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O CONHECIMENTO CIENTÍFICO O CONHECIMENTO CIENTÍFICO Conhecimento vulgar e Conhecimento vulgar e Conhecimento científico Conhecimento científico

CONHECIMENTO CIENTÍFICO

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Page 1: CONHECIMENTO CIENTÍFICO

O CONHECIMENTO O CONHECIMENTO CIENTÍFICOCIENTÍFICO

Conhecimento vulgar e Conhecimento vulgar e Conhecimento científicoConhecimento científico

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Questões preliminares:Questões preliminares:Valor prático e Valor teórico da Valor prático e Valor teórico da CiênciaCiência

O conhecimento científico tem: O conhecimento científico tem: 1)Um valor 1)Um valor prático.prático.2)Um valor 2)Um valor teóricoteórico..

Valor Valor práticoprático: produção de tecnologia para uso : produção de tecnologia para uso do ser humano.do ser humano.

Valor Valor teóricoteórico: conhecimentos sólidos sobre o : conhecimentos sólidos sobre o universo, sobre a natureza e sobre o ser universo, sobre a natureza e sobre o ser humano. Revela a estrutura e o funcionamento humano. Revela a estrutura e o funcionamento da realidade.da realidade.

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Questões preliminares:Questões preliminares:Questões a colocar quando se Questões a colocar quando se estuda filosofia da ciênciaestuda filosofia da ciência

O que é uma explicação científica?O que é uma explicação científica? O que distingue as teorias científicas das que não são O que distingue as teorias científicas das que não são

científicas?científicas? O que caracteriza o método da ciência?O que caracteriza o método da ciência? Como evolui o conhecimento científico?Como evolui o conhecimento científico? As teorias científicas permitem-nos conhecer As teorias científicas permitem-nos conhecer

objectivamente a realidade?objectivamente a realidade?

Page 4: CONHECIMENTO CIENTÍFICO

Conhecimento vulgar ou de senso Conhecimento vulgar ou de senso comumcomum

É constituído por crenças partilhadas pelos É constituído por crenças partilhadas pelos seres humanos.seres humanos.

Estas crenças são justificadas pela experiência Estas crenças são justificadas pela experiência quotidiana.quotidiana.

Estas crenças são transmitidas de geração em Estas crenças são transmitidas de geração em geração, de forma essencialmente geração, de forma essencialmente

acrítica.acrítica. Reflecte as necessidadeReflecte as necessidade humanas mais imediatas,humanas mais imediatas, por isso é acentuadamentepor isso é acentuadamente prático.prático.

Page 5: CONHECIMENTO CIENTÍFICO

Do senso comum à ciênciaDo senso comum à ciência Há continuidade entre o senso comum e a ciência, visto que Há continuidade entre o senso comum e a ciência, visto que

a ciência surge:a ciência surge: da informação empírica que constitui o senso comum;da informação empírica que constitui o senso comum; das necessidades práticas da vida humana.das necessidades práticas da vida humana.

Por exemplo:Por exemplo: A astronomia responde, em parte, à necessidade de ter A astronomia responde, em parte, à necessidade de ter

calendários rigorosos que, por suacalendários rigorosos que, por sua vez, são necessários à agricultura.vez, são necessários à agricultura. A geometria responde à necessidade A geometria responde à necessidade de medir terrenos e de construir casas.de medir terrenos e de construir casas. A biologia responde à necessidadeA biologia responde à necessidade de preservar a saúde.de preservar a saúde. A química responde à necessidadeA química responde à necessidade de produzir medicamentos.de produzir medicamentos.

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A Ciência ExplicaA Ciência Explica A ciência constitui-se como um corpo de saber A ciência constitui-se como um corpo de saber

sistematizado.sistematizado. Visa proporcionar explicações racionais dos factos.Visa proporcionar explicações racionais dos factos. (Não interessa saber que …Importa saber (Não interessa saber que …Importa saber comocomo e e por por

queque…)…) Esta característica faz da ciência um saber Esta característica faz da ciência um saber

explicativo.explicativo. O seu início situa-se nos séculosO seu início situa-se nos séculos XVII e XVIII, pois só a partir daí as XVII e XVIII, pois só a partir daí as explicações passaram a assentar explicações passaram a assentar em teorias rigorosamente testadas, em teorias rigorosamente testadas, através da experimentação.através da experimentação.

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Explicação CientíficaExplicação Científica

É sistemática e controlável.É sistemática e controlável. Corresponde à organização e classificação do Corresponde à organização e classificação do

conhecimento, segundo princípios explicativos.conhecimento, segundo princípios explicativos. Reduz as indeterminações da linguagem comum.Reduz as indeterminações da linguagem comum. As suas proposições são testadas pela As suas proposições são testadas pela

experimentação, de modo crítico e cuidado.experimentação, de modo crítico e cuidado. Utiliza linguagem rigorosa.Utiliza linguagem rigorosa. Organiza-se em teorias, depois de repetidos Organiza-se em teorias, depois de repetidos

confrontos com os resultados de observações confrontos com os resultados de observações experimentais rigorosas e inabaláveis (até prova experimentais rigorosas e inabaláveis (até prova experimental em contrário).experimental em contrário).

Page 8: CONHECIMENTO CIENTÍFICO

Explicação CientíficaExplicação Científica As explicações contêm um As explicações contêm um explanandumexplanandum e ume umexplanansexplanans (numa explicação científica, este indica pelo menos uma

regularidade ou lei da natureza e pelo menos uma proposição que descreve condições iniciais).

Explanandum: é aquilo que se pretende explicar (o é aquilo que se pretende explicar (o quê).quê).

Explanans: consiste na informação que se apresenta consiste na informação que se apresenta para responder ao pedido de explicação (como).para responder ao pedido de explicação (como).

Podemos explicar:Podemos explicar:1) acontecimentos particulares;1) acontecimentos particulares;2) leis ou regularidades gerais.2) leis ou regularidades gerais.Quando o tipo de informação incluída no Quando o tipo de informação incluída no explanansexplanans são as leis, são as leis,

dizemos que a explicação adopta o dizemos que a explicação adopta o modelo nomológico.modelo nomológico.

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Explicação Científica de Explicação Científica de Acontecimentos Acontecimentos

ParticularesParticulares

EXPLICAR UM ACONTECIMENTO:EXPLICAR UM ACONTECIMENTO: é mostrar que é mostrar que em virtude de certas regularidades ou leis da natureza, este em virtude de certas regularidades ou leis da natureza, este tinha que ocorrer ou era muito provável que ocorresse, dada tinha que ocorrer ou era muito provável que ocorresse, dada a realização de certas condições iniciais.a realização de certas condições iniciais.

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Explicação das Leis da NaturezaExplicação das Leis da Natureza

Explicar uma lei é: inferi-la de leis mais Explicar uma lei é: inferi-la de leis mais gerais.gerais.

Page 11: CONHECIMENTO CIENTÍFICO

Modelo Nomológico de ExplicaçãoModelo Nomológico de Explicação

Explica-se um acontecimento quando se mostra que, em Explica-se um acontecimento quando se mostra que, em virtude de certas leis e dada a realização de certas condições virtude de certas leis e dada a realização de certas condições iniciais, a sua ocorrência era inevitável, ou, pelo menos, muito iniciais, a sua ocorrência era inevitável, ou, pelo menos, muito provável.provável.

Explica-se uma lei quando a Explica-se uma lei quando a deduzimos de leis mais gerais deduzimos de leis mais gerais e complexas.e complexas.

As leis da natureza têm um As leis da natureza têm um carácter universal, i.e., carácter universal, i.e., aplicam-se a todos os objectosaplicam-se a todos os objectosde uma certa categoria e não estãode uma certa categoria e não estão limitadas a qualquer lugar ou momento. (cf. pp. 176 – 178)limitadas a qualquer lugar ou momento. (cf. pp. 176 – 178)

Page 12: CONHECIMENTO CIENTÍFICO

Superação das Críticas ao Modelo Superação das Críticas ao Modelo NomológicoNomológico

O modelo nomológico tem de ser complementado com uma O modelo nomológico tem de ser complementado com uma condição que proíba a inclusão de condições inicias condição que proíba a inclusão de condições inicias irrelevantes.irrelevantes.

A chave para uma condição adequada reside na noção de A chave para uma condição adequada reside na noção de causalidade.causalidade.

Explicar um acontecimentoExplicar um acontecimentonão consiste em “cobri-lo” com leisnão consiste em “cobri-lo” com leisapropriadas: consiste antes em apropriadas: consiste antes em indicar as suas causas, em apresentarindicar as suas causas, em apresentarinformação apropriada sobre a cadeiainformação apropriada sobre a cadeiade acontecimentos que levaram à suade acontecimentos que levaram à suaocorrência. (é um processo dedutivo)ocorrência. (é um processo dedutivo)Nota: o modelo nomológico dificilmente seNota: o modelo nomológico dificilmente seaplica às ciências humanas.aplica às ciências humanas.

Page 13: CONHECIMENTO CIENTÍFICO

A QUESTÃO DA DEMARCAÇÃO DA A QUESTÃO DA DEMARCAÇÃO DA CIÊNCIACIÊNCIA

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O Problema da DemarcaçãoO Problema da DemarcaçãoPRESSUPOSTOS:PRESSUPOSTOS: As explicações e as previsões científicas são concebidas a partir de As explicações e as previsões científicas são concebidas a partir de

hipóteseshipóteses que são proposições e que são proposições e conjecturasconjecturas que se deseja que que se deseja que sejam verdadeiras.sejam verdadeiras.

As hipóteses podem ser confirmadas ou refutadas pela As hipóteses podem ser confirmadas ou refutadas pela observação.observação.

INTERROGAÇÕES QUE PERMITEM A DEMARCAÇÃO DA INTERROGAÇÕES QUE PERMITEM A DEMARCAÇÃO DA CIÊNCIACIÊNCIA::

O que distingue as teorias científicas das que não são científicas?O que distingue as teorias científicas das que não são científicas?

A observação pode confirmar teorias?A observação pode confirmar teorias?

Como se caracteriza o método científico?Como se caracteriza o método científico?

A DEMARCAÇÃO IMPLICA O ESTABELECIMENTO DE CRITÉRIOS A DEMARCAÇÃO IMPLICA O ESTABELECIMENTO DE CRITÉRIOS DE CIENTIFICIDADEDE CIENTIFICIDADE

Page 15: CONHECIMENTO CIENTÍFICO

VerificacionismoVerificacionismo Definição: Definição: a pretensão de verdade de uma hipótese é sustentada pela

verificação: comprovação pela observação. O verificacionismo é o termo que se usa por oposição ao

falsificacionismo. No verificacionismo considera-se que ocorrem factos observacionais que corroboram a hipótese, acontecimento com o qual esta fica consolidada.

Obtido de http://es.wikipedia.org/wiki/Verificacionismo

Para o Verificacionismo:

UMA TEORIA É CIENTÍFICA SOMENTE SE CONSISTE EM AFIRMAÇÕES EMPIRICAMENTE VERIFICÁVEIS.

UMA AFIRMAÇÃO EMPIRICAMENTE VERIFICÁVEL É AQUELA CUJO VALOR DE VERDADE PODE SER ESTABELECIDO ATRAVÉS DA OBSERVAÇÃO.

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OBJECÇÕES AO VERIFICACIONISMO, A OBJECÇÕES AO VERIFICACIONISMO, A PARTIR DE LEIS DA NATUREZAPARTIR DE LEIS DA NATUREZA

As leis da natureza expressam-se através de As leis da natureza expressam-se através de proposições do tipo universal: “ Todos os x são y” proposições do tipo universal: “ Todos os x são y” e aplicam-se a um número indefinidamente vasto e aplicam-se a um número indefinidamente vasto de objectos.de objectos.

Ora, não é possível estabelecer a verdade das Ora, não é possível estabelecer a verdade das leis da natureza através da observação porque leis da natureza através da observação porque não é possível verificá-las empiricamente (não não é possível verificá-las empiricamente (não posso observar todos os casos).posso observar todos os casos).

Portanto, o critério positivista (verificacionista) Portanto, o critério positivista (verificacionista) implica que as leis da natureza não são implica que as leis da natureza não são científicas.científicas.

Dado que o critério positivista implica que as leis Dado que o critério positivista implica que as leis da natureza correspondem a afirmações que não da natureza correspondem a afirmações que não são científicas, então, esse critério é insatisfatório são científicas, então, esse critério é insatisfatório enquanto critério de cientificidade.enquanto critério de cientificidade.

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FalsificacionismoFalsificacionismoDefinição: Definição: uma afirmação é falsificável se for possível

conceber observações que poderão tornar-se

incompatíveis com ela. Uma hipótese, para ser uma boa teoria, tem que ser quase uma aberração; Uma hipótese, para ser uma boa teoria, tem que ser quase uma aberração;

tem que ser falsificável, mas não falsificada. Uma péssima teoria: 'Todos tem que ser falsificável, mas não falsificada. Uma péssima teoria: 'Todos os dias chove ou não chove', esta teoria é sempre verdadeira (não é os dias chove ou não chove', esta teoria é sempre verdadeira (não é falsificável) e não acrescenta nada de novo ao mundo.falsificável) e não acrescenta nada de novo ao mundo.

Considere-se a teoria:Considere-se a teoria: 'A partir de 1 de Janeiro de 2007, em nenhum dia 1 'A partir de 1 de Janeiro de 2007, em nenhum dia 1 de cada mês irá chover.', esta teoria é falsificável, pois basta chover em de cada mês irá chover.', esta teoria é falsificável, pois basta chover em qualquer dia 1 que ela estará falsificada. Mas, se com o passar dos meses qualquer dia 1 que ela estará falsificada. Mas, se com o passar dos meses em nenhum dia 1 chover, ela vai-se fortalecendo, deixa de ser uma em nenhum dia 1 chover, ela vai-se fortalecendo, deixa de ser uma hipótese e passa a ser uma boa teoria sempre comprovada pela hipótese e passa a ser uma boa teoria sempre comprovada pela experiência de não chover nos dias primeiros de cada mês. Mas, ela não experiência de não chover nos dias primeiros de cada mês. Mas, ela não revela ser uma descoberta sobre uma verdade absoluta sobre o mundo, revela ser uma descoberta sobre uma verdade absoluta sobre o mundo, pois está sempre sujeita à falsificação (basta chover num dia 1 de qualquer pois está sempre sujeita à falsificação (basta chover num dia 1 de qualquer mês). Ela é boa também porque acrescentou algo de novo ao mundo.mês). Ela é boa também porque acrescentou algo de novo ao mundo.

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Falsificacionismo (Karl Popper)Falsificacionismo (Karl Popper) UMA TEORIA É CIENTÍFICA SOMENTE SE FOR UMA TEORIA É CIENTÍFICA SOMENTE SE FOR

EMPIRICAMENTE FALSIFICÁVEL.EMPIRICAMENTE FALSIFICÁVEL.

UMA TEORIA É EMPIRICAMENTE FALSIFICÁVEL, SE E SÓ UMA TEORIA É EMPIRICAMENTE FALSIFICÁVEL, SE E SÓ SE, FOR INCOMPATÍVEL COM ALGUMAS OBSERVAÇÕES SE, FOR INCOMPATÍVEL COM ALGUMAS OBSERVAÇÕES POSSÍVEIS, ISTO É, SE FOR POSSÍVEL REFUTÁ-LA.POSSÍVEIS, ISTO É, SE FOR POSSÍVEL REFUTÁ-LA.

Exemplos de afirmações falsificáveis:Exemplos de afirmações falsificáveis:

““Amanhã vai chover.”; “Todo o cobre dilata quando é Amanhã vai chover.”; “Todo o cobre dilata quando é aquecido.”aquecido.”

Exemplos de afirmações não falsificáveis:Exemplos de afirmações não falsificáveis:

““Amanhã vai chover ou não vai chover.”; “Há pedaços Amanhã vai chover ou não vai chover.”; “Há pedaços de cobre que nunca dilatam.”de cobre que nunca dilatam.”

Page 19: CONHECIMENTO CIENTÍFICO

Falsificacionismo (Karl Popper)Falsificacionismo (Karl Popper)

Aquilo que distingue as teorias das ciências Aquilo que distingue as teorias das ciências empíricas das restantes teorias não é a empíricas das restantes teorias não é a possibilidade de as verificarmos ou possibilidade de as verificarmos ou comprovarmos através da observação. O que comprovarmos através da observação. O que importa, pelo contrário, é a possibilidade de as importa, pelo contrário, é a possibilidade de as falsificarmos. Falsificar empiricamente uma falsificarmos. Falsificar empiricamente uma teoria é mostrar que ela é falsa, recorrendo a teoria é mostrar que ela é falsa, recorrendo a dados obtidos através da observação.dados obtidos através da observação.

Page 20: CONHECIMENTO CIENTÍFICO

Graus de FalsificabilidadeGraus de Falsificabilidade Quanto mais uma teoria é informativa, tanto mais ela é falsificável.Quanto mais uma teoria é informativa, tanto mais ela é falsificável.

Uma teoria que não seja falsificável nada diz sobre o mundo empírico.Uma teoria que não seja falsificável nada diz sobre o mundo empírico.

A procura de teorias muito falsificáveis permite-nos conhecer mais A procura de teorias muito falsificáveis permite-nos conhecer mais sobre o mundo.sobre o mundo.

EXEMPLO: EXEMPLO:

““Amanhã vai chover ou não vai chover.” (não é falsificável e nada diz Amanhã vai chover ou não vai chover.” (não é falsificável e nada diz sobre o mundo empírico.)sobre o mundo empírico.)““Amanhã vai chover.”Amanhã vai chover.”““Amanhã vai chover à tarde.”Amanhã vai chover à tarde.”““Amanhã vai chover entre as três e as cinco da tarde.”Amanhã vai chover entre as três e as cinco da tarde.”

Grau crescente de falsificabilidade e grau crescente de informação.Grau crescente de falsificabilidade e grau crescente de informação.

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Método IndutivistaMétodo Indutivista 1º Registo e classificação de factos empíricos 1º Registo e classificação de factos empíricos

(observação).(observação).

2º Obtenção de uma teoria por generalização 2º Obtenção de uma teoria por generalização indutiva (descoberta de regularidades e respectiva indutiva (descoberta de regularidades e respectiva generalização; construção de leis e de teorias).generalização; construção de leis e de teorias).

3º Aplicação da teoria a novos factos científicos. 3º Aplicação da teoria a novos factos científicos. (por dedução e por indução, explica-se e prevê-se; (por dedução e por indução, explica-se e prevê-se; encontra-se mais factos particulares que encontra-se mais factos particulares que confirmam a teoria e pode-se partir para leis ainda confirmam a teoria e pode-se partir para leis ainda mais gerais).mais gerais).

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Objecções ao Método IndutivistaObjecções ao Método Indutivista

A observação pura é impossívelA observação pura é impossível (não podemos (não podemos observar todos os factos empíricos pelo que ao observar todos os factos empíricos pelo que ao seleccionarmos o que havemos de observar, fazemo-lo seleccionarmos o que havemos de observar, fazemo-lo em função dos nossos interesses e expectativas, bem em função dos nossos interesses e expectativas, bem como a partir de pressupostos teóricos da nossa como a partir de pressupostos teóricos da nossa confiança, preferência e já de nosso conhecimento.).confiança, preferência e já de nosso conhecimento.).

Muitas teorias científicas referem-se ao Muitas teorias científicas referem-se ao inobservávelinobservável, , pelo que não podem ter sido concebidas pelo que não podem ter sido concebidas por indução, a partir daquilo que se observou (como por indução, a partir daquilo que se observou (como exemplo temos que os electrões não são directamente exemplo temos que os electrões não são directamente observáveis.).observáveis.).

Page 23: CONHECIMENTO CIENTÍFICO

O Método Hipotético-dedutivo O Método Hipotético-dedutivo

1º Formulação de um problema.1º Formulação de um problema.

2º Apresentação da teoria como hipótese ou 2º Apresentação da teoria como hipótese ou conjectura.conjectura.

3º Tentativa de refutação da teoria através 3º Tentativa de refutação da teoria através de testes experimentais.de testes experimentais.

(cf. pág. 193 do Manual)(cf. pág. 193 do Manual)

Page 24: CONHECIMENTO CIENTÍFICO

Argumento de Hume contra a validade Argumento de Hume contra a validade da induçãoda indução

1º As inferências indutivas pressupõem o 1º As inferências indutivas pressupõem o princípio da indução.princípio da indução.

2º Não se pode justificar este princípio 2º Não se pode justificar este princípio a a priori.priori.

3ºNão se pode justificar este princípio 3ºNão se pode justificar este princípio a a posteriori.posteriori.

4º 4º Logo, nenhuma inferência indutiva é Logo, nenhuma inferência indutiva é justificável.justificável.

Page 25: CONHECIMENTO CIENTÍFICO

Momentos do Método Hipotético-dedutivoMomentos do Método Hipotético-dedutivo

Formulação de uma hipóteseFormulação de uma hipótese: Invenção de uma : Invenção de uma solução ou construção de um cenário que deve solução ou construção de um cenário que deve ser sujeito à experimentação para ser rejeitado ser sujeito à experimentação para ser rejeitado ou não. ou não.

A hipótese deve:A hipótese deve:1.1. Ser compatível com os dados que se querem explicar;Ser compatível com os dados que se querem explicar;2.2. Ser coerente com outras hipóteses anteriormente admitidas,Ser coerente com outras hipóteses anteriormente admitidas,3.3. Ser susceptível de verificação;Ser susceptível de verificação;4.4. Servir para prever e explicar os acontecimentos com ela Servir para prever e explicar os acontecimentos com ela

relacionados.relacionados.

Page 26: CONHECIMENTO CIENTÍFICO

Momentos do Método Hipotético-dedutivo Momentos do Método Hipotético-dedutivo

Dedução de consequências preditivas da hipótese:Dedução de consequências preditivas da hipótese:Inferir consequências é deduzir da explicação proposta Inferir consequências é deduzir da explicação proposta

consequências menos gerais do que ela.consequências menos gerais do que ela.

Exemplo: Exemplo:

HIPÓTESE: dois corpos com massas diferentes lançados da HIPÓTESE: dois corpos com massas diferentes lançados da mesma altura chegam ao solo ao mesmo tempo.mesma altura chegam ao solo ao mesmo tempo.

DEDUÇÃO DAS CONSEQUÊNCIAS DA HIPÓTESE: então, DEDUÇÃO DAS CONSEQUÊNCIAS DA HIPÓTESE: então, uma bola de chumbo e uma folha de papel lançadas em uma bola de chumbo e uma folha de papel lançadas em simultâneo de uma janela terão de chegar ao solo ao simultâneo de uma janela terão de chegar ao solo ao mesmo tempo.mesmo tempo.

Page 27: CONHECIMENTO CIENTÍFICO

Momentos do Método Hipotético-dedutivo Momentos do Método Hipotético-dedutivo

Submissão das consequências da hipótese a provas experimentais:Submissão das consequências da hipótese a provas experimentais:

Confronto das consequências deduzidas da hipótese com a Confronto das consequências deduzidas da hipótese com a experimentação para confirmar ou refutar a hipótese. Isto implica:experimentação para confirmar ou refutar a hipótese. Isto implica:

1.1. Definir e precisar as condições do uso de grandezas.Definir e precisar as condições do uso de grandezas.2.2. Criar e/ou aperfeiçoar instrumentos de investigação.Criar e/ou aperfeiçoar instrumentos de investigação.

CONSEQUÊNCIA DERIVADA DA HIPÓTESE A DEMONSTAR: CONSEQUÊNCIA DERIVADA DA HIPÓTESE A DEMONSTAR: uma bola de chumbo e uma folha de papel, lançadas em simultâneo uma bola de chumbo e uma folha de papel, lançadas em simultâneo de uma janela, terão de chegar ao solo ao mesmo tempo. Os dados de uma janela, terão de chegar ao solo ao mesmo tempo. Os dados de observação contrariam esta consequência.de observação contrariam esta consequência.

FORMULAÇÃO DE UMA NOVA HIPÓTESE: o ar oferece maior FORMULAÇÃO DE UMA NOVA HIPÓTESE: o ar oferece maior resistência à folha de papel do que à bola de chumbo, por isso, no resistência à folha de papel do que à bola de chumbo, por isso, no vácuo, a bola de chumbo e a folha de papel chegam ao solo ao vácuo, a bola de chumbo e a folha de papel chegam ao solo ao mesmo tempo.mesmo tempo.

EXPERIMENTAÇÃO: fazer cair estes objectos no vácuo e registar EXPERIMENTAÇÃO: fazer cair estes objectos no vácuo e registar os resultados.os resultados.

Page 28: CONHECIMENTO CIENTÍFICO

Resposta de Popper ao cepticismo de Resposta de Popper ao cepticismo de Hume sobre a ciênciaHume sobre a ciência

Popper aceita a 1ª premissa do seguinte argumento de Popper aceita a 1ª premissa do seguinte argumento de Hume:Hume:

1. A indução não é justificável;1. A indução não é justificável;

2. Se a indução é injustificável, a ciência não é uma 2. Se a indução é injustificável, a ciência não é uma actividade racional;actividade racional;

3. Logo, a ciência não é uma actividade 3. Logo, a ciência não é uma actividade racional.racional. Todavia, Popper considera que o argumento não é sólido, Todavia, Popper considera que o argumento não é sólido,

devido à falsidade da 2ª premissa.devido à falsidade da 2ª premissa. Porquê? Porque Porquê? Porque

A INDUÇÃO NÃO DESEMPENHA QUALQUER A INDUÇÃO NÃO DESEMPENHA QUALQUER PAPEL NA INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA.PAPEL NA INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA.

Page 29: CONHECIMENTO CIENTÍFICO

EM RESUMOEM RESUMO

Modelo indutivo:Modelo indutivo:

Observação hipóteses experimentação generalização/leiObservação hipóteses experimentação generalização/lei

Modelo hipotético-dedutivo:Modelo hipotético-dedutivo:

Facto-problema hipótese dedução de consequências experimentação lei Facto-problema hipótese dedução de consequências experimentação lei

Page 30: CONHECIMENTO CIENTÍFICO

A CorroboraçãoA Corroboração A avaliação das teorias científicas não tem que ser A avaliação das teorias científicas não tem que ser

indutiva.indutiva. A avaliação dessas teorias resulta das tentativas de A avaliação dessas teorias resulta das tentativas de

refutação.refutação. Refuta-se por dedução e não por indução. É por dedução Refuta-se por dedução e não por indução. É por dedução

que se fazem as previsões empíricas a confrontar com a que se fazem as previsões empíricas a confrontar com a observação.observação.

Quando as previsões de uma teoria são bem-sucedidas, Quando as previsões de uma teoria são bem-sucedidas, não se pode dizer que a observação a confirmou ou apoiou não se pode dizer que a observação a confirmou ou apoiou indutivamente. Tudo o que se pode dizer é que a teoria foi indutivamente. Tudo o que se pode dizer é que a teoria foi corroborada.corroborada.

Corroboração:Corroboração: UMA TEORIA CORROBORADA É UMA TEORIA CORROBORADA É AQUELA QUE, ATÉ AO AQUELA QUE, ATÉ AO

MOMENTO, MOMENTO, RESISTIU ÀS RESISTIU ÀS TENTATIVAS TENTATIVAS DE DE REFUTAÇÃO. REFUTAÇÃO.

Page 31: CONHECIMENTO CIENTÍFICO

Síntese sobre as propostas de Síntese sobre as propostas de PopperPopper

UMA NOVA CONCEPÇÃO DE CIÊNCIA:UMA NOVA CONCEPÇÃO DE CIÊNCIA:

Ciência como conjectura, ou seja, uma sequência de Ciência como conjectura, ou seja, uma sequência de tentativas para solucionar determinados problemas, tentativas para solucionar determinados problemas, procurando e provocando os desmentidos da experiência e procurando e provocando os desmentidos da experiência e fazendo da falsificabilidade o critério de demarcação entre fazendo da falsificabilidade o critério de demarcação entre ciência e pseudo ciência.ciência e pseudo ciência.

UMA NOVA ATITUDE DO CIENTISTA: UMA NOVA ATITUDE DO CIENTISTA:

Valorização do diálogo e da discussão (intersubjectividade). Valorização do diálogo e da discussão (intersubjectividade). Procurar refutar teorias, isto é, eliminar o erro como via de Procurar refutar teorias, isto é, eliminar o erro como via de clarificação de novos conhecimentos.clarificação de novos conhecimentos.

UM NOVO CRITÉRIO DE DEMARCAÇÃO ENTRE UM NOVO CRITÉRIO DE DEMARCAÇÃO ENTRE CIÊNCIA E PSEUDO CIÊNCIA: CIÊNCIA E PSEUDO CIÊNCIA:

A falsificabilidade em vez da verificação.A falsificabilidade em vez da verificação.

Page 32: CONHECIMENTO CIENTÍFICO

Racionalidade científica e Racionalidade científica e objectividadeobjectividade

As questões da racionalidade e da objectividade científicas As questões da racionalidade e da objectividade científicas remetem-nos para a questão da evolução da ciência.remetem-nos para a questão da evolução da ciência.

Popper defende que a racionalidade científica se Popper defende que a racionalidade científica se caracteriza pela atitude crítica (sujeitar as conjecturas a caracteriza pela atitude crítica (sujeitar as conjecturas a testes que possam resultar na refutação das mesmas) que testes que possam resultar na refutação das mesmas) que nos leva a detectar e a eliminar os erros das teorias.nos leva a detectar e a eliminar os erros das teorias.

Para Popper, a ciência é objectiva porque, sendo a melhor Para Popper, a ciência é objectiva porque, sendo a melhor aproximação à verdade, ela está de acordo com os factos, aproximação à verdade, ela está de acordo com os factos, descrevendo correctamente aquilo que se passa no mundo. descrevendo correctamente aquilo que se passa no mundo.

Segundo este epistemólogo, o valor de verdade de uma Segundo este epistemólogo, o valor de verdade de uma teoria é independente das crenças e das opiniões pessoais. teoria é independente das crenças e das opiniões pessoais. A provar isto, reforça que a objectividade resulta da A provar isto, reforça que a objectividade resulta da resistência das hipóteses à refutação experimental .resistência das hipóteses à refutação experimental .

Popper defende que A CIÊNCIA PROGRIDE EM Popper defende que A CIÊNCIA PROGRIDE EM DIRECÇÃO À VERDADE.DIRECÇÃO À VERDADE.

Page 33: CONHECIMENTO CIENTÍFICO

Popper: A Ciência é ObjectivaPopper: A Ciência é Objectiva

A ciência evolui pela eliminação das teorias menos aptas, que são A ciência evolui pela eliminação das teorias menos aptas, que são refutadas.refutadas.

Uma teoria é verdadeira quando corresponde aos factos.Uma teoria é verdadeira quando corresponde aos factos.

A evolução científica implica uma progressiva aproximação à verdade. A evolução científica implica uma progressiva aproximação à verdade. Há, portanto, continuidade na evolução científica.Há, portanto, continuidade na evolução científica.

Page 34: CONHECIMENTO CIENTÍFICO

T. KUHN: Paradigmas e RevoluçõesT. KUHN: Paradigmas e Revoluções

As ciências estruturam-se e orientam-se por paradigmas.As ciências estruturam-se e orientam-se por paradigmas.

PARADIGMA: modelo teórico sobre o mundo. Corresponde a uma PARADIGMA: modelo teórico sobre o mundo. Corresponde a uma visão de mundo que inclui leis e pressupostos teóricos fundamentais, visão de mundo que inclui leis e pressupostos teóricos fundamentais, regras para aplicar as leis à realidade, regras para a utilização dos regras para aplicar as leis à realidade, regras para a utilização dos instrumentos científicos. Inclui princípios metafísicos e filosóficos. instrumentos científicos. Inclui princípios metafísicos e filosóficos. Oferece uma forma específica de fazer ciência.Oferece uma forma específica de fazer ciência.

A ciência não é totalmente objectiva porque o trabalho dos cientistas A ciência não é totalmente objectiva porque o trabalho dos cientistas e os resultados decorrem sempre de um paradigma vigente, ao qual e os resultados decorrem sempre de um paradigma vigente, ao qual os cientistas se submetem.os cientistas se submetem.

A ciência evolui por grandes revoluções ou saltos qualitativos que A ciência evolui por grandes revoluções ou saltos qualitativos que decorrem do facto de os diferentes paradigmas serem decorrem do facto de os diferentes paradigmas serem incomensuráveis entre si.incomensuráveis entre si.

Page 35: CONHECIMENTO CIENTÍFICO

T. KUHN: Paradigmas e RevoluçõesT. KUHN: Paradigmas e Revoluções

Etapas de vigência de um paradigma:Etapas de vigência de um paradigma:

1.1. Período de ciência normal.Período de ciência normal.

2.2. Ocorrência de uma anomalia.Ocorrência de uma anomalia.

3.3. Crise.Crise.

4.4. Período de ciência extraordinária.Período de ciência extraordinária.

5.5. Substituição do paradigma e estabilização.Substituição do paradigma e estabilização.

Nota: a mudança de paradigma é holística e revela-se Nota: a mudança de paradigma é holística e revela-se incomensurável com o paradigma anterior.incomensurável com o paradigma anterior.

Page 36: CONHECIMENTO CIENTÍFICO

KUHN: Objectividade científicaKUHN: Objectividade científicaA ciência não é inteiramente objectiva.A ciência não é inteiramente objectiva.

Os cientistas trabalham sob paradigmas.Os cientistas trabalham sob paradigmas.

Os paradigmas são incomensuráveis.Os paradigmas são incomensuráveis.

A escolha de paradigmas depende de factores, simultaneamente A escolha de paradigmas depende de factores, simultaneamente objectivos e subjectivos.objectivos e subjectivos.

A ciência evolui por uma sucessão de paradigmas, não havendo A ciência evolui por uma sucessão de paradigmas, não havendo aproximação à verdade.aproximação à verdade.