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CONDUTA MEDIÚNICA (É preciso se educar para poder servir) Rubens Santini – Abril/1995 – Distribuição gratuita

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CONDUTA MEDIÚNICA

(É preciso se educar para poder servir)

Rubens Santini – Abril/1995 – Distribuição gratuita

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“Todo o homem sem o autoconhecimento, enxerga facilmente os erros pequenos em seu semelhante, mas não percebe os erros grandes dele mesmo. Para os erros pequenos dos outros, o egoísta usa uma lente de aumento; para os erros próprios, ele inverte a lente de maneira que diminui, em vez de aumentar os

seus próprios defeitos. Tudo isto é conseqüência da sua falta de autoconhecimento. Quem conhece realmente a si mesmo, percebe com facilidade até os menores deslizes em si mesmo, e presta pouca atenção às faltas dos outros; e, no caso que as perceba, não é para censurar, mas para ver se pode ajudar a corrigi-las.” (Huberto Rohden)

“Todo médium que começa a ver defeitos nos outros médiuns está destruindo a sua própria obra. Passa de construtor evangélico a carrasco do bem que existe em todos. A verdade não carece de defesa humana. Por si mesma se liberta. O tempo é a voz de Deus, que seleciona e executa somente a Sua magnânima vontade. ” (Bezerra de Menezes)

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Índice

Prefácio .................................................. 4 Introdução ................................................ 5 Conquistando a mansuetude ................................. 6 O médium deve sempre perdoar .............................. 7

Passividade ............................................... 8 Teoria e prática .......................................... 9 Disciplina e responsabilidade ............................ 10 Reflexão sobre a humildade ............................... 11 O crivo da razão ......................................... 12 Os excessos da autocrítica ............................... 13 Liberdade controlada ..................................... 15

O estudo constante ....................................... 17 Servindo silenciosamente ................................. 18 A posição do médium ...................................... 19 Educação mediúnica ....................................... 20 O hábito da prece ........................................ 22 O médium e o seu Guia Espiritual ......................... 23 Divaldo Franco e Raul Teixeira nos esclarecem ............ 26

Como o médium deve se comportar dentro do Centro Espírita 32 A importância da meditação ............................... 33

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Prefácio

Este presente trabalho ficaria totalmente invibializado,

se não fosse feito, preliminarmente, os estudos das obras de

Allan Kardec.

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Introdução

Existem muitos médiuns que acham que é só dentro do Centro Espírita que eles exercem a sua mediunidade.

Grande engano, meus Irmãos! Somos médiuns durante as 24 horas do dia.

Os Espíritos sofredores são muitos. Somos assediados a todo o momento por eles: em casa, no trabalho, na rua,...

Muitas vezes, com uma simples oração, mentalmente, pode-remos aliviá-los o coração.

O médium é um farol no meio de uma noite dentro do oceano. E é por essa luz, que muitas vezes, os sofredores são

atraídos. Daí a importância do medianeiro estar sempre atento e

vigilante. Lembram-se do “orai e vigiai” que tanto Jesus nos

ensinou? Vocês sabiam que o Plano Maior, em certos casos,

autoriza as Entidades que foram doutrinadas nos trabalhos práticos, dentro do Centro Espírita, a acompanharem os médiuns e, ficarem com eles por um determinado tempo, para observá-los e verificarem se tudo aquilo que falam dentro do Centro, eles realmente praticam no seu dia-a-dia?

Portanto, é muito importante que busquemos, a todo instante, o nosso aprimoramento moral e o nosso estudo constante.

Aquele que não deseja educar-se, não é útil para

servir.

E a Doutrina Espirita é bem clara nesse aspecto: “Espíritas, amai-vos, eis o primeiro ensinamento; Instruí-vos, eis o segundo” E aqui, meus queridos Irmãos, eu apresento um trabalho,

no qual meu único mérito é a sua organização, de onde extraí textos de livros dos mais diversos autores, com a intenção de incentivar os Espíritas-Cristãos a continuarem a estudar a mediunidade e, para que possamos melhor servir ao Plano

Espiritual. Que Jesus reine em nossos corações!

Rubens Santini

São Paulo, 22 de abril de 1995

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Conquistando a mansuetude

Se estamos reencarnados no planeta Terra, é porque ainda temos muitos débitos, muitas correções a serem feitas em nosso interior e com as pessoas que nos rodeiam.

Para isto, há necessidade de muito esforço próprio e a vontade consciente para o crescimento espiritual.

Quanto mais vamos subindo nesta escalada de aprimoramento moral, parece que “provas” são colocadas em nosso caminho para ver se realmente aprendemos a lição. Muitas vezes somos “tentados” para ver se queremos realmente seguir esta vereda.

Nascemos em família, onde muitas vezes, temos problemas

de relacionamento com determinadas pessoas. Em nosso ambiente de trabalho, há um clima de competição, com a pura intenção de aumentar a produção da empresa. Na rua, estamos sujeitos aos imprevistos do trânsito tumultuado e violento.

E muitas vezes, nós entramos em sintonia com essas vibrações e ficamos totalmente desequilibrados, tendo, a partir daí, um comportamento nada condizente com tudo aquilo que estudamos, e que foi pregado pelo Cristo.

Geralmente reclamamos que as pessoas não nos entendem. Por mais benfeitorias que fazemos, mais reclamamos que somos maltratados. Aí vai uma palavra de incentivo: pois fiquem sabendo que o Cristo as colocou em nosso caminho, para que possamos ensiná-las a viverem em harmonia. Para que possamos demonstrar na prática, e não só na palavra, tudo aquilo que

Ele nos ensinou. Não critiquem, não culpem, não revidem! Incentivem, perdoem, resignem-se, sejam humildes e

caridosos! Demonstrem como gostariam que fossem tratados. Meimei, através de Chico Xavier, dizia: “Jesus rendia

graças a Deus, auxiliando o próximo. Cooperando de boa-vontade com os outros, estaremos servindo a Deus”

Quando alguém lhe desferir alguma injúria, uma ofensa ou

um ato de desamor, reze por ela. Imagine-a envolta em uma luz azulada, com os Anjos Celestiais em sua volta, a sensibilizando e a intuindo para a prática de atos de Amor e

Solidariedade. E daí veremos, através desta prática constante, que uma

Paz interior irá brotar dentro de nós. Sentiremos muito mais leves e, com certeza, de que estaremos conquistando a nossa mansuetude.

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O médium deve sempre perdoar(1)

“A mediunidade tem muitas glórias, mas não as glórias que o mundo costuma oferecer.

O maior contentamento que provém dela, é o de podermos ser úteis, sem que os outros saibam de nossa utilidade, procurando perdoar os irmãos, sem vislumbres de humilhação.

Adverte-nos o bom senso de que o silêncio é o melhor ambiente para o esquecimento do mal.

O médium que for vítima da maledicência não deve remoer ressentimentos, para não entrar na faixa do perseguidor.

Quando oprimido e perseguido, deve procurar no Evangelho algo de bom, como nos exemplos:

“Quando alguém bater em tua face, oferece-lhe também a

outra.” Quando o médium for ferido em sua sensibilidade, deve

preparar-se novamente para outras etapas, pois quando estas vierem, já estará firme para o esquecimento de todas as ofensas.

Eis aí o perdão que liberta todas as tentações das trevas.

Não devemos perder a fé, porque a confiança nos poderes de Deus nos torna maiores diante de todas as investidas do mal e nos fortalece para que consigamos, sempre, livrarmo-nos das emboscadas daqueles que odeiam a Luz. ”

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“Nas edificações espirituais ligadas a área mediúnica, alguns requisitos são exigidos: - disciplina e confiança em Deus; - constância na execução das tarefas; - aquisição contínua de novos conhecimentos.

Esforço demanda tempo, realização não se improvisa. O obreiro da mediunidade não deve almejar realizações superiores de um dia para outro, nem fenômenos que vislumbrem e encantem. É fundamental educar a alma, corrigir a mente, para que o coração se esclareça. “(2)

(1) "Segurança Mediúnica" - de Miramez, através de João Nunes

Maia - Fonte Viva. (2) "Mediunidade e Evolução" - Martins Peralva - FEB

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Passividade

Em “Diversidades de Carismas”, Hermínio C. Miranda nos relata que existem Centros Espíritas que impõem um rígido padrão de comportamento mediúnico, e muitas vezes, “regras” inibidoras: o médium tem que ficar imóvel, olhos fechados, mãos juntas e abandonadas sobre a mesa, manter o tom de voz sereno (sem elevações), nenhuma forma de movimentação do corpo, dos membros e da cabeça.

Hermínio C. Miranda acha que deve haver certa naturalidade e espontaneidade nas manifestações, afinal, o médium não é nenhum robô, que filtra sentimentos e emoções da Entidade comunicante. E nos relata ainda:

“... permitindo que o Espírito manifestante pudesse

expressar-se convenientemente, dizer enfim ao que veio e expor sua situação a fim de que pudesse ser atendido ou, pelo menos, compreendido nos seus propósitos. Se ele vinha indignado por alguma razão - e isto é quase que a norma em trabalhos dessa natureza -, como obrigá-lo a falar serenamente, com voz educada, em tom frio e controlada? Somos nós, encarnados, capazes de tal proeza? Não elevamos a voz e mudamos o tom nos momentos de irritação e impaciência? Como exigir procedimento diferente do manifestante e do médium? Afinal de contas, se a manifestação ficar contida na rigidez de tais parâmetros, acaba inibida e se torna inexpressiva, quando não inautêntica, de tão deformada. Em tais situações, é como se o médium ficasse na posição de mero assistente de uma cena de exaltação e a descrevesse friamente, em voz

monótona e emocionalmente distante dos problemas que lhe são trazidos. É preciso considerar, no entanto, que ali está uma pessoa angustiada por pressões íntimas das mais graves e aflitivas, muitas vezes em real estado de desespero, que vem em busca de socorro para seus problemas, ainda que não o admita conscientemente. Não é uma vaga e despersonalizada Entidade, uma abstração, mas um Espírito que se manifesta. É um ser humano vivo, sofrido, desarvorado, que está precisando falar com alguém que o ouça, que sinta seu problema pessoal, que o ajude a sair da crise, por alguns momentos, o abrigo de um coração fraterno. O médium frio e com todos os freios aplicados à manifestação não consegue transmitir a angústia que vai naquela alma. É um bloco de gelo através do qual não

circulam as emoções do manifestante, a pungência de seu apelo, a ânsia que ele experimenta em busca de amor e compreensão. Nenhum problema é maior, naquele instante, para o manifestante do que o seu, nenhuma dor mais aguda do que a sua.”

A manifestação deve realmente ser disciplinada, sem grandes ruídos, sem palavras descontroladas e de baixo calão, mas deve, além de tudo, ser feita com naturalidade e espontaneidade, dando oportunidade para a Entidade manifestar o seu lado psicológico e emocional.

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Teoria e prática(3)

“Tanto os livros da Codificação Espírita, como os demais autores responsáveis, insistem em algumas constantes que não podem ser desatendidas, sem grave prejuízo para o trabalho mediúnico que se programa: a primeira delas é o estudo teórico constante das questões pertinentes, em paralelo, com experimentação.

Em seu livro “The Univerty of Spiritualism”, Harry Boddington, é incisivo neste ponto ao escrever:

“Tais considerações demonstram a insensatez de tentar,

primeiro, desenvolver a mediunidade e, depois, estudar o

ABC do assunto (...). A recusa do estudo prévio do assunto

nasce da tola noção de que a mente muito cultivada é um

empecilho à manifestação dos Espíritos. Essa gente diz

candidamente que jamais lê coisa alguma. É esta teimosa

ignorância que mantém o baixo conceito do espiritismo.”

Ressaltando que o livro se destina ao contexto espiri-tualista inglês e tem mais de 40 anos de publicação, é preciso admitir que ele não deixa de ter fortes razões para assim enfatizar este aspecto. Mesmo porque, como assinala mais adiante, o trato com os Espíritos demonstra precisamente o contrário do que pensam os despreparados manipuladores da mediunidade: quanto melhor o cérebro, melhor o instrumento mediúnico.

Isto porque os Espíritos manifestantes trabalham de preferência com o material armazenado no inconsciente do médium, ou seja, com os recursos que ele possui e que coloca à disposição do manifestante. Quanto melhor a qualidade e a variedade dos conhecimentos do médium, mais fácil e de melhor nível serão as comunicações.

O que leva a complicações e até obsessões graves é entregar-se cegamente à experimentação sem apoio, sem orientação e sem estudo.

Muitos afirmam, orgulhosamente, que não precisam estudar porque aprendem com os próprios Espíritos. Não é bem assim. Sem dúvida, o prolongado e disciplinado intercâmbio com os Espíritos de mais elevada condição evolutiva, como no caso do nosso querido Chico Xavier, contribui de maneira ponderável

para o aprimoramento moral e intelectual do médium responsável, mas são os Espíritos os primeiros e mais insistentes em recomendar ao médium que leia, estude, observe, medite, pergunte a quem saiba, permaneça vigilante e ore com freqüência para manter o que amigos nossos costumam chamar de teto espiritual. ”

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(3) "Diversidade dos Carismas" - Hermínio de Miranda -

Publicações Lachƒtre.

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Disciplina e responsabilidade(3)

“O principal obstáculo na fase inicial do treinamento mediúnico está na ânsia prematura de obter mensagens reveladoras antes de um claro entendimento do processo e de suas dificuldades.

Há tarefas no aprendizado que competem nitidamente ao médium realizar e ele não deve sobrecarregar os Espíritos manifestantes, seus Mentores ou Guias com obrigações e esforços de sua responsabilidade pessoal; mesmo porque em geral os primeiros Espíritos que se aproximam de um médium iniciante são os de mais baixa condição, como assinalou os textos confiáveis de Kardec e de seus continuadores.

O médium é que terá de esforçar-se por adotar uma disciplina pessoal que possibilite a aproximação de seus amigos espirituais. (...)

A tarefa do médium é explorar o universo do pensamento. O médium precisa manter desobstruídos os canais

psíquicos por onde circulam suas idéias para que por esses mesmos canais e com esse mesmo material psíquico, utilizando-se de sua energia mediúnica, possam os Espíritos igualmente fazer circular suas idéias.

Mediunidade é pois uma transfusão de pensamentos, mesmo quando se trata de energia destinada à produção de efeitos físicos, de vez que é o pensamento e a vontade dos Espíritos que as direcionam.

Por outro lado, o médium é um ser que franqueou o acesso da sua intimidade aos seres invisíveis desencarnados.

Se ele adota atitudes de descaso, indiferença e preguiça, estará chamando para sua convivência Espíritos semelhantes.

A mediunidade é um instrumento de trabalho, não para uso e gozo pessoal, mas para servir. (...)

A mediunidade é uma responsabilidade, um compromisso,

uma tarefa a realizar. Longe de ser um ônus insuportável, é um privilégio concedido para servir ao próximo e, conseqüentemente, importante fator de aceleramento do nosso próprio ritmo evolutivo. ”

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(3) "Diversidade dos Carismas - Vol. 1" - Hermínio Miranda

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Reflexões sobre a humildade(3)

“Muitas mediunidades promissoras naufragam logo no inicio, aos primeiros embates, por excesso de confiança ou temor exagerado, por desânimo ante as dificuldades iniciais, por falta de perseverança no treinamento ou por desinteresse em promover certas mudanças íntimas, renunciar a algumas comodidades e pequenos vícios de comportamento ou de imaginação.

São muitos, ainda os que julgam que basta sentar-se à mesa mediúnica para começar a produzir fenômenos notáveis, receber Espíritos elevados, ter vidências espetaculares ou curar doenças irredutíveis.

Nada disso! A primeira atitude a adotar-se, seja ou não

este conselho tido como “pregação”, é a de HUMILDADE. Não pense que sua mediunidade vai abalar o mundo ou

servir de veículo a revelações sensacionais. É mais fácil perder-se uma oportunidade de exercício

mediúnico razoável pela vaidade do que por qualquer outro obstáculo; e mais desastroso, porque em vez de uma contribuição modesta, porém positiva, optamos pelo desacerto. (...)

Qualquer que seja o tipo de mediunidade em

desenvolvimento, é preciso que o médium em formação promova um severo e honesto auto-exame, a fim de identificar em que aspectos de comportamento precisa mudar e que eventuais virtudes ou qualidades pessoais devem e podem ser

revigorados. E para isso também uma dosagem de humildade será de vital importância. (...)

A mediunidade é, por certo, um privilégio, no sentido de

que constitui importante concessão ao Espírito encarnado que deseja acelerar seu processo evolutivo, servindo ao semelhante, mas não coroa e cetro a conferir poder sobre os demais, halo de santidade para ser admirado ou virtude pessoal para ser louvado - é apenas uma faculdade natural para ser utilizado como instrumento de trabalho.

Por que iria o telefone sentir-se orgulhoso apenas por

transmitir a voz humana por seu intermédio? Se assim fosse, a televisão teria direito a uma parcela maior de vaidade,

porque além da voz, transmite também imagem, cor e movimento.”

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(3) "Diversidade dos Carismas - Vol. 1" - Hermínio Miranda

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O crivo da razão(3)

“Claro que o médium não deve (e não pode, senão se perde) ser crédulo e irresponsável, aceitando como bom tudo quanto lhe ocorra, ou qualquer texto que produza, ou qualquer visão que tenha, simplesmente porque provém (ou assim ele supõe) dos Espíritos. A realidade é bem outra.

Se os fenômenos provêm dos Espíritos, deve examiná-los com a maior atenção e sendo crítico para evitar envolvimentos indesejáveis e até obsessões, ainda menos desejáveis. Se são produtos de sua fantasia e automistificação, então a coisa é ainda mais grave, pois está sofrendo de distúrbios mentais ou emocionais. Terá de ter bom senso para identificar a

falsidade e a coragem de rejeitá-la sumariamente, se é que deseja e pretende preservar sua própria identidade e integridade. (...)

Não é nada difícil para um Espírito (ou uma equipe deles) promover fenômenos insólitos em grupamento humanos despreparados, fazer revelações pessoais, prever acontecimentos de pequena monta, que acabam por ocorrer mesmo, e até promover curas. Por meio de tais artifícios acabam por conquistar a confiança ilimitada dos incautos. Daí em diante, será simples continuidade, impingindo tranquilamente instruções, impondo rituais, formulando doutrinas exóticas, criando até uma nova seita. A habilidade e a malícia de alguns desses Espíritos só é superada pela ingenuidade e excesso de confiança dos encarnados que a eles

se submetem. (...) Cuidado com ‘revelações’ mais ou menos sensacionais, com

informações acerca de vida anteriores dos componentes do grupo e, principalmente, com elogios que o destinatário quase sempre considera justos e merecidos, mas que trazem a sutil e insidioso excitante da vaidade pessoal. ”

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“A mistificação experimentada por um médium traz, sempre, uma finalidade útil, que é a de afastá-lo do amor-próprio, da

preguiça no estudo de suas necessidades próprias, da vaidade pessoal ou dos excessos de confiança em si mesmo. Os fatos de mistificação não ocorrem à revelia dos seus Mentores mais elevados, que, somente assim, o conduzem à vigilância precisa e às realizações da humildade e da prudência no seu mundo subjetivo.”(4)

(3) "Diversidade dos Carismas - Vol. 1" - Hermínio Miranda (4) "O Consolador" - de Emmanuel, através de Chico Xavier.

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Os excessos da autocrítica(3)

“É certo que o médium deve ser tão impessoal quanto possível na avaliação de suas faculdades e do processo do seu exercício. Precisa examinar-se, ouvir opiniões e conselhos, procurar informar-se do seu desempenho e observar o que ocorre consigo mesmo, antes, durante e depois da manifestação, e coisas dessa natureza, mas não deve bloquear sumariamente o fenômeno. É preciso deixá-lo ocorrer e examiná-lo depois, com as lentes de aproximação da observação desapaixonada, pronto a rejeitar tudo aquilo sobre o que paire a mais leve suspeita de inautenticidade.

Erasto, em ‘O Livro dos Médiuns’, deixou documentado sua muito citada recomendação: “É melhor rejeitar nove verdades do que aceitar uma mentira”.

As verdades rejeitadas, o tempo as confirma, sob outras condições e através de outros médiuns ou do mesmo, ao passo que a mentira aceita, veste a toga da verdade e se torna difícil de ser desvestida e apeada do seu falso pedestal.

Seja como for, o médium bem intencionado, responsável e esclarecido precisa manter certa dose de confiança em si mesmo. Do contrário, o melhor que tem a fazer é abandonar a tarefa. Será preferível recuar de um compromisso assumido - o que é, usualmente, o da mediunidade - do que perder lamentavelmente nos meandros da alienação.

Os médiuns demasiadamente críticos de suas faculdades, acabam por inibi-las ao ponto de inutilizarem-se para o trabalho a que foram programados.

A predominância de uma atitude hiper-crítica no médium frustra prontamente a eclosão da mediunidade.

A exagerada e obsessiva atitude crítica do médium, gera no seu íntimo uma corrente de pensamento negativo que antagoniza o fenômeno nas suas próprias fontes. O campo de trabalho do médium, como temos visto, é o pensamento. Se ele impõe à livre circulação de idéias um sistema de sinais e de válvulas fechadas, não há espaço interior para que o fenômeno se produza. É preciso, portanto, que o médium desenvolva suas faculdades, procure afinar seu instrumento, aperfeiçoe constantemente seus métodos de trabalho e o faça em constante regime de vigilância.

A atitude crítica final deve ficar reservada para avaliar os resultados e não para bloquear o processo em si.

Somente se os resultados forem consistentemente insatisfatórios, então, sim, é preciso voltar ao mecanismo, ao sistema, à instrumentação da mediunidade para examiná-los de ponta a ponta, passo a passo, a fim de identificar e corrigir desacertos. Não, porém, paralisar todo o sistema para impedir que o fenômeno ocorra.

Não se joga fora um aparelho de televisão recém-adquirido somente porque está sem som, a imagem está

(3) "Diversidade dos Carismas - Vol. 1" - Hermínio Miranda

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distorcida ou não se fixa. É preciso revisar todo o circuito

interrompido e reajustá-lo. Ele voltará a funcionar. Não se pode extinguir a vida num organismo pensando

estudar nele a própria vida em ação. Isso não quer dizer que não devamos analisar e avaliar

cuidadosamente os programas de TV ou rádio que estão entrando em nosso lar. Sim, é preciso fazê-lo e é até possível que nos vejamos ante a contingência de desligar o aparelho para sempre. Se chegamos a conclusão de que todos os programas que chegam à nossa casa são indesejáveis; mas para que saibamos se são ou não indesejáveis é preciso deixá-los vir. Assim também é na comunicação mediúnica: a crítica é a posteriori e não apriorística.

Em suma: o exercício da mediunidade responsável e eficiente deve resultar de um equilíbrio entre crítica

vigilante, de um lado, e confiança, não menos vigilante, do outro.

Como em tantas outras situações na vida, aqui também o radicalismo das posições é igualmente desastroso, tanto num extremo como no outro. Nem confiança exagerada, nem autocrítica obsessiva. ”

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“O médium tem obrigação de estudar muito, observar intensa-

mente e trabalhar em todos os instantes pela sua própria

iluminação. Somente desse modo poderá habilitar-se para o

desempenho da tarefa que lhe foi confiada, cooperando

eficazmente com os Espíritos sinceros e devotados ao bem e

à verdade.”(4)

(4) "O Consolador" - Emmanuel através de Chico Xavier

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Liberdade controlada(3)

“A questão é delicada e, por isso, tão complexo o fenômeno da mediunidade, de vez que simultaneamente com o propósito de deixar fluir em toda a sua pureza a mensagem mediúnica (vocal, escrita, visual ou auditiva), o médium precisa precaver-se para que o Espírito manifestante também se mantenha dentro de um comportamento razoável, sustentando-se entre ambos uma atitude de mútuo respeito e colaboração.

É, por certo, neste sentido que Paulo recomendou nas suas instruções aos Coríntios sobre a mediunidade, que o “Espírito do profeta (médium) está sujeito ao profeta”. Ou seja, não deve o médium permitir que o manifestante faça e diga o que bem entenda, da mesma forma que deve abrir-lhe

espaço para que diga ao que veio e expresse, responsavelmente e com autenticidade, o seu pensamento.

Como, porém, obter esse equilíbrio ideal entre permitir a livre manifestação do Espírito comunicante e, ao mesmo tempo, não permitir que ele abuse da sua liberdade de expressão?

Harry Boddington tem a respeito uma importante observação na obra “Secrets of Mediumship”:

“Recém-chegados ao mundo espiritual, a visão deles (Espíritos) nem sempre está suficientemente preparada para discernir o corpo humano, mas, são capazes de distinguir a luz da aura e aproximar-se dela. Percebem, a seguir, que

quando se envolvem na aura do médium, seus pensamentos fluem ao longo dos seus respectivos canais e acabam expressando-se na palavra falada ou no gesto, através do médium. Mais tarde compreendem que o mecanismo do corpo do sensitivo também passa ao seu controle. Assim começa o conhecimento deles acerca da mediunidade. Os médiuns devem, portanto, guardar-se contra todo e qualquer distúrbio emocional que os afete na vida diária, com maior vigor do que empregaria o mais positivo e frio racionalista que normalmente sopesa todas as situações com uma equilibrada capacidade de avaliação.”

Em outras palavras, cabe ao médium viver o dia-a-dia em estado de permanente vigilância, fugindo de situações equívocas provocadas pelo que Boddington chama de “distúrbio

emocional”. Tem de ser tão disciplinado nesse ponto e tão positivo, ou mais, do que as pessoas que por natureza procuram resolver tudo com equilíbrio e cabeça fria. Uma vez que essa atitude de serena observação e avaliação no trato com o mundo que o cerca seja desenvolvida e consolidada no médium em estado normal de vigília, fixa-se nele uma segunda natureza de equilíbrio que não vai permitir espaços para que o Espírito manifestante possa fazer dele e através dele tudo quanto lhe venha à cabeça.

(3) "Diversidade dos Carismas - Vol. 2" - Hermínio Miranda.

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Qualquer pessoa que tenha vivido alguns anos de

experiência com os trabalhos mediúnicos reconhece prontamente a importância de tais observações.

Os Espíritos em estado de perturbação, encontram com facilidade, em médiuns dominados por emoções indisciplinadas, condições propícias para manifestarem sua própria agressividade. Ali estão, como que à sua disposição, os elementos que desejam para as explosões emocionais, a gritaria, os gestos violentos, situação que não encontra no psiquismo do médium que já cultivou e consolidou atitudes de paciência, serenidade e equilíbrio emocional.

Há, contudo, uma não menos importante observação adicional a fazer neste ponto. O médium não deve ser uma espécie de múmia animada, através da qual se manifeste o Espírito. Não podemos esperar e nem exigir que um Espírito

indignado com alguém, que a seu ver o prejudicou gravemente no passado - e ele sempre se considera vítima inocente - ou irritado com os componentes do grupo que se “metem indevidamente” na sua vida, venha com palavras doces, gestos suaves, atitudes cordatas, falar da sua indignação ou irritação. É preciso deixá-lo falar e, dentro dos limites das conveniências que o bom médium poderá traçar, como já vimos, manifestar, com autenticidade e espontaneidade, seu pensamento em palavras e gestos. Muitos são os dirigentes de grupos que exigem de seus médiuns uma postura uniforme, contida, inexpressiva, rígida, sem uma alteração de voz, sem um gesto de enfado ou de irritação, sob a alegação de que o médium deve controlar a manifestação. Deve, sim, mas não inibi-la a ponto de descaracterizá-la. ”

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“O primeiro inimigo do médium reside dentro dele mesmo.

Freqüentemente, é o personalismo, é a ambição, a ignorância

ou a rebeldia no voluntário desconhecimento dos seus deveres

à luz do Evangelho, fatores de inferioridade moral que, não

raro, o conduzem à invigilância, à leviandade e à confusão

dos campos improdutivos.

Contra esse inimigo é preciso movimentar as energias íntimas

pelo estudo, pelo cultivo da humildade, pela boa vontade, com

o melhor esforço de auto-educação, à claridade do Evangelho.

(...) sendo indispensável que o missionário do bem e da luz

se resguarde na prece e na vigilância.”(4)

(4) "O Consolador" - Emmanuel através de Chico Xavier

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O estudo constante(3)

“Muita gente pensa que, por ser médium, a pessoa é necessariamente Espírita ou tem pleno conhecimento dos mecanismos da mediunidade. O mais grave é que até médiuns pensam assim e decidem, por sua conta e risco, que não é preciso estudar coisa alguma sobre o assunto porque são médiuns naturais, espontâneos e dotados de amplos e variados recursos.

Quanto mais ostensivas, contudo, e mais atuantes suas faculdades, maiores os riscos que correm de se equivocarem no desenvolvimento e na utilização das diversas formas de mediunidade de que se acham dotados, se não se preparam

corretamente para isso. Lamentavelmente, são muitos os que consideram a

mediunidade um privilégio, a marca de uma preferência divina, um talento especial que os coloca acima e à parte dos demais seres que são cegos e surdos aos Espíritos desencarnados.

É certo que a mediunidade é um dom, não porém para exibição ou projeção do sensitivo. (...)

Muitos acham bonito ser médium e vêem os médiuns envoltos numa auréola de prestígio e energia. Há médiuns que não apenas gostam disso, mas até estimulam admirações, como se fossem verdadeiros gurus. É inegável que a mediunidade exercida com segurança, conhecimento, responsabilidade e humildade é de fato, coisa admirável de se observar em operação, seja pela qualidade dos fenômenos, seja pela

limpidez das comunicações escritas e faladas. Não é uma beleza ler um soneto de Bilac ou um poema de Castro Alves que acaba de ser recebida pelas mãos de um Chico Xavier? Ou um livro com “Memórias de um Suicida” pela Yvonne Pereira? Claro que é. E também emocionante assistir a um atleta bater um recorde mundial, a um virtuoso do piano ou do violino tocar uma bela sonata, mas poucos são os que pensam nos anos e anos de disciplina e renúncia, de estudo e aplicação que estão por trás de tais desempenhos.

Mediunidade é um dom inato mas, como qualquer outra faculdade, pode (e precisa) ser desenvolvida e treinada. O bom corredor nasce com pernas fortes e longas, bom sistema respiratório, coração resistente, mas não nasce corredor; ele precisa fazer-se, e só o consegue quando se aplica com

dedicação total ao desenvolvimento de suas metas. O médium em potencial não pode fazer por menos, se é que deseja chegar a dominar a sua instrumentação a ponto de cedê-la aos Espíritos, ao mesmo tempo em que mantém sobre ela atenta vigilância. Isto se aprende, se cultiva e se exerce. ”

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(3) "Diversidade dos Carismas - Vol. 2" - Hermínio Miranda

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Servindo silenciosamente(3)

“O médium precisa aprender também a dominar seus impulsos emocionais, a fim de que a mensagem que passa por ele, vinda de alguém no plano espiritual e destinada a alguém no plano da matéria, não se contamine com as suas próprias paixões e desacertos íntimos. Ele terá de ser como o lápis bem apontado, com o grafite na consistência própria, na cor certa, ou o aparelho de som dotado de dispositivos de alta fidelidade para que a boa gravação não seja reproduzida com distorções, zumbidos e estáticas que a tornem irreconhecível.

Deve se esforçar para que a mesma qualidade de som

existente na gravação-fonte seja a que se reproduz nos alto-falantes, com toda a fidelidade e autenticidade possíveis. (...)

Na mediunidade, não há disputa de campeonatos, nem medalhas de ouro ao vencedor, porque não há vencedores, no sentido de que um médium possa suplantar outros. Na mediunidade, ganha aquele que serve na obscuridade, modestamente, com devotamento e honestidade.

Quando ouço falar que alguém é um “grande médium”, fico logo de pé no freio. Existem grandes médiuns? Mediunidade é grandeza? Muita gente avalia os médiuns pelos fenômenos espetaculares que podem produzir ou pela ampla variedade de faculdades que exibem. Quanto a mim, não é isso que busco num médium. Ele, ou ela, pode até de dispor de ampla faixa de

sensibilidades - que isto não é defeito - mas prefiro aquele que, embora dotado de faculdades várias, dedica-se modesta-mente a uma ou duas, para exercê-las bem e com dedicação. (...)

Como instrumento de comunicação, o médium tanto pode veicular mensagens aceitáveis e autênticas, como inaceitáveis e falsas, dependendo das condições que oferece. Não deve ser endeusado, no primeiro caso, nem crucificado no segundo.

Seria o mesmo que destruir o telefone porque acabamos de receber, por ele, uma notícia falsa, ou elogiá-lo porque acaba de nos trazer uma alegria.

Ao mesmo tempo, não há como perder de vista o fato de que o médium é um ser humano, que pode falhar por ser endeusado, e pode embotar-se ou perder-se quando, em vez de

socorrido, for arrasado porque a sua comunicação é considerado inaceitável.”

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(3) "Diversidade dos Carismas - Vol. 2" - Hermínio Miranda

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A posição do médium (1)

“A mediunidade é dom generalizado em todas as criaturas, a espera de educação e disciplina. Sem certas regras orientadas pelo Cristo, ela é apenas um instrumento de satisfação pessoal ou meio de vida na pauta dos negócios.

A posição do sensitivo ante sua mediunidade é que sua língua deve perder a força de ferir, suas mãos a força de revidar e suas idéias a força de contrariar as Leis de Deus.

Todos os médiuns são testados por meio variados. Por onde que não se espera é que o inimigo chega. O defeito que insistimos em apontar-nos outros é o que temos com mais

saliência. Se tiveres que chorar por alguém que errou, chora por ti mesmo. Se tiveres que alterar a voz com irmãos que julgaste incurso em erro, altera a voz contigo mesmo. Se tiveres de anunciar alguma virtude que não possuis, fala das qualidades dos companheiros e dos esforços que eles fazem para melhorar.

A posição do médium, no lugar em que for chamado a trabalhar, é a de servir de instrumento para o bem em todas as direções da vida.

Quando vamos trabalhar na caridade, recebemos de Deus uma cota de luz divina, mas não podemos esquecer que tal cota é para ser doada, e se ela transforma fielmente no que nós desejamos que ela seja, torna-se uma carta com endereço certo.

Eis a posição do médium diante da consciência. ”

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“A primeira necessidade do médium é evangelizar-se a si mesmo

antes de se entregar às grandes tarefas doutrinárias, pois,

de outro modo poderá esbarrar sempre com o fantasma do

personalismo, em detrimento de sua missão.”

(Emmanuel)

(1) "Segurança Mediúnica" - de Miramez através de João Nunes

Maia

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Educação Mediúnica(2)

• “Médium algum se perderá nas vielas do desequilíbrio se estabelecer para si mesmo um programa de renovação.

Exercício e renúncia. Muita paciência ante as incompreensões que lhe surgem no

caminho. Capacidade de perdoar, por maior que seja a ofensa. ” • “O jugo é suave e o fardo é leve para o companheiro da

mediunidade que se apoie no estudo, no trabalho, na oração constante, na humildade.”

• “Médiuns sérios atraem Espíritos sérios; médiuns levianos atraem Espíritos levianos. O medianeiro que se não ajusta aos princípios morais pode ser vitimado pela ação do mundo espiritual inferior.”

• “A falta de estudo evangélico e doutrinário constitui sério escolho na prática da mediunidade.

O médium deve ler, estudar, refletir, assimilar e viver as edificantes lições do Evangelho e do Espiritismo, a fim de que possa oferecer aos Espíritos comunicantes os elementos necessários a uma proveitosa comunicação.

O médium estudioso, além disso, é instrumento dócil, maleável, acessível. Tem sempre uma boa roupagem para vestir as idéias a ele transmitidas. O que não estuda, nem se renova, cria dificuldades à transmissão da mensagem,

favorecendo a desconexão.”

“O bom Espírito não é somente aquele que te faz bem, mas,

acima de tudo, o que te ensina a fazer o bem aos outros, para

que seja igualmente um Espírito bom.”

(Emmanuel)

• “A educação mediúnica, por sinônimo de desenvolvimento mediúnico, deve ser iniciada no devido tempo, na época apropriada, isto é, ao se verificar a espontânea eclosão da faculdade. Não devemos “querer” o desenvolvimento mediúnico,

mas “amparar” a faculdade que surge, pelo estudo e pelo trabalho, pela oração e pela prática do bem. Forçar a eclosão da mediunidade, ou o seu desenvolvimento, significa abrir as portas do animismo, com sérios inconvenientes para o equilíbrio, a segurança e a produtividade do medianeiro. A educação mediúnica deve ser, em qualquer circunstância, espontânea, natural, suave, sem qualquer tipo de violência externa e interna.”

(2) "Mediunidade e Evolução" - Martins Peralva

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“Não é a mediunidade que te distingue. É aquilo que fazes

dela.” (Emmanuel)

• “Educação mediúnica pede tempo e trabalho, estudo e abnegação. Não acontece de um dia para outro.

Médium inquieto, apressado em transmitir boas comunicações, antes do necessário preparo, é candidato em potencial ao desequilíbrio.

O médium disciplinado obterá ótimos frutos em sua tarefa, levando em consideração o seguinte:

• lugar e hora certos para o trabalho; • assiduidade e pontualidade; • respeito à codificação e apreço aos Instrutores Espirituais.

O médium prudente analisa, examina sugestões dos

companheiros encarnados, aceitando-as se justas e sensatas. O médium vaidoso comporta-se como dono da verdade. Recusa sistematicamente advertências e conselhos.

A discrição é fator básico para o êxito mediúnico. Conhecer problemas pela mediunidade ou por relatos íntimos e revelá-los, é falta de caridade. ”

• “A ausência de trabalho é grave escolho da

mediunidade, isso porque a ferramenta mediúnica exige

utilização constante, ação contínua, não somente pela necessidade de aprimoramento das antenas psíquicas, como também pelo imperativo da conquista do sentimento do amor.

O trabalho assegura a assistência superior, protege o médium contra o assédio e o domínio de Entidades menos felizes, constroem preciosas amizades nos planos físicos e subjetivos.

Harmonia fluídica, amor e confiança, destreza psíquica e apuro vibracional representam o somatório da atividade mediúnica exercida na disciplina do trabalho. ”

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O hábito da prece

O hábito da prece mantém o médium em estado de

vigilância, imprescindível ao bom êxito de sua tarefa. Através da oração, isolamo-nos das influências

negativas, sintonizando-nos com as forças espirituais que iluminam.

A prece não nos isenta das provas, mas dá-nos forças pa-ra suportá-las.

“Nos momentos de dificuldade e sacrifício, vamos lembrar

de orar para Nosso Pai.

A oração é um santo remédio para os nossos males. Não é só nas horas de aflição é que devemos recorrer a

esse recurso maravilhoso. Ela deve ser feita todos os dias. Pela manhã,

agradecendo pelo descanso de nosso corpo físico, e pedir proteção para mais um dia de trabalho aqui na Terra. Ao anoitecer, antes de dormir, agradecendo pelo dia que tivemos, e pedindo para que nosso Espírito possa estar com nossos Amigos Espirituais, buscando novos esclarecimentos para nosso aprimoramento espiritual.

Lamentamos que muitas pessoas só recorrem à oração para pedir a conquista de bens materiais. Conquistas essas que são perecíveis com o tempo. Devemos pedir, sim, uma boa saúde pa-ra o nosso corpo físico, para que possamos ter a força e a

energia necessária para cumprir com grande sucesso o que nos foi planejado pelo Plano Espiritual.

Devemos pedir a proteção, os bons conselhos e as inspirações de nossos Guias Protetores para a resolução de nossos problemas em que, por ventura, estejamos atravessando.

Mas, devemos orar não só para pedir, mas também para agradecer pelas nossas conquistas do dia-a-dia e pelas dádivas recebidas.

Podemos orar para emitir vibrações positivas para aqueles entes queridos que estejam doentes ou em dificuldades.

Devemos orar, também, e isto mostra a nossa grandeza e elevação de nossa alma, para os nossos inimigos e por todos aqueles que nos desejam o mal. Vamos perdoar-lhes cada ato

infeliz e impensado que tenha sido desferido contra nós. Vamos mostrar-lhes o nosso carinho, o nosso Amor, a nossa tolerância, e pedir à Deus para que façam rever seus gestos, suas posturas. E que as Entidades Benevolentes possam iluminá-los para a prática de atos mais elevados.

Lembrem-se: a oração é uma benção Divina. Podemos recorrê-la a todos os instantes. A oração é um ato de Amor, um elo entre o Plano Espiritual e o Terreno.

Para orar, não há necessidade de palavras decoradas, ditas sem nenhum sentimento. Mais valem dez palavras expressas com amor e devoção...

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Muitos falam que não sabem rezar. Basta humildemente,

com suas próprias palavras, com uma devoção muito grande, acreditando naquilo que está sendo pedido, ser concretizado.

Vamos lembrar o que o Nosso Mestre Jesus nos disse: “Pedi e se vos dará“.

Acima de tudo, devemos orar com muita fé!” (**)

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O médium e o seu Guia Espiritual

“Cada médium tem seu Guia Espiritual. Ele deve afinar-se com essa Entidade e os meios de ambos se tornarem mais afins são a conduta reta, a amplitude do dom de amar, e o trabalho em favor do aperfeiçoamento das qualidades elevadas da vida.

Quando o médium está afinado com a caridade em todos os seus aspectos, quando ele começa a sentir o amor por todas as criaturas, quando reconhece o valor do perdão e sempre ajuda sem o interesse da gratidão, esse médium, mesmo que não tenha a faculdade de se comunicar diretamente com os Espíritos, pode sentir a presença deles pela faculdade do amor, que registra na consciência a presença espiritual.

Não é pela faculdade desenvolvida do medianeiro o nosso maior interesse. É pelo que ele faz dos dons que possui, de

pensar, de falar, de viver e, ainda mais, é pela sua compreensão do valor da auto-educação.

Guias Espirituais todos temos, pois isso é uma lei nascida da misericórdia de Deus. Carece saber se respeitamos esses companheiros da Espiritualidade Maior, não os envergonhando com nossos feitos.

É de importância grandiosa que os convidemos para assistirem o que pensamos e o que falamos e, sentindo as suas presenças, passemos a falar e a pensar com mais segurança. Não podemos ignorar as nossas companhias espirituais.

Elas são visíveis. Percebemos os seus pensamentos permeando os nossos, a nos chamar, como a voz interior, para trabalharmos a senda da verdade. E o médium espírita não pode

se esquecer dessa realidade. Guia nenhum se afasta do seu tutelado. O assistido é

quem muda o comportamento, caindo em vibrações diferentes daqueles que o ajudam. Se o debaixo se esforça para subir, o de cima se empenha em descer, para se dar o encontro.

Compreendemos, pois, que o movimento do Bem é que surge a luz do entendimento. A comunicação mediúnica dá-se por afinidade de valores, pelo caráter dos ideais.

(**) Mensagem recebida nos trabalhos mediúnicos no Centro

Espírita "Casa do Caminho" - S.P.

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Se queres comunicar-te com os Espíritos superiores,

eleva as tuas qualidades de forma como ensina o Evangelho de Jesus e alcançarás as vibrações mais puras daqueles que vivem e irradiam o amor.”(1)

“Não é, pois, pelo exercício de suas faculdades que o

médium irá ficar ao abrigo de pressões e assédios. Pode até ocorrer o oposto: precisamente por estar a

exercê-la e incomodando certos Espíritos, que não desejam abandonar suas paixões, é que o médium ficará mais exposto a tais pressões, ameaças e intimidações. Não que ele vá sofrer as conseqüências do seu trabalho bem intencionado, o que seria equivalente a ser vitimado pelo seu desejo de servir e de ajudar aos que sofrem. O trabalho feito com critério e bom senso terão sempre a cobertura necessária dos Mentores

desencarnados do grupo. Se, porém o grupo se desarmoniza e entra em colapso,

então, salvem-se quem puder, enquanto é tempo, pois caem as guardas e os amigos espirituais nada mais podem fazer, embora o lamentem. Isto acontece com freqüência aos médiuns que se enamoram de suas próprias faculdades e aos dirigentes que se deixam envolver nessa atmosfera de endeusamento, de gurunismo, convertendo o médium num oráculo infalível.

Também não é tudo ação dos Espíritos, como pensa muita gente. Há pessoas que dão uma topada e atribuem logo o incidente aos Espíritos. Se caem, é porque alguma Entidade as empurrou; se agridem alguém verbalmente, por pura falta de educação ou caridade, foram os Espíritos que “atuaram”. Em suma, tudo é culpa dos obsessores.

Outros vivem a repetir que os “Guias” disseram isto ou aquilo; mandaram fazer assim ou assado. Ou dão “recados” incongruentes de Entidades, cujos nomes citam:

- Fulano, mandou dizer isto para você. Faça o que ele manda.

A verdade é bem outra. Os Espíritos responsáveis e de

boa condição evolutiva raramente mandam fazer alguma coisa, pois costumam respeitar o nosso livre-arbítrio.

Uma boa regra é desconfiar logo de ‘guias’ e ‘mentores’ que começam com distribuir ordens a cada momento. Ou elogios fartos e constantes. (...)

E muitas vezes, não há recado nenhum a ser transmitido. É o próprio médium que procura influenciar ou decidir situações, investido-se de autoridade presumida deste ou aquele espírito de confiança do grupo. Pode ocorrer, também, que Espíritos ardilosos e envolventes estejam usando o nome de antigos orientadores, que se afastaram por causa dos desajustes e conflitos surgidos no próprio grupo.

(1) "Segurança Mediúnica" - de Miramez através de João Nunes

Maia.

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De mais a mais, as Entidades responsáveis e sérias não

ficam à disposição dos médiuns, ou de quem quer que seja, para assessorá-los nos mínimos detalhes da vida. Muita gente se deixa enganar porque assim o quer, aceitando tudo quanto venha de médiuns fascinados e fascinadores.

Os Espíritos confiáveis, mesmo quando tem de advertir, fazem-no com respeito ao livre-arbítrio e à condição daqueles a quem se dirigem. Preferem aconselhar de maneira indireta, que sirva para todo o grupo, sem agredir, sem proibir, sem expor ninguém ao ridículo ou à repreensão pública ou reservada, e são muito sóbrios, quase avaros no elogio. (...)

Os próprios amigos espirituais respeitam com muita firmeza nosso livre-arbítrio. Eles nos esclarecem e nos orientam, mas nunca decidem por nós, nem mesmo quando percebem que estamos caminhando para cair dentro de um poço.

Se é nosso propósito deliberado correr o risco e cair, eles não o impedem. Mais tarde, vão lá nos estender as mãos, com a mesma atitude amorosa e compreensiva de sempre, a mesma dedicação imperturbável. Sem a menor censura. (...)

Os Espíritos amigos não colocam o médium numa redoma invisível de proteção, simplesmente porque ele está exercendo suas faculdades, mesmo que com a maior dedicação. Eles proporcionam certa cobertura, assistem o médium em suas dificuldades maiores, proporcionam-lhe uma palavra ocasional de consolo e estímulo, mas, quando, realmente responsáveis e esclarecidos, nada tem de ‘paparicadores’, como se diz popularmente.

O médium é uma pessoa como as outras e tem de ter suas próprias experiências, sujeito a erros e a acertos, como os

demais seres humanos em processo evolutivo. Não é correto mandar um filho ou uma filha à escola,

fazer-lhes todos os deveres e substituí-los nas provas avaliadoras do conhecimento adquirido. ”(3)

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“Se desejais a presença dos bons, tornai-vos bondosos por vossa vez! Sem afabilidade e doçura, sem compreensão fraternal e sem atitudes edificantes, não podereis entender os Espíritos afáveis e amigos, elevados e construtivos. Se

não seria razoável encontrar Platão ensinando filosofia avançada a tribos selvagens e primitivas, nem Francisco de Assis operando com salteadores, não será admissível a integração de Espíritos esclarecidos e santificantes com os alunos rigorosamente agarrados às manifestações mais baixas e grosseiras da existência carnal.”(6)

(3) "Diversidade dos Carismas - Vol. 2" - Hermínio Miranda (6) "Missionários da Luz" - André Luiz através de Chico Xavier.

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Divaldo Franco e Raul Teixeira nos esclarecem(7)

(1) De que dispõe o médium psicofônico consciente para distinguir seu pensamento do pensamento da Entidade comunicante?

Divaldo: “O médium consciente dispõe do bom senso. Eis porque, antes de exercitar a mediunidade deve estudá-la; antes de entregar-se ao ministério da vivência mediúnica é-lhe lícito entender o próprio mecanismo do fenômeno mediúnico. (...) Naturalmente os Espíritos se utilizam do nível cultural do médium, o mesmo ocorrendo nas demais

expressões mediúnicas: na semiconsciente e na inconsciente. O médium, no começo, terá de vencer o constrangimento da dúvida, em cujo período ele não tem maior certeza se a ocorrência parte do inconsciente, dos arquivos da memória anterior, ou se provém da indução de natureza extrínseca. Através do exercício, ele adquirirá um conhecimento de tal maneira equilibrado que poderá identificar quando se trata de si próprio, animismo, ou de interferência espiritual, mediunismo. Através da lei dos fluidos, pelas sensações que o médium registra, durante a influência que o envolve passa a identificar qual Entidade dele se acerca. A partir daí, se oferece numa entrega tranqüila, e o Espírito que o conduz inspira-o além da sua própria capacidade, dando leveza às suas idéias habituais, oferecendo-lhe a possibilidade de

síntese que não lhe é comum, canalizando idéias às quais não está acostumado e que ocorrem somente naquele instante de concentração mediúnica. Só o tempo, porém, pelo exercício continuado, oferecerá a lucidez, a segurança para discernir quando se trata de informação dos seus próprios arquivos ou da interferência dos Bons Espíritos.”

(2) Pode o médium, em algumas comunicações, não

conseguir evitar, totalmente, as atitudes desequilibradas dos Espíritos comunicantes?

Divaldo: “À medida que o médium educa a força nervosa, logra diminuir o impacto do desequilíbrio do comunicante. É

compreensível que, em se comunicando um suicida, não venhamos esperar harmonia por parte da Entidade em sofrimento; alguém que foi vítima de uma tragédia, sendo arrebatado do corpo sem o preparo para a vida espiritual, apresentará no médium o estertor do momento final, na própria comunicação, algumas convulsões em virtude do quadro emocional em que o Espírito se encontra. Há, porém, certos cacoetes e viciações que nos

(7) "Diretrizes de Segurança" - Divaldo P. Franco e J. Raul

Teixeira

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cumpre disciplinar. Há médiuns que só dão comunicação

psicofônica, se bocejarem bastante. Para dar um toque de humor: quando eu comecei a freqüentar a Casa Espírita, na minha terra natal, a primeira parte era um Deus-nos-acuda! Porque as pessoas bocejavam e choravam, demasiadamente. Eu, como era um médium principiante, cria que também deveria bocejar de quebrar o queixo. A “médium principal”, que era uma senhora muito católica, iniciava as comunicações sempre depois de intermináveis bocejos e tosses que a levavam às lágrimas. Hoje não bocejo, nem no meu estado normal. Quando eles vêm, eu cerro os dentes e os evito. É lógico que uma Entidade sofredora nos impregna de energia perniciosa, advindo o desejo de exteriorizar pelo bocejo. É uma forma de eliminar toxinas. Mas nós podemos eliminá-la pela sudorese, por outros processos orgânicos, não necessariamente o bocejo.

Há outros médiuns que tem a dependência, de todas as vezes em que vão comunicar-se os Espíritos, bater na mesa, ou bater os pés, porque se não baterem, não se comunicam. Lembro de uma vez em que tivemos uma mesa redonda. O presidente da mesa era um homem muito bom, muito evangelizado, mas não havia entendido bem a Doutrina, tendo idéias doutrinárias muito pessoais. Ele me perguntou quando é que o Espírito incorpora no médium. Mas logo me respondeu: “A gente chupa,..., chupa, até engolir! Não é verdade?” São cacoetes, destituídos de sentido e lógica. Os médiuns têm o dever de coibir o excesso de distúrbios da Entidade comunicante. Na minha terra, vi senhoras que se jogavam no chão, e vinham os cavalheiros prestimosos ajudá-las... Graças à Deus eram todas magrinhas... O médium deve controlar o Espírito que se

comunica, para que este lhe respeite a instrumentalidade, mesmo porque, o Espírito não entra no médium. A comunicação é sempre através do perispírito, que vai oferecer campo ao desencarnado. Todavia, a diretriz é do encarnado.”

(3) Quais são os requisitos necessários aos médiuns que

militam na tarefa mediúnica?

Raul: “(...) Numa colocação feita pelo Espírito Albino Teixeira, através de Chico Xavier, no livro “Paz e Renovação”, diz ele que o melhor médium, para o mundo espiritual, não é o que seja portador de múltiplas

faculdades, mas é aquele que esteja sempre disposto a aprender e sempre pronto a servir.”

(4) Que pensar dos médiuns psicofônicos que recebem

Espíritos durante a sessão, um atrás do outro? Será indício de grande mediunidade?

Raul: “A mediunidade amadurecida não é identificada pelo número de desencarnados que se comuniquem por um único médium, numa mesma sessão, mas será identificado pelo teor

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das comunicações, pela qualidade do fenômeno, que demonstrará

a maior ou menor afirmação do médium com as responsabilidades da tarefa. Cada médium, quando é devidamente esclarecido e maduro para o desempenho dos seus compromissos, saberá que o número avultado de comunicações por sessão poderá indicar descontrole do instrumento encarnado e não a sua pujança mediúnica. Há médiuns que prosseguem dando passividade a Entidades durante a prece de encerramento, sem qualquer disciplina, quando não justificam que tais Entidades estavam programadas, como se os Emissários do Além, responsáveis por lides tão graves, tivessem menor bom senso do que nós, os encarnados. Um número de até duas comunicações, e, em caso de grande necessidade e carência de outros médiuns, até três, parece bastante coerente. Todos os médiuns, assim terão chance de atender aos Irmãos desencarnados, sem desnecessário

desgastes.” (5) O que deve fazer o médium quando influenciado por

Entidades fora da reunião, no trabalho, no lar? Quais as causas dessas influências?

Divaldo: “No capitulo XXIII de “O Livro dos Médiuns”, Da Obsessão, o Codificador reporta-se à invigilância das criaturas. É natural que o individuo seja médium onde quer que se encontre. A mediunidade não é uma faculdade que só funciona nas reuniões especializadas. Onde quer que se encontre o individuo, aí estão os seus problemas. É perfeitamente compreensível que não apenas na oficina do

trabalho, como na rua, na vida social, ele experimenta a presença dos Espíritos; não somente presenças positivas, como também perniciosas, Entidades infelizes, Espíritos levianos, ou aqueles que se comprazem em perturbar e aturdir. Cumpre ao médium manter o equilíbrio que lhe é proposto pela educação mediúnica. Mediante a educação mediúnica, pode-se evitar a interferência desses Espíritos perturbadores em nossa vida de relação normal, para que não venhamos a cair na obsessão simples, que _ o primeiro passo para a subjugação, etapa terminal de um processo de três fases. Quando estivermos em lugar não apropriado ao exercício da mediunidade ou à exteriorização do fenômeno, disciplinemo-nos, oremos, volvamos a nossa mente para idéias otimistas, agradáveis,

porque mudando o nosso clichê mental, transferimo-nos de atividade espiritual.”

(6) É possível ao médium distinguir as alterações

psíquicas e orgânicas que lhe são próprias das que estão procedendo dos Espíritos desencarnados?

Divaldo: “Um dos comportamentos iniciais do médium deve ser o de estudar-se. Daí, ser necessário estudar a mediuni-dade. Eu, por exemplo, quando comecei o exercício da

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mediunidade, ia a uma festa e assimilava de tal forma o

psiquismo do ambiente, que me tornava a pessoa mais contente dali. Se ia a um casamento eu ficava mais feliz que o noivo. Se ia a um enterro, ficava mais choroso que a viúva, porque me contaminava psiquicamente, e ficava muito difícil saber como era a minha personalidade. Pois, de acordo com o local, havia como que um mimetismo, isto é, eu assimilava o efeito do ambiente. Lentamente, estudando a minha personalidade, as minhas dificuldades e comportamentos, logrei traçar o meu perfil pessoal, e estabelecer uma conduta medial para que aqueles que vivem comigo saibam como eu sou, e daí possam avaliar os meus estados mediúnicos. De inicio, o médium terá algumas dificuldades, porque o fenômeno produz uma interpolação de personalidades estranhas a sua própria personalidade. Somando-se velhas dificuldades à sensibilidade

mediúnica, o sensitivo passa a ter muito aguçadas a reminiscências das vidas pretéritas, não só no caráter da consciência, mas na somatória das experiências. Recordo-me que, em determinada época de minha vida, terminada uma palestra ou reunião mediúnica, eu tinha uma necessidade imperiosa de caminhar. Caminhar até a exaustão física. Quando naquele período claro-escuro da mediunidade, sem saber exatamente como encontrar a paz, os Espíritos me receitavam trabalho físico, porque tinha dificuldades de dormir. A vida física era-me muito ativa e, mesmo quando o corpo caia no colapso, a mente continuava excitada, e eu me levantava no dia seguinte pior do que havia deitado. Então, às vezes, eu preferia não deitar. Com o tempo fui formando meu perfil de comportamento, de personalidade, aprendendo a assumir

responsabilidade dos insucessos e a transferir para os Mentores os resultados das ações positivas que são sempre de Deus, enquanto os erros são sempre nossos. Estaremos sempre em sintonia com os Espíritos de comportamento muito idêntico ao nosso. Daí, o médium vai medindo as suas reações, suas mágoas, ciúmes, invejas, e irá identificando as reações positivas, a beleza, o desejo de servir. Por fim, aprende a selecionar quando é ele e quando são os Espíritos que estão agindo por seu intermédio. ”

(7) Quais as causas do sono de que muitos companheiros

se queixam quando participam de uma reunião mediúnica? Como evitá-lo?

Raul: “As causas podem ser várias. Desde o cansaço físico, quando o individuo que vem de atividades muito intensas e que, ao sentar-se, ao relaxar-se, naturalmente é tomado pelo torpor da sonolência. Também, pode ser causado pela indiferença, pelo desligamento, quando alguém está num lugar, fisicamente, entretanto, pensando em outro, desejando não estar onde se acha. O sono pode, ainda, ser provocado por Entidades Espirituais que nos espreitam e que não tem nenhum interesse em nosso aprendizado para o nosso equilíbrio e crescimento. Muitas vezes, os companheiros questionam: “Mas

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nós estamos no Centro Espírita, estamos num campo protegido,

e como o sono nos perturba?”. Temos que entender que tais Entidades hipnotizadoras podem não penetrar o circuito de forças vibratórias da Instituição, ficam do lado de fora. Mas, a pessoa que entrou no Centro, na reunião, não sintonizou-se com o ambiente, continua vinculado aos que se conservam do lado de fora, e através dessa porta, desse plug aberto, ou dessa tomada, as Entidades que ficaram lá fora lançam seus tentáculos mentais, formando uma ponte. Então, estabelecida a ligação, atuam na intimidade dos centros neuronais desses incautos, que dormem, que se dizem desdobrar: “Eu não estava dormindo... apenas desdobrei, eu ouvi tudo”. Eles viram e ouviram tudo o que não fazia parte da reunião. Foram fazer a viagem com as Entidades que os narcotizaram. Deparamos aí com distúrbios graves, porque

quando termina a reunião o individuo está fagueiro, ótimo e sem sono e vai assistir a televisão até altas horas, depois de haver submetido aos fluidos enfermiços. Por isso recomendamos àqueles que estão cansados fisicamente, que façam um ligeiro repouso antes da reunião, ainda que seja por poucos minutos, para que o organismo possa beneficiar-se do encontro, para que fiquem mais atentos durante o trabalho doutrinário. (...) Apelar para a prece, porque sempre que estamos desejosos de participar do trabalho do bem, contamos com a eficiente colaboração dos Espíritos Bondosos. Faze a tua parte que o céu te ajudará. Temos, então, o sono como esse terrível adversário de nossa participação, de nosso aprendizado, de nosso crescimento espiritual. Não permitamos que ele se apodere de nós. Lutemos o quanto conseguirmos, e

deveremos conseguir sempre, para combatê-lo, para termos bons frutos no bom aprendizado.”

(8) O endeusamento do médium constitui perigo para a

mediunidade? Por que?

Raul: “Evidentemente que tudo aquilo que constitui motivo de tropeço na estrada de qualquer criatura, naturalmente poderá levá-lo à queda. Em se tratando de médium e de mediunidade, todo e qualquer endeusamento é plenamente dispensável, mesmo porque, entendemos que o médium não fala de si próprio. O que ele apresenta de positivo, de nobre, de engrandecedor, deve-se à assistência e à misericórdia dos

Espíritos do Senhor, não havendo motivo, portanto, para que se vanglorie de uma virtude, de uma grandeza que ainda não lhe pertence. Por outro lado, se o fenômeno ao qual ele serve de intermediário não constitui essa grandiosidade, se são fenômenos modestos, ou se houve algum equívoco ou alguma fragilidade nas colocações que alguma Entidade apresentou, também não é motivo para que o médium se atormente, se entristeça, porque terá sido apenas filtro. Necessita, sim, a partir de então, de ter o cuidado de estar cada dia mais vigilante, para que esse empobrecimento não se amplie, para que não seja co-participante dessa deficiência e para que

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ele, cada vez mais, se dê conta de que a vaidade poderá ser-

lhe prejudicial. Por isso, qualquer endeusamento é desnecessário, é improfícuo. Isso não dispensa que os companheiros, que estejam lidando com o médium, o possam incentivar para que ele cresça, para que ele se desenvolva cada vez mais e melhor, para que estude, para que sirva, para que trabalhe. Assim afirmamos, porque temos visto oculta por trás desse broquel do não endeusamento uma parte muito considerável de um personalismo infeliz, de um despeito atormentante. Muitas vezes, diz-se que não se deve elogiar o médium, porque não haveria necessidade para tanto. Porém, não se lhe diz nenhuma palavra que o impulsione para a frente, determinando uma posição de despeito, ou de indiferença. Se não precisamos dizer à criatura que ela é médium melhor que Chico Xavier, e todos saberão que é uma inverdade, poderemos

dizer: “prossiga, meu irmão ou minha irmã, vá adiante...” O Chico também começou nas lutas das suas experiências iniciais, claro que estamos deixando de lado aquela continuidade de tarefas que ele vem fazendo desde reencarnações anteriores, mas, de qualquer maneira, mesmo em encarnações anteriores ele iniciou pelo simples, pelas coisas mais modestas, e se hoje ele é esse filão de grandiosa mediunidade, é porque esforçou-se nesse anelo da perfeição espiritual. O endeusamento, então, será sempre dispensável, mormente para aqueles médiuns que estejam começando, mas não deveremos deixar de incentivá-los, doutrinariamente, para que não sejam desanimados pela onda terrível que agride médiuns e mediunidade, nesses dias, que lança descrédito e tenta jogar desdouro por sobre a tarefa mediúnica. ”

(9) No desenvolvimento da faculdade em médiuns principiantes, há alguma utilidade em se lhes aplicar passes para facilitar, por exemplo, a psicofonia?

Divaldo: “Esse exercício é às vezes positivo, porque o médium estando com os centros psíquicos ainda não disciplinados durante a hora da concentração, entra em conflito, por não saber distinguir as sensações e emoções suas, daquelas que ele registra e que pertencem ao Espírito desencarnado. Experimenta taquicardia, há o resfriamento corporal, colapso periférico, a ansiedade, que são típicos da

presença dos Espíritos que padecem, mas que, muitas vezes, são da própria expectativa. No caso de aplicação do passe objetivando ajudar, aumenta no médium a carga vibratória e isto facilitar-lhe o fenômeno. Mas, por outro lado, não deve ser habitual, para não lhe criar condicionamentos. Por isto, deve-se aplicar passes, só esporadicamente.”

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(10) Quantas comunicações um mesmo médium pode receber durante a sessão mediúnica de atendimento a Espíritos sofre-dores?

Divaldo: “Um médium seguro, num trabalho bem organizado, deve receber de duas a três comunicações, quando muito, para que dê oportunidade a outros companheiros de tarefas, e para que não tenha um desgaste exagerado. Tenho tido o hábito de observar, em médiuns seguros, conhecidos nossos, que eles incorporam, em média, três Entidades sofredoras ou perturbadoras e o Mentor Espiritual; raramente ocorrem cinco manifestações pelo mesmo instrumento, principalmente num grupo.”

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Como o médium deve se comportar no Centro Espírita

O Centro Espírita é o nosso Templo. Tanto na sala de aula, como na de trabalhos práticos,

vamos nos manter numa posição respeitosa. Bem sabemos que os trabalhadores do Plano Maior são

muito disciplinados em suas atividades. Devemos, desde já, nos educar para esse fim.

Ao adentrar no recinto de nosso Templo, vamos procurar manter a calma, controlando e diluindo a agitação pela qual tivemos naquele dia.

Vamos fechando os olhos e, lentamente, façamos algumas respirações profundas, imaginando que estamos eliminando toda a carga de energia negativa de nosso corpo.

Elevemos os nossos pensamentos ao Mestre Jesus, pedindo a Ele toda a proteção necessária para as atividades que iremos desempenhar.

Procuremos ficar, por algum tempo, nessa pequena meditação. Dessa forma, estaremos dando uma pequena contribuição para manter a harmonia de nosso ambiente.

Não vamos estragar em segundos, o que o Plano Espiritual levou horas para preparar.

Nós, também, somos responsáveis pela preparação vibracional do recinto. Vigie constantemente seus pensamentos e suas emoções. Lembre-se: “O silêncio é uma prece”.

Vejamos o que o autor espiritual André Luiz, tem a nos

dizer a esse respeito: “Os benfeitores espirituais de plantão, na obra

assistencial aos irmãos desencarnados sofredores, esperam sempre que os integrantes da equipe alcancem o recinto de serviço em posição respeitosa.

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Nada de vozerio, tumulto, gritos, gargalhadas.

Lembrem-se os companheiros encarnados de que se aproximam de enfermos reunidos, como num hospital, credores de atenção e carinho.

A obra de socorro está prestes a começar. Necessário inclinar o sentimento ao silêncio e à

compaixão, à bondade e à elevação de vistas, a fim de que o conjunto possa funcionar em harmonia na construção do bem. (...)

Se somos impelidos a conversar, durante os momentos que precedem a atividade assistencial, seja a nossa palestra algo de bom e edificante que auxilie e pacifique o clima do recinto, ao invés de conturbá-lo”.(8)

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A importância da meditação(9)

Muito nos tem alertado o Plano Espiritual, que a comunicação entre os desencarnados e os encarnados é feita através do plano mental, ou seja, as mensagens são colocadas sutilmente em nossos pensamentos. Os nossos olhos e ouvidos espirituais estão em nossa mente. É preciso ter muito cuidado para diferenciar os nossos pensamentos das palavras que são

enviados pelos nossos Amigos do outro Plano. Para conseguir isso, é necessário entrar em sintonia com

o Plano Maior. Precisamos criar a afinidade. Um dos recursos para limpar os nossos pensamentos e as nossas emoções é a meditação.

A seguir, transcrevemos um resumo baseado no livro do britânico David Fontana, “Elementos da Meditação”, onde ele nos dá algumas orientações, de uma forma simples e concisa.

O que é Meditação? - Uma das melhores descrições da meditação é a usada em certas tradições zen-budistas, isto é, simplesmente sentar-se. Ou então, se você preferir uma descrição mais extensa, também extraída de uma das grandes

tradições orientais, sentar-se tranquilamente sem fazer nada.

Benefícios da Meditação - Talvez você tenha ouvido dizer que a meditação pode torná-lo mais calmo, mais tranqüilo, menos ansioso. Talvez você tenha ouvido dizer que ela produz benefícios físicos, como baixar pressão sanguínea, proteger contra doenças cardíacas ou os males do estresse. Talvez você (8) "Desobsessão" - de André Luiz através de Chico Xavier (9) "Elementos da Meditação" - de David Fontana

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tenha ouvido dizer que ela irá ajudá-lo a aumentar o seu

poder de concentração, a desenvolver a sua criatividade, a aumentar a sua auto-estima ou ainda a torná-lo mais carinhoso e caridoso com as outras pessoas. Talvez você tenha ouvido dizer que ela irá ajudá-lo a permanecer jovem, a viver mais tempo, a eliminar a insônia ou ajudá-lo a controlar a dor. Vamos praticar - Sente-se confortavelmente num lugar tranqüilo, onde seja pouco provável que você venha a ser perturbado. Desligue o celular. Feche agora os olhos e procure relaxar, eliminando as preocupações. Apenas observe as tensões, as suas emoções, os seus pensamentos, mas sem julgá-los. Apenas observe... Deixe sua consciência examinar lenta e cuidadosamente o seu corpo, começando pelos pés e pernas. E assim, analise o quadril, as costas, tórax, ombros,

e finalmente maxilares, rosto e têmporas. Após esse relaxa-mento inicial, vamos iniciar a nossa concentração. É impossível meditar sem se concentrar. Uma concentração interior profunda, serena, desprovida de ansiedade, sem tensão. Assim, na meditação ficamos atentos. Nessa atenção, a mente se concentra, em vez de se distrair com vários pensamentos que surgem a cada momento, com diversas sensações que se apresenta no corpo. A mente permanece num único lugar, em vez de perseguir loucamente um e outro conjunto de associações. É verdade que os pensamentos e sensações continuam a surgir, mas se a mente permanecer num único lugar, a pessoa que está meditando é capaz de observá-los surgir e depois partir, como nuvens atravessando o céu, em vez de permitir que eles assumam o comando e dominem essa

observação. Recuse a julgá-los, e sequer tente bani-los pela força de vontade. Simplesmente deixe que existam como deixemos que um rio serpenteie pelo seu leito sem permitir que nos leve embora. A mente permanece simplesmente num estado de percepção em que vivência a si mesma em vez dos pensamentos que se amontoam dentro dela.

Volte a atenção para a respiração - No inicio, tome a consciência dela apenas como uma sensação global. Observe como a respiração flui sem esforço, para dentro e para fora. Repare como ela parece fria quando inspira, e quente quando expira. Volte agora mais especificamente a atenção para onde a

respiração está indo. Para a região superior do peito? Para o meio do tórax? Ou está fluindo bem mais para baixo, para a região do abdômen? Este é o lugar correto. Respiramos profundamente na meditação, mas respirar profundamente não significa inalar enormes golfadas de ar, e sim levar o fôlego o mais profunda-mente possível para baixo do corpo, diretamente para o diafragma, o maior músculo do corpo e responsável pelo ciclo respiratório. Experimente respirar assim por um momento, mas sem fazer esforço algum para inalar mais ar do que habitual-mente. Sua meta é uma respiração natural e relaxada. A respiração possui ao seu redor a leveza

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e a sutileza fundamentais na meditação. Quando relaxamos

durante a meditação, a respiração, como a mente, se torna mais lenta, mais calma, mais suave, menos perceptível, até se transformar num mero sussurro.

Conte as respirações - É bem possível que você descubra que sua concentração precisa de mais ajuda, sobretudo nos estágios iniciais do seu treinamento de meditação. Isto pode ser conseguido se você contar suas respirações, além de se concentrar em cada inalação e expiração. Para fazer isto, conte a expiração, de um a dez, e depois volte ao começo. Se em qualquer momento sua atenção divagar e você perder a contagem, volte para o um. Esse processo pode ser eliminado com o passar dos dias e das semanas, quando você perceber que

é ca-paz de meditar durante 15 minutos sem perder a contagem, mas fique preparado para usá-lo novamente nas inevitáveis ocasiões em que sua mente estiver especialmente ativa e você te-nha dificuldade de meditar.

Lapso de atenção - No inicio, mesmo com a ajuda da contagem das respirações, você poderá descobrir que a mente logo divaga. Surgem os pensamentos que captam sua atenção, e, antes que você se dê conta do que está acontecendo, sua contagem, sua consciência da respiração e toda a idéia de meditação simplesmente desaparecem. Não se preocupe, não fique impaciente. Não fique zangado, desgostoso ou frustrado consigo mesmo. Esses lapsos de atenção acontecem com todo

mundo. Quando isto acontecer, continue mantendo a calma e leve suavemente sua mente de volta ao ponto de concentração. Se acontecer dez ou cem vezes, o remédio é sempre o mesmo. Suave, porém, firmemente, faça sua concentração retornar à respiração.

Uma dica para acabar com a insônia - Se você tem dificuldade em dormir, concentre-se na respiração ao se deitar, não com a idéia de permanecer alerta como na meditação, e sim de mergulhar profundamente no sono a cada respiração. O intenso tagarelar da mente é que em geral nos mantém acordados. Ao concentrar a atenção na respiração, em vez de nos pensamentos, a mente fica livre para seguir o desígnio da

natureza, dormindo então calmamente.

Qual a melhor hora para meditar? - Na meditação, é aconselhável reservar um período de tempo para a prática cotidiana. Um curto período por dia é preferível a um longo período uma vez por semana (ou quando tivermos vontade). A prática diária é aconselhável para a maioria das tarefas de aprendizado ou desempenho, quer estejamos aprendendo um idioma estrangeiro, começando uma dieta ou escrevendo um livro.

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Quanto a melhor hora para meditar, você é o juiz mais

adequado. Muitas pessoas afirmam que a meditação ideal é feita pela manhã, logo ao acordar, enquanto outras asseguram que o momento perfeito é a hora de dormir. Meditar bem cedo, pela manhã, tem suas vantagens, porque a mente está (teoricamente) límpida nesta hora, e a meditação, além disso, transmite a sensação de que o dia está começando bem. Por outro lado, meditar logo antes de dormir ajuda a acalmar a mente, favorecendo uma boa e ininterrupta noite de sono.

Quanto tempo de meditação? - O melhor conselho para os

iniciantes é não ficarem excessivamente conscientes do tempo. Tenham em mente a idéia de mais ou menos cinco minutos, e quando o tempo acabar, você automaticamente sentirá que está

na hora de parar. Não tem a menor importância no inicio se você meditou mais ou menos do que cinco minutos. Depois de alguns dias, você perceberá que sua mente entra em sintonia com esse período de tempo, não importa quão bem-sucedida sua meditação possa parecer. Depois de estar praticando a meditação por algum tempo (podem ser dias ou semanas), você perceberá que uma coisa estranha está acontecendo. Seu período de cinco minutos começa a aumentar espontaneamente. Ele ainda parece ser de cinco minutos, mas quando você olha no relógio, constata que pouco a pouco ele se estende para dez minutos, depois quinze minutos, e assim por diante. Por fim, você dará consigo meditando de vinte minutos a meia hora por dia, e este período lhe parecerá adequado.

Alcançando a tranqüilidade - Voltemo-nos agora para a tranqüilidade. O que significa exatamente este termo? Pense num pequeno lago, e imagine revolvendo seu fundo lamacento com uma vara. Observe o lodo subir, turvando a água de modo que você não mais consegue ver as profundezas do lago. Ponha agora a vara de lado e observe o lodo se assentar. Veja a água pouco a pouco, ficar clara novamente, até que, mais uma vez você possa ver o seu centro. Repare como a água fica imóvel. Nada se mexe. Nada turva a sua transparência tão intensa que você nem sequer tem certeza de que existe água até abaixar-se e mergulhar seus dedos na sua limpidez. A transparência cristalina é uma metáfora adequada para a tranqüilidade. Às vezes chamada de “calma permanente”, a

tranqüilidade é o estado mental em que nada revolve a lama dos nossos pensamentos ou emoções irrequietos. Quando você se senta para meditar, sua mente, é semelhança da imobilidade, faz com que a agitação dos pensamentos e das emoções se acalme, permitindo que a clareza se manifeste. Ou melhor, permitindo que a clareza reapareça, já que ela está sempre potencialmente presente, do mesmo modo que a transparência sempre existe potencialmente na água, não importa o quão enlameado possa estar.

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A meditação na vida diária - A meditação não é uma fuga da realidade, e sim uma maneira de lidar com ela, de obter um insight dela. Assim, a meditação não deve ficar restrita apenas às ocasiões em que você se senta e pratica. Ela deve ser algo que pode se levado para a vida diária, atingindo o ponto em que a vida em si se transforma numa meditação. Se esta afirmação parece impossível ou excessivamente idealista, ou se dá a impressão de que você deve enfrentar a vida como um monge, não fique preocupado. Não se trata nada disso. Significa apenas que você será capaz de trazer parte da concentração, da atenção concentrada e relaxada que caracteriza sua prática e meditação, para a questão mais ampla da existência. O desenvolvimento da atenção consciente o ajuda a ser mais eficiente e organizado. Ajuda-o a ficar mais consciente do que é estar vivo.

Não é por acaso que tantas tradições espirituais enfatizam a atenção consciente, desde as freqüentes advertências dos evangelhos de “vigiai” ao brado estridente de “despertai” encontrado em grande parte da literatura islâmica. O Dhammapada budista tem uma maneira notável de apresentar o tema:

“A vigilância é o caminho da imortalidade: a sua ausência é o caminho da morte. Aqueles que são vigilantes nunca morrem; aqueles que não são, já estão como mortos.”

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Fontes bibliográficas utilizadas como pesquisa

(1) "Segurança Mediúnica" - de Miramez, através de João Nunes Maia -

Fonte Viva.

(2) "Mediunidade e Evolução" - Martins Peralva – FEB

(3) "Diversidade dos Carismas" Vol 1 - Hermínio de Miranda - Publicações Lachƒtre.

(4) "Diversidade dos Carismas - Vol. 2" - Hermínio Miranda.

(5) "O Consolador" - Emmanuel através de Chico Xavier

(6) "Missionários da Luz" - André Luiz através de Chico Xavier.

(7) "Diretrizes de Segurança" - Divaldo P. Franco e J. Raul Teixeira

(8) "Desobsessão" - de André Luiz através de Chico Xavier

(9) "Elementos da Meditação" - de David Fontana

Rubens Santini ([email protected])

Distribuição gratuita. Não é permitida a sua venda. A cópia é permitida para distribuição gratuita. São Paulo, abril de 1995.

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