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Conferência de Paz da ONU O Conflito Árabe-Israelense e as Colônias Habitacionais na Cisjordânia Renata Araújo Rodrigues Diretora Caio Henrique Gambini Diretor Assistente João Victor Martins Saraiva Diretor Assistente Maria Eduarda Toledo Diretora Assistente

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Conferência de Paz da ONU

O Conflito Árabe-Israelense e as Colônias Habitacionais na Cisjordânia

Renata Araújo Rodrigues Diretora

Caio Henrique Gambini

Diretor Assistente

João Victor Martins Saraiva Diretor Assistente

Maria Eduarda Toledo Diretora Assistente

SUMÁRIO

1 A EQUIPE______________________________________________________________ 2

2 O CONFLITO ___________________________________________________________ 3

2.1 Revisão Histórica ______________________________________________________ 4

3 A CONFERÊNCIA DE PAZ DA ONU _______________________________________ 11

4 QUESTÕES RELEVANTES PARA DISCUSSÃO ______________________________ 12

5 POSIÇÃO DOS PRINCIPAIS ATORES ______________________________________ 13

5. 1 Egito _______________________________________________________________ 13

5.2 Emirados Árabes Unidos ______________________________________________ 14

5.3 Estados Unidos da América ____________________________________________ 14

5.4 Rússia ______________________________________________________________ 14

5.5 Israel _______________________________________________________________ 15

5.6 Jordânia ____________________________________________________________ 15

5.7 Líbano ______________________________________________________________ 15

5.7 Líbia _______________________________________________________________ 16

5.8 Síria ________________________________________________________________ 16

5.9 Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados Palestinos _______ 16

5.10 Anistia Internacional _________________________________________________ 17

5.11 Autoridade Nacional Palestina _________________________________________ 17

5.12 Human Rights Watch _________________________________________________ 17

REFERÊNCIAS __________________________________________________________ 19

ANEXOS _______________________________________________________________ 21

1 A EQUIPE

A Conferência de Paz da ONU tem sua equipe formada pela Diretora Renata Araújo

Rodrigues, e pelos diretores assistentes Caio Henrique Gambini, João Victor Martins

Saraiva e Maria Eduarda Toledo, segue abaixo uma breve apresentação de todos.

Chamo-me Renata Araújo Rodrigues, estou no quinto período de Relações

Internacionais, e é com muita satisfação que me apresento a vocês. Comecei a participar de

modelos de simulação desde meus 13 anos e meu carinho e empenho nelas foi decisivo na

escolha da minha profissão. O conflito árabe-israelense também acompanha essa trajetória

de simulações, tendo simulado-o duas vezes, sendo assim nada mais justo que projetar

esse comitê com todo o carinho e dedicação que posso atribuí-lo. Espero que vocês, assim

como eu, se apaixonem pelo tema e se dediquem ao discuti-lo. Não tenham medo de se

apaixonar pelo mundo das simulações. Estou esperando vocês e outubro ansiosamente.

Chamo-me Caio e sou estudante de relações internacionais, cursando o terceiro

período. No ensino médio tive apresso por várias outras profissões como Psicologia,

Jornalismo, Arquitetura, e até mesmo Direito. Contudo, escolhi o curso de Relações

Internacionais pelo meu interesse por cultura e política, cooperação e negociação

internacional que tive contato tanto nas aulas de história, geografia e estudo das artes em

meu colégio. Ao ingressar na universidade tinha conhecimentos prévios sobre o que seria a

minha formação nessa área, porém, depois de ter tido contato com as principais vertentes

teóricas de RI, bem como das discussões em sala sobre os fundamentos Políticos das

sociedades e como se estruturam no estudo das relações internacionais, percebi que havia

de fato escolhido o curso certo para começar minha vida acadêmica. O MINIONU foi parte

do meu primeiro ano de universidade, participei como voluntário no comitê CCDF (Comitê

Contra Desaparecimentos Forçados) e tive uma das experiências mais importantes de

minha vida, visto que não entrei em contato com o projeto quando estava no ensino médio.

O projeto me proporcionou não só grandes experiências semiprofissionais, que fomentaram

responsabilidade em grupo, relações profissionais no geral, mas como também grande

afinco para continuar no curso e no projeto tendo em vista os conhecimentos sobre os

mecanismos e a simulação prática da ONU num ambiente de negociação. Com entusiasmo

e grande interesse pelo assunto desse comitê, desejo a todos um ótimo aprofundamento

nos estudos e uma grande experiência de vida para vocês delegados!

Meu nome é João Víctor Martins Saraiva, 19 anos, aluno do terceiro período de

Relações Internacionais na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG) e

de Ciências Sociais (UFMG). Minha caminhada com simulações é curta, mas de bastante

aprendizado. No primeiro semestre de 2013 tive a oportunidade de participar de uma

simulação da Conferência de Berlim na própria PUC e, apesar do fato que eu estava

simulando com colegas de maior experiência, me senti bastante confortável durante os

debates. O aprendizado foi enorme, mas minha mais intensa experiência com simulações se

deu no 14ª MINIONU no qual atuei como voluntário no Comitê da AGNU (2025) do Diretor

Rafael Albuquerque. Resolvi voltar a participar, pois senti no MINIONU uma atmosfera

amigável em que as pessoas vão para aprender mais sobre as temáticas internacionais e

criam laços com os demais participantes. Essa mesma impressão que tenho sobre o projeto

é a que quero passar para todos vocês. Espero que tenhamos um constante contato antes,

durante e depois de outubro. Qualquer dúvida, estou a disposição. Abraços!

Olá Senhores delegados e professores, me chamo Maria Eduarda e durante o

MINIONU 15 ANOS estarei cursando o último período de Relações Internacionais na PUC

Minas. Esta é minha segunda participação no projeto e como diretora-assistente espero

poder auxiliá-los o máximo possível, proporcionando uma experiência enriquecedora para

todos nós.

2 O CONFLITO

O conflito árabe-israelense tem perdurado por muitos anos, não somente pelo

caráter político, mas também pelas suas diversas dimensões: política, religiosa, econômica,

cultural. O conflito representa não somente uma convergência de interesses territoriais

entre palestinos e israelenses, mas também a intolerância das duas nações entre si.

A relevância do conflito é bem descrita por Magnoli e Barbosa,

“O Oriente Médio é um dos principais focos de tensões geopolíticas em nível internacional. A complexidade das disputas regionais decorre de uma multiplicidade de realidades que se superpõem: nacionais, religiosas, estratégicas. Situada na passagem entre três continentes (Europa, África e Ásia) e dotada das maiores reservas de petróleo do mundo, a região apresenta alto interesse político e econômico para as grandes potências. Desse modo, cada um de seus conflitos adquire, automaticamente, dimensões mundiais” (MAGNOLI & BARBOSA, 2002, p. 196).

Dessa forma, a região encontra-se em uma situação histórica de instabilidade em

que duas questões fundamentais se difundem, sendo possível afirmar, atualmente, que é

muito difícil separar a nível analítico essas dimensões, a saber: a questão israelo-palestina e

a questão árabe-israelense. A segunda definição, mais ampla, abrange os interesses de

muitos outros países, sendo, portanto, a que será utilizada nesse guia.

Assim importantes questões podem ser abordadas: um acordo que não satisfaça a

todos na região (e mesmo alguns fora dela), de maneira geral, seria capaz de prevalecer?

Mais ainda, um acordo dessa natureza seria possível? Não há dúvidas de que para que a

paz positiva1 possa ser alcançada todos os lados devem ceder, principalmente porque

muitos dos interesses em jogo são incompatíveis. No entanto, ainda que muitas questões

sejam espontaneamente levantadas e discutidas pela problemática, o foco do comitê será a

questão das colônias habitacionais judaicas em território palestino determinado pelas

Nações Unidas (ONU) em 19672 e a dificuldade dos atores em seguir as resoluções já

acordadas entre os mesmos.

Para o desenvolvimento do comitê é preciso considerar a complexidade das

variáveis que caracterizam o conflito, tal como as consequências das ações tomadas por

cada ator, e para melhor compreensão é necessário uma explicação mais detalhada acerca

das origens do conflito, assim como de alguns interesses que se encontram na questão.

2.1 Revisão Histórica

Para que possamos compreender o conflito palestino-israelense é preciso recorrer à

história milenar da região. Os judeus –antigos Hebreus- habitavam a região da palestina

desde 2.000 a.C, por volta de 1.500 a.C migraram para o Egito onde viveram por

aproximadamente 400 anos, quando retornaram a Canaã -na Palestina- terra prometida aos

judeus, segundo os preceitos judaicos. Por volta de 1.000 a.C os judeus se unificaram em

um regime monárquico de Rei Davi, com sede em Jerusalém. O apogeu dos hebreus foi no

reinado de Salomão; com a morte do rei os judeus (Salomão), a nação se separou em dois

reinos, o de Israel ao norte e o de Judá ao sul (CANEPA & OLIC, 2003, p.68).

A divisão dos reinos enfraqueceu os judeus, contribuindo para a derrocada nas

1 A paz positiva implica ajuda mútua, educação e interdependência dos povos. Está vem a ser não

somente uma forma de prevenção contra a guerra, mas a construção de uma sociedade melhor, na qual mais pessoas comungam do espaço social. Isto é a ausência de guerra, e a não violência entre povos, uma paz duradoura (GALTUNG,J., 1995 apud SILVA, J.V, 2002). 2Segundo Olic e Canepa em 1967 o Conselho de Segurança da ONU aprovou a resolução 242 que

determinava que a paz devesse ser instaurada, sendo esta justa e durável em todo Oriente Médio. Propunha também a retirada das forças armadas de Israel dos territórios ocupados Durante a Guerra de Seis dias, e o respeito e reconhecimento da soberania da integridade territorial e de independência política de casa Estado da região e seu direito de viver em paz no interior de fronteiras seguras e reconhecidas, ao abrigo e ameaças e atos de força. A resolução nunca foi cumprida por parte de Israel, alegavam que não só a falta de reconhecimento por parte de países árabes e dos palestinos, da existência do estado judeu, assim como o direito de Israel de viver em paz no interior de suas fronteiras seguras; outra alegação era que os palestinos não conseguiriam coibir atos de terrorismo perpetrados por grupos extremistas (CANEPA & OLIC, 2003, p.79-80).

invasões babilônias, quando ocorreu a primeira diáspora3 – termo utilizado para as

migrações forçadas. A primeira diáspora ocorreu em 586 a.C com a invasão babilônia à

Jerusalém e o rebaixamento dos judeus a escravos.Os hebreus retomaram a palestina

quando os babilônios foram invadidos pelos persas (CANEPA & OLIC, 2003, p.69). A

segunda diáspora ocorreu após o inicio da era Cristã, em 70 d.C. quando o Imperador Tito,

do Império Romano, invadiu e destruiu toda Jerusalém em represália as rebeliões locais,

novamente os judeus foram forçados a deixar a região (CANEPA & OLIC, 2003, p.69).

Com a queda do Império Romano, 476 d.C., o controle da Palestina caiu nas mãos

dos Impérios Islâmicos, primeiro foram os árabes islâmicos que propagaram o islamismo e

conquistaram a região até o século VIII, depois foram os turco-otomanos, árabes, porém

muçulmanos, que dominaram a região até o fim da Primeira Guerra Mundial. Com o fim da

guerra, o Império turco-otomano cedeu o domínio e poder da terra para a Inglaterra,

comandante da Liga das Nações (CANEPA & OLIC, 2003, p.70).

Nessa época a causa sionista recebeu grande atenção mundial em virtude de um

pronunciamento do Ministro das Relações Exteriores britânico, James Balfour que dizia, “o

governo de sua Majestade via com bons olhos a criação de um lar nacional judeu na

Palestina, desde que se levasse em consideração os interesses das comunidades não-

judaicas presentes na região”(BALFOUR, apud CANEPA & OLIC, 2003, p.70). Após esse

pronunciamento ocorreu um elevado número de migrações judaicas para a palestina,

número esse que foi aumentando ao longo dos anos em que seguiram, principalmente, pelo

crescimento do pensamento nazista na Europa, assim como o início e término da Segunda

Guerra Mundial (CANEPA & OLIC, 2003, p.71).

O crescente número de imigrantes na região fez com que a rivalidade entre as

populações (árabe e judaica) aumentasse. Em uma tentativa de amenizar os problemas

entre as nações a Inglaterra tentou limitar as imigrações, mas o antissemitismo durante a

Segunda Guerra foi algo sem precedentes na história, que levou as grandes potências

capitalistas a ficarem a favor da retomada judaica na região. E nesse clima de pós-guerra e

de constante imigração judaica para a Palestina começaram os planos de partilha da região.

Portanto em 1947, a ONU assumiu a problemática e esboçou uma partilha geográfica da

região, sendo proposta a criação de um Estado judeu e outro árabe levando em

consideração a disposição geográfica das nações dentro do território palestino e a região de

Jerusalém seria administrada pelas Nações Unidas, recebendo a intitulação de status

internacional. O plano recebeu o apoio judaico ainda que com resalvas, mas a população

árabe retalhou-o e ainda ameaçou iniciar uma guerra caso a partilha fosse aprovada

3 O termo diáspora significa dispersão dos povos, por motivos políticos ou religiosos. O conceito

surgiu pela primeira vez graça à dispersão dos judeus no mundo antigo, depois do exílio babilônico (SIGNIFICADOS, 2011).

(CANEPA & OLIC, 2003, p.73). Logo após a proclamação da criação do Estado de Israel em

1948, Egito, Síria, Líbano, Iraque e Jordânia iniciaram hostilidades contra Israel, iniciando

um conflito entre árabes e israelenses. No inicio do conflito os árabes levaram vantagem,

ganhando muitos dos enfrentamentos, no entanto Israel ganhou a chamada “guerra de

independência”, tendo em vista a falta de coordenação das tropas árabes, e a força judaica,

que lutava por uma causa de séculos e também pelo financiamento aos judeus por parte

dos EUA e da Europa Ocidental. Ao fim da guerra, a disposição territorial da região

modificou-se, isto porque Israel invadiu e anexou todo o território palestino, parte do território

Jordão (a Cisjordânia) e uma parte do território egípcio (a Faixa de Gaza). Desta forma, a

ambição sionista4 se concretizou, mas iniciou-se a questão Palestina, isso é a luta do povo

árabe da palestina pelo seu território nacional (CANEPA & OLIC, 2003, p.77).

Em 1956, outro conflito ascendeu, a problemática iniciou-se quando o Egito

nacionalizou o canal de Suez (canal que liga os mares Vermelho e Mediterrâneo). O

presidente egípcio da época, Gamal Abdel Nasser, não só nacionalizou o canal, como

impediu os navios israelenses de passar por ele. Bloqueou também o estreito de Tiran e o

golfo de Ácaba, por onde passava grande parte dos navios judeus. Sendo assim Israel, Grã-

Bretanha e França iniciaram uma ação militar contra o Egito, sob a alegação que estavam

em busca do reestabelecimento da livre navegação na região. A guerra terminou quando os

EUA e URSS coagiram os países a se retirarem do território egípcio, e forçaram a abertura

do tráfego naval (CANEPA & OLIC, 2003, p.79).

Após o conflito em Suez, o Oriente Médio tornou-se cada vez mais tenso. A Guerra

de Seis Dias eclodiu, quando as tropas da ONU que habitavam o território de Sinai saíram

da região a pedido do presidente egípcio, Nasser. Após a retirada ele ameaçou novamente

o fechamento do tráfego naval, os israelenses agindo sob a ameaça não esperaram uma

ação egípcia e decidindo atacá-los. Em junho de 1967, Israel atacou fulminantemente o

Egito, a Síria e a Jordânia. Sendo assim declarou-se a derrocada árabe e Israel anexou a

Faixa de Gaza, a Península e Sinai, a Cisjordânia, toda a Jerusalém e também as Colinas

de Golã (CANEPA & OLIC, 2003, p.78-79). No fim do mesmo ano a ONU aprovou a

Resolução 2425, na qual Israel não respeitou gerando uma crise diplomática com os países

4 A ambição sionista é o sonho judeu de retornar a “terra prometida” e concretizar lá um Estado judeu.

5 Segundo Olic e Canepa em 1967 o Conselho de Segurança da ONU aprovou a resolução 242 que

determinava que a paz devesse ser instaurada, sendo esta justa e durável em todo Oriente Médio. Propunha também a retirada das forças armadas de Israel dos territórios ocupados durante a Guerra de Seis Dias, e o respeito e reconhecimento da soberania da integridade territorial e de independência política de cada Estado da região e seu direito de viver em paz no interior de fronteiras seguras e reconhecidas, ao abrigo e ameaças e atos de força. A resolução nunca foi cumprida por parte de Israel, alegavam que não só a falta de reconhecimento por parte de países árabes e dos palestinos, da existência do estado judeu, assim como o direito de Israel de viver em paz no interior de suas fronteiras seguras; outra alegação era que os palestinos não conseguiriam coibir atos de terrorismo perpetrados por grupos extremistas (CANEPA & OLIC, 2003, p.79-80).

ocidentais. E nesse contexto Israel começa a plantar assentamentos e colônias judaicas

nessas regiões, principalmente na Faixa de Gaza e na Cisjordânia (CANEPA & OLIC, 2003,

p.80).

Mapa 1 - Israel

Fonte: ISRAEL: O PAÍS, 2014.

Em 1973, na tentativa de recuperar seus territórios, os países árabes derrotados na

Guerra dos Seis Dias atacaram Israel repentinamente no dia de Yon Kippur (Dia do perdão

– um feriado religioso nacional), inicialmente os países árabes reconquistaram seus

territórios, mas após um contra ataque israelense em conjunto com os EUA fez com o país

saísse novamente vitorioso (CANEPA & OLIC, 2003, p.80-81).

Com o fim da guerra, Israel e Egito começaram a negociar acordos bilaterais de paz

para o conflito. Por fim, o acordo de paz foi assinado em Camp David, em 1978 sendo

mediado pelos EUA. Nesse acordo firmado, Egito recuperou a Península de Sinai e foi o

primeiro país árabe a reconhecer a legitimidade do Estado judeu, e por esse motivo foi

expulso da Liga Árabe em 1979 (CANEPA & OLIC, 2003, p.81).

Pode-se afirmar que a assinatura dos acordos de Camp David, resultou a

aproximação entre os EUA e o Egito, que iniciou-se desde 1973, quando da expulsão de

militares soviéticos dos territórios egípcios. Tal postura afastou o Egito dos países árabes,

em especial da Síria, que era grande aliada da União Soviética (MAGNOLI, 2002). Assim,

em 1979, Egito e Israel assinaram um tratado de paz, que previa a devolução do Sinai para

o primeiro, ocupado durante a Guerra de Suez por Israel. Contudo, os acordos não foram

suficientes para produzir a paz, e Israel passou a seguir uma política que visava anexar os

territórios que haviam sido ocupados durante as guerras anteriores. Assim, mesmo com a

ONU intervindo no conflito e determinando, pelo Conselho de Segurança das Nações

Unidas, que os territórios ocupados deveriam ser devolvidos, Israel não se mobilizou, e

continuando agindo a fim de cristalizar as novas fronteiras do Estado israelense (MAGNOLI,

2002).

Desse modo, foi aprovada pelo Parlamento israelense a anexação de Jerusalém

Oriental e das Colinas de Golã, em 1980 e 1981, respectivamente. Ainda, a Cisjordânia e

Gaza, onde se situam as principais concentrações de palestinos, não foram formalmente

anexadas, porém permaneceram sob administração israelense (MAGNOLI, 2002, p. 202).

Com a anexação dos territórios palestinos ao Estado de Israel na Guerra de Seis Dias6, o

governo judeu iniciou um processo de implementação de colônias judaicas nessas terras

(Cisjordânia e Faixa de Gaza) aumentando a rivalidade entre as nações e dificultando a

sobrevivência da comunidade palestina, isto porque o governo israelense passou a dificultar

a entrada de ajuda humanitária (água, medicamentos e alimentos) enviados pelas

organizações não governamentais e estados não favoráveis à nação palestina (SILVA,

2002).

A frustração de palestinos com o fato de o processo de paz não evoluir levou, em

1987, à Primeira Intifada, ou “revolta das pedras”, em que os palestinos utilizaram pedras

contra soldados israelenses, boicotaram os produtos de Israel e atacavam a faca seus civis

(MASSOULIÉ, 1994). Após esses acontecimentos, a OLP reconheceu o direito à existência

de Israel, o que se negava até então. Ainda, formularam uma Constituição ao “Estado árabe

da palestina”, e renunciam às práticas terroristas (MASSOULIÉ, 1994).

Em 1991, EUA e URSS patrocinaram uma conferência entre Israel e os palestinos,

além de Síria, Líbano e Jordânia. A Conferência de paz em Madri consistiu em outro

momento histórico. Foi a primeira vez que os israelenses negociaram frente a frente com os

governantes desses países. Tanto que em 1994, a Jordânia foi o segundo país árabe a

assinar um acordo de paz com Israel, que marcou a cooperação entre os dois países em

diversas áreas. Um dos pontos estabelecidos foi que a Jordânia teria acesso livre e direto ao

Mar do Mediterrâneo. A reunião em Madri foi o passo inicial para o processo de paz em Oslo

(CANEPA & OLIC, 2003, p. 81).

Os acordos de Oslo foram assinados em dois momentos. O primeiro foi assinado em

1993, e o segundo em 1995, entre o então líder palestino Yasser Arafat e o então Primeiro-

Ministro israelense Yitzhak Rabin. Os acordos, que deveriam ser implantados em quatro

fases, estipulavam, de maneira geral, que os próprios palestinos deveriam ter

responsabilidade sobre a parcela de sua população que se encontrasse sobre os territórios

6 Em anexo mapa dos territórios israelo-palestino.

da Cisjordânia e da Faixa de Gaza e que Israel continuaria sendo responsável por garantir a

segurança das fronteiras. Ainda, ficou designado que as decisões a respeito de questões

centrais, como do status de Jerusalém, dos assentamentos e dos refugiados ocorreriam

posteriormente (CANEPA & OLIC, 2003, p. 89).

Entretanto, o início da deterioração do processo de paz se daria logo em seguida, no

começo de 1995, quando o assassinato do Primeiro-Ministro Rabin por um religioso fanático

israelense. Ademais, somado a esse fato, ocorreram, em março de 1996, bombardeios às

cidades de Tel Aviv – capital de Israel – e Jerusalém, cuja responsabilidade foi atribuída aos

palestinos do Hamas (FREEDMAN, 1999), grupo radical islâmico, considerado terrorista

pelos Estados Unidos e pela União Europeia. Em consequência de tais fatos, foi eleito para

Primeiro-Ministro israelense Benjamin Netanyahu, político contrário aos acordos de Oslo.

Apesar de o novo Primeiro-Ministro ter adotado um discurso pela construção da paz entre

palestinos e israelenses, na prática, implementou uma política de expansão dos

assentamentos israelenses sobre a Cisjordânia, deixando a população árabe furiosa. Um

acordo foi obtido, em janeiro de 1997, com a ajuda do presidente Clinton, estipulando uma

retirada de 80% dos assentamentos israelenses na cidade de Hebron (FREEDMAN, 1999).

No entanto, mais uma vez o acordo não foi cumprido, e a possibilidade de paz sofreu

uma grave interrupção após Netanyahu anunciar que “Israel iria construir uma nova

vizinhança árabe, a qual ele chamou de Har Homa, que conteria 6.500 unidades

habitacionais judaicas no tradicionalmente Leste árabe de Jerusalém.” (FREEDMAN, 1999,

tradução livre7). Nessa ocasião, os palestinos realizaram alguns ataques terroristas em Tel

Aviv.

Em 1998, Bill Clinton, representante estadunidense, reuniu o líder palestino e o

israelense, juntamente com outros importantes líderes da região, sendo um dos objetivos

retomarem o Acordo de Oslo II. Tal encontro resultou nos acordos de Wye, que acordava

que Israel desocuparia 13% do território da Cisjordânia, além de garantir que iria transferir

para o controle da Autoridade Palestina 14% de terras ocupadas por israelenses e

palestinos. Ainda, um corredor ligando a Faixa de Gaza à Cisjordânia seria concedido pelos

israelenses (ENCYCLOPEDIA, 2004). Em troca, os palestinos deveriam acabar com as

atividades terroristas, assim como abolir os parágrafos da Constituição dos palestinos que

clamava pela destruição de Israel. (ENCYCLOPEDIA, 2004). Todavia, a implementação do

acordo foi suspensa logo em seguida, pois ambos os líderes sofreram oposição doméstica.

A ameaça de ataques terroristas pelo Hamas e a pressão contrária de grupos de extrema

direita israelenses levaram ao congelamento das negociações.

7 Declaration of principles (DPO) “Israel would build a new Jewish neighborhood, which he called

Har Homa, of 6,500 housing units in traditionally Arab East Jerusalem”.

Novamente no ano 2000, Clinton teve a iniciativa de reunir Arafat e Ehud Barak para

conversações de paz em Camp David. As concessões partiram principalmente do governo

israelense, mas mesmo assim Arafat não aceitou os termos do acordo. Dentre as medidas

propostas estavam à desocupação israelense da Faixa de Gaza, e de 95% da Cisjordânia, e

a construção de um Estado palestino nessas áreas. Contudo, não se acredita que essas

medidas fossem aceitas pelos israelenses, que a consideraram demasiadas (PALESTNE

FACTS, 2009).

Desse modo, em setembro de 2000 ocorreu a Segunda Intifada, em que os

palestinos se revoltaram contra a ocupação israelense na Faixa de Gaza e na Cisjordânia,

demonstrando novamente a frustração com a evolução de negociações entre os lados do

conflito. Estima-se um número de mortos em torno de 5.000 pessoas (¼ de israelenses e ¾

de palestinos). Em decorrência dessa revolta palestina, Israel anunciou a construção de um

muro entre seu território e a Cisjordânia, construção essa que foi iniciada em junho de 2002.

A justificativa israelense seria de que o muro visaria impedir ataques palestinos contra seu

território e sua população, sobretudo após alguns atos de violência e suicidas por parte dos

palestinos na Segunda Intifada. A construção do “Muro da Cisjordânia”, como ficou

conhecida, gera controvérsias até hoje entre diversos países e associações de direitos

humanos, que afirmam ser o muro um desrespeito a esses valores. O muro de Israel (o

situado no limite com a Cisjordânia) tem dimensões enormes, com uma extensão de 721

km, 8 metros de altura, trincheiras de 2 metros de profundidade, arames farpados e torres

de vigilância a cada 300 metros (CARVALHO, 2012).

Mais duas tentativas de estabelecer um processo de paz foram realizadas por parte

dos Estados Unidos. A primeira foi em março-abril de 2002, quando o país estimulou a

elaboração de uma Resolução no Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU), que

pedia uma solução bilateral dos dois Estados para o conflito entre israelenses e palestinos,

o fim da violência, incitamento, e do terrorismo e a retomada das negociações (FREEDMAN,

2005). A segunda foi em abril de 2003, em que se pretendia a elaboração de um “Mapa do

Caminho”, no qual participariam a União Europeia, a Rússia, a Organização das Nações

Unidas (ONU) e os Estados Unidos.

O Mapa do Caminho estabeleceu que três fases que deveriam ser implementadas. A

primeira consistiria no fim da violência e na criação de uma Constituição por parte dos

palestinos, enquanto os israelenses deveriam acabar com a expansão dos assentamentos e

fazer uso restrito da força militar. Em um segundo momento estipulava a elaboração, em

uma conferência internacional, de um Estado Palestino, com “fronteiras provisórias”. E o

último momento seria marcado por conversas e negociações para uma solução definitiva do

conflito israelense-palestina (NAIME, 2006, p.1).

Contudo, nenhuma das duas tentativas de se chegar a um acordo foi bem-sucedida.

Fatores internos novamente dificultaram a efetivação dos mesmos. A morte do líder

palestino, Yasser Arafat, no final de 2004, criou expectativas a respeito da criação de um

acordo de paz, uma vez que era alegado que o mesmo possuía ligações com atividades

terroristas. Esperava-se que a interrupção de atividades dessa natureza por parte dos

palestinos pudesse facilitar as negociações, porém, isso não se demonstrou. Com a vitória

do grupo Hamas nas eleições parlamentares palestinas em 2006, as negociações entre

israelenses e palestinos foram suspensas. Assim, a região mais uma vez passou por um

momento de aumento da violência, em que israelenses e palestinos se encontravam em um

impasse em relação ao processo de paz (NAIME, 2006, p.1).

Somente em novembro de 2007 as negociações entre as partes foram retomadas,

com a realização da Conferência de Paz de Annapolis, na cidade homônima próxima a

Washington, nos EUA. A conferência foi marcada pelo ativo papel dos Estados Unidos na

busca de uma solução para o conflito. Esta pretendia estabelecer um acordo de paz até o

fim de 2008, o que não foi alcançado. A relação entre palestinos e israelenses ainda é

marcada por desavenças em questões centrais, como a expansão dos assentamentos

israelenses, o reconhecimento do Estado de Israel como um lar dos judeus ou não, e as

práticas terroristas (SÃO PAULO, 2010).

Em 2005, por iniciativa unilateral do Primeiro-Ministro israelense, Ariel Sharon, Israel

Iniciou uma retirada dos colonos (cerca de 8 mil) que viviam em assentamentos na Faixa de

Gaza, assim como as forças de ocupação. Contudo, o território continua sendo controlado

por Israel, que monitora a entrada e saídas de bens em Gaza, assim como o espaço aéreo e

marítimo. Outro enfrentamento entre israelenses e palestinos ocorreu no início de 2009,

quando Israel lançou uma ofensiva contra a Faixa de Gaza. Isso porque militantes do

Hamas, que controlam o território, anunciaram no fim de 2008 que o cessar-fogo entre a

guerrilha e Israel, que estava em vigor desde junho desse mesmo ano, não seria renovado

(SÃO PAULO, 2010).

Assim, o Hamas iniciou o lançamento de foguetes contra Israel, pois querem o fim do

bloqueio que o mesmo impõe á Faixa de Gaza. Israel, por sua vez, acusa o Hamas de

contrabandear armamentos pela fronteira com o Egito, e por isso lançou uma ofensiva

contra túneis que estariam sendo usados para esse fim. Houve uma intensificação do

lançamento de foguetes pelo Hamas, e então o governo israelense lançou ataques aéreos e

uma ofensiva terrestre contra Gaza, matando mais de 1.300 palestinos, enquanto morreram

13 israelenses (TRIBUNA DO NORTE, 2014)

3 A CONFERÊNCIA DE PAZ DA ONU

A Conferência de Paz da ONU não consiste em um órgão permanente das Nações

Unidas, e sim uma reunião inédita, entre os representantes mundiais convidados, que tem

algum interesse ou opinião acerca do assunto pautando, convocada pela Organização para

discutir a respeito de um assunto previamente determinado. No caso do comitê será

discutida a questão do conflito árabe-israelense, focando na questão das colônias

habitacionais israelenses em território palestino, a Cisjordânia.

Ademais, o objetivo principal desta reunião é a tentativa de retirada das colônias

habitacionais judaicas da Cisjordânia e o retorno dos refugiados palestinos. As resoluções

aprovadas na reunião terão caráter recomendatório e serão encaminhadas para discussão

em outro órgão da ONU, o Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU). A

resolução só teria caráter obrigatório se aprovada, posteriormente, por este.

4 QUESTÕES RELEVANTES PARA DISCUSSÃO

Até o momento não há um acordo de paz que realmente venha a ser instaurado para

o conflito árabe-israelense. Isso porque algumas das questões centrais do conflito não são

contempladas. Uma delas refere-se aos territórios ocupados por Israel na Guerra de 1967.

Os palestinos enfatizam que todos os territórios palestinos conquistados por Israel em 1967

devem ser “devolvidos”, o que inclui Jerusalém Oriental. Ainda, é fundamental que as

Colinas de Gola, assim como parte do território libanês ocupado, sejam devolvidos,

respectivamente, para a Síria e para o Líbano. Há também o fato de que os palestinos

querem que Jerusalém Oriental se torne a capital de um futuro Estado, enquanto alguns

israelenses consideram que Jerusalém é “indivisível”, e de direito dos judeus.

Outra questão fundamental é a dos assentamentos israelenses. Os palestinos

exigem que sejam retirados todos os assentamentos estabelecidos nas regiões ocupadas

desde a Guerra de 1967, o que inclui a Cisjordânia, uma vez que a Faixa de Gaza foi

desocupada em 2005. Ademais, um problema muito grave está no fato de que os

aproximadamente quatro milhões de refugiados palestinos exigem o retorno às suas terras,

das quais foram expulsos quando o Estado de Israel foi criado, em 1947. Para alguns

israelenses, essas pessoas não possuem direito de se estabelecerem dentro do Estado de

Israel, que deve ser visto como um lar dos judeus. A verdade por detrás da questão dos

refugiados é que, como a população palestina é maior do que a israelense, se for permitido

o retorno dos primeiros, haverá mais palestinos em Israel do que israelenses. Assim este

não seria o Estado judeu para os Judeus como prevê a constituição.

Há também problemas que envolvem o controle do aquífero do Rio Jordão localizado

na Cisjordânia, também permanecem relevantes. Os israelenses controlam cerca de 80%

desse aquífero, e os palestinos, assim como outros países, reivindicam uma redistribuição

mais equitativa da água. Já houve um acordo em 1994 entre Jordânia e Israel a respeito de

uma cooperação na utilização dos recursos hídricos, principalmente no Rio Jordão, o que

evidencia mais uma vez que os problemas na região não envolvem apenas israelenses e

palestinos.

Ainda, a região do Oriente Médio em si possui uma forte concentração populacional,

e os recursos naturais são escassos para tanta gente. Pode-se dizer que tanto pela falta de

recursos quanto pela distribuição desigual dos mesmos que essa questão torna-se tão

central e de difícil solução. Mais ainda, a presença de grupos extremistas de ambos os lados

dificulta, e muito, a implementação de um eventual acordo que venha a surgir. É o caso do

Hamas e Fatah, do lado palestino, que se recusam a reconhecer a existência de Israel, e o

dos fundamentalistas judeus, de outro lado, que enfatizam a supremacia judaica, e o direito

de Israel se estabelecer com as atuais fronteiras – o que muitos países árabes não aceitam.

Logo, ainda existem muitos problemas a serem resolvidos, que não dependem apenas da

boa vontade das autoridades, mas principalmente do consentimento de todas as partes. A

tarefa dos delegados da Conferência de Paz da ONU é procurar obter um acordo que possa

ser durável, e considere todos esses empecilhos, principalmente garantir que as colônias

habitacionais na Cisjordânia sejam retiradas.

5 POSIÇÃO DOS PRINCIPAIS ATORES

5. 1 Egito

Nos anos 50, o país considerava Israel como um dos maiores inimigos, sobretudo

com a ocupação de parte de seu território após a Guerra de 1967. Contudo, o amainar da

Guerra Fria e o decréscimo da renda geopolítica do não alinhamento, somados ao poderio

crescente do vizinho Israel fizeram com que a oposição frontal fosse abandonada em nome

do pragmatismo responsável. Em meados dos anos 70, a assinatura dos acordos de Camp

David selou a nova fase da política externa egípcia, em que reconheciam o Estado de Israel.

Atualmente, o país tem sido externamente bem sucedido em sua Política Externa em

relação ao conflito, mantendo boas relações com os dois lados no conflito. O Egito é visto

por Israel como fundamental em qualquer negociação desde o final da Guerra Fria e pode

ser também considerado um aliado chave dos Estados Unidos nesta região (COHN-

SHERBOK, 2005).

5.2 Emirados Árabes Unidos

O país assume claramente uma postura de apoio à Autoridade Nacional Palestina, e

consequentemente à causa palestina. Na visão do governo, o processo de paz deve se

basear no Plano de paz proposto pelos países árabes, que restringe o reconhecimento de

Israel à retirada dos territórios que o mesmo ocupou na Guerra de 1967. Mais ainda, os

Emirados Árabes insistem no direito de retorno dos refugiados, e na criação de um Estado

palestino cuja capital seja Jerusalém. O país defende um futuro para a região sem a

presença de visões extremistas, em que a diferença seja respeitada e tolerada, permitindo o

desenvolvimento econômico (FREEDMAN, 2005).

5.3 Estados Unidos da América

Os Estados Unidos são tidos como donos de um papel fundamental na resolução do

conflito, sobretudo por ser uma das potências mundiais. O país visa manter uma postura

relativamente neutra no conflito, mas é do conhecimento de todos os “laços de amizade”

que o país possui com Israel há décadas. Apesar de não reconhecerem a anexação de

Jerusalém Ocidental ocorrida depois da Guerra dos Seis Dias (1967) e nem considerarem

Jerusalém como a capital de Israel, os EUA fornecem uma enorme quantidade de ajuda

militar a Israel, o maior aliado dos estadunidenses na região, que acaba sendo a ponte para

que os mesmos possam exercer influência no Oriente Médio. A proposta de criação de um

Estado palestino por parte dos EUA ocorreu explicitamente somente no governo de George

W. Bush, mas é histórica a tentativa de resolução do conflito por parte do país. Ainda,

afirmam que Israel tem o direito à autodefesa, e em inúmeras ocasiões deixaram claro que o

Estado judaico tem o apoio permanente dos EUA. Contudo, após o 11 de setembro de 2011,

o país procurou uma aproximação com os países árabes, e por isso tem despendido tantos

esforços na busca de uma resolução efetiva para a paz (FREEDMAN, 2005).

5.4 Rússia

A Federação Russa tem desempenhado, juntamente com os EUA e União Europeia,

um papel ativo em busca da paz na região. Assim como muitos outros países, a Rússia tem

“chamado” a comunidade internacional para tomar medidas rápidas que possam solucionar

o conflito. Na visão do governo é preciso a obtenção de um acordo de paz efetivo, justo e

durável, baseado na construção de dois Estados que possam conviver lado a lado. O

governo russo também defende o fim do uso da força, e a utilização de mecanismos

diplomáticos para que se possa chegar a um acordo que prevê reconhecimento mútuo e

respeito aos acordos e obrigações estipulados (FREEDMAN, 2005).

5.5 Israel

O governo de Israel falou pela primeira, em 2009, na possibilidade de construção de

um Estado palestino, mas que se daria em etapas, e com muitas ressalvas. Isso abre

grandes possibilidades para o processo de paz, mas não elimina os problemas centrais. Ou

seja, os israelenses querem que todos os países árabes reconheçam Israel como um

Estado judeu, e cerca de 60% da população – o que inclui o atual governo – se recusa a

dividir Jerusalém. Mais ainda, o governo vive “escapando” das pressões que sofrem a

respeito da questão da expansão dos assentamentos, afirmando que não irão construir

novos assentamentos, mas que é impossível impedir que os atuais cresçam. Outro ponto

que os israelenses enfatizam é que qualquer acordo de paz que venha a exigir deve

necessariamente assegurar a segurança de Israel, e isso implica no fim de atividades

terroristas por parte dos palestinos (SILVA, 2002).

5.6 Jordânia

A estabilidade nas relações árabe-israelenses é um dos eixos fundamentais da

política externa jordaniana. O Reino da Jordânia é um aliado dos Estados Unidos, o que o

faz estabelecer uma relação de paz com Israel. Este país foi o segundo a manter relações

diplomáticas com Israel, depois do Egito. O país se mostra disposto a promover o processo

de paz árabe-israelense, mas ressalva que Israel tem que decidir se quer ser no futuro uma

fortaleza ou se comprometer com o mundo árabe e muçulmano. Uma das maiores

preocupações do país é com os extremistas, que ameaçam uma solução efetiva, e

aparecem em número cada vez mais enquanto a situação não é resolvida (COHN-

SHERBOK, 2005).

5.7 Líbano

Desde a criação do Estado de Israel, o Líbano tem sido um dos países mais afetados

pelos conflitos da região. Já em 1949, 100 milhares de palestinos se instauraram na região

sul do país. Mais ainda, Israel já invadiu o Sul do Líbano duas vezes (em 1982 e em 2006),

alegando que terroristas e militantes estariam usando o território libanês para atacar Israel.

Tais eventos produzem uma rivalidade histórica entre os dois países, e o Líbano não

reconhece a existência de Israel. Um dos maiores problemas que o país tem que enfrentar

e, portanto, busca resolver, é a questão dos refugiados palestinos que vivem em seu

território. Grande República Socialista Popular da Líbia Árabe (COHN-SHERBOK, 2005).

5.7 Líbia

A Líbia consiste em um país árabe que se situa no norte da África. O país apoia a

criação de dois Estados, o que deve ser apoiado pela comunidade internacional, e cujo

papel da União Europeia se faz central. O Departamento de Estado dos EUA acusou o país

de financiar grupos terroristas, apesar de reconhecer a diminuição dessas práticas na

década de 90, período em que a Líbia passou a ter uma posição mais moderada em relação

a Israel. Ou seja, o país aceita reconhecer Israel sob algumas circunstâncias, e a primeira

delas é a criação de um Estado palestino (COHN-SHERBOK, 2005)

5.8 Síria

A Síria é considerada por Israel como parte do “Eixo do Mal”, o que coloca algum

entrave na relação entre os países. Contudo, a Síria declarou recentemente que é possível

o estabelecimento de um acordo de paz com Israel, mas que a relação entre esses dois

países só poderá ser normalizada quando o conflito com os palestinos for resolvido, pois

teme que, uma vez feito um acordo de paz entre ambos, os israelenses “deixem de lado” a

questão dos palestinos. Assim, para um acordo de paz efetivo, os sírios querem a devolução

das Colinas de Golã, e uma solução para os aproximadamente 500 mil refugiados palestinos

que vivem no país (COHN-SHERBOK, 2005).

5.9 Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados Palestinos

Consiste em uma agência que fornece serviços de saúde, educação e sociais aos

milhões de refugiados palestinos no Oriente Médio. A Agência afirma que não procura se

envolver politicamente nas discussões do conflito, nem quanto ao futuro dos refugiados. O

que a mesma procura enfatizar, no entanto, é o direito que os refugiados possuem de serem

protegidos, e considera uma obrigação da comunidade internacional uma solução que possa

garantir melhor qualidade de vida a essas pessoas, e a consideração de seus interesses

(SAID, 2012).

5.10 Anistia Internacional

Consiste em um movimento global integrado por pessoas, em sua maioria

voluntários, que trabalham para que os direitos humanos sejam respeitados em todo o

mundo, possuindo mais de 2.2 milhões de membros e colaboradores em mais de 150

países e regiões e coordena esse apoio para agir por justiça em vários temas. Em junho de

2007, a Anistia Internacional (AI) divulgou um relatório condenando a construção do muro da

Cisjordânia, que segundo a Organização gerou abusos aos direitos humanos. Mais ainda, a

organização divulgou, em março de 2009, que Israel havia usado bombas de fósforo branco

em ataques contra civis na Faixa de Gaza no início do ano. Segundo a Anistia Internacional,

é preciso que os EUA suspendam a multimilionária ajuda militar que fornece a Israel.

(FREEDMAN, 2005)

5.11 Autoridade Nacional Palestina

Houve, nos últimos anos, um forte movimento com vistas à expansão das relações

exteriores daquilo que poderia ser chamado de “governo da Palestina”. Contudo, ainda

existem questões de desacordo entre israelenses e palestinos quanto a um futuro processo

de paz. Um dos pontos que atrasa as negociações é o reconhecimento de Israel como

Estado judaico, pois a ANP teme que tal fato poderia impedir o retorno de refugiados

palestinos. Mais ainda, o presidente da ANP, Mahmoud Abbas, declarou que somente

reconheceria um Estado de Israel nas fronteiras antes da Guerra de 1967. A situação de

Jerusalém também trava as negociações, pois os palestinos exigem no mínimo que

Jerusalém Oriental venha a ser a capital de um futuro Estado, enquanto muitos, tanto

israelenses quanto palestinos, consideram Jerusalém indivisível. Ainda, outro fator que

agrava as negociações é a existência de grupos extremistas, como Fatah e Hamas, que

podem não aceitar acordos estabelecidos (SAID, 2012).

5.12 Human Rights Watch

A Human Rights Watch é uma ONG americana que, assim como a Anistia

Internacional, é crítica da política de Israel. A Human Rights Watch alega que o exército

israelense utiliza palestinos como “escudos” durante operações militares, e é

expressamente crítica da construção do Muro da Cisjordânia. Contudo, a organização não

se posiciona frente a nenhum país, apenas luta para que os direitos humanos dentro do

conflito sejam respeitados, ajudando, assim, a não torná-lo mais dramático, perigoso e

violento (FREEDMAN, 2005).

REFERÊNCIAS

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Tabela de demanda das representações

Na tabela a seguir cada representação do comitê é classificada quanto ao nível de

demanda que será exigido do delegado, numa escala de 1 a 3. Notem que não se trata de

uma classificação de importância ou nível de dificuldade, mas do quanto cada

representação será demandada a participar dos debates neste comitê. Esperamos que

essa relação sirva para auxiliar as delegações na alocação de seus membros, priorizando a

participação de delegados mais experientes nos comitês em que a representação do colégio

for mais demandada.

Legenda

Representações pontualmente demandadas a tomar

parte nas discussões

Representações medianamente demandadas a tomar

parte nas discussões

Representações frequentemente demandadas a tomar

parte nas discussões

REPRESENTAÇÃO DEMANDA

1. Afeganistão

2. África do Sul

3. Alemanha

4. Arábia Saudita

5. Argélia

6. Argentina

7. Austrália

8. Áustria

9. Azerbaijão

10. Bangladesh

11. Bahrein

12. Bélgica

13. Bolívia

14. Brasil

15. Canadá

16. Catar

17. Chile

18. China

19. Chipre

20. Comores

21. Colômbia

22. Coreia do Norte

23. Coreia do Sul

24. Cuba

25. Djibuti

26. Egito

27. Emirados Árabes

28. Equador

29. Eritreia

30. Espanha

31. Estados Unidos

32. França

33. Iêmen

34. Índia

35. Irã

36. Iraque

37. Irlanda

38. Israel

39. Itália

40. Japão

41. Jordânia

42. Kuwait

43. Líbano

44. Líbia

45. Marrocos

46. Mauritânia

47. México

48. Nigéria

49. Noruega

50. Nova Zelândia

51. Omã

52. Paquistão

53. Países Baixos

54. Peru

55. Polônia

56. Portugal

57. Reino Unido

58. Rússia

59. Síria

60. Somália

61. Sudão

62. Suécia

63. Suíça

64. Tunísia

65. Turquia

66. Uruguai

67. Venezuela

68. ANURP

69. Anistia Internacional

70. Aut. Nacional Palestina

71. Cruz Vermelha

72. Human Rights Watch

73. Médicos sem Fronteiras

74. PNUD

75. Santa Sé

76. Primal Times

ANEXOS

Fonte: http://www.theclinic.cl/2012/11/16/mapa-asi-ha-avanzado-israel-en-

territorio-palestino-desde-1947/.