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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA DEPARTAMENTO DE DUCAÇÃO CAMPUS II ALAGOINHAS CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA ANGELA MARIA SANTOS COSTA CONDIÇÕES INFRAESTRUTURAIS E O ENSINO- APRENDIZAGEM DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR ALAGOINHAS 2012

Condições infraestruturais e ensino-aprendizagem da Educação Física Escolar

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Angela Maria Santos Costa

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Page 1: Condições infraestruturais e ensino-aprendizagem da Educação Física Escolar

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA DEPARTAMENTO DE DUCAÇÃO CAMPUS II – ALAGOINHAS

CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA

ANGELA MARIA SANTOS COSTA

CONDIÇÕES INFRAESTRUTURAIS E O ENSINO-

APRENDIZAGEM DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

ALAGOINHAS

2012

Page 2: Condições infraestruturais e ensino-aprendizagem da Educação Física Escolar

ANGELA MARIA SANTOS COSTA

CONDIÇÕES INFRAESTRUTURAIS E O ENSINO-

APRENDIZAGEM DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

Monografia apresentada como requisito parcial

para obtenção do título de Licenciada em

Educação Física pela Universidade do Estado

da Bahia-Campus II.

Orientadora: Profª. Ms. Martha Benevides da

Costa.

ALAGOINHAS

2012

Page 3: Condições infraestruturais e ensino-aprendizagem da Educação Física Escolar

Consagro esse trabalho a minha mãe Lizete Santos Nova que sacrificou-se muitas

vezes para que eu pudesse estudar e ainda contribuiu com seus conhecimentos

para ajudar-me na jornada acadêmica.

Page 4: Condições infraestruturais e ensino-aprendizagem da Educação Física Escolar

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, criador do céu e da terra; Aquele que é grande em poder,

amoroso e justo com todos que o amam e o temem.

Aos meus irmãos:

Romualdo, pela responsabilidade de tomar conta dos mais novos,

principalmente de mim, muitas vezes me penteando e arrumando minha

“merendeira” para que eu não faltasse à escola.

Firmo, por ter me dado não só minha primeira mesada, mais também por ter

me ensinado o valor das coisas e que o trabalho e dedicação vence as maiores

barreiras.

Paulo, por ajudar-me a fazer as lições de casa. Não me dando respostas,

mas, fazendo-me estudar mais.

Hamilton, por alimentar a minha vida com suas alegrias.

Carlos, pela determinação.

Gícia, pela motivação.

Firmizete, pela coragem.

Marcelo, pela lição de vida, provando que as coisas não são fáceis, mais

possíveis; principalmente em arrastar-me para o cursinho quando já estava

desanimada.

As minhas filhas: Natália e Carla por acreditarem em meus sonhos e

objetivos.

Aos Pastores: Benedito Santos, Roberto Nascimento e Lins por incentivarem

a busca não só do conhecimento das ciências; mais também da Palavra de Deus.

Aos amigos, vizinhos da infância, a senhora Hilda e família que muitas vezes

tomaram conta de minhas filhas para que eu fosse estudar.

Ao meu amor Alberto que várias vezes debruçou-se junto comigo sobre os

livros pacientemente.

Aos colegas da 3ª Dires, principalmente as meninas da Vigilância

Sanitária:Claudine, Edênia, Eva, Ione, Jácea, Jadilene, Leidinha e Virgínia que

várias vezes me deram apoio para que eu estudasse para alguma avaliação.

Aos meus queridos professores que me ensinaram o caminho para esta

graduação: Alan Rocha, Ana Simon, Cesar Leiro, Diana Tigre, Eduardo Sá,

Francisco Pitanga, Gleide, Gregório Benfica, Luiz Rocha, Magdalânia, Maurício

Page 5: Condições infraestruturais e ensino-aprendizagem da Educação Física Escolar

Maltez, Martha Costa, Mônica Benfica, Nélia, Neuber Leite, Ubiratan Menezes,

Valter Abrantes.

Aos funcionários da Universidade, especialmente as meninas do colegiado:

Djaneluci, Mirele, Monalisa, e Rafaela.

Aos colegas de turma (2007.2) e aos colegas dos semestres 2006.2 e 2005.2

que serviram de modelo e inspiração para aumentar o meu amor pela Educação

Física.

Page 6: Condições infraestruturais e ensino-aprendizagem da Educação Física Escolar

“Educar é crescer. E crescer é viver. Educação é, assim, vida no sentido mais

autêntico da palavra”.

Anísio Spínola Teixeira

Page 7: Condições infraestruturais e ensino-aprendizagem da Educação Física Escolar

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

DIREC DIRETORIA REGIONAL DE EDUCAÇÃO

DIRES DIRETORIA REGIONAL DE SAÚDE

EF EDUCAÇÃO FÍSICA

FNDE FUNDO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO

IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA

INEP INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS

EDUCACIONAIS

LDB LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL

MEC MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA

PDDE PROGRAMA DINHEIRO DIRETO NA ESCOLA

SESAB SECRETARIA DA SAÚDE DO ESTADO DA BAHIA

UNEB UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA

Page 8: Condições infraestruturais e ensino-aprendizagem da Educação Física Escolar

LISTA DE QUADROS

QUADRO1 PESSOA RESPONSÁVEL POR APLICAR O QUESTIONÁRIO 28

QUADRO2 QUESTIONÁRIO RESPONDIDO PELOS ALUNOS 28

QUADRO3 A ESCOLA POSSUI QUADRA POLIESPORTIVA 29

QUADRO4 QUANTIDADE DE QUADRA POLIESPORTIVA 29

QUADRO5 EXISTEM OUTROS ESPAÇOS ONDE SÃO REALIZADAS AS

AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

29

QUADRO6 OUTROS ESPAÇOS ONDE SÃO REALIZADAS AS AULAS DE

EDUCAÇÃO FÍSICA QUE FORAM CITADOS PELOS ALUNOS –

ESCOLA A

30

QUADRO7 OUTROS ESPAÇOS ONDE SÃO REALIZADAS AS AULAS DE

EDUCAÇÃO FÍSICA QUE FORAM CITADOS PELOS ALUNOS –

ESCOLA B

30

QUADRO8 ESPAÇOS MAIS UTILIZADOS PARA AS AULAS DE

EDUCAÇÃO FÍSICA

31

QUADRO9 CONDIÇÕES FÍSICAS E INFRAESTRUTURAIS DA QUADRA –

ESCOLA A

31

QUADRO 10 CONDIÇÕES FÍSICAS E INFRAESTRUTURAIS DA QUADRA –

ESCOLA B

32

QUADRO 11 NÚMERO DOS RECURSOS DIDÁTICOS ESPORTIVOS –

ESCOLA A

32

QUADRO 12 NÚMERO DOS RECURSOS DIDÁTICOS ESPORTIVOS –

ESCOLA B

32

QUADRO 13 CONDIÇÕES DOS RECURSOS DIDÁTICOS ESPORTIVOS –

ESCOLA A

33

QUADRO 14 CONDIÇÕES DOS RECURSOS DIDÁTICOS ESPORTIVOS –

ESCOLA B

33

QUADRO 15 QUAIS OS MATERIAS MAIS UTILIZADOS NAS AULAS DE

EDUCAÇÃO FÍSICA

33

QUADRO 16 O QUE É MAIS IMPORTANTE PARA A AULA DE EDUCAÇÃO

FÍSICA – ESCOLA A

34

QUADRO 17 O QUE É MAIS IMPORTANTE PARA A AULA DE EDUCAÇÃO

FÍSICA – ESCOLA B

35

Page 9: Condições infraestruturais e ensino-aprendizagem da Educação Física Escolar

RESUMO

Entendendo que o espaço físico de qualquer ambiente pode influenciar as emoções,

entusiasmar comportamentos e interferir nas atividades de ensino-aprendizagem,

faz-se necessário uma abordagem não só do espaço físico escolar; mais também da

infraestrutura e manutenção desses ambientes. Projetos como o Segundo Tempo, a

implantação da Escola Segura, entre outros, discutem formas de inclusão através do

esporte, educação, segurança e saúde, porém, não citam ou contribuem diretamente

sobre a problemática do espaço físico e a infraestrutura adequada para esse fim.

Tão pouco apontam os parâmetros mínimos para compreender e implementar esses

espaços. Assim, os conteúdos das aulas de Educação Física, muitas vezes são

negligenciados, pois, a sala de aula não é e nem pode ser o único recurso para as

aulas. Determinados conteúdos, como o esporte, o atletismo entre outros,

necessitam de espaço específico para sua aplicação. O trabalho docente no espaço

escolar não é apenas ou tão somente, responsabilidade do professor de Educação

Física, mais, da escola como um todo. Portanto, essa pesquisa, procura identificar

pontos relevantes para também compreender como os conteúdos são desenvolvidos

nos mais variados ambientes destinados às práticas; incluindo os que não

contemplam espaços peculiares para os conteúdos da Educação Física.

Palavras-chave: Educação Física, Espaço Físico, Infraestrutura.

Page 10: Condições infraestruturais e ensino-aprendizagem da Educação Física Escolar

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 11

A IMPORTANCIA DO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM E SUA

RELAÇÃO COM OS ESPAÇOS

15

A ESTRUTURA FÍSICA DAS ESCOLAS NO BRASIL 20

METODOLOGIA 24

RESULTADO E DISCUSSÃO DOS DADOS 28

CONSIDERAÇÕES FINAIS 38

Page 11: Condições infraestruturais e ensino-aprendizagem da Educação Física Escolar

1 INTRODUÇÃO

O interesse pelo tema surgiu a partir de uma vivência em uma escola da zona

rural do município de Alagoinhas, cujo espaço físico era composto de três salas,

uma pequena copa e uma saleta que era usada como secretaria, com um único

portão que era utilizado para entrada e para saída das crianças e que ficava de

frente para uma pista de asfalto.

A hora do recreio era dentro da própria sala, o lazer e/ou brincadeiras também

eram feitas dentro das salas; os alunos, assim que entravam na escola, já se

encontravam à porta de suas salas, e lá passavam todo o tempo até chegar a hora

de ir embora; identificava um grande paradoxo nessa realidade: morar em um sítio,

chácara ou fazenda e estudar em um espaço tão reduzido, fechado, apenas com

fendas feitas de blocos no lugar das janelas.

O processo ensino-aprendizagem de Educação Física, que acontece nos

diversos espaços físicos onde alunos e professores se encontram para o

desenvolvimento das aulas, tem sido alvo de diversos estudos. Dentre essas

pesquisas é pertinente citar: o trabalho do MEC (Ministério da Educação e Cultura)

quando trata da elaboração do PCN (Parâmetro Curriculares Nacional) de Educação

Física; o Projeto Segundo Tempo, do Ministério da Educação; a implantação da

Escola Segura, de Edson Ferreira Liberal, artigo de revião do Jornal de Pediatria,

por exemplo. Alguns, discutem formas de inclusão através do esporte, educação,

segurança e saúde, porém, não citam ou contribuem diretamente sobre a

problemática de espaço físico e infraestrutura adequada para esse fim. Tão pouco

aponta os parâmetros mínimos para compreender e implementar esses espaços.

Isto fica claro, por exemplo, quando se busca na Revista Brasileira de

Ciências do Esporte, com o descritor “escola” e “educação física”, aparecem 108

artigos sobre a escola e 02 sobre educação física; porém quando se busca estudos

que se ocupem da infraestrutura, os números mostram escassez de pesquisas sobre

esse tema.

Todavia, é importante registrar e apontar como são essas estruturas e como

as mais diversas atividades são desempenhadas nesses lugares, além de discutir de

que forma a infraestrutura influencia no desenvolvimento das atividades. A partir

Page 12: Condições infraestruturais e ensino-aprendizagem da Educação Física Escolar

desta compreensão, esta pesquisa se debruçou sobre o espaço físico escolar onde

acontecem as aulas de educação física.

Entendendo que o espaço físico de qualquer ambiente pode influenciar as

emoções, entusiasmar comportamentos e interferir nas atividades de ensino-

aprendizagem, faz-se necessária uma abordagem não só do espaço físico escolar,

mas também da infraestrutura e da manutenção desses ambientes.

Com o advento tecnológico, desenvolvimento social e a acessibilidade ao

conhecimento e informações diversas, fica difícil entender e conceber uma estrutura

física tão claustrofóbica num terreno tão grande em volta da escola. Essa realidade

pode levar a dois caminhos de reflexão. O primeiro tem relação com as próprias

concepções educacionais. Sabe-se que, historicamente, a educação formal

valorizou um olhar dicotômico de ser humano, que o vê como corporal e intelectual

separados. Este último mais valorizado. Já o corpo é visto como objeto a ser

controlado. O segundo tem relação com os investimentos em Educação

dispensados pelos poderes públicos, que pregam a necessidade de melhorar a

Educação, desde que isto custe pouco.

Assim, há uma necessidade de discussões envolvendo a escola e todo o

processo de ensino-aprendizagem que ali é desenvolvido, pois as práticas

realizadas influenciam diretamente os educandos e educadores que trabalham

nesses espaços. Para sustentar essa temática a Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional (Lei n° 9.394/1996), ratifica o dever do Estado em fornecer

condições adequadas para que haja produção de conhecimento, mesmo que não

deixe claras, especificadas, quais são essas condições.

Todavia, a Portaria Estadual n° 4.420/90, de 12/07/1990, em seu texto,

estabelece condições mínimas necessárias para o funcionamento de espaços como

academias ou similares. Entende-se como similar, nesse caso, qualquer entidade

que realize exercício ou atividade física como danças, lutas, entre outras. Se

compreendermos que a Educação Física na escola trata da cultura corporal, na qual

estão contidos os temas, vê-se que tais referências deveriam ser válidas também

para esse espaço.

Dentre essas condições, em seu Artigo 1°, inciso 2° da Portaria 4.420/90, diz

que a Secretaria de Educação do Estado da Bahia dá parecer técnico no qual

também objetiva verificar as condições de atendimento do trabalho “pedagógico-

físico-corporal”, onde os aspectos sanitários, de equipamentos, materiais e a

Page 13: Condições infraestruturais e ensino-aprendizagem da Educação Física Escolar

disponibilidade do espaço físico tenham condições e medidas adequadas, como, por

exemplo, a medida de espaço de no mínimo 2m² por aluno em cada turma.

De posse disto, nesta pesquisa foram investigadas questões que estão

diretamente interligadas com o processo ensino-aprendizagem junto à realidade do

espaço escolar onde acontecem as aulas de Educação Física; espaço esse que

pode ser a sala de aula (tradicional), o ginásio, a quadra, o teatro ou qualquer outro

espaço que seja utilizado para as aulas de educação física. Quer seja para

explicação de um determinado conteúdo, quer seja para um simples jogo, ou para

uma atividade corporal que necessite de outro tipo de espaço que não seja a sala de

aula propriamente dita.

Faz-se necessário conhecer, compreender e analisar cada espaço e,

consequentemente, verificar como são ministradas as aulas de Educação Física e

como esse espaço interfere no desenvolvimento das atividades da aula.

Olhando por um lado mais técnico, entende-se que existem normas, padrões

e medidas adequadas para cada tipo de ambiente físico. Portanto, foi necessário

conhecer algumas leis, decretos e resoluções para um melhor entendimento sobre o

universo das construções e/ou reformas dos espaços físicos aqui citados. Antes de

edificar ou modificar (construir) qualquer ambiente, deve-se levar em conta não só a

sua estética, mas também a sua funcionalidade, praticidade, segurança,

acessibilidade e aspectos ecológicos para a conservação e manutenção da vida.

Portanto, esses padrões e normas devem ser garantidos para que as pessoas que

irão usufruir dessa edificação possam sentir-se bem, de forma que esteja

resguardada sua salubridade física e emocional.

Diante dessas colocações, o problema dessa pesquisa é: como é a

infraestrutura dos espaços destinados às aulas de Educação Física e qual sua

influência nas atividades desenvolvidas nesses espaços?

Assim, o objetivo geral deste trabalho é observar como a infraestrutura

influencia o desenvolvimento das aulas de Educação Física, visando também

despertar a escola, a sociedade e a comunidade acadêmica para que possam verter

um olhar mais específico para esta questão dentro da atual conjuntura sócio-política,

aliada ao processo ensino-aprendizagem; universo este, destinado ao

desenvolvimento dos educandos como um todo.

Os objetivos específicos visam conhecer a infraestrutura dos espaços

destinados às aulas de Educação física, bem como verificar como são concebidos

Page 14: Condições infraestruturais e ensino-aprendizagem da Educação Física Escolar

esses espaços dentro de uma perspectiva normativa e também registrar a

organização das atividades propostas nesses espaços.

Page 15: Condições infraestruturais e ensino-aprendizagem da Educação Física Escolar

2 A IMPORTANCIA DO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM E SUA RELAÇÃO

COM OS ESPAÇOS

Para analisar qualquer processo de ensino-aprendizagem da Educação Física

no espaço escolar, devem-se levar em consideração os ambientes em que as

aulasacontecem, pois, conforme já foi dito, estes podem influenciar diretamente as

atividades propostas.

O espaço físico escolar e sua infraestrutura são de grande relevância para a

aplicação de todas as aulas, quer sejam “teóricas”, quer sejam “práticas”. Nesses

ambientes, será gerado no processo ensino-aprendizagem a produção de

conhecimentos sobre a cultura corporal. Para isso, é necessário que estes espaços

possam garantir um panorama em que todos sintam-se bem, pois a estética

influencia os sentidos, o desenvolvimento e a aplicação dos conteúdos propostos.

Assim, alunos e professores devem conviver, interagindo de forma que a

relação de segurança e laços de confiança possam se manifestar através da

interação com os atores envolvidos e entre o meio ambiente.

Matos (XI EnFEFE, 2005, s.p.) afirma que:

A Educação Física encontra-se atrelada a esta problemática. Mesmo com uma área inadequada de trabalho, nenhuma disciplina deve diminuir a sua qualidade ou ausentar certos conteúdos por questões estruturais e todos os alunos têm que possuir uma aprendizagem igualitária com o mesmo lidar pedagógico.

Todavia, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (1996), em seu

Título II, Artigo 3°, parte IX e Título III Artigo 4°, parte IX, fala dos padrões mínimos

de qualidade de ensino. Compreende-se que faz parte desse “mínimo” condições

estruturais para o desenvolvimento de diversas atividades. Isto, portanto, implica em

compreender que a qualidade do ensino não está dissociada da questão da

infraestrutura.

Sobre a Educação Física na escola, reconhece-se que apesar de existirem

várias propostas pedagógicas e abordagens diferenciadas, é fundamental oferecer

aos educandos conteúdos fundamentados também na realidade a qual se

encontram.Assim:

Page 16: Condições infraestruturais e ensino-aprendizagem da Educação Física Escolar

A Educação Física é uma disciplina que trata, pedagogicamente, na escola, do conhecimento de uma área denominada aqui de cultura corporal. Ela será configurada com temas ou formas de atividade, particularmente corporais [...]: jogo, esporte, ginástica, dança ou outras, que constituirão seu conteúdo. O estudo desse conhecimento visa apreender a expressão corporal como linguagem. (SOARES, 1992, p. 61)

Através desta perspectiva, é correto afirmar que a escola é o ambiente onde a

pedagogia deve dar conta das demandas pertinentes às aulas de Educação

Física.Anecessidade de desconstruir o que foi posto sobre a Educação Física

durante o início do Século XX e trazer um novo “pensamento”, uma pedagogia

voltada para o crescimento do aluno, fica,às vezes, paradoxalmente mais distante.

A Educação Física escolar, como disciplina curricular, é tão importante quanto

as outras disciplinas ministradas na escola.Segundo o lívro Coletivo de Autores

(1992), ela não objetiva apenas o movimento pelo movimento.

Nessa perspectiva da reflexão da cultura corporal, a expressão corporal é uma linguagem, um conhecimento universal, patrimônio da humanidade que igualmente precisa ser transmitido e assimilado pelos alunos na escola (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p. 42).

Portanto, os espaços destinados às aulas precisam possuir condições

adequadas para o trato pedagógico e o alcance dos objetivos de ensino e

aprendizagem. Assim, os espaços sejam quais forem: ginásios, quadras, salas

propriamente ditas,entre outros. devem ter o mínimo de salubridade para que os

alunos e professores possam desenvolver os conteúdos da disciplina.

Nesse contexto, o artigo de revisão intitulado de “Escola segura” do Jornal de

Pediatria, Libera,l et al., (2005), descreve que o “ambiente físico deve ser o mais

seguro possível no que diz respeito ao risco de acidentes”. A exemplo de

insegurança e negligência foi o acidente de um atleta numa quadra, que,

infelizmente culminou com a morte do atleta. Conforme recorte abaixo:

O jogador de futsal Robson Rocha Costa, 22, morreu neste domingo após sofrer um grave ferimento no jogo entre as equipes Guarapuava/DeportivoFutsal e Palmeiras /Jundiaí, no sábado, em Guarapuava, no Paraná ,conforme divulgou a "Gazeta do Povo". Ele teria se ferido após dar um carrinho no fundo da quadra. Um pedaço de madeira se soltou da quadra, perfurou a perna do jogador e atingiu o abdômen, causando uma hemorragia interna. (Erick Pinheiro, 2010, Jornal Cruzeiro do Sul, online).

Page 17: Condições infraestruturais e ensino-aprendizagem da Educação Física Escolar

Uma pesquisa sobre a Tipologia dos estabelecimentos escolares brsileiros,

Cerqueira e Sawyer (2007) revelam alguns dados a partir de informações que

envolvem também a infraestrutura das escolas e aqualidade do ensino como um

todo. Essa “tipologia” revelou seugundo seus autores, três perfis extremos:

1. Escolas com precárias condições de infraestrutura e indicadores

deficientes de eficácia escolar;

2. Escolas de nível intermediário de infraestrutura e eficiência escolar;

3. Escolas grandes com boas condições de infraestrutura e bons

indicadores de eficácia escolar.

Em suas conclusões os autores afirmam:

A investigação da distribuição espacial dos perfis gerados revelou, entre outros fatos, que cerca de 72% das escolas da Região Norte e 61,4% do Nordeste pertencem ao perfil de baixa infraestrutura, valores bem mais elevados que os 27,2% e 33,2% encontrados para as Regiões Sudeste e Sul, respectivamente. (CERQUEIRA; SAWYER, 2007, p. 53-57)

Pelas sínteses dos autores, é possível afirmar que há relação direta entre

infraestrutura e índices de aprendizagem. Isto só vem ratificar tudo que foi afirmado

até aqui.

O Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE) do MEC encaminha recursos

para as escolas públicas de Educação Básica que aderiram ao programa Mais

Educação. Em 2009 foram destinados para a reforma e cobertura de quadras

esportivas ou espaços destinados ao esporte e ao lazer R$ 20 mil (escolas com até

500 alunos) e R$ 30 mil (unidades com mais de mil estudantes). Para a construção

de cobertura, o recurso será de R$ 50 mil. Os repasses dos recursos são feitos em

parcela única anual, por meio de depósito nas contas bancárias abertas pelo Fundo

Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).

Segundo dados do portal da Secretaria da Educação do Estado da Bahia

(2009), o governo aplicou R$ 29,4 milhões na expansão e melhoria da estrutura

física da rede de ensino básico e profissional.De 47 escolas que estão em fase de

construção, 17 são do Ensino Médio. Quanto a construção de muros e quadras, os

dados revelam que 15 escolas já tiveram essas obras concluídas e que 5 já foram

iniciadas.

Então, é imperativo selecionar os conteúdos para as aulas de Educação

Física observando a realidade desses espaços, pois são de suma importância para

Page 18: Condições infraestruturais e ensino-aprendizagem da Educação Física Escolar

os alunos, já que não é possível, por exemplo, ensinar basquete em um campo de

areia. Para esse fim seria necessário uma quadra; já, por exemplo, se o conteúdo for

a dança seria necessário também não só um espaço específico, mas também

equipamentos adequados.

Todavia, apesar de a Educação física ser componente curricular obrigatório, a

sua secundarização também fica explícita nos dados referentes aos espaços para a

realização das aulas. No que se refere ao aspecto infraestrutural, Matos (2005)

demonstra em seu artigo que, segundo dados do Instituto Nacional de estudos e

Pesquisas Educacionais (INEP), existem 183.448 escolas de ensino fundamental no

Brasil, públicas e particulares. Destas, somente 33.234 possuem quadras de

esportes. Sabemos que a escola não deve privilegiar somente o esporte, mas

ignorar que esses espaços são necessários seria como negligenciar a própria

Educação Física visto que há muito tempo o esporte tem centralidade nas aulas.

Essa afirmação não significa que há concordância com tal monocultura, mas que

reconhecemos que se a aula de Educação Física tem se concretizado de tal modo,

ela é negligenciada ao se negar o espaço para sua concretização. Reconhece-se,

também, que outros espaços podem servir às aulas de Educação Física, mas estes

não podem ser constituídos de improviso devido à secundarização da disciplina

curricular.

Segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa Educacionais

Anísio Teixeira (INEP), em 27/03/2002, o Brasil possuía em sua rede estadual

194.284 turmas de Ensino Médio, incluindo a zona rural. No Nordete, eram 46.510, e

na Bahia 14.430 turmas. Segundo dados de 2009 da Secretaria da Educação do

Estado da Bahia, no municipio de Alagoinhas eram 4.862 alunos matriculados no

Ensino Médio estadual. Dados da Revista da Secretaria da Educação do Estado da

Bahia (2008, p. 54), dos 1.755 colégios, 971 não possuem quadras, e das 782

quadras, apenas 50 são cobertas. O que, mais uma vez, confirma a negligência

quanto ao espaço físico em geral usado para aulas de Educação Física.

No site do INEP, em Resumos Técnicos do Censo Escolar de 2010 mostra-se

que existem 7.177.019 alunos matriculados na rede estadual de ensino médio

(regular) no Brasil. Nesse mesmo resumo há um ponto que trata da infraestrutura

escolar que revela que do total de escolas brasileiras de Ensino Médio, são19. 618

escolas com quadras. E afirma ainda que:

Page 19: Condições infraestruturais e ensino-aprendizagem da Educação Física Escolar

A infraestrutura disponível nas escolas tem importância fundamental no processo de aprendizagem. É recomendável que uma escola mantenha padrões de infraestrutura necessários para oferecer ao aluno instrumentos que facilitem seu aprendizado, melhorem seu rendimento e tornem o ambiente escolar um local agradável, oferecendo, dessa forma, mais um estímulo para sua permanência na escola. (RESUMO TÉCNICO - CENSO Escolar, 2010, p. 33)

De acordo com os dados fornecidos pela Diretoria Regional de Educação

(DIREC 3), existem no município de Alagoinhas sete (07) unidades escolares de

Ensino Médio (regular), sendo que seis (06) encontram-se localizadas no perímetro

urbano do município e uma (01) na zona rural, localizada no Distrito de Riacho da

Guia. As escolas da zona urbana possuem quadra poliesportiva, já a do Distrito

funciona em um prédio alugado e não possui uma área específica para outras

práticas. Todavia, não há nesses informes indicações sobre o estado de

manutenção dessas quadras e sobre a existência de outros espaços para as aulas

de Educação Física. Isto, pelo menos, não permite o total esquecimento dessa área.

Isto porque para Matos (2005, p. 71) “uma escola sem quaisquer instalações

esportivas pode contribuir para criar no imaginário do aluno um esquecimento e/ou

desvalorização da Educação Física dentro da escola, como se não fizesse falta para

sua formação”. Não se pode, então, dizer isto da realidade de Alagoinhas.

O fato é que as atividades corporais a serem experimentadas nas aulas de

Educação Física implica a necessidade de planejamento e do espaço específico

para essa atividade. Há ambientes em que o mínimo de ruído interfere a aula de

outro, ou seja, a sala vizinha. Várias atividades, como a luta, a dança podem ser

acomodadas numa sala de aula propriamente dita, mas a atividade não deve ser

limitada pela presença de carteiras (que, nesse caso, viram empecilhos para a

vivência corporal) ou porque a atividade fará barulho e atrapalhará a aula do outro

professor. Ou seja, os planejamentos, planos de aula adaptados não devem

suplantar a necessidade dos espaços específicos para cada atividade proposta.

Page 20: Condições infraestruturais e ensino-aprendizagem da Educação Física Escolar

3 A ESTRUTURA FÍSICA DAS ESCOLAS NO BRASIL

Para conhecer a tipologia das estruturas físicas das escolas no Brasil, é

necessário pesquisar e estudar alguns fatos históricos que estão ligados diretamente

com a política, os governos e aos movimentos sociais, principalmente os do século

XIX e XX. Silva e Damazio (2008, p. 8), em seu artigo “O Ensino da Educação Física

e o Espaço Físico em Questão”, afirmam:

No Brasil, a preocupação com a construção de um lugar específico para funcionar como escola teve como marco histórico o advento da República. A partir deste período, um novo modelo de prédio escolar foi implantado em diferentes cantos do país.

Segundo as autoras, com implantação de grupos escolares, os prédios

construídos no início do século XX não concebiam nos projetos arquitetônicos um

espaço específico para as atividades físicas. Isto era contraditório com a perspectiva

higienista que, nesse momento, defendia a prática de atividade corporal como forma

de educar moralmente.

Em seu artigo sobre o Projeto Arquitetônico escolar, Carvalho,(2011, s. p.) faz

uma análise sobre o aspecto físico da escola a partir o Brasil Colônia, onde já havia

uma preocupação com esses espaços, porém, a autora afirma que:

Os locais de ensino possuíam maneira sistemática de transmissão de conhecimento, acontecendo em paróquias, salas fechadas, em moradia de professores ou em lugares cedidos e alugados. Eram espaços com pouco conforto, com ausência de iluminação e com circulação de ar reduzida, demonstrando ainda a necessidade de melhorias e atenção a locais de ensino.

Então, verifica-se que a questão sobre o “espaço” e sobre a “infraestrutura”,

não é um problema novo ou atual. Também não houve uma preocupação com a

arquitetura para acessibilidade, entendendo queesse não era na época um tema

relevante.Porém, havia uma preocupação com os custos para a construção desses

espaços, a arquitetura de cada época preocupava-se com as demandas pertinentes

àquele momento, onde as políticas públicas não contemplavam as camadas sociais

de forma igual.A economia para construção viabilizava projetos simples como Buffa

e Pinto, 2002 (apud CARVALHO, 2011, p. 227)afirmam ao citar: “Os projetos, que

prezavam pela simplicidade, possuíam plantas compostas por corredores longos

Page 21: Condições infraestruturais e ensino-aprendizagem da Educação Física Escolar

que moldavam o edifício através de salas em ambos os lados com o intuito de se

agregar à facilidade construtiva a economia financeira.

Dentre fatos importantes, é imprescindível citar neste trabalho o projeto

desenvolvido por Anísio Teixeira (1900-1971), que nos anos de 1031-1935,

preocupou-se em planejar e construir escolas com instalações adequadas ao

“trabalho educativo”. Este, segundo Dórea (2000), foi um projeto que teve como

proposta pedagógica um modelo que Teixeira chamou de “Escola Parque”: uma

escola pública de educação integral. Havia uma preocupação não só com a

qualidade da educação propriamente dita, mas também com os espaços e a

infraestrutura dos ambientes escolares.

Nessa época foram feitos levantamentos e estudos no Rio de Janeiro, que na

época era a capital do Brasil. Esse tipo pesquisa era chamada de “inquérito” e tinha

como finalidade a obtenção de um diagnóstico dos prédios escolares e a conclusão

segundo a pesquisa de Dórea (2000) foi:

Dos 79 prédios municipais existentes em 1932, apenas 12 deveriam ser conservados; 32 adaptados, reformados, ampliados ou totalmente reconstruídos, e 35 condenados, podendo ser utilizados para qualquer outra coisa, menos para escolas (Teixeira, 1935 apud Dórea, 2000, p. 151-160).

Dórea (2000) ainda ratifica que Anísio Teixeira tinha clareza de que era

necessário prover um orçamento específico para investimento na construção e

manutenção dos prédios escolares.

Nota-se, assim, que o financiamento das escolas públicas era um problema a

ser resolvido, pois, bloqueava os planos de Teixeira; e que os recursos não eram

suficientes para a implementação ou construção das unidades que fossem

suficientes para a população “menos favorecida economicamente”, naquela época.

Dórea (2000, p. 151-160) assim ratifica:

Para Anísio Teixeira (1932), o mal do brasileiro era a falta de escolas, mas era também a própria escola existente. Considerava que mais grave do que a negligência em abrir escolas, era julgar que o programa escolar se limitasse à simples "alfabetização". Para ele, a escola deveria ensinar a criança a "viver melhor", proporcionando padrões mais razoáveis de vida familiar e social, promovendo o progresso individual e criando hábitos de leitura, estudo e meditação.

Page 22: Condições infraestruturais e ensino-aprendizagem da Educação Física Escolar

Advindos das ideias de Anísio Teixeira, os projetos arquitetônicos das escolas

contemplavam também, além das salas de aulas, outros espaços para as diversas

atividades pedagógicas, além das ações sanitárias desenvolvidas nas escolas.

Na Bahia, esse projeto foi viabilizado nos anos 1940 e 1950. Inclusive, no

município de Alagoinhas ainda existe um desses prédios, que foi concebido e

construído nos moldes das ideias de Anísio Teixeira, onde hoje funciona o Colégio

Estadual Brazilino Viegas, localizado a Rua Marechal Bittencourt, n. 182, no centro

da cidade, que segundo informações colhidas de ex-alunos, possuía gabinete

médico-odontológico.

A preocupação com o processo ensino-aprendizagem nas escolas naquela

época também estava atrelada aos espaços que eram destinados à recreação e ao

esporte. Fato esse que se encontra referido no artigo de Oliveira e Chaves

Junior(2009), que descrevem o modelo escolar do ensino “secundário” paranaense

nos finais dos anos 1930 e início dos anos 1950. Os autores referem o ensino da

Educação Física a partir também de um padrão espacial. Portanto, afirmam:

A precariedade de espaço fazia com que as professoras tivessem que improvisar, dando as aulas no interior da própria escola, no espaço restrito das salas de aula. Embora os relatórios de Educação Física do GP da década de 1940 apontassem para a existência de locais específicos para a prática da educação física feminina, parece que esses não eram utilizados de forma sistemática. (OLIVEIRA; CHAVES JUNIOR, 2009, p. 39-56).

Segundo Silva e Damazio (2008), não se deve ter a ideia de que a eficiência

das aulas de Educação Física, ou de todo o trabalho pedagógico deva-se somente

ao ideal de condições materiais desejadas. Para eles, é também importante

transformar os fatores desfavoráveis, em possibilidades para renovação ou

reordenamento de todo ou qualquer trabalho docente. Claro que, já que todo espaço

interfere de forma direta e indireta às ações dos indivíduos, deve-se considerar que

condições higiênicas e estruturais insatisfatórias inviabilizam a eficiência das aulas,

sendo essa questão pertinente não só à Educação Física.

O Governo Federal, no dia 22 de julho deste ano, liberou R$ 22 milhões de

Reais para serem aplicados na construção de creches e quadras esportivas, sendo

que R$ 14 milhões de Reais foram destinados à construção de unidades de

educação infantil em 44 municípios de 16 estados e R$8 milhões de Reais para a

construção de quadras esportivas cobertas em 44 municípios de 18 estados do

Brasil.

Page 23: Condições infraestruturais e ensino-aprendizagem da Educação Física Escolar

Com a Educação Física, historicamente, tem havido uma luta em que as

escolas possuem quadras e esses espaços pré-determinam as atividades a serem

aí desenvolvidas, mas, muitas vezes, nem mesmo esses espaços encontram-se em

condições adequadas de uso. Então, é preciso louvar a iniciativa de construção de

quadras cobertas, mas também desconfiar da perspectiva por trás dessa ação, pois

corre-se o risco de haver uma intenção em transformar a Educação Física escolar

num celeiro de atletas, já que o país sediará as Olimpíadas em 2016.

A falta de condições infraestruturais também se dá com os outros espaços

escolares que poderiam ser usados para realização de diversas atividades nas aulas

de Educação Física. Ou seja, parte o processo de ensino-aprendizagem fica

comprometido, também, pela inadequação estrutural que somente a construção de

quadra não resolve.

Page 24: Condições infraestruturais e ensino-aprendizagem da Educação Física Escolar

4 METODOLOGIA

Segundo Marconi e Lakatos (2002), a pesquisa social é um processo que

utiliza metodologia científica, por meio da qual se pode obter novos conhecimentos

no campo da realidade social. Pautada nas afirmações de Gil (2002), esta pesquisa

caracteriza-se como qualitativa do tipo exploratória, embora apresente dados

quantitativos.

Nesse caso, o foco foi a pesquisa do tipo exploratória, que se caracteriza por

ser um procedimento metodológico que utiliza perguntas diretas, racionais, ou seja,

baseadas em conhecimentos científicos; desde que esse “universo” não negue a

realidade de forma que se possa desenvolver condições adequadas para o bom

desenvolvimento do trabalho. Como instrumento de coleta de dados os seguintes

procedimentos: a observação assistemática, que conforme Marconi e Lakatos (2002,

p. 87):

A técnica da observação não estruturada ou assistemática, também denominada espontânea, informal, ordinária, simples, livre, ocasional e acidental, consiste em recolher e registar os fatos da realidade sem que o pesquisador utilize meios técnicos especiais ou precise fazer perguntas diretas.

A outra forma de coleta de dados foi o questionário com perguntas fechadas e

abertas, que segundo Marconi e Lakatos (2007, p. 61): “O questionário deve ser

limitado em extensão e finalidade”. Assim, a coleta de informações através de

perguntas diretas, traz dados que devem compor as justificativas necessárias para

responder a finalidade e os objetivos desta pesquisa.

A coleta dos dados foi realizada em três escolas estaduais do ensino médio

no município de Alagoinhas-BA, em seu perímetro urbano. O município está situado

há mais ou menos 108 quilômetros da capital Salvador. Segundo dados do Instituto

de Geografia e Estatística (IBGE, 2010), o este município possui 141.949 habitantes.

A primeira etapa da pesquisa de campo se deu a partir do contato com

funcionários da Diretoria Regional de Educação (DIREC 3), localizada neste

município, onde solicitei da sua Diretora, permissão e livre acesso às escolas

estaduais de ensino médio, ratificando que apenas serão visitadas três escolas

Page 25: Condições infraestruturais e ensino-aprendizagem da Educação Física Escolar

inicialmente. As 3 escolas foram selecionadas pela acessibilidade autorizada e pelo

tempo disponível para conclusão da pesquisa.

A análise dos dados constará das conclusões da pesquisa de campo, da qual

as observações e o questionário aplicado deverão mostrar pontos relevantes ao

tema da pesquisa; buscando extrair de forma organizada, seguindo os preceitos de

neutralidade, para posteriormente fazer análise comparativa com as informações

que este estudo traz.

4.1 PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS E DADOS DAS ESCOLAS PESQUISADAS

Serão elencados apenas os dados de duas escolas, pois, a professora da

terceira escola, responsável pelo questionário não respondeu e nem aplicou os

mesmos em tempo hábil para finalização desse trabalho. As duas escolas serão

denominadas nesse trabalho de escola A, escola B e a terceira de escola C.

As visitas às escolas foram feitas no período da manhã, em primeiro lugar,

devido a disponibilidade da pesquisadora e em segundo lugar por indicação de um

dos funcionários da DIREC 3. A ordem de visita esta diretamente ligada a ordem

alfabética; ou seja, a primeira escola visitada foi a escola A, a segunda a escola B e

a terceira escola C.

A seguir será descrita as principais características de cada escola, sendo que

as duas encontram-se localizadas numa área central do município.

Escola A:

A escola A, além do ensino médio regular, possui o ensino profissionalizante,

ou seja, além do terceiro ano, possui o quarto. É a maior escola estadual do

município, possui em seu quadro de profissionais quatro professores de Educação

Física, sendo que dois são estagiários, um é profissional efetivo e o outro é

funcionário em Regime Especial de Direito Administrativo (reda).

Em se tratando das condições estruturais, a escola A possui uma quadra

poliesportiva razoável se comparada a outras; porém a mesma não possui

cobertura. Observando a professora num dia de aula na quadra, percebi que o

material, ou seja, o recurso utilizado foi a bola de futsal. Os alunos não estavam

vestidos com roupas “adequadas” para esse tipo de aula.

Page 26: Condições infraestruturais e ensino-aprendizagem da Educação Física Escolar

Escola B:

Essa escola, está localizada em um outro bairro, mas, segundo informações

da DIREC 3, foi interditada para reforma de toda a sua estrutura física. Assim,

encontra-se funcionando em um shopping que fica localizado mais ao centro do

município.

Em se tratando das condições estruturais, (prédio próprio), a escolaB possui

quadra poliesportiva segundo informações fornecidas pela vice-diretora e por uma

funcionária da DIREC 3; porém não foi possível visitar a escola, porque o prédio está

fechado para a reforma; portanto a pesquisadora não esteve no local para

verificação das condições da mesma.

Quanto ao shopping que abriga toda a escola: corpo docente, corpo discente,

administrativo e materiais de escritório; através da observação “in loco”; nota-se que

foram feitas adaptações das mais diversas para acomodar toda a estrutura da

mesma, que está localizada no primeiro andar do shopping.

O contato com esta escola se deu em duas etapas, ou seja, duas visitas.

Durante a primeira visita fui recebida pela vice-diretora e apresentei o documento de

autorização assinado pela Diretora da DIREC, porém a mesma informou que a

escola possui um professor de Educação Física, que não se encontrava na escola

naquele momento e que talvez não quisesse responder e/ou aplicar os

questionários. Na segunda visita o professor também não estava na escola; mas, fui

conduzida pelo diretor e apresentada a estagiária que se dispôs a responder e

aplicar os questionários.

A estagiária informou que todas as aulas ministradas nesse espaço (dentro da

escola) são teóricas, que variam entre a sala de aula e a sala de vídeo, onde são

assistidos os filmes selecionados pelo professor.

Escola C:

Essa escola em particular chamou bastante a atenção. Ela não possui

professor formado na área, mas as professoras que ministram a disciplina se

mostraram bastante entusiasmadas e revelaram que apesar de não possuir quadra

poliesportiva, as atividades que necessitam de espaços específicos, são realizadas

Page 27: Condições infraestruturais e ensino-aprendizagem da Educação Física Escolar

nos clubes ou outros espaços cedidos para esse fim. Inclusive a professora de

história tem vivências com o esporte e a ginástica (de academia).

Em relação à estrutura física, apesar de ter sofrido várias reformas, a escola

permanece em sua estrutura original, pensada e construída segundo os moldes dos

anos 1930 a 1950. Possui o térreo e o primeiro andar. Fiquei impressionada ao

adentrar a escola e olhar suas paredes e formas e ver que ali está registrada não só

a história da mesma, como também a história do povo alagoinhense.

Page 28: Condições infraestruturais e ensino-aprendizagem da Educação Física Escolar

5 RESULTADO E DISCUSSÃO DOS DADOS

O questionário foi elaborado para ser aplicado aos alunos do ensino médio de

três escolas estaduais; totalizando sete (07) escolas. As mesmas foram escolhidas

aleatoriamente. Os dados foram tabulados e, a partir daqui, trazemos a discussão.

QUADRO 1PESSOA RESPONSÁVEL POR APLICAR O QUESTIONÁRIO

CATEGORIA PROFISSIONAIS FREQUÊNCIA EM

NÚMERO

PESSOA

RESPONSÁVEL POR

RESPONDER O

QUESTIONÁRIO

Diretor 00

Coordenador 00

Professor de EF 01

Professor de Outra Disciplina 01

Estagiário (a)* 01

*Esta categoria não está no questionário, foi acrescida no quadro a fim de não deixar de apresentar os dados da unidade escolar B.

Analisando o quadro acima nota-se que apenas os professores aplicaram o

questionário para os alunos.

QUADRO 2QUESTIONÁRIO RESPONDIDO PELOS ALUNOS

CATEGORIA UNIDADE ESCOLAR FREQUÊNCIA EM

NÚMERO

ALUNOS ESCOLA A 25

ESCOLA B 21

Na escola A os questionários foram aplicados em uma turma de 4º ano de

enfermagem e uma turma do 2º ano; nessa escola há dois professores e dois

estagiários de Educação Física.

Já na escola B, a aplicação do questionário foi feita pela estagiária de

Educação Física e acompanhada por mim. Essa escola possui um professor de

Educação Física.

Page 29: Condições infraestruturais e ensino-aprendizagem da Educação Física Escolar

QUADRO 3A ESCOLA POSSUI QUADRA POLIESPORTIVA

CATEGORIA RESPOSTAS

SIM NÃO

ESCOLA A 25 00

ESCOLA B 01 20

Nesse quadro 03, há uma resposta sim para a escola B; isso se justifica pelo

fato do aluno estar referindo-se ao prédio que está sob reforma em toda sua

estrutura.

QUADRO 4QUANTIDADE DE QUADRA POLIESPORTIVA

CATEGORIA FREQUÊNCIA EM

NÚMERO

ESCOLA A 1

ESCOLA B* 0

*A escola B possui quadra em seu prédio original, que se encontra em reforma.

QUADRO 5EXISTEM OUTROS ESPAÇOS ONDE SÃO REALIZADAS AS AULAS

DE EDUCAÇÃO FÍSICA

CATEGORIA RESPOSTAS EM NÚMERO

SIM NÃO

ESCOLA A 23 02

ESCOLA B 09 12

A maior parte dos alunos da escola A entende que as atividades práticas das

aulas podem acontecer em outros espaços que não seja a sala de aula ou a quadra

da escola; e os alunos da escola B estão muito limitados, pois a escola está

funcionando em outro espaço alugado que precisou ser adaptado, não deixando

outras alternativas e possibilidades para as aulas “práticas”.

Page 30: Condições infraestruturais e ensino-aprendizagem da Educação Física Escolar

QUADRO 6 OUTROS ESPAÇOS ONDE SÃO REALIZADAS AS AULAS DE

EDUCAÇÃO FÍSICA QUE FORAM CITADOS PELOS ALUNOS – ESCOLA A

CATEGORIA LOCAIS CITADOS FREQUÊNCIA EM

NÚMERO

ESCOLA A PÁTIOS 09

PÁTIO DA CANTINA 09

CAIXA DE AREIA 05

ÁREAS DA ESCOLA 03

ESTACIONAMENTO 03

PISTA DE SALTO 02

FUNDOS DO AUDITÓRIO 01

A escola A possui várias alternativas para a execução das aulas, ou seja,

diferentes conteúdos podem ser trabalhados durante as aulas e em qualquer

espaço.

QUADRO 7 OUTROS ESPAÇOS ONDE SÃO REALIZADAS AS AULAS DE

EDUCAÇÃO FÍSICA QUE FORAM CITADOS PELOS ALUNOS – ESCOLA B

CATEGORIA LOCAIS CITADOS FREQUÊNCIA EM

NÚMERO

ESCOLA B SALA DE VÍDEO 07

QUADRA DO PARQUE DA

JAQUEIRA

01

A escola B, por não estar funcionando em seu prédio original está bastante

limitada para a aplicação dos conteúdos que inclui as práticas que necessitem usar

a bola ou até mesmo a necessidade de correr. Como pude acompanhar de perto

aplicação do questionário, observei que a ida para outra quadra aconteceu apenas

uma vez, isto porque a quadra que foi citada no quadro 7 está localizada num bairro

distante do endereço atual da escola.

Page 31: Condições infraestruturais e ensino-aprendizagem da Educação Física Escolar

QUADRO 8* ESPAÇOS MAIS UTILIZADOS PARA AS AULAS DE EDUCAÇÃO

FÍSICA

CATEGORIA LOCAIS CITADOS FREQUÊNCIA EM

NÚMERO

ESCOLA A QUADRA 25

PÁTIO 04

CAIXA DE AREIA 02

SALA DE AULA 03

ESCOLA B SALA DEAULA 13

SALA DE VÍDEO 04

NENHUM 02

*No Quadro 8 cada aluno escreveu mais de um local, portanto a resposta na é proporcional ao número de alunos.

Mais uma vez, ficou evidente que a escola A possui mais possibilidades para

a efetivação de vários conteúdos enquanto que a escola B está em grande

desvantagem devido a atual situação.

QUADRO 09 CONDIÇÕES FÍSICAS E INFRAESTRUTURAIS DA QUADRA –

ESCOLA A

CATEGORIA RESPOSTAS FREQUÊNCIA EM

NÚMERO

ESCOLA A

ÓTIMA 01

BOA 13

REGULAR 11

RUIM 00

PÉSSIMA 00

Apesar de não possuir cobertura, a quadra da escola A aparenta ter

realmente boas condições. Isso foi verificado “in loco”.

Page 32: Condições infraestruturais e ensino-aprendizagem da Educação Física Escolar

QUADRO 10 CONDIÇÕES FÍSICAS E INFRAESTRUTURAIS DA QUADRA –

ESCOLA B

CATEGORIA RESPOSTAS FREQUÊNCIA EM

NÚMERO

ESCOLA B ÓTIMA 00

BOA 00

REGULAR 00

RUIM 00

PÉSSIMA 00

A Escola B não possui quadra, encontra-se funcionando num prédio alugado.

QUADRO 11 NÚMERO DOS RECURSOS DIDÁTICOS ESPORTIVOS – ESCOLA A

CATEGORIA RESPOSTAS FREQUÊNCIA EM

NÚMERO

ESCOLA A SUFICIENTE 11

INSUFICIENTE 13

OUTRO 01

No quadro 11 é notório que mesmo possuindo uma boa quadra, os materiais ainda

são insuficientes para a demanda necessária.

QUADRO 12 NÚMERO DOS RECURSOS DIDÁTICOS ESPORTIVOS – ESCOLA B

CATEGORIA RESPOSTAS FREQUÊNCIA EM

NÚMERO

ESCOLA B SUFICIENTE 00

INSUFICIENTE 17

OUTRO 04

No quadro 12 os alunos responderam a questão mesmo sabendo que só

mudavam de sala para assistirem algum filme.

Page 33: Condições infraestruturais e ensino-aprendizagem da Educação Física Escolar

QUADRO 13 CONDIÇÕES DOS RECURSOS DIDÁTICOS ESPORTIVOS –

ESCOLA A

CATEGORIA RESPOSTAS FREQUÊNCIA EM

NÚMERO

ESCOLA A ÓTIMAS CONDIÇÕES 02

BOAS CONDIÇÕES 09

REGULAR 14

RUIM 00

PÉSSIMAS CONDIÇOES 00

Os recursos utilizados para as atividades práticas encontram-se na escola A de

forma regular, ou seja, são utilizados nas aulas, porém ainda não existe uma

excelência em quantidade e qualidade.

QUADRO 14 CONDIÇÕES DOS RECURSOS DIDÁTICOS ESPORTIVOS –

ESCOLA B

CATEGORIA RESPOSTAS FREQUÊNCIA EM

NÚMERO

ESCOLA B ÓTIMAS CONDIÇÕES 00

BOAS CONDIÇÕES 00

REGULAR 02

RUIM 05

PÉSSIMAS CONDIÇOES 13

Este quadro também não se aplica a escola B pelo mesmo motivo anterior.

QUADRO 15 QUAIS OS MATERIAS MAIS UTILIZADOS NAS AULAS DE

EDUCAÇÃO FÍSICA

CATEGORIA RESPOSTAS FREQUÊNCIA EM

NÚMERO

ESCOLA A BOLA 21

BAMAOLÊ 02

CORDA 02

CONE 01

Page 34: Condições infraestruturais e ensino-aprendizagem da Educação Física Escolar

ESCOLA B DATA SHOW 07

FILMES 01

DAMA 01

*No Quadro 15 cada aluno escreveu mais de um objeto, portanto a resposta não é proporcional ao número de alunos.

Observa-se que a bola é o recurso mais utilizado para as aulas de Educação

Física. Isso talvez devido às antigas raízes que ainda permeiam o universo atual da

disciplina em relação aos seus próprios conceitos e utilização de recursos. Onde a

luta, a dança e outros conteúdos não aparecem ou, se quer, são citados pelos

alunos nessa pesquisa. Então a pergunta é: será que foram apresentados e

trabalhados tais conteúdos e possibilidades durante a vida escolardesses alunos?

QUADRO 16 O QUE É MAIS IMPORTANTE PARA A AULA DE EDUCAÇÃO FÍSICA

– ESCOLA A

CATEGORIA RESPOSTAS

ESCOLA A PARTICIPAÇÃO E INTERAÇÃO ENTRE ALUNOS E

ENTRE ALUNO E PROFESSOR

IR PARA A QUADRA COM OS MATERIAIS

NECESSÁRIOS

O ALONGAMENTO

A PROFESSORA E A TURMA

INTERAÇÃO E DIVERSÃO

É O ALUNO QUERER A AULA

ESTAR EM UM AMBIENTE AMPLO QUE NOS PERMITA

OS MOVIMENTOS NECESSÁRIO PARA A AULA

AULA TEÓRICA, A QUADRA PARA AS AULAS

PRÁTICAS

QUADRA, FARDAMENTO E MATERIAIS

MELHORAR AS CONDIÇÕES FÍSICAS

APREDIZADO SOBRE AS REGRAS E TÉCNICAS DOS

ESPORTES E INTERAÇÃO ENTRE ALUNOS E

PROFESSORES

AULAS PÁTICAS, DINÂMICAS E COLETIVAS.

Page 35: Condições infraestruturais e ensino-aprendizagem da Educação Física Escolar

EXER CÍCIOS FÍSICOS, TREINAMENTOS,

ALONGAMENTOS.

SEGURANÇA E AMBIENTE APROPRIADO PARA

ATIVIDADES ESPORTIVAS E MATERIAIS.

OS EXERCÍCIOS

PROFESSOR PACIENTE E COMPREENSIVO

EXERCÍCIO FISICO

AULAS PRÁTICAS

EXERCÍCIOS FÍSICOS, DEBATES SOBRE JOGOS.

EXERCÍCIOS FÍSICOS E ASSUNTOS DA AULA.

PRATICAR EDUCAÇÃO FÍSICA

UMA QUADRA EM BOM ESTADO E MATERIAIS

ADEQUADOS.

OS EXERCÍCIOS PARA NÃO TER CONTUSÃO.

ORIENTAÇÕES E PRÁTICAS

Este quadro 16, apesar de as respostas estarem bastante diversificadas, não

se omite a necessidade de qualidade não só para as aulas mais também para os

materiais.

QUADRO 17 O QUE É MAIS IMPORTANTE PARA A AULA DE EDUCAÇÃO FÍSICA

– ESCOLA B

CATEGORIA RESPOSTAS

ESCOLA B EXERCÍCIOS E ESPORTE

A DIVERSÃO E O BEM ESTAR E A PROFESSORA

ENTENDER E ENTRAR NO MUNDO DA FISICA

FAZER EXERCÍCIOS E SABER PARA QUE

OS SEMINARIOS E O ENTROSAMENTO DA SALA

AS AULAS PRÁTICAS

TRABALHAR OS ESPORTES E A SAÚDE E LOCAL

ADEQUADO

TODOS OS MATERIAIS DIDÁTICOS

Page 36: Condições infraestruturais e ensino-aprendizagem da Educação Física Escolar

OS MATERIAIS QUE ESTAMOS PRECISANDO

EXERCÍCIO FISICO

QUADRA E MATERIAL ESPORTIVO

A AQUADRA

ATIVIDADE FÍSICA E A QUADRA

MATERIAIS PARA REALIZAÇÃO DO TRABALHO

ESPAÇO ADEQUADO PARA DESENVOLVER

EXERCÍCIO FÍSICO AS TÉCNICAS PRÁTICAS

EXERCÍCIO FÍSICO E MENTAL COM O JOGO DE

XADREZ

TER AULA DIVERSIFICADA COM QUALIDADE

PROFESSORA PACIENTE

UM BOM PROFESSOR

Os elementos presentes nessas respostas remetem-nos novamente a pensar

a prática, os conteúdos e possibilidades que podem ser desenvolvidas diante das

dificuldades da escola B, escola esta em que pude além de ajudar a aplicar o

questionário; ouvi muitas queixas por parte dos educandos que manifestaram

naturalmente sua indignação pela atual situação. Ao mesmo tempo em vi e ouvi que

não aguentavam mais ficar “só na sala de aula”.

Considerando que o espaço físico e a infraestrutura para as aulas de

Educação Física precisam ser adequados para as práticas pertinentes; observa-se

que as escolas não estão suficientemente adequadas para essas demandas. Nas

escolas pesquisadas a que mais se aproximou dos padrões mínimos para as aulas

foi a escola A; porém, a quadra da mesma não possui cobertura e os alunos não

estavam vestidos adequadamente para as atividades que a professora estava

desenvolvendo, inclusive o horário da aula contava com o calor e a iluminancia

excessiva do sol.

O interesse dos alunos também estava comprometido nesse dia, alguns não

demostravam ou queriam participar da aula, porém, a professora buscou através de

diálogos a atenção e participação da maioria. Ainda, segundo informações

fornecidas pela professora da escola A; são utilizados outros espaços como o

auditório, a área perto da cantina para outras atividades, essa informação combina

Page 37: Condições infraestruturais e ensino-aprendizagem da Educação Física Escolar

perfeitamente com as informações dos alunos. Isso denota que o processo de

ensino nessa escola não ficou comprometido.

As condições da quadra estavam boas, pois, a mesma havia sido reformada

(pintada) recentemente e isso foi constatado visualmente “in loco”.

A escola B, apesar de os alunos afirmarem que gostam das aulas de

Educação Física e da professora (estagiária), os mesmos mostram-se muito

decepcionados com o professor e com a estrutura da escola que está funcionando

com um certo nível de precariedade em algumas dependências de um shopping.

Não foi possível presenciar e registrar uma aula sequer na escola B; porém

ficou bem visível que não há o que avaliar em termos de práticas, nem mesmo uma

aula “teórica”; pois o professor não foi encontrado nas visitas feitas. O contato se

deu apenas com a estagiária que era muito solicitada e querida pelos alunos.

Na escola A os materiais como bolas, redes, etc estavam guardados em uma

sala específica; já na escola B não foi identificado sequer os materiais necessários

para as aulas.

Ficou bem evidente que os espaços e a infraestrutura influenciam diretamente

no processo de ensino e aprendizagem dos educandos, ou seja, eles são

necessários para o desenvolvimento da disciplina; a maioria dos alunos dessas

escolas, entendem que a aula de Educação Física não implica apenas a hora de

lazer. A disciplina é um componente que requer o mínimo de condições para sua

eficiência.

Page 38: Condições infraestruturais e ensino-aprendizagem da Educação Física Escolar

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante desses dados fica evidente que a todo tempo o processo ensino-

aprendizagem da disciplina Educação Física e seus conteúdos estão distantes

daquilo que para qualquer docente pode ser considerado como ideal, para a

produção do conhecimento, visto que os educandos nesse nível escolar parecem

preocupar-se com a saúde, desconhecendo aparentemente os outros conteúdos e

possibilidades para uma aula diversificada e eficaz.

Vê-se que os espaços também possuem grande relevância para as aulas,

pois a própria disciplina exige materiais e lugares específicos. A inquietude dos

alunos por entenderem muitas vezes que a aula de Educação Física é a “hora da

diversão ou recreação”, motiva-os a querer sair da sala; essa ansiedade justifica-se

bem. Em parte eles têm razão; não existe coisa pior do que uma aula sem

motivação seja qual for a disciplina.

Ficou bem evidente que há ainda uma grande necessidade de repensar não

só os espaços para a aula de Educação Física, mas também de toda a escola. As

aulas precisam ser bem planejadas e também bem executadas.Para isso, repensar

e criar possibilidades também implica em querer estar e trabalhar num lugar seguro.

Ao observar a Escola A, pude verificar “in loco” que as atividades

desenvolvidas estão digamos que, mais de acordo com as necessidades tanto dos

alunos como as necessidades do professor.Porém, ainda assim, precisa-se pensar

nas atividades fora da sala de auladurante o inverno, ou período chuvoso, e no

horário quando o sol está alto; por isso nota-se logo a relevância da necessidade e

importância de cobertura da quadra especialmente para esses momentos.

As condições infraestruturais da escola B estão longe de alcançar um padrão

mínimo de qualidade para as necessidades de qualquer aula, visto que as salas

estão separadas por divisórias improvisadas, não há nenhum espaço específico

para outras atividades que exigem práticas corporais, a deficiência de iluminação e

climatização adequada dificulta não só as aulas de Educação Física, mais também

das outras disciplinas, comprometendo assim todo o processo de ensino-

aprendizagem dos alunos.Contudo, também não seria justo que a escola deixasse

de funcionar. Mas, como uma escola pode chagar a esse ponto?

Page 39: Condições infraestruturais e ensino-aprendizagem da Educação Física Escolar

Como um dos objetivos foi conhecer a infraestrutura dos espaços destinados

às aulas de Educação física, pode-se ver que os espaços são a quadra, mas que

estas se encontram em estado inadequado de conservação. Além disso,

destacamos que há outros espaços que devem ser pensados como possíveis de

realização de atividades de Educação Física.

Sobre objetivo de verificar como são concebidos esses espaços dentro de

uma perspectiva normativa, foi difícil não identificar as não conformidades

observadas dentro e fora das escolas envolvidas, com a qualidade de ensino e das

condições sanitárias desses ambientes. Pois, segundo a Portaria Estadual nº

4.420/90 publicada em 12 de julho de 1990, respaldada pela Lei Federal nº

8.080/1990, considerando o que dizem as mesmas, nota-se que a maioria das

escolas apresentam condições insalubres para funcionar e outras já deveriam ter

sido interditadas, como aqui ficou bem explicito o caso da Escola B, um dos alvos

desta pesquisa.

No que diz respeito ao objetivo de registrar a organização das atividades

propostas nesses espaços, foi possível notar a desmotivação dos estudantes em

função do sol na escola A. Na escola B as práticas corporais são negadas aos

estudantes por falta de espaço. Ou seja, vê-se, mais uma vez, que o espaço físico e

a infraestrutura aí disponível afeta as atividades que são pensadas pelos

professores e a realização das mesmas no decorrer das aulas.

Acredito que este trabalho não finaliza o objeto de estudo desta pesquisa. Ao

contrário, creio que ainda se faz necessário uma busca mais detalhada e intensa de

elementos para realmente mostremum quadro mais detalhado da situação das

escolas e das aulas de Educação Física em função dos aspectos espaciais e

infraestruturais.

Page 40: Condições infraestruturais e ensino-aprendizagem da Educação Física Escolar

REFERÊNCIAS

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