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Confraria da Chanfana 3350 Vila Nova de Poiares Portugal Tel: 239 423 360 Fax: 239 429 399 E-mail: [email protected] www.confrariadachanfana.pt Confraria da Chanfana Usanças Vila Nova de Poiares - 2007

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Confraria da Chanfana 3350 Vila Nova de Poiares Portugal

Tel: 239 423 360 Fax: 239 429 399 E-mail: [email protected]

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Vila Nova de Poiares - 2007

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Vila Nova de Poiares - 2007

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Confraria da Chanfana

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Mensagem final Do significado de USANÇA, pôr algo em uso ou em prática,

retirámos o mote para elaborar uma pequena brochura. Para além de constituir um guia indispensável, para qualquer

confrade exemplar, traz também à nossa memória colectiva, como “soi” dizer-se, alguns dos hábitos e dos costumes velhos da nossa terra.

As artes e os ofícios tradicionais, os usos tão bem retratados pelos inúmeros exemplos da arte popular e a gastronomia com a sua variedade e a riqueza indescritível dos sabores, são apenas alguns exemplos que enriquecem a nossa memória colectiva.

A Chanfana é o exemplo de uma verdadeira Marca, de contornos nacionais que importa preservar, reconhecer e elevar à sua verdadeira dimensão.

Esta Confraria tem dado passos muito seguros, nesse processo de construção, com a convicção de que o seu trabalho de pesquisa, de intervenção e de alguma ousadia será um contributo a ter em conta na defesa da Gastronomia enquanto Património Nacional.

A Mordomo-Mor

Maria Madalena Carrito

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Apresentação Trazer ao conhecimento de todos os Confrades os Usos e os

Costumes da nossa Confraria é um dever da nossa instituição que, desde a primeira hora, assumiu a sua função cultural e pedagógica.

As Confrarias representam hoje, no seu conjunto, a identidade das populações e as práticas que nos tornam todos diferentes, mas a fazer parte dum universo onde o respeito e a democracia são fundamentais.

Ao egoísmo e à indiferença devemos contrapôr a solidariedade e o humanismo como valores de afirmação cívica e moral lançando as bases duma sociedade mais justa e mais aberta para as gerações vindouras.

A Confraria da Chanfana orgulha-se da sua terra, das suas gentes, dos seus Usos e Costumes e por tudo isso tudo fará para preservar um património histórico, social, cultural e gastronómico onde as raízes e os sentimentos falarão sempre mais fundo.

O Juiz da Confraria

Jaime Carlos Marta Soares

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V - Normas Gerais Compete à Assembleia Geral (Grande Banquete)

deliberar sobre a alteração das usanças. A mordomia pode, no estrito cumprimento dos princípios

da Confraria, desenvolver uma série de iniciativas e realizações que levará posteriormente a ractificação de Assembleia Geral.

Aos confrades que abandonaram ou foram excluídos da Confraria fica terminantemente vedado o uso do traje ou insígnias da confraria.

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5.Alocuções No início do Grande Capítulo o Mordomo-Mor procederá à

abertura da cerimónia e fará uma breve alocução sobre assuntos de interesse para as confrarias.

O Grande Capítulo será encerrado perlo Juiz que igualmente fará uma reflexão sobre a cerimónia, expressará os agradecimentos em nome da Confraria da Chanfana e dissertará sobre temas da actualidade deste movimento associativo.

«Era um cidadão tipo circense. Usava a espada para desafiar os agregados dos burgos, mostra-lhe sua habilidade, como se fosse um brioso cavalgador a serviço de algum rei ou príncipe. Luta com eles para mostrar que é mais hábil, e com isso ganhar o respeito e a sobrevivência, com mostras de competência na arte de manipular a chanfana, na circunvizinhança dos castelos. Campeava pelos campos das terras dominadas pelos grandes latifundiários do momento, que se reuniam numa fraternidade autodenominada Cavaleiros da Távola Redonda…sob o comando de rei Artur.»

Miguel de Cervantes O Cavaleiro da Triste Figura

«… Preside o neto da rainha Ginga À corja vil, aduladora, insana. Traz sujo moça amostras de chanfana, em copos desiguais se esgota a pinga…»

Bocage Neto da Rainha Ginga

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«Comprada em asqueroso matadoiro Sanguinosa forçura, quente e inteira, E cortada por gorda taverneira Cujo cachaço adorna um cordão de oiro; Cabeças de alho com vinagre, e loiro, E alguns carvões que saltam da fogueira; Fervendo tudo em vasta frigideira C’os indigestos fígados do toiro; Suavíssimo cheiro, o qual augura Grato manjar, mas que por causa justa Dá um sabor que nem o demo o atura; Isto é chanfana, e sei quanto ela custa; Deu-me o berço, dar-me-ei a sepultura, A não valer-me a vossa mão augusta.»

Nicolau Tolentito Obras completas

«…E quando, por salvar a pátria em risco, Os velhos se ajuntavam, quantas vezes O cheiro do alho enchia a antiga cúria, O pórtico sombrio, Onde vencidos reis o chão beijavam; Quantas, deixando em meio o mal cozida, A sem sabor chanfana, iam de salto A conquista do mundo!»

Machado de Assis Falenas

Entram os caçoilos que os candidatos provam.

O Juiz da Confraria pergunta: Como está a Chanfana?

Os candidatos respondem: Excelente! Então o Juiz dirige-se a cada um e bate com a vara sobre os

ombros, passando assim a aceita-los como confrades. Considero-te (nome) ______________ como confrade desta

confraria O Mordomo-Mor com o apoio dos restantes confrades

procede à entrega do Medalhão e do Diploma. No final, os novos confrades e os confrades ajudantes

retiram-se. Passa-se então á entronização dos confrades de honra que

é feito individualmente. O Mordomo-Mor inicia a sua apresentação fazendo uma

leitura do currículo, que deve ser proporcionar alguns juízos de valor sobre a personalidade.

Para cada um, procede-se ao cerimonial completo de leitura do juramento, perguntas/respostas, prova e entrega do medalhão e diploma.

4-Lembranças Fazendo jus à arte de bem receber com cortesia e

autenticidade, os membros da confraria oferecem às confrarias presentes, aos novos confrades e às entidades presentes, pequenas lembranças da confraria e do Município de Vila Nova de Poiares.

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IV – Grande Capítulo 1- Calendário

A realização do Grande Capítulo decorre no segundo fim-de-semana do mês de Setembro, em simultâneo com a Feira de Artesanato e Mostra de Gastronomia de Vila Nova de Poiares.

2- Simbologia No Grande Capitulo realiza-se a entronização de novos

confrades, sendo considerado o Acto Maior da Confraria, no qual devem participar todos os confrades efectivos e de honra admitidos até essa data.

Por isso, a sua realização deve ser rodeada do maior cuidado, com a elevação, a dignidade e o prestígio que se pretende para a Chanfana.

3- Entronização Trata-se do momento solene e inicia-se com a chamada dos

candidatos a confrades efectivos, fazendo o Mordomo-Mor uma breve apresentação desses elementos.

Em conjunto lêem o juramento.

De seguida o Juiz da confraria pergunta: O que quereis agora?

Os candidatos respondem: Comer a Chanfana

«Querem ir cear ao Isidro? Ele hoje há de ter chanfana fresca»

Alberto Pimentel O lôbo da Madragoa

(…) do caldo de couves faz manjar, do azeite uma tibornada, da lá churra um cobertor de papá e da carne de cabra uma chanfana de endoidecer … com tigelada no fim (…)

Miguel Torga Portugal

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O regulamento interno da Confraria da Chanfana, aqui com

a designação de Usanças, é o documento de base pelo qual se orienta a actividade desta Confraria e dos seus membros – os confrades, ao nível da sua organização interna e da sua representação em todos os eventos. Aqui aparecem explicitadas algumas normas não constantes dos Confrades perante a Confraria da Chanfana.

Autónomas da Madeira e dos Açores ou ao Estrangeiro. Em caso de impossibilidade por parte de qualquer Confrade, em participar num evento para que está destacado, deverá antecipadamente efectuar a troca com outro elemento, informando apenas a Direcção dessa alteração. 2.5 Os Confrades que no cômputo de dois anos tiverem uma participação inferior a quatro eventos: 2.5.1 Podem compensar as faltas no ano seguinte participando em dois eventos além dos que lhe estão atribuídos normalmente. 2.5.2 No caso de incumprimento da ponto anterior depositarão no início do ano seguinte uma caução de cento e cinquenta euros para faltas eventuais. Cada falta seguinte equivale a cinquenta euros e depois de esgotada a verba, esta será reposta no valor do montante inicial. 3. Confrades de Honra

Os confrades de honra podem ser pessoas ou entidades singulares ou colectivas que, de forma significativa, tenham contribuído, ou possam vir a contribuir para a divulgação, prestígio e dignificação da Chanfana, da gastronomia regional e da gastronomia de Vila Nova de Poiares.

Pode ainda ser conferida esta distinção a quem, pelo seu prestígio pessoal ou elevadas funções que exerce, mereça ostentar o Medalhão da Confraria.

Os confrades de honra poderão ser propostos pelo Juiz da confraria ou pela Direcção.

A sua admissão deve merecer preferencialmente a concordância unânime da Assembleia Geral (Grande Banquete) ou por maioria qualificada de dois terços.

Os confrades de honra usam exclusivamente o Medalhão, que lhes é oferecido pela Confraria no dia da entronização. Ficam isentos do pagamento da jóia e das quotas.

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III - Os Confrades 1. Norma genérica

Estabelecem as Usanças que os Confrades Efectivos à data da realização do 1º Grande Capítulo adoptam a qualificação suplementar de fundadores. 2. Confrades Efectivos

2.1 Os candidatos a confrades efectivos devem ser pessoas ligadas a Vila Nova de Poiares ou a qualquer um dos concelhos com tradição da Chanfana, desde que tenham já demonstrado publicamente o gosto e o interesse pela cultura gastronómica, nomeadamente pela chanfana.

2.2 A apresentaçõo do candidato deverá ser efectuada pelos confrades proponentes que, no entanto, não devem manifestar publicamente ou ao candidato, nenhuma posição concordante, até à realização da Assembleia Geral (Grande Banquete).

O confrade proponente, de acordo com o artigo 8º dos Estatutos apresenta ao Mordomo-Mor a proposta de admissão, que deverá merecer decisão maioritária da Direcção. Posteriormente deverá a proposta ser sufragada em Assembleia Geral (Grande Banquete) e preferencialmente, os confrades admitidos devem obter a unanimidade dos presentes. Excepcionalmente podem ser aceites as propostas que obtenham pelos menos três quartos dos votos expressos.

2.3 Os candidatos admitidos pagarão uma jóia de admissão e a quota anual, devendo proceder igualmente à aquisição do traje e das insígnias antes da cerimónia. 2.4 Os Confrades Efectivos ficam responsáveis pela representação da Confraria em pelo menos quatro eventos anuais, devendo um deles respeitar a deslocação às Regiões

I - Símbolos e Insígnias 1. Traje

Consiste num manto preto com sobrecapa grená, de acordo com a simbologia que estas cores representam e num tecido confortável e leve que se adapta às várias estações do ano. O grená, cor das labaredas que crepitam nos fornos de lenha e do vinho carrascão utilizado no tempero; o preto, a cor da fuligem e dos caçoilos onde se confecciona a chanfana.

O chapéu com as mesmas cores, simboliza os chapéus dos camponeses, gentes simples do campo.

Compete à Mordomia indicar a ocasião em que os Confrades devem usar o traje da Confraria e os confrades comprometem-se a respeitar cabalmente as indicações sobre o uso do traje.

Por socilitação dos Confrades e com a devida antecedência, poderão ser autorizados a usar o traje da confraria em determinadas ocasiões.

2. Medalhão

O Medalhão em bronze suspenso por um escapulário em preto e grená com o logotipo contendo um forno de lenha, caçoilos de barro preto e a cabeça de uma cabra, símbolo de uma pastorícia que outrora se traduziu na actividade dominante.

O Medalhão deve ser sempre usado, em quaisquer situações em que os membros da Confraria estejam envolvidos.

3. Vara Pertence exclusivamente ao Juiz da Confraria e ao Mordomo-Mor. É em preto, com o logotipo pintado, em cima, e usa-se para presidir a todas as manifestações públicas da Confraria. É o elemento identificativo da autoridade.

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Nas autorizações a vara toca sobre os ombros dos candidatos enquanto o Juiz procede às intervenções deste cerimonial. Nota: atendendo a que o traje e os símbolos da confraria são peças fundamentais e com alto significado devem os Confrades respeitar e usar adequadamente estas insígnias. A quem o não fizer serão aplicadas as seguintes multas:

- 5 euros, paga no momento, sempre que um Confrade compareça às reuniões e outros eventos sem escapulário. - 10 euros, paga no momento, sempre que um Confrade compareça aos Capítulos sem o Traje completo.

II - Elementos de referência 1. Estandarte

Em forma de escudo e em tecido cetim cor de vinho, debruado por um cordão de ouro e da mesma cor com pendão. Ao centro os ícones da Confraria. O forno bordado a ouro, os caçoilos a negro e a cabeça da cabra em círculo negro. Lê-se Confraria da Chanfana Vila Nova de Poiares Portugal. A lança é em prata com suporte ao alto em cruz. 2. Juramento

Juro em consciência e honra defender pública e solenemente em qualquer momento ou lugar, a Chanfana, defender as suas virtudes, salientar a sua nobreza e promovê-la enquanto símbolo ancestral e tradicional das nossas gentes; Juro ainda, exigir a sua confecção com carne de cabra, vinho tinto de qualidade em caçoilos de barro preto, fornos tradicionais e elevá-lo ao mais alto grau que o seu delicioso e inesquecível sabor lhe confere; Juro, por último, manter uma relação de fraternidade, amizade e respeito entre todos os confrades desta ordem, com vista à defesa das tradições, costumes e produtos da nossa terra, de Vila Nova de Poiares.

3. Diploma

É atribuído aos novos confrades, no dia da sua entronização.

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