Conflito Aparente de Normas 2012.1

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DIREITO PENAL I UNIDADE

III DA APLICAO DA LEI PENAL

CONFLITO APARENTE DE NORMAS

Conflito aparente de normas

Conceito:

a situao que ocorre quando ao mesmo fato parecem ser aplicveis duas ou mais normas, formando um conflito apenas aparente entre elas. Guilherme de Souza Nucci.

Segundo Guilherme de Souza Nucci, tendo em vista que o conflito entre normas penais apenas aparente, convm conhecer os critrios que permitem solucion-los. So, fundamentalmente, cinco: A) critrio da sucessividade; B) critrio da especialidade; C) critrio da subsidiariedade; D) critrio da absoro(consuno) E) critrio da alternatividade.

Expe Mirabete que a doutrina tem fixado quatro princpios para resolver o conflito aparente de normas: A) Princpio da especialidade; B) Princpio da subsidiariedade; C) Princpio da absoro(consuno) D) Princpio da alternatividade.

Critrio da Sucessividade (Guilherme de Souza Nucci)

Se houver perodo de tempo separando duas ou mais normas aplicveis ao mesmo fato, e sempre prefervel a lei posterior.

SUCESSIVIDADE Lei 1Lei 2Prevalece a lei mais recente, quando possuir idntico contedo

ESPECIALIDADE

Considera-se especial uma norma penal, em relao a outra geral, quando rene todos os elementos desta, acrescidos de mais alguns, denominados especializantes. Cezar Roberto Bitencourt.

ESPECIALIDADELei Geral Lei EspecialSeu texto contm elementos particularizantes, tornando o tipo penal de maior extenso

Exemplo:Norma Geral Art. 121 Matar algum (Homicdio simples)

Norma EspecialArt. 123 Matar, sob a influncia do estado puerperal, o prprio filho, durante o parto ou logo aps (Infanticdio)

SUBSIDIARIEDADE

O princpio da subsidiariedade consiste na anulao da lei subsidiria pela principal. Aplicase a norma subsidiria, que uma espcie de tipo de reserva, apenas quando inexiste no fato alguma dos elementos do tipo geral. Mirabete. Subsidiariedade expressa. Exemplo: Art. 132 do CP. Subsidiaridade tcita.

SUBSIDIARIEDADE = UM TIPO contm outros (s)Exemplifica Nucci:Norma continente Extorso mediante Sequestro (art. 159)

Norma contedo e continente Sequestro e crcere privado ( art. 148) { subsidiariedade implcita}

Norma meramente contedo Subtrao de incapaz (art. 249){subsidiariedade explcita} (se o fato no constitui elemento de outro crime)

CONSUNO OU ABSORO

De acordo com o princpio da consuno, ou da absoro, o fato mais amplo e grave consome, absorve os demais fatos menos amplos e graves, os quais atuam como meio normal de preparao ou execuo daquele, ou ainda como seu mero exaurimento. Cleber Masson

CONSUNO (OU ABSORO) =contm outro(s)

Crime fim: Art. 171, caput Crime meio: Falsificao do documento Arts. 297 a 299Nota: Segundo Nucci a diferena fundamental entre a subsidiariedade e a consuno concentrase no fato de que, na primeira hiptese, o tipo penal em abstrato possui elementos que indicam conter outro (ou outros); na segunda hiptese, o tipo no contm outro, mas o fato materializado demonstra que um crime serviu para outro ser atingido. Acrescenta Nucci que no exemplo dado, o estelionato no contm, sempre, a falsidade, mas concretamente, esta pode ter sido a infrao penal utilizada para fazer o agente atingir outra, seu real objetivo. Por isso, o crime-fim deve absorver o crime-meio.

Hipteses em que se aplica o princpio da consuno Crime complexo a modalidade que resulta da fuso de dois ou mais crimes, que passam a desempenhar a funo de elementares ou circunstncias daquele, tal como se d no roubo, originrio da unio entre os delitos de furto e ameaa ou ainda leses corporais, dependendo do meio de execuo empregado pelo agente. Cleber MassonCrime progressivo: Unidade de elemento subjetivo desde do incio h apenas uma vontade. Pluralidade de atos(atos e no fatos) Crescentes violaes ao bem jurdico protegido. Progresso criminosa: - progresso criminosa em sentido estrito Pluralidade de elementos subjetivos Pluralidade de fatos Crescentes violaes ao bem jurdico Fatos impunveis

DIFERENA ENTRE SUBSIDIARIEDADE ECONSUNO

A diferena fundamental entre a subsidiariedade e a consuno concentra-se no fato de que, na primeira hiptese, o tipo penal em abstrato possui elementos que indicam conter outro (ou outros); na segunda hiptese, o tipo no contm outro, mas o fato materializado demonstra que um crime serviu para outro ser atingido. No exemplo dado, o estelionato no contm, sempre, a falsidade, mas concretamente, esta pode ter sido a infrao penal utilizada para fazer o agente atingir outra, seu real objetivo. Por isso, o crime-fim deve absorver o crime-meio.Guilherme de Souza Nucci.

Segundo Cleber Masson: Na regra da subsidiariedade, em funo do fato concreto praticado, comparam-se as leis para saber qual a aplicvel. Por seu turno, na consuno, sem buscar auxlio nas leis, comparam-se os fatos, apurando-se que o mais amplo, completo e grave consome os demais. O fato principal absorve o acessrio, sobrando apenas a lei que o disciplina.

ALTERNATIVIDADE

Segundo Mirabete: O princpio da alternatividade indica que o agente s ser punido por uma das modalidades inscritas nos chamados crimes de ao mltipla, embora possa praticar duas os mais condutas do esmo tipo penal. Exemplificando: se instigar algum ao suicdio e, em seguida, auxiliar a vtima na prtica do ato, o agente somente responder por instigao ou auxlio, e no pelas duas condutas. Outro exemplo: Art. 33 da Lei de drogas Lei n 11.343/06

BIBLIOGRAFIA

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