76
UNIVERSIDADE SANTA CECÍLIA FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA CURSO DE FARMÁCIA DEISE NEVES VIEIRA MILLENA LOPES DE FREITAS NATHALIA SARABANDO DA SILVA CONHECIMENTO E INFORMAÇÃO DOS MORADORES DO BAIRRO DO MARAPÉ DA CIDADE DE SANTOS-SP EM RELAÇÃO AOS MEDICAMENTOS GENÉRICOS DA CLASSE DE ANTI-HIPERTENSIVOS Santos-SP Novembro/2010

CONHECIMENTO E INFORMAÇÃO DOS MORADORES DO …

  • Upload
    others

  • View
    4

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: CONHECIMENTO E INFORMAÇÃO DOS MORADORES DO …

UNIVERSIDADE SANTA CECÍLIA

FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA

CURSO DE FARMÁCIA

DEISE NEVES VIEIRA

MILLENA LOPES DE FREITAS

NATHALIA SARABANDO DA SILVA

CONHECIMENTO E INFORMAÇÃO DOS MORADORES

DO BAIRRO DO MARAPÉ DA CIDADE DE SANTOS-SP

EM RELAÇÃO AOS MEDICAMENTOS GENÉRICOS DA

CLASSE DE ANTI-HIPERTENSIVOS

Santos-SP

Novembro/2010

Page 2: CONHECIMENTO E INFORMAÇÃO DOS MORADORES DO …

UNIVERSIDADE SANTA CECÍLIA

FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA

CURSO DE FARMÁCIA

DEISE NEVES VIEIRA

MILLENA LOPES DE FREITAS

NATHALIA SARABANDO DA SILVA

CONHECIMENTO E INFORMAÇÃO DOS MORADORES

DO BAIRRO DO MARAPÉ DA CIDADE DE SANTOS-SP

EM RELAÇÃO AOS MEDICAMENTOS GENÉRICOS DA

CLASSE DE ANTI-HIPERTENSIVOS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como exigência parcial para a obtenção do título de Farmacêutico à Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Santa Cecília, sob a orientação do Professor Dr. José Eduardo Pandini Cardoso Filho.

Santos-SP

Novembro/2010

Page 3: CONHECIMENTO E INFORMAÇÃO DOS MORADORES DO …

FOLHA DE APROVAÇÃO

DEISE NEVES VIEIRA MILLENA LOPES DE FREITAS

NATHALIA SARABANDO DA SILVA

CONHECIMENTO E INFORMAÇÃO DOS MORADORES DO BAIRRO DO MARAPÉ DA CIDADE DE SANTOS-SP EM RELAÇÃO AOS

MEDICAMENTOS GENÉRICOS DA CLASSE DE ANTI-HIPERTENSIVOS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como exigência parcial para obtenção do título de Farmacêutico à Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Santa Cecília. Data de aprovação:10 /11 /2010 Banca Examinadora _____________________________________________________ Prof. Dr. José Eduardo Pandini Cardoso Filho Orientador _____________________________________________________ Prof. Sérgio Ferreira _____________________________________________________ Prof. Luiz Waldir Orsatti

Page 4: CONHECIMENTO E INFORMAÇÃO DOS MORADORES DO …

DEDICATÓRIA

Dedicamos o nosso trabalho a todos moradores do bairro do Marapé que, de alguma forma colaboraram conosco para que este estudo pudesse ser realizado.

Page 5: CONHECIMENTO E INFORMAÇÃO DOS MORADORES DO …

AGRADECIMENTOS

Agradecemos à Deus que nos deu força,coragem e alimentou nossa fé para a

realização desse grande sonho que está se tornando realidade.

Agradecemos à todos nossos familiares,amigos e pessoas queridas que

contribuíram para nossa formação pessoal e profissional.

Agradecemos também aos nossos professores e ao orientador José Eduardo

Pandini Cardoso Filho que nos deu sua atenção, dedicação e orientação para a

conclusão do nosso trabalho.

Page 6: CONHECIMENTO E INFORMAÇÃO DOS MORADORES DO …

EPÍGRAFE

"Para realizar grandes conquistas, devemos não apenas agir, mas também sonhar; não apenas planejar, mas também acreditar."

( Anatole France )

Page 7: CONHECIMENTO E INFORMAÇÃO DOS MORADORES DO …

RESUMO

A hipertensão arterial (HA) aumenta progressivamente com a idade, sendo superior entre os idosos. O estudo realizado analisou o perfil de pessoas hipertensas e não hipertensas do bairro Marapé da cidade de Santos-SP em relação ao conhecimento e informação dos medicamentos genéricos da classe de anti-hipertensivos. Foram entrevistados 150 moradores, as informações foram coletadas mediante aplicação de questionários com questões de múltipla escolha entre os meses de maio e junho de 2010, a pesquisa é um estudo descritivo e exploratório de corte transversal que verificou a incidência de desenvolvimento de hipertensão arterial. Os resultados demonstram que o perfil da amostra analisada é de 75,33% de pessoas hipertensas e que 50,67% fazem o tratamento de hipertensão sendo que somente 27,33% usam os medicamentos genéricos. Conclui-se que a população não tem conhecimento suficiente sobre os medicamentos genéricos da classe de anti-hipertensivos e muitos não completam o tratamento, portanto devem ser desenvolvidas campanhas com maior enfoque na informação da eficácia do medicamento genérico. Profissionais da saúde também podem atuar orientando com informações sobre segurança, eficácia e custo em relação ao medicamento genérico. PALAVRAS-CHAVE: hipertensão arterial; medicamentos genéricos; classes de anti-hipertensivos.

Page 8: CONHECIMENTO E INFORMAÇÃO DOS MORADORES DO …

LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 – Como identificar Medicamentos Genéricos ..................................... 53

Page 9: CONHECIMENTO E INFORMAÇÃO DOS MORADORES DO …

LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Procedimento de medida da pressão arterial..............................................................19

Tabela 2 – Classificação da pressão arterial de acordo com a medida casual no consultório (> 18

anos).................................................................................................................................................23

Tabela 3 – Modificações do estilo de vida no controle da pressão arterial......................................29

Tabela 4 - Características importantes do anti-hipertensivo............................................................34

Tabela 5 – Medicamentos genéricos da classe de diuréticos.........................................................39

Tabela 6 – Medicamentos genéricos da classe de Bloqueadores adrenérgicos.............................39

Tabela 7 – Medicamentos genéricos da classe de bloqueadores de canais de cálcio...................40

Tabela 8 – Medicamento genérico da classe de vasodilatadores diretos........................................40

Tabela 9 – Medicamentos genéricos da classe de Inibidores da enzima conversora da

angiotensina.....................................................................................................................................40

Tabela 10 – Medicamento genérico da classe de antagonistas de receptores de angiotensina.....41

Page 10: CONHECIMENTO E INFORMAÇÃO DOS MORADORES DO …

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 10

2. DESENVOLVIMENTO......................................................................................... 15

2.1.Hipertensão arterial...................................................................................... 15

2.2. Mortalidade................................................................................................. 15

2.3. Fatores de riscos para hipertensão arterial................................................ 15

2.4. Taxas de conhecimento, controle e tratamento da hipertensão

arterial...................................................................................................................... 17

2.5. Diagnóstico e classificação........................................................................ 17

2.5.1 Medida da pressão arterial.............................................................. 18

2.5.2 Rotina de diagnóstico e seguimento............................................... 20

2.6 Medida residencial da pressão arterial........................................................ 21

2.7 Medida ambulatorial da pressão arterial..................................................... 22

2.8 Situações especiais de medida de pressão arterial em idosos.................. 22

2.9 Tipos de hipertensão arterial....................................................................... 22

3. Doenças desencadeadas pela pressão arterial................................................... 23

4. Tratamento........................................................................................................... 28

4.1 Tratamento não medicamentoso............................................................... 28

4.2 Tratamento medicamentoso...................................................................... 33

4.3 Medicamentos anti hipertensivos............................................................... 35

4.4 Anti hipertensivos....................................................................................... 39

4.5 Mecanismo de ação e farmacocinética dos anti hipertensivos.................. 41

5. Medicamentos genéricos..................................................................................... 48

Page 11: CONHECIMENTO E INFORMAÇÃO DOS MORADORES DO …

5.1 História...................................................................................................... 48

5.2 Medicamentos genéricos no Brasil........................................................... 49

5.3 Medicamentos de referência..................................................................... 52

5.4 Como identificar medicamento genérico.................................................. 53

6. Objetivo................................................................................................................ 54

7.Material e métodos ......................................................................................... 55

8. Resultados............................................................................................................ 56

9. Discussão............................................................................................................. 66

10.Conclusão..................... ..................................................................................... 68

Referências bibliográficas ....................................................................................... 69

Anexo....................................................................................................................... 71

Page 12: CONHECIMENTO E INFORMAÇÃO DOS MORADORES DO …

11

1. INTRODUÇÃO

A hipertensão caracteriza-se por uma condição em que há aumento da

pressão sanguínea associada a riscos de outras patologias. A hipertensão em

si é mais um sinal e não uma patologia e a causa subjacente raramente são

diagnosticadas. A hipertensão é arbitrariamente definida como uma pressão

sistólica mantida maior que 120 mmHg.

Os principais elementos que contribuem para hipertensão são: volume

sanguíneo, débito cardíaco, resistência vascular periférica.

A hipertensão primária não tem causa aparente, a hipertensão

secundária resulta de uma outra patologia. (PAGE et. al., 1999)

Os fatores que contribuem para a manutenção da pressão

sanguínea normal podem ser manipulados por drogas para o tratamento da

hipertensão.

O programa de medicamentos genéricos foi criado no Brasil em 1999,

com a promulgação da Lei 9.787, formulada com o objetivo de implementar

uma política consistente de auxílio ao acesso a tratamentos medicamentosos

no país. Os critérios técnicos para registro destes medicamentos são

semelhantes aos adotados em países como Canadá e EUA, entre outros

centros de referência de saúde pública no mundo. Com preços no mínimo 35%

menores que os medicamentos de marca, os medicamentos genéricos já

estão colaborando para que muitos brasileiros, que não estavam se

medicando ou que tinham dificuldade de dar continuidade a tratamentos,

encontrem uma alternativa viável e segura para seguir as prescrições médicas

corretamente. No Brasil, a ANVISA já tem registrados genéricos de 337

princípios ativos, totalizando mais de 15.400 apresentações e

aproximadamente 100 classes terapêuticas, englobando as patologias que

mais freqüentemente acometem a população brasileira e grande parte das

Page 13: CONHECIMENTO E INFORMAÇÃO DOS MORADORES DO …

12

doenças crônicas de maior prevalência. (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS

INDÚSTRIAS DE MEDICAMENTOS GENÉRICOS).

A ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) esclarece a

população sobre os benefícios do uso dos medicamentos genéricos:

- Oferecer à população medicamentos de melhor qualidade, mais

seguros e eficazes, comprovados através da realização de testes de

equivalência farmacêutica e bioequivalência;

- Disponibilizar medicamentos de menor preço, visto que os

fabricantes de genéricos não precisam investir em pesquisa para o seu

desenvolvimento e nem em propaganda;

- Reduzir os preços dos medicamentos de referência, com a entrada

de medicamentos concorrentes (genéricos).

- Contribuir para aumento do acesso aos medicamentos;

- Fortalecer a indústria nacional;

- Mudar o comportamento dos profissionais de saúde (prescritores e

dispensadores);

- Proporcionar o desenvolvimento tecnológico das indústrias e,

conseqüentemente, do país. (Agência Nacional de Vigilância Sanitária, 2009).

Os genéricos são medicamentos que possuem o mesmo princípio

ativo, na mesma dose e na mesma forma farmacêutica, sendo administrados

pela mesma via e com a mesma indicação terapêutica do medicamento de

referência, com o qual devem ser intercambiáveis. (CARVALHO et. al. 2006).

O genérico é lançado no mercado quando expira a patente de um

determinado medicamento, chamado de medicamento de referência ou de

Page 14: CONHECIMENTO E INFORMAÇÃO DOS MORADORES DO …

13

marca. Ao expirar a patente, o produto deixa de ter proteção e pode ser

copiado pela concorrência. Como as patentes têm data de validade, as

empresas do segmento de genéricos começam a trabalhar em seus

lançamentos muito antes do fim das patentes.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) incentiva as políticas para

promover o uso de medicamentos genéricos, com preços mais baixos do que

os medicamentos de marca tradicional, nome e qualidade equivalente à dos

medicamentos de referência, como foi confirmado por testes de

bioequivalência e biodisponibilidade. (BERTOLDI et. al., 2005).

O teste de biodisponibilidade de um medicamento corresponde á

fração ou à porcentagem de substância que, após administração, atinge a

circulação geral.

A biodisponibilidade determina diretamente: a quantidade de princípio

ativo que chega ao (s) sítio (s) de ação, o valor das concentrações

plasmáticas, em particular, aquela da taxa máxima, o tempo necessário pra

obtenção do pico de absorção (LABAUNE, 1993).

Do ponto de vista da saúde, não há diferenças. O efeito de um

genérico é bioequivalente ao do remédio em que ele se baseia.

Financeiramente, porém, os genéricos podem ser um bom negócio. Por lei,

custam 35% a menos do que os chamados medicamentos de referência.

O marketing da indústria farmacêutica, porém, consegue convencer o

paciente a adquirir o produto de marca. Além disso, se um paciente finalmente

encontrou um remédio que funciona para o seu caso, pode resistir a trocá-lo

pela versão genérica, por medo de perder o efeito do medicamento - embora o

genérico equivalha ao de referência. E há princípios inativos nas drogas

genéricas que podem ser diferentes daqueles das drogas de marca. Eles não

afetam a maneira como a droga funciona, mas podem alterar a aparência e o

Page 15: CONHECIMENTO E INFORMAÇÃO DOS MORADORES DO …

14

sabor, fazendo as pessoas pensarem que falta alguma coisa no remédio

genérico.

Os genéricos têm uma série de requisitos para serem registrados.

Esses requisitos fazem com que, do ponto de vista científico, o efeito medicinal

se mantenha. A equivalência é comprovada por uma série de testes. O

medicamento genérico também deve ser igual em termos de segurança,

potência, via de administração (comprimido, líquido etc.), qualidade e

desempenho, e ter a mesma indicação que o de marca.

Até os dias atuais o mercado de genéricos ainda representa

percentuais muito baixos, representando apenas cerca de 11,9% do mercado

farmacêutico nacional (TOKARSKI, 2006). Para a associação Pró-Genéricos

essa estagnação se deve possivelmente ao fato do governo ter deixado de

investir em campanhas de esclarecimento sobre os genéricos para a

população. (CECOTOSTI, 2004).

Os custos de produção de genéricos são bem inferiores aos do

desenvolvimento de um medicamento de marca - que é pioneiro. O processo

de pesquisa para a fabricação de uma droga de referência pode consumir

muitos anos, além de milhões e até bilhões de dólares. Isso inclui testes

clínicos caros para garantir a segurança e a eficácia do produto. Depois, é

necessário investir em marketing com o público, as farmácias, os convênios

médicos e os profissionais da saúde. Assim, o custo total envolvido no

lançamento de um remédio de marca pode chegar a bilhões de dólares. Para a

produção do genérico, as etapas são bem mais simples, uma vez que a

fórmula do remédio já é conhecida.

No caso dos medicamentos, surge a dúvida quando se compara o

produto de referência (em geral mais caro) com o produto genérico (em geral

mais barato) e se diz que esses produtos têm a mesma qualidade. O

Page 16: CONHECIMENTO E INFORMAÇÃO DOS MORADORES DO …

15

desconhecimento desses detalhes tem gerado a maioria das dúvidas sobre a

qualidade do medicamento genérico.

O conhecimento das representações sociais do medicamento genérico

para os usuários pode se constituir em importante ferramenta na

implementação de estratégias que visem maior aceitação desse tipo de

medicamento pela população. Essa compreensão é importante quando o que

se busca é descobrir caminhos possíveis para desencadear modificações das

representações sociais de um grupo, por se entender que as mesmas

representam obstáculo para o desenvolvimento de práticas sociais alternativas

às vigentes. (CARVALHO et. al., 2006).

As drogas utilizadas para o tratamento de hipertensão apresentam as

seguintes classes: diuréticos, simpatolíticos, vasodilatadores de ação direta,

antagonistas do cálcio, inibidores de cascata renina-angiotensina e

antagonistas de receptores de angiotensina. (PAGE et. al., 1999)

Page 17: CONHECIMENTO E INFORMAÇÃO DOS MORADORES DO …

16

2. DESENVOLVIMENTO

2.1. Hipertensão Arterial

A elevação da pressão arterial representa um fator de risco

independente, linear e contínuo para doença cardiovascular. A hipertensão

arterial apresenta custos médicos e socioeconômicos elevados, decorrentes

principalmente das suas complicações, tais como: doença cerebrovascular,

doença arterial coronariana, insuficiência cardíaca, insuficiência renal crônica e

doença vascular de extremidades. (Sociedade Brasileira de Cardiologia, 2010)

2.2. Mortalidade

Segundo estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, em 2004,

havia cerca de 17 milhões de brasileiros portadores de hipertensão arterial, atingindo

35% da população a partir de 40 anos. Em algumas cidades brasileiras o número de

pessoas que apresentam hipertensão pode variar de 22,3% a 43,9%, sendo um

problema grave de saúde no Brasil e no mundo. É responsável por 40% das

mortes por acidente vascular cerebral, por 25% das mortes por doença arterial

coronariana e por 50% dos casos de insuficiência renal terminal combinados com

o diabetes 2. No âmbito do SUS, a insuficiência cardíaca é a causa mais

freqüente de internação hospitalar de idosos e a principal causa de hospitalização

entre as doenças cardiovasculares. Além disso, a hipertensão arterial é uma das

Page 18: CONHECIMENTO E INFORMAÇÃO DOS MORADORES DO …

17

seis causas mais freqüentes de internação em mulheres com idade superior a 60

anos. (Agência Nacional de Vigilância Sanitária, 2004).

2.3. Fatores de riscos para hipertensão arterial

Idade: A pressão arterial aumenta linearmente com a idade. Em indivíduos

jovens, a hipertensão decorre mais freqüentemente apenas da elevação na

pressão diastólica, enquanto a partir da sexta década o principal componente é a

elevação da pressão sistólica. O risco relativo de desenvolver doença

cardiovascular associado ao aumento da pressão arterial não diminui com o

avanço da idade e o risco absoluto aumenta marcadamente.

Sexo e etnia: A prevalência global de hipertensão entre homens (26,6%; IC

95% 26,0-27,2%) e mulheres (26,1%; IC 95% 25,5-26,6%) insinua que sexo não é

um fator de risco para hipertensão. Estimativas globais sugerem taxas de

hipertensão mais elevadas para homens até os 50 anos e para mulheres a partir

da sexta década. Hipertensão é mais prevalente em mulheres afrodescendentes

com excesso de risco de hipertensão de até 130% em relação às mulheres

brancas.

Fatores socioeconômicos: Nível socioeconômico mais baixo está associado a

maior prevalência de hipertensão arterial e de fatores de risco para elevação da

pressão arterial, além de maior risco de lesão em órgãos-alvo e eventos

cardiovasculares. Hábitos dietéticos, incluindo consumo de sal e ingestão de

álcool, índice de massa corpórea aumentado, estresse psicossocial, menor

acesso aos cuidados de saúde e nível educacional são possíveis fatores

associados.

Sal: O excesso de consumo de sódio contribui para a ocorrência de hipertensão

arterial. A relação entre aumento da pressão arterial e avanço da idade é maior

em populações com alta ingestão de sal. Povos que consomem dieta com

reduzido conteúdo deste têm menor prevalência de hipertensão e a pressão

arterial não se eleva com a idade.

Obesidade: O excesso de massa corporal é um fator predisponente para a

hipertensão, podendo ser responsável por 20% a 30% dos casos de hipertensão

Page 19: CONHECIMENTO E INFORMAÇÃO DOS MORADORES DO …

18

arterial 75% dos homens e 65% das mulheres apresentam hipertensão

diretamente atribuível a sobrepeso e obesidade. Apesar do ganho de peso estar

fortemente associado com o aumento da pressão arterial, nem todos os

indivíduos obesos tornam-se hipertensos. Estudos observacionais mostraram que

ganho de peso e aumento da circunferência da cintura são índices prognósticos

importantes de hipertensão arterial, sendo a obesidade central um importante

indicador de risco cardiovascular aumentado. Estudos sugerem que obesidade

central está mais fortemente associada com os níveis de pressão arterial do que a

adiposidade total. Indivíduos com nível de pressão arterial ótimo, que ao correr do

tempo apresentam obesidade central, têm maior incidência de hipertensão. A

perda de peso acarreta redução da pressão arterial.

Álcool: O consumo elevado de bebidas alcoólicas como cerveja, vinho e

destilados aumenta a pressão arterial. O efeito varia com o gênero, e a magnitude

está associada à quantidade de etanol e à freqüência de ingestão. Estudo

observacional indica que o consumo de bebida alcoólica fora de refeições

aumenta o risco de hipertensão, independentemente da quantidade de álcool

ingerida.

Sedentarismo: O sedentarismo aumenta a incidência de hipertensão arterial.

Indivíduos sedentários apresentam risco aproximado 30% maior de desenvolver

hipertensão que os ativos. O exercício aeróbio apresenta efeito hipotensor maior

em indivíduos hipertensos que normotensos.

Fatores de Risco cardiovascular: Além da predisposição genética, fatores

ambientais podem contribuir para uma agregação de fatores de risco

cardiovascular em famílias com estilo de vida pouco saudável. Em amostras da

nossa população, a combinação de fatores de risco entre indivíduos hipertensos

parece variar com a idade, predominando a inatividade física, o sobrepeso, a

hiperglicemia e a dislipidemia. A obesidade aumenta a prevalência da associação

de múltiplos fatores de risco. (Sociedade Brasileira de Cardiologia, 2010)

2.4. Taxas de conhecimento, controle e tratamento da hipertensão arterial

Page 20: CONHECIMENTO E INFORMAÇÃO DOS MORADORES DO …

19

Estudo brasileiro revelou que, em indivíduos adultos, 50,8% sabiam ser

hipertensos, 40,5% estavam em tratamento e apenas 10,4% tinham pressão

arterial controlada (< 140/90 mmHg). Idade avançada, obesidade e baixo nível

educacional mostraram-se associados a menores taxas de controle. (Sociedade

Brasileira de Cardiologia, 2010)

2.5. Diagnóstico e classificação

A medida da pressão arterial é o elemento-chave para o estabelecimento

do diagnóstico da hipertensão arterial e a avaliação da eficácia do tratamento.

(Sociedade Brasileira de Cardiologia, 2010)

2.5.1. Medida da pressão arterial

A medida da pressão arterial deve ser realizada em toda avaliação de

saúde, por médicos das diferentes especialidades e demais profissionais da área

de saúde, todos devidamente treinados.

Alguns estudos têm mostrado que, na prática clínica, nem sempre a

medida da pressão arterial é realizada de forma adequada. No entanto, os erros

podem ser evitados com preparo apropriado do paciente, uso de técnica

padronizada de medida da pressão arterial e equipamento calibrado (Tabela 1).

O método mais utilizado para medida da pressão arterial na prática clínica

é o indireto, com técnica auscultatória e esfigmomanômetro de coluna de

mercúrio ou aneróide, ambos calibrados. Apesar da tendência de substituir os

aparelhos de coluna de mercúrio por equipamentos automáticos em razão do

risco de toxicidade e contaminação ambiental pelo mercúrio, eles continuam

sendo os mais indicados para a medida da pressão arterial porque se descalibram

menos freqüentemente do que os aparelhos aneróides. Os aparelhos eletrônicos

evitam erros relacionados ao observador e podem ser empregados quando

Page 21: CONHECIMENTO E INFORMAÇÃO DOS MORADORES DO …

20

validados de acordo com recomendações específicas. Todos os aparelhos devem

ser testados e devidamente calibrados a cada seis meses.

A medida da pressão arterial na posição sentada deve ser realizada de

acordo com os procedimentos descritos na tabela 1, com manguitos de tamanho

adequado à circunferência do braço, respeitando a proporção

largura/comprimento. Embora a maioria dos fabricantes não siga essas

orientações, a largura da bolsa de borracha do manguito deve corresponder a

40% da circunferência do braço, e seu comprimento, a pelo menos 80%.

(Sociedade Brasileira de Cardiologia, 2010)

Tabela 1 – Procedimento de medida da pressão arterial Fonte: V Diretriz de Hipertensão Arterial

PREPARO DO PACIENTE PARA A MEDIDA DA PRESSÃO

ARTERIAL

1. Explicar o procedimento ao paciente

2. Repouso de pelo menos 5 minutos em ambiente calmo

3. Evitar bexiga cheia

4. Não praticar exercícios físicos 60 a 90 minutos antes

5. Não ingerir bebidas alcoólicas, café ou alimentos e não fumar

30 minutos antes

6. Manter pernas descruzadas, pés apoiados no chão, dorso

recostado na cadeira e relaxado

7. Remover roupas do braço no qual será colocado o manguito

8. Posicionar o braço na altura do coração (nível do ponto médio

do esterno ou 4° espaço intercostal), apoiado, com a palma da

mão voltada para cima e o cotovelo ligeiramente fletido

Page 22: CONHECIMENTO E INFORMAÇÃO DOS MORADORES DO …

21

9. Solicitar para que não fale durante a medida

PROCEDIMENTO DE MEDIDA DA PRESSÃO ARTERIAL

1. Medir a circunferência do braço do paciente

2. Selecionar o manguito de tamanho adequado ao braço

3. Colocar o manguito sem deixar folgas acima da fossa cubital,

cerca de 2 a 3 cm

4. Centralizar o meio da parte compressiva do manguito sobre a

artéria braquial

5. Estimar o nível da pressão sistólica (palpar o pulso radial e inflar

o manguito até seu desaparecimento, desinflar rapidamente e

aguardar 1 minuto antes da medida)

6. Palpar a artéria braquial na fossa cubital e colocar a campânula

do estetoscópio sem compressão excessiva

7. Inflar rapidamente até ultrapassar 20 a 30 mmHg o nível

estimado da pressão sistólica

8. Proceder à deflação lentamente (velocidade de 2 a 4 mmHg por

segundo)

9. Determinar a pressão sistólica na ausculta do primeiro som

(fase I de Korotkoff), que é um som fraco seguido de batidas

regulares, e, após, aumentar ligeiramente a velocidade de

deflação

10. Determinar a pressão diastólica no desaparecimento do som

(fase V de Korotkoff)

11. Auscultar cerca de 20 a 30 mmHg abaixo do último som para

confirmar seu desaparecimento e depois proceder à deflação

rápida e completa

12. Se os batimentos persistirem até o nível zero, determinar a

pressão diastólica no abafamento dos sons (fase IV de Korotkoff)

e anotar valores da sistólica/diastólica/zero

13. Esperar 1 a 2 minutos antes de novas medidas

Page 23: CONHECIMENTO E INFORMAÇÃO DOS MORADORES DO …

22

14. Informar os valores de pressão arterial obtidos para o paciente

15. Anotar os valores e o membro

2.5.2. Rotina de diagnóstico e seguimento

Na primeira avaliação, as medidas devem ser obtidas em ambos os

membros superiores e, em caso de diferença, utiliza-se sempre o braço com o

maior valor de pressão para as medidas subseqüentes. O indivíduo deverá ser

investigado para doenças arteriais se apresentar diferenças de pressão entre os

membros superiores maiores de 20/10 mmHg para a pressão sistólica/diastólica.

Em cada consulta, deverão ser realizadas pelo menos três medidas, com

intervalo de um minuto entre elas, sendo a média das duas últimas considerada a

pressão arterial do indivíduo. Caso as pressões sistólicas e/ou diastólicas obtidas

apresentem diferença maior que 4 mmHg entre elas, deverão ser realizadas

novas medidas até que se obtenham medidas com diferença inferior ou igual a 4

mmHg, utilizando-se a média das duas últimas medidas como a pressão arterial

do indivíduo.A posição recomendada para a medida da pressão arterial é a

sentada.

Novos algoritmos consideram a utilização da MAPA e da MRPA como

ferramentas importantes na investigação de pacientes com suspeita de

hipertensão. Recomenda-se, sempre que possível, a medida da pressão arterial

fora do consultório para esclarecimento diagnóstico, identificação da hipertensão

do avental branco e hipertensão mascarada. A hipertensão do avental branco

determina risco cardiovascular intermediário entre normotensão e hipertensão,

porém mais próximo ao risco dos normotensos. No entanto, apesar de não

existirem evidências de benefícios de intervenções nesse grupo de pacientes,

eles devem ser considerados no contexto do risco cardiovascular global, devendo

permanecer em seguimento clínico. Alguns estudos mostram que a hipertensão

Page 24: CONHECIMENTO E INFORMAÇÃO DOS MORADORES DO …

23

mascarada determina maior prevalência de lesões de órgãos-alvo do que

indivíduos normotensos. (Sociedade Brasileira de Cardiologia, 2010)

2.6. Medida residencial da pressão arterial

A MRPA é o registro da pressão arterial por método indireto, com três

medidas pela manhã e três à noite, durante cinco dias, realizado pelo paciente ou

outra pessoa treinada, durante a vigília, no domicílio ou no trabalho, com

aparelhos validados.

A MRPA permite a obtenção de grande número de medidas de pressão

arterial de modo simples, eficaz e pouco dispendioso, contribuindo para o

diagnóstico e o seguimento da hipertensão arterial. A MRPA não deve ser

confundida com auto-medida da pressão arterial, que é o registro não

sistematizado da pressão arterial realizado de acordo com a orientação do médico

do paciente.

São consideradas anormais na MRPA as médias de pressão arterial

acima de 135/85 mmHg. (Sociedade Brasileira de Cardiologia, 2010)

2.7. Medida ambulatorial da pressão arterial

A MAPA é o método que permite o registro indireto e intermitente da

pressão arterial durante 24 horas, enquanto o paciente realiza suas atividades

habituais na vigília e durante o sono.

Evidências obtidas com estudos de desfechos clínicos têm demonstrado

que este método é superior à medida casual da pressão arterial em predizer

eventos cardiovasculares, tais como infarto do miocárdio e acidente vascular

cerebral.

São consideradas anormais na MAPA as médias de pressão arterial de 24

horas, vigília e sono acima de 130/80, 135/85 e 120/70 mmHg. (Sociedade

Brasileira de Cardiologia, 2010)

Page 25: CONHECIMENTO E INFORMAÇÃO DOS MORADORES DO …

24

2.8. Situações especiais de medida de pressão arterial em Idosos

Na medida da pressão arterial do idoso, existem três aspectos

importantes: maior freqüência de hiato auscultatório, que consiste no

desaparecimento dos sons na ausculta durante a deflação do manguito,

geralmente entre o final da fase I e o início da fase II dos sons de Korotkoff. Tal

achado pode subestimar a verdadeira pressão sistólica ou superestimar a pressão

diastólica; pseudo-hipertensão, caracterizada por nível de pressão arterial

superestimado em decorrência do enrijecimento da parede da artéria. Pode ser

detectada por meio da manobra de Osler, que consiste na inflação do manguito

no braço até o desaparecimento do pulso radial. Se a artéria for palpável após

esse procedimento, sugerindo enrijecimento, o paciente é considerado Osler

positivo, a hipertensão do avental branco é mais freqüente no idoso. (Sociedade

Brasileira de Cardiologia, 2010)

2.9. Tipos de Hipertensão arterial

A hipertensão arterial primária é aquela sem uma única causa definida,

com múltiplos fatores envolvidos e importante fator genético. O seu aparecimento

é favorecido pelo excesso de peso, sedentarismo, elevada ingestão de sal, baixa

ingestão de potássio e consumo excessivo de álcool. No grupo de indivíduos com

pressão limítrofe também contribuem para o aumentado do risco cardiovascular

as dislipidemias, intolerância a glicose e DM, tabagismo, menopausa e stress

emocional. Já a hipertensão arterial secundária caracterizada pela elevação

pressórica ocorrendo como manifestação de uma doença conhecida ou do uso de

medicamentos com marcada ação hipertensiva. Abrangendo aproximadamente

10% dos hipertensos, a hipertensão arterial secundária é, muitas vezes, curável, o

que pode beneficiar os pacientes, desonerando o sistema de saúde. (Oliveira,

2008)

Tabela 2 – Classificação da pressão arterial de acordo com a medida casual no consultório (> 18 anos)

Page 26: CONHECIMENTO E INFORMAÇÃO DOS MORADORES DO …

25

Fonte: V Diretriz de Hipertensão Arterial

Classificação Pressão sistólica

(mmHg)

Pressão diastólica

(mmHg)

Ótima < 120 < 80

Normal < 130 < 85

Limítrofe 130-139 85-89

Hipertensão estágio 1 140-159 90-99

Hipertensão estágio 2 160-179 100-109

Hipertensão estágio 3 ≥ 180 ≥ 110

Hipertensão sistólica

isolada

≥ 140 < 90

Quando as pressões sistólica e diastólica de um paciente situam-se em categorias

diferentes, a maior deve ser utilizada para classificação da pressão arterial

3. Doenças desencadeadas pela pressão arterial

Hiperaldosteronismo Primário: Caracteriza-se por produção aumentada de

aldosterona pela supra-renal, originada por hiperplasia da glândula, adenoma,

carcinoma ou por formas genéticas. A prevalência nos hipertensos varia de 3% a

22%, sendo mais alta nos hipertensos de difícil controle. Em geral, os pacientes

têm hipertensão arterial estágio 2 ou 3, podendo ser refratária ao tratamento.

Atualmente, sabe-se que a prevalência de hipopotassemia no

hiperaldosteronismo primário varia de 9% a 37% dos casos.

A abordagem do hiperaldosteronismo primário inclui quatro etapas

principais: rastreamento, confirmação do diagnóstico, diagnóstico diferencial entre

hiperplasia e adenoma e tratamento. O rastreamento deve ser realizado em todo

hipertenso com hipocalemia espontânea ou provocada por diuréticos, em

hipertensos resistentes aos tratamentos habituais e em hipertensos com tumor

abdominal pela determinação da relação aldosterona sérica/atividade de renina

Page 27: CONHECIMENTO E INFORMAÇÃO DOS MORADORES DO …

26

plasmática (A/R). Relação A/R > 30 ng/dl/ng, com aldosterona sérica superior a

15 ng/dl, é achado considerado positivo e sugestivo de hiperaldosteronismo

primário.

Paciente com rastreamento positivo para hiperaldosteronismo primário

deve ter este diagnóstico confirmado pela determinação de aldosterona após

sobrecarga de sal realizada pela administração endovenosa de soro fisiológico (2

l em 4 horas) ou pela administração via oral, durante quatro dias, de acetato de

fludrocortisona (0,1 mg 6/6 horas), além de dieta rica em sal. Pacientes com

concentrações de aldosterona > 5 ng/dl e > 6 ng/dl, após o final do primeiro e do

segundo testes, respectivamente, têm o diagnóstico de hiperaldosteronismo

primário confirmado.

O terceiro passo no diagnóstico do hiperaldosteronismo primário é fazer a

diferenciação entre hiperplasia e adenoma, essencial para o tratamento adequado

dessas duas condições. Isso pode ser feito a partir de dados clínicos,

laboratoriais, radiológicos e, finalmente, da determinação da aldosterona nas

veias adrenais por cateterismo das adrenais, que indica se existe lateralização na

produção de aldosterona ou se ela é bilateral. Do ponto de vista clínico e

laboratorial, pacientes portadores de adenoma são, em geral, mais jovens, têm

hipocalemia mais acentuada e concentrações mais elevadas de aldosterona (> 25

ng/dl).

A investigação radiográfica do hiperaldosteronismo primário tem o objetivo de

indicar a presença ou a ausência de tumor. Deve ser feita pela tomografia

computadorizada ou pela ressonância magnética das adrenais. Entretanto, cerca de 20%

dos adenomas são tumores menores que um centímetro e podem não ser visualizados.

(Sociedade Brasileira de Cardiologia, 2010)

Feocromocitoma: São tumores neuroendócrinos da medula adrenal ou de

paragânglios extra-adrenais (paragangliomas), com prevalência de 0,1% a 0,6%.

O tumor pode se apresentar como esporádico ou associado a síndromes

genéticas familiares (20% dos casos), em que predominam a de Von-Hippel-

Page 28: CONHECIMENTO E INFORMAÇÃO DOS MORADORES DO …

27

Lindau, neoplasia endócrina múltipla tipo 2A e 2B, neurofibromatose tipo 1 e

paragangliomas, com pelo menos seis genes de suscetibilidade (RET, VHL, NF1,

SDHB, SDHD e SDHC). Geralmente, o tumor é adrenal unilateral, mas pode ser

bilateral (síndromes familiares), múltiplo e extra-adrenal, benigno ou maligno (5%

a 26% dos casos). A hipertensão paroxística (30% dos casos) ou sustentada

(50% a 60% dos casos) e os paroxismos são acompanhados principalmente de

cefaléia (60% a 90%), sudorese (55% a 75%) e palpitações (50% a 70%). O

diagnóstico é baseado na dosagem de catecolaminas plasmáticas ou de seus

metabólitos no sangue e na urina e na identificação de mutações nos genes

envolvidos. No Brasil, não se dispõe de dosagem sérica de metanefrina no

sangue, mas pode-se fazê-la na urina.

Para o diagnóstico topográfico dos tumores e, eventualmente, de

metástases, os métodos de imagens recomendados são: tomografia

computadorizada e ressonância magnética, ambas com sensibilidade próxima a

100% para tumores adrenais e mapeamento de corpo inteiro com

metaiodobenzilguanidina, com sensibilidade de 56% (tumores malignos) a 85% e

alta especificidade. Octreoscan, mapeamento ósseo e PET com diferentes

marcadores podem ser decisivos quando os exames de localização anteriores

são negativos ou na investigação de doença maligna. O tratamento preferencial é

cirúrgico. No tratamento farmacológico pré-operatório ou crônico, são utilizados

alfabloqueadores (prazosina, doxazocina e dibenzilina), combinados ou não a

outros agentes como inibidores da ECA, bloqueadores dos canais de cálcio,

betabloqueadores, sempre após alfabloqueio efetivo e, principalmente em

tumores inoperáveis, alfametiltirosina (Demser®). Para a intervenção cirúrgica,

recomenda-se controle da hipertensão arterial e reposição volêmica. Em crises

agudas e durante a cirurgia, nitroprussiato de sódio e antiarrítmicos são agentes

freqüentemente utilizados. O seguimento do paciente é essencial para a detecção

de recorrências ou metástases. No rastreamento familiar recomenda-se a

detecção de mutações dos genes envolvidos e de outros exames relativos às

síndromes. (Sociedade Brasileira de Cardiologia, 2010)

Page 29: CONHECIMENTO E INFORMAÇÃO DOS MORADORES DO …

28

Hipotireoidismo: É relativamente comum, principalmente em mulheres, com

prevalência de aproximadamente 8% na população geral.

Hipertensão, principalmente diastólica, atinge 40%. Outros achados são: ganho

de peso, queda de cabelos e fraqueza muscular. Pode ser diagnosticado

precocemente pela elevação dos níveis séricos de TSH e confirmado com a

diminuição gradativa dos níveis de T4 livre. Caso persista hipertensão arterial

após a correção com tiroxina, está indicado o tratamento com medicamentos anti-

hipertensivos. (Sociedade Brasileira de Cardiologia, 2010)

Hipertireoidismo: A prevalência das formas clínica e subclínica em adultos varia

de 0,5% a 5%. A suspeita clínica é feita em presença de hipertensão arterial

sistólica isolada ou sistodiastólica acompanhada de sintomas como intolerância

ao calor, perda de peso, palpitações, exoftalmia, tremores e taquicardia. O

diagnóstico é feito pela identificação do TSH baixo e elevação dos níveis de T4

livre. A correção geralmente se acompanha de normalização da pressão arterial.

(Sociedade Brasileira de Cardiologia, 2010)

Hiperparatireoidismo: A suspeita clínica deve ser feita em casos de hipertensão

arterial acompanhada de história de litíase renal, osteoporose, depressão, letargia

e fraqueza muscular. O diagnóstico é feito pela dosagem dos níveis plasmáticos

de cálcio e PTH. A correção do hiperparatireoidismo não necessariamente se

acompanha de normalização da pressão arterial. (Sociedade Brasileira de

Cardiologia, 2010)

Hipertensão Arterial Renovascular: Caracteriza-se por aumento de pressão

arterial decorrente do estreitamento único ou múltiplo das artérias renais.

Entretanto, a simples identificação de uma estenose de artéria renal não faz o

diagnóstico de hipertensão arterial renovascular. Geralmente, o diagnóstico é

confirmado após a correção da estenose e o desaparecimento ou a melhora da

hipertensão arterial.

A prevalência é de 4% na população geral, mas pode ser mais alta em

paciente com doença arterial coronária e periférica.

Page 30: CONHECIMENTO E INFORMAÇÃO DOS MORADORES DO …

29

Estima-se que 12% dos pacientes em programa de diálise apresentem

doença renovascular.

A estenose de artéria renal pode ser causada por aterosclerose (90%) ou

por displasia fibromuscular. As outras causas de estenose de artéria renal incluem

aneurisma de artéria renal, arterite de Takayasu, tromboembólica, síndrome de

Williams, neurofibromatose, dissecção espontânea de artéria renal, malformações

arteriovenosas, fístulas, trauma e radiação abdominal prévia. (Sociedade

Brasileira de Cardiologia, 2010)

Síndrome da Apnéia Obstrutiva do Sono

É definida como a obstrução recorrente completa ou parcial das vias

aéreas superiores durante o sono, resultando em períodos de apnéia,

dessaturação de oxiemoglobina e despertares freqüentes com sonolência diurna.

Está relacionada ao desenvolvimento de hipertensão arterial independentemente

da obesidade e alterações precoces da estrutura e da função arterial, sendo

reconhecida como fator de risco para aterosclerose e doença cardiovascular.

A ativação simpática e as respostas humorais, como conseqüência aos

episódios repetidos de hipoxemia, causam vasoconstricção, disfunção endotelial,

elevação da PCR, aumento dos níveis de fibrinogênio, das citocinas e da pressão

arterial.

A suspeita clínica deve ser realizada na presença dos seguintes sintomas:

ronco alto, episódios de engasgo freqüentes, cansaço diurno, sonolência diurna

excessiva, alterações de memória e capacidade de concentração prejudicada.

Alguns achados clínicos associados auxiliam na suspeita diagnóstica, tais como

obesidade, aumento da circunferência do pescoço, orofaringe pequena e

eritematosa, insuficiência cardíaca congestiva, hipertensão pulmonar e cor

pulmonale. Alguns pacientes podem ter apresentações clínicas atípicas, como

palpitações noturnas, cefaléia matutina, tonturas, refluxo gastroesofágico e

noctúria. O diagnóstico é confirmado pelo achado de cinco ou mais episódios de

Page 31: CONHECIMENTO E INFORMAÇÃO DOS MORADORES DO …

30

apnéia e/ou hipopnéia por hora de sono (índice de apnéia–hipopnéia) na

polissonografia.

O tratamento inclui o uso de máscara de pressão positiva contínua em

vias aéreas superiores por via nasal durante o sono, tratamento cirúrgico do

processo obstrutivo e redução do peso em indivíduos com sobrepeso ou

obesidade. (Sociedade Brasileira de Cardiologia, 2010)

4. TRATAMENTO

4.1. Tratamento não-medicamentoso

A adoção de um estilo saudável de vida é fundamental no tratamento de

hipertensos, particularmente quando há síndrome metabólica.

Os principais fatores ambientais modificáveis da hipertensão arterial são

os hábitos alimentares inadequados, principalmente ingestão excessiva de sal e

baixo consumo de vegetais, sedentarismo, obesidade e consumo exagerado de

álcool, podendo-se obter redução da pressão arterial e diminuição do risco

cardiovascular controlando esses fatores.

Controle de peso: Hipertensos com excesso de peso devem ser incluídos em

programas de emagrecimento com restrição de ingestão calórica e aumento de

atividade física. A meta é alcançar índice de massa corporal inferior a 25 kg/m²

(102) e circunferência da cintura inferior a 102 cm para homens e 88 cm para

mulheres, embora a diminuição de 5% a 10% do peso corporal inicial já seja

suficiente para reduzir a pressão arterial.

A redução do peso está relacionada à queda da insulinemia, à redução da

sensibilidade ao sódio e à diminuição da atividade do sistema nervoso simpático.

Tabela 3 – Modificações do estilo de vida no controle da pressão arterial Fonte: V Diretriz de Hipertensão arterial

Modificação Recomendação Redução aproximada na

PAS**

Page 32: CONHECIMENTO E INFORMAÇÃO DOS MORADORES DO …

31

Controle de peso Manter o peso corporal na

faixa normal

(índice de massa corporal

entre 18,5 a 24,9 kg/m2)

5 a 20 mmHg para cada

10 kg de peso reduzido

Padrão alimentar Consumir dieta rica em frutas e

vegetais e alimentos com baixa

densidade calórica e baixo teor

de gorduras saturadas e totais.

Adotar dieta DASH

8 a 14 mmHg

Redução do consumo de sal Reduzir a ingestão de sódio

para não mais de 100 mmol/dia

= 2,4 g de sódio (6 g de sal/dia

= 4 colheres de café rasas de

sal = 4 g + 2 g de sal próprio

dos alimentos)

2 a 8 mmHg

Moderação no consumo de

álcool

Limitar o consumo a 30 g/dia

de etanol para os homens e 15

g/dia para mulheres

2 a 4 mmHg

Exercício físico Habituar-se à prática regular

de atividade física aeróbica,

como caminhadas por, pelo

menos, 30 minutos por dia, 3 a

5 vezes/semana

4 a 9 mmHg

* Associar abandono do tabagismo para reduzir o risco cardiovascular. ** Pode haver efeito aditivo

para algumas das medidas adotadas.

Padrão alimentar: O consumo dos alimentos pode levar à ingestão de certos

nutrientes que induzem respostas às vezes indesejáveis na pressão arterial e no

sistema cardiovascular. Os alimentos “de risco”, ricos em sódio e gorduras

saturadas, por exemplo, devem ser evitados, ao passo que os “de proteção”, ricos

em fibras e potássio, são permitidos.

Padrão alimentar é definido como o perfil do consumo de alimentos pelo

indivíduo ao longo de um determinado período de tempo. É utilizado no estudo da

relação entre a ingestão de certos nutrientes e o risco de doenças, pois permite

Page 33: CONHECIMENTO E INFORMAÇÃO DOS MORADORES DO …

32

uma compreensão mais clara sobre a alimentação como um todo, em lugar de se

considerarem os nutrientes individualmente.

A dieta preconizada pelo estudo DASH (Dietary Approachs to Stop

Hypertension) mostrou benefícios no controle da pressão arterial, inclusive em

pacientes fazendo uso de anti-hipertensivos. Enfatiza o consumo de frutas,

verduras, alimentos integrais, leite desnatado e derivados, quantidade reduzida de

gorduras saturadas e colesterol, maior quantidade de fibras, potássio, cálcio e

magnésio. Associada à redução no consumo de sal, mostra benefícios ainda mais

evidentes, sendo, portanto, fortemente recomendada para hipertensos. Compõe-

se de quatro a cinco porções de frutas, quatro a cinco porções de vegetais e duas

a três porções de laticínios desnatados por dia, com menos de 25% de gordura.

Dietas vegetarianas podem ocasionar discreta redução na pressão arterial

sistólica em hipertensos leves. O estilo de vida vegetariano com atividade física

regular, controle de peso, aumento do consumo de potássio e baixa ingestão de

álcool e a dieta em si, rica em fibras, pode ser favorável na redução do risco

cardiovascular.

O hábito alimentar dos hipertensos deve incluir: redução da quantidade de

sal na elaboração de alimentos retirada do saleiro da mesa; restrição das fontes

industrializadas de sal: molhos prontos, sopas em pó, embutidos, conservas,

enlatados, congelados, defumados e salgados de pacote tipo snacks; uso restrito

ou abolição de bebidas alcoólicas; preferência por temperos naturais como limão,

ervas, alho, cebola, salsa e cebolinha, em substituição aos similares

industrializados; redução de alimentos de alta densidade calórica, substituindo

doces e derivados do açúcar por carboidratos complexos e frutas, diminuindo o

consumo de bebidas açucaradas e dando preferência a adoçantes não calóricos;

inclusão de, pelo menos, cinco porções de frutas/verduras no plano alimentar

diário, com ênfase em vegetais ou frutas cítricas e cereais integrais; opção por

alimentos com reduzido teor de gordura, eliminando as gorduras hidrogenadas

(“trans”) e preferindo as do tipo mono ou poliinsaturadas, presentes nas fontes de

Page 34: CONHECIMENTO E INFORMAÇÃO DOS MORADORES DO …

33

origem vegetal, exceto dendê e coco; ingestão adequada de cálcio pelo uso de

produtos lácteos, de preferência,

Desnatados; busca de forma prazerosa e palatável de preparo dos

alimentos: assados, crus e grelhados; plano alimentar que atenda às exigências

de uma alimentação saudável, do controle do peso corporal, das preferências

pessoais e do poder aquisitivo do indivíduo/família.

Redução do consumo de sal: Inúmeras evidências mostram benefícios na

restrição do consumo de sal:

a) redução da pressão arterial;

b) menor prevalência de complicações cardiovasculares;

c)menor incremento da pressão arterial com o envelhecimento;

d) possibilidade de prevenir a elevação da pressão arterial;

e) regressão de hipertrofia miocárdica.

Estudos randomizados comparando dieta hipossódica com a dieta

habitual, com ou sem redução de peso, demonstram efeito favorável, embora

modesto, na redução da pressão arterial com a restrição de sal. Há evidências de

que a pressão arterial varia diretamente com o consumo de sal tanto em

normotensos como em hipertensos. Portanto, mesmo reduções modestas no

consumo diário podem produzir benefícios.

A dieta habitual contém de 10 a 12 g/dia de sal. É saudável uma pessoa

ingerir até 6 g de sal por dia (100 mmol ou 2,4 g/dia de sódio), correspondente a

quatro colheres de café (4 g) rasas de sal adicionadas aos alimentos, que contêm

2 g de sal. Para tanto, recomenda-se reduzir o sal adicionado aos alimentos,

evitar o saleiro à mesa e reduzir ou abolir os alimentos industrializados, como

enlatados, conservas, frios, embutidos, sopas, temperos, molhos prontos e

Page 35: CONHECIMENTO E INFORMAÇÃO DOS MORADORES DO …

34

salgadinhos. Por outro lado, a redução excessiva do consumo de sal também

deve ser evitada, principalmente em pacientes em uso de diuréticos, podendo

provocar hiponatremia, hipovolemia e hemoconcentração.

O uso de cloreto de potássio em lugar do sal, como forma de redução do

consumo de sódio ou suplementação de potássio, pode ser recomendado, porém

é absolutamente contra-indicado em pacientes com risco de hiperpotassemia.

Moderação no Consumo de Bebidas Alcoólicas: Recomenda-se limitar o

consumo de bebidas alcoólicas a, no máximo, 30 g/dia de etanol para homens e

15 g/dia para mulheres ou indivíduos de baixo peso. Aos pacientes que não se

enquadrarem nesses limites de consumo, sugere-se o abandono.

Exercício físico: A prática regular de exercícios físicos é recomendada para

todos os hipertensos, inclusive aqueles sob tratamento medicamentoso, porque

reduz a pressão arterial sistólica/diastólica em 6,9/4,9 mmHg. Além disso, o

exercício físico pode reduzir o risco de doença arterial coronária, acidentes

vasculares cerebrais e mortalidade geral.

Abandono do tabagismo: O tabagismo deve ser agressivamente combatido e

eliminado. Hipertensos podem usar com segurança terapias reposicionais com

nicotina para abandono do tabagismo. Eventual descontrole de peso observado

com a abolição do tabaco, embora transitório e de pequeno impacto no risco

cardiovascular, não deve ser negligenciado.

Controle do estresse psicoemocional: Estudos experimentais demonstram

elevação transitória da pressão arterial em situações de estresse, como o

estresse mental, ou elevações mais prolongadas, como nas técnicas de privação

do sono. Estudos mais recentes evidenciam o efeito do estresse psicoemocional

na reatividade cardiovascular e da pressão arterial, podendo contribuir para

hipertensão arterial sustentada. Estudos com treinamento para controle do

estresse emocional com diferentes técnicas mostraram benefícios no controle e

na redução da variabilidade da pressão arterial, podendo ser utilizado como

Page 36: CONHECIMENTO E INFORMAÇÃO DOS MORADORES DO …

35

medida adicional na abordagem não-farmacológica de pacientes hipertensos.

Além disso, a abordagem de aspectos piscoemocionais e psicossociais pode ser

útil na melhora da adesão do paciente a medidas terapêuticas não-

medicamentosas e medicamentosas. (Sociedade Brasileira de Cardiologia, 2010)

4.2. Tratamento medicamentoso

O objetivo primordial do tratamento da hipertensão arterial é a redução da

morbidade e da mortalidade cardiovasculares. Assim, os anti-hipertensivos devem

não só reduzir a pressão arterial, mas também os eventos cardiovasculares fatais

e não-fatais. As evidências provenientes de estudos de desfechos clinicamente

relevantes, com duração relativamente curta, de três a quatro anos, demonstram

redução de morbidade e mortalidade em maior número de estudos com

diuréticos, mas também com betabloqueadores, inibidores da ECA, bloqueadores

do receptor AT1, e com bloqueadores dos canais de cálcio, embora a maioria dos

estudos utilize, no final, associação de anti-hipertensivos.

O tratamento medicamentoso associado ao não-medicamentoso objetiva

a redução da pressão arterial para valores inferiores a 140 mmHg de pressão

sistólica e 90 mmHg de pressão diastólica, respeitando-se as características

individuais, a presença de doenças ou condições associadas ou características

peculiares e a qualidade de vida dos pacientes. Reduções da pressão arterial

para níveis inferiores a 130/80 mmHg podem ser úteis em situações específicas,

como em pacientes de alto risco cardiovascular, diabéticos – principalmente com

microalbuminúria, insuficiência cardíaca, com comprometimento renal e na

prevenção de acidente vascular cerebral.

Princípios Gerais do Tratamento Medicamentoso: Os aspectos importantes na

escolha do anti-hipertensivo estão na tabela 4. Deve-se explicar, detalhadamente,

aos pacientes a ocorrência de possíveis efeitos adversos, a possibilidade de

eventuais modificações na terapêutica instituída e o tempo necessário para que o

efeito pleno dos medicamentos seja obtido.

Page 37: CONHECIMENTO E INFORMAÇÃO DOS MORADORES DO …

36

Escolha do Medicamento: Qualquer medicamento dos grupos de anti-

hipertensivos, com exceção dos vasodilatadores de ação direta, pode ser utilizado

para o controle da pressão arterial em monoterapia inicial, especialmente para

pacientes com hipertensão arterial em estágio 1 que não responderam às

medidas não-medicamentosas . Para pacientes em estágios 2 e 3, pode-se

considerar o uso de associações fixas de medicamentos anti-hipertensivos como

terapia inicial. (Sociedade Brasileira de Cardiologia, 2010)

Tabela 4 - Características importantes do anti-hipertensivo Fonte: V Diretriz da Hipertensão Arterial

Ser eficaz por via oral.

Ser bem tolerado.

Permitir a administração em menor número possível de tomadas, com

preferência para dose única diária.

Ser iniciado com as menores doses efetivas preconizadas para cada

situação clínica, podendo ser aumentadas gradativamente, pois

quanto maior a dose, maiores serão as probabilidades de efeitos

adversos.

Não ser obtido por meio de manipulação, pela inexistência de

informações adequadas de controle de qualidade, bioequivalência

e/ou de interação química dos compostos.

Ser considerado em associação para os pacientes com hipertensão

em estágios 2 e 3 que, na maioria das vezes, não respondem à

monoterapia.

Ser utilizado por um período mínimo de 4 semanas, salvo em

situações especiais, para aumento de dose, substituição da

monoterapia ou mudança das associações em uso.

4.3 Medicamentos anti-hipertensivos

Page 38: CONHECIMENTO E INFORMAÇÃO DOS MORADORES DO …

37

Classes de drogas utilizadas no tratamento da hipertensão:

Diuréticos

Simpatolíticos

Vasodilatadores de ação direta

Antagonistas de cálcio

Inibidores da cascata renina-angiotensina

Antagonistas dos receptores de angiotensina II

(Sociedade Brasileira de Cardiologia, 2010)

Diuréticos:

Os diuréticos utilizados no tratamento da hipertensão são subclassificados

em três grupos:

Tiazidas

Diuréticos de alça

Agentes preservadores de potássio

Embora os diuréticos possam compartilhar um mecanismo de ação a nível

de sistema (redução do volume sanguíneo) e de tecido (potencialização de

excreção de água pelos rins) em comum, estas drogas diferem em termos de

mecanismos celulares e moleculares de ação, e portanto, no sítio de ação nos

rins. Mais importante, a ação como anti-hipertensivos está fracamente relacionada

com a atividade diurética dessas drogas:

Os diuréticos de alça são agentes moderadamente anti-hipertensivos.

Ainda que potentes diuréticos.

As tiazidas são a gentes anti-hipertensivos potentes, mas moderadamente

diuréticos.

Page 39: CONHECIMENTO E INFORMAÇÃO DOS MORADORES DO …

38

Assim, embora a diurese tenha sido a explicação convencional para o

efeito benéfico proporcionado pelos diuréticos na hipertensão, existe uma

preocupação crescente a respeito da compreensão dos mecanismos moleculares

e celulares de ação destas drogas. A única certeza que se tem no momento é que

os rins parecem ser um sítio de ação, mas outros possíveis sítios, como

resistência das arteríolas, podem estar envolvidos. (Sociedade Brasileira de

Cardiologia, 2010)

Simpatolíticos:

O mecanismo tecidual de ação dos simpatolíticos consiste na redução

direta ou indireta da atividade na junção neuroefetora simpática ou nos locais de

ação da epinefrina circulante. Este mecanismo tecidual de ação constitui a base

da definição destas drogas e pode ser obtido por vários mecanismos diversos,

dependendo do local de ação:

Algumas drogas atuam no centro vasomotor no cérebro, reduzindo

centralmente o tônus simpático.

Outras drogas atuam perifericamente na neurotransmissão adrenérgica

nas regiões pré ou pós-sinápticas ou em receptores ativados pela epinefrina

circulante.

Muitos destes agentes possuem um mecanismo de ação tecidual direto e

indireto, uma vez que podem agir a nível de sistema nervoso e reduzir as

respostas cardíacas, vasculares ou de outros tecidos. Os mecanismos celulares e

moleculares de ação também são diversos, envolvendo uma variedade de

diferentes receptores e componentes da transdução. (Sociedade Brasileira de

Cardiologia, 2010)

Vasodilatadores de ação direta

Page 40: CONHECIMENTO E INFORMAÇÃO DOS MORADORES DO …

39

Os agentes que dilatam as arteríolas por um mecanismo molecular outro

que não antagonismo α1 – adrenoceptor ou modulação dos canais de Ca²+ do

tipo L são tradicionalmente denominados de “vasodilatadores de ação direta”.

Esta nomenclatura caracterizava-se por uma abreviatura conveniente para indicar

o desconhecimento dos mecanismos moleculares (e freqüentemente celulares) de

ação, hoje resolvidos. Mas apesar disto, o termo “ação direta” permanece. Estes

agentes vêm sendo consistentemente utilizados no tratamento das emergências.

(Sociedade Brasileira de Cardiologia, 2010)

Antagonistas de cálcio

As drogas que atuam a nível molecular interferindo com a abertura ou

fechamento dos canais de Ca²+ do tipo L (antagonistas do Ca²+) vem sendo

crescentemente utilizadas na hipertensão.

Pacientes hipertensivos idosos respondem bem aos antagonistas do

cálcio. Entretanto, as pessoas de origem africana são menos responsivas.

De modo geral, os antagonistas do Ca²+ possuem um aspecto de ação

rápido e reduzem a pressão sanguínea em aproximadamente 30 minutos da

administração.

Os efeitos adversos ocasionais incluem cabeça latejante, palpitações,

sudorese, tremores e enrubescimento. A constipação é o principal efeito adverso

de verapamil, porém mais importante é que ambos verapamil e diltiazem podem

ter efeitos inotrópicos negativos em pacientes com insuficiência cardíaca

preexistente e, portanto, estas drogas são contra-indicadas nestes casos. A

nifedipina não possui estes efeitos. (Sociedade Brasileira de Cardiologia, 2010)

Inibidores da cascata renina-angiotensina

O decapeptídeo inativo, angiotensina I, é convertido em um octapeptídeo

ativo, a angiotensina II, pelas ACE. Uma redução na pressão sanguínea pode ser

Page 41: CONHECIMENTO E INFORMAÇÃO DOS MORADORES DO …

40

obtida através do bloqueio da atividade da ACE ou dos receptores da

angiontensina II. Os mecanismos de ação dos inibidores da ACE são os

seguintes:

O mecanismo molecular de ação consiste em inibir a atividade das ACE.

O mecanismo de ação celular resultante é a redução da síntese de

angiotensina II e do metabolismo de algumas cininas vasodilatadoras.

Os inibidores de ACE são úteis em todos os tipos e graus de gravidade da

hipertensão e são amplamente utilizados.

Os inibidores da enzima conversora de angiotensina reduzem as

concentrações da angiotensina II (vasoconstritor) e elevam as concentrações de

bradicina (vasodilatador). O acúmulo de bradicina resulta da ação dos inibidores

de ACE na cininase II (cininase II e ACE são a mesma enzima). Reduzem a

resistência periférica e o volume sanguíneo sem interferir com a frequência

cardíaca. (Sociedade Brasileira de Cardiologia, 2010)

Antagonistas dos receptores de angiotensina II

O protótipo destas drogas era a saralasina que, por ser um peptídeo, é

inativada quando ministrada por via oral e imunogênica por via endovenosa. Mais

recentemente foram desenvolvidos compostos não-peptídicos ativos por via oral.

Esses novos antagonistas não-peptídicos da angiotensina II compreendem

losartan.

O losartan é uma droga recentemente aprovada nos Estados Unidos,

para o tratamento da hipertensão. Esta droga difere dos inibidores da ACE no

sentindo de que não afeta diretamente a degradação da bradicinina, embora

ainda não se saiba ao certo se isto confere alguma vantagem em termos de

eficácia e perfil de efeitos adversos comparativamente aqueles dos inibidores de

Page 42: CONHECIMENTO E INFORMAÇÃO DOS MORADORES DO …

41

ACE. A incidência de tosse é menor do que a provocada pelos inibidores da ACE.

(Sociedade Brasileira de Cardiologia, 2010)

4.4. ANTI-HIPERTENSIVOS

Diuréticos

Tabela 5 – Medicamentos genéricos da classe de diuréticos Fonte: Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)

DENOMINAÇÃO GENÉRICA APRESENTAÇÃO

espironolactona comprimido 25 mg e 100 mg

hidroclorotiazida comprimido 12,5 mg e 25 mg

Furosemida Comprimido 40 mg

Solução oral 10mg/ml

Solução injetável 10mg/ml

Bloqueadores adrenérgicos

Tabela 6 – Medicamentos genéricos da classe de Bloqueadores adrenérgicos. Fonte: Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)

DENOMINAÇÃO GENÉRICA APRESENTAÇÃO

atenolol comprimido 50 mg e 100 mg

metildopa comprimido 250 mg

succinato de metoprolol ou

Tartarato de metoprolol

Comprimido de liberação controlada

50 mg e 100 mg

comprimido 100 mg

Page 43: CONHECIMENTO E INFORMAÇÃO DOS MORADORES DO …

42

Cloridrato de propanolol comprimido 10 mg e 40 mg

solução oral 1mg/ml

Bloqueadores de canais de cálcio

Tabela 7 – Medicamentos genéricos da classe de bloqueadores de canais de cálcio. Fonte: Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)

DENOMINAÇÃO GENÉRICA APRESENTAÇÃO

Besilato de anlodipino comprimido 5 mg e 10 mg

Cloridrato de verapamil comprimido 80 mg e 120 mg

solução injetável 2,5mg/ml

Vasodilatadores diretos

Tabela 8 – Medicamento genérico da classe de vasodilatadores diretos. Fonte: Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)

DENOMINAÇÃO GENÉRICA APRESENTAÇÃO

cloridrato de hidralazina comprimido 50mg

solução injetável 20 mg/ml

Inibidores da enzima conversora de angiotensina

Tabela 9 – Medicamentos genéricos da classe de Inibidores da enzima conversora da angiotensina

Page 44: CONHECIMENTO E INFORMAÇÃO DOS MORADORES DO …

43

Fonte: Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)

DENOMINAÇÃO GENÉRICA APRESENTAÇÃO

Captopril comprimido 25 mg

maleato de enalapril comprimido 5 mg, 10 mg, e 20 mg

Antagonistas de receptores de angiotensina

Tabela 10 – Medicamento genérico da classe de antagonistas de receptores de angiotensina. Fonte: Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME)

DENOMINAÇÃO GENÉRICA APRESENTAÇÃO

losartana potássica comprimido 50 mg

4.5. Mecanismos de ação e farmacocinética dos anti-hipertensivos

Espironolactona

Como age: Como diurético ou como anti-hipopotassêmico, inibindo

competitivamente a aldosterona nos rins (túbulos distais) levando à excreção de

sódio e água a à retenção de potássio. Como anti-hipertensivo, reduz o volume

líquido e o débito cardíaco, baixando a pressão. No hirsutismo feminino e nos

ovários policísticos a ação pode ser explicada pelos efeitos antiandrogênicos da

espironolactona.

Farmacocinética:

Absorção: gastrintestinal (90%; aumenta junto com alimento)

Page 45: CONHECIMENTO E INFORMAÇÃO DOS MORADORES DO …

44

Biotransformação: no fígado (25 a 30% transformada em canreona, um metabólito

ativo)

Ação: -início: 24 a 48 horas; duração: 48 a 72 horas

Eliminação: - urina (metabólitos); bile (fezes) (metabólitos). (Escala, 2007).

Hidroclorotiazida

Como age: Como diurético, interfere com a reabsorção de sódio nos rins (túbulos

distais) levando á excreção de sódio e água. Aumenta a secreção de potássio nos

rins (túbulos distais e coletores) e a sua excreção. Como anti-hipertensivo, reduz

o volume de líquidos e o débito cardíaco; também diminui a resistência periférica,

atuando diretamente nos vasos.

Farmacocinética:

Absorção: gastrintestinal.

Biotransformação: não sofre.

Ação: - início: 2 horas; duração: 6 a 12 horas

Eliminação: - urina (não metabolizado) (Escala, 2007).

Furosemida

Como age: Como diurético, inibe a reabsorção de sódio e água nos rins (ramo

descendente da alça de Henle). Como anti-hipertensivo, reduz o volume de

líquidos e o débito cardíaco, baixando a pressão.

Farmacocinética:

Page 46: CONHECIMENTO E INFORMAÇÃO DOS MORADORES DO …

45

Absorção: gastrintestinal (60 a 70%)

Biotransformação: no fígado

Ação: -início: 20 a 60 minutos (oral); 5 minutos (intravenosa); duração: 6 a 8 horas

(oral); 2 horas (intravenosa)

Eliminação: - urina: 88%; bile (fezes): 12%. (Escala, 2007).

Atenolol

Como age: Bloqueia os efeitos estimulantes (agonistas) dos neurotransmissores

simpáticos, competindo pela ligação nos receptores beta. Diminui a freqüência

cardíaca (bloqueio B1), a pressão arterial (possivelmente por diminuir o débito

cardíaco e a inibição da liberação de renina pelos rins). Funciona com

antianginoso por diminuir a demanda de oxigênio pelo miocárdio. Pode, em altas

doses, diminuir a função pulmonar (bloqueio B2).

Farmacocinética:

Absorção: gastrintestinal (50%)

Biotransformação: praticamente não sofre

Ação: início: 2 a 4 horas; duração: 24 horas.

Eliminação: fezes: 50%, como atenolol; urina: restante, como atenolol.

(Escala,2007).

Metildopa

Page 47: CONHECIMENTO E INFORMAÇÃO DOS MORADORES DO …

46

Como age: Converte-se em alfa-metilnorepinefrina que promove estimulação de

receptores centrais alfa 2-adrenérgicos, diminuindo os impulsos simpáticos, e

diminuindo assim a pressão arterial.

Farmacocinética:

Absorção: gastrintestinal (50%)

Biotransformação: no fígado; nos neurônios adrenérgicos centrais converte-se em

alfa-metilnorepinefrina.

Ação: efeito (pico): 4 a 6 horas, após dose única; duração: 12 a 24 horas.

Eliminação: urina (70% como metildopa e metabólito); fezes (metildopa não

absorvida) (Escala,2007).

Metoprolol

Como age: Atua sobre os receptores b 1 de localização cardíaca, em doses

menores que as necessárias para influir sobre os receptores b 2, que são

encontrados principalmente nos brônquios e vasos periféricos. Diminui ou inibe o

efeito estimulante das catecolaminas no coração, o que produz uma diminuição

da freqüência cardíaca, da contratilidade miocárdica e do volume minuto cardíaco.

Abaixa a tensão arterial elevada. O metoprolol aumenta a resistência nos vasos

periféricos, que é normalizada no decorrer do tratamento prolongado. Regula a

freqüência cardíaca em taquicardias supraventriculares, fibrilação atrial e extra-

sístoles ventriculares. Seu efeito antiarrítmico baseia-se na inibição do

automatismo das células marca-passos e no prolongamento do tempo de

condução atrioventricular.

Farmacocinética:

Absorve-se completamente após a administração oral e mais de 95% são

excretados na urina. As concentrações plasmáticas máximas são alcançadas ao

Page 48: CONHECIMENTO E INFORMAÇÃO DOS MORADORES DO …

47

término de 1 a 2 horas e após 4 a 5 horas nas formas de liberação prolongada.

(Soriak, 2007/08).

Cloridrato de propranolol

Como age: Bloqueia os efeitos estimulantes (agonistas) dos neurotransmissores

simpáticos, competindo pela ligação nos receptores beta. É um bloqueador não

seletivo (bloqueia B1 e B2). Diminui a freqüência cardíaca (bloqueio B1), a

pressão arterial (possivelmente por diminuir o débito cardíaco e a inibição da

liberação de renina pelos rins). Funciona com antianginoso por diminuir a

demanda de oxigênio pelo miocárdio. Pode diminuir a função pulmonar (bloqueio

B2).

Farmacocinética:

Absorção: gastrintestinal (90%)

Biotransformação: no fígado

Ação: efeito (pico): 60 a 90 minutos (liberação prolongada: 6 horas)

Eliminação: urina (menos de 1% como propranolol) (Escala, 2007).

Besilato de anlodipino

Como age: Diminui a concentração de cálcio no interior das células da

musculatura lisa vascular e em menor grau nas do músculo cardíaco, dilata então

as coronárias, as artérias periféricas e as arteríolas.

Farmacocinética:

Absorção: gastrintestinal (quase completamente); alimentos não interferem.

Biotransformação: extensa no fígado (metabólitos praticamente inativos)

Page 49: CONHECIMENTO E INFORMAÇÃO DOS MORADORES DO …

48

Ação: início: não determinado precisamente; duração: 24 horas.

Eliminação: urina: 59 a 62 % (5%como anlodipino); bile (fezes): 20 a 25%.

(Escala, 2007).

Cloridrato de verapamil

Como age: Diminui a concentração de cálcio no interior das células do músculo

cardíaco e da musculatura lisa vascular; dilata então as coronárias, as artérias

periféricas e as arteríolas; reduz a freqüência cardíaca, a contratilidade do

miocárdio e a condução átrio-ventricular.

Farmacocinética:

Absorção: gastrintestinal (90%)

Biotransformação: no fígado (principal metabólito ativo é o verapamil)

Ação: -início: Via oral: 1 a 2 horas, intravenoso: 1 a 5 minutos (efeitos

antiarrítimicos); 3 a 5 minutos (efeitos hemodinâmicos)

Eliminação: - urina: 70% (como metabólitos); bile (fezes): 9 a 16%. (Escala, 2007).

Captopril

Como age: Como anti-hipertensivo, inibe competitivamente a ECA (Enzima

Conversora de Angiotensina), diminuindo assim a conversão da angiotensina I em

angiotensina II que é um potente vasoconstritor. A queda da angiotansina II leva a

um aumento na atividade da renina plasmática (PRA) e a uma diminuição da

secreção da aldosterona levando a um pequeno aumento de potássio e sódio e a

uma maior eliminação de líquidos; inibidores da ECA reduzem a resistência

arterial periférica e podem ser mais efetivos em hipertensão com renina alta.

Como vasodilatador na insuficiência cardíaca congestiva, diminui a resistência

Page 50: CONHECIMENTO E INFORMAÇÃO DOS MORADORES DO …

49

vascular periférica e a pressão intravascular pulmonar, aumentando o débito

cardíaco e a tolerância aos exercícios.

Farmacocinética:

Absorção: gastrintestinal (75%), alimentos reduzem a absorção em 30 a 55%.

Biotransformação: no fígado

Ação: -início: 15 a 60 minutos, duração: 6 a 12 horas

Eliminação: - urina: mais de 95% (não metabolizado: 40 a 50%; metabolizado:

restante) (Escala, 2007).

Maleato de enalapril

Como age: Como anti-hipertensivo, inibe competitivamente a ECA (Enzima

Conversora de Angiotensina), diminuindo assim a conversão da angiotensina I em

angiotensina II que é um potente vasoconstritor. A queda da angiotansina II leva a

um aumento na atividade da renina plasmática (PRA) e a uma diminuição da

secreção da aldosterona levando a um pequeno aumento de potássio e sódio e a

uma maior eliminação de líquidos; inibidores da ECA reduzem a resistência

arterial periférica e podem ser mais efetivos em hipertensão com renina alta.

Como vasodilatador na insuficiência cardíaca congestiva, diminui a resistência

vascular periférica e a pressão intravascular pulmonar, aumentando o débito

cardíaco e a tolerância aos exercícios.

Farmacocinética:

Absorção: gastrintestinal (60%), alimentos não interferem.

Biotransformação: no fígado em enalaprilato (metabólito ativo)

Ação: -início: 1 hora; duração: 24 horas

Page 51: CONHECIMENTO E INFORMAÇÃO DOS MORADORES DO …

50

Eliminação: - urina: 60% (20% como enalapril e 40% como enalapriato); fezes:

33% (6% como enalapril e 27% como enalaprilato). (Escala, 2007).

Losartana potássica

Como age: Bloqueia seletivamente os receptores (AT1) da angiotensina II no

músculo liso vascular e na supra-renal, bloqueando assim os efeitos

vasoconstritores e da secreção da aldosterona da angiotensina II. Não possui

ação sobre a ECA (Enzima Conversora de Angiotensina).

Farmacocinética:

Absorção: gastrintestinal (alimentos interferem pouco), biodisponibilidade de 33%.

Concentração máxima: 1 hora; principal metabólito ativo: 2 a 4 horas.

Biotransformação: no fígado (14% convertidos em metabólito ácido carboxílico 10

a 40 vezes mais ativo que o produto original)

Eliminação: -urina (35%); bile/fezes (60%).

Todos medicamentos relacionados acima estão disponíveis no RENAME e são

encontrados se apresentam com princípios ativos e disponíveis no mercado como

medicamento genérico. (Escala, 2007).

5. Medicamentos genéricos

5.1. História

A indústria de genéricos teve origem na década de 60, por iniciativa do

governo dos Estados Unidos, mas foi em 1984 que os norte-americanos

estabeleceram os critérios que viriam a serem adotados internacionalmente para

o registro deste tipo de medicamento.

Page 52: CONHECIMENTO E INFORMAÇÃO DOS MORADORES DO …

51

O modelo para a produção dos medicamentos genéricos nos EUA foi

estabelecido com base no Hatch-Waxman (The Drug Price Competition and

Patent Term Restoration Act), um ato legislativo de 1984, que estruturou os

parâmetros necessários para a consolidação deste mercado. A partir do Hatch-

Waxman, a bioequivalência passou a ser cientificamente aceita para

comprovação da eficácia e segurança dos medicamentos genéricos. Assim, a

indústria de medicamentos ganhou competitividade, disponibilizando genéricos

com qualidade comprovada e beneficiando a população pela oferta de

medicamentos seguros e eficazes em larga escala.

O objetivo do governo dos EUA, ao criar os genéricos, foi buscar uma

alternativa legal para reduzir os custos dos tratamentos de saúde e ampliar o

acesso da população aos medicamentos. Por serem cópias de patentes expiradas

e não arcarem com os custos de pesquisa e desenvolvimento, os genéricos se

mostraram, desde o primeiro momento, efetivamente mais baratos que os

medicamentos de referência. (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS INDÚSTRIAS

DE MEDICAMENTOS GENÉRICOS)

O programa de medicamentos genéricos, criado no Brasil em 10 de

fevereiro de 1999 com a promulgação da Lei 9787, alterando a Lei nº 6.360, de 23

de setembro de 1976, que dispõe sobre a vigilância sanitária,estabelece o

medicamento genérico, dispõe sobre a utilização de nomes genéricos em

produtos farmacêuticos e dá outras providências(BRASIL,1999), se deu três anos

após o país voltar a respeitar o direito de patentes, em 1996. Após apenas 4 anos

da criação dessa lei, os genéricos já se encontravam disponíveis em mais de 4

mil apresentações, abrangendo as principais classes terapêuticas, atendendo a

mais de 60% das necessidades de prescrições médicas.

Absolutamente seguros e eficazes, além de mais baratos que os

chamados medicamentos inovadores, os genéricos, ao longo destes anos,

trouxeram uma nova realidade para os consumidores do país, principalmente no

que diz respeito à qualidade.

Page 53: CONHECIMENTO E INFORMAÇÃO DOS MORADORES DO …

52

A legislação brasileira de medicamentos genéricos foi estabelecida com

base nas legislações mais avançadas como a dos Estados Unidos (FDA) e a do

Canadá (Health Canada), onde os genéricos estão consolidados e detêm, além

de uma parcela significativa do mercado de medicamentos, a confiança da

população e classe médica. (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS INDÚSTRIAS DE

MEDICAMENTOS GENÉRICOS)

5.2. Medicamentos genéricos no Brasil

O medicamento genérico substitui um medicamento pioneiro no mercado

farmacêutico no tratamento de mal e doença.

Definem o medicamento genérico como sendo uma “preparação

equivalente” ao medicamento original e inovador, para o qual o tempo de proteção

de patentes, que lhe confere exclusividade de exploração comercial, tem sido

expirado.

Preparação equivalente, de acordo com tais órgãos, deve ser entendida

como: o mesmo ou os mesmos ingredientes ativos, na mesma quantidade e

forma de dosagem, de modo a atingir padrões idênticos de especificação

estabelecidos em farmacopéias, mesma forma farmacêutica, embora possa diferir

quanto ao formato, embalagem, excipientes, prazo de validade, e dentro de certos

limites, quanto ao rótulo; e biodisponibilidade suficientemente similar ao

medicamento original, de forma que os efeitos farmacológicos, como eficácia e

segurança do medicamento genérico sejam idênticos aqueles apresentados pelo

medicamento original. Estes três itens que descrevem uma preparação

equivalente tornam o medicamento genérico num produto com: “bioequivalência

suficientemente similar”. No Brasil essa definição é a utilizada conforme

documentos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária.

A definição do medicamento genérico conforme descrita acima sugere

que este medicamento deve ser um substituto do medicamento de marca e o

pioneiro de um mal ou doença. (NISHIJIMA, 2003)

Page 54: CONHECIMENTO E INFORMAÇÃO DOS MORADORES DO …

53

Os medicamentos genéricos são, em geral, mais baratos que os

inovadores. Os preços mais baixos devem-se a economia dos milhões de dólares

normalmente gastos com o desenvolvimento de novas moléculas e testes

clínicos, uma vez que estas etapas já foram realizadas pela empresa detentora do

medicamento inovador. Outro fator que contribui para o custo mais baixo é o

menor investimento em propaganda para tornar a marca mais conhecida. (DIAS,

2003).

No Brasil medicamentos genéricos são de extrema importância para os

administradores públicos, visto que o Sistema Único de Saúde (SUS) garante

gratuitamente o acesso da população aos medicamentos essenciais e sabe-se

que os medicamentos genéricos (em sua maioria) têm seu preço final, menor que

o medicamento original. Além disso, na receita da prescrição medicamentosa

deve constar o nome genérico da formulação receitada pelo prescritor. (SOUZA,

2009).

A redução dos preços é indiscutivelmente positiva, mais a política de

genéricos tem como ponto fraco o fato de serem permitidos apenas os genéricos

de medicamentos e drogas cujas patentes já tenha sido expirado. Isso, em geral

acontece com os medicamentos mais antigos – o que não significa que deixem de

ser eficazes.

Para que uma indústria farmacêutica tenha licença para comercializar um

medicamento como genérico ela precisa apresentar ao Órgão Regulatório da

Saúde do país (No Brasil esta atividade fica ao cargo da Agência Nacional de

Vigilância Sanitária – ANVISA) diversos testes que comprovam que candidatos a

genéricos possuem as mesmas características de eficácia e segurança do

medicamento de referencia. Os testes para verificar se o medicamento pode ser

intercambiável com o original são: (DIAS, 2003)

Bioequivalência: é um termo farmacocinético utilizado para avaliar a

equivalência biológica de duas drogas, a proposta de ensaios de bioequivalencia

Page 55: CONHECIMENTO E INFORMAÇÃO DOS MORADORES DO …

54

é mostrar que duas formulações tem biodisponibilidade similar, consideram que

ensaios de bioequivalencia são realizados para estudar a equivalência terapêutica

de diferentes formulações, baseados na similaridades da características

farmacocinética das formulações testadas.

Defina-se bioequivalência como demonstração de equivalência

farmacêutica entre produtos apresentados sob a mesma forma farmacêutica,

contendo idêntica composição qualitativa de principio(s) ativo(s), e que tenham

comparável biodisponibilidade, quando estudados sob um mesmo desenho

experimental. (SOUZA, 2009).

Este estudo verifica se o medicamento genérico é análogo ao

medicamento de referencia e vai apresentar o mesmo efeito terapêutico que este

último. (DIAS, 2003).

Biodisponibilidade : indica a velocidade e a extensão de absorção de um

princípio ativo em uma forma de dosagem, a partir de sua curva

concentração/tempo na circulação sistêmica ou sua excreção na urina."

(BRASIL,1999).

Perfil de dissolução comparativa: é realizada em laboratório e tem como

objetivo verificar como fármaco é liberado do comprimido para o meio de

dissolução e, por conseqüência como ele será absorvido pelo organismo.

Equivalência Farmacêutica: conjunto de analises do medicamento teste e

referencia para comprovar que os dois possuem características semelhantes de

qualidade com relação aos itens descritos nos compêndios oficiais de

medicamentos (Farmacopéias). Geralmente são realizados testes de teor,

uniformidade de conteúdo, dissolução, desintegração e outros testes importantes

para a caracterização do medicamento.( DIAS,2003).

Page 56: CONHECIMENTO E INFORMAÇÃO DOS MORADORES DO …

55

5.3. Medicamento de Referência

Medicamento de Referência: produto inovador registrado no órgão federal

responsável pela vigilância sanitária e comercializado no País, cuja eficácia,

segurança e qualidade foram comprovadas cientificamente junto ao órgão federal

competente, por ocasião do registro. (BRASIL, 1999).

5.4. Como Identificar medicamento genérico

Figura 1 – Como identificar Medicamentos Genéricos Fonte: WWW.progenericos.com.br

Page 57: CONHECIMENTO E INFORMAÇÃO DOS MORADORES DO …

56

Para identificar um medicamento genérico na embalagem sempre traz escrito:

“Medicamento Genérico – Lei 9.787/99” e ter uma tarja amarela com a letra G de

genérico em preto impressa sobre a tarja, situada na parte inferior das

embalagens do produtos.

6. OBJETIVO

Objetivo geral:

Analisar conhecimento e informação dos moradores do bairro Marapé da cidade

de Santos-SP em relação aos medicamentos genéricos da classe de anti-

hipertensivos.

Objetivo especifico:

- Verificar o conhecimento da população em relação aos medicamentos

Genéricos;

- Analisar o conhecimento da população sobre o preço e qualidade dos

medicamentos genéricos da classe de anti-hipertensivos em relação aos produtos

de marca;

Page 58: CONHECIMENTO E INFORMAÇÃO DOS MORADORES DO …

57

- Identificar o perfil da população de classe média baixa e média alta que utilizam

medicamentos genéricos da classe de anti-hipertensivos;

- Prestar assistência farmacêutica, orientando os moradores do bairro do Marapé

da cidade de Santos-SP, quanto a qualidade e eficácia dos medicamentos

genéricos da classe de anti-hipertensivos.

7. MATERIAL E MÉTODOS

Metodologia:

Trata-se de um estudo exploratório, transversal de abordagem quantitativa,

baseado na aplicação de questionários aos entrevistados onde será preenchido

pelas pesquisadoras.

O estudo realizado com a população dos moradores do bairro do Marapé da

cidade de Santos-SP, com ambos os sexos e tendo idade entre 30 a 90 anos.

Foram avaliadas, através de questionários por 150 pessoas, coletando-se dados

como: sexo, idade, grau de escolaridade e status econômico, sendo que a

população entrevistada, faz o uso de medicamentos genéricos da classe de anti-

hipertensivos e será analisado o conhecimento e a informação da população

quanto ao uso dos medicamentos genéricos da classe de anti-hipertensivos.

Page 59: CONHECIMENTO E INFORMAÇÃO DOS MORADORES DO …

58

8. RESULTADOS

1) Sexo da população entrevistadas

Page 60: CONHECIMENTO E INFORMAÇÃO DOS MORADORES DO …

59

1

54%

46%

42%

44%

46%

48%

50%

52%

54%

SEXO DA POPULAÇÃO ENTREVISTADA

FEMININOMASCULINO

2) Idade da população entrevistada.

Page 61: CONHECIMENTO E INFORMAÇÃO DOS MORADORES DO …

60

15%

10%

15%

23%

21%

11%

4%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

18 a 30 anos 31 a 40 anos 41 a 50 anos 51 a 60 anos 61 a 70 anos 71 a 80 anos 81 a 90 anos

IDADE

3) Renda Familiar da População entrevistada com base no salário

mínimo.

Page 62: CONHECIMENTO E INFORMAÇÃO DOS MORADORES DO …

61

9,33%

50,67%

23,33%

12,00%

2,67% 2,00%0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

ATÉ 1 SALÁRIOMINIMO

1 A 3 SALÁRIOS 4 A 6 SALÁRIOS 7 A 9 SALÁRIOS 10 A 12 SALÁRIOS 13 A 15 SALÁRIOS

RENDA FAMILIAR DA POPULAÇÃO ENTREVISTADA

4) População hipertensa.

Page 63: CONHECIMENTO E INFORMAÇÃO DOS MORADORES DO …

62

75,33%

24,67%

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

80,00%

SIM NÃO

HIPERTENSOS

Page 64: CONHECIMENTO E INFORMAÇÃO DOS MORADORES DO …

63

5) Pessoas Hipertensas que fazem tratamento.

50,67%

49,33%

48,50%

49,00%

49,50%

50,00%

50,50%

51,00%

SIM NÃO

POPULAÇÃO QUE FAZ TRATAMENTO DE HIPERTENSÃO

Page 65: CONHECIMENTO E INFORMAÇÃO DOS MORADORES DO …

64

6) População que faz tratamento com medicamento genérico.

27,33%

72,67%

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

80,00%

SIM NÃO

POPULAÇÃO QUE UTILIZA MEDICAMENTO GENÉRICO NO TRATAMENTO DE HIPERTENSÃO

Page 66: CONHECIMENTO E INFORMAÇÃO DOS MORADORES DO …

65

7) População que conhecem medicamento genérico para o tratamento da

hipertensão.

35,33%

64,67%

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

SIM NÃO

POPULAÇÃO QUE CONHECE MEDICAMENTO GENÉRICO PARA HIPERTENSÃO

Page 67: CONHECIMENTO E INFORMAÇÃO DOS MORADORES DO …

66

8) População que sabe identificar medicamentos genéricos.

54,00%

46,00%

42,00%

44,00%

46,00%

48,00%

50,00%

52,00%

54,00%

SIM NÃO

POPULAÇÃO QUE SABE IDENTIFICAR MEDICAMENTOS GENÉRICOS

Page 68: CONHECIMENTO E INFORMAÇÃO DOS MORADORES DO …

67

9) População que compram medicamentos genéricos do mesmo laboratório.

32,00%

68,00%

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

SIM NÃO

POPULAÇÃO QUE COMPRAM MEDICAMENTO GENÉRICO DO MESMO LABORATÓRIO

Page 69: CONHECIMENTO E INFORMAÇÃO DOS MORADORES DO …

68

10) População que não compra medicamentos genéricos porque acha que não

tem o mesmo efeito do que o de referência.

16,00%

84,00%

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

80,00%

90,00%

sim não

População que não compra medicamento genérico porque

acha que não tem o mesmo efeito do que o de referência

Page 70: CONHECIMENTO E INFORMAÇÃO DOS MORADORES DO …

69

9. DISCUSSÃO

A maioria das pessoas que entrevistamos encontra-se na faixa etária de 51 a

60 anos (23%). Tratando-se dessa variável, é considerável como um fator de

risco importante que contribui para o aparecimento da hipertensão arterial.

A renda familiar varia de um salário até quinze salários mínimos, sendo que

50,67% tem a renda de 1 a 3 salários mínimos, os dados mostram que, a

maioria das pessoas que entrevistamos são de classe média baixa,

evidenciando o fato desta população ter a necessidade de fazer o uso de

medicamentos genéricos. Da população entrevistada 75,3% são hipertensos e

24,67% não são hipertensos, grande parte da população é hipertensa. A

hipertensão é assintomática e a maioria das pessoas não dão importância a

doença e quando optam por realizar o tratamento, já esta em um estado

avançado, podendo causar até morte súbita.

Quanto ao tratamento os resultados mostram que 50,67% da população

adquirem ao tratamento, porém 49,33% não realizam o tratamento

caracterizando como uma das causas de maior redução da qualidade e

expectativa de vida dos indivíduos.

Observamos também que somente 27,33% fazem o tratamento com

medicamento genérico e 72,67% não os utilizam.

E ainda 64,67% da população não tem conhecimento do medicamento

genérico para o tratamento da hipertensão, apenas 35,33% tem esse

conhecimento. Os dados evidenciam o quanto essas pessoas necessitam de

conhecimento e informação sobre os medicamentos genéricos.

Page 71: CONHECIMENTO E INFORMAÇÃO DOS MORADORES DO …

70

Embora grande parte não façam o tratamento com os medicamentos

genéricos, resultados mostram que 54% da população sabem identificar o

medicamento genérico e 46% não sabem identificar, porém saber identificar

um medicamento genérico não é o suficiente para que as pessoas o utilizem, é

necessário confiarem e acreditarem em sua segurança, eficácia e efeito

desejado.

Na hora da compra 68% não avalia o laboratório, 32% são as pessoas que

escolhem algum de sua preferência. A escolha por um laboratório seguro e de

confiança é fundamental na hora de optar pela compra de qualquer

medicamento seja ele de referência ou genérico.

Apenas 16% acreditam em um efeito mais seguro e 84% da população não

compram medicamento genérico porque não acreditam que tem o mesmo

efeito do medicamento de referência.

Muitas pessoas desconhecem a eficácia de um medicamento genérico, e é

por isso que devemos orientá-las, pois somente dessa maneira todos se

conscientizarão e perceberão o quanto à saúde é importante podendo se

tornar mais fácil ter um tratamento totalmente positivo com o uso dos

genéricos.

Page 72: CONHECIMENTO E INFORMAÇÃO DOS MORADORES DO …

71

10. CONCLUSÃO

A análise dos questionários nos mostrou que, grande parte da população

entrevistada é hipertensa, porém nem todos fazem o tratamento adequado,

sendo que é uma doença tão comum nos dias atuais.

A hipertensão é assintomática podendo ocasionar até morte súbita, sendo que

hoje existem vários medicamentos para o tratamento da hipertensão. A grande

maioria são medicamentos de referência, que tem um custo alto e grande

parte da população não tem condições financeiras para realizar ou continuar

seu tratamento, porém além dos medicamentos de referência, os

medicamentos genéricos foram lançados no mercado com intuito de ter um

preço mais acessível fazendo com que toda a população independente de sua

renda fizessem o tratamento adequado, no entanto observando o

levantamento dos dados coletados percebemos que apenas a minoria da

população utiliza os medicamentos genéricos, pois não acreditam que tenham

o mesmo efeito que o medicamento de referência.

Isso tudo revela que a industria farmacêutica poderia investir mais em

publicidade e propagandas para as pessoas conhecerem mais os genéricos,

toda a população precisa de mais informações e esclarecimentos necessários

dos medicamentos genéricos por parte também de profissionais da saúde,

como médicos e farmacêuticos, o médico prescrevendo e assegurando a

eficácia e quanto ao farmacêutico ao aviar a receita prestando toda a atenção

farmacêutica e esclarecendo todas as dúvidas do paciente.

Page 73: CONHECIMENTO E INFORMAÇÃO DOS MORADORES DO …

72

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Mercado de medicamentos Genéricos

no Brasil. Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br>. Acesso em: 08 mar 2010.

Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Medicamentos Genéricos: Vantagens.

Disponível em: <http://www.portaldocoracao.uol.com.br.> Acesso em: 08 mar

2010.

Associação Brasileira das Indústrias de medicamentos Genéricos. Informações

de Mercado. Disponível em:<http://www.progenerico.org.br>. Acesso em: 08 mar

2010.

BERTOLDI, Andréa D. et. al., Medicamentos Genéricos no Brasil: Conhecidos

por muitos, usados por poucos. Rio de Janeiro 2005.

BRASIL, Ministério da Saúde. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais

(RENAME). 6º Ed. Brasília-DF, 2009.

BRASIL, Lei número 9.787, de 10 de fevereiro de 1999. 1999. Disponível em

<http://www.lei.adv.br/9787-99.htm>. Acesso em: 10 de agosto de 2010.

CARVALHO, Maria Cleide Ribeiro Dantas et. al., Representações sociais do

medicamento genérico por usuários. São Paulo 2006.

Page 74: CONHECIMENTO E INFORMAÇÃO DOS MORADORES DO …

73

CECOTOSTI, K. Venda de Genéricos é preocupante. [texto na internet], São

Paulo 2004. Disponível em: <http://www.amb.org.br>. Acesso em: 09 mar 2010.

DIAS, Claúdia Regina Cilento. Medicamentos genéricos no Brasil: 1999 a 2002,

análise da legislação, aspectos conjunturais e políticos. 2003.102f. Dissertação

(Mestrado em Saúde Pública). Faculdade de Saúde Pública – USP, São Paulo.

ESCALA, Guia de remédios. 8 ed. São Paulo: Escala, 2007.

LABAUNE, Jean Pierre, Redação do trabalho cientifico: Farmacocinética, 3º

edição São Paulo: Organização Andrei Editora Ltda, 1993.

NISHIJIMA, Marislei. Análise econômica dos medicamentos genéricos no

Brasil.2003. 144 f. Dissertação ( Doutorado em Economia). Faculdade de

Economia, administração e contabilidade – USP, São Paulo.

OLIVEIRA, Aline Furtado Carlos de. Fatores de risco e hipertensão arterial:

estudo entre os profissionais de enfermagem de uma instituição filantrópica.

2008. 123 f. Dissertação (Pós-graduação em Enfermagem). Escola de

Enfermagem de Ribeirão preto – USP, Ribeirão preto – SP.

PAGE, Clive P. et. al., Farmacologia Integrada, São Paulo: Editora Manole Ltda,

1999.

Soriak, P.R. Vade-Mécum de Medicamentos. 13 ed. São Paulo: Soriak, 2007/08.

SOUZA, Roberto Molina de. Estatística em bioequivalência: garantia na

qualidade do medicamento genérico. 2009. 82f. Dissertação (Mestrado em

Medicina). Faculdade de Medicina Ribeirão Preto – USP, Ribeirão Preto – SP.

Page 75: CONHECIMENTO E INFORMAÇÃO DOS MORADORES DO …

74

Sociedade Brasileira de Cardiologia. V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão

Arterial. Disponível em:

http://www.amtrj.com.br/arquivos/v_diretrizes_hipertensao_arterial.pdf > Acesso em:

10 de agosto de 2010.

TOKARSKI, M. Pró genéricos. Venda de Genéricos. [texto na internet], São

Paulo 2006, Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br>. Acesso em: 09 mar 2010.

ANEXO

MODELO DO QUESTIONÁRIO

Coleta de dados para conhecimento e informação dos moradores do bairro Marapé

da cidade de Santos-SP em relação à eficácia dos medicamentos genéricos anti-

hipertensivos

1) sexo: ( ) feminino ( ) masculino

2) Quantos anos você tem? _____ anos

3) Renda familiar?

( ) menos que 1 salário mínimo ( ) 7 a 9 salários mínimos

( ) 1 a 3 salários mínimos ( ) 10 a 12 salários mínimos

( ) 4 a 6 salários mínimos ( ) 13 a 15 salários mínimos

4) Você é uma pessoa hipertensa?

( ) SIM ( ) NÃO

5) Alguém que mora com você é hipertenso?

( ) SIM ( ) NÃO

Page 76: CONHECIMENTO E INFORMAÇÃO DOS MORADORES DO …

75

6) Se sua resposta for SIM, você ou alguém da sua família toma medicamento para o

tratamento da hipertensão?

( ) SIM ( ) NÃO

7) Se sua resposta for SIM, o medicamento utilizado é genérico ou não?

( ) SIM ( ) NÃO

8)Você conhece algum medicamento para hipertensão que seja genérico?

( ) SIM ( ) NÃO

9) Você sabe identificar um medicamento genérico?

( ) SIM ( ) NÃO

10) Você costuma comprar medicamento genérico do mesmo laboratório?

( ) SIM ( ) NÃO

11) Você acredita que o medicamento genérico tem o mesmo efeito que o

medicamento de referência?

( ) SIM ( ) NÃO