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Universidade de Brasília Faculdade de Comunicação Ética na Comunicação Professor Luiz Martins da Silva 18/11/2009 Murilo Nascimento Salviano Gomes 10/25571 Resumo: Análise comparativa das matérias publicadas na web sobre a Conferência Nacional de Comunicação por um site de notícias independente, um público e outro corporativo. Os veículos escolhidos foram Observatório do Direito à Comunicação, Agência Brasil e Folha de S. Paulo, respectivamente. A partir da reflexão, podemos perceber grandes diferenças quantitativas e qualitativas entre as matérias, como a freqüência de publicação sobre o assunto e as informações contidas em cada artigo. Palavras-chave: Comunicação; ética; Conferência Nacional de Comunicação; mídia; jornalismo on-line. Antecedentes Pessoalmente, a partir da minha experiência como estudante da Universidade de Brasília, considero a UnB um dos ambientes acadêmicos mais atuantes dentro da Conferência Nacional de Comunicação. Embora não conheça em detalhes a participação de outras universidades, tem sido muito comum encontrar amigos (estudantes de comunicação ou de outros cursos) de outras instituições que nunca ouviram falar da CONFECOM. Na UnB, grande parte dos professores estão envolvidos no debate sobre a Conferência. Os projetos LaPCom – Laboratório de Políticas de Comunicação-, Comunicação Comunitária e SOS Imprensa, presentes dentro da FAC - Faculdade de Comunicação – sempre tentam traçar um diálogo de suas pesquisas com a questão da CONFECOM. Há também o interesse de parte dos alunos que sempre estão presentes nas reuniões da Pró-Conferência DF. Inclusive, uma estudante representa os projetos da UnB como segunda suplente na Comissão Organizadora da etapa distrital. 1

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Análise comparativa das matérias publicadas na web sobre a Conferência Nacional de Comunicação por um site de notícias independente, um público e outro corporativo.

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Universidade de BrasíliaFaculdade de Comunicação

Ética na ComunicaçãoProfessor Luiz Martins da Silva

18/11/2009

Murilo Nascimento Salviano Gomes10/25571

Resumo: Análise comparativa das matérias publicadas na web sobre a Conferência Nacional de Comunicação por um site de notícias independente, um público e outro corporativo. Os veículos escolhidos foram Observatório do Direito à Comunicação, Agência Brasil e Folha de S. Paulo, respectivamente. A partir da reflexão, podemos perceber grandes diferenças quantitativas e qualitativas entre as matérias, como a freqüência de publicação sobre o assunto e as informações contidas em cada artigo.

Palavras-chave: Comunicação; ética; Conferência Nacional de Comunicação; mídia; jornalismo on-line.

AntecedentesPessoalmente, a partir da minha experiência como estudante da Universidade de Brasília, considero a UnB um dos ambientes acadêmicos mais atuantes dentro da Conferência Nacional de Comunicação. Embora não conheça em detalhes a participação de outras universidades, tem sido muito comum encontrar amigos (estudantes de comunicação ou de outros cursos) de outras instituições que nunca ouviram falar da CONFECOM.

Na UnB, grande parte dos professores estão envolvidos no debate sobre a Conferência. Os projetos LaPCom – Laboratório de Políticas de Comunicação-, Comunicação Comunitária e SOS Imprensa, presentes dentro da FAC - Faculdade de Comunicação – sempre tentam traçar um diálogo de suas pesquisas com a questão da CONFECOM. Há também o interesse de parte dos alunos que sempre estão presentes nas reuniões da Pró-Conferência DF. Inclusive, uma estudante representa os projetos da UnB como segunda suplente na Comissão Organizadora da etapa distrital.

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Interessante notar que não apenas estudantes de Comunicação têm se interessado pela Conferência. Universitários de vários cursos, como História, Ciência Política e Relações Internacionais têm participado das discussões. Com o apoio do DCE – Diretório Central dos Estudantes -, esses universitários se uniram e realizaram, em setembro deste ano, a Conferência Livre de Comunicação, um preparatório para a etapa distrital.

Toda essa movimentação não é vista pela maioria da sociedade. Os grandes sistemas de comunicação quase não têm pautado esse evento. Os motivos desse silêncio podem ser inúmeros, mas tomarei o cuidado de me distanciar dos acontecimentos e não inserir meus pressupostos na análise que se segue.

IntroduçãoA Conferência Nacional de Comunicação (CONFECOM) pretende repensar, desenvolver e atualizar a legislação brasileira de comunicação. Segundo o documento de referência lançado pelo Ministério das Comunicações, a Conferência intenciona alcançar os seguintes objetivos1:

“1) Elaborar um documento, denominado Caderno da 1ª Conferência Nacional de Comunicação, com propostas e relatórios encaminhados pelas comissões organizadoras Estaduais e Distrital; 2) Subsidiar formulações no âmbito da Política Nacional de Telecomunicações e de Radiodifusão; 3) Promover a divulgação do Caderno da 1ª CONFECOM tanto junto às instâncias governamentais quanto nos diversos setores da sociedade brasileira; 4) Estimular o compromisso e a responsabilidade dos demais órgãos do poder público e da sociedade civil na construção do direito e da cidadania na era digital.” (Ministérios das Comunicações, 2009, p. 4).

Com o objetivo de comparar a maneira como diferentes empresas de comunicação pautaram a Conferência, o pesquisador analisou as notícias publicadas na web sobre a Conferência Nacional de Comunicação pela Folha de S. Paulo (www.folha.uol.com.br), Observatório do Direito à Comunicação (www.direitoacomunicacao.org.br) e Agência Brasil (www.agenciabrasil.gov.br).

O período da análise foi de quatro meses: entre julho e outubro de 2009. Os elementos considerados na análise quantitativa foram: número de caracteres e número de artigos por veículo. A análise qualitativa consistiu na maneira como a Conferência foi tratada no artigo (se foi apenas um informe ou se a empresa agregou sua opinião na matéria jornalística).

1 (Ministérios das Comunicações, 2009, p. 4). Link: http://www.mc.gov.br/wp-content/uploads/2009/09/documento-de-referencia-x-061109.pdf

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MetodologiaAtravés da ferramenta de busca do site de cada um desses veículos, coletei todas as matérias que ali estavam publicadas – e disponíveis – sobre a Conferência Nacional de Comunicação. Fiz um clipping dessas publicações durante 4 meses de 2009 – julho, agosto, setembro e outubro.

A análise comparativa consistiu na contagem de caracteres de cada matéria, sem considerar os espaçamentos. Depois tais informações foram organizadas em tabelas que seguem no corpus da análise.

Na análise qualitativa, verifiquei se os jornalistas tentaram alcançar a imparcialidade ou deixaram explícita a opinião deles quanto ao acontecimento. O artigo realizou também um resumo de cada publicação destacando os principais temas abordados sobre a CONFECOM.

Corpus da PesquisaSobre o Observatório do Direito à Comunicação

Em funcionamento desde fevereiro de 2007, o Observatório do Direito à Comunicação é um portal que produz informação e estimula o debate sobre a comunicação no Brasil.

Realizado pelo Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social, o projeto tem como objetivo central criar um ambiente de acompanhamento e reflexão sobre o campo da comunicação, entendendo esta como um direito humano. Para isso, reúne, organiza e disponibiliza referências sobre o tema, e acompanha a conjuntura do setor, apresentando diariamente novos fatos, versões e análises críticas para o leitor.

O portal é mantido com o apoio da Fundação Ford, uma organização privada, sem fins lucrativos, que apóia pessoas e instituições por comprometidas com a consolidação da democracia, a redução da pobreza e da injustiça social e com o desenvolvimento humano2.

Sobre a Folha de S. Paulo:

Fundada em 1921, a Folha é, desde a década de 80, o jornal impresso mais vendido no país (no ano passado, a circulação média foi de 302 mil exemplares em dias úteis e 365 mil aos domingos). Os princípios editoriais da Folha são: pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência. Organizado em cadernos temáticos diários e suplementos, tem circulação nacional. Foi o primeiro veículo de comunicação do Brasil a adotar a figura do ombudsman e a oferecer conteúdo on-line a seus leitores.

É o primeiro jornal em tempo real em língua portuguesa. A Folha Online, com uma equipe de reportagem própria, tem por objetivo a criação, produção e desenvolvimento de conteúdo jornalístico on-line, além de serviços com destaques para áreas de interatividade.

2 http://www.programabolsa.org.br/fford.html

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Seu compromisso é o de produzir conteúdo on-line com a mesma qualidade editorial e seguindo os princípios de pluralidade, independência e criticismo da Folha impressa3.

Sobre a Agência Brasil:

Em 2007, um movimento que envolveu amplos setores da sociedade civil, como acadêmicos, comunicadores, cineastas, jornalistas, dirigentes de emissoras de rádio e televisão não-comerciais, assim como grupos e entidades dedicados a refletir sobre a comunicação, culminou no Fórum da TV Pública, liderado pelo então ministro da Cultura Gilberto Gil.

Ao receber a proposta básica deste Fórum a favor da criação de uma televisão pública, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva comprometeu-se com sua implantação. Foi o que fez, em outubro de 2007, ao editar a Medida Provisória 398, depois convertida pelo Congresso na Lei 11 652/2008. Assim foi criada a Empresa Brasil de Comunicação, encarregada de unificar e gerir, sob controle social, as emissoras federais já existentes, instituindo o Sistema Público de Comunicação. Outra missão da EBC, articular e implantar a Rede Nacional de Comunicação Pública.

Análise das publicações online de uma Agência Pública de Notícias.Empresa escolhida: Empresa Brasil de Comunicação – EBC.

Segundo o site empresa (2009), a EBC pretende suprir uma lacuna no sistema de radiodifusão com o objetivo de implantar e gerir os canais públicos, aqueles que, por sua independência editorial, distinguem-se dos canais estatais ou governamentais.

Uma das características mais cobradas da empresa, por ser pública, é a isenção. O grande consumidor dessa empresa e o foco das produções é o cidadão brasileiro.

Análise quantitativa:

A EBC publicou na web 6 matérias sobre a Conferência Nacional de Comunicação durante os quatro meses de coleta:

Julho 1 matériaAgosto 3 matérias

Setembro 1 matériaOutubro 2 matérias

Quantidade de caracteres por matéria:

3 http://www1.folha.uol.com.br/folha/conheca

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Dia da publicação Número de Caracteres

Número de Referência4

28/07/2009 1656 0105/08/2009 2426 0213/08/2009 1951 0317/08/2009 1859 0401/09/2009 1570 0510/10/2009 2294 0610/10/2009 3139 07

Análise qualitativa:

Embora com intervalos muito espaçosos, a Agência Brasil conseguiu mostrar o desenrolar da Conferência Nacional de Comunicação. Entre os meses de setembro e outubro, a Agência Brasil ficou 1 mês sem noticiar a CONFECOM. Em outubro, porém, lançou duas matérias no mesmo dia sobre o evento.

A matéria 01 apenas menciona a CONFECOM. A pauta é sobre o não cumprimento das exigências para a liberação da venda do Speedy. O jornalista aproveita a oportunidade em que fala sobre políticas de comunicação e lança uma informação sobre a Conferência Nacional que pautará o tema.

A matéria 02 fala exclusivamente sobre a Conferência. No início, o jornalista destaca o anúncio da CONFECOM por parte do Ministro das Comunicações, Hélio Costa, e do Ministro da Secretaria de Comunicação Social, Franklin Martins. Alguns problemas para a realização da Conferência são pautados, como a falta de recursos orçamentários e a saída do setor empresarial de comunicação da comissão organizadora. Nessa parte podemos perceber uma lacuna do texto. Não são destacadas quais e quantas empresas saíram da comissão organizadora. Nesse sentido, dá-se a entender que todas saíram da comissão, ou seja, uma informação não muito exata.

O interessante dessa matéria é que ela abre espaço de fala para as entidades de todos os segmentos envolvidos na conferência: Sidnei Basile, presidente da ANER (Associação Nacional de Editores de Revistas), defende a saída do empresariado; Sueli Goffman, da FNDC – uma das organizações que representam a sociedade civil -, critica a reunião fechada do governo com os empresários; José Soter, presidente da ABRAÇO (Associação Brasileira de Radiodifusão Comunitária), destaca a importância da CONFECOM e a dificuldade da participação do empresariado em outras conferências.

Na matéria 03, são explicitadas quais empresas de comunicação saíram da comissão organizadora da Conferência e quais ainda se mantiveram. Há o espaço de fala para os empresariados, que explicitam os motivos da decisão, e para o governo que mostra uma

4 Número de Referência serve para localizar a matéria a qual faço referência na parte “Material de análise” da página 10.

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postura condizente à do empresariado. Não é apresentada a opinião das entidades que representam a sociedade civil.

A matéria 04 explica o impasse sobre o percentual de participação de cada um dos três grandes grupos: governo, empresariado e sociedade civil. Mesmo tendo de respeitar os padrões de webjornalismo, como leitura rápida e objetividade, notamos que ela foi capaz de agregar bastante conteúdo explicativo.

Encontramos a explicação da quantidade de delegados para a Conferência Nacional de Comunicação na matéria 05. Além disso, o jornalista explica como serão os critérios da votação.

Após 15 dias, a Agência Brasil lança mais uma publicação sobre a CONFECOM. A matéria número 06 fala do adiamento da realização da Conferência porque o presidente Luiz Inácio Lula da Silva estaria em viagem durante os dias 1° e 3 de dezembro e gostaria de participar do evento. A matéria também fala da flexibilização dos prazos para a realização das pró-conferências. Jonas Valente, representante do Intervozes, possui espaço de fala.

A matéria 07 destaca o ânimo dos “comunicadores populares” ligados à ABRAÇO. Alan Camargo, da Associação Cultural Espaço Comunitário, de Encruzilhada (RS), fala da força e do poder de contato com a população que as rádios comunitárias possuem. O artigo também fala da Conferência realizada pela ABRAÇO que, dentre outras questões, levantaria temas a serem levados à CONFECOM. Algumas propostas defendidas por esta entidade já são explicitadas na matéria.

Análise das publicações online de uma empresa de comunicação corporativaEmpresa escolhida: Folha de S. Paulo

A Folha de S. Paulo foi escolhida por ser jornal de grande tiragem e tradição no Brasil.Durante a coleta de material, notei que muitas empresas privadas, ao invés de fazer uma apuração singular da Conferência Nacional de Comunicação, apenas republicaram artigos da Agência Brasil e da Agência Estado.A maioria das matérias publicadas pela Folha de S. Paulo sobre a Conferência está disponível apenas para assinantes. Para que não houvesse falta de material para análise, decidi colher também essas exclusivas.

Análise quantitativa:

A Folha de São Paulo publicou 4 matérias na web sobre a Conferência Nacional de comunicação entre os meses de julho e outubro:

Julho 0 matériaAgosto 3 matérias

Setembro 0 matériaOutubro 2 matérias

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Quantidade de caracteres por matéria:

Dia da Publicação Quantidade de Caracteres

Número de Referência

14/08/2009 1694 0815/08/2009 1498 0926/08/2009 2091 1008/10/2009 1307 1129/10/2009 599 12

Análise qualitativa:

A matéria número 08, do dia 14 de agosto, é publicada após três meses da última publicação da Folha de S. Paulo sobre Conferência. A manchete dessa matéria chama a atenção para o desligamento das “empresas de mídia” da organização do evento. O nome da Globo é destacado como líder desse movimento de retirada. A notícia também faz alusão às divergências sobre o processo decisório da aprovação de teses e destaca que as deliberações não teriam poder de alterar o ambiente da comunicação.

A matéria 09 é um artigo de opinião, sem especificação do autor. O artigo diz que, desde que foi convocada a Conferência, “era possível vislumbrar incongruências que culminaram, anteontem, no esvaziamento da iniciativa - abandonada por seis das oito entidades empresariais que dela participavam”. O texto é puramente parcial. Remete a convocação da Conferência ao incômodo que Lula sentiu ao ver uma reportagem sobre sua vida pessoal. Ao fechar o artigo, o escritor-fantasma diz que a CONFECOM é uma armadilha às empresas de comunicação.

A matéria 10 é um artigo de opinião assinado por Elvira Lobato que fala sobre o avanço das igrejas sobre o setor de radiodifusão. Ela utiliza a Arquidiocese de Aparecida (SP) como exemplo. A Conferência Nacional de Comunicação é citada apenas no último parágrafo da matéria. Segundo o veículo, tal assunto deve merecer atenção na CONFECOM.

Na matéria 11, a Conferência também é citada apenas no último parágrafo para dizer que ela pautará o assunto principal do artigo: o Conselho de Comunicação do Congresso vago há 3 anos.

A matéria 12 é curta e fala sobre uma das propostas criadas pela CUT, Força, CGTB, CTB, Nova Central e UGT para a Conferência Nacional de Comunicação.

Análise das publicações online de um movimento organizado.Site escolhido: Observatório do Direito à Comunicação.

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O site do Observatório do Direito à Comunicação destaca-se dos outros veículos analisados por possuir um link5 específico na página inicial que contém várias notícias sobre a Conferência. Embora grande parte das notícias não tenha sido escrita pela redação do Observatório, esse clipping auxilia o leitor na busca por informações específicas do evento.

Como a minha metodologia de trabalho especificava que seria na ferramenta de busca que eu coletaria o material de análise, não utilizei o link da página principal do site do Observatório.

Análise quantitativa

O Observatório do Direito à Comunicação publicou artigos na web sobre a Conferência Nacional de Comunicação entre os meses de julho e outubro de 2009:

Julho 4 matériasAgosto 3 matérias

Setembro 1 matériaOutubro 1 matéria

Quantidade de Caracteres por matéria:

Dia da Publicação Quantidade de Caracteres

Número de Referência

09/07/2009 3188 1315/07/2009 10422 1423/07/2009 5019 1527/07/2009 2217 1605/08/2009 3116 1711/08/2009 7405 1813/08/2009 4099 1915/09/2009 6979 2008/10/2009 2411 21

Análise qualitativa

A matéria 13 expõe críticas a alguns fatores que tem atrasado a realização da CONFECOM. Ela fala sobre um possível cancelamento da Conferência em decorrência da falta de verbas do governo. O artigo diz que houve sinalizações dos empresários e do governo para adiar ou cancelar a CONFECOM. O jornalista atribui carga negativa ao atraso da convocação da Conferência e a ao cancelamento da reunião da Comissão Organizadora Nacional da Conferência.O artigo mostra detalhes da organização do evento, como disponibilização de verbas e falta de tempo para a realização do evento. Há espaço de fala para o Intervozes e para o governo, porém não se procura o empresariado.

5 http://www.direitoacomunicacao.org.br/conferencia_nacional.php

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A matéria 14, a mais extensa de todas, com 10.422 caracteres, comenta as ameaças ao caráter amplo e democrático da CONFECOM. O artigo inicia seu discurso dizendo que a Conferência foi oficializada pelo presidente graças à pressão de vario setores, inclusive ligados ao empresariado.A matéria conta detalhes da formação da Conferência Nacional de Comunicação e fala das premissas e condições lançadas pela ABERT para sua participação no evento. O artigo explicita que a defesa dos valores culturais brasileiros não devem ser confundida com a prerrogativa de valorizar, a priori, os meio de comunicação comerciais.

Interessante notar que essa matéria foi a primeira, em comparação aos outros veículos de comunicação analisados, a questionar a porcentagem de decisão dos empresários na Conferência. O artigo ainda aponta os desafios do governo, o cronograma e os recursos da CONFECOM.

A matéria 15 fala do esvaziamento dos empresários na reunião da Comissão Organizadora. O jornalista diz que o empresariado desejava manter como indefinidas as regras da CONFECOM que aprovam as propostas que surgiram nas etapas estaduais e nacionais. O artigo ainda fala das reuniões que eram previstas para acontecer.

O artigo 16 critica o governo por ter adiado, mais uma vez, a reunião e ter adiado o regimento. A matéria destaca a opinião positiva de Lula quanto à importância da CONFECOM.

A matéria 17 fala do tempo que os empresários ganharam para avaliar o regimento. Destaca também os cuidados do governo para manter o empresariado na Conferência. Por fim, ressalta que ainda não havia data prevista para a reunião entre o governo e os representantes dos movimentos sociais.

A matéria 18 coloca em questão a legitimidade que o empresariado pode atribuir à Conferência. O texto assume uma postura bastante parcial. O jornalista acredita que as empresas de comunicação podem participar da conferência, mas não impor condições ou desvirtuar a natureza do encontro.

A matéria 19 fala da reunião que representantes de movimentos sociais tiveram com o governo, depois do empresariado. O jornalista abre espaço de fala a Jonas Valente, representante do Intervozes, que acredita que a retirada dos empresários da Conferência não vai tirar a legitimidade do evento.

A matéria 20 comenta de maneira muito extensa o sucesso da realização da Conferência Livre de Comunicação do Espírito Santo, que foi capaz de reunir bastantes seguimentos sociais sem a divulgação da empresas comerciais.

A matéria 21 fala sobre o adiamento da CONFECOM e da felicidade do presidente do Lula com a realização do evento. O artigo termina com o informe de que o orçamento previsto para a Conferência foi recomposto.

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CONCLUSÃO

Podemos perceber que os veículos de comunicação que mais pautaram a Conferência na internet, de maneira quantitativa, foram os dos movimentos organizados. Seus textos eram mais longos e mais freqüentes na web. Além disso, o grau de detalhamento sobre as etapas do evento era maior.

A Agência Brasil foi a que mais abriu espaço de fala aos três grandes grupos participantes da CONFECOM: governo, empresariado e sociedade civil. Da mesma maneira que as matérias da Folha de S. Paulo não abriram espaço de fala para os movimentos sociais, as matérias do Observatório do Direito à Comunicação não abriram espaço de fala aos empresários.

Interessante notar que o Observatório criticou a retirada de parte do empresariado da Comissão Organizadora, enquanto a Folha de São Paulo, através dos artigos de opinião, elogiaram tal atitude. Enquanto um dizia que “em boa hora os principais representantes das empresas de comunicação enxergaram a armadilha” (Folha de S. Paulo, 2009), outro argumentava que “conferência seria, na essência, uma grande mesa de diálogo com o empresariado” (Observatório do Direito à Comunicação, 2009).

A Folha de S. Paulo quase não pautou a Conferência no site. Apenas uma das matérias veiculadas na web falava exclusivamente sobre a CONFECOM. Um dos artigos de opinião criticava a Conferência enquanto o outro apenas citou uma das discussões que podem ser encontradas no evento. As outras duas matérias apenas citam a Conferência ao final do texto. De acordo com o conceito de “pirâmide invertida”, poderíamos dizer que a CONFECOM foi a parte menos interessante da matéria.

A partir da quantidade de vezes que o assunto foi pautado por cada empresa e do conteúdo das matérias, podemos notar a postura que cada veículo adota diante da Conferência Nacional de Comunicação.

Por meio dessa análise, podemos questionar se estes veículos online citados trouxeram a importância da CONFECOM para a realidade da sociedade. Em nenhum momento as notícias relatam que os jornalistas foram às ruas para escutar do povo, buscando o que a população sabe e entende sobre a Conferência. Nas notícias online há um aparente silêncio da maioria dos cidadãos, que não demonstram saber o que é esse evento.

Parece que os veículos de comunicação, sejam independentes, comerciais ou públicos, não pautam o evento com o objetivo de informar o povo brasileiro.

O tema central da Conferência é “Comunicação: meios para a construção de direitos e de cidadania na era digital”. Mas é difícil discutir sobre direitos e democracia se a maioria da população não está envolvida no processo.

Afinal, pra quem é mesmo a Conferência Nacional de Comunicação?

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Material de análise

AGÊNCIA BRASIL - EBC

1)28/07/2009Hélio Costa diz que Telefônica não cumpriu as exigências para a liberação da venda do Speedy

Brasília - O ministro das Comunicações, Hélio Costa, disse hoje (28) que a empresa Telefônica ainda não cumpriu todas as exigências impostas pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) para a liberação da venda do serviço de banda larga Speedy. Costa, que na semana passada defendeu a retomada da comercialização do serviço, disse que está “reavaliando sua posição”. “Tive informações de que ainda precisa de mais participação da empresa”, argumentou o ministro, sem dar maiores detalhes.

Hélio Costa participou hoje (28) da divulgação de dois editais da chamada pública para a seleção de projetos, que receberão recursos do Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações (Funttel). O processo vai selecionar projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação tecnológica, que receberão apoio financeiro no valor total de R$ 110 milhões, em três anos.

Para Costa, em um momento em que os mercados do mundo inteiro enfrentam crises, é preciso aproveitar para fazer investimentos, que coloquem o Brasil em vantagem. “Estamos convictos de que é o momento de fazer apostas no futuro. Sabemos que a inovação tecnológica tem seu tempo de maturação: pesquisas feitas hoje renderão frutos em dois ou três anos”, afirmou.

Costa não quis comentar a decisão do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor do Ministério da Justiça de multar as empresas de telefonia Claro e Oi/Brasil Telecom por descumprimento às regras da Lei do Call Center. Segundo ele, o aumento do número de reclamações pode estar ligado ao aumento do número de usuários dos serviços de telecomunicações.

O ministro também informou que vai se reunir amanhã com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para tratar da liberação de recursos para a Conferência Nacional de Comunicação, que será realizada em dezembro. O orçamento inicial do evento, previsto em R$ 8,2 milhões, caiu para R$ 1,6 milhão.

2)05/08/2009Conferência Nacional de Comunicação será realizada em dezembro, garantem ministrosBrasília - O ministro das Comunicações, Hélio Costa, e o ministro da Secretaria de Comunicação Social, Franklin Martins, garantiram a realização, entre os dias 1º e 3 de dezembro, da 1ª Conferência Nacional de Comunicação (Confecom). O anúncio foi feito após reunião dos dois ministros e do secretário-geral da Presidência, Luiz Dulci, com representantes das empresas de comunicação, em Brasília. “A conferência será realizada. Está confirmado que será realizada”, garantiu Hélio Costa.

A falta de recursos orçamentários (que dependem de aprovação no Congresso) e a saída das empresas de comunicação da comissão organizadora chegaram a levantar dúvidas quanto à realização do evento. Segundo o vice-presidente da Associação Nacional de Editores de Revista (Aner), Sidnei Basile, as entidades empresariais “estavam preocupadas que não se colocasse em risco princípios da Constituição”, se referindo à liberdade de expressão e informação e à atuação da livre iniciativa.

Os ministros garantiram que esses princípios não estão em discussão e querem a presença das empresas na conferência. As entidades presentes, representantes dos setores de rádio, TV aberta, TV por assinatura, jornais, revistas, mídia regional, telecomunicações e banda larga, ficaram de dar uma resposta ao governo até a próxima semana. Segundo Basile, as propostas do governo serão levadas para discussão com sindicatos e empresas.

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“Estamos diante de um problema político”, admitiu Franklin Martins assinalando que o governo está “apostando no diálogo”. O governo propôs às associações empresariais que nas decisões tripartite da conferência as empresas tenham peso de 40%, as entidades da sociedade civil o mesmo peso e o governo 20%.

Para Roseli Goffman, do Conselho Federal de Psicologia, a sinalização feita pelo governo é importante. “Não caberia o governo recuar”, disse lembrando que a convocação da Confecom foi feita pelo Poder Executivo. Na avaliação da psicóloga, que participa do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), “os empresários estão fazendo protelação. A ausência na conferência é uma decisão que cabe a eles. O poder econômico conversa sozinho com o governo”, criticou cobrando que o governo chame as entidades da sociedade civil para a mesma discussão que teve hoje com as empresas.

O presidente da Associação Brasileira de Radiodifusão Comunitária (Abraço), José Soter, afirmou que “não há alternativa a não ser fazer a conferência". "A importância dos empresários é relativa e está superdimensionada. Poucas conferências tiveram a participação do empresariado”, destacou. Soter é membro da comissão organizadora e garantiu que não haverá problema de tempo para a realização das conferências regionais e estaduais, preparatórias para o evento nacional.

3)13/08/2009Empresas anunciam saída da organização da Conferência Nacional de ComunicaçãoBrasília - As entidades representantes de emissoras de rádio e televisão, televisão por assinatura e mídia impressa decidiram deixar a comissão preparatória da Conferência Nacional de Comunicação, que está programada para ser realizada em dezembro deste ano. Por enquanto, só permanecem a Associação Brasileira de Telecomunicações (Telebrasil) e a Associação Brasileira de Radiodifusão (Abra).

O anúncio da saída foi feito hoje (13), em reunião realizada entre os ministros das Comunicações, Hélio Costa, da Secretaria de Comunicação Social, Franklin Martins, e da Secretaria-Geral da Presidência, Luiz Dulci, e representantes da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), da Associação Brasileira de Internet (Abranet), da Associação Brasileira de TVs por Assinatura (ABTA), da Associação Nacional dos Editores de Revistas (Aner), da Associação dos Jornais do Interior (Adjori) e da Associação Nacional dos Jornais (ANJ).

Em nota, as seis entidades explicam que decidiram se desligar porque a defesa de princípios como liberdade de expressão, direito à informação e legalidade “foi entendida por outros interlocutores da comissão organizadora como um obstáculo à confecção do regimento interno e do documento-base de convocação das conferências estaduais, que precedem a nacional”. Segundo o comunicado, isso não impede que os associados decidam individualmente qual será sua forma de participação no evento.

Depois da reunião, Hélio Costa disse que a decisão de saída das entidades foi muito “civilizada”. “Não é um abandono da Confecom, pelo contrário, eles estão abrindo um espaço na comissão preparatória para que ela possa chegar a uma proposta final consensual. Como eles tinham algumas dificuldades em apoiar determinados pontos na comissão, eles preferem não participar dessa última fase para que a gente complete a proposta de funcionamento da conferência e depois eles participam da conferência”, avaliou.

Segundo o ministro, na próxima segunda-feira (17) haverá uma reunião entre os empresários e representantes de movimentos sociais que participam da Confecom. “Isso é fundamental para que possamos fechar essa primeira fase que é a comissão preparatória”, disse Costa.

4)17/08/2009Governo, empresários e sociedade ainda não definiram participação na ConfecomBrasília - O impasse sobre o percentual de participação de representantes do governo, de empresários e de movimentos sociais na Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), prevista para dezembro, só

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deve ser resolvido na próxima semana. Em uma reunião realizada hoje (17), representantes dos três setores não chegaram a um consenso sobre o assunto. Uma nova reunião está marcada para a próxima terça-feira (25) pela manhã, antes da reunião da comissão organizadora da Confecom. No encontro de hoje, participaram os ministros das Comunicações, Hélio Costa, da Secretaria de Comunicação Social, Franklin Martins e da Secretaria-Geral da Presidência, Luiz Dulci, além de representantes dos movimentos sociais, da Associação Brasileira de Telecomunicações (Telebrasil) e da Associação Brasileira de Radiodifusão (Abra). O governo defende que a participação dos delegados seja dividida da seguinte forma: 40% de representantes da sociedade civil, 40% de empresários e 20% do Poder Público. Mas algumas organizações sociais defendem que a sociedade tenha 80% dos delegados. Segundo o representante da Associação Brasileira de Canais Comunitários (ABCCom), Paulo Miranda, a entidade aceita a proposta do governo, porque, segundo ele, é a “única possível”. Ele acredita que as outras entidades devem também concordar com essa posição. “Na hora ‘H’ ninguém vai ser louco de sair da conferência. A tendência vai ser todos acatarem”, afirmou. Mais um ponto polêmico é o do quorum necessário para aprovar as questões consideradas sensíveis ou polêmicas durante a conferência. O governo defende que o número mínimo seja 60%, mas os empresários propõem 60% mais um, o que daria a eles o poder de veto. Na reunião de hoje, o governo aceitou aumentar o número de delegados de mil para 1,2 mil. A proposta das organizações sociais era que o evento tivesse pelo menos 2 mil delegados. Na última semana, por causa de divergências sobre o encaminhamento dessas questões, as entidades representantes de emissoras de rádio e televisão, televisão por assinatura e mídia impressa decidiram deixar a comissão preparatória da Confecom.

5)01/09/2009Definido número de delegados para a Conferência Nacional de ComunicaçãoBrasília - Será publicado no Diário Oficial da União até sexta-feira (4) o regimento interno da 1ª Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), que será realizada em Brasília nos dias 1º, 2 e 3 de dezembro. Conforme o texto aprovado hoje (1º) pela comissão organizadora, a conferência terá até 1.539 delegados.Poderão participar da conferência os delegados eleitos nos estados e no Distrito Federal (1.329 pessoas, número limite); delegados designados da administração federal (154); e delegados natos que participam da comissão organizadora (66). Caso não haja representação nos estados, a comissão organizadora indicará participantes para a indicação do Ministro das Comunicações, Hélio Costa (PMDB-MG).De acordo com Marcelo Bechara de Souza Hobaika, consultor jurídico do Ministério das Comunicações, o regimento “retrata o acordo que foi feito na reunião da comissão organizadora na semana passada com a presença dos ministros Hélio Costa, Luiz Dulci [Secretaria-Geral da Presidência] e Franklin Martins [Secretaria de Comunicação Social]”.Naquela reunião foi decido que 40% dos delegados eleitos nos estados serão representantes da sociedade civil, 40% representarão as empresas de comunicação e mais 20% será composto por representantes do Poder Público.A deliberação de assuntos polêmicos dependerá de uma votação mínima de 60% dos delegados, com exigência de que haja voto nos três segmentos. A representação dos estados será proporcional ao número de deputados federais em cada unidade da Federação, o mínimo é de 24 representantes.Até a quarta-feira (16) da próxima semana, serão fechados os eixos temáticos em discussão na Confecom. A definição vai orientar as conferências preparatórias estaduais e distrital que devem ocorrer até o dia 8 de novembro.

6)10/10/2009Governo Federal altera data da Conferência Nacional de ComunicaçãoO governo federal decidiu transferir para o período de 14 a 17 de dezembro a realização da 1ª Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), inicialmente agendada para ocorrer entre os dias 1º e 3 de dezembro deste ano, em Brasília. Segundo o Ministério das Comunicações, a mudança foi definida em função da agenda do presidente Luiz

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Inácio Lula da Silva. Se a data inicial fosse mantida, o presidente não poderia participar do evento, já que ele viajará ao exterior no mesmo período. A transferência das datas foi definida pelo próprio presidente durante reunião com os ministros das Comunicações, Hélio Costa; Secretaria de Comunicação Social, Franklin Martins; e Secretaria Geral da Presidência, Luiz Dulci, na última quarta-feira (7) e divulgada ontem (9) pelo Ministério das Comunicações. O decreto de convocação deve ser publicado no Diário Oficial da União na próxima semana. Na última terça-feira (6), a Comissão Organizadora da Confecom resolveu flexibilizar os prazos para a realização das pré-conferências que devem anteceder as etapas estaduais. Resolução publicada no último dia 6 concede às comissões estaduais e distrital o direito de realizar as pré-conferências além das datas limites estipuladas no regimento da Confecom.Pelas regras da Confecom, as etapas preparatórias deveriam acontecer até 20 dias antes das etapas estaduais e distrital para que os relatórios finais de cada uma delas fossem encaminhados às comissões estaduais e distrital até cinco dias antes das conferências nos estados. De acordo com o representante do Coletivo Intervozes na comissão, Jonas Valente, a flexibilização do regimento foi solicitada por comissões estaduais. “Se a comissão organizadora estadual entender que é possível receber as propostas aprovadas nas pré-conferências e dar encaminhamento, não é a comissão nacional quem vai definir os prazos”, afirmou.Segundo o ministério, o governo federal vai investir R$ 8,2 milhões para levar a Brasília 1.664 delegados de todos os estados brasileiros para participar das discussões plenárias. Parte dos recursos necessários será garantido por meio do Projeto de Lei (PL) 27/09, já sancionado pelo presidente Lula. O PL libera R$ 6,5 milhões para a conferência, recompondo os recursos inicialmente previstos no orçamento do Ministério das Comunicações para a realização do evento. Ainda de acordo com o ministério, a partir da próxima semana, os ministros Hélio Costa, Franklin Martins e Luiz Dulci realizarão reuniões periódicas para acertar os detalhes relativos à organização da conferência, cujo tema é Comunicação: Meios para Construção de Direitos e de Cidadania na Era Digital.

7)10/10/2009Rádios Comunitárias discutem propostas para a Conferência Nacional de ComunicaçãoNo que depender da vontade dos comunicadores populares ligados à Associação Brasileira de Radiodifusão Comunitária (Abraço), as rádios comunitárias conquistarão o papel de protagonistas da 1ª Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), marcada para os dias 15 e 17 de dezembro, em Brasília. “Representamos atualmente o maior modelo de comunicação pública não estatal do país”, diz Alan Camargo, da Associação Cultural Espaço Comunitário, de Encruzilhada do Sul (RS), com base nas mais de 3,8 mil concessões do Ministério das Comunicações a rádios comunitárias de todo o pais desde a aprovação da Lei 9.612, de 1998. “Somos um poder de comunicação não apenas pela capacidade de atingir um número significativo da população, mas por nosso próprio modelo de gestão comunitária”, defende Camargo, embora a própria coordenação da Abraço afirme que só uma minoria das associações e fundações autorizadas a explorar o serviço de radiodifusão comunitária se enquadre no perfil exigido por lei. “Mas quando uma rádio realmente funciona como comunitária, quando ela está no bairro, divulgando as questões locais, ela atinge um índice de audiência enorme, independente do grau de interferência das rádios comerciais”, ressalta João Carlos Santim, da Rádio Ascucca de Campos Novos (SC). Segundo ele, o veículo atinge 70% da audiência local, ao promover a diversificação cultural. Porém, ele se queixa da impossibilidade de as rádios comunitárias disputarem parte das verbas públicas destinadas à publicidade. Camargo, Santim e representantes de rádios comunitárias de várias partes do país participam desde ontem (9), em Brasília, de um a conferência organizada pela Abraço para discutir, entre outros assuntos, a participação dos radiocomunicadores na Confecom. Segundo o coordenador de comunicação nacional da Abraço, Josué Franco Lopes, os dois primeiros dias do encontro servirão para capacitar os representantes das rádios comunitárias para integrarem a Rede Abraço, um espaço para a troca de conteúdos entre rádios comunitárias de todo o país, e a usar tecnologias de comunicação como os softwares livres. Já o domingo servirá para a discussão e produção de um documento com as propostas que o setor levará à Confecom.Para a Abraço, a realização de uma conferência nacional é fruto da luta dos movimentos que defendem a democratização da comunicação, representando uma oportunidade de avançar na construção de uma Lei

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Geral da Radiodifusão que contemple os setores público, estatal e privado e assegure o livre funcionamento das rádios comunitárias.Entre algumas das propostas defendidas pela Abraço estão a criação de uma subsecretaria dedicada à radiodifusão comunitária e de representações estaduais do Ministério das Comunicações como forma de desburocratizar e tornar mais transparente o processo de concessão para funcionamento de rádios comunitárias. Outras propostas preveem a revogação da atual legislação, que considera crime a operação de emissoras não autorizadas, a anistia para pessoas processadas ou punidas por operarem rádios comunitárias sem autorização, a devolução dos equipamentos confiscados pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), o aumento da potência dos atuais 25 watts para até 250 watts, de acordo com as características territoriais de cada cidade. Há ainda uma sugestão de que a Empresa Brasil de Comunicação (EBC), à qual pertence a Agência Brasil, na condição de empresa pública, implante uma nova mentalidade de rede nacional de rádio e televisão, regionalizando a produção cultural, artística e jornalística com a criação de seis centros de produção regionais.

FOLHA DE SÃO PAULO

8)14/08/2009Empresas de mídia se desligam de organização de evento do governoAs principais entidades representativas das empresas de mídia no Brasil anunciaram o seu desligamento da organização da 1ª Conferência Nacional de Comunicação (Confecom). Agora, o encontro será composto majoritariamente pelo governo e por organizações de trabalhadores e ONGs da área.A Confecom é uma iniciativa do presidente Lula. O objetivo inicial foi convidar empresas de mídia e entidades da sociedade civil interessadas em discutir o modelo de comunicação.A convocação para o evento, a ser realizado em Brasília de 1º a 3 de dezembro, estava em um decreto de 16 de abril.Nas últimas semanas, houve divergência sobre como seria o processo decisório de aprovação de teses e propostas. Essas deliberações não teriam poder de alterar o ambiente de comunicação, mas seriam enviadas ao governo e ao Congresso.As entidades das empresas consideraram que poderiam ficar em minoria e sem poder para derrotar teses que consideraram restritivas à liberdade de expressão e de livre associação empresarial. Um dos temas centrais é o chamado "controle público dos meios de comunicação". A ideia tem na sua origem a defesa de algum organismo que regule a mídia.A TV Globo liderou o movimento pela saída das entidades. As TVs seriam um dos alvos dos movimentos sociais no encontro, com críticas a tamanho e abrangência de emissoras.A decisão dos empresários não foi consensual. Das 8 entidades convidadas, 6 deixaram a Confecom: ANJ (Associação Nacional de Jornais), Abert (Associação Brasileira de Rádio e Televisão), Aner (Associação Nacional dos Editores de Revistas), Adjori (Associação dos Jornais do Interior), Abranet (Associação Brasileira dos Provedores de Acesso, Serviços e Informações da Rede Internet) e Abta (Associação Brasileira de TV por Assinatura).Ficaram a Telebrasil (Associação Brasileira de Telecomunicações) e a Abra (Associação Brasileira de Radiodifusão), que tem como sócios principais TV Bandeirantes e Rede TV!.

9)15/08/2009EDITORIAL DE OPINIÃO – sem especificação do autor do textoMídia em conferência NO ÚLTIMO dia 16 de abril, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva convocou a 1ª Conferência Nacional de Comunicação (Confecom). O decreto marcou o encontro para o início de dezembro e elegeu seu tema: "Construção de direitos e de cidadania na era digital".Desde então era possível vislumbrar incongruências que culminaram, anteontem, no esvaziamento da iniciativa -abandonada por seis das oito entidades empresariais que dela participavam. Governos não vestem bem o figurino de patrocinadores de "discussões" desse tipo. Seu interesse de atuar sem ser importunados, de controlar quem lhes possa causar embaraço, colide com os da mídia independente.Os antecedentes da administração Lula tampouco a credenciavam para tanto. Incomodado por uma

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reportagem sobre sua vida pessoal, o presidente quis expulsar do país um correspondente estrangeiro. O Planalto flertou com a ideia de criar um conselho federal para controlar a atividade da imprensa.Se Lula abandonou, por puro pragmatismo, essas iniciativas infelizes, os grupos petistas que as incentivaram continuam merecendo alguma atenção de alas do governo. O Planalto, no entanto, desenvolveu uma técnica de baixo impacto para lidar com essa demanda.Enquanto o núcleo do governo navega de braços dados com grandes empreiteiras e bancos, a periferia lança migalhas para manter cooptado o petismo de raiz. A conferência de mídia e suas assembleias intermináveis vão mantê-lo ocupado e satisfeito por algum tempo.Em boa hora os principais representantes das empresas de comunicação enxergaram a armadilha. Seriam engolfados por interesses que não fazem distinção entre partido e governo, informação e ideologia, debate e panfletagem.

10)26/08/2009EDITORIAL DE OPINIÃOAltar eletrônico – Elvira LobatoA ARQUIDIOCESE de Aparecida (SP) está em busca de uma emissora de televisão comercial para comprar. Vem tendo problemas com o governo, porque a TV Aparecida tem concessão de emissora educativa e não poderia veicular publicidade. Para acabar com a dor de cabeça, decidiu comprar uma emissora comercial. A iniciativa da arquidiocese é parte de um contexto geral de avanço das igrejas sobre os meios de comunicação, especialmente o televisivo. E por que o interesse? "A TV alcança um público muitas vezes maior que o rádio. Se o fiel não vem à igreja, temos que ir à casa dele", resume padre Cesar Moreira, diretor da TV Aparecida. O avanço das igrejas na radiodifusão começou a partir do início dos anos 90, quando o bispo Edir Macedo começou a montar a Rede Record. Os católicos responderam com a Rede Vida em 1995, e já têm mais duas redes com cobertura em grande parte do território nacional: Canção Nova e Aparecida. Igrejas evangélicas neopentecostais partiram para a compra de emissoras na segunda metade dos anos 90, durante as licitações públicas realizadas no governo Fernando Henrique Cardoso. É o caso da Renascer em Cristo e da Igreja Pentecostal Deus é Amor. A ocupação religiosa no setor se dá até pela compra de empresas de TV por assinatura. Nem o governo tem um mapeamento claro da presença das igrejas na mídia, e vários fatores contribuem para essa falta de visibilidade. O principal motivo é que elas são proibidas legalmente de serem concessionárias de radiodifusão. Para contornar a proibição, registram as emissoras em nome de pessoas físicas -dirigentes religiosos e seus parentes ou fiéis-, o que dificulta a comprovação do vínculo com as igrejas. No caso das emissoras educativas, são utilizadas fundações. A própria Rede Vida é um exemplo disso. A concessão pertence ao empresário João Monteiro Barros Filho, de São José do Rio Preto (SP), mas a maior parte das estações retransmissoras, que levam o sinal da TV a todo o país, foi montada pelas dioceses, supostamente com recursos doados pelos fiéis. É preciso haver transparência na atuação das igrejas na radiodifusão, por envolver concessões públicas e por ser um serviço de vital importância pra a sociedade. O tema deve merecer atenção da Conferência Nacional de Comunicação, convocada pelo governo Lula, que acontecerá no final do ano. Se a sociedade concluir que não há mal em igrejas possuírem rádio e televisão, que se modifique a legislação. O que não dá para manter é o jogo de faz de conta.

11)08/10/2009Conselho de Comunicação do Congresso está vago há 3 anos.O Conselho de Comunicação Social, órgão que deveria auxiliar o Congresso Nacional em questões de comunicação, está vago desde 2006 e sua última reunião aconteceu em 20/11/ 2006 -há quase três anos-, quando deveriam acontecer mensalmente.O órgão sempre enfrentou resistências. Criado pela Constituição de 1988 e pensado como forma de consulta à sociedade sobre a mídia -especialmente rádio e TV, que são concessões públicas-, o conselho só

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começou a funcionar 14 anos depois, em 2002.Entre os temas que deve debater estão a produção e programação das emissoras de rádio e TV e a outorga de concessões. Seus conselheiros são representantes da sociedade civil, de profissionais da área de comunicação e das empresas de rádio, TV e imprensa escrita, escolhidos em reunião conjunta do Congresso.Em agosto deste ano, a deputada federal Luiza Erundina (PSB-SP) ajuizou representação na Procuradoria-Geral da República para questionar judicialmente esse tema.Procurado, o Senado não se manifestou sobre o assunto.Gabriel Priolli, coordenador de conteúdo e qualidade da Fundação Padre Anchieta e membro suplente da última composição do conselho, diz que a ausência desse órgão mostra a subrepresentação da sociedade civil em assuntos relevantes, como a TV digital.Para João Brant, da ONG Intervozes, apenas o debate sobre comunicação já é incômodo para a bancada da radiodifusão. Este será um dos temas que serão discutidos em dezembro, na 1ª Conferência Nacional de Comunicação, em Brasília.

12)29/10/2009Direito de antenaEm documento a ser apresentado na 1ª Confecom (Conferência Nacional de Comunicação), em dezembro, CUT, Força, CGTB, CTB, Nova Central e UGT pressionam o Planalto e o Congresso pela criação de um "horário sindical gratuito", nos moldes da cadeia nacional de rádio e TV de que se beneficiam os partidos políticos. O instrumento para atingir esse objetivo já foi providenciado: um projeto de lei que chegou à Câmara na semana passada, de autoria do deputado e ex-presidente da CUT Vicentinho (PT-SP).As centrais reivindicam ainda um canal de TV aberto e a adoção de critérios de distribuição de publicidade alheios a números de audiência e circulação.

OBSERVATÓRIO DO DIREITO À COMUNICAÇÃO

13)09/07/2009Ministério sinaliza cancelamento da ConferênciaCom o período para a realização das etapas regionais e estaduais da Conferência Nacional de Comunicação (Confecom) aberto e faltando cinco meses para realização da etapa nacional, o governo federal admite não ter ainda recursos para financiá-la e também protela aprovação do regimento que estabelece as normas que regem o processo de preparação e aprovação de propostas. Durante toda a semana, houve sinalizações por parte do Ministério das Comunicações, dos empresários e também de outros ministérios no sentido de adiar ou até mesmo cancelar a conferência, que está marcada para dezembro.Como se já não bastasse todo o atraso no processo de convocação da Confecom e o corte de mais de R$ 6 milhões na verba destinada ao seu financiamento, foi cancelada a reunião da Comissão Organizadora Nacional da Confecom (CON) marcada para hoje (9) e que deveria aprovar o regimento da conferência. Embora independam formalmente do regimento, as etapas municipais e estaduais precisam seguir as regras do regimento e, sem ele, as convocações fica em suspenso.Na manhã de ontem (8), os membros da CON foram comunicados de que a reunião havia sido cancelada a pedido dos ministros Hélio Costa (Comunicações), Luiz Dulci (Secretaria-Geral da Presidência) e Franklin Martins (Secretaria de Comunicação Social), que quiseram discutir o regimento antes de sua aprovação. O cancelamento da reunião e as incertezas quanto ao financiamento preocupou parlamentares e entidades que participaram ontem da audiência pública convocada pela Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática (CCTCI) da Câmara dos Deputados para discutir o corte de verbas no orçamento da Confecom.O representante do Ministério das Comunicações (Minicom) na audiência, Marcelo Bechara, afirmou que o Executivo quer realizar a conferência, mas ameaçou com o cancelamento do processo em função do corte dos recursos. “Eles eram da ordem de R$ 8,6 milhões. No dia 11 de maio, parte expressiva foi anulada do ponto de vista orçamentário restando R$ 1,6 milhão. É impossível viabilizar uma conferência com o porte da Confecom com os recursos que estão disponibilizados”, disse Bechara.

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Ainda segundo o representante do Minicom, a Secretaria Executiva do ministério está trabalhando para recompor esse orçamento. “Toda a atividade no Minicom é para a realização da Confecom. Na primeira reunião [da CON], foi a primeira coisa que eu falei. Estamos trabalhando e temos avançado bastante. Temos uma minuta de regimento interno que já avançou, mas existe esse problema real e concreto que inviabiliza a conferência”, afirmou. “A conferência não é um seminário, é um processo que já se iniciou. Os recursos têm que ser disponibilizados bem antes para uma série de situação que antecedem na plenária nacional.”Além dos problemas orçamentários, outros fatores preocupam Jonas Valente, representante do Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social na CON. Também durante a audiência pública, Valente demonstrou apreensão com relação à realização do evento. Segundo ele, além dos recursos escassos, o tempo hábil para realização do processo conferência é curto e nem todos os setores envolvidos demonstram a mesma disposição para realização da Confecom.A deputada Cida Diogo (PT-RJ), que participa da CON por indicação da CCTI, declarou que o fato de se estar a quatro meses da realização da conferência sem as regras de participação definidas também inviabiliza a realização da Confecom. Apesar de declarar que o ministério está empenhado em reaver a verba cortada a Confecom e que a pasta tem interesse na sua realização, Bechara não estabeleceu prazos para a recomposição orçamentária e nem para a nova reunião da CON que aprovará o regimento da conferência.

14)15/07/2009As ameaças ao caráter amplo e democrático da Conferência Nacional de Comunicação Em janeiro deste ano, após pressão e reivindicações de diversos setores, inclusive daqueles ligados ao empresariado que atua na área de mídia, o presidente Lula anunciou a disposição do governo em convocar a I Conferência Nacional de Comunicação (Confecom). Em abril, um decreto presidencial oficializou a iniciativa, definindo o seu tema – Comunicação: meios para a construção de direitos e cidadania na era digital – e agendando sua etapa nacional para 1o a 3 de dezembro, em Brasília.O segundo passo foi a montagem da Comissão Organizadora Nacional, que recebeu a incumbência de definir as regras do processo e garantir a execução de todas as suas etapas. O organismo foi composto por oito representantes do governo federal, oito de associações empresariais, quatro do Congresso Nacional e sete de agremiações sindicais, movimentos sociais e organizações que lutam pela democratização da comunicação, além de um das entidades do campo público de televisão.Apenas em junho a Comissão Organizadora iniciou seus trabalhos, dedicando-se à tarefa primordial da elaboração e aprovação do regimento interno da Confecom. Pairava naquele momento uma incerteza quanto às possibilidades de equalizar os interesses divergentes em jogo. A previsão era que as polêmicas centrais girariam em torno do temário (conjunto de temas a ser debatido nas várias etapas do processo) e do método de escolha dos delegados à etapa nacional. Porém, antes que tais controvérsias pudessem ser apreciadas e explicitadas, instaurou-se um impasse político que estagnou o andamento dos trabalhos da Comissão e a conclusão do regimento interno, prevista para o dia 9 de julho. Os representantes da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e TV (Abert) apresentaram “condições mínimas”, ou premissas, que deveriam constar no regimento com vistas a garantir a participação do empresariado de radiodifusão no decurso do processo.Entre elas estão: (1) a defesa do conteúdo nacional, (2) a proteção dos serviços e outorgas atuais frente à turbulência tecnológica da convergência midiática, (3) a defesa intransigente das práticas da legalidade, (4) o respeito e a valorização das empresas brasileiras de comunicação escrita ou de radiodifusão dirigidas e orientadas editorialmente por brasileiros, (4) o livre exercício da atividade de comunicação e de informação, por pessoa e organizações, e (5) a mínima interferência estatal.A Abert também defendeu que “não se perdesse o foco” no tema central da Confecom, interpretado pela entidade como os desafios relativos ao “futuro” do setor. Em audiência pública realizada na Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara dos Deputados (CCTCI) no último dia 8 de julho, um representante da associação advogou que as discussões da Conferência “começassem e terminassem na Internet”.Ou seja, a agenda de temas e propostas do empresariado de radiodifusão – uma legítima visão para ser apresentada nas discussões nas diversas etapas do processo – foi transformada em condição para a

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manutenção deste segmento no processo da Confecom.Tal posição precisa ser problematizada fortemente. No que tange às premissas reclamadas pela Abert, a defesa a priori dos interesses de um setor nos objetivos ou mesmo como premissas de uma Conferência não respeita a lógica de funcionamento de uma iniciativa como esta. Como já ocorreu em dezenas de eventos deste tipo organizados pelo Executivo Federal desde 2003, uma Conferência presume a abertura de um espaço para debate público entre as diversas partes envolvidas. Suas regras precisam assegurar esta amplitude, o envolvimento da população e dos diversos segmentos interessados na área. Mas não devem legitimar a consolidação da pauta de determinado segmento como tema indiscutível ou como premissa dos debates. Tal opção ameaça a Confecom como espaço de discussão pública sobre as políticas de comunicação.Não se pode ignorar que a Conferência deve partir do modelo institucional das comunicações atual, incluindo a Constituição Federal, leis e outras normas. No entanto, como espaço de avaliação e proposição das ações do poder público em uma determinada área, suas resoluções podem, inclusive, apontar para a mudança das estruturas ou do ambiente normativo existente.Quanto ao mérito das premissas colocadas pelos radiodifusores, fazemos aqui um parêntese que consideramos relevante. Parte delas deve ser entendida como temas importantes para o debate da Conferência. A defesa do conteúdo nacional é uma questão central e importantíssima na discussão sobre a revisão do marco institucional das comunicações brasileiras. Ela precisa ser tratada com atenção, pois já há décadas a mídia brasileira recorre ao expediente de produções estrangeiras, sobretudo estadunidenses, nas diversas mídias difusoras de conteúdos audiovisuais.Porém, a defesa dos valores culturais brasileiros não pode ser confundida com a prerrogativa de valorizar, a priori, os meios de comunicação comerciais. Falar em conteúdo nacional deve significar falar também na expressão da diversidade e pluralidade de vozes, culturas, regiões, visões, gêneros e formatos, o que hoje não é assegurado nem pela legislação, nem pelas TVs e rádios comerciais brasileiras.Para que a Conferência realize seu caráter de espaço amplo e democrático, tampouco é adequado restringir os assuntos que ali serão discutidos. Se é fato que algumas manifestações dos representantes dos radiodifusores por vezes advogam contra a “proibição” de qualquer debate, a insistência do foco no “futuro” deve ser tomada com cuidado. Faz-se necessário afirmar algo tão óbvio quanto importante: o futuro surge apenas como sucessão do presente, fazendo-se necessário, para planejar aquele, partir dos elementos estruturais e conjunturais do agora.O argumento utilizado pelos radiodifusores para sustentar este recorte temático parte do lema constante no decreto que convocou a Confecom, cujo final menciona a “era digital”. No entanto, a “era digital” é exatamente esta em que vivemos hoje, um complexo sistema que reúne dos meios mais “primitivos” e das constantes necessidades de atendimento mais banais da população – como falar ao telefone ou ter acesso a um meio impresso – aos desafios trazidos pela convergência de conteúdos, plataformas de distribuição e dispositivos de recepção. “Era digital”, portanto, não pode ser confundida, em hipótese alguma, com as novas plataformas digitais, sendo estas apenas uma parte do problema. A limitação do escopo do tema é também uma ameaça à Confecom quanto à sua necessidade de atender ao déficit histórico de debate público sobre o setor no Brasil.Ainda em relação às demandas apresentadas pela Abert, está a defesa de que a eleição dos delegados respeite uma proporção paritária, reservando dentre os eleitos 33% ao poder público, 33% ao empresariado e 33% à sociedade civil não empresarial. Ora, será que os donos dos veículos de comunicação e das empresas de telefonia e internet representam 1/3 da população brasileira? Se isso fosse verdade, poderíamos comemorar a quebra da concentração de propriedade que marca a mídia no país, já que contaríamos com 60 milhões de operadores diferentes. Ao contrário, o segmento empresarial é absoluta minoria em relação ao conjunto da população brasileira e às suas diversas representações, que não se esgotam nos movimentos sociais representados na Comissão Organizadora Nacional. Logo, não se pode conceber que a eles seja garantida tamanha representação. O justo é que eles disputem as vagas de delegados com toda a população, cabendo ao voto de cada cidadão a decisão de qual o percentual que o empresariado representa na Conferência.Desafios para o governoO governo federal tem papel fundamental, pelo peso auto-concedido na Comissão Organizadora, na resolução dos impasses colocados. Seria estranho qualquer tipo de abandono da prática adotada nas outras dezenas de Conferências de assegurar uma arena ampla e aberta de debate na qual os diversos segmentos podem colocar suas posições para encontrar aproximações ou equalizar divergências por meios consolidados como as votações.

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A condução firme do governo para garantir que a Confecom cumpra seus objetivos e a necessidade de acelerar o processo são tão importantes quanto a atenção a aspectos operacionais do processo. Desde a primeira reunião, o Ministério das Comunicações ficou com a responsabilidade de enviar aos governadores de todo Brasil uma carta oficial conclamando os executivos estaduais a participarem do processo. Até hoje não foi enviado nenhum documento neste sentido, ação fundamental para dar credibilidade à realização da etapa nacional e segurança para as etapas estaduais e municipais.Outra preocupação operacional é o local onde será realizada a etapa nacional. Os principais centros de convenções de Brasília já estão com reserva para a data da I Confecom. Sob o risco de não haver local adequado, em meados de junho um dos membros da Comissão Organizadora, representante da sociedade civil não empresarial, realizou uma pré-reserva na Academia de Tênis de Brasília, como um possível espaço para a realização do evento. Na época, o Ministério das Comunicações assumiu o compromisso de efetivar a reserva, o que não foi feito. A justificativa foi que isso só seria possível quando houvesse a recomposição dos recursos.Cronograma e recursosSe a resolução do impasse torna-se crucial à continuidade da Confecom, não menos importante é a solução de outros dois obstáculos centrais ao bom andamento do processo: o tempo para o desenvolvimento das etapas e os recursos. Quanto ao primeiro caso, se considerado o agendamento da etapa nacional para o início de dezembro deste ano, a demora na conclusão do regimento interno pode asfixiar o processo pela falta de tempo para a sua necessária interiorização e mobilização dos mais diversos segmentos sociais interessados. A insuficiência de tempo para a realização das etapas preparatórias – municipais, intermunicipais e livres –, previstas para ocorrer antes dos eventos estaduais, marcados para setembro e outubro, coloca-se como mais uma ameaça à plena realização da Confecom.Mesmo que todas as barreiras elencadas sejam vencidas, ainda coloca-se um impeditivo extremamente grave: os recursos. O Congresso Nacional reservou R$ 8,2 milhões para a Confecom. Em maio, este valor foi reduzido pelo governo federal a R$ 1,6 milhão, montante considerado insuficiente até mesmo pela equipe do Ministério das Comunicações, órgão responsável pela coordenação da iniciativa.Já chegou ao Congresso Nacional o PL 27/2009, que recompõe integralmente os recursos da Confecom. Porém, com o início do recesso parlamentar, a tramitação até a aprovação final do projeto corre o risco de estender ainda mais os preparativos para todas as etapas da Conferência. Informações do Ministério das Comunicações sinalizam para a possibilidade de que o repasse seja feito por outros meios. A solução, independente do caminho escolhido, deve assegurar a recomposição dos recursos o mais breve possível, de modo que o processo de preparação das etapas possa de fato ser iniciado.O cenário é definitivamente preocupante. As sinalizações de membros do governo têm apontado que há uma firme convicção sobre a importância de fazer acontecer a I Conferência Nacional de Comunicação. Esperamos que tais intenções se confirmem e que esta não seja iniviabilizada nem política nem estruturalmente.Esta iniciativa é bandeira histórica dos movimentos que lutam pela democratização da comunicação e pela afirmação da comunicação como um direito humano. Este campo, organizado em torno da Comissão Nacional Pró-Conferência, tem demonstrado disposição ímpar para levar a cabo este marco histórico para as comunicações brasileiras. E continuará a fazê-lo, acreditamos, contribuindo com disposição ao diálogo, mas também com firmeza em suas posições para fazer da Conferência um efetivo espaço público.Resta aos agentes envolvidos no processo encarar a tarefa histórica de retirar os cidadãos da posição de simples espectadores de meios e consumidores de serviços e elevá-los de fato à condição de sujeitos. Sem isso, falar em liberdade de expressão ou em sociedade democrática continuará soando como um discurso vazio.

15)23/07/2009Empresários esvaziam reunião da Comissão Organizadora A reunião da Comissão Organizadora Nacional da Conferência Nacional de Comunicação (Confecom) realizada ontem (22), em Brasília, não contou com a presença dos representantes de empresários das comunicações. A ausência acabou minando as discussões sobre o regimento da conferência, cuja aprovação estava mais uma vez na pauta da CON.As regras que vão reger o processo da Confecom, incluindo a eleição de delegados e a forma de aprovação

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de propostas nas etapas estaduais e nacional, seguem portanto indefinidas, como desejava o empresariado. Avanços mínimos foram feitos pelos participantes da reunião, que tentaram aproximar as propostas da sociedade civil e do governo para o regimento, de forma a apresentá-las agora aos empresários numa tentativa de recolocá-los no processo da Confecom. O governo demonstrou, entretanto, que se for mantido o esvaziamento do processo por parte do setor empresarial, isso não inviabilizará a realização da conferência, que até então tem o seu calendário confirmado, com a realização da etapa nacional em dezembro.Há indicativos de que os empresários deixem de fato a CON e o processo da conferência em definitivo. Matéria publicada pelo noticiário TeleTime diz que esta possibilidade ainda é “tratada com reserva”, mas a deliberada debandada da reunião de ontem seria o ponto final do embate entre empresariado e sociedade civil dentro da comissão organizadora. Segundo o noticiário especializado, as empresas teria concluído “que, se continuarem a apoiar a organização da Confecom, endossarão um evento que será, inevitavelmente, de caráter crítico aos seus interesses”.Os radiodifusores, em especial, temem que os setores ligados ao movimento de democratização das comunicações utilizem a conferência para protestar contra o modelo atual de radiodifusão. Em seu conjunto, os setores empresariais representados na comissão – telecomunicações, TV paga, radiodifusores, jornais e revistas – compartilhariam a filosofia “de que a Confecom tenha como alvo a realização de debates que possam ser consolidados em proposições que fortaleçam os modelos adotados no Brasil”. Até agora, a tática dos empresários tinha sido protelar ao máximo a aprovação do regimento para garantir algumas reivindicações que por eles são consideradas premissas básicas como: a defesa da radiodifusão, da livre iniciativa, a mínima intervenção estatal, a representação do setor em pé de igualdade com os demais setores da sociedade civil, além da restrição de algumas temáticas que abririam espaço para críticas ao modelo de comunicação em voga no Brasil. Tentando atrasar novamente a definição do regimento, na terça-feira (21), os empresários tiveram uma reunião com o ministro das Comunicações Hélio Costa, com quem chegaram a um acordo para cancelar mais uma vez a reunião da CON marcada para o dia seguinte. Contudo, a reunião foi mantida pelos ministérios envolvidos – além do Minicom, também a Secretaria-Geral da Presidência e a Secretaria de Comunicação Social. Os empresários decidiram, então, “honrar” o acordo feito com Costa, não atendendo à convocação por ela não ter sido feita pelo ministro das Comunicações.Reuniões préviasNo mesmo dia em que os empresários reuniram-se com Hélio Costa, membros da Comissão Nacional Pró-Conferência de Comunicação (CNPC), reuniram-se com o ministro Franklin Martins, da Secom. Durante a reunião, foram apresentadas propostas para o regimento e também foi manifestada insatisfação com a postura dos empresários de dificultar o processo tentando impor restrições à inclusão de determinados temas na pauta da conferência e condicionando a participação do setor a estas restrições. Um dos pontos considerados críticos para um acordo, é a composição dos delegados. O governo defendeu, na reunião de ontem, que houvesse uma reserva de 40% dos delegados para representação dos empresários, 40% para representantes dos demais setores da sociedade civil e 20% para o governo. Uma contra proposta foi apresentada pelas entidades da CNPC, que não querem divisão prévia entre os delegados da sociedade civil e, especialmente, rechaçam a possibilidade do setor empresarial ter a mesma representação que o conjunto dos demais setores sociais dentro da conferência. A proporção entre delegados do setor empresarial e não empresarial, na proposta da CNPC, ficaria a cargo da mobilização das etapas estaduais. Não houve consenso neste tema.Já em relação à realização das etapas estaduais, os presentes na reunião de ontem acordaram a proposta de os estados terem liberdade para organizarem suas etapas, incluindo a possibilidade de se fazer as conferências intermunicipais. Para a composição das comissões organizadoras estaduais, ficou também acordado que seria preservado o modelo adotado pela comissão nacional.Mas ainda que tenha havido consensos e aproximações, nenhuma das definições de ontem pode ser considerada definitiva. Tudo pode ser revisto na próxima reunião caso os empresários voltem a compor a CON.Ainda não se sabe se o setor empresarial vai voltar a participar da CON, mas uma nova reunião foi marcada para terça-feira, 28 e, nessa ocasião, é provável que se feche o regimento para que se possa manter o calendário da Confecom. Para Jonas Valente, representante do Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social na CON, o desafio do campo da sociedade civil não empresarial é assegurar a realização da Confecom mesmo que ocorra o esvaziamento por parte dos empresários. “Para este campo [CNPC], fica o desafio de assegurar

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que a Confecom seja realizada potencializando seu caráter de espaço de discussão coletiva e formulação de políticas públicas. Na hipótese do empresariado pressionar mais o governo, continuamos com a tarefa de sensibilizar o governo quanto à necessidade de assegurar um método de escolha de delegados mais conectado com a base da sociedade”, afirma Valente.

16)27/07/2009Governo cancela reunião e regimento é adiado mais uma vez A definição do regimento da I Conferência Nacional de Comunicação foi mais uma vez adiada. O Ministério das Comunicações informou nesta segunda-feira (27) que cancelou a reunião da Comissão Organizadora Nacional (CON) marcada para amanhã (28) e que teria como pauta as regras para a realização das várias etapas da Confecom. O ministério não apresentou justificativas, nem apontou nova data para a reunião. O cancelamento contrasta com as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a respeito da Confecom, em que demonstra compromisso com a realização da conferência e até certa indignação com o que chamou de “confusão” na organização do processo. “Vocês não sabem a confusão que a gente está tendo neste país agora, porque nós queremos fazer a 1ª Conferência de Comunicação, para tomar decisões sobre coisas importantes no nosso país, e não é fácil”, disse Lula na apresentação do projeto do Vale-Cultura, em São Paulo, na última quinta-feira.Embora não seja explícita, a crítica de Lula parece ter sido influenciada pelo boicote dos empresários à reunião da CON da semana passada, que igualmente deveria ter decidido sobre o teor do regimento da conferência.“Antes, as pessoas não estavam com medo porque não sabiam que ia acontecer, tinham dúvidas. Depois teve um problema de dinheiro e as pessoas ficaram: 'Bom, não vai ter dinheiro, então não vai ter'. Mas agora que vai ter, tem muita gente que não se preparou que está preocupada.”Segundo Lula, o que o governo quer com a conferência é “melhorar a democratização dos meios de comunicação”. “Nós nem queremos tirar nada de ninguém, só queremos apenas aprimorar os meios de comunicação no Brasil. E a sociedade vai participar. E quando a sociedade participa, nem o ministro Franklin tem o controle, nem o companheiro Hélio Costa tem o controle, nem eu tenho o controle. O máximo que nós vamos lá é dizer o que nós pensamos e fazer o nosso discurso.”Impasses e cancelamentosA publicação do regimento estava prevista para o início de julho. Uma sucessão de impasses criados por demandas do setor empresarial, que impôs condições para garantir sua participação na Confecom, foi atrasando a definição das regras. Até que, na semana passada, os empresários entregaram ao ministro Hélio Costa, das Comunicações, uma lista de demandas e, no dia seguinte, não compareceram à reunião da CON.Antes disso, outra reunião havia sido cancelada pelo Executivo. A justificativa apresentada foi que os ministros Hélio Costa, Franklin Martins e Luiz Dulci queriam entender o que estava emperrando a definição do regimento.

17)05/08/2009Empresários ganham mais uma semana para avaliar regimentoA tentativa do governo de acomodar os interesses do empresariado para evitar a saída do setor do processo de organização e realização da 1ª Conferência Nacional de Comunicação (Confecom) atrasará em, no mínimo, mais uma semana a publicação do regimento interno. Em reunião realizada nesta quarta-feira (5) com os ministros Hélio Costa (Comunicações), Franklin Martins (Secretaria de Comunicação Social) e Luiz Dulci (Secretaria-Geral da Presidência), os representantes dos empresários na Comissão Organizadora Nacional (CON) pediram mais cinco dias para analisar as propostas apresentadas pelo governo para tentar resolver os pontos considerados polêmicos do regimento. Apenas na próxima quinta-feira é que empresários e governos voltarão a se encontrar. Até lá, os ministros prometem realizar uma reunião também com os representantes da sociedade civil na CON para tentar chegar a uma proposta consensual.A indefinição sobre o regimento da Confecom, que já deveria ter sido editado há mais de um mês, afeta tanto o desenrolar político como a própria organização do processo. No regimento, devem estar previstos o número e a forma de eleição de delegados, a divisão destas vagas entre os diferentes setores, bem como

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quais serão os temas abordados pela conferência e a forma de discussão das propostas. Sem estas regras, as conferências estaduais não podem ser realizadas, sob pena de serem invalidadas como etapas da Confecom. O atraso compromete, inclusive, o calendário previsto pelo decreto que convocou a conferência.Os ministros Hélio Costa e Franklin Martins afirmaram, em entrevista concedida após a reunião, que não há previsão de mudanças no calendário e que o governo federal garante a realização da Confecom. Segundo Martins, o problema a ser superado agora é político. Ou seja, o problema é a manutenção do empresariado na Confecom.Durante a reunião, três pontos apresentados pelos empresários como condições à sua participação na conferência foram tratados: o estabelecimento de premissas aos debates da conferência, que garantissem a defesa do capital nacional nas comunicações e retirassem da pauta temas relacionados à atualização dos marcos regulatórios da radiodifusão; a forma de aprovação de propostas dentro da Comissão Organizadora e a divisão das vagas de delegados na etapa nacional.Costa e Martins disseram que os empresários concordaram com a proposta de não estabelecer premissas dentro do regimento e que a conferência tenha como premissas os princípios constitucionais para as comunicações. “Os empresários não estavam entendendo a importância da conferência. Nós esclarecemos isso”, disse Costa.Sobre a proporção dos delegados, a proposta que está sobre a mesa e que os empresários ainda irão avaliar é a divisão 40-40-20: 40% para representantes da sociedade civil, 40% para o empresariado e 20% para o governo (em todos os níveis). Os empresários vinham defendendo a paridade entre os três setores. A proposta do governo não muda substancialmente a questão que está no cerne da condição imposta pelo empresariado de entrar na conferência em pé de igualdade com os movimentos sociais.Já em relação aos trâmites da Comissão Organizadora Nacional, a proposta em questão é o estabelecimento de um quórum qualificado para a aprovação de qualquer medida. Até agora, os empresários queriam ter direito a veto dentro da CON. Na prática, com o quórum qualificado, isso segue sendo possível. Basta que os representantes do setor votem de forma unificada, o que já vem acontecendo.Ainda não há data prevista para a reunião entre o governo e os representantes dos movimentos sociais.

18)11/08/2009Conferência Nacional de Comunicação: caem as máscaras e as ilusõesAlguns atores políticos do campo da comunicação acreditam firmemente que a presença das empresas vai conferir uma legitimidade maior, especial, à I Conferência Nacional de Comunicação. Outros chegam a embarcar no discurso pseudonacionalista de instituições que, sem exceção, sempre defenderam – e contribuíram ativamente com – a política entreguista de todas as riquezas do Brasil ao capital estrangeiro, vigente sem restrições até 2002. E ainda há quem creia ser politicamente viável e concretamente possível se chegar a consensos – leia-se: conciliação – com os (tu)barões da mídia que permitam ganhos reais para a sociedade na luta para a democratização da comunicação.Estas três idéias estão permeadas por graves equívocos conceituais e políticos.Na dimensão conceitual, há uma grande dose de incompreensão acerca do instrumento no qual consiste uma conferência: sua forma, seus fundamentos, seus limites e suas potencialidades. Muitos atores sequer conseguem discernir entre os papéis e atribuições do Estado e da sociedade (nos seus diversos segmentos) na construção do processo.Os erros nas formulações – sobretudo no terreno da estratégia e tática – e ações políticas são apenas a conseqüência prática dos lapsos conceituais. Voltando às idéias que motivaram o presente texto, em primeiro lugar, o que garante a legitimidade de uma conferência setorial – um instrumento de democracia direta e participativa muito peculiar do Brasil – é a conjugação da forma de construção (transparente, aberta, horizontal e capilarizada) do processo com a presença ativa da sociedade, esta sim, razão maior e demandadora e destinatária primordial dos meios e fins deste processo.Vale dizer que mesmo conferências setoriais convocadas apenas pelo Legislativo – caso de muitas conferências de direitos humanos e de educação e cultura – não foram ilegítimas pela ausência formal do Executivo. A presença deste, no entanto, se justifica pela (possibilidade de) maior efetividade nos desdobramentos das conferências.No caso da Conferência de Comunicação, a participação de um setor que é fundado na lógica do lucro – frontalmente oposta à lógica da democracia e do interesse público – pode, respeitadas certas condições,

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qualificar o processo e fortalecer a eficácia do momento pós-conferência, o que não significa, de modo algum, ampliar a sua legitimidade. O vigor social e a validade política desse tipo de instrumento são conferidos justamente – em medida mais do que suficiente – por aqueles setores que reivindicam maior participação e poder de decisão. A participação do empresariado é bem vinda, sem dúvida. No entanto, jamais será condicionante da legitimidade de um instrumento que foi reclamado e conquistado exatamente para dar voz e vez a quem as tem negada pela hegemonia do capital, tanto nos vários entes do Estado quanto, sobretudo, nos meios de comunicação que se dizem defensores da liberdade de expressão para o conjunto da sociedade.Os artífices do grande capital têm acesso direto, privilegiado e irrestrito ao Estado. No caso da comunicação, as empresas que historicamente controlam o setor possuem um representante dileto ocupando o principal posto da área no governo federal. Além disso, podem se reunir, a qualquer momento e sem qualquer óbice, com outros membros do primeiro escalão e mesmo com o Presidente da República. Só a ingenuidade – ou a predisposição para a conciliação indolor, mas inócua – justificaria a (suposta) crença de que os empresários participariam da Conferência Nacional de Comunicação movidos por sentimentos e objetivos democráticos.Diante dessa constatação, o atual momento – dominado pela postura chantagista de parte do empresariado e, com isso, aberto a um possível golpe contra a Conferência, visando deslegitimá-la politicamente e evitar que seus resultados sejam acolhidos de bom grado pelo poder público – revela o tamanho do equívoco em que consistiram os insistentes esforços despedidos pelo campo popular-democrático da sociedade civil para incluir os empresários na construção do processo.Uma coisa seria o governo convidar e buscar envolver os empresários da comunicação. Outra coisa foi uma certa ilusão – que acabou prevalecendo – entre as entidades e movimentos da sociedade civil de que eles não iriam sabotar um processo que se coloca explicitamente na contramão de seus interesses. O ônus dessa miragem é coletivo, sem dúvida, mas espera-se que sirva de lição para outras batalhas.Em segundo lugar, o discurso de “defesa dos interesses nacionais”, especialmente por parte das emissoras de rádio e TV, é tão sólido quanto um castelo de cartas em meio a uma tempestade.Os grupos que se autodefinem como guardiões da democracia brasileira são os mesmos que pediram, apoiaram, legitimaram e sustentaram o Golpe de 1964. E, antes disso, já haviam atuado de forma unificada na rejeição à criação da Petrobrás, mesma empresa que hoje querem desacreditar (perante a sociedade brasileira) e enfraquecer (no cenário internacional) no preciso momento em que ela encara o seu maior desafio – que coincide com a maior possibilidade de salto econômico que o Brasil poderá dar em toda sua história.Estas empresas, que disseminam o preconceito e a violência simbólica contra os movimentos sindicais e sociais e chamam de “ditabranda” o regime de terror de Estado vigente por mais de duas décadas em nosso país, são as mesmas que atuaram sistematicamente a favor de projetos conservadores-entreguistas em absolutamente todas as eleições presidenciais desde 1989 e não têm qualquer pudor de acusar de terroristas aqueles lutadores que ousaram empunhar armas para resistir aos governos ilegítimos e tiranos que assaltaram a Nação a partir de 1964. Sem falar no grupo hegemônico do setor, que boicotou as Diretas Já! em 1984 e se envolveu diretamente em inúmeras tentativas de fraudes em eleições ao longo das últimas décadas.Sobretudo, estas empresas são as mesmas que desrespeitam sistematicamente a Constituição e inúmeras normas jurídicas do país, no tocante ao monopólio e oligopólio na comunicação, no controle de concessões de rádio e TV por parlamentares, na asfixia da veiculação e da produção audiovisual regional e independente, entre muitas outras irregularidades.Por fim, a idéia – percebida claramente nas entrelinhas do discurso de alguns atores – de que a conferência seria, na essência, uma grande mesa de diálogo com o empresariado e o governo, de modo a apontar diretrizes “possíveis” e “viáveis” para fazer avançar a comunicação no Brasil, se mostrou equivocada desde as primeiras reuniões da Comissão Organizadora Nacional. As máscaras caíram cedo.Nem mesmo o princípio básico de participação majoritária da sociedade – excetuando-se os entes do Estado e os representantes do mercado – é aceito pelos empresários. Estes, com flertes positivos do governo, têm dado sinalizações de que irão exigir, para confirmarem sua participação, uma composição equivalente aos setores não empresariais – na proporção 40/40, restando 20% ao poder público – no universo de delegados(as) para a conferência. Caso isso se confirme, a I Conferência Nacional de Comunicação conseguirá a proeza de superar até mesmo o Congresso Nacional – que já é uma anomalia e uma ilegalidade – na super-representatividade de empresários da comunicação em relação ao conjunto da população brasileira.

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Se ainda restava dúvida em alguns atores quanto à impossibilidade de conciliação com as empresas, a postura dos representantes destas na Comissão Organizadora deve ter apagado qualquer vã ilusão.Na realidade, as conferências são arenas públicas de acirrada disputa de projetos e de concepções acerca dos temas em questão. O rebaixamento ou “recuo tático”, a priori, do programa das entidades é uma premissa que não precisa ser aplicada, visto que os resultados das conferências precisarão passar, obrigatoriamente, pelos filtros do Legislativo e do Executivo antes de se tornarem objetos palpáveis na realidade cotidiana. Aí, sim, neste campo da representatividade, com os seus ônus e bônus inerentes, o pragmatismo e a lógica da conciliação prevalecem e se traduzem na forma de leis, regulamentos, programas e outras categorias de políticas públicas.Portanto, nenhum recuo e nenhuma concessão aos (tu)barões da mídia na I Conferência Nacional de Comunicação! A participação política – além de ser a concretização do princípio da soberania popular que dá vigor a qualquer democracia – é um direito sagrado da sociedade e uma obrigação do Estado. Se as empresas de comunicação se dispuserem a participar da Conferência, sem impor condições ou desvirtuar a sua natureza, excelente. Caso contrário, sigamos em frente. O que não falta é trabalho a ser feito.

19)13/08/2009Entidades analisarão proposta do governo para resolver regimentoApós o diálogo com representantes dos empresários, nessa terça-feira (11) foi a vez de o governo receber os movimentos sociais e entidades da sociedade civil não empresarial para discutir uma solução para o impasse que atrasa a aprovação do regimento interno da 1ª Conferência Nacional de Comunicação. No encontro, os ministros das comunicações, Hélio Costa, da Secretaria de Comunicação do governo (Secom), Franklin Martins, e da Secretaria-Geral da Presidência da República, Luiz Dulci, apresentaram às organizações a proposta que vem sendo negociada com o empresariado. O governo sugeriu que a proporção dos delegados fosse dividida em uma proporção de 20% para o poder público, 40% para o setor empresarial e 40% para o restante da sociedade, incluídos aí os movimentos sociais e entidades da sociedade civil. Para as votações de temas mais “sensíveis”, foi proposto quórum qualificado de 60%. Ou seja, para aprovar qualquer resolução mais polêmica, seria necessário que pelo menos ou os empresários ou a sociedade civil não-empresarial tivesse o apoio dos delegados governamentais. Na avaliação do governo, a proposta garante uma margem de acordo mínimo sem impor um direito de veto a qualquer um dos setores. Os ministros ressaltaram ainda que a presença dos representantes do empresariado é muito importante para construir um “terreno de entendimento” sobre um novo marco regulatório que organize o setor no cenário de convergência tecnológica. Neste sentido, os responsáveis pela interlocução pelo Executivo disseram que farão todos os esforços possíveis para manter o segmento no processo. As entidades presentes à reunião desta terça-feira manifestaram-se de maneira diferenciada. Para alguns dos presentes, a proposta de quórum qualificado seria importante para criar um ambiente de diálogo entre os três setores, condição à produção de políticas públicas que dêem conta das demandas criadas pelo anacronismo do atual modelo institucional das comunicações brasileiras. Outros participantes apontaram problemas graves na proposta do governo. Defenderam que a proporção para a divisão dos delegados sugerida pelos ministros cria uma sobre-representação do segmento empresarial nunca antes vista em conferências nacionais. Já no que tange ao quórum qualificado, a instituição do percentual de 60% imporia barreiras muito fortes à aprovação de resoluções, indo de encontro ao usual método da maioria simples para a resolução de divergências.Legitimidade com ou sem empresáriosAlém do debate sobre estas propostas, representantes das entidades da sociedade civil destacaram que o processo de organização da Conferência deve continuar com ou sem a presença dos empresários, e que o governo não deve aceitar reduzir a importância da iniciativa caso os operadores comerciais optem por abandonar a Confecom. Outra preocupação manifestada foi quanto ao cronograma e à estrutura da Conferência. Representantes das entidades cobraram a definição do local de realização da etapa nacional e a recomposição dos R$ 8,2 milhões previstos inicialmente para o evento. Quanto ao calendário, as entidades alertaram para a demora na definição do regimento interno, que atualmente está represando a convocação de nove etapas estaduais e o andamento das atividades nas quatro Unidades da Federação que já deram início ao processo.

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Próximos passosAo final da reunião, foi acertado que os três ministros levarão aos empresários em reunião amanhã (13, quinta-feira) a posição de que as entidades da sociedade civil aceitam examinar a proposta do Executivo em discussão. Neste encontro, marcado para amanhã, os representantes empresariais deverão manifestar sua posição final sobre a sugestão do governo, decidindo se permanecem ou abandonam o processo. O desfecho do diálogo entre governo e empresários é aguardado pelos movimentos sociais e organizações da sociedade civil para que uma posição conclusiva seja apresentada. Se o setor empresarial decidir se retirar, o cenário muda e a sugestão do governo será alterada para um novo formato. Para o integrante do Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social Jonas Valente, que representa a entidade na Comissão Organizadora da Confecom, a presença dos empresários é importante, mas não pode se dar às custas do comprometimento do caráter amplo e democrático do processo. “É fundamental que o governo mantenha determinados princípios de organização ampla e democrática do debate para que a Conferência seja de fato um marco na abertura do debate sobre as comunicações ao conjunto da população, sem privilégio de nenhum setor, independente do seu poderio econômico. Se os empresários saírem, será uma pena e sinalizará uma indisposição lamentável ao debate. Mas isso não tirará a legitimidadade do processo”, defende.

20)15/09/2009Conferência Regional Livre coloca ES no debate da Conferência Nacional de ComunicaçãoUm momento ímpar para a história da comunicação no Espírito Santo. Foi o que representou a realização 1ª Conferência Regional Livre de Comunicação, que aconteceu no último sábado, no campus da UFES, em Vitória. O movimento de organização do evento demonstrou seu poder de mobilização e conseguiu reunir diversos segmentos da sociedade civil capixaba em torno do debate da democratização da mídia e a Conferência Nacional de Comunicação. Sem a divulgação da imprensa local, o resultado foi a comprovação de que "a maior rede de comunicação somos nós", como dizem os militantes pela democratização das comunicações.Dois temas gerais permearam a exposição dos palestrantes na primeira etapa da Conferência: “Princípios de uma Comunicação Democrática” e “As novas mídias e a construção da cidadania”. Mas antes, é imprescindível dar uma notícia que todos os participantes da Conferência Regional aguardavam ansiosos. O Governo do Estado divulgou as datas em que será realizada a Conferência Estadual de Comunicação: dias 6 e 7 de novembro. Com isso, o Espírito Santo será representado por 26 delegados na etapa nacional, em Brasília.Abrindo o primeiro tema, Renato Rovai, editor da Revista Fórum, fez um panorama da comunicação no Brasil e no resto do mundo. Ele colocou a criação da Internet como um marco para as comunicações em âmbito mundial. Na opinião dele, a web foi decisiva para que uma nova correlação de forças se estabelecesse na sociedade em torno da comunicação. Nesse contexto, segundo Rovai, os conglomerados de mídia perderam poder no Brasil e, por isso, não elegem mais presidentes, não conseguem, como antes, impor uma agenda temática para a sociedade. Como exemplos dessa trajetória de queda da influência, Rovai citou o caso da TV Globo, cuja audiência não é mais a mesma, imbatível até de 20 anos atrás, já que a emissora perdeu fatia considerável de participação na audiência (o chamado share). Os grandes jornais, como a Folha de S. Paulo, apresentaram forte redução na circulação.“Não há mensalão maior que esse”Assim definiu o editor da Revista Fórum ao falar sobre a distribuição desigual e concentrada de verbas públicas entre os veículos de comunicação. Um exemplo desse desequilíbrio, conforme Rovai, é o caso da TV Globo, que abocanha quase metade de toda a verba publicitária para a mídia.“Banda Larga para Todos”Essa demanda de milhões de brasileiros, segundo Renato Rovai, deve tornar-se a grande bandeira de luta da Conferência Nacional de Comunicação. Para ele, se todo cidadão tiver acesso à internet banda larga e gratuita, o Brasil dará um grande salto na democratização da comunicação. “Por que não Banda Larga para todos? Isso não é algo impossível!”, provocou. E Rovai não exagerou em sua fala, pois o Governo Federal possui estrutura para um projeto desse porte, além de um grande volume de recursos, a exemplo dos mais de R$ 6 bilhões existentes no Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (FUST).Jonas Valente, membro de uma das entidades mais atuantes pelo direito à comunicação, o Coletivo

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Intervozes, e integrante da Comissão Organizadora da Conferência Nacional de Comunicação, deu continuidade ao evento.Valente expôs aos participantes um breve histórico de intensos lobbies dos empresários de radiodifusão e telecomunicações junto ao Estado brasileiro, sempre com o propósito de controlar as políticas públicas para ambos os setores. Foi o que aconteceu na criação do Código Brasileiro de Telecomunicações (início dos anos 60), na aprovação da emenda constitucional que abriu as empresas de comunicação ao capital estrangeiro e na definição do padrão nipo-brasileiro de TV Digital, entre outros vários momentos. E é nesse cenário, segundo ele, que se ergue a Conferência de Comunicação. Jonas relatou que o abandono de grande parte dos empresários da mídia – só restaram duas entidades empresariais na Comissão Organizadora – demonstra claramente a falta de interesse deles pelo diálogo. “O setor empresarial da comunicação não suporta qualquer luz de democracia sobre o setor”, enfatizou.“A Confecom é responsabilidade de todos”O membro do Intervozes fez um chamado à mobilização e à organização, que devem ser ampliadas ainda mais. “A Conferência Nacional de Comunicação, hoje, é uma responsabilidade de todos. Ela deixou de ser uma coisa apenas institucionalizada”, enfatizou.E aos que veem como positiva a saída do setor empresarial das definições em torno da Conferência, Jonas Valente alertou para o fato de que não se pode ignorar os empresários no processo de construção da Confecom, porque no pós-Conferência, caso as propostas apresentadas se convertam em políticas públicas, o embate não será fácil para implementá-las.Nunca é demais lembrar que a Conferência Nacional de Comunicação, a primeira na história do Brasil, acontece nos dias 1, 2 e 3 de dezembro, em Brasília, e que seu Regimento Interno, motivo de longos e árduos embates entre empresariado e sociedade civil organizada, finalmente foi aprovado.O mapa da mídia no Espírito SantoA professora e secretária de Comunicação Social da Prefeitura de Vitória Ruth Reis revelou a situação das comunicações em território capixaba. Sua fonte de pesquisa foi o portal Donos da Mídia, um vasto banco de dados que dispõe todas as informações a respeito do cenário da comunicação no país.Entre os dados que mais chamam a atenção é do monopólio sobre as emissoras de rádio e televisão e os jornais. O cenário nacional se repete por aqui. Os grupos Gazeta e Tribuna concentram com folga a propriedade daqueles três veículos de comunicação: Gazeta (11 veículos), Tribuna (5) e Buaiz – Rede Vitória (3).Gazeta e Tribuna dominam também a circulação da mídia impressa, mais precisamente de jornais, que são três: dois da Rede Gazeta (A Gazeta e Notícia Agora) e um da Rede Tribuna (A Tribuna). Ruth Reis observou que há um acelerada crescimento dos jornais de perfil mais popular, como A Tribuna (que líder absoluta em vendas e circulação) e o Notícia Agora.A “pequena” imprensa, representada pelos veículos de menor alcance, se concentram na capital, Vitória, e é formada principalmente por jornais e revistas. E quando o assunto é telefonia celular, um dos ícones da convergência tecnológica, o Espírito Santo está acima da média nacional quanto ao número de aparelhos por habitante (0,91).Formatos alternativos para as redesA discussão em torno de usos alternativos para a Internet permeou a intervenção de Pedro Markun, editor do Jornal de Debates, que abordou o segundo tema da Conferência Regional. Na opinião dele, cabe a nós pensarmos alternativas quanto à melhor utilização da grande rede. “Temos que refletir sobre formas mais arrojadas e competentes de utilizar o espaço digital”, disse Markun.Ao dizer que, com a Internet, “somos Robertos Marinhos de nós mesmos”, Pedro Markun alertou para a necessidade de sabermos empregar as inúmeras potencialidades da grande rede com mais consciência, responsabilidade, criatividade e menos infantilidade.Markun frisou ainda do poder que a internet tem de tirar do anonimato e dar visibilidade a indivíduos ou a setores da sociedade antes desconhecidos pela maioria da população. Classificou tal potencialidade como algo revolucionário.Durante as intervenções do público, alguns temas geraram maiores debates, como a importância de uma internet banda larga gratuita para todos, as formas alternativas de utilização da internet, a implantação de políticas democráticas de financiamento público dos meios de comunicação e a polêmica do fim do diploma para o exercício do jornalismo.Muito mais que um debate de ideias entre iniciados em comunicação, a Conferência Regional Livre de Comunicação colocou de vez o Espírito Santo no processo de mobilização e construção da grande etapa nacional da conferência. Daqui em diante, a tendência é que o debate se expanda ainda mais, e não apenas

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na Grande Vitória, mas também nas cidades do interior capixaba.É como foi dito na abertura do evento: as conferências livres devem se estender aos bairros, às escolas, às faculdades, às igrejas, enfim, aos mais variados espaços coletivos da sociedade. Porque a comunicação é um direito de todos e pertence a todos, não pode ter donos.

21)08/10/2009Governo adia Conferência Nacional de ComunicaçãoA Conferência Nacional de Comunicação (Confecom) foi adiada por decisão da Presidência da República. A etapa nacional será realizada entre os dias 14 e 17 de dezembro, onze dias após a data prevista no decreto que convocou a conferência (1, 2 e 3 do mesmo mês). Segundo informações da Assessoria de Comunicação do Ministério das Comunicações, a mudança será feita para "compatibilizar a agenda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva".Na quarta-feira, o consultor jurídico do Ministério das Comunicações, Marcelo Bechara, havia adiantado a informação do adiamento a membros da Comissão Organizadora Nacional (CON). Naquela oportunidade, a data sugerida era 7, 8 e 9 de dezembro. Bechara informou que a decisão foi tomada em reunião entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os ministros responsáveis pela Confecom – Hélio Costa, das Comunicações, Franklin Martins, da Secretaria de Comunicação Social, e Luiz Dulci, da Secretaria Geral da Presidência.Ao relatar a reunião para os membros da CON, Bechara não explicou os motivos de tal mudança. Disse, apenas, que o presidente estava muito otimista, contente com a Confecom e que avaliava participar do evento.Quando do corte nas verbas previstas para a realização da conferência, o governo já havia aventado a possibilidade de adiar a conferência. Depois, os impasses criados pelas representações empresariais dentro da CON atrasaram a edição do regimento interno e as organizações e movimentos sociais envolvidos no processo chegaram a propor uma revisão do calendário. A preocupação era o prazo curto para a realização das etapas locais e das conferências estaduais, que elegem os delegados da Confecom.“A mudança agora não resolve nada, mas ajudará se for acompanhada de uma alteração também do prazo para as estaduais em mais uma semana”, comentou Jonas Valente, representante do Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social na comissão organizadora.Em nota da assessoria do ministério, Marcelo Bechara afirma que, como foi o presidente quem convocou, ainda em abril, a conferência, somente ele pode abrir o evento. “É desejo do presidente Lula participar da abertura da conferência de comunicação, a primeira a ser realizada na história do país. É natural que ele possa adequar sua agenda para participar da abertura, que acontece no dia 14 de dezembro”, justificou.O novo decreto de convocação da Confecom deve ser publicado no Diário Oficial da União na próxima semana.Recomposição do orçamentoA assessoria do Ministério da Comunicações também informou que o presidente sancionou o Projeto de Lei 27/09, que recompõe os recursos previstos no orçamento da pasta para a realização da conferência. Haviam sido cortados R$ 6,5 milhões, que serão repostos integralmente. O total de investimentos previstos na Confecom é de R$ 8,2 milhões.

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