76
Revista da Ordem dos Médicos Dentistas Nacional Reforma do Licenciamento de Clínicas e Consultórios Dentários pág. 5 Eleições OMD 2009 pág. 18 cadernoscientíficos Páginas Centrais ISSN: 1647-0486 número 4 | 10,00 Novembro 2009 trimestral Congresso 2009 Palco de oportunidades

Congresso 2009 Palco de oportunidades · Médicos dentistas em Inglaterra Lisboa recebe com um Sorriso o XVIII Congresso da OMD Leopoldina chega a 55 mil crianças ... ADSE e abertura

  • Upload
    lamnhi

  • View
    216

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Congresso 2009 Palco de oportunidades · Médicos dentistas em Inglaterra Lisboa recebe com um Sorriso o XVIII Congresso da OMD Leopoldina chega a 55 mil crianças ... ADSE e abertura

Rev i s ta da Ordem dos Médicos Den t i s tas

NacionalReforma do Licenciamentode Clínicas e Consultórios Dentáriospág. 5

Eleições OMD 2009pág. 18

cadernoscientíficosPáginas Centrais

ISSN

:164

7-04

86

número 4 | €10,00Novembro 2009

trimestral

Congresso 2009

Palco deoportunidades

Page 2: Congresso 2009 Palco de oportunidades · Médicos dentistas em Inglaterra Lisboa recebe com um Sorriso o XVIII Congresso da OMD Leopoldina chega a 55 mil crianças ... ADSE e abertura
Page 3: Congresso 2009 Palco de oportunidades · Médicos dentistas em Inglaterra Lisboa recebe com um Sorriso o XVIII Congresso da OMD Leopoldina chega a 55 mil crianças ... ADSE e abertura

índice I ficha técnica

3

índice

institucional I bastonárioEditorial

nacional I ordemReforma do Licenciamento de Clínicase Consultórios Dentários

Ilegal duplamente condenado em Tribunal

Reguladora abriu inquérito à ADSE

Dia Mundial da Saúde Oral

Médicos dentistas em Inglaterra

Lisboa recebe com um Sorrisoo XVIII Congresso da OMD

Leopoldina chega a 55 mil crianças

Farmácias educam para a saúde oral

Eleições OMD 2009

nacional I saúde oralMedicina dentária gratuitapara mais desfavorecidos

internacional I europaBisfosfonatos e o riscode osteonecrose da mandíbula

Informação do Mercado Interno

internacional I globalBastonário eleito presidenteda Federação Dentária Internacional

Saúde oral não pode esperar

Acção da FDA sobre Amálgama Dentária

internacional I lusofoniaCooperação para a saúde nos PALOP

geral I opiniãoCarta aberta aos meus colegas

Um desafio emergente

A crise de hoje ou a esperança de amanhã

lazer I parcerias I carasA bordo da fragata de guerra francesa Jeanne d’Arc

Médico dentista eleito deputado

Estética em medicina dentária

Fidelize os seus pacientes com música

Ordem e CGD actualizam cooperação financeira

Imponência de um charme milenar

cadernos científicos | destacávelArtigos assinados e de opinião remetem para as posições dos respectivos autores, não reflectindo, necessariamente, as posições oficiais e de consenso da OMD.Anúncios a cursos não implicam directa ou indirectamente a acreditação científica do seu conteúdo pela Ordem dos Médicos Dentistas, a qual segue os trâmites

dos termos regulamentares internos em vigor.

omd I Novembro 2009

FICHATÉCNICAAno I – nº 4 – Novembro de 2009Trimestral

Preço:€10,00

Propriedade e EdiçãoOrdem dos Médicos Dentistas

DirecçãoDirector:Orlando Monteiro da SilvaDirector-adjunto:João Braga

Conselho EditorialBastonário da OMDPresidente da Assembleia Geralda OMDPresidente do Conselho Deontológicoe de Disciplina da OMDPresidente do ConselhoDirectivo da OMDPresidente do ConselhoFiscal da OMD

Conselho CientíficoPresidente: Pedro LeitãoAntónio GinjeiraGil AlcoforadoJoão Carlos RamosPedro Correia

Sede e RedacçãoAv. Dr. Antunes Guimarães, 4634100-080 Porto, PortugalTelefone: +351 226 197 [email protected]

RedacçãoOrdem dos Médicos DentistasChefe de redacção:Cristina GonçalvesRedacção: Carlos Duarte

PublicidadeInédia – Consultoria e Estratégiade Comunicação, LdaRua 25 de Abril, 35 – 1º2665-201-Malveira, PortugalTel.: 217 718 [email protected]

Edição GráficaInédia – Consultoria e Estratégiade Comunicação, Lda

PaginaçãoFullDesign, Lda.

ImpressãoSogapal

Periodicidade: Trimestral

Distribuição: Gratuita

Tiragem: 10.000 exemplares

Depósito Legal: 285 271/08

ISSN: 1647-0486

Page 4: Congresso 2009 Palco de oportunidades · Médicos dentistas em Inglaterra Lisboa recebe com um Sorriso o XVIII Congresso da OMD Leopoldina chega a 55 mil crianças ... ADSE e abertura

institucional I bastonário

4

Estimados colegas,urante 2009 a Ordem dos Médicos Dentistastrabalhou inúmeros dossiers, mas hoje gostavade destacar-vos dois de extrema importância

nos quais estamos actualmente a trabalhar.São a reforma do licenciamento de clínicas econsultórios dentários (ver artigo na página 5) e, coma recente tomada de posse do novo Governo, aagenda para a medicina dentária que o País anseiaver implementada.A criação do novo regime de licenciamento dasunidades privadas de saúde, aprovado a seis deOutubro, surge como um reconhecimento doincessante trabalho que a Ordem desenvolve desde2001 para dotar a classe e a população de umalegislação justa para todos, através de uma normalegal prática e simplificada.Quanto ao segundo dossier, relativo ao novoGoverno, neste momento já temos uma audiênciamarcada com o Ministério da Saúde para acordar oalargamento do Programa Nacional de Promoção daSaúde Oral, mais conhecido por “cheque-dentista”, atodas as crianças dos quatro aos 16 anos e tambéma cidadãos diabéticos.Perante o Governo, seremos também o porta-vozdos médicos dentistas na necessidade dosresponsáveis políticos avançarem para umaactualização dos actuais valores envolvidos noprograma “cheque-dentista”.

Esta dinâmica de alargamento do “cheque-dentista”é acompanhada por um permanente esforço deaperfeiçoamento do programa actual. Por isso,levaremos ao Ministério da Saúde a necessidade deligar a aplicação informática do “cheque-dentista” aoscentros de saúde, de evitar os atrasos de pagamentoe a correcção de alguns problemas informáticos doactual sistema informático. A redefinição dos actosmédico dentários a prestar pelos médicos dentistas éuma das medidas em agenda.Conselho Europeu dos Médicos DentistasA nível europeu, termino dentro de dias o meumandato como presidente do Council of EuropeanDentists (CED) - Conselho Europeu dos MédicosDentistas.Gostava de referir-vos, de forma esquemática, algunsdos resultados práticos alcançados nestes últimosanos pela actividade de lobby do CED:O reconhecimento automático do título de MédicoDentista e de Médico Dentista Especialista emOrtodontia e em Cirurgia Oral em toda a Europa.Revisão e alterações à Directiva sobre DispositivosMédicos – O relacionamento com técnicos deprótese: regime de repartição de responsabilidades eobrigações.Aprovação de Resoluções sobre Amálgama Dentária(Maio 2007), Branqueamento Dentário (Maio 2007),sobre o Perfil do Médico Dentista do Futuro -conjugação dos saberes tradicionais com as novasformas de exercício e as novas tecnologias(Novembro 2007) e ainda aprovada a Resolução sobreSegurança do Paciente (Maio 2008).Foi produzido e adoptado o Código de Controlo daInfecção - Resolução do CED sobre descontamina-ção, limpeza, desinfecção, esterilização, gestão deresíduos e vários procedimentos de higiene (Maio2009).Foi adoptada uma resolução sobre as competênciasnecessárias para a prática da Medicina Dentária naUnião Europeia (Maio 2009).Acredito que todo este trabalho valeu a pena e que foidado um contributo de grande importância parauma profissão melhor regulada e com melhor qua-lidade na Europa e, consequentemente, em Portugal.Para a frente é o caminho! ■

Com os melhores cumprimentos,

O BastonárioOrlando Monteiro da Silva

D

omd I Novembro 2009

Page 5: Congresso 2009 Palco de oportunidades · Médicos dentistas em Inglaterra Lisboa recebe com um Sorriso o XVIII Congresso da OMD Leopoldina chega a 55 mil crianças ... ADSE e abertura

nacional I ordem

5omd I Novembro 2009

Desde 2001 que é conhecido o trabalho incessante daOrdem para dotar a Classe e a população de umalegislação justa para todos, através de uma normalegal prática e simplificada do licenciamento dasclínicas e dos consultórios de medicina dentária.Os resultados efectivos dessa prática são hoje visíveise traduzidos, em letra de lei, pela criação do novoregime de licenciamento das unidades privadas desaúde, aprovado pelo Decreto-Lei nº 279/2009, de seisde Outubro.É público que a OMD nunca cruzou os braços desdeos primórdios da publicação do famigerado Decreto--Lei nº 233/2001, de 25 de Agosto, sobejamenteconhecido pelas fortes tomadas de posição públicasda Ordem contra um regime desajustado eimpraticável, que não podia sobreviver sem a con-cordância dos médicos dentistas, dada a necessidadede justiça e de adequação de práticas que sempre sereivindicou para a Classe.Esta luta, com afinco, não esqueceu a defesa dosinteresses fundamentais da saúde pública, que sempreforam encarados como intentos de qualidade, e quesão dignos e desejáveis de alcançar na abertura e nofuncionamento de clínicas e consultórios, a par dosmelhores níveis de prestação de cuidados de saúde naEuropa.Mas, em paralelo de tão nobres fins, foi visível apreocupação da OMD relativamente à criação deuma nova lei que pudesse, de forma efectiva, sercumprida por todos. Em especial, atendendo ao factodos milhares de espaços há largos anos emfuncionamento merecerem um tratamento pon-derado, circunstanciado, com respeito pelo históricode criação de cada um e pelas possibilidades reais deadaptação de cada profissional, sem encurralar osvisados nas teias de normas impossíveis de cumprir,pela sua passada intransigência, pela elevadaburocracia, por todo um desajuste à realidade do dia-a-dia dos médicos dentistas.Uma Lei que criasse de igual forma mecanismosadicionais de actuação das autoridades de saúde nocombate ao exercício ilegal e aos prevaricadores.Este é o momento em que a Ordem alcança aconcretização da base legal pela qual lutou.A vontade política e institucional encontraram-se,finalmente, criando o regime simplificado de

Reforma do Licenciamentode Clínicas e Consultórios Dentários

licenciamento para algumas unidades de saúdeque são eleitas no diploma. As clínicas e osconsultórios de medicina dentária são abrangidospor este sistema simplificado de licenciamento.Refira-se,ainda,queestenovodiplomaconstituiabaselegal que será aplicada a todas as unidades de saúde dosector privado, não se refere apenas à medicinadentária. No entanto, contempla as chamadas“tipologias” de unidades de saúde, que são diversas, ecujosregimessectoriaisserãodesenvolvidosnofuturo,com o formato de portarias específicas aprovadas noprazo de 90 dias para cada área.Otroncocomumestácriadoe,destafeita,oMinistérioda Saúde acolheu os contributos dos parceirosinstitucionaiscomoaOMD.Ésabidoque,desde2006,a Ordem construiu, expôs, alertou e defendeu asmelhores soluções para um novo regime junto doMinistério, alicerçadas nas consultas públicas dentroda Classe. Todo o histórico desta viragem pode, aliás,serconsultadonosmúltiploscomunicados,exposições,pareceres ou propostas que foram sendo divulgadaspela OMD e que originaram uma participação activade contributos e opiniões.Em linhas gerais, que naturalmente não dispensam ointeresse e o rigor da leitura do diploma no seu todo,aqui fica o resumo dos principais aspectos que seconsidera afortunadamente alcançados na novareforma do licenciamento das unidades privadas de

Criação do novoregime delicenciamento dasunidades privadasde saúde, aprovadopelo Decreto-Leinº 279/2009,de 6 de Outubro

Page 6: Congresso 2009 Palco de oportunidades · Médicos dentistas em Inglaterra Lisboa recebe com um Sorriso o XVIII Congresso da OMD Leopoldina chega a 55 mil crianças ... ADSE e abertura

omd I Novembro 20096

nacional I ordem

saúde (UPS), com enfoque especial na medicinadentária:• Criaçãodo procedimentosimplificado: as clínicase os consultórios dentários que estejam registadosjunto da Entidade Reguladora da Saúde consideram--se licenciados apenas preenchendo uma declaraçãoelectrónica, a qual poderão encontrar no site da ARScompetente ou da ERS, e na qual assumem ocompromisso pelo cumprimento dos requisitos defuncionamento aplicáveis à actividade a que sepropõem. Funciona, assim, como uma declaraçãode compromisso.• O recibo de entrega da declaração, desde queaceite pelos serviços, vale como licença.• Presume-se, pela positiva, o licenciamento de umaclínica, através da entrega da referida declaração,assente num princípio de confiança e de respon-sabilidade.• As policlínicas devem requerer apenas uma licençade funcionamento, desde que assumam ocompromisso de estarem cumpridos os requisitosda tipologia sujeita ao controlo mais exigente. A leipermite, também, que seja solicitado um licen-ciamento autónomo, para uma tipologia apenas,quando as restantes não cumpram com todos osrequisitos necessários.• Como princípio geral, a lei entende que as UPS estãosujeitas a vistoria e, assim, sempre que a vistoria exista,consagra-se uma fase transitória na qual aqueladeverá ocorrer nos 120 dias seguintes à entrega dopedido de licenciamento (ao que se seguirá o prazogeral de 30 dias). Porém, assegura-se que uma vistoriaé sempre previamente comunicada ao interessado,com a antecedência mínima de 10 dias sob a suarealização, e no final da vistoria é um dever dasAutoridades produzirem um relatório contendo asconclusões, os prazos para eventuais regularizações,e as reclamações do próprio vistoriado, o que agora setorna possível.• Outra novidade é apresentada, no caso de existirvistoria: face ao silêncio da ARS, passados 30 dias soba data da vistoria, consagra-se o deferimento tácito,donde se considera licenciada a UPS. Esta informaçãoé automaticamente informatizada para consulta geral.• Não existem taxas ou pagamentos adicionais noprocesso de licenciamento: uma vez que o Estadoentendeu que uma parte do montante recebido pelaERS a título da inscrição dos operadores de saúdereverte, agora, em parte, para a ARS, redistribuindointernamente a receita, sem que sejam onerados osprofissionais.• Dado que este diploma contém, por agora, apenase só, os dois regimes gerais de licenciamento, os

requisitos nele previstos e pelos quais osinteressados se responsabilizam, são, também poragora, gerais. Assim, refere-se a primazia daqualidade e da saúde pública, mas também e,sobretudo, um respeito pela deontologia das ordensprofissionais.• No futuro, cada tipologia de UPS terá de obedeceraos requisitos constantes da portaria sectorialrespectiva, que será aprovada no prazo máximo de90 dias desde a data de entrada em vigor do diploma.• Aliás, a letra do presente Decreto-Lei refereexpressamente que o mesmo “produz efeitos, paracada tipologia, com a publicação da portaria queaprove os respectivos requisitos técnicos”.• Outra importante alteração é o facto de a lei prevera possibilidade de todas unidades clínicas jáexistentes requererem a dispensa dos requisitosde funcionamento por motivos que tornemimpossível o seu cumprimento ou que torneminviável a continuidade do exercício profissional nolocal, para tal, basta que sejam asseguradas asegurança e a saúde dos doentes e de terceiros. AARS deve resolver estes pedidos dentro de 30 diasdesde a sua apresentação.• O diploma soluciona ainda os processos delicenciamento que estão pendentes à luz doanterior regime, no momento da entrada em vigordo diploma. Assim, os interessados podem escolherpela aplicação do novo regime legal à sua situaçãoem concreto, mediante requerimento para o efeito,dirigido à ARS competente.• As unidades que já se encontram licenciadasmantêm-se validamente a funcionar, desde quenão ocorram alterações relevantes na suaorganização, as quais serão comunicadas pelospróprios à ERS no prazo legal de 30 dias.• Por fim, as unidades não licenciadas, e cujopedido de licenciamento jamais foi desencadeado,dispõem do prazo de um ano, desde a data deentrada em vigor do diploma, para se adaptarem aoregime nele previsto.A Ordem aguarda num futuro breve, numa posturade pró-actividade, a publicação da portaria sectorialdas clínicas e dos consultórios dentários, sobre aqual também esforçadamente labora e através daqual o presente diploma alcançará a plena produçãodos efeitos pretendidos que aqui se expuseram.Continuarão os médicos dentistas a ser informadossobre qualquer desenvolvimento adicional a respeitodesta matéria. ■

Decreto Lei nº 279.2009 de 06.10 disponívelonline em: http://link.omd.pt/lic09

Este novo diplomaconstitui a base legal

que será aplicada atodas as unidades

de saúde do sectorprivado, não

se referindo apenasà medicina dentária

Page 7: Congresso 2009 Palco de oportunidades · Médicos dentistas em Inglaterra Lisboa recebe com um Sorriso o XVIII Congresso da OMD Leopoldina chega a 55 mil crianças ... ADSE e abertura
Page 8: Congresso 2009 Palco de oportunidades · Médicos dentistas em Inglaterra Lisboa recebe com um Sorriso o XVIII Congresso da OMD Leopoldina chega a 55 mil crianças ... ADSE e abertura

nacional I ordem

omd I Novembro 20098

Na senda do que tem sido um acérrimo combate aoexercício ilegal em Portugal, mais uma vez a Ordemdos Médicos Dentistas (OMD) denunciou econdenou em tribunal a prática ilegal da medicinadentária, através de uma “dupla conforme” por viadas duas sentenças que confirmaram a condenaçãode um ilegal, desde logo na primeira instância penal,e mais tarde em sede do recurso, que aquele veio aperder junto do Tribunal da Relação de Lisboa.O caso mais recente de violação do Estatuto daOMD, foi imputado a um cirurgião dentista –detentor de equivalência de diploma concedida porinstância universitária portuguesa – o qual, todavia,iniciou a prática da medicina dentária em Portugalnão se encontrando inscrito na Ordem dos MédicosDentistas.O participado, agora condenado pela prática decrime de usurpação de funções, de seu nome SténioGomes, realizava a sua actividade ilícita nas clínicas“Orthodente”, – dispersas pela região de Lisboa – eque foram também denunciadas e vistoriadas pelaOMD, em acção conjunta com as autoridades

Denúncia da OMD

Ilegal duplamente condenadoemTribunal

concelhias de saúde.Ora, a Lei portuguesa reclama condições concretaspara o exercício da profissão, as quais a OMDarguiu e provou nas instâncias judiciais. Éconhecido o enquadramento jurídico-penal dequem se arroga ser médico dentista sem estardevidamente inscrito na OMD: quem pratica actospróprios da medicina dentária sem prévia inscriçãona OMD pratica um crime grave de usurpação defunções p.p. pelo artigo 358º, al.b) do Código Penal.As duas sentenças públicas condenatórias, que nãomais admitem recurso, adiantam jurisprudênciaque vale a pena conhecer, pelo reconhecimentopúblico da importância do papel da ordemprofissional, do cumprimento das regras que estaemana e da consolidação da ideologia de auto-regulação da profissão médico-dentária.

“ (…) O enquadramento obrigatório do arguido naOrdem, dimana do seu estatuto de direito públicoque a obriga e legitima a prosseguir interesses denatureza pública e ao exercício de funçõesdeontológicas e poder disciplinar (…).” *

“ (…) Ora conforme vem indiciado, o arguido écirurgião dentista. Mas tal campo de ciência não é,por si, título suficiente em Portugal para exercer aMedicina Dentária (…).“*

“ (...) Acresce que, o arguido se dedicou ao exercícioda medicina dentária, que efectivamente exerceu,que sabia não poder exercer, e que por isso mesmoquis regularizar ou normalizar (…).“*

“ (…) Ora, ao arguido, para normalizar a suaactividade de cirurgião dentista em territórioportuguês, não lhe bastava oferecer correspondentetítulo académico de Universidade do seu País, ecorrespondente equivalência de habilitações ( videDL 283/83 de 21/06 e DL 358/84 de 13/11), mastambém a sua inscrição na OMD, por força do seuEstatuto(…). “ * ■

* Vide. Proc.nº 11112/04.1TDLSB.L1

O caso mais recentede violação do

Estatuto da OMDfoi imputado a umcirurgião dentista –

detentorde equivalência

de diplomaconcedida por

instância universitáriaportuguesa

Page 9: Congresso 2009 Palco de oportunidades · Médicos dentistas em Inglaterra Lisboa recebe com um Sorriso o XVIII Congresso da OMD Leopoldina chega a 55 mil crianças ... ADSE e abertura

nacional I ordem

omd I Novembro 20099

Após a Ordem dos Médicos Dentistas (OMD)reclamar, em Junho, a actualização da tabela daADSE e abertura a novos convencionados,estagnados desde 1992, a Entidade Reguladora daComunicação (ERS) abriu um processo deinquérito à actuação da ADSE.O Estado, funcionando aqui como operadorindirecto – através do papel principal de financiador,“coarta a liberdade de escolha dos utentes nalimitação à partida do campo de escolha que lhes édado”, defendeu o bastonário, Orlando Monteiro daSilva, na comunicação dirigida à ERS.Além disso, também “limita ferozmente aconcorrência entre os operadores que nãopodem, caso pretendam, aderir a um serviçopúblico de base”, acrescentou.Mesmo para os profissionais que foram incluídosnos primórdios desta iniciativa pública, querendo,não podem com liberdade alterar, por exemplo, olocal das instalações, sob pena de, medianterecusa da ADSE verem o contrato unila-teralmente rescindido, com base em argumentosde localização geográfica da realização decuidados.“Isto interfere flagrantemente com a concor-rência entre operadores, atingindo a liberdade deacção e de protecção dos utentes”, alertouOrlando Monteiro da Silva.Entende a OMD que a noção de ancestralidadeem saúde, uma saúde que funciona para quemestá instalado desde 1991 e para mais nenhumprestador depois desta data, é inviabilizadora doacesso universal e equitativo.Desde a mesma data de 1991 que os valores databela ADSE não cumprem sequer com osreferenciais mínimos da taxa de inflação. O valorrespectivo de honorários adequados à realizaçãodos actos médicos fica muito abaixo dos limiaresde base aceitáveis, de acordo com a evolução daeconomia. Dizer-se que a qualidade tem de serassegurada ou pode sê-lo a qualquer custodemonstra uma atitude negligente e irrealista.Acresce que os prestadores convencionados obri-gam-se ainda a prestar cuidados no âmbito davalência de actos de estomatologia/prótesesestomatológicas, alertou a OMD.Escusado será dizer que a profissão da medicina

Preços congelados há 17 anos

Reguladora abriu inquérito à ADSE

dentária está inequivocamente autonomizadanas leis nacionais e nas directivas comunitáriasface à estomatologia, correspondendo a cadauma reguladoras, ordens profissionais diferentes,cada uma constituindo braços distintos doEstado português. ■

Consulte o documento completo enviadopela OMD à Entidade Reguladora da

Comunicação em: http://link.omd.pt/r4adse.

Page 10: Congresso 2009 Palco de oportunidades · Médicos dentistas em Inglaterra Lisboa recebe com um Sorriso o XVIII Congresso da OMD Leopoldina chega a 55 mil crianças ... ADSE e abertura

nacional I ordem

omd I Novembro 200910

A Federação Dentária Internacional (FDI) celebrano dia 12 de Setembro de cada ano, o Dia Mundialda Saúde Oral, em homenagem ao aniversário doseu fundador, Charles Godon, bem como àrealização, em 1978, da International Conference onPrimary Health Care at Alma Ata, primeiro passopara a Organização Mundial da Saúde.Esta iniciativa tem por objectivo chamar a atençãodas comunidades de cada país para o tema, assimcomo para o impacto das doenças orais na saúde daspopulações.Em Portugal, desde 2005, o Programa Nacional dePromoção da Saúde Oral (PNPSO) alia a promoçãoda saúde nas crianças e jovens escolarizados até aos16 anos, à prestação de cuidados personalizados,numa parceria público privada, com competênciasclaramente definidas.Em 2008, foi efectuada a revisão do Programa, deforma a assegurar uma maior equidade de cuidados

de saúde oral, com base em procedimentossimplificados e orientados para a satisfação dasnecessidades de saúde nos grupos de maiorvulnerabilidade, garantindo um melhor acesso aosserviços e o aumento progressivo de pessoasbeneficiadas.Neste contexto, procedeu-se ao alargamento doPlano Nacional de Promoção da Saúde Oral, cominício a 1 de Março de 2008, passando a abrangermais dois grupos-alvo, nomeadamente as grávidase os beneficiários do Complemento Solidário paraIdosos, utentes do Serviço Nacional de Saúde.A operacionalização do alargamento da oferta deserviços é assegurada pela atribuição de cheques--dentista personalizados, os quais permitirão o acessoa cuidados preventivos e curativos prestados porprofissionais especializados, nomeadamente pormédicos dentistas nos seus consultórios privados,sendo assegurada a livre escolha ao utente através da

Programacheque-dentista conta

com 3135 médicosdentistas aderentes,

que exercemem 4714 locais

de prestaçãode cuidados

Iniciativa da OMD e Ministério da Saúde

Dia Mundial da Saúde Oral

Page 11: Congresso 2009 Palco de oportunidades · Médicos dentistas em Inglaterra Lisboa recebe com um Sorriso o XVIII Congresso da OMD Leopoldina chega a 55 mil crianças ... ADSE e abertura

nacional I ordem

omd I Novembro 200911

divulgação de uma lista pública de médicos aderentes,disponível em www.saudeoral.min-saude.pt e noscentros de saúde.Desde Março de 2008, aderiram ao Programa 3135médicos dentistas, que exercem a sua actividade em4 714 locais de prestação de cuidados.As mulheres grávidas utentes do SNS podem receberaté três cheques-dentista por gravidez, no valor globalde 120€. A execução dos tratamentos deve serconcluída até 60 dias após o parto. As pessoas idosaspodemreceberatédoischeques-dentista,porperíodode 12 meses, no valor global de 80 €.O 1º cheque é atribuído no centro de saúde pelomédico de família, sendo o 2º e o 3º emitido noconsultório do médico dentista aderente, de acordocom as necessidades de tratamento dos utentes.O Quadro I apresenta, para o período entre Maiode 2008 e 31 de Agosto de 2009, os indicadores deavaliação relativos à intervenção em grávidas eidosos.A partir de 2009 as crianças e jovens de sete, 10 e 13anos, grupos prioritários que frequentam as escolaspúblicas e IPSS, assim como as crianças com idadeinferior a sete anos (saúde infantil), começaram areceber cheques-dentista para tratamento de cáriesactivas ou de situações patológicas em dentestemporários.Entre o final de Março e 31 de Agosto de 2009entraram em Programa 219 014 jovens de sete, 10 e13 anos e 3 668 crianças com idade inferior a seteanos, no âmbito da saúde infantil.No mesmo período, 17 201 jovens livres de cáriesforam encaminhadas para consultas de higiene oralnos Centros de Saúde e 2 711 receberam cartainformativa para os encarregados de educação

Utentes abrangidos Cheques emitidos Cheques utilizados Taxa de utilizaçãoSO Grávidas 43 968 78 247 60 428 77,2%SO Pessoas Idosas 8 177 12 113 9 019 74,5%TOTAL 52 145 90 360 69 447 76,8%

• Quadro I

• Quadro II

referindo que atendendo à inexistência de dentesdefinitivos da respectiva coorte, o jovem receberá oseu cheque-dentista no próximo ano lectivo.O Quadro II apresenta os cheques-dentistaemitidos e utilizados durante esse período.O alargamento do Programa Nacional de Promoçãoda Saúde Oral assenta num sistema informáticorobusto e adaptado às necessidades de gestão doprocesso, que tem vindo a ser construído pelaUniversidade de Aveiro, em parceria com aDirecção-Geral da Saúde.Na presente data já foi iniciada a 4ª e última fase dedesenvolvimento do sistema de informação,destinada ao aperfeiçoamento e automatização dediversas funcionalidades, nomeadamente doprocesso de pagamento aos prestadores e daintercomunicação entre o médico de família e osmédicos prestadores de cuidados de saúde oral. ■

Cheques-dentista Cheques emitidos Cheques utilizados Taxa de actualizaçãoSO Crianças e Jovens 240 026 86 672 36,1%SO Saúde infantil 3 668 1 378 37,5%TOTAL 243 694 88 050 36,1%

Doc. Ref. Higienista Oral Referenciações emitidas Referenciações utilizadas Taxa de utilizaçãoSO Crianças e Jovens 17 201 2 708 15,7%

Page 12: Congresso 2009 Palco de oportunidades · Médicos dentistas em Inglaterra Lisboa recebe com um Sorriso o XVIII Congresso da OMD Leopoldina chega a 55 mil crianças ... ADSE e abertura

nacional I ordem

omd I Novembro 200912

Os médicos dentistas portugueses que exercemem Inglaterra reuniram-se em Londres, em Agosto,com o bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas,Orlando Monteiro da Silva, e a direcção da BritishDental Association, presidida por Susie Sanderson.Esta iniciativa pioneira serviu para esclarecer dúvidassobre o funcionamento do Serviço Nacional de

OMD promoveu encontro

Médicos dentistas em Inglaterra

Saúde inglês (NHS). Também foi explicado ofuncionamento da prática privada da medicinadentária em Inglaterra.O bastonário alertou para a elevada quantidade derecém-licenciados que chegam todos os anos aomercado de trabalho. “É naturalmente excessivo paraas necessidades actuais”, resumiu.Defendeu, por isso, mais planeamento para o sectorda medicina dentária, através da redução de vagasnas faculdades. “Estes médicos dentistas sãoobrigados a emigrar porque não encontramoportunidades de exercício profissional em Portugal”.O excesso de vagas nas faculdades provocaemigração forçada. Nos últimos três anos, 300médicos dentistas fixaram-se em Inglaterra.Em alternativa, o bastonário encorajou as faculdadese os médicos dentistas a apostarem mais no ensinopós-graduado como forma de diferenciação nomercado. ■

Reportagem e entrevista da RTP:http://link.omd.pt/r4uk

Médicos dentistas portugueses emigrados em Inglaterra participaram numa animada discussão.

Orlando Monteiro da Silvacom Susie Sanderson e Peter Ward,presidente e membro da AssociaçãoDentária Britânica, respectivamente.

Page 13: Congresso 2009 Palco de oportunidades · Médicos dentistas em Inglaterra Lisboa recebe com um Sorriso o XVIII Congresso da OMD Leopoldina chega a 55 mil crianças ... ADSE e abertura
Page 14: Congresso 2009 Palco de oportunidades · Médicos dentistas em Inglaterra Lisboa recebe com um Sorriso o XVIII Congresso da OMD Leopoldina chega a 55 mil crianças ... ADSE e abertura

nacional I ordem

14omd I Novembro 2009

Lisboa recebe com um Sorrisoo XVIII Congresso da OMD

A colega Natália Lucas Nunes é a presidente dacomissão organizadora de um congresso que esteano aposta na divulgação das novas tecnologias.“Cada vez mais, são verdadeiras aliadas no exercícioprofissional do médico dentista e na prestação deum serviço de excelência. Como tal, foi fundamentalincluir as novas tecnologias na grelha científica docongresso”, explicou.Isto justificou a criação da “Sala Novas Tecnologias”,onde serão abordadas as áreas da imagiologia, comMaurício Barriviera (Brasil), do laser, com FrancescoMartelli (Itália), da microscopia, com Cláudia Cia(Brasil) e da prótese, com João Paulo Tondela(Portugal) e André Correia (Portugal).Outro exemplo da importância da evoluçãotecnológica estará presente no curso para técnicosde prótese, a realizar no dia 6 de Novembro, que vaiincidir sobre o tema “novos scanners de leitura

A cidade de Lisboaserá novamente o

ponto de encontro detodos os profissionais

de saúde oral no XVIIICongresso da Ordem

dos Médicos Dentistas,que decorre entre 5

e 7 de Novembro noCentro de Congressos

de Lisboa.

óptica para sistemas CAD-CAM”.

Programa científico de primeira linhaO congresso da OMD é o maior evento médicorealizado em Portugal. Além de promover amedicina dentária portuguesa - com a intervençãode conferencistas nacionais de elevado nível,proporciona aos colegas o contacto compersonalidades internacionalmente reconhecidas.Este ano contará com 20 conferencistasestrangeiros, 33 nacionais e 126 apresentaçõescientíficas, das quais 19 correspondem acomunicações livres e 101 a posters.“Todas as áreas da medicina dentária serãocontempladas, mas a implantologia, a reabilitaçãooral, a oclusão, a endodontia, a estética e a dentisteriaserão, talvez, as que estarão em evidência noprograma deste ano”, avança Natália Lucas Nunes.

Page 15: Congresso 2009 Palco de oportunidades · Médicos dentistas em Inglaterra Lisboa recebe com um Sorriso o XVIII Congresso da OMD Leopoldina chega a 55 mil crianças ... ADSE e abertura

nacional I ordem

omd I Novembro 200915

Todos os caminhosvão dar à Expo-DentáriaA feira comercial Expo-Dentária decorre emsimultâneo com o Congresso. É a maior exposiçãode equipamentos e materiais dentários realizadaem Portugal. Na última edição realizada em Lisboa,em 2007, recebeu mais de 6200 visitantes.O formato de sucesso comprovado dos anosanteriores mantém-se na Expo-Dentária 2009. “É omaior evento da área e tem-se revelado um palcoprivilegiado para o estabelecimento de contactoscomerciais e de conhecimento das novidades daindústria”, afirma a presidente da comissãoorganizadora do Congresso.

Optimize os seus intervalos de almoçoO Congresso proporciona todas as condiçõesnecessárias para que os congressistas possamalmoçar no recinto do Centro de Congressos deLisboa, optimizando claramente o tempo de todosos participantes.Tem ao seu dispor dois locais para almoçar quepraticam preços muito aliciantes. Pode optar entreo restaurante buffet (12€) e o bar da Expo-Dentária(7€ máximo).

Natália Lucas Nunes, presidenteda comissão organizadorado XVIII Congressoda Ordem dos Médicos Dentistas

Sessões informativascheque-dentista...Sessões de esclarecimentodurante os três dias do Congresso

Durante o Congresso, vão decorrer sessõesde esclarecimento sobre o cheque-dentistanum stand junto à entrada da Expo--Dentária (em frente ao lounge da OMD).Na quinta e sexta-feira decorrer das 10h30às 12h00 e das 16h00 às 17h30, no sábadodas 10h00 às 13h00.Os interessados em esclarecer dúvidasreais sobre o funcionamento do cheque--dentista deverão munir-se dos respecti-vos casos para esclarecimento durante assessões informativas.

... e sobre o SIRAPADuas sessões diárias de 45 minutosA AmbiMed vai realizar sessões de escla-recimento sobre o Sirapa e gestão deresíduos durante o congresso da OMD.Serão organizadas duas sessões diárias,manhã (10h30) e tarde (15h00), no standda AmbiMed da Expo-Dentária. Prevê-se aduração de 45 minutos por sessão.Os participantes vão receber um exemplarda informação enviada anualmente pelaAmbiMed e cópias do “Guia de Utilizaçãodo Sirapa” e “Guia de Preenchimento doMIRR”. Um técnico da AmbiMed estaráainda disponível, durante todo o dia, paraesclarecer e exemplificar o preenchimentodo Sirapa.

Espaço certopara conviverA presidente da comissãoorganizadora não descurao aspecto social do con-gresso, que considera «essencial desenvolvere que deve ser uma missão da Ordem».Até porque Natália Lucas Nunes entende que o evento deve «ser acari-nhado por todos os colegas», a quem convida a «participaractivamente», pois acredita que o evento «é uma marca na medicinadentária portuguesa, com alto nível de qualidade e organização, comuma imagem muito dignificante e da qual todos se deverão orgulhar».Por isso, para promover o contacto e o convívio entre todos os partici-pantes do congresso, junto à entrada para a Expo-Dentária haverá umazona lounge de livre acesso, um espaço acolhedor, descontraído e ani-mado. Com uma decoração zen, um plasma, “puffs” coloridos, músicarelaxante e um café sempre à disposição, será o local ideal para um mo-mento de pausa e descontracção ou simplesmente de convívio.Faça uma pausa e relaxe!

Page 16: Congresso 2009 Palco de oportunidades · Médicos dentistas em Inglaterra Lisboa recebe com um Sorriso o XVIII Congresso da OMD Leopoldina chega a 55 mil crianças ... ADSE e abertura

nacional I ordem

16omd I Novembro 2009

Leopoldina chega a 55 mil crianças

Mais de 55 mil crianças de mil escolas do ensinobásico receberam em Outubro o DVD didáctico“Leopoldina,vamos crescer”, que instrui, entre outros,para os cuidados básicos de higiene oral.O DVD aborda ainda temas como a alimentaçãosaudável, exercício físico, higiene ou segurança.Concebido para ser utilizado pelos professores, comosuporte às aulas, ou pelas crianças, em família, o“Leopoldina, vamos crescer” pretende ajudar aenriquecer o actual plano curricular e disponibilizardiferentes materiais de aprendizagem para a sala deaula, mais interactivos e dinâmicos.A Ordem dos Médicos Dentistas prestou o apoioinstitucional ao projecto, a nível do desenvolvimentoe validação dos conteúdos relacionados com a saúdeoral.Oprojecto foidesenvolvidopeloshipermercadosContinenteporsolicitaçãodoAltoComissariadoparaa Saúde, com a cooperação da Direcção-Geral deInovação e de Desenvolvimento Curricular doMinistério da Educação. ■

O DVD abordaainda temas como

a alimentaçãosaudável, exercício

físico, higieneou segurança

Page 17: Congresso 2009 Palco de oportunidades · Médicos dentistas em Inglaterra Lisboa recebe com um Sorriso o XVIII Congresso da OMD Leopoldina chega a 55 mil crianças ... ADSE e abertura

nacional I ordem

Toda a informação sobre saúde oral que a AssociaçãoNacional de Farmácias (ANF) pretenda disseminarpelas farmácias portuguesas (farmacêuticos, técnicose utentes), passará a ser revista e aprovada pelaOrdem dos Médicos Dentistas (OMD).Esta medida resulta de uma parceria estabelecidaentre a OMD e ANF em Junho passado. Desde então,a OMD já colaborou na elaboração de um folhetoinformativo sobre a Saúde Oral no Idoso.Os utentes terão acesso a folhetos informativos,enquanto os farmacêuticos terão acesso adocumentação mais completa para que possamaconselhar o público. No futuro, esta colaboraçãopoderá estender-se à escola de formação defarmacêuticos, pertença da ANF. Os cursosministrados por esta escola, cada um limitado a 30alunos, poderão contar com médicos dentistassempre que o tema for relevante para a profissão. ■

Farmácias educam para a saúde oral

Espaço InformativoO espaço seguinte de informação na Revista OMD é dedicado às eleições da Ordem, nos termos da De-liberação de ratificação do Conselho Directivo e da informação à Comissão Eleitoral OMD- 2009, quea acolheu e contemplou em acta própria.

Cumprindo os princípios de igualdade de tratamento de todas as listas e de todos os candidatos às próx-imas eleições, foi atendida a razoabilidade e a adequação dos meios disponibilizados pela OMD. Aoabrigo do que se encontra previsto e notificado ao todos os interessados, “(…) a definição da ordem deentrada dos artigos na revista resulta da ordem de entrada de cada uma das Listas Candidatas, vali-dadas pela Comissão Eleitoral na sua reunião do próximo dia 2 de Outubro, agrupadas consoante osÓrgãos a que se candidatam (…)”.

Informamos ainda que a presente divulgação das candidaturas respeita o conteúdo redactorial e gráficorecebido e aqui reproduzido – texto e/ou imagens (fotos ou logótipos) –, o qual é da inteira iniciativa eresponsabilidade das mesmas.

Page 18: Congresso 2009 Palco de oportunidades · Médicos dentistas em Inglaterra Lisboa recebe com um Sorriso o XVIII Congresso da OMD Leopoldina chega a 55 mil crianças ... ADSE e abertura
Page 19: Congresso 2009 Palco de oportunidades · Médicos dentistas em Inglaterra Lisboa recebe com um Sorriso o XVIII Congresso da OMD Leopoldina chega a 55 mil crianças ... ADSE e abertura
Page 20: Congresso 2009 Palco de oportunidades · Médicos dentistas em Inglaterra Lisboa recebe com um Sorriso o XVIII Congresso da OMD Leopoldina chega a 55 mil crianças ... ADSE e abertura
Page 21: Congresso 2009 Palco de oportunidades · Médicos dentistas em Inglaterra Lisboa recebe com um Sorriso o XVIII Congresso da OMD Leopoldina chega a 55 mil crianças ... ADSE e abertura
Page 22: Congresso 2009 Palco de oportunidades · Médicos dentistas em Inglaterra Lisboa recebe com um Sorriso o XVIII Congresso da OMD Leopoldina chega a 55 mil crianças ... ADSE e abertura
Page 23: Congresso 2009 Palco de oportunidades · Médicos dentistas em Inglaterra Lisboa recebe com um Sorriso o XVIII Congresso da OMD Leopoldina chega a 55 mil crianças ... ADSE e abertura
Page 24: Congresso 2009 Palco de oportunidades · Médicos dentistas em Inglaterra Lisboa recebe com um Sorriso o XVIII Congresso da OMD Leopoldina chega a 55 mil crianças ... ADSE e abertura
Page 25: Congresso 2009 Palco de oportunidades · Médicos dentistas em Inglaterra Lisboa recebe com um Sorriso o XVIII Congresso da OMD Leopoldina chega a 55 mil crianças ... ADSE e abertura
Page 26: Congresso 2009 Palco de oportunidades · Médicos dentistas em Inglaterra Lisboa recebe com um Sorriso o XVIII Congresso da OMD Leopoldina chega a 55 mil crianças ... ADSE e abertura

CANDIDATURAAO CONSELHO DEONTOLÓGICO E DE DISCIPLINAD A O R D E M D O S M É D I C O S D E N T I S TA S

TRIÉNIO DE 2010-2012

LISTA A

Page 27: Congresso 2009 Palco de oportunidades · Médicos dentistas em Inglaterra Lisboa recebe com um Sorriso o XVIII Congresso da OMD Leopoldina chega a 55 mil crianças ... ADSE e abertura

Esta candidatura apresenta-se ao sufrágio dos Médicos Dentistas apoiada em linhas de força que es-truturam a Deontologia dos Médicos Dentistas como o conjunto das normas morais da profissão, desenvol-vendo-se como um, dos dois pilares fundamentais, da relação Médico Dentista – Doente, e que é, ogesto ético na actuação clínica, fundamental na conduta e na tomada de decisão do clínico peranteo doente, a par do gesto técnico-científico, formando assim, um corpo único, que se pode designar porboa prática clínica.

Por outro lado, as normas deontológicas não se esgotam nessa relação. A Ordem dos MédicosDentistas (OMD) representa todos os médicos dentistas, estabelecendo com a sociedade uma relaçãosocial que se deve pautar também como uma relação de confiança, transmitindo uma imagem e posturacom elevados padrões deontológicos.

Por outro lado ainda, a deontologia médica dentária, define a relação entre médicos dentistas, sempre,como uma relação de respeito, solidariedade e entreajuda inter-pares, em que todos gozam dosmesmos direitos e se obrigam aos mesmos deveres.

A ética e a deontologia não são áreas imutáveis e herméticas da nossa profissão, devendo acompa-nhar a evolução do pensamento quer ao nível da Classe, quer ao nível da sociedade. Assim a normadeontológica deve evoluir e acompanhar a norma jurídica. Enquanto subsidiária em sede de direitoconstituendo, deve a norma deontológica, depois, ser subsidiada pela norma jurídica.

Toma assim uma importância crucial, o acompanhamento da evolução e das novas disposições queforem sendo exaradas pelo Biodireito, e a adequação das normas deontológicas, tendo em contaestes contributos. Neste sentido, é ainda crucial acompanhar e promover as discussões e conclusõesdecorrentes da evolução do pensamento ético

PROGRAMA DE ACÇÃO

Page 28: Congresso 2009 Palco de oportunidades · Médicos dentistas em Inglaterra Lisboa recebe com um Sorriso o XVIII Congresso da OMD Leopoldina chega a 55 mil crianças ... ADSE e abertura

OBJECTIVO PRIMÁRIO

Elaborar uma proposta de revisão do Código Deontológico dos Médicos Dentistas, adequando-o às actuaisdisposições legais, particularmente no que diz respeito aos direitos dos doentes em relação à informaçãomédica, à confidencialidade de dados, ao consentimento informado e ao esclarecimento, sem deixar deincorporar as novas concepções éticas já expressas nas recentes actualizações de códigos de éticainternacionais, em particular do Código de Ética do Conselho dos Dentistas Europeus (CED).

OBJECTIVOS SECUNDÁRIOS

Identificar e propor resoluções para os conflitos de interesses que resultam da actividade profissional dosMédicos Dentistas, nomeadamente entre o médico dentista e o doente; entre médicos dentistas; entre o mé-dico dentista e a instituição que financia os tratamentos (companhias de seguros, empresas, etc.); entre odoente e a instituição que financia os tratamentos; entre o médico dentista e a OMD.

Aprofundamento e fundamentação da profissionalidade e do profissionalismo que caracteriza a MedicinaDentária (serviço público; exigência de saberes especializados e qualificados; dimensão ética e deontológica;autonomia de juízo e decisão; auto-regulação) e que a afasta de uma actividade mercantil.

Defesa intransigente da obrigação de meios que subjaz, maioritariamente, à actuação clínica do médicodentista, e não uma obrigação de resultados que introduz uma visão distorcida do acto médico-dentário.

Promover e apoiar acções de esclarecimento e formação sobre temas de ética e de deontologia.

CANDIDATAMO-NOS PORQUE

❑ Temos experiência.❑ Adquirimos competências e “saber-fazer”.❑ Temos propostas a apresentar aos Colegas.❑ Somos determinados na defesa da Deontologia dos Médicos Dentistas.

SÃO OBJECTIVOS DESTA CANDIDATURA

Page 29: Congresso 2009 Palco de oportunidades · Médicos dentistas em Inglaterra Lisboa recebe com um Sorriso o XVIII Congresso da OMD Leopoldina chega a 55 mil crianças ... ADSE e abertura

LISTA DE CANDIDATOS

João Aquino(836)

António Ginjeira(771)

Joana Figueiredo(2517)

José Felino Carvalhão(77)

José Frias Bulhosa(1035)

Luís Filipe Correia(361)

Tiago Mourão(169)

Paulo Miller(1036)

Sérgio Matos(1423)

Presidente

Vogais

Suplentes

Page 30: Congresso 2009 Palco de oportunidades · Médicos dentistas em Inglaterra Lisboa recebe com um Sorriso o XVIII Congresso da OMD Leopoldina chega a 55 mil crianças ... ADSE e abertura
Page 31: Congresso 2009 Palco de oportunidades · Médicos dentistas em Inglaterra Lisboa recebe com um Sorriso o XVIII Congresso da OMD Leopoldina chega a 55 mil crianças ... ADSE e abertura

nacional I saúde oral

Os munícipes mais desfavorecidos de Vila Real deSanto António passaram a beneficiar da prestação deserviços de medicina dentária gratuitos através doprojecto “VRSA a Sorrir”, lançado pela autarquialocal.Para acompanhar a iniciativa, o bastonário da Ordemdos Médicos Dentistas (OMD), Orlando Monteiroda Silva, deslocou-se em Outubro ao concelhoalgarvio e reuniu com o presidente da câmara de VilaReal de Santo António, Luís Gomes, e com osmédicos dentistas que aderiram ao projecto.O bastonário da OMD aplaudiu a iniciativa daCâmara de Vila Real de Santo António. “Este é umexemplo de como a colaboração entre médicosdentistas e autarquias poderá beneficiar a saúde doscidadãos”, afirmou.Em Setembro foi assinado o protocolo deconstituição do “VRSA a Sorrir” entre a autarquia eseis clínicas dentárias e médicos dentistas queestabelece o alargamento do apoio concedido aosestratos já beneficiados pelo programa do ServiçoNacional de Saúde, bem como para facultar o acessoa tratamentos aos munícipes carenciados nãoabrangidos pelo mesmo.A autarquia algarvia decidiu avançar para esteprotocolo, que implicou um investimento de 300 mileuros, devido às queixas e pedidos que mais de 800munícipes fizeram junto dos serviços camarários.Detectou-se que o Programa Nacional de Saúde Oralrevelou ser manifestamente insuficiente.“Insuficiente porque uma grande parte da populaçãoque é afectada por problemas dentários não se inserenos grupos definidos como beneficiários do mesmo.Insuficiente porque não cobre as necessidades totaisem saúde oral dos próprios beneficiários doPrograma do SNS. E insuficientes porque o processoé tão moroso e burocrático que levou ao abandonodo mesmo por parte de inúmeros médicos dentistas”,afirmou Luís Gomes.Como tal, está prevista a prestação de tratamentos aquatro grupos específicos de munícipes, cujorendimento per capita do agregado familiar sejainferior a 50% do rendimento mínimo nacional ouque sejam titulares dos cartões VRSA Social eFamília:

Vila Real de Santo António

Medicina dentária gratuitapara mais desfavorecidos

- Crianças dos três aos seis anos (exceptoos casos cujo diagnóstico permita beneficiardos apoios concedidos pelo Serviço Nacionalde Saúde);

- Crianças e jovens dos oito aos 15 anos(excepto crianças e jovens com 10 e 13 anosde idade, abrangidas pelos apoiosconcedidos pelo Serviço Nacional de Saúde);

- Pessoas com mais de 16 anos (exceptográvidas, abrangidas pelos apoiosconcedidos pelo Serviço Nacional de Saúde);

- Idosos com complemento solidário,na parte não comparticipada pelo ServiçoNacional de Saúde ou Segurança Social.

“Cada um destes grupos terá direito a um conjuntoespecífico de tratamentos, adequados às diferentesidades, totalmente comparticipados pela CâmaraMunicipal de Vila Real de Santo António.Ao contrário do Programa do SNS, ao abrigo desteprotocolo pretendemos resolver todos os problemasde saúde oral dos beneficiários. Não nos limitaremosa dar uma pequena ajuda, mas trataremos inte-gralmente os dentes dos beneficiários, garantindo asua saúde oral”, revelou Luís Gomes.Para o autarca, a complementaridade do programa“VRSA a Sorrir” com o programa de saúde oral doSNS, nomeadamente com o programa cheque--dentista, é uma necessidade fundamental. ■

omd I Novembro 200931

Page 32: Congresso 2009 Palco de oportunidades · Médicos dentistas em Inglaterra Lisboa recebe com um Sorriso o XVIII Congresso da OMD Leopoldina chega a 55 mil crianças ... ADSE e abertura

omd I Novembro 200932

internacional I europa

A Agência Europeia de Medicamentos completouuma revisão dos estudos sobre o risco deosteonecrose (morte do tecido ósseo) dos maxilaresassociada ao uso de bisfosfonatos. O Comité deProdutos Medicinais para Uso Humano (CHMP)concluiu que o risco de desenvolver osteonecrosedo(s) maxilar(es) é maior em doentes que foramsubmetidos a tratamento com este tipo de medica-mentos. No entanto, devem ser realizados maisestudos para melhor identificar os factores que au-mentam esse risco e quais as medidas para ominimizar.O estudo foi conduzido ao abrigo do procedimentodo “Artigo 5 (3)”1.

O que são bisfosfonatos?Bisfosfonatos são medicamentos usados para preve-nir e tratar problemas ósseos. Foram autorizados naUnião Europeia no início dos anos 90 para ahipercalcemia (níveis elevados de cálcio no sangue) epara a prevenção de problemas ósseos em doentescomcancro.Estãodisponíveisdesdemeadosdosanos90paraotratamentodaosteoporose(umadoençaquefragiliza os ossos) e para a doença de Paget (umadoençaqueenvolveocrescimentodosossoscausandodeformações). Os bisfosfonatos actuam inibindo aacção dos osteoclastos, células estas que estãoenvolvidas no processo de remodelação óssea.Existem diversas formas de apresentação de

Bisfosfonatos e o riscode osteonecrose da mandíbula

bisfosfonatos, entre eles o ácido alendrónico oualendronato, ácido clodrónico ou clodronato, ácidoetidrónico ou etidronato, ácido ibandrónico ouibandronato, ácido neridrónico, ácido pamidrónicoou pamidronato, ácido residrónico ou residronato,ácido tiludrónico ou tiludronato e ácido zoledrónicoou zoledronato. Estão disponíveis na União Europeia(UE) sob a forma de comprimidos e de soluçãoendovenosa e com vários nomes comerciais2.

Quais são as recomendações para doentes,médicos dentistas e prescritores?Antes de tomar quaisquer decisões relativas aotratamento com bisfosfonatos, os prescritores devemavaliar os riscos e os benefícios para cada doenteindividualmente.Os clínicos devem assegurar que os doentes comcancro visitam o seu médico dentista para consultasde rotina e para descobrir se necessitam de tra-tamento dentário antes de iniciarem a toma de umbisfosfonato. Devem, ainda, assegurar que os doentesque não têm cancro visitam o seu médico dentista sea sua saúde oral for fraca.Durante o tratamento com bisfosfonatos os doentesdevem manter uma boa higiene oral, efectuarconsultas regulares e reportar quaisquer sintomas nacavidade oral como por exemplo dentes commobilidade, dor ou edema.Durante o tratamento com bisfosfonatos os médicosdentistas devem procura executar tratamentosdentários o mais conservadores e menos ósseo--invasivos possível. É necessário que os clinicos,médicos dentistas e doentes trabalhem em conjuntopara gerir o risco de osteonecrose dos maxilares.Doentes que tenham quaisquer dúvidas oupreocupações devem falar com o seu médico oumédico dentista. ■

Tradução revista pelo médico dentista MiguelFraga Gomes, ao qual a OMD agradece.

Consulte a versão integral deste artigoem http://link.omd.pt/r4bis.

1 Artigo 5 (3) da Regulação (EC) 726/2004, opinião sobre assuntos científicos relativamente à avaliação de produtos medicinais para uso humano.2 Os bisfosfonatos centralmente autorizados são a Aclasta (ácido zoledrónico), Zometa (ácido zoledrónico), Bondenza (ácido ibandrónico), Bonviva (ácido ibandrónico),Bondronat (ácido ibandrónico), Adrovance (ácido alendrónico e vitamina D3) e Fosavance (ácido alendrónico e vitamina D3).

Page 33: Congresso 2009 Palco de oportunidades · Médicos dentistas em Inglaterra Lisboa recebe com um Sorriso o XVIII Congresso da OMD Leopoldina chega a 55 mil crianças ... ADSE e abertura
Page 34: Congresso 2009 Palco de oportunidades · Médicos dentistas em Inglaterra Lisboa recebe com um Sorriso o XVIII Congresso da OMD Leopoldina chega a 55 mil crianças ... ADSE e abertura

internacional I europa

omd I Novembro 200934

A Comissão Europeia criou um novo serviçodesignado Sistema de Informação do MercadoInterno (IMI).Para executar e assegurar o cumprimento das regrasdo Tratado da União Europeia, o IMI pretendemelhorar a comunicação entre as administraçõesdos 27 Estados-Membros e três países da EFTA.Este novo serviço consiste numa rede de informaçãoinformatizada acessível através da internetconcebida para facilitar a cooperação administrativaprevista em qualquer tipo de legislação relativa aoMercado Interno.Entre outras funções, o IMI põe-no em contactocom a entidade competente de outro país casoprecise de solicitar informações, faculta-lhe uma

Comissão Europeia

Informação do Mercado Interno

IMI pretende melhorara comunicação entre

as administraçõesdos Estados-Membros

série de modelos de perguntas e respostas játraduzidas para algumas línguas e disponibiliza umserviço de tradução automática de texto livre.No caso de ter realizado algum pedido a outraadministração local, o IMI segue os trâmites do seupedido e disponibiliza um coordenador regional elocal que intervirá em caso de necessidade.O IMI abrange actualmente 11 profissões: médicosdentistas, médicos, parteiras, enfermeiros, técnicosde radiologia, farmacêuticos, fisioterapeutas,veterinário, professores do Ensino Secundário,contabilistas e arquitectos. ■

Obtenha mais informações no site do IMI emhttp://link.omd.pt/imi.

Page 35: Congresso 2009 Palco de oportunidades · Médicos dentistas em Inglaterra Lisboa recebe com um Sorriso o XVIII Congresso da OMD Leopoldina chega a 55 mil crianças ... ADSE e abertura
Page 36: Congresso 2009 Palco de oportunidades · Médicos dentistas em Inglaterra Lisboa recebe com um Sorriso o XVIII Congresso da OMD Leopoldina chega a 55 mil crianças ... ADSE e abertura

internacional I global

omd I Novembro 200936

O bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas(OMD), Orlando Monteiro da Silva, foi eleito a 4 deSetembro, com a maioria dos votos, presidente-eleitoda Federação Dentária Internacional (FDI), durantea sua Assembleia-Geral que decorreu em Singapura.A FDI é a organização líder mundial, independentee autorizada, da medicina dentária. Fundada em

Bastonário eleito presidenteda Federação Dentária Internacional

Primeiro portuguêsa subir ao topo

da hierarquia mundialda medicina dentária

1900, em Paris, com sede em Genebra, contaactualmente com cerca de 200 instituiçõesassociadas de 134 países, representando mais de ummilhão de médicos dentistas de todo o mundo. Temrelações oficiais com a Organização Mundial deSaúde e a Organização das Nações Unidas.O bastonário da OMD, eleito com 57% dos votos,defrontou Tin Chun Wong, de Hong Kong, RE daChina (38%), e David Thomson, da Austrália (5%).É a primeira vez que um português ocupa o mais altocargo da medicina dentária a nível mundial. Tomaráposse como presidente no Congresso da FDI que serealizará na Cidade do México em 2011.A candidatura de Orlando Monteiro da Silva foiproposta pela OMD e apoiada pela SociedadePortuguesa de Estomatologia e Medicina Dentária,membros regulares de Portugal na FDI.Actualmente, o bastonário da OMD preside aoCouncil of European Dentists (CED) - estrutura queagrupa as organizações nacionais de medicinadentária de todos os países da União Europeia,terminando o seu mandato em Novembro. ■

O brasileiro Roberto Vianna, que tomou posse como presidente da FDI em Singapura,ao lado de Orlando Monteiro da Silva, presidente-eleito da FDI que tomará posse em 2010 na cidade do México.

Orlando Monteiro da Silva com membros da comitiva portuguesa:João Braga (ao centro), Secretário -Geral da OMD e National

Liaison Officer de Portugal na FDI; Pedro Pires (à esquerda), vogaldo Conselho Directivo da OMD e delegado de Portugal na FDI

Page 37: Congresso 2009 Palco de oportunidades · Médicos dentistas em Inglaterra Lisboa recebe com um Sorriso o XVIII Congresso da OMD Leopoldina chega a 55 mil crianças ... ADSE e abertura

Adiar a visita ao médico dentista não é solução e comportariscos para a saúde. Pelo contrário, os cidadãos devem deslocar--se aos consultórios médico-dentários para procederem aconsultas de manutenção e efectuarem os tratamentosaconselhados pelos profissionais qualificados.Esta é a mensagem que a Dental Trade Alliance (DTA), umaassociação sem fins lucrativos representativa de fabricantes,distribuidores e laboratórios de materiais dentários pretendepassar com o lançamento da campanha de sensibilização “OralHealthcare Can’t Wait”.“O actual clima de crise económica tem levado a que muitaspessoas adiem planos de tratamento recomendados pelosmédicos dentistas ou mesmo que deixem as consultas dentáriasde parte”, justificou a DTA.A literatura científica demonstra, insistentemente, que existeuma forte ligação entre a saúde oral e o estado geral de saúde.Por isso, alerta a DTA, ignorar a saúde oral deixa todo oorganismo mais vulnerável.Para suportar esta campanha, a DTA criou dois sites(www.visityourdentistnow.comewww.oralhealthcarecantwait.com)destinados a médicos dentistas onde é possível descarregargratuitamente materiais promocionais que lembram que «asaúde oral não pode esperar». ■

Campanha de sensibilização

Saúde oralnão pode esperar

Page 38: Congresso 2009 Palco de oportunidades · Médicos dentistas em Inglaterra Lisboa recebe com um Sorriso o XVIII Congresso da OMD Leopoldina chega a 55 mil crianças ... ADSE e abertura

internacional I global

omd I Novembro 200938

AAmericanDentalAssociation(ADA)concordacomadecisãodaFoodandDrugAdministration(FDA)emnão implementar restrições sobre o uso de amálgamadentária, um material de restauração de uso comum.A decisão da FDA publicada a 28 de Julho de 2009categoriza a amálgama dentária encapsulada comoum dispositivo médico de classe II, a mesma classe doouro e dos compósitos de enchimento de coloraçãodosdentes.DesdequefoipropostapelaFDAem2002,que a ADA defende a classificação da amálgamadentária como classe II.“A FDA deixou a decisão sobre o tratamento dentárioexactamenteondedeveestar-entreomédicodentistae o doente”, afirma o Presidente da ADA Dr. JohnFindley. “Esta decisão sublinha o que a ADA defende– o diálogo entre médicos dentistas e doentes sobre oleque de opções de tratamento disponíveis e assimajudar os doentes a tomarem decisões informadasrelativamente ao seu tratamento dentário.”

A amálgama dentária é um material de restauraçãoobtido através da combinação de mercúrio comoutros metais tais como prata, cobre e estanho.Numerosos estudos científicos realizados nas últimasdécadas, incluindo dois grandes ensaios clínicospublicados em Abril de 2006 no Journal of theAmerican Medical Association, indicam que aamálgama é um material de restauração eficaz eseguro para crianças e outros. E, na revisão de 2009de artigos científicos sobre a segurança da amálgama,a direcção do departamento Cientifico da ADAreafirmou que as evidências científicas continuam aapoiar a amálgama como sendo uma escolha valiosa,viável e segura para os doentes.“Os médicos dentistas são médicos especializados emcuidados de saúde oral” afirma o Dr. Findley.“Incentivamos as pessoas e falarem com o seu médicodentista sobre qualquer questão relativa à sua saúdeoral” . ■

American Dental Association

Acção da FDAsobre Amálgama Dentária

“A FDA deixoua decisão sobre

o tratamento dentárioexactamente

onde deve estar- entre o médico

dentista e o doente”,afirma o presidente

da ADA, John Findley

internacional I lusofonia

O Alto Comissariado da Saúde (ACS), responsávelpela coordenação das relações internacionais noâmbito do Ministério da Saúde, nomeadamente naárea da cooperação para o desenvolvimento nodomínio da saúde, promoveu a 11 de Setembro umencontro entre os agentes da saúde em Portugal como objectivo de apresentarem os projectos decooperação em execução ou em perspectiva des-tinados aos PALOP e Timor Leste.A Ordem dos Médicos Dentistas (OMD) esteverepresentada pelo colega Pedro Pires, membro doConselho Directivo. “A OMD tem incentivado eorganizado em parceria congressos de saúde oral nosPALOP. Até hoje e tendo em conta as difíceiscondições logísticas e financeiras, foram já duas as

OMD Incentiva

Cooperação para a saúde nos PALOP

Pedro Pires, vice-presidentedo Conselho Directivo da OMDe membro da Direcção da AssociaçãoDentária Lusófona

realizações deste género: a primeira em Cabo Verde,em 2006 e a segunda em Angola, em 2007”, informou.Pedro Pires mencionou também a criação conjuntaentre a OMD e o Conselho Federal de Odontologia,congénere brasileira, da Associação DentáriaLusófona com vista à promoção e apoio àsassociações e aos profissionais de saúde oral dosPALOP.“A OMD procura incentivar estes profissionais dosPALOP para que se organizem e criem as respectivasassociações profissionais. Foram já fundadas asso-ciaçõesemAngola,Timor-Leste,Guiné-BissaueCaboVerde”, referiu Pedro Pires. Por isso, a OMDapadrinhouaentradadestespaísescomomembrosdepleno direito na Federação Dentária Internacional.■

Page 39: Congresso 2009 Palco de oportunidades · Médicos dentistas em Inglaterra Lisboa recebe com um Sorriso o XVIII Congresso da OMD Leopoldina chega a 55 mil crianças ... ADSE e abertura
Page 40: Congresso 2009 Palco de oportunidades · Médicos dentistas em Inglaterra Lisboa recebe com um Sorriso o XVIII Congresso da OMD Leopoldina chega a 55 mil crianças ... ADSE e abertura

geral I opinião

Escrevo esta carta na expectativa de provocar umamudança, na mentalidade dos colegas e dasinstituições, por causas que considero justas esolidárias.Sendo assim, será a nossa Ordem a instituição quecuida e olha pelos interesses dos seus membros?Se sim, então não deverá interessar-se por aquelesque mais precisam de uma forma especial?No meu entender, deverá. Gostaria de ver aOrdem regulamentar medidas especiais paraportadores de doenças crónicas e para colegasque, por alguma razão, têm alguma incapacidadef ísica ou mental, parcial ou definitiva porpequenos ou grandes períodos de tempo das suasvidas, ficando impossibilitados de exercer as suasfunções em plenitude.Uma vez que existe isenção de cotas para asgrávidas, não será justo, lógico e solidário a isenção,por exemplo, para aqueles que se debatem compatologias do foro oncológico e que se submetem àviolência dos tratamentos que são incapacitantespara o trabalho por largos períodos de tempo? E aomesmo tempo têm como recomendação médicafazerem o seu dia-a-dia o mais normal possível,quando a sua saúde o permitir, mesmo sendo porpequenos períodos de tempo.Então, nada melhor do que ocupar-se no seutrabalho e na formação contínua no sentido de seabstrair, conviver e ao mesmo tempo mantendo-seactualizado, e assim diminuir o impacto que teriauma súbita e longa paragem na sua reinserçãolaboral.Colegas que se encontram nesta situaçãodeparam-se com os mais variadíssimos tipos deproblemas originados pela sua incapacidade, umdos quais será, certamente, as dificuldades finan-ceiras - porque não ganham e gastam narecuperação da sua saúde. Imaginem o que é terum consultório inactivo várias vezes ao ano, osdanos que isto pode provocar.Talvez a razão de nunca se terem lembrado destescolegas será, certamente, a juventude da nossaOrdem e, felizmente, muito poucos se encon-trarem nesta situação.Por estas razões, está na hora de tomar verdadeirasmedidas que apoiem os que mais precisam e nãovirar as costas nos momentos mais dif íceis dosseus membros.

Carta aberta aos meus colegasMedidas que podem e devem passar desde:

• isenção de cotas;• criação de um fundo cooperativista

para casos extremos;• aproximação da Ordem aos colegas;• formação contínua gratuita.

Já chega ver a instituição onde estive 14 anos daminha vida, que me formou como profissional ecomo homem, à qual me dediquei de corpo ealma, por vezes gratuitamente, e que nos doismomentos mais dif íceis da minha vida nadafizeram. Fica a chamada de atenção.Gostaria também de sensibilizar os colegas paraque apoiem os seus amigos e colegas que seencontrem em situações dif íceis da sua vida.Desejo uma franca e rápida recuperação a todoseles. Pois por vezes uma simples palavra sincera deapoio faz o dia de quem mais precisa.Gostaria de aproveitar esta oportunidade paraagradecer publicamente aos meus AMIGOS quenunca deixaram de estar presente, por vezessacrificando-se pessoalmente para o fazer. Semeles penso que não teria seguramente as forças e oempenho para superar estas adversidades. MuitoObrigado do fundo do meu coração.Já agora nunca ocupem um lugar de estacio-namento reservado para pessoas com dificuldadede locomoção nem que seja por um curto períodode tempo, somos uma classe com formaçãosuperior, demonstremos isso mesmo.“Só existem dois dias no ano que nada pode serfeito. Um se chama ontem e o outro se chamaamanhã, portanto hoje é o dia certo para amar,acreditar, fazer e principalmente viver.” - DalaiLama. ■

António PintoMédico Dentista

omd I Novembro 200940

Page 41: Congresso 2009 Palco de oportunidades · Médicos dentistas em Inglaterra Lisboa recebe com um Sorriso o XVIII Congresso da OMD Leopoldina chega a 55 mil crianças ... ADSE e abertura
Page 42: Congresso 2009 Palco de oportunidades · Médicos dentistas em Inglaterra Lisboa recebe com um Sorriso o XVIII Congresso da OMD Leopoldina chega a 55 mil crianças ... ADSE e abertura

geral I opinião

omd I Novembro 200942

Actualmente, a cárie dentária é considerada umproblema de saúde pública, encontrando-se entre aspatologias com maior prevalência a nível mundial[1]. Especificamente em crianças, a cárie precoce deinfância, apesar de poder ser prevenida ou tratada,constitui uma das doenças infantis mais comuns,representando um sério problema em odonto-pediatria.Este facto deve-se não apenas à sua rápida evoluçãocomo também à faixa etária das crianças afectadas,situada, normalmente, em idade pré-escolar. Apesarde se verificar um declínio da prevalência de cáriedentária ao longo dos últimos anos, resultado emparte do melhor conhecimento e aplicação demedidas de prevenção e controlo da mesma, averdade é que muitos pais continuam a subestimar aimportância da dentição decídua dos seus filhos [2].De facto, em Portugal, o último estudo nacional deprevalência das doenças orais, encomendado peloMinistério da Saúde, vem evidenciar umaprevalência de cárie dentária significativamenteelevada (49 %) em crianças com apenas seis anos deidade [3]. Agravando a situação, existem igualmenteestudos que referem que a maioria das crianças (56%) apenas iniciam as visitas médico-dentárias depoisdessa idade [4]. Para além da cárie dentária, outrosproblemas, nomeadamente de carácter ortodôntico,podem igualmente ocorrer com assinalávelfrequência em crianças com idade compreendidaentre os quatro e os seis anos [5].Todas estas evidências são claramente preocupantestendo em conta que a dentição decídua não só éfundamental para manter o espaço necessário àdentição definitiva, como também condicionadirectamente outras importantes funções,nomeadamente a fala e a mastigação. Para alémdisso, pode ter igualmente impacto ao nível dodesenvolvimento e estética facial, o que por sua vezpode condicionar a auto-estima da criança [2].

Assim, e tendo em conta os factos descritos, torna--se importante envidar esforços no sentido depromover o diagnóstico dos problemas médico--dentários logo desde a idade pré-escolar, por formaa facilitar o tratamento atempado e de preferênciapreventivo, para que as crianças possam manter umadequado estado da sua saúde oral.Dentro deste contexto, a utilização da telemedicinadentária para realização dos referidos diagnósticosnum paradigma remoto e baseado na observação deimagens, poderá assumir-se como uma das medidasa explorar. Efectivamente, os exames médico--dentários efectuados através deste recurso podemconstituir um processo inicial de acesso aos serviçosde cuidados de saúde oral por parte de crianças logodesde a sua infância, com todos os seus benefíciosinerentes [6].Para além dos já implícitos, a diminuição dos custose tempo dispendido, assim como do absentismoescolar e laboral associados às deslocações, sãooutros benefícios que poderão influenciar posi-tivamente a própria produtividade [7].Presentemente, e neste sentido, foi já desenvolvido etestado um projecto-piloto de telemedicina den-tária, pioneiro em Portugal, com a finalidade deestudar a validade deste recurso no diagnósticoremoto dos problemas médico-dentários maiscomuns em crianças com idade pré-escolar. Oprojecto utilizou uma aplicação denominadaMedQuest que permite a criação de questionáriosweb na área da saúde e foi desenvolvida pelo Serviçode Bioestatística e Informática Médica (SBIM) daFaculdade de Medicina da Universidade do Porto.Esta aplicação permite a médicos dentistas o acessoon-line e de forma assíncrona para realização dediagnósticos remotos baseados na observação deimagens da cavidade oral recolhidas em criançasjunto dos seus infantários e obtidas por educadorasde infância.

Telemedicina dentária

Um desafio emergente

Rui AmávelMédico Dentista

Referências:[1] Reis, J. Melo, P. A cárie dentária, uma doença infecciosa. 2003. Revista Portuguesa de Saúde Publica. Vol.21, Nº1 – Janeiro/Junho[2] Seminario, A.L. & Ivancaková, R. 2003. Early childhood caries, Acta Medica (Hradec Kralove) 46(3): 91-4.[3] Ministério da Saúde. 2008. Estudo Nacional de Prevalência das Doenças Orais. Lisboa.[4] Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentária (SPEMD). 2007. Newsletter nº6 , edição da Colgate Palmolive[5] Tschill, P. Bacon, W. & Sonko, A. 1997. Malocclusion in the deciduous dentition of Caucasian children. Eur J Orthod. 19(4):361-7.[6] Kopycka-Kedzierawski, D.T. Bell, C.H. & Billings, R.J. 2008. Prevalence of dental caries in Early Head Start children as diagnosed using teledentistry. Pediatric Dent. 30(4):329-33.[7] Gift HC, Reisine ST, Larach DC.The social impact of dental problems and visits. 1992. Am J Public Health. Dec;82(12):1663-8.[8] Amável, R. Cruz-Correia, R. Frias-Bulhosa, J. 2009. Remote diagnosis of children dental problems based on non-invasive photographs

- a valid proceeding? Stud Health Technol Inform.; 150:458-62.

Page 43: Congresso 2009 Palco de oportunidades · Médicos dentistas em Inglaterra Lisboa recebe com um Sorriso o XVIII Congresso da OMD Leopoldina chega a 55 mil crianças ... ADSE e abertura

geral I opinião

Neste projecto são abordadas, entre outras, questõesrelacionadas com o rastreio de cárie e anomalias decarácter ortodôntico. Os dados inseridos pelosprofissionais de saúde oral são posteriormentearmazenados numa base de dados central, podendoser acedidos sempre que necessário[8].Os primeiros resultados deste projecto foramrecentemente apresentados na 1ª conferênciainternacional de engenharia biodentária (I Inter-national Conference on Biodental Engineering) e namais prestigiada conferência europeia de infor-mática médica (XXII International Conference ofthe European Federation For Medical Informatics).A análise destes resultados, entretanto já publicados[8], sugere estarmos perante um método promissore com potenciais indicadores de que poderá, numfuturo próximo, ser implementado a nível regionalou nacional. Tal medida poderia promover eexpandir o acesso aos serviços de cuidados de saúdeoral, contribuindo desta forma para combater a faltade acompanhamento médico-dentário que severifica em crianças com idade pré-escolar.Ao aceitar este desafio emergente, estaremos tam-

bém a assumir uma nova dimensão clínica rela-tivamente à medicina dentária preventiva e àortodontia interceptiva, especialidades por vezesirrelevadas mas fundamentais para o sucesso damedicina dentária actual. Embora consciente de quea implementação deste recurso carece ainda devários estudos complementares, os primeiros dadosestão lançados, e tendo em conta a revoluçãotecnológica em curso, estou convicto de que seráapenas uma mera questão de tempo até que osprofissionais de saúde oral se familiarizem com amesma e tornem a telemedicina dentária umaprática comum em Portugal. ■

O último estudonacionalde prevalênciadas doenças oraisvem evidenciaruma prevalênciade cárie dentáriasignificativamenteelevada (49%) emcrianças com apenasseis anos de idade

Page 44: Congresso 2009 Palco de oportunidades · Médicos dentistas em Inglaterra Lisboa recebe com um Sorriso o XVIII Congresso da OMD Leopoldina chega a 55 mil crianças ... ADSE e abertura

geral I opinião

omd I Novembro 200944

A crise de hojeou a esperança de amanhã

A crise, uma temática transversal na actualidade,uma palavra sucessivamente repetida e sentida,abalando o íntimo de todos os que penamdiariamente com as dificuldades inerentes a tãopropalado conceito. No entanto, a heterogeneida-de da matriz social faz com que esta realidadeproduza uma diversidade de impactos, norteadospelas diferenças individuais de estatuto social,profissional e etário. Na sequência disto, pareceevidente que os jovens profissionais, enfrentandouma nova etapa das suas vidas e deparando-secom um mercado de emprego cada vez maiscompetitivo e ingrato, sejam um grupo particu-larmente afectado por esta realidade, e os jovensmédicos dentistas não constituem excepção.Para além das evidentes particularidades inerentesa uma sociedade endividada e com marcadodecréscimo no poder de compra, existem outrosfactores que parecem dificultar ainda mais amissão de um jovem médico dentista em territórionacional. Os últimos anos têm vindo a registar umacréscimo considerável no número de profis-sionais formados por um número crescente deinstituições de ensino. Se por um lado aperspectiva de dotar o país de uma força detrabalho de médicos dentistas capacitados poruma formação superior singular e notoriamentereconhecida, por outro, surgem questões relativasao enquadramento destes indivíduos ao nível domercado profissional. Este súbito incremento nonúmero de médicos dentistas - motivado pelaquestionável abertura de vagas no acesso aoensino superior e pela (frequentemente abrupta)condensação curricular originada pelo processode Bolonha - é originário de situações poucoabonatórias para os profissionais em particular epara a classe em geral. A ferocidade daconcorrência leva cada vez mais a que os jovenscolegas, precipitados por uma ânsia desesperantede aplicarem os anos de conhecimento adquirido,se sujeitem a condições de precariedade gritantes,ao sabor da ausência de escrúpulos de muitosempregadores. Por outro lado, assiste-se igual-

mente a uma disseminação desmesurada donúmero de clínicas médico-dentárias, apinhadasem sucessão na mesma cidade, rua ou até nomesmo edif ício, degenerando frequentemente emsituações de concorrência desmedida, gestãoduvidosa ou afluência incomportável.Que futuro?O sucesso de uma geração inteira de profissionaisreside, na essência, numa postura de iniciativa,criatividade e pro-actividade que, desde osprimórdios da nação, tem marcado a nossa lusaidentidade. É essencial a aposta na formação,especialização e no desenvolvimento de valênciasespecíficas e direccionadas para áreas particularesda vasta área da medicina dentária. É essencialprocurar novos projectos numa base de inovação,conceitos como o médico dentista itinerante,deslocando-se de encontro aos pacientes a regiõesinóspitas e periféricas, bem como, a disseminaçãoda promoção da saúde oral, ou ainda a integraçãodas valências médico-dentárias ao nível damedicina de trabalho, surgem como centelhas deesperança, prontas a despertar esta chama latenteno âmago de tantos jovens colegas ávidos deaplicar os conhecimentos adquiridos. Cabeigualmente às instituições de ensino o papel deprojectar no futuro os seus mais recentes“doutores”, dotando-os de competências deempregabilidade que promovam a sua inserçãosustentada ao nível do mercado de trabalho. Porfim, o incentivo e a promoção de estágios pós--graduados onde a inserção dos novosprofissionais poderia processar-se de formasustentada, progressiva e acompanhada, poderáconstituir o início de um caminho de sucesso paramuitos colegas que subitamente se deparam coma melindrosa etapa de início de carreira.Teremos que persistir face às adversidadescontinuamente fazendo valer a virtuosidade donosso engenho, sem nunca esmorecer e tendosempre em mente os princípios de altruísmo enobreza que um dia nos levaram a enveredar peloencantador universo da saúde. ■

Luís Filipe AmanteMédico Dentista

Page 45: Congresso 2009 Palco de oportunidades · Médicos dentistas em Inglaterra Lisboa recebe com um Sorriso o XVIII Congresso da OMD Leopoldina chega a 55 mil crianças ... ADSE e abertura

Termas de S. Pedro do Sul, 3660-692 Várzeawww.hoteldoparque.pt [email protected] Telf.: +351 232 723 461 Fax: +351 232 723 047

Coordenadas GPS: Lat.: N 40.73876 / Long.: W 8.09382

Alojamentos100 quartos espaçosos, três suites júniores e duas suites presidenciais,

com casa de banho e jacuzzi e sala comum com lareira.

Health Club & SPAUm espaço que proporciona serviços de alta qualidade,

inigualáveis em toda a região.

NegóciosO Hotel do Parque disponibiliza um auditório para 175 pessoas

e três salas de trabalho para 220, 150 e 40 lugares respectivamente,munidos de quadros de apoio e de equipamentos audiovisuais.

UM PARCEIRO DO SEU NEGÓCIO...

UM ALIADO DO SEU PRAZEREscapadinha de Outono1 noite / 2 dias

Inclui– Alojamento– Meia-pensão

Oferecemos– Acesso livre à piscina e ginásio– Utilização da sauna e banho turco– Pequeno almoço buffet

Preço por pessoa em quarto duplo ..... 49.00€Suplemento individual ............................ 25.00€

Programa válido até 21 de Dezembro de 2009

Bebidas à refeição são extra.Actividades sujeitas a disponibilidade.

Necessário equipamento adequado a cada actividade.

HOTEL DO PARQUEHealth Club & SPA

Page 46: Congresso 2009 Palco de oportunidades · Médicos dentistas em Inglaterra Lisboa recebe com um Sorriso o XVIII Congresso da OMD Leopoldina chega a 55 mil crianças ... ADSE e abertura

lazer I parcerias I caras

omd I Novembro 200946

Segunda 17 de Julho de 2007, 7h30 da manhã, toca otelefone em casa:“Se daqui a meia hora estiveres no cais de StaApolónia, vais até Brest!”Ao telefone, o meu amigo Hubert, nessa altura adidomilitar francês em Lisboa, desafiava-me paraembarcar na fragata da marinha de guerra francesa“Latouche Tréville”. Não hesitei. Meia hora depois láestava eu a embarcar para uma experiência única einolvidável, a convite do comandante do navio. Estavacontaminado!Em Setembro passado, aquando da escala em Lisboado porta-helicópteros “Tonnerre”, voltei a ser convi-dado a embarcar até La Rochelle, desta vez comomédico dentista.Finalmente em fins de Abril tive a rara oportunidadede embarcar de Toulon até Lisboa a bordo do porta--helicópteros “Jeanne d’Arc”, navio almirante da frotafrancesa,comopassageiroeaconvitedocomandante.Durante seis dias, pude partilhar o quotidiano de umatripulaçãode 650pessoas e verdeperto a realidadedoconsultório dentário de bordo.A “Jeanne d’Arc” faz todos os anos uma circum-navegação de cinco meses e dispõe, mesmo com osseus 48 anos, de uma estrutura medicalizadaperfeitamente equipada: bloco operatório, radiologiadigital, possibilidade de teleconferência com pessoalmédico em terra, sala de triagem de 12 camas, dois

gabinetes médicos, enfermaria de 30 camas,laboratório de análises, farmácia e um consultóriodentário.Aequipaécompostapordoismédicos (comformação em cirurgia e anestesia), um médicodentista, dois enfermeiros, um biologista e pessoaladministrativo.A bordo, a medicina dentária difere obviamente danossa prática habitual. Antes de cada embarque atripulação é, normalmente, submetida a um rigorosoexame dentário, afim de despistar e tratar qualquertipo de problema que, no mar, pode rapidamentetornar-se muito sério. Isto é ainda mais rigoroso paraas tripulações dos submarinos atómicos, normal-mente imersos por períodos mínimos de 120 dias.Uma atenção muito especial é dada à problemáticados dentes do siso. Qualquer siso incluso ou mesmosub mucoso, com uma inclinação superior a 30º, ésistematicamente extraído.Em casos mais extremos, como falta de higienenotória, numerosas cáries não tratadas, abcessos ousérios problemas periodontais, o médico dentista temmesmo competência para não autorizar o embarquedo tripulante.A filosofia é, pois, prevenção em terra e só urgênciasno mar.Normalmente, todos os tipos de tratamentos conser-vadores podem ser executados a bordo, do momentoque as condições de navegação o permitam. É, aliás,uma das coisas que reparamos logo quando entramosno consultório: do candeeiro ao kart da equipe, aobraço da radiografia ou ainda ao banco, tudo tem umsistema de fixação à estrutura. Na prática, com algumvento ou com mar formado, o balancear do navioinviabiliza qualquer tipo de tratamento!Nesta missão, o médico dentista efectuou uma médiade quatro consultas por dia, sete dias por semana.Durante as escalas o consultório só funcionava demanhã, por marcações.Uma grande parte da actividade do dentista de bordoé, no entanto, dedicada à prevenção. Para muitos énão só uma oportunidade de consultar gratuitamenteum dentista e eventualmente fazer uma destarta-rização, como também de serem aconselhados emtermos de higiene dentária e alimentar. Isto tudo commuito mais tempo do que num consultório civil.

Viagem do médico dentista Manuel Pourtalès

A bordo da fragata de guerrafrancesa Jeanne d’Arc

Page 47: Congresso 2009 Palco de oportunidades · Médicos dentistas em Inglaterra Lisboa recebe com um Sorriso o XVIII Congresso da OMD Leopoldina chega a 55 mil crianças ... ADSE e abertura

lazer I parcerias I caras

omd I Novembro 200947

O tabaco, uma certa falta de higiene ou ainda oconsumo exagerado de rebuçados durante osperíodos de quatro horas de serviço tendem aprovocar maior doença periodontal.E como a bordo as pastilhas elásticas são proibidas,isto também contribui para agravar este tipo depatologia. Por sua vez, os comandos ou os pilotos dasforças aero-navais ainda estão mais expostos a estesproblemas, pelo stress ao qual são submetidos, pelotipo de alimentação muito energética que consomem(rações de combate, barras de cereais ou chocolates)ou ainda pelos horários de refeições muito irregularesquando em operações.O médico dentista, às ordens do médico de bordo edo comandante do navio, pode também assumir umpapel de psicólogo, como confidente que é dos seuspacientes, e servir assim de articulação entre atripulação e a chefia. Este aspecto é importante,principalmente no caso de missões de vários meses,durante as quais as tensões entre tripulantes podemser mais agudas.Também é dada a maior atenção ao aspecto médico--legal, pois a exposição ao risco é maior do que na vidacivil: a cada tripulante é detalhadamente preenchidoo seu odontograma, especificando as amálgamas, oscompósitos, as endodontias, os dentes extraídos, bemcomo todo o tipo de próteses. Cada dossier éregularmente actualizado e realizada uma pano-râmica no mínimo a cada cinco anos.Por vezes o médico dentista também trata detripulantes de outros navios militares, em casos deurgência, e após autorização do comandante. Nestassituações, o transbordo do paciente é feito porhelicóptero ou por lancha. Aquando das escalas omédico dentista pode ainda tratar de pessoaldiplomático francês, com o acordo do comandante. Ecom a recente problemática da pirataria na costa daSomália, em que a Jeanne d’Arc esteve envolvida eparticipou muito activamente, deu-se mesmo o casodo médico dentista tratar de um dos reféns libertados.Durante as escalas pode igualmente haver agressõesa tripulantes mais “alegres”, por vezes com lesões oufracturas, além de problemas dentários.Em caso de acidente mais grave, existem igualmentecondições a bordo para realizar intervenções do foromaxilo facial, com a ajuda do cirurgião presente abordo. Em casos extremos, o médico dentista podemesmo decidir a evacuação do paciente, havendocondições para tal (relativa proximidade de terra,compatibilidade com a autonomia dos helicópteros econdições atmosféricas).Apenas nos submarinos nucleares com ogivasatómicas (SNLE), em imersão permanente durante

120 dias, por razões estratégicas e em tempo de pazsó são evacuados os casos muito graves ou vitais.A Marinha francesa dispõe de duas bases navais:Toulon, no Mediterrâneo, e Brest, no Atlântico, ondetambém se situa a base dos submarinos atómicos, naIle Longue. Em ambas as bases existem consultóriosonde exercem regularmente médicos dentistasmilitares de carreira.Actualmente, cerca de 15 grandes unidades dispõemde consultórios dentários, perfeitamente equipadosnos navios mais recentes: porta-aviões nuclear, porta--helicópteros, grandes unidades de desembarque,petroleiros, navios oceanográficos e de rastreiobalístico.Nos outros navios, tais como fragatas ou submarinos,não há médico dentista embarcado. As rarasintervenções de urgência são realizadas pelo médicode bordo, com a ajuda de um enfermeiro, e para taldispõem de uma mini aparelhagem numa mala, comturbina e micro motor.O serviço militar obrigatório tendo acabado, além dosmédicos dentistas de carreira são principalmenteutilizados médicos dentistas de reserva, em terra, oupara operações de uma semana a um mês, consoantea missão do navio.Desembarquei, pois, em Lisboa com a cabeça “cheia”de imagens e de encontros únicos, e com pena de nãopoder aceitar o convite para ir até Brest e assistir àchegada sempre espectacular da penúltima missão da“velhinha” Jeanne d’Arc antes da “reforma”. Uma“aventura” fabulosa e inolvidável.Finalmente, não queria deixar de publicamenteagradecer o comandante Blégean e toda a tripulaçãopela oportunidade única que me deram. ■

A tous bon vent et bonne mer!Manuel Pourtalès, Médico Dentista

‘ A filosofiaé, pois,

prevençãoem terra

e só urgênciasno mar.’

Page 48: Congresso 2009 Palco de oportunidades · Médicos dentistas em Inglaterra Lisboa recebe com um Sorriso o XVIII Congresso da OMD Leopoldina chega a 55 mil crianças ... ADSE e abertura

lazer I parcerias I caras

omd I Novembro 200948

É a primeira vez que um médico dentista é eleito depu-tado à Assembleia da República. Nuno Reis, 30 anos,médico dentista licenciado pela Universidade doPorto e MBA pelo Insead (Paris/Singapura), étambém gestor de empresas na área da saúde.

Médicos dentistas na política nos AçoresNos Açores, a Assembleia Legislativa conta tam-

Médico dentista eleito deputadoO médico dentista

Nuno Reis, foi eleitodeputado nas eleições

legislativas de 27 deSetembro pelo círculoeleitoral de Braga nas

listas do PSD.

bém com dois deputados médicos dentistas: ArturLima e Ricardo Viveiros Cabral.Artur Lima é deputado regional pelo CDS/PP,partido de que é presidente nos Açores e um dosvice--presidentes a nível nacional.Ricardo Viveiros Cabral é deputado regional peloPS, ocupando uma das vice-presidências darespectiva Assembleia Legislativa. ■

Fidelize os seus pacientescom música

A Ordem dos Médicos Dentistas estabeleceuuma parceira com a Casa da Música que permiteaos médicos dentistas beneficiarem de descontosface ao preço de venda ao público para comprasde bilhetes em quantidade.É uma oportunidade para realizar acções derelações públicas junto dos seus pacientes, emespecial quando a época natalícia se aproxima.Os descontos aplicam-se a compras superiores a50 bilhetes e para concertos da programaçãoanual da Casa da Música de valor igual ousuperior a 15 €. ■

Mais informações em:http://link.omd.pt/r4musica

«Estética em Medicina Dentária» é o título dolivro lançado em Setembro pelo médico dentistaJoão Carlos Ramos, docente da Faculdade deMedicina da Universidade de Coimbra. A obraconta ainda com a participação de muitos outrosprofissionais, constituindo uma equipa deautores verdadeiramente multidisciplinar.O livro consagra uma análise transversal de

Estética em medicina dentáriadiversas áreas da medicina dentária, distribuídaspor 16 capítulos, tendo como denominadorcomum a estética, tema actual e incontornável doponto de vista social, científico e profissional.Possui um carácter científico-clínico, alicerçadonum suporte bibliográfico adequado e numaiconografia clínica rica e diversa, patenteada nas874 imagens que ilustram os diversos capítulos. ■

Page 49: Congresso 2009 Palco de oportunidades · Médicos dentistas em Inglaterra Lisboa recebe com um Sorriso o XVIII Congresso da OMD Leopoldina chega a 55 mil crianças ... ADSE e abertura
Page 50: Congresso 2009 Palco de oportunidades · Médicos dentistas em Inglaterra Lisboa recebe com um Sorriso o XVIII Congresso da OMD Leopoldina chega a 55 mil crianças ... ADSE e abertura

lazer I parcerias I caras

omd I Novembro 200950

Chaves

Imponência de um charme milenar

Quem visita a primeira vez, não conseguedeixar de voltar. Chaves convida a uma viagempelo charme de ambientes com vida, daquelesque fazem memória e deixam no íntimo avontade e desejo de um regresso breve. A doispassos de Espanha e no centro do mais apuradocharme do norte de Portugal, Chaves seduzpela história milenar que se respira e sente emcada virar de esquina desta ancestral AquaeFlaviae, uma importante cidade romana, hoje

Chaves convida a umaviagem pelo charme

de ambientescom vida, daquelesque fazem memória

jóia patrimonial portuguesa.Oferecem-se à descoberta e encanto de qualquervisitante, as Termas de Chaves – Spa do Imperador,com águas ancestrais de reconhecida excelência,um impressivo património monumental como oforte de S. Neutel, o Centro Histórico ou o Fortede S. Francisco, os afamados sabores transmon-tanos e paisagens de beleza natural onde reina osilêncio que transmite ao visitante uma sensaçãomágica de bem-estar. ■

O protocolo financeiro e de cooperação entre aOrdem dos Médicos Dentistas e a Caixa Geral deDepósitos (CGD), celebrado a 18 de Novembro de2004, cujas grelhas sofreram já uma actualizaçãoem 26 de Julho de 2006, foi revisto em Agostodeste ano.Esta actualização resulta das diversas actualiza-

Ordem e CGD actualizamcooperação financeira

ções que a própria oferta base da CGD temregistado, numa contínua adaptação às caracterís-ticas da actual conjuntura económica. ■

As condições da nova revisãoestão disponíveis em:

http://link.omd.pt/r4cgd

Page 51: Congresso 2009 Palco de oportunidades · Médicos dentistas em Inglaterra Lisboa recebe com um Sorriso o XVIII Congresso da OMD Leopoldina chega a 55 mil crianças ... ADSE e abertura
Page 52: Congresso 2009 Palco de oportunidades · Médicos dentistas em Inglaterra Lisboa recebe com um Sorriso o XVIII Congresso da OMD Leopoldina chega a 55 mil crianças ... ADSE e abertura
Page 53: Congresso 2009 Palco de oportunidades · Médicos dentistas em Inglaterra Lisboa recebe com um Sorriso o XVIII Congresso da OMD Leopoldina chega a 55 mil crianças ... ADSE e abertura

O r d e m d o s M é d i c o s D e n t i s t a sNúm

ero

4•

Nov

embr

o20

09•

Trim

estra

l

Este é o quarto número dos CadernosCientíficos da revista da OMD. Embora aindanão possa ter uma opinião definitiva sobre osucesso desta boa iniciativa da Ordem, nãoresisto a partilhar convosco algumas ideias. Aprimeira, logo exposta no meu primeiro editorial,refere-se à exiguidade de artigos produzidos emPortugal. Manifestando esta preocupação,adquirida na minha experiência anterior dedirector da revista Ortodontia. Escrevi noprimeiro editorial:“…A preocupação advém da minha expe-riência anterior de director da revistaOrtodontia. Após uma fase inicial onde pu-blicámos os trabalhos que já se encontravamfeitos, seguiu-se um período“estéril”, penso que até hoje,onde quase que era necessárioimplorar a alguns colegas queescrevessem artigos para poderfazer a revista. A isto somava-se a“luta” pelos patrocínios e pu-blicidade. Um pesadelo! Claro queagora é diferente. O número depotenciais autores é infinitamentemaior e, apesar de já existiremnesta área várias revistas pro-fissionais em Portugal, em minhaopinião, há espaço para umapublicação completamente independente deinteresses comerciais, publicada com a chancelade qualidade e prestígio que a OMD dá…”Passado um ano, verifico que, exceptuando osproblemas logísticos - patrocínios, publicação,

Editorial

Área Editorial

edição, etc., que uma organização com arobustez da OMD garante, a escassez deartigos mantém-se. O nosso objectivo não épublicar traduções de artigos já publicados noestrangeiro ou trabalhos baseados na indústriacom óbvios, ou camuflados, interesses co-merciais. Também não estabelecemos critériosde aceitação muito exigentes. Basicamente,aceitámos todos os trabalhos que fossemminimamente publicáveis. Contudo, mesmocom estes critérios “simpáticos” estivemossempre com falta de artigos. Olhando em redorpara as outras revistas portuguesas, constatoque não se trata de concorrência, é apenaspouca produção nacional!

O aspecto gráfico do número zero,em nosso entender pouco conse-guido, foi imediatamente corrigido,sendo hoje mais consensual. Talvezno futuro os cadernos se possamemancipar, constituindo umapublicação autónoma e indexada.Por agora, para a sua dimensão erelevo, considero o formato actualadequado. Esta modalidade, ca-derno dentro de uma publicaçãomaior, permite ainda absorver asvariações de conteúdo que têmexistido. Como os colegas devem

ter reparado, o volume dos cadernos não foiconstante nestes quatro números. Porquê? Pelasrazões expostas neste editorial!

Boa leitura,Pedro Leitão

‘O nosso objectivonão é publicar

traduções de artigosjá publicadosno estrangeiro

ou trabalhos baseadosna indústriacom óbvios,

ou camuflados,interesses

comerciais.’

Revista daOrdem dosMédicosDentistas

Pedro Leitão (Presidente)António GinjeiraGil AlcoforadoJoão Carlos RamosPedro Correia

Composiçãodo Conselho Científico

Sumário1 • Área Editorial

Editorial CCPedro Leitão

2 • Patologia OralPatologia oral associadaao uso do piercingAna Lopes da SilvaDiogo Claro PereiraLígia Ferreira ViegasOtíl ia Lopes

8 • OrtodontiaA importância dos examesde uma documentaçãoortodônticaAP ReisD RibeiroMM Provenzano

12 • Ética e DeontologiaA responsabilidadedisciplinar dos médicosdentistas: contributopara a sua autonomiateórica – parte IAndré Moz CaldasAntónio Ginjeira

Page 54: Congresso 2009 Palco de oportunidades · Médicos dentistas em Inglaterra Lisboa recebe com um Sorriso o XVIII Congresso da OMD Leopoldina chega a 55 mil crianças ... ADSE e abertura

omd I Novembro 2009Pág. 2

ResumoO piercing oral é uma prática cultural usada pelosnossos antepassados e que continua a ser usada,cumulativamente, para modificar a aparênciafísica e como forma de expressão, em todos ossectores da sociedade. Torna-se assim necessárioreflectir sobre eventuais complicações a eleassociadas.

ObjectivoOs autores propõem-se analisar as publicaçõesmais recentes que associam o piercing oral acomplicações orais e sistémicas, a curto e a longoprazo.

ObjectivesThe authors aim was to analyse the most recentpublications that associate oral piercing with oral andsystemic complications, both in short an long term.

MétodosPesquisa direccionada sobre o tema em motores debusca de bases de dados bibliográficas, e selecçãodos artigos mais citados nos últimos 5 anos.

MethodsTheme search in bibliographic databases’ searchengines and selection of the most cited articles inthe last 5 years.

ConclusõesAs principais complicações associadas ao piercingoral podem ser complicações a curto prazo, como:inflamação acompanhada de dor e edema, infecçãolocal e sistémica, e angina de Ludwig; ecomplicações a longo prazo como: recessãogengival, perda óssea e de ligamento periodontal,fractura e abrasão dentária, e hiperplasia tecidular.O diagnóstico, tratamento e prevenção destaspatologias são da competência do Médico Dentista.

ConclusionsThe main complications of oral piercing are pain andswelling, local and systemic infection, Ludwig’sangina, gingival recession, bone and attachmentloss, dental fracture and tissue overgrowth. It isimportant to the oral care providers to be aware oftheir role in the prevention, detection and treatmentof those complications.

IntroduçãoNa sequência da recente discussão em Portugalacerca da proibição ou não da execução depiercings na cavidade oral, por motivos de saúdepública, é de todo em todo necessária uma reflexãosobre os verdadeiros problemas orais associados aeste tipo de prática.

MétodosUtilizaram-se os motores de busca da PubMed® eda Blackwell Synergy®, com as expressões: “oralpiercing”, “tongue piercing”, “oral piercingcomplications” e “lip piercing”. A pesquisa foiefectuada durante o mês de Abril de 2008 econtemplou os artigos mais relevantes queassociavam o piercing oral a patologias orais.As fotografias apresentadas foram realizadas naconsulta de Cirurgia Oral da FMDUP em pacientesque apresentavam diferentes tipos de piercing eque consentiram as mesmas.

PiercingO piercing é a expressão usada para designar oacto de colocar ornamentos em determinadaspartes do corpo, como nariz, língua, orelha,mamilo, umbigo e sobrancelha, e que sãoperfuradas para esse efeito (figura 1).1 É uma formade expressão e de alteração da aparência física. Asua colocação pode ser um sinal de provocação,rebeldia, distinção, atracção sexual ou até dedistúrbios mentais.2Este tipo de expressão física já

cadernoscientíficosNúmero 4•Novembro 2009• Trimestral

REVISTA DA ORDEM DOS MÉDICOS DENTISTAS

Patologia Oral Associadaao uso do Piercing

Patologia Oral

AUTORES:Ana Lopes da Silva*

Diogo Claro Pereira*Lígia Ferreira Viegas*

Otília Lopes ***Alunos do 5º Ano

do MestradoIntegrado em MedicinaDentária da Faculdade

de Medicina Dentáriada Universidade

do Porto (FMDUP)

**Médica Dentista,Monitora da disciplina

de Medicina Oralda FMDUP, Alunade doutoramento

da FMDUP

Palavras-chavepiercing oral; patologia oral;

recessão gengival.

AbstractOral piercing is an adornment

which continues to be usedin all society sectors, as a way ofself-expression and modification

of physical appearance.It is, then, necessary to reflect

about the complicationsassociated to it.

Keywordsoral piercing; oral pathology;

gingival recession.

Page 55: Congresso 2009 Palco de oportunidades · Médicos dentistas em Inglaterra Lisboa recebe com um Sorriso o XVIII Congresso da OMD Leopoldina chega a 55 mil crianças ... ADSE e abertura

REVISTA DA ORDEM DOS MÉDICOS DENTISTAScadernoscientíficosNúmero 4•Novembro 2009• Trimestral

omd I Novembro 2009Pág. 3

1

2

3

1 – Diferentes tipos de piercing.2 – Exemplos de piercing da língua e lábio.3 – Piercing lingual e labial, pormenor da constituição do adorno lingual

por barra e esferas de metal.4 – Diferentes tipos e materiais de adorno.

4

existe há muitos anos como manifestação religiosa ou cultural. Defacto, já os Maias e Astecas faziam colocação de piercings na língua.Ao longo dos tempos, a perfuração da pele e membranas mucosasfoi prática prevalente para a colocação de adornos como anéis,bolas e outros objectos.2

Nos tempos mais recentes, o piercing tem vindo a aumentartransversalmente em todos os sectores da sociedade por razõespuramente estéticas, principalmente em jovens adultos.3 Os dadosexistentes sobre a prevalência deste tipo de prática são escassos epouco precisos, em virtude dos estudos efectuados contemplarempoucos participantes. Não existem dados referentes à populaçãoportuguesa. Nos estudos referidos na literatura estima-se que maisde 13% dos habitantes dos EUA tenham piercings. Entre osestudantes universitários de Nova Iorque, esta prática encontra-seem 42% dos homens e 60% das mulheres. Na Austrália, em 2000,realizou-se um estudo com 10 030 indivíduos com idades superioresa 14 anos, e concluiu-se que 8% apresentavam piercing.1

Na cavidade oral as localizações mais frequentes do piercing são alíngua e o lábio (figura 2).4 No primeiro caso, realiza-se umaperfuração no sulco lingual mediano, onde é colocada uma barra demetal com bolas nas extremidades (figura 3). A área preferencial é azona mais espessa para evitar a lesão de feixes vasculonervosos.5-7

Também é colocado na superfície dorsolateral, anteriormente aofreio da língua. O piercing no lábio é geralmente efectuado próximo

da linha média do lábio inferior, sendo também bastante prevalentepróximo das comissuras labiais e ao nível da eminência caninainferior.3 Ainda mais raramente, são encontradas perfurações naúvula e freios labial e lingual.2-4

Actualmente, o tipo de metal mais utilizado neste tipo de prática éo titânio, por ser um metal inerte e devido ao seu índice debiocompatibilidade. São também usados outros metais,nomeadamente o níquel, prata, vanádio e o cobre (figura 4).2

Page 56: Congresso 2009 Palco de oportunidades · Médicos dentistas em Inglaterra Lisboa recebe com um Sorriso o XVIII Congresso da OMD Leopoldina chega a 55 mil crianças ... ADSE e abertura

omd I Novembro 2009Pág. 4

cadernoscientíficosNúmero 4•Novembro 2009• Trimestral

REVISTA DA ORDEM DOS MÉDICOS DENTISTAS

O piercing é referido como causa de complicações locais esistémicas.1-16 Em 1999, um estudo inglês refere que 95% dosmédicos de família afirmaram ter visto pacientes comcomplicações associadas ao piercing, e uma pesquisa emestudantes universitários de Nova Iorque mostrou que 17% destesapresentavam também complicações.1 Num estudo de 2005,Kieser et al. referiram que 34,9% dos participantes da sua amostraapresentavam problemas associados ao piercing oral.8

As complicações mais frequentes do piercing oral são: dor, fracturae abrasão dentária, edema, hemorragia, galvanismo, reacções dehipersensibilidade ao metal, infecções localizadas ou sistémicas,aumento do fluxo salivar, lesão do feixe vasculonervoso eparestesia, recessão gengival e periodontite (figura 5).3

Complicações Associadas ao Uso do PiercingA cavidade oral é uma área do corpo muito vascularizada evulnerável, as complicações a que está sujeita pelo piercing, variamno grau de gravidade,podendo ser pouco graves mas também letais.Um médico dentista, informado sobre as complicaçõesassociadas ao piercing oral deve aconselhar os seus pacientesacerca dos riscos que este tipo de prática pode implicar e, atravésde um exame clínico e físico, diagnosticar as complicaçõesassociadas. Estas complicações podem dividir-se em complica-ções a curto prazo e a longo prazo.

Complicações a curto prazoEstas complicações aparecem durante as primeiras 24 horasdepois da aplicação do piercing e geralmente afectam os tecidosmoles.3 As mais comuns são a inflamação, dor, edema, rubor,hemorragia e infecção local, que quando tratadas são de fácilresolução. Outras, como reacções de hipersensibilidade e anginade Ludwig revestem-se de maior gravidade.A aplicação do piercing implica uma agressão mecânica nostecidos alvo. A perfuração de um tecido muito irrigado provocauma hemorragia, tendo já sido referidos casos de hemorragia queresultaram em choque hipovolémico.3,8 Vários estudos referemuma associação entre a aplicação de um piercing e o risco dedesenvolver a angina de Ludwig.1-3,5,8,10,11 Esta condição caracteriza--se por uma inflamação do tecido conjuntivo que se disseminapara outros tecidos rapidamente, afectando os espaçossubmandibular, submentoniano e sublingual. Os sinais e sintomasmais comuns são o edema doloroso da língua, disfagia, disfonia ecompromisso das vias aéreas, o que pode ser letal.10,12

O risco de infecção local provocado pelo piercing é referido naliteratura em 10 a 20% dos casos, e é causada pela presença deStreptococcus spp., Staphylococcus spp. e Pseudomonas spp.,que embora sejam microrganismos da população microbiana

normal, se tornam oportunistas quando invadem os tecidosperfurados.2,13 Esta infecção localizada pode progredir e levar auma infecção sistémica se não for devidamente tratada.1,10

Nesta prática, o tipo de material utilizado pode ser inerte ou não.Quando não é inerte o piercing vai ser reconhecido como estranhopelo organismo, o que desencadeará uma resposta inflamatória eimunológica, nomeadamente uma reacção de hipersensibilidade,como por exemplo ao níquel.9

Complicações a longo prazoAs complicações a longo prazo mais comuns associadas aopiercing oral são: recessão gengival, periodontite localizada,fractura e abrasão dentária, e hiperplasia tecidular. Estascomplicações aparecem mais tarde do que as anteriormentereferidas e muitas vezes pode passar bastante tempo até surgiremou serem percebidas.

Recessão gengivalA recessão gengival é definida, pela American Academy ofPeriodontology, como uma migração apical da margem gengivalpara além da junção amelocementária, com a exposição dasuperfície radicular.11,14 Representa um problema para o pacientedo ponto de vista estético, e pode causar sensibilidade e cáriesradiculares. Existem pelo menos três tipos de recessão gengival aconsiderar, nomeadamente: associada a factores mecânicos,associada à placa bacteriana e associada a formas destrutivas dedoença periodontal generalizada.14

O piercing representa um factor mecânico indutor da recessãogengival, sendo que vários estudos apontam para uma relaçãodirecta entre estas duas variáveis.1-11 No caso do piercing lingual, porexemplo, este é um factor de risco para esta patologia especialmentequando o comprimento da barra que o compõe é superior a 16milímetros, e está colocado há pelo menos dois anos.6

Brooks et al. referem um inquérito no qual 12,5% dos participantesapresentavam recessão gengival causada por piercing labial, e7,8% lesões gengivais causadas pelo piercing lingual. Referemainda um estudo onde a incidência de recessão gengival foi de19,2% em participantes com piercing lingual.4 Zadik et al. em 2007,referiram que 16 a 53% dos pacientes com piercing oral exibiamalgum grau de inflamação gengival e/ou recessão.6 Brooks et al.,em 2003, apresentaram cinco casos onde se verificou recessãogengival associada ao uso de piercing labial e lingual, sendo que nocaso do piercing lingual esta recessão ocorreu na face lingual dosdentes anteriores inferiores e no caso do piercing labial ocorreunas faces vestibulares dos mesmos dentes.4

Sardella et al., em 2002, relataram três casos de recessão gengivalassociada à presença de piercing labial.14 Kapferer et al. em 2006

Page 57: Congresso 2009 Palco de oportunidades · Médicos dentistas em Inglaterra Lisboa recebe com um Sorriso o XVIII Congresso da OMD Leopoldina chega a 55 mil crianças ... ADSE e abertura
Page 58: Congresso 2009 Palco de oportunidades · Médicos dentistas em Inglaterra Lisboa recebe com um Sorriso o XVIII Congresso da OMD Leopoldina chega a 55 mil crianças ... ADSE e abertura

omd I Novembro 2009Pág. 6

cadernoscientíficosNúmero 4•Novembro 2009• Trimestral

REVISTA DA ORDEM DOS MÉDICOS DENTISTAS

associam a colocação do piercing efectuado na parte central dolábio inferior com recessões gengivais localizadas frequentementenos incisivos centrais.15 Um estudo de Kieser et al., de 2005 naNova Zelândia mostrou também uma associação entre piercinglabial e recessão gengival nas faces vestibulares dos incisivosinferiores, observando-se ainda recessão gengival em pelo menosuma face lingual de um terço dos indivíduos com piercing lingual.8

Oaspectoclínico,geralmentedocumentado,paraestas lesõeséumalesão estreita em forma de fenda nas faces linguais ou vestibularesdos incisivos inferiores (figura 6). A profundidade desta lesão variados dois a três milímetros até ao nível da junção mucogengival.3

Perda de osso e de ligamento periodontalA periodontite, segundo a American Academy of Periodontology,deriva da gengivite e caracteriza-se pela inflamação dos tecidosque suportam o dente, havendo perda do ligamento periodontale de osso alveolar.11

É referido que pacientes com piercing oral podem também estar

sob risco de desenvolver uma perda significativa de ligamentoperiodontal, o que pode levar à perda do dente. Esta perda podedesenvolver-se até quando não existe recessão gengival.3 Emboraa destruição periodontal localizada não seja uma complicaçãomuito frequente, já foi descrita associada ao piercing lingual.15

Alguns dos estudos revistos apresentaram casos onde se verificouperda óssea e de ligamento periodontal associada ao piercinglingual e labial.5,6,13,15,16

Fractura e abrasão dentáriaA fractura dentária (figura 7) pode acontecer por diversos motivos, ea sua ocorrência pode revelar-se prejudicial em termos funcionais eestéticos. Na abrasão (figura8) há uma perda progressiva dos tecidosdentários mineralizados ou de uma restauração, causada por outrosfactores que não os contactos dentários. Assim, é de esperar que apresença de um piercing na cavidade oral represente um potencialrisco para qualquer uma destas lesões, uma vez que facilmenteentra em contacto com os dentes.Levin, em 2005, referiu que 13,9% dos indivíduos com piercingintra-oral da sua amostra apresentavam dentes fracturados.5

Ainda em 2005, Kieser et al. referiram que 27,9% dos indivíduos da

6

7

5

5 – Localizações possíveis mais frequentes do piercing oral e sua relaçãocom estruturas adjacentes.

6 – Inflamação dos tecidos gengivais com recessão gengival associada,provocada por trauma constante exercido pelo piercing labial.

7 – Exemplo de fractura da coroa dentária associada ao piercing lingual.

Page 59: Congresso 2009 Palco de oportunidades · Médicos dentistas em Inglaterra Lisboa recebe com um Sorriso o XVIII Congresso da OMD Leopoldina chega a 55 mil crianças ... ADSE e abertura

REVISTA DA ORDEM DOS MÉDICOS DENTISTAScadernoscientíficosNúmero 4•Novembro 2009• Trimestral

omd I Novembro 2009Pág. 7

polpa dentária.3 Sempre que isto acontece, pode verificar-sesensibilidade ao frio e aos doces e dor associada à pressão damordida.Uma perda temporária de sensibilidade na língua após umaanestesia por bloqueio, por exemplo num procedimento dentáriode rotina, pode aumentar nos indivíduos com piercing lingual orisco de lesão por uma agressão à superfície dentária.10

Hiperplasia dos tecidosA hiperplasia tecidular é o aumento do número de células emdeterminado tecido, verificando-se um aumento do volume domesmo. Foram descritos casos de crescimento tecidularaumentado nos locais da perfuração para o piercing (figura 9). Noscasos em que, por exemplo, a barra de metal colocada naperfuração lingual é curta pode haver um crescimento da línguasobre este na tentativa de compensar a área da perfuração, o quepode levar a que a barra fique incluída na própria língua, na faceventral e na face dorsal.3,10

Discussão/ConclusãoO piercing oral é uma prática frequente e está associado acomplicações a curto e a longo prazo, que podem ser locais ousistémicas. O tratamento destas complicações está indicado e asua complexidade é inerente à gravidade da patologia. Oconhecimento dos riscos associados ao uso do piercing oral peloMédico Dentista é essencial para o seu papel na prevenção etratamento destas patologias. Poderá ainda, no futuro, ser ele oprofissional a quem se recorre para a realização desta prática deforma segura e asséptica, minimizando todos os riscospossivelmente associados a ela.

Bibliografia

1 - Stirn A. Body piercing: medical consequences and psychological motivations. Lancet. 2003 Apr 5;361(9364):1205-15.2 - Jornet P, Ortega V, Gascón J, et al. Clinicopathological characteristics of tongue piercing: an experimental study. J Oral Pathol Med. 2004 Jul;33(6):340-5.3 - Maheu-Robert L, Andrian E, Grenier D. Overview of complications secondary to tongue and lip piercings. J Can Dent Assoc. 2007 May;73(4):327-31.4 - Brooks J, Hooper K, Reynolds M. Formation of mucogingival defects associated with intraoral and perioral piercing. J Am Dent Assoc. 2003 Jul;134(7):837-43.5 - Levin L. Alveolar bone loss and gingival recession due to lip and tongue piercing. N Y State Dent J. 2007 Jun-Jul;73(4):48-50.6 - Zadik Y, Sandler V. Periodontal attachment loss due to applying force by tongue piercing. J Calif Dent Assoc. 2007 Aug;35(8):550-3.7 - Levin L, Zadik Y, Becker T. Oral and dental complications of intra-oral piercing. Dental Traumatology. Dent Traumatol. 2005 Dec;21(6):341-3.8 - Kieser JA, Thomson WM, Koopu P, Quick AN. Oral piercing and oral trauma in a New Zealand sample. Dent Traumatol. 2005 Oct;21(5):254-7.9 - Akhondi H, Rahimi AR. Haemophilus aphrophilus endocarditis after tongue piercing. Emerg Infect Dis. 2002 Aug;8(8):850-1.10 - Peticolas T, Tilliss TS, Cross-Poline GN. Oral and perioral piercing: a unique form of self-expression. J Contemp Dent Pract. 2000 Aug 15;1(3):30-46.11 - Leichter JW, Monteith BD. Prevalence and risk of traumatic gingival recession following elective lip piercing. Dent Traumatol. 2006 Feb;22(1):7-13.12 - Hartmann RW Jr. Ludwig’s angina in children. Am Fam Physician. 1999 Jul;60(1):109-12.13 - Chimenos-Küstner E, Batlle-Travé I, Velásquez-Rengijo S, García-Carabaño T, Viñals-Iglesias H, Roselló-Llabrés X.

Appearance and culture: oral pathology associated with certain “fashions” (tattoos, piercings, etc.). Med Oral. 2003 May-Jul;8(3):197-206.14 - Sardella A, Pedrinazzi M, Bes C, Lodi G, Carrassi A. Labial Piercing resulting in gingival recession. A case series. J Clin Periodontol. 2002 Oct;29(10):961-3.15 - Kapferer I, Hienz S, Ulm C. Labial piercing and localized periodontal destruction – partial periodontal regeneration following periodontal debridement

and free gingival graft. Dent Traumatol. 2008 Feb;24(1):112-4.16 - Berenguer G, Forrest A, Horning GM, Towle HJ, Karpinia K. Localized periodontitis as a long-term effect of oral piercing: a case report.

Compend Contin Educ Dent. 2006 Jan;27(1):24-7; quiz 28, 36.

8 – Exemplo de abrasão dentária e recessão gengival no dente 43,derivadas do contacto frequente com o adorno do lábio inferior.

9 – Hiperplasia dos tecidos do lábio inferior, associada a um piercing labial.

8

9

sua amostra apresentavam abrasão dentária.8

Existe uma relação directa entre lesões traumáticas dos tecidosdentários e o piercing na cavidade oral, sendo o lingual o maisfrequentemente referido neste tipo de lesões.3

Estas lesões ocorrem normalmente durante a fala ou mastigação,ou por hábitos de mordida do próprio piercing , podem estarlimitadas ao esmalte, ou também envolver a dentina e mesmo a

Page 60: Congresso 2009 Palco de oportunidades · Médicos dentistas em Inglaterra Lisboa recebe com um Sorriso o XVIII Congresso da OMD Leopoldina chega a 55 mil crianças ... ADSE e abertura

omd I Novembro 2009Pág. 8

ResumoExames complementares são importantesauxiliares para a elaboração de um plano detratamento correcto4,6,8,12. Uma documentaçãoortodôntica deve conter radiografias, fotografias,análises cefalométricas e modelos de estudo. Oobjectivo do presente artigo é elaborar umarevisão da literatura sobre os requisitos neces-sários para a confecção de uma DocumentaçãoOrtodôntica.

IntroduçãoExames complementares são importantesauxiliares para a elaboração de um plano detratamento correcto4,6,8,12. Numa avaliação emortodontia, e de acordo com o Decreto-lei nº 94de 16 de Maio de 2005, estes exames deve serconstituídos por radiografias, fotografias,análises cefalométricas e modelos de estudo. Aoconjunto destes exames denominamos Docu-mentação Ortodôntica, cuja finalidade não éapenas a de avaliação do paciente, mas a deregisto das suas condições actuais e acomunicação inter-profissional1,7. Esta docu-mentação pode ser realizada sempre que oortodôntista julgar necessário, inclusivé comore-estudo durante o tratamento.O objectivo do presente artigo é elaborar umarevisão da literatura sobre os requisitos neces-sários para a confecção de uma DocumentaçãoOrtodôntica.

Revisão da literaturaA documentação ortodôntica deve ser cons-tituída por exames radiográficos, fotografiasintra e extra-orais, análise cefalométrica emodelos de estudo. 14

RadiografiasNuma documentação ortodôntica, um estudoradiográfico é necessário para uma avaliação da

condição da saúde oral (presença de cáries,adaptação de restaurações, presença de doençaperiodontal, etc.), a avaliação da evolução dadentição mista, identificação de elementosausentes, inclusos ou supra-numerários, eavaliação de lesões patológicas assin-tomáticas4,5.As radiografias mais indicadas para umaavaliação inicial, durante e após o tratamentoconstam de uma radiografia panorâmica (Fig. 1)com complementação, radiografias periapicaisde incisivos e interproximais bilaterais (Fig. 2) ouum exame periapical completo com interpro-ximais. A selecção da técnica radiográfica deveser realizada com base no bom senso clínico,levando-se em consideração a idade do pacientee a etapa do tratamento. As radiografias devemser obtidas com bom padrão de qualidade7.Uma telerradiografia de perfil para a direita14

(Fig. 3) é uma incidência essencial numa docu-mentação ortodôntica pois é com base nestaque serão realizados as análises cefalométricas.Por isso, esta radiografia deve ser obtida com omáximo de qualidade. Um filtro para tecido moledeve ser utilizado para o registo do perfil. Opaciente deve estar posicionado com o Plano deFrankfurt paralelo ao solo e o plano sagitalmediano perpendicular ao solo. Os tecidosmoles e os lábios devem estar relaxados, assimcomo o palato mole, e o paciente deve ocluir emintercuspidação máxima7,10,11.Outras técnicas radiográficas adicionais,indicadas de acordo com a necessidade de cadacaso, são: as radiografias oclusais para alocalização de elementos inclusos ou supra-numerários, avaliação da disjunção palatina ouestudo de fendas palatinas; a radiografia de mãoe punho para a avaliação da idade óssea; atelerradiografia frontal para a avaliação deassimetrias crânio-faciais; e a radiografiacefalométrica em 45 graus para a mensuração

cadernoscientíficosNúmero 4•Novembro 2009• Trimestral

REVISTA DA ORDEM DOS MÉDICOS DENTISTAS

A importância dos examesde uma Documentação Ortodôntica

Ortodontia

AUTORES:AP Reis

Médica Dentista.Directora

do Departamentode Radiologia Dentária da GAER.

Docente de ImagiologiaDentária na FMDUP.

D RibeiroMédico Dentista.

Especialista emOrtodontia pela UERJ

MM ProvenzanoMédica Dentista.

Especialista e Mestreem Radiologia

Odontológica pela UERJ.

Palavras-chaveDocumentação ortodôntica,

radiografias, análisecefalométrica,

fotografias e modelosde estudo.

Page 61: Congresso 2009 Palco de oportunidades · Médicos dentistas em Inglaterra Lisboa recebe com um Sorriso o XVIII Congresso da OMD Leopoldina chega a 55 mil crianças ... ADSE e abertura

REVISTA DA ORDEM DOS MÉDICOS DENTISTAScadernoscientíficosNúmero 4•Novembro 2009• Trimestral

omd I Novembro 2009Pág. 9

da previsibilidade do diâmetro dos pré-molares inferiores4,5,8. Aexecução de radiografias é obrigatória antes e após a conclusãode qualquer tratamento.

Análise CefalométricaApós a obtenção da telerradiografia de perfil em norma lateral, épossível a realização do traçado cefalométrico com a marcaçãode pontos cefalométricos e construídos, linhas e planos (Fig. 4).Existem inúmeras análises e a escolha pode ser baseada napreferência do clínico, desde que caracterize as relaçõesesqueléticas nos planos sagital e vertical, relações dentárias ecutâneas. Devem ser traçados com as seguintes cores: Pré--tratamento (preto), Progresso (azul), Pós-tratamento (encarnado)e Retenção/pós-tratamento (verde). 14

FotografiasNuma documentação ortodôntica podemos realizar fotos extra eintra-orais, que são de extrema importância para a ortodontiapois demonstram a exacta situação dos tecidos moles e durosno inicio, durante e após o tratamento. Para esta comparação énecessário que as fotos sejam realizadas de formapadronizada1,4,7.De acordo com a American Board of Orthodontics (ABO) e o

Colégio de especialidade de Ortodontia da Ordem dos MédicosDentistas, as fotografias extra-orais requeridas são: uma posiçãode perfil, uma frontal e uma frontal sorriso3,14. Para as fotografiasintra-orais são necessárias: uma em oclusão frontal, lateraldireita e esquerda.

Regras para a correcta execuçãode fotografias extra-orais (Fig. 5):• O plano horizontal de Frankfurt deve estar paralelo

ao solo e plano sagital médio perpendicular ao solo;• Na fotografia frontal e de perfil, o paciente deve estar

com a musculatura facial relaxada e oclusão correcta;• Na fotografia frontal sorrindo o paciente

deve realizar um sorriso natural, em quehaja exposição dos dentes;

• Fundo livre de distracção (preferencialmente branco);• Iluminação adequada, sem sombras no fundo;• As orelhas devem estar expostas, para facilitar

na orientação facial sem brincos;• Os olhos devem estar abertos olhando para a frente

e sem óculos;• O paciente deve dar preferência a roupas escuras

e maquiagem suave;

1

2

3

Figura 1 – Radiografia panorâmica.Figura 2 – Radiografias periapicais de incisivos e interproximais bilaterais.Figura 3 – Telerradiografia de perfil.Figura 4 – Análise cefalométrica.

4

Page 62: Congresso 2009 Palco de oportunidades · Médicos dentistas em Inglaterra Lisboa recebe com um Sorriso o XVIII Congresso da OMD Leopoldina chega a 55 mil crianças ... ADSE e abertura

omd I Novembro 2009Pág. 10

cadernoscientíficosNúmero 4•Novembro 2009• Trimestral

REVISTA DA ORDEM DOS MÉDICOS DENTISTAS

Regras para a correcta execuçãode fotografias intra-orais (Fig. 6):• Devem ser orientadas com o plano oclusal paralelo

ao solo e o paciente deve ocluir correctamente;• Longo eixo da câmara perpendicular ao plano oclusal;• Devem ser utilizados afastadores para retracção

dos lábios e bochechas;• Iluminação adequada, revelando o contorno

dos dentes sem a presença de sombras;• A dentição deve estar limpa, ausência de saliva e/ou bolhas;• As fotos de oclusão lateral devem abranger

até o primeiro molar e o foco deve estar direccionadopara a região de canino e pré-molares, fazendo comque o Incisivo Central do lado oposto apareça na fotografia;

• As fotos devem estar o mais próximo possíveldos tamanhos reais.

As fotografias oclusais (Fig. 7) (superior e inferior) não sãoobrigatórias mas são incentivadas pela ABO, estas devem serobtidas com o auxílio de espelhos e devem ser invertidashorizontalmente. Os lábios não devem encobrir as coroas dosdentes anteriores, devem ser abrangidos todos dos dentes daarcada superior ou inferior evitando-se embaçamento3,4.As fotografias devem ser apresentadas em papel14.A impressão pode ser realizada em preto e branco ou coloridae deve-se respeitar as dimensões de 9x6 cm para as fotografiasextra-orais e 6x9 cm nas fotografias intra-orais3.

Modelos de estudoOs modelos de estudo ortodônticos são considerados elementosfundamentais no diagnóstico em Ortodontia e uma das fontes deinformação mais importantes, uma vez que eles constituem umregisto permanente da má oclusão em três dimensões9. Permitemanalisar a simetria e forma dos arcos, inclinação, anatomia,tamanho e posição dos dentes, bem como permitem diferentesanálises ortodônticas, sendo de grande utilidade na comparaçãodas diferentes fases do tratamento. Os modelos de estudo tambémservem para a realização da análise da discrepância de modelos2,9.Os modelos devem mostrar textura e detalhes fidedignos epormenorizados14 – unidades dentárias, vestíbulo bucal, freios ebridas – e estar correctamente recortados, com as bases paralelasao plano oclusal do arco superior e perpendicular à rafe palatinamediana (Fig. 8). É importante realçar que, nos casos de assimetriasesqueléticas e dentárias severas, nem sempre é possível obter aproporcionalidade ideal, devendo prevalecer, nestas ocasiões, obom senso do profissional9. Uma moldagem bem executada é umfactor fundamental para obtenção de modelos ideais. A moldagemdeve se estender o máximo possível para o sulco vestibular, demaneira a permitir uma reprodução precisa de toda a anatomia do

Figura 5 – Fotografias extra-orais: frente, frente sorrindo e perfil direito.Figura 6 – Fotografia intra-oral: oclusão frontal e laterais.Figura 7 – Fotografia oclusal superior e inferior.

6

6

5

77

Page 63: Congresso 2009 Palco de oportunidades · Médicos dentistas em Inglaterra Lisboa recebe com um Sorriso o XVIII Congresso da OMD Leopoldina chega a 55 mil crianças ... ADSE e abertura

REVISTA DA ORDEM DOS MÉDICOS DENTISTAScadernoscientíficosNúmero 4•Novembro 2009• Trimestral

omd I Novembro 2009Pág. 11

Bibliografia

ARAÚJO, M. G. M. Ortodontia para clínicos: programa pré-ortodôntico. São Paulo: Ed. Santos, 1999.AYOUB, A. F. et al. A three-dimensional imaging system for archiving dental study casts: a preliminary report. Int. J. Adult Orthodon.Orthognath Surg., Chicago, v. 12, no. 1, p. 79-84, 1997.BASTOS, G. A fotografia Digital na Ortodontia. Ed. Santos, 2004.FERREIRA, F. V. Ortodontia: diagnóstico e planejamento clínico. São Paulo: Artes Médicas, 2002.FILHO, M. V. Cefalometria – técnicas de diagnóstico e procedimentos. Rio de Janeiro: Napoleão, 2007.GRABER, T. M.; VANARSDALL, R. L.; VIG, K. W. L. Orthodontics: current principles and techniques. Missouri: Elsevier Mosby, 2005.MOYERS, R. E. Ortodontia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1991.PROFFIT, W. R. Ortodontia contemporânea. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002.RONCHIN, M. et al. Documentation file of orthodontic clinical records: plaster study models. Mondo Ortod., Milano, v. 14, no. 4, p. 443-457, 1989.STEINER, C. C. Cephalometrics as a clinical tool. In: KRAUS, B. S.; RIEDEL, R. A. (Org.). Vistas in Orthodontics. Philadelphia: Lea & Febiger, 1962. p. 131-162.STRANG, R. H. W. A textbook of Orthodontics. Philadelphia, J. B. Lippincott, 1958.TWEED, C. H. Clinical Orthodontics. St. Louis: C. V. Mosby, 1966.VILLELA, O. C. Manual de Cefalometria. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001.Documentos oficiais: Decreto-lei nº 94/05 de 16 de Maio. Diário da República – II Série.

tecido mole4,7,9. Os modelos ortodônticos devem ser confeccionadopara que as suas bases fiquem simétricas e o registo oclusal deveser obtido em intercuspidação máxima. O recorte deve estarparalelo ao plano oclusal e os modelos articulados não devemapresentar báscula. Bolhas positivas ou preenchimento de bolhasnegativas devem ser realizadas durante o processo de recorte. Ovértice do modelo superior deve estar coincidente com a rafepalatina mediana (Fig. 9 e 10). A altura total dos modelos articuladosdeve medir entre 7,5 e 8,5cm4,7,9.

ConclusãoUma Documentação Ortodôntica consta de um conjunto deexames e procedimentos realizados com a finalidade de se obterum completo registo do paciente para que seja feita uma análisede suas condições esqueléticas e dentárias. Os exames queconstituem uma Documentação Ortodôntica variam de acordocom a especificidade de cada caso, sendo fundamental umacorrecta solicitação dos exames pelo ortodôntista4,7,8. Cada item,incluindo modelos, radiografias, traçado e fotografias devem sercorrectamente identificados, contendo o nome e idade dopaciente, a data da realização e a fase do tratamento (indicada porletra e cor). Sendo: A – registos iniciais (preto), A-B – progressodurante o tratamento (preto e encarnado), B – fim do tratamento eC – registos finais (verde). Os registos A e B são exigidos, osrestantes são opcionais. Devem ser usadas “bolinhas de cor parafacilitar o seu reconhecimento. Os requisitos mínimos descritosnão pretendem desencorajar a inclusão de registos adicionaispertinentes.14

Actualmente, a Documentação Ortodôntica pode ser realizadanuma clínica de radiologia dentária, onde a supervisão é feita porum especialista em radiologia dentária. Portanto, é importante queeste esteja familiarizado com os requisitos necessários para umaDocumentação Ortodôntica de qualidade e que a padronizaçãodos exames seja respeitada.

8

9

10

Figura 8 – Visão anterior dos modelos de estudo articulados.Figura 9 – Visão oclusal dos modelos de estudo.Figura 10 – Visão lateral dos modelos de estudo articulados.

Page 64: Congresso 2009 Palco de oportunidades · Médicos dentistas em Inglaterra Lisboa recebe com um Sorriso o XVIII Congresso da OMD Leopoldina chega a 55 mil crianças ... ADSE e abertura

omd I Novembro 2009Pág. 12

cadernoscientíficosNúmero 4•Novembro 2009• Trimestral

REVISTA DA ORDEM DOS MÉDICOS DENTISTAS

responsabilidade disciplinar dos médicos dentistascontributo para a sua autonomia teórica(Parte I)

Ética e Deontologia

AUTORES:André Moz Caldas

MestreFac. de Medicina Dentáriada Universidade de Lisboa

António GinjeiraProfessor Doutor

Fac. de Medicina Dentáriada Universidade de Lisboa

Palavras-chaveResponsabilidade médica;

responsabilidade disciplinar;Ordem dos Médicos Dentistas;

Código Deontológico.

ResumoO exercício da medicina tinha, nas origens,carácter sagrado, sendo a responsabilidademédica de natureza religiosa. Hoje, ganhandodimensão jurídica desdobra-se em respon-sabilidade civil, penal e disciplinar. Aresponsabilidade disciplinar dos médicosdentistas portugueses é assegurada por umaOrdem profissional, a Ordem dos MédicosDentistas, que é uma associação de direitopúblico; e segue regras próprias vertidas numEstatuto e num Código Deontológico, semdeixar de se atender às leges artis. O objectivodeste trabalho é analisar o regime disciplinardestes profissionais e a sua articulação como restante ordenamento jurídico, contribuindopara a autonomia teórica da deontologiamédico-dentária.Na primeira parte deste trabalho enquadra-sea auto-regulação profissional no âmbito daTeoria Geral da Organização Administrativaportuguesa, destacando o papel das ordensprofissionais e inicia-se a análise do regimedisciplinar dos médicos dentistas. Nasegunda parte, tratar-se-á de terminar aanálise do referido regime disciplinar e far-se--á um balanço da actividade do ConselhoDeontológico e de Disciplina da Ordem dosMédicos Dentistas.

IntroduçãoA responsabilidade do médico não era, nasorigens, uma responsabilidade em sentidojurídico, como hoje se começa pacificamentea reconhecer. A actividade do médico era umaactividade sagrada, sendo o seu com-promisso, adquirido a partir de certo momentoatravés da prestação do juramento deHipócrates, de natureza religiosa. Mesmo ajuridicidade do Código de Hamurabi (circa

1780 a. C.) emanava do poder da divinidade dedispôr sobre o humano.Para Guilherme de Oliveira1, “a responsa-bilidade dos médicos era uma responsabilidadereligiosa, moral, diferente e mais exigente doque a responsabilidade jurídica a que sesujeitavam os oficiais de outras artes.”Naturalmente, a juridicidade não esgota adimensão ética e moral do agir médico.Outrossim, acrescenta-lhe um crivo neces-sário à vida em sociedade, com certeza esegurança jurídicas.A responsabilidade médica desdobra-se emresponsabilidade civil, quando esteja emcausa um facto ilícito e culposo do agentemédico que causa um dano no seu paciente,por desvio dos seus deveres de cuidado;responsabilidade penal, quando esteja emcausa a prática de um crime tipificado noCódigo Penal; e responsabilidade disciplinar.No que respeita a responsabilidade disciplinardistingue-se, com Sinde Monteiro e FigueiredoDias2, a responsabilidade disciplinar pro-fissional, respeitante a todos os médicos e aresponsabilidade disciplinar administrativa, aque estão sujeitos os profissionais integradosem serviços públicos. Não se discutirá estaúltima, dado o escasso interesse actual para aprofissão médico-dentária, por não estarintegrada no Serviço Nacional de Saúde.O presente trabalho visa enquadrar aresponsabilidade disciplinar dos médicosdentistas no quadro de auto-regulaçãoprofissional vigente no ordenamentoportuguês; analisar o regime disciplinar dosmédicos dentistas e a actividade dos órgãosdisciplinares profissionais. Parte do en-quadramento da auto-regulação no âmbito daTeoria Geral da Organização Administrativaportuguesa, com especial relevo para o papel

AbstractMedicine was, in the past, mostly sa-

cred. The physician’s responsibilitywas of religious nature. Nowadays,

acquiring juridical aspects, it will bedivided in civil, criminal or discipli-nary. Disciplinary responsibility of

portuguese dentists is established bya public association, the Ordem dosMédicos Dentistas, following exclu-

sive rules determined by law, deonto-logical regulations and with respectof the leges artis. This work’s goal is

to study the competent regime andit’s articulation with the rest of the

juridical order, this way contributingto the theoretical autonomy of

dental deontology. The first partof this text integrates professionalauto-regulation among the portu-

guese General Theory of the Admi-nistrative Organization, highlightingthe role of professional colleges andbegins to analyse the disciplinary re-gime of dentists. In the second part

the analysis of the disciplinaryregime is finished and a study of theactivity of the Deontological Council

of the Ordem dos MédicosDentistas is made.

KeywordsMedical Responsibility; DisciplinaryResponsibility; Ordem dos Médicos

Dentistas; Deontological Code

Page 65: Congresso 2009 Palco de oportunidades · Médicos dentistas em Inglaterra Lisboa recebe com um Sorriso o XVIII Congresso da OMD Leopoldina chega a 55 mil crianças ... ADSE e abertura

REVISTA DA ORDEM DOS MÉDICOS DENTISTAScadernoscientíficosNúmero 4•Novembro 2009• Trimestral

omd I Novembro 2009Pág. 13

das ordens profissionais; segue com uma análise do regimedisciplinar dos médicos dentistas, continuada na segundaparte, que termina com um balanço da actividade doConselho Deontológico e de Disciplina da Ordem dos MédicosDentistas.

MétodosO trabalho parte do enquadramento da auto-regulação noâmbito da Teoria Geral da Organização Administrativaportuguesa, com especial relevo para o papel das ordensprofissionais. Neste passo, a revisão da literatura relevantecontempla autores exclusivamente nacionais, pois para oenquadramento da questão não releva a experiênciainternacional. Por outro lado, ao contrário das Ciências da

Natureza e das Ciências Exactas, não há na literatura jurídicabases de dados bibliográficas ou palavras-chave para apesquisa. Os instrumentos metodológicos usados são, pois,mais típicos das Ciências Sociais ou da Ciência do Direito,com respeito pela diversidade de posições que nessaliteratura surgem.

O texto segue com uma análise do regime disciplinar dosmédicos dentistas, com a apreciação sistemática e discussãodos instrumentos normativos relevantes, actualizados comreferência a Abril de 2009.

A auto-regulação profissionalPensar em regulação jurídica, hoje, é pensar em lei. Contudo,a emergência da auto-regulação remonta às mais antigascomunidades humanas. O costume, enquanto práticareiterada dotada de convicção de obrigatoriedade é a primeiraexpressão de auto-regulação humana. Esta noção é acolhidapelo ordenamento jurídico português.Desde o século XIX, em que a lei se torna fonte dominante dodireito nos Estados modernos, houve sempre lugar para aauto-regulação. A lei não consegue abranger todos osproblemas das sociedades actuais, dando espaço por um ladoà administração, nas soluções individuais e concretas e àadopção generalizada de “códigos de conduta” nas diferentesprofissões. Na medicina, esses códigos tomaram adesignação tradicional de “códigos deontológicos”. Contudo,as fontes normativas da auto-regulação emanam também deoutros documentos, como sejam as Declarações de Princípiosde organizações nacionais e internacionais de médicos, osProtocolos de Actuação e as Reuniões de Consenso ouguidelines e os Pareceres das Comissões de Ética. A esteacervo de fontes, designa-se por vezes, de soft law.A rápida evolução do conhecimento científico na área dabiomedicina vem abrir novos horizontes à auto-regulaçãoprofissional na área da saúde. A doutrina tem apontadovantagens mútuas para o Estado, para os médicos e para acomunidade. Segundo Guilherme de Oliveira3, a auto-regulaçãopreenche o propósito do Estado que “tende a delegar o poderregulador nos corpos profissionais quando está peranteactividades altamente diferenciadas”. Sublinha ainda “a maioradesão espontânea” dos profissionais. Para os médicos,aponta a vantagem da eliminação da intervenção directa doEstado e do confronto com as autoridades. A comunidadebeneficia, para este autor, do “incentivo da discussão técnica”que o exercício da auto-regulação exige, com definição maisrigorosa de critérios de actuação e do aumento do nível de

Page 66: Congresso 2009 Palco de oportunidades · Médicos dentistas em Inglaterra Lisboa recebe com um Sorriso o XVIII Congresso da OMD Leopoldina chega a 55 mil crianças ... ADSE e abertura

omd I Novembro 2009Pág. 14

cadernoscientíficosNúmero 4•Novembro 2009• Trimestral

REVISTA DA ORDEM DOS MÉDICOS DENTISTAS

preparação técnica dos médicos.Pela nossa parte, tendemos a defender que, se as vantagenspara o Estado e para os médicos são evidentes, ainda quenão se conheça um aumento do nível de adesão às normasapenas por resultarem de auto-regulação – notemos que oenvolvimento dos profissionais nos actos normativos deauto-regulação não tem ainda muita expressão e está pordemonstrar inequivocamente que respeitassem menos,normas provenientes de outras fontes – para a comunidade,não se vislumbra, pelas razões enunciadas por aquele autor,qualquer vantagem. A preparação dos médicos éindependente da fonte de regulação. Decorre, certamente,de padrões éticos e de normas injuntivas. Porém, a fontedesse poder injuntivo não parece relevar para o acatamentoe para as boas práticas. Os médicos preparar-se-iamigualmente bem, certamente, independentemente da suaclasse participar em processos de auto-regulação.

1.1 Associações públicas,maxime as Ordens Profissionais;

A Constituição da República Portuguesa (CRP), na alínea d)do seu artigo 199.º, estabelece uma distinção entreadministração directa, indirecta e autónoma do Estado, emtermos da sua relação com o Governo enquanto órgãosuperior da Administração4,5,6.Para Diogo Freitas do Amaral4, “a administração autónoma éaquela que prossegue interesses públicos próprios daspessoas que a constituem e por isso se dirige a si mesma,definindo com independência a orientação das suasactividades, sem sujeição a hierarquia ou a superintendênciado Governo.”Ao contrário dos institutos públicos e das empresaspúblicas, as associações públicas não comungam de umregime jurídico próprio, tendo este de ser recortado dosdiplomas instituidores de cada associação pública emconcreto. O regime das associações públicas profissionais,aprovado pela Lei n.º 6/2008, de 13 de Fevereiro, para além desó dizer respeito a estas últimas, de entre as associaçõespúblicas, só vale para as associações que se criem a partirda sua entrada em vigor ou para aquelas que volun-tariamente adiram ao regime nele prescrito, em sede derevisão estatutária.Nos termos do referido artigo da CRP, o Governo só podeexercer sobre as entidades da administração autónoma quesão, na administração pública portuguesa, as associaçõespúblicas e as autarquias locais, poderes de tutela. As regiões

autónomas também estão incluídas na administraçãoautónoma, mas como a sua autonomia não é meramenteadministrativa, mas político-administrativa, não estãosubmetidas à tutela do Governo da República. Então, oGoverno não pode exercer sobre a administração autónomaos mais intensos poderes de superintendência e de direcção.O mesmo autor define “«associações públicas» como sendoas pessoas colectivas públicas, de tipo associativo,destinadas a assegurar autonomamente a prossecução dedeterminados interesses públicos pertencentes a um grupode pessoas que se organizam com esse fim”4.Desta definição retira-se que, para a caracterização destasorganizações, releva a dimensão associativa, que asdistinguirá dos institutos públicos e das empresas públicase a natureza pública dos interesses que prosseguem, que asdistingue das associações privadas, ainda que os interessesprosseguidos recaiam essencialmente sobre um conjuntoparticular de pessoas. Em duas palavras, releva o substratohumano.Ora, não se retira da noção de associação pública que estacategoria de organizações administrativas seja homogénea.São diversas as associações públicas na administraçãoportuguesa4: as comunidades intermunicipais e as regiõesde turismo são-no, por exemplo. Mas o paradigma dasassociações públicas são as ordens profissionais.Estas organizações, bem como as câmaras profissionais, sãopara Diogo Freitas do Amaral4 “associações públicasformadas pelos membros de certas profissões de interessepúblico com o fim de, por devolução de poderes do Estado,regular e disciplinar o exercício da respectiva actividadeprofissional.” Então, o Estado toma o entendimento de queum conjunto de profissionais está melhor colocado para aprossecução de determinado interesse público, confiando--lhes essa responsabilidade, acompanhada da transferênciados poderes de autoridade necessários a essa prossecução.Nas palavras de Jorge Miranda7: “o Estado respondemanifestando confiança na auto-organização dos respectivosprofissionais e, simultaneamente, decretando a necessidadede cada um a integrar [a respectiva ordem profissional] parapoder exercer a profissão» (parêntesis rectos e seu conteúdonossos).Em Portugal, existem treze ordens profissionais e trêscâmaras profissionais: as ordens dos advogados, arqui-tectos, biólogos, economistas, enfermeiros, engenheiros,farmacêuticos, médicos, médicos dentistas, médicosveterinários, notários, psicólogos e revisores oficiais decontas e as câmaras dos despachantes oficiais, dos técnicos

Page 67: Congresso 2009 Palco de oportunidades · Médicos dentistas em Inglaterra Lisboa recebe com um Sorriso o XVIII Congresso da OMD Leopoldina chega a 55 mil crianças ... ADSE e abertura

oficiais de contas e dos solicitadores. Quase todas estasorganizações, exceptuando-se apenas a Ordem dosPsicólogos e as Câmaras dos Despachantes Oficiais e dosTécnicos Oficiais de Contas, encontram-se reunidas noConselho Nacional das Ordens Profissionais.As ordens ocupam-se tipicamente de funções derepresentação da profissão face ao exterior, funções de apoioaos seus membros; funções de regulação da profissão eoutras funções administrativas acessórias ou instrumentais4.A relação entre as funções de representação e as funções deregulação pode ser, por vezes, conflituosa. Frequentemente,ainda que prosseguindo remotamente o interesse público,as ordens interferem até na aparente defesa de interessespatrimoniais dos seus membros, tendo mesmo algumasfixado no passado, tabelas de honorários8,9. Havendo, então,contradição entre as funções, deve prevalecer a função deregulação. Por um lado, é aí que reside o interesse públicoque funda a existência das ordens profissionais e por outro,é o que resulta do regime constitucional destasorganizações, na medida em que, nos termos do n.º 4 do

artigo 267º da CRP, as associações públicas “não podemexercer funções próprias das associações sindicais”, aindaque se considere que as funções de representaçãoprofissional não têm completa identificação com as funçõessindicais. Em suma, o que releva é a confiança social que oEstado deposita nas ordens profissionais para a prossecuçãodo interesse público.Assim, as funções de regulação desdobram-se na regulaçãodo acesso à profissão e na regulação do exercício daprofissão, na dupla vertente de determinação das regrasdeontológicas e de controlo disciplinar. Sobre este assunto,nos deteremos mais desenvolvidamente nos capítulosseguintes.

1.2 A emergência do poder disciplinare a legitimidade da sanção

Em geral, as ordens profissionais gozam das seguintescaracterísticas: unicidade; inscrição obrigatória; quotizaçãoobrigatória; auto-administração e poder disciplinar4.

REVISTA DA ORDEM DOS MÉDICOS DENTISTAScadernoscientíficosNúmero 4•Novembro 2009• Trimestral

omd I Novembro 2009Pág. 15

Page 68: Congresso 2009 Palco de oportunidades · Médicos dentistas em Inglaterra Lisboa recebe com um Sorriso o XVIII Congresso da OMD Leopoldina chega a 55 mil crianças ... ADSE e abertura

omd I Novembro 2009Pág. 16

A unicidade corresponde ao impedimento de que existamoutras associações públicas com o mesmo objecto e âmbito;a quotização obrigatória decorre da inscrição obrigatória; aauto-administração corresponde aos princípios de des-centralização administrativa, democraticidade e participaçãodos interessados; o poder disciplinar, que se discutirá infraem detalhe, pode ir até à interdição do exercício da profissão.Mais sensível se mostra o problema da inscrição obrigatória.Este dever decorre uniformemente de todos os diplomasinstituidores de ordens profissionais. Este é, naturalmente,um problema de direitos fundamentais, na medida em quepodem ser facilmente comprimidas as liberdades deassociação e de profissão, constitucionalmente consa-gradas4. Seja como for, a inscrição obrigatória é, para nós,requisito indispensável para a coercibilidade do regimedisciplinar. Não seria eficaz um regime a que os profissionaisse pudessem furtar por se desfiliarem da sua ordemprofissional. Aliás, a fragilidade da disciplina profissionalreside, de forma especialmente intensa, precisamente naimpossibilidade de sancionar alguns intervenientes naprestação, por não serem membros das ordens profissionais.A este problema se regressará infra.O exercício da profissão de médico dentista depende da

inscrição na Ordem dos Médicos Dentistas, cujo Estatuto foiaprovado pela Lei n.º 110/91, de 29 de Agosto, com aredacção introduzida pela Lei n.º 82/98, de 10 de Dezembro,e com a segunda alteração introduzida pela Lei n.º 44/2003,de 22 de Agosto e rectificada pela Declaração deRectificação n.º 14/2003, de 11 de Outubro.É através desse acto dos poderes públicos, com forma eforça de lei, que o Estado transfere o exercício dos seuspoderes de autoridade sobre a regulação dos médicosdentistas para a Ordem, designadamente em matériadisciplinar, ao mesmo tempo que lhe transfere poderregulamentar próprio na elaboração do Código Deontológico.É por esta via que a jurisdição disciplinar da OMD ganhaeficácia sobre os profissionais nela inscritos e sobre oscidadãos habilitados que nela se pretendam inscrever.Distingue-se a eficácia das normas do Estatuto da dasnormas do Código Deontológico. As primeiras revestem-sede força legal, as segundas decorrem do exercício do poderregulamentar da Ordem. Sinde Monteiro e Figueiredo Dias2

diriam a propósito da disciplina médica “que as normas dedeontologia médica têm primariamente uma eficáciainterna”. Também Guilherme de Oliveira3 seguiu esteentendimento. Não se lhes nega valor jurídico, reconhecendo-

cadernoscientíficosNúmero 4•Novembro 2009• Trimestral

REVISTA DA ORDEM DOS MÉDICOS DENTISTAS

Page 69: Congresso 2009 Palco de oportunidades · Médicos dentistas em Inglaterra Lisboa recebe com um Sorriso o XVIII Congresso da OMD Leopoldina chega a 55 mil crianças ... ADSE e abertura

-se-lhes interesse até na concretização de normas gerais ouna definição do que sejam as leges artis do artigo 150.º doCódigo Penal, por exemplo. Mas não serão normas jurídicasem sentido próprio, pelo menos não em paridade, nahierarquia das fontes de Direito, com normas legais. Para osautores citados “os seus destinatários primeiros são ospróprios médicos, nomeadamente para efeitos da aplicaçãode sanções disciplinares pela sua violação”. Contudo, oregime disciplinar consta de lei, como se discutirá infra,gozando de plena eficácia e legitimando por essa via aaplicação de sanções. O Código Deontológico adquire forçajurídica por habilitação legal para o efeito.Questão interessante se coloca na eventual divergência entrenorma emergente de auto-regulação profissional e normalegal. Adere-se à posição de Guilherme de Oliveira3: “asnormas deontológicas têm de se subordinar à legislaçãoordinária”. Tanto assim é, que a aplicação das normasdeontológicas pelos órgãos competentes das associações edas ordens profissionais, está sujeita ao controlo delegalidade dos tribunais administrativos e fiscais.

1.3 A OM, a APMD e a OMD

Antes da formação dos primeiros médicos dentistas, aprestação de cuidados na área da saúde oral era asseguradapor médicos, estomatologistas ou não e por “práticosdentários”, sem habilitação académica específica ou semhabilitação académica nenhuma, alguns legalizados comoodontologistas e outros exercendo ilegalmente.O advento da medicina dentária confunde-se, então, com osurgimento das escolas superiores que formaram osprimeiros profissionais: a Escola Superior de MedicinaDentária de Lisboa, criada pelo Decreto-Lei n.º 285/75, de 6de Junho e a Escola Superior de Medicina Dentária doPorto, criada pelo Decreto-Lei n.º 368/76, de 15 de Maio,ainda que tenha iniciado a sua actividade antes da deLisboa, que só abriu as suas portas no ano seguinte.Após a formação destes primeiros profissionais não existiaorganismo de regulação profissional que os integrasse,vindo a ser integrados em 1980 na Ordem dos Médicos,ainda que em secção própria. O Regulamento da Secçãode Medicina Dentária da Ordem dos Médicos, vem a seraprovado pelo Conselho Nacional Executivo dessa Ordemem 1983. Em 1989, a Ordem dos Médicos decide aautonomização da Secção de Medicina Dentária.No ano seguinte é criada uma Comissão Nacional dos

Médicos Dentistas, precursora da Associação Profissionaldos Médicos Dentistas – associação profissional de direitopúblico – criada pela Lei n.º 110/91, a que lhe sucede acriação da Ordem dos Médicos Dentistas pela Lei n.º 82/98,de 10 de Dezembro.Desde a origem da profissão que os seus membrossentiram necessidade de integração sócio-profissionalnuma organização de direito público. Assim se explica queem nenhum momento não transitório, estes profissionaisestivessem agregados em organizações similares, mas dedireito privado. Também o Estado sempre terá reconhecidoa dignidade desta profissão e a necessidade de atribuiçãode poderes de auto-regulação. É de especial nota a rápidaautonomização em relação à Ordem dos Médicos, que vemaprofundar a evolução das distintas preocupações de umae outra das classes profissionais.Analisando a evolução histórica da actividade destasorganizações10 notar-se-ia uma preocupação inicial derepresentação profissional, nacional e internacionalmente,e só adiante, já em plena actividade da Ordem dos MédicosDentistas, um crescimento importante a propósito dasquestões da regulação profissional e do exercício do poderdisciplinar. Assim, a auto-regulação profissional é sinal dematuridade institucional e profissional.

2. O regime disciplinar dos médicos dentistas;

2.1 O Estatuto da OMD e o regime disciplinar

Como se disse, o Estatuto da Ordem dos Médicos Dentistasfoi aprovado pela Lei n.º 110/91, de 29 de Agosto, com aredacção introduzida pela Lei n.º 82/98, de 10 de Dezembro,e com a segunda alteração introduzida pela Lei n.º 44/2003,de 22 de Agosto, com a redacção rectificada pelaDeclaração de Rectificação n.º 14/2003, de 11 de Outubro.Em rigor, a Lei n.º 110/91, de 29 de Agosto aprovou oEstatuto da Associação Profissional dos Médicos Dentistas,convertida em Ordem pela Lei n.º 82/98, de 10 de Dezembro.Do Estatuto da Ordem, recortam-se diversas normas cominteresse para o tratamento sistemático do regimedisciplinar dos médicos dentistas.Desde logo, no artigo 4.º, respeitante às atribuições daOMD, constam três importantes alíneas, que enquadramos poderes da Ordem em matéria disciplinar. Sãoatribuições da OMD nesta área: “defender a ética, adeontologia e a qualificação profissional dos seus

REVISTA DA ORDEM DOS MÉDICOS DENTISTAScadernoscientíficosNúmero 4•Novembro 2009• Trimestral

omd I Novembro 2009Pág. 17

Page 70: Congresso 2009 Palco de oportunidades · Médicos dentistas em Inglaterra Lisboa recebe com um Sorriso o XVIII Congresso da OMD Leopoldina chega a 55 mil crianças ... ADSE e abertura

omd I Novembro 2009Pág. 18

cadernoscientíficosNúmero 4•Novembro 2009• Trimestral

REVISTA DA ORDEM DOS MÉDICOS DENTISTAS

membros, com o intuito de assegurar e fazer respeitar odireito dos utentes a uma medicina dentária qualificada”(cfr. art. 4.º, n.º 1, al. a) do Estatuto); “defender o cum-primento da lei, do presente Estatuto e dos regulamentosrespectivos, nomeadamente no que se refere à profissão eao título de médico dentista, actuando judicialmente, se forcaso disso, contra quem pratique ilegalmente actos desaúde oral ou use ilegalmente aquele título” (cfr. art. 4.º, n.º1. al. e) de Estatuto); “atribuir o título profissional de médicodentista e regulamentar o exercício desta profissão” (cfr. art.4.º, n.º 1, al. g) do Estatuto) (itálicos nossos).As atribuições das pessoas colectivas públicas são os finsque estas prosseguem, materializando-se nas com-petências dos seus órgãos o feixe de poderes funcionaiscom que estão dotadas para os prosseguir4. Como aspessoas colectivas que integram a Administração estãovinculadas, entre outros, ao princípio da legalidade11,12, daídecorre que só podem prosseguir fins constantes dasatribuições, através das competências fixadas para cadaórgão11,12. Os actos realizados fora do âmbito dasatribuições estão feridos de incompetência absoluta e osque são exercidos por órgão distinto daquele efectivamentecompetente estão feridos de incompetência relativa. Sãonulos os actos realizados em incompetência absoluta,sendo que os realizados em incompetência relativa sãomeramente anuláveis4. Assim, a OMD apenas recebe adevolução de poderes disciplinares do Estado por forçadestas atribuições. Na sua ausência, seria nulo o acto deexercício de poderes disciplinares.Do acervo de deveres dos médicos dentistas constante doartigo 11.º, relevam com especial importância para oregime disciplinar os de: “cumprir o presente Estatuto erespectivos regulamentos” (cfr. art. 11.º, n.º 1, al. a) doEstatuto); “cumprir as normas deontológicas que regem oexercício da medicina dentária, integradas no respectivoCódigo Deontológico, neste Estatuto e na demais legislaçãoaplicável” (cfr. art. 11.º, n.º 1, al. b) do Estatuto) e “guardarsegredo profissional” (cfr. art. 11.º, n.º 1, al. C) do Estatuto).Estes são os deveres que especialmente importam para oregime disciplinar. Isso não quer dizer que os demaisdeveres não importem. Na verdade, o incumprimento dequalquer dos deveres previstos no artigo 11.º, podecomportar a aplicação de uma sanção disciplinar, nostermos do número 2 desse artigo. Mas estes deverescitados estendem força jurídica aos documentos emanadospelo exercício do poder regulamentar pelos órgãoscompetentes da OMD, maxime ao Código Deontológico.

Então, o acervo de deveres dos médicos dentistas é oconjunto destes deveres estatutários, daqueles queemanem de regulamentos da OMD e do CódigoDeontológico. Na medida em que a jurisdição da OMD seefectiva sobre os médicos dentistas pelo princípio dainscrição obrigatória, ínsito no artigo 9.º, assim se constróitodo o quadro de deveres dos médicos dentistas perante asua Ordem profissional, reforçada pela atribuição aoConselho Deontológico e de Disciplina da Ordem, operadapelo artigo 55.º e 57.º do Estatuto, de jurisdição disciplinarexclusiva e competência disciplinar sobre os médicosdentistas, respectivamente.Do conjunto de órgãos de que a OMD está dotada para aprossecução das suas atribuições, aquele que releva paraefeitos do regime disciplinar é o Conselho Deontológico ede Disciplina (CDD), previsto na alínea f), do número 2, doartigo 14.º. Este órgão é eleito separadamente dosrestantes, ainda que em simultâneo, por força do número 1,do artigo 17.º. A sua composição e eleição, funcionamento,competência e restante regime é regulado nos artigos 51.ºe seguintes do Estatuto, cuja reprodução aqui se julgadesnecessária. Importa, ainda, à total compreensão dofuncionamento deste órgão, a consideração dos princípiosgerais, contidos nos artigos 15.º e seguintes do Estatuto,uniformemente aplicáveis a todos os órgãos da OMD.Então, pode ser eleito para o CDD qualquer médico dentistade nacionalidade portuguesa com, pelo menos, cinco anosde exercício da profissão em Portugal (cfr. art. 15.º, n.º 2 doEstatuto). Existem, portanto, quatro requisitos decapacidade eleitoral passiva para este órgão: o título demédico dentista, a nacionalidade portuguesa, cinco anosde exercício profissional, e que esses anos de exercíciotenham sido realizados em Portugal. Estes requisitos deelegibilidade só são partilhados pelo Bastonário e peloSecretário-Geral. Este tipo de normas consagram a especialsolenidade do exercício de funções disciplinares. Em todosos demais aspectos, é comum a todos os titulares deórgãos o regime de eleição, exercício, suspensão, renúncia,perda de mandato e substituição.Todo o Capítulo IV do Estatuto é dedicado à “acçãodisciplinar”, encontrando-se dividido em Secções res-peitantes a “disposições gerais”, “instrução do processo”,“acusação e defesa”, “julgamento” e “penas”. Estacaracterística – o regime disciplinar propriamente dito,estar contido no Estatuto – é própria da OMD emcomparação com a Ordem dos Médicos. Estes têm o seuEstatuto Disciplinar aprovado em diploma próprio e distinto

Page 71: Congresso 2009 Palco de oportunidades · Médicos dentistas em Inglaterra Lisboa recebe com um Sorriso o XVIII Congresso da OMD Leopoldina chega a 55 mil crianças ... ADSE e abertura

REVISTA DA ORDEM DOS MÉDICOS DENTISTAScadernoscientíficosNúmero 4•Novembro 2009• Trimestral

omd I Novembro 2009Pág. 19

do Estatuto da Ordem – o Decreto-Lei n.º 217/94, de 20 deAgosto.Genericamente, os médicos dentistas estão sujeitos, comose disse já, à jurisdição disciplinar exclusiva do CDD (cfr.art. 55.º do Estatuto), que detém competência disciplinarsobre eles (cfr. art. 57.º do Estatuto).Infracção disciplinar, nos termos do próprio Estatuto, seráentão “a acção ou omissão que violar, dolosa ouculposamente, os deveres decorrentes deste Estatuto, dosregulamentos internos, do Código Deontológico ou dasdemais disposições aplicáveis” (cfr. art. 56.º, n.º 1 doEstatuto). Ora, a infracção disciplinar é portanto umaviolação de normas circunscritas ao acervo do CódigoDeontológico e demais regulamentos internos e de outrasdisposições aplicáveis. Essa violação pode dar-se por acçãoou por omissão. Quaisquer outras acções ou omissões dosmédicos dentistas que não contundam com uma normajurídica daquele acervo normativo, não são puníveisdisciplinarmente. Esta é uma manifestação do princípionulle crimen sine lege, de consagração constitucional. Aessa violação corresponderá a ilicitude. Claro está que o

âmbito de ilicitude se alargará ao cumprimento das regrasda arte, mas isto por força já do próprio CódigoDeontológico (cfr. arts. 8.º e 9.º do Código Deontológico, porexemplo). Essa violação pode ser com dolo ou mera culpa.Nesta acepção, dolo é uma forma agravada de culpa,sopesada a intencionalidade do agente, e a culpacorresponde à mera negligência13,14. A culpa será, então,um juízo de censura do agente13. O Estatuto não aponta umcritério de apreciação da culpa. Dos vários critériospossíveis, aquele que se nos afigura mais adequado àapreciação da culpa em sede de responsabilidadedisciplinar médica é o critério do homem médio ou dobonus pater familias, isto é, os deveres de cuidado doagente médico são os do agente médico médio, colocadomediante as circunstâncias do caso concreto13. Tambémneste sentido aponta o número 2, do artigo 8.º do CódigoDeontológico, embora referindo-se ao âmbito dos deverespara com os doentes. Nos sistemas de direito anglo-saxónicos, a culpa é avaliada também por comparação aum padrão de comportamento – standard of care. No direitoda responsabilidade médica esse standard é fre-

Page 72: Congresso 2009 Palco de oportunidades · Médicos dentistas em Inglaterra Lisboa recebe com um Sorriso o XVIII Congresso da OMD Leopoldina chega a 55 mil crianças ... ADSE e abertura

omd I Novembro 2009Pág. 20

cadernoscientíficosNúmero 4•Novembro 2009• Trimestral

REVISTA DA ORDEM DOS MÉDICOS DENTISTAS

quentemente equiparado às determinações dos acervos desoft law, como sejam as guidelines e outras já descritas. Emsuma, são pressupostos da responsabilidade disciplinar domédico dentista o facto, activo ou omissivo, a ilicitude e aculpa13. Naturalmente, não é presuposto da responsa-bilidade disciplinar, como é da responsabilidade civil, odano13. A responsabilidade disciplinar pode emergir damera violação de normas, sem que se verifique a produçãode um dano, como no caso dos deveres a cumprir narelação entre médicos dentistas, por exemplo. Por faltadeste pressuposto, rejeita-se ainda a importância de nexode causalidade entre facto e dano. Não sendo relevante odano, menos será a sua relação causal com o facto. Noentanto, o dano pode ser apreciado em sede de atribuiçãode pena, como facto agravante e aí não poderá deixar derelevar o nexo de causalidade. Este conjunto depressupostos é mais uma importante característicadistintiva da responsabilidade disciplinar.“A responsabilidade disciplinar é independente daresponsabilidade civil ou criminal, podendo, contudo, serordenada a suspensão do processo disciplinar até decisãoa proferir em processo judicial.” (cfr. art. 56.º, n.º 3 doEstatuto). Assim, pode o processo disciplinar aproveitar aprova produzida nos demais processos incidentes sobre amesma matéria de facto.Quaisquer pessoas podem participar práticas susceptíveisde infracção (cfr. art. 56.º, n.º 3 do Estatuto), podendo oparticipante intervir no processo como interessado (cfr. art.59.º do Estatuto). Contudo, a instauração do processo éindependente de participação, podendo ocorreroficiosamente por iniciativa do presidente do CDD ou dedois vogais do Conselho (cfr. art. 58.º do Estatuto).O processo decorre ao abrigo do princípio do contraditório(cfr. art. 60.º do Estatuto) e tem natureza secreta (cfr. art.61.º do Estatuto), podendo ser dado conhecimento aointeressado e ao arguido sobre o processo ou peçasprocessuais (cfr. art. 61.º, n.º 2 e n.º 3 do Estatuto). Aviolação do segredo processual origina responsabilidadedisciplinar (cfr. art. 61.º, n.º 4 do Estatuto). O procedimentodisciplinar prescreve no prazo de três anos.A responsabilidade disciplinar por infracções disciplinaresanteriormente cometidas, não se extingue com ocancelamento ou a suspensão da inscrição do médicodentista na OMD (cfr. art. 63.º, n.º 1 do Estatuto). Tambéma jurisdição disciplinar do CDD se mantém durante asuspensão de inscrição, cessando com o seu cancelamento(cfr. art. 63.º, n.º 2 do Estatuto). Mediante a desistência do

procedimento disciplinar, cessa a responsabilidadedisciplinar, salvo se a falta imputada afectar o prestígio daOMD ou da profissão, ou a dignidade do médico dentistavisado e este requerer a sua continuação (cfr. art. 63.º, n.º3 do Estatuto). Sendo o prestígio da OMD ou da profissãoum conceito indeterminado, cabe ao CDD provê-lo deconteúdo através da interpretação. Contudo, como ainstauração do processo é independente de participação, oCDD é livre de preencher este conceito, não sendo prudentegeneralizar a sua aplicação.Atentos estes princípios gerais, segue a regulação damarcha do procedimento disciplinar, em termos de garantiradequada instrução do processo (cfr. art. 67.º e seguintesdo Estatuto), lugar à acusação e a um exercício efectivo dodireito de defesa (cfr. art. 77.º e seguintes do Estatuto e art.32.º, n.º 10 da Constituição da República Portuguesa), umjulgamento célere (cfr. art. 88.º e seguintes do Estatuto) e agarantia de possibilidade de impugnação contenciosa dasdecisões do CDD (art. 91.º do Estatuto).O conjunto das penas disciplinares, comporta: aadvertência, a censura, a multa, a suspensão e a expulsão(cfr. art. 92.º, n.º 1 do Estatuto). A suspensão não podeexceder os cinco anos (cfr. art. 92.º, n.º 2 do Estatuto). “Apena de expulsão só pode ser aplicada por infracçãodisciplinar que afecte gravemente a dignidade e o prestígioprofissional, mediante decisão tomada por unanimidade”(cfr. art 93.º, n.º 3 do Estatuto). Estes conceitos indeter-minados não podem deixar de ser apreciados com a maiorprudência. Uma pena deste tipo contunde com direitos,liberdades e garantias dos cidadãos, como sejam aliberdade de acesso à profissão, constitucionalmenteprotegidas. Esta pena nunca foi aplicada pela OMD. A penade multa varia entre três e vinte vezes o valor anual da quotaà data do acórdão (cfr. art. 92.º, n.º 3 do Estatuto). Esta penafoi introduzida na última revisão do Estatuto, em 2003 e nãoexiste no Estatuto Disciplinar dos Médicos, sendo inovadorana área da responsabilidade disciplinar médica. Contudo,só foi aplicada uma vez, desde a sua introdução, como severá infra.Importa à graduação da pena a apreciação de factoresagravantes e atenuantes, como sejam os antecedentesprofissionais e disciplinares do arguido, o grau deculpabilidade e as consequências da infracção (cfr. art. 93.º,n.º 1 do Estatuto).Acessoriamente podem ser publicitadas as penas empublicação da OMD, sendo essa publicidade obrigatóriapara as penas de suspensão e expulsão (cfr. art. 94.º do

Page 73: Congresso 2009 Palco de oportunidades · Médicos dentistas em Inglaterra Lisboa recebe com um Sorriso o XVIII Congresso da OMD Leopoldina chega a 55 mil crianças ... ADSE e abertura
Page 74: Congresso 2009 Palco de oportunidades · Médicos dentistas em Inglaterra Lisboa recebe com um Sorriso o XVIII Congresso da OMD Leopoldina chega a 55 mil crianças ... ADSE e abertura

omd I Novembro 2009Pág. 22

cadernoscientíficosNúmero 4•Novembro 2009• Trimestral

REVISTA DA ORDEM DOS MÉDICOS DENTISTAS

Estatuto, aditado pela Lei n.º 82/98, de 10 de Dezembro). Temsido muito frequente, a publicidade das penas disciplinares.Aliás, foi objecto da deliberação número 4 do CDD, de 29 deJunho de 2002, promover sistematicamente essa publicidade.O Estatuto Disciplinar dos Médicos, aprovado pelo Decreto-Lein.º 217/94, de 20 de Agosto, prevê, para além da publicidadeda pena, a pena acessória de perda de honorários. Estaúltima só pode ser aplicada cumulativamente com a pena desuspensão. No Estatuto da OMD, para além da originalidadeda pena de multa, em relação ao Estatuto dos Médicos,apenas existe pena acessória de publicidade de pena.A pena de perda de honorários corresponde à restituiçãodos valores percebidos que tenham origem no acto médicoobjecto da infracção punida. Permite transpôr para oâmbito disciplinar uma figura comparável a um misto deobrigações fundadas no princípio do ressarcimento dosdanos e no princípio da restituição do enriquecimentoinjustificado13. Seja como for, possibilita uma mais expeditae autorizada decisão sobre a ressarcibilidade dedeterminados valores, injustificadamente pagos por umpaciente porventura lesado.

Esta pena não vai sobrecarregar os profissionais, poisapenas substituiria parte do que seria restituível em sede deresponsabilidade civil. Ora, um paciente a quem oshonorários fossem devolvidos por força desta punição aoprofissional, não os poderia voltar a reclamar em sede deacção cível, sem incorrer ele mesmo em enriquecimentosem causa, isto sem prejuízo de serem ressarcíveis outrosdanos.Ainda, não parece justificar-se a circunscrição ao cúmulocom a pena de suspensão, como consta no EstatutoDisciplinar dos Médicos. Aliás, muitas das infracções nãorepudiam tanto que conduzam a essa pena, mas no seuâmbito o julgador nota um enriquecimento injustificado doprofissional infractor. Assim, o âmbito da pena deveria seralargado à pena de censura, ainda que mantendo o seucarácter acessório e eventual.Por fim, existe uma pena acessória, exclusiva para ostitulares de órgãos da OMD – a caducidade do mandato –quando condenados em pena superior à advertência (cfr.art. 23.º, n.º 1 do Estatuto).

Continua em edição próxima.

Page 75: Congresso 2009 Palco de oportunidades · Médicos dentistas em Inglaterra Lisboa recebe com um Sorriso o XVIII Congresso da OMD Leopoldina chega a 55 mil crianças ... ADSE e abertura

REVISTA DA ORDEM DOS MÉDICOS DENTISTAScadernoscientíficosNúmero 4•Novembro 2009• Trimestral

omd I Novembro 2009Pág. 23

Bibliografia

1. Oliveira G. O fim da «arte silenciosa». In: Oliveira G. Temas de Direito da Medicina. 2.ª ed. Coimbra: Coimbra Editora; 2005a. p. 105-14;2. Monteiro S, Dias F. Responsabilidade médica em Portugal. Boletim do Ministério da Justiça 1984; 332: 21-79;3. Oliveira G. Auto-Regulação Profissional dos Médicos. In: Oliveira G. Temas de Direito da Medicina. 2.ª ed. Coimbra: Coimbra Editora; 2005b. p. 247-61;4. Amaral DF. Curso de Direito Administrativo, vol. I. 3.ª ed. Coimbra: Edições Almedina; 2008a.5. Sousa MR. Lições de Direito Administrativo, vol. I. 1.ª ed. Lisboa, LEX; 19996. Caetano M. Manual de Direito Administrativo, vol. I. 10.ª ed. Coimbra: Edições Almedina; 1984;7. Miranda J. «Ordem Profissional». In: Fernandes JP (dir.). Dicionário Jurídico da Administração Pública, vol. VI. 1.ª ed. Lisboa: edição de autor; 1991. p. 231.8. Processo OMD Autoridade da Concorrência. Revista da Ordem dos Médicos Dentistas 2009; 1: 31;9. Campos CS. O Fim dos Honorários Mínimos dos Médicos: Concorrência versus Deontologia ou a Medicina como Commodity. Lex Medicinae Revista Portuguesade Direito da Saúde 2005; 2(4): 69-90;10. Ordem dos Médicos Dentistas – 10 anos. Porto: edição de autor, 2008;11. Amaral DF. Curso de Direito Administrativo, vol. II. 1.ª ed. (8.ª reimpressão). Coimbra: Edições Almedina; 2008b;12. Otero P. Legalidade e Administração Pública – O Sentido da Vinculação Administrativa à Juridicidade. 1.ª ed. Coimbra: Edições Almedina; 2007;13. Leitão LM. Direito das Obrigações, vol. I. 7.ª ed. Coimbra: Edições Almedina; 2008;14. Sousa MR, Matos AS. Responsabilidade Civil Administrativa – Direito Administrativo Geral, Tomo III. 1.ª ed. Lisboa: D. Quixote; 2008;15. Marques JM. Traumatismos dentários com interesse médico-legal. Lisboa: policopiado; 1998;16. Rodrigues JV. O consentimento informado para o acto médico no ordenamento jurídico português - elementos para o estudo da vontade do paciente.

1.ª ed. Coimbra: Coimbra Editora; 2001;17. Pereira AG. O consentimento informado na relação médico-paciente – Estudo de Direito Civil. 1.ª ed. Coimbra: Coimbra Editora; 2004;18. Fidalgo S. Responsabilidade penal por negligência no exercício da medicina em equipa. 1.ª ed. Coimbra: Coimbra Editora; 2009;19. Passinhas S. O artigo 12.º do Código Deontológico da Ordem dos Médicos – Algumas Reflexões. Lex Medicinae,

Revista Portuguesa de Direito da Saúde 2005; 2(3): 105-10;20. Moniz H. Legislação de Direito da Medicina. 1.ª ed. Coimbra: Coimbra Editora; 2008;21. CDD. Deliberação n.º 1: Trato com os Meios de Comunicação em Geral;22. CDD. Deliberação n.º 2: Inibições decorrentes de punição em P.D.;23. CDD. Deliberação n.º 3: Termo de Prestação de Serviços entre Médicos Dentistas e Clínicas;24. CDD. Deliberação n.º 4: Publicação das Penas Disciplinares;25. CDD. Nota interpretativa do art. 7.º do CD sobre Comércio e Mediação;26. APMD. Código Deontológico. Porto: edição de autor; 1991;27. OMD. Relatório de Actividades e Contas. Porto: edição de autor; 2001;28. OMD. Relatório de Actividades e Contas. Porto: edição de autor; 2002;29. OMD. Relatório de Actividades e Contas. Porto: edição de autor; 2003;30. OMD. Relatório de Actividades e Contas. Porto: edição de autor; 2004;31. OMD. Relatório de Actividades e Contas. Porto: edição de autor; 2005;32. OMD. Relatório de Actividades e Contas. Porto: edição de autor; 2006;33. OMD. Relatório de Actividades e Contas. Porto: edição de autor; 2007;34. OMD. Relatório de Actividades e Contas. Porto: edição de autor; 2008;35. Lei n.º 110/91, de 29 de Agosto. Diário da República n.º 198/91 – I série. Assembleia da República. Lisboa;36. Decreto-Lei n.º 217/94, de 20 de Agosto. Diário da República n.º 192/94 – I série. Ministério da Saúde. Lisboa37. Lei n.º 82/98, de 10 de Dezembro. Diário da República n.º 284/98 – I série. Assembleia da República. Lisboa38. Lei n.º 29/99, de 12 de Maio. Diário da República n.º 110/99 – I série. Assembleia da República. Lisboa;39. Regulamento Interno n.º 2/99. Diário da República n.º 143/99 – II série. Ordem dos Médicos Dentistas. Lisboa;40. Lei n.º 44/2003, de 22 de Agosto. Diário da República n.º 193/2003 – I série. Assembleia da República. Lisboa;41. Declaração de Rectificação n.º 14/2003, de 11 de Outubro. Diário da República n.º 236/03 – I série. Assembleia da República. Lisboa42. Decreto-Lei n.º 156/2005, de 15 de Setembro. Diário da República n.º 178/2005 – I série. Ministério da Economia e Inovação. Lisboa;43. Regulamento Interno n.º 4/2006. Diário da República n.º 103/2006 – II série. Ordem dos Médicos Dentistas. Lisboa;44. Regulamento n.º 115/2007. Diário da República n.º 113/2007 – 2.ª série. Ordem dos Médicos Dentistas. Lisboa;45. Lei n.º 6/2008, de 13 de Fevereiro. Diário da República n.º 31 – I série. Assembleia da República. Lisboa.

Agradecimentos

À Ordem dos Médicos Dentistas, na pessoa do seu Bastonário, Dr. Orlando Monteiro da Silva, bem como na pessoa da Directora do Departa-mento Jurídico, Dra. Filipa Carvalho Marques e da colaboradora desse Departamento, Odete Silva, pela recolha e facilitação do acessoà documentação utilizada neste estudo; ao Professor Doutor João Aquino Marques, pelos sucessivos contributos e orientações; ao Luís Frias,pela colaboração no tratamento dos dados.

Page 76: Congresso 2009 Palco de oportunidades · Médicos dentistas em Inglaterra Lisboa recebe com um Sorriso o XVIII Congresso da OMD Leopoldina chega a 55 mil crianças ... ADSE e abertura