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Edição nº 03 Ano 25 Julho a Setembro de 2017 Conheça os vencedores do Prêmio SBAN - ILSI 2017 Durante o 14º Congresso Nacional da SBAN - Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição - um momento foi especial: o anúncio dos ganhadores do Prêmio SBAN - ILSI 2017, uma parceria do ILSI Brasil com a entidade. O objetivo era identificar, reconhecer e encorajar novos talentos da pesquisa científica e/ou tecnológica nas áreas de Nutrição Clínica, Nutrição e Saúde Coletiva, Nutrição Experimental e Ciência dos Alimentos, cujos projetos pudessem contribuir para o desenvolvimento da sociedade. O que se tem discutido sobre Alimentos Funcionais e Compostos Bioativos? Estes são os principais focos do XVI Workshop Internacional, que acontecerá nos dias 22 e 23 de novembro, em São Paulo. O objetivo é mostrar os avanços científicos, perspectivas e desafios nesta área, na visão de especialistas internacionais e brasileiros. Não perca esta oportunidade de se atualizar. Inscrições pelo hotsite: www.eventosilsi.com Confira outros eventos do ILSI Brasil na página 4. PARTICIPE!! Caracterização de Flavonoides e Carotenoides de Tomate (Solanumlycopersicum L. var. cerasiforme) Obtidos através de Introgressão de Alelos para Produção de Frutos Enriquecidos com Compostos Bioativos. Autores: Mayara A. da S. Souza, Jonata R. Freschi, Lázaro E. P. Peres, Neuza M. A. Hassimotto CIÊNCIA DOS ALIMENTOS (PRODUÇÃO DE REFEIÇÕES E TECNOLOGIA DE ALIMENTOS) Dr. Marcelo Rogero, Dr. Thomas Ong, Dr. Franco Lajolo, Flavia Goldfinger, Dra. Olga Amâncio e os vencedores e menções honrosas do Prêmio em 2017 NUTRIÇÃO CLÍNICA (NUTRIÇÃO CLÍNICA, ATIVIDADE FÍSICA E NUTRIGENÔMICA) Aleitamento Materno: Fator de Proteção de Lesão Renal em Crianças que Nasceram com Muito Baixo Peso? Autores: Simone H Moraes, Denise O Schoeps, Fabiola I Suano-Souza, Anelise D Gessulo, Sonia Hix, Roseli O.S Sarni NUTRIÇÃO E SAÚDE COLETIVA Diagnóstico de Sarcopenia em Pacientes com Cirrose através da Estimativa de Massa Muscular Esquelética por Absorciometria Radiológica de Dupla Energia (DXA). Autores: Giliane Belarmino; Maria Cristina Gonzalez; Priscila Sala; Raquel Susana Torrinhas, Wellington Andraus; Luiz Augusto Carneiro D'Albuquerque; Rosa Maria R. Pereira; Valéria F. Caparbo; EduardoFerrioli; Karina Pfrimer; Lucas Damiani; Steven B. Heymsfield; Dan L. Waitzberg Biomarcadores do Magnésio e sua Relação com Atividade da Enzima Superóxido Dismutase em Mulheres com Câncer de Mama. Autores: Daila L. C. Bezerra, Priscyla M. V. Mendes, Raísa O. Santos, Stéfany R. S. Melo, Loanne R. Santos, Vanessa B. L. Carvalho, Juliana S. Severo, Gilberto S. Henriques, Sabas C. Vieira, Dilina N. Marreiro NUTRIÇÃO EXPERIMENTAL Inscrições: www.eventosilsi.com - Tel: 11 3035-5585

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Inscrições: www.eventosilsi.com - Tel: 11 3035-5585

Edição nº 03Ano 25

Julho a Setembro de 2017

Conheça os vencedores doPrêmio SBAN - ILSI 2017Durante o 14º Congresso Nacional da SBAN - Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição - um momento foi especial: o anúncio dos ganhadores do Prêmio SBAN - ILSI 2017, uma parceria do ILSI Brasil com a entidade. O objetivo era identificar, reconhecer e encorajar novos talentos da pesquisa científica e/ou tecnológica nas áreas de Nutrição Clínica, Nutrição e Saúde Coletiva, Nutrição Experimentale Ciência dos Alimentos, cujos projetos pudessemcontribuir para o desenvolvimento da sociedade.

O que se tem discutido sobre Alimentos Funcionais e Compostos Bioativos?

Estes são os principais focos do XVI Workshop Internacional, que acontecerá nos dias 22 e 23 de novembro, em São Paulo. O objetivo é mostrar os avanços científicos, perspectivas e desafios nesta área, na visão de especialistas internacionais e brasileiros. Não perca esta oportunidade dese atualizar. Inscrições pelo hotsite: www.eventosilsi.com

Confira outros eventos do ILSI Brasil na página 4. PARTICIPE!!

Caracterização de Flavonoides e Carotenoides de Tomate (Solanumlycopersicum L. var. cerasiforme) Obtidos através de Introgressão de Alelos para Produção de Frutos Enriquecidos com Compostos Bioativos.

Autores: Mayara A. da S. Souza, Jonata R. Freschi, Lázaro E. P. Peres, Neuza M. A. Hassimotto

CIÊNCIA DOS ALIMENTOS (PRODUÇÃO DEREFEIÇÕES E TECNOLOGIA DE ALIMENTOS)

Dr. Marcelo Rogero, Dr. Thomas Ong, Dr. Franco Lajolo, Flavia Goldfinger, Dra. Olga Amâncio e os

vencedores e menções honrosas do Prêmio em 2017

NUTRIÇÃO CLÍNICA (NUTRIÇÃO CLÍNICA, ATIVIDADE FÍSICA E NUTRIGENÔMICA)

Aleitamento Materno: Fator de Proteção de Lesão Renal em Crianças que Nasceram com Muito Baixo Peso?

Autores: Simone H Moraes, Denise O Schoeps, Fabiola I Suano-Souza, Anelise D Gessulo, Sonia Hix, Roseli O.S Sarni

NUTRIÇÃO E SAÚDE COLETIVA

Diagnóstico de Sarcopenia em Pacientes com Cirrose através da Estimativa de Massa Muscular Esquelética por Absorciometria Radiológica de Dupla Energia (DXA).

Autores: Giliane Belarmino; Maria Cristina Gonzalez; Priscila Sala; Raquel Susana Torrinhas, Wellington Andraus; Luiz Augusto Carneiro D'Albuquerque; Rosa Maria R. Pereira; Valéria F. Caparbo; EduardoFerrioli; Karina Pfrimer; Lucas Damiani; Steven B. Heymsfield; Dan L. Waitzberg

Biomarcadores do Magnésio e sua Relação com Atividade da Enzima Superóxido Dismutase em Mulheres com Câncer de Mama.

Autores: Daila L. C. Bezerra, Priscyla M. V. Mendes, Raísa O. Santos, Stéfany R. S. Melo, Loanne R. Santos, Vanessa B. L. Carvalho, Juliana S. Severo, Gilberto S. Henriques, Sabas C. Vieira, Dilina N. Marreiro

NUTRIÇÃO EXPERIMENTAL

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Boletim - ILSI Brasil 2

Presidente do Conselho Científico e de Administração :Dr. Franco Lajolo (FCF - USP)

Vice-Presidente do Conselho Científico e de Administração :Dr. Flavio Zambrone (IBTOX)

Presidente:Ary Bucione (DuPont)

Diretoria:Adriana Matarazzo (Danone Ltda.)Alexandre Novachi (Mead Johnson)Elizabeth Vargas (Unilever)Dr. Helio Vannucchi (FMUSP - RP)Káthia Schmider (Nestlé)Dra. Maria Cecília Toledo (UNICAMP)Dr. Mauro Fisberg (UNIFESP)Dr. Paulo Stringheta (Universidade Federal de Viçosa)

Diretora Executiva:Flavia Franciscato Cozzolino Goldfinger

Conselho Científico e de Administração:Alexandre Novachi (Mead Johnson)Amanda Poldi (Cargill)Ary Bucione (DuPont)Dra. Bernadette Franco (Fac. Ciências Farmacêuticas/USP)Dr. Carlos Nogueira-de-Almeida (Faculdade de Medicina/USP-RP)Cristiana Leslie Corrêa (IBTOX)Dra. Deise M. F. Capalbo (EMBRAPA)Elizabeth Vargas (Univeler)Dr. Felix Reyes (Fac. Eng. Alimentos/UNICAMP)Dr. Flávio Zambrone (IBTOX)Dr. Franco Lajolo (Fac. Ciências Farmacêuticas/USP)Dr. Helio Vannucchi (Faculdade de Medicina/USP-RP)Ilton Azevedo (Coca-Cola)Dra. Ione Lemonica (UNESP/Botucatu)Kathia Schimder (Nestlé Brasil Ltda.)Luiz Henrique Fernandes (Pfizer)Dra. Maria Cecília Toledo (Fac. Eng. Alimentos/UNICAMP)Mariela Weingarten Berezovsky (Danone)Dr. Mauro Fisberg (UNIFESP)Othon Abrahão (Futuragene)Dr. Paulo Stringheta (Universidade Federal de Viçosa)Dr. Robespierre Ribeiro (Sec. do Estado de Minas Gerais)Dra. Silvia Maria Franciscato Cozzolino (FCF-USP)Taiana Trovão (Mondelez)Tatiana da Costa Raposo Pires (Herbalife)

EDITORIAL

A manutenção de um fórum permanente de atualização de conhecimentos para solução de problemas técnico-científicos que contribuam para a saúde da população e sejam de interesse comum às empresas, aos órgãos do governo, universidades e institutos de pesquisa é o principal objetivo do International Life Sciences Institute (ILSI). Associação sem fins lucrativos, fundada em 1978, o ILSI tem sede em Washington, D.C., nos Estados Unidos, e com as seguintes seções regionais: África do Sul, América do Norte, México, Argentina, Brasil, Europa, Índia, Japão, Coréia, Mesoamérica, Norte Andino, Oriente Médio, Sul Andino, Sudeste Asiático (englobando Austrália e Tailândia), Taiwan e um ponto focal na China.

ILSI no Brasil e no Mundo

Engajamento sempre

Publicação International Life Sciences Institute ILSI Brasil | Rua Hungria, 664Cj. 113 – CEP: 01455-904 - São Paulo/SP Tel.: (11) 3035-5585 | E-mail: [email protected]

Conselho Editorial:Dra. Maria Cecília Toledo, Edna Vairoletti eFlavia Franciscato Cozzolino Goldfinger

Editora Executiva:Flavia Franciscato Cozzolino Goldfinger

Redação:Edna Vairoletti

Produção gráfica:NewMk Comunicação

Circulação externa | Tiragem de 2.000 exemplaresDireitos reservados ao ILSI Brasil

Diretoria/Conselho

Expediente

(Chair)

(Vice-Chair)

Fechamos mais um ciclo de trabalho com muitas atividades. E, a cada semestre, nos cobramos um balanço de tudo que foi realizado. Nada mais normal, afinal, devemos checar nossas metas, concretizar as dos próximos meses e ainda planejar 2018. Incrível, mas é esta agitação que nos motiva sempre a buscar o novo a favor da ciência.

Um dos nossos esforços neste período foi ampliar ainda mais a visibilidade do ILSI Brasil. Nosso pontapé inicial foi inovar no Congresso e Reunião Anual, com um formato que trouxesse outras experiências para os participantes e atraísse um público diferente, além dos que já estão ao nosso lado nos eventos. Reforçamos, também, as parcerias com entidades como ABRAN, SBAN – que dividiu conosco a organização do prêmio SBAN - ILSI 2017 - participamos de eventos internacionais, além de uma aproximação com os branches da América Latina.

Nossas Forças-Tarefa também compartilharam destes propósitos e estão sendo cada vez mais estimuladas na busca de uma maior integração e sinergia entre elas. O objetivo é sempre realizar um trabalho consistente e alinhado às políticas do ILSI Global, mas com as peculiaridades dos interesses regionais.

Acredito que a melhor palavra para definir tudo o que estamos fazendo hoje é engajamento, que passa pelo compromisso da equipe interna, dos fornecedores e parceiros, da indústria, academia e governo, que nos ajudam a conquistar tudo que planejamos. Alinhar os interesses de todos não é tarefa simples, mas um desafio recompensador, diante do retorno positivo que temos recebido ao ver a agenda cumprida e novos projetos surgindo.

Obrigada pelo apoio sempre!

Até breve!

Flavia GoldfingerDiretora Executiva

Contaminantes: Cádmio e ChumboEVENTOS

Boletim - ILSI Brasil 3

Os contaminantes ambientais Cádmio e Chumbo foram foco das palestras do Café da Manhã, realizado pela Força-Tarefa Food Safety. Após as boas-vindas de Ary Bucione, presidente do ILSI Brasil, Dra. Maria Cecília Toledo (UNICAMP) destacou que este ano o Brasil foi anfitrião da reunião do Comitê de Contaminantes do CODEX, e que uma das discussões foi a redução e estabelecimento de limites de chumbo e cádmio em diversas categorias de alimentos. Alertou sobre a importância da presença destes contaminantes e a dificuldade, muitas vezes, de identificar quando e em que quantidade eles se apresentam. E, ao contrário dos aditivos, amplamente debatidos pela mídia, estas substâncias não têm merecido destaque, mas podem se acumular no organismo com efeitos tóxicos, sendo um risco para saúde.

Dra Elizabeth Nascimento, da FCF-USP, comentou que, como enfatizou Paracelsus, há 500 anos, tudo é tóxico e vale a premissa de que a dose faz o veneno.

Por isso, a presença de chumbo e cádmio nos alimentos deve ser avaliada de forma criteriosa e, mesmo nos limites já definidos, ainda há o risco de eventuais efeitos nocivos no organismo, como é o caso do chumbo. A estratégia é controlar a exposição destes metais, considerar suas características, onde estão presentes na natureza e potencial de absorção pelo organismo, observando o conceito de ingestão tolerável. Ao mesmo tempo, existem metais essenciais introduzidos no organismo a partir do consumo adequado de alimentos. Dependendo da dose ou concentração ingerida, poderá haver deficiência desses metais, prejudicando funções biológicas, e o excesso, acarretando em potenciais efeitos nocivos. A contaminação dos alimentos pode sofrer influências do solo, poluentes industriais, uso de fertilizantes e praguicidas, variações sazonais e a exposição humana está relacionada, além da dose absorvida, a fatores como idade, gênero, estado de saúde e susceptibilidade individual.

O chumbo vem sendo utilizado desde a antiguidade, mas a partir da segunda metade do século XX, seu uso tem sido mais restrito, exemplificado pela substituição do chumbo tetraetila da gasolina por material menos poluente. Estudos mostraram que plantações próximas a uma importante rodovia de SP tinham maior presença do metal do que áreas de cultivo mais distantes. Com a retirada deste aditivo, a contaminação associada a esta prática deixou de ser um problema.

O cádmio é um metal que passou a ser usado no século XX, associado ao crescimento da produção industrial, e hoje é encontrado, por exemplo, em baterias de veículos automotores, sendo essencial o controle dos níveis ambientais de exposição, envolvendo sua presença na água, solo, ar, alimentos, atingindo o homem, tanto pela via oral, dérmica ou inalatória.

O chumbo é um metal que pode ser encontrado em fertilizantes, tintas, cosméticos, cigarros, alimentos, tintas, água e, dependendo da intensidade da exposição, pode causar anemia, cefaléia intensa, dores articulares e distúrbios neurológicos.

Mesmo concentrações de chumbo no sangue de apenas 5 μg/dl, anteriormente pensada como "nível seguro", podem resultar em diminuição da inteligência em crianças, dificuldades comportamentais e problemas de aprendizagem. O cádmio está no tabaco, chá, café, frutos do mar, vegetais, frutos e

Dra. Maria Cecília Toledo (UNICAMP), Dra. Ligia Schreiner (ANVISA) e

Dra. Elizabeth Nascimento (FCF USP)

Contaminantes: Cádmio e ChumboEVENTOS

Boletim - ILSI Brasil 4

legumes que tenham sido cultivados em solos com teor significativo do metal, e pode provocar hipertensão, lesões renais, aterosclerose, imunodepressão, câncer de pulmão e próstata.

Porém, não basta apenas pensar em cada propriedade tóxica característica destes metais, mas numa avaliação de risco químico, que contrapõe toxicidade versus exposição, como forma de minimizar a presença e evitar o contato excessivo. Vários critérios são analisados e a ingestão tolerável é uma referência de segurança para reduzir a exposição e os potenciais danos ao organismo. Várias publicações científicas, tanto nacionais quanto internacionais, registram casos de contaminação ambiental e alimentar e servem de alerta.

A legislação brasileira é cuidadosa nesta área e apresenta uma ampla lista de limites máximos permitidos dos metais, como chumbo e cádmio, em vários produtos alimentícios, estando em consonância com o CODEX ALIMENTARIUS.

O Plano Nacional de Controle de Resíduos Contaminantes, adotado pelo MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento também é uma fonte de consulta e aponta a presença destes metais em vários alimentos, como pescado, carne bovina, suína e eqüina, mas o nível de contaminação é pequeno e não atingiu 1%, desde 2009. Porém, seria necessária uma constante fiscalização e maior número de avaliações criteriosas para evitar ao máximo contaminações e riscos ao ser humano.

Dra. Lígia Schreiner, da ANVISA, abordou os aspectos regulatórios ligados ao chumbo e cádmio. Ressaltou que, diferentemente de outras substâncias que são adicionadas aos alimentos, sobre as quais se têm maior controle, a ocorrência desses contaminantes pode ter origem natural, ambiental

Dra. Ligia Schreiner (ANVISA)

A proposta é avaliar os contaminantes para os quais não há limite estabelecido, e que podem contribuir para algum risco, além de revisar os já existentes, agregando outras categorias, quando necessário. A ideia de uma atualização periódica desta lista, sem mexer na norma geral, é uma proposta do Brasil para o Mercosul, que ainda está em discussão. As indústrias têm seu papel neste cenário, ao disponibilizar dados antes das normas serem publicadas, para não ocorrer problemas como os de detecção de chumbo no chá, cádmio e chumbo na erva-mate.Hoje há vários países estudando os limites para contaminantes, como os EUA, com limites de chumbo nas crianças. O Brasil também colabora com estudos sobre o teor do chumbo em concentrados de tomate, e como co-coordenador, junto com Equador, no estabelecimento de limite de cádmio em chocolate e produtos de cacau.

A falta de limites para certos contaminantes pode ser uma ameaça à exportação de alguns países, especialmente os em desenvolvimento. Esta é outra questão no que se refere aos contaminantes, pois pode refletir no comércio. Hoje, há barreiras que impactam os negócios, mesmo de alimentos que geram mínima exposição de contaminantes para o ser humano, como a erva-mate, com poucos resíduos após a infusão, e algumas especiarias. Por isso, efeitos e limites devem ser discutidos com critério, considerando cada viés associado a este cenário.

ou por processos industriais. Por isso, as medidas de controle estão associadas à menor exposição e à ingestão dentro de níveis seguros, já que os efeitos destes contaminantes são mais deletérios para o organismo e não despertam a mesma percepção de riscos, como aditivos e pesticidas, por exemplo, que hoje já possuem controles precisos.

As medidas se iniciam com a suspeita do contaminante de risco, seguida por uma avaliação toxicológica, via dose-resposta, e a definição de quantidades seguras para ingestão, pois os níveis de ocorrência mudam e necessitam de revisões periódicas. A Avaliação da Exposição considera a presença nos alimentos na dieta, para se determinar valores de segurança. Definidos, estes limites máximos irão orientar a retirada ou não do alimento do mercado em função do seu impacto na saúde. Esta ação deve ser criteriosa e as boas práticas partem de uma norma global do CODEX, sendo adequadas à realidade de cada país. Neste contexto, o governo, através de sua agência regulatória, estabelece um risco aceitável – pois risco zero não existe - através de portarias e resoluções, que estabelecem os níveis máximos de contaminantes nos alimentos (sempre o mais baixo possível). Quando estes limites não foram ainda estabelecidos, mas o contaminante está presente de forma significativa na composição de um alimento, é preciso que a indústria forneça dados para a avaliação dos riscos.

Suplementação AlimentarEVENTOS

Boletim - ILSI Brasil 5

O Simpósio “Atualidades em Suplementação Alimentar” reuniu especialistas em diferentes abordagens. Na abertura, Ary Bucione, presidente do ILSI Brasil, reforçou a necessidade de melhorar o debate sobre saúde pública e bem-estar, sempre visando a melhoria da qualidade de vida da população.

Dr. Hélio Vannucchi, da FMUSP - Ribeirão Preto, coordenador científico do evento, destacou a questão da Fome Oculta - ou deficiência marginal - uma carência não aparente de um ou mais micronutrientes (vitaminas e minerais), e que, atualmente, é identificada como um problema nutricional no mundo.

Neste cenário, amplia-se o interesse em suplementação e como aplicar os avanços nesta área para melhorar ou reverter esta deficiência ou mesmo excesso de micronutrientes, que podem induzir alguma modificação na estabilidade do genoma, mudanças no código genético e expressão gênica e o desenvolvimento de doenças como câncer, disfunção imune, cardiovascular e neuro-degenerativas, e que, geralmente, tem suas manifestações perceptíveis num estágio grave, quando já há um impacto importante na saúde.

Segundo a OMS – Organização Mundial de Saúde - cerca de 2 bilhões de pessoas são deficientes em vitaminas e minerais, em sua maioria Zinco Ferro, Vitamina A e Folato. Para quantificar a Fome Oculta foi criado um índice, o DAILY (Disability Adjusted Live Year) que mede o impacto da deficiência, expressa pelo número de anos perdidos devido à doença, incapacidade ou morte precoce. Dentre os países que mais chamam a atenção, de forma negativa, estão os africanos, mas o Brasil também possui uma importante prevalência, principalmente no Nordeste do país.

As populações de maior risco são crianças, adolescentes, mulheres em diferentes etapas da vida e idosos e as causas estão na má qualidade da alimentação. Mesmo entre os obesos, há comprometimento dos micronutrientes, apesar da altíssima ingestão energética.

Segundo dados da POF 2008-2009, 95% das mulheres acima de 60 anos não consomem a quantidade diária adequada de cálcio e vitamina D; quase 100% da população nacional de vitamina E; menos de 10% dos brasileiros atingem as recomendações de consumo de frutas e hortaliças, e a ingestão de leite é muito abaixo da recomendada.

Os caminhos para resolver o problema passam pela educação alimentar, com uma dieta variada e equilibrada; sistemas de saúde, água e saneamento; sistemas de produção agrícolas; fortificação de alimentos e suplementação alimentar que, se

realizada em curto prazo, pode reduzir o risco de se ter um processo de saúde comprometido.

Dra. Tatiana Pires, presidente da ABIAD (Associação Brasileira da Indústria de Alimentos para Fins Especiais e Congêneres) apresentou os resultados da pesquisa inédita feita pela associação, em parceria com outras entidades, sobre Suplementos Alimentares. Destacou que o mercado de suplementos vitamínicos e complementos alimentares movimenta R$ 5,2 bilhões e que é um setor complexo, pelas diversas categorias que engloba.

No Brasil, ainda há a necessidade de uma regulamentação específica. Na última década se intensificaram as discussões sobre o tema. A ABIAD tem se dedicado a difundir conhecimentos nesta área, participando de discussões envolvendo órgãos públicos e o setor produtivo. A pesquisa teve como foco os hábitos de consumo de suplementos alimentares. A proposta era traçar um perfil deste público.

Os dados foram coletados de março a abril de 2015, em 7 capitais brasileiras e 1007 entrevistas, que apontaram que em 54% dos lares havia pelo menos um consumidor de suplemento alimentar, nos últimos 6 meses, e quando questionados para que serve o produto, 74% responderam que para complementar a alimentação e outros 29% previne doenças, citando produtos como ômegas, multivitamínicos, vitamina C e cálcio.

Estas informações refletem que há conhecimento correto sobre os benefícios da categoria e o tipo de suplementação varia com a idade e sexo, mas a questão saúde é unanimidade. A pesquisa apontou, ainda, que a recomendação, em 60% do público, foi de profissionais de saúde e 96% dos consumidores estão satisfeitos com o uso de suplementos. As negociações sobre o tema avançam junto à ANVISA e a Revisão da Regulamentação de Suplementos Alimentares está prevista para a Agenda Regulatória 2017-2020.

Suplementação AlimentarEVENTOS

Boletim - ILSI Brasil 6

Dr. Mauro Fisberg, do Centro de Nutrologia e Dificuldades Alimentares do Instituto PENSI – Hospital Infantil Sabará - mostrou os dados de vitaminas e minerais do Projeto ELANS - Estudio Latinoamericano de Nutrición y Salud e EBANS (o braço brasileiro do projeto). Observou que a América Latina passa por uma transição na área nutricional, que determina uma situação peculiar, com aspectos de carência e abundância. A Fome Oculta é um ponto importante, por afetar bilhões de pessoas no mundo e ter conseqüências sérias, como alterações no crescimento e desenvolvimento, maior incidência de casos de anemia e deficiência de vitaminas.

Como não há dados muito conclusivos nos estudos na América Latina, é difícil generalizar as necessidades e traçar regras, e há poucos países com amostras representativas individuais. Os bancos de dados também são falhos e, portanto, cria-se uma lacuna, pois não há uma metodologia padrão, o que dificulta a análise da população como um todo e a criação de políticas públicas mais direcionadas.

Daí a necessidade de estudos colaborativos regionais como o ELANS. Este teve como objetivo obter dados confiáveis e atualizados sobre a ingestão de bebidas, alimentos e atividade física, para amostras representativas da população urbana de oito países - Argentina, Brasil, Equador, Chile, Colômbia, Costa Rica, Peru e Venezuela. O trabalho, multicêntrico randomizado, envolveu centros de pesquisa, universidades e organizações não governamentais para compreender melhor a nutrição e a atividade física no continente. Considerou o estado socioeconômico, idade e gênero. E, a partir destes dados, avaliou evidências científicas para análise da relação entre a ingestão de energia e nutrientes, o gasto energético e as medidas antropométricas.

Entre os resultados, referentes ao estado do nutricional na América Latina, se constatou que mais de 60% da população tem excesso de peso.

No Brasil este percentual atinge 68%. É clara a deficiência de micronutrientes ou ingestão inadequada de vitaminas A, C e D, cálcio e ferro e uma relação com o nível socioeconômico mais baixo, não limitada a idosos. Diante destes números abre-se uma importante frente para discussão, pois, na América Latina, incluindo o Brasil, a situação é complexa em relação à inadequação de micronutrentes, fome oculta, índices elevados de obesidade e uma evidente necessidade de se reduzir o consumo de açúcar, sal e gordura e aumentar a ingestão global de micronutrientes. Daí a urgente necessidade de políticas adequadas, se possível em curto prazo, para reverter este quadro.

Dr. Andrew Shao, Chair IADSA Scientif Council – International Alliance Dietary/Food Suplement

Associations - fez uma revisão do papel dos suplementos na dieta e destacou que a virada do século XX foi marcada pelas DCNTs (Doenças Crônicas Não Transmissíveis) e que os países desenvolvidos enfrentam esta luta de doenças relacionadas à dieta desequilibrada, pouca atividade física e estilo de vida inadequado, que geram muitas mudanças na saúde e impactam na mortalidade.

A epidemia da obesidade faz parte deste cenário e, no Brasil, segue um rápido ritmo de crescimento. De 42,6% em 2006 para 53,8% em 2016, com excesso de peso mais prevalente entre os homens.

Segundo dados da OMS, 40 milhões das 56 milhões de mortes em 2016 foram atribuídas às DCNTs, e 48% delas representam indivíduos antes dos 70 anos, sendo que 80% das doenças prematuras do coração e diabetes podem ser prevenidas.

Hoje as dietas se caracterizam por alta densidade energética, sendo pobres em nutrientes. O indivíduo está superalimentado, mas malnutrido. Menos da metade da população brasileira consome os níveis indicados de peixe, frutas e vegetais e há uma baixa adesão a um estilo de vida saudável. Apenas 22,5% se exercitam em seu tempo livre.

Nos EUA, o contexto é semelhante. A maioria da população não tem uma dieta adequada em micronutrientes e usa de suplementos para suprir suas necessidades. A falta de vitamina D e Cálcio está associada principalmente à saúde óssea. A osteoporose é um risco e pode ter desfechos sérios, como fraturas, que geram altíssimo gasto para saúde pública, bem acima da prevenção. A dose deve ser avaliada individualmente, seguindo as recomendações diárias. Entram nesta lista também as vitaminas A, C, o ômega 3 e a luteína.

Os grupos vulneráveis, como idosos, grávidas, dependentes de álcool, vegetarianos/veganos e os que fazem restrição energética para controle de peso precisam de atenção especial. O uso de suplementos dietéticos / alimentares pode desempenhar um papel útil no preenchimento de lacunas de nutrientes na dieta. Estudos sugerem que a suplementação de nutrientes também pode promover e reduzir custos em saúde.

Dr. Hector Cori, da DSM, fez uma abordagem sobre vitaminas, minerais e imunidade. Ressaltou que os micronutrientes são essenciais nos processos metabólicos, por isso, manter um sistema imunológico saudável ajuda as pessoas a viverem mais saudáveis e felizes. As doenças infecciosas são a principal causa de morte em todo o mundo e a terceira maior causa entre os americanos. Todos os anos, mais de 13 milhões de pessoas morrem de doenças infecciosas. Em todo o mundo, a gripe sazonal resulta em cerca de três a cinco milhões de casos de doenças graves e cerca de 250 a 500 mil

Suplementação AlimentarEVENTOS

Boletim - ILSI Brasil 7

mortes. Em média, em todo o mundo, os adultos sofrem 2-5 resfriados e crianças de 7-10 resfriados por ano.

Graças a imunidade inata, o corpo responde rapidamente à infecção, de forma não específica, adaptativa ao estresse ambiental e agressão por micróbios. Mas, alguns dias após a infecção, o corpo desenvolve uma resposta específica, que depende da produção de células imunes e anticorpos. Isso é duradouro e permite a resposta eficaz do organismo contra infecções recorrentes.

As vitaminas são nutrientes fundamentais e influenciam o sistema imunológico, pois, ao entrarem em contato com diferentes órgãos de defesa podem gerar um impacto positivo. Já os minerais, são essenciais em todos os organismos vivos. Eles estão no centro catalítico de muitas enzimas, desempenham papéis estruturais em proteínas e estão envolvidos em diversos processos de sinalização. Portanto, um sistema imunológico funcional depende da presença desses minerais em uma concentração

adequada. Uma vez que os minerais influenciam a absorção uns dos outros, a dieta deve ser cuidadosamente equilibrada. Porém, os minerais podem causar sintomas tóxicos em altas concentrações.

Ferro (Fe) e zinco (Zn) são importantes para a atividade das enzimas também nas células imunes. Estas funcionam mal no caso da deficiência de Zn. O selênio (Se) é concentrado em linfonodos e baço e é necessário para uma função imune ideal. As deficiências nesses minerais influenciam principalmente a função imune em idosos. Já o estado adequado desses nutrientes pode ajudar a manter a imunidade neste grupo.

O nível de LC-PUFA de omega-3 em células imunes também tem papel relevante para modular a resposta imune, por ter mecanismos de ação anti-inflamatória.

Dr. Jorge Mancini Filho, da FCF- USP, abordou a importância dos ácidos graxos, em especial os linoléico (Ômega 6) e linolênico (Ômega 3), que precisam ser

incluídos na dieta, pois o organismo não tem a capacidade de sintetizá-los. O consumo destes ácidos graxos tem mudado durante o desenvolvimento do homem.

Presentes em maior quantidade em pescados, principalmente nas regiões mais frias, podem ser ingeridos na forma de cápsulas de óleo de peixe. A linhaça, óleo de linhaça, peixe e óleos de krill devem ser mantidos refrigerados. Todas as sementes de linhaça devem ser moídas e consumidas dentro de 24 horas, para que os ingredientes permaneçam ativos. Também é recomendado o consumo – em doses orientadas -durante a gravidez e período de amamentação.

Os ômegas 3 são caracterizados pela presença de duplas ligações na estrutura molecular e são três os principais: o ácido alfa linolênico (ALA), essencial e precursor dos EPA e DHA.

Estes ácidos graxos poli-insaturados de cadeia longa têm

Suplementação AlimentarEVENTOS

Boletim - ILSI Brasil 8

uma relação importante com a saúde cardiovascular, mais especificamente o EPA, pois competem com o ácido araquidônico na formação da prostaciclinas, tromboxanos e leucotrienos, inibem a agregação plaquetária (efeito antitrombótico), estimulam a vasodilatação e apresentam propriedades anti-inflamatórias.

Em nível hepático, inibem a síntese de triglicerídeos e a secreção de VLDLs, havendo um estímulo do transporte reverso do colesterol, favorecendo a sua captação pelo fígado e eliminação pela via biliar.

Os ácidos graxos EPA e DHA estão relacionados, ainda, com a prevenção de problemas circulatórios e, segundo estudo, o consumo em níveis farmacológicos indica efeitos favoráveis na prevenção de doenças cardiovasculares. Ainda, se identificam efeitos positivos do DHA para o sistema nervoso, retina e na nutrição materno-infantil.

Os ômegas têm sido amplamente estudados e há importantes avanços nas recomendações nutricionais, pertinentes às suas propriedades fisiológicas. Porém, o desequilíbrio entre ω-6 e ω-3 pode causar problemas para a saúde. Por isso, a orientação é essencial para se obter seus benefícios.

Em 2016, a organização global de EPA e DHA (GOED) publicou informações detalhando suas recomendações para a ingestão diária de AGPI ω-3, EPA e DHA, resultado de vários anos de discussão, após uma análise cuidadosa e consideração de outros padrões internacionais para assegurar a validação científica: 500 mg para adultos saudáveis (para diminuir o risco de doença coronária); 700-1000 mg para mulheres grávidas / lactantes e para prevenção secundária de DCV e > 1 g para condições de saúde adicionais, como hipertensão arterial ou triglicérides.

Dr. Marcelo Macedo Rogero, da FSP-USP, mostrou como a nutrição e a atividade física interferem na modulação do sistema imunológico, podendo ter impactos positivos ou não, pois este resultado está associado à carga dos exercícios, moderado ou intenso.

Se for de média intensidade, há uma redução de episódios de infecção, graças à melhoria de funções de importantes componentes imunológicos. Porém, quando se ultrapassa determinado limite relacionado ao volume e à intensidade de treinamento, pode ocorrer o inverso, um aumento da incidência de infecções. No caso de indivíduos submetidos a treinos exaustivos e prolongados, se abre uma janela de oportunidade para um maior risco de infecção, entre 3 e 72 horas após o exercício físico, tendo-se como uma das hipóteses alterações neuroendócrinas.

Neste contexto, a nutrição possui papel relevante, pois há diversas relações entre a ingestão de carboidratos, vitaminas C e E, glutamina e quercetina com a imunocompetência. A ingestão equilibrada e orientada de alimentos ricos em vitaminas, minerais e

ácidos graxos essenciais irá contribuir para a proteção e funcionamento adequado do organismo, assim como uma dieta muito restritiva também pode impactar negativamente no sistema imune.

Mas é preciso atenção, pois mesmo quando há uma sinergia entre nutrição e atividade física, podem ocorrer reações que alteram a funcionalidade do sistema imune, em especial no atleta, interferindo em sua performance.

O Prof. Dr. Rubens Feferbaum, do Instituto da Criança do HC da Faculdade de Medicina da USP, destacou a relevância da ingestão adequada de vitaminas e minerais em várias fases da vida, em especial na infância, pois déficits ou excessos poderão ter reflexo ao longo da vida. Este cuidado deve começar já na gestação, período em que há necessidades de nutrientes essenciais para a mãe, para evitar partos prematuros e auxiliar no crescimento e desenvolvimento de um bebê saudável, além da prevenção das doenças crônicas não transmissíveis.

No Brasil, segundo dados da OMS, em 2015 a prevalência de anemia na gestação foi da ordem de 29,2%, indicando a suplementação de Ferro nesta fase.

Outros nutrientes essenciais nesta etapa são os ácidos graxos da cadeia longa da série ômega 3, em especial o DHA, o ácido fólico e vitaminas D e B12; orientando-se a continuidade da suplementação da lactante durante o primeiro trimestre pós natal.

O leite materno, rico em nutrientes e perfeito na adequação nutricional para o lactente, deve ser exclusivo nos primeiros seis meses. A alimentação complementar, após este período, deverá seguir as recomendações do pediatra. À medida que a criança cresce, em especial na idade pré e escolar e adolescência, a alimentação variada e equilibrada com frutas, legumes, verduras, peixe, leite e carne é essencial para suprir suas necessidades nutricionais.

Para reduzir o atual índice de mortes na infância e problemas como desnutrição, obesidade e baixa estatura, é importante detectar as deficiências ou excessos de macro e micronutrientes nutrientes e, para isso, há a necessidade de estudos científicos para verificar a ingestão nutricional de criança e adolescentes. É necessário disponibilizar o conhecimento científico aos profissionais da saúde, em especial pediatras, obstetras e nutricionistas, das necessidades nutricionais durante os primeiros “mil dias” - período que compreende os 270 dias da gestação, somados aos dois primeiros anos de vida (730 dias) - e nas outras fases do crescimento e desenvolvimento da infância à adolescência.

Por isso, é importante que a indústria desenvolva produtos nutricionais e suplementos que atendam às necessidades nutricionais da criança para seu crescimento e desenvolvimento cognitivo saudáveis e nas situações clínicas peculiares da criança doente.

EVENTOS

Boletim - ILSI Brasil 9

Sob a organização do Prof. Dr. Dan L. Waitzberg, especialistas se reuniram durante o III Ciclo de Debates em Nutrição Clínica: Terapia Nutricional no Controle da PICS (Síndrome Pós- Cuidado Intensivo), para mostrar as principais questões associadas aos pacientes em UTI e as suas condições clínicas, quando são transferidos para o quarto ou voltam para casa. O principal desafio é reduzir ao máximo as complicações, como comprometimento psíquico, depressão, estresse pós-traumático, déficit cognitivo e perda de autonomia e funcionalidade. Em alguns casos graves corre-se o risco de não voltar a ter o mesmo desempenho físico que antes da UTI. Por isso, os cuidados, ainda durante a internação, são essenciais para a qualidade de vida do paciente.

Na abertura, o Dr. Ivens Sousa, do Hospital Sírio Libanês, detalhou todos os aspectos que envolvem o doente e o corpo clínico durante o período de UTI, e a reação individualizada dos pacientes em alta.

Alguns pacientes podem necessitar mais de um ano para recuperar sua capacidade funcional. Outros enfermos necessitam de nova internação, o que implica aumento de custos hospitalares e queda significativa na qualidade de vida quando estes doentes têm alta.

Para evitar estes impactos físicos e psicológicos é necessário um trabalho multidisciplinar, ainda na UTI, que envolve cuidados clínicos e o uso de Terapia Nutricional adequada e avaliada caso a caso, pois a inadequação hipo ou hiper calórica também é um risco. O objetivo é usar todos os recursos disponíveis para se evitar o PICs. Em um ano, apenas 50% dos pacientes voltam ao seu emprego original e a recuperação da habilidade em caminhar de forma

Especialistas Discutem Terapia Nutricional no Controleda PICS (Síndrome Pós-Cuidado Intensivo)

normal pode levar até cinco anos. O problema não afeta apenas os idosos, que têm os maiores fatores de risco. Neste grupo, com mais de 80 anos, só 25% volta a ter uma vida normal. Mesmo os pacientes na faixa dos 45 anos, sem doenças crônicas, sofrem o impacto pós-UTI.

Uso de medicamentos necessários para recuperação como corticóides, bloqueadores musculares, sedativos, imobilismo, ventilação mecânica prolongada, disfunção de múltiplos órgãos e sepse são fatores que induzem à perda de massa muscular de forma rápida e agressiva.

As atuais condutas médicas na UTI visam, justamente, amenizar estes

impactos, com uso de sedação mais leve, despertar diário, testes contínuos de respiração, controle de delírios e mobilização precoce, mesmo com o paciente entubado. Adiciona-se o uso de Terapia Nutricional com ingestão proteica personalizada, que estimula o ganho de massa muscular e promove recuperação mais rápida para que o paciente volte para casa mais ativo e menos debilitado. O envolvimento da família neste processo é de extrema importância, e hoje se trabalha projetando um desfecho de longo prazo, ao considerar a percepção do paciente.

Dr. Diogo Toledo, médico do

Hospital São Luiz e Albert Einstein, observou que a recomendação na Terapia Nutricional passa pelo equilíbrio das necessidades energéticas e proteicas. Ela tem papel importante na melhora da funcionalidade, atrelada à qualidade de vida do paciente, sendo uma tendência atual neste contexto. O desafio é equalizar extremos de uma dieta hiper e hipo no cardápio, atingindo uma faixa intermediária. Para isso, é necessário estabelecer diversas estratégias dentro de uma melhor conduta e usar parâmetros que possam auxiliar nesta decisão da meta mais adequada, tanto energética quanto proteica, considerando as restrições do próprio quadro clínico no período da UTI.

Para Dr. Pierre Singer, médico intensivista e professor da Universidade de Tel Aviv (Israel), uma das inovações é a inclusão de exercícios ainda na UTI. Há poucos dados colhidos nos últimos 15 anos, mas que apontam para o combate a resistência anabólica. A perda de massa muscular na UTI é impressionante e está associada a quadros inflamatórios e ao desequilíbrio de diferentes processos metabólicos, que levam o paciente a sair da UTI fragilizado, resultando perda significativa da qualidade de vida.

As respostas são individualizadas em relação às perdas e recuperação, pois são mecanismos complexos em relação às fibras e

Dra. Sabrina Segatto (ICESP); Dr. Ivens Souza (Hosp.Sírio Libanês); Dr. Dan Waitzberg (GANEP); Dr. Pierre Singer (Univ. de Tel Aviv, Israel)

e Dra. Melina Castro (Hosp. Mário Covas)

EVENTOS

Boletim - ILSI Brasil 10

Especialistas Discutem Terapia Nutricional no Controleda PICS (Síndrome Pós-Cuidado Intensivo)resistência muscular. Quando há estímulos, ainda na UTI, os resultados diferem entre pacientes, mas sempre se consegue algum tipo de fortalecimento. Aliando uma nutrição adequada, PICs são evitadas, e também obtém-se renovação celular importante para a recuperação. O desafio é definir a estratégia dos exercícios dosando quantidade, tempo e tipo de movimento. E entram nesta lista os exercícios com equipamentos, para melhorar a mobilidade, e os exercícios passivos, que podem ser feitos com o paciente deitado ou sentado, e, ainda, os estímulos elétricos.

O bom resultado envolve aspectos como força e habilidade do paciente, tempo de permanência na UTI e interesse e comprometimento da equipe do hospital. A combinação com Terapia Nutricional é fundamental, pois a ingestão de certos alimentos após os exercícios pode melhorar a síntese muscular e contribuir para a recuperação. Este trabalho conjunto dos profissionais traz ganho expressivo para o paciente. Ainda se estuda a melhor forma de administrar estas combinações, como a de proteínas e exercícios. Assim, não podemos fazer afirmações precisas, mas o que é permitido dizer é que a estratégia leva a uma melhora da parte funcional, gerando uma menor permanência hospitalar. Trata-se da descoberta de caminhos possíveis e integrados, respeitando a própria individualidade na resposta aos tratamentos. É um novo aprendizado sempre.

Dra Melina Castro, médica nutróloga do Hospital Estadual Mário Covas, apontou importantes aspectos da transição nutricional e reabilitação funcional da UTI para enfermaria. Alertou que muitos pacientes são hospitalizados já frágeis e desnutridos e que, com sua passagem pela UTI, este quadro piora e há maiores riscos de sequelas. A própria imobilidade e perda funcional ampla têm reflexos na recuperação total, parcial ou nenhuma. Uma semana de UTI representa uma perda de 10% da espessura muscular, que pode ser detectada com um simples ultrassom. A fraqueza também piora as doenças crônicas e, para os idosos, este efeito é intensificado. Em relação à Terapia Nutricional, se na UTI já há limitações, a condição pós-alta e volta para casa pode ser ainda mais preocupante. Nem sempre – devido às condições socioeconômicas, de informações ou assistência - os pacientes conseguem seguir a prescrição alimentar, o que pode refletir em aumento de mortalidade e perda da qualidade de vida. Há pacientes que até 12 meses após a UTI apresentam disfunções físicas e dependência.

Um dos equívocos é não realizar a triagem funcional, que também é pouco avaliada durante a internação. A maior proximidade dos nutricionistas, com o resto da equipe, pode fazer a diferença no processo de recuperação. A reabilitação deve começar já na UTI, pois é mais fácil reduzir e prevenir perdas que recuperá-las. Esta estratégia precoce aumenta a taxa

de sobrevivência e reduz as sequelas. Quanto antes for a intervenção física, melhor será o resultado deganho funcional. O uso da neuroestimulação elétrica,para o músculo trabalhar mesmo nos pacientes sedados, é uma alternativa e a regra é agir cedo. Uma Terapia Nutricional suficiente, com oferta protéica, também pode representar desfecho de melhor sobrevida na UTI e janela de oportunidade dentro de estratégia equilibrada de dieta e exercícios orientados pelo fisioterapeuta. Estratégias isoladas não são a melhor conduta.

A programação nutricional de alta hospitalar foi abordada pela Dra Maria de Lourdes Teixeira da Silva, diretora médica do GANEP – Nutrição Humana, que também enfatizou a perda muscular rápida e de forma aguda na UTI.

Apontou a difícil recuperação dos doentes com atrofia muscular, que pode ser persistente, e nos primeiros dez dias atingir de 17 a 30%.

Este quadro equivale à importante prejuízo, pois a recuperação plena pode levar até cinco anos, com o paciente politraumatizado. Por isso, é essencial que a equipe se preocupe, desde a internação, com cuidados que irão se refletir na alta, para que se reduzam índices, como o de 20% de reinternação em 30 dias após a volta para casa.

Muitas vezes o paciente recebe orientação insuficiente para dar continuidade aos cuidados fora do hospital. A falta de informação é um problema sério e complicações podem se tornar crônicas, pois não é raro a falta de apetite, náusea, constipação pós-alta e estes eventos devem ser previstos. Se não for oferecida ao paciente a continuidade dos cuidados que recebeu no hospital, este trabalho poderá ser perdido.

Nos hospitais privados, uma equipe maior de nutricionistas permite que esta orientação seja conduzida de forma mais estruturada no suporte ao paciente, desde o período da internação e na alta, como explicou Dra Anna Carolina Sara Fonseca, nutricionista do CTNT do Hospital Santa Catarina. A resistência à passagem de sonda enteral, e a urgência em retirá-la antecipadamente à adequada alimentação oral, são questões que exigem atenção especial. Toda a dieta deve ser personalizada e planejada, , podendo ser enteral ou parenteral.

No setor público, os hospitais 100% SUS podem atender as classes D e E, que em mais de 70% recebem até um salário mínimo. As equipes multidisciplinares de terapia nutricional costumam ser reduzidas, mas o cuidado com o paciente segue outras plataformas adequadas à demanda deste

Boletim - ILSI Brasil

EVENTOS

Especialistas Discutem Terapia Nutricional no Controleda PICS (Síndrome Pós-Cuidado Intensivo)público, observa Dra Sabrina Segatto, médica nutróloga do ICESP. Há um alto número de enfermos internados desnutridos. Esta condição está, em alguns casos, associada a problemas sociais, e os doentes muitas vezes faltam às consultas porque não podem arcar com custos do transporte ou simplesmente esquecem. Para amenizar as dificuldades de compreensão e quebrar barreiras de comunicação, o profissional nutricionista usa uma linguagem simples e objetiva para passar as informações, antes e durante a consulta, e se busca o envolvimento do cuidador, que é convidado a estar presente na recuperação e pode participar das aulas na cozinha experimental, aprendendo novas receitas que irão ajudar na convalescença do paciente.

Há, ainda, ambulatórios de nutrição em alguns hospitais, que disponibilizam consultas com especialistas que avaliam o estado nutricional e fazem um plano de orientação individual, com retornos para acompanhamento, detalhou Dra Maria Emília Fabre, nutricionista do CEPON. Mesmo com esta disponibilidade, é necessário que o paciente faça a adesão ao plano da dieta, o que muitas vezes não acontece, mesmo recebendo suplementos gratuitos.

Assim, a Terapia Nutricional fora do hospital é um desafio, mesmo sendo essencial para evitar uma reinternação. Por isso, não há uma receita de bolo, é preciso adaptar a recomendação para cada paciente.

No encerramento foram apresentados alguns resultados da Pesquisa de Controle de Qualidade em Terapia Nutricional, sob a coordenação da Força-Tarefa de Nutrição Clínica do ILSI Brasil. Observou-se a necessidade de maior implemento nesta área, adesão aos indicadores e educação essencial com aumento de mão-de-obra especializada, por exemplo.

Apontou-se como importantes desafios que todas as instituições falem a mesma linguagem, apliquem os Índices de Qualidade Nutricional e possam trocar experiências e dados de uma forma colaborativa, em busca de melhorias contínuas.

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Histórico e Segurança de OGMEVENTOS

Boletim - ILSI Brasil

Num encontro informal, direcionado para nutricionistas, a Força-Tarefa Biotecnologia reuniu dois especialistas para traçar um panorama histórico e de segurança dos OGM. A proposta foi compartilhar conhecimentos com estes profissionais e criar um espaço de debate para dúvidas e atualização.

Na abertura, Ary Bucione, presidente do ILSI Brasil, destacou a relevância das atividades do instituto, sempre focadas na ciência, e o amplo calendário de eventos do ano, dando a oportunidade de receber sempre novos visitantes para conhecer de perto este trabalho.

Dr. Marcio de Castro Silva Filho, da Academia Brasileira de Ciências, destacou que nos próximos anos se viverá momentos importantes no cenário da Biotecnologia.

Recente divulgação, avaliando três mil estudos referendados, dos últimos 20 anos, reafirmou a segurança dos OGMs, do ponto de vista da ciência, o que reflete o resultado de critérios e precauções estabelecidas na produção destes alimentos, que passaram por processos bem conduzidos, e na prevenção de riscos para o consumidor.

Hoje, o maior desafio é a fome e a projeção de 9 bilhões de habitantes no mundo em 2050. As alternativas são ampliar a área de cultivo – nem sempre possível – ou intensificar a produtividade por área. É neste contexto que as culturas GMs são um caminho, tendo em vista que as transformações das plantas podem proporcionar resistência a insetos, doenças e tolerância a herbicidas, num controle de pragas que ameaçam a produção de alimentos de forma global. Muitos plantios também são afetados pela seca e, com as atuais mudanças climáticas, este problema tende a se ampliar. Como hoje 70% da água doce é utilizada pelo setor agrícola e a eficiência neste setor é fundamental para a futura demanda na produção de alimentos, plantas GM resistentes ao estresse hídrico são de grande importância.

Outro aspecto é ampliar a vida útil dos alimentos, após colheita, e agregar valor nutricional com a fortificação de vitaminas. É o caso do arroz e tomate, por exemplo. São os chamados alimentos geneticamente biofortificados e que podem ser um avanço no combate à desnutrição mundial, ainda alarmante. Há também as plantas biocombustíveis, uma segunda geração do etanol.

Neste momento da Biotecnologia, vale o destaque para a edição genômica, com a tecnologia CRISPR – Cas9, que permite a substituição de um nucleotídeo, e torna impossível distinguir se houve ou não uma alteração na planta, abrindo um universo de possibilidades de melhorias. Mas o avanço da ciência tem sido mais rápido que a regulamentação, e este descompasso gera certos atrasos na liberação do uso de algumas tecnologias. Quanto a segurança do

alimentos GM, mesmo se considerada a toxicidade, ela é igual aos alimentos convencionais. Nenhuma tecnologia é risco zero, mas a ciência é a melhor maneira de se obter as respostas e sinalizar credibilidade e segurança.

Dr. Heidge Fukumasu, da FZEA-USP, ressaltou o lugar de destaque que o Brasil ocupa na produção de soja, milho e algodão transgênicos e a expectativa de safras recordes. Mostrou dados de pesquisa que aponta que 73% dos consumidores estão abertos ao consumo de alimentos GM, o que indica uma mudança de comportamento, em relação ao início destes cultivos.

Tanto a soja quanto o milho GM, em grande parte, se destinam à alimentação animal. E nesta área os estudos também mostram que não causaram, ao longo de anos e várias gerações, nenhum efeito deletério para os rebanhos de bovinos, suínos e aves, que somam bilhões, em todo o país. Nos Estados Unidos os resultados são semelhantes e sempre há uma preocupação com a saúde, melhorias genéticas, manejo e nutrição.

Desta forma, o ganho na eficiência dos sistemas na área agrícola é essencial: o aumento na produção de grãos irá suprir a demanda por mais alimentos para os animais, atendendo assim o aumento expressivo da demanda pelos produtos deles derivados. Os avanços extrapolam assim a área vegetal. Hoje já é possível ter vacas sem chifres – que garante menos

riscos no manejo - suínos que tem seu crescimento muscular regulado e mini porcos, para uso em pesquisas e até como animais de estimação.

As avançadas tecnologias demandam novas abordagens pelas agências regulatórias e exigem contínua atualização. Assim, os dados das pesquisas em diferentes aspectos sobre OGMs possibilitam flexibilizar, sem perder o alto nível de segurança na produção e consumo destes alimentos.

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EVENTOS

Boletim - ILSI Brasil

Biotecnologia para Nutricionistas

GANEPÃO

Mais uma vez, o ILSI Brasil marca presença no GANEPÃO, representado em dois simpósios. O primeiro, pela Força-Tarefa de Nutrição Clínica com “Resultados de Indicadores de Qualidade em Terapia Nutricional (IQTNs) no Brasil: Realidade e Estratégias de Melhora na Prática Clínica”. Coordenado por Guilherme Duprat Ceniccola, o painel abordou o uso e resultados dos IQTNs em diferentes instituições hospitalares e as estratégias e ações práticas na melhoria destes indicadores. A FT Alimentos Funcionais participou no PREPROSIM com o tema “Probióticos como Alimentos e Suplementos”, em mesa presidida pelo Dr. Franco Lajolo, na qual se traçou uma visão sobre a regulamentação mundial e os desafios e perspectivas nesta área no Brasil.

SBAN

O ILSI Brasil participou do 14º Congresso Nacional da SBAN - Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição - que teve como tema central “Alimentação e Nutrição: Mitos e Fatos”. O primeiro simpósio abordou a Importância da Fortificação dos Alimentos nos Diversos Estágios da Vida: criança, adulto e idoso e foi coordenado pela Dra. Olga Amâncio. A outra mesa de discussão foi focada em Atualidades em Cereais Integrais e Sua Importância, com a coordenação do Dr. Franco Lajolo, mostrando os novos achados sobre cereais e saúde, a biotecnologia moderna na produção e a questão da definição de cereais integrais e suas consequências. Estiveram reunidos nutricionistas, educadores físicos, enfermeiros, engenheiros de alimentos, médicos, farmacêuticos, biólogos e outros profissionais da saúde.

Inscreva-se e Participe!

25/10: Café da Manhã - Fitoesteróis: Uma Experiência de Estudos Pós-Marketing.

ILSI Brasil marcará presença em várioseventos externos. Confira!

08 a 11/10: XX Congresso Brasileiro de Toxicologia - CBTOX - Goiânia

22 e 23/11: XVI Evento da Série de Workshops Internacionais sobre Alimentos com Alegações de Propriedades Funcionais e/ou de Saúde - Alimentos Funcionais e Compostos Bioativos: Avanços Científicos, Perspectivas e Desafios.

29/11: Nutrição na Desospitalização: Como? Quando? Para onde?

10 a 14/10: 38º Congresso Brasileiro de Pediatria - Fortaleza

13 e 14/10: Reunião ILSI LATAM – Buenos Aires

15 a 20/10: IUNS - 21º Congresso Internacional de Nutrição da ICN - Buenos Aires

AGENDA

Num encontro direcionado para estes profissionais, a FT Biotecnologia convidou dois especialistas para uma atualização sobre o tema. Dr. Marcio de Castro Silva Filho, da Academia Brasileira de Ciências, destacou que hoje o maior desafio é a fome e a

projeção de 9 bilhões de habitantes no mundo em 2050, e que as culturas Geneticamente Modificadas são um caminho importante na produção de alimentos de forma global. Dr. Heidge Fukumasu, da FZEA-USP, ressaltou o lugar de destaque que

o Brasil ocupa na produção de soja, milho e algodão transgênicos e a expectativa de safras recordes. Mostrou pesquisa que aponta que 73% dos consumidores estão abertos ao consumo de alimentos GM, o que indica uma mudança de comportamento em relação ao detectado no início destes cultivos.

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Mais informações: (11) 3035.5585 | www.eventosilsi.com | www.ilsibrasil.org

Avaliação da Gordura Abdominal por Exames de ImagemARTIGO CIENTÍFICO

Boletim - ILSI Brasil

Rommel RachidAisha Aguiar MoraisAna Carolina Correa CaféWendell Costa BilaMárcia Christina Caetano RomanoJoel Alves Lamounier

Núcleo de Estudos sobre Criança e AdolescenteUniversidade Federal de São João del Rei - Campus Centro Oeste – Divinópolis MG

A obesidade é uma doença crônica caracterizada pelo acúmulo de gordura corporal no indivíduo. Sua prevalência tem aumentado nas ultimas décadas em nosso país, com destaque para infância e adolescência. De acordo com a Pesquisa de Orçamentos Familiares, entre 1974/1975 e 2008/2009 houve aumento na prevalência da obesidade em adolescentes brasileiros de 0,4 para 5,9% no sexo masculino e de 0,7 para 4,0% no sexo feminino.

Esta condição tem sido amplamente relacionada ao aumento do risco de doenças cardiovasculares, sendo a distribuição central da gordura corporal apontada como um fator fundamental no desenvolvimento dessas doenças. Indivíduos com obesidade abdominal (central) possuem maior risco que aqueles que apresentam obesidade gluteofemoral (periférica). O tecido adiposo presente ao redor das vísceras abdominais, é conhecido como gordura intra-abdominal ou visceral. Indivíduos com obesidade intra-abdominal comparados aos que possuem obesidade periférica, entre outros fatores, têm maior resistência à insulina, estando mais susceptíveis ao desenvolvimento da chamada síndrome metabólica.A síndrome metabólica é compreendida como um conjunto de distúrbios (hipertensão arterial sistêmica, dislipidemia e obesidade) relacionado com o acúmulo de gordura central e resistência à insulina, resultando em aumento do risco de doenças cardiovasculares e conseqüentemente a maior mortalidade.

A grande vantagem da utilização de exames de imagem como ultrassonografia, tomografia computadorizada e ressonância magnética na avaliação da obesidade central, decorre da possibilidade da diferenciação da localização da gordura. Ou seja, é possível identificar em qual dos principais reservatórios de tecido adiposo no abdome (subcutâneo ou intra-abdominal) contribui para o aumento do volume abdominal. A maneira mais comum utilizada para avaliação da obesidade central é pela medida da circunferência abdominal, que avalia um somatório de todos os compartimentos de depósito de tecido adiposo no abdome. Porém, isto não é o melhor e mais desejável, visto que possuem papéis diferentes no metabolismo e na fisiopatologia da síndrome metabólica. Camhi et al. mostram que o IMC e a circunferência da cintura podem não representar de forma acurada a gordura intra-abdominal.

A ressonância magnética e a tomografia computadorizada são excelentes métodos na quantificação de tecido adiposo intra-abdominal, mas seu uso clínico é mais limitado, tendo em vista seus custos, a utilização de radiação ionizante, contraindicações e a magnitude dos equipamentos envolvidos. Esses fatos favorecem a utilização da ultrassonografia, que possui resultados condizentes com os demais métodos, associada à praticidade de manuseio, não emprego de radiação, portabilidade, além de fatores de ordem técnica, como tempo reduzido para exame e mais conforto do paciente.

Em escolares adolescentes de Divinópolis (MG) estudo com ultrassonografia para avaliação da gordura intra-abdominal encontrou correlação significativa da medida do ultrassom com fatores associados a SM: hipertensão arterial sistêmica, dosagem sérica alteradas de colesterol e de triglicerídeos, aumento da circunferência da cintura e IMC elevado. Com isto, surge uma oportunidade para predição da medida da gordura abdominal não só do diagnóstico da SM e de risco cardiovascular, mas também se associando aos fatores isolados que compõem a SM. Desta forma, poderia ser empregada essa medida na prática clínica com uso de ultrassonografia e sua inclusão nos protocolos de exames de imagem. A ultrassonografia tem um papel promissor na detecção precoce dos distúrbios metabólicos relacionados à obesidade, sobretudo em adolescentes e adultos jovens, possibilitando tratamento precoce, reduzindo o risco de desfechos desfavoráveis na vida adulta.

Nos últimos anos o uso de imagem corporal tem sido objeto de estudo para avaliação da composição corporal. O Quadro 1 apresenta um resumo de alguns dos principais trabalhos relacionando a medida da gordura abdominal por métodos de imagem e fatores ligados a síndrome metabólica e ao risco de doenças cardiovasculares.

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ARTIGO CIENTÍFICO

Boletim - ILSI Brasil 15

1. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). POF 2008-2009: desnutrição cai e peso das crianças brasileiras ultrapassa padrão internacional. Rio de Janeiro: IBGE, 2010.

2. I BRAHIM MM. Subcutaneous and visceral adipose tissue: structural and functional differences. Obesity Reviews 2010; 11(1):11-8.

3. SPEISER PW, RUDOLF MC, ANHALT H, et al. Consensus Statement: Childhood obesity. J Clin Endocrinol Metab. 2005; 90(3):1871-87.

4. CAMHI, SM, BRAY, GA, BOUCHARD et al. The relationship of waist circumference and BMI to visceral, subcutaneous, and total body fat: sex and race differences. Obesity (Silver Spring). 2011; 19; 402-8.

5. FOX, C.S. et al. Abdominal visceral and subcutaneous adipose tissue compartments: associationwithmetabolic risk factors in the Framingham Heart Study. Circulation, 116, n. 1, p. 39-48, 2007.

6. K IM, S. et al. Visceral fat thickness measured by ultrasonography can estimate not only visceral obesity but also risks of cardiovascular and metabolic diseases. Am J Clin Nutr, v. 79, n. 4, p. 593-599, 2004

7. R IBEIRO-FILHO, F.F. et al. Ultrasonography for the evaluation of visceral fat andcardiovascular risk. Hypertension, v. 38, p. 713-717, 2001.

8. A LI, O.C.D. et al. Obesity, central adiposity and cardiometabolic risk factors in children and adolescents: a family-based study. Pediatr Obes, v. 9, n. 3, p. 58-62, 2014.

9. C HRISTENSEN, D.L. et al. Insulin resistance and beta-cell function in diferent ethnic groups in Kenya: the role of abdominal

Autor, Ano, Origem

Ali ett al, 2014, EUA

Christensen et al.,2013,Dinamarca/ Quênia

Método/n/ faixa etáriaSugerem que a influência da distribuição da gordura corporal no risco de Síndrome Metabólica é diferente em crianças e adolescentes em comparação aos adultos. O depósito de gordura intra-abdominal seria o mais significativo em adultos não sendo o caso das crianças e adolescentes onde o depósito de gordura subcutâneo mostrou maior importância.

Estudo de coorte com 999 indivíduos de origem europeia. As medidas feitas por ressonância magnética. Idade: 6 a 90 anos.

Resultado

Estudo Transversal com 1087 indivíduos do Quênia. Gordura abdominal avaliada por ultrassonografia. Idade: 17 a 68 anos.

Encontradas diferenças estatisticamente significantes da resistência à insulina e a função das células beta entre os grupos étnicos. Assim, pode-se supor que a causa da etnia Massai possuir a maior resistência à insulina deve-se além dos hábitos alimentares ao fato desta etnia apresentar maior acúmulo de gordura abdominal.

Harrington et al.,2013,EUA

Estudo transversal com 371 crianças e adolescentes brancos e afro-americanos. Circunferência abdominal avaliada em locais distintos e ressonância magnética avaliando o tecido adiposo abdominal. Idade: 5 a 18 anos.

Relação entre a circunferência abdominal com a gordura intra-abdominal e o risco cardio-metabólico é similar nos grupos. Os valores absolutos das medidas da circunferência abdominal variam nos diferentes sítios.

Spolidoro et al.,2012, Brasil

Estudo de coorte com 159 indivíduos. Medidas antropométricas, laboratoriais e tomografia computadorizada para quantificar os depósitos de gordura. Idade: 7 a 18 anos.

Observada forte correlação da circunferência da cintura com a medida do depósito de gordura intra-abdominal por tomografia computadorizada. Indivíduos mais jovens houve maior correlação com o depósito de gordura subcutâneo. Adultos jovens observado forte correlação tanto com gordura subcutânea quanto com o tecido adiposo intra-abdominal.

Katzmarzyk et al.,2013,EUA

Estudo transversal com 1246 indivíduos. Gordura abdominal por meio da tomografia computadorizada. Idade: 18 a 74 anos.

Espessura do tecido adiposo intra-abdominal e a circunferência de cintura têm mais utilidade como um marcador de risco cardio-metabólico do que o IMC.

Quadro 1: Distribuição dos estudos, conforme a base de dados, ano de publicação, país de origem, título, autorias, método e principais resultados da pesquisa.

Kwon et al., 2010, Coréia

Estudo transversal com 82 pacientes. Avaliação por tomografia computadorizada. Idade: 6 a 18 anos.

Relação estatisticamente significante entre a espessura do tecido abdominal intra-abdominal e a Síndrome Metabólica em adolescentes.

Lee et al., 2010, Coréia

Estudo transversal com 67 crianças e adolescentes do sexo masculino. Áreas de gordura por tomografia computadorizada. Idade: 8 a 15 anos.

A medida do tecido adiposo intra-abdominal e subcutâneo por tomografia computadorizada apresentou correlação com a relação ApoB / A1, dados antropométricos e demais parâmetros avaliados.

Lee et al., 2010, EUA

Estudo transversal com 108 americanos brancos e afro-americanos RM para avaliar a gordura abdominal em posições diferentes. Idade: 8 e 18 anos.

O local de avaliação do tecido adiposo intra-abdominal tem impacto na associação com a Síndrome Metabólica. Nos americanos brancos todos os locais de medidas avaliados tiveram correlação com esta síndrome enquanto que nos americanos negros houve maior correlação dela com medidas realizadas 10 cm acima do nível de L4-L5.

Melka Et al.,2013, EUA

Estudo transversal com 598 indivíduos. Avaliação por meio da ressonância magnética. Idade: 12 e 18 anos.

A gordura abdominal medida por ressonância magnética se correlacionou positivamente com maiores níveis de pressão arterial, triglicérides, glicose e com menores níveis de HDL em ambos os sexos.

fat distribution. Acta Diabetologica, v. 51, n. 1, p. 53-60, 2014.

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Referências