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CONHECIMENTO E VERDADE - Humanitas Vivensalcançar a liberdade e o processo de cura interior na busca e vivência da verdade de Jesus, que leva à libertação e alcance da vida em

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  • 2 Conhecimento e verdade

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    CONHECIMENTO E VERDADE

  • 4 Conhecimento e verdade

    Imagens da capa: https://pixabay.com/pt/ligue-desativar-energia-poder-2933016/

  • 5

    Ademir Menin Gabriel Bassaga Nascimento

    Ivan Vieira da Silva José Francisco de Assis Dias

    Rogerio Dimas Grejanim (Organizadores)

    AUTORES: Ivana Latini Gavassi / Euda Márcia Dias Paiva

    Alexandre Gimenes da Cruz / Kesia Gomes Gentil Marivaldo da Silva Oliveira / José Francisco de Assis Dias

    Gabriel Bassaga Nascimento / Ivan Vieira da Silva Luciana Bovo Andretto / Danieli Pinto Lidiana Antonioli / Marcio José Silva

    CONHECIMENTO E VERDADE

    Livro produzido com apoio do Instituto Cesumar de Ciência, Tecnologia e Inovação (ICETI)

    Primeira Edição E-book

    Toledo - PR 2017

  • 6 Conhecimento e verdade

    Copyright 2017 by

    Organizadores EDITORA:

    Daniela Valentini CONSELHO EDITORIAL:

    Dr. Celso Hiroshi Iocohama - UNIPAR Dr. Daniel Eduardo dos Santos – UNICESUMAR

    Dr. José Aparecido Pereira - PUCPR Dr. José Beluci Caporalini – UEM

    Dr. Lorivaldo do Nascimento - UNIOESTE Dr.ª Lorella Congiunti – PUU-Roma

    REVISÃO FINAL: Prof. Luciana Bovo Andretto

    CAPA, DIAGRAMAÇÃO E DESIGN: Editora Vivens Ltda.

    Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)

    Rosimarizy Linaris Montanhano Astolphi Bibliotecária CRB/9-1610

    Todos os direitos reservados aos Organizadores.

    Editora Vivens, O conhecimento a serviço da Vida!

    Rua Pedro Lodi, nº 566 – Jardim Coopagro Toledo – PR – CEP: 85903-510; Fone: (45) 3056-5596

    http://www.vivens.com.br; e-mail: [email protected]

    Conhecimento e verdade / organizadores

    C749 Ademir Menin ... [et al.]. – 1. ed.

    e-book – Toledo, PR: Vivens, 2017.

    188 p.

    Modo de Acesso: World Wide Web:

    ISBN: 978-85-92670-47-4

    1. Conhecimento. 2. Filosofia cristã.

    3. Agostinho, Santo, Bispo de Hipona, 354-

    430. 4. Verdade. 5. Tómas de Aquino,

    Santo, 1225-1274. I. Título.

    CDD 22. ed. 230

  • SUMÁRIO

    APRESENTAÇÃO ......................................................... 9 I A VERDADE LIBERTA Ivana Latini Gavassi Euda Márcia Dias Paiva................................................................11 II O CONHECIMENTO NA VISÃO DA FILOSOFIA DE SANTO AGOSTINHO Alexandre Gimenes da Cruz Kesia Gomes Gentil Marivaldo da Silva Oliveira José Francisco de Assis Dias...........................................................57 III PERFEIÇÃO CRISTÃ E SANTIFICAÇÃO PROGRESSIVA EM JOHN WESLEY Gabriel Bassaga Nascimento Ivan Vieira da Silva Luciana Bovo Andretto Euda Marcia Dias Paiva................................................................89 IV SOBRE O CONHECIMENTO E A VERDADE EM TOMÁS DE AQUINO Danieli Pinto Lidiana Antonioli Marcio José Silva José Francisco de Assis Dias.........................................................143

  • 8 Conhecimento e verdade

  • APRESENTAÇÃO Com alegria apresentamos aos acadêmicos de Gestão

    do Conhecimento, Educação e Filosofia esta obra que recolhe trabalhos oriundos de pesquisa interdisciplinar formando um corpo harmonioso entorno do problema do conhecimento e da verdade.

    No primeiro capítulo, as professoras Ivana Latini Gavassi e Euda Márcia Dias Paiva trabalharam a verdade liberta, abordando importantes temas da Teologia.

    No segundo capítulo, os professores Alexandre Gimenes da Cruz, Kesia Gomes Gentil, Marivaldo da Silva Oliveira e José Francisco de Assis Dias trabalharam o conhecimento na visão da filosofia de Santo Agostinho, abordando questões importantes sobre a concepção filosófica do conhecimento.

    No terceiro capítulo, os professores Gabriel Bassaga Nascimento, Ivan Vieira da Silva, Luciana Bovo Andretto e Euda Marcia Dias Paiva trabalharam a perfeição cristã e santificação progressiva em John Wesley, apresentando importantes considerações sobre o tema.

    No quarto capítulo, os professores Danieli Pinto, Lidiana Antonioli, Marcio José Silva e José Francisco de Assis Dias trabalharam o problema do conhecimento e a verdade em Tomás de Aquino.

    Boa leitura!

    Os Organizadores

  • 10 Conhecimento e verdade

  • I

    A VERDADE LIBERTA

    Ivana Latini Gavassi* Euda Márcia Dias Paiva**

    RESUMO Verdade substantivo feminino que se originou do latim veritas e verus, significando verdade e verdadeiro respectivamente. Ao longo da história da humanidade verdade adquiriu significados diversos e está ligada a vários conceitos, definições ou até critérios elaborados por filósofos, sociólogos, religiosos, enfim por estudiosos em geral, os quais a definiram de acordo com o contexto a que pode estar inserida. Para esta pesquisa várias contribuições ao estudo do que seja a verdade e o desenvolvimento do psiquismo humano levam a atingir o anseio constante da alma humana em conhecê-la. Observa-se no decorrer da pesquisa que verdade é várias vezes mencionada na bíblia, principalmente no Novo Testamento. Jesus, nos livros de João, Lucas entre

    * IVANA GAVASSI, empresária no ramo da educação, graduada em Pedagogia pela UNIP e em Teologia pela FATEP/PR, ambas em 2011, e-mail: [email protected] ** Possui graduação em Pedagogia - UDF Centro Universitário (1999). Bacharelado em Direito pela UNIEURO (2008); Advogada com registro na OAB/DF sob o n. de 29229. Pós-graduação em Psicopedagogia pela Universidade Candido Mendes (2003) Habilitação em Português pela FGF (2013), com programa especial de formação pedagógica. Atualmente é professora - Secretaria de Educação do Distrito Federal. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Tecnologia Educacional e, também na área Jurídica no ramo de direito familiar, cível, trabalho e previdenciário. E-mail: [email protected]

  • 12 Conhecimento e verdade

    outros, apresenta o que seja a verdade e que ela leva à libertação. Aqui libertação significa tornar livre a alma humana, uma vez que o pecado, a mentira, o medo e a falsidade aprisionam-na e o homem, no sentido universal – homem e mulher – fica preso a estes comportamentos que o impedem de enfrentar a realidade, gerando sentimentos negativos de defesa, que os afastam uns dos outros e principalmente da Verdade Absoluta – Jesus. A busca do homem em satisfazer seus desejos, de seguir aquilo que acredita ser a sua verdade, faz com que seu emocional seja invadido por pensamentos negativos, os quais geram sentimentos, também negativos, que geram atitudes semelhantes aos dois primeiros e consequências, que cada vez mais, afundam-no num emaranhado de perdas, enganos e negação da realidade. Todos esses desajustes trazem prejuízos tanto para o ser individual quanto para o meio ao qual está inserido, a sociedade da qual participa; desencadeando doenças como o estresse, a depressão, síndrome do pânico entre outras. Para que haja um verdadeiro libertar da alma humana, a cura interior se faz necessária e acontece por meio da verdade proposta pelos ensinamentos de Jesus, estes proporcionam o viver em plenitude.

    PALAVRAS-CHAVE: Verdade; Liberdade; Prisão Interior; Pecado; Vida Plena.

    1.1 INTRODUÇÃO

    As diretrizes que motivam esta pesquisa são o estudo

    dos processos de libertação da alma do ser humano através da verdade ensinada por Jesus. Procura-se neste estudo identificar os principais mecanismos que aprisionam a alma do ser humano, bem como fazer uma demonstração de como esses mecanismos mascaram a personalidade e impedem a libertação, cujo alcance se dá através de um confronto com a

  • A verdade liberta 13

    verdade proposta pelos ensinamentos de Jesus e a busca da cura interior visando a plenitude da vida.

    Para tanto se levanta uma problematização em busca de respostas a indagações como: a história e experiências de vida do ser humano podem gerar conflitos interiores; os conflitos interiores podem aprisionar a alma do ser humano; as escolhas do ser humano, feitas durante a sua vida, podem aprisioná-lo; o confronto com a verdade pode expor os conflitos internos do ser humano; a verdade pode libertar o ser humano das prisões interiores?

    Para uma melhor compreensão desta pesquisa ela foi dividida em capítulos.

    No capítulo primeiro apresenta-se como o ser humano é formado, o que compõe sua estrutura, para um melhor entendimento do ser humano como um todo e identificação das áreas do corpo que precisam de cura.

    No capítulo segundo, o ressentimento e a amargura, sentimentos que aprisionam o ser humano impedindo-o de alcançar a liberdade e o processo de cura interior na busca e vivência da verdade de Jesus, que leva à libertação e alcance da vida em plenitude.

    O terceiro capítulo apresenta o livre arbítrio que o ser humano tem em relação a sua vida, o engano, a verdade e como esses mecanismos impedem a libertação e a influência dos primeiros seres humanos (Adão e Eva) no desfazer da harmonia do corpo.

    A metodologia utilizada foi essencialmente instrumental, bibliográfica, tendo como fontes livros, revistas e artigos divulgados pela Internet.

    Um dos maiores problemas que o ser humano enfrenta em nossos dias são as enfermidades da alma, as quais podem afetar a sua vida em todos os aspectos, tanto na área familiar, como na área relacional e também na profissional.

    Esses conflitos levam o ser humano a viver uma vida de engano, de mentiras, de superficialidade e de fugas, que o

  • 14 Conhecimento e verdade

    impedem de encarar e enfrentar a verdade sobre seus problemas emocionais e a libertação dos mesmos.

    As perdas provocadas por esses desajustes não trazem apenas um prejuízo para o indivíduo, mas também provocam um prejuízo social, pois todo ser humano está inserido em um contexto social, e sendo assim, influenciará todos que vivem ao seu redor.

    O stress, a depressão, a síndrome do pânico geradores de outras enfermidades emocionais são apresentadas como as doenças do século XXI, e alcançaram um índice alarmante em nossos dias.

    A consequência relevante destas e outras enfermidades, ocasionadas por ressentimentos e amarguras é que o ser humano fica aprisionado e não alcança a sua libertação necessitando de cura interior.

    Assim esta pesquisa buscou analisar os mecanismos que possam auxiliar na libertação da alma através da cura interior, por meio da verdade proposta pelos ensinamentos de Jesus, para que o ser humano possa viver livre e usufruir de uma vida em plenitude, podendo assim beneficiar a sua família, a sociedade e a si mesmo.

    1.2 A ESTRUTURA DO SER HUMANO

    1.2.1 Corpo, Alma e Espírito

    Segundo a Bíblia, Deus criou o ser humano a sua

    imagem e semelhança, com corpo, alma e espírito para que ele tivesse um relacionamento íntimo e direto com Deus,

    E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra. E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus

  • A verdade liberta 15

    o criou; homem e mulher os criou. (Gênesis 1: 26- 27)

    Portanto, todo ser humano é formado por corpo,

    alma e espírito. Ele é um ser tripartido, E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso SENHOR Jesus Cristo. (Tessalonicenses 5:23)

    Ter conhecimento dessa estrutura possibilita uma

    identificação de áreas que precisam de cura. O corpo é diferente da alma e a alma é diferente do

    espírito. Sendo assim, o ser humano é um espírito que tem uma alma que habita em um corpo.

    Através da alma o ser humano tem consciência acerca de si mesmo. Ela está ligada ao mundo espiritual através do espírito e ao mundo material através do corpo.

    O espírito humano é um ponto de contato com Deus. É através do espírito que o ser humano tem

    consciência de Deus, percebe a existência do mesmo e também possibilita um relacionamento com Ele.

    Assim, através dessa relação, o espírito do ser humano governa sua alma, que por sua vez governa o seu corpo.

    A alma é tudo que o ser humano é. Ela faz a ligação entre o espírito e o corpo. Ela é composta pela mente, pela vontade e pela emoção.

    A mente é a sede da alma, e nela estão os pensamentos, os raciocínios, a memória, o intelecto.

    A vontade é o instrumento para fazer as escolhas e tomar as decisões. A emoção é a expressão dos sentimentos.

    O corpo é a forma visível do ser humano e através dele o ser humano se relaciona com o mundo exterior, por meio dos cinco sentidos: a visão, a audição, o olfato, o tato e a fala.

  • 16 Conhecimento e verdade

    Na mente estão os registros, as memórias, as

    lembranças de todos os fatos que aconteceram na vida do ser humano.

    Esse memorial mental de fatos bons ou ruins vai determinar o modo de viver do ser humano, gerando sentimentos, afetando as vontades e provocando reações emocionais que podem afetar o corpo de forma benéfica ou maléfica.

    1.2.2 Harmonia quebrada

    Ao estudar a estrutura do homem observa-se que

    Deus criou o homem a sua imagem e semelhança. O criou para ter comunhão com Ele determinando:

    E ordenou o SENHOR Deus ao homem, dizendo: De toda a árvore do jardim comerás livremente, Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás. (Gênesis 2:16-17)

    Adão, antes da queda era um homem perfeito e usava

    todo o seu potencial da alma era governado pelo espírito, ou seja, criado a semelhança de Deus tinha comunhão com Ele em espírito, o qual governava sua alma, que por sua vez governava o corpo.

    Após a queda, o espírito do homem morreu para Deus e o homem perdeu a comunhão com Ele. O homem passou a ser governado, não mais por seu espírito, mas pela sua alma. Observa-se a queda segundo a bíblia quando,

    [...] viu a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento; tomou do seu fruto, e comeu, e deu também a seu marido, e ele comeu com ela. Então foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus; e coseram

  • A verdade liberta 17

    folhas de figueira, e fizeram para si aventais. E ouviram a voz do SENHOR Deus, que passeava no jardim pela viração do dia; e esconderam-se Adão e sua mulher da presença do SENHOR Deus, entre as árvores do jardim. E chamou o SENHOR Deus a Adão, e disse-lhe: Onde estás? E ele disse: Ouvi a tua voz soar no jardim, e temi, porque estava nu, e escondi-me. E Deus disse: Quem te mostrou que estavas nu? Comeste tu da árvore de que te ordenei que não comesses? Então disse Adão: A mulher que me deste por companheira, ela me deu da árvore, e comi. E disse o SENHOR Deus à mulher: Por que fizeste isto? E disse a mulher: A serpente me enganou, e eu comi. Então o SENHOR Deus disse à serpente: Porquanto fizeste isto, maldita serás mais que toda a fera, e mais que todos os animais do campo; sobre o teu ventre andarás, e pó comerás todos os dias da tua vida. E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar. E à mulher disse: Multiplicarei grandemente a tua dor, e a tua conceição; com dor darás à luz filhos; e o teu desejo será para o teu marido, e ele te dominará. E a Adão disse: Porquanto deste ouvidos à voz de tua mulher, e comeste da árvore de que te ordenei, dizendo: Não comerás dela, maldita é a terra por causa de ti; com dor comerás dela todos os dias da tua vida. Espinhos, e cardos também, te produzirá; e comerás a erva do campo. No suor do teu rosto comerás o teu pão, até que te tornes à terra; porque dela foste tomado; porquanto és pó e em pó te tornarás. E chamou Adão o nome de sua mulher Eva; porquanto era a mãe de todos os viventes. E fez o SENHOR Deus a Adão e à sua mulher túnicas de peles, e os vestiu. Então disse o SENHOR Deus: Eis que o homem é como um de nós, sabendo o bem e o mal; ora, para que não

  • 18 Conhecimento e verdade

    estenda a sua mão, e tome também da árvore da vida, e coma e viva eternamente, O SENHOR Deus, pois, o lançou fora do jardim do Éden, para lavrar a terra de que fora tomado. (Gênesis 1:6-23)

    É então que o homem com a morte do seu espírito

    (para Deus) e tendo o governo estabelecido por sua alma, passa a ter uma natureza, não mais divina, mas pecaminosa.

    No entanto, Deus, com sua infinita misericórdia, envia o Seu Espírito para que habite nele, conforme 1 Coríntios 3:16 “ Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?”

    Assim o homem volta a ter comunhão com Deus como no princípio, mas as consequências dos pecados, devido a sua queda e natureza pecaminosa permanecem.

    Será necessário que o homem reavalie sua existência, objetivos, sonhos, projetos de vida e, em especial, sua alma, para que saiba como chegar à verdade, uma Verdade que Liberta.

    1.3 SENTIMENTOS QUE APRISIONAM

    1.3.1 O ressentimento

    Para alcançar a verdade e libertar-se, faz-se necessário

    que as pessoas conheçam-se estruturalmente, como visto no primeiro capítulo, e também emocionalmente, uma vez que só se pode curar uma alma, quando se conhece a causa da sua dor ou doença.

    O ressentimento é o primeiro vilão que denuncia que há algo de errado. Nele há uma indisposição em perdoar.

    Normalmente não se admite que se esteja ressentido, porém ao se tocar no nome de uma determinada pessoa ou mesmo situação, sente-se algo ruim brotando internamente. Há uma tendência a justificar-se, dizendo que não há nada

  • A verdade liberta 19

    contra, no entanto a pessoa não deseja, nem tem relacionamento com a pessoa citada.

    O ressentimento produz a amargura no indivíduo, e esta provoca problemas nervosos, conforme Hebreus 12:15,

    tendo cuidado de que ninguém se prive da graça de Deus, e de que nenhuma raiz de amargura, brotando, vos perturbe, e por ela muitos se contaminem. (Hebreus 12:15)

    Insônia, dores de cabeça, esgotamento, artrite,

    palpitações, úlceras, pressão alta, etc. são alguns dos malefícios desencadeados pela amargura.

    As doenças são o primeiro estágio, seguido pelo ódio e em seguida o desejo de vingança.

    Um ser humano tratado injustamente, agredido, ofendido, desprezado, insultado, ignorado, envergonhado, humilhado, maltratado, caluniado, etc. é ferido interiormente. Essa ferida provoca dor. Isto ocorre também com filhos ressentidos com os pais ou esposas com maridos, por maus tratos, abandono, egoísmo, desconsideração, etc. Tudo isso fere internamente e causa ressentimento.

    O ressentimento coloca a pessoa ressentida em igualdade com o ofensor e impede Deus agir.

    Com o passar do tempo leva-os a desenvolver o sentimento de ódio.

    O ódio abre uma brecha para um espírito de cobiça se alojar na pessoa, levando-a a fazer aquilo que é a causa da sua mágoa.

    Para que haja a quebra desse domínio o perdão faz-se necessário.

    Geralmente todo esse processo inicia-se na infância com as crianças inocentes, às vezes, antes mesmo do nascimento, no ventre materno.

    As crianças podem ser afetadas através de pais cruéis, abusos físicos sexuais, castigos desumanos. As feridas

  • 20 Conhecimento e verdade

    desencadeadas, se não forem tratadas, degeneram-se em mágoas.

    Por causa dessas feridas, há um aprisionamento do ser através da mágoa. Aquele que aceita as feridas, torna-se prisioneiro.

    Se há mágoa com alguém, torna-se seu escravo. Carrega-se atrelado a mente esse sentimento o tempo

    todo: vai para cama – dorme – anda com ele – não se aparta em momento algum, e por isso se é atormentado por um companheiro indesejado.

    A total prisão é a incapacidade de amar e ser amado. Hoje, há muitos lares destruídos porque duas pessoas

    feridas e magoadas resolvem se casar, entretanto nenhuma delas tem a capacidade de amar. Estes relacionamentos são destruídos a partir de carências emocionais, de feridas e mágoas acumuladas por causa de experiências passadas.

    1.3.2 A Amargura

    A amargura é resultado de feridas emocionais

    provenientes de feridas de quem se espera o amor, aconchego, compreensão, conforto e carinho. Isto é o que muito prejudica e estraçalha profundamente as almas dos homens.

    A amargura envenena todo o sistema da pessoa, contamina não só sua vítima, mas também os que a cercam. Esse sentimento de mal-estar produzido pela ferida, ressentimento e mágoa, dá lugar à quebra de comunhão e de relacionamentos.

    As feridas produzem mágoas e estas, por sua vez, desencadeiam a amargura e problemas vários, que se agravam cada vez mais.

    Ela é o terreno propício para toda sorte do mal. Pode provocar a separação e o ódio entre as pessoas.

    Tem-se que tratar das feridas, antes que se forme uma raiz de amargura. Se há permissão para que a amargura e o

  • A verdade liberta 21

    ódio dominem, se recebe a ferida e a alimenta com a mágoa, a amargura virá.

    A amargura é como raiz que vai se aprofundando, crescendo produzindo seu fruto e afetando todo o estado de alma, com perturbação e contaminação dos que estão à volta.

    No coração amargurado a alma está cheia de ódio, de falta de perdão e, nesta hora, o homem sucumbe. Pode, até mesmo, chegar a uma situação de desolação total.

    É ela, também, responsável pela construção de paredes de isolamento.

    O medo de que as feridas internas e fraquezas sejam reveladas, também está por trás do isolamento. A solidão é uma outra forma de isolamento.

    O remédio não é buscar alguém em quem descarregar as mágoas, mas ir a Jesus para sarar as feridas.

    O amargurado, por outro lado, se isola, por medo de ser mais ferido.

    O indivíduo amargurado torna-se agressivo, fechado, calado, intolerável.

    A amargura leva ao choque com os familiares e os amigos do amargurado porque estes, com medo de dialogar, procuram evitá-lo, podendo resultar em separação de casais, pais, filhos e amigos.

    No entanto, faz-se necessário frisar que a amargura só tem lugar onde faltou o perdão, viver nela é viver sem perdão, trazendo dessa forma, terríveis consequências que reagem em cadeia: a falta de perdão gera a ferida e, consequentemente esta produzirá a amargura, que por sua vez levará à acusação. A acusação se transforma em ódio. Por tudo isso o perdão se faz necessário, imprescindível.

    Quando se perdoa alguém, coloca-se na posição em que o perdão de Deus será liberado. Quem perdoa, é perdoado.

    Jesus é taxativo ao declarar:

  • 22 Conhecimento e verdade

    Porque se perdoardes aos homens as suas ofensas, também seu Pai Celeste vos perdoará a vós; se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, tão pouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas. (Mt 6. 14,15)

    Em Marcos, 11: 23-26, tem-se o ensino da autoridade

    e fé para remover montanhas; o poder da oração de fé em operação, pelo uso da Palavra.

    Mas tudo isso está na dependência de um coração que perdoa.

    Jesus é categórico ao dizer: Quando estiverdes orando perdoai se tendes alguma coisa contar alguém, para que também vosso Pai que está no Céu, vos perdoe as vossas ofensas. Mas se vós não perdoardes, também vosso pai que está no Céu, Não perdoará as vossas ofensas. (Mc 11:25,26)

    O pecado não perdoado faz do homem um

    prisioneiro. O perdão do homem libera o perdão de Deus para os

    outros. Quando se entende o bem que o perdão faz não somente a quem perdoa, como também ao ofensor, jamais se conservará alguém retido, pela falta de perdão.

    Há uma verdade expressa por Jesus em Mateus 18:18, quando declara que o que se liga na Terra, é ligado no céu, e o que se desliga na Terra, é desligado no Céu.

    Isso implica que a atitude na Terra tem influência no reino do espírito. O perdão a alguém abre o caminho não só para as bênçãos fluírem sobre a vida de quem perdoa, mas igualmente a vida do ofensor.

    Quando alguém transgride, torna-se culpado. Se o ofendido libera o ofensor, no reino do espírito ele é liberado para receber as bênçãos de Deus, incluindo o seu perdão.

    O perdão libera a cura de Deus. Existem muitas enfermidades provenientes da falta de perdão. Vimos como a

  • A verdade liberta 23

    mágoa, que é a falta de perdão, envenena todo sistema orgânico e provoca muitos tipos de doenças. Para as enfermidades assim produzidas, só há um meio de cura: o perdão. Esse perdão deverá ser tríplice. Como as mágoas podem ser contra si mesmo, contra outros e contra Deus, assim deverá ser o perdão. Aonde ela chegou deve entrar o perdão para expeli-la.

    Às vezes a pessoa precisa perdoar a si mesma. Não importam quem seja o alvo da falta de perdão, os efeitos são iguais.

    A mente é atormentada por causa de acusações, pecados passados, transgressões. As faltas são confessadas, mas o espírito acusador está presente e a pessoa sucumbe à culpa, sem aceitar o perdão de Deus para si próprio.

    Não se pode esquecer que qualquer que seja o pecado, o ofensor “onde abundou o pecado, superabundou à graça” (Rm 5:20). Deus cobrirá a multidão dos seus pecados. Pode-se chegar diante de Deus e confessá-los, pois o perdão de Deus é uma provisão:

    Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de todas as injustiças. (1 Jo 1: 9)

    E se Deus o perdoa a pessoa também deve se perdoar,

    porque não é maior do que Ele: Eu, eu mesmo, sou o que apago as suas transgressões por amor de mim, e dos teus pecados não me lembro mais. (Is. 43:25)

    Também a amargura provoca a quebra

    nos relacionamentos. Os relacionamentos, quebrados entre irmãos,

    trazem cegueira espiritual. Não andar em comunhão é andar

  • 24 Conhecimento e verdade

    em trevas, o que provoca sérias consequências.

    A cegueira impede de agir com sabedoria e ao andar em trevas, não se sabe como agir. Não haverá suficiente luz para analisar a situação, e se agirá por impulsos do momento ou se fará julgamentos precipitados sem a luz da Palavra.

    Essa cegueira vai impedir de ver-se a si mesmo pelos olhos da Palavra, ou como de fato se é.

    A pessoa em trevas se torna o centro de sua própria vida. A autocomiseração toma conta dela, levando-a a exigir dos outros toda a atenção para si. Vive remoendo mágoas e fazendo confissões negativas.

    Vê-se apenas como injustiçada, coitadinha, machucada, desprezada, enfim, enfim, uma vítima.

    A cegueira impede, ainda, de ver os outros como eles realmente são. Por pior que uma pessoa seja, sempre se encontra algo de bom nela.

    A insensibilidade para com os demais é outro grave sintoma dos relacionamentos quebrados.

    A vida se torna egocêntrica. Gira em torno de si mesma. Os demais são excluídos.

    Isso resulta numa indiferença para com as necessidades dos outros

    Quem vive voltado para dentro de si, revivendo suas mágoas e problemas, fica alheio ao que se passa ao seu redor, em indiferença total. E essa atitude egoísta chega até a provocar morte.

    A amargura também torna as pessoas culpadas. Onde existe a culpa, há mágoa de si mesmo e surgem

    sentimentos como a autocompaixão, a vergonha, a autodepreciação, o sentimento de inferioridade e o ódio, o qual pode levar ao suicídio.

    Quando há mágoa dos outros surgem o ressentimento, a amargura, a raiva, o sentimento de vingança e ódio, que pode levar ao assassinato.

    E quando há mágoa de Deus surgem as dúvidas, os

  • A verdade liberta 25

    questionamentos, a incredulidade, a rebelião – sempre que se duvida de Deus se está em rebelião contra Ele e a Sua Palavra.

    Os conflitos, que são gerados pela amargura, podem criar enfermidades físicas, tais como nervosismo, dores de cabeça, um esgotamento, úlceras artrites, pressão alta, palpitações, taquicardias, doenças de pele, disfunções hormonais, cânceres e demais doenças degenerativas.

    As doenças espirituais, emocionais, físicas e mentais, frequentemente, podem ser o resultado direto da amargura. Ela é a raiz de muitas dessas doenças.

    As pessoas amarguradas apresentam características sentimentais como o pessimismo, sempre vendo o aspecto negativo da vida; geralmente são muito críticas; facilmente sensibilizam-se com o que dizem a seu respeito; sentem que os outros a discriminam; espalham amargura e tristeza a seu redor.

    O crescimento emocional é interrompido por ocasião dessas feridas, e só é retomado quando a cura ocorre, caso contrário a pessoa permanece imatura no aspecto emocional.

    Na imaturidade emocional, a pessoa age como criança e não como adulto, pois a personalidade não amadurece com o corpo.

    A maturidade emocional é distinta da física. Para que ela ocorra, há que acontecer a cura e libertação de todas as feridas e mágoas.

    A verdadeira libertação do indivíduo se dá quando ele se recupera da raiz de amargura.

    Assim, aprende a reconhecer e a superar as consequências de ressentimentos e começa, então, a acreditar na sinceridade dos outros. Consegue se aceitar e a agradecer o que dizem. Ganha a habilidade de ser grato e desfrutar da vida.

    À medida que se recupera da amargura e do ressentimento, começa-se a redescobrir a verdadeira alegria, não ficar tão facilmente ferido, gostar da vida, não

  • 26 Conhecimento e verdade

    ferir os outros e ter mais amigos.

    1.3.3 Cura interior

    O homem conhece a Deus, a Jesus e a Sua verdade

    para alcançar sua libertação. No entanto, alguns procedimentos se fazem

    necessários para que essa libertação se efetive em sua vida: ele precisa de cura interior.

    A cura interior é o processo pelo qual, por meio da oração, numa dinâmica espiritual, se é liberto de ressentimentos, sentimento de rejeição, tristeza, culpa, medo, ódio, complexo de inferioridade, etc.

    É a cura do homem interior: da mente, emoções, lembranças desagradáveis e sonhos.

    Deus diz para se viver diferentemente de como vivem as pessoas deste mundo:

    E não vos conformeis a este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus. (Romanos 12:2)

    Infelizmente há inúmeras pessoas hoje que não

    possuem paz. Estão emocionalmente enfermas. Jesus disse:

    Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; eu não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem

    se atemorize. (Jo 14:27)

    Todos que conhecem a Palavra de Deus, a Verdade de Jesus, ainda têm pela frente dois processos importantes: precisam dominar o corpo e renovar a mente, a alma (a alma é composta de: sentimento, vontade, pensamento, consciência, como visto anteriormente).

  • A verdade liberta 27

    Mesmo que alguém ache que não tem feridas e que

    por isso, não necessita de cura interior, ao se deparar com a ordem “...deixem que Deus os transforme por meio de uma completa mudança da mente de vocês”, é forçado a entender, através da Palavra de Deus, que precisa de renovação. Conforme a Bíblia: “Quem está unido com Cristo é uma nova pessoa; acabou-se o que era velho, e já chegou o que é novo” (2 Cor 5:17).

    Neste processo apenas o espírito é que nasceu de novo. Mas o corpo e a alma, não nasceram de novo.

    Tudo neles ainda é velho. Assim o que fazer ao corpo e à alma? A Bíblia diz quanto ao corpo, que ele deve ser

    dominado, controlado: Eu trato o meu corpo duramente e o obrigo a ser completamente controlado. Antes subjugo o meu corpo, e o reduzo à submissão, para que, depois de pregar a outros, eu mesmo não venha a ficar reprovado. (1Co 9.27)

    Isso é exercer domínio próprio. Mas e quanto à alma? Segundo a Bíblia ela precisa ser renovada: Não vivam como vivem as pessoas deste mundo, mas deixem que Deus os transforme por meio de uma completa mudança da mente de vocês. (Rm 12:2)

    Ao lembrar-se de um fato como rejeição ou abandono

    e se sente dor, é porque a ferida ainda não cicatrizou. Essa dor ocorre na alma e se apresenta de diversas formas: nojo, raiva, angústia, medo, vergonha.

    Há casos de a alma estar ferida, porém a pessoa não sente, conscientemente, qualquer dor.

    Nestes casos pela alma estar ferida a pessoa pode apresentar comportamentos pouco sadios.

  • 28 Conhecimento e verdade

    Pode não sentir raiva do irmão que era preferido da

    mãe, mas não tem assunto com ele, cria-se uma barreira. Pode também não sentir nojo ou revolta ao lembrar-

    se de como foi molestada sexualmente, mas não consegue manter um relacionamento afetivo firme.

    Outros sintomas de feridas de alma são os seguintes: viver ameaçando; jamais admitir os próprios erros; sentir prazer na desgraça do outro; não ter aspirações, sonhos; ser ciumento; ser triste; ser risonho demais; gastar o que não tem; ter dificuldade para dizer não; ter timidez paralisante; masturbar-se compulsivamente.

    Há situações que ferem emocionalmente. A família é a base do ser humano, se foi

    desestruturada, consequentemente, aquele que conhece a Verdade de Jesus, também pode ter sido desestruturado.

    A Bíblia mostra homens e mulheres que tinham feridas na alma e que precisaram ser curados por Deus.

    Moisés tinha dificuldade na fala (língua presa, gagueira, não se sabe) por conta disso, se achava incapaz de falar ao Faraó do Egito:

    Moisés, porém, respondeu perante o Senhor, dizendo: Eis que os filhos de Israel não me têm ouvido: como, pois, me ouvirá Faraó a mim, que sou incircunciso de lábios? (Ex. 6:12)

    No dia em que o Senhor falou a Moisés na terra do Egito, disse o Senhor a Moisés: Eu sou Jeová; dize a Faraó, rei do Egito, tudo quanto eu te digo. Respondeu Moisés perante o Senhor: Eis que eu sou incircunciso de lábios; como, pois, me ouvirá Faraó. (Ex.6:28-30)

    Elias foi um poderoso profeta, entretanto se sentiu

    inferiorizado e incapaz de enfrentar Jezabel. Entrou em depressão, queria morrer:

  • A verdade liberta 29

    Jezabel ameaça Elias Ora, Acabe fez saber a Jezabel tudo quanto Elias havia feito, e como matara à espada todos os profetas. Então Jezabel mandou um mensageiro a Elias, a dizer-lhe: Assim me façam os deuses, e outro tanto, se até amanhã a estas horas eu não fizer a tua vida como a de um deles. Quando ele viu isto, levantou-se e, para escapar com vida, se foi. E chegando a Berseba, que pertence a Judá, deixou ali o seu moço. Ele, porém, entrou pelo deserto caminho de um dia, e foi sentar-se debaixo de um zimbro; e pediu para si a morte, dizendo: Já basta, ó Senhor; toma agora a minha vida, pois não sou melhor do que meus pais. E deitando-se debaixo do zimbro, dormiu; e eis que um anjo o tocou, e lhe disse: Levanta-te e come. Ele olhou, e eis que à sua cabeceira estava um pão cozido sobre as brasas, e uma botija de água. Tendo comido e bebido, tornou a deitar-se. O anjo do Senhor veio segunda vez, tocou-o, e lhe disse: Levanta-te e come, porque demasiado longa te será a viagem. Elias no monte de Horebe Levantou-se, pois, e comeu e bebeu; e com a força desse alimento caminhou quarenta dias e quarenta noites até Horebe, o monte de Deus. Ali entrou numa caverna, onde passou a noite. E eis que lhe veio a palavra do Senhor, dizendo: Que fazes aqui, Elias? Respondeu ele: Tenho sido muito zeloso pelo Senhor Deus dos exércitos; porque os filhos de Israel deixaram o teu pacto, derrubaram os teus altares, e mataram os teus profetas à espada; e eu, somente eu, fiquei, e buscam a minha vida para ma tirarem. (I Reis 19:1 – 10)

  • 30 Conhecimento e verdade

    Mirian, irmã de Moisés, sentia-se inferior a Moisés e

    quis se exaltar, afirmando que era usada por Deus. Ficou leprosa:

    Ora, falaram Miriã e Arão contra Moisés ,por causa da mulher cuchita que este tomara; porquanto tinha tomado uma mulher cuchita. E disseram: Porventura falou o Senhor somente por Moisés? Não falou também por nós? E o Senhor o ouviu. Ora, Moisés era homem mui manso, mais do que todos os homens que havia sobre a terra. E logo o Senhor disse a Moisés, a Arão e a Miriã: Saí vos três à tenda da revelação. E saíram eles três. Então o Senhor desceu em uma coluna de nuvem, e se pôs à porta da tenda; depois chamou a Arão e a Miriã, e os dois acudiram. Então disse: Ouvi agora as minhas palavras: se entre vós houver profeta, eu, o Senhor, a ele me farei conhecer em visão, em sonhos falarei com ele. Mas não é assim com o meu servo Moisés, que é fiel em toda a minha casa; boca a boca falo com ele, claramente e não em enigmas; pois ele contempla a forma do Senhor. Por que, pois, não temestes falar contra o meu servo, contra Moisés? Assim se acendeu a ira do Senhor contra eles; e ele se retirou; também a nuvem se retirou de sobre a tenda; e eis que Miriã se tornara leprosa, branca como a neve; e olhou Arão para Miriã e eis que estava leprosa. Pelo que Arão disse a Moisés: Ah, meu senhor! rogo-te não ponhas sobre nós este pecado, porque procedemos loucamente, e pecamos. Não seja ela como um morto que, ao sair do ventre de sua mãe, tenha a sua carne já meio consumida. Clamou, pois, Moisés ao Senhor, dizendo: Ó Deus, rogo-te que a cures. Respondeu o Senhor a Moisés: Se seu pai lhe tivesse cuspido na cara não seria envergonhada por sete dias?

  • A verdade liberta 31

    Esteja fechada por sete dias fora do arraial, e depois se recolherá outra vez. Assim Miriã esteve fechada fora do arraial por sete dias; e o povo não partiu, enquanto Miriã não se recolheu de novo. (Num. 12:1 – 15) Há muitas portas que, sendo abertas, geram feridas

    emocionais. É o caso da rejeição – sentimento de desamor, que

    não se é amado, aceito ou bem-vindo. A pessoa rejeitada sempre interpreta mal as atitudes

    das outras pessoas, sempre tendo a sensação de desprezo. Há também o sentimento de rejeição que é auto-

    imposto, isto é, a própria pessoa se impõe, seja por uma deficiência física; ou magreza excessiva; ou obesidade; ou seios muito grandes; ou cravos e espinhas em excesso; ou até mesmo por doenças constantes.

    Algumas pessoas carregam feridas de alma em virtude de culpa.

    Culpa por ter abortado ou pago o aborto para alguém; culpa pela morte de alguém; culpa por espancar filhos ou irmãos; culpa por ter roubado, enganado; culpa por ter abusado sexualmente de alguém; culpa por não ser mais virgem.

    Por tudo isso é que a pessoa talvez seja insegura, medrosa, birrenta, rancorosa, magoada, tímida, assustada ou solitária.

    Porém, deve se considerar o poder de Jesus, Ele é o maior dos médicos – médicos e enfermeiros tratam dos doentes, mas é Jesus quem os cura.

    E em assuntos de alma, Jesus é especialista. Ele deseja sarar todas as tristezas e mágoas.

    Cura interior é isso: é deixar que Jesus faça Sua luz brilhar em todos os recantos escuros da alma, espaço abundante de mágoas e lembranças dolorosas.

  • 32 Conhecimento e verdade

    A alma humana pode estar contaminada, com muitas

    coisas impuras. No entanto a Palavra de Deus diz:

    “Meus irmãos e minhas irmãs, encham a mente de vocês com tudo o que é bom e merece elogios, isto é, tudo o que é verdadeiro, digno, correto, puro, agradável e decente” (Filipenses 4:8).

    Além da memória, é necessário que se limpe,

    espiritualmente, os pensamentos que se tem. Uma vez que há pensamentos imundos, contaminados.

    Na área da baixa estima, como exemplos: esta é a cruz que eu carrego; nasci para ser infeliz; sou um caso perdido.

    Pode-se não compreender completamente, mas a Providência de Deus está de tal modo combinada com a liberdade humana, que não admite fatalismo.

    Ela precisa estar ligada à Sua justiça, poder e benevolência.

    Esta certeza é extraída das Escrituras:

    Sabemos que Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que O amam, dos que foram chamados de acordo com o Seu propósito. (Romanos 8:28)

    1.4 O HOMEM FAZ SUA ESCOLHA

    1.4.1 O livre arbítrio

    O ser humano tem a liberdade de escolha, os

    caminhos da vida são feitos de decisões e escolhas. Assim, o que cada um é hoje, é consequência destas escolhas e das ações adotadas para efetivá-las, sendo que algumas são

  • A verdade liberta 33

    essenciais e importam decisões sobre a religião ou o papel social, outras são operacionais, como a roupa que se veste para ir trabalhar.

    A todo momento, queira-se ou não, consciente ou inconsciente, por ação ou omissão, mas sempre se faz escolhas, decidindo entre a verdade e o engano. Tudo isso está relacionado ao livre-arbítrio.

    Livre arbítrio é o poder que cada indivíduo tem de escolher suas ações, que caminho que seguir. A expressão é utilizada por diversas religiões, como o catolicismo, espíritas, budistas, etc., e cada uma explica seu ponto de vista em relação liberdade de escolha.

    O real significado de livre arbítrio tem sentidos religiosos, psicológicos, morais e científicos. A noção do livre arbítrio foi objeto de muitos debates durante a idade média e durante os séculos XVI e XVII, especialmente porque implicava o problema da compatibilidade entre a onipotência divina e a liberdade humana.

    Santo Agostinho tinha apresentado que a dependência em que se encontram o ser e a obra do homem a Deus não significa que o pecado seja obra de Deus. E para responder indagações internas acerca do bem e do mal, escreveu vasta obra sobre o livre arbítrio.

    Quando indagado se Deus seria o criador do mal, já que tudo o que existe foi criado por Deus – e já que o mal existe, Agostinho, com sua lógica, faz então a diferença entre os dois conceitos de mal: o Malum Culpae e o Malum Poena.

    O Malum Culpae seria o mal praticado, por livre vontade e própria culpa, afastam-se do sumo Bem, “adorando e servindo às criaturas em lugar do criador”, deixando-se seduzir pelas paixões.

    O Malum Poena é a consequência do Malum Culpae, determinado para aqueles que se afastam do Bem e naturalmente se aproximam do Mal, privando-se da presença da Verdade.

    http://www.filoinfo.bem-vindo.net/filosofia/modules/lexico/entry.php?entryID=3563http://www.filoinfo.bem-vindo.net/filosofia/modules/lexico/entry.php?entryID=755http://www.filoinfo.bem-vindo.net/filosofia/modules/lexico/entry.php?entryID=1012http://www.filoinfo.bem-vindo.net/filosofia/modules/lexico/entry.php?entryID=3548http://www.filoinfo.bem-vindo.net/filosofia/modules/lexico/entry.php?entryID=1164http://www.filoinfo.bem-vindo.net/filosofia/modules/lexico/entry.php?entryID=600http://www.filoinfo.bem-vindo.net/filosofia/modules/lexico/entry.php?entryID=890http://www.filoinfo.bem-vindo.net/filosofia/modules/lexico/entry.php?entryID=4310

  • 34 Conhecimento e verdade

    Agostinho sintetiza essas ações como a causa dos

    males praticados como o livre arbítrio e a causa dos males sofridos, julgamento divino. Contudo, esclarece que o objetivo de Deus ao permitir o sofrimento é unicamente restabelecer a ordem:

    Mas Deus não pratica o mal, pois tu sabes [por demonstração racional], ou acreditas [por assentimento testemunhal] que Ele é bom, nem o contrário se pode admitir. Por outro lado, visto professarmos que Deus é justo, pois negá-lo é também sacrilégio, Ele assim como confere prêmios aos bons, assim inflige castigos aos maus, e tais castigos são evidentemente males para os que os sofrem. Deste modo, se ninguém é injustamente punido – o que temos de acreditar, pois acreditamos que o Universo é regido pela providência divina – Deus é o autor deste segundo gênero de males; do primeiro porém que se referiu, não o é de modo nenhum. (AGOSTINHO, De Libero, I)

    Segundo Agostinho, quando Deus castiga aqueles que

    praticaram o Mal, não é bem aceito, pois esses não se dão conta de que serem corrigidos por Deus é um bem. Diz ainda que o mal é um desejo culposo, a concupiscência) e que Deus seria o responsável por ter dado ao homem a capacidade de escolher entre o bem e o mal. Portanto, Agostinho concluiu que o homem precisa ter força interna para não aderir ao Mal, afinal ele é livre. Sintetizando estes passos, diz:

    de modo nenhum pode estar privado de virtude o ser, qualquer que ele seja, a que é possível estar acima da mente exornada de virtude. Por tal razão, nem mesmo esse ser, embora tenha capacidade, constrangerá a mente a escravizar-se à iniância (...) Segue-se, portanto, que nenhuma outra realidade torna a mente escrava da iniância, senão a própria vontade e livre arbítrio. (De Liberi Arbitro I)

  • A verdade liberta 35

    Destaca-se também uma sutil diferença entre

    vontade/liberdade e livre arbítrio, enquanto o livre arbítrio seria a capacidade de escolha que está presente no homem e a liberdade a eficácia que essa escolha alcança ao aderir à verdade. Portanto, a liberdade, caracteriza-se pela capacidade do homem em escolher o bem e evitar o mal e a liberdade do homem se realiza plenamente quando este adere, por livre vontade, ao bem, afastando-se do mal; quando se distancia da ausência e acolhe o Ser.

    Segundo os ensinamentos de Agostinho a vontade do homem se sobrepõe aos eventos da natureza, mas nada pode ser contrário a vontade de Deus, sob a pena de recebimentos de severos castigos.

    Em um outro trecho do livro I, diz Agostinho:

    Nada é tão árduo e difícil que se torne, com a ajuda de Deus, inteiramente claro e simples. Com o espírito levantado para Ele, e implorando o seu auxílio,

    investiguemos o que nos havíamos fixado. (De Libero Arbitrio I, 35-36) Dessa forma, demonstra que é necessário alcançar a

    Verdade, por meio do livre arbítrio que deve estar alinhado ao auxílio divino com o objetivo de se encontrar a graça.

    O Bispo de Hipona diz que o homem tem liberdade para fazer o bem e que não é coagido a cometer o mal por nenhuma necessidade, o qual é o culpado por seus pecados, não podendo em hipótese alguma ser essa responsabilidade por ser imputada a outrem.

    Agostinho, entende que quem se serve das coisas de modo ordenado as tornam melhores, possuindo-as e governando-as quando necessário, mesmo estando prontos a perdê-las, conforme João:

    17 - Porque a lei foi dada por Moisés; a graça e a verdade

  • 36 Conhecimento e verdade

    vieram por Jesus Cristo. 18 - Deus nunca foi visto por alguém. O Filho unigênito, que está no seio do Pai, esse o revelou. (João 1:17-18)

    1.4.2 O engano

    No livro de Gênesis, capítulo 3, versículos 6 e 7, da

    Bíblia, o texto nos relata a decisão do ser humano de se afastar de Deus, de quebrar o relacionamento com seu Criador e agir por suas próprias convicções.

    O ser humano com este ato se desliga espiritualmente de Deus e passa a sofrer profundas transformações interiores. O espírito já não governa a alma, mas esta o governa.

    Após esse desligamento, o ser humano está fazendo suas próprias escolhas, sofrendo as consequências das mesmas e colhendo seus frutos. No mesmo livro e capítulo, nos versículos seguintes pode-se observar alguns sentimentos negativos:

    08 E, ouvindo a voz do Senhor Deus, que passeava no jardim à tardinha, esconderam-se o homem e sua mulher da presença do Senhor Deus, entre as árvores do jardim. 09 Mas chamou o Senhor Deus ao homem, e perguntou-lhe: Onde estás? 10 Respondeu-lhe o homem: Ouvi a tua voz no jardim e tive medo, porque estava nu; e escondi-me. 11 Deus perguntou-lhe mais: Quem te mostrou que estavas nu? Comeste da árvore de que te ordenei que não comesses? 12 Ao que respondeu o homem: A mulher que me deste por companheira deu-me a árvore, e eu comi. 13 Perguntou o Senhor Deus à mulher: Que é isto que fizeste? Respondeu a mulher: A serpente enganou-me, e eu comi. (Gênesis 3:08-13)

  • A verdade liberta 37

    Ele passa a mentir, a enganar, a sentir culpa medo,

    insegurança, constrangimento. Esses sentimentos da alma normalmente provocam reações de fuga no ser humano, para que ele não enfrente seus erros e assuma as consequências de seus atos bem como responsabilidade por seus erros, consequentemente ele transfere a culpa para o outro.

    O ser humano troca a verdade pela mentira, pelo engano, pela falsidade e vive crendo nesses princípios. Todo esse comportamento o impede de enfrentar a realidade e provoca a criação de mecanismos de defesa para se proteger dos sentimentos negativos.

    Tais atitudes não geram mudança da realidade das coisas e leva-o a enganar a si mesmo, afim de que não tenha que mudar, permanecendo no engano. Ele vive uma mentira, construindo muralhas a volta dos seus sentimentos, para que ninguém descubra seus fracassos.

    Os principais mecanismos de defesa emocional que geram distorções são: a negação, a racionalização e a projeção. A negação é quando o problema não é enfrentado, não é discutido, não é admitido e sim, escondido. A racionalização acontece quando ocorrem tentativas para se justificar o problema, é um processo de se enganar. Já a projeção é o mecanismo que leva o ser humano a transferir a culpa de todo o problema para os outros. Projetam-se os defeitos para o outro e para Deus.

    Os referidos mecanismos provocam sentimentos confusos como medo, ira, culpa, ansiedade, vergonha, ódio, compulsão, pensamentos suicidas, entre outros, os quais impedem o diagnóstico da causa do problema.

    Segundo o filósofo grego Demóstenes “É extremamente fácil enganar a si mesmo, pois o homem geralmente acredita no que deseja”.

    Franklin Jones disse: “Se nós pudéssemos nos ver como os outros nos vêem, compreenderíamos até que ponto nossas aparências são enganosas”.

  • 38 Conhecimento e verdade

    1.4.3 A verdade

    Porque muito me alegrei quando os irmãos vieram e testificaram da tua verdade, como tu andas na verdade. Não tenho maior gozo do que este: o de ouvir que os meus filhos andam na verdade. (3 João 1:3-4) A palavra verdade tem sua origem do latim “veritas”

    que significa verdade e “verus” que significa verdadeiro. Ela pode ter vários significados dependendo do contexto antropológico, filosófico, cultural e da própria razão, pois implica a realidade, o imaginário e a ficção. (CHAUI, 2000)

    Um conceito, um comportamento, um valor que para uma cultura, para um povo é uma verdade absoluta, mas para outro pode não ser.

    Para o filósofo alemão Friedrich Nietzsche, a verdade é um ponto de vista. Para o filósofo francês Renée Descartes é o critério da vontade.

    Porém, existe uma concordância em que a verdade se refere a algo que é real ou possivelmente real dentro de um sistema de valores; também com o sentido de estar de acordo com os fatos ou a realidade; e também com a fidelidade, a constância, a sinceridade em pensamentos, caráter, palavras e atitudes que remete ao interior do ser humano.

    Assim sendo, a verdade ou aquilo que ele acredita ser real compreendido em seu contexto sociocultural, a qual vai influenciá-lo em sua alma e, consequentemente, em seus comportamentos.

    O anseio constante que permeia a alma do ser humano é conhecer a verdade. Ele questiona a sua existência em busca do que é verdadeiro.

    Desde a antiguidade, filósofos com Platão, Sócrates, Aristóteles, debatiam a natureza da verdade, queriam saber se ela era real e absoluta, ou relativa e ilusória.

  • A verdade liberta 39

    Na Bíblia, no livro de João, Pilatos diante de Jesus,

    levanta a questão que permanece na alma do ser humano: Perguntou-lhe, pois, Pilatos: Logo tu és rei? Respondeu Jesus: Tu dizes que eu sou rei. Eu para isso nasci, e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz. Perguntou-lhe Pilatos: Que é a verdade? E dito isto, de novo saiu a ter com os judeus, e disse-lhes: Não acho nele crime algum. (João 18:37-38)

    A mesma pergunta que surge desde a criação do

    mesmo, trazendo sempre dúvidas e incertezas em sua alma. Porém, Jesus no mesmo livro de João, declara que Ele

    é a verdade: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida”. Ele se declara sendo a própria verdade, a revelação da verdade e fala dela como algo exato e objetivo, certo e real, desfazendo toda e qualquer possibilidade de engano:

    Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim. 7 Se vós me conhecêsseis a mim, também conheceríeis a meu Pai; e já desde agora o conheceis, e o tendes visto. 8 Disse-lhe Felipe: Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta. 9 Respondeu-lhe Jesus: Há tanto tempo que estou convosco, e ainda não me conheces, Felipe? Quem me viu a mim, viu o Pai; como dizes tu: Mostra-nos o Pai? 10 Não crês tu que eu estou no Pai, e que o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo, não as digo por mim mesmo; mas o Pai, que permanece em mim, é quem faz as suas obras. 11 Crede-me que eu estou no Pai, e que o Pai está em mim; crede ao menos por causa das mesmas obras. 12 Em verdade, em verdade vos digo: Aquele que crê em mim, esse também fará as obras que eu faço, e as fará maiores do que estas; porque eu vou para o Pai;

  • 40 Conhecimento e verdade

    13 e tudo quanto pedirdes em meu nome, eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho. 14 Se me pedirdes alguma coisa em meu nome, eu a farei. 15 Se me amardes guardareis os meus mandamentos. 16 E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Ajudador, para que fique convosco para sempre. 17, a saber, o Espírito da verdade, o qual o mundo não pode receber; porque não o vê nem o conhece; mas vós o conheceis, porque ele habita convosco, e estará em vós. 18 Não vos deixarei órfãos; voltarei a vós. 19 Ainda um pouco, e o mundo não me verá mais; mas vós me vereis, porque eu vivo, e vós vivereis. 20 Naquele dia conhecereis que estou em meu Pai, e vós em mim, e eu em vós. 21 Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado de meu Pai, e eu o amarei, e me manifestarei a ele. 22 Perguntou-lhe Judas (não o Iscariotes): O que houve, Senhor, que te hás de manifestar a nós, e não ao mundo? 23 Respondeu-lhe Jesus: Se alguém me amar, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos a ele, e faremos nele morada. 24 Quem não me ama, não guarda as minhas palavras; ora, a palavra que estais ouvindo não é minha, mas do Pai que me enviou. 25 Estas coisas vos tenho falado, estando ainda convosco. 26 Mas o Ajudador, o Espírito Santo a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto eu vos tenho dito. 27 Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; eu não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize. 28 Ouvistes que eu vos disse: Vou, e voltarei a vós. Se me amásseis, alegrar-vos-íeis de que eu vá para o Pai; porque o Pai é maior do que eu. 29 Eu vo-lo disse agora, antes que aconteça, para que, quando acontecer, vós creiais.

  • A verdade liberta 41

    30 Já não falarei muito convosco, porque vem o príncipe deste mundo, e ele nada tem em mim; 31 mas, assim como o Pai me ordenou, assim mesmo faço, para que o mundo saiba que eu amo o Pai. Levantai-vos, vamo-nos daqui. (João 14:6- 31)

    Continuando no mesmo livro, no capítulo 17,

    versículo 17, Jesus diz: “a Tua palavra é a verdade”, referindo-se à palavra recebida por Ele de Deus, o Pai.

    Ele não se referia à verdade como uma vaga abstração resultante de um pensamento humano, meditação, lógica ou um debate; ou em termos subjetivos como uma coisa qualquer que o ser humano poderia escolher acreditar.

    Jesus definiu a verdade como um fato revelado e eterno.

    Deus através da Palavra revelada, ou seja, da Bíblia, não deu ao ser humano apenas ideias subjetivas para serem moldadas de modo a se ajustarem às situações de vida.

    Ele deu princípios de conduta e orientações de vida para que se tornem bases sólidas para a formação de uma estrutura humana equilibrada e fundamentada na verdade.

    O ser humano tem a liberdade de escolha e pode decidir entre a verdade e o engano. Tem também a liberdade de aceitar tudo o que Deus disse, ou somente as partes que o interessa, contudo deve lembrar-se de que nada do que se fez, irá mudar a veracidade de suas palavras.

    O escritor de Salmos disse: "Para sempre, ó Senhor, está firmada a tua palavra no céu" (Salmo 119:89).

    Jesus não mostra a "verdade" como um objetivo ilusório e inatingível. Ele diz: "Conhecereis a verdade". Pode-se conhecê-la, hoje, do mesmo jeito que o povo de Beréia o fez, no primeiro século. Eles procuraram por ela nas Escrituras:

  • 42 Conhecimento e verdade

    Ora, estes eram mais nobres do que os de Tessalônica, porque receberam a palavra com toda avidez, examinando diariamente as Escrituras para ver se estas coisas eram assim. (Atos 17:11)

    Pode-se também distinguir o certo do errado. Paulo

    instruiu os Tessalonicenses: "Julgai todas as cousas, retende o que é bom; abstende-vos de toda forma de mal" (1 Tessalonicenses 5:21-22). Ainda hoje é verdade que a “lâmpada para os meus pés é a tua palavra, e luz para os meus caminhos” (Salmo 119:105).

    As pessoas que escreveram o Novo Testamento confidentemente declaram que é possível saber a verdade. Em Hebreus 10:26, o escritor fala das pessoas que tinham "recebido o pleno conhecimento da verdade". João falou com pessoas que receberam este conhecimento da verdade:

    Ora, vós tendes a unção da parte do Santo, e todos tendes conhecimento. Não vos escrevi porque não soubésseis a verdade, mas porque a sabeis, e porque nenhuma mentira vem da verdade. Quem é o mentiroso, senão aquele que nega que Jesus é o Cristo? Esse mesmo é o anticristo, esse que nega o Pai e o Filho. Qualquer que nega o Filho, também não tem o Pai; aquele que confessa o Filho, tem também o Pai. (1 João 2:20-23)

    Paulo condenou aqueles que estão "sempre

    aprendendo, mas que jamais podem chegar ao conhecimento da verdade" (2 Timóteo 3:7). Questiona-se então: Por que receberam tão severa crítica? Porque eles fracassaram em aprender a verdade, resistindo assim à palavra de Deus. Eles não compreenderam a verdade porque assim não a quiseram conforme Timóteo:

  • A verdade liberta 43

    E assim como Janes e Jambres resistiram a Moisés, assim também estes resistem à verdade, sendo homens corruptos de entendimento e réprobos quanto à fé”. (2 Timóteo 3:8)

    Conhecer a verdade pode levar a pensar, talvez até

    com um pouco de medo, sobre a responsabilidade dada por Deus sobre a realidade dos fatos da vida. Para prevenir que haja receio, importante que não se perca a promessa de Jesus “A verdade vos libertará".

    Paulo se lembrou deste benefício do evangelho em Romanos 1:16 “[...] é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego”.

    Deus escolheu o uso de sua palavra, que é a verdadeira mensagem da Bíblia, para salvar o homem dos próprios pecados. Contudo, Ele não força ninguém a se libertar.

    Muitos são enganados, por representantes do mal e seus falsos mestres, para que não possam discernir a liberdade do encarceramento:

    17 Estes são fontes sem água, névoas levadas por uma tempestade, para os quais está reservado o negrume das trevas. 18 Porque, falando palavras arrogantes de vaidade, nas concupiscências da carne engodam com dissoluções aqueles que mal estão escapando aos que vivem no erro; 19 prometendo-lhes liberdade, quando eles mesmos são escravos da corrupção; porque de quem um homem é vencido, do mesmo é feito escravo. 20 Porquanto se, depois de terem escapado das corrupções do mundo pelo pleno conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, ficam de novo envolvidos nelas e vencidos, tornou-se-lhes o último estado pior que o primeiro. 21 Porque melhor lhes fora não terem conhecido o caminho da justiça, do que, conhecendo-o, desviarem-se do santo mandamento que lhes fora dado.

  • 44 Conhecimento e verdade

    22 Deste modo sobreveio-lhes o que diz este provérbio verdadeiro; Volta o cão ao seu vômito, e a porca lavada volta a revolver-se no lamaçal”. (2 Pedro 2:17 – 22)

    Infelizmente, rejeitam a liberdade que Deus oferece e

    permanecem presos em seus próprios pecados. Então, Jesus usou as palavras de um profeta do Velho Testamento, Isaías, para descrever a triste condição daqueles que não aceitam a liberdade divina:

    Por isso lhes falo por parábolas; porque eles, vendo, não vêem; e ouvindo, não ouvem nem entendem. E neles se cumpre a profecia de Isaías, que diz: Ouvindo, ouvireis, e de maneira alguma entendereis; e, vendo, vereis, e de maneira alguma percebereis. Porque o coração deste povo se endureceu, e com os ouvidos ouviram tardamente, e fecharam os olhos, para que não vejam, nem ouçam com os ouvidos, nem entendam com o coração, nem se convertam, e eu os cure. (Mateus 13:15)

    Muitas pessoas consideram a verdade incerta, mas

    Deus claramente revelou a verdade para que se possa conhecê-la. Acredita-se que os sentimentos subjetivos, aqueles que se julgam serem corretos, são os mesmos que salvarão. No entanto, Deus uniu a salvação com a sua objetiva verdade.

    Quando se aprende e obedece a verdade revelada na palavra de Deus, pode-se estar certo da própria salvação. João falou do relacionamento do homem com Deus quando disse:

    Ora, sabemos que o temos conhecido por isto: se guardamos os seus mandamentos. Aquele que diz: Eu o conheço, e não guarda os seus mandamentos, é mentiroso,

    e nele não está a verdade. (1 João 2:3-4)

  • A verdade liberta 45

    Deus providenciou a confiança e a segurança para se

    estar apto a conhecer a verdade. Assim, o mesmo Deus que criou e deu ao homem a habilidade de comunicação, tem também a habilidade de transmitir sua vontade para com ele de modo que se possa entendê-la.

    Deve-se humildemente aceitar a responsabilidade de estudar, entender e obedecer a Sua revelação. Num mundo desordenado pela dúvida e pela confusão religiosa, pode-se encontrar esperança nas palavras de Jesus: "E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (João, capítulo 8, versículo 32). Aqui Jesus propõe o conhecimento da verdade, o saber da verdade como um meio para um processo de libertação.

    A proposta de Jesus mostra que a única maneira, que o ser humano tem de destruir a mentira em sua vida, é enfrentando a verdade acerca de si mesmo. Ele mostra a verdade como um objetivo real e tangível, possível de ser alcançado. Uma proposta que pode levar o ser humano a se libertar do engano, da falsidade e da mentira:

    [...] e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará. 33 Responderam-lhe: Somos descendentes de Abraão, e nunca fomos escravos de ninguém; como dizes tu: Sereis livres? 34 Replicou-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que todo aquele que comete pecado é escravo do pecado. 35 Ora, o escravo não fica para sempre na casa; o filho fica para sempre. 36 Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres. 37 Bem sei que sois descendência de Abraão; contudo, procurais matar-me, porque a minha palavra não encontra lugar em vós. 38 Eu falo do que vi junto de meu Pai; e vós fazeis o que também ouvistes de vosso pai.

  • 46 Conhecimento e verdade

    39 Responderam-lhe: Nosso pai é Abraão. Disse-lhes Jesus: Se sois filhos de Abraão façais as obras de Abraão. 40 Mas agora procurais matar-me, a mim que vos falei a verdade que de Deus ouvi; isso Abraão não fez. 41 Vós fazeis as obras de vosso pai. Replicaram-lhe eles: Nós não somos nascidos de prostituição; temos um Pai, que é Deus. 42 Respondeu-lhes Jesus: Se Deus fosse o vosso Pai, vós me amaríeis, porque eu saí e vim de Deus; pois não vim de mim mesmo, mas ele me enviou. 43 Por que não compreendeis a minha linguagem? é porque não podeis ouvir a minha palavra. 44 Vós tendes por pai o Diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai; ele é homicida desde o princípio, e nunca se firmou na verdade, porque nele não há verdade; quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio; porque é mentiroso, e pai da mentira. 45 Mas porque eu digo a verdade, não me credes. 46 Quem dentre vós me convence de pecado? Se digo a verdade, por que não me credes? 47 Quem é de Deus ouve as palavras de Deus; por isso vós não as ouvis, porque não sois de Deus. 48 Responderam-lhe os judeus: Não dizemos com razão que és samaritano, e que tens demônio? 49 Jesus respondeu: Eu não tenho demônio; antes honro ao meu Pai, e vós me desonrais. 50 Eu não busco a minha glória; há quem a busque, e julgue. 51 Em verdade, em verdade vos digo que, se alguém guardar a minha palavra, nunca verá a morte. (João 8:32-51)

    Jesus não propõe apenas um encontro com Ele como

    a verdade personificada e revelada, um encontro superficial, propõe um encontro da alma do ser humano, através da verdade que declarada, pela palavra ensinada e orientada por Deus, o Pai. Um encontro do ser humano com a sua própria

  • A verdade liberta 47

    verdade, um confronto com a verdade acerca de si mesmo, de como ele é no íntimo do seu ser.

    No livro de Lucas, na Bíblia, no capítulo 18, versículo 18, um jovem rico tem um encontro com Jesus e o indaga acerca da salvação da sua alma. Jesus o orienta a praticar os ensinamentos de Deus. Ele responde que desde pequeno observava essas coisas. Então, Jesus responde que só lhe estava faltando uma coisa: vender toda a sua riqueza, repartir com os pobres e, depois, segui-lo:

    18 E perguntou-lhe um dos principais: Bom Mestre, que hei de fazer para herdar a vida eterna? 19 Respondeu-lhe Jesus: Por que me chamas bom? Ninguém é bom, senão um, que é Deus. 20 Sabes os mandamentos: Não adulterarás; não matarás; não furtarás; não dirás falso testemunho; honra a teu pai e a tua mãe. 21 Replicou o homem: Tudo isso tenho guardado desde a minha juventude. 22 Quando Jesus ouviu isso, disse-lhe: Ainda te falta uma coisa; vende tudo quanto tens e reparte-o pelos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, segue-me. 23 Mas, ouvindo ele isso, encheu-se de tristeza; porque era muito rico. 24 E Jesus, vendo-o assim, disse: Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os que têm riquezas! 25 Pois é mais fácil um camelo passar pelo fundo duma agulha, do que entrar um rico no reino de Deus. 26 Então os que ouviram isso disseram: Quem pode, então, ser salvo? 27 Respondeu-lhes: As coisas que são impossíveis aos homens são possíveis a Deus. (Lucas 18:18-27)

    Esse jovem ouviu a verdade. Ele foi levado a olhar

    para dentro de si mesmo e descobrir o que aprisionava a sua alma. Percebeu que vivia preso em sua riqueza, que colocava toda a sua segurança, sua expectativa de vida na riqueza. Era

  • 48 Conhecimento e verdade

    o seu tesouro. Ressalta que Jesus não estava propondo miséria para aquele jovem, mas libertação da sua alma, de coisas perecíveis e passageiras.

    Em outra passagem da Bíblia, no livro de João, no capítulo 6, no versículo 66, depois que Jesus ensina o povo a como viver nesta terra: renunciar às coisas que podem trazer prejuízo e destruição e viver nos princípios da verdade. Nesse momento, muitos dos seus discípulos optaram por desistir. Voltaram a viver seus antigos hábitos de vida, permeados pelo engano e pela mentira, voltando a uma vida aprisionada:

    Mas há alguns de vós que não crêem. Pois Jesus sabia, desde o princípio, quem eram os que não criam, e quem era o que o havia de entregar. E continuou: Por isso vos disse que ninguém pode vir a mim, se pelo Pai lhe não for concedido. Por causa disso muitos dos seus discípulos voltaram para trás e não andaram mais com ele. Perguntou então Jesus aos doze: Quereis vós também retirar-vos? Respondeu-lhe Simão Pedro: Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras da vida eterna. (João 6:64-68)

    A proposta de Jesus é a libertação, por meio da

    verdade. Ele propõe um olhar para dentro de si mesmo, pois o conhecimento da verdade leva o ser humano a ser confrontado por ela. Ocorre, dessa forma, uma exposição da alma para que esse confronto possa levá-lo a enfrentar o problema com o objetivo de curá-lo.

    De fato, a mentira provoca uma prisão na alma do ser humano, que interfere no poder de escolha, de decisão, gerando insegurança e desconfiança. O ser humano passa a conviver com a mentira ou o engano como se elas fossem a verdade e fogem de um confronto. Criam os mecanismos de defesa como os já mencionados nesse texto. E se não enfrenta

  • A verdade liberta 49

    esses mecanismos ou não decide enfrentá-los, continuará aprisionado e jamais se libertará.

    Segundo o Bispo Agostinho,

    Aqueles que amam uma coisa distinta da verdade quereriam que isso que amam fosse a verdade. No entanto, como não querem enganar-se, mas ao mesmo tempo também não querem reconhecer que estão enganados, odeiam a verdade por causa daquilo que amam em vez da verdade. (Confissões 10,23)

    O apóstolo João declarou que se deve ter amor pela

    verdade:

    O ancião à senhora eleita, e a seus filhos, aos quais eu amo em verdade, e não somente eu, mas também todos os que conhecem a verdade; por causa da verdade que permanece em nós, e para sempre estará conosco. Graça, misericórdia, paz, da parte de Deus Pai e da parte de Jesus Cristo, o Filho do Pai, serão conosco em verdade e amor. (2 João 1:1-3)

    1.4.4 Vida em plenitude

    Quando se depara com a Verdade que é Jesus Cristo,

    a vida de uma pessoa passa por transformações e renovações. Só então essa pessoa chega à liberdade verdadeira, tão almejada pelo ser humano. Esse espera ter uma vida em plenitude, ser completo.

    A liberdade é o viver em plenitude, ou seja, experimentar “da boa, perfeita e agradável vontade de Deus para a vida dos Seus filhos:

  • 50 Conhecimento e verdade

    Rogo-vos pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos como um sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis a este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus. (Rom. 12:1-2)

    Ao longo dos séculos que antecederam o nascimento

    de Jesus, Deus enviou profetas para ensinarem, advertirem e conduzirem o povo nos caminhos verdadeiros. Esses profetas diziam palavras de muita esperança e conforto, as quais animavam o coração dos que acreditavam em Deus.

    Isaías foi um profeta que transmitiu algumas dessas promessas de libertação. Ele escreveu: “Eis que a virgem conceberá e dará à luz a um filho e lhe chamarão Emanuel” (Isaías 7:14).

    No capítulo 9, também, do livro de Isaías lê-se:

    Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; e o governo estará sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai Eterno, Príncipe da Paz. Do aumento do seu governo e da paz não haverá fim, sobre o trono de Davi e no seu reino, para o estabelecer e o fortificar em retidão e em justiça, desde agora e para sempre; o zelo do Senhor dos exércitos fará isso. (Isaías 9:6-7).

    Como grande libertador, Jesus haveria de trazer paz a

    todos os que andavam oprimidos pelo pecado. E sobre aqueles que aceitassem a salvação e o perdão do Libertador é dito:

    Assim voltarão os resgatados do Senhor, e virão com júbilo a Sião; e haverá perpétua alegria sobre as suas cabeças; gozo

  • A verdade liberta 51

    e alegria alcançarão, a tristeza e o gemido fugirão. (Is. 51:11)

    Quando há a libertação, momentos de emoção e

    profunda alegria marcam o reencontro com a família e os amigos. Deus deseja operar em favor de seus filhos. Sabe-se que Jesus se ofereceu a pagar com Sua própria vida. Seu sangue inocente, a Sua vida pura, foram suficientes para pagar o alto preço que o pecado impôs.

    Num dos salmos, Davi conclui sua poesia dirigindo-se ao Senhor como sua rocha e libertador:

    Sejam agradáveis as palavras da minha boca e a meditação do meu coração perante a tua face, Senhor, Rocha minha e

    Redentor meu!. (Salmo 19:14) A afirmação de Jesus ser Salvador, Libertador,

    Redentor, é encontrada em toda a Bíblia. Aqui se fala em libertador e libertação, porque há aquele que escraviza e o que se torna o escravo.

    Deus criou o homem para ser livre e exercer a faculdade da livre escolha, para alcançar a sua liberdade.

    O Mal com sua astúcia enganou a Adão e Eva, que se tornaram, por isso, escravos do pecado. Essa condição passou a todos os descendentes da humanidade. E sob o pecado, o homem é nada mais do que um servo do mal.

    Mesmo o homem tendo pecado e mesmo o pecado tendo passado a todos quantos nasceram neste mundo, Deus formulou um plano para libertação. Jesus é o grande libertador. Mas, como entender esta libertação? Entende-se essa libertação, quando se passa a conhecer a Verdade de Jesus e crer que Ele morreu pelo homem na cruz. Sendo essa a forma que Jesus libertou a humanidade da penalidade do pecado.

  • 52 Conhecimento e verdade

    A prática do mal numa concepção teológica traduz-se

    como pecado, o qual levou a Jesus a pesada sentença de morte. No entanto, Jesus libertou o homem dessa condenação, dando-lhe novamente a garantia de uma vida eterna, principalmente se o homem o aceitar em seu coração e viver segundo Sua palavra. Então, vivendo no coração do homem, Jesus o liberta do poder do pecado: “Porque a palavra da cruz é loucura para os que se perdem, mas para nós, que somos salvos é o poder de Deus” (I Coríntios 1:18).

    Ele libertará da presença do pecado, segundo diz a Bíblia: “E Deus limpará dos seus olhos toda a lágrima; e já não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor; porque as primeiras coisas são passadas” (Apocalipse 21:4).

    O melhor de tudo é que esta libertação é oferecida gratuitamente. Quando o sacrifício de Jesus no Calvário é aceito por uma pessoa, no mesmo instante se é liberto da penalidade do pecado: “Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é vida eterna em Cristo Jesus nosso Senhor” (Romanos 6:23).

    Enquanto se está ligado, aliançado a Jesus pela fé, Ele livra do poder do pecado, pois a Palavra do Senhor diz: “E lhe porás o nome de Jesus, porque Ele salvará o seu povo dos pecados deles” (Mateus 1:21).

    Diante de tudo que foi exposto percebe-se que o ser humano, sendo filho de Deus, sendo a Sua imagem e semelhança, foi criado para ter tudo aquilo de que precisa, conforme as palavras do Bispo Robson Rodovalho, no livro “Olhos da Alma”:

    Deus nos criou para termos tudo aquilo que necessitamos; as carências acontecem por desequilíbrio da administração humana – alguns têm mais do que deveriam; outros têm menos do que realmente necessitam. (Bispo Robson Rodovalho, 2007, p. 20).

  • A verdade liberta 53

    Sendo assim, Deus só pode estar glorificado se o

    homem estiver em plenitude, livre de carências, sejam elas físicas, emocionais, naturais ou espirituais. Também nas palavras do Bispo Robson observa-se que:

    A glória de Deus é o homem em plenitude. Ele não tem glória quando existe alguma carência. Quando Deus criou o homem Ele o fez no Éden, que significa ´jardim de plenitude’ . (Bispo Robson Rodovalho, 2007, p.20)

    O Apóstolo Paulo, em Efésios, afirma a respeito de

    encher-se da plenitude de Deus:

    Por esta razão dobro os meus joelhos perante o Pai, do qual toda família nos céus e na terra toma o nome, para que, segundo as riquezas da sua glória, vos conceda que sejais robustecidos com poder pelo seu Espírito no homem interior; que Cristo habite pela fé nos vossos corações, a fim de que, estando arraigados e fundados em amor, possais compreender, com todos os santos, qual seja a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade, e conhecer o amor de Cristo, que excede todo o entendimento, para que sejais cheios até a inteira plenitude de Deus. (Ef.3:15 – 19)

    O mesmo apóstolo Paulo, nas Cartas aos

    Colossenses 2, versículo 9, diz que em Jesus está a plenitude de Deus “porque nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade” que faz o homem completo, viver em plenitude.

  • 54 Conhecimento e verdade

    1.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

    Conforme o que se propôs a desenvolver nesta

    pesquisa, pode-se concluir que realmente os mecanismos que aprisionam a alma do ser humano mascaram sua personalidade.

    Além disso, eles impedem a libertação dos mesmos, uma vez que aprisionados em suas angústias, traumas, que podem ter se originado, ainda, no ventre materno.

    Dessa forma, toda história e experiência de vida da pessoa são geradoras de conflitos interiores que a paralisam diante de sua caminhada, podendo se tornar uma pessoa imatura no quesito emocional, incompleta, no quesito filosófico e não desempenhar seu papel social de forma apropriada.

    Há também outro aspecto da vida do ser humano que pode aprisioná-lo, impedindo-o de alcançar a liberdade tão almejada: as escolhas que se faz durante sua vida. Essas escolhas determinam o que ele será, determinam o seu destino. Lembrando que mesmo quando a pessoa não faz opção por algo em sua vida ou não apresenta uma decisão, a escolha foi concretizada, por omissão.

    Há que se cuidar daquilo que se decide, ou não, para não que se tenha uma vida em equilíbrio com as possíveis adversidades que inevitavelmente surgem.

    Também se observou, na análise do processo de cura interior segundo os ensinamentos de Jesus, que a Verdade expõe os conflitos internos do ser humano, e assim, pode libertá-lo de suas prisões interiores.

    A pessoa que conhece a Verdade de Jesus domina o corpo, renova a mente e a alma, que são compostas por sentimentos, vontade, pensamento, e consciência. E esse domínio facilita a caminhada para a cura interior e no decorrer dela, à libertação.

  • A verdade liberta 55

    Percebeu-se também que há relutância do ser humano

    em perdoar, pelo fato dele se prender em ressentimentos e mágoas, tornando-os grandes geradores de doenças da atualidade, novamente aprisionando-o.

    Nota-se que o perdão é muito importante no processo de cura interior e conhecimento da verdade que liberta, a qual enfatiza toda a caminhada do homem na terra baseada na palavra de Deus, ou seja, como imitadores de Cristo.

    Assim, conclui-se que ao se conhecer a Verdade que Liberta, a Verdade de Jesus Cristo, o homem passa por uma renovação de sua mente, por modificações que o aprisionavam a este mundo. E passará, então, a ter uma vida em plenitude, segundo “a boa, perfeita e agradável vontade de Deus” (Rom.12:2) para a vida de Seus filhos.

    REFERÊNCIAS

    AGOSTINHO, Santo, Bispo de Hipona, O Livre Arbítrio. 2ª Edição, Faculdade de Filosofia, Braga, Portugal, 1990.

    ALMEIDA, João F. Bíblia de Estudo Pentecostal. Revista e corrigida. São Paulo: Casa Publicadora das Assembléias de Deus, 1995.

    CASCALDI, Pr. Luiz Roberto; A Restauração da Alma –Série Escola de Líderes- Comunidade Evangélica Sara Nossa Terra. Maringá, 2000.

    CHAUI, M. Convite à Filosofia. Ed. Ática, São Paulo, 2000.

    DESCARTES, René. Princípios da Filosofia. Lisboa: Guimarães Editores, 1989.

    HALLEY, Henry H. Manual Bíblico. São Paulo: Edições

  • 56 Conhecimento e verdade

    Vida Nova, 1987.

    NIETZSCHE, Friedrich. Sobre Verdade e Mentira no Sentido Extra-Moral. São Paulo: Hedra, 2007.

    RODOVALHO, Bispo Robson. Olhos da Alma. Brasília: Sara Brasil, 2007.

    SHEDD, Russel P. A Bíblia Vida Nova. São Paulo: Edições Vida Nova, 1989.

  • II

    O CONHECIMENTO NA VISÃO DA FILOSOFIA DE SANTO AGOSTINHO

    Alexandre Gimenes da Cruz* Kesia Priscila Gomes Gentil**

    Marivaldo da Silva Oliveira***

    José Francisco de Assis Dias****

    * Especialista em Gastronomia - Planejamento e Gestão Estratégica pela UNIVALI (Universidade do Vale do Itajaí), graduado em Turismo e Hotelaria pela Universidade Norte do Paraná - UNOPAR. Atualmente é mestrando no programa Gestão do Conhecimento, linha de pesquisa Educação, da Unicesumar e coordenador do Curso Superior de Tecnologia em Gastronomia, no núcleo de Educação a Distância, da UniCesumar. ** Aluna especial no programa de doutorado em Filosofia, na linha de pesquisa Ética e Filosofia Política (UNIOESTE- Toledo), Mestre em Gestão do Conhecimento nas Organizações, linha de pesquisa: Educação e Conhecimento pela (UNICESUMAR), bolsista integral Cappes, participante ativa do grupo de pesquisa GIED. Pós-graduada em Aconselhamento Familiar e Intervenção Psicossocial (2015); cursou especialização em Neuropsicologia pelo Centro Universitário de Araraquara (2014) (2015); Graduada em Pedagogia pelo Centro Universitário Adventista de São Paulo (2012). *** Bacharelado em Medicina Veterinária no ano de 2013 pelo Centro Universitário de Maringá - UNICESUMAR, cidade de Maringá - PR, Brasil. Especialista em Clínica e Cirurgia de Grandes Animais pelo Programa de Aperfeiçoamento em Práticas Hospitalares na Medicina Veterinária (residência médico-veterinária) na própria instituição onde graduou-se. Pós-graduando em Docência no Ensino Superior pelo Ensino a Distância UNICESUMAR e mestrando em Gestão do Conhecimento nas Organizações do Programa de Pós-Graduação UNICESUMAR. **** Professor pe