conjuntura construçao

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    Ano IX | n 1 | Maro 2011Construo

    Conjuntura da

    PersPectivas do setor emum mundo em turbulnciabalano de 2010 e projees para 2011 o corte de gastos do governo conhea o ndicedo mercado imobilirio comercial reas de risco e o combate ao dficit habitacional

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    Conjuntura da Construo Maro 20112

    ConstruoConjuntura da Conjuntura da Construo uma publicao

    trimestral conjunta do SindusCon-SPe da FGV. permitida a reproduototal ou parcial da publicao.

    Diretor de economia do SindusCon-SP: Eduardo May ZaidanEditores: Ana Maria Castelo, Edney Cielici Dias (executivo) e Fernando GarciaColaboraram nesta edio: Andr C Michelin, Denise Inoue, Jussara Frazo,Roseane Petronilo, Srgio Camara Bandeira e Victor Albuquerque

    Arte, diagramao e otos:Andr C. MichelinIlustrao da capa e inogrfcos: Mario Kanno/MultiSPJornalista Responsvel:Raael Marko. MTE 12522Publicidade: Ana Maria Castelo, Tel.: (11) 3799 3295, Fax: (11) 3799 3620,e-mail: [email protected]. Av Paulista 548 - 6 andar, So Paulo - SP,01310-000, Tel.:(11) 3281 3254 / 3500

    Presidente: Sergio Tiaki WatanabeVice-presidentes: Cristiano Goldstein, Delno Paiva Teixeira de Freitas,Francisco Antunes de Vasconcellos Neto, Haruo Ishikawa, Jos AntonioMarsiglio Schuvarz, Jos Carlos Molina, Jos Roberto Pereira Alvim, LuizAntnio Messias, Marcos Roberto Campilongo Camargo, Maristela Alves LimaHonda, Mauricio Linn Bianchi, Odair Garcia Senra, Paulo Brasil BatistellaDiretores Regionais: Jos Batista Ferreira, Jos Roberto Alves, Lus Gustavo

    Ribeiro, Luiz Cludio Minniti Amoroso, Paulo Piagentini, Renato Tadeu ParreiraPinto, Ricardo Beschizza, Ronaldo de Oliveira Leme, Silvio Benito Martini FilhoSindusCon-SP: Rua Dona Veridiana 55, So Paulo - SP, 01238-010,Tel.:(11) 3334 5642, Fax: (11) 3224 0566 R. 306, www.sindusconsp.com.br

    Instituio de carter tcnico-cientco, educativo e lantrpico,criada em 20 de dezembro de 1944, como pessoa jurdica de direitoprivado, tem por nalidade atuar no mbito das Cincias Sociais,

    particularmente Economia e Administrao, bem como contribuirpara a proteo ambiental e o desenvolvimento sustentvel.

    Sede:Praia de Botaogo 190, Rio de Janeiro - RJ, CEP 22253-900 ouCaixa Postal 62.591 - CEP 22257-970, Tel.: (21) 2559 6000, www.gv.brPrimeiro Presidente e Fundador: Luiz Simes LopesPresidente: Carlos Ivan Simonsen LealVice-presidentes: Francisco Oswaldo Neves Dornelles, Marcos CintraCavalcanti de Albuquerque, Sergio Franklin QuintellaConselho DiretorPresidente: Carlos Ivan Simonsen LealVice-presidentes: Francisco Oswaldo Neves Dornelles, MarcosCintra Cavalcanti de Albuquerque, Sergio Franklin QuintellaVogais: Armando Klabin, Carlos Alberto Pires de Carvalho e Albuquerque,Ernane Galvas, Jos Luiz Miranda, Lindolpho de Carvalho Dias, Manoel PioCorra Jr., Marclio Marques Moreira, Roberto Paulo Cezar de AndradeSuplentes: Antonio Monteiro de Castro Filho, Cristiano Buarque Franco Neto,Eduardo Baptista Vianna, Gilberto Duarte Prado, Jacob Palis Jnior, Jos Ermrio deMoraes Neto, Jos Jlio de Almeida Senna, Marcelo Jos Baslio de Souza MarinhoConselho CuradorPresidente: Carlos Alberto Lenz Csar ProtsioVice-presidente: Joo Alredo Dias Lins (Klabin Irmos & Cia.)Vogais: Alexandre Koch Torres de Assis , Dante Letti (Souza Cruz S.A.), CarlosMoacyr Gomes de Almeida , Edmundo Penna Barbosa da Silva, Heitor Chagasde Oliveira, Jaques Wagner (Estado da Bahia), Jorge Gerdau Johannpeter(Gerdau S.A.), Lzaro de Mello Brando (Banco Bradesco S.A.), Luiz Chor(Chozil Engenharia Ltda.), Marcelo Seraty, Marcio Joo de Andrade Fortes,Maurcio Matos Peixoto, Raquel Ferreira (Publicis Brasil Comunicao Ltda.),Raul Calat (Votorantim Participaes S.A.), Ronaldo Vilela (Sindicato dasEmpresas de Seguros Privados, de Previdncia Complementar e de Capitalizaonos Estados do Rio de Janeiro e do Esprito Santo), Anglica Moreira da Silva(Federao Brasileira de Bancos), Sandoval Carneiro Junior, Srgio Ribeiro daCosta Werlang, Mauro Srgio da Silva Cabral (IRB-Brasil Resseguros S.A.)Suplentes: Aldo Floris, Jos Luiz Marques Lino (VALE S.A.), Luiz Roberto NascimentoSilva, Karine Brando (Brascan Brasil Ltda.), Ney Coe de Oliveira, Nilson Teixeira(Banco de Investimentos Crdit Suisse S.A.), Olavo Monteiro de Carvalho (MonteiroAranha Participaes S.A.), Patrick de Larragoiti Lucas (Sul Amrica CompanhiaNacional de Seguros), Pedro Henrique Mariani Bittencourt (Banco BBM S.A.), RuiBarreto (Ca Solvel Braslia S.A.), Sergio Lins Andrade (Andrade Gutierrez S.A.)

    Instituto Brasileiro de EconomiaDiretoria: Luiz Guilherme Schymura de OliveiraVice-Diretoria:Vagner Laerte ArdeoSuperintendncia de Clientes Institucionais: Rodrigo de Moura TeixeiraSuperintendncia de Produo de Bens Pblicos:Vagner Laerte ArdeoSuperintendncia de Estudos Econmicos: Marcio Lago CoutoSuperintendncia de Planejamento e Organizao:Vasco Medina CoeliControladoria: Regina Clia Reis de Oliveira

    3 eDesaos aqui e l fora

    4 U 2011Quais as perspectivas para

    o Brasil em um cenrio

    internacional desfavorvel?

    8 Balano e perspectivasPor vos ainda mais altos no futuro

    12 Expectativas empresariaisOtimismo, ritmo mais lento e

    aperfeioamentos necessrios

    15 Ajuste FiscalConsideraes sobre o atual

    debate econmico

    17 RentabilidadeO ndice Geral do Mercado

    Imobilirio Comercial (IGMI-C)

    19 reas de riscoO monstro do dcit

    habitacional no desaparecer

    num passe de mgica

    21 Indicadores da construo

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    Conjuntura da Construo Maro 2011 3

    ESTA EDIO traz uma primeira abor-dagem dos principais pontos de inte-resse da cadeia produtiva da construono ano. Trata-se de um cenrio distinto do

    vericado em 2010, em que as condiespara um crescimento excepcional estavamdadas e, mais uma vez, chegou-se ao limi-

    te da capacidade produtiva, esbarrando-seem restries de mo de obra e de mqui-

    nas e equipamentos.2011, diversamente, apresentar um rit-

    mo de crescimento menor e ser uma opor-tunidade de executar investimentos estrat-gicos, de tal orma a enrentar os gargalosprodutivos. A economia brasileira cresce-r menos, sobretudo pelo desaquecimen-

    to da economia global, promovido pelaalta do petrleo e pela tragdia japonesa.

    Como pode ser visto no artigo sobre asexpectativas dos empresrios, permane-

    ce a conana nos negcios, a certeza noBrasil. Ter passado pela prova da crise -

    nanceira mundial de 2008-2009 com ga-lhardia parece ter alimentado um bem in-

    tangvel, a autoconana.Mas o sentido de que as coisas vo bem

    deve servir de estmulo para que grandespassivos sociais possam ser enrentados.Um deles questo da moradia em reas

    de risco e o dcit habitacional, proble-ma abordado no artigo do secretrio mu-nicipal da Habitao de So Paulo, Ricar-do Pereira Leite.

    Que esta edio sirva de subsdio para arefexo e ajude a todos os envolvidos nacadeia produtiva da construo, na pol-

    tica habitacional, na poltica de desenvol-vimento a tomar as melhores decises. OBrasil merece.

    Boa leitura.

    desafios aqUi e l fora

    Acreditamos que o Brasil tem duas opes: investir ou

    investir. Assim, a despeito dos cortes no oramento da Unio,

    acreditamos que o PAC ser preservado. A infraestrutura e o

    mercado imobilirio continuaro a comandar o crescimento

    do setor da construo.

    seg Wbe, presidente do Sinduscon-SP, nesta edio.

    O maior problema no desenvolvimento adequado das

    obras para a Copa 2014 a falta de coordenao e

    gesto, e a presidente Dilma a nica com autoridade,

    legitimidade e capacidade de mobilizar recursos para isso

    e imprimir a necessria agilidade.

    j rbe Bec, presidente do Sinaenco, nesta edio.

    F

    CENRIO COPA ATRASADA

    AnoIX | n 1 | Maro 2011Construo

    Conjuntura da

    PersPectivas do setor emum mundo em turbulncia

    balanode2010 eprojees para2011 ocortede gastos dogoverno conheaondicedo mercado imobilirio comercial reas de risco e o combate ao dficit habitacional

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    Conjuntura da Construo Maro 20114

    OFUTURO chegou para o Brasil,armou o presidente norte-ame-ricano, Barack Obama, no mesmo diaem que, em solo brasileiro, ordenou osataques da coalizo internacional L-bia. Esse mtico e sempre prometidouturo chega, portanto, em um mun-do em turbulncia. Os desaos mun-diais mais recentes esto desenhadosem pelo menos trs campos: i) a crise

    nanceira eclodida em 2008 no oisuperada por importantes economiaseuropeias, bem como restam incerte-zas sobre as medidas reguladoras ado-

    tadas para prevenir problemas dessanatureza; em um contexto em que asprincipais economias mundiais estoapenas convalescentes dos males dosmercados desregulados, dois atoresagravam o quadro internacional: ii) olevante poltico em pases muulma-nos, com o agravamento da situaona Lbia, o que compromete a oerta

    de petrleo e gs natural; iii) o tsuna-mi que atingiu o Japo, com mais de10 mil mortes e destruio de cidadese de inraestrutura, e a crise nuclear

    em decorrncia dos danos em usinasatmicas.

    Trata-se de graves problemas em cur-so, portanto sujeitos a grandes incer-

    tezas. Feitas essas ressalvas, poss-vel azer um avaliao preliminar doseeitos desse cenrio para a economiamundial, para o Brasil e para a constru-o, tendo como reerncia um mode-lo de equilbrio geral que considera o

    histrico de cem economias por maisde 60 anos e tcnicas de projeo detendncias recentes.

    Na ponta do lpis, os eeitos da di-minuio do crescimento econmicomundial, em razo do aumento dos pre-os do petrleo, da crise japonesa e doajuste interno, aro com que o ritmo deexpanso das atividades na economiabrasileira em 2011 se reduza de ormaexpressiva, dos 5% em termos reais es-perados em dezembro para pouco maisde 3%.Conorme ser detalhado em ar-

    tigo na pgina 7, a construo ser umdos setores que sustentaro o nvel deatividade no Pas, apesar de tambm so-rer uma desacelerao em razo das

    incertezas mundiais, cando com umaperspectiva de expanso de 5% em 2011.

    Este artigo tem como objetivo, paraalm de relatar os nmeros, explicitaros pressupostos que levaram s proje-es, o que implica uma anlise maisdetida dos atores condicionantes dasestimativas.

    ef p

    Na montagem do cenrio de 2011, aelevao do preo do petrleo aumen-ta a infao mundial e reduz o cres-cimento econmico. Se o preo do pe-

    trleo car no patamar de US$ 100, es-pera-se que o crescimento econmicomundial deva car 1 ponto percentualabaixo do esperado em 2011. Em razodas incertezas polticas em importan-

    tes pases exportadores de petrleo, opreo dessa commodityvoltou a cres-cer desde o nal de 2010. Em maro,o barril oi cotado acima de US$ 110

    (Brent, FOB), um valor quase 80% aci-ma da mdia de 2009.Em perodo recente, os preos do pe-

    trleo tm apresentado grande volatili-

    Quais as PersPectivas Para

    o brasil em um cenriointernacional desFavorvel?Em 2011, a economia mundial no deve crescer. A crise japonesae a reduo da oerta de petrleo azem com que a projeo decrescimento do Brasil diminua para pouco mais de 3% a construo

    ser, mais uma vez, um dos setores que sustentaro esse desempenhopositivo, com uma expanso de 5%. A despeito das diculdades,aumentar a importncia do Pas no contexto mundial

    Fe Gc e Eey Celc d

    uma viso de 2011

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    Conjuntura da Construo Maro 2011 5

    Alta do preo do petrleo ameaa retomada da economia mundialUS$ por barril (Brent, FOB)

    Brasil, construo e consumoPIB da economia brasileira - 1trimestre (ndice: 2005=100)

    80

    90

    100

    110

    120

    70

    90

    110

    130

    150

    0

    20

    40

    60

    80

    100

    120

    140

    160

    Economias em retomada: EUA, Euro e JapoPIB dos EUA, dos pases da zona do Euro e do Japo - 1 trimestre

    04.01.0104.01.88 04.01.92 04.01.96 04.01.00 04.01.04 04.01.08

    4 tri/101 tri/081 tri/061 tri/041 tri/021 tri/00

    4 tri/101 tri/081 tri/061 tri/041 tri/021 tri/00

    Japo

    Zona do Euro

    Estados Unidos

    PIB

    Construo

    Consumo

    108,3

    125,3124,9

    135,6

    105,8102,8

    Auge da

    especulao

    em 2008Crescimento

    de preos

    implica

    inao e

    retrao da

    atividade

    dade. Em julho 2008, o barril chegou aUS$ 144, em contexto de alta demandae com ortes componentes especulati-

    vos. A drstica reduo de demanda,provocada pela crise nanceira mun-dial, refetiu-se em uma orte retrao

    de preos: o barril caiu a US$ 30. Namdia de 2009, o petrleo oi cotado emUS$ 62 por barril, um valor signicati-

    vamente superior ao observado entre2000 e 2005 (US$ 33 por barril). O pa-

    tamar de US$ 60 , no entanto, razo-vel para o longo prazo, pois viabilizaontes alternativas de energia e a ex-plorao do pr-sal brasileiro.

    O atual patamar de preos no de-corre primariamente de um aumen-

    to da demanda, como em 2007 e 2008,mas uma restrio de oerta do leo

    lbio. Por isso, a reduo do crescimen-to mundial neste ano, que ocorrer emrazo da crise no Japo e do prprioaumento do preo do petrleo, no devediminuir de orma intensa o preo doleo. A presso nos preos deve conti-nuar por perodo ainda indenido, atque a situao poltica se estabilize.

    O Brasil sore eeito direto de retra-o de atividade provocada pela altado petrleo. Porm cabe pontuar queas reservas brasileiras, em contexto de

    turbulncia poltica em pases produ-

    tores, ganham importncia decisiva. Opetrleo nacional representa uma oer-ta segura, em uma rea sem confito da o interesse dos Estados Unidos em

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    Conjuntura da Construo Maro 20116

    comprar antecipadamente parte signi-cativa dessa produo. Paralelamen-

    te, ca claro que os nveis mdios depreo do petrleo viabilizam ontes al-

    ternativas, o que aumentar a deman-

    da por etanol, do qual o Brasil gran-de produtor e detentor de tecnologiade produo. Em meio s incertezas, oBrasil se arma como potncia energ-

    tica emergente o que undamentalpara seu desenvolvimento.

    F JpOs eeitos econmicos da tragdia ja-ponesa no devem ser subestimados. O

    terremoto e o tsunami destruram umaatia importante do estoque de capitaldo Japo. Alm da perda de edicios,

    inraestrutura, mquinas e equipamen-tos, tambm oram inutilizados esto-ques de mercadorias prontas.

    A contabilidade das perdas revelaa dimenso econmica do desastre. Oestoque de capital da economia japo-nesa somava US$ 17 trilhes antes do

    terremoto. A cada US$ 100 bilhes dedestruio de capital, o estoque se re-duz em 0,6%. Os prejuzos estimadosesto entre US$ 100 bilhes e US$ 150bilhes, o que signica uma diminuiode capital entre 0,6% e 0,9%. A destrui-

    o de capital ter isoladamente umeeito de reduo do PIB japons en-tre 0,3% e 0,5% nos prximos 12 me-ses. A parada de mo de obra causadapela destruio, por sua vez, ter umimpacto negativo de 4% a 6%.

    No bastassem esses atores, a cri-se nuclear deixou como legado o ra-cionamento de energia. At a substi-

    tuio da oerta das usinas inutiliza-das, o Japo deve conviver com racio-namentos. Mesmo com uma premissaotimista de que rapidamente o raciona-

    mento se restrinja energia que deixade ser gerada pelas usinas em colapso,a situao grave. A energia nuclearrepresenta 25% da matriz japonesa degerao eltrica e as usinas em crisesomam quase a metade dessa capaci-dade. Isso signica um racionamentoda ordem de 10% por um perodo de24 a 36 meses.

    Como a capacidade de gerao nooerece grandes excedentes, a impor-

    tao de outras ontes primrias umasada limitada. O custo da energia tam-

    bm vai onerar o Japo e prejudicar aatividade econmica. O eeito nal deuma reduo de PIB da ordem de 12%a 13% em 12 meses. Isso porque o pas

    tem uma intensidade de uso de energiaeltrica muito elevada, da magnitudeda intensidade de capital. Um raciona-mento mais intenso ou uma extensomaior do acidente nuclear podem pro-

    vocar uma queda ainda maior.Essa reduo de PIB supera a ocor-rida com a economia japonesa duran-

    te a crise nanceira internacional noprimeiro trimestre de 2009, o PIB japo-

    ns oi 8,6% menor do que o do primei-ro trimestre de 2008. A crise pode sermaior e mais prolongada se a sociedade

    japonesa responder com uma reduoacentuada do consumo, o que tem sidouma caracterstica marcante dos con-sumidores do pas desde a crise ban-

    cria e a bolha imobiliria dos anos 90.A economia japonesa oi respons-vel por quase 9% do PIB mundial em2010, assim a reduo do PIB japons

    ter orte eeito sobre o PIB mundial.O Japo oi responsvel por 4,3% de

    todas as importaes de mercadoriase servios no mundo a reduo dasimportaes japonesas ocasionar umareduo da demanda por bens produ-zidos nos demais pases, com eeitossobre o PIB dessas economias.

    Em 2009, o Japo oi responsvel por

    4,3% das exportaes mundiais. A re-duo da produo japonesa e a des-truio de estoques reduziro a capa-cidade exportadora do pas; em alguns

    mercados especcos, isso pode ocasio-nar aumento de preos. Adicionalmen-

    te, economia japonesa exportadorade capitais. A necessidade de undospara a reconstruo vai esgotar a ge-

    rao de poupana externa, com eei-tos sobre a liquidez internacional e osinvestimentos diretos em pases em de-senvolvimento.

    Com a soma de todos esses eeitosdecorrentes da crise japonesa, esti-ma-se um impacto negativo entre 1,1e 1,4 ponto percentual na economiamundial.

    c Somando-se os eeitos desacelerado-res do aumento do preo do petrleo

    e da crise japonesa, o crescimento eco-nmico mundial dever ser nulo em2011. Projees de dezembro aponta-

    vam um crescimento mundial de 2,1%,mas, na soma dos eeitos, a variaoPIB mundial deve car entre -0,3% e0% em 2011, o que comprometer ocrescimento brasileiro. O Pas ir cres-cer bem acima da mdia mundial, masisso ocorrer em um ambiente de infa-o mais elevada na comparao com2009, quando oram adotadas ortespolticas anticclicas para combater a

    retrao de atividades.Um caminho pelo qual a crise na eco-nomia japonesa aetar a economiabrasileira so as exportaes. Depoisda crise de 2008-2009, as exportaesbrasileiras para o Japo cresceram deorma acentuada. As exportaes pas-saram de um patamar de US$ 360 mi-lhes mensal em 2009 para US$ 660milhes na mdia dos primeiro doismeses de 2011. Agora, esse ganho devedesaparecer. Em relao a 2010, o Bra-sil deve perder cerca de US$ 300 mi-

    lhes por ms de exportaes para oJapo, o que d uma reduo de US$2,9 bilhes em 2011, considerado o eei-

    to do excelente crescimento dos doisprimeiros meses.

    A reduo de exportaes para o Ja-po retira R$ 4,9 bilhes da demandapor produtos brasileiros. O eeito dis-so no PIB uma reduo de 0,33 pontopercentual na taxa de crescimento de2011. A reduo do crescimento eco-nmico mundial e a elevao do preodo petrleo tero seus eeitos na eco-

    nomia brasileira. Esses dois enme-nos devem retirar mais 1,1 ponto per-centual do crescimento econmico doBrasil em 2011.

    O efeito final dosdesastres no Japo uma reduo da

    ordem de 12% a 13%do PIB em 12 meses.A economia japonesafoi responsvel porquase 9% do PIBmundial em 2010,assim a reduo doPIB japons ter forteefeito nos negcios

    em todo o planeta

    uma viso de 2011

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    Conjuntura da Construo Maro 2011 7

    A importncia do JapoO peso do Japo no PIB mundial, em %

    Exportaes brasileiras para o JapoMdia mensal, em milhes de US$

    Matriz energtica japonesaFontes primrias de gerao eltrica, em 2007

    29,6%Carvo

    27,7%Gas natural

    25,2%

    Nuclear

    7,1%Hdrica

    10,5%leo combustvel

    0

    200

    400

    600

    800

    2011*200820042000

    0

    4

    8

    12

    16

    2010200820042000

    14,5

    10,9

    8,08,9

    206,2 231,2

    509,5

    659,7

    Mas h atores de poltica econmicaque imprimem uma intensidade maior retrao, representados pelo aumen-

    to dos juros e os cortes do oramento.O aumento dos juros desde meados de

    2010 e os cortes no oramento de 2011devem ter um de reduo de 0,3 pontopercentual na taxa de crescimento oque relativamente pouco. Mas o so-matrio de eeitos, considerando-se aaumento preo do petrleo e a retra-o japonesa, ar com que o ritmo deexpanso das atividades na economiabrasileira se reduza de orma expressi-

    va em 2011, para 3,3% em termos reais,contra uma expectativa inicial de 5%.

    rp

    O Brasil destacou-se por ser um dosprimeiros pases a ultrapassar os eei-tos da crise nanceira mundial. Isso sedeu por meio de polticas anticclicasadotadas com agilidade e levando emconsiderao as necessidades dos prin-cipais setores produtivos do Pas. Emoutras palavras, o governo oi bem-su-cedido na tarea de concertar com osempresrios uma estratgia de com-bate retrao econmica.

    Uma comparao com o atual mo-mento, no entanto, necessita quali-

    cao. Primeiramente, importanteressaltar que a estratgia de dilogoconstante com o empresariado umsucesso e deve ser aproundada. Po-rm, como dito anteriormente, o cenrioinfacionrio mais desavorvel hojedo que em 2009. O governo rearma anecessidade de um aperto scal e umaeventual suavizao desse ajuste, emrazo da reduo da demanda mun-dial, deve ser analisada com cautela,para que no prejudique a estabilida-de da economia.

    No parece haver dvida da necessi-dade de uma poltica mais seletiva decortes de gastos, com anlises aproun-dadas de prioridades esse o casodos investimentos em inraestrutura ede qualicao de mo de obra, garga-los prementes da economia brasileira.Da parte do setor privado, importan-

    te no perder, em razo das diculda-des conjunturais, o horizonte dos in-

    vestimentos de mdio e longo prazo,pois as perspectivas de crescimento ede oportunidades seguem em alta no

    Pas. Em outras palavras, o uturo emdada medida chegou e o grande desa-o saber interpret-lo em uma pers-pectiva estratgica.

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    Conjuntura da Construo Maro 20118

    OANO de 2010 oi notvel para aconstruo e marcou a recupera-o de segmentos que soreram maiscom a crise em 2009. O crescimento

    vertiginoso comeou, no entanto, a es-barrar em limites sicos, de disponibi-lidade equipamentos e de mo de obra.Era esperado um crescimento menordo setor em 2011, o que ser acentua-

    do pelo desaquecimento da economiamundial e pelo ajuste scal. Mesmo nes-sa perspectiva mais modesta, a cons-

    truo ser mais uma vez um dos mo-tores da economia brasileira neste ano.

    As estimativas iniciais apontam paranova superao de resultados no mer-cado de crdito em 2011. O FGTS di-

    vulgou um oramento um ligeiramenteinerior ao que oi executado em 2010(R$ 24 bilhes). Por outro lado, deveocorrer expanso dos nanciamentoscom origem nos recursos das caderne-

    tas de poupana. A Abecip estima quecerca de R$ 84 bilhes sero direciona-dos para o nanciamento habitacionalem 2011. Isso signica que o mercadodispor de aproximadamente R$ 108bilhes, um valor 29% superior ao ve-ricado em 2010.

    No que diz respeito ao Programa Mi-nha Casa, Minha Vida, o governo anun-ciou uma diminuio de R$ 5 bilhesnos recursos previstos para a ase 2.Vale ressaltar, contudo, que essa re-duo de recursos no compromete os

    crditos j autorizados e contratadosrelativos a 2009 e 2010. A programaode construir 2 milhes de unidades emquatro anos continua mantida pelo go-

    verno. Segundo estimativa da CaixaEconmica Federal, 430 mil unidadeshabitacionais da ase 1 do programasero entregues em 2011.

    Em que pesem todos esses atorespositivos, as projees de crescimen-

    to em 2011 oram revistas para baixoem razo do aumento do preo do pe-

    trleo e da crise japonesa. Esses ato-

    res, somados aos eeitos do aumentodos juros e dos cortes no oramentode 2011 devem reduzir a taxa de cres-cimento da economia brasileira para3,3% em 2011. As projees para a ca-deia da construo so melhores, por-que os recursos para o crdito habita-cional esto garantidos e a expectativade investir continua elevada.

    Espera-se um crescimento do PIBda construo de 5% em 2011, comexpanso das vendas de materiais deentre 7,5% e 8,0%. Contudo, o cres-

    cimento do emprego no deve, e nopode, ser to intenso. As taxas de de-semprego da mo de obra da constru-o atingidas em 2010 mostram umasituao crtica, que tem sido acomo-dada com os aumentos dos custos dosetor. A disponibilidade de mquinase equipamentos para o setor tambmest apertada.

    Um processo de crescimento nosmoldes de 2010 no seria sustentvelem 2011. Atingido o pleno emprego, ocrescimento sustentado da economia

    passa a depender da expanso quan-titativa da oerta de mo de obra, dasua melhoria qualitativa, do aumentoda produtividade e do aumento do esto-

    que de mquinas e equipamentos dis-posio das construtoras para locao.

    O investimento em mquinas e equi-pamentos oi retomado em 2010 e esteano deve prosseguir elevado, mas a ex-panso da oerta de mo de obra qua-licada ainda pequena no conrontocom as necessidades. At o momentoem que os problemas da oerta de tra-

    balho e da alta de ganhos da produti-vidade no sejam enrentados por po-lticas pblicas mais amplas, o aumen-

    to dos custos da construo deve per-manecer relativamente orte.

    Este ano ser, portanto, marcado porum ajuste de ritmo. importante, nes-se contexto, uma clara programaode investimentos, de tal sorte que, naprxima acelerao das atividades, oslimites de mquinas, equipamentos emo de obra no sejam determinantes., em ltima anlise, uma oportunidade

    de criar condies para uma expansode atividade ainda maior do que a ve-ricada em 2010. Anal, crescer comritmo orte e com sustentabilidade uma meta que pode e deve ser atingida.

    expOs nmeros consolidados de 2010 para osetor da construo vieram conrmar asexpectativas dos empresrios da cons-

    truo: oi um ano de crescimento vigo-roso, que superou as projees iniciais eque trouxe de volta tambm preocupa-

    es com a sustentabilidade desse cres-cimento. Todos os indicadores registra-ram nmeros acumulados expressivos,quase sempre de dois dgitos.

    Por vos ainda maisaltos no FuturoDesacelerao neste ano uma oportunidade para expandira capacidade produtiva, desde que haja uma programao adequadainvestimentos. Crescer com ritmo orte e sustentvel uma metaque pode e deve ser atingidaa M Cel, Fe Gc e Eey Celc d

    balano e PersPectivas

  • 8/6/2019 conjuntura construao

    9/32

    Conjuntura da Construo Maro 2011 9

    Emprego na construoCom carteira assinada, mdia no ano

    Vendas de materiais de construoComrio varejista, R$ milhes

    A escalada daconstruo noBrasil - a trajetria

    ascendente2006-2010

    Norte

    RondniaAcre

    AmazonasRoraimaParAmapTocantinsNordeste

    MaranhoPiauCearRio G. do NorteParabaPernambucoAlagoas

    SergipeBahiaSudeste

    Minas GeraisEsprito SantoRio de janeiroSo PauloSul

    ParanSanta CatarinaRio G. do SulCentro-Oeste

    Mato G. do SulMato Grosso

    GoisDistrito FederalBrasil

    131.62321.2597.896

    25.8204.419

    54.0213.136

    15.071438.418

    39.03023.51655.43631.12132.92186.45016.789

    24.480128.6761.282.148

    312.69764.258

    243.521661.673329.658121.50492.768

    115.386189.995

    26.73430.124

    70.69262.446

    2.371.843

    2010 2009 Var. (%) 2010 2009 Var. (%)

    161.45537.9898.460

    26.2945.003

    62.6133.266

    17.830557.194

    45.92431.84374.12637.61938.030

    111.37521.765

    28.217168.2961.420.938

    354.97170.865

    260.821734.282377.767142.89899.862

    135.007206.755

    27.34131.553

    80.76467.098

    2.724.109

    Norte

    RondniaAcre

    AmazonasRoraimaParAmapTocantinsNordeste

    MaranhoPiauCearRio G. do NorteParabaPernambucoAlagoas

    SergipeBahiaSudeste

    Minas GeraisEsprito SantoRio de janeiroSo PauloSul

    ParanSanta CatarinaRio G. do SulCentro-Oeste

    Mato G. do SulMato Grosso

    GoisDistrito FederalBrasil

    2.742,76693,79260,14

    387,8079,22

    898,53118,33304,96

    11.671,51

    1.106,03435,23

    3.291,84488,13450,12

    1.931,41550,90459,81

    2.958,0426.828,93

    6.761,711.368,143.790,47

    14.908,6111.352,90

    4.861,281.737,544.754,084.293,71

    459,97579,82

    1.923,161.330,7656.889,81

    2.352,65

    526,67222,24

    374,1869,55

    826,83108,84224,34

    10.067,12962,52426,33

    2.734,71461,72397,94

    1.630,13506,63424,72

    2.522,4422.326,98

    5.601,211.067,913.018,64

    12.639,228.997,124.036,011.535,593.425,523.602,73

    432,72531,87

    1.542,901.095,2447.346,60

    22,7

    78,77,1

    1,813,215,94,1

    18,327,1

    17,735,433,720,915,528,829,6

    15,330,810,8

    13,510,37,1

    11,014,6

    17,67,6

    17,08,8

    2,34,7

    14,27,414,9

    16,6

    31,717,1

    3,613,98,78,7

    35,915,9

    14,92,1

    20,45,7

    13,118,58,78,3

    17,320,2

    20,728,125,618,026,2

    20,413,238,819,2

    6,39,0

    24,621,520,2

    Consumo de cimento,

    em mil toneladas

    Emprego na construo,

    com carteira assinada

    1.000

    2.000

    3.000

    4.000

    5.000

    6.000

    jan-06 jul-06 jan-07 jul-07 jan-08 jul-08 jan-09 jul-09 jan-10 jul-10 dez-10

    500.000

    1.000.000

    1.500.000

    2.000.000

    2.500.000

    3.000.000

    CIMENTO

    EMPREGO

    Com a crise internacional

    o consumo de cimento

    e o emprego caram, mas

    logo se recuperaram

    a m

    p g n

    n n,

    p fz

    a g sp g

    a f

    f g s c-o

  • 8/6/2019 conjuntura construao

    10/32

    Conjuntura da Construo Maro 201110

    O PIB da construo, de acordo com aestimativa ainda preliminar das ContasNacionais, atingiu R$ 165,248 bilhes,o que representou um crescimento de22,27% na comparao com o PIB de

    2009 em valores correntes. Ou aindauma expanso de 13,45%, descontan-do a elevao de preos setoriais me-dida pelo INCC-DI. Esse resultado levao crescimento real acumulado desde2006 a 31,95%, o que signica uma

    taxa mdia anual de 5,70%.De ato, o ciclo virtuoso iniciado em

    2004 prosseguiu com capilaridade emtoda a cadeia. Crdito, produo, em-prego, lanamentos habitacionais, to-dos os indicadores, alm de registra-rem taxas de crescimento expressivas

    na comparao com 2009, conseguiramsuperar os nmeros at ento recor-des de 2008. Os eeitos dessa expan-so tambm se zeram sentir de ormamarcante no mercado de trabalho, queobservou a alta de mo de obra qua-licada e a elevao dos salrios aci-ma da infao. Os preos dos terrenosnas regies metropolitanas acusarama demanda imobiliria aquecida pelaexpanso do crdito.

    i

    Em dezembro, o nvel de utilizao daindstria de materiais atingiu 90,7%,o que representou o maior patamarpara o ltimo ms do ano de toda asrie pesquisada pela FGV. De ato, aproduo de insumos para a constru-o bateu recorde no ano: aumentou11,9% na comparao com 2009, o quepermitiu superar em 4,8% a produoalcanada em 2008. O aturamento daindstria no mercado domstico cres-ceu 16,1%, o que equivale a uma va-riao de 12,1% acima do crescimen-

    to dos preos de materiais.Impulsionadas pela demanda das a-mlias, as vendas de materiais de cons-

    truo no comrcio varejista registra-ram nmeros ainda mais expressivos:aumento real de 16,3% na comparaocom 2009 e de 12,3% em relao a 2008.

    iQuando se trata de superao das pro-

    jees, o crdito habitacional oi o prin-cipal destaque de 2010. Entre 2010 e2004, o crdito habitacional cresceu oito

    vezes em termos reais, sendo a expan-so de 2010 especialmente vigorosa. Onmero de nanciamentos contratadospelo Sistema Financeiro da Habitao,

    somado aos realizados pelo ProgramaMinha Casa, Minha Vida, alcanou 1,152milho de unidades, o maior patamar

    j alcanado no Pas. O recorde ante-rior, de 627 mil unidades, oi registra-

    do em 1980. As duas principais ontesde nanciamento SBPE e FGTS di-recionaram R$ 83,4 bilhes ao merca-do, o que representou um crescimentode 71% em relao a 2009.

    O Programa Minha Casa, Minha Vida(PMCMV), alm de adicionar mais re-cursos aos j disponveis pelo SFH, de-

    terminou uma mudana importante decomposio de mercado: as empresas

    se direcionaram para o mercado de a-mlias com renda de at trs salriosmnimos. Em dois anos, o PMCMV con-seguiu garantir a contratao de 1,005milho de unidades habitacionais, sen-do 57% para amlias de at 3 salrios.

    Com o reoro dos recursos doPMCMV, os lanamentos habitacio-nais aumentaram por todo pas e osimveis com dois dormitrios oramos mais procurados pelas amlias. NaRegio Metropolitana de So Paulo, o-ram lanadas 67,8 mil unidades habi-

    tacionais, um nmero 26,7% superiorao de 2009 e recorde dos ltimos anos.Os imveis de at dois dormitrios re-presentaram 29% das vendas realiza-

    das na regio. Os dados da Ademi-RJtambm mostram um crescimento or-te dos lanamentos residenciais na ci-dade do Rio de Janeiro. At novembro,haviam sido lanadas 12.300 mil unida-

    des, o que permite projetar um cresci-mento de 19% no ano de 2010.Na rea de inraestrutura, os desem-

    bolsos do BNDES tambm cresceramde orma expressiva, garantindo a con-

    tinuidade dos projetos em andamen-to e o incio de novos. Em 2010, os de-sembolsos totais atingiram R$ 168,4bilhes, sendo R$ 52,4 bilhes direcio-nados para inraestrutura.

    P pgEm 2010, o setor da construo viven-

    ciou o pleno emprego, caracterizan-do um quadro de escassez em todo oPas, especialmente a de trabalhadoresmais qualicados. Em dezembro, a taxade desocupao dos trabalhadores daconstruo em seis regies metropo-litanas atingiu 2,3%. A taxa mais alta,de 4,1%, oi registrada em Salvador ea mais baixa, em Porto Alegre, 1,8%.O nmero de ocupados vem crescen-do continuamente e registra alta de18,9% desde 2004. O nmero de em-pregados com carteira teve alta ainda

    mais expressiva: praticamente dobroudesde 2004, atingindo 2,78 milhes detrabalhadores em dezembro de 2010.

    A expanso do crdito tem sido umaora importante na promoo da or-malizao da mo de obra na constru-o. O movimento de ormalizao sedisseminou por todo Pas, ganhandoora nas regies Norte e Nordeste. Em2010, com o ritmo maior das obras doRio Madeira, o crescimento da deman-da por trabalhadores na regio Nortecresceu tambm de orma expressiva.

    O nmero mdio de empregados naregio aumentou 22,7% em relao a2009, sendo que apenas em Rondnia,o aumento oi de 78,7%. Entre dezem-bro de 2007 e dezembro de 2010, o to-

    tal de empregados com carteira pas-sou de 8,7 mil para 40,5 mil trabalha-dores no Estado.

    Na regio Nordeste, o nmero de em-pregados com carteira cresceu 27,1%em relao a 2009, a maior alta entreas regies. Os Estados que registrarammaiores taxas oram Piau (35,4%), Cea-

    r (33,7%) e a Bahia (30,8%). So Paulo,que tem o maior contingente de traba-lhadores do Pas (27% do total), echoucom elevao de 11,2% no emprego.

    O PIB da construoatingiu R$ 165,25bilhes em 2010,

    o que representouum crescimentode 22,27% nacomparao como PIB de 2009 emvalores correntes.Ou ainda umaexpanso de 13,45%,descontandoa elevao depreos setoriais

    balano e PersPectivas

  • 8/6/2019 conjuntura construao

    11/32

    Conjuntura da Construo Maro 2011 11

    O Ministrio do Planejamento anunciou uma re-avaliao do oramento de 2011 no ltimo diade evereiro. Receitas oram revistas e as des-pesas adequadas receita menor e s necessi-dades de conteno da demanda interna. A re-avaliao das receitas se deu em grande partecom a reduo de 19,1 bilhes na arrecadaoanual. Todos os tributos tiveram suas estimati-vas reduzidas, com destaque para a Contribui-o Social sobre o Lucro Lquido (CSLL), Impos-tos sobre Produtos Industrializados (IPI), sobrea Renda (IR) e Outras Receitas Administradaspela Receita Federal.

    Por sua vez, as despesas soreram um cor-

    te de R$ 50,1 bilhes em relao ao previstona Lei Oramentria aprovada pelo Congresso,distribudo entre as despesas obrigatrias e asdiscricionrias. As despesas obrigatrias oramreduzidas em R$ 15,76 bilhes, o que aetou ositens de Pessoal e Encargos Sociais, Abono Sa-larial, Seguro Desemprego, Previdncia Sociale Subsdios. O maior corte, de R$ 36,2 bilhes,deu-se nas despesas discricionrias e atingiutodos os ministrios.

    Em princpio, ao anunciar o corte no ora-mento, o governo ressaltou que ele no atin-gir os recursos do Programa de Acelerao doCrescimento (PAC) e os principais programas

    sociais. Assim, a reduo de R$ 2,4 bilhes nooramento do Ministrio dos Transportes ocorre-ria com a reduo de gastos de custeio e aesem ase de projeto.

    importante observar que o corte anuncia-do se d em cima dos valores que oram apro-vados no Congresso. Como no se tem a execu-o oramentria de 2010, no possvel com-parar o novo oramento com os gastos no anopassado para se ter uma real dimenso da re-duo de despesas e, portanto, de seu impactosobre a economia.

    M C, M VA despeito da nase de que o PAC e programassociais no seriam atingidos, o Ministrio dasCidades oi o que soreu o maior corte absolutono oramento: R$ 8,6 bilhes, o que represen-ta cerca de 24% do corte total ou 41% do ora-mento inicial do Ministrio. A reduo das des-pesas atingiu diretamente os recursos previs-tos para a ase 2 do Minha Casa, Minha Vida.Para avaliar o impacto dessa alterao, preci-so considerar um aspecto importante da execu-o oramentria do governo: cortes oramen-trios no exerccio fscal corrente no compro-metem crditos j autorizados e contratados de

    exerccios fscais anteriores, que integram a ru-brica Restos a Pagar. Essa despesa realiza-da com recursos aprovados do oramento an-

    terior. O corte que o governo ez atingiu a ase2 do Minha Casa, Minha Vida, cujo oramentoainda no havia sido aprovado pelo Congressoe, portanto, no poderia ser gasto ainda.

    O programa carrega R$ 9,5 bilhes de restosa pagar dos anos anteriores. Assim, quando secompara os recursos aprovados para o progra-ma em 2010 com 2011, observa-se, na verda-de, um aumento de aproximadamente 5%. No-te-se que o oramento do FGTS aumentou e ossubsdios advindos do FGTS permaneceram nomesmo patamar.

    Ao avaliar o eeito do corte realizado pelo go-verno, a Cmara Brasileira da Indstria da Cons-

    truo (CBIC) observou que, apesar da medidaprovisria n514 que cria a 2 etapa do Progra-ma ainda no ter sido apresentada (por conse-

    quncia, nem aprovada), a manuteno dos R$12,7 bilhes no oramento garante os crditosoramentrios para as contrataes a partir deabril at dezembro. Portanto, no haver des-continuidade do programa.

    Alm disso, deve-se lembrar que 2011 ser o

    primeiro ano da nova ase, restam ainda, ao me-nos, trs anos e meio para compor recursos parasua concluso. Outro ponto importante levanta-do pela CBIC diz respeito s aixas de renda aci-ma de R$ 1.395,00 atendidas pelo FGTS. Nessaaixa oram agregados mais R$ 2,5 bilhes aooramento do Fundo para atender ao PMCMV ea sua execuo no est vinculada a publica-o da medida provisria (2 ase), de maneiraque, esses recursos encontram-se disponveispara contratao desde a sua aprovao no f-nal do ano 2010. Por fm, no se pode esque-cer que o programa na primeira ase contratoude ato quase 100 mil unidades alm da metaestabelecida, o que pode ser considerada comouma antecipao da ase seguinte.

    Pg m c, m v, r$

    Fontes2010 2011

    laprovado

    r pagar (RP)

    Oramentol

    aprovador

    pagar

    ogU/far 12,4 4,4 12,7 7,6 9,5

    Subsdio FGTS 3,0 3,0 3,0

    Recurso oneroso FGTS 19,4 21,0 21,0

    t 34,8 4,4 36,7 31,6 9,5

    t rp 39,2 41,1Fonte: CBIC

    na prtiCa, CortEs no CoMproMEtEMo proGraMa Minha Casa, Minha Vida

  • 8/6/2019 conjuntura construao

    12/32

    Conjuntura da Construo Maro 201112

    NADA COMO o sucesso. O cresci-mento expressivo da construoem 2010 estabeleceu uma base de com-parao elevada para os principais in-dicadores setoriais e os resultados ex-

    tremamente avorveis da cadeia pro-dutiva tambm se traduziram em altasexpectativas. Neste artigo, para aeriras percepes setoriais, analisada aSondagem da Construo e so ouvi-das as opinies de cinco dirigentes dacadeia produtiva da construo sobre

    pontos importantes para o setor. Fala-ram Conjuntura da Construo Ser-gio Watanabe, presidente do Sinduscon--SP; Paulo Simo, presidente da Cma-ra Brasileira da Indstria da Constru-o (CBIC); Paulo Godoy, presidenteda Associao Brasileira da Inraes-

    trutura e Indstrias de Base (Abdib);Joo Crestana, presidente do sindicatoda Habitao (Secovi-SP); e Jos Ro-berto Bernasconi, presidente do Sin-dicato das Empresas de Arquitetura ede Engenharia Consultiva (Sinaenco).

    PpNa primeira Sondagem de 2011, reali-zada pela FGV e o Sinduscon-SP emevereiro, detectou-se uma grande con-ana na sustentao do crescimen-

    to. De ato, parte importante dele estdado por obras em andamento. A pes-quisa oi realizada antes do agravamen-

    to da questo do petrleo na Lbia e dotsunami no Japo, que tendem a pioraras percepes de desempenho. Mas, deuma orma geral, os resultados refetem

    a boa condio do plano domstico, in-dependentemente dos atores externos.O indicador de desempenho atual

    das empresas depois de duas quedas

    consecutivas voltou a crescer, 5,1%.As perspectivas de desempenho tam-bm cresceram. No entanto, o otimis-mo do empresrio no mesmo perododo ano passado estava mais elevado, oque pode ser em parte atribudo a ex-pectativas um pouco mais negativas emrelao evoluo dos custos setoriais.As percepes de custo oram se dete-riorando ao longo de 2010, registran-do pequena melhora em evereiro nacomparao com o trimestre anterior,

    mas continuam negativas (abaixo de 50)e ineriores as registradas no mesmoperodo de 2010. Paradoxalmente, asperspectivas positivas em relao aosnegcios alimentam o pessimismo comos custos, especialmente relacionados mo de obra. Em 2010, os salrios su-biram em mdia 10,41%, o que repre-senta 4,2% acima da infao ocial.

    No que diz respeito s perspectivasda economia, o sentimento dominan-

    te tambm otimista, embora tenhase reduzido nas duas ltimas sonda-

    gens e tende a se reduzir ainda maisem razo das novas diculdades noplano externo. A questo dominan-

    te hoje no cenrio atual controle dainfao tambm preocupa os em-presrios: houve uma reduo supe-rior a 20% no indicador relacionado evoluo da infao. Em So Paulo,o crescimento do desempenho e dasperspectivas das empresas oi maiorna comparao com a mdia do Pas.O empresrio em So Paulo tambmmostrou preocupao com a evoluo

    dos custos setoriais, mas a deteriora-o das perspectivas na comparaocom o mesmo perodo de 2010 oi me-nos intensa.

    t gPara Sergio Watanabe, o empresaria-do sabe que ter pela rente algumasdiculdades, como o eeito negativoda elevao da taxa de juros sobre osinvestimentos, o corte no Oramentoe at os refexos ainda imprevisveisda recente catstroe no Japo sobrea economia mundial, mas ainda man-

    tm uma perspectiva otimista. Acredi-tamos que o Brasil tem duas opes:investir ou investir. Assim, a despei-

    to dos cortes no Oramento da Unio,acreditamos que o PAC ser preserva-do. Alm disso, o mercado imobilirio,impulsionado pela expanso do crdi-

    to, continuar crescendo. Portanto in-raestrutura e imobilirio continuarocomandando o crescimento do setor daconstruo. Por m, no podemos es-quecer que em 2011 a construo co-mear a registrar tambm os impac-

    tos do incio das obras relacionadasaos dois grandes eventos esportivos,Copa e Olimpadas.

    No que se reere sustentabilida-de do crescimento, o presidente doSindusCon-SP risa a necessidade depreservar o ambiente macroeconmi-co avorvel, ou seja, infao contro-lada, ajuste iscal com reduo dasdespesas de custeio, mas com eleva-o dos investimentos. H ainda a ne-cessidade de reormas. A questo dacompetitividade do Pas assume umaimportncia cada vez maior em todosos debates sobre sustentabilidade, as-sim as reormas tributria e trabalhis-

    ta so undamentais. Do ponto de vis-ta microeconmico, Watanabe apontaduas questes mais urgentes para as-segurar o crescimento observado nos

    otimismo, ritmo mais lento eaPerFeioamentos necessriosSondagem mostra nimo do empresariado e temor com relao acustos; dirigentes apontam melhorias a serem alcanadasEey Celc d, a M Cel e Fe Gc

    eXPectativas emPresariais

  • 8/6/2019 conjuntura construao

    13/32

    Conjuntura da Construo Maro 2011 13

    ltimos anos. A primeira diz respeitoaos recursos nanceiros, ou seja, ne-cessidade de assegurar ontes para acontinuidade da expanso da oerta decrdito tanto para inraestrutura quan-

    to para a rea imobiliria. A segundaest relacionada enorme necessidadedo setor em aumentar sua produtivida-de, de orma a dar conta da demandacada vez maior, o que signica que osetor tem que investir em tecnologia.

    n gA CBIC avalia bem o novo governo. Ve-mos o incio do governo Dilma muitopositivamente. Alis, no nos surpre-endemos, pois convivemos com a entoministra, quando ocupava a Casa Ci-

    vil do governo Lula, e tivemos a opor-tunidade de realizar vrias parceriasmuito promissoras para o Pas, ava-lia Paulo Simo.

    O setor da construo tem uma ex-pectativa bem positiva. Pretendemosavanar na nossa parceria com o go-

    verno ederal, no s na consolidaodos projetos que esto em andamento,que ajudamos a construir, quanto tam-bm na ormulao e sugesto de novosprojetos e programas, que entendemos

    sejam importantes e necessrios parao Pas, como o projeto Sanear Vi-

    ver, que pretende resolver de vez essavergonha nacional que a decinciados servios de gua e esgoto.

    Para Simo, inquestionvel queuma das virtudes do governo Lula oia abertura que a iniciativa privada tevepara o dilogo e para a parceria. A por-

    ta esteve sempre aberta e todos quesouberam e quiseram utiliz-la paraconstruir uma parceria que tinha comoobjetivo o bem do Pas e do povo bra-sileiro. Quem assim o ez, encontroueco no governo. A presidente Dilmaparticipou ativamente desse processoe certamente ampliar e consolidaresse mtodo de governar.

    ifSegundo Paulo Godoy, os investimen-

    tos em inraestrutura seguem trajet-ria crescente. Em 2011, os investimen-

    tos podem atingir cerca de R$ 160 bi-lhes, considerando os setores de pe-

    trleo e gs (explorao e produo,reno, gs e energia), energia eltrica,

    telecomunicaes, saneamento bsicoe transportes (todos os modais, inclu-sive portos e aeroportos). Considera-

    mos uma margem de erro de 5% paraesse valor.

    Apereioamentos, no entanto, sonecessrios. Para a Abdib, o inan-ciamento um dos principais desa-

    os para viabilizar os empreendimen-tos. Em dezembro, o governo ederalanunciou medidas para incentivar oortalecimento do mercado de crdi-

    to de longo prazo no Brasil, com ocoprincipal na oerta de nanciamentodo setor privado para os investimen-

    tos em inraestrutura. Com as medi-das, h a perspectiva de que agentesprivados vo aumentar os aportes decrdito para os setores de inraestru-

    tura, de orma a complementar o cr-dito desembolsado pelo BNDES e por

    outras instituies pblicas, como aCaixa e o Banco do Brasil.Entre todas as medidas anunciadas,

    a Abdib enxerga enorme potencial nadeciso de desonerar, por diversas ren-

    tes, as aplicaes em ttulos de empre-sas criadas para investir na inraestru-

    tura, desde que tenham caractersticasde longo prazo. A desonerao pode-r atrair novos investidores dispostosa participar dos projetos de inraestru-

    tura, ampliando a competitividade des-

    40

    50

    60

    fev/08 mai/08 ago/08 nov/08 fev/09 mai/09 ago/09 nov/09 fev/10 mai/10 ago/10 nov/10 fev/11

    dp pp p dp p

    Pp

    Fonte: SindusCon-SP/FGV.*Os dados esto dispostos numa escala que vai de 0 a 100, tendo o valor 50 como centro. Isso quer dizer que valores abaixo de 50 podem ser interpretadoscomo um desempenho, ou perspectiva, no favorvel. No caso de Expectativas de diculdades nanceiras, no entanto, valores abaixo de 50 signicam diculdades menores.

  • 8/6/2019 conjuntura construao

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    Conjuntura da Construo Maro 201114

    se mercado em relao a outras apli-caes, sobretudo as de curto prazo. Amedida essencial para a inraestrutu-ra poder competir com as outras or-mas de aplicao nanceira.

    Outra medida importante, segun-do Godoy, oi a destinao de partedo compulsrio de depsitos a prazopara ormar um undo para estimulara criao de um mercado secundriodesses ttulos de empresas investido-ras. Paralelamente, o ortalecimen-

    to das condies de crdito de longoprazo no Brasil ganhar impulso como programa do BNDES no valor deR$ 10 bilhes para a aquisio de de-bntures, desde que com prazo alon-gado, com oco principal em projetos

    de inraestrutura. Dessa orma, o BN-DES poder reduzir gradualmente adependncia dos aportes do Tesouro e

    ter mais instrumentos para nanciarempreendimentos.

    Em um segundo estgio de evoluodo mercado de capitais, existe a expec-

    tativa de, em pouco tempo, a partir dosucesso dos primeiros empreendimen-

    tos apoiados pela iniciativa, imaginar-mos um mercado secundrio de ttu-los ampliando o leque de investidoresat as aplicaes de pessoas sicas.

    Todas essas medidas devem ganharimpulso em 2011, j que oram anuncia-das em dezembro de 2010, e a expecta-

    tiva da Abdib que contribuam tantopara ampliar a quantidade de crditodisponvel para obras de inraestrutu-ra quanto para melhorar as condies prazo e custos para os tomadoresdesses crditos.

    m Para Joo Crestana, a alta de preos dosimveis nos dois ltimos anos ruto

    da mudana de patamar do mercadoimobilirio, dos atores macroeconmi-cos, de condies extremamente avo-rveis de nanciamento imobilirio ede uma reposio de preos dos im-

    veis que durante uma dcada e meiacaram estagnados. O que o mercadopercebe que o preo tem de ser do ta-manho do bolso do comprador. Acredi-

    tamos que atingimos um patamar ra-zovel de readequao e no h maisespao para grandes reajustes.

    Segundo o presidente do Secovi, a

    poltica de subsdios est correta. Essapoltica de trazida pelo Programa Mi-nha Casa, Minha Vida sempre oi de-endida pelo setor, porque para com-

    bater o dcit habitacional, cuja con-centrao est nas camadas de maisbaixa renda, so necessrios subs-dios a undo perdido, ou seja, com re-cursos do Oramento Geral da Unio.

    Tambm, para a nova classe mdia, ossubsdios do FGTS so essenciais, ain-da que em proporo muito mais re-duzida. Esperamos que esse progra-ma transorme-se em poltica perenede Estado de Habitao. Sabemos queh muito por azer, mas conseguimosatingir a meta de um milho de novasunidades em dois anos e agora temoso novo desao de construir mais doismilhes de unidades at 2014.

    e p

    Jos Roberto Bernasconi arma azalgum tempo que, com relao aosgrandes eventos esportivos (Copa eOlimpadas), estamos mais para vidra-a do que para vitrine. As principaisobras de inraestrutura, especialmen-

    te de mobilidade urbana, ainda nodeslancharam, os aeroportos conti-nuam com os problemas j antigos ea proposta pela Inraero para resol-

    v-los investir nos puxadinhos, osMdulos Operacionais, soluo querefete a alta de planejamento, da

    contratao de bons projetos execu-tivos e de gesto eciente nessa rea.Os portos continuam completamenteinadequados para receber os turistasestrangeiros e o trem-bala Rio de Ja-neiro-So Paulo-Campinas s car se car pronto no mnimo em 2017.E isso aps trs anos e quatro mesesdo anncio do Brasil como sede daCopa 2014. Para os Jogos Olmpicos2016, ainda altam cinco anos. H pra-zo para desenvolver planejamento e-ciente, contratar projetos executivos

    de qualidade e realizar obras adequa-das, no prazo correto, ao custo certoe que deixem um legado para a socie-dade, ps-evento.

    O presidente do Sinaenco v mes-mo necessria a interveno direta dapresidente Dilma Rousse na cobran-a, das autoridades responsveis, deceleridade na contratao dos proje-

    tos executivos e desenvolvimento dasobras. O maior problema no desen-

    volvimento adequado das obras paraa Copa 2014 a alta de coordenao

    e gesto, e a presidente Dilma a ni-ca com autoridade, legitimidade e ca-pacidade de mobilizar recursos paraisso e imprimir a necessria agilidade.

    competitividadeA questo da competitividadedo Pas assume uma importncia

    cada vez maior em todos osdebates sobre sustentabilidade,assim as reformas tributria etrabalhista so fundamentais.

    seg Wbe, presidente do Sinduscon-SP

    dilogo como governoA porta esteve sempre abertano governo Lula, e todos quesouberam e quiseram utiliz-la

    para construir uma parceria quetinha como objetivo o bem do Pase do povo brasileiro. Quem assimo fez, encontrou eco no governo.A presidenta Dilma participouativamente desse processo ecertamente ampliar e consolidareste mtodo de governar.

    pl sm, presidente da CBIC

    investimentoA desonerao poder atrair

    novos investidores dispostosa participar dos projetos deinfraestrutura, ampliando acompetitividade desse mercadoem relao a outras aplicaes,sobretudo as de curto prazo.

    pl Gy, presidente da Abdib

    patamar de mercadoO que o mercado percebe que o preo tem de ser do

    tamanho do bolso do comprador.Acreditamos que atingimosum patamar razovel dereadequao e no h maisespao para grandes reajustes.

    j Ce, presidente do Secovi-SP

    copa e olimpadasameaadasAs principais obras deinfraestrutura, especialmente

    de mobilidade urbana, aindano deslancharam.j rbe Bec, presidente do Sinaenco

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    Conjuntura da Construo Maro 2011 15

    OS PRIMEIROS dias do governoda presidente Dilma Rousse tmsido marcados por duas caractersti-cas: de um lado, pela conduo da po-ltica econmica comprometida coma estabilidade, com medidas compa-

    tveis com o atual contexto; de outro,pelas anlises de alguns especialistas,ampliadas pela reverberao eita porsetores da imprensa.

    Armam estes que estamos vivendoum quadro de instabilidade econmica

    cujo eeito principal a acelerao dainfao, produzida pelas medidas decunho populista adotadas no segundomandato do governo Lula, caracteriza-das pela expanso dos gastos pblicose truques contbeis para esconder aampliao do dcit pblico, quer paraenrentar os eeitos da crise nancei-ra internacional, quer, principalmen-

    te, para consolidar o cenrio eleitoralavorvel candidata do PT.

    Argumentam ainda alguns especia-listas que a sinalizao dada pelos or-

    muladores da poltica econmica atu-al contraditria, pois a alta de clare-za na adoo do compromisso eetivocom a estabilidade, para alm da re-

    trica dos anncios das medidas ado-tadas, compromete a qualidade dessapoltica e a credibilidade do governo

    junto ao mercado, especialmente por-que a manuteno do ministro da Fa-zenda representaria essa contradioe essa incerteza o estimulador dosgastos de ontem o coordenador darestrio dos gastos de hoje. No con-

    sideram, portanto, as caractersticasde uma poltica anticclica keynesiana.Inelizmente, o debate econmico atu-

    al est contaminado, ainda, por compo-

    nentes eleitorais, situao que impedeuma anlise mais objetiva desse proces-so. A retrica adotada tanto pela maio-ria dos deensores e crticos do gover-no passado e atual reora o vis elei-

    toral presente nas anlises. O objetivodeste artigo tentar descontaminar odebate econmico, demonstrando que:

    a. O cenrio atual no de instabi-lidade econmica, pois guarda re-lao com as medidas de polticaeconmica adotadas anteriormen-

    te, inclusive o aumento dos gastospblicos;b. incorreto denominar o aporte de

    recursos ederais ao BNDES reali-zado pelo governo ederal, assimcomo a capitalizao da Petrobras,como truques contbeis eitos sem

    transparncia para esconder a am-pliao do dcit pblico, o que re-presentaria a volta do oramentomonetrio extinto em 1986;

    c. As polticas econmicas de onteme hoje representam a mesma linha

    de conduo da poltica econmicacomprometida no s com o obje-tivo da estabilidade, mas tambmcom o crescimento sustentado e adistribuio de renda, no sendo in-compatvel que essa conduo exi-

    ja medidas dierentes decorrentesda mudana do contexto e seja co-ordenada, de maneira competente,pelo mesmo ministro da Fazenda.

    O cenrio econmico no momentopresente completamente dierentedaquele herdado pelo ento presiden-

    te Lula no incio de 2003. Os principaisindicadores econmicos no conr-mam a existncia de um grave quadrode instabilidade econmica.

    A recente presso infacionria mui-to menor que a vericada no mesmocontexto de nal de um governo e in-cio de outro em 2002/2003 e 2010/2011,seja no perodo de outubro a evereiro(no caso do IPCA, 10,67% de 2002/2003contra 3,90% de 2010/2011), nos ltimos12 meses em evereiro (15,85% de 2003contra 6,01% de 2011) ou qualquer ou-

    tro perodo considerado.Convm lembrar que, em carta aber-

    ta, em janeiro de 2003, o Banco Central

    destacava que o ano de 2002 oi carac-terizado por uma conjugao perversade uma crise de conana na evoluoda economia brasileira e um aumentona averso ao risco nos mercados in-

    ternacionais. Portanto, o descumpri-mento da meta de infao que para oano de 2002 era de 4%, oi decorrn-cia de turbulncias do mercado nan-ceiro, em diculdades de administra-o da dvida pblica e em quedas donanciamento externo do Pas, aetan-do negativamente o nvel de infao e

    de atividade econmica.A conrmao desse ato pode serapurada tambm na evoluo das ta-xas de juros xadas nas reunies doCopom para o mesmo perodo consi-derado: enquanto no perodo de setem-bro/2002 a maro de 2003 a taxa subiumais de 7 pontos percentuais, no per-odo de setembro/2010 a maro/2011 a

    variao positiva oi de apenas 1 pon-to percentual. Convm considerar tam-bm a magnitude dessas taxas, que bem menor no perodo atual (na aixa

    de 10%) em comparao ao perodoanterior (na aixa de 20%).Outro aspecto que merece destaque

    a queda da relao dvida/PIB, de cer-

    consideraes sobre oatual debate econmicoA adoo de instrumentos variados para combater a infaosinaliza que poder haver uma reduo dos gastos com os jurosFcc h. Vgl e Fcc r. Fc*

    aJuste Fiscal

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    Conjuntura da Construo Maro 201116

    ca de 56% no nal de 2002 para poucomais de 40% no nal de 2010. O aumen-

    to da participao do Estado na condu-o da poltica econmica visando aoenrentamento da crise internacional,

    portanto, no deteriorou as contas p-blicas e garantiu o atendimento de di-erentes objetivos como a estabilidadedos preos, a manuteno e ampliaodo nvel do emprego, a reduo da de-sigualdade social e o crescimento eco-nmico. Isso sem alar no risco pasque em dezembro de 2002 era igual a1.460 pontos e no mesmo perodo em2010 oi igual a 186 pontos.

    Se verdade que a economia cres-ceu 7,5% em 2010, no menos ver-dade que a base de comparao para

    apurao desse crescimento oi 2009,quando a economia teve uma quedade cerca de 0,5%. Em outros termos,no h neste momento um cenrio desuperaquecimento da economia, atporque a expanso dos investimentosnos ltimos anos permitiu ampliar ainraestrutura e a capacidade produ-

    tiva da economia de orma a absorvera expanso do consumo decorrente doaumento da renda das amlias provo-cado pela reduo do desemprego, pe-los aumentos reais do salrio mnimo

    e a pela incluso social promovida pe-los programas de transerncia condi-cionada de renda.

    importante destacar que a expan-so do crdito para nanciar o inves-

    timento, principalmente por meio doBNDES, e o sistema habitacional, en-

    tre outras medidas, promoveram o or-talecimento do mercado interno, querevelou-se importante ator para di-minuir os eeitos da crise nanceirainternacional muito antes da recupe-rao observada nos principais pases

    desenvolvidos.s qSobre os aportes do governo ederalao BNDES e a capitalizao da Petro-bras, a crtica de que isso representouum truque contbil para equalizar ascontas pblicas e esconder o aumen-

    to da dvida pblica representa umatentativa de desviar o oco para algoque consolidou o processo de mudan-a na conduo da poltica econmi-ca: o objetivo central no se restringe

    estabilidade, mas tambm ao cresci-mento econmico e reduo das desi-gualdades sociais. No houve nenhumtruque contbil, at porque tudo est

    devidamente registrado nos balanoscontbeis e nenhuma das normas con-

    tbeis oi arranhada. A crtica est sen-do eita como decorrncia do proces-so de transparncia nas contas pbli-cas. Nada disso parecido com o na-do oramento monetrio que existiu

    at meados da dcada 80.O ato que a conduo da polticaeconmica pelo novo governo ocorreda mesma orma anterior, sendo que

    as novas medidas anunciadas guardamrelao direta com alguns aspectos es-peccos do atual quadro das contaspblicas e, principalmente, com a di-retriz da nova presidente da Repblica

    de garantir a estabilidade econmicacom a reduo da pobreza, mediantea adoo de instrumentos mltiplos ecombinados que permitam o ajuste daeconomia sem prejuzo do processo decrescimento econmico e de geraode emprego e renda.

    Em outros termos, a atual pressoinfacionria no est sendo combati-da somente com elevao das taxas de

    juros, mas tambm com alterao dosnveis de depsitos compulsrios e daregulamentao do sistema de crdito

    ao consumidor, de elevao das taxasde juros (ainda subsidiadas) do BN-DES para os investimentos, da adequa-o dos gastos pblicos em uno daexpectativa de receita para 2011, en-

    tre outros.Sobre esse ltimo aspecto, convm

    salientar que a reviso promovida naLei Oramentria Anual autoriza arealizao dos gastos em consonn-cia com a eetiva capacidade de arre-cadao para nanciar esses gastos.Portanto, o corte oramentrio recen-

    temente anunciado de R$ 53 bilhesrevela o rme propsito do governocom o ajuste das contas pblicas, evi-denciando que deixar de realizar cer-ca de R$ 18 bilhes de despesas inclu-das por meio de emendas parlamen-

    tares que, para tanto, revisaram o cl-culo da receita para cima.

    O compromisso de realizao do su-pervit primrio nos parmetros esta-belecidos representa tambm uma me-dida de garantia com o ajuste scal, naperspectiva de equilibrar a despesa com

    a receita no atual cenrio de expansoeconmica. A adoo de instrumentosvariados para reverter a recente pres-so infacionria sinaliza que poderhaver uma reduo dos gastos dos ju-ros e, assim, diminuir o eeito nocivodessa importante despesa que represen-

    ta cerca de duas vezes o que o governogasta com o Sistema nico de Sade.

    * Francisco H. Vignoli proessor do Departa-mento de Planejamento e Anlise Econmicada Fundao Getlio Vargas-SP e consultor da

    FGV Projetos. Francisco R. Funcia proessore diretor da rea de Economia e Contbeis daUniversidade Municipal de So Caetano doSul e consultor da FGV Projetos.

    A conduo dapoltica econmicano enfrentamento dacrise internacionalno deteriorou ascontas pblicas. Na

    realidade, garantiuo atendimento dediferentes objetivos,como a estabilidadedos preos, amanuteno eampliao do nvel doemprego, a reduoda desigualdade

    social e o crescimentoeconmico

  • 8/6/2019 conjuntura construao

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    Conjuntura da Construo Maro 2011 17

    NO DIA 11 de evereiro, oi lana-do em evento na Bovespa o ndi-ce Geral do Mercado Imobilirio Co-mercial (IGMI-C). O indicador j vinhasendo construdo h dois anos, tendouma verso preliminar sido apresenta-da no nal de 2009, com base em umaamostra limitada de inormaes. Essa

    verso preliminar j apresentava os re-sultados da aplicao de uma metodo-logia escolhida, visando medir a ren-

    tabilidade dos investimentos em im-

    veis comerciais ao longo do tempo. Ametodologia, reproduzindo o que vemsendo eito em alguns outros pases,calcula a valorizao de cada imvelao longo do tempo e tambm a renta-bilidade de suas receitas operacionaislquidas em cada perodo. Somando-seas duas ontes de rentabilidade, tem--se a rentabilidade total de cada im-

    vel em cada instante do tempo. O ndi-ce baseado na agregao das renta-bilidades individuais, usando o valorde cada imvel em relao ao total do

    mercado em cada instante como atorde ponderao. A base de inormaesatual conta com 190 imveis, divididosentre escritrios comerciais, shopping--centers, entre outros. Em termos re-gionais, praticamente todos os Esta-dos da Federao esto representados,com uma maior participao relativade So Paulo e Rio de Janeiro.

    A exemplo da experincia interna-cional, os valores utilizados no clcu-lo do IGMI-C so valores de avaliaodos imveis, com suas atualizaes

    peridicas. A periodicidade do ndice trimestral, motivada pelo desejo deatualizao reqente da inormao,mas considerando os eeitos dos picos

    sazonais de reavaliaes. O IGMI-Coi calculado utilizando inormaeshistricas desde 2000, de orma que asrie da primeira divulgao contma evoluo desde o primeiro trimes-

    tre de 2000 at o ltimo trimestre de2010. O Grfco 1 mostra as taxas tri-

    mestrais de variao do ndice duran-te este perodo.

    Por trs do comportamento da srie,do ponto de vista de prazo mais lon-go, temos variaes associadas comciclos do setor imobilirio comercial.Para acilitar esta visualizao, trans-

    o ndice Geral do mercadoImobIlIrIo ComerCIal (IGmI-C)Indicador visa medir a rentabilidade dos investimentosem imveis comerciais ao longo do tempopl pcce

    Gfc 1tx iGmi-c

    Fonte: FGV

    Gfc 2r

    Fonte: FGV

    -

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    2009Q3

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    rentabilidade

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    Conjuntura da Construo Maro 2011 19

    ATRAGDIA vivida pelos morado-res da regio serrana do Rio de Ja-neiro jogou na mesa do brasileiro umaconta dicil de pagar: a enorme dvidasocial que este pas tem com a popu-lao menos avorecida representadana precariedade das habitaes. Comoaquilo pode acontecer?, perguntaram--se os telespectadores que assistiramas tristes imagens pela televiso.

    O enmeno da prolierao de ha-bitaes inadequadas no est restrito

    s metrpoles brasileiras. Em recentecongresso realizado na Universidadede Cambridge, especialistas do mundointeiro apresentaram casos e discutiramproblemas comuns aos pases da Am-rica Latina. Analisar as causas do pro-blema importante para que eles nose agravem e nunca mais se repitam.

    Entretanto, precisamos intensicar assolues. A principal lio que apren-di rente da Secretaria Municipal deHabitao de uma das maiores cida-des do mundo, So Paulo, que no

    h uma nica soluo, como se pen-sou no passado, com a construo degrandes conjuntos habitacionais. Damesma orma, as solues precisamconsiderar que a questo no se res-

    tringe questo habitacional, pois hcomponentes socioeconmicos agindointensamente no processo.

    Essa situao decorre de uma desa-teno secular. O Brasil teve uma dasmaiores taxas de crescimento popula-cional do mundo no sculo 20, passan-do de uma populao de 17 milhes

    habitantes, em 1900, para 170 milhes,em 2000. A cidade de So Paulo tinhaapenas 239 mil habitantes, em 1900, nacomparao aos 11 milhes, em 2010.

    O suprimento organizado de habita-es novas nunca conseguiu acompa-nhar o aumento demogrco. De 1950a 1980, em apenas 30 anos, a popula-o aumentou 286%, mas o nmero deresidncias, apenas 216 %.

    A cidade de So Paulo tem uma pol-tica clara e planejada. Se, de um lado,a capital mais rica do pas dispe demais recursos que outras cidades, deoutro, a dimenso do problema enor-me e os gargalos, inmeros.

    A ausncia de polticas de incentivos

    construo de habitao resultou emsolues alternativas, nem sempre bemestruturadas: Fundao da Casa Popu-lar, em 1946, Banco Nacional da Habi-

    tao (BNH), de 1964 a 1986, esorosregionais na dcada de 1990, como a

    vinculao de recursos do ICMS, es- tabelecida pelo Governo do Estadode So Paulo, ou a criao dos undosmunicipais, Funaps e FMH, na capitalpaulista. A incipiente produo paraas amlias de baixa renda avoreceua expanso das avelas.

    Fechar os olhos para essa situao,como demonstra a histria, s agravouo problema. Apostar em solues mgi-

    cas, cuja maior atia do bolo de investi-mentos era destinada ao marketing, uma orma de manter a viso obstru-da. Em vez disso, a preeitura decidiuencarar o monstro do dcit habita-cional em todos os detalhes.

    A ousadia da capital paulista, queacabou sendo apontada como exem-plo para outras cidades do pas, temuma receita: estudos minuciosos sobrecomo moram os paulistanos e a elabo-rao de um plano de ao, desenvol-

    vido com ampla participao da socie-

    dade, o Plano Municipal da Habitao(PMH), desenvolvido com proundida-de e com propostas realistas, como oassunto requer.

    O que se produz em nvel nacionalso os estudos do dcit habitacional.Mas o que isso representa de prticoem um plano de ao se os dados nodeixarem de serem apenas nmerospara virar gente? Por denio, todasas amlias computadas no dcit vi-

    vem em algum lugar, mas onde? Ou,para ser mais preciso, como?

    O estudo considera como parte dessedcit, por exemplo, a coabitao a-miliar (pais com lhos adultos, irmocom irmo etc.), amlias que pagam

    o monstro do dFicithabitacional no desaParecernum Passe de mGicaResidncias no so soterradas ou inundadas em qualquer lugar. nas encostas e nas margens de crregos e rios onde mora o perigorc pee Lee*

    reas de risco

    Mesmo queconsegussemos

    utilizar todas as reasdas Zonas Especiaisde Interesse Social,a disponibilidade deterras para edificaesseria insuficiente.Juntas, todas elassomam 17 kmde terreno, mas necessrio o dobro nacidade de So Paulo

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    Conjuntura da Construo Maro 201120

    valores mensais excessivos em relaoa seus ganhos (mais de 30% da rendaamiliar mensal de at trs salrios m-nimos) e residncias com adensamen-

    to excessivo, trs ou mais pessoas por

    cmodo utilizado para dormir.Se as casas habitadas por essas am-lias, que representam quase 80% do d-cit, no so precrias sicamente, masinadequadas pelo seu custo, ser preci-so, ento, abrir um parnteses aqui: aquesto habitacional tem de passar aser tratada tambm como um caso deinsucincia e precariedade da rendadesses milhes de amlias.

    O PMH paulistano diz o que pareceinacreditvel para alguns, mas a verda-de que, sim, possvel equacionar o

    problema em quatro gestes se oreminvestidos cerca de R$ 3 bilhes porano. Porm h ns a serem desatadosnessa rede de aes.

    Um dos principais a carncia de terrenos. Mesmo que, por hiptese,consegussemos utilizar todas as re-as das Zonas Especiais de InteresseSocial (Zeis), a disponibilidade de ter-ras para edicaes seria insuciente.Juntas, todas as Zeis somam 17 kmde terreno, quando seria necessrioo dobro. Ser preciso comear a pen-

    sar na verticalizao dos tradicionaisconjuntos habitacionais, que hoje noultrapassam cinco andares, incluindoa o trreo. A preeitura tem realizadoestudos aproundados e experinciasque apontam serem viveis ediciospopulares mais altos.

    Outro gargalo a ser administrado a citada precariedade da renda da po-pulao. Na maioria dos casos, o sub-sdio pblico sobre o valor do imvel

    tem de ser total. Ser necessrio cha-mar toda a populao para decidir se

    consenso da maioria promover dis-tribuio de renda em orma de bemimobilirio aos menos avorecidos, ou,ento, como j se pratica em vrios pa-ses mais desenvolvidos que o Brasil,simplesmente alugar a moradia paraquem no tem condies de compr-la.

    Tambm nessa rea, a preeitura deSo Paulo tem obtido excelentes res-postas, como no caso da Vila dos Ido-sos, no bairro do Pari, onde os mora-dores pagam uma taxa de aluguel paramorar em apartamentos conortveis

    e bem cuidados pela administraomunicipal, o que seria invivel se os-sem nanciados. Os programas Parce-ria Social e Auxlio Aluguel, que pre-

    vem o benecio de R$ 300 mensais populao em situao de emergncia,

    tambm tm atingido bons resultados.Sem dvida, o maior programa de ur-

    banizao de avelas do mundo tambm

    o mais relevante da poltica habita-cional paulistana. Atualmente, o poderpblico paulistano atua em 110 reas

    precrias da cidade. As trs maiores a-velas de So Paulo, Helipolis, Parai-spolis e Jaguar, oram priorizadas eos processos de urbanizao esto emase nal de implantao. So projetospremiados no exterior e reconhecidos

    no meio acadmico porque, alm depromover a necessria inraestrutura,respeitam as relaes sociais j esta-belecidas e consolidadas, evitando asindesejveis consequncias de transe-rncia em massa de enormes contin-gentes populacionais.

    Sob o princpio da cidade compacta,onde emprego, moradia e inraestruturaesto prximos uns dos outros, evitan-do deslocamentos desnecessrios, e, porisso, o uso reqente do carro, a preei-

    tura investe na construo de moradia

    popular localizada prxima s linhas detransporte pblico de alta capacidadeou, ento, articulada a ciclovias, comoos condomnios construdos atualmen-

    te pela Cohab na zona leste, integradosa pistas exclusivas para bicicletas ata estao erroviria de Jos Bonicio,que ser dotada de bicicletrio.

    A tragdia carioca deixou claro que

    o restante da conta do dcit cerca de1,5 milho de amlias que moram pre-cariamente em reas de risco em todoo pas o que exige de ato atenoprioritria. Para se ter uma idia, seessas amlias necessitarem de subs-dio praticamente integral para morardignamente, com a construo de mo-radias e o nanciamento subsidiado,sero necessrios aproximadamenteR$ 100 bilhes de verbas orament-rias para atender apenas esse grupode brasileiros. J para atender o d-

    cit total, trs vezes esse valor.Recentemente, oi divulgado estudoda preeitura elaborado com auxlio doInstituto de Pesquisas Tecnolgicas daUSP, o mais completo levantamento dereas de risco eito por um municpiobrasileiro. Os nmeros so desaado-res: 105 mil amlias vivendo em situ-ao de algum risco, dos quais 29 millocalizadas em terrenos de risco altoou muito alto.

    Residncias no so soterradas ouinundadas em qualquer lugar. nas

    encostas e nas margens de crrego erios onde mora o perigo. A inexistnciade estudos desse gnero prejudica atmesmo o resgate da populao numasituao de catstroe climtica comoa vivida no Rio.

    A cidade de So Paulo no ignoramais os seus graves problemas habita-cionais. Aps vrias gestes que rele-garam a questo para um segundo ou

    terceiro plano, aps dcadas de desca-so, em que a invaso das reas de riscorecebeu at patrocnio poltico, a habi-

    tao hoje uma prioridade de gover-no. Para ter uma idia, a dotao ora-mentria para o setor neste ano qua-se seis vezes maior do que h seis anose atinge 4% do oramento municipal.Tambm os paulistanos tm sido con-

    vocados a esse debate, pelo consensode que a precariedade em que vivemas amlias mais pobres, no um pro-blema apenas da administrao pbli-ca, mas de toda a sociedade.

    * Ricardo Pereira Leite engenheiro com mes-

    trado em arquitetura e urbanismo pela USP eespecializao em nanas pela FGV-SP. se-cretrio municipal de Habitao de So Pauloe presidente da Cohab-SP.

    Vldmirpltonow/abr29.jn.2011

    Devastao causadapela chuva no bairroCampo Grande, emTerespolis (RJ)

  • 8/6/2019 conjuntura construao

    21/32

    22 Materiais de construo consumo e produo

    23 Mercado imobilirio

    24 Investimentos em habitao

    25 Investimentos em habitao

    26 Custo da construo residencial no Estado de So Paulo

    27 Preos de materiais de construo no Estado de So Paulo

    28 Emprego da construo por Estados

    29 Emprego da construo por Estados

    30 Emprego da construo brasileira por segmento

    31 Emprego da construo paulista por segmento

    ConstruoIndicadores da

    ValterCampanato/ABr

    No Rio, viso noturnado Cristo Redentor

  • 8/6/2019 conjuntura construao

    22/32

    Conjuntura da Construo MAro 201122

    Materiais de construo consumo e produo

    Fonte: SNIC, Instituto Ao Brasil e IBGE

    Perodo

    Consumo de Cimento Vergalhes Brasil Produo Brasi-leira de Materiais

    de Construo(ndice: Mdia de

    2002 = 100)

    Brasil So Paulo Produo Consumo Aparente

    Mil TVariao (%)

    Mil TVariao (%)

    Mil TVariao (%)

    Mil TVariao (%)

    No Ms No Ano No Ms No Ano No Ms No Ano No Ms No Ano

    2002 37.620 - -1,7 10.657 - -5,4 2.658 - 2,3 2.407 - 1,8 92,44

    2003 33.562 - -10,8 9.525 - -10,6 2.605 - -2,0 1.858 - -22,8 88,28

    2004 33.923 - 1,1 9.129 - -4,2 2.718 - 4,3 2.145 - 15,5 94,47

    2005 35.422 - 4,4 9.347 - 2,4 2.594 - -4,6 1.924 - -10,3 101,02

    2006 40.775 - 15,1 10.520 - 12,6 2.982 - 15,0 2.283 - 18,6 100,54

    2007 45.003 - 10,4 11.449 - 8,8 3.214 - 7,8 2.640 - 15,6 105,72

    2008 51.358 - 14,1 13.446 - 17,4 3.746 - 16,6 3.435 - 30,1 100,97

    2009 51.892 - 1,0 13.304 - -1,1 3.337 - -10,9 2.855 - -16,9 114,23

    2010 59.622 - 14,9 13.525 - 9,7 2.900 - 19,2 2.771 - 35,7 122,87

    2008 Jan 4.045 13,1 18,3 1.026 19,9 25,9 295 10,5 15,9 250 14,4 35,3 113,87

    Fev 3.703 -8,4 20,1 1.013 -1,2 26,5 268 -8,9 15,2 236 -5,8 36,4 109,06

    Mar 3.809 2,9 13,7 1.028 1,5 19,1 309 15,1 16,6 250 6,0 28,3 117,57

    Abr 4.112 8,0 15,4 1.050 2,1 20,2 314 1,5 18,5 280 12,2 31,6 116,68

    Mai 4.172 1,5 14,8 1.073 2,2 18,4 305 -2,9 16,0 289 3,0 30,2 120,15

    Jun 4.209 0,9 14,5 1.143 6,5 18,6 298 -2,0 14,6 289 0,1 31,3 121,79

    Jul 4.821 14,5 16,1 1.283 12,3 20,6 347 16,2 17,1 311 7,8 33,1 130,69

    Ago 4.625 -4,1 14,9 1.215 -5,3 18,3 375 8,1 20,1 338 8,7 34,4 130,50

    Set 4.713 1,9 15,7 1.178 -3,1 18,1 369 -1,5 22,2 366 8,2 37,3 128,26

    Out 4.822 2,3 15,2 1.283 9,0 17,9 414 12,3 24,8 369 0,7 37,3 132,22

    Nov 4.313 -10,6 14,3 1.155 -10,0 17,5 312 -24,7 22,3 257 -30,3 33,6 116,42

    Dez 4.014 -6,9 14,1 998 -13,5 17,4 140 -55,1 16,6 200 -22,1 30,1 100,97

    2009 Jan 3.961 -1,3 -2,1 990 -0,8 -3,5 240 70,8 -18,7 186 -7,3 -25,7 101,21

    Fev 3.588 -9,4 -2,6 943 -4,8 -5,2 241 0,8 -14,6 162 -12,5 -28,3 94,41

    Mar 4.265 18,9 2,2 1.142 21,2 0,2 245 1,4 -16,8 208 28,0 -24,4 109,77

    Abr 4.001 -6,2 0,9 1.092 -4,4 1,2 236 -3,5 -18,9 204 -2,1 -25,2 103,10

    Mai 4.168 4,2 0,7 1.125 3,0 2,0 268 13,4 -17,5 219 7,7 -24,9 108,53

    Jun 4.286 2,8 0,9 1.130 0,5 1,4 288 7,7 -15,1 235 7,2 -23,8 110,63

    Jul 4.665 8,8 0,2 1.157 2,4 -0,5 286 -0,9 -15,5 256 9,0 -22,8 117,82

    Ago 4.644 -0,4 0,2 1.183 2,2 -0,8 314 9,9 -15,6 279 8,8 -22,0 120,52

    Set 4.672 0,6 0,1 1.155 -2,4 -0,9 316 0,5 -15,5 294 5,6 -21,7 120,15

    Out 4.793 2,6 0,0 1.230 6,5 -1,3 360 14,0 -15,2 308 4,8 -21,0 125,80

    Nov 4.658 -2,8 0,8 1.178 -4,2 -1,0 319 -11,2 -13,7 273 -11,5 -18,9 121,62

    Dez 4.190 -10,0 1,0 980 -16,8 -1,1 224 -29,9 -10,9 231 -15,5 -16,9 114,23

    2010 Jan 4.333 3,4 9,4 1.050 7,2 6,0 311 39,0 30,0 260 12,7 40,1 111,84

    Fev 4.197 -3,1 13,0 1.072 2,1 9,8 305 -2,0 28,2 253 -2,7 47,4 108,52

    Mar 5.130 22,2 15,6 1.312 22,4 11,7 317 4,0 28,7 318 25,4 49,4 131,52

    Abr 4.587 -10,6 15,4 1.183 -9,9 10,8 322 1,6 30,6 304 -4,1 49,5 122,16

    Mai 4.892 6,6 15,8 1.261 6,6 11,1 347 7,6 30,4 363 19,2 53,1 128,81

    Jun 4.958 1,4 15,8 1.237 -1,9 10,8 341 -1,6 28,1 328 -9,7 50,4 126,19

    Jul 5.249 5,9 15,2 1.246 0,8 10,3 389 13,9 29,4 323 -1,4 46,2 128,85

    Ago 5.531 5,4 15,8 1.380 10,7 11,2 300 -22,9 24,3 314 -2,6 40,9 133,40

    Set 5.397 -2,4 15,7 1.314 -4,8 11,5 267 -11,0 19,2 308 -2,0 35,7 130,88

    Out 5.286 -2,1 15,1 1.243 -5,4 10,3 - - - - - - 132,41

    Nov 5.257 -0,5 14,9 1.227 -1,3 9,7 - - - - - - 130,87

    Dez 4.807 -8,6 14,9 - - - - - - - - - 122,87

  • 8/6/2019 conjuntura construao

    23/32

    Conjuntura da Construo MAro 2011 23

    Mercado imobilirio

    Fonte: Secovi-SP, Ipead-MG, FIEC-Decon, Sinduscon-RS, Embraesp e CBIC

    Perodo

    Velocidade de Venda (%) Lanamentos

    BeloHorizonte

    PortoAlegre

    So Paulo Goinia Recife Fortaleza

    Municpio de So Paulo RMSP

    UnidadesVariao (%)

    UnidadesVariao (%)

    No Ms Em 12 Meses No Ms Em 12 Meses

    2002 8,0 6,5 8,4 6,9 6,4 5,0 21.157 - -11,0 29.875 - -8,8

    2003 6,6 4,5 7,1 5,9 4,1 5,3 26.367 - 24,6 34.544 - 15,6

    2004 6,9 4,1 7,6 5,8 3,6 3,6 22.315 - -15,4 27.203 - -21,3

    2005 7,5 4,4 8,8 5,4 4,4 5,5 25.287 - 13,3 33.744 - 24,0

    2006 8,4 6,6 12,1 4,2 4,8 5,3 25.389 - 0,4 34.427 - 2,0

    2007 12,9 12,0 16,2 4,8 6,3 6,3 38.536 - 51,8 59.403 - 72,5

    2008 18,9 13,8 13,8 5,5 7,0 8,0 34.080 - -11,6 62.762 - 5,7

    2009 20,6 11,6 17,6 6,1 8,6 7,9 30.128 - -11,6 53.491 - -14,8

    2010 22,8 12,6 22,4 7,4 14,1 11,5 37.304 - 23,8 67.775 - 26,7

    2008 Jan 20,0 9,4 7,4 4,6 9,6 6,7 715 -90,0 51,6 1.128 -90,8 71,1

    Fev 18,6 10,5 13,4 6,9 7,8 8,3 2.349 228,5 57,2 3.547 214,5 75,9

    Mar 17,9 16,0 20,9 3,7 11,1 7,5 3.688 57,0 48,9 5.781 63,0 70,9

    Abr 21,0 20,7 14,8 5,2 7,2 7,9 1.901 -48,5 40,8 6.156 6,5 71,5

    Mai 13,8 26,8 21,8 5,9 9,0 15,0 3.859 103,0 44,0 8.326 35,3 77,7

    Jun 27,3 16,8 18,3 5,9 4,7 10,9 4.027 4,4 44,5 6.539 -21,5 83,6

    Jul 21,9 10,5 13,4 7,0 5,1 7,6 2.931 -27,2 46,1 5.955 -8,9 87,6

    Ago 19,6 12,8 20,7 7,4 6,9 7,1 3.642 24,3 54,3 6.087 2,2 97,8

    Set 20,4 13,1 13,8 4,5 9,5 9,4 2.368 -35,0 31,5 4.515 -25,8 75,5

    Out 15,6 13,6 4,9 2,9 4,3 7,1 3.541 49,5 11,3 6.236 38,1 49,5

    Nov 19,4 9,6 8,4 7,5 3,7 3,6 2.518 -28,9 6,9 3.849 -38,3 32,7

    Dez 10,6 6,4 7,7 4,7 4,9 5,3 2.541 0,9 -11,6 4.643 20,6 5,7

    2009 Jan 18,8 8,5 5,5 3,5 3,3 3,9 382 -85,0 -12,9 456 -90,2 4,1

    Fev 15,8 4,3 7,7 4,4 9,0 4,3 1.211 217,0 -18,9 1.778 289,9 -2,5

    Mar 24,8 5,9 10,7 3,8 9,4 4,6 1.561 28,9 -25,0 2.691 51,3 -9,9

    Abr 20,4 10,6 10,3 4,7 6,0 8,0 1.061 -32,0 -25,6 2.886 7,2 -18,0

    Mai 32,6 15,4 21,3 6,2 6,9 12,7 2.220 109,2 -31,8 3.808 31,9 -28,9

    Jun 21,4 10,5 21,5 7,3 9,1 8,3 1.715 -22,7 -38,7 2.721 -28,5 -36,8

    Jul 20,9 7,1 14,4 7,8 11,1 7,4 1.603 -6,5 -43,6 3.777 38,8 -42,4

    Ago 24,4 11,3 22,7 7,7 8,8 6,8 3.430 114,0 -46,2 6.474 71,4 -44,6

    Set 12,4 13,6 30,8 7,5 10,8 16,9 4.286 25,0 -38,4 5.677 -12,3 -41,5

    Out 17,4 12,8 18,1 6,9 10,6 7,5 2.517 -41,3 -37,3 4.237 -25,4 -42,2

    Nov 21,6 21,6 17,5 7,0 10,5 4,9 4.011 59,4 -31,3 8.926 110,7 -31,7

    Dez 17,1 17,5 30,8 6,2 8,1 9,4 6.131 52,9 -11,6 10.060 12,7 -14,8

    2010 Jan 28,3 11,8 11,3 7,4 16,2 10,2 590 -90,4 -10,1 1.690 -83,2 -11,9

    Fev 24,0 16,0 21,1 7,8 16,9 9,9 1.644 178,6 -5,6 5.618 232,4 -2,9

    Mar 31,0 12,5 28,2 8,5 18,0 17,7 3.959 140,8 8,8 6.900 22,8 9,7

    Abr 13,3 12,8 25,3 6,2 14,7 9,5 2.370 -40,1 16,3 4.581 -33,6 19,5

    Mai 16,1 18,7 16,7 8,8 11,2 11,8 2.173 -8,3 22,9 4.592 0,2 32,0

    Jun 13,9 13,7 26,8 7,0 9,5 5,2 2.830 30,2 38,4 3.407 -25,8 44,5

    Jul 33,3 11,6 28,6 5,8 13,1 9,0 2.582 -8,8 49,9 4.092 20,1 52,5

    Ago 31,8 11,8 17,4 9,9 10,8 12,1 1.633 -36,8 43,8 4.786 17,0 47,3

    Set 15,4 10,3 26,4 6,4 16,4 16,0 2.894 77,2 27,9 7.660 60,1 47,9

    Out 19,3 9,2 - 6,0 - 12,0 5.143 77,7 43,6 6.540 -14,6 60,1

    Nov 24,4 10,3 - 7,8 - 8,9 3.970 -22,8 35,3 7.178 9,8 39,6

    Dez - - - - - 16,2 7.516 89,3 23,8 10.731 49,5 26,7

  • 8/6/2019 conjuntura construao

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    Conjuntura da Construo MAro 201124

    Investimentos em habitao

    Fonte: Bacen/Decad

    Perodo

    Sistema Brasileiro de Poupana e Emprstimo

    Construo Aquisio

    Empresrio Pessoa Fsica Total Novos Usados Total

    Unidades R$ Mil Unidades R$ Mil Unidades R$ Mil Unidades R$ Mil Unidades R$ Mil Unidades R$ Mil

    2002 9.905 556.556 367 20.039 10.272 576.595 7.085 485.787 11.433 673.644 18.518 1.159.431

    2003 16.229 926.589 531 36.568 16.760 963.157 7.023 498.853 12.593 712.020 19.616 1.210.872

    2004 21.909 1.320.116 1.186 60.410 23.095 1.380.526 15.109 806.429 13.699 782.740 28.808 1.589.169

    2005 32.996 2.608.352 592 38.999 33.588 2.647.351 8.093 713.365 18.191 1.203.536 26.284 1.916.901

    2006 38.088 4.019.750 4.563 271.969 42.651 4.291.718 12.679 1.093.161 55.669 3.747.024 68.348 4.840.185

    2007 68.451 8.349.885 8.352 589.406 76.803 8.939.291 21.183 2.093.358 85.604 6.532.735 106.787 8.626.092

    2008 117.406 14.490.373 10.764 891.822 128.170 15.382.195 32.662 3.803.233 104.031 9.800.592 136.693 13.603.825

    2009 116.557 11.461.303 13.317 1.398.206 129.874 12.859.509 41.664 5.485.030 121.984 14.610.528 163.648 20.095.557

    2010 171.524 20.692.587 15.763 1.920.029 187.287 22.612.615 57.942 8.810.707 161.034 22.654.690 218.976 31.465.397

    2008 Jan 8.415 828.842 515 42.923 8.930 871.765 1.646 186.166 6.279 554.917 7.925 741.082

    Fev 173 1.070.724 511 38.210 684 1.108.935 2.087 292.609 5.758 523.328 7.845 815.937

    Mar 9.401 987.746 537 39.446 9.938 1.027.192 2.114 270.351 6.421 568.414 8.535 838.765

    Abr 8.529 840.730 731 57.683 9.260 898.413 2.167 268.683 7.559 686.189 9.726 954.872

    Mai 1.027 1.050.234 792 61.190 1.819 1.111.424 2.280 267.823 7.776 721.283 10.056 989.107

    Jun 8.812 1.788.228 972 79.385 9.784 1.867.613 3.072 346.204 9.243 889.269 12.315 1.235.473

    Jul 18.558 1.884.105 1.117 87.810 19.675 1.971.915 3.381 379.639 11.350 1.069.291 14.731 1.448.930

    Ago 18.697 1.839.847 1.170 91.440 19.867 1.931.286 3.121 352.187 10.016 937.347 13.137 1.289.534

    Set 13.534 1.273.409 1.177 100.182 14.711 1.373.591 3.366 375.035 11.120 1.054.677 14.486 1.429.713

    Out 8.934 921.977 1.073 90.040 10.007 1.012.017 3.332 374.295 9.737 967.771 13.069 1.342.066

    Nov 9.616 902.130 1.146 108.916 10.762 1.011.046 3.081 340.235 9.733 936.700 12.814 1.276.935

    Dez 11.710 1.102.400 1.023 94.596 12.733 1.196.997 3.015 350.006 9.039 891.405 12.054 1.241.412

    2009 Jan 5.989 697.369 844 83.460 6.833 780.828 2.692 327.842 7.704 768.180 10.396 1.096.022

    Fev 5.248 570.842 842 78.810 6.090 649.652 2.610 308.531 7.402 754.560 10.012 1.063.091

    Mar 7.728 819.177 917 84.529 8.645 903.706 3.199 394.099 8.962 937.972 12.161 1.332.071

    Abr 8.915 850.805 1.019 94.754 9.934 945.558 2.999 370.087 8.904 994.862 11.903 1.364.950

    Mai 6.512 784.308 1.087 107.651 7.599 891.960 3.227 395.581 9.300 1.066.027 12.527 1.461.609

    Jun 10.314 1.015.055 1.103 108.491 11.417 1.123.547 3.403 431.693 10.385 1.261.166 13.788 1.692.859

    Jul 7.208 741.268 1.319 142.044 8.527 883.312 3.974 518.323 11.959 1.435.055 15.933 1.953.378

    Ago 11.766 893.618 1.373 147.962 13.139 1.041.580 3.918 522.866 11.839 1.499.981 15.757 2.022.847

    Set 11.844 1.185.970 1.247 139.515 13.091 1.325.485 3.709 509.219 11.925 1.532.810 15.634 2.042.029

    Out 14.790 1.423.407 926 112.790 15.716 1.536.198 3.355 487.548 8.612 1.119.753 11.967 1.607.301

    Nov 13.820 1.206.050 1.390 153.376 15.210 1.359.425 4.014 561.710 12.046 1.547.412 16.060 2.109.122

    Dez 12.423 1.273.434 1.250 144.824 13.673 1.418.258 4.564 657.529 12.946 1.692.750 17.510 2.350.279

    2010 Jan 7.677 874.190 1.046 119.418 8.723 993.608 3.224 488.210 10.373 1.362.775 13.597 1.850.985

    Fev 9.314 923.570 882 101.896 10.196 1.025.466 3.553 513.435 9.680 1.314.887 13.233 1.828.322

    Mar 9.054 1.302.304 1.281 150.915 10.335 1.453.219 4.450 640.271 13.435 1.803.553 17.885 2.443.824

    Abr 17.564 1.669.871 1.400 166.686 18.964 1.836.557 4.325 634.997 12.987 1.775.413 17.312 2.410.411

    Mai 11.333 1.272.683 1.404 168.731 12.737 1.441.414 4.446 640.963 13.820 1.866.699 18.266 2.507.663

    Jun 20.375 2.159.830 1.304 158.792 21.679 2.318.622 4.668 707.927 13.501 1.908.798 18.169 2.616.724

    Jul 15.883 1.795.121 1.512 190.214 17.395 1.985.335 5.187 806.179 14.797 2.066.083 19.984 2.872.262

    Ago 12.881 1.758.602 1.552 193.439 14.433 1.952.041 5.554 842.626 15.061 2.095.721 20.615 2.938.347

    Set 16.895 2.092.506 1.506 182.308 18.401 2.274.814 5.548 839.920 15.246 2.207.477 20.794 3.047.397

    Out 19.575 2.544.944 1.064 130.693 20.639 2.675.638 4.661 735.906 11.884 1.784.488 16.545 2.5