4

• pessoa municipal-paulistana: Tribunal de Contas do Município

de São Paulo.

Qualquer outro município: Tribunal de Contas do Estado respectivo (ou

órgão administrativo equivalente).

A CF/88 abre espaço para criação de uma Casa de Contas Municipal,

que é um órgão administrativo equivalente, que julga as contas do Município

em que foi criado. Todos os Tribunais de Contas emitem um parecer prévio

que deve ser aprovado pelo voto de 2/3 dos legisladores da Câmara local. É um

órgão auxiliar, consultivo.

___________________________________________________________________

CURSO DO PROF. DAMÁSIO A DISTÂNCIA

MÓDULO X

DIREITO TRIBUTÁRIOCapacidade Tributária Passiva

__________________________________________________________________

Praça Almeida Júnior, 72 – Liberdade – São Paulo – SP – CEP 01510-010Tel.: (11) 3346.4600 – Fax: (11) 3277.8834 – www.damasio.com.br

____________________________________________________________________________ MÓDULO X

1/5

DIREITO TRIBUTÁRIO

Capacidade Tributária Passiva

1. SUJEITO PASSIVO DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA

Sujeito passivo da obrigação tributária é o devedor do tributo, é a pessoa

que tem o dever jurídico de efetuar o pagamento do tributo, ou seja, é a pessoa

que tem capacidade tributária passiva.

Qualquer pessoa possui capacidade tributária passiva. Até mesmo as

pessoas políticas. Essas são imunes apenas aos impostos, podendo ser

obrigadas a pagar taxas e contribuições de melhoria. O mesmo ocorre com as

autarquias.

As empresas públicas e as sociedades de economia mista possuem total

capacidade tributária passiva (capacidade plena). Devem ser submetidas ao

mesmo tipo de tributação que as pessoas jurídicas privadas (art. 173, §§ 2.º e

3.º, da CF/88).

As empresas privadas e os particulares por maior razão devem figurar no

pólo passivo da capacidade tributária.

Por força do princípio da legalidade, o sujeito passivo da obrigação

tributária deve ser apontado na lei. Essa lei não pode individualizar o

contribuinte. A lei deve apenas estabelecer critérios que permitirão a

identificação do contribuinte após a ocorrência do fato gerador in concreto

(fato imponível).

____________________________________________________________________________ MÓDULO X

2/5

O sujeito passivo, na lei, é virtual (potencial); e somente após a

ocorrência do fato gerador é que se torna efetivo (real).

A lei não individualiza o contribuinte para não ofender o princípio da

igualdade.

A pessoa política, ao editar a lei, deve respeito às normas constitucionais

(norma padrão de incidência de todas as normas tributárias).

A Constituição Federal de 1988 indica:

• hipótese de incidência possível;

• sujeito ativo possível;

• sujeito passivo possível;

• base de cálculo possível;

• alíquota possível.

O contribuinte tem o direito de pagar o tributo na região onde se

encontra domiciliado ou sediado.

1.1. Diferença entre Contribuinte de Direito e de Fato

O contribuinte de direito é a pessoa que figura no pólo passivo da

obrigação tributária. Já o contribuinte de fato é o destinatário da carga

econômica do tributo, ou seja, quem suporta o ônus financeiro do tributo.

Normalmente, contribuinte de fato e de direito se confundem. Porém,

algumas vezes se distinguem.

____________________________________________________________________________ MÓDULO X

3/5

ICMS:

• contribuinte de fato: consumidor final;

• contribuinte de direito: comerciante.

IR:

• contribuinte de fato e de direito são o mesmo.

1.2. Sujeito Passivo da Obrigação Tributária

1.2.1. Direto (contribuinte)

Contribuinte direto é o realizador do fato imponível. Ele paga o tributo à título

próprio, pois é o seu patrimônio que desde o primeiro momento vai ser

alcançado pela carga econômica do tributo.

1.2.2.Indireto (responsável)

Contribuinte indireto, ou responsável, é o que paga o tributo em nome do

contribuinte. Não é o realizador do fato imponível. Na verdade, paga o tributo

a título alheio (em nome e por conta do contribuinte). Seu patrimônio, num

primeiro momento, é alcançado pela carga econômica do tributo.

Entre o contribuinte e o responsável deve, necessariamente, existir uma

relação jurídica que permita ao último o pronto ressarcimento.

A sujeição passiva indireta só é possível nos casos dos impostos, em que

não há uma contraprestação por parte do Estado.

____________________________________________________________________________ MÓDULO X

4/5

A sujeição passiva indireta pode se dar:

• por transferência: ocorre quando, após a ocorrência do fato gerador, a

lei impõe a uma terceira pessoa, que não tem relação pessoal e direta

com o fato gerador, a obrigação do pagamento do tributo;

• por substituição: dá-se quando o dever de pagar o tributo por expressa

determinação legal nasce de imediato na pessoa do responsável, ou

seja, assim que ocorre o fato imponível, já é cobrado do responsável.

A EC n. 19/98 acrescentou novo parágrafo ao art. 150 da Constituição

Federal, permitindo a cobrança antecipada de imposto do substituto tributário

cujo fato gerador deva ocorrer posteriormente.

São modalidades de sujeição passiva indireta:

• Solidariedade (art. 124 do CTN): dá-se quando duas ou mais pessoas

são co-obrigadas pela lei a responderem pelo mesmo débito tributário.

A solidariedade pode advir de lei ou de contrato, contudo, em matéria

tributária só pode haver solidariedade legal por meio de lei da pessoa

jurídica competente. A solidariedade tributária não admite benefício

de ordem (art. 124, par. ún., do CTN). O devedor solidário não pode

excutir o débito, ou seja, alegar o benefício de ordem (cobrar de todos

para depois cobrar de um só).

• Sucessão (arts. 129/133 do CTN): dá-se quando o primitivo devedor

tributário desaparece, deixando quem lhe faça juridicamente as vezes.

Respondem até a força da herança, se a sucessão se der causa mortis.

Pode ocorrer também inter vivos, quando uma empresa adquire o ativo

____________________________________________________________________________ MÓDULO X

5/5

e o passivo de outra.

• Responsabilidade legal (arts. 134 do CTN): dá-se quando a pessoa

que tem o dever de fiscalizar o recolhimento do tributo por parte do

contribuinte não o faz e, em conseqüência, ele acaba não sendo pago.

Tal pessoa, num primeiro momento, responderá pelo débito tributário.

Ex.: o tabelião, por lei, é obrigado a registrar a escritura de venda e

compra do imóvel somente depois de verificar se houve o

recolhimento do ITBI. Se registra e vê-se que o ITBI não foi

recolhido, o tabelião é que deverá recolhê-lo por responsabilidade

legal. O tabelião terá direito de regresso contra o adquirente do imóvel

(responsável pelo tributo).

___________________________________________________________________

CURSO DO PROF. DAMÁSIO A DISTÂNCIA

MÓDULO XI

DIREITO TRIBUTÁRIO A CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

__________________________________________________________________

Praça Almeida Júnior, 72 – Liberdade – São Paulo – SP – CEP 01510-010Tel.: (11) 3346.4600 – Fax: (11) 3277.8834 – www.damasio.com.br

___________________________________________________________________________ MÓDULO XI

1/4

DIREITO TRIBUTÁRIO

A Constituição do Crédito Tributário

1. LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO

Quando ocorre o fato gerador in concreto, nasce a obrigação tributária.

Essa, ao nascer, tem um sujeito ativo, um sujeito passivo e um objeto.

1.1. Objeto do Crédito Tributário

Objeto do crédito tributário é a quantia que terá de ser paga a título de

tributo (quantum debeatur). No instante em que nasce a obrigação tributária,

surge o crédito tributário. Quase sempre, porém, o crédito tributário nasce com

característica de iliquidez, isto é, não se sabe quanto terá de ser pago, sendo

necessário que esse crédito seja liquidado, ou seja, que se torne certo quanto à

sua existência e determinado quanto ao seu objeto.

1.2. Lançamento

É o ato administrativo de aplicação da norma tributária material ao

caso concreto.

Quem é o contribuinte?

Quanto ele deve ao Fisco?

Onde ele deve efetuar o pagamento do tributo?

___________________________________________________________________________ MÓDULO XI

2/4

Como ele deve efetuar o pagamento do tributo?

Quando ele deve efetuar o pagamento do tributo?

O lançamento dá respostas a essas 5 (cinco) indagações.

O lançamento não faz nascer o tributo. O tributo tem por fonte a lei, dela

derivando imediatamente. O lançamento não passa de um mecanismo jurídico

que dá liquidez, certeza e exigibilidade ao tributo, que lhe é lógica e

cronologicamente anterior.

O lançamento, portanto, é um ato administrativo declaratório (segundo o art.

142 do Código Tributário Nacional, o lançamento é um ato administrativo; não

cabe à lei definir). Decorre que ele produz efeitos ex tunc, ou seja, seus efeitos

retroagem à data da ocorrência do fato imponível. A lei aplicável é a que está

vigente à época da ocorrência do fato imponível. É a característica da ultratividade

da lei tributária.

Art. 144 do Código Tributário Nacional: “O lançamento reporta-se

à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e rege-se pela lei então

vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada.”

1.3. Procedimento Administrativo

Segundo HELY LOPES MEIRELLES, “procedimento administrativo é a

sucessão ordenada de operações que propiciam a formação de um ato final

objetivado pela Administração” 1

O lançamento é um ato administrativo que pode ser resultado de um

procedimento administrativo.

1 Direito Administrativo Brasileiro. 26.ª ed. São Paulo: Malheiros, 2001.

___________________________________________________________________________ MÓDULO XI

3/4

Ocorrido o fato imponível, o tributo nasce; mas ele não pode ser

voluntariamente pago pelo contribuinte – e, muito menos, exigido pela

Fazenda Pública – sem o lançamento.

O lançamento consubstancia o crédito tributário, declarando, formal e

solenemente, quem é o contribuinte e o quanto ele deve ao Fisco.

Com o lançamento, a obrigação tributária que já existia, mas era ilíquida

e incerta, passa a ser líquida e certa, exigível em data e prazo determinados.

Segundo ALBERTO XAVIER, o lançamento não passa de um ato

complementar que age como título jurídico da obrigação tributária.2

Por ser um ato administrativo, o lançamento goza de presunções de

legitimidade e de veracidade, até prova em contrário, a ser produzida pelo

contribuinte (princípio da predominância do interesse público sobre o

interesse privado).

O lançamento é um ato administrativo vinculado. O agente

administrativo apenas cumpre a lei. O agente fiscal é obrigado a lançar no

estrito termo da lei. Aquele que descumprir a lei incide em responsabilidade

funcional (art. 142, par. un., do CTN).

Por ser vinculado, o lançamento é apenas anulável (não é revogável). Isso

porque os atos administrativos vinculados não podem ser revogados (por

conveniência e oportunidade). A anulação do lançamento pode ser decretada, pelo

Poder Executivo ou pelo Poder Judiciário, somente mediante provocação da parte

interessada (ação anulatória de débito fiscal – prazo de 5 anos após o lançamento).

De acordo com a maior ou menor participação do contribuinte na prática

do ato administrativo do lançamento, ele pode ser:

2 Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro. Resenha Tributária, 1977.

___________________________________________________________________________ MÓDULO XI

4/4

• direto (ofício): feito diretamente pelo Fisco. O contribuinte não é

chamado para colaborar com a Fazenda Pública para que o

lançamento se constitua. Ex.: IPTU.

• misto (por deliberação): feito pelo Fisco com concurso do

contribuinte. Ex.: IR.

• por homologação (autolançamento): realizado pelo contribuinte ad

referendum da Fazenda Pública. Essa verifica os cálculos do

contribuinte e, se aprovar, os homologa. Estando em desacordo, a

Fazenda Pública os glosa. Ex.: ICMS.

1.4. Notificação

O lançamento é levado a conhecimento oficial do contribuinte por meio

de notificação, que é o ato administrativo que dá eficácia ao lançamento.

Deve-se operar in persona, ou seja, na pessoa do contribuinte, em princípio.

Pode ser feito pelo correio com aviso de recebimento. Sempre, porém, será

dado ao contribuinte fazer prova de que não foi notificado, sem sofrer ônus.

A notificação é acessória em relação ao lançamento. Se esse é válido

e aquela nula, basta que se faça nova notificação. A recíproca, no entanto,

não é verdadeira.

___________________________________________________________________

CURSO DO PROF. DAMÁSIO A DISTÂNCIA

MÓDULO XII

DIREITO TRIBUTÁRIO

__________________________________________________________________

Praça Almeida Júnior, 72 – Liberdade – São Paulo – SP – CEP 01510-010Tel.: (11) 3346.4600 – Fax: (11) 3277.8834 – www.damasio.com.br

___________________________________________________________________________ MÓDULO XII

1/3

DIREITO TRIBUTÁRIO

Auto de Infração

O auto de infração e imposição de multa (AIIM), como o próprio nome

diz, é o documento formal no qual a Administração Pública apontará a falha

cometida (ilicitude praticada) pelo sujeito passivo da obrigação tributária,

impondo-lhe a respectiva penalidade.

O referido documento deve ser lavrado por servidor competente, no local

da verificação da falta, e conterá, obrigatoriamente: a qualificação do autuado;

o local, data e a hora da lavratura; a descrição do fato; a disposição legal

infringida e a penalidade aplicável; a determinação da exigência e a intimação

para cumpri-la ou impugná-la no prazo de 30 (trinta) dias; a assinatura do

autuante, além da indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula.

Convém ressaltar a opinião de RUY BARBOSA NOGUEIRA com relação ao

auto de infração e de imposição de multa:

“A legislação do IPI, como a do ICMS e ISS, previram que o agente

fiscal pode impor desde logo, na peça de acusação que é o auto de infração, a

multa (passando a designar essa peça de auto de infração e de imposição de

multa), e, se o contribuinte não a discutir e pagar dentro do prazo assinalado,

terá abatimento. Como já salientamos, tais disposições ferem os princípios de

justiça, transformando agentes fiscais em árbitros e coagindo o contribuinte.

Esse não é o “processo regular”, não obedece sequer ao princípio do

contraditório, que o CTN assegura ao contribuinte, mesmo nas hipóteses mais

delicadas do seu art. 148. O auto de infração, a representação etc. nada mais

são do que atos de instauração de lançamento de ofício ou de revisão de

lançamento: apenas início de procedimento.”

___________________________________________________________________________ MÓDULO XII

2/3

O auto de infração equivale ao lançamento? Tanto quanto o lançamento,

ele constitui o crédito tributário?

Não, o auto de infração apenas constitui a sanção tributária, ou seja,

consoante PAULO DE BARROS CARVALHO, “temos um fato delituoso,

caracterizado pelo descumprimento de um dever estabelecido no conseqüente

de norma tributária.” No lançamento temos “um fato lícito, em que não

encontraremos violação de qualquer preceito, simplesmente uma alteração no

mundo social a que o direito atribui valoração positiva.”

O auto de infração é um ato administrativo porque corresponde a uma

manifestação objetiva da vontade do Estado, enquanto parte diretamente

interessada em uma relação jurídica.

Em havendo falta de pagamento do tributo respectivo, no mesmo

documento (auto de infração), poderá ser formalizado o crédito tributário. Pela

freqüência com que ocorrem essas conjunções, falam, alguns, em “auto de

infração” no sentido largo (dois atos no mesmo instrumento) e “auto de

infração” stricto sensu, para denotar a peça portadora de norma individual e

concreta de aplicação de penalidade a quem cometeu ilícito tributário (PAULO

DE BARROS CARVALHO).

AtoAdministrativo

Lançamento Auto de infração

Agente: Agente fiscal Agente fiscal

Objeto: Formalizar o créditotributário

Formalizar a sanção tributária

Forma: Auto de lançamento Auto de infração

Motivo: Ter ocorrido o fatoimponível (ato lícito)

Ter ocorrido odescumprimento do deverjurídico tributário (ato ilícito)

___________________________________________________________________________ MÓDULO XII

3/3

Finalidade: Possibilitar o recolhi-mento do tributo

Possibilitar o recolhimento da multa fiscal

Assim, o auto de infração:

• apura o valor do tributo (lançamento);

• apura o valor da multa (auto de infração propriamente dito);

• dá ciência ao contribuinte de que deve pagar o tributo, num dado

prazo (notificação do lançamento);

• dá ciência ao contribuinte de que deve pagar a multa, num dado prazo

(notificação do auto de infração).

Os dispositivos legais que trazem os requisitos, os quais devem conter os

autos de infração, são:

• para tributos federais – art. 10 do Dec. n. 70.235/72;

• para os tributos estaduais – art. 534 ao 536 do Regulamento do ICMS

– Dec. n. 45.490/00.

___________________________________________________________________

CURSO DO PROF. DAMÁSIO A DISTÂNCIA

MÓDULO XIII

DIREITO TRIBUTÁRIO

__________________________________________________________________

Praça Almeida Júnior, 72 – Liberdade – São Paulo – SP – CEP 01510-010Tel.: (11) 3346.4600 – Fax: (11) 3277.8834 – www.damasio.com.br

___________________________________________________________________________ MÓDULO XIII

1/6

DIREITO TRIBUTÁRIO

1. CAUSAS SUSPENSIVAS DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO (arts. 151 a

155-A do Código Tributário Nacional)

Quando ocorrer o fato imponível e forem praticados o ato de lançamento

e a notificação do sujeito passivo, o tributo já estará “em termos”, em

condições de ser pago pelo contribuinte e recebido pela Fazenda Publica, ou

seja, o crédito tributário passará a ser exigível.

Pode ocorrer, entretanto, um fato novo que venha a adiar o pagamento.

Trata-se das causas suspensivas da exigibilidade do crédito tributário (ato ou

fato a que a lei atribui o efeito de retardar a exigibilidade da cobrança do

referido tributo).

Tais causas estão previstas no art. 151 do Código Tributário Nacional e

são (obs.: alteração pela Lei Complementar n. 104, de 10.1.2001):

• moratória;

• depósito do seu montante integral;

• reclamações e recursos, nos termos das leis reguladoras do processo

tributário administrativo;

• concessão de medida liminar em mandado de segurança;

• concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras

espécies de ação judicial;

• parcelamento.

___________________________________________________________________________ MÓDULO XIII

2/6

Ainda que presente a causa suspensiva da exigibilidade do crédito

tributário, não desaparece para o contribuinte o dever de cumprir as obrigações

acessórias (art. 151, par. ún., do Código Tributário Nacional).

1.1. Moratória (Arts. 152 a 155 do Código Tributário Nacional)

É instituto que prevê a suspensão da exigibilidade do crédito tributário

pela dilação legal do prazo para o normal recolhimento do tributo.

Em regra, se a lei não fixa prazo para o recolhimento do tributo, será ele

de 30 dias, a contar da regular notificação do lançamento. Só a lei pode

conceder moratória, prorrogando aquele prazo (lei formal: princípio da

legalidade e da indisponibilidade do interesse público); lei essa da pessoa

política competente para criar o tributo.

Cada ente político só pode conceder moratória de seus próprios tributos.

Para uma corrente doutrinária, o art. 152, inc. I, “b”, do Código Tributário

Nacional é inconstitucional (fere os princípios federativo, da autonomia

municipal e da autonomia distrital). Nesses termos, vide art. 151, inc. III, da

Constituição Federal.

A moratória é medida de política fiscal. Normalmente, é concedida após

episódio que reduz ou diminui a capacidade contributiva do sujeito passivo

(ex.: catástrofes naturais etc.).

Consoante HUGO DE BRITO MACHADO, “a Lei Complementar n.

104, de 10.01.2001, inclui um novo inciso no art. 151 do CTN, prevendo

hipótese de suspensão da exigibilidade do crédito tributário, o parcelamento. É

mais uma inovação inteiramente inútil porque o parcelamento nada mais é do

que uma modalidade de moratória”.

___________________________________________________________________________ MÓDULO XIII

3/6

Para PAULO DE BARROS CARVALHO, “Moratória é a dilação do

intervalo de tempo estipulado para o implemento de uma prestação, por

convenção das partes, que podem fazê-lo tendo em vista uma execução

unitária ou parcelada”.

1.2. Depósito Integral do Montante Tributário

Trata-se de um depósito cautelar feito quando o contribuinte pretende

litigar contra o fisco. Para acautelar-se dos efeitos de uma decisão contrária, o

contribuinte pode colocar à disposição da Fazenda Pública a quantia que ele

entende indevida. Se o contribuinte tiver sua ação julgada improcedente, a

quantia será incorporada à Fazenda Pública. Se o contribuinte tiver sua ação

julgada procedente, ser-lhe-á restituído o depósito, corrigido monetariamente.

Esse depósito pode ser feito na esfera administrativa ou na esfera judicial.

O art. 38 da Lei n. 6.830/80 (Lei das Execuções Fiscais) estabelece que a

ação anulatória do débito fiscal deve ser precedida pelo depósito integral do

montante a ser discutido. Esse artigo, entretanto, é inconstitucional e fere o

princípio da igualdade e o princípio da universalidade da jurisdição. Atinge o

princípio da igualdade porque discrimina o contribuinte que não tem

possibilidade financeira de depositar o valor, impedindo-o de ter acesso à

prestação jurisdicional (assim, o contribuinte com condições de depositar teria

acesso ao judiciário e o contribuinte carente dessas condições teria seu acesso

ao judiciário tolhido).

O Poder Judiciário declarou letra morta essa parte do art. 38. Existe,

inclusive, uma súmula do antigo Tribunal Federal de Recursos (TFR) que

dispõe ser facultativo o depósito integral do montante tributário a ser discutido

(Súmula n. 247 do Tribunal Federal de Recursos: “Não constitui pressuposto

___________________________________________________________________________ MÓDULO XIII

4/6

da ação anulatória do débito fiscal o depósito de que cuida o art. 38 da Lei n.

6.830, de 1980”).

Com relação, porém, à suspensão da exigibilidade do crédito, o Superior

Tribunal de Justiça sumulou sobre o assunto: “O depósito somente suspende a

exigibilidade do crédito tributário se for integral e em dinheiro” (Súmula n.

112).

Surgiu, entretanto, o depósito recursal (depósito para recorrer em

instância superior). Na esfera federal, para recorrer ao Conselho de

Contribuintes, deve ser depositado entre 30% e 60% do valor da autuação.

Vem se consolidando, na jurisprudência, o entendimento de que esse depósito

não é inconstitucional.

Essa necessidade do depósito prévio veio ressuscitar a regra solve et

repete (pague para repetir). Tal regra não mais vigora em face da

inconstitucionalidade acima descrita.

Conveniência do depósito: se o contribuinte perder a demanda, incidirão

sobre o devido crédito juros e correção monetária, os quais serão cobertos

pelos rendimentos do depósito financeiro.

1.3. Interposição de Recurso Administrativo com Efeito

Suspensivo

Se o contribuinte, antes de ir a juízo, ingressar com recurso

administrativo visando obter seus direitos, e esse recurso for recebido com

efeito suspensivo, ele não será alvo de uma execução fiscal. A interposição do

recurso administrativo não é obrigatória, ou seja, o ingresso prévio nas vias

___________________________________________________________________________ MÓDULO XIII

5/6

administrativas é facultativo, podendo o contribuinte recorrer diretamente ao

judiciário.

Qualquer decisão administrativa pode ser revista pelo Poder Judiciário,

bastando que a parte sucumbente ingresse com a devida ação (não há trânsito

em julgado de decisões administrativas no Brasil). Enquanto o recurso

administrativo estiver tramitando, fica suspensa a exigibilidade do crédito

tributário.

1.4. Concessão de Liminar em Mandado de Segurança

Liminar é uma medida cautelar, portanto se deve observar a presença dos

requisitos fumus boni iure e periculum in mora. Enquanto a liminar estiver

produzindo efeitos, fica suspensa a exigibilidade do crédito tributário.

1.5. Concessão de Medida Liminar ou de Tutela Antecipada, em

Outras Espécies de Ação Judicial

A inclusão do inc. V no art. 151 do Código Tributário Nacional pela Lei

Complementar n. 140, de 10.1.2001, trazendo como hipótese de suspensão da

exigibilidade do crédito tributário a concessão de medida liminar ou de tutela

antecipada em qualquer espécie de ação judicial, veio em boa hora e teve o

condão de acabar com as longas discussões que existiam acerca do inc. IV do

mesmo artigo. Dado que, para alguns doutrinadores, somente a liminar

concedida em mandado de segurança é que suspendia a exigibilidade do

crédito tributário.

O novo inciso evidencia o que já vinha sendo reclamado pelos juristas e

estava sendo reconhecido pela jurisprudência: as medidas liminares e a

___________________________________________________________________________ MÓDULO XIII

6/6

antecipação de tutela, concedidas em qualquer tipo de ação judicial, possuem o

condão de suspender a exigibilidade do crédito tributário.

1.6. Parcelamento

Para confirmar o entendimento dos doutrinadores citados nesse módulo,

sobre o parcelamento ser uma modalidade de moratória, devemos verificar que

o legislador não criou outra seção dentro do Capítulo III, mas, sim, incluiu o

parcelamento na Seção II, a qual se refere à moratória.

No art. 155-A, incluído pela Lei Complementar n. 104, de 10.01.2001,

houve mera especificação da referida modalidade de moratória, em que se

estipulou que o parcelamento será concedido na forma e condição

estabelecidas em lei específica. Salvo disposição de lei em contrário, o

parcelamento do crédito tributário não exclui a incidência de juros e multas.

O próprio § 2.º, do art. 155-A, do Código Tributário Nacional menciona

que se aplicam subsidiariamente ao parcelamento as disposições relativas à

moratória.

___________________________________________________________________

CURSO DO PROF. DAMÁSIO A DISTÂNCIA

MÓDULO XIV

DIREITO TRIBUTÁRIO

__________________________________________________________________

Praça Almeida Júnior, 72 – Liberdade – São Paulo – SP – CEP 01510-010Tel.: (11) 3346.4600 – Fax: (11) 3277.8834 – www.damasio.com.br

___________________________________________________________________________ MÓDULO XIV

1/6

DIREITO TRIBUTÁRIO

1. CAUSAS EXTINTIVAS DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

O que se extingue é a própria obrigação tributária e não somente o

crédito tributário, que é um dos seus elementos (a obrigação tributária possui

três elementos: sujeito ativo, sujeito passivo e crédito tributário)– art. 113, §

1.º, parte final, do CTN. Essa regra, porém, não é absoluta: pode ocorrer a

extinção de um crédito sem a extinção da obrigação, desde que a causa

extintiva tenha afetado apenas a formalização do crédito.

As principais causas extintivas encontram-se enumeradas no art. 156 do

CTN:

• pagamento;

• compensação;

• transação;

• remissão;

• prescrição e decadência;

• a conversão de depósito em renda;

• o pagamento antecipado e a homologação do lançamento, nos termos

do disposto no art. 150 e seus §§ 1.º e 4.º;

• a consignação em pagamento, nos termos do disposto no § 2.º do art.

164;

___________________________________________________________________________ MÓDULO XIV

2/6

• a decisão administrativa irreformável, assim entendida a defendida na

órbita administrativa, que não mais possa ser objeto de ação

anulatória;

• a decisão judicial passada em julgado;

• a dação em pagamento de bens imóveis, na forma e condições

estabelecidas na lei.

O rol é exemplificativo, havendo mais três causas de extinção

enumeradas pela doutrina:

• confusão;

• desaparecimento, sem sucessor, do sujeito ativo do tributo;

• desaparecimento, sem sucessor, do sujeito passivo do tributo.

As causas extintivas têm o poder de libertar o contribuinte da relação de

sujeição que possui com a Fazenda Pública.

A obrigação tributária não permanece no tempo, não é eterna.

1.1. Pagamento

É o cumprimento do objeto da prestação tributária. É um fenômeno

jurídico e não só tributário. Pode ser considerado quanto:

• Ao tempo: apontado genericamente na lei e especificamente no ato

administrativo de lançamento. Se o pagamento do tributo for feito em

___________________________________________________________________________ MÓDULO XIV

3/6

prestações, o inadimplemento de qualquer uma delas acarretará o

vencimento antecipado das demais.

• Ao lugar: é o domicílio ou sede do contribuinte.

• Ao modo: os tributos são pagos em moeda ou equivalente (cheque,

títulos da dívida pública resgatáveis, selo ou papel selado ou

estampilha). Quando pago em cheque, dá-se ao contribuinte uma

quitação provisória, que se tornará definitiva após a devida

compensação.

1.2.1. Indébito tributário

Qualquer pagamento a maior tipifica um indébito tributário. O indébito

tributário deve ser restituído ao contribuinte. Isso ocorre por meio de ação de

repetição de indébito, que pode ser proposta até 5 (cinco) anos a contar do

recolhimento a mais (art. 168 do CTN).

O art. 169 do CTN trata da ação anulatória da decisão administrativa que

denegou o pedido de repetição, cujo prazo de prescrição é de 2 anos.

O art. 166 do CTN dispõe sobre a repetição nas hipóteses de tributos

indiretos: “A restituição de tributos que comportem, por sua natureza,

transferência do respectivo encargo financeiro somente será feita a quem prove

haver assumido referido encargo, ou, no caso de tê-lo transferido a terceiro,

estar por esse expressamente autorizado a recebê-la.” Referido artigo é

declarado inconstitucional pela doutrina.

A Súmula n. 546 do STF esclarece que a repetição dos chamados

tributos indiretos só será possível quando não houver o repasse da carga

econômica do tributo para o consumidor final (contribuinte de fato) ou quando,

___________________________________________________________________________ MÓDULO XIV

4/6

tendo havido esse repasse, o contribuinte de direito estiver autorizado pelo

contribuinte de fato a ingressar com o pedido de restituição.

Exemplo de tributo indireto: ICMS – contribuinte de fato é o consumidor

final.

1.2. Remissão

Remissão significa perdão. Remição significa pagamento.

Remissão é o perdão legal do débito tributário, que pode ser total ou

parcial. Somente a lei pode perdoar o débito tributário (lei remissiva), não

podendo, a remissão, ser concedida por decretos, portarias ou qualquer outro

ato que não seja lei propriamente dita (princípio da legalidade e princípio da

indisponibilidade do interesse público). Somente lei específica da pessoa

política tributante pode conceder a remissão. (art. 150, § 6.º, da CF/88).

A remissão tanto como a moratória são medidas de política fiscal

(moratória é o adiamento da obrigação tributária).

1.3. Compensação

É o encontro de contas do Fisco e do contribuinte, sempre que forem

credor e devedor um do outro. Existem duas grandes modalidades de

compensação em matéria civil: a legal e a consensual. Em matéria tributária,

entretanto, somente é admitida a compensação legal.

Para que a compensação ocorra, é necessária a presença de três

requisitos:

___________________________________________________________________________ MÓDULO XIV

5/6

• As partes devem ser as mesmas (mesma Fazenda Pública, federal,

estadual ou municipal, e mesmo contribuinte). O contribuinte não

pode utilizar um crédito federal, por exemplo, para compensar um

crédito estadual.

• Os créditos já devem estar liquidados, ou seja, é necessário que se

saiba exatamente quanto há de ser pago.

• A existência de uma lei autorizando a medida: cada pessoa política

deve legislar a respeito. A União obedece à Lei n. 8.383/91; o seu art.

66 permite a compensação de tributos federais, indevidos ou

recolhidos a maior, com outros da mesma espécie. A Fazenda Pública

entende que tributo da mesma espécie significa o mesmo tributo (p.

ex.: IR somente poderá ser compensado por IR). A doutrina,

entretanto, entende que tributo pode ser compensado por tributo, taxa

por taxa e contribuição de melhoria por contribuição de melhoria. A

jurisprudência tem decidido em favor da doutrina.

1.4. Transação

Transação é um acordo celebrado, com base em lei, entre o Fisco e o

contribuinte, pelo qual a primitiva obrigação tributária desaparece, dando lugar

a uma ou mais novas obrigações tributárias. É causa extintiva da obrigação

tributária, muito rara.

Há quem admita que o parcelamento do débito tributário seria uma

modalidade de transação; entretanto, outros doutrinadores entendem que o

parcelamento é uma modalidade de moratória.

___________________________________________________________________________ MÓDULO XIV

6/6

Em resumo, a transação é um acordo celebrado com base em lei entre o

Fisco e o contribuinte, pelo qual a primitiva obrigação tributária desaparece,

fazendo nascer uma nova (ou várias) obrigação tributária.

.

1.5. Confusão (doutrina)

Ocorre quando o Fisco se torna, ao mesmo tempo, credor e devedor do

tributo. Por exemplo, no caso da herança vacante, os débitos que o espólio

possuía para com o Município desaparecem no caso de incorporação de

empresas pelo Poder Público.

Ocorrendo a confusão, o débito se extingue, não podendo renascer, se o

Poder Público alienar a propriedade a terceiros, objetivando cobrar crédito

anterior.

1.6. Desaparecimento sem Sucessor do Sujeito Passivo do Tributo

e do Sujeito Ativo (doutrina)

Não pode subsistir a relação jurídica tributária se uma das partes deixa de

existir, sem deixar sucessores. Exemplo: desaparecimento de Município em

razão de inundação da área onde se localizava (isso ocorreu no Nordeste, na

década de 60).

O desmembramento de Goiás e Tocantins não fez desaparecer os débitos

tributários, pois houve sucessão.

Exemplo de desaparecimento do sujeito passivo sem deixar sucessores:

contribuinte que morre sem deixar bens, apenas dívidas tributárias.

___________________________________________________________________

CURSO DO PROF. DAMÁSIO A DISTÂNCIA

MÓDULO XV

DIREITO TRIBUTÁRIO

__________________________________________________________________

Praça Almeida Júnior, 72 – Liberdade – São Paulo – SP – CEP 01510-010Tel.: (11) 3346.4600 – Fax: (11) 3277.8834 – www.damasio.com.br

___________________________________________________________________________ MÓDULO XV

1/6

DIREITO TRIBUTÁRIO

Extinção do Crédito Tributário

1. DECADÊNCIA E PRESCRIÇÃO

1.1. Noções Gerais

Os arts. 173 e 150, § 4.º, ambos do Código Tributário Nacionaal,

dispõem sobre a decadência do direito de efetuar o lançamento.

O art. 174 do Código Tributário Nacional dispõe sobre a prescrição da

ação de cobrança do crédito tributário devidamente constituído pelo

lançamento.

Antes do lançamento, pode ocorrer a decadência; após o lançamento,

pode ocorrer a prescrição.

Ambos os institutos importam na extinção do crédito tributário (art. 156,

inc. V, do CTN).

Do disposto acima decorre, como conseqüência prática, que o

contribuinte que paga o débito prescrito não tem direito à repetição, pois o

direito à percepção do tributo persiste; ao contrário, se o contribuinte pagar

tributo lançado após o prazo decadencial, ele faz jus à repetição, pois o direito

já não mais existia.

___________________________________________________________________________ MÓDULO XV

2/6

1.2. Decadência

A regra do art. 173 é aplicada para tributos que são lançados de ofício ou

por declaração. A regra do § 4.º do art. 150 é aplicada para tributos que são

lançados por homologação.

O art. 173 do Código Tributário Nacional estabelece que o direito do

fisco, de constituir o crédito tributário, se extingue após cinco anos, contados:

• do primeiro dia do ano seguinte àquele em que o lançamento poderia

ter sido efetuado;

• da data em que for anulado, por vício formal, o lançamento

anteriormente realizado;

• da data em que for tomada qualquer providência administrativa

conducente ao lançamento.

O parágrafo único do art. 173 estabelece que “o direito a que se refere

este artigo extingue-se definitivamente com o decurso do prazo nele previsto,

contado da data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário

pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória

indispensável ao lançamento”.

O Fisco tem cinco anos para constituir o crédito tributário.

A lei é quem aponta a data em que o lançamento será efetuado.

Exemplo: o IR é lançado no ano seguinte ao do fato imponível. O IR ano base

1996 deveria ser lançado em 1997. Se não foi lançado naquele ano, a Fazenda

tem até o dia 31.12.2002 para efetuar o lançamento (cinco anos contados de

1.1.1998).

___________________________________________________________________________ MÓDULO XV

3/6

Anulado o primitivo lançamento por vício formal, pela Administração ou

pelo Judiciário, dessa data conta-se o prazo de 5 (cinco) anos.

Exemplo de providência administrativa conducente ao lançamento é a

notificação ao contribuinte para que preste as declarações necessárias ao

lançamento.

Observação: a contagem do prazo – da data em que for tomada qualquer

providência administrativa conducente ao lançamento – só vale se a

providência for tomada no mesmo ano em que ocorrer o fato imponível. Se for

tomada no ano seguinte, incide a regra da contagem do primeiro dia do ano

seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, ou seja, o dies

a quo será 01.01 do ano seguinte (regra benéfica ao contribuinte).

Art. 150, § 4., do Código Tributário Nacional: lançamento por

homologação. O direito da Fazenda Pública de homologar ou corrigir o

autolançamento decai em 5 (cinco) anos, contados da data da ocorrência do

fato imponível.

Decorridos os 5 (cinco) anos, opera-se a homologação tácita, cujo efeito

é extinguir o crédito tributário. Porém, se comprovada a ocorrência de dolo,

fraude ou simulação (a prova compete à Fazenda Pública – norma tributário-

penal), o prazo decadencial se prolonga para 20 (vinte) anos (doutrina: prazo

máximo admitido em Direito).

1.3. Prescrição

1.3.1. Conceito

Prescrição é a perda da ação inerente ao direito e de toda a sua

capacidade defensiva, por seu não exercício durante certo lapso. A fluência do

___________________________________________________________________________ MÓDULO XV

4/6

lapso prescricional, diferentemente do que ocorre com a decadência, pode ser

suspensa ou interrompida.

1.3.2. Requisitos para ocorrência da prescrição

• Existência de uma ação exercitável.

• Inércia do titular dessa ação.

• Prolongamento dessa inércia durante certo lapso.

• Ausência de qualquer ato ou fato a que a lei atribua o efeito de

impedir, suspender ou interromper a fluência prescricional.

Segundo o art. 174 do Código Tributário Nacional, a prescrição da ação

de cobrança do crédito tributário opera-se em 5 (cinco) anos, contados da data

de sua constituição definitiva.

A doutrina tem entendido que o dies a quo, para o cômputo do prazo

prescricional, é o do inadimplemento do contribuinte, pois é a partir dessa data

que a Fazenda Pública passa a ter ação exercitável, ou seja, passa a poder

executar o devedor .

1.3.3. Causas suspensivas da fluência do lapso prescricional (art.

151 do CTN e arts. 2.º, § 3.º , e 40 da Lei 6.830/80)

São causas suspensivas do crédito tributário aquelas hipóteses que

suspendem a exigibilidade do crédito tributário já definitivamente constituído

___________________________________________________________________________ MÓDULO XV

5/6

(moratória, recurso administrativo, liminar ou antecipação de tutela, depósito

integral do montante tributário, parcelamento).

Para a execução da dívida tributária, deve o Fisco:

a) inscrever, no livro próprio, a dívida do contribuinte inadimplente (Lei

n. 6.830/80, art. 2.º, § 3.º);

b) extrair certidão de dívida ativa (título executivo extrajudicial);

c) ajuizar a execução fiscal, como ação judicial propriamente dita.

A partir da inscrição da dívida no livro próprio, suspende-se o prazo

prescricional por 180 dias (Lei n. 6.830/80, art. 2.º, § 3.º), concedendo-se o

prazo restante para a realização das operações “b” e “c”.

O art. 40 da Lei n. 6.830/80 estabelece que, quando a execução é

iniciada, mas o contribuinte não é encontrado para citação, ou é citado, mas

não tem bens para a execução, a prescrição fica suspensa até que se faça a

citação ou encontrem-se bens para serem penhorados.

Na verdade, esse dispositivo é inconstitucional, pois pode implicar na

imprescritibilidade da dívida tributária. Na Constituição Federal,

imprescritíveis são apenas os direitos da personalidade. Porém, esse

dispositivo ainda não foi declarado inconstitucional pela via concentrada,

apenas pela via difusa (incidenter tantun).

___________________________________________________________________________ MÓDULO XV

6/6

1.3.4. Causas interruptivas do lapso prescricional (art. 174, par.

ún., do Código Tributário Nacional)

• Despacho do juiz que ordena a citação (Lei n. 6.830/80, art. 8.º, § 2.º)

– não mais se interrompe pela citação pessoal do devedor.

• Interrompe-se pelo protesto judicial: medida cautelar disciplinada no

CPC, arts. 867 a 873.

• Qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor. Exemplo: a

notificação judicial, a intimação judicial e a interpelação judicial.

• Qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe em

reconhecimento do débito pelo devedor. Exemplo: carta que o

contribuinte escreve à autoridade administrativa pedindo prazo maior

para pagamento do tributoou parcelamento.

1.4. Decadência e Prescrição das Contribuições Sociais para a

Seguridade Social

A Lei n. 8.212/91, art. 45, estabelece que a decadência do direito de

lançar tais contribuições opera-se em 10 anos, contados das mesmas hipóteses

previstas no art. 183 do Código Tributário Nacional.

A prescrição da ação de cobrança dá-se, também, em 10 anos, conforme

o art. 146 da referida lei.

Alguns autores, fundados no art. 146, inc. III, “b”, da Constituição

Federal, sustentam a inconstitucionalidade desses dispositivos, pois, prescrição

e decadência devem ser reguladas em lei complementar. Porém, essa posição é

minoritária, pois, a lei complementar dispõe apenas sobre normas gerais.

___________________________________________________________________

CURSO DO PROF. DAMÁSIO A DISTÂNCIA

MÓDULO XVI

DIREITO TRIBUTÁRIO

__________________________________________________________________

Praça Almeida Júnior, 72 – Liberdade – São Paulo – SP – CEP 01510-010Tel.: (11) 3346.4600 – Fax: (11) 3277.8834 – www.damasio.com.br

___________________________________________________________________________ MÓDULO XVI

1/8

DIREITO TRIBUTÁRIO

1. IMUNIDADES E ISENÇÕES TRIBUTÁRIAS

1.1. Distinção entre Incidência, Não-Incidência, Imunidade e

Isenção

Incidência: quando ocorre o fato imponível do tributo (fato gerador em

concreto).

Não-incidência: quando não ocorre nenhum fato ou quando ocorre um

fato tributariamente irrelevante (fato não imponível). Por vezes, porém, fatos

tributariamente irrelevantes podem tornar-se tributariamente relevantes,

bastando que o ente político o defina como fato imponível. Ex.: ter grande

fortuna – a União pode vir a criar o imposto sobre grandes fortunas, dado que a

CF/88 prevê sua competência legislativa para tanto.

Imunidade: hipótese de não-incidência tributária constitucionalmente

qualificada.

Isenção: hipótese de não-incidência tributária legalmente qualificada.

Os regimes jurídicos da imunidade e da isenção são diversos, embora o

efeito seja o mesmo, o não-pagamento de tributo.

Sustenta-se que as hipóteses de imunidade constituem cláusulas pétreas

(garantias individuais).

___________________________________________________________________________ MÓDULO XVI

2/8

1.2. Imunidades

São hipóteses de não-incidência tributária constitucionalmente

qualificada.

Desobedecer a uma situação de imunidade equivale a desobedecer a

Constituição.

Imunidade vem de imunitas, que significa guarda, proteção.

Os casos de imunidade só existem em relação a impostos – art. 150, inc.

VI, da Constituição Federal – (tributos não-vinculados). Não há imunidade a

taxas ou contribuições.

Aparente exceção (art. 5.º, inc. XXXIV, da CF/88): aparente porque o

termo taxa foi empregado em sentido leigo. É a todos assegurada,

independentemente do pagamento de taxas, a obtenção de certidões. Taxa,

neste caso, está com o sentido de emolumentos.

1.2.1. Principais hipóteses de imunidade

a) Imunidades genéricas

• Imunidade recíproca entre as pessoas políticas (decorrência do

princípio da igualdade) (art. 150, inc. VI, “a”): não há supremacia

entre pessoas políticas, pois o princípio da imunidade recíproca deriva

dos princípios federativos, da autonomia municipal, de autonomia

distrital.

___________________________________________________________________________ MÓDULO XVI

3/8

• Exceção: as pessoas políticas não são imunes a impostos quando

praticam atos empresariais. Ex.: cantina dentro de uma repartição

pública.Imunidade dos templos de qualquer culto, art. 150, inc. VI, “b”, da

Constituição Federal, desde que não sejam ofensivos à moral, aos bons

costumes ou à segurança nacional: cabe ao ente político provar que o culto

é imoral ou atentatório aos bons costumes ou segurança nacional. Há uma

tendência em favorecer os cultos e, nesse sentido, tem-se alcançado a loja

maçônica e os templos positivistas. Também são considerados imunes os

anexos do templo, ou seja, todas as coisas que viabilizam o culto (ex. casa

paroquial, abadia, seminário, convento etc.). Art. 150, § 4.º, da Constituição

Federal de 1988: a imunidade que alude a alínea “b” se limita às atividades

essenciais.

• Partidos políticos e suas fundações, os sindicatos de empregados e as

instituições assistenciais, obedecidos os requisitos apontados na Lei

(art. 150, inc. VI, “c”, da CF): essa lei é uma lei complementar (art.

146, inc. II, CF/88). O art. 14 do Código Tributário Nacional faz as

vezes do art. 146, inc. II, da Constituição Federal de 1988.

Requisitos (art. 14 do CTN):

I – não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas

rendas, a qualquer título (Redação dada pela LC n. 104, de 10.1.2001);

II – aplicarem integralmente, no país, os seus recursos na manutenção

dos seus objetivos institucionais;

III – manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros

revestidos de formalidades capazes de assegurar sua exatidão.

___________________________________________________________________________ MÓDULO XVI

4/8

Os partidos políticos são pessoas jurídicas de direito privado. A

imunidade só pode ser concedida quando o partido político está regularmente

constituído (registro no TSE).

A central sindical é imune à tributação por meio de impostos; é a

somatória dos sindicatos de empregados de uma determinada área.

• O livro, o jornal e o periódico, bem como o papel destinado à sua

impressão (art. 150, inc. VI, “d”): a Constituição quis expressar a livre

manifestação de pensamento, da cultura etc. São imunes à tributação

por meio de impostos, tenha o conteúdo que tiver.

O papel que não se destina à impressão não está imune à tributação.

Os livros raros são imunes. O livro eletrônico (CD-ROM) é abrangido

pela imunidade.

Livros que não estão imunes: livro de ata, livro de bordo, livro de ouro,

livro-diário etc., porque não se destinam à difusão de pensamentos.

Essa imunidade é objetiva e não subjetiva, ou seja, refere-se apenas ao

objeto (livro, periódico ou papel de impressão).

• Art. 150, § 2.º, da Constituição Federal de 1988: são imunes a tributos

por meio de impostos as autarquias e as fundações públicas, pois

descendem diretamente das pessoas políticas.

• Art. 150, § 3.º, da Constituição Federal de 1988: não há imunidade

quanto às atividades econômicas regidas pelo Direito Privado:

- serviços públicos em que haja pagamento de taxa ou tarifa pelo

usuário;

___________________________________________________________________________ MÓDULO XVI

5/8

- desonera o promitente comprador de imóvel de autarquia do dever

de pagar ITBI.

b) Imunidades tributárias específicas

As imunidades tributárias específicas dizem respeito a um único

imposto.

• Art. 153, § 2.º, inc. II, da Constituição Federal de 1988: IR (revogado

pela EC n. 20/98).

Há entendimento doutrinário de que este artigo é cláusula pétrea e não

poderia ter sido revogado pela Emenda Constitucional. Há quem diga,

contudo, que este artigo ainda está em vigor.

São imunes de IR os proventos de aposentadoria recebidos por maiores

de 65 anos que não tenham outra fonte de rendimentos.

É dado à lei estabelecer limites para a fruição desse benefício (lei

complementar). Autoriza uma lei complementar a regulamentar o assunto.

Essa é uma norma constitucional de eficácia contida.

Irradiam efeitos totais. Apenas uma lei complementar poderá restringir-

lhe o conteúdo. Enquanto não vier a lei, aqueles com idade superior a 65 anos

não pagarão IR.

O governo fez inserir na Lei Ordinária n. 8.383/91 o art. 10, concedendo

a isenção aos aposentados que ganham até 5 (cinco) salários mínimos.

Inexistência de outras fontes de rendimento: outras fontes de trabalho.

• Art. 153, § 3.º, inc. III, da Constituição Federal 1988: IPI:

___________________________________________________________________________ MÓDULO XVI

6/8

São imunes ao IPI as exportações de produtos industrializados.

Todos aqueles que, de alguma maneira, contribuírem para a exportação

(peças dos produtos) são também favorecidos por essa imunidade tributária

específica. Para o Poder Público, contudo, apenas o exportador imediato é

imune ao pagamento do IPI.

• Art. 153, § 4.º, da Constituição Federal de 1988: ITR:

Estão imunes ao ITR os proprietários de pequenas glebas rurais, desde

que não tenham outro imóvel e dele extraíam a sua subsistência.

A Constituição Federal de 1988 remeteu à lei complementar a tarefa de

dizer o que é pequena gleba rural.

• Art. 155, § 2.º, inc. X, da Constituição Federal de 1988: ICMS – são

várias imunidades:

- as exportações de mercadorias que forem produtos industrializados,

exceto os semi-elaborados, definidos em lei complementar. A

imunidade alcança todos os atos preliminares para a fabricação do

produto;

- art. 155, § 2.º, inc. XII, “e”, da Constituição Federal de 1988: lei

complementar poderá isentar de ICMS exportações de mercadorias

que não forem produtos industrializados;

- LC n. 87/96 (Lei Kandir), art. 37, inc. I: isenta de ICMS quaisquer

outras exportações (produtos semi-elaborados ou primários). Essa lei fere a

autonomia dos Estados, pois prejudica a tributação dos mesmos;

- as operações interestaduais com energia elétrica e petróleo

(combustíveis líquidos e gasosos resultantes de petróleo). A Lei

___________________________________________________________________________ MÓDULO XVI

7/8

Kandir (art. 3.º, II) restringiu a imunidade a operações interestaduais

para fins de comercialização ou industrialização;

- operações com ouro, quando utilizado como ativo financeiro ou

instrumento cambial;

- art. 156, inc. II, in fine, da Constituição Federal de 1988: ITBI

(SISA): não incide sobre direitos reais de garantias incidentes sobre

imóveis (hipoteca e anticrese). Hipoteca é o direito real de garantia

incidente sobre o imóvel do devedor ou de terceiro, sem transmissão

de sua posse ao credor (art. 809 do CC). Anticrese é o direito real de

garantia incidente sobre o imóvel do devedor ou de terceiro, com

transmissão de sua posse ao credor para que este perceba e receba

seus frutos, imputando-os ao débito (art. 805 do CC);

- art. 156, § 2.º, inc. I, da Constituição Federal de 1988: ITBI – não

incide sobre transmissão de imóveis de empresas para a realização

de capital e sobre transmissão de imóveis decorrentes de

incorporação, cisão, fusão ou extinção de empresas. Este dispositivo

existe para facilitar a criação, transformação ou extinção de

empresas;

- art. 184, § 5.º, da Constituição Federal de 1988: são “isentas” de

impostos federais, estaduais e municipais as transferências de

imóveis desapropriados para fins de reforma agrária. Trata-se de

imunidade, não de isenção, pois, quando a não-incidência de

impostos é constitucionalmente qualificada, tem-se a imunidade;

- art. 195, § 7.º, da Constituição Federal de 1988: são “isentas” de

contribuições sociais para a seguridade social as entidades

beneficentes que observarem os requisitos apontados na lei.

___________________________________________________________________________ MÓDULO XVI

8/8

Essas contribuições, quando pagas pelo empregador, têm natureza de

imposto; quando pagas pelo empregado, têm natureza de taxa por prestação de

serviço.

Onde está escrito isentas, deve-se ler imunes.

Essa lei só pode ser complementar, pois, nos termos do art. 146, inc. II,

só a lei complementar pode regular restrições ao poder de tributar. Faz as

vezes dessa lei o art. 14 do Código Tributário Nacional, que prevê três

requisitos para que haja aquela imunidade.

A imunidade é só ao imposto, não às obrigações acessórias que devem

ser cumpridas (ex.: declaração de renda, no caso de instituição educacional

sem fins lucrativos). Assim dispõe o art. 9.º do Código Tributário Nacional.

___________________________________________________________________

CURSO DO PROF. DAMÁSIO A DISTÂNCIA

MÓDULO XVII

DIREITO TRIBUTÁRIO

__________________________________________________________________

Praça Almeida Júnior, 72 – Liberdade – São Paulo – SP – CEP 01510-010Tel.: (11) 3346.4600 – Fax: (11) 3277.8834 – www.damasio.com.br

___________________________________________________________________________ MÓDULO XVII

1/6

DIREITO TRIBUTÁRIO

1. ISENÇÕES TRIBUTÁRIAS

Segundo o entendimento de Rubens Gomes de Souza, isenção é a

dispensa legal do pagamento do tributo, entendimento este compartilhado pela

doutrina clássica. Para outros autores, na isenção não há incidência, razão pela

qual estes definem isenção tributária como hipótese de não-incidência

legalmente qualificada.

O primeiro conceito sustenta que a obrigação tributária nasce, mas não é

exigível. O segundo conceito, que é o atual, ou seja, na isenção não há

incidência, sustenta que a obrigação nem mesmo chega a nascer. O que para a

doutrina clássica era isenção é, na verdade, remissão (causa extintiva da

obrigação tributária).

As isenções submetem-se ao princípio da legalidade; assim, só podem

ser concedidas por lei, lei lato sensu (lei ordinária, lei complementar, decreto

legislativo federal e decreto legislativo estadual ou distrital).

As isenções tributárias são normalmente concedidas por lei ordinária

proveniente da pessoa política competente para criar o tributo. De acordo com

Fernando Sains de Bujanda: “O poder de tributar e o poder de isentar são como

as duas faces da moeda”.

Decretos, em tese, não podem conceder isenções tributárias, embora

sejam usados na prática. Contra tais decretos é cabível ação popular. O Chefe

___________________________________________________________________________ MÓDULO XVII

2/6

do Executivo que baixar decretos isentivos comete crime de responsabilidade

(art. 85, inc. VII, da CF).

As isenções, quando concedidas por lei ordinária, podem alcançar as

taxas, os impostos e/ou contribuições de melhoria.

Medida provisória não pode conceder isenções, dado seu caráter precário

e a não previsão legal, assim como não pode instituir tributos, embora, na

prática, o Supremo Tribunal Federal aceite a criação de tributos por medida

provisória, desde que observados os demais princípios constitucionais

(anterioridade, igualdade etc.).

Lei complementar pode criar isenções para os tributos que foram

instituídos por lei complementar, tais como empréstimos compulsórios,

impostos residuais e contribuições do art. 195, § 4.º, da Constituição Federal.

1.1. Classificação das Isenções

As isenções classificam-se em:

� Isenções autonômicas: são as concedidas pela própria pessoa política

tributante, titular da competência de instituir e cobrar o referido

tributo; tais isenções são a regra.

� Isenções heterônomas: são as concedidas por pessoa política distinta

daquela que tributou. Na Constituição Federal, existem apenas duas

hipóteses de isenções heterônomas:

- art. 155, § 2.º, inc. XII, “e”, da CF: a União, por meio de lei

complementar, pode conceder isenções de ICMS sobre

exportações de mercadorias em geral. O art. 32, inc. I, da Lei

___________________________________________________________________________ MÓDULO XVII

3/6

Complementar n. 87/96, cuja inconstitucionalidade está sendo

questionada, isenta de ICMS todos os produtos ou mercadorias

destinadas a exportação (usurpação da competência tributária dos

estados, reduzindo suas fontes arrecadatórias);

- art. 156, § 3.º, inc. II, da CF: autoriza a União, por meio de lei

complementar, a conceder isenções de ISS sobre exportações de

serviços.

1.2. Isenções Tributárias por Tratado Internacional

O Brasil pode celebrar tratados sobre assunto tributário. Esses tratados

podem estipular isenções tributárias (para evitar a chamada bi-tributação

internacional).

Para o tratado internacional se transformar em Direito Interno e valer em

foro doméstico, é preciso que seja ratificado pelo Congresso Nacional por

meio de decreto legislativo. A rigor, a isenção não é concedida pelo tratado

internacional, mas sim pelo decreto legislativo que o ratifica.

P.: Pode o tratado internacional conceder isenção de tributo não federal ?

R.: Prevalece o entendimento de que é possível, pois, na verdade, não é a

União que está concedendo a isenção, mas sim o Estado brasileiro considerado

como um todo. Há entendimento, minoritário, em sentido contrário, como o do

Professor Roque Carrazza, com base no art. 151, inc. III, da Constituição

Federal (vedação das isenções heterônomas) – o que a União não pode fazer no

plano interno, não pode fazê-lo no âmbito internacional.

___________________________________________________________________________ MÓDULO XVII

4/6

1.3. Isenções Tributárias e o ICMS

As isenções tributárias podem ser concedidas por decreto legislativo

estadual ou distrital, no caso do Imposto de Circulação sobre Mercadorias e

Serviços (ICMS). As isenções de ICMS só podem ser concedidas por meio de

convênios interestaduais, firmados e ratificados por todos os estados e pelo

Distrito Federal.

Esses convênios deveriam ser celebrados pelo Poder Executivo

representado pelo Governador, ou um representante seu, e ratificados pelo

Poder Legislativo estadual (ou distrital). Em rigor, a isenção de ICMS não é

concedida pelo convênio estadual, mas sim pelo decreto legislativo que o

ratifica.

A Lei Complementar n. 24/75, art. 4.º, estabelece que os convênios

devem ser celebrados pelo Poder Executivo, representado pelo Secretário da

Fazenda, e devem ser ratificados pelo Poder Executivo, representado pelo

Governador, por meio de decreto. Esse decreto não é lei (é ato normativo

infralegal); portanto, fere o princípio constitucional.

1.4. Formas de Concessão das Isenções Tributárias

São as seguintes as formas de concessão das isenções tributárias:

� Com prazo certo (também chamadas transitórias): têm prazo

preestabelecido de vigência;

� Com prazo indeterminado: não têm prazo preestabelecido de

vigência.

___________________________________________________________________________ MÓDULO XVII

5/6

Ambas podem ser:

- de modo condicionado (também chamadas isenções com

encargo): para serem usufruídas dependem do preenchimento de

um requisito essencial por parte do contribuinte. São também

chamadas bilaterais ou onerosas;

- de modo incondicionado (também chamada isenções sem

encargo): não dependem do preenchimento de qualquer requisito

especial do contribuinte para concessão do benefício. São também

chamadas unilaterais ou gratuitas.

A lei que cria isenções transitórias condicionadas gera direito subjetivo

ao contribuinte. Portanto, mesmo revogada, o contribuinte continua titular do

direito conferido pela lei (direito adquirido – art. 5.º, inc. XXXVI, da CF).

As leis que revogam isenções devem obedecer ao princípio da

anterioridade.

Súmula n. 615 do Supremo Tribunal Federal: “O princípio constitucional

da anualidade (§ 29 do art. 153 da CF) não se aplica à revogação de isenção do

ICM”. Essa súmula não tem aplicação.

A lei que revoga uma isenção com prazo indeterminado deve obedecer

ao princípio da anterioridade, pois ela cria novo tributo.

As isenções são normalmente concedidas sem prazo e sem encargo.

Porém, também podem ser concedidas com prazo certo e de modo

condicionado. Ex.: os médicos que instalarem seus consultórios na periferia do

Município ficam isentos do Imposto sobre Serviços (ISS) por 10 anos.

___________________________________________________________________________ MÓDULO XVII

6/6

As Constituições de 1967 e 1969 autorizavam a União, por meio de lei

complementar, a conceder isenções de impostos estaduais ou municipais,

desde que houvesse relevante interesse nacional nesse sentido. Essas leis

complementares não foram recepcionadas pela Constituição Federal de 1988,

que só permite que a União conceda isenções de impostos estaduais e

municipais em duas espécies (ICMS e ISS de produtos ou serviços destinados

à exportação).

1.5. Isenção, Remissão e Anistia

A isenção não se confunde com a remissão nem com a anistia. Isenção é

uma hipótese de não incidência tributária legalmente qualificada. Remissão é o

perdão legal do débito tributário. Anistia é o perdão legal da multa decorrente

do ilícito fiscal.

A lei isentiva impede que o tributo nasça. A lei remissiva faz desaparecer

o tributo já nascido. A lei anistiante faz desaparecer o ilícito tributário.

A lei isentiva é lógica e cronologicamente anterior ao nascimento do

tributo. A lei remissiva é lógica e cronologicamente posterior ao nascimento

do tributo. A lei anistiante é lógica e cronologicamente posterior ao

cometimento da infração tributária.

A isenção é causa excludente do crédito tributário. A remissão é causa

extintiva do crédito tributário. A anistia é causa excludente da infração

tributária.

O Código Tributário Nacional, no art. 175, impropriamente, considera a

anistia causa excludente do crédito tributário.

___________________________________________________________________

CURSO DO PROF. DAMÁSIO A DISTÂNCIA

MÓDULO XVIII

DIREITO TRIBUTÁRIO

__________________________________________________________________

Praça Almeida Júnior, 72 – Liberdade – São Paulo – SP – CEP 01510-010Tel.: (11) 3346.4600 – Fax: (11) 3277.8834 – www.damasio.com.br

___________________________________________________________________________ MÓDULO XVIII

1/3

DIREITO TRIBUTÁRIO

1. EXECUÇÃO FISCAL (Lei n. 6.830/80)

É o meio jurídico que a Fazenda Pública tem a seu alcance para receber,

coativamente, débitos tributários vencidos e não pagos.

A relação que se estabelece entre fisco e contribuinte é de direito e não

de poder. Por isso a Fazenda Pública não pode fazer justiça pelas próprias

mãos. Daí valer-se do processo de execução.

Comete o crime de excesso de exação (art. 316, § 1.º, do CP), o agente

fiscal que emprega na cobrança tributária meio que a lei não autoriza.

A Fazenda Pública tem duas vias para a cobrança do tributo não pago:

• Amigável (cobrança administrativa).

• Judicial (ação de execução fiscal).

O processo de execução de natureza civil encontra-se unificado no CPC.

Na execução fiscal o título executivo é extrajudicial (certidão da dívida Ativa

da Fazenda Pública – CPC, art. 585, inc. VI). Essa certidão deve corresponder

aos créditos inscritos na forma da lei.

___________________________________________________________________________ MÓDULO XVIII

2/3

1.1 Função do Título da Execução Fiscal

• Materializar o crédito da Fazenda Pública.

• Materializar o dever do contribuinte de pagar a quantia líquida e certa

nele inserida.

O título (certidão da dívida ativa) forma-se de acordo com os arts. 2.º, da

Lei n. 6.830/80 e 201 do CTN.

Em razão do princípio da supremacia do interesse público, os atos da

Administração Pública gozam de auto-executoriedade.

A certidão da dívida ativa é um ato administrativo, mas não goza do

atributo da auto-executoriedade e possui como característica a executividade –

porque a certidão da dívida ativa é formada unilateralmente pela Fazenda

Pública.

A certidão da dívida ativa goza da presunção relativa de liquidez e

certeza (art. 3.º e par. ún. da Lei n. 6.830/80).

1.2. Processo de Execução Fiscal

A petição inicial deve ser instruída com a certidão da dívida ativa da

Fazenda Pública, validamente extraída de acordo com o art. 2.º da Lei n.

6.830/80.

Ao despachar a inicial, o Juiz ordena a citação do devedor, a penhora ou

arresto, o registro da penhora (ou arresto) e a avaliação desses bens. Esse

despacho de citação interrompe o prazo de prescrição.

___________________________________________________________________________ MÓDULO XVIII

3/3

O executado é citado para pagar ou nomear bens à penhora em 5 (cinco)

dias. Transcorrido esse prazo in albis, o oficial de justiça arrestará bens, tantos

quantos bastem, para saldar o débito.

Da intimação da penhora, corre o prazo de 30 (trinta) dias para oposição

dos embargos (único meio de defesa válido de que se pode valer o executado).

Neles, todas as matérias de defesa são argüíveis.

Se os embargos não forem opostos ou, sendo opostos, forem rejeitados,

os bens penhorados serão avaliados, seguindo-se sua alienação em hasta

pública, que observará sempre o rito do leilão (ainda que os bens sejam

imóveis). Alienados os bens, a Fazenda Pública será paga em moeda corrente.

Se o valor apurado não for suficiente para o pagamento da dívida, haverá outra

penhora sem nova oportunidade de oposição de embargos à execução.

Para oposição dos embargos, é necessária a garantia do juízo. Se

procedentes, somente nessa hipótese, cabe reexame necessário. A apelação é

possível, tanto para procedência quanto improcedência, tendo a Fazenda prazo

contado em dobro (art. 188 do CPC).

Se o valor da execução não superar 50 ORTNs, não se impõe o reexame

necessário, tampouco se permite a apelação, o recurso possível é o de

embargos infringentes, previsto na Lei n. 6.830/80, art. 34 – diversamente do

procedimento do CPC, é endereçado ao próprio juiz sentenciante, no prazo de

10 dias.

Os embargos de declaração e o recurso extraordinário são sempre

viáveis. Não se admite recurso especial da decisão proferida nos embargos

infringentes (da Lei de Execução Fiscal), pois a decisão não é prolatada por

tribunal (art. 105, inc. III, “a” , da CF).

___________________________________________________________________

CURSO DO PROF. DAMÁSIO A DISTÂNCIA

MÓDULO XIX

DIREITO TRIBUTÁRIO

__________________________________________________________________

Praça Almeida Júnior, 72 – Liberdade – São Paulo – SP – CEP 01510-010Tel.: (11) 3346.4600 – Fax: (11) 3277.8834 – www.damasio.com.br

___________________________________________________________________________ MÓDULO XIX

1/3

DIREITO TRIBUTÁRIO

1. GARANTIAS E PRIVILÉGIOS DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

A matéria sobre as garantias e os privilégios do crédito tributário

encontra-se regulada pelos arts. 183 a 192 do Código Tributário Nacional.

1.1. Garantias do Crédito Tributário

O art. 183 do Código Tributário Nacional estatui que a lei de cada tributo

poderá atribuir aos créditos tributários outras garantias, além das enumeradas

no próprio Código Tributário Nacional.

Respondem pelo pagamento do crédito tributário todos os bens do sujeito

passivo, incluindo-se aqueles sobre os quais pesem ônus reais e aqueles

sujeitos à cláusula de inalienabilidade e impenhorabilidade, irrelevante a data

da constituição do ônus ou da cláusula, ressalvados, menciona o Código

Tributário Nacional “... os bens e rendas que a lei declare absolutamente

impenhoráveis” (art. 184).

A alienação ou oneração de bens ou rendas do sujeito passivo em débito

com a Fazenda Pública, por crédito tributário regularmente inscrito como

dívida ativa em fase de execução, presume-se fraudulenta. Essa presunção não

se forma quando o sujeito passivo reserva, antes da alienação ou oneração,

bens ou rendas suficientes ao total do pagamento da dívida em fase de

execução (art. 185).

___________________________________________________________________________ MÓDULO XIX

2/3

1.2. Preferências do Crédito Tributário

O Código Tributário Nacional, em seu art. 186, detalha a preferência do

crédito tributário por qualquer outro, seja qual for a natureza ou o tempo da

constituição, salvo os créditos decorrentes da legislação do trabalho.

1.2.1. Cobrança judicial do crédito tributário

O crédito tributário não se sujeita a concurso de credores, nem à

habilitação em falência, mas há concurso de preferências, quando mais de uma

pessoa jurídica de direito público se apresentar como credora:

• União;

• Estados, Distrito Federal e Territórios Federais, em conjunto e por

rateio em proporção ao montante dos créditos;

• Municípios, também em conjunto e pro rata.

1.2.2. Falência, concordata, inventário e arrolamento

Nos casos de falência, os créditos tributários são considerados encargos

da massa falida, pagáveis preferencialmente a quaisquer outros. Essa

preferência se manifesta não só quanto aos créditos tributários vencidos, mas

também aos vincendos, exigíveis no curso da falência. Aplica-se a mesma

regra aos processos de concordata, de inventário ou arrolamento, bem como

aos processos de liquidação judicial ou voluntária, de sociedades comerciais.

Posição diversa defende Aliomar Baleeiro, entendendo que os créditos

___________________________________________________________________________ MÓDULO XIX

3/3

oriundos da legislação do trabalho têm preferência mesmo diante do disposto

no art. 188 do Código Tributário Nacional – o Superior Tribunal de Justiça

perfilha tal posicionamento.

Não será concedida concordata, nem declarada a extinção das obrigações

do falido, bem como não será proferida sentença de julgamento de partilha ou

adjudicação, sem que o interessado faça prova da quitação de todos os tributos

devidos.

1.2.3. Concorrência pública

Nas concorrências públicas e na celebração de contratos, o proponente

ou contratante deverá fazer prova da quitação de todos os tributos devidos à

Fazenda Pública interessada, podendo a lei estabelecer exceções a tal regra.

___________________________________________________________________

CURSO DO PROF. DAMÁSIO A DISTÂNCIA

MÓDULO XX

DIREITO TRIBUTÁRIO

__________________________________________________________________

Praça Almeida Júnior, 72 – Liberdade – São Paulo – SP – CEP 01510-010Tel.: (11) 3346.4600 – Fax: (11) 3277.8834 – www.damasio.com.br

___________________________________________________________________________ MÓDULO XX

1/4

DIREITO TRIBUTÁRIO

1. REPARTIÇÃO DAS RECEITAS TRIBUTÁRIAS

As receitas tributárias, arrecadadas pelo ente responsável, nem sempre

lhe pertencem com exclusividade. A Constituição Federal prevê, nos arts. 157

a 162, a distribuição dessas receitas. Em breve síntese, a distribuição é a

seguinte:

• art. 157 – receitas que pertencem aos Estados e ao Distrito Federal;

• art. 158 – receitas que pertencem aos Municípios;

• art. 159 , incs. I e II – distribuição do Imposto de Renda (IR) e do

Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI);

• art. 160 – vedação à retenção ou restituição dos recursos;

• parágrafo único – exceção;

• art. 161 competência da lei complementar;

• art. 162 – divulgação da arrecadação.

___________________________________________________________________________ MÓDULO XX

2/4

1.1. Participação Direta

a) Pertencem aos Estados e ao Distrito Federal

• O produto da arrecadação do IR, incidente na fonte, sobre

rendimentos pagos, a qualquer título, por eles, suas autarquias e pelas

fundações que instituírem e mantiverem (art. 157, inc. I, da CF).

• 20% do produto de arrecadação do imposto que a União instituir, no

exercício de sua competência residual (art. 157, inc. II, da CF).

• 30% do IOF sobre operações com ouro, nos termos do art. 153, § 5.º,

inc. I, da Constituição Federal.

b) Pertencem aos Municípios

• O produto da arrecadação do IR incidente na fonte, sobre

rendimentos pagos, a qualquer título, por eles, suas autarquias e pelas

fundações que instituírem e mantiverem (art. 158, inc. I, da CF).

• 50% do valor arrecadado do Imposto Territorial Rural (ITR),

relativamente aos imóveis nele situados (art. 158, inc. II, da CF).

• 50% do Imposto de Propriedade de Veículos Automotores (IPVA),

relativamente aos veículos licenciados em seus territórios (art. 158,

inc. III, da CF).

• 25% do ICMS arrecadado, creditado (valor agregado), da seguinte

maneira: ¾, no mínimo, proporcionalmente ao valor adicionado nas

___________________________________________________________________________ MÓDULO XX

3/4

operações realizadas em seus territórios, até ¼, na forma em que

dispuser a lei (art. 158, inc. IV, e par. ún., da CF).

• 70% do IOF sobre o ouro, nos termos do art. 153, § 5.o, inc. II, da

Constituição Federal.

1.2. Participação Indireta dos Estados, Distrito Federal e

Municípios

Conforme dispõe o art. 159, inc. I, da Constituição Federal, o Fundo de

Participação dos Estados (FPE) recebe 21,5% sobre a arrecadação do IR e IPI,

sendo que, para esse cálculo, exclui-se a parcela da participação direta (art.

159, § 1.º, da CF).

O Fundo de Participação dos Municípios (FPM) recebe 22,5% sobre a

arrecadação do IR e IPI, excluindo-se a parcela da participação direta.

Os programas de financiamento do setor produtivo das regiões Norte,

Nordeste e Centro-Oeste recebem 3% do IR e do IPI, excluindo-se a parcela da

participação direta. A Lei n. 7.827/89 instituiu o Fundo de Financiamento do

Norte (FNO), o FNE e o FCO.

O art. 159, inc. II, da Constituição Federal estabelece que a União

entregará 10% do produto da arrecadação do IPI aos Estados e ao Distrito

Federal, proporcionalmente ao valor das respectivas exportações de produtos

industrializados, sendo que nenhuma atividade poderá receber mais do que

20% do valor total (§ 2.º).

Desse valor, os Estados devem entregar aos municípios 25% do que

receberem, observando-se os critérios estabelecidos no art. 158, par. ún., incs. I

e II.

___________________________________________________________________________ MÓDULO XX

4/4

1.3. Vedação da Retenção dos Recursos

O art. 160 da Constituição Federal prevê a proibição da retenção, ou

qualquer restrição à entrega ou ao emprego dos recursos atribuídos aos

Estados, Distrito Federal e aos Municípios, nesses recursos compreendidos

adicionais e acréscimos relativos a impostos.

O parágrafo único ressalva a possibilidade de a União e os Estados

condicionarem a entrega dos recursos ao pagamento dos seus créditos,

inclusive de suas autarquias, bem como ao cumprimento do disposto no artigo

198, § 2.º, incs. II e III (aplicação e ações e serviços de saúde).

A falta de entrega permite o pedido de intervenção, conforme art. 10 da

Lei Complementar n. 63/90.

1.4. Observações Finais

As diversas questões acerca da repartição das receitas tributárias ficam

sob a competência de lei complementar, nos termos do art. 161 da Constituição

Federal.

O art. 162 da Constituição Federal prevê o dever dos entes públicos de

divulgar valores, repasses e quantias recebidas, até o último dia do mês

subseqüente ao da arrecadação.

___________________________________________________________________

CURSO DO PROF. DAMÁSIO A DISTÂNCIA

MÓDULO XXI

DIREITO TRIBUTÁRIOImpostos Federais

__________________________________________________________________

Praça Almeida Júnior, 72 – Liberdade – São Paulo – SP – CEP 01510-010Tel.: (11) 3346.4600 – Fax: (11) 3277.8834 – www.damasio.com.br

___________________________________________________________________________ MÓDULO XXI

1/12

DIREITO TRIBUTÁRIO

Impostos Federais

1. IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO (II)

O Imposto de Importação (II), também chamado tarifa aduaneira, está

disciplinado nos artigos 153, inc. I, § 1.º, da Constituição Federal, 19 e 22 do

Código Tributário Nacional e no Dec.-lei n. 37, de 18.11.1966.

1.1. Competência

O Imposto de Importação é de competência da União Federal, estando

diretamente ligado às relações do Brasil com outros países, razão pela qual é

desejável a uniformidade do tratamento tributário, projetando-se, no cenário

internacional, a personalidade jurídica e política da Federação como um todo, e

não de cada Estado-membro.

1.2. Contribuinte

O contribuinte do Imposto de Importação é o importador ou quem a ele a

lei equiparar (art. 22, inc. I, do CTN). É considerado importador qualquer

pessoa, jurídica ou natural, regularmente estabelecida ou não, sendo suficiente

a introdução da mercadoria no território nacional com intenção de que aqui

permaneça de forma definitiva.

___________________________________________________________________________ MÓDULO XXI

2/12

Também será considerado contribuinte do Imposto de Importação o

arrematante de produtos apreendidos ou abandonados, em leilão realizado pela

Alfândega, que poderá lançá-lo por homologação, uma vez que o contribuinte

efetue o pagamento do tributo antes da ocorrência da fiscalização, conforme

exige a lei.

1.3. Função

O Imposto de Importação é instrumento relevante da política econômica,

atuando na proteção à indústria brasileira, pois permite a essa competir no

mercado interno em condições de igualdade ou de vantagem com produtos do

exterior, aspecto que sobrepõe sua relevância como fonte de arrecadação para

o Tesouro. Predomina, portanto, sua função extrafiscal.

1.4. Fato Gerador

De acordo com o art. 19 do Código Tributário Nacional, o fato gerador

do Imposto de Importação é a entrada de produto estrangeiro no território

nacional.

A mercadoria nacional ou nacionalizada exportada, que retorna ao País

(a exemplo de peças que são exportadas e posteriormente importadas

novamente ao Brasil), será considerada, para fins de incidência do imposto,

como estrangeira, estando, portanto, sujeita ao Imposto de Importação, exceto

quando ocorrer uma das hipóteses do art. 1.º, § 1.º, do Dec.-lei n. 37/66,

alterado pelo Dec.-lei n.2.472/88, ou seja:

• enviada em consignação e não for vendida no prazo autorizado;

___________________________________________________________________________ MÓDULO XXI

3/12

• devolvida por motivo de reparo técnico, para conserto ou

substituição;

• devolvida por motivo de modificação na sistemática de importação

por parte do País importador;

• devolvida por motivo de guerra, calamidade pública ou outros fatores

alheios à vontade do exportador.

Tal fato gerador ocorre na data da entrada dos produtos estrangeiros no

território nacional. Se houver alteração da alíquota no período de tempo entre a

obtenção de guia de importação e o desembaraço aduaneiro ou efetivo

desembarque, caberá solucionar a questão de qual a alíquota aplicável, se a

maior, ou a menor. Ocorrendo a redução de alíquota, é justo que o imposto seja

pago com base na alíquota menor. Ocorrendo aumento, devem ser respeitadas

as situações jurídicas já constituídas.

Não basta a entrada física, já que, para a incidência do imposto de

importação, os produtos devem ser destinados ao Brasil.

1.5. Base de Cálculo

Estabelece o art. 20 do Código Tributário Nacional que a base de cálculo

do imposto de importação será:

• expressa na unidade de medida adotada pela lei tributária, quando se

trata de alíquota específica;

___________________________________________________________________________ MÓDULO XXI

4/12

• o preço normal de venda que o produto, ou seu similar, alcançaria, ao

tempo de importação, em condições de livre concorrência, para

entrega no lugar de entrada no País;

• o preço de arrematação, no caso de produto levado a leilão, por

motivo de apreensão ou abandono.

Aplicam-se dois tipos de alíquotas: a específica e a ad valorem.

1.6. Considerações Especiais

O referido imposto não está sujeito ao princípio da anterioridade da lei

porque nele há a predominância de sua função extrafiscal, podendo sofrer

aumento durante o mesmo exercício financeiro. Além disso, o mencionado

tributo também é considerado como uma exceção ao princípio da legalidade,

pois a Constituição Federal/88, em seu art. 153, § 1.º, autoriza a alteração de

suas alíquotas (somente), dentro dos parâmetros legais, por intermédio de um

decreto do Poder Executivo.

Caberá a restituição do Imposto de Importação sempre que esse for pago

em excesso, por motivo de erro de cálculo ou erro de aplicação da alíquota, ou

se houver dano, extravio ou perda do produto.

___________________________________________________________________________ MÓDULO XXI

5/12

2. IMPOSTO DE EXPORTAÇÃO (IE)

O Imposto de Exportação (IE) está disciplinado no artigo 153, inc. II, da

Constituição Federal e nos arts. 23 a 28 do Código Tributário Nacional.

2.1. Competência

De acordo com o art. 153, inc. II, da Constituição Federal, compete à

União instituir e cobrar impostos sobre “exportação, para o exterior, de

produtos nacionais ou nacionalizados”.

2.2. Função

O Imposto de Exportação tem função predominantemente extrafiscal;

portanto, a ele não se emprega o princípio da anterioridade (art. 150, § 1.º, da

CF), e o princípio da legalidade se mostra atingido pelo artigo 153, § 1.º, da

Constituição Federal. Tal fato se dá por ser o Imposto de Exportação

instrumento da política econômica, fonte de recursos financeiros para o

Estado.

Estabelece o art. 28 do Código Tributário Nacional que “a receita líquida

do imposto destina-se à formação de reservas monetárias na forma da lei”, em

face de o Imposto de Exportação ter função ligada à política econômica

relacionada com o comércio internacional.

___________________________________________________________________________ MÓDULO XXI

6/12

2.3. Fato Gerador

O fato gerador do Imposto de Exportação é a saída, do território

nacional, de produto nacional ou nacionalizado, indicado em lista aprovada

pelo Poder Executivo ( art. 23 do CTN e art. 1.º, § 3.º, do Dec.-lei n. 1.578/77).

Considera-se ocorrido o fato gerador no momento da expedição da guia

de exportação ou de documento equivalente.

2.4. Alíquotas

Existem duas espécies de alíquotas no imposto de exportação:

• Alíquota específica: expressa por uma quantia determinada, em

função da unidade de quantificação dos bens exportados. Assim, diz-

se que o imposto corresponderá a tantos reais por cada metro, ou

quilometro, ou outra unidade qualquer de medida do produto.

• Alíquota ad valorem: indicada em porcentagem a ser calculada sobre

o valor do bem.

O Imposto de Exportação é exceção ao princípio da legalidade estrita,

conforme estabelece o art. 26 do Código Tributário Nacional, autorizando o

Poder Executivo, por meio de decreto e nos limites fixados em lei, a alterar as

alíquotas do imposto, a fim de ajustá-lo aos objetivos da política cambial e do

comércio exterior.

___________________________________________________________________________ MÓDULO XXI

7/12

2.5. Base de Cálculo

Conforme estabelece o art. 24 do Código Tributário Nacional, é base de

cálculo do Imposto de Exportação:

• a unidade de medida adotada pela lei, quando se trata de produto

sujeito a alíquota específica;

• o preço normal que o produto alcançaria, ao tempo da exportação,

quando se tratar de produto sujeito a alíquota ad valorem.

Ao Conselho Monetário Nacional compete a expedição de normas

sobre a determinação de base de cálculo do imposto e a fixação dos critérios

específicos. Compete-lhe também estabelecer pauta de valor mínimo, para os

casos nos quais o preço do produto for de difícil apuração, ou suscetível de

oscilações bruscas no mercado internacional.

2.6. Contribuinte

Segundo o art. 27 do Código Tributário Nacional contribuinte desse

imposto é o exportador ou quem a lei a ele equiparar.

Exportador, por sua vez, é aquele que remete a mercadoria, a qualquer

título, para o exterior, ou a leva consigo, não sendo necessário que seja

empresário, já que a exportação, como fato gerador do imposto em causa, pode

ser eventual e sem intuito de lucro. Porém, de um modo geral, exportador é um

empresário que habitualmente realiza as operações de exportação profissional.

___________________________________________________________________________ MÓDULO XXI

8/12

2.7. Lançamento

O lançamento do Imposto de Exportação é feito, geralmente, mediante

declaração prestada pelo exportador. A autoridade da Administração Tributária

poderá recusar qualquer dos elementos dessa declaração.

2.8. Considerações Especiais

A utilização do Imposto de Exportação é eventual, ficando sua

incidência sob dependência de certas situações ocasionais, ligadas à conjuntura

econômica.

3. IMPOSTO SOBRE A RENDA (IR) E PROVENTOS DE QUALQUER

NATUREZA

O Imposto sobre a Renda (IR) e proventos de qualquer natureza está

disposto no artigo 153, inc. III, da Constituição Federal, e nos arts. 43 a 45 do

Código Tributário Nacional.

A competência para criar o imposto é da União e, de acordo com o § 2.º

do artigo 153 da Constituição Federal, esse tributo será exigido conforme os

critérios de generalidade, universalidade e progressividade. Em outras

palavras, a legislação e os atos do Executivo referentes ao tema devem cuidar

___________________________________________________________________________ MÓDULO XXI

9/12

para que o tributo seja cobrado sem distinções subjetivas. Cumprindo também

o princípio constitucional da igualdade, o mencionado imposto deverá,

obrigatoriamente, possuir alíquotas progressivas.

3.1. Fato Gerador

O Código Tributário Nacional estatui, em seu artigo 43, que o fato

gerador do Imposto de Renda vem a ser a disponibilidade econômica

(recebimento efetivo de acréscimo pecuniário) ou jurídica (registro contábil de

crédito de valor a favor do contribuinte) de:

I – renda – fruto do trabalho, do capital, ou da combinação de ambos;

II – proventos de qualquer natureza (acréscimo patrimoniais não

abrangidos no conceito acima).

“§ 2.º Na hipótese de receita ou de rendimento oriundos do exterior, a

lei estabelecerá as condições e o momento em que se dará sua disponibilidade,

para fins de incidência do imposto referido neste artigo.”

Dessa forma, o Código Tributário Nacional acabou por incluir quaisquer

tipos de aumento do patrimônio da pessoa física ou jurídica como fato gerador

do Imposto de Renda. É justamente esse incremento que constituirá a base de

cálculo do imposto.

3.2. Base de Cálculo

A base de cálculo poderá ser apurada de três formas (art. 44 do CTN)

sobre o lucro:

___________________________________________________________________________ MÓDULO XXI

10/12

• Real: para pessoas físicas, determinando-se pelo somatório de todos

os rendimentos anuais (salários, aplicações financeiras, ganhos na

alienação de bens etc.). Para pessoas jurídicas, o regime de apuração

pode ser traduzido como o lucro contábil (receitas – descontadas as

despesas do exercício), ajustado por adições, exclusões ou

compensações prescritas ou autorizadas pela legislação tributária (art.

6.º do Dec.-lei n. 1.598/77).

• Arbitrado: se não houver meios de apuração do lucro real, por

ausência de escritura comercial e fiscal, ou por recusa na

apresentação de livros e documentos, a autoridade fazendária poderá

estipular (de acordo com critérios razoáveis, por exemplo, a média

histórica do lucro da empresa) o lucro a ser tributado. Trata-se, pois,

de medida que visa proteger o Fisco e evitar fraudes.

• Presumido: utilizada pelas firmas individuais e pessoas jurídicas cuja

renda anual não ultrapasse os lindes legais. Distingue-se do lucro real

por não haver a tributação sobre o efetivo acréscimo patrimonial, mas

sim sobre um lucro presumido.

3.3. Recolhimentos

Apesar de ser tributo de apuração anual (podendo ser também trimestral

para empresas), tanto pessoas físicas como jurídicas estão obrigadas a fazer

antecipações mensais. Para pessoas físicas, aplica-se a tabela progressiva da

Lei n. 9.250/95, alterada pela Lei n. 9.532/97.

___________________________________________________________________________ MÓDULO XXI

11/12

Base de Cálculo

(R$)

Alíquota

(%)

Parcela a Deduzir

900,00 0 0

1.800,00 15 R$ 135,00

Acima de 1.800,00 27,5 R$ 360,00

Para pessoas jurídicas, a alíquota do imposto de renda é de 15%. Se a

base de cálculo mensal exceder R$ 20.000,00, há a incidência de adicional de

10% sobre a diferença, nos termos da Lei n. 9.718/98. Em ambos os casos,

portanto, nota-se cumprida a progressividade requerida pela Constituição

Federal.

No fim do exercício fiscal, a tabela para pessoas físicas é:

Base de Cálculo

(R$)

Alíquota

(%)

Parcela a Deduzir

10.800,00 0 0

21.600,00 15 R$ 1.620,00

Acima de 21.600,00 27,5 R$ 360,00

Para pessoas jurídicas optantes pelo regime anual, a alíquota é de 15%,

mais adicional de 10% sobre o que exceder a R$ 240.000,00.

___________________________________________________________________________ MÓDULO XXI

12/12

Na Declaração de Ajuste, havendo saldo devedor (total das antecipações

é inferior ao devido), deverá ocorrer recolhimento suplementar. Se, por

situação inversa, o saldo for credor, a pessoa física receberá a restituição

corrigida pela taxa Selic e a pessoa jurídica poderá contabilmente compensar o

crédito que possui nas antecipações do exercício seguinte, também com

atualização da Selic.

3.4. Lançamento

O lançamento do Imposto sobre a Renda decorre da declaração que o

contribuinte fornece ao Fisco sobre o fato gerador do tributo.

Em face dessa determinação, pergunta-se: haveria lançamento por

declaração ( art. 147 do CTN) ou por homologação ( art. 150 do CTN)?

Resposta: Essa questão é controversa na doutrina e na jurisprudência,

porquanto influi no termo inicial da contagem do prazo decadencial. Pode-se

afirmar, no entanto, que a corrente mais forte manifesta-se a favor do art. 150

do Código Tributário Nacional (lançamento por homologação).

___________________________________________________________________

CURSO DO PROF. DAMÁSIO A DISTÂNCIA

MÓDULO XXII

DIREITO TRIBUTÁRIO Impostos Federais

__________________________________________________________________

Praça Almeida Júnior, 72 – Liberdade – São Paulo – SP – CEP 01510-010Tel.: (11) 3346.4600 – Fax: (11) 3277.8834 – www.damasio.com.br

___________________________________________________________________________ MÓDULO XXII

1/14

DIREITO TRIBUTÁRIO

Impostos Federais

1. IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS (IPI)

O Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) está previsto no artigo

153, inciso IV, da Constituição Federal, e nos artigos 46 a 51 do Código

Tributário Nacional.

1.1. Competência

O Imposto sobre Produtos Industrializados é de competência exclusiva

da União.

1.2. Conceito

Considera-se produto industrializado o produto que tenha sido

modificado para o consumo (artigo 46, par. ún., do CTN). A industrialização

consiste em transformação, beneficiamento, montagem, acondicionamento ou

renovação.

• Transformação: é a operação, exercida sobre a matéria-prima ou

produto intermediário, que importe obtenção de um novo produto.

___________________________________________________________________________ MÓDULO XXII

2/14

• Beneficiamento: é a operação de modificação, aperfeiçoamento,

alteração de funcionamento ou aparência do produto; exemplo:

usinagem de peças.

• Montagem: é a operação que reúne produtos, peças ou partes que

resultam em um novo produto; exemplo: automóveis.

• Acondicionamento ou reacondicionamento: é a operação que altera a

apresentação do produto pela colocação de embalagem, ainda que em

substituição da original, salvo quando essa embalagem se destine ao

transporte da mercadoria; exemplo: engarrafamento de bebida.

• Renovação ou recondicionamento: é a operação exercida sobre o

produto usado, deteriorado ou inutilizado, e que o renova ou o

restaura para utilização; exemplo: retífica de motores.

1.3. Fato Gerador

O fato gerador do Imposto sobre Produtos Industrializados caracteriza-se

pelo:

• Desembaraço aduaneiro do produto estrangeiro. Havendo perda do

produto antes do desembaraço, o fato gerador não se caracterizará.

• Saída do produto industrializado do estabelecimento do importador, do

industrial, do comerciante ou do arrematante.

• Arrematação dos produtos importados apreendidos, abandonados e

levados à leilão (artigo 46, inciso III, do CTN).

___________________________________________________________________________ MÓDULO XXII

3/14

1.4. Princípio da Seletividade

O Imposto sobre Produtos Industrializados deve possuir uma alíquota

maior ou menor, conforme a essencialidade do produto. O produto de primeira

necessidade deve ter baixa tributação e o produto menos essencial deve receber

tributação mais elevada.

1.5. Princípio da Não-cumulatividade

O Imposto sobre Produtos Industrializados, pago numa operação, deve

ser deduzido do Imposto sobre Produtos Industrializados, a ser pago na

operação seguinte, ou na passagem da mercadoria de uma empresa para a

outra.

Na contabilidade, o Imposto sobre Produtos Industrializados que foi

pago anteriormente, pelos fornecedores, figura como crédito. E o Imposto

sobre Produtos Industrializados que foi pago na saída do produto final figura

como débito. Haverá imposto a ser recolhido no período, quando o débito for

maior que os créditos.

1.6. Princípio da Anterioridade

O Imposto sobre Produtos Industrializados é uma exceção ao princípio

da anterioridade (artigo 150, § 1.º, da CF), ou seja, a lei que institui ou

aumenta o referido imposto pode ser exigida imediatamente após sua

publicação.

___________________________________________________________________________ MÓDULO XXII

4/14

1.7. Princípio da Legalidade

O Imposto sobre Produtos Industrializados também é uma exceção ao

princípio da legalidade, pois é permitido à União aumentar ou reduzir sua

alíquota por meio de decreto do Executivo, nos limites fixados em lei (artigo

153, § 1.º, da CF).

Cumpre ainda observar que, em razão de terem predominante função

extrafiscal, também podem ter suas alíquotas alteradas por decreto os seguintes

impostos da União: Imposto sobre Importação; Imposto sobre Exportação e o

Imposto sobre Operações financeiras.

Em síntese, o Imposto sobre Produtos Industrializados não fere os

princípios da anterioridade e da legalidade, pois esse é um imposto ordenatório

da economia do País, porque dotado de extrafiscalidade.

1.8. Não-incidência na Exportação

Não incide Imposto sobre Produtos Industrializados nos produtos

destinados ao exterior (artigo 153, § 3.º, inciso III, da CF). Tecnicamente,

trata-se de imunidade, uma vez que tal dispensa é concedida pela própria

Constituição Federal.

1.9. Base de Cálculo

A base de cálculo do Imposto sobre Produtos Industrializados pode ser: o

valor do produto importado mais o imposto de importação e os encargos

aduneiros e cambiais; o valor da saída do estabelecimento importador; o valor

___________________________________________________________________________ MÓDULO XXII

5/14

do produto industrializado; o valor da mercadoria ou de mercadoria similar,

quando tratar-se de produto nacional; o valor da arrematação em leilão.

1.10. Alíquota

A alíquota consta em uma tabela própria e pode ser estabelecida por

decreto do Poder Executivo, conforme acima explicitado.

2. IMPOSTO SOBRE MOVIMENTAÇÕES FINANCEIRAS (IOF)

2.1. Competência e função Tributárias

Nos termos da Constituição Federal, do Código Tributário Nacional, da

Lei n. 5.143/66 e do Decreto-lei n. 1.783/80, o imposto é de competência da

União, e seus recursos destinam-se à formação de reservas monetárias,

aplicáveis em conformidade com a legislação específica.

2.2. Delegação de Competência

Atualmente, conforme disposto no artigo 3.º do Decreto-lei n. 2.471, de

1.9.1988, ratificado pelo artigo 48 do Decreto-lei n. 2.219/97, é da Secretaria

da Receita Federal a competência para administrar o tributo – incluindo as

atividades de arrecadação, tributação, fiscalização e de orientação às

instituições responsáveis por sua cobrança e recolhimento – e para aplicar as

penalidades cabíveis.

___________________________________________________________________________ MÓDULO XXII

6/14

2.3. Espécies do Imposto sobre movimentações financeiras

2.3.1. Imposto sobre operações de crédito

a) Imposto sobre operações de crédito realizadas por instituições

financeiras

Entende-se por operação de crédito o empréstimo de recursos

financeiros, assim considerado o fato econômico da cessão de dinheiro,

geralmente a título oneroso, restituível a prazo certo.

São modalidades do imposto sobre operações de crédito, realizado por

instituições financeiras; os empréstimos financeiros e títulos descontados.

O fato gerador é a entrega do montante ou do valor que constitua o

objeto da obrigação, ou a sua colocação à disposição do interessado.

A base de cálculo é o montante da obrigação, compreendendo o crédito

principal e os juros.

Os contribuintes são as pessoas físicas ou jurídicas, tomadoras de

crédito.

As instituições financeiras são responsáveis pela cobrança e pelo seu

recolhimento ao Tesouro Nacional.

b) Imposto sobre operações de crédito realizadas por empresas de

"factoring"

A atividade dessas empresas consiste, basicamente, na prestação

cumulativa e contínua de serviços de assessoria creditícia, mercadológica,

___________________________________________________________________________ MÓDULO XXII

7/14

gestão de crédito, seleção de riscos, administração de contas a pagar e a

receber, compra de direitos creditórios, resultantes de vendas mercantis a prazo

ou de prestação de serviços ( artigo 15, § 1.º, inciso III, da Lei n. 9.249/95).

O fato gerador é a entrega – ou colocação à disposição do alienante – do

montante ou do valor que constitua o objeto da obrigação.

Os contribuintes são as pessoas jurídicas ou físicas que alienarem, à

empresa de factoring, os direitos creditórios resultantes de vendas a prazo.

Responsáveis, pela cobrança e pelo recolhimento ao Tesouro Nacional,

são as empresas de factoring adquirentes dos direitos creditórios.

2.3.2. Imposto sobre operações de câmbio

Entende-se por operação de câmbio, a troca da moeda de um País pela

moeda de outro (compra, venda e arbitragens de valor).

O fato gerador é a entrega – ou colocação à disposição do interessado –

de moeda nacional ou estrangeira, ou de documento que a represente.

A base de cálculo é o respectivo montante em moeda nacional, recebido

e entregue, ou posto à disposição.

Os contribuintes são os compradores e vendedores.

Os responsáveis pela cobrança e pelo recolhimento ao Tesouro Nacional,

são as empresas autorizadas a operar em câmbio.

___________________________________________________________________________ MÓDULO XXII

8/14

2.3.3. Imposto sobre operações de seguro

Entende-se por operação de seguro o contrato (apólice) entre uma

empresa (seguradora) e uma pessoa física ou jurídica (segurado) pelo qual a

primeira se obriga, mediante a cobrança de uma certa quantia (prêmio), a pagar

à segunda uma determinada importância (indenização) para compensar perdas

e danos decorrentes de eventualidades tais como acidentes, incêndios,

inundações, roubos (sinistros).

O fato gerador é o recebimento do prêmio.

A base de cálculo é o montante do prêmio.

Os contribuintes são as pessoas físicas e jurídicas seguradas.

Os responsáveis, pela cobrança e recolhimento ao Tesouro Nacional, são

as companhias seguradoras ou as instituições financeiras encarregadas da

cobrança dos prêmios.

2.3.4. Imposto sobre operações relativas a títulos e valores

mobiliários

a) Imposto sobre operações financeiras sobre títulos, valores mobiliários

e aplicações financeiras de renda fixa ou variável

Genericamente define-se título como sendo o documento que certifica a

propriedade de um bem ou que comprova o direito de seu detentor de receber

determinado valor em data preestabelecida. Quando se referem a bens ou

direitos móveis, são denominados valores mobiliários, ou simplesmente títulos,

ou ainda, títulos de crédito.

___________________________________________________________________________ MÓDULO XXII

9/14

O fato gerador é a aquisição, cessão, resgate, repactuação ou pagamento

para liquidação de títulos, ou ainda, títulos de crédito.

A base de cálculo pode ser:

• na emissão, o valor nominal mais o ágio, se houver;

• na transmissão, o preço ou valor nominal, ou o valor da cotação em

Bolsa, como determinar a lei;

• no pagamento ou resgate, o preço.

Os contribuintes são os adquirentes de títulos ou valores mobiliários e os

titulares de aplicações financeiras.

Os responsáveis pela cobrança e pelo recolhimento ao Tesouro Nacional

são as instituições financeiras e demais instituições autorizadas pelo Banco

Central: Bolsa de Valores, de Mercadorias, de Futuros e assemelhados, e ainda

a instituição que liquidar a operação perante o beneficiário final.

b) Imposto sobre operação financeira sobre operações de pagamento para

a liquidação do resgate ou da cessão de títulos, valores mobiliários e

aplicações financeiras de renda fixa

Genericamente define-se título como o documento que certifica a

propriedade de um bem ou que comprova o direito de seu detentor de receber

determinado valor em data preestabelecida. Quando se referem a bens ou

direitos móveis, são denominados valores mobiliários, ou simplesmente títulos,

ou, ainda, títulos de crédito.

___________________________________________________________________________ MÓDULO XXII

10/14

O fato gerador é o pagamento para a liquidação do resgate, cessão,

repactuação de títulos e valores mobiliários.

Os contribuintes são as instituições financeiras e demais instituições

autorizadas pelo Banco Central, que liquidarem mencionadas operações. Os

responsáveis pela cobrança e seu recolhimento ao Tesouro Nacional são os

próprios contribuintes.

2.3.5. Imposto sobre operações com ouro, ativo financeiro ou

instrumento cambial

O ouro será considerado ativo financeiro ou instrumento cambial – desde

a sua extração e em qualquer estado de pureza, bruto ou refinado – quando

destinado ao mercado financeiro ou à execução da política cambial do País, em

operações realizadas com a interveniência de instituições integrantes do

Sistema Financeiro Nacional, na forma e condições autorizadas pelo Banco

Central (artigo 1.º da Lei n. 7.766, de 11.5.1989).

O fato gerador do imposto sobre operações com ouro, ativo financeiro ou

instrumento cambial é:

• se o ouro for oriundo de município brasileiro: a primeira aquisição

do ouro, efetuada por instituição autorizada pelo Banco Central;

• se o ouro for oriundo do exterior: o desembaraço aduaneiro.

A base de cálculo é o preço de aquisição do ouro.

O contribuinte é a instituição financeira, autorizada pelo Banco Central,

que efetuar a primeira aquisição.

___________________________________________________________________________ MÓDULO XXII

11/14

Os responsáveis pelo recolhimento são os próprios contribuintes.

3. IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL

(ITR)

3.1. Competência Tributária

É competente a União Federal para a instituição deste tributo.

3.2. Capacidade Tributária

Compete à Secretaria da Receita Federal (SRF) a administração do

Imposto Territorial Rural (ITR), como é comumente conhecido, incluídas as

atividades de arrecadação, tributação e fiscalização.

3.3. Fato Gerador

O fato gerador é a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel por

natureza, localizado fora da zona urbana do Município, em 1.º de janeiro de

cada ano.

3.4. Base de Cálculo

Base de cálculo é o Valor da Terra Nua tributável (VTNt),

___________________________________________________________________________ MÓDULO XXII

12/14

correspondente ao imóvel. Para o Cálculo do valor da terra nua tributável,

utiliza-se a seguinte fórmula:

VTNt = VTN x Área Tributável

Área Total

Valor da Terra Nua (VTN) é o valor do imóvel, excluídos os valores

relativos a construções, instalações, benfeitorias, culturas permanentes ou

temporárias, pastagens cultivadas e melhoradas e florestas plantadas. O valor

da terra nua é, portanto, composto do valor do solo acrescentado do valor de

matas nativas, florestas naturais e pastagens naturais.

O valor da terra nua refletirá o preço de mercado de terras, apurado em

1.º de janeiro do ano a que se referir a declaração do ImpostoTerritorial Rural.

Área tributável é igual à área total acrescida da área de interesse

ambiental de preservação permanente ou de utilização limitada.

3.5. Alíquota

O valor do imposto será apurado, aplicando-se sobre o Valor da Terra

Nua tributável (VTNt) à alíquota correspondente, considerados a área total do

imóvel e o Grau de Utilização (GU).

O Grau de Utilização é a relação percentual entre área utilizada pela

atividade rural e a área aproveitável do imóvel.

Área aproveitável é aquela área passível de exploração agrícola,

___________________________________________________________________________ MÓDULO XXII

13/14

pecuária, granjeira, aqüícola e florestal; é a área total do imóvel, excluídas as

de interesse ambiental de preservação permanente, de interesse ambiental de

utilização limitada e as ocupadas com benfeitorias destinadas à atividade rural.

Área utilizada pela atividade rural é a porção da área aproveitável do

imóvel que, no ano anterior ao da entrega da Declaração do Imposto

Territorial Rural, tenha sido: plantada com produtos vegetais; servido de

pastagem, nativa ou plantada; objeto de exploração extrativa, observados os

índices de rendimento por produto e a legislação ambiental; objeto de

exploração granjeira ou aqüícola; objeto de implantação de projeto técnico;

tenha sido afetada por ocorrência de calamidade pública de que resultou

frustração de safras ou destruição de pastagens; ou, ainda, tenha sido

destinada à execução de atividades de pesquisa e experimentação que

objetivem o avanço tecnológico da agricultura. Segue tabela:

Grau de Utilização (GU em %)Área total do imóvel (em

hectares)Maior

que 80

Maior

que 65

até 80

Maior que

50 até 65

Maior

que 30

até 50

Até 30

Até 50 0,03 0,20 0,40 0,70 1,00

Maior que 50 até 200 0,07 0,40 0,80 1,40 2,00

Maior que 200 até 500 0,10 0,60 1,30 2,30 3,30

Maior que 500 até 1.000 0,15 0,85 1,90 3,30 4,70

Maior que 1.000 até 5.000 0,30 1,60 3,40 6,00 8,60

Acima de 5.000 0,45 3,00 6,40 12,00 20,00

___________________________________________________________________________ MÓDULO XXII

14/14

3.6. Lançamento

O lançamento é anual. A apuração e o pagamento do Imposto Territorial

Rural serão efetuados pelo contribuinte, independentemente de prévio

procedimento da administração tributária, nos prazos e nas condições

estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, sujeitando-se à homologação

posterior.

3.7. Declaração do Imposto Territorial Rural

A Declaração do Imposto Territorial Rural é composta por dois

documentos:

• Documento de Informação e Atualização Cadastral (DIAC), destinado à

coleta de informações cadastrais do imóvel e de seu titular;

• Documento de Informação e Apuração do Imposto Territorial Rural

(DIAT), destinado à apuração do imposto.

A data e as condições de entrega da Declaração do Imposto Territorial

Rural são fixadas anualmente pela Secretaria da Receita Federal.

___________________________________________________________________

CURSO DO PROF. DAMÁSIO A DISTÂNCIA

MÓDULO XXIII

DIREITO TRIBUTÁRIO Impostos Estaduais e Distritais

__________________________________________________________________

Praça Almeida Júnior, 72 – Liberdade – São Paulo – SP – CEP 01510-010Tel.: (11) 3346.4600 – Fax: (11) 3277.8834 – www.damasio.com.br

___________________________________________________________________________ MÓDULO XXIII

1/11

DIREITO TRIBUTÁRIO

Impostos Estaduais e Distritais

1. IMPOSTO SOBRE TRANSMISSÃO CAUSA MORTIS E DOAÇÃO,

DE QUAISQUER BENS OU DIREITOS

O Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação de Quaisquer

Bens ou Direitos está previsto no artigo 155, inciso I, da Constituição Federal,

e nos artigos 35 a 42 do Código Tributário Nacional.

Atualmente, o referido imposto encontra-se regulado pela Lei n. 10.705,

de 28.12.2000.

1.1. Competência

Compete aos Estados e ao Distrito Federal (art. 155, inc. I, da CF).

1.2. Função

A função do imposto sobre heranças e doações é fiscal, ou seja, tem

como finalidade gerar recursos financeiros para os Estados e para o Distrito

Federal.

___________________________________________________________________________ MÓDULO XXIII

2/11

1.3. Incidência

O imposto incidirá sobre a transmissão de qualquer bem ou direito

havido:

• por sucessão legítima ou testamentária, inclusive a sucessão

provisória;

• por doação.

Ocorrerão tantos fatos geradores distintos quantos forem os herdeiros,

legatários ou donatários.

Também sujeita-se ao imposto, a transmissão de:

• qualquer título ou direito representativo do patrimônio ou capital de

sociedade e companhia, tais como ação, quota, quinhão, participação

civil ou comercial, nacional ou estrangeira, bem como direito

societário, debênture, dividendo e crédito de qualquer natureza;

• dinheiro, haver monetário em moeda nacional ou estrangeira e título

que o represente, depósito bancário e crédito em conta corrente,

depósito em caderneta de poupança e a prazo fixo, quotas ou

participações em fundo mútuo de ações, de renda fixa, de curto

prazo, e qualquer outra aplicação financeira e de risco, seja qual for o

prazo e a forma de garantia;

• bem incorpóreo em geral, inclusive título e crédito que o represente,

qualquer direito ou ação que tenha de ser exercido, e direitos autorais.

___________________________________________________________________________ MÓDULO XXIII

3/11

1.4. Base de Cálculo

A base de cálculo é o valor venal do bem ou direito transmitido, expresso

em moeda corrente nacional ou em Unidades Fiscais do Estado de São

Paulo(Ufesps). Considera-se valor venal o valor de mercado, do bem ou

direito, na data da abertura da sucessão ou da realização do ato ou contrato de

doação.

A base de cálculo é equivalente a:

• 1/3 do valor do bem, na transmissão não onerosa do domínio útil;

• 2/3 do valor do bem, na transmissão não onerosa do domínio direto;

• 1/3 do valor do bem, na instituição do usufruto, por ato não oneroso;

• 2/3 do valor do bem, na transmissão não onerosa da propriedade nua.

No caso de bem móvel ou direito, a base de cálculo é o valor corrente de

mercado do bem, título, crédito ou direito, na data da transmissão ou do ato

translativo.

1.5. Alíquota

O cálculo do Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação de

Quaisquer Bens ou Direitos será efetuado mediante a aplicação dos

porcentuais sobre a correspondente parcela do valor da base de cálculo

convertida em Unidades Fiscais do Estado de São Paulo, na seguinte

progressão: até 12.000 (doze mil) Unidades Fiscais do Estado de São Paulo,

2,5% ; acima desse limite, 4%.

___________________________________________________________________________ MÓDULO XXIII

4/11

O imposto devido é resultante da soma total da quantidade apurada na

respectiva operação de aplicação dos porcentuais sobre cada uma das parcelas

em que vier a ser decomposta a base de cálculo.

1.6. Lançamento

O lançamento é feito, em princípio, por declaração, pois o contribuinte

oferece ao Fisco os elementos necessários ao respectivo cálculo, para,

posteriormente à sua homologação, efetuar o pagamento do respectivo tributo.

2. IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES RELATIVAS À CIRCULAÇÃO

DE MERCADORIAS E SOBRE PRESTAÇÕES DE SERVIÇOS DE

TRANSPORTE INTERESTADUAL E INTERMUNICIPAL E DE

COMUNICAÇÃO, AINDA QUE AS OPERAÇÕES E AS

PRESTAÇÕES SE INICIEM NO EXTERIOR (ICMS)

2.1. Legislação

O imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre

prestação de serviços de transporte interestadual e intermunicipal, e de

comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior

(ICMS), está disciplinado:

• Na Constituição Federal, principalmente em seu artigo 155, inciso II,

e §§ 2.º (com seus 12 incisos) e 3.º. Relevante o entendimento das

normas constitucionais referentes ao Imposto sobre Circulação de

___________________________________________________________________________ MÓDULO XXIII

5/11

Mercadorias e Serviços (ICMS), porquanto todas as normas

infraconstitucionais tributárias devem ser interpretadas no sentido

mais congruente possível com a Constituição. Em relação ao Imposto

sobre Circulação de Mercadorias e Serviços , segundo Roque Antônio

Carraza, o constituinte foi minucioso ao extremo, dedicando,

especificamente a esse imposto, um grande número de artigos,

incisos, parágrafos etc.

• Na Lei Complementar n. 87/96, que estabelece normas gerais sobre o

Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços, a serem

observadas por todos os Estados e pelo Distrito Federal.

2.2. Importância do ICMS

O ICMS representa o imposto economicamente mais importante, pois

envolve maiores quantias. Nesse sentido, possui função eminentemente fiscal,

isto é, seu principal objetivo é a arrecadação de recursos financeiros.

Apresenta, outrossim, função extrafiscal (quando seu objetivo é a

interferência no domínio econômico, estimulando ou não certa atividade

econômica), na medida em que poderá ser seletivo em função da

essencialidade das mercadorias e dos serviços (art. 155, § 2.º, inc. III, da CF).

2.3. Competência

• competência privativa dos Estados e do Distrito Federal (art. 155,

inc. II, da CF);

___________________________________________________________________________ MÓDULO XXIII

6/11

• competência extraordinária da União, “na iminência ou no caso de

guerra externa”, mediante lei complementar (art. 154, inc. II, da CF);

• competência da União para instituir e cobrar, nos Territórios,

impostos de competência privativa dos Estados (art. 147 da CF), o

que inclui, é claro, o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e

Serviços ;

• além dessas, há a competência do Senado para estabelecer alíquotas,

mediante resolução (art. 155, § 2.º, incs. IV e V, da CF).

2.4. Fatos Geradores

2.4.1. Imposto sobre Operações Mercantis (operações relativas à

circulação de mercadorias) – Artigo 155, inciso II, da Constituição

Federal

Algumas observações devem ser feitas a respeito do fato gerador desse

imposto:

• a operação a que se refere a lei é mercantil, isto é, deve ser regida

pelo Direito Comercial, tendo por finalidade o lucro e por objeto uma

mercadoria;

• a circulação deve ser jurídica, ou seja, pressupõe a transferência de

titularidade da mercadoria, por força de um negócio jurídico;

• entende-se por mercadoria o bem móvel, que tenha por finalidade a

venda ou revenda, de modo que os bens destinados ao consumo ou ao

___________________________________________________________________________ MÓDULO XXIII

7/11

ativo fixo não são considerados mercadorias (exceção encontra-se no

art. 155, § 2.º, inc. IX, “a”, da CF);

• a obrigação surge pela saída da mercadoria do estabelecimento

comercial, tendo como sujeito passivo qualquer pessoa (física,

jurídica ou, até, sem personificação de direito) envolvida em caráter

de habitualidade, com a prática de operações mercantis (que, de

modo geral, são o produtor, o industrial e o comerciante).

2.4.2. Imposto sobre Serviços de Transporte Interestadual e

Intermunicipal – Artigo 155, inciso II, da Constituição Federal

O fato gerador desse imposto é a prestação, a terceiro, de um serviço de

transporte intermunicipal ou interestadual, com conteúdo econômico, sob

regime de direito privado, como, por exemplo, o serviço de transporte de

passageiros, de cargas, de valores, de mercadorias etc. Ressalte-se que o

serviço de transporte, realizado totalmente dentro do território de um

Município, apenas pode ser tributado por via de Imposto sobre Serviços (ISS) ,

de competência privativa municipal. O contribuinte é o prestador do serviço.

2.4.3. Imposto sobre Serviço de Comunicação – Artigo 155, inciso

II, da Constituição Federal

Entende-se por serviço de comunicação a atividade de, em caráter

negocial, alguém fornecer a terceiros condições materiais para que a

comunicação ocorra, como, por exemplo, a instalação de microfones, caixas de

som, telefones, radiotransmissores etc.

___________________________________________________________________________ MÓDULO XXIII

8/11

2.4.4. Imposto sobre Produção, Importação, Circulação,

Distribuição ou Consumo de Lubrificantes e Combustíveis

Líquidos e Gasosos, e de Energia Elétrica – Artigo 155, § 2.º,

inciso X, “b”, e § 3.º, da Constituição Federal

Destaque-se que os Estados e o Distrito Federal podem gravar com o

Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços uma, algumas ou todas

as operações acima elencadas, desde que obedecido o princípio da não-

cumulatividade.

2.4.5. Imposto sobre Extração, Circulação, Distribuição ou

Consumo de Minerais – Artigo 155, § 3.º, da Constituição Federal

Mesmo destaque feito ao imposto anterior.

2.5. Princípio da Não-Cumulatividade

A não-cumulatividade do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e

Serviços está prevista no artigo 155, § 2.º, incisos I e II, da Constituição

Federal, de modo que em cada operação ou prestação é assegurado ao

contribuinte, de modo definitivo, uma dedução (abatimento) correspondente

aos montantes cobrados nas operações ou prestações anteriores.

Lembremos que o ICMS é imposto indireto. Pelo princípio da não-

cumulatividade, o Constituinte beneficiou o contribuinte (de direito) desse

tributo e, ao mesmo tempo, o consumidor final (contribuinte de fato), a quem

___________________________________________________________________________ MÓDULO XXIII

9/11

convém preços mais reduzidos ou menos gravemente onerados pela carga

tributária.

2.6. Lançamento

O lançamento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços

realiza-se por homologação, ou seja, cada contribuinte registra suas operações,

escritura seus livros de entradas e de saídas e de apuração de impostos,

recolhendo o montante respectivo em cada mês, independentemente de exame

de seus cálculos pela autoridade administrativa.

2.7. Imunidades

A Constituição Federal (art. 155, § 2.º, inc. X) exclui a incidência de

Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços em certos casos, como o

de operações que destinem ao exterior produtos industrializados, sobre o ouro

etc. As situações nela descritas, portanto, ficam fora do alcance da regra

jurídica da tributação.

3. IMPOSTO SOBRE PROPRIEDADE DE VEÍCULOS

AUTOMOTORES (IPVA)

Imposto disciplinado pelo artigo 155, inciso III, da Constituição Federal.

___________________________________________________________________________ MÓDULO XXIII

10/11

3.1. Hipótese de Incidência

É a propriedade de veículo automotor (ciclomotor, motocicleta,

automóvel, furgão, ônibus ou caminhão etc.).

3.2. Sujeito Ativo

O sujeito ativo do Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores

(IPVA) é o Estado onde o veículo estiver licenciado e registrado.

3.3. Sujeitos Passivos

Segundo a Lei n. 4.955, de 27.12.1985, do Estado de São Paulo, o

proprietário do veículo, que é o contribuinte, e o titular do domínio útil e/ou o

possuidor do veículo são, solidariamente, responsáveis pelo imposto,

juntamente com o proprietário, sem direito a benefício de ordem.

É um imposto vinculado ao veículo, de tal sorte que, em caso de

alienação, pago o imposto pelo antigo proprietário, ainda que em outra unidade

da Federação, não será exigido novo pagamento do adquirente.

3.4. Base de Cálculo

A base de cálculo é o valor venal do veículo, fixado de conformidade

com o seu peso, potência, capacidade máxima de tração, ano de fabricação,

cilindrada, número de eixos, tipo de combustível utilizado e dimensões.

No Estado de São Paulo, os valores venais são anualmente reajustados

no mês de dezembro de cada ano, através de decreto do Poder Executivo.

___________________________________________________________________________ MÓDULO XXIII

11/11

Do produto da arrecadação do imposto, 50% pertencem ao Município

onde o veículo estiver licenciado, aí incluídos os valores correspondentes à

correção monetária e aos acréscimos decorrentes do recolhimento fora dos

prazos legais. Os restantes 50% constituem receita do Estado.

___________________________________________________________________

CURSO DO PROF. DAMÁSIO A DISTÂNCIA

MÓDULO XXIV

DIREITO TRIBUTÁRIO

__________________________________________________________________

Praça Almeida Júnior, 72 – Liberdade – São Paulo – SP – CEP 01510-010Tel.: (11) 3346.4600 – Fax: (11) 3277.8834 – www.damasio.com.br

___________________________________________________________________________ MÓDULO XXIV

1/13

DIREITO TRIBUTÁRIO

Impostos Municipais

1. IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE PREDIAL E TERRITORIAL

URBANA (IPTU)

1.1. Competência

O artigo 156, inciso I, da Constituição Federal, e o artigo 32 do Código

Tributário Nacional estabelecem que compete aos Municípios instituir Imposto

sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU).

O Distrito Federal também é competente para instituir o Imposto sobre a

Propriedade Predial e Territorial Urbana, por força do artigo 147 da

Constituição Federal.

1.2. Fato Gerador

O artigo 32 do Código Tributário Nacional estabelece que o Imposto

sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana tem como fato gerador a

propriedade, o domínio útil ou a posse de bem imóvel, por natureza ou por

acessão física, como definido na lei civil, localizado na zona urbana do

Município.

___________________________________________________________________________ MÓDULO XXIV

2/13

1.3. Base de Cálculo

Estabelece o artigo 33 do Código Tributário Nacional que a base de

cálculo do Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana é o valor

venal do imóvel, ou seja, o valor pelo qual o imóvel pode ser negociado no

mercado imobiliário.

1.4. Progressividade e Alíquota

O artigo 156, § 1.º, da Constituição Federal dispõe:

“§ 1.º Sem prejuízo da progressividade no tempo a que se refere o art.

182, § 4.º, II, o imposto previsto no inc. I poderá:

I – ser progressivo em razão do valor do imóvel;

II – ter alíquotas diferentes de acordo com a localização e o uso do

imóvel”.

1.5. Contribuinte

É contribuinte, do Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial

Urbana, o proprietário do imóvel, o titular do seu domínio útil, ou o seu

possuidor a qualquer título (art. 34 do CTN).

___________________________________________________________________________ MÓDULO XXIV

3/13

1.6. Imunidade

O artigo 150, inciso VI, da Constituição Federal estabelece que é vedado

à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, instituir imposto

sobre:

• patrimônio, renda ou serviços, um dos outros;

• templos de qualquer culto;

• patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas

fundações; entidades sindicais dos trabalhadores; instituições de

educação e assistência social, sem fins lucrativos; sempre atendidos

os requisitos da lei.

1.7. Considerações Gerais

O Imposto sobre Propriedade Predial e Territorial Urbana é um imposto

sobre o patrimônio, de competência do Município, e obedece ao princípio da

capacidade contributiva.

Há progressividade de caráter extrafiscal para induzir o proprietário a

obedecer ao plano diretor do Município, cumprindo assim a função primordial

da propriedade, que, consoante a natureza jurídica que se lhe empresta pela

doutrina de vanguarda, é a de direito de destinação e ordenação social.

___________________________________________________________________________ MÓDULO XXIV

4/13

2. IMPOSTO DE TRANSMISSÃO INTER VIVOS DE BENS IMÓVEIS

(ITBI)

2.1. Competência

O artigo 156, inciso II, da Constituição Federal estabelece quecompete

aos Municípios instituir imposto sobre “transmissão inter vivos, a qualquer

título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de

direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de

direitos a sua aquisição”.

O Imposto de Transmissão Inter Vivos de Bens Imóveis (ITBI) está

disciplinado no artigo 156, inciso II, da Constituição Federal, e nos artigos 35

a 42 do Código Tributário Nacional.

2.2. Sujeito Ativo

Sujeito ativo do Imposto de Transmissão Inter Vivos de Bens Imóveis é o

Município.

2.3. Considerações

• Imóveis por natureza: solo com sua superfície, seus acessórios e

adjacências naturais, englobando as árvores e os frutos pendentes, o

espaço aéreo e o subsolo (art. 43, inc. I, do CC).

• Imóveis por acessão física: tudo aquilo incorporado pelo homem

permanentemente ao solo, de forma que não possa ser retirado sem

___________________________________________________________________________ MÓDULO XXIV

5/13

destruição, modificação, fratura ou dano, como a semente plantada,

os edifícios e as construções (art. 43, inc. II, do CC).

Direitos reais sobre bens imóveis:

• Enfiteuse (ou aforamento): atribuição, pelo proprietário, do domínio

útil do imóvel a terceiro, o qual pagará uma pensão ou foro, anual,

certo e invariável (art. 678 do CC). Cumpre salientar que, com a

instituição do Estatuto da Cidade (Lei n. 10.257/01), e a entrada em

vigor, em 2003, do Novo Código Civil, fica instituído o Direito de

Superfície, com características semelhantes à enfiteuse, todavia

temporário, e tem por objetivo substituí-la;

• servidão: restrição imposta a um prédio, cujo proprietário perde o

exercício de alguns de seus direitos dominicais ou fica obrigado a

tolerar a utilização do seu prédio (serviente) pelo dono do prédio

dominante, para certo fim (art. 695 do CC);

• usufruto: direito real de fruir as utilidades e os frutos de um bem,

enquanto temporariamente destacado da propriedade (art. 713 do

CC);

• habitação: faculdade de residir num prédio alheio com a família (art.

746 do CC);

• rendas constituídas sobre imóveis: contrato pelo qual uma pessoa

obriga-se a fazer certa prestação periódica a outra, em troca de um

imóvel que lhe é entregue (arts. 749 a 754 e 1.424 a 1.431 do CC);

• cessão de direitos: feita por sentença judicial, por lei ou por livre

acordo entre cedente e cessionário, ou seja, são os atos que levam a

___________________________________________________________________________ MÓDULO XXIV

6/13

pessoa que os recebe à aquisição do imóvel, equivalendo, portanto, à

própria transmissão do bem.

2.4. Fato Gerador

Fatos geradores do Imposto sobre Transmissão Inter Vivos de Bens

Imóveis são quaisquer atos ou negócios jurídicos, independentemente de

registro, que transfiram o bem imóvel, a qualquer título (compra e venda,

dação em pagamento, promessa de venda inteiramente quitada e transcrita no

registro) ou os direitos reais sobre imóveis (enfiteuse, aforamento, servidões,

usufruto, habitação e rendas expressamente constituídas sobre imóveis) e as

cessões desses direitos reais.

2.5. Dação em Pagamento

Recebimento pelo credor de coisa, exceto dinheiro, substituindo a

prestação que lhe era devida (art. 995 do CC).

Não incide sobre direitos reais de garantia – anticrese (devedor entrega

imóvel ao credor, para que esse, em compensação da dívida, perceba os frutos

e rendimentos do imóvel) e a hipoteca (devedor oferece bem imóvel em

garantia ao credor, para assegurar o cumprimento de uma obrigação).

Artigo 156, § 2.º, da Constituição Federal:

§ 2.º O imposto previsto no inciso II (transmissão inter vivos, a qualquer

título, por ato oneroso, de bens imóveis):

“I – não incide sobre a transmissão de bens ou direitos incorporados ao

patrimônio de pessoa jurídica em realização de capital, nem sobre a

___________________________________________________________________________ MÓDULO XXIV

7/13

transmissão de bens ou direitos decorrentes de fusão, incorporação, cisão ou

extinção de pessoa jurídica, salvo se, nesses casos, a atividade preponderante

do adquirente for a compra e venda desses bens ou direitos, locação de bens

imóveis ou arrendamento mercantil”.

2.5.1. Fusão

Fusão é a reunião de duas sociedades, individualmente distintas, que se

transformam em uma só.

2.5.2. Incorporação

Incorporação é uma operação por meio da qual uma ou mais sociedades

são absorvidas por outra, que por sua vez, sucede-lhes em todos os direitos e

obrigações.

2.5.3. Cisão

Cisão é instituto próprio de sociedade anônima, com o objetivo de

transferir parte do patrimônio de uma companhia a outra ou outras,

constituídas com essa finalidade ou já existentes. A transferência total implica

extinção da sociedade cindida e a parcial, na divisão do seu patrimônio.

Trata-se de imunidade específica concedida pela Carta Magna,

configurando, portanto, uma limitação ao poder de tributar do Município.

___________________________________________________________________________ MÓDULO XXIV

8/13

2.5.4. Exceção

Se a atividade preponderante do adquirente for compra e venda desses

bens ou direitos, locação de bens imóveis ou arrendamento mercantil –

negócios de empresas que exploram loteamento de terrenos, incorporação de

edifícios de apartamentos, compra desses para venda etc. Logo, se obtêm lucro

com a atividade.

2.5.5. Ratio legis

Analisando esse dispositivo, do ponto de vista econômico, percebe-se a

intenção de facilitar as incorporações e fusões, no pressuposto de que elas

imprimem eficiência às empresas.

2.5.6. Atividade preponderante

É a definida no artigo 37, §§ 1.º e 2.º, do Código Tributário Nacional.

2.6. Base de Cálculo

Base de cálculo é o valor venal dos bens ou direitos transmitidos (art. 38

do CTN), ou seja, valor do imóvel para compra e venda à vista, segundo as

condições usuais do mercado de imóveis.

___________________________________________________________________________ MÓDULO XXIV

9/13

2.7. Alíquota

Observado o artigo 39 do Código Tributário Nacional, deve-se respeitar

o limite fixado em resolução do Senado Federal, que distinguirá, para efeito de

aplicação de alíquota mais baixa, as transmissões que atendam à política

nacional de habitação.

2.8. Sujeito Passivo

Conforme estabelece o artigo 42 do Código Tributário Nacional,

contribuinte do imposto é qualquer das partes na operação tributada, como

dispuser a lei.

Conforme o artigo 6.º, incisos I e II, da Lei Municipal n. 11.154/91,

regulamentada pelo Decreto n. 31.133/92, são os adquirentes dos bens ou

direitos transmitidos e os cedentes, nas cessões de direitos decorrentes de

compromissos de compra e venda.

3. IMPOSTO SOBRE SERVIÇOS DE QUALQUER NATUREZA (ISS)

3.1. Competência

Competente para instituir Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza

(ISS) é o Município.

___________________________________________________________________________ MÓDULO XXIV

10/13

3.2. Base Legal

• Artigo 156, inciso III, da Constituição Federal: “Compete aos

Municípios instituir imposto sobre: ... III – serviços de qualquer

natureza, não compreendidos no art. 155, II, definidos em lei

complementar”.

• Artigos 71 a 73 do Código Tributário Nacional, revogados pelo

Dec.-lei n. 406/68 com redação da Lei Complementar n. 56/87.

3.3. Fato Gerador

Fato gerador é a prestação habitual e remunerada, por empresa ou

profissional autônomo, com ou sem estabelecimento fixo, de serviço incluído

entre os listados pelo Decreto-lei n. 406/68. Os serviços dessa lista ficam

sujeitos apenas ao Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS), ainda

que sua prestação envolva fornecimento de mercadorias (ver Súmulas ns. 135,

156 e 167 do STJ).

Serviços que não constem da lista estão fora do campo de incidência do

Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza. O fornecimento de mercadorias

com prestação de serviços não especificados na lista ficará sujeito ao Imposto

Comercial sobre Mercadorias e Serviços (ICMS)(ver Súmula n. 163 do STJ).

3.4. Base de Cálculo

De acordo com o modelo fornecido pelo Decreto-lei n. 406/68, os

Municípios podem organizar o Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza

da seguinte forma:

___________________________________________________________________________ MÓDULO XXIV

11/13

• serviços em geral: alíquota sobre o preço dos serviços (art. 9.º,

caput);

• profissionais: (serviços pessoais), médicos, advogados etc.: cobrança

de importância periódica, fixa ou variável, por mês ou por ano (art.

9.º, § 1.º);

• sociedade de profissionais: igual ao do item anterior, a ser pago pela

sociedade, multiplicado pelo número de profissionais que nela

trabalharem – sócios, empregados, autônomos – (art. 9.º, § 3.º);

• substituição tributária: há Municípios que atribuem às pessoas

jurídicas, tomadoras dos serviços, o recolhimento do Imposto sobre

Serviços de Qualquer Natureza, se o profissional contratado não for

estabelecido (art. 128 do CTN).

3.5. Contribuinte

Contribuinte do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza é o

prestador do serviço. Não são contribuintes os que prestam serviços em relação

de emprego, os trabalhadores avulsos, os diretores e membros de conselhos,

consultivo ou fiscal, de sociedade (art. 10).

3.6. Isenção

Estão isentos do pagamento de Imposto sobre Serviços de Qualquer

Natureza a União, os Estados, o Distrito Federal, as autarquias e empresas

concessionárias de serviços públicos, quando contratarem serviços de

___________________________________________________________________________ MÓDULO XXIV

12/13

execução, administração, empreitada e subempreitada de obras hidráulicas ou

de construção civil, e os respectivos serviços de engenharia consultiva (art. 11

do Dec.-lei n. 406/68).

3.7. Local da Prestação de Serviços

Local da prestação do serviço tributado é o do estabelecimento

prestador, ou, na falta desse, o do domicílio do prestador, sendo exceção a

construção civil cujo local será o da prestação do serviço (art. 12).

3.8. Município Competente para Cobrar Tributos - Jurisprudência

• ISS – Local do recolhimento

“Tributário. ISS. Local do recolhimento. 1. Para fins de incidência de

ISS, tem-se como ocorrido o fato gerador naquele local onde efetivou-se a

prestação do serviço. 2. Precedentes. 3. Recurso improvido” (ac. un. da 1.ª T.

do STJ – REsp n. 130.792/CE – rel. Min. José Delgado – j. em 2.10.1997 –

Rectes.: Corpo de Vigilantes Particulares Ltda. – Corpus e outro; Recdo.:

Município de Juazeiro do Norte – DJU 1, 17.11.1997, p. 59.446 – ementa

oficial).

• ISS – Administradores de consórcios – Local da prestação de

serviços

“Tributário. ISS. Consórcios. As administradoras de consórcios estão

sujeitas ao ISS no Município onde organizam suas atividades principais, e não

naquele em que captam a clientela. Recurso especial não conhecido” (ac. un.

da 2.ª T. do STJ – REsp n. 51.797-SP rel. Min. Ari Pargendler – j. em

___________________________________________________________________________ MÓDULO XXIV

13/13

5.6.1997 – Recte.: Distrito Federal; Recdos.: Garavelo e Companhia Ltda. e

outros – DJU 1, 1.9.1997, p. 40.795 – ementa oficial).

• ISS – Fato Gerador – Local da prestação do serviço

“ISS – Local do fato gerador – Município – Decreto n. 406/68. Embora o

art. 12, ‘a’, considere como local da prestação do serviço o do estabelecimento

prestador, pretende o legislador que referido imposto pertença ao Município

em cujo território se realizar o fato gerador. Recurso provido” (ac. un. da 1.ª T.

do STJ – REsp. n. 188.123-RS – rel. Min. Garcia Vieira – j. em 17.11.1998 –

Recte.: Comabe Automação de Escritórios Ltda.; Recdo.: Município de Caxias

do Sul – DJU-e 1, 8.3.1999, p. 135-136 – ementa oficial).

• ISS – Local da Incidência

“Tributário. ISS. Local da incidência. O local do recolhimento do ISS

incidente sobre a administração de bens ou negócios, inclusive consórcios, é o

território do Município onde se realiza o serviço. O serviço de administração

de consórcio compreende não só a coleta dos nomes dos interessados como a

realização de reuniões, cobrança de parcelas e respectivas contabilização,

aquisição dos bens e sorteio dos consorciados, e, in casu, em todas essas

etapas, praticado no Município de Lins, ao qual cabe o poder de tributar.

Recurso improvido. Decisão unânime” (ac. un. da 1.ª T. do STJ – REsp n.

72.398/SP – rel. Min. Demócrito Reinaldo – j. em 6.5.1996 – Recte.:

Município de Porto Alegre; Recda.: Realçar Administradora de Consórcio

Ltda. – DJU 1, 10.6.1996, p. 20.283 – ementa oficial).

DIREITO TRIBUTÁRIO

MÓDULO II – ERRATA

No item 2. Nascimento do Tributo, no quarto parágrafo, na indicação do artigo, onde se lê “art. 155, I, da CF/88”, leia-se art. 150, I, da CF/88.

_____________________________________________________________________________ ERRATA

1/1

DIREITO TRIBUTÁRIO

MÓDULO III

Os parágrafos quarto e quinto do item 2. CLASSIFICAÇÃO JURÍDICA DOS

TRIBUTOS, foram alterados, recebendo a seguinte redação:

Tributos, segundo a Constituição Federal, compreendem, além das três espécies

acima enumeradas, as seguintes:

• empréstimos compulsórios (art. 148 da CF/88);

• contribuições especiais (art. 149 da CF/88);

Segundo uma corrente doutrinária os empréstimos compulsórios, as contribuições

especiais são tributos que podem ser exteriorizados como taxa ou imposto, ou seja, não

são outras espécies tributárias, pois espécies são somente as três do art. 145 da

Constituição Federal.