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Confecção de lâminas delgadas e seções polidas Versão de 15.09.2020 A confecção de lâminas delgadas e de lâminas e seções polidas é um processo de várias etapas, cada qual com suas peculiaridades. Quais os procedimentos necessários para garantir uma boa lâmina, economizando tempo e problemas no laboratório? O entendimento de todos os passos é importante para os que precisam destes materiais. Um laboratório para confecção de lâminas pode ser hiper equipado ou muito simples. Se você dispõe de 100.000 dólares, monte um hiper equipado (vídeo no You Tube: “Geological Thin Section... Logitech System”). Caso contrário, a coisa é mais simples (vídeo no You Tube: “Thin section making ... Fahad Bahrein”). Partindo do princípio de que a verba está escassa, o texto abaixo detalha os passos e materiais que podem ser usados sem gastar muito dinheiro, baseado nas experiência obtidas na Universidade e pessoalmente, confeccionando lâminas delgadas e seções polidas em casa. 1) A amostra precisa ser representativa. A amostra de rocha, minério ou outro material da qual será feita lâmina delgada precisa ser representativa da ocorrência, sendo constituída do material padrão que ocorre ali. Ou então representar uma feição especial, algo diferente, desde que o material já seja conhecido. Não é sensato carregar para casa apenas as esquisitices, os diferentes da ocorrência, a não ser que sua pesquisa seja sobre elas. Em outras palavras: avalie bem o que vai trazer do campo. 2) A amostra precisa ser a mais inalterada possível. O grau de alteração da amostra coletada é algo importante. É burrice coletar um pedaço da crosta alterada de um matacão de granito. Esse tipo de amostra é chamada de “podrito” e fornece lâminas péssimas. Para análises químicas as amostras podem ter no máximo 2,5% de perda ao fogo (“LOI – loss of ignition”). Materiais alterados tem mais de 15% e os resultados das análises são servem para nada e desqualificam quem as mandou fazer e publicou os resultados. Considere coletar sua amostra, dependendo das peculiaridades da ocorrência (lajeados, etc.), com uma motosserra acoplada a uma serra diamantada ou a um amostrador cilíndrico (tubinho, fornece um testemunho de sondagem de 30 cm). Não estou fazendo propaganda das marcas abaixo, apenas ilustrando o tipo de serra.

Confecção de lâminas delgadas e seções polidasque podem ser usados sem gastar muito dinheiro, baseado nas experiência obtidas na Universidade e pessoalmente, confeccionando lâminas

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Confecção de lâminas delgadas e seções polidas Versão de 15.09.2020

A confecção de lâminas delgadas e de lâminas e seções polidas é um processo de várias etapas,

cada qual com suas peculiaridades. Quais os procedimentos necessários para garantir uma boa lâmina,

economizando tempo e problemas no laboratório?

O entendimento de todos os passos é importante para os que precisam destes materiais.

Um laboratório para confecção de lâminas pode ser hiper equipado ou muito simples. Se você dispõe

de 100.000 dólares, monte um hiper equipado (vídeo no You Tube: “Geological Thin Section... Logitech

System”). Caso contrário, a coisa é mais simples (vídeo no You Tube: “Thin section making ... Fahad

Bahrein”). Partindo do princípio de que a verba está escassa, o texto abaixo detalha os passos e materiais

que podem ser usados sem gastar muito dinheiro, baseado nas experiência obtidas na Universidade e

pessoalmente, confeccionando lâminas delgadas e seções polidas em casa.

1) A amostra precisa ser representativa. A amostra de rocha, minério ou outro material da qual será feita lâmina delgada precisa ser

representativa da ocorrência, sendo constituída do material padrão que ocorre ali. Ou então representar uma

feição especial, algo diferente, desde que o material já seja conhecido. Não é sensato carregar para casa

apenas as esquisitices, os diferentes da ocorrência, a não ser que sua pesquisa seja sobre elas.

Em outras palavras: avalie bem o que vai trazer do campo.

2) A amostra precisa ser a mais inalterada possível. O grau de alteração da amostra coletada é algo importante. É burrice coletar um pedaço da crosta

alterada de um matacão de granito. Esse tipo de amostra é chamada de “podrito” e fornece lâminas péssimas.

Para análises químicas as amostras podem ter no máximo 2,5% de perda ao fogo (“LOI – loss of ignition”).

Materiais alterados tem mais de 15% e os resultados das análises são servem para nada e desqualificam

quem as mandou fazer e publicou os resultados.

Considere coletar sua amostra, dependendo das peculiaridades da ocorrência (lajeados, etc.), com

uma motosserra acoplada a uma serra diamantada ou a um amostrador cilíndrico (tubinho, fornece um

testemunho de sondagem de 30 cm). Não estou fazendo propaganda das marcas abaixo, apenas ilustrando

o tipo de serra.

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3) A amostra deve ter um tamanho adequado. O tamanho da amostra é algo fundamental.

Não é uma demonstração de inteligência coletar uma lasca (“a mochila estava tão pesada que escolhi

uma pequena”) porque, se a lâmina der problemas, você vai ter que voltar ao campo para coletar outra

amostra. Às vezes isso é quase impossível se os locais de coleta são longínquos (tipo Polo Sul).

Por outro lado, coletar uma amostra enorme, de 15 quilos, dá problema de transporte e, ao chegar no

laboratório, vai ter que ser quebrada em pedaços de qualquer maneira porque inteira não cabe na serra.

Portanto uma amostra tamanho duplo-punho geralmente é suficiente, pois rende material para uma ou mais

lâminas, várias seções ou lâminas polidas, aquelas 100 gramas para análise química e sobra um pedaço

representativo para eventualidades e imprevistos.

4) Uma serra diamantada é um item essencial. Uma serra diamantada é um equipamento indispensável na confecção de uma lâmina delgada. Serve

para serrar a fatia inicial da amostra, depois recortar esta fatia e finalmente para fazer o desbaste grosseiro.

As serras podem ser de dois tipos: fechadas ou abertas.

As serras fechadas consistem em uma caixa metálica dentro da qual está a serra. A amostra é presa

em uma morsa e um eixo sem fim movimenta a morsa automaticamente contra a serra enquanto ela está

girando. Assim, serrar a amostra não exige que o operador esteja presente. Basta prender a amostra na

morsa, fechar a tampa e ligar a serra. Geralmente é possível detectar a finalização do corte da rocha pela

modificação do barulho da serra: serra serrando tem um som diferente de serra girando livre. A serra é

lubrificada por um líquido (água ou óleo diesel+água ou água+óleos especiais) que está dentro da caixa

metálica. O disco da serra fica mergulhado entre 25% e 30% de seu raio dentro do líquido e, ao girar, carrega

junto um pouco do líquido que assim resfria serra e amostra. Depois de alguma uso, o líquido precisa ser

trocado porque fica muito sujo de pó de pedra.

Para prender a amostra firmemente na serra há

uma morsa e usa-se peças de madeira para

garantir a fixação da amostra na morsa, um

processo demorado que exige prática.

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As serras abertas geralmente são muito menores e o disco fica exposto acima de uma mesa

metálica. A amostra é conduzida à mão mesmo contra a serra e se faz o corte segurando firmemente a

amostra, prensando-a contra a serra. É possível trabalhar com morsa também, mas dá muito trabalho prender

a amostra na morsa; perde-se muito tempo com isso. Com um pouco de prática, serrar segurando a amostra

com a mão é simples, eficaz e seguro.

Não é aconselhável serrar a seco, pois gera muita poeira que pode provocar problemas de saúde

(silicose). Além disso, em determinados minérios o aquecimento da amostra pela serra pode gerar

modificações nas texturas dos minerais.

A refrigeração da serra e da amostra pode ser realizada:

- com circuito fechado ou

- com circuito aberto.

Circuito fechado é um sistema semelhante àquele das serras fechadas: um líquido refrigerante (água)

está dentro da serra, abaixo da plataforma da serra e o disco fica mergulhado em 25-30% de seu raio dentro

do líquido. Ao girar, o disco traz consigo um pouco do líquido e ocorre o resfriamento necessário. Uma

desvantagem deste método é que a água suja com pó de pedra (“lama”) é jogada sobre a amostra. Certas

amostras sujam de tal maneira neste procedimento que depois não é mais possível limpar. Além disso, ao

usar a serra para o desbaste grosseiro da lâmina, a sujeira da água dificulta o controle da espessura da lâmina

delgada.

Circuito aberto é quando água limpa é jogada diretamente sobre o disco da serra, passa pela amostra

que está sendo serrada, cai na caixa da serra e escorre para fora através de um dreno. De preferência o

dreno conduz para fora do prédio (solo, vegetação, floresta, etc.). Se escoar para uma canalização é

necessário construir uma caixa de sedimentação, caso contrário a lama do processo de corte da amostra

entope a canalização. Lembro de um caso em que um laboratório de cerâmica entupiu toda a canalização de

esgotamento do prédio do 6º andar para baixo porque não havia instalado caixa de sedimentação e as argilas

eram lavadas diretamente para dentro da pia. Pessoalmente prefiro trabalhar com circuito aberto. O consumo

de água não é tão alto e sempre se trabalha com água limpa.

Serra de bancada com circuito de refrigeração aberto (água vem da torneira e escorre para fora da bacia) com uma plataforma móvel sobre a qual se coloca a amostra, segurando com a mão.

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Geralmente laboratórios de maior porte tem uma ou mais serras de grande porte que trabalham

fechadas, com tampa. Além disso, serras menores, de bancada, que trabalham abertas.

É possível trabalhar apenas com uma serra de bancada, desde que as amostras não tenham um

tamanho excessivo. São difíceis de encontrar para comprar, mas vale a pena. Paguei 1.500,00 reais por uma

serra de menor porte em 2018. Vejo a aquisição de uma serra diamantada de porte adequado como algo bem

problemático porque no mercado faltam serras de porte menor a preços viáveis. Quando há serras à venda

já são mais sofisticadas e os preços vão às nuvens, a mais de 10.000 reais. Então é necessário procurar um

pouco ou mandar construir uma sob medida.

Os discos de serra usados, tanto nas serras fechadas como nas serras abertas, são diamantados e

podem ser sinterizados (à esquerda na imagem abaixo) ou prensados (à direita na imagem abaixo). Há ainda

aqueles com abertura de resfriamento (imagem pequena abaixo) - sugiro não usar em um primeiro momento,

pois exigem um pouco mais de prática do operador. As aberturas acabam tendo o mesmo comportamento de

um dente de serra e podem trancar a amostra, entortando e inutilizando o disco se o(a) operador(a) não tiver

familiaridade com o processo.

Discos sinterizados duram mais tempo, mas são mais caros – custam o dobro ou triplo dos outros.

Os discos prensados, entretanto, duram bastante e, no caso de entortar uma serra, tem a vantagem de que

o prejuízo é menor. Há gente que prefere um ou outro tipo, depende do tipo de trabalho, do hábito do operador

e tal. Pessoalmente, me dou bem com os dois tipos. Paguei no final de 2020 o valor de 35 reais por um disco

prensado de 20 cm de diâmetro e ao redor de 100 reais por um disco sinterizado, também com 20 cm de

diâmetro. Essas serras podem ser adquiridas em empresas de Soledade (RS), que enviam pelo Correio

(Campos Serras Diamantadas – 54.99921.2243; Minas Pedras e Serras – 54.3381.1238), etc. Um aspecto simpático dessas serras é que não arrancam seu dedo fora se encostar nelas durante o

uso. Como não tem dentes (como as serras para madeira), mas trabalham com abrasão, são muito seguras

e dificilmente machucam. É possível usar luvas para maior segurança. Pessoalmente, não uso luvas, mas

isso só após bastante prática. Quando faço a demonstração de confecção de lâminas para os alunos, faço

questão de encostar a mão lateralmente na serra em funcionamento, para mostrar que esse tipo de serra

realmente não machuca.

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MUITO IMPORTANTE durante a operação de serrar é o uso de óculos de segurança, pois sempre

há lasquinhas voando no rosto do operador, mesmo com a serra girando para baixo. Uma única lasquinha

afiada na sua retina e seu dia acaba no Pronto-Atendimento. Um protetor auricular é absolutamente

aconselhável em função do barulho.

5) A amostra deve ter uma forma adequada para ser serrada. Para que a amostra possa ser fixada em uma morsa de um serra, ela NÃO PODE TER a forma de

uma pirâmide de três lados. Um tetraedro, digamos. Nem deve ter a forma de uma cunha. É quase impossível

fixar esse tipo de coisa. A forma ideal é a de um tijolo. Retangular.

O cuidado ao escolher uma amostra de forma adequada economiza seu tempo, o tempo e a paciência

do laboratorista e garante a confecção tranquila de suas lâminas.

6) A amostra precisa ser fotografada. ANTES de iniciar o processo de confecção de lâmina e de enviar sua amostra ao laboratório, é

necessário fotografar. Os pedacinhos serrados que sobram depois da confecção da lâmina não costumam

render fotos aproveitáveis em um artigo científico.

Portanto, retire a amostra da mochila, descole a fita crep, lave a amostra, deixe secar e providencie

uma escala. Tampa de máquina fotográfica, tampinha de caneta, moedinha - essas bobagens não são escalas

profissionais e desqualificam seu autor se forem usadas em fotos de publicações científicas.

Fotografe a amostra tanto sob luz solar como na sombra e sob luz artificial, branca e amarela, com

iluminação de frente, de lado e de cima. As diferenças podem ser dramáticas e assim você pode escolher

depois a melhor fotografia.

7) Identifique a amostra. É necessário colocar seu código de identificação na amostra. Em dois locais, porque uma vez serrada

a amostra estará dividida em duas! E não use caneta hidrocor, pois a serra trabalha com água como

lubrificante e seu código vai se perder se a tinta da caneta for hidrossolúvel. Nem use lápis, etc. É necessário

usar marcador permanente preto.

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8) Marque onde você quer que a lâmina seja feita. O laboratorista não tem a menor obrigação de saber onde você quer que a lâmina seja feita e onde a

amostra deve ser serrada. É necessário marcar a amostra com uma linha contínua ali onde você deseja que

o corte e portanto a lâmina seja feita. Não use uma caneta muito fina. Nem muito grossa. Nem hidrossolúvel.

9) Analise a chapa no estereomicroscópio No laboratório sua amostra será serrada duas vezes, separando uma chapa, uma fatia, com entre 1

e 2 cm de espessura. É altamente aconselhável analisar os dois lados dessa chapa no estereomicroscópio

antes de continuar o processo de confecção de lâmina delgada. Basta molhar a chapa com água para

visualizar a rocha.

Uma vez reconhecida a rocha, faz-se a marcação de onde a lâmina deve ser feita, de acordo com

suas necessidades de pesquisa. Caso contrário, você corre o risco da lâmina ser feita em cima de um

fenocristal de ortoclásio, por exemplo. Toda a lâmina um feldspatão só.

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10) Impregnação da amostra Amostras friáveis, muito porosas ou muito alteradas não é possível serrar, desbastar e colar. Neste

caso é necessário realizar uma impregnação, usando araldite, tingido ou não. Este processo requer uma

bomba de vácuo e uma câmara de impregnação, como nas imagens abaixo.

A maioria das rochas não exige impregnação.

11) Corte do bloquinho O próximo passo é o corte do bloco, do tamanho da lâmina.

Geralmente esse corte é realizado em serra pequena (de bancada) sem o uso de morsa. A dedo,

mesmo.

12) Desbaste de um lado do bloquinho. Agora é necessário escolher o lado do bloco do qual será feito lâmina e eliminar os sulcos da serra.

No lado oposto do bloquinho costumo fazer um “X” com caneta marcador para evitar de me enganar de lado

durante o processo. No lado escolhido vamos fazer o desbaste. Para isso, usamos abrasivo em grão em uma

politriz ou sobre uma placa. Se houver verba, pode-se comprar uma politriz (basicamente um motor elétrico

que gira um prato horizontal) por preços que variam entre 4.000 e 24.000 reais, no caso de equipamentos

nacionais. Se não houver verba, usamos placas de porcelana ou de vidro.

A placa de porcelana pode ser uma placa cortada de uma cerâmica para piso (um porcelanato) bem

lisa. O vidro pode ser um vidro qualquer, comprado em vidraçaria. Um vidro de 40x40 cm, com 4 mm de

espessura, custa ao redor de 20 reais e funciona muito bem. Porcelanato tem preços um pouco mais altos e

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é necessário cortar a placa da placa maior. Depois de muito uso (meses) as placas precisam ser trocadas

porque desgastam também. Pessoalmente, uso vidro porque é mais simples e barato.

O abrasivo geralmente é carbeto de silício, que é muito seguro, absolutamente inofensivo à saúde,

relativamente barato e muito duro (Mohs > 9). Se você dispor da verba necessária, pode comprar suspensões

de diamante em bisnagas. Há várias granulometrias dos dois tipos de abrasivos. Pasta de diamante na

realidade é necessária apenas para materiais muito duros, como coríndon. Carbeto de silício (também

chamado comercialmente de “carbureto” de silício) é possível comprar no Mercado Livre a 30,0 reais o quilo

(que dura bastante).

Para o desbaste do bloco podemos usar abrasivo de grão 320 ou 500 por dois minutos e depois

abrasivo de grão 1.000 por mais dois minutos. Se o bloco, molhado e observado contra a luz, se mostrar liso

e sem nenhuma ranhura, está pronto para ser colado. Dependendo do material e se o corte foi liso e bem

feito, 2 minutos de desbaste no abrasivo 1000 são suficientes.

13) Os vidros para as lâminas Se houver verba é possível adquirir, aqui ou no exterior, lâminas profissionais de empresas famosas.

Se não houver tanta verba assim, a vidraçaria do bairro fornece um material muito bom.

É importante decidir sobre a espessura da lâmina. Aquelas de 1 mm quebram com facilidade se o

processo de confecção de lâminas for manual. Por isso usamos há muito tempo vidros com 2 mm de

espessura, tanto no laboratório da Universidade como pessoalmente aqui em casa.

O tamanho da lâmina é outra questão a decidir. Usamos o tamanho convencional, de 24 x 48 mm,

mas não há limites até o tamanho que a platina do microscópio aguenta.

Geralmente encomendo na vidraçaria do bairro as lâminas, 24x48mm, com 2 mm de espessura. Cada

lâmina acaba custando ao redor de 20 centavos ou menos.

Durante um tempo pedia-se que as lâminas viessem foscas de um lado, para que a cola se prendesse

melhor. O problema é que o processo de fosqueamento empregado nas vidraçarias é muito rude e produz

buracos no vidro onde, mais tarde, alojam-se bolhas de ar durante a colagem. Portanto estamos agora

pedindo as lâminas lisas, sem fosqueamento nenhum e estamos fosqueando-as em casa com abrasivo 1000

na placa de vidro. 15 segundos de desbaste nestas condições e o vidro está fosco o suficiente. Na realidade

Placa de vidro de 40x40cm, dois

abrasivos de granulometrias diferentes

e o bloquinho durante o desbaste.

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nem é necessário fosquear o vidro agora que deixamos de usar a cola araldite e usamos a cola de ultravioleta.

A cola de ultravioleta “gruda” muito bem mesmo em vidros sem fosqueamento.

Muito importante é desbastar as arestas e os vértices da lâmina de vidro com uma lixa para ferro, de

grão 100 ou 80. É um processo rápido, de poucos segundos por aresta/vértice. Caso contrário, mais tarde,

se a lâmina durante o desbaste fino grudar no vidro devido a certa proporção de abrasivo e água, as arestas

e vértices cortantes machucam os dedos do operador.

14) A colagem dos blocos nas lâminas. Para colar temos o processo tradicional e o processo novo.

O processo tradicional de colagem usa araldite especial com um endurecedor. Esse material precisa

ser adquirido em casas especializadas e um tubo de araldite com um tubo de endurecedor custam ao redor

de 100 reais. O araldite é inofensivo, o endurecedor tem um cheiro forte e é tóxico. O ideal é realizar o

processo de colagem em uma capela.

Para que a colagem funcione, a proporção de araldite com endurecedor deve ser exata. A fábrica

recomenda 10:1, mas usamos durante muito tempo 10:2 (10 partes de araldite por 2 de endurecedor). Para

evitar ao máximo as bolhas na cola, tudo (o vidro, o bloco de rocha e a cola) precisam estar a 50ºC. E o dia

não pode ser úmido, caso contrário o endurecedor, que é higroscópico, absorve umidade e cria bolhas.

Portanto é proibitivo colar em dias de chuva ou em dias com umidade atmosférica muito elevada: com certeza

haverá bolhas nas lâminas. Também é necessário cuidado para não respirar perto da cola, pois o hálito é

úmido e essa umidade é absorvida pela cola, criando bolhas. Portanto é necessária uma estufa para alcançar

esta temperatura ideal. Aliás, é necessário deixar os bloquinhos de rocha secar na estufa durante um tempo,

pois estão molhados após o desbaste do lado a ser colado.

Ao misturar o endurecedor com o araldite, deve-se evitar mexer demais a mistura, caso contrário

formam-se bolhas na mistura. Essas bolhas são difíceis de eliminar depois.

Uma vez colado o bloco no vidro, o ideal é que haja uma prensa (imagem abaixo) que pressione cada

lâmina contra o bloco. Colamos sem prensa mesmo, mas a prensa é o correto.

O processo de secagem deve ser de pelo menos 4 horas, o ideal são 24 horas. E mesmo assim já

tivemos casos em que a cola depois de 24 horas ainda estava mole. Também já serrei após 3 horas de

secagem e deu certo. Às vezes se tem a impressão de que é aleatório, a cola faz o que quer.

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O processo novo de colagem usa cola para colar tela de smartphone. Essa cola seca com luz

ultravioleta em 10 segundos e nunca – ou muito dificilmente - cria bolhas.

A cola é possível adquirir pela internet (Mercado Livre – “cola super forte para usar com luz ultra

violeta”); dois tubos custam ao redor de 50 reais e duram bastante, rendem muitas dezenas de lâminas. A

secagem é realizada em uma câmara de ultravioleta usada em estéticas para unhas de gel (Mercado Livre:

“cabine UV para unhas gel 36 W estufa forno”), custando ao redor de 50 reais.

O bloco de rocha é preso com massa de modelar (à base de cera, não aquela a base de amido!)

sobre um suporte improvisado qualquer. Depois são colocadas duas gotas ou uma fina tirinha de cola de um

lado do bloco e a lâmina é colada sobre o bloco obliquamente, para que a cola se espalhe de um lado do

bloco até o outro, eliminando possíveis bolhas. Ao contrário do araldite, onde se costuma fazer movimentos

circulares da lâmina sobre o bloco para expulsar eventuais bolhas, com a cola UV não se deve movimentar a

lâmina sobre o bloco. A lâmina é colocada obliquamente sobre o bloco e pressionada firmemente por alguns

segundos, sem movimentar o vidro sobre o bloco.

Depois o suporte com a massa de modelar + bloco de rocha + lâmina colada é colocado na câmara,

liga-se a luz e em 10 segundos a cola secou, é possível desligar a luz UV, tirar o bloco e iniciar o desbaste.

Estou deixando a lâmina na estufa por 30 segundos por precaução, mas me garantiram que 10 segundos é

o suficiente. Aliás, dá para deixar no sol por um minuto que também funciona.

Recomendo fazer isso em ambiente ventilado em função do cheiro da cola e usar luvas descartáveis (muito importante!), pois às vezes a cola em excesso escorre pelos lado do bloco e pode sujar

os dedos.

À esquerda, o bloco sobre o suporte, com a lâmina já colada.

À direita, o suporte colocado na câmara e a luz UV ligada.

15) O desbaste grosseiro Havendo verba e o equipamento, as lâminas com os blocos colados são colocados numa serra que

pode cortar até 16 blocos de uma vez só, como no vídeo da Logitech no YouTube. Na teoria funciona muito

bem, mas no laboratório já tivemos problemas tentando serrar apenas 3 blocos de uma vez só. É mais

garantido serrar um por um.

Essas serras sofisticadas são caras, deve-se esperar preços na casa de 40 mil dólares ou mais.

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Sem essas serras sofisticadas, é possível serrar os blocos na mesma serra que cortou a rocha e

recortou o bloquinho. Isso requer um pouco de prática. Inicialmente serra-se o bloco fora, deixando um a dois

mm de rocha colados na lâmina. Quanto mais prática o operador tiver, mais fina deixa a fatia de rocha sobre

a lâmina. Depois, usando o disco da serra em funcionamento como lixa, desbasta-se a rocha até que sobrem

na lâmina ao redor de meio milímetro ou um terço de milímetro de rocha. A lâmina é prensada lateralmente

contra a serra, lixando a rocha colada no vidro. É uma questão de prática. Já tivemos laboratorista que deixava

a lâmina praticamente pronta só desbastando-a contra a serra.

Sugere-se guardar com cuidado o bloco de rocha que sobrou, identificando o mesmo com etiqueta

ou de outra forma. Se a lâmina der problemas, haverá material suficiente para fazer outra. Ou podemos usar

o bloco para fazer uma seção polida a fim de identificar os minerais opacos presentes.

Pessoalmente prefiro cortar um bloco em um tamanho um pouco menor do que a lâmina para poder

controlar melhor mais tarde, “a dedo”, a espessura da lâmina. O tamanho do “degrau” entre vidro e cola+rocha

dá uma boa ideia da espessura e economiza tempo no desbaste fino.

Serra, teoricamente um laboratório

de lâminas compacto, que

consegue rebaixar até 3 lâminas de

uma vez só, colocadas no suporte

à direita, deixando as lâminas

praticamente na espessura final.

A mesma serra usada para cortar a

amostra inicial e recortar o bloco da

lâmina, agora usada para fazer o

desbaste grosseiro.

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16) O desbaste fino. Para chegar na espessura correta, voltamos para as placas de vidro ou cerâmica com o abrasivo em

pó, o carbeto de silício. Desbastando cuidadosamente aquele 1/3 mm de rocha sobre a lâmina, lentamente

(em uns 10 minutos) alcançamos a espessura correta.

É possível iniciar com abrasivo 320 e, após meio minuto ou menos, lavamos a lâmina e observamos

a mesmo ao microscópio sob Nicóis Cruzados para verificar se as cores de interferência já estão corretas. Se

houver um aparelho denominado “Thin section viewer”, (ver imagem pelo Google, da empresa PetroVue)

basicamente duas lentes polarizadoras com uma lâmpada em baixo e uma lente de aumento em cima, não é

necessário microscópio e é mais rápido. Depois se passa para o abrasivo 500 e 1000 até chegar ao tamanho

correto. Em alguns materiais muito macios pode ser interessante usar abrasivo 1500.

É necessário paciência neste passo, porque às vezes um lado da lâmina está mais espesso que o

outro, sendo necessário pressionar com o dedo apenas (ou mais) este lado contra a placa de vidro/porcelana

para que o desbaste se concentre ali. Muito útil é proteger os dedos da mão (principalmente polegar) com um

curativo (“band-aid”) ou esparadrapo porque o contínuo roçar do dedo sobre a placa com abrasivo desgasta

a pele aos poucos, provocando sangramentos. Se a lâmina durante o desbaste “grudar” no vidro, pode cortar

o dedo. Esse fenômeno de “grudar” ocorre sob certas proporções de água e abrasivo gasto; a lâmina

subitamente praticamente cola no vidro (e mesmo no pano de polimento da politriz) e pode machucar a mão

do(a) operador(a).

Cada material possui suas características: calcários, mármores e escarnitos são complicados, porque

as cores de interferência dos carbonatos não mudam muito durante o desbaste fino. Rochas ígneas básicas

são mais fáceis, granitos e gnaisses são mais duros e mais difíceis. Basalto e dacito são simples, gabro é

tranquilo, riolito é muito duro e chato de laminar. Situações complicadas ocorrem quando, por exemplo, grãos

grandes de quartzo estão juntos com grãos pequenos de calcita. É quase impossível rebaixar o quartzo sem

perder todo o carbonato associado. Aliás, grãos grandes de quartzo, mesmo em rochas plutônicas, tornam o

rebaixamento penoso porque geralmente os feldspatos ao redor já estão na espessura certa e o quartzo

continua com as cores de interferência na segunda ordem da Tabela de Michel-Levy. Com uma máquina o

rebaixamento não é problema, mas trabalhando manualmente é uma questão de prática e muita paciência.

Outros materiais que geram problemas são minerais com clivagem bem desenvolvida, como

piroxênios e anfibólios em grãos grandes. Epidoto em cristais grande também é muito difícil de rebaixar sem

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gerar buracos na lâminas (sem perder material). Cianita e wollastonita não desgastam, mas estilhaçam, e

buracos na lâmina são praticamente inevitáveis.

Em resumo: alcançar a espessura final da lâmina requer paciência e prática se a tarefa for manual.

17) Polimento preliminar da lâmina Possível, mas não necessário. A lâmina pronta pode ser trabalhada na lixa d´água 4.000 para dar um

pré-polimento. Entretanto, a visualização ao microscópio destas lâminas sem lamínula deve ser realizada de

qualquer maneira mais tarde cobrindo a lâmina com um fino filme de óleo mineral (aquele que se compra em

farmácia – “óleo mineral naturol”, frasco com 100 ml, usado contra constipação). Portanto não faz diferença

polir ou não a lâmina.

18) Cobrir com uma lamínula Para lâminas que serão usadas em sala de aula é interessante fazer a cobertura com lamínula. Essas

podem ser adquiridas em lojas especializadas ou pelo Mercado Livre mesmo (“Lamínula para Microscopia

24x32 mm”), a caixa com 100 unidades custando 20 reais. A colagem segue o mesmo padrão da colagem

com o novo método. Pessoalmente, geralmente não cubro as lâminas para evitar mais uma camada de cola

com possíveis bolhas e para preservar a possibilidade de usar a lâmina para MEV e microssonda. Mas é

possível colocar lamínula, pressionando a lamínula durante o processo de colagem com uma lâmina normal

disposta perpendicularmente, para tirar o excesso de cola, antes de colocar na estufa UV.

19) Lâmina pronta! Com estes materiais disponíveis e um pouco de prática é possível confeccionar uma lâmina em 20

minutos, ao custo de aproximadamente 2 reais cada lâmina.

20) Identificação das Lâminas Muito útil é a identificação das lâminas, riscando seu número ou código no lado oposto à seção de

rocha da lâmina. Para riscar, basta adquirir uma “Caneta Gravura Diamante Metal Alta Dureza Para Vidro

Metal Cerâmica” no AliExpress. Uma unidade custa entre 10 e 15 reais. Com um pouco de experiência torna-

se simples riscar no vidro o código da lâmina, o que deve ser feito, aliás, já durante o processo de confecção

quando se faz várias lâminas ao mesmo tempo.

Imagem abaixo meramente ilustrativa, não estou fazendo propaganda de marca ou modelo.

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21) Polimento de lâminas e blocos de rocha O polimento de lâminas e blocos de rocha é necessário para identificar os minerais opacos com o

microscópio de Luz Refletida.

Em lâminas polidas tenho visto dois problemas. Inicialmente o polimento, mesmo usando uma politriz

e equipamentos bons, não fica tão bom como em blocos polidos. Tenho feito essa experiência pessoalmente

e visto em materiais de colegas. Em segundo lugar, sou da opinião que nas lâminas polidas as cores de

interferência dos minerais transparentes atrapalham a percepção de cores dos minerais opacos. Como as

cores de reflexão dos opacos são sutis, com diferenças mais sutis ainda entre elas, é útil trabalhar com blocos

polidos onde os minerais transparentes mostram suas cores de reflexão padrão em vários tons de cinza.

O polimento pode ser realizado com uma politriz ou a mão mesmo.

O uso da politriz evidentemente é o mais indicado. Um equipamento básico destes, nacional, custa

entre 5.000,00 e 23.000,00 reais. Modelos mais sofisticados e/ou estrangeiros podem custar o dobro ou o

triplo. A politriz permite variar a velocidade de rotação do prato e simplifica bastante o trabalho. Há várias

empresas nacionais que produzem modelos bons, como a FORTEL, por exemplo. Os pratos podem ser de

200 ou de 300 mm; geralmente os de 300 mm são melhores porque facilitam o trabalho.

Polimento à mão é muito mais barato e dispensa a máquina que é cara, grande e ocupa bastante

espaço. Como desvantagens há o fato de ser muito mais trabalhoso e pode induzir uma LER no operador,

como aconteceu comigo. A musculatura do braço e da nuca começa a doer, mas isso passa em questão de

alguns dias.

A sistemática consiste em adquirir um pano de polimento de 300 mm (que precisaria ser comprado

de qualquer maneira para a politriz também), retirar o plástico do lado em que há cola no pano e simplesmente

colar o pano em um vidro com 4 mm de espessura e dimensões de 35x35 cm. O vidro pode ser adquirido

numa vidraçaria qualquer a preço bem confortáveis, é fácil de guardar (em pé!), simples de trabalhar e dura

bastante. É necessário pedir na vidraçaria que as arestas e vértices sejam lixadas (“arredondadas”) para

evitar acidentes como cortes.

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A aquisição dos panos é mais complicada e precisa ser feita em uma empresa especializada. A

sugestão é a aquisição de panos de polimento com 300 mm de diâmetro e é necessário testar os panos.

Panos “duros” são melhores porque não geram relevo desgastando mais os minerais menos duros em

comparação com os minerais mais duros. Panos “fofos” tem essa desvantagem.

Na imagem, sobre jornal, vidro de aproximadamente 35x35 cm com um pano de polimento de 300

mm colado, o abrasivo (alumina Bühler 0,3 micra) e o bloco de rocha que será polido.

Geralmente se obtém um polimento razoável após 5 minutos de polimento, empregando força

moderada. Alguns materiais, como cromita e hematita, são muito mais difíceis de polir (o triplo do tempo) e

alguns materiais (serpentinas, esteatitos) não adquirem polimento bom. As diferenças na qualidade de

polimento podem ser úteis na identificação mineral: magnetita mostra um polimento muito pior que ilmenita

após o mesmo tempo de polimento.

O abrasivo a ser usado é especial e só se consegue adquirir em lojas especializadas, como a

AROTEC, a FORTEL e a Schneider Research, todas em São Paulo. Também em www.alcrisa.com.br, que é

uma revenda direta da TECLAGO. É usado em suspensão com água potável comum. A proporção correta é

de 20%, mas tenho usado bem menos.

A montagem das seções polidas é feita sobre as mesmas lâminas usadas para confeccionar lâminas

delgadas, usando massa de modelar à base de cera (um pouco mais difícil de encontrar que aquelas à base

de amido).

Para deixar a seção polida na horizontal, é possível adquirir uma prensa. Está disponível no Mercado

Livre (“prensa manual para fechar fundos de relógios”) e custa em torno de 150 reais. Não tem a precisão das

prensas estrangeiras para seções polidas, mas funciona a contento.

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Com um pouco de prática, uma seção polida fica pronta em 20 minutos, basicamente porque é

necessário polir por 5 minutos pelo menos. É muito mais fácil de confeccionar que uma lâmina delgada porque

dispensa aquela etapa de alcançar a espessura de 30 micra, que é mais demorada e delicada.

Finalmente, as seções polidas podem ser acondicionadas em uma caixa apropriada e estão prontas

para uso.

Finalizando, deve estar claro que o texto trabalha com a premissa que a(o) leitor(a) não tem uma

verba polpuda nem espaço físico para montar um grande laboratório de lâminas delgadas e seções polidas e

que vai trabalhar basicamente para consumo próprio. Se a premissa for outra, o investimento é de outras

dimensões.