Conflitos regionais no mundo contemporneo

Conflitos regionais no mundo contemporneo

Estima-se que a humanidade tenha convivido com ao menos 500 guerras e conflitos sociais de grandes propores nos ltimos trs sculos. As mais devastadoras aconteceram ao longo do sculo 20: a Primeira Guerra Mundial (19141918)deixou um saldo de 13 milhes de vtimas fatais, enquanto a Segunda (19391945) matou mais de 60 milhes de pessoas.

Alm do efeito devastador, a guerra deixa um saldo negativo para a vida social de um pas, com a destruio de cidades inteiras, edificaes, infraestruturas e recursos naturais disponveis no territrio.

Milhes de pessoas passam a viver como refugiados ou deslocados. Dados do Alto Comissariado das Naes Unidas para Refugiados (Acnur) indicam que, no fim de 2009, eram 43 milhes de pessoas nessa condio. Desse total, quase a metade era formada por afegos e iraquianosroda de conversasobre os conflitos existentes no mundo atual:

Por que eles ocorrem? Qual a natureza predominante?

O que tem movido sociedades e governos a investirem em confrontos armados que podem durar dcadas?

Como classificar as aes de grupos e organizaes ligados ao terror nos dias de hoje?Por que algumas guerras mobilizam lideranas, a opinio pblica mundial e as mdias, enquanto outros conflitos no tm a mesma ateno?

Qual a relao entre regimes polticos opressores e ocorrncia de conflitos sangrentos e guerras civis?

Conflitos regionais atuaisA grande maioria dos conflitos internos ocorrem no Oriente Mdio e na frica. H novas guerras em potencial: no Imen, na Sria e na Lbia. Para os pesquisadores alemes, a violncia na Europa est concentrada no Cucaso. Naquela regio existem atualmente 19 conflitos e uma guerra delimitada.

Houve reduo no nmero de conflitos no mundo atual. Eles so residuais em regies como o continente americano e a Europa. Um exemplo notvel, que nos toca diretamente: no fim dos anos 1980, Brasil e Argentina deixaram de lado suas rivalidades histricas, abandonando os respectivos programas nucleares e adotando um regime de cooperao no mbito do Mercosul. De outro lado, os conflitos ocorrem ainda em grande nmero na frica e na sia.

A maior parte dos conflitos atuais acontece no interior de cada territrio ou em determinadas regies:

guerras civis (como a que varreu Muammar Khadafi do poder na Lbia, em 2011), movimentos nacionalistas, separatistas e autonomistas (no Cucaso, por exemplo) ou confrontos entre grupos em disputa pelo poder poltico ou por diferenas tnicas ou religiosas (Iraque, Somlia, Sudo/Sudo do Sul, curdos no Oriente Mdio, entre outros).

As populaes do Afeganisto e do Iraque ainda lutam para reconstruir seus pases e retomar a vida normal.A maior diversidade de conflitos impe a necessidade de rever conceitos tradicionais de guerra e paz em vigor nos ltimos sculos.

As instabilidades polticas abrem terreno para aes de grupos ligados ao terror. So organizaes transnacionais que atuam em redes geogrficas e utilizam fraes de territrios para suas bases de operaes. Um exemplo conhecido o da Al Qaeda, com aes e partidrios em diferentes pases e autora dos atentados s Torres Gmeas deNova York, entre outros, em 2001.Portanto, j no estamos diante de embates tradicionais entre exrcitos regulares nacionais, o que solicita das lideranasmundiais e de organizaes como a ONU novos modos de atuar na mediao de conflitos.Instabilidades, mortes e violncia tambm ocorrem em funo da associao de grupos polticos com organizaes das redes e circuitos ilegais (como o trfico de drogas).Muitos conflitos contemporneos so alimentados por um movimentado comrcio de armas, que tm a indstria blica depases ricos e de algumas ex-repblicas soviticas como carro-chefe.Os maiores vendedores de armas so, pela ordem:

Estados Unidos, Reino Unido, Rssia e Frana. Entre os principais compradores esto:

Arbia Saudita, ndia, China,Israel e Egito.

Do norte da frica ao Oriente Mdio, uma nova gerao armada com celulares, redes sociais e muita determinao luta pela posse de seu futuro. [...]

Em dezembro de 2010, na Tunsia, um vendedor de frutas de 26 anos, humilhado pelos achaques de policiais e por um Estado corrupto e conivente, ateou fogo em si mesmo. Um vdeo feito com celular mostrando os protestos com ambulantes foi postado no Facebook. A rede Al Jazeera, do Catar, transmitiu o vdeo. Os protestos na Tunsia recrudesceram. Mohamed Bouazi (11.12.10) e +338 vtimas

Em janeiro de 2011, o presidente da Tunsia, no poder havia 23 anos, fugiu. Em um ms, o presidente do Egito desde 1981 tambm caiu. foi o estopim para outras revoltas [como a que derrubou Khadafi, na Lbia].

DESAFIO1. A Sria uma terra antiga, moldada ao longo de milnios pelo comrcio e pelas migraes. [...] O regime dos Assad no se mantm no poder h quase 40 anos com medidas tolerantes. Ele conseguiu sobreviver em uma regio violenta [com] astcia poltica e aproximao interesseira com naes mais poderosas como Unio Sovitica e agora o Ir. As relaes com os Estados Unidos, raramente boas, tornaram-se ainda mais difceis aps a invaso do Iraque em 2003. [...] Hafez Assad [pai de Bashar, presidente atual] articulou em 1970 um golpe de Estado para chegar ao poder. Era inclemente com seus inimigos, sobretudo com a Irmandade Muulmana Sria. [...] No fim da dcada de 1970, ela promoveu uma srie de atentados. Hafez ordenou bombardeios em redutos dos militantes. Milhares de pessoas morreram ou foram detidas, torturadas e abandonadas em prises.O texto contribui para explicar por qu, diante das intensas revoltas populares no mundo rabe-muulmano ao longo de 2011,o governo srio:(A) A exemplo de outras ditaduras chefiadas por militares ou monarcas na regio, vem reprimindo fortemente as manifestaespopulares em seu pas.(B) Pressionado por potncias ocidentais, realizou eleies gerais e procurou garantir o direito livre manifestao dos cidadosdo pas.(C) Confirmando sua tradio democrtica, vem apoiando grupos islmicos e movimentos populares contra ditaduras naLbia, no Imen e em Barein.(D) Como aliado histrico do Ocidente na regio, adotou posio de neutralidade diante dos conflitos no norte da frica e nogolfo Prsico.

Resposta: alternativa A

2.Quando os britnicos se retiraram em meados da dcada de 1950, no admira que a regio fosse engolfada por uma guerra civil. Os rebeldes combateram as tropas do governo federal durante os anos 1960, e 500 mil pessoas perderam a vida antes que os dois lados interrompessem as hostilidades, em 1972. [...] Com a ecloso da segunda guerra civil, em 1983, surgiu um novo grupo rebelde. Anos de carnificina se seguiram e foram encerrados em 2005, com a assinatura do Acordo de Paz Global. [...]Nas regies em que rabes e negros haviam, ao longo da histria, disputado terras de pastagem, agora lutavam pelo petrleo reservas de at 3 bilhes de barris em uma zona fronteiria, [...] h tempos uma rea de confronto entre tribos e cls.

Os episdios descritos esto diretamente relacionados a:(A) Guerra civil, opondo tropas do governo da Lbia; os grupos revoltosos derrubaram Muammar Kadhafi, havia 40 anos no poder.(B) Lutas entre milcias na Somlia, tendo como desfecho a criao da Somalilndia, provncia separatista no norte do pas.(C) Combates entre as tropas do governo comunista de Angola e a guerrilha pr-ocidental, com a vitria final das primeiras.(D) Conflitos histricos entre grupos do norte e do sul do Sudo, em que um referendo aprovou a criao do Sudo do Sul,em 2011.Resposta: alternativa D

3.Trs mulheres a presidente da Libria, Ellen Johnson Sirleaf, a ativista Leymah Gbowee, tambm liberiana, e a jornalista e militante antigoverno Tawakul Karman, do Imen foram agraciadas com o Prmio Nobel da Paz em 2011. Ellen Sirleaf foi eleita a primeira mulher chefe de Estado de um pas africano. Leymah Gbowee notabilizou-se por fundar um movimento pacifista que ajudou a encerrar a guerra civil na Libria; e Tawakul Karman tornou-se conhecida por organizar manifestaes e acampamentos contra o governo de seu pas desde 2007.Considerando os dados acima, conclui-se que a premiao:(A) Pe em xeque as prticas utilizadas por organizaes sociais com base no ativismo feminino.(B) Evidencia a ausncia das mulheres em movimentos que esto mudando a vida poltica dos pases.(C) Reconhece a participao das mulheres na luta pela paz e na conquista dos direitos humanos.(D) Acaba reforando a criao de preconceitos e esteretipos que atentam contra a condio feminina.

Resposta: alternativa C

As unidades militares dos Estados Unidos instaladas no Afeganisto distriburam panfletos com tirinhas, como esta abaixo, populao local. Para quem no fala o idioma pashtum, uma pergunta complexa pode ser resumida em poucas imagens: Essa forma de comunicao surge no Afeganisto em um contexto marcado pela:(A) Aceitao da populao presena de tropas de ocupao no pas.(B) Interveno externa no pas e aes ligadas chamada guerra contra o terror.(C) Proibio do comrcio de armas e do trfico de drogas, sobretudo do pio, no pas.(D) Assinatura de acordos de paz e estabilidade das instituies polticas do pas.Essa forma de comunicao surge no Afeganisto em um contexto marcado pela:(A) Aceitao da populao presena de tropas de ocupao no pas.(B) Interveno externa no pas e aes ligadas chamada guerra contra o terror.(C) Proibio do comrcio de armas e do trfico de drogas, sobretudo do pio, no pas.(D) Assinatura de acordos de paz e estabilidade das instituies polticas do pas.