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VI Congresso Iberoamericano de Educação Ambiental 16 a 19 de setembro de 2009 Taller: EXPERIENCIAS DE EDUCACIÓN AMBIENTAL EN ÁMBITOS UNIVERSITARIOS Questionário eletrônico de percepção ambiental a estudantes de graduação, utilizando a plataforma Google Docs Élisson Cesar Prieto [email protected] Palavas-Chave: Questionário, Percepção Ambiental, Google Docs 1. Introdução O trabalho relata a experiência do autor com a elaboração, aplicação e avaliação dos resultados de um questionário de percepção ambiental, de forma eletrônica, a estudantes dos cursos de Engenharia Mecânica, Engenharia Mecatrônica e Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia. O questionário aplicado objetivou o levantamento de informações e a sondagem de opinião dos estudantes pesquisados, para constituir um diagnóstico do nível de conhecimento sobre as questões ambientais a serem trabalhadas durante o curso e um mapeamento quanto à valoração das relações entre homem e natureza. Além disso, como a maioria dos estudantes matriculados nas disciplinas do caso em análise, não haviam tido contato, nos seus cursos, com conteúdos que abordassem de forma específica as questões ambientais, a proposta permitiu levantar temas polêmicas ou de maior interesse, ajudando para orientar a preparação das aulas. O questionário foi elaborado para ser preenchido via internet, utilizando a plataforma gratuita e on line Google Docs <http://docs.google.com >, que permite a edição de textos, planilhas e apresentações. O formulário com perguntas e respostas de múltipla escolha e abertas levou em conta para atrair o interesse dos estudantes, além de questões que instigavam a reflexão e o debate, o aspecto da inovação, ao ser todo executado pela internet. Além do gasto zero com papel, houve também uma economia de tempo proporcionada pelo sistema que lança e faz a tabulação dos dados automaticamente. Foram formuladas indagações sobre informações pessoais e hábitos dos estudantes, percepção quanto à qualidade ambiental de onde vivem, pesquisa de alguns conceitos e 1

Congresso Ibero EA_Questionário percepção ambiental

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"Questionário eletrônico de percepção ambiental a estudantes de graduação, utilizando a plataforma Google Docs".Trabalho apresentado no VI Congresso Ibero-Americano de Educação Ambiental em setembro de 2009, na Argentina.Disponível em www.elisson.blog.br.Link direto em: http://elissonprieto.wordpress.com/2009/09/19/questionario-eletronico-percepcao-ambiental/

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VI Congresso Iberoamericano de Educação Ambiental16 a 19 de setembro de 2009

Taller: EXPERIENCIAS DE EDUCACIÓN AMBIENTAL EN ÁMBITOS UNIVERSITARIOS

Questionário eletrônico de percepção ambiental a estudantes de graduação, utilizando a plataforma Google Docs

Élisson Cesar Prieto

[email protected]

Palavas-Chave: Questionário, Percepção Ambiental, Google Docs

1. IntroduçãoO trabalho relata a experiência do autor com a elaboração, aplicação e avaliação dos

resultados de um questionário de percepção ambiental, de forma eletrônica, a estudantes

dos cursos de Engenharia Mecânica, Engenharia Mecatrônica e Medicina Veterinária da

Universidade Federal de Uberlândia.

O questionário aplicado objetivou o levantamento de informações e a sondagem de

opinião dos estudantes pesquisados, para constituir um diagnóstico do nível de

conhecimento sobre as questões ambientais a serem trabalhadas durante o curso e um

mapeamento quanto à valoração das relações entre homem e natureza.

Além disso, como a maioria dos estudantes matriculados nas disciplinas do caso em

análise, não haviam tido contato, nos seus cursos, com conteúdos que abordassem de

forma específica as questões ambientais, a proposta permitiu levantar temas polêmicas ou

de maior interesse, ajudando para orientar a preparação das aulas.

O questionário foi elaborado para ser preenchido via internet, utilizando a plataforma

gratuita e on line Google Docs <http://docs.google.com>, que permite a edição de textos,

planilhas e apresentações. O formulário com perguntas e respostas de múltipla escolha e

abertas levou em conta para atrair o interesse dos estudantes, além de questões que

instigavam a reflexão e o debate, o aspecto da inovação, ao ser todo executado pela

internet. Além do gasto zero com papel, houve também uma economia de tempo

proporcionada pelo sistema que lança e faz a tabulação dos dados automaticamente.

Foram formuladas indagações sobre informações pessoais e hábitos dos estudantes,

percepção quanto à qualidade ambiental de onde vivem, pesquisa de alguns conceitos e

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definições relacionadas ao meio ambiente e à sustentabilidade e ainda sobre a postura e a

opinião deles diante de situações hipotéticas de impacto ambiental.

Apesar do questionário ser preenchido individualmente, os resultados foram sempre

considerados de forma coletiva, buscando sempre obter respostas (e às vezes perguntas)

sobre a percepção da média das turmas quanto às questões ambientais que seriam

trabalhadas durante o curso.

É essa experiência, que foi bem avaliada por professor e estudantes e traz inovações

como sua aplicação eletrônica, que se pretende socializar com todos os interessados na

Educação Ambiental com o objetivo de vê-la aperfeiçoada e disseminada.

2. Questionário de Percepção AmbientalA percepção ambiental, no estudo da Educação Ambiental, é um instrumento que

possibilita ao pesquisador aprofundar a análise da compreensão das interrelações entre a

sociedade e o ambiente no qual vive, principalmente quanto às noções, condutas e hábitos

que demonstram como cada indivíduo percebe e responde às ações sobre o meio ambiente.

O questionário desenvolvido, objeto desse trabalho, foi entendido como uma

importante ferramenta para o levantamento de informações e para sondagem de opinião dos

pesquisados, tendo, a síntese de seu resultado, funcionado como um diagnóstico do nível

de conhecimento sobre algumas questões ambientais e como um mapeamento quanto à

valoração e às relações das atividades econômicas e sociais sobre o meio ambiente.

Isso porque entende-se a percepção ambiental como um passo na tomada de

consciência do homem sobre as questões ambientais, ora e vez que cada indivíduo percebe

e se posiciona de forma diferente em relação aos problemas e as ações sobre o ambiente

em que vive.

As respostas e manifestações colhidas são justamente decorrentes das percepções

– individuais e coletivas – de processos cognitivos, julgamentos e expectativas de cada

pessoa, tal como apresentado por Vicente del Rio e Lívia Oliveira, na obra Percepção

Ambiental: A Experiência Brasileira (1996).

É a percepção construída ou imaginada sobre a “realidade” que, no entender de

Edgar Morin (2004) desenvolve a aptidão para contextualizar os saberes e produzir um

pensamento que situa todo acontecimento, informação ou conhecimento em sua relação

com o ambiente.

A percepção ambiental nesse sentido é, antes de tudo, uma ação pedagógica de

caráter crítico que, como afirma Guimarães (2004:31-32), busca romper com a formação

para mudança comportamental descontextualizada da realidade socioambiental.

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Reconhecendo que o processo educativo não é a assimilação individualizada dos

conteúdos, mas a interação, uns com os outros, estudantes, professores, objetos e

processos, a percepção ambiental é fundamental para estimular debates e ajudar na

construção de uma compreensão crítica e articulada das diferentes visões sobre a questão

ambiental hoje.

3. Plataforma Google DocsO questionário de percepção ambiental foi elaborado utilizando a plataforma gratuita

Google Docs <http://docs.google.com>, o que permitiu que todas as suas etapas de

execução – criação e gerenciamento pelo docente, preenchimento pelos estudantes e

tabulação dos resultados – fossem totalmente feitas pelo programa e via internet.

O Google Docs é um pacote de aplicativos da empresa Google, que permite a

criação e edição de textos, planilhas, apresentações e formulários, de forma on line e sem

qualquer custo para o usuário, que precisa apenas possuir uma conta de usuário no Google.

O serviço foi lançado inicialmente em 2006 pela empresa tida como gigante de buscas na

internet, encontrando adeptos no mundo todo por ser um programa totalmente acessível via

rede mundial, ou seja, não precisa ser instalado em computadores.

A grande vantagem do programa é permitir que seus usuários criem e editem

documentos pela internet, de forma colaborativa e em tempo real com outros usuários. Por

exemplo, é possível que um professor crie um artigo sobre uma pesquisa e seu orientando,

em qualquer outro lugar do mundo, possa dar continuidade ao estudo e alterar ou

acrescentar ao trabalho. Tudo isso em tempo real, sem necessidade de envio de emails e

criação de novas versões do documento.

Além disso, o Google Docs permite que documentos criados em seu ambiente sejam

publicados automaticamente para o mundo todo como páginas web ou documentos de um

blog ou outro site.

Não somente é possível a edição de textos, mas também de planilhas de dados e de

apresentações (slides para palestras, cursos e reuniões). A plataforma permite, inclusive,

que o usuário converse, em tempo real, com as outras pessoas que estão editando sua

planilha ou assistindo a sua apresentação, tudo pela internet.

No caso deste trabalho, a ferramenta do Google Docs utilizada foi a edição de um

formulário de perguntas e respostas, como um questionário de percepção ambiental para

ser aplicado aos estudantes das disciplinas de “Educação para o Meio Ambiente” e

“Ciências do Ambiente” nos cursos de Engenharia Mecânica e Mecatrônica e Medicina

Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia.

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Figura 1: o questionário publicado fica disponível para acesso de qualquer pessoa, mesmo não

usuária do Google Docs, como uma página da internet.

O questionário via Google Docs, é de fácil montagem, permitindo inclusões,

alterações e exclusões de perguntas e tipos de questionamento, de modo rápido, e

publicado em endereço do próprio sistema.

Para criar um formulário, basta acessar o site do Google Docs e a opção criar novo

Formulário. De maneira bem intuitiva, o sistema permite que o usuário vá criando

diretamente as questões, podendo editá-las ou exclui-las.

O usuário tem a sua disposição campos para nome e detalhamento da pergunta e

um rol de 6 (seis) opções para que tipo de pergunta pretende fazer:

Texto: para respostas livres do pesquisado, mas curtas;

Texto do parágrafo: para questões abertas e discursivas;

Múltipla escolha: quando o pesquisado escolha apenas uma dentre várias opções;

Caixas de seleção: em que o pesquisado pode escolher mais do que uma opção;

Escolha de uma lista: para seleção de opções de uma lista determinada;

Escala: em que o pesquisado atribui notas de 1 a 5 para cada opção.

Ao final do questionário, o usuário conclui a operação e pode definir uma mensagem

de confirmação que será exibida ao estudante após o preenchimento dos campos. Nessa

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Page 5: Congresso Ibero EA_Questionário percepção ambiental

mensagem pode ser, inclusive, encaminhado link para o pesquisado conferir, até aquele

momento, os resultados da avaliação.

Outra grande vantagem é que o sistema lança automaticamente todas as respostas em

uma planilha de linhas e colunas compatível com a maioria dos softwares de edição,

permitindo a filtragem, seleção e ordenação dos dados da forma como melhor convier ao

pesquisador. Na planilha são lançadas também a data e horário que o estudante respondeu ao

questionário.

Figura 2: As respostas são lançadas pelo Sistema em uma planilha de dados

Além disso, o próprio sistema ainda gera gráficos e tabelas com os resultados,

poupando todo o tempo que seria gasto na tabulação dos dados. O Google Docs apresenta

os gráficos nos formatos pizza e colunas de forma automática e imediata, sem necessidade

de qualquer ação do usuário. Além disso, ficam visíveis, como uma legenda, os dados das

respostas, em números absolutos e percentuais.

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Page 6: Congresso Ibero EA_Questionário percepção ambiental

Figura 3: o próprio sistema gera gráficos e síntese dos resultados

Após a formulação do questionário, o formulário é publicado em um endereço na

internet do próprio sistema e está pronto para receber respostas, podendo ser acessado por

qualquer pessoa no mundo, mesmo de quem não seja usuário do Google Docs. Há ainda

uma opção para enviar o formulário por email, bastando digitar os emails das pessoas que

serão convidadas a responder o questionário. O sistema se encarrega de enviar

automaticamente para eles o formulário.

4. MetodologiaDessa experiência, é importante debater não só os resultados do questionário de

percepção ambiental aplicado, mas também o processo, os passos que foram dados para a

execução dessa proposta.

Em síntese, foram utilizadas cerca de 4 (quatro) horas para a montagem do

questionário na semana anterior ao início das aulas. Na primeira aula com cada turma, a

proposta do questionário foi apresentada e foram dadas todas as instruções necessárias ao

preenchimento do formulário pelos estudantes. Após as respostas ao formulário, em uma

parte de outra aula, os resultados consolidados de cada turma foram apresentados e

discutidos, encerrando a atividade.

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4.1. A justificativa

A opção por elaborar e aplicar o questionário de forma on line, levou em conta, além

do aspecto da inovação para atrair a atenção dos estudantes, a economia de papel que foi

propiciada. Como cada questionário impresso demandaria 6 (seis) páginas, estimou-se a

economia em 250 (duzentas e cinquenta) folhas de papel, excluído o gasto com tinta para

impressão e cópias. Tudo isso foi apresentado em sala de aula aos estudantes, já como um

primeiro momento de conscientização sobre a necessidade de preservação de recursos

naturais.

Na aula em que o questionário foi apresentado foi dito que a produção, transporte e

comercialização de papel em larga escala consome muitos recursos naturais, devendo seu

consumo ser racionalizado. Em suma, o papel:

ocupa o solo com silvicultura (terras que poderiam ser utilizadas para agropecuária);

suprime árvores, desmatando matas, florestas e reservas naturais e/ou legais (para

produzir 1 tonelada de papel, são necessárias entre 2 e 3 toneladas de madeira)

necessita de transporte da madeira até a indústria (gastos com combustíveis e estradas)

e depois para os locais de venda e uso;

despende energia elétrica (ou queima de carvão) em grande quantidade para o

processamento (corte, tritura e cozimento) da madeira;

utiliza grande quantidade de água (é a atividade industrial que mais utilizada água no

processo produtivo);

usa diversos reagentes químicos, com grande toxidade (hidróxido de sódio e sulfeto de

sódio na fase inicial e peróxido, dióxido de sódio, ozônio e ácido para branqueamento);

produz resíduos químicos, depositados no ar, no solo e na água, poluindo o ambiente (o

principal é Licor negro ou Lixívia negra);

utiliza mais energia elétrica no processo de produção (para produzir papel, gasta-se a

mesma quantidade de energia do que para produzir aço);

gasta-se com embalagens (também em papel – papelão) e com tintas gráficas ou

impressoras;

gasto com a coleta e disposição do lixo (que é paga pela coletividade), ocupando

grandes extensões em aterros (a quantidade gerada é muito grande e o tempo de

decomposição é razoável, aproximadamente, de 1 a 3 meses).

Pensando nisso, os estudantes foram convidados a adotar medidas de

racionalização do consumo de papel, como imprimir ou escrever no papel utilizando os dois

lados; dar preferência a produtos reciclados; recusar folhetos de propaganda que não sejam

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de seu interesse; separar o papel do lixo orgânico e entregar a cooperativas de catadores;

reduzir a utilização de embalagens, dentre outras.

4.2. A criação do formulário

Para criação do questionário no formato de formulário de respostas via internet,

foram seguidos os seguintes passos:

a) acesso ao Google Docs <http://docs.google.com/>;

b) selecionar “Novo” no menu superior e depois em “Form”;

c) já no formulário, basta preencher os campos na parte superior do questionário

quer servirão como introdução: título do formulário e texto de informação;

d) após a apresentação, inicia-se a edição das perguntas com o título, por exemplo,

“Quanto tempo, em média, você leva no banho?”. Caso necessário, pode-se acrescentar um

texto de ajuda à pergunta. Essa opção foi usada para observações sobre as perguntas para

melhor entendimento;

e) para finalizar a criação da pergunta deve-se escolher o tipo de questão a ser

formulada, dentre as 6 (seis) opções já detalhadas: Texto, Texto do parágrafo, Múltipla

escolha, Caixas de seleção, Escolha de uma lista e Escala;

f) a seguir, opta-se se a pergunta é obrigatória ou não (somente a pergunta “Nome”

foi obrigatória);

g) o sistema permite que a pergunta anterior possa ser duplicada e basta ao usuário

alterá-la para criar nova pergunta.

As questões foram elaboradas variando em número e situações, para atender a

especificidades das disciplinas de cada turma. Assim, foram 2 (dois) questionários

formulados, um para os alunos dos cursos de Engenharia Mecânica e Mecatrônica e outro

para os de Medicina Veterinária. Como o sistema permite que um questionário seja copiado

(por meio da opção “Salvar Como” com outro nome), o trabalho ficou bem facilitado.

Assim que encerrado o processo, o questionário é tornado público como uma página

de internet hospedada no servidor do próprio Google Docs.

4.3. O preenchimento das respostas

Na aula de apresentação do questionário, realizada na primeira aula da disciplina, os

estudantes foram informados que teriam 15 (quinze) dias para responder à atividade. Foi

informado também o link para acesso ao formulário público (que também foi encaminhado

por email).

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Cada estudante que participou da atividade e respondeu ao questionário recebeu 10

pontos (de um total de 100 pontos a serem distribuídos no semestre). Não houve avaliação

das respostas, uma vez que o que se buscava era avaliar foi a pertinência e o nível de

interesse e conhecimento dos estudantes sobre aquilo que ainda seria abordado durante o

semestre.

Não foram relatados problemas de acesso. Todos os estudantes que tentaram

acessar o sistema, conseguiram e responderam às questões, tendo as respostas sido

enviadas em formatadas automaticamente na tabela do documento.

A participação dos estudantes foi muito expressiva – ao todo foram 83 respostas. Na

turma de “Educação para o Meio Ambiente”, dos cursos de Engenharia Mecânica e

Engenharia Mecatrônica, participaram 47 estudantes do total de 48 matriculados, o que

correspondeu a 98%. Já na disciplina de “Ciências do Ambiente”, do curso de Medicina

Veterinária, responderam ao questionário 36 estudantes, dos 42 matriculados (85% de

participação), sendo que 4 dos 6 que não responderam desistiram do curso antes de iniciar

a disciplina.

Ainda durante o período em que o questionário estava disponível para receber

respostas, foi possível consultar resultados parciais e a planilha com todos os dados

lançados.

O único problema ocorrido foi o de alunos que iniciaram a resposta de um

questionário e finalizaram sem conclui-lo, voltando a preencher por completo

posteriormente. Isso fez com que alguns dados fossem postados em duplicidade, o que

atrapalhou o resultado automático de algumas questões, uma vez que o sistema não

permite a exclusão nem substituição de dados. Essa é uma falha do Google Docs que,

espera-se seja corrigida.

5. ResultadosConsiderou-se neste trabalho a totalidade das respostas de estudantes de ambas as

turmas, Engenharia Mecânica e Mecatrônica e Medicina Veterinária, representando um

universo de 83 pesquisados.

O questionário foi dividido em 5 (cinco) eixos principais que orientaram a elaboração

das questões e no qual também estão organizados os resultados:

1. identificação de hábitos dos estudantes: lugar onde moram, meio de locomoção,

dados sobre consumo e gastos;

2. avaliação quanto à qualidade ambiental de onde vivem;

3. informação quanto às ações ambientais e de educação ambiental conhecidas e

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praticadas;

4. pesquisa de alguns conceitos e instrumentos ambientais e de sustentabilidade:

como aquecimento global, sequestro de carbono, 3R's;

5. aferição da opinião sobre casos hipotéticos: como ter que optar entre construir um

centro de educação ambiental, uma usina de reciclagem, ou despoluir um rio.

5.1. Identificação de hábitos dos estudantes: lugar onde moram, meio de locomoção,

dados sobre consumo e gastos

► Pergunta 2: De qual cidade você é?

Serviu para aferir a quantidade de estudantes de outras cidades e regiões do país. A

grande maioria – 70% – vieram de outras cidades, principalmente do interior de Minas

Gerais, São Paulo e Goiás.

► Pergunta 3: Em que bairro mora em Uberlândia?

Os resultados sobre bairro de moradia foram relacionados com as perguntas sobre

elementos ambientais presentes e meio de transporte usado para chegar à universidade.

► Pergunta 4: Na sua casa/prédio, há quais desses "elementos"?

Em termos absolutos, em 80% das casas e prédios há árvores na calçada, e em 70%

há jardins e plantas. Áreas de lazer e pomares também aparecem em menor proporção.

Com relação aos Animais, 71% dos estudantes de Medicina Veterinária possuem animais

domésticos, enquanto na turma de Engenharia são 33%, diferença que já era esperada.

Quanto ao paralelo com o bairro de moradia dos estudantes, não foi possível

destacar nenhum “elemento” marcante em um determinado bairro. Todos eles,

apresentaram distintas alusões ambientais, o que pode atestar que a presença do verde

está mais relaciona às unidades prediais do que com o conjunto do bairro.

► Pergunta 5: Quanto tempo, em média, você leva no banho?

Na média, os estudantes levam de 10 a 15 minutos para tomar banho, mas houve

registros de banhos de até 30 minutos. Quando da apresentação dos resultados foram

mencionados os gastos aproximados de água e energia de um banho de 10 minutos – cerca

de 20kwh e 900 litros por pessoa por mês – e discutida a necessidade de racionalização

desses gastos (que geram economia para o meio ambiente e para as finanças pessoais).

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Page 11: Congresso Ibero EA_Questionário percepção ambiental

► Pergunta 6: Quando você sai de um cômodo da casa que fica vazia, você apaga a

luz?

60% dos pesquisados disseram que apagam a luz na maioria das vezes, 35%,

sempre apagam e 5%, apenas algumas vezes. É um hábito importante e que, na maioria

das vezes, também está relacionado ao custo financeiro do desperdício de energia do que

com a preocupação ambiental.

► Pegunta 7: Como são limpas as calçadas e áreas livres da sua casa/prédio?

Na grande maioria das residências – 73% – as calçadas e áreas livres são lavadas

com vassoura e água. Em seguida, aparecem aquelas lavadas só com vassoura e depois só

com água. 11 estudantes disseram não saber como são lavadas suas calçadas e áreas

livres, o que é um dado, no mínimo, instigante.

Na apresentação dos resultados, pode-se notar que esse assunto não preocupa

muito as pessoas, apesar de representar um elevado índice de consumo de água.

► Pergunta 8: Como vem (se locomove) para a UFU?

A questão da mobilidade para os estudantes é, muitas vezes, determinante até para

a continuidade dos estudos. Os dados mostraram realidades muito distantes que fazem

sentido apenas quando considerados os locais de estudo e moradia, e não os cursos.

Dentre aqueles que moram em bairros próximos da universidade, 42% vão a pé de

casa para a UFU. Mas, há um número considerável de pessoas que, mesmo morando em

bairros vizinhos, vão de carro – 12%. No total, 32% dos estudantes usam carro para se

deslocarem e apenas 13% o ônibus.

Somente 2 pessoas do total de 83 pesquisados – o que representa 2,4% – usam a

bicicleta como meio de transporte. E elas moram há cerca de 4 km (quatro quilômetros) da

universidade, uma distância razoável para ser percorrida.

Na aula de apresentação dos resultados foi reforçada a importância da opção pelo

transporte público e pelo uso da bicicleta para preservação ambiental e para qualidade de

vida nas cidades. A questão do uso intenso de automóveis em Uberlândia já é uma

preocupação do trânsito. Na própria universidade, nos últimos anos, verificou-se um

aumento de conflitos, sobretudo pela falta de vagas de estacionamento em relação à

crescente demanda.

Não parece razoável que, considerado um universo de estudantes, o uso de carro de

carro seja quase 3 vezes maior que o de ônibus e 15 vezes maior que de bicicleta.

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► Pergunta 9: No seu dia-a-dia você acha que causa algum dano ao meio

ambiente?

75% dos estudantes acham que causam sim algum dano ambiental; enquanto 15%

responderam que não causam dano e 10% disseram não saber. Na avaliação dos

resultados foi verificado que os estudantes sabem que seu consumo de bens causa danos

ambientais.

5.2. Avaliação quanto à qualidade ambiental de onde vivem

Esse conjunto que questões visava confirmar ou não a percepção de que, quanto

mais distante da realidade das pessoas, pior era a sua avaliação sobre a qualidade daquele

ambiente. Ou seja, acreditava-se que, por influência da mídia e dos debates ambientais, que

enfatizam os problemas globais, o grupo pesquisado, como espelho da maior parcela da

sociedade, perceberia a qualidade ambiental de sua cidade melhor do que a do planeta.

Isso, na pesquisa, foi confirmado.

► Perguntas 10, 11 e 12: Como você avalia a qualidade ambiental em __________?

Uberlândia Brasil Planeta 0% Ótima 0% Ótima 0% Ótima

30% Boa 8% Boa 1% Boa

60% Regular 50% Regular 25% Regular

10% Ruim 36% Ruim 46% Ruim

0% Péssima 6% Péssima 28% Péssima

Destaca-se dos resultados que nenhum estudante percebe como ótima a qualidade

ambiental em qualquer escala e que quanto mais próximo de sua realidade, melhor é a

avaliação. Isso explica, como reiterado acima, o fato de quase 30% considerarem como

péssima a qualidade ambiental do planeta e ninguém a de Uberlândia. É sabido também

que na cidade, não há hoje um sério problema ambiental que cause preocupação da

população, o que colabora para sua boa avaliação.

5.3. Informação quanto às ações ambientais e de educação ambiental conhecidas e

praticadas

► Pergunta 13: Você se sente incomodado por algum aspecto relacionado ao meio

ambiente?

A única unanimidade foi registrada nesse questão. Todos os 83 estudantes afirmaram

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Page 13: Congresso Ibero EA_Questionário percepção ambiental

que se sentem incomodados com algum aspecto ambiental.

Quando perguntados se já fizeram alguma coisa para mudar essa situação de

incômodo, 60% disseram já ter feito alguma coisa. A maioria destes citou como ações: o

plantio de árvores, a coleta e separação de lixo e a conscientização de amigos e familiares.

► Pergunta 14: Qual ação para proteger o meio ambiente você toma no dia-a-dia?

As duas principais ações que tem uma positiva repercussão sobre o meio ambiente

realizadas pelos estudantes pesquisados foram a economia de energia elétrica (88%) e a

economia de água (82%). É sabido e a discussão em sala de aula reforçou isso que o

principal motivo para índices tão altos, não é a preocupação ambiental, mas a financeira, já

que a redução desses gastos resulta diretamente em economia de gastos domésticos.

Em seguida vieram, na média, a redução do consumo de bens supérfluos (35%), a

separação do lixo (24%) e o uso de papel reciclável (14%). Interessante notar que, quanto a

outras práticas de cuidado com o meio ambiente, os estudantes dos cursos se posicional de

forma muito diferente:

Ação Eng. Mecânica e Mecatrônica

Medicina Veterinária

Conversa com outros pessoas sobre práticas ecológicas

12% 38%

Compra produtos ecológicos 10% 24%

Planta árvores 8% 30%

Cuido de animais 16% 78%

Isso ocorreu principalmente porque, na média, os estudantes de Veterinária

escolheram uma quantidade maior de opções de ações que protegem o meio ambiente (no

questionário, cada pessoa poderia escolher mais de uma opção, desde que realizasse

efetivamente).

► Pergunta 15: Você teve alguma atividade de educação ambiental no ensino

fundamental ou médio?

De cada 10 (dez) estudantes que responderam ao questionário, apenas 4 (quatro)

tiveram atividades de educação ambiental na escola, o que deve ser considerado um fato

preocupante, uma vez que a educação ambiental é considerada conteúdo (não como

disciplina, mas tema transversal) obrigatório no ensino regular.

Perguntados sobre qual atividade, a maioria apontou ter realizado plantio de árvores

e participado de aulas de educação ambiental, com apontamentos de alguns inclusive de

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Page 14: Congresso Ibero EA_Questionário percepção ambiental

que a matéria foi tratada enquanto disciplina curricular.

► Pergunta 16: O que você acha da educação ambiental?

95% dos pesquisados consideram “Muito importante” a educação ambiental e

apenas 5% consideram “Mais ou menos importante”. Nenhum dos estudantes apontou a EA

como irrelevante.

► Pergunta 17: Até agora no curso (superior) algum professor já conversou sobre

projetos ambientais?

Apesar de serem de cursos diferentes, em média, 55% dos estudantes ouviram

algum professor na universidade conversar sobre projetos ambientais.

Os estudantes de Engenharia Mecânica e Mecatrônica, por exemplo, mencionaram

que os principais assuntos abordados por esses professores foram fontes alternativas de

energia e biocombustíveis. Já os discentes de Veterinária relataram conversas sobre dejetos

da produção animal e biodigestores.

► Pergunta 18: Quem você acha que mais agride o meio ambiente?

Também houve proximidade de opiniões nessa questão: a Indústria aparece em

primeiro lugar como aquele setor que mais agride o meio ambiente e a Sociedade em geral

em segundo lugar. Depois, com percentuais muito menores aparecem Governo, Setor Rural

e Comércio.

► Pergunta 19: Quem você acha que mais protege o meio ambiente?

Já com relação a quem protege mais o meio ambiente, em primeiro lugar com cerca

de 80% das opiniões as Organizações não Governamentais (ONG's) e em segundo, as

Universidades. Em seguida vieram, com baixos percentuais, Governos e Sociedade.

► Pergunta 20: De quem você acha que é responsabilidade por cuidar do meio

ambiente

Nessa questão os estudantes puderam marcar mais de uma opção. Praticamente

todos (98%) disseram que “toda a sociedade” é responsável por cuidar do meio ambiente.

Depois, apareceu a opção “Governos”, seguida de “quem polui”.

Esse resultado expressa, consideradas também as questões anteriores, que apesar

das pessoas reconhecem que as indústrias e os governos têm mais responsabilidade pelos

problemas ambientais, eles apontam a sociedade como também devedora na questão

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Page 15: Congresso Ibero EA_Questionário percepção ambiental

ambiental, em que pese não haver uma articulação social que assuma essa tarefa.

► Pergunta 31: De qual ação ambiental você participaria nesses próximos meses?

Essa pergunta, que foi a última no questionário mas foi reagrupada aqui pelo sentido,

o estudante podia escolher mais de uma opção, mas só se tivesse mesmo vontade de

participar. Os resultados consolidados foram os seguintes:

1º) Abaixo-assinado: 53%

2º) Palestra: 50%

3º) Caminhada ecológica: 45%

4º) Passeio ciclístico ecológico: 36%

5º) Mutirão para limpeza de córrego ou parque: 30%

6º) 15% Reunião com políticos/ judiciário

7º) 13% Manifestação na rua

8º) 12% Audiência Pública

Na avaliação mais apurada notou-se que os estudantes de Veterinária marcaram

mais opções – cada estudante marcou, em média, 3 (três) ações de que participaria,

enquanto na turma dos futuros engenheiros, a média foi de 2,4 ações ambientais para cada.

Além disso, em itens cuja participação é mais intensa, como Audiências Públicas e

Manifestações de rua, os estudantes de Veterinária foram, proporcionalmente, maiores que

os de Engenharia.

5.4. Pesquisa de alguns conceitos e instrumentos ambientais e de sustentabilidade

► Pergunta 21: Você sabe dizer o que é aquecimento global?

A ideia é que os estudantes, sem pesquisar para responderem, citassem pelo menos

uma causa e uma consequencia. Poucos fizeram a tarefa dessa maneira, mas praticamente

todos conseguiram dar noções precisas, ainda que superficiais (como: aquecimento global é

a elevação da temperatura da Terra), sobre esse tema tão em voga hoje.

Houve ainda algumas confusões com outros fenômenos como dizer que o

Aquecimento Global é causa do Efeito Estufa e do buraco na Camada de Ozônio.

► Pergunta 22: O quê você ouviu falar sobre sequestro de carbono?

Cerca de 40% dos estudantes pesquisados não souberam falar nada sobre

sequestro de carbono. Alguns souberam citar exemplos de ações naturais ou humanas

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capazes de captar dióxido de carbono (um dos gases causadores do efeito estufa) da

atmosfera, como o reflorestamento, a presença de algas e até a injeção no subsolo

explorado por petróleo ou gás.

► Pergunta 23: Como é possível captar águas pluviais? Por quê isso é importante?

De cada 3 estudantes, 1 não soube responder como é possível captar águas

pluviais, que são as águas da chuva, captadas em edificações ou cisternas e, que hoje, tem

seu uso disseminado como forma de reduzir o consumo de água não potável na irrigação de

jardins e hortas, limpeza de áreas externas e descarga de vasos sanitários.

► Pergunta 24: O quê você sabe sobre os 3R's?

O tema que os estudantes mais desconhecem são os 3R's, de Reduzir, Reutilizar e

Reciclar – mais da metade (51%) não souberam dizer seu significado. Os 3R's são usados

como lema por diversas organizações e movimentos ambientalistas e, hoje, por muitas

escolas e governos, para disseminar a forma ideal de tratar o lixo das cidades.

Em suma, as respostas a esse conjunto de questionamentos trouxeram importantes

resultados para a preparação do curso. O fato de ainda resistirem algumas confusões sobre

aquecimento global mas um bom nível de informações, por exemplo, fez a aula sobre

desequilíbrios ambientais a voltar as atenções para as medidas de redução de emissões e

não tanto aos efeitos. Do mesmo modo, outras aulas abordaram com mais profundidade

tecnologias ambientais e medidas de sustentabilidade em construções e produções no

âmbito dos questionamentos sobre sequestro de carbono, mecanismos de desenvolvimento

limpo, produção mais limpa, captação de águas pluviais e reutilização e reciclagem de

resíduos.

5.5. Aferição da opinião sobre casos hipotéticos

Uma das estratégias interessantes para conhecer o que pensam os estudantes e que

posição tomam diante de conflitos sobre o uso de recursos naturais ou no meio ambiente, foi

propor situações em que o pesquisado deveria escolher um lado extremo, entre uma

posição geralmente ambientalista e outra mais desenvolvimentista, ou então por uma saída

intermediária ou menos controversa.

Primeiro, os estudantes deveriam se colocar como Prefeitos de uma cidade e

responder às seguintes indagações:

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► Pergunta 25: Se uma árvore atrapalha a iluminação da rua, o que você faz?

50% Mudam o poste de lugar;

36% Cortam a árvore;

14% Deixam do jeito que está.

► Pergunta 26: A vida útil do aterro da cidade está chegando ao fim, o que você faz?

55% Planejam a compra de um incinerador de lixo

33% Criam uma taxa alta do lixo, pra ver se reduz os resíduos

12% Negociam com outra cidade a remessa do lixo para lá

► Pergunta 27: Uma indústria poluidora quer se instalar na cidade, o que você faz?

94% Exigem medidas para redução da poluição

6% Proíbem ela de vir para poluir

0% Concedem incentivos fiscais pra ela vir logo

► Pergunta 28: A Prefeitura recebeu verbas para realizar 1 (uma) ação ambiental,

qual você escolhe?

Foi apresentada uma relação de ações e obras para os estudantes escolherem uma

como a que eles, na qualidade de Prefeitos, realizariam em atenção ao meio ambiente. Os

resultados ficaram bem próximos, com grande variação em apenas duas indicações.

1º) Construir um centro de educação ambiental: 30%

2º) Elaborar um plano ambiental: 28%

3º) Construir uma usina de reciclagem: 25% (maior peso dado pelos estudantes de

Engenharia)

4º) Despoluir os rios: 10% (maior atenção dos estudantes de Veterinária)

5º) Recuperar as matas: 4%

6º) Construir um centro de proteção de animais: 3%

O resultado, quase um terço dos estudantes apontando que construiriam um centro

de educação ambiental, surpreendeu até mesmo o professor. Na aula em que os resultados

foram discutidos, o principal argumento dos de que defenderam a ideia é de que pouco

adianta despoluir os rios ou recuperar matas e reciclar lixo se a população não é

conscientizada sobre a importância dessas ações e da preservação do meio ambiente.

Agora, os estudantes voltaram à condição de cidadão, mas com direito a opinar.

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► Pergunta 29: Agora você voltou a ser um cidadão comum... No caso da instalação

da indústria, ela vai gerar empregos, mas vai poluir, o que você, como cidadão, faria?

Nessa questão houve considerável diferença entre a posição adotada pelas turmas.

Enquanto quase metade dos estudantes de Veterinária posicionaram-se contra a indústria, a

maioria dos futuros engenheiros preferiu deixar a decisão para Prefeito e Vereadores e a

menor parte colocou-se contra o empreendimento.

Posição Eng. Mecânica e Mecatrônica

Medicina Veterinária

Apoiaria a indústria pelos empregos que vai gerar 35% 30%

Seria contra a instalação pra não prejudicar o meio ambiente

25% 49%

Deixaria a decisão nas mãos do Prefeito e dos Vereadores 40% 21%

Na verdade, o objeto principal dessa questão era aferir se a opção 3 – deixa a

decisão para os governantes – teria um número considerável de adeptos. Isso porque,

refletindo sobre os objetivos da Educação Ambiental, especialmente em sua dimensão

crítica, a opção mais preocupante era de abdicar do poder de decisão da sociedade. Essa

omissão da população é, muitas vezes, causa dos problemas ambientais, uma vez que a

sociedade não se sente responsável não fiscaliza e nem exige medidas em favor da

preservação ambiental.

Na maioria das vezes, a comunidade do entorno de um empreendimento

potencialmente poluidor ou as entidades interessadas, sequer participam dos processos de

discussão dessas atividades, mesma sendo afetada. Muitos movimentos reivindicam esse

direito de participar e opinar. Por isso, não se pode perder essa oportunidade democrática

de exercer sua vontade na discussão sobre temas locais tão importantes, como o nosso

meio ambiente.

Essa avaliação, somada a da questão 31 que foi detalhada no grupo de perguntas

anterior, evidenciou a necessidade de se trabalhar, com mais ênfase, nessa turma de

Engenharia Mecânica e Mecatrônica, a dimensão crítica e participativa da Educação

Ambiental.

► Pergunta 30: Se fosse determinado por lei o dever de cada morador separar seu

próprio lixo você obedeceria?

97% dos pesquisados disseram “Sim, na boa...” para a separação do lixo

determinada por lei e 3% disseram “Talvez... acho que eles não vão fiscalizar mesmo”.

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Ninguém disse que entraria na justiça pra não cumprir a lei.

Em suma, essas respostas evidenciaram para o pesquisador que, diante de

situações conflituosas, a maioria das pessoas ainda tem dificuldades de se posicionar. Em

alguns casos, há principalmente dubiedades (aqueles que escolhem uma decisão com

argumentos contraditórios) e volatilidades (tomam um partido, mas são facilmente

convencidos a mudarem de lado).

No aspecto geral, esse grupo de questões foi o que mais instigou os estudantes a

responderam e os interessou quanto às respostas das turmas. Nesse sentido, o exercício de

fazê-los pensar produziu resultados imediatos.

5. Avaliação da experiênciaA aplicação do questionário, seja quanto a elaboração de suas perguntas e a forma

de aplicação, foi avaliada e aprovada pelos estudantes pesquisados, desde o momento em

que a ideia foi lançada, o que se atestou pela participação e interesse no formato eletrônico,

até o momento em sala de aula quando os resultados foram apresentados e debatidos.

A execução dessa proposta – um questionário de percepção ambiental via

plataforma Google Docs – obteve vantagens ambientais e educacionais que explicam esse

o apoio dos estudantes, que fazem parte de uma geração cada vez mais eletrônica e

interativa, onde preocupação ambiental existe, mas ainda distante da sua realidade.

Os resultados das questões de ambos os formulários – nas turmas de Engenharia

Mecânica e Mecatrônica e de Medicina Veterinária – demonstraram que, numa visão geral,

os estudantes percebem que suas ações cotidianas impactam negativamente o meio

ambiente, mas pouco fazem para mudar essa situação. Quando muito, as convicções

ecológicas referenciam-se nos debates da mídia ou na adoção de práticas individualistas

muitas vezes ligada à economia financeira.

Ademais, apesar de conhecerem os principais temas ambientais, há muitas

incorreções nas definições dos estudantes e dúvidas quanto às consequências que as

ações humanos hoje provocam no meio ambiente. Outro aspecto relevante, é que um

grande número de estudantes dissociam as ações ambientais da participação na sociedade,

ou seja, percebem que assuntos públicos como o meio ambiente não são sua

responsabilidade.

Contudo, o principal resultado do trabalho foi o cumprimento dos objetivos

pretendidos, uma vez que a pesquisa permitiu a identificação e, sobretudo, a quantificação e

qualificação da percepção dos estudantes diante das múltiplas faces e visões do

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conhecimento ambiental. Isso permitiu ao docente reestruturar alguns conteúdos e

aprofundar temas e conceitos, tidos como mais necessários ou interessantes, a partir do

levantamento produzido.

Referências bibliográficas

GUIMARÃES, Mauro. Educação Ambiental Crítica. In: LAYRARGUES, Philippe Pomier

(coord.). Identidades da educação ambiental brasileira. Brasília: Ministério do Meio

Ambiente, 2004. p.25-34.

MELAZO, Guilherme Coelho. Percepção Ambiental e Educação Ambiental: uma reflexão sobre as relações interpessoais e ambientais no espaço urbano. In: Olhares & Trilhas.

Uberlândia, Ano VI, n. 6, p. 45-51, 2005.

MORIN, Edgar. A cabeça bem feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. 9.ed.

Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2004. 128p.

RIO, Vicente Del e OLIVEIRA, Lívia (Orgs.). Percepção ambiental: a experiência brasileira. São Carlos: Editora da UfScar/Studio Nobel, 1996.

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