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CONSELHO NACIONAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO 1ª AUDIÊNCIA PÚBLICA DO PROJETO BIOMAS PROCESSO Nº 0.00.002.001347/2014-63 DEGRAVAÇÃO 19 de agosto de 2014 Belo Horizonte-MG

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CONSELHO NACIONAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO

1ª AUDIÊNCIA PÚBLICA DO PROJETO BIOMAS PROCESSO Nº 0.00.002.001347/2014-63

DEGRAVAÇÃO

19 de agosto de 2014

Belo Horizonte-MG

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CONSELHO NACIONAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO

Degravação - 1ª AUDIÊNCIA PÚBLICA DO PROJETO BIOMAS

DATA: 19 de agosto de 2014

LOCAL: Procuradoria-Geral de Justiça do Estado de Minas Gerais (Belo Horizonte/MG) PARTICIPANTES: Adriana ((sobrenome não claramente identificado)) (Representante do Movimento Mineiro pelos Direitos Animais - MMDA); Alceu José Torres Marques (Secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Estado de Minas Gerais); Carlos André Mariani Bittencourt (Procurador-Geral de Justiça do Estado de Minas Gerais); Carlos Eduardo Ferreira Pinto (Coordenador do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Defesa do Meio Ambiente, Patrimônio Histórico e Cultural e da Habitação e Urbanismo (CAOMA) do Ministério Público de Minas Gerais - MP/MG); Cristina Seixas Graça (Promotora de Justiça do Meio Ambiente do Ministério Público da Bahia - MP/BA); Daniela Diniz Farias (Subsecretária de Controle e Fiscalização Ambiental Integrada da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais - SEMAD); Felipe ((sobrenome e cargo não identificados)); Felipe Faria de Oliveira (Coordenador das Promotorias de Justiça de Meio Ambiente das Bacias dos Rios Jequitinhonha e Mucuri do Ministério Público de Minas Gerais - MP/MG); Germano Luis Gomes Vieira (Chefe de Gabinete da Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais - SEMAD); Gisela Herrmann (Diretora Presidente da ONG Valor Natural); Glória ((sobrenome não descrito)) (Biosfera Consultoria Ambiental); Jarbas Soares Júnior (Conselheiro do Conselho Nacional do Ministério Público - CNMP); Ligia Vial Vasconcelos (Associação Mineira de Defesa do Ambiente - AMDA); Marcos ((de acordo com citação da fala anterior - Nome não corretamente identificado)); Márcia Hirota (Diretoria Executiva e de Gestão do Conhecimento da Fundação SOS Mata Atlântica); Maria Dalce Ricas (Superintendente Executiva da Associação Mineira de Defesa do Ambiente - AMDA); Mario Cesar Mantovani (Diretor de Políticas Públicas da Fundação SOS Mata Atlântica); Mestre de Cerimônias; Sheila Pitombeira (Associação Brasileira do Ministério Público do Meio Ambiente, Procuradora de Justiça do Ceará); Silvana Maria Costa (ACVerde); Valdeir de Souza Soares (Presidente da Comissão de Meio Ambiente de São José da Lapa); ((Participante não identificada, mas vinculada a instituto de pesquisa)); ((Participante não identificado)); “Teca” (Movimento pelas Serras e Águas de Minas).

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Mestre de Cerimônias: Bom dia senhoras e senhores ... O Ministério Público do Estado de Minas Gerais e o Conselho Nacional do Ministério Público, CNMP, por meio da sua Comissão de Defesa dos Direitos Fundamentais, dá boas vindas a todos os participantes dessa audiência pública conjunta, que tem como objetivo discutir sobre a preservação da Mata Atlântica e marca o lançamento do projeto Biomas do Conselho Nacional do Ministério Público... {burburinhos} ... Convidamos para compor a mesa de trabalho, o procurador-geral de Justiça do Estado de Minas Gerais, Carlos André Mariani Bittencourt, {palmas} o corregedor-geral do Ministério Público, procurador de Justiça Luiz Antônio Sasdelli Prudente {palmas}..., o conselheiro nacional do minis/ Conselheiro Nacional do Ministério Público e presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Fundamentais, Jarbas Soares Júnior {palmas}..., o secretário de Estado de Meio Ambiente, Alceu José Torres Marques {palmas}, o coordenador do Centro de Apoio Operacional do Meio Ambiente e promotor de Justiça, Carlos Eduardo Ferreira Pinto {palmas}, o presidente da Associação Mineira do Ministério Público, procurador de Justiça Nedens Ulisses Freire Vieira {palmas} e a procuradora de Justiça do Estado de Ceará e membro colaborador do Conselho Nacional do Ministério Público na Comissão de Direitos Fundamentais, do grupo/ do/ do meio ambiente, Sheila Pitombeira {palmas} {conversas paralelas inaudíveis} Para fazer a abertura dessa audiência, ouviremos o conselheiro Jarbas Soares Júnior... {burburinhos} Jarbas Soares Júnior - Conselheiro do CNMP: Bom dia a todos ... quero aqui saudar, em nome do Conselho Nacional do Ministério Público, e agradecer o eminente procurador geral de Justiça do estado de Minas Gerais, Carlos André Mariani Bittencourt, por acolher... o Conselho Nacional do Ministério Público na primeira audiência do projeto Biomas, lançado pelo presidente e procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Também cumprimentar o eminente corregedor-geral do Ministério Público, o meu colega e amigo, Luiz Antônio Sasdelli Prudente ... Saudar nosso colega – ex-procurador-geral, querido amigo, o seu Torres Marques – que hoje leva seu conhecimento, sua experiência e sua capacidade pro governo do estado depois de ocupar todos os cargos na instituição para orgulho da nossa instituição, o Ministério Público de Minas Gerais. Quero saudar também o ex-procurador geral, atual presidente da associação, o colega Nedens Ulisses Freire Vieira que prestigia, em nome da nossa associação, este evento e eu sei que pra ele não foi das tarefas mais fáceis, como também não foi pra mim cumprir esse rigor de horário do Conselho Nacional do Ministério Público ... Nove horas da manhã realmente é um horário para não começar {risos} ... Também quero aqui cumprimentar todos os colegas do Ministério Público de Minas Gerais na figura do Carlos Eduardo Ferreira Pinto, extraordinário promotor de Justiça, jovem mas tão experiente, competente, sereno que tem construído soluções importantes na questão ambiental de Minas Gerais. Saudar minha amiga Sheila Pitombeira, do Ministério Público do Ceará, que trabalha conosco no grupo de meio ambiente na Comissão de fus/ Direitos Fundamentais do Conselho Nacional do Ministério Público, mas sobretudo pela sua condição de coordenadora do ... Conselho de Coordenadores de Centros de Apoio Ministério de Meio Ambiente de todo o Brasil que aqui traz a voz e a experiência de todos os colegas e coordenadores de centro de apoio. Quero cumprimentar meus colegas da Comissão de Direitos Fundamentais, o assessor Luciano Coelho, que é membro do Ministério Público do Distrito Federal ... Juliano Napoleão, que é assessor-chefe da nossa comissão que aqui de Minas e foi um dessa/ um dos idealizadores do projeto ... da Comissão dos Direitos Fundamentais que abrange todas essas outras áreas eh ... dos brasileiros que necessitam da atuação do Ministério Público na defesa de seus direitos fundamentais ... Cumprimentar os meus colegas que vieram de outros estados na figura da Cristina que é coordenadora do ... Ministério Público da Bahia na área do meio ambiente, cop/ com/. Cumprimentar todos os que atenderam o convite do Conselho Nacional do Ministério Publico e quero fazê-lo em duas figuras muito emblemáticas pra mim, aliás três: o Chico, a Firmina e a

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Maria Dalci ... e também o Altavani, que tah aqui conosco, da SOS Mata Atlântica ... ele é o grande, na verdade, a grande voz em defesa da Mata Atlântica em todo o Brasil. Muito rapidamente, eu quero falar um pouquinho do que é o projeto BIOMAS e também qual a razão destas audiência pública. O projeto BIOMAS foi lançado pelo Conselho Nacional do Ministério Público e tem um pouco da minha trajetória pessoal, da minha passagem pelo Conselho Nacional do Mistério Público. Quando cheguei ao conselho, três anos atrás ... àqueles que não sabem, eu sou integrante do Conselho Nacional do Ministério Público representando os Ministérios Públicos estaduais – eleito que fui e também após aprovado no Senado – nomeado pela presidenta Dilma eh ... eu represento o Ministério Público dos estados lá. E o Conselho Nacional, ele/ele atua no colegiado num plenário que decide as questões relacionadas ao Ministério Público a partir do controle administrativo, financeiro e disciplinar e atua como congresso. Os parlamentos, através das suas comissões ... lá a/ a ... Comissão de Controle Administrativo e Financeiro, o co/ a/ aquela de Defesa da Autonomia das Prerrogativas do Ministério Público ah ... Comissão ... eh de Direitos Humanos, enfim, e há a Comissão de Direitos Fundamentais – que foi iniciativa até minha na verdade, eu propus a criação da Comissão de Meio Ambiente no Conselho Nacional do Ministério Público. Mas houve uma resistência enorme de alguns colegas que entendiam que aquela comissão poderia instigar ao Ministério Público ações açodadas, sobretudo na região norte ... Então, nós usamos, assim, de um eufemismo; transformamos a Comissão de Direitos Fundamentais e foi aprovada sem problema ... e lá, nós criamos o grupo de meio ambiente com os colegas experientes de vários estados da federação. Nesse grupo de meio ambiente, nó/ essas comissões e ao/ e o grupo de meio ambiente, elas trabalham por projetos e nós temos alguns projetos na área do meio ambiente. Nós lançamos, então, esse projeto BIOMAS, que tem o interesse, o objetivo, de através de audiências públicas, avaliar a atuação do Ministério Público brasileiro na proteção desses biomas – que é o do pampa, o do cerrado, oh... daca/da caatinga? Da caatinga... {burburinhos} Mata Atlântica, pantanal e da Amazônia ... é isso? {burburinhos} ... o pampa eu falei. Então, na verdade, nós vamos fazer essas audiências públicas em todos os estados pra avaliar a atuação do Ministério Público brasileiro na defesa desses BIOMAS, que todos sabem a situação que eles vivem/ que nós vivemos em todo o país. Nesse contexto, nós vamos avaliar também, porque que a atuação do ministério público não tah surtindo os efeitos, qual é o problema, é a atuação do Ministério Público? E porque o Judiciário tah sendo refratário a nossas ações? Porque o sistema não funciona? E porque há dificuldade nos governos? É porque a sociedade não tah participando? Então, nós estamos fazendo essa avaliação no projeto de longo prazo para ver como o Conselho Nacional do Ministério Público pode incrementar e apoiar as ações do Ministério Público na defesa do meio ambiente em todo o Brasil, especificamente nos BIOMAS. E por quê? Porque o Conselho Nacional do Ministério Público é um órgão muito xi/ enxuto, não tem uma capa/capilaridade nacional ... Então, tem que escolher alguns temas e também, nesses temas, ter muito cuidado para não ferir a autonomia dos Ministérios Públicos e a independência funcional de cada membro da instituição. Nós sabemos – eu, pelo fato de ter sido membro do Ministério Público, ter atuado no meio ambiente – da importância dos membros do Ministério Público, das promotorias e procuradorias da República e procuradorias do trabalho para eh a defesa do meio ambiente no país. Nós sabemos que o Ministério Público aqui, hoje, cumpre um papel que normalmente nos países mais desenvolvidos de/ de sociedade mais desenvolvidas, elas competem na verdade à sociedade que se organiza. No caso do Conselho Nacional do Ministério Público, nós queremos estimular essa atuação, identificar gargalos, inclusive, no Poder Judiciário e, se necessário, provocar o magistrado através do Conselho Nacional, ou do Conselho Nacional de Justiça, no caso, para verificar uma morosidade excessiva ou até outras coisas que eh nós não pudermos, nem puder ah/ falar nesse momento. Então, é nesse contexto que nós queremos estar reunidos com aqueles que estão envolvidos na causa ambiental, acompanhando todo esse processo, e aí eh podermos fazer esse diagnóstico e adotar as providencias através do Conselho Nacional do Ministério Público. O presidente do conselho, o procurador-geral da

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República, Rodrigo Janot, que é nosso conterrâneo aí e obviamente não tem condições de estar em todas as agendas do Conselho Nacional do Ministério Público e mui/ e também da Procuradoria Geral da República, a qual ele preside de toda a forma Eh ... eu estou aqui, em nome do conselho, de todo o plenário, nós es/ temos uma grande preocupação de que o Ministério Público busque a sua eficiência e atinja os resultados que a sociedade almeja. Eu vejo aqui, concluindo minha fala seu procurador-geral, senhor corregedor, com muito orgulho, a atuação do Ministério Público de Minas Gerais ... eh o proje/ é o Ministério Público referência na questão ambiental, pela sua organização em bacia hidrográficas, pelo centro de apoio eh/ eh bastante vigoroso e pela sua central de atendimento técnico que dá ao Ministério Público uma autonomia e um respaldo para sua atuação e também pela sua escola mediação e conciliação ... E o próprio núcleo – o NUCAM, daqui do Ministério Público de Minas Gerais – que tem mostrado ao Brasil a capacidade que o Ministério Público tem de ouvir, conversar, organizar e arrumar soluções criativas para os grandes problemas. Nós temos certeza, eu tenho certeza disso, fiz parte desse processo como integrante do Ministério Público e espero voltar em breve, eh ... que o Ministério Público de Minas Gerais caminha muito corretamente, é certamente a referência do Ministério Público brasileiro por conta de estar à frente sempre do seu tempo, buscando mecanismos melhores de atuação. Dessa forma, senhor procurador-geral de Justiça, Carlos André, eu quero cumprimentar aqui, por acaso, uma feliz coincidência, estão os dois conversando ali oh... oh/ oh/ o ex-procurador-geral, eh Nedens Ulisses, que/ que na época, procurador-geral, institui as promotorias por bacias hidrográficas ... Eu era coordenador do centro de apoio depois eh ... já como procurador-geral, nós demos um/ um/ um... um como dizer/ um.... fazendo a segunda etapa den/ ... demos um impulso muito grande na coordenadoria/nas coordenadorias na/na/ por bacias hidrográficas, depois da gestão do/ do procurador-geral, Alceu Torres, ampliou-se e hoje estão consolidadas na gestão do Carlos André. O que quer dizer que continuidade administrativa não é tão ruim como se diz; se tiver bom, é ca/ claro que tem que estar sempre avançando, e com novas idéias ... De forma que eu quero aqui agradecer o apoio. Eu tenho certeza que nós vamos fazer uma bela audiência pública, que ela funcionará ... Em primeiro momento, nós vamos ouvir oh/ a/ a SOS Mata Atlântica, que vai apresentar esse diagnóstico eh ... da utilização desses recursos, da má utilização dos recursos em nosso país. Depois, o secretário de meio ambiente falará um pouco sobre o que o governo de Minas tem feito e aí, nós vamos ouv/ abrir para ah/ ah/ as inscrições aí para aqueles que pu/ puderem dar sua contribuição. Uma visão crítica e positiva para que o Conselho Nacional do Ministério Público, ao final, conclua e feche esse relatório com todas as questões que foram apresentadas nessa audiência pública; que obviamente ela tem/, nós temos o dia inteiro para podermos estar discutindo um assunto tão importante. Mais uma vez, obrigado e desculpe pelo horário. {palmas} Mestre de Cerimônias: Ouviremos agora, o coordenador do Centro de Apoio Operacional do Meio Ambiente, promotor de Justiça Carlos Eduardo Ferreira Pinto. Carlos Eduardo Ferreira Pinto - Coordenador do CAOMA: Eh ... bom dia a todos eh... cumprimento aqui os meus amigos, doutor Carlos André, procurador-geral de Justiça; o doutor Jarbas Soares, nosso conselheiro do Conselho Nacional do Ministério Público; eh ..., doutor Sasdelli, nosso corregedor; doutor Nedens, presidente das/ da Associação Mineira; e meu amigo, doutor Alceu, secretário de estado de meio ambiente; e também a Sheila, nossa colega no sem ((barulho interrompendo o áudio)) neh ... Eh/ somente dar as boas vindas a todos neh, dizer que é uma grande honra para o Ministério Público do Estado de Minas Gerais, receber um evento dessa magnitude, neh Dr. Jarbas, eh... de forma que possamos, cada vez mais, atuarmos de maneira eficiente neh? É um grande orgulho fazer parte desse ministério público, de uma equipe eh ... formada por tantos amigos, neh ... a gente/ ... Não é coincidência, Carlos André, que todos os coordenadores regionais sentam ao lado, vejam bem uma fileira só neh

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{risos} ... o que mostra a coesão dessa equipe, neh, doutor Leonardo, doutor. Francisco, Daniel. Felipe, Marcelo, Bruno e oh/ o Marcos Paulo neh? .... Todos na sequência eh ... mostrando a nossa/ a nossa coesão, a nossa amizade, nossa atuação sempre integrada neh, eh/. Essa audiência pública, ela/ ela tem uma importância extremamente significativa, porque ela vai ser o mecanismo, Dr. Jarbas, capaz de/ de fazer com que os ministérios públicos dos estados possam atuar de maneira homogênea na defesa do bioma neh ... Eh, conversando com a minha amiga Márcia Hirota, da SOS, a gente sempre conversou sobre essa dificuldade que eles tinham de integrar neh Márcia, a/as diversas atuações dos ministérios públicos neh ... E essa audiência realmente vem, nesse momento tão decisivo de proteção de um bioma tão importante neh ... e... esse eh/ essa audiência se/se realiza aqui em Belo Horizonte. Ela tem, além disso, um significado maior ainda neh ... o nosso estado foi, pelo quinto ano consecutivo, o líder de desmatamento neh ... o que, se por um lado traz um/ um dado estatístico negativo, por/ por outro também aumenta a nossa responsabilidade. O ministério público também não se furtará de uma atuação cada vez mais rigorosa em defesa desse bioma neh ... Ele eh é plano geral de atuação de atuação nosso, é prioridade na nossa atuação. E nós vamos reverter esse quadro. Isso não é promessa em ano eleitoral, mas nós temos a convicção de que esse quadro será revertido e que o ministério público é um agente protagonista na defesa desse bioma neh. Então,, sejam bem vindos aproveitem Belo Horizonte, aproveitem a nossa audiência pública. E uma honra recebê-los aqui. {palmas} Mestre de Cerimônias: Como último pronunciamento desta abertura, ouviremos o procurador-geral de Justiça do Estado de Minas Gerais, Carlos André Mariani Bittencourt Carlos André Mariani Bittencourt - Procurador-Geral de Justiça do Estado de Minas Gerais: Um bom dia a todos. De início, gostaria de cumprimentar o nosso/os integrantes da mesa, doutor Jarbas Soares Júnior, ex-procurador-geral do Ministério Público de Minas Gerais, conselheiro do Conselho Nacional do Ministério Público e que preside a Comissão de Direitos Fundamentais daquela/ daquele colegiado. O nosso corregedor geral, doutor Luiz Antônio Sasdelli Prudente, sempre nos acompanhando em todas/ todos os eventos. Eh .... doutor Alceu José Torres Marques, procurador-geral de Justiça e atual secretário de estado de meio ambiente que nos honra aqui com sua presença. Doutor Nedens Ulisses Freire Vieira, também ex-procurador-geral de Justiça e presidente da nossa Associação de classe – a AMMP ... Doutor Carlos Eduardo Ferreira Pinto, que atualmente coordena nossa área ambiental do ministério público, e a colega procuradora de Justiça do estado do Ceará e membro do grupo de meio ambiente do CNMP, doutora Sheila Pitombeira. Obrigada pela presença, Dra. Sheila, aqui entre nós. Senhores e senhoras aqui presentes, gostaria, coordenadores da área de meio ambiente do ministério público, servidores da casa, integrantes das entidades de meio ambiente do estado ... Eh... um bom dia a todos, seja muito bem vindos eh ... eu gostaria de, primeiramente, de/ dizer que oh/ cumprimentar neh o Conselho Nacional do Ministério Público, na pessoa do doutor Jarbas, pela iniciativa de estar realizando essa audiência pública aqui na nossa casa, dentro do projeto BIOMAS e buscando, como dito aqui, eh averiguar neh as prioridades as linhas de ação e os gargalos existentes eh para o enfrentamento dessa tão importante questão. Eh .... dizer que eh ... para nós do ministério público de Minas Gerais, é uma satisfação estar dando continuidade a esse trabalho de estruturação e de luta na defesa do meio ambiente que foi, como dito também, que foi eh... protagonizado por várias eh... por alguns eh ... ilustres membros do ministério público que estão aqui hoje presentes nessa mesa neh ... A começar pelo Dr. Nedens Ulisses, que era o procurador-geral eh ... quando iniciou, foi iniciado esse trabalho com, justamente com o Dr. Jarbas Soares Júnior à frente do nosso centro de apoio operacional de defesa das promotorias de meio ambiente oh/ oh/ ... Num segundo momento, o próprio Jarbas como procurador-geral eh ... outros vários neh, colegas, até aqui presentes ou não presentes que passaram a liderar a área ambiental do ministério público ... E isso, aos

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poucos, foi sendo desenvolvido aqui no ministério público e depois, na gestão do doutor Alceu, eh ... também bastante impulsionado já em companhia do próprio Carlos Eduardo Ferreira Pinto no ministério público e outros colegas presentes e da/ ... agora, doutor Alceu assumindo a Secretaria de Estado do Meio Ambiente; o que também muito nos honra. O ministério público apresenta efetivas condições de desenvolver um trabalho coordenado conjunto cooperativo seja internamente, seja em companhia do próprio executivo. Então é um momento, quero crer virtuoso, em que o ministério público dispõe de toda a estrutura já organizada em coordenadorias regionais divididas em bacias, num projeto consagrado nacionalmente de defesa do meio ambiente e que foi replicado em outros estados, em outros ministérios públicos do nosso país. O doutor Carlos Eduardo Ferreira Pinto hoje lidera, como dito, a nossa área, e vem, juntamente com toda a equipe, firmando termos de ajustamento de conduta de larga envergadura; conseguindo um resultado de grande expressão. E a nossa satisfação é essa certeza que, através do Nucam – Núcleo de Resolução de Conflitos Ambientais – através de uma escola de mediação que hoje funciona no ministério público, e através de todas as iniciativas que foram tomadas ao longo eh des/ de todos esses períodos mencionados, nós temos que pelo menos tentado fazer a nossa parte, tentado nos estruturar para contribuir, pra que oh/ oh/ a proteção ao meio ambiente seja sempre cuidada com carinho especial, com uma atenção especial eh que todos devemos ter ... eh ... com o meio ambiente. Então, nesse sentido, gostaria de dar as boas vindas e dizer que, para o Ministério Público de Minas Gerais, é um prazer recebê-los e desejar a todos uma excelente audiência pública dentro desse importante projeto desenvolvido pelo CNMP. Um bom dia a todos. Muito obrigado. {palmas} Mestre de Cerimônias: Agradecemos aos integrantes da mesa e convidamos para que tome assento, além do Secretário de Estado de Meio Ambiente, doutor Alceu e do conselheiro nacional do ministério público, doutor Jarbas Soares, ((parte de fala inaudível)) que conduzirá os trabalhos dessa audiência {burburinhos} {pigarro} {conversas paralelas} {tosse} {burburinho}. Informamos que as pessoas que querem tem/ desejam se pronunciar, por favor, nessa audiência ... eh ... levantem a mão que a Lorena vai pegar os nomes. Serão chamados possivelmente, claro que respeitando os cinco minutos apresentados no edital {burburinhos}. Gostaríamos de convidar os expositores dessa manhã da SOS Mata Atlântica. A diretora executiva da fundação SOS Mata Atlântica e coordenadora do atlas de remanescentes florestais da Mata Atlântica, Márcia Hirota, {palmas} {burburinhos} também o diretor de políticas públicas da fundação SOS Mata Atlântica, Mario Mantovani, {palmas} {burburinhos}. O também do SOS Mata Atlântica, Marcos Rosa... {palmas}... {burburinhos} Jarbas Soares Júnior - Conselheiro do CNMP: Bom, eh, reiterando o que disse, a dinâmica da audiência pública visa colher subsídios ... então, nós vamos fazer uma abertura com quem conhece do tema que tem uma vis/ a visão republicana do tema pra nos situar, que é a SOS Mata Atlântica. A partir daí, nós vamos ouvir o secretario de estado que vai falar especificamente sobre a visão do governo e especificamente também do nosso estado Minas Gerais, o estado anfitrião vamos assim dizer. Em seguida, a palavra vai/ será franqueada, vai/ vai ser passada uma lista de inscrições e aqui e eu vou coordenando o tempo para que, no final, todas essas falas sejam compiladas. Elas serão disponibilizadas no/pelo Conselho Nacional do Ministério Público pra todo Brasil e nós faremos um relatório final sugerindo as providências eventualmente a ser adotadas, no caso pelo Conselho Nacional do Ministério Público. Eh ... fico ... assim ... aqui ... muito assustado com a composição, coordenadoria de meio ambiente das bacias aqui de Minas Gerais, porque não vejo nenhuma mulher, e no Conselho Nacional do Ministério Público, o colegiado também hoje não tem nenhuma mulher ... e aí eu vejo que/ que poderia ser ainda melhor. De toda a forma, a coordenadora, a nacional, a que tah no topo é uma mulher; que é a Sheila. Então, fez eh/ nós fa/ achamos que mandamos, mas quem manda no mesmo são as mulheres. E eu quero aproveitar até pra

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saudar aquela que manda em mim que tah aqui, minha mulher Cristiana Nepomuceno, que é advogada {risos}. Dessa forma eu passo então a palavra ah/pra Márcia Hirota para que ela então... nos auxilie apresentando o quadro {bom dia a todos} da Mata Atlântica. Márcia Hirota - Diretoria Executiva e de Gestão do Conhecimento da Fundação SOS Mata Atlântica: Bom dia a todos. Eh .... Eu toh meio atrapalhada com isso aqui que não tah funcionando eu acho ... {burburinhos} gente não... poh deixar/ poh deixa r... Bom dia a todos eh eu/. Nós já estivemos aqui falando um pouquinho da Mata Atlântica, quero dar os parabéns ao Conselho Nacional do Ministério Público pela iniciativa em/em pelo projeto BIOMAS, porque realmente é uma excelente contribuição pra nós que já há anos estamos trabalhando em prol da Mata Atlântica ... eh ... o ministério público tem sido um grande parceiro neh. Eu falo aqui em nome também da do/ INPE – o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – eh já que todo o levantamento, todo o trabalho que vem sendo feito na Mata Atlântica tem sido em parceria com/ com o órgão, o doutor Flávio Ponzoni, que coordena o Atlas da Mata Atlântica comigo, ele infelizmente não pôde vir aqui, porque ele tah num trabalho de campo no Chile. Mas eu espero poder levar as informações pra todos os presentes, e depois deixo os contatos aqui no final pra caso alguém queira uma informação mais especifica a respeito do trabalho eh ... A nossa parceria com o Ministério Público começou na gestão do doutor Alceu neh, que agora é secretário de meio ambiente de Minas; então eh pra nós, foi muito importante ter essa abertura eh ... de ter gente eh a/ comprometida no Ministério Público pra que a gente possa desenvolver determinadas atividades. Em maior e menor grau, ao longo dos/ dos anos de atuação, a gente vem estabelecendo esse tipo de parceria de uma forma mui/ muito pontual. Então, desde já eu quero deixar registrado aqui na audiência pública que a SOS Mata Atlântica eh está a disposição pra colaborar cos/ todos os/ os Ministérios Públicos Estaduais, neh, dos dezessete biomas da Mata Atlântica, pra que a gente possa cada vez mais poder desenvolver parcerias e fazer um trabalho que efetivamente possa contribuir com a proteção e a recuperação do bioma. Eu vou falar um pouquinho/, vou tentar aqui agora eu consegui {falando com alguém} ... nós estamos falando aqui dos biomas brasileiros neh e no caso, da/ da/ o nosso foco tem sido eh a Mata Atlântica. Nós somos um entidade que, há vinte e oito anos, vem atuando em prol da proteção desse bioma eh ... nós estamos sediados em São Paulo, mas nós temos um trabalho aí em várias regiões. Não só um trabalho voltado pra desenvolver projetos, pra que a gente consiga efetivamente eh levar resultados concretos pra proteção do bioma, mas também pra assim/ contribuindo pra uma/ uma inse/ ser parte de uma grande rede neh que vem atuando eh em prol da/ da proteção desse patrimônio nacional. Aqui em Minas Gerais neh, tem vários ambientalistas aqui presentes, eh ... há anos a gente vem fazendo um trabalho eh de força neh de batalha eh/ e/ eh/ em prol da Mata Atlântica aqui do estado de Minas. Está aqui a Dalci, Maria Dalci que tem sido uma guerreira aí, grande batalhadora; mas também eh outros/ outros participantes aqui a Gisela, Luiz Paulo, Mônica, Ivana ... Muita gente querida neh, que são amigos nossos e a gente vem tentando de alguma forma contribuir eh... com os trabalhos aqui no estado. Nós, hoje, a SOS Mata Atlântica, vem atuando não só na região continente mas também nas zonas costeira e marinha e todo o nosso trabaho tem sido focado nas áreas de floresta, no mar; e, nas cidades, em prol de um ambiente urbano mais sadio pra que a gente possa também trazer a participação cada vez maior do/ dos/ dos cidadãos pra causa ambiental. Nosso esforço tem sido feito em prol da Mata Atlântica que é, segundo esse mapa, um patrimônio nacional. O Mario Mantovani é o nosso diretor de políticas e vai abordar bem essa questão da lei da Mata Atlântica, da implementação da lei e dos planos municipais pra Mata Atlântica. Um trabalho que a gente vem fazendo em vários municípios, não só em Brasília, mas também em vários estados, em vários municípios. Todo oh/ o esforço é pra que a gente consiga efetivamente trazer eh resultados para eh um patrimônio nacional que, de certa forma, é pouco conhecido da maioria das pessoas. A sociedade brasileira conhece a Mata Atlântica mas não sabe onde fica, sabe o que é Amazônia mas não sabe sobre a Mata Atlântica e depe/ e que depende dos seus/ dos seus recursos pra

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sobreviver. Então, de alguma forma nosso trabalho vem sendo pra que a gente consiga levar essa mensagem pro grande público, contando com a/ oh/ oh/ a participação neh da/ dos veículos de comunicação, dos jornalistas ... eh ... pra que a gente possa a de/de forma mais simples atingir as pessoas. Porque se a gente tivesse cada/ cada cidadão cuidando do seu ambiente na/ na/ na região em que ele/onde ele vive, a gente teria aí muito mais gente engajada nessa luta. Esse trabalho do monitoramento começou em 1989, inicialmente em parceria com outras entidades; um esforço que foi feito lá atrás ... eh neh ... numa escala de um pra um milhão e que foi concluído em 90 e, naquela época já trouxe resultado. A Mata Atlântica, que estava apenas eh ... 8,8% de Mata Atlântica no país. Imagina, em 89, não se sabia o que era Mata Atlântica ... eh... não se sabia eh onde ela estava localizada, então todo um trabalho foi feito em parceria com várias organizações pra que a gente pudesse contribuir de alguma forma. Primeiro pra que ela tornasse patrimônio nacional; depois, durante quatorze anos, eh/ um/ um esforço pra que o país tivesse uma lei especifica neh como/ como esta/ como tah regido no/ no/ na Constituição Federal neh. Então hoje, a Mata Atlântica é o único bioma que tem uma lei específica e, ao longo dos anos, nós decidimos iniciar um trabalho aí na na/ já na sequência, de monitoramento. Nós iniciamos, em 91, eh/ e/ eh comparando períodos a partir de 1985; inicialmente de cinco em cinco anos, depois de dois em dois anos e hoje todo esse esforço, todo esse trabalho é feito de forma anual. Dia 27 de maio é o Dia Nacional da Mata Atlântica, então, nosso compromisso é todo ano dizer como está a Mata Atlântica, quais são as regiões mais criticas, onde estão os desmatamentos e, na medida do possível, desenvolver um trabalho mais pontual pra que a gente eh/ possa/ também desenvolver um trabalho preventivo olhando também pra essas áreas onde a gente vem eh... vem observando uma regeneração natural. Eh... oh/ oh/ o foco tem sido toda/ toda a área do bioma, o Piauí foi o último estado que a gente conseguiu identificar nas edições anteriores. Então, o impacto sobre a florestas desde o descobrimento do Brasil, desde a descoberta pelo europeus, tem sido de forma bastante agressiva, devastadora. A história do Brasil, a história da devastação da Mata Atlântica, além dos diferentes ciclos econômicos, mais recentemente todo o processo de urbanização de ocu/ ocupação e que transforma isso num processo contemporâneo ainda hoje, nós observamos o desmatamento em várias regiões eh ... Os estados, como oh/ o doutor Carlos Eduardo comentou neh nos/ nos levantamentos, Minas Gerais tem sido estado campeão de desmatamento pelo quinto ano consecutivo, mas também é o estado que possui a maior cobertura florestal nativa eh ... O estado que sempre teve no topo neh, sempe em segundo, primeiro, segundo lugar na/ no ranking de desmatamento e ao longo dos anos, a gente tava fazendo uma conta rápida aqui com o Marcos Rosa, ele tem sido nosso parceiro em todo o processo de interpretação de todo/ todas as estatísticas aí eh... A gente observou que eh Minas Gerais eh respondeu por 67% do total de desmatamento em todos esses anos neh, em quase trinta anos de/ de/ de.... de .... do/ do estudo eh ... O que a gente vem fazendo agora neh, não só o trabalho nos estados, mas é também rankiar os municípios, e nós vamos lançar agora eh os dados dos municípios ... Minas Gerais também responde pelos municípios campeões de desmatamento, principalmente no/ na região ali do vale do Jequitinhonha, onde, em alguns anos, a gente vem fazendo um trabalho de campo mais efetivo eh em parceria com o Ministério Público. O levantamento abrange os 17 estados do bioma neh, nós usamos as imagens do satélite e a base cartográfica do IBGE e a área mínima mapeada é de três hectares, o que impede de fazer vários estudos em determinadas regiões; principalmente São Paulo eh Rio de Janeiro e Espírito Santo, onde os desmatamentos são menores do que três hectares principalmente pra expansão urbana. Então, nesse sentido, o trabalho do/que o Mario vem fazendo nessa frente e/ em prol do planto/ plano municipal da Mata Atlântica é extremamente importante, porque é aí que a gente vai ter condições de realmente controlar e poder fazer um trabalho mais focado eh ... Em todo esse/ esse/ esse período neh de vinte/ vinte e nove anos de/ de/ de.... estudo, nós tivemos eh um total de eh dezoito mil, quinhentos e oito quilômetros quadrados de desmatamento, eh ... sendo que dois mil e seis foi o ano em que a lei da Mata Atlântica foi aprovada. Então, a gente acha que isso foi

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um reflexo neh, a queda de dois mil e cinco pra cá foi resultado já disso, mas não é só isso. A gente sabe que é um esforço coletivo, é um trabalho não só do poder público, mas de fiscalização da sociedade civil por meio de todo o trabalho neh em prol da/, com as denúncias que foram feitas e dão maior conhecimento da sociedade pra que realmente hoje a gente chegue em determinados estados quase no desmatamento zero. O Rio de Janeiro, que já foi um estado campeão de desmatamento no passado, hoje tem praticamente quase nada. Então, eu vou mostrar um pouquinho como tem sido eh esse/ esse trabalho em alguns estados pra/ pra mostrar também, eh oh/ oh; quanto também a parceria com o Ministério Público foi importante pra/ pra contribuir com a queda. Embora Minas Gerais tenha sido campeão nesse último levantamento, nós tivemos uma queda eh acentuada a partir da moratória que foi eh .... que foi eh .... apresentada pelo governo do estado ... eh aqui tah o gráfico neh ,nós tivemos uma queda drástica. Mas o que nos preocupa é esse aumento nesses últimos dois anos, nós tivemos um aumento de 9% comparado com o ano anterior e hoje nós temos 8,5%. Esse total soma áreas acima de cem hectares, que é um/ eh/ um número que a gente vem avaliando por conta do histórico de desmatamento neh. São trinta anos, quase trinta anos de estudo ... Imaginem que naquela época não existia internet, não existia/ quando o estudo começou não existia internet, não existia fax, não tinha celular e todo trabalho foi feito processo analógico e hoje neh {risos}, e hoje, todo esse trabalho também foi feito e todos esses aprimoramentos neh, apropriando de todas essas ferramentas, a tecnologia em geo processamentos o sistema de informação geográfico. Então, tudo isso também foi sendo apropriado ao longo dos anos e hoje a gente tem uma base fixa que tem permitido que a gente faça esses estudo de forma mais ágil também. Antes a gente demorava dois anos ou mais pra gente fazer todo um levantamento ... Imagina que a gente usava ali todo um material identificando polígono por polígono e hoje, a gente faz isso de forma muito mais ágil na tela do computador. Eh... ah deixa eu voltar um pouquinho porque... opa... eh somando eh/ isso/ eh/, eu comentei que são áreas de cem hectares por conta do histórico do/ do levantamento; mas se a gente considerar todas as áreas acima de três hectares, nós temos 12,5% ; e se a gente somar todas as áreas naturais, como eu vou mostrar depois, a gente tem um pouquinho/ esse índice um pouquinho maior. Nesse ultimo ano, nós tiv/ nós conseguimos mapear 87% do total dessa área ... eh ... nós temos muito problema com relação às nuvens, principalmente no nordeste; na Ba/ Bahia é um problema pra gente eh e as/ ... as regiões ali mais ao/ mais ao norte da região nordeste, onde realmente vem sido difícil por conta da disponibilidade de imagem de satélite sem cobertura de nuvens eh... Mesmo assim, a gente conseguiu fazer uma/ uma boa cobertura parcial ou to/ das áreas que a gente conseguiu identificar buscando imagens de qualidade . Nós tivemos, nesse último ano, 23.948 (vinte e três mil, novecentos e quarenta e oito) hectares de desmatamento; considerando dez estados que foram monitorados, nós tivemos um aumento de 9% eh comparado com o período anterior. Foi realmente esse alerta que nós demos aí, quando do lançamento em maio. Aqui tem uma tabela que aponta, eh, comparando os dois períodos – o período de 2011 a 2012, de 2012 a 2013 – eu vou deixar esse/essa apresentação disponível no nosso servidor de mapas. Depois eu vou dar o endereço caso vocês queiram baixar, lá tem todos os relatórios, todos os dados, e eu vou deixar também essa apresentação pra que vocês tenham acesso. Aqui tem os dados de cada estado; começando pelo Rio Grande do Sul, onde a gente tem um histórico desde o inicio neh de 85 a 90; subindo oh/ até esse último levantamento de 2008/ 2012 a 2013, onde tem/ onde tah assinalado em vermelho – no caso do Rio Grande do Sul foi de cento e quarenta e dois hectares. Nós também identificamos áreas de manguezal e restinga neh, que são as duas áreas/ duas classes que nós monitoramos também. Nós mapeamos, desde o ano passado, as áreas naturais, refúgios vegetacionais que o Marcos vai mostrar depois, e aqui o total de quanto resta de Mata Atlântica no estado neh Rio Grande do Sul ... tinha cinquen/ eh tem 51% do estado coberto por Mata Atlântica e hoje nós temos um total de área natural de 12,9%. Ali nós temos em verde escuro as áreas de floresta; em verde claro, as áreas de .... eh .... eh as áreas naturais; eh, em marrom, as áreas de restinga; e mostarda, as áreas de mangue eh/ eh.... eh... não tem mangue no Rio Grande do Sul, o

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manguezal acaba em Santa Catarina, mas vocês vão observar em outros estados. Então, só pra vocês verem – em rosa, representa as áreas urbanas, eh onde tah amarelo é o que tah dentro da lei; eh... nós não mapeamos as outras classes; e em branco, ali no caso do Rio Grande do Sul, é área de pampa. Bom, aqui é o estado de Santa Catarina neh, a maior porção concentrada no lado leste na/no final daquele corredor da serra do mar, nós temos importantes unidades de conservação; Estão, em boa parte protegidos, em outra não. Cerca de 80% do que resta de Mata Atlântica está em mãos particulares. Então, um esforço que a SOS Mata Atlântica vem fazendo em parceria com a conservação internacional é um programa de incentivo às reservas particulares do patrimônio natural da Mata Atlântica, fazendo com que proprietários de terras também participem desse esforço de conservação. Mas, no lado leste, a gente vê que pouco sobrou da característica principal da Mata Atlântica ... é o processo de fragmentação neh; então, a gente tem poucas áreas ali na/ nessa região. Eu vou passando agora os estados, mostrando Paraná, que no lado leste tem a serra do mar e, no oeste, o Parque Nacional eh da/ da/ do Iguaçu, que tah extremamente ameaçado. O Mario vai falar um pouquinho também em prol das unidades de conservação. Em São Paulo, nós temos aquela faixa do cerrado paulista eh ao/; o que sobrou está concentrado em área de relevo acidentado, ali na serra do mar ... aquela grande mancha rosa é a capital neh, a cidade de São Paulo ... No extremo Oeste, eh o Parque Estadual do Morro do Diabo. Mato Grosso do Sul, com a Serra da Bodoquena; ali eh ... numa ilha neh dentro da/ do estado, que ainda tem o cerrado e o pantanal. Goiás, que é uma faixa bem na divisa com o litoral. Rio de Janeiro, a região serrana – que começa ali com o Parque do Desengano – toda a região serrana do Rio, Petrópolis, Teresópolis, Nova Friburgo e aquele corredor sul que pega neh toda a região de Ilha Grande, Parati, Angra dos Reis e Mangaratiba, que ainda tem uma área bem representativa no estado. Espirito Santo que também tem algumas áreas privadas e públicas ainda protegidas .... Eh como eu disse Rio de Janeiro, São Paulo e Espirito Santo têm esse processo do chamado efeito formiga que o Marques vai apresentar um pouquinho depois, a Bahia que é o problema das nuvens neh. Então, nós não conseguimos fazer oh/ oh levantamento em todas as regiões, mas a região sul, extremo sul, ainda é uma região que nos preocupa a região. Piauí, que foi o último estado, por incrível que pareça, é o estado que ainda tem uma área muito representativa em termos de proteção; os maiores índices eh estão nessa região sudoeste do estado, onde tem o Parque Nacional da Serra da Capivara. Aqui os demais estados no nordeste, que são pequenas áreas em cinza, a gente não conseguiu monitorar; então é um pouco que a gente eh vem eh apontando ali na região. Bom, aqui no caso de eh Minas Gerais, como eu falei, é o estado campeão de desmatamento ao longo dos anos. Esse último ano, foi 8.437 ((oito mil quatrocentos e trinta e sete)) hectares ... E aqui tem um dado que é importante, graças à moratória, nós tivemos uma redução de 33/ de 49%. Foram sete meses em que nós tivemos uma média de 800 e depois, de maio até outubro, de 492/ 452 ... eh ... O que/ o que eu quero destacar aqui é que o trabalho que nós fizemos com o Ministério Público, foi identificar algumas áreas eh principalmente naquela região do Vale do Jequitinhonha ... Tah aqui o Felipe Faria, que tem feito um excelente trabalho na região, e o doutor Carlos Eduardo, os dois juntos foram importantíssimos pra que a gente pudesse eh fazer todo um esforço, pra que a gente pudesse dar todos os subsídios pra que eles realmente pudessem fazer algo completo; não só pressionar o poder público, mas atuar eh de forma concreta, o que res/ resultou nas ações judiciais. Então, isso foi um exemplo que foi pra/ eh amplamente divulgado tanto na edição anterior quanto nesse ano em maio, quando nós apresentamos pra imprensa os resultados dos trabalhos que foram feitos. A partir de agora, o que a gente vem fazendo eh/ não só/ eh/ eh, contribuindo pra que a gente consiga autuar, é saber o que teve de alteração, o que foi legal o que foi ilegal, mas também pra gente/ que a gente possa na medida do possível fazer um trabalho preventivo; eh fazendo com que os órgãos ambientais não emitam as/ as licenças pra desmatamento sem que realmente aquilo seja algo, seja de utilidade pública ou de interesse social, já que a mata atlant/ a lei da Mata Atlântica permite a supressão de vegetação nesses casos ... eh... Aqui são os produtos neh, nós temos tudo isso no nosso servidor de mapas ....

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tah aqui o endereço mapassosmo.org.br ... os dados são públicos, os dados estão acessíveis pra download, eh/ é uma prestação de serviço pra sociedade. Então a parceria com o MP, então, é uma forma que a gente pode contribuir pra que mais e mais instituições possam fazer um trabalho local. Nós temos todos os dados síntese por estado, por município, por bacia hidrográfica. Aqui já tem um trabalho histórico também em bacias hidrográficas por unidades de conservação ... A gente também vem monitorando o que vem acontecendo dentro e no entorno no raio de 10 km de/ das unidades de conservação da Mata Atlântica por regiões metropolitanas, já que eu disse que a pressão tem sido principalmente nessas regiões mais ocupadas. E aqui eh tem o/ todo um trabalho que a gente vem fazendo eh pra subsidiar eh/ os/ eh/ as instituições; tanto o poder público, os órgãos ambientais; quanto o ministério público dos estados. Eu vou passar agora pro Marcos ((nome não corretamente identificado)), que vai explicar um pouco alguns exemplos que a gente eh vem ... estudos que nós estamos realizando e também alguns eh...alguns trabalhos que são mais pontuais em regiões que nós chamamos, eh que são mais criticas. Ao mesmo tempo, a gente vem identificando áreas que ainda estão preservadas e que, de alguma forma, a gente pode transformar/ transforma-las em unidade de conservação; sejam elas publicas ou privadas. Eu vou passar aqui agora, depois a gente faz encerramento. Marcos ((de acordo com citação da fala anterior - Nome não corretamente identificado)): Só falar um pouquinho, bom dia, sobre a metodologia e de alguns produtos que vocês podem utilizar. Aqui eh, são alguns exemplos; todos os desmatamentos identificados pela SOS Mata Atlântica, a gente pode produzir esse tipo de mapa que mostra o antes e o depois. Então, na imagem da esquerda, a gente tem a/ a imagem de 2012 e, na direita, a imagem de 2013. E daí a gente consegue ver que já tinha as áreas alteradas, em vermelho na imagem de 2013, o que foi desmatado nesse período. Pra cada desmatamento identificado, a gente tem a delimitação e o centro da coordenada. Isso pode ser disponibilizado pro Ministério Público, de todos os desmatamentos de cada um do/ do estado tah ... Um outro exemplo aqui também, é uma área de queimada também em Rio Pardo de Minas, o anterior era em Novo Cruzeiro, em Minas. Então, você vê ali o polígono do lado direito, que é uma área que foi desmatada ... Esses são alguns exemplos, claro que a gente tem graus de interpretação; alguns são bem óbvios aqui quando a gente tem o corte raso que esse roxo; esse rosa, que é o solo exposto; e alguns outros que tem sinal de alteração ... Então, alguns são mais óbvios, alguns tem um pouquinho mais de dúvida, mas oh/ o trabalho SOS, ele é sempre muito esclarecedor. A gente tem/ consegue identificar e divulgar menos desmatamento do que existe na realidade, porque a gente tem a limitação da escala, que é ((inaudível)) cinquenta mil, e do tamanho da área mínima de três hectares. Então, na verdade, existe mais desmatamento que a SOS divulga. A gente trabalha com os remanescentes florestais de flore/ da mata restinga e mangue, e nós incluímos agora as formações não florestais de campos de altitude, dunas; aquelas dunas de restinga de/ de arbórea herbácea, ah desculpa arbórea entra na floresta e a herbácea é nessa classe a parte de refúgios naturais, que a gente tem bastante em Minas; são essas áreas de afloramento rochoso que não tem floresta, mas são áreas naturais essenciais pra conservação e vegetações de várzea também com porte não florestais. Então, um pouquinho do exemplo – aqui mostra um pouco desse nível de detalhe – eu tenho aí em vermelho as áreas de mata que são consideradas no levantamento da SOS, e à direita, a gente tem isso mostrado em imagem de alta resolução. Então, dá pra ver que na SOS, a gente mantém os remanescentes mais íntegros. Existem muita/ muitas outras formações de floresta, ou que não tem porte florestal, ou que tiveram algum sinal de alteração, e isso não é incluído no levantamento da SOS. Você pega os números do Ministério do Meio Ambiente atualmente, eles têm quase o dobro do/ da quantidade de mata que a SOS tem, porque na SOS, a gente trabalha com o remanescente que tem capacidade de suporte a biodiversidade; se ele tem sinais de alterações, a gente não inclui no levantamento da SOS. Então, existe aí um grau de subjetividade de critério, de mapeamento .... isso é essencial entender porque sim nós temos menos mata em considerado o

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levantamento da SOS, e consequentemente menos desmatamento oh/ oh/ nos dados do IBAMA de desmatamento.. Aqui, estão as classes de restinga; então, o que nós inserimos agora é esses cordões de restinga ... aqui não tem floresta, mas são vegetações naturais que são essenciais pra conservação; aqui exemplo de classe de manguezal. Então, a gente tem as formações de mangue também essenciais em toda a parte litorânea neh. Aqui os campos de altitude, os cantos naturais; ocorre principalmente Santa Catarina e Rio Grande do Sul e algumas regiões no Paraná ... são áreas também naturais, o pessoal utiliza muito pra passagem e tem agora um processo de conversão pra plantio de/ de/ de/ de pinos de eucalipto pra reflorestamento. Aqui os refúgios vegetacionais, parte de afloramento rochoso; uma área natural e essencial ((inaudível)) à biodiversidade especifica dessa área, e nós estamos monitorando também. Aqui, só um exemplo rápido de como é o processo de interpretação ... A gente tem uma imagem de 2011, a vegetação natural tah em vermelho e o contorno dessa vegetação tah em amarelo. O que a gente faz é lançar a imagem de/ recente em cima dela; então, nós temos ali em 2011 a vegetação em vermelho, lancei lá em 2012 e identifiquei que exatamente agora lá em cor de rosa no centro da tela, as áreas que eram naturais de 2011 foram desmatadas em 2012 e daí a gente quantifica isso e se soma por estado, por município, gerando um mapa de cada um desses desmatamentos. Ah.. aqui um exemplo .... cada desmatamento desses é checado com imagens de alta resolução, a gente consegue principalmente, principalmente, tirar nossa dúvida se era mata de verdade no ano anterior. Quer dizer, o desmatamento é fácil de saber. Então, os desmatamentos da SOS são sempre bem checados, e a quantidade de falso positivo a gente lança como desmatamento e é muito pequena. O que a gente tem realmente é desmatamentos que a gente não consegue identificar ... e esses desmatamentos, principalmente, são checados em campo. A gente vai lá, valida em campo, percorre essas regiões ou faz um sobrevoo e identifica ali os desmatamentos. Em muitos casos, como agora é anual, a gente consegue ver os tocos de morro, a gente consegue ver a madeira no canto na/ na mata, ou no canto da propriedade. Então, esse processo eh tranq/ é mais ou menos fácil de identificar... Ah uma coisa importante, por imagem de satélite não é possível definir o estado sucessional. A lei diz, vocês conseguem fazer isso por porte, altura; daí então você precisa ir pra campo pra comprovar se é uma mata secundária, estágio médio, estágio avançado ou o que que é uma mata primária. Mas um outro trabalho que a gente fez em parceria com o Ministério Público de Minas, um/um exemplo do que a gente fez foi analisar a história da área dos vinte e cinco anos da história da área. Então, pegamos uma imagem de 84 – que é essa imagem aqui com contorno em verde – das áreas de floresta ... coloquei a floresta em verde pra ficar mais fácil de ver e daí a gente olhar a cada cinco anos ... aí tem que ter oito ... Em amarelo, as áreas que tiveram ou queimada ou sinais de alteração; depois 89, as áreas algumas recuperaram e em amarelo o que que mudou; 90 teve lá, em vermelho, primeiro desmatamento na área; 95 um outro desmatamento pequeno, uma outra queimada ali do lado direito; 96 mais algumas queimadas; 99 dois pequenos desmatamentos ali também; daí 2005 já aumentou, já tem mais alguns ma/ ma/ manchas vermelhas de desmatamento; 2008 já foi um grande desmatamento nessa/ naquela região; 2009 foi quando houve uma/ corte raso em várias áreas ali pra plantio, aqui é corte pra pinus pra reflorestamento ... E daí 2010 ainda ampliou mais algumas áreas no planalto; 2011 foi um ano com nuvem, difícil identificar; 2012 essa área já ta consolidada ... então aquele cor de rosa que era exatamente o corte raso com o solos expostos. Nesse verde claro que é o reflorestamento crescendo tah eh e aqui é uma área que a gente foi pra campo com o Ministério Público, validou todo esse processo ... Ah e aqui é um pouco desse detalhamento ... eu tô mostrando aqui imagens de 2008 e 2012. Na de 2008 tem uma machinha ali vermelha bem no centro. Isso mostra nosso problema pra identificar desmatamentos pequenos. Aqui é no entorno de uma área urbana ali na/ na/ na região do Rio de Janeiro e se eu pego isso em imagens de alta resolução, aqui a imagem de 2002; então, em amarelo tah a área de mata em 2002; em 2003 foi/ expandiu, ali ah/ em vermelho foi ocupado; em 2005 mais essas ocupações em vermelho; em 2009 ampliou isso que a gente chama desse processo de formiguinha que ele vai

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desmatando aos poucos. E/a gente não consegue ver por ser desmatamento pequeno, pequenas casinhas, a gente só vê o processo quando acumula neh. Então a gente até mapeia isso, só que a gente só divulga quando ele acumula uma área de mais de três hectares. Até 2013, onde se vê quanto tinha desde 2002 até o quanto sobrou em 2013, ele foi desmatan/ desmatando ano a ano um pouquinho ... Importante nós começamos a trabalhar na SOS, agora, com regeneração, análise de regeneração, porque o processo de regeneração é lento. Então, a gente tah agora trabalhando com um processo de analisar as imagens antigas e decodificar a regeneração em cada um dos estados. Tá aqui um exemplo; a imagem é de julho de 2007, nesse caso, uma regeneração com plantio. Então, a gente tem alguns casos desses de plantio em que já é possível identificar os processos de rege/ regeneração ... Aqui o plantio da APP no entorno da represa tah, com imagem de 2010, e aqui um ultimo lote, em 2003, com a regeneração de toda essa área de APP da hidrografia, num ponto inicial. Aqui uma dica pra vocês, a gente trabalha com trinta mega de resolução, uma imagem que permite escala um pra cinquenta mil. Isso porque a gente trabalha com todo o bioma. O Ministério do Meio Ambiente comprou imagens de cinco met/ cinco metros pra todo o Brasil em média ((inaudível)), que é possível trabalhar uma escala um pra quinze mil, dando um nível de detalhe muito melhor. Essas imagens são acessíveis pros órgãos governamentais e existe esse site, chama Geo Catálogo, do mis/do Ministério do Meio Ambiente, é bem interessante. Eu ainda não tenho certeza, pelo contrato de compra, se o Ministério Público pode ter acesso, mas eu acredito que sim; como é governo pode ter acesso a essas imagens. Então, para áreas especificas, o ministério pode se cadastrar e baixar essas imagens de cinco metros para fazer estudos mais detalhados; isso é essencial no processo. E aqui são os contatos tah? A gente agradece e está a disposição para qualquer esclarecimento. Márcia Hirota - Diretoria Executiva e de Gestão do Conhecimento da Fundação SOS Mata Atlântica: Agora o Mario vai falar. Mario Cesar Mantovani - Diretor de Políticas Públicas da Fundação SOS Mata Atlântica: Alô ... Eu não consigo falar sentado, então vou falar daqui. Bom primeiro agradecer a todo mundo pela oportunidade da SOS falar e legal que a gente pode ver também aquilo que a gente começou a restaurar com o Clickárvore. Começou Cristina, lá com o Rodrigo em Bauru trazendo a ideia e, hoje, nós conseguimos mostrar já a recuperação. Eu também queria aproveitar, qual que é? ... esse aqui ... Eu queria aproveitar também e ... e ... agradecer primeiro pela/ eh, o Mário/ Mário Oscar que tah aqui. Nós fizemos o trabalho de campo aqui em Minas Gerais, o Mário cedeu os seus equipamentos de vôo, a gente pode fazer um bom trabalho aqui e ele tem uma das melhores tecnologias hoje pra trabalhar aqui em Minas; também eh/ eh um apoio muito grande. Um outro ponto que eu queria chamar a atenção aqui pra gente é o seguinte: a SOS tah trabalhando com os candidatos. A gente já tem conversado com o Aécio, fizemos uma reunião com ele; tivemos que dar um puxão de orelha porque cinco anos Minas Gerais campeã de desmatamento é impossível. A gente fez uma proposta que tah nos jornais, em todo lugar, da/ das plataformas para os candidatos ah/ ah/ ao/ ao governo do estado, a presidência, legislativo estadual e federal e é muito interessante nosso trabalho de política. Nessa história, não dava pra SOS e as organizações não governamentais ficarem só reclamando de que estamos perdendo. Então, quando se fez a lei da Mata Atlântica, aliás, antes a Márcia falou muito bem eh ... nós não sabíamos nem o que era Mata Atlântica. Para vocês terem uma idéia, lá na Constituição tah escrito, proteger a serra do mar e a Mata Atlântica ... a gente não tinha a menor idéia. Mas depois de muito pouco tempo dessa legislação, nós tivemos o decreto 750 que muito de vocês devem se lembrar, a geração nova não lembra porque o decreto 750 era extremamente restritivo. Como a gente apanhou por conta do decreto 750. Todo dia a gente tinha que escutar alguém dizendo, vocês são contra o desenvolvimento do Brasil, querem privilegiar o macaco e não a gente e todo aquele tipo de coisa ... Bom, passado isso, nós fizemos a lei da Mata Atlântica. Foram quatorze anos de aperfeiçoamento, de muita pancadaria

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no Brasil inteiro e chegamos a coisa que era o uso e a proteção da floresta. E aí nós, para fazermos isso, buscamos uma coisa que é muito importante ... e eu queria que talvez do pouco que eu vou falar aqui a gente pensasse seriamente nisso ... estamos passando pelo pior momento da legislação ambiental brasileira. A destruição é de norte a sul e as leis não ajudam. É impossível você reverter esse processo degradativo se a gente tiver prosperando legislações inconstitucionais como vimos em Santa Catarina. São Paulo tá fazendo agora aquela emenda do Paulo Piau. Quem conhece Paulo Piau aqui, já viram falar desse cara? Prefeito de onde? Hoje? {falas ao fundo} esse cara fez a pior, aquilo que a Dilma vetou, era o que ah... o que o Paulo Piau colocou no código florestal de triste memória. E graças ao Ministério Público, a gente está tendo uma chance ainda de reverter a desgraça que tah se abatendo nesse país; principalmente agora com relação as APPs condenadas, todas as APPs e nascentes do Brasil por uma pro/ pretensa proposta técnico cientifica apresentada por esse grupo da CNA. Nós estamos no pior momento da legislação e da história ambiental do Brasil. Nesse momento, essa reunião que a gente tá fazendo hoje, é pra fortalecer a luta. Se, em algum momento nós eramos isolados como ambientalistas sonhadores, agora estamos buscando pelo menos que se faça justiça, e uma justiça social que é muito mais importante. Dentro disso, nós pro/ pensamos, quando fizemos a proposta da lei da Mata Atlântica, os planos municipais da Mata Atlântica – diferentes de planos de resíduos, diferentes de planos de saneamento, diferentes dos planos de/dos planos diretores – nós mantivemos isso na lei da Mata Atlântica, isso é aprovado pelo conselho municipal de meio ambiente, órgão superior do sistema. Essa que é a grande sacada, e que a gente tem a parceria do Ministério Público entendendo essa história. Então, eu vou passar bem rapidamente pra vocês verem o tamanho da bronca; o tanto de municípios que temos na Mata Atlântica, mais de 3.400 municípios, planos pra todo o municípios neh ... Nós podemos praticamente fazer, destes 3.400, alguns tem a parce/ percentual em outros biomas. Então, no caso de Bauru por exemplo, que fez o Plano Municipal de Mata Atlântica e Serrado, já for/ reforçando a PEC do serrado e a vontade de a gente incluir o serrado como bioma. Olha que coisa impressionante gente, nós estamos falando de municípios de até 5.000 habitantes na Mata Atlântica, quase que 70% deles neh? Isso muda o quadro que a gente vai ter, qual é a estrutura que tem esses municípios, para aplicar, por exemplo, a lei complementar 140. Como é que a gente pode qualificar essa história? Eu tive com um pessoal de Não Me Toque essa semana, no Rio Grande do Sul. Por sorte, tem lá um agro/ um/ um engenheiro florestal que tah na Secretaria de Meio Ambiente. Ele sozinho, porque o município queria entrar no licenciamento ambiental e supressão de vegetação já pode. Tem mais de 200 municípios no Rio Grande do Sul com autorização pra supressão com uma única pessoa na secretaria. O que quer dizer o seguinte: se nós continuarmos nessa linha, com esse maldito código florestal que autoriza desmatamento de até 4 módulos, nós vamos ter o que, um desastre absurdo numa região onde já não tem mais nada. Então nós temos que ter muita atenção nisso, na realidade dos municípios ... olha como é que tah ... isso aqui são dados do IBGE. A gente acabou fazendo a li/ ah .... o levantamento, não possui estrutura nenhuma, setor subordinado da outra secretaria, secretaria municipal exclusiva de meio ambiente, 23 e as outras integradas. Em alguns lugares dá certo, a gente tem funcionado. E isso é importante se a gente falar na lei complementar 140; se a gente pensar que o Sisnama precisa existir, e talvez um dos grande erros da história do meio ambiente foi que a gente fez um sistema só com cabeça e sem o resto do corpo. Por isso que tem dado esse/ esse conflito tão grande que a gente vê. A estrutura dos municípios possui conselho de meio ambiente dizem 72 dos municípios da mata atlântica 72%, a gente sabe que não é real. Em alguns municípios, como por exemplo Socorro, onde a gente tah trabalhando, o mesmo conselho é o conselho de turismo, é o conselho de meio ambiente, é o conselho rural ... então nós vamos trabalhar com os três conselhos .... O caráter do conselho; alguns normativos, fiscalizador 34% deliberativo e consultivo. Todo conselho de meio ambiente é deliberativo, não tem esse papo de consultivo ... o prefeito que manda e escolhe quem quiser. Eu por exemplo, quando trabalhei no estado, fiz mais/ de São Paulo no meu pouco tempo de secretaria graças ao ((inaudível)), eu agradeço

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todos os dias que fiquei lá no fogo do inferno. Mas o que a gente quer {burburinhos} o que a gente precisa? Nesse caso, eu fiz 250 conselhos de meio ambiente, dos 250 todos brigaram com os prefeitos e são 250 organizações não governamentais que surgiram no estado de São Paulo. Não é possível que numa comunidade de 10, 12 nós não tenhamos algumas pessoas que tragam o tema pra gente. Se nós não acreditarmos no conselho, perde toda a história do Sisnama que a gente tah falando. Hoje, por acaso, o consema/ o Conama tah completamente esvaziado graças a esse governo neh, a estrutura dos municípios ... município que realiza licenciamento ambiental, 38%. Esse é o grande lance que a gente tah tendo. Como é que eu faço licenciamento ambiental sem, por exemplo, um Plano Municipal de Mata Atlântica? É um desastre que a gente pode ter aqui nesse momento, em vez da gente estar criando emprego, fortalecendo os municípios, criando condições; nós hoje estamos esvaziando essa parte. E é muito sério. Quando nós fizemos o primeiro Encontro Nacional da Anama – aqui em Belo Horizonte, 2.400 pessoas, 1.200 municípios – nós fizemos uma cartilha sobre a lei orgânica dos municípios e eu me lembro que todos os 1.200 municípios copiaram a cartilha. Uma coisa que a gente tem que trabalhar ... o mapa da So/ SOS tah trazendo as bacias hidrográficas, temos que entrar na estratégia de comitê, principalmente pra combater o mal das APPs que foram reduzidas a cinco metros. Impressionante o desastre proposto pela essa história da redução dos cinco metros das APPs ... É impossível, não pode/, não tem como aceitar cinco metros de proteção e nossos rios totalmente e/ assoreados; hoje gastando mais dinheiro o Brasil com desassoreamento do que com saneamento. E a Dilma entregando Poclain pra tirar terra de dentro de rio, é inacreditável ... eh/ eu/ não/ imagino a presidente entregar Poclain nos municípios. Sabe o que é Poclain né? .... é aquela escavadeira que tah sendo entregue, município por município. Não tem cabimento isso. É o fim dos tempos, mas eh isso é questão pessoal. Vamos lá, plano diretor; aqui uma coisa importantíssima .... os/ ah/ os municípios todos agora vão ter que fazer os seus planos diretores. Nós já conseguimos que em São Paulo, por exemplo, vários municípios colocassem o Plano Municipal de Mata Atlântica dentro do seu plano diretor. Então, São Paulo vai agora retirar aquela área de expansão urbana prevista no plano diretor passado, que era 100% do município área de expansão. Num plano diretor você muda a história do município, muda a especulação, muda tudo; e é isso que a gente tem que fazer ... a nossa ideia é trazer o Plano de Mata Atlântica também dentro dos planos diretores. Eu separei algumas coisas da lei complementar 140, principalmente com relação a supressão ... a partir de agora os municípios vão licenciar a supressão no estágio inicial. São Paulo fez uma coisa esses dias; nenhuma supressão, nem inicial nem ve/ secundária, vai ter licenciamento no município ... o estado, em função de ter só menos de 8%, decidiu que não vai haver supressão nos municípios. Então, esse é um negócio interessante e hoje nós estamos tentando lá fazer com que não haja esse licenciamento, onde a situação estiver critica como, por exemplo, aqui em Minas Gerais, onde tem os planos municipais de Mata Atlântica. Pra vocês verem coisas interessantes, Maringá colocou proteção de 60 metros de cada lado dos rios, 60 metros; Bauru que tah fazendo conseguiu colocar quase 100 metros neh. Nós temos aqui algumas dessas questões que foi interessante. Por exemplo João Pessoa colocou toda a unidade de conservação municipal pra ser protegida no Plano Municipal de Mata Atlântica Tirando Salvador aqui, mas na Bahia, nós fizemos a proposta de fazer os Planos Municipais de Mata Atlântica. E também a gente tah tentando ver se aqui em Minas Gerais. Aqui, os municípios são tão pequenos que o plano municipal a gente foi feito com mapa na mesa e as pessoas do conselho dizendo onde tem a mata, onde caça, onde há erosão, onde tem eh/ um/ enchentes ... Em Porto Seguro que a gente fez um trabalho já de conversa com todos os segmentos muito forte; aí Bauru contei pra vocês ... E outros municípios que estão mobilizados, como foi o caso de Porto Seguro, a gente pegou aqui a mobilização que a gente fez pelo Brasil pra falar de Plano Municipal de Mata Atlântica. O Plano Municipal de Mata Atlântica exige mapas na escala de 1 pra 50.000 ... O Marcos tah colocando agora a possibilidade de 1 pra 15.000 e acho que o município também deve acessar e, com isso, a gente faz bem rapidamente. A SOS tah promovendo, fazendo fomento disso ... a ideia é que a gente execute esses planos em escala

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local. O que foi pensando gente, presta atenção nisso aqui; para o Plano Municipal de Mata Atlântica, não é pra contratar empresas de consultoria, é o técnico da prefeitura é o conselho municipal junto fazendo. Nós temos casos, como o melhor plano de/ de meio ambiente que tem hoje no Brasil, que é o de Caxias do Sul ... A cidade, de 500.000 ((quinhentos mil)) habitantes, tem 22 técnicos em licenciamento. Vale a pena comentar o que acontece lá em/ na cidade. Foi dado pra uma bióloga que sabia que não era pra fazer o plano, recém formada, entrando na secretaria ... o secretário, pra se livrar de mim – que era da Anama lá do Rio Grande do Sul – deu a proposta metodológica do ministério e falou faz ... quatro meses depois ela tava com o plano feito, envolvendo todas as secretarias, todo mundo. A gente recebeu o melhor Plano de Mata Atlântica e você vai ter acesso a ele no site que eu vou dizer agora. E o que é mais interessante, no caso de Caxias; uma compensação, e olha que normalmente as compensações são usadas pra unidade de conservação; lá foi feito pra fazer toda a área de reserva legal e APP do município. O Ministério Público conseguiu esse espaço lá no Plano Municipal de Mata Atlântica; R$ 2.000.000 ((dois milhões de reais)) vão fazer 4.000 ((quatro mil)) – cadastro ambiental de todas as propriedades do município gratuitamente. Olha que coisa fantástica, e o município vai com o caminhão de propriedade em propriedade fazendo plano. Então, pra terminar aqui bem rapidamente ... como é que a gente tah fazendo os/ o/ estratégias com as diferentes expressões? É importante que a gente faça o engajamento da sociedade e da/ das instituições públicas, principalmente com o fortalecimento do conselho municipal. Nós estamos, a SOS, promovendo no Brasil 34 planos municipais apoiando a todos que já existem. Uma coisa que a gente levantou, o ICMS dos estados onde tão fazendo; só 4 aceitam unidade de conservação municipal. Isso é muito ruim pra gente promover políticas nacionais de incentivo, trazer isso pro plano diretor, consórcios intermunicipais. Nós temos aqui o Alceu, que precisa me ajudar. O Anastasia, não sei como era o nome direito, o governador prometeu lá no sul do estado, que iria doar 2.000.00 ((dois milhões)) do consórcio do/ como é o nome lá da/ da serra do {papagaio} do papagaio né para os planos municipais de mata atlântica pra questão de mata atlântica; não chegou nem um muito obrigado lá acho até agora. Na identificação e engajamento dos PMMAs do estado, nós estamos fazendo inde/, identificando no estado, vou precisar que Minas indique quem vai tah trabalhando aqui no estado. E aí o trabalho co/ com o Ministério Público que estamos fazendo eventos em todos os lugares, levando essa/ essas propostas ... A SOS tah incorporando um trabalho de percepção onde a sociedade no Conselho Municipal de Meio Ambiente faz uma pesquisa junto com a/ junto com a comunidade pra que esse trabalho depois possa representar aí a demanda da sociedade. Como é que a prefeitura e o executivo podem fazer as estratégias que a gente tah fazendo? Alguns estados, São Paulo, por exemplo, vai criar a Fehidro pra/pra apoio ao Plano Municipal de Mata Atlântica. O governo de/ do Pernambuco tem já 2 editais pra fazer Plano Municipal de Mata Atlântica ... já vai indo pra 700.000 ((setecentos mil)) ... e aí nos estamos tendo uns acordos aqui com o MP inclusive de Minas Gerais, que podem andar. Então, estamos fazendo cursos online, divulgação em todo lugar, visitando municípios... aqui é o que tah rodando agora o edital em Recife que eu falei pra vocês, região cacaueira ... Em alguns municípios que a gente tah tocando, temos mais de 400/ 4.300 pessoas cadastradas pra fazerem já oh/ oh/ os planos municipais trabalhando com ICMS e compensação. É isso aí, desculpa tomar o tempo, mas que é uma solução pro nosso grande problema da Mata Atlântica ... O site onde tem tudo é esse, o da própria SOS Mata Atlântica; todos os planos municipais de mata atlântica aprovados até agora estão nesse site, que as pessoas vão poder acessar e a metodologia a forma de trabalhar, está tudo aí. Obrigado. Valeu. {palmas} Jarbas Soares Júnior - Conselheiro do CNMP: Que bom que o Ministério Público Brasileiro tem um parceiro desse nível de comprometimento de conhecimento, e mais ainda a sociedade brasileira. O Brasil tem a/ um instituto com essa capacidade e com essa visão crítica e independência politica para a/ apontar a grave situação da Mata Atlântica no Brasil. Eu recebi aqui uma lista eh... dos/ dos/ das instituições inscritas pra falar ... eu não sei se essa lista é de

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presença ou de inscrições {risos} ... É o Movimento pelas Serras e Águas de Minas, a Comissão de Meio Ambiente da Câmara de Vereadores, colegas de Ministério Público de Minas Gerais, Conselho Ambiental da Biosfera, o Movimento Mineiro de Direitos Humanos. E antes de passar a palavra ao secretário de meio ambiente, eu quero confirmar essa lista neh ... que chamarei em seguida, porque audiência pública não é um seminário, é exatamente uma discussão entre nós presentes para formar as convicções, no caso da/ dentro do espectro de atuação do Conselho Nacional do Ministério Público eh ... De outro lado, eu quero também registrar aqui, muito interessante que eu vi o/ a possibilidade do Ministério Público, os ministérios públicos, cada ministério público eh realizar convênios com o Ministério do Meio Ambiente para ter acesso ao Geo Catálogo. Eu não sei se o Ministério Público de Minas tem essa ferramenta, acredito que seria de grande valia e dizer, fi/ antes de passar a palavra, fo/ convidar o secretário, dizer que um dos objetivos da audiência pública, e talvez o principal, é avaliar a atuação do Ministério Público na defesa da Mata Atlântica, buscando eficiência da sua atuação, os resultados, o comprometimento da instituição ... E registrar também que nós não estamos aqui avali/ avaliando, pra ficar claro, a atuação do Poder Judiciário, a responsabilidade do Poder Judiciário, mas atu/ avaliando a atuação do Ministério Público. Obviamente que nós vamos ter acesso às informações do/ do Poder Judiciário, porque que os processos não andam, porque que tah parado ... porque tantos anos oh/ o/ se concluiu. Então, eh/ essas informações que eventualmente foram trazidas as audiências públicas. Nós vamos eh solicitar informações pros órgãos judiciais, até pra avaliar se a cu/ a responsabilidade é do Ministério Público. Então, deixa isso eh/ bem eh/ registrado porque o Poder Judiciário tem sido um dos foros de dificuldade da atuação do Ministério Público; tanto que tem se vestido na atuação extrajudicial {pigarro}. Então, eu vou pacha/ convidar o secretário, depois vou eh chamar os inscritos. Vou ouvir aqui eh/ o Ministério Público, a coordenadora nacional do centro de apoio, a colega Sheila para dar uma breve avaliação do ministério público/ da atuação do Ministério Público Brasileiro. Convidar o Ministério Público de Minas Gerais e Ministério Público da Bahia, que se fazem aqui presentes ... e assim vamos depois colher todas a/ os depoimentos e as informações necessárias. Então, eu convido o secretário Alceu e sua equipe para enfi/enfim, a apresentar aqui ah .... ah ... o trabalho do Ministério Público do/ does/ governo de Minas Gerais ... Até registrar que esses dias atrás, eu e o procurador-geral tivemos como ministro Herman Bemjamin que, embora no Poder Judiciário, não perdeu a capacidade de indignar-se, de atuar, de interferir, de falar a opinião balizada e ele falou conosco: uma vergonha Minas Gerais liderar esse ranking e talvez o secretário possa nos dizer porque {burburinhos} {pausa}. Obrigada a SOS Mata Atlântica. {burburinhos} {risos} Alceu José Torres Marques - Secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Estado de Minas Gerais: Bom. Bom dia a todos. Vou me valer aqui um pouquinho da informalidade eh ... já que eu sou de casa neh, eu me sinto em casa e em casa a gente fica um pouco mais a vontade... Vou aproveitar a ausência do Jarbas pra dizer o seguinte .... eu tenho mais de 25 anos de ministério público e, se Deus quiser, até os próximos 25 anos a gente vai ver o Jarbas chegar no horário neh {risos} ... mas ainda tem paciência e temos eh ... somos otimistas com relação a isto. Mas, na verdade, talvez fosse melhor falar isso com ele aqui; queria cumprimentar a essa pertinência do conselheiro de eh aproveitar neh oh/ oh foro do Conselho Nacional do Ministério Público ... e eh/ eu sei que foi ideia do doutor Jarbas, o conselheiro, criar essa oportunidade pra que os membros do ministério público brasileiro tenham eh um palco neh eh tenham eh uma seara especifica pra falar sobre biomas, principalmente na questão da Mata Atlântica, dada a importância do tema ... dada a até a dificuldade para o trato do tema. Eu serei/ procurarei ser aqui mais breve possível, até porque convidei a Daniela Diniz, que é nossa subsecretária de fiscalização da secretaria de meio ambiente, o Germano que noss/ Germano Vieira, nosso chefe de gabinete, Diogo Franco, nosso

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assessor, pra mostrarem um pouquinho do que a Secretaria de Estado de Meio Ambiente anda fazendo nesses termos, nesses/ quanto a esses temas. O objetivo é muito simples. Em Minas Gerais, é a primeira vez que um membro do Ministério Público é levado a ocupar a pasta da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável e eu tenho a exata noção neh até porque não tenho nem como des/ desconfiar disso porque foi verbalizado neh; eu tenho a exata noção que os motivos que me fizeram eh, ou que levaram/ trouxeram o convite até mim. Foi em razão do trabalho da área ambiental do Ministério Público de Minas Gerais, o trabalho da Coordenadoria de Meio Ambiente do Ministério Público de Minas Gerais. E aí eu vou pedir licença aos senhores, já que me sinto em casa um pouquinho de/ de descontração talvez, pra lembrar esse/ esse trabalho começou ... o Jarbas até comentava isso com o Dr. Nedens aqui Jarbas, quando Vossa Excelência falava brilhantemente que esse trabalho começou ainda quando o Nedens era o procurador-geral a partir de 2011. Eu dizia pro Nedens exatamente isso; como o tempo passa rápido né ... o tempo, a gente às vezes eh mal se dá conta de que está começando ah/ um enfrentamento e de repente o tempo já foi. E, nessa ida do tempo, eh eu observava o Carlos Eduardo ali mais gordinho com a cabeça branca e dois episódios eh marcaram ah/ ah/ ah rela/ dois ou três neh a relação eh do Carlos Eduardo profissional neh com relação a minha pessoa. O primeiro deles foi em 2004 quando eu resolvi fazer uma campanha, exatamente a campanha em que o doutor Jarbas foi indicado procurador geral e o Carlos Eduardo se somou a um time – eu toh contando isso tudo pra chegar na questão da negociação – se somou a um time que vendo de longe eu já percebia, mas depois é que eu tive a oportunidade de trabalhar com eles, eh um time raro. Dificilmente vocês vão encontrar, e aqui eu falo até pra colegas de outros estados, dificilmente vocês vão encontrar eh/ eh/ um/ um grupo com essa capacidade de trabalho. E depois que eu saí da Procuradoria-Geral e fui pra Coordenadoria de Meio Ambiente, eu notei que se fazia uma fila na minha porta neh e a porta do Carlos Eduardo sempre vazia, {risos} ... Então eu falei, tem um negócio errado; aquela fila lá de gente empreendedora, os políticos pedindo, e a do Carlos Eduardo mais vazia ... Aí um dia, eu chamei ao Carlos Eduardo e falei, Carlos, nós estamos igual aqueles marido e mulher, ou pai e mãe, que um só fala não, não é a fera, não que eu seja uma bela mas {risos} e o outro só fala sim. Falei, esse negócio tah errado, nós estamos viciando nosso público, todo mundo vindo aqui na minha sala. E eu só tenho que ficar falando aqui, com o jogo de cintura, está errado, vamos quebrar isso. Aí acertei com o Carlos Eduardo, vamos quebrar isso. Escolhemos um caso, daqueles que estavam agendados, e falei, esse aqui é tranquilo é tranqüilo; eu vou falar o não e você vai falar o sim, dessa vez nós vamos inverter essa ordem aqui {risos}. Aí o empreendedor chegou na minha sala e o assunto até singelo neh, e eu olhei, olhei, olhei, fiz assim, falei; olha, eu acho que não tem jeito {risos} desse jeito não vai dar a não ser que o Carlos Eduardo consiga construir uma solução pra você. Você siga aí a orientação dele e faça do jeito que ele sugerir, porque eu não dou conta de enxergar uma solução. Isso é muito ruim, o que você tah propondo, aí marquei com o Carlos Eduardo, levei o empreendedor lá e fiquei por ali ((inaudível)). A conversa do Carlos Eduardo, ouvindo o Carlos Eduardo falar sim com o empreendedor. Aí depois que ele saiu, eu falei Carlos Eduardo, vamos combinar o seguinte; eu falo sim e você fala não {risos}. O sim dele é muito pior que o não {risos}, é um negócio assim horroroso neh {risos} ... Então hoje assim, eu entendi porque hoje fui convidado pra ser Secretário de Estado do Meio Ambiente e porque que a gente leva um pouquinho dessa experiência. A ideia é essa, eu/ eu prego isso muito de sentar, colocar as opiniões na mesa, ver o que é possível ... Eh o governador ainda/ durante o convite que me fez falou, olha eu gostaria que a Secretaria de Estado do Meio Ambiente se fortalecesse na sua capacidade de fazer essa mediação entre um empreendimento e o desenvolvimento sustentável; eu confio em você para isso, e eu confesso. É isso que eu queria dizer, eu confesso que aceitei o convite extremamente receoso, extremamente receoso, e muito tenso inclusive ... até por uma visão que nós aqui no Ministério Público temos. Eu já disse isso para o pessoal que trabalha na Secretaria de Meio Ambiente, falo e/ em todas as oportunidades. Aqui nós acostumamos a ver aquilo que não dá certo por todos os motivos, por todos os motivos, o que não dá certo por

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pressão, não dá certo por erro técnico, não dá certo por conveniência. E essas/ e hoje/ eh/ eh/, o sistema ambiental, o sistema de licenciamento, essa convivência eu/ eu insisto isso muito, não se iludam, não passa nada/ não passa nada. Nós temos o ministério público aparelhado, e a/ e que teve a sabedoria talvez senhor conselheiro, essa/ o senhor podia dar uma dica, que teve a sabedoria se ser acessível. Então... são ... servidores do próprio sistema são concorrentes, são ambientalistas, são políticos adversários; todos fazem as questões chegarem aos membros do Ministério Público eh em todo país/ em todo o país. O membro do Ministério Público, normalmente ele sabe o que tem que fazer. Às vezes ele não sabe como fazer, mas isso é uma outra história e que não é tema dessa/ dessa pauta. Mas aí mas ele sabe o que tem que ser feito; então eh... eu dizendo isso eu voltando aqui apenas só para frisar, aceitei o convite extremamente eh/ eh/ tenso. Algo que nem era do meu feitio, assim extremamente preocupado, apesar de ser um mandato curto, mas eh/ eh/ preocupado tenso; porque nós aqui acostumamos a ver o mal feito, a ver o que não dá certo. E a impressão de quem vai para/ para o executivo é a seguinte, chega lá, eu toh perdido né eu vou ver aquela, aquilo tudo que tah funcionando. Nós temos uma dificuldade em fazer com que as coisas aconteçam. Agora, imagina num/ num estado do tamanho de Minas Gerais, eh com/ com/ com a situação do tamanho de Minas Gerais ... Mas eu encontrei pra minha alegria – e é por isso que eu convidei até, eu poderia até ter trazido mais pessoas, mas não é uma palestra neh – por isso que eu convidei o pessoal eh mais afeto a essa questão da Mata Atlântica sobretudo; mas de uma maneira em geral de uma preservação de/ de/ de nossas matas, para apresentar o que nós estamos fazendo no/na Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável. E fiz apenas um alerta o/ que nem era necessário, eh que ... ainda jovens neh; mas que se sentissem aqui entre parceiros a nossa causa é a mesma. Não há diferença, é a visão do fiscal e a visão do construtor. A fiscalização ela tem uma visão muito focada, pontual; o construtor, ele tem necessariamente de ter uma visão mais aberta, uma visão mais multifacetária, sem evidentemente focar na lei, sem evidentemente focar naquilo em que deve ser feito. Então hoje, eh aqui bastante à vontade, em casa eh com parceiros, eu queria pedir a palavra aqui, pedir a atenção dos senhores um pouquinho, e passar pra Daniela, Daniela é nossa superah/ subsecretária que cuida de fiscalização. E desde já, Márcia, queria te pedir um favor. Como que eu localizo as coordenadas daqueles pontinhos em vermelho do seu mapa que estão sob nuvens? Eu teria hoje condições e disponibilidade de fazer uma/uma investigação in loco até com/com pessoas que se interessem em estar conosco. A gente tem ideia disso? Eu quero deixar aqui bem aberto desde já pedindo a ajuda de vocês. A ideia desse mandato de nove meses é plantar sementes que não são nossas, elas vão compartilhar e buscar uma gestão eh/ eh/ eh.... mais.... ah... consorciada com a sociedade. {brigado Alceu} {risos} {palmas} Mestre de Cerimônias: Com a palavra, Daniela Daniela Diniz Farias - Subsecretária de Controle e Fiscalização Ambiental Integrada da SEMAD: Bom dia a todos. Para quem não me conhece, eu sou Daniela Diniz, sou servidora de carreira da Secretaria de Meio Ambiente e atualmente ocupo a subsecretaria de controle e fiscalização. Eu vou passar pra vocês um pouco da ótica do que o Sistema Estadual de Meio Ambiente vem fazendo com relação a essa temática Mata Atlântica e vou tentar ser um pouco breve pra que os meus colegas possam falar um pouco também de outras questões que a gente considerou como importantes pra trazer pra esse evento. Bom, nossa apresentação, eu intitulei, como Força Tarefa Mata Atlântica em razão de um contexto que foi criado no estado. Já existia a temática Mata Atlântica, já vinha sendo tratada pelo estado, porém, o ano de 2013 foi uma ano bastante emblemático pra gente {pode passar}... eh... naquele/ naquela oportunidade Minas eh/ era/, quando foram lançados os dados da SOS Mata Atlântica, Minas foi considerado pelo quarto ano consecutivo como o maior desmatador do país. E mais do que/ do que essa questão do/ do ranking, o que impactou muito foi em relação às quedas que

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vinham sendo efetivadas pelos últimos anos e que naquele ano de 2013 neh, houve um aumento significativo do desmate. Isso chamou muito a atenção, e juntamente a este fato, o Ministério Público eh, publicou, deu ênfase à questão da fazendo com atos autorizativos concedidos, permitindo o desmatamento e ah/ eh de forma ilegal. Isso chamou a Semad, especialmente pra uma revisão do que estávamos fazendo, do que precisama/ precisávamos rever e que medidas precisaríamos tomar dali pra frente pra reverter esse quadro. Então, esses {só volta por favor} essas eram algumas das manchetes da época. Minas lidera ranking de desmatamento da mata atlântica; ali o outro pequenininho .... Eram manchetes bastante enfáticas e muito negativas {pode passar} eh isso era um histórico de desmatamento da Mata Atlântica nos últimos anos, que eu vou passar porque o SOS Mata Atlântica já falou disso com bastante propriedade. Então, nesse ano de 2013, além da chamada moratória que a/ a Márcia citou aqui, que foi uma reso/ uma resolução eh imposta pela Secretaria de Meio Ambiente eh impedindo a/ a/ edição de atos autorizativos de extração de vegetação de bioma Mata Atlântica. Isto porque, segundo os dados que nós tínhamos na secretaria, eram, nos últimos anos quase que 80% dos nossos atos autorizativos. Então, dali pra frente se proibiu esse tipo de autorização no que a lei federal permitia, na brecha que ela permitia. Outro grande eh/, outro grande eh/ eh/ fato que/ que marcou esse ano foi o lançamento dessa chamada Força Tarefa Mata Atlântica, a partir de um decreto do então governador, e chamava um grupo de governo pra se unir e rever as questões voltadas pro bioma Mata Atlântica. Esse grupo é formado não só pela Semad, pela Secretaria de Meio Ambiente, mas pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Secretaria de Agricultura, pela Policia Militar, Civil e pelo Instituto Estadual de Floresta. Esse grupo de governo então se reuniu periodicamente e, a partir dali, a gente começou a/ a identificar quais eram os maiores problemas com relação ao bioma Mata Atlântica. Além daqueles indícios que a gente já/ já tinha em relação a revisão dos nossos atos autorizativos, nós passamos a fazer um/ um diagnóstico de outros pontos que considerávamos então importantes pra reverter esse quadro. Aí é só o/os primeiros artigos neh do decreto em razão da/ da implementação do plano, pode passar ... ali são os componentes, são as secretarias que ... eu mencionei pra vocês e/ e/ eu a gente reforça esse ponto pra dizer pra vocês que/ que Minas Gerais não tah olhando o tema mata atlântica sob a ótica da Secretaria do Meio Ambiente. É uma visão, hoje/ eu posso garantir pra vocês, que é uma visão do estado. A gente sabe que é uma mudança de comportamento essa inversão de ranking, não se restringe a atos provenientes da Secretaria de Meio Ambiente, mas a gente precisa de fomento e de várias outras ações pra resultar num/, pra ter um resultado contundente. O que a Semad vem fazendo até então eh/ eh/, a gente tah atuando muito sobre as questões das medidas de controle. Nós eh/, no ano de 2013, investimos pesado nas ações fiscalizatórias ... Ali temos as três principais que foram operações especiais, mas a gente faz outras operações com rotina eh/ essas juntas, realizadas no norte de Minas; uma outra operação, salvo engano, foi no município de Alpinópolis eh e mais uma operação especifica .... essas três operações somadas resultaram em média de/ de é 18.000/ 18.500.00 ((dezoito milhões e quinhentos mil)) em multas e mais suspensão de área embargada de aproximadamente 2500 ((dois mil e quinhentos)) hectares. Agora o que/ o que a gente frisa e muito, nessa força tarefa, é que essa mudança de cor/comportamento em relação à Mata Atlântica não se efetivará somente através dessas medidas de controle, quando a supressão já ocorreu; nós precisamos também investir em fomento. O Mario Mantovani, aqui na sua apresentação, mostrou que 70% dos municípios que mais desmatam são aqueles municípios com menos de cinco mil habitantes. Isso nos dá, já eh/eh outro/outro indício de que precisamos investir em fomento nas áreas menos desenvolvidas que não por coincidência são as que mais desmatam. Outro ponto que consta do nosso plano eh/eh a capacitação de gestores municipais para a implementação desses planos. Sabemos que fiscalização hoje se faz não só dessa atuação em campo, é necessário investimento em tecnologia da mesma forma que a SOS faz o seu monitoramento continuo ah/ ah/ a Secretaria de Meio Ambiente também faz o seu. É dessa forma que a gente vai a campo, após identificar um desmatamento, cruzando um ato autorizado com um polígono identificado

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via satélite. Pra isso, pra essa sistemática funcionar, a gente sabe que todos os anos nós temos que investir em novas tecnologias. Estou dizendo isso pra reforçar pra vocês que esse plano engloba várias ações, além das medidas eventuais de controle. Esse plano, ele é divido em cinco capítulos que são esses: fomento florestal, tecnologia da informação, regularização e normatização, política florestal e fiscalização. Ele foi construído ao longo de oito meses e, agora em maio recente, nós tivemos a aprovação do governador pra sua execução e aplicação no âmbito do executivo ... esse é o valor que a gente considerou ((se referindo a apresentação)). O plano, ele é mais detalhado, ele tem cada ação específica com o seu valor, ele não é um plano de execução imediata, ele será executado ao longo de quatro anos compreendidos entre 2014 e 2017 ... aproximadamente 51.000.00 ((cinquenta e um milhões)) precisarão ser aplicados. Nós já tivemos esse ano uma grande conquista, a parceria com o Ministério Público que englobou um projeto de/ de fiscalização da Mata Atlântica em um desses TACs, e a gente foi contemplado com vinte caminhonetes Amarok’s pra fins de fiscalização de Mata Atlântica ... então, esse/essa foi a primeira medida. Mas eu preciso reafirmar aqui que eh esse plano precisa ser efetivamente executado, o governo de Minas precisa ter esse compromisso, além da palavra de disponibilizar esse orçamento pra que a gente consiga essa execução. E nós, da Secretaria do Meio Ambiente, enquanto servidores efetivos, temos a convicção de que sem esses valores e sem a efetivação desse plano, a gente vai continuar liderando esse ranking ... então eu tô reforçando isso aqui porque esse dinheiro ainda precisa chegar {pode passar}. Nesse ano de 2014, nós investimos em duas grandes operações também, e as nossas operações tem sido focadas nessas regiões que o SOS identifica como sendo as maiores desmatadoras, que é o Alto Mucuri, o Vale do Jequitinhonha e o Norte de Minas. Essa Operação Macaco Muriqui foi realizada em abril de 2014 {pode passar} e teve como objetivo coibir desmatamento de Mata Atlântica, especialmente em Alto Mucuri neh ... pode passar ... Os objetivos, eu vou me focar mais aos resultados tah, foram 78 polígonos de desmate, mais 96 de comércio, 566 em aura/ área autuada, 174 autos de fiscalização emitidos, 66 autos de infração ali vem os volumes de lenha, de carvão apreendidos, de veículos ... O valor das autuações foi mais ou menos dois milhões cento e cinquenta mil, foram efetivadas 16 prisões e um dos desdobramentos dessas operações foi o envio de uma representação ao/ à promotoria estadual, através do doutor Felipe que, quando eu contei pra ele essa prisão decretada em Novo Cruzeiro – um grande desmatador que inclusive eh vem/ vem {risos} {falas ao fundo} eh, ele tah até ameaçando a nossa equipe técnica eh/– a gente comemorou como um gol mesmo. Então eu reforço também que, aos nossos olhos, a gente tem o Ministério Público como um grande parceiro e a gente eh sabe que será sequencial essa questão da gente fazer as alterações e de remessa dessas informações pra conclusão desses inquéritos criminais. A segunda operação que fizemos foi em maio, ela não/ não foi tão divulgada na mídia como primeira porque ela ocorreu na mesma semana que o SOS lançava os seus dados, mas foi a maior operação até hoje; talvez até pela prática das anteriores a gente vai aprimorando as metodologias e tentando melhorar. Ela aconteceu na região do norte de Minas, foi entre 25 e 31 de maio, também tinha como objetivo coibir desmatamento de Mata Atlântica nos municípios de Manga, Montalvânia e Juvenília .... pode passar, tivemos como área autuada mais de 3117 hectares; sendo que dessa área, 2400 hectares eram provenientes de um único desmatador ... 24 autos de fiscalização emitidos, 31 autos de infração ... ali os volumes imensos de lenha apreendido e carvão, e chegamos a mais de R$ 500.000.00 ((quinhentos milhões de reais)) em multas, porque essa área era pro/ que tinha muita espécie imune de corte. A gente tem uma metodologia que, através da vegetação adjacente à área desmatada, a gente identifica o número naquela área adjacente pra fazer, o cômputo através de imagem das autuações referentes àquelas vegetações que foram suprimidas ... Ali são algumas imagens dessas operações que são chocantes, pode passar... ali os fornos que são produzidos, questões que nossas equipes tem pontuado que o desmatamento no alto jequit/ no Jequitinhonha e no Alto Mucuri é muito mais para produção de carvão eh o desmatamentos {pode ir passando Diogo} ... essas operações são as do Jequitinhonha. No norte de Minas, a gente tem percebido

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esses desmatamentos voltados pra expansão agrícola ou para criação de gado, são diferentes ... ali já as do norte de Minas, tah vendo como é diferente as áreas do/ do Mucuri? Pode ir, são áreas no norte de Minas, áreas de muito difícil acesso e aqui vem, já depois, a repercussão, na mídia, das matérias. Diz ali, fiscalização fecha cerco ao desmatamento no Mucuri, multas aplicadas contra o desmatamento superam 12 milhões, essas da operação ao/ eh Macaco Muriqui 1; Teófilo Ottoni traça planos para conter desmatamento, foi uma medida que a gente comemorou também porque é um objetivo da ação fiscalizatória ter, em sua sequencia, o reconhecimento do município, uma revisão sobre as suas ações pra se planejar melhor e foi o que aconteceu em Teófilo Ottoni. Ali cenário desolador, nosso diretor de fiscalização Bruno Zuffo no meio do/do desmate, devastação em ritmo alucinante, enfim todas ali o material apreendido, proveniente e é um pouco do que a gente vem fazendo. Eu queria reforçar com vocês o quanto nós nos sentimos incomodados com esse/ essa liderança em grande desmatador, mas dizer aqui pra vocês que nós temos essa pauta Mata Atlântica como prioritária. A gente trata isso com muita responsabilidade, com muito trabalho, é uma temática que não sai das/ dos nossos trabalhos diários e reforço nosso compromisso aqui de reverter esse quadro, com/ neh aproveitando o Dr. Alceu com a gente, pra reforçar com o governo que a gente precisa dos cinquenta milhões pra efetivar o nosso plano. Tá bom? Obrigada {palmas} Alceu José Torres Marques - Secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Estado de Minas Gerais: a Daniela aprendeu com o ((inaudível)) mais rápido que eu esperava neh {risos} ... Só pra dizer gente, aqui não foi falado, eu vou adiantar aqui um pouquinho ... nós estamos investindo também em serviço de inteligência na Secretaria de Meio Ambiente, vamos buscar uma contratação de uma empresa nesse viés neh ou de consultoria, estamos correndo atrás. Tivemos a oportunidade de, nesse período, conseguirmos mais duas aeronaves pra poder fazer esse mapeamento, esse monitoramento. Enfim ... nós, independente de qualquer situação, nós temos o compromisso de continuar fiscalizando e melhorar essa fiscalização dentro de qualquer negociação, sobretudo na questão ambiental. Para a gente continuar pensando em licenciamento, pensando em desenvolvimento, nós temos que ter essa retaguarda da fiscalização porque também ninguém vai querer ficar aqui fazendo, eh se me permitem a vulgaridade, fazendo papel de bobo. Então, nós temos esse compromisso e estamos eh correndo atrás, nos ajudem aí, a gente sabe que essa pressão ela/ ela é sempre boa. O Mário falou, conversando com os governantes, tah na hora também das pessoas investirem na questão ambiental, tratar e/ eh preservação de meio ambiente como investimento e não meramente como custeio, a gente tem falado isso daí por basta/ em todas as oportunidades. Mas nós também estamos investindo aqui um pouco da/ da ciência para produção das novas e eu queria que o Germano, o Germano é o nosso chefe de gabinete eh ... jovem, professor da área, técnico e tem/tem feito interface com os demais segmentos pra buscarmos soluções, não é Germano? Diante das questões que eventualmente a própria legislação nos embarga, eu vou passar a palavra pra ele... {é rápido tah} Mestre de Cerimônias: Só pra aqui registrar, terminando aqui a secretaria, nós vamos passar a palavra cinco minutos para cada um poder expressar pra ficar registrado neh as reclamações, as constatações para que o conselho, ao final, faça o seu relatório sobre a audiência pública. Daniela Diniz Farias - Subsecretária de Controle e Fiscalização Ambiental Integrada da SEMAD: Desculpa. Só pra concluir, pra não dizer que eu só trago más notícias eh foi muito bom esse registro, doutor Alceu, acerca das aeronaves. Depois da chegada deles, a gente duplicou nossa frota ... a gente tinha 3 aeronaves e, em três meses, já conseguiu mais três. Isso tah fazendo toda a diferença e eu queria até aqui na casa dela agradecê-lo por esse empenho, foi um empenho muito pessoal dele e a gente tah muito feliz com essas aquisições. Germano Luis Gomes Vieira - Chefe de Gabinete da SEMAD: Eu queria aproveitar, a Daniela

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falou palavras que eu mesmo ia dizer, que o doutor Alceu faz sempre questão de registrar no/ em todos os eventos que ele vai, sobre o prazer de/ de estar com uma equipe que realmente batalha pela preservação ambiental dentro de uma secretaria que é uma de todas/ de todas as secretarias de políticas públicas de um poder executivo e fazer então, na casa dele, um registro que nós também estamos muito satisfeitos de tê-lo recebido que uma das questões que ele mais agrega hoje na secretaria é essa vocação ao diálogo e mediação que a secretaria tem que retomar. Porque eh/ eh/ é o nosso dever, é a nossa função insti/ institucional eh ... e dizer que vocês do Ministério Público tiveram a capacidade de trabalhar com ele eh/ eh ... vocês aprenderam a trabalhar com o doutor Alceu e nós também aprendemos a trabalhar com o doutor Alceu com essa calma, com essa tranquilidade. Ás vezes, eu chego no gabinete dele e falo assim, doutor agora esse aqui não tem solução, e ele fala, Germano quer um café? {risos} quer um biscoitinho de castanha? Essa vocação natural pra tranqüilidade, pro diálogo, trazem pra nós servidores, que recebemos toda a pressão, uma tranquilidade pra poder trabalhar e pra poder mostrar o serviço que as vezes não é visto neh/. Como ele também registrou, geralmente, o trabalho é mostrado quando não dá certo, ou por questão de prazo, ou por questão de utilidade, técnicas jurídicas, e nós temos realmente muito temos mostrado aquilo que dá certo. Uma das coisas que começaram a dar certo é o trabalho que nós tivemos/, que nós iniciamos após ah/ o evento da Força Tarefa Mata Atlântica, dentro de um dos núcleos que é o que a Daniela diz, que é o de normatização e regularização. Porque muitas das análises técnicas que são feitas no processo dependem, claro, de uma conjuntura jurídica com clareza, com circunstância, pra que possam ser aplicados nos processos. E isso faltava dentro regime da Mata Atlântica no que diz respeito às tipologias do serrado, que são incluídas, dentro do mapa do IBGE, que são incluídos pelo regime jurídico. Então, dados como esses, como foram apresentados, realmente nos incomodam neh enquanto servidores eh/ eh ... mas pra isso eu acredito que sobretudo num estado que é desconfiado por natureza neh, e Minas Gerais é assim. Então, quando nós começamos, quando o trabalho iniciou na proposta do Sindicato da Produção Mineral e/ eh/ oh/ a/, a desconfiança de inicio era .... ah então quer dizer que a mineração tah querendo propor uma regra pra facilitar às supressões pra ela neh ... Mas depois que nós conseguimos entender qual era a dinâmica, que eles – impactados por uma não analise de processos em razão de uma não definição das metodologias pra se eh operacionalizar a supressão das tipologias florestais da Mata Atlântica, de cerrado dentro da Mata Atlântica – claro que eles neh/, que é legitimo da parte deles, que gostariam de ter uma metodologia especifica que a própria legislação da Mata Atlântica assim permite. Então, superada essa primeira desconfiança, veio a segunda desconfiança. Vamos fazer um grupo de trabalho pra poder equacionar ah... a metodologia, vamos chamar então outras secretarias afeitas, a primeira que/ secretaria que veio foi a SEAPA, então primeiro começou um desconfiança da SEAPA sobre aquilo que a SEMAD estaria propondo, aí depois nós chamamos o Ministério Público, aí vem a desconfiança do setor produtivo ... ah, então que dizer que vocês tão chamando o Ministério Público pra participar, ou seja, é uma desconfiança por natureza de todas as partes. E isso nós tentamos desde o início, enxergar os/o núcleo central de todos os discursos, porque uma vez enxergados esses núcleos, a gente consegue constatar que os interesses são convergentes e não divergentes. Então, com a/ o advento da Lei da Mata Atlântica e do Cerrado, um regime jurídico que englobaria não somente refúgios habitacionais, mas também as formações savânicas ... Está claro lá no artigo primeiro do decreto. Por isso, o grupo de trabalho que foi criado teve por base algumas questões, por exemplo, saber que efetivamente o mapa que nos define, o regime de aplicação; saber que os biomas não seu/ não são separados por muros e que, por isso, existem disjunções e existem encraves que também devem ser protegidos, sejam disjunções de Mata Atlântica, do Bioma com B maiúsculo do serrado, ou seja encraves do cerrado dentro do regime da Mata Atlântica. E aí veio a grande questão, nós precisamos definir as características que nos vão/ que vão nos levar a estabelecer estágios sucessionais dessas tipologias de/ de cerrado neh, e em razão disso vem a dificuldade, porque as formações savânicas por característica você pode, às vezes fica muito difícil você

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estabelecer o estágio sucessional ... fica muito mais eh/ eh/ muito mais prático, muito mais tranquilo, muito mais técnico você também pensar nessa definição através de estágios de conservação e não só estágios sucessionais. Então, com base numa prerrogativa que a resolução CONAMA nos trouxe, a 423 ah/, nós começamos a discutir isso no seio de neh eh... de um grupo de trabalho, no âmbito da SEMAD. Nós convidamos algumas instituições que fazem parte do sistema nacional do meio ambiente e sentamos todos, numa mesma mesa, pra tentar chegar em um produto que fosse proposto ao conselho estadual que define as regras ambientais aqui no estado neh/ dentro/ através de suas deliberações normativas. Nessas reuniões, nós utilizamos uma metodologia pra que eh/, ao final, fosse discutido tudo aquilo, ou derrubado tudo aquilo que esse grupo construiu ao longo do tempo. Todas essas reuniões foram coordenadas por mim, foram gravadas, foram reuniões quinzenais, foram reuniões extensamente discutidas, foram reuniões tiveram atas ao final e que sempre nas reuniões subsequentes eram aprovadas as atas das reuniões anteriores e não tivemos nenhuma reunião em que a ata da reunião subsequente fosse questionada por qualquer um dos membros. Isso de/ demonstra uma abertura de todos aqueles que estavam presentes a uma/ a chegarmos a uma negociação consorciada ... reunião por reunião, tenho todos os relatos aqui, que não é o caso aqui. Nós evoluímos com nessas discussões e uma das evoluções eh/ eh/ que/ que chegamos foi que o método que nós chegaríamos para definir os estágios sucessionais das tipologias eh de cerrado. Seria o multicritério e, pra chegar nesse multicritério, nós precisávamos primeiro definir métricas e segundo, definir conteúdo das métricas e a pontuação. Nós chegamos até quatro métricas que foram a análise de paisagem, o histórico de uso e ocupação, a avaliação fitosociológica/ecológica e também a ocorrência de espécies raras e ameaçadas de exti/ de extinção. A partir dessas métricas, nós chegamos a algumas definições; aprovamos todas essas métricas e, na reunião final, o grupo de trabalho propôs diretivas a serem seguidas pela SEMAD na norma que ela iria propor ao conselho estadual. Então a SEMAD foi como que uma ponte, com uma norma que não era dela, mas sim de um grupo de trabalho que veio com as instituições representativas do Conselho de Politica Ambiental do Estado, e a SEMAD levou essa proposta até o COPAM para avaliação. Uma das questões que ficou eh/ muito categórica, resultantes do grupo de trabalho, foi a necessidade de você difi/ definir/ diferir as formações florestais das campestres, porque as duas estariam ah/ com a ocorrência dentro dessa delib/ deliberação normativa. As florestais – muito/ eh/ muito embora o questionamento sobre a efetividade, sobre a legislação de São Paulo – foi utilizada como base pra chegarmos até a definição para florestal de Minas Gerais, de cerrado. Nós, então, utilizamos, pra isso, dados fisionômicos tais como distribuição diamétrica, predominância divi/ de indivíduos jovens, ocupação de área por ((inaudível)) exóticas e área basal ... A maior dificuldade de todas foram as fisionomias campestres, e aí nós utilizamos as métricas que eu falei pra vocês, as quatro métricas e a pontuação e o método multicritério ... pa/. Apenas pra vocês terem um exemplo, a norma ela fica/ um dos seus artigos ficou redigido assim, a caracterização da vegetação primária e dos estágio sucessionais de vegetação secundária das fitofisionomias campestres das formações savânicas, para efeito de aplicação de regime da Mata Atlântica levi/, levará em consideração os seguintes parâmetros básicos, aí vem as quatro métricas e depois, dentro de cada pontuação que é feita, você chega até um estágio; ou o inicial, eh médio e avançado pras secundárias, ou a máxima expressão local que seria a primária. Isso tudo, é claro, depois de uma extensa discussão, porque a questão é chegar até a pontuação, porque a pontuação vai me levar em um dos estágios e os estágios vão me levar às restrições de uso já estabelecidas pela Lei da Mata Atlântica. Então, um dos primeiro esclarecimentos que eu tive que dar, sobretudo para os desconfiados da área da agricultura, era de que nós não estávamos trazendo nenhum tipo de restrição a mais, nós estávamos dando uma segurança jurídica do que se pode e do que não se pode fazer dentro do regime de Mata Atlântica, quando nós estamos falando de tipologias de Cerrado. Então, quando a gente cai num daqueles índices – inicial, médio, avançado – nós estamos falando já das restrições de Mata Atlântica. O que nós estamos fazendo apenas é a metodologia pra

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chegar até esse estágio, depois, as regras de restrição, tão todas já impostas pela legislação. Acontece que quando o grupo de trabalho foi definido, ele tinha dois objetivos. Um dos objetivos é dos estágios das formações campestres, savânicas dentro da Mata Atlântica; outro é e o próprio bioma cerrado neh como foi colocado aqui até pela Márcia. A única lei federal que nós temos hoje é a Lei da Mata Atlântica ... então, em razão da necessidade de se definir também regras para o cerrado, e o cerrado também mineiro, o grupo de trabalho, uma vez definida essa metodologia e aprovada pelo COPAM terá matéria prima e matéria de trabalho pra conseguir trabalhar. A partir daí, restrições também para um outro bioma de importância pra Minas Gerais que é o bioma cerrado. ah/ Os próximos passos, a/ essa proposta de deliberação normativa, ela foi pautada em junho, na Câmara Normativa Recursal do COPAM, e lá nós tivemos seis pedidos de vistas por aquelas seis instituições Ministério Público componentes do grupo de trabalho. Mas os próprios conselheiros solicitaram que a SEMAD pudesse coordenar reuniões entre esses conselheiros e o grupo de trabalho, que tinha concluído a primeira proposta pra que eles pudessem entender melhor a proposta e quem sabe chegar a um relato de vista comum ... quem sabe através também de um substitutivo com melhorias que esses conselheiros pudessem propor. Melhorias eh/ vieram ah/ sobretudo na instituição onde nós estamos, o Ministério Público, que convocou também ah/ a contribuição da academia através, dos/ inclusive, dos professores que estão aqui da UFMG e puderam muito contribuir com algumas propostas e afinar um pouco o trabalho que foi feito com eh duas diretrizes principais. Primeiro tirar a subjetividade da norma, que isso atrapalha muito o técnico na hora da análise do processo ... por exemplo, presença de espéci/ presença considerável de espécies raras, o que é o considerável neh? Hoje em dia, uma das nossas maiores questões, o que é impacto significativo neh ... o que é presença considerável? Então, isso eh também nós tivemos o objetivo de corrigir nessa proposta e, outra, tratar os refúgios vegetacionais de uma forma diferenciada, como o próprio decreto coloca lá no seu artigo primeiro neh ... uma/ uma metodologia diferenciada para refúgios das formações/ das/ das formações savânicas. E isso nós chegamos a um consenso, ah/ agora a partir dos próximos/ das próximas semanas, nós vamos concluir as formações savânicas com a pontuação já na próxima semana, reunião na quarta-feira. Para a parte dos refúgios vegetacionais, acordamos que serão aplicadas pela secretaria de meio ambiente as posturas descritas na resolução 423 da se/ eh/ do CONAMA, com a obrigação da SEMAD de editar uma nota orientativa a todas as superintendências regionais, alinhando quais que são os critérios que sem/ tem que ser adotados nas informações complementares e nos documentos solicitados para aplicação da resolução 423 do Conama. E também com o compromisso que um grupo de trabalho especifico será criado, ou será continuado, de aproveitarmos esse apenas para uma metodologia para os refúgios vegetacionais da parte acordada até o momento; que são as formações savânicas. Nós devemos concluir já na próxima semana, aí faremos um relato de vistas conjunto, no final de setembro .... é isso, eu fico a disposição de vocês. Às vezes, a gente vai querendo falar mais, mas eu sei que o tempo urge neh {palmas} ((não se identificou)) agora só pedindo aqui desculpas pelo/ pelo horário mas nós não poderia deixar de interromper aqui ... Tudo isso que a gente tah mostrando gente é dentro de um contexto, de um contexto de tentar buscar ciência na gestão ambiental. Então, como diz o ((inaudível)), não basta a gente ser bom nem operoso, a gente tem que sorte nas coisas. Naquele evento lá de Ouro Preto, em que eu acabei te visitando na sexta-feira, nosso assessor de imprensa foi comigo, Diogo Franco, e na volta ele veio me falando do seu projeto, que ele vinha desenvolvendo com outros membros/, quando eu vi, eu disse: “Olha! É isso que eu quero.” Então eu, antes do Diogo falar, o que eu queria desde já, eu já disse isso, a nossa mesa de mediação ela tem assento pra todo mundo, assento pr/ a portas/, as portas estão abertas, não precisa de derrubar a porta nem chutar a porta, a porta é aberta por natureza. Eu queria fazer um convite a vocês a observarem o que a gente tem desenvolvido/desenvolvendo e se in/ irmanarem a/ a esse trabalho; porque eu/ é/ a Marcia colocou muito bem aqui, eh/ o/ o brasileiro tem essa mania de colocar a coisa lá para o governo e depois Germano, bater no que

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dá errado né, ai da mídia, da “ibope” e tal” Então eu queria que vocês eh/ compartilhassem conosco do/ da execução desse plano do Núcleo de Gestão Ambiental com enfoque territorial que o Diogo Franco vai falar pra vocês. E só antes do Diogo falar, em seguida nós vamos começar eh../ ouvir a quem se inscrevera até que eh/ a/ tem a primeira pessoa que é a “Teka” pelo movimento “Pelas Serras e Águas”, de Minas e nós. Entendemos que era melhor continuarmos do que parar pro almoço então nós vamos tocar a diante e quem quiser almoçar e voltar da/ aqui como todo ambientalista nós não temos horário muito de almoçar não né, então “vamo toca” a diante, então Felipe, por favor. Felipe ((sobrenome e cargo não identificados)): Bom gente, boa tarde! Primeiramente eu queria agradecer a oportunidade dada pelo Ministério Público, pra essa apresentação, também ao secretário Alceu né, pela confiança e pela oportunidade e ... bom assim como meus colegas eu também sou servidor de carreira, sou funcionário efetivo da FEAM, da Fundação Estadual do Meio Ambiente desde 2006 (dois mil e seis) e... “tô” aqui pra falar um pouco pra vocês sobre o projeto de gestão ambiental territorial. Eh/ até fazendo uma/ uma deferência né, aos meus colegas, esse projeto ele tá sendo gestado, ele tá sendo ... formatado na SEMAD há mais ou menos dois anos, mas à partir de agora, com a chegada do Alceu, com essa cultura da negociação, com essa cultura do diálogo, esse projeto teve uma oportunidade muito grande de florescer. Ele tá agora num estágio, neh/ ele tomou um status de projeto prioritário, a gente já está com equipes articuladas pra poder alavancar isso e temos também confiança que, no curto e especialmente no médio prazo, a gente vai ter resultados efetivos na qualidade ambiental do Estado. Bom, falando de gestão territorial já eh/, a gente tem exemplos aí no mundo inteiro né, menos no Brasil, mas mais em países do norte, na Europa, Austrália, alguns lugares da Ásia, né, o próprio Oriente Médio também têm experiências boas nesse sentido, que a gestão territorial, seja ela a gestão territorial para/ pra infraestrutura, pra agricultura, pra segurança pública, ela tem gerado os melhores resultados do ponto de vista de gestão pública, no planeta e naturalmente pelo aspecto transversal que a gestão amb/ a gestão territorial ela/ ela/ ela prop/ ela proporciona; porque uma gestão territorial, ela permite que o analista né, o gestor consiga ter uma visão daquele impacto específico de uma atividade em um território. Então, a partir disso, ele planeja e executa melhor suas ações, pro meio ambiente; naturalmente isso cai como uma luva, porque sem tem alguma coisa que é interdependente e é transversal, isso é o meio ambiente né. Tanto do ponto de vista da própria natureza né, as florestas com a/ com a interdependência com as águas com o solo com fauna, como também em relação com as atividades econômicas né, uma atividade econômica tem as suas consequências ambientais. Bom! Então, a gente tem desenvolvido esse trabalho no âmbito da SEMAD, e pra/ pra balizar a nossa atuação, a gente identificou aqui de forma resumida quais seriam os principais ambienta/ impactos ambientais que hoje existem no nosso/ nosso Estado né – no Brasil como um todo, mas especificamente em Minas Gerais – e que promovem aí ... perda de qualidade ambiental. É importante ressaltar que né, a Rio/ a Rio/ a Rio Mais Vinte agora, eu estive presente lá né, oh../ várias pessoas aqui também tiveram, há realmente um diagnóstico no mundo né, desde a década de oitenta a qualidade ambiental vem caindo a despeito de todo esforço feito normativo, fiscalizatório né, investimentos; a qualidade ambiental face aí né, o desenvolvimento econômico, a necessidade de desenvolvimento social, né, a questão da renda que leva as pessoas ao consumo, ele vem sofrendo, ele vem caindo. Então, existe uma lacuna muito grande na questão ambiental a ser preenchida, então né, esses impactos é que mostram o que tem acontecido aí de uma forma geral né. Em Minas Gerais, então, aquilo que já foi falado aqui né, a questão da/ do desmatamento que por sua vez né, provoca processos de desertificação no solo, que por sua vez provoca perda de capacidade produtiva, provoca processos erosivos, desassoreamentos, que também ai tem como foco/ tem cons/ né tem como causa a ocupação irregular do solo e em especial o uso inadequado de “APP’s”, o que, por sua vez, provoca a extinção de faunas de flora, poluição dos cursos d’água,

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secamento, escassez hídrica, poluição do ar, a questão dos passivos ambientais né. O fato que em Minas é muito especifico é a contaminação do solo. Pra dar resulta/ pra dar resposta a esses itens aí, né, resumidamente claro, falando, claro que esse itens aí se des/sdobram em outros, a gente criou uns princípios que vão nortear a nossa gestão ambiental por territórios. A ideia é que esses princípios, eles norteiem a nossa atuação de modo geral no SISEMA, em especial na regularização ambiental. A nossa meta é que a regularização produza qualidade ambiental e ai a gente vai ter como base pra fazer isso a gestão territorial e esses princípios que vão nortear essa nossa/ nossa gestão, que é na verdade o que a gente né/ que são, na verdade, respostas aqueles impactos mencionados anteriormente. Então, a gente quer promover a disponibilidade hídrica. No momento atual, isso é um tema muito em voga, mas a/ a falt/ né, a escassez hídrica que a gente hoje/ que a gente observa hoje no Brasil né, vem muito claro né, todo mundo já sabe, de uma falta de gestão feita ai ao longo dos prazos, então a gente quer na verdade retomar essa capacidade de gestão nesse aspecto pra promover a disponibilidade hídrica. Aí, claro, como consequência né, a proteção a recuperação de nascentes, manutenção de “EPP’s” proteção de áreas de recarga hídrica né, coloquei ali em especial os campos hidromórficos e as veredas né. Minas Gerais/ isso dai tem um impacto muito, particular e muito importante; o controle da erosão, o uso de técnicas adequadas de produção, eh/ eu “tava” lendo um estudo dum professor da USP, né, por coincidência, ontem, que uma técnica agrícola bem executada ai, neh, com o plantio em curvas de nível, o plantio direto, a integração de sistemas, ele promove, do ponto de vista da preservação da água, até um impacto similar a uma floresta. Então, assim, é um campo interessante da gente também abordar de forma/ forma mais inteligente, a preservação de áreas de vegetação com relevância neh; aí, naturalmente, a gente tem um destaque ai forte pra Mata Atlântica. A formação né, de corredores ecológicos né, de conectores, né, porque é isso que vai garantir a/ a sobrevivência e a ampliação dessas áreas a manutenção e a ampliação de “hotspots” de fauna, aumento da cobertura vegetal, recuperação de áreas/ de áreas minerarias. No caso de Minas Gerais é a analise territorial. Bom, então a gente/ pra isso criou uma plataforma que vai dar ao nosso técnico a segurança pra que ele tome decisões do ponto de vista do/ nah/a análise ambiental do licenciamento, da regularização pra promover essa/ esse/ esse impacto positivo. Todo mundo conhece aqui como funciona o licenciamento né? A gente tem um modelo que remonta a década de oitenta, é um modelo cartorial, análise de papel, sem visão territorial e que, na verdade, gera insegurança inclusive pra gente né, ah/ ah.../. Nós mais do que ninguém, que vivemos isso dia-a-dia, a gente sabe da dificuldade, de realmente/ de tentar fazer uma análise, produzir um processo que produza a qualidade ambiental e a gente também, confidenciando aqui né secretário, a gente se ressente disso. Os nossos técnicos, eles../ eles querem fazer isso né? A gente tem que, na realidade, elaborar ferramentas que promovam e que deem a eles condições de fazer isso. Mencionei aí o estu/ o documento final da/ da conferência Rio Mais Vinte. Então, isso é uma conclusão de todos os países neh/, não é uma conclusão assim, exclusiva de Minas Gerais. Pra gente conseguir recuperar e manter o meio ambiente, reduzir risco ambiental e escassez ecológica, a gente tem que atuar em governança e em tecnologia. Foi a conclusão final ai da../ do documento da Rio Mais Vinte. Bom, diante desse desafio, a gente tem/ “tamo” propondo uma ferramenta que já “tá” em fase média avançada e até muito na linha do que a própria SOS Mata Atlântica apresentou. Aqui vocês viram o potencial que a tecnologia e a gestão inteligente podem promover pra gente ganhar escala do ponto de vista temporal e do ponto de vista de/ de visualização mesmo. Se eu tenho uma ferramenta que me dê condições de tomar uma decisão, uma ferramenta que tenha informações atualizadas, informações de confiança, e ela seja geoespacializada, eu consigo tomar decisões muito mais rápidas, muito melhores e em menos tempo, que é o binômio que a gente trabalha. São decisões melhores em menos tempo, pra que a gente consiga resolver, inclusive, a questão do passivo ambiental do ponto de vista da análise. Então a gente tem esse tripé, informações atualizadas, informações confiáveis, informações geoespacializadas, que nos vai permitir tomar decisões mais rápidas e com mais qualidade. Bem, daí há uma lista dos

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resultados previstos né, que esse sistema promove né, ai eh/, isso já foi neh/ mencionado aqui de diversas formas; mas ai eu aumento, especialmente esse primeiro que eh/ que permite aumentar o nosso índice de acerto na tomada de decisões, nas análises ambientais neh/. A gente vai ter mais lógica no sistema né, do ponto de vista dos condicionantes, os condicionantes que efetivamente deem resposta ao impacto ambiental que aquele empreendimento causa né. Isso é uma coisa também que a/ o próprio setor produtivo s/ neh/ se queixa, que a gente tenha m/ condicionantes e medidas que deem re/ resposta pra aquele impacto causado pelo empreendimento: a questão do desenvolvimento regional, a melhoria dos indicadores de qualidade ambiental, social e econômica, a questão da gente ter um banco de dados que permita rapidamente acessar informações de forma confiável e passar essa informação, seja pra sociedade seja pro Ministério Público, e ainda em cima disso a gente aperfeiçoar o nosso arcabouço. Eu coloquei aqui uma demonstração rápida né, dado o tempo aqui, eu vou apresentar sucintamente aqui o que é o/ a ferramenta em forma de imagem. Essa ferramenta, ela “tá” hospedada num sistema virtual né, num sistema dinâmico, que a gente fez/ eu fiz um exemplo aqui no Google Earth, mas é/ é seguindo a lógica do que tem hoje de mais moderno né, que são sistemas de informação geográfica. O interessante disso é que permite desde uma pessoa com alta formação até um produtor rural sem formação, ele consegue se enxergar ali naquele território, se per/ e/ p/ permite zooms maiores que me de um/ uma visão de território de bacia hidrográfica, por exemplo, mas ele permite um zoom numa escala que eu consigo enxergar inclusive a minha casinha neh, o meu curralzinho, as minhas arvores .... Enfim, o produtor rural, inclusive a gente já testou esse modelo, ele consegue se enxergar ali e isso facilita muito o convencimento, isso facilita muito a negociação; porque negociar em cima de informação confiável, informação que seja de fácil entendimento, a nossa chance de sucesso ela aumenta de forma muito considerável, porque seu eu negociar em cima de papel, informações que são difíceis “di/gestão”, a gente tem um entendimento aí pra negociação, mas se eu negocio como informação que é de fácil entendimento e ela é tecnicamente segura, realmente aí a qualificação dessa negociação ela/ela sobe muito. Bom exemplo que já tá feito, já elaborado, já testamos in loco, inclusive com visita em campo, já negociamos com produtores rurais dessa bacia, é o exemplo da bacia hidrográfica do Santa Juliana. Pra fins ai de localização, ela tá ali localizada entre Uberlândia, Uberaba, Araxá e Patrocínio né, perto ali do/ do Rio Araguari; ela tem uma área de setenta mil hectares, né, é uma/ uma sub bacia hidrográfica né, nah/ bacia hidrográfica no sentido né, estrito da palavra né, po/ limitado por um relevo que drena a água ali pru/ prum curso principal. A gente fez um levantamento, usando as técnicas mais modernas que hoje existem de mapeamento por imagem, de modelos de interpretação de imagem, de pesquisa de campo, também usando informações que a SEMAD já possui, de/ por conta de estudos ambientais de alto nível já apresentados pro SISEMA, que é uma coisa muito importante. A gente tem estudos ambientais apresentados por empreendimentos de ótima qualidade feito com pesquisa de campo, com dados primários, com a equipe com mestres, com doutores, com registros fotográficos com instrumentos de medição que nos dão segurança. O nosso método permite selecionar essas melhores informações e colocar nesse sistema aqui, coloquei doze aqui especificas que nessa bacia mostra os pivôs que lá existem hoje e as áreas de pastagem, né, já é um zoom um pouco maior em relação aquele anterior, mas que me da ai/ isso ai é só.../ um vislumbre do que a gente já tem de informação. A gente tem muita informação além dessa, essa eu coloquei como exemplo, já me mostra um pouco o perfil da bacia, então eu tenho uma bacia/ tenho uma bacia que ela é muito impactada do ponto de vista da demanda hídrica. Porque o pivô central é uma estrutura de agricultura que demanda muito recurso hídrico e que por sua vez, para que garanta um/ um recurso hídrico contínuo, eu tenho que investir em conservação, recuperação de nascentes e especialmente de áreas de recarga, lembrando que esse sistema, ele me permite alterar camadas. Então eu posso ver pivô em relação ah/ ah/ ... eu coloquei, por exemplo, vegetação ... essa bacia aí também a gente evaporou o remanescente vegetal eh/ .... eu tenho ai em../ em verde escuro, o que é remanescente do bioma Mata Atlântica; o que é

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verde claro, é remanescente do bioma serrado; e o que é rosa, são os campos hidromórficos, as áreas de recarga, principalmente dessa bacia. Eu consigo, então, naquele exemplo anterior, conjugar informação de pivô com as áreas de vegetação, também a gente mapeou ai a demanda hídrica. Olha que interessante, aí/ aí em/ em azul são os cursos d’água né que tão na bacia; o que tá em vermelho são áreas que já estão com uma demanda hídrica acima da esperada. Então eu sei já que quando a analista for atuar nessa bacia, for analisar processos ambientais nessa bacia, eu já sei quais são as áreas críticas do ponto de vista do recurso hídrico, sei também as áreas criticas do ponto de vista de vegetação e eu posso cruzar essas informações e gerar essa terceira camada que eu coloquei aqui, que a gente já identificou quais são as nascentes prioritárias pra recuperação. Por que se eu tenho área com demanda hídrica com bai/ com alta demanda hídrica e com escassez, se eu recuperar a nascente prioritariamente em áreas que vão abastecer aqueles cursos d’água, eu vou melhorar a questão hídrica daquele território, daquela bacia hidrográfica. Então, olha que interessante, a gente mapeou as nascentes todas da bacia e aí, a gente mapeou as nascentes que tão circuladas ali de amarelinho, são nascentes que tem/, que elas tão p/ próximas a áreas com baixa esca/ baixa escassez hídrica e são nascentes que não tão com cobertura vegetal que as proteja. A gente consegue aí rapidamente né, numa avaliação técnica de boa/ eh/ de excelente qualidade, de alta confiabilidade, já definir quais são as áreas prioritárias pra gente investir em recuperação. Então, quando um processo ambiental for protocolado na SEMAD, e for plotado nesse/ nesse mapa aí, o nosso analista vai saber exatamente quais são as áreas prioritárias para recuperar nascentes, por exemplo, que vão, por sua vez, melhorar a condição hídrica da bacia. Então nós vamos falar pro empreendedor. Olha, se você recuperar aqui, aqui e aqui, você vai ter mais água, você tendo mais água inclusive a sua atividade econômica, ela fica mais segura, além disso, vai produzir tais e tais impactos ambientais, vai melhorar a água em tais rios. Se a gente recuperar a vegetação em tais locais, a gente vai ter tais impactos positivos, então a gente vai mostrar/, poder mostrar pro empreendedor de uma forma muito clara, porque eu vou botar um exemplo prático depois, a gente plota a/ a/ a propriedade ali, o empreendimento, quais são as áreas prioritárias para recuperação, inclusive impacta positivamente o empreendimento dele. A última... neh/ a última lâmina aí, só pra gente mostrar de forma final ... esse zoom aqui, em referência àquela imagem anterior, é um zoom de 10X(dez vezes) ... então, vocês conseguem/ conseguem perceber aqui que eu já tô conseguindo ver opa!/ De forma bem../ bem perceptível né, a gente consegue ver ali as casinhas, ver uma cidade/ uma cidade próxima ver né, até de uma forma bem/ bem intuitiva né/ pra/ pra/ até pro/ pro/ pro leigo pro cidadão comum éehhh/ a questão ambiental que tá ali né especifica naquele ponto, então é um zoom de 10X (dez vezes) em relação àquele/ àquele exemplo anterior. Já me mostra ali, eu tenho duas propriedades né, a gente colocou casos práticos: uma ali em amarelo, uma à direta a/ ali em/ em/ em vermelho. São propriedades de aproximadamente 50HA (cinquenta hectares), a gente ma/ a gente levantou o que eles tem de remanescente vegetal, uma têm 15% (quinze por cento) de área remanescente vegetal, outra tem 14% (quatorze por cento). Pegando o caso, né, um caso simbólico ai ehm/ padronizado de vinte por cento e cobertura nativa, então elas teriam que recuperar ambas, uma cinco por cento, outra teria que re/ recuperar seis por cento e a gente indica pra elas ali, onde tem que recuperar, que está em vermelho e elas vão fazer isso na área limítrofe que vai formar um corredor ecológico, que vai favorecer todo aquele corredor ali/ que já tá formado ali, inclusive está em uma área de escassez hídrica. Então assim, é uma coisa de alta/ alta complexidade, mas de uma forma muito simples de entendimento, e a nossa proposta então né, com o/ o aval do Secretário Alceu, é expandir esse modelo pra/ pra pras bacias mais críticas do Estado, pra áreas mais críticas. É um modelo por território, então eu posso ter como território, bacia hidrográfica; posso considerar uma cadeia de montanha, posso ponderar um município, um conjunto de municípios, posso consideram duas bacias, né. A vantagem de trabalhar com território é que você consegue manejar isso de acordo com a necessidade do local e.../ e/ e.... a partir daí, a gente vai passar a retroalimentar esse sistema com as informações do próprio

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licenciamento ambiental, do próprio monitoramento. Eu consigo definir por esse sistema os melhores pontos de monitoramento de uma bacia e, a partir disso, a gente tem uma equipe dedicada né, o Alceu tem dado todo o incentivo e todo o suporte, tanto do ponto de vista ãh/ da/ do incentivo emocional como do incentivo físico neh de equipe, pra gente poder colocar isso pra rodar. A nossa expectativa é de fato a gente produzir qualidade ambiental com esse sistema pra regularização ambiental e depois, claro, o sistema, ele tem expandido pra gestão de um modo, como um todo. Bom, isso aqui gente de forma bem rápida, eu mostrei pra vocês o que é 1%(um por cento) do processo, mas já me coloco a disposição ai Alceu, pras reuniões, pra apresentações né, pra mostrar o próprio sistema, pra vocês poderem perceber né que a gente quer que vocês percebam, entendam e vejam os ganhos ambientais que essa ferramenta pode promover. Alceu José Torres Marques - Secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Estado de Minas Gerais: Gostou Doutor Jarbas, gostou? Gostou ((ininteligível))? ((aplausos)). Então eu gostei também. Doutor Jarbas, deixa eu agradecer Vossa Excelência pela/ pela oportunidade e pedir desculpa ao pessoal pelo tempo. A gente ainda quis cortar né um pouquinho as apresentações, mas eu achava necessário mostrar o trabalho assim/ e dizer pro pessoal aqui né, na minha casa, jurídica, que eh/ lá, na Secretaria de Meio Ambiente, tem sido feito um trabalho ... técnico sério e responsável com muita qualidade e eu acho que, com a ajuda de todos, da SOS Mata Atlântica, do Ministério Público, a gente pode potencializar isso pro bem de todos e do CNMP por excelência, capitaneado por Vossa Excelência, {brigado!} como sempre. Jarbas Soares Júnior - Conselheiro do CNMP: “Brigado” Doutor Alceu! Eu também quero pedir desculpas porque eh/ a audiência pública visa muito/ ouvir a sociedade civil, mas como o Estado de Minas Gerais, está sendo posicionado pelo Brasil como o maior degradador da Mata Atlântica, ou pelo menos nós mineiros estamos degradando a Mata Atlântica, pra não dizer o governo obviamente, eh/ como promotor de justiça que nós somos, nós ouvimos assim, ah/ temos ouvido né, uma certa acusação em relação Minas. Então tem/ teria que ter o contraditório de ouvir a defesa, foi uma oportunidade que o estado tem/ e está sendo tudo gravado, filmado e será disponibilizado para apresentar o seu trabalho. Então, eu queria pedir desculpa por isso e também por não ter um café, mas Fausto, porque oooh... Ministério Público sabe como que é, água e café, apenas então, nós não temos como/ {Quando eu era coordenador do Meio Ambiente tinha um lanchinho} ((Risos)) Pois é! E nisso que eu queria dizer aqui antes de passar a palavra e começar aqui pela Teca, é, eu vejo o Alceu né, aqui, que/ que ele conseguiu captar uma mensagem muito forte da gestão que nós compartilhamos quando eu fui procurador-geral, que eu também não inventei a roda, eu trouxe de fora, éh/ da lição de Baltazar Graciano, aquele livro a “A Arte Da Prudência”, quando ele fala que/ se você não tem o conhecimento, cerque-se dele. Então, eu tô vendo aqui pela equipe do Alceu que ele realmente assimilou né, o Germano, o Felipe a Daniela, cercou-se muito bem. O que ele fez, aliás, aqui em Minas no Ministério Público, que isso é um dom, de escolher eh/ a sua equipe. Então veja aí, os promotores que hoje compõem a/ aaa/ a atuação do Ministério Público na sua bacia hidrográfica, os que ele manteve, os que eles mudou/ ele mudou, trouxe de novo os valores, tem o Chicão, o Daniel, o Felipe, o/ o/ Bruno, o próprio Marcos Paulo que tá forte, e foi, teve essa sabedoria de segurar o Cazé, que não é uma coisa muito simples assim. Então é/ quero parabenizar o Alceu, eu mesmo posso dizer que ((riso)) eh/ eu mesmo também posso dizer porque o Alceu foi meu adjunto eh/ ad/ institucional e meu adjunto jurídico, então foi uma pessoa que me ajudou muito na gestão e complementando a minha personalidade com a dele que é um pouco/ bem diferente, mas que tem os mesmos objetivos. Dessa forma eu convido aqui a Teca, pelo movimento “As Serras e Águas de Minas” eu agradeço a/ a/ .. aos colegas da secretaria da SEMAD, desejo boa sorte no seu trabalho e resultados. Doutor Jarbas, só dar um recado aqui, os inscritos para as intervenções na audiência pública, poderão enviar

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documentos com informações complementares que serão anexadas à ata da audiência pública, para o e-mail [email protected] ... nós vamos deixar aqui na tela. São 12:25 (doze horas e vinte e cinco minutos) eh/ neh/, se pudermos começar em cinco minutos, a/ as falas, e eu vou agora conjugando a fala do/ dos/ das entidades sociais com o Ministério Público. ((burburinho ao fundo)) “Teca” - Movimento pelas Serras e Águas de Minas: Bom dia! Eu sou Teca, eu estou há treze anos militando aqui em Minas Gerais, eu escolhi este Estado, estou morando/, comecei na Serra da Piedade, pra defender aqui o patrimônio da mineração na época conhece o Doutor Carlos/ o Doutor Jarbas Soares e hoje eu estou militando em várias lutas, porque cada vez mais os movimentos são invisíveis para a maioria. Esses movimentos não são para os lugares onde estão acontecendo, essas ameaças, não são invisíveis para os promotores onde a gente demanda apoio. Porque a gente ainda acredita que o Ministério é a única instância em que se possa conseguir ah/ enfrentar né, tanta/ tanto problema, entre eles a questão da Mata Atlântica e não são invisíveis pra nós mesmos nas nossas articulações. Então eu participo de três lutas que tem a ver com a Mata Atlântica, vou trazer elas aqui de uma forma bem breve, vocês vão ver como é que é a realidade de um outro ponto, diferente do que foi trazido pelo Sisema. Aqui. Desculpa.((fala inaudível ao fundo)) Ah tá, tá ok. Um é a Serra do Gandarela, é a segunda a/ maior área continua preservada de Mata Atlântica de Minas Gerais, tem duas imagens eh/ aqui tá uma proposta de proteção no edital dessa audiência pública falava de unidades né, maneiras de proteger a Mata Atlântica. Essa proposta hoje está na Casa Civil, na mão da Presidente Dilma, e aquilo que era construção no sentido realmente de preservar a região, provavelmente tá uma coisa desse tipo que coloca em risco 18.000 (dezoito mil) hectares de Mata Atlântica preservada, inclusive com trechos de Mata Atlântica primária, sem ter sido estudado o conjunto dos dezoito mil hectares. Fizemos um gráfico, porque, doutor Jarbas, nós também tentamos buscar informação e conteúdo. Os cinco cenários que tem de proteção, se for concretizado o que é de interesse do estado de Minas, o que é interesse do governo Federal e o que é interesse da mineração, de um total possível de preservar de dezoito mil hectares, vão sobrar oito mil hectares. E esses oito mil hectares correndo o risco de não sobreviverem. Um outro caso é a Fazenda Velha em Rio Acima ameaçada também pela mineração, é um vale com Mata Atlântica, um conjunto integro, perfeito, pelos próprios mapas do S.O.S. Mata Atlântica. Isso tá como área totalmente importante, a prefeitura municipal de Rio Acima, através do prefeito e do Conselho de Patrimônio, hoje tá protegido provisoriamente com tombamento. Essa área são onze mil hectares de Mata Atlântica totalmente preservada. Vocês estão vendo ali no meio é o vale do córrego Fazenda Velha. Esse é o lugar onde existe a pretensão de uma barragem de rejeito onde toda essa área ficaria em baixo da barragem de rejeito, a dois mil metros do Rio Das Velhas. Essa área tá preservada, hoje a empresa mineradora continua assediando o conselho de patrimônio, vereadores, pra mudar a legislação, pra desproteger essa área e pra que não fique mantido essa proteção que tá sendo feita. Então eu até agora falei de dezoito mil hectares no Gandarela e onze mil hectares na Fazenda Velha, isso são vinte e nove mil hectares. Pelo que eu vi aqui Minas Gerais, em dois mil e doze, dois mil e treze, ela foi campeã com desmatamento de vinte e três mil. Estou querendo trazer aqui também Rio Santo Antônio, no estudo de impacto ambiental da mineradora, a área onde se pretende um novo complexo minerário, que é da Manabi, que não é só Morro do Pilar, ela quando vendeu no mercado de ações, é Morro do Pilar é Santa Maria de Itabira é mineroduto é um montão de impactos ali. Essa área d/ extremamente alta e essa região, nós fizemos também, nós pegamos pessoas, que são voluntárias, não é com dinheiro público, de esforço pessoal pra lutar contra toda essa loucura no nosso estado. Isso são todos os conjuntos de mine/ de decretos minerários, com exceção de Mato Dentro; que tá ali no norte, naquela parte violeta, vem todo complexo da Manabi, a Vale, com mineração na Serra da Serpentina. E se nós colocarmos, nessa bacia hidrográfica, dois minerodutos; que é um que desce, que é o da Anglo American; e um horizontal, que é da Manabi, é a linha de transmissão da Anglo

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American .... eh/ dezesseis pequenas centrais de hidroelétricas numa mesma bacia hidrográfica. Então, eu trouxe aqui três casos de Minas Gerais diretamente ligados a Mata Atlântica, e isso tem a ver com novos olhares, paradigmas. Eu trago pro Ministério Público, nessa audiência pública, Doutor Jarbas, é fundamental algumas reflexões chaves. São quatro. Primeiro é imprescindível que se olhe isso num sentido sistêmico, o/ o setor produtivo, o Estado, ele lida com fragmentação do licenciamento, por isso tramita como o doutor Alceu falou, em equipe, em condicionante, em medidas mitigadoras. Nós temos que olhar a questão da Mata Atlântica, e isso significa, água, pessoas, territórios, sistemicamente, e mesmo que esse trabalho de vocês seja longo nós temos que ter algumas decisões hoje, porque se não, nós não vamos ter nem 8,3% (oito virgula três por cento) de Mata Atlântica e a segurança hídrica está cada vez pior. O segundo paradigma é a questão de utilidade pública, eu escutei aqui falando que a questão da ((ininteligível)) pública de certa forma tem que ser entendida antes de se pensar em preservar a Mata Atlântica. Temos que questionar, juntos, se mineração é atividade pública a partir do decreto de 41(quarenta e um) ((mil novecentos e quarenta e um)), época de ditadura. Nós temos que ter condições, vocês, com todo o acervo de pessoas e nós sociedade, vivemos impactos ou ameaçados ou sensibilizados, que mineração é questão de utilidade pública. Não é real. Se nós colocarmos até economicamente em dados, a mineração não é utilidade pública, principalmente se ela coloca em risco verdadeiras utilidades públicas que são legais, que geram e produzem água, como a Fazenda do Gandarela e o ((ininteligível)) Espinhaço onde está a Manabi querendo se instalar. Então, a questão da utilidade pública, ela é fundamental. Nós não podemos continuar tendo decretos do Governador do Estado de Minas, Aécio e Anastasia, declarando de utilidade pública pra passar minerodutos, isso impacta comunidades tradicionais, pessoas, territórios. Isso é uma total falta de bom senso. A sensação que eu tenho, escutei hoje uma/ um colega meu ... nós não estamos mais lutando pra defender lugares, nós estamos lu/, nós movimentos que estamos invisíveis e não aparecíamos na mídia, nós estamos lutando pela sobrevivência, porque se aquilo acontecer na bacia de Santo Antônio, tá se colocando em risco toda aquela população, pra exportar todo minério de Conceição do Mato Dentro, Morro do Pilar, Santa Maria de Itabira, e/ a/ e/a acabar com tudo, e isso é em todas as bacias. Por último, uma outra reflexão, será que a vida é negociável? Gente, eu tô fazendo um apelo ao Ministério Público, Doutor Jarbas, eu tenho treze anos de caminhada, sempre o Ministério Público tem sido o lugar onde a gente ainda conta com uma questão, é um dos poderes que a gente pode confiar, por favor, deem uma chance de a gente ter uma reflexão sobre alguns desses paradigmas. A vida, a vida é inegociável. Se a gente perde um lugar como a Serra do Gandarela, se a gente perde lugares que produzem água, porque eles são perfeitos pra isso, não há negociação. Isso é uma escolha, a nossa escolha, como Movimento pelas Serras e Águas de Minas, é a escolha de que, em algumas situações não há como negociar, é dizer não e a gente espera contar com o Ministério Público nessas situações, “memo” que vá pro judiciário e se perca. Porque quem vai pagar o preço disso vai ser o governo do Estado, vai ser o SISEMA, vai ser quem quiser pagar, por favor, eu estou fazendo um apelo em nome de um monte de grupos que estão vivendo situações muito graves. Desculpe, eu sei que passei cinco minutos, mas é que passaram tantos cinco minutos ... eu tô terminando. Por último, um apelo ao S.O.S. Mata Atlântica, vocês falaram desse plano, planos municipais de Mata Atlântica eu to/ a/ fazendo um apelo em audiência pública, vocês coloquem prioritariamente ir a Rio Acima. É uma prefeitura onde o prefeito tá na vanguarda, tá na contra mão de tudo o que dizem, que é desenvolvimento e tá pleitando a mineração pra defender a Serra do Gandarela que tá protegida no território. E pra proteger a Fazenda Velha, eu tô fazendo um apelo ao S.O.S Mata Atlântica, porque nós nunca tivemos a oportunidade de ter as nossas demandas atendidas que não são nossas, são da Mata Atlântica nas lutas onde a gente tá, que por favor priorizem e a gente entra em contato. Vocês vão ir a Rio Acima, vocês vão contar com a Secretaria de Meio Ambiente, com a prefeitura, pra garantir o respaldo pelo menos aos onze mil hectares da Fazenda Velha e a parte do Gandarela que tá no Rio Acima. Por último, a questão do estudo da SEMAD, doutor Alceu, pessoal do SISEMA, nós queremos ter a

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oportunidade de ter isso de forma transparente ... nós não acreditamos no sistema estadual de meio ambiente, nós temos ai um ex-secretário que está respondendo denúncia criminal depois de três anos secretariando o meio ambiente de Minas Gerais. A situação é muito grave e nós estamos aqui diante do momento, a gente como sociedade e ser humano, olha pra essa situação do jeito que tem que ser olhado, por mais que seja difícil, ou nós não vamos ter uma saída. Não está na hora de pensar em buscar caminhos alternativos, nós não temos mais tempo. Cada lugar que se perde é uma perda definitiva, onde nós vamos buscar lugar para termos qualidade de vida? Obrigada! ((Aplausos)) Jarbas Soares Júnior - Conselheiro do CNMP: Bom! ((Longo momento de silêncio)) É bem verdade que tem hora que realmente não há negociação, tem que ser feito escolhas como foi dito. Eu vou chamar aqui a/ o Valdeir de Souza Soares presidente da Comissão de Meio Ambiente de {São José da Lapa} São José da Lapa. Cinco minutos por favor. Depois vou chamar a Silvana Maria Costa da ACVerde. Valdeir de Souza Soares - Presidente da Comissão de Meio Ambiente de São José da Lapa: Bom dia a todos, como já disse o Doutor/Doutor Jarbas, são muitos inscritos, eu vou tentar nem usar os cinco minutos. Mas eu trago aqui doutor, quero desde já parabenizar o Ministério Público, é realmente o que foi dito aqui procede, o Ministério Público sempre abraçou a questão ambiental em Minas Gerais, mas eu quero trazer aqui algumas eh/ pautas, alguns retrocessos que tivemos em Minas Gerais, em relação a questão ambiental, por exemplo, a centralização da fiscalização. Não temos ninguém aqui do IEF né, hoje você vê, centralizou, nós passamos a liderar eu acho que foi ((comentário inaudível ao fundo)) é a questão o/ hoje a IEF, FEAM e IGAM, não tem poder mais de autuar, de fiscalizar ... eu quero só, eles não notificam, não multam. Essa centralização, eu acho que foi ruim para o Estado, a gente retrocedeu, tanto que lideramos agora o ranking, cinco anos consecutivos no desmatamento. Mas o que eu queria colocar aqui é uma questão mais local, uma questão de São José da Lapa. No ano de dois mil dez, mais precisamente vinte e cindo de outubro de dois mil e dez, como condicionante eh/ eh/ pa/, devido a degradação ambiental, devido a construção da cidade administrativa e uma provável construção do rodoanel, foi degra/ decretado pelo Governo do Estado, eh/ através do decreto quarenta e cinco quinhentos e nove (45509) eh/ a unidade de conservação Parque Estadual Serra do Sobrado. Então, essa unidade foi decretada em dois mil e dez e ... o estado teria cinco anos pra fazer um plano de manejo e definir assim a sua zona de amortecimento. Infelizmente termina em dois mil e quinze o prazo do estado e o prefeito municipal está agora com um projeto de expansão urbana do município, violando provavelmente essa zona de amortecimento, ignorando aquela resolução que determina que, d/ num período de cinco anos, fica estabelecido um raio de três quilômetros dessa zona de amortecimento. Infelizmente a gente vem aqui pedir socorro, o estado instituiu, não cuidou, não fez o plano de manejo e agora essa unidade de conservação pode ficar sem a sua zona de amortecimento devido o projeto de expansão do poder executivo do município. Então, eu gostaria aqui de pedir eh/ ao Ministério Público eh/ uma ajuda tendo em vista que nós sabemos hoje que a especulação imobiliária no vetor norte está atropelando tudo, nem observando as leis. Infelizmente, em nome de um desenvolvimento eh/ eh/ econômico, o meio ambiente fica sempre em segundo plano. Eh/ gostei muito do posicionamento aqui do senhor Alceu, quando disse que nesses nove meses de governo, ele vai tentar plantar sementes. Então essa questão da fiscalização que a gente vê o Ministério Público brigando, impondo condicionantes que às vezes resolveriam, mas o problema é a fiscalização do estado, não é eficiente pa/ no quesito cumprimento das condicionantes impostas aos empreendimentos. Então eu gostaria aqui de pedir a/ à Daniela, que tá aqui, rever, estudar, se/ não tá sendo eficiente. Eu acho que essa centralização complicou mais a questão do estado. Obrigado! ((Aplausos))

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Jarbas Soares Júnior - Conselheiro do CNMP: Obrigado Valdeir, aqui estão registradas Silvana Maria Costa e Onisio Geraldo dos Santos, os dois, ambos da ACVerde ... Ia convidar um dos dois para usar a tribuna e enquanto ela se ocupa, só para lembrar que será realizada a próxima audiência pública em setembro, em Porto Alegre sobre o bioma do pampa; e em outubro, em Natal, sobre o bioma da caatinga e em Palmas; em novembro, sobre o cerrado. Silvana Maria Costa - ACVerde: Boa Tarde a todos. Meu nome é Silvana eh/ eu/ eu/ eu nasci na/ ne/ na área do Parque do Sobrado, minha família ainda é proprietária de mais ou menos metade do parque e, na contra mão da maioria dos proprietários, eu sou a favor do parque, eu defendo a natureza eu eh/ eh/ monitoro focos de fogo, apago incêndios e eh/ eh/. Nessa luta toda, a gente sente falta do estado, de estrutura pro parque, neh/, que/ que/ já faz quatro anos que foi decretado e pouquíssima coisa aconteceu. Diante dessa fragilidade, nós montamos neh/ uma associação no município de São José da Lapa e, com dois meses de/ de fundação, a gente já tá numa briga muito grande né, que o vereador ali relatou. Porque eh/ tentamos conversar com o prefeito, porque o projeto de expansão urbana é de autoria dele; tentamos eh/ cercar alguma área importante pro parque, propomos emenda e ele nem sequer recebeu a gente. Então amanhã, o projeto dele vai ser votado, a gente já sabe o placar. Vai ser aprovado neh/ amanhã, às 16 hs (dezesseis horas). Já estivemos em algumas reuniões, mas eles atropelaram, eles não aceitam opinião. A visão deles é toda eh/ faturar, ganhar dinheiro, ninguém enxerga a necessidade de conservar neh/ até pra/ pras gerações futuras. Então, a gente tá aqui eh/, nós tivemos noticias que tem algumas coisas andando, eh/ um decreto da zona de amortecimento, mas ele tá meio agarrado. O ideai seria que ele saísse hoje neh/ antes da/ dessa/ dessa votação amanhã, mas eh/ parece que mesmo que ele sai depois, e com um monte de irregularidades que há nesse projeto. A coisa pode dar certo mais na frente, mas o ideal seria que esse decreto saísse neh/ antes de amanhã, porque aí cortava todas as eh/, o projeto deles cairia por terra. Uma outra coisa que eu quero denunciar e isso não é só em São José da Lapa, o CODEMA é viciado. O CODEMA lá, eh/ o presidente é um areeiro e dono de terras eh/ na área que vai ser urbanizada, então ele eh/ é prepotente, ele emite ofícios sem consultar os conselheiros ... é uma coisa assim, incrível. Então eh/ a situação ambiental de São José da Lapa está ameaçada, o Parque Estadual do Parque do Sobrado está ameaçado neh/ no contexto que a gente tem. Muito obrigada pela oportunidade. ((Aplausos)) Jarbas Soares Júnior - Conselheiro do CNMP: Obrigado! Obrigado Silvana o/, tá registrado. Nós, do Conselho, depois vamos oficiar ao Ministério Público de Minas Gerais esse assunto e te informar. E eu vejo aqui que estão aqui do ((ininteligível)), o Flávio Fonseca do Carmo, o Ciro Eduardo Coelho, o Clésio Fernandes, a Teresa, a Luciana, eu convido um deles pra falar aqui então, se/ se ................. tá magrinho hein ... tah bom. ((Participante não identificado)): Boa tarde a todos! ((pigarro)) Eu falo então representando o ((prist)) não sei se as outras pessoas vão falar, {não} após a minha fala ... A gente estava percebendo aqui né, várias/ várias falas, vários pontos de vistas dentro de um problema que é um só, a gente tem o que ficou de Mata Atlântica né. Se nós considerarmos exclusivamente modelos preditivos já não é sustentável a longo prazo, quando eu falo modelos preditivos, neh/ são modelos usados no mundo inteiro considerando formações florestais né. Então, realmente, nós estamos num momento único e de/ de/ extremamente crítico, sobre isso uma coisa muito interessante que a gente viu aqui, é a questão neh/ de/ de/ das normas. Foi/ foi comentado aqui pelo estado a deliberação normativa, por exemplo, da questão da vegetação de cerrado dentro desse/ desse bioma né; então, a nossa visão neh/ que é um instituto de pesquisa né muito focado em áreas é de Mata Atlântica aqui no Estado né, principalmente áreas de cangas, áreas ferruginosas né, que tem uma vegetação peculiar também que está englobada pela/ pela legislação da Mata Atlântica, é que nós temos um certo avanço de conhecimento científico, temos várias instituições produzindo conhecimento científico e isso neh/ ainda não chegou por

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exemplo na questão, ou está chegando agora por exemplo a nortear ou auxiliar as normal de uso eh/ desses ambientes. Então, uma coisa que a gente vê, que poderia ser efetivamente positiva pra ter essa discussão, é o estreitamento entre a academia entre a sociedade entre governo né. E um exemplo que tá começando né, pelo que menos que nós eh/ temos mais procimidiado/ proximidade é essa questão da/ da/ da/ dessas normas de Mata Atlântica no estado, e uma coisa muito interessante que foi citada aqui, alguns empreendimentos eh/ dentro desse contextos de aproximação desses atores, eh/ academia, estado, órgão licenciadores, Ministério Público, é que a gente está percebendo, também na literatura alguns exemplos também extremamente interessantes. Foi citado um caso lá em Morro do Pilar, de trabalhos neh/ de pesquisa de longa duração, de média duração, que já apontam alguns números interessantes, que poderiam já começar a trabalhar em cima destes neh/, por exemplo, número mínimo de fragmentos de área. Por exemplo, foi/ foi falado aqui a/ a questão de bacia onde poderia ser considerado o start, qual seria esse número mínimo, né ... então, na nossa literatura nacional, já tem alguns estudos interessantes que a gente pode trazer pra esse tipo de discussão neh/ que é muito/ muito fértil, neh/ o/ A mensagem que a gente queria trazer né/ nesse viés, no nosso de instituto de pesquisa, é tentar estreitar então essas informações que são produzidas na academia, as demandas da sociedade né, o Ministério Público e o est/ estado tentando lidar com essas questões neh/ aproveitar a/ o nosso conhecimento que tá começando agora, pra tentar contribuir com a situação que é critica por qualquer/ qualquer posição que você olhe neh/ ... essa poucos fragmentos que ainda restam no Estado. Brigado! ((Aplausos)) Brigado... Eu convido a Marcele Bastos que é consultora................................ Pode rapidinho enquanto ela chega. A Marcele esta ai? Não....................... A fome já foi mais forte ... ((Participante não identificada, mas vinculada a instituto de pesquisa)): Eu sei que é/ um/ que todos querem falar/ mas eu gostaria de cumprimentar a Luciana do Instituto “Pristen”eh/ uma coisa ãh../ Doutor Jarbas que eu queria perguntar, eh/ colocar os questionamentos, em relação ao Ministério Público, a atuação do Ministério Público é levantar eh/ eh/ levantar alguns dados. A Marcia e/ o S.O.S. Mata Atlântica, veio falar que 8,5% (oito virgula cinco por cento) eh/ eh o/ é o remanescente de Mata Atlântica. Ai eu questiono, desse oito virgula cinco por cento, desse/ desse percentual, eh/ são fragmentos maiores que três hectares, ai a minha pergunta seguinte é, desses, quanto é mata primária e quanto é estágio avançado? Porque isso? Porque são os únicos fragmentos que tem eh/ que/ tem/ que se tem preservação considerável. A Mata Atlântica, ela foi o../ o/ o/ o meio de avanço da/ da população brasileira, da colonização, é onde tem o maior número de instituições públicas, é o maior número de capitais, áreas metropolitanas e assim por diante. Apesar disso, ela ainda tem o maior número de espécies novas sendo descritas, além disso, tem inúmeras áreas prioritárias da conservação. E isso ainda tem um outro agravante, que é assim, eh/, nós temos 472 (quatrocentos e setenta e duas) espécies ameaçadas de extinção. Dessas eu não sei quantas estão distribuídas na Mata Atlântica, mas com certeza elas estão entre as maiorias, eh/ dessas quatrocentas e setenta e duas, cento e quatorze espécies não tem um registro se quer de onde estão localizadas a ocorrência delas. Visto tudo isso eu pergunto, o Brasil vai perder/, o Brasil não vai perder a/ a/ a condição de signatário da convenção da diversidade biológica? Eu acho que da mesma forma que ele não ratificou a assinatura da convenção ((tsc)) da/ de material genético né, ele vai perder a convenção da/as/seg/ o signatário da convenção da diversidade do../ mundial, porque, porque ele não tá fazendo o papel dele. E isso na Mata Atlântica é muito evidente, Mata Atlântica é um exemplo só, porque os outros biomas eu acho que o negocio é pior ainda. Então era isso, uma reflexão de trazer o que, que o Ministério Público pode fazer nesse sentido. Jarbas Soares Júnior - Conselheiro do CNMP: Brigado! Eu/ ((aplausos)) certamente nós vamos te informar e vamos ouvir o Ministério Público Federal nesse ponto. Eh// convido aqui a Glória

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Perpétuo que é da/ do Conselho Ambiental da ((ininteligível)). ((comentário inaudível ao fundo)) Não é isso? ((comentário inaudível ao fundo)) Consultora? ((comentário inaudível ao fundo)) Ah bom! ((comentário inaudível ao fundo)) Biosfera e Conselho/ Conselho/ ((comentário inaudível ao fundo)) Bom, acho que tem né. ((ininteligível)) ((comentário inaudível ao fundo)) Consultoria. Glória ((sobrenome não descrito)) - Biosfera Consultoria Ambiental: Meu nome é Glória eu sou socióloga, sou moradora lá da Serra do Gandarela por acaso e/ mas estou aqui pela Biosfera Consultoria Ambiental, que é uma empresa que participou de um edital e tá prestando um serviço pro IEF através do Pronat/ ãh..neh/a fase dois do PROMATA e.. eh/. O estudo que a gente tá fazendo é de alternativas produtivas sustentáveis compatíveis com a preservação ambiental, né, pensando no desenvolvimento rural sustentável e uma orientação das ações de fomento do IEF do PROMATA nessa fase dois. Nesse processo, a gente fez um diagnóstico inicial de experiências e, a partir disso, fez alguns estudos de caso, á partir disso fez alguns seminários eh/ em seis eh/ regionais do IEF que tão dentro da/ do bioma Mata Atlântica, ond/ um/ conjunto de grande de questões surgiram. Algumas eh/ alternativas produtivas que existem e ficam na marginalidade por uma questão neh/ central que surgiu nas diversas regionais, cada uma com a sua especificidade, que é a questão da regulamentação ... e ai eh/ várias coisas dentro disso da regulamentação uhm/ eh/ apareceram como importantes e que precisam de um olhar, precisam de uma/ precisam de uma revisão, no sentido de fomentar eh/ ou de permitir eh.. oh.. o uso sustentável de recursos da Mata Atlântica, neh.. A gente vê que a Lei da Mata Atlântica por exemplo neh/, com a/ o/ a sua intenção de preservação, muitas vezes o seu efeito prático, dessa intenção de preservação, vem exatamente na contramão daquilo que é preservação, que é o não permitir ((ininteligível)) não permitir eh.. o manejo dentro disso, contribuindo pra que ãh/ eh/ haja uma supressão da mata, na substituição dela por pastagem por eucalipto, por diversas coisas que a gente vê na prática como efeito. Então a gente trouxe/ eu trouxe eh/ algumas imagens ali, só pra ãh/ ilustrar né algumas das alternativas né, do sustentável que são.....e trazer alguns problemas ... Então, a gente tá trabalhando com três/ três tipos de/ de/, a gente tá trabalhando com/, focalizando com três tipo de/ de/ oh/ eh/ usos neh/ da/ da/ da/ biodiversidade ai dos recursos naturais que são os sistemas agroflorestais, a silvicultura sustentável eh/ ah/, o uso de produtos florestais não madeireiros ... Eu trouxe ali só pra ilustrar neh/ aquele é uma imagem, não sei se tá muito claro ali parece pequena. Isso é uma zona da mata neh/ que j/ que j/ pouca mata tem e isso é um/ um/ um/ assentamento lá, uma conquista de terra pela agricultura familiar ... Essa é a situação da área em dois mil e um e eh../ o manejo agroflorestal neh/ transformou essa ((ininteligível)) propriedade de agricultura familiar eh/ uma propriedade produtiva com café agroflorestal, parte dele certificado, parte só dentro do manejo agroflorestal. Eh/ isso daí é uma das áreas de/ de/ café agroflorestal, esse monte de pontinho são arvores que não são café neh/ eh/ uma/ um sistema agroflorestal com café, ........... e/ esse é um dos conflitos porque o manejo aglo/ agroflorestal ele eh..uhm../ utiliza poda, poda da regeneração natural poda e/ ãh/ dã/ daquilo que é plantado pra poder eh... fazer o incremento e essa poda neh/ muitas vezes de espécies nativas que, na Mata Atlântica, são protegidas. Elas neh/ são vistas como eh/ ãh/ neh.. assim oh/ há um impedimento legal desse manejo que, na verdade, ele não vai na contramão da/ da/ da regeneração, mas ele é um promotor da gene/ regeneração. Como se/ se faz esse manejo, então é uma das discussões ai de promoção de/ de/ de sistemas agroflorestais que conflita com a lei, conflita com a Lei da Mata Atlântica. Essa questão da/ da poda, só uma ilustração de algumas coisas que precisam de vir pro debate como eh/ discussões de/ da maneira como a regulamentação conflita o uso sustentável do recurso natural que pode ser promotor da regeneração, e não/ e não/ eh/ u/ o inverso. Então na questão da adequação técnica ai neh/ que o manejo é fundamental e nesse caso podar não é atuar contra a sustentabilidade né, mas/ mas/ eh/ respeitando o processo de sucessão, se faz um incremento. Como aquelas imagens anteriores mostraram neh/, em doze anos, a mudança da situação da área. Essa é uma

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outra experiência neh/ que tem um/ um problema. Hoje que é o fomento ao plantio de candeia, o estado fomentou, a UFA neh/ fez estudos ai/ de toda/ ãh/ o processo da candeia; então são só duas imagens pra dizer o/ o potencial de regeneração da área/ p/pe/ pelo/ pelo fomento de neh/ da/da/ da/ da candeia. Mas que hoje tá num vazio legal, porque o próprio estado neh/ uhm/, em função de não/ da dificuldade de fiscalização eh/ cortou os planos de manejo e suspendeu; por isso então/ há uma insegurança, uma grande insegurança jurídica, né. Isso são alguns elementos, e também há grande insegurança jurídica em relação a outras ah/ ah/ atividades hoje que estão na ilegalidade. Nesse processo a consultoria ainda não terminou, no dia vinte e oito agora de agosto, eh/ haverá um seminário estadual, eu gostaria de convidar o Ministério Público pra que esteja, neh/ esteja representado nesse seminário estadual. Um dos objetivos desse seminário é fazer os próprios órgãos do/ do/ estado/ apresentar os resultados da consultoria e fazer com que os próprios órgão do SISEMA sentem ali, porque a atuação a gente vê que é muito fragmentada internamente; não há muito diálogo internamente ... sentem ali pensando uhm/ diversas coisas, entre elas essa coisa da regulamentação, regi/ regulamentação do código florestal, de revisão, em algumas situações, da/ da Lei da Mata Atlântica, com relação a unidade de conservação de proteção integral pra uso sustentável. Essas são algumas das temáticas do ponto de vista da regulamentação/ que surgirão aí. Então é essa questão da necessidade da revisão da/ da regulamentação que/ .... Jarbas Soares Júnior - Conselheiro do CNMP: Ok Obrigado! ((aplausos)). Brigado, Glória, nós só/ tá registrado e depois vamos acionar o Ministério Público no caso aqui de Minas Gerais. Eh/ eu..informo que nós vamos tentar encerrar as treze e trinta, nós temos ainda algumas pessoas pra ser ouvidas e registradas e eu quero convidar a Maria ((ininteligível)) porque tem pra falar um dia de/ de vida de acompanhamento disso tudo. Mas eu tenho certeza que ela já acostumou tanto a falar que ela consegue reduzir eh/ uma história em cinco minutos. Maria Dalce Ricas - Superintendente Executiva da AMDA: Jarbas, Carlos Eduardo, Felipe, Chico, todos os promotores que estão aqui ... Eu vou tentar falar, cumprir objetivo da audiência, porque eu não sei se vou dar conta, vou falar então enquanto representante de organização não governamental. Eh/ o Ministério Público é nossa “meca” né de lamentação né, nossa/ nossa alternativa; pra ele nós dirigimos tudo, nós pedimos tudo, mas também ao mesmo tempo sabemos das limitações. Outro dia eu encontrei com o Jarbas, numa festa né, e o Jarbas me contou que teve uma audiência pública em São Francisco, que é a terra dele, onde mora dona Rosinha, sua mãe e a audiência pública da Assembleia Legislativa era pra discutir a construção de uma ponte sobre o Rio São Francisco né Jarbas? {exatamente} Aí o Jarbas/ f/ f/ foi, pediu a palavra e b/b/ botou uma/ {fui chamado a falar, porque eu não iria falar.} É {eu fui chamado} Ai conta pra eles o que você falou. {Bom, eh../ foi uma reunião lotado de pessoas na beira do Rio São Francisco, porque o rio hoje não está navegável neh, por conta de vários fatores que nós sabemos e a audiência lá, lotada, a praça cheia de gente e era pra falar s/ os deputados todos falando sobre a ponte. Eu achei/, foi até deselegante da minha parte, mas eu não falei como membro do Ministério Público, eu falei como cidadão lá, que ficava muito triste de ter aquela reunião para construir uma ponte que era um sonho ãhm/ cinquentenário ou mais d/ da cidade e da região, mas que ficava encabulado que nós estávamos a discutir a ponte porque na verdade o problema era o rio. Nós tínhamos que cuidar era o rio e não da ponte, então a ponte ia ser pra nós esquecermos o problema ... é um paliativo; então que, eu como cidadão ficava constrangido, embora louvasse a preocupação dos parlamentares, mas a verdade é que o rio que estava morrendo. Então nós tínhamos que cuidar de assoreamento de reflorestamento de/ cuidar das nossas matas, cuidar do esgoto, cuidar das coisas que nós precisávamos cuidar, que a questão da ponte me constrangia estar lá naquele ambiente. Até depois pedi desculpas ao deputado, mas eu estava falando lá como menino do rio lá/ o que nasceu lá naquelas barrancas.} E daí, tanto o fato em si me impressionou quanto o motivo principal pelo qual o Jarbas, estav/ estávamos conversando, o Jarbas falou, Dalce, a gente

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precisa, a AMDA, precisa assumir a bandeira de São Francisco, ãhm/, me deu um/ bastante desconforto porque a AMDA é uma formiguinha no estado, e o/ o/ São Francisco ocupa metade do/ do/ do território de Minas Gerais. Mas o fato é que a degradação do São Francisco não cai do céu, nenhuma delas cai do céu neh, elas sempre tem/ tem/ têm responsáveis. Aí eu vou/ vou dizer o que eu gostaria, nem/ não vou dizer isso que eu gostaria/ ((ininteligível)) gostaria realmente/ quando eu penso que o minis/ do Ministério Púbico poder avançar já no seu papel importante que tem feito como a/ como/ co/ por sua atuação em si e como alternativa também a sociedade. A Daniela, na sua excelente exposição ali, falou Daniela, que a questão de Mata Atlântica hoje, que é uma questão do estado mas, eh/ relatos recentes de técnicos do ICMBio e do próprio estado que/ que andaram transitando aí pelo norte de Minas Gerais, falaram da situação catastrófica do desmatamento. Uma pessoa da me disse inclusive que é, uma coisa observada, que foi o desmatamento agora ele inclusive está acontecendo pra/ pra garantir posse de terras. E um dos motivos disso é o asfaltamento de rodovias é o plano, a campanha política do/ do/ do governo que sabe que asfalto também dá voto. Não tenho nada contra asfalto, mas as terras estão sendo valorizadas, estão sendo compradas, inclusive pessoal que já trabalhava, tão/ estão sendo pressionados para outras áreas de desmatamento. Eh/ é uma política pública clara, e um dos gargalos dessa política pública está na fragilidade do licenciamento que essa/ SEMAD faz em relação as rodovias; ou seja, o estado, desmata eh/ eh/ eh/ asfalta, incentiva, neh/, diversas atividades econômicas ((ininteligível)) do asfalto, né; mas não toma providências para que haja uma proteção dos ativos ambientais. Ai, eu, enquanto ONG, o Ministério Público já faz isso, mas eu reivindicaria que o Ministério Público focasse inclusive no que é possível institucionalmente. Não sou adv/, não domino todas as competências do Ministério Público, mas atuação nesse sentido, em políticas públicas que são a causa básica do aumento do desmatamento do estado, inclusive o atropelamento da fauna, que tá/ virou uma catástrofe. Esse/ hoje eé/ /eh/ ess/, essa é a segunda maior causa, mais do que o tráfico de animais no que se refere à extinção da biodiversidade da/ da/ .... e isso ai tá ligado muito inclusive a questão do asfaltamento, é uma briga constante em relação a isso. Então, esse é um dos desejos que eu divido, com o Ministério Público. O outro é ................. que o Ministério Público investisse no que é possível na questão de arrecadação de terras públicas para proteção, é uma questão que tem/ s/ continua sendo relegada, a/ o último plano p/ pelo poder executivo e que se o Ministério Público tiver competência jurisdicional pra fazer, eu acho que nós podemos arrecadar muitas terras públicas; inclusive no norte de Minas, onde estão os maiores ativos. Lá, onde a mata seca também está sendo jogada no chão, que poderia ser transformada em unidade de conservação, ou reserva de desenvolvimento sustentável etcetera e tal. Se isso institucionalmente o Ministério Público puder fazer, isso é uma coisa que nós gostaríamos muito. E uma outra coisa, na esteira disso que sugeri também, é que as coordenadorias de bacias fossem tão bem estruturadas como é o ((ininteligível)) de Belo Horizonte, ou seja, que o Felipe, que o Leonardo que todo mundo tivesse também um quadro técnico que permita mais agilidade, que as vezes a equipe aqui de Belo Horizonte tá sendo demandada por uma coordenadoria e a outra precisa de muita coisa lá e ela não tem técnico suficiente. Então, se o Ministério Público pudesse aumentar a estrutura dessas coordenadorias regionais seria muito bom. Hum, deixa eu ver se tem mais alguma coisa. ((longo momento de silêncio)) Outra coisa também, que eu acho q/ s/ dentro das competências institucionais do Ministério Público, Carlos Eduardo, que o Ministério Público já faz, mas eu acho que/ insisto q/ deveria ser mais/ ... O Ministério Público fez isso muito em relação à máfia do carvão, eu acho que conseguiu muitos êxitos, apesar de que a Daniela mostrou hoje que o desmatamento na época do ((ininteligível)) destinado a carvão, e quem compra é o bando de bandidos de cruzeiros a gente sabe disso, quer dizer, é uma questão da cadeia, ess/ essa investigação da cadeia produtiva acho que é uma ação muito importante do Ministério Público. E eu/ eu sô/ sugeriria, se possível, institucionalmente que ela fosse ampliada para atividade de agropecuária, porque nós acabamos de saber, pelo pessoal do WWF que atua na região de Paraguaçu no norte de Minas, que a/ o asfaltamento das estradas

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que valorizou muito as terras ampliou assim, está ampliando violentamente o cultivo de soja com os desmatamentos imensos e quem compra a soja é a Petrobras. Então assim, eu colocaria essas reivindicações, tentando cumprir o objetivo da audiência pública que era propor a/ alguma coisa pra aprimorar ainda mais a ação do Ministério Público, nossa “meca”, nossa/ nossa esperança de tá sempre nos ajudando ali, em defesa do meio ambiente. Jarbas, eu falei mais que cinco, me desculpa! Em Jarbas? {Oi!?} ((aplausos)) Eu falei mais que cinco? ((inaudível)) Jarbas Soares Júnior - Conselheiro do CNMP: A Dalce já está acostumada e pra lembrar só, um pouquinho do passado, na época em que a gente estava começando, era/ era na verdade, uma pessoa né, não tinha sequer um técnico, zero de técnico, era eu e depois chegou uma secretária com o Luiz Carlos Telles, eu fazia atendimento no estado. Hoje né, nós sabemos a estrutura que tem, e o primeiro computador da defesa do meio ambiente pelo Ministério Público de Minas Gerias foi um computador doado pela AMDA ... um computador velho, usado inclusive, que era um dois oito meia, sei lá, uma coisa desse sentido. Então nós começamos assim e hoje nós avançamos, assim eu tenho a convicção que inclusive eh/ quando a minha turma chegou à procuradoria-geral, eu fiz a opção de ir para o meio ambiente exatamente que, sabia que tinha um mundo pra construir. Hoje, felizmente, o Ministério Público de Minas tem toda essa estrutura, é referência eh/ nacional. Então agradeço a Maria Dalce, está registrado e o Conselho Nacional vai oficiar o Ministério Público sobre todos esses assuntos e acompanhar o desenrolar. Eh/ convido aqui a/ a Gisele/ Gisela Herrmann, do Valor Natural, pra falar também pelos cinco minutos. E depois nós vamos aqui ainda ouvir a Ana Cristina Araujo, do Movimento Mineiro dos Direitos Humanos e, em seguida, o/ o Ministério Público de Minas Gerais, o Ministério Público da Bahia e a coordenadora do/ de todos os Centros de Apoio do Meio Ambiente do Ministério Público brasileiro, que é a Sheila Pitombeira; antes de concluir a nossa reunião. Gisela Herrmann - Diretora Presidente da ONG Valor Natural: Meu nome é Gisela, eu sou bióloga eu vou apresentar as minhas credenciais, que talvez o pessoal do Ministério Público não me conheça tecnicamente. Minha atuação, acho que a atuação do Ministério Público mais próxima do setor ambiental deve ser/ mais ou menos recente. Eu sou da época do começo do atlas do S.O.S Mata Atlântica, minha carreira neh/ então eu não sei, a gente não teve muita oportunidade de ação. Eu sempre atuei no/ n/ em ONG’s, tecnicamente, tentando manter uma coerência técnica e eu tenho que/ explicado um pouco isso pra justificar minhas propostas para o Ministério Público. Acho que é o objetivo dessa audiência pública, eu atuei com atlas das áreas prioritárias de Minas Gerais, foi uma proposta minha e de Cláudia Costa para o secretário na época, ele encampou, hoje tá na segunda; o novo secretário/ segunda edição, o novo secretario falou que talvez na terceira do mesmo modo atuamos com a elaboração de listas de espécies ameaçadas, publicamos metodologias, outros estados seguiram. Ajudei a escrever o projeto cooperação com a alemã/ com a Alemanha, fui captar o primeiro rec/ eh/ recurso pro Pró-Mata, que está na segunda edição, o Pró-Mata dois ... Enfim, tudo dentro de duma ótica e du,ma coerência dos instrumentos vigentes da época/ na época, eu comecei pra conservação e que andam evoluindo e que mostram que dá pra atuar de maneira coerente, mas é o que não ocorre e é o que eu não observei nos últimos trinta/ ãh/ vinte e oito anos de atuação minha na/ na área da conservação da biodiversidade. A minha proposta pro Ministério Público eu, sugiro que o ministério atue com três valores muito profundos que eu acho que é o que afeta a área ambiental e o próprio país. Um é continuidade de ação, não sei quanto o Ministério Público pode influenciar isso, não sei como vocês vão fazer; mas tentar que as instituições públicas mantenham continuidade na ação e a continuidade da ação ... Hoje, a Marcia do SOS Mata Atlântica mostrou hoje aqui os dados, o... Mario que tá ali falou muito../ e/ na/na/na/ no p/ ãh/, percentual de municípios, setenta por cento dos municípios não estão aparelhados pra gestão municipal. Enfim, isso mostra um quadro que essa gestão eh/ essa

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recuperação da Mata Atlântica e essa conservação do pouco que ainda existe, ela não vai ser muito fácil de atingir no curto prazo; porque é/ como diria o meu amigo da cooperação alemã que teve no pró/ Pró-Mata, ele falava muito papel, aceita tudo, mas a realidade do campo não é essa. Então, pra manter a/ as ações de longo prazo pra recuperação e conservação da Mata Atlântica, precisa de continuidade, e não é o que ocorre; cada nova gestão inventa a roda, chega com novos nomes. É horrível dizer isso, mas é verdade; você está num trabalho de gestão territorial, que é uma coisa que a gente vai/ vem tentando há anos. Não acho que o país não tem exemplo, o país tem exemplo sim, não consegue consolidar. E porque que não consegue consolidar? Uma série de motivos, eu so/ eu chamo atenção pra um, que eu acho importante, que é continuidade de ação que normalmente a gente não tem. Como o Ministério Público vai fazer pra ajudar a forçar a continuidade de ação eu não sei, é um desafio pra vocês. Mas eu acho que vocês também sofrem desse mal, porque na fala do senhor Jarbas o senhor falou assim, como é que era? Processos que não avançam! Né? Ãh/ cos/ situações que não avançam, se foi em apa/ ata ((inaudível)) a gente vai ler ata, sempre retornando ao mesmo ponto. Então questão número um, tentar trabalhar com a continuidade da ação, porque ferramentas existem, vocês me desculpem, mas mapeamento, plotar coisa em mapa é minha área de especialidade, foi no doutorado é muito/ é relativamente tranqüilo; o difícil é continuidade de ação que a gente não tem de um governo pro outro. E mais uma p/ u/ coisa, não adianta achar que a sociedade civil vai conseguir implementar políticas no/ nu/ no Estado de Minas Gerais, na Mata Atlântica inteira sozinha, sem uma política pública amparando. o Mario hoje falou, o SOS Mata Atlântica é uma das mais consolidadas e das maiores do país, quantos planos municipais vocês estão apoiando? ((inaudível)) Trinta e quatro. Quanto municípios tem na Mata Atlântica? ((inaudível)).... três mil e quatrocentos. Então isso é um exemplo que, se a politica pública não for coerente e apoiando as ONG’s, a gente não vai ter sucesso. É impossível eu sei que eu vim do movimento ambiental, trabalhei com políticas públicas esses anos todos e eu sei que as ONG’s não tem perna nem capacidade pra fazer esse papel todo sem uma política pública de apoio, e consistente. O segundo depois de continuidade é desburacra/ desburacrati/ iiih/ ((burburinho inaudível ao fundo)) minha dislexia, tornar menos burocrático os processos, essa coisa também afeta o país inteiro mas principalmente na área ambiental. Quando o empresário fala dum processo de licenciamento a gente ambientalista até, arrepia, porque eles colocam tudo na conta ambiental, de certa forma/ de certa forma não/ eles tem razão também, eles tem razão. O processo ambiental ele é tudo de qualquer tramitação, ele é tão complexo, ele é tão burocrático, que ele é de difícil acompanhamento. Às vezes você escolhe, ok, eu vou acompanhar determinado assunto, você se perde, ou você é um/ .... não existe essa ONG, mas se existisse, com um grande escritório de advocacia ou é impossível acompanhar os processos porque eles são burocráticos e os fundos são burocráticos. A gente tem no ((inaudível)) um grande potencial e não consegue im/ implementar projetos porque a/ bu/ burocracia do fundo é d/ é/é/é/ ex/ extremamente grande. E também não sei como o Ministério Público pode contribuir, mas acho que deveria ser um valor a ser encarado pra tirar a área ambiental, você me desculpe a palavra, mas tirar a área ambiental do buraco, que eu acho que ela se encontra nos últimos anos. E por ultimo é a agilidade, que eu acho que se você cont/ trabalhar com continuidade, não ficar inventando mo/ roda e nome/ nomes né, e der continuidade aos processos, conseguir tornar menos burocráticos e tornar/, eu acho que a gente vai ter uma agilidade. Porque eu escuto muito, Gisela, você tá muito nervosa, tem que tá eh/ pragmático e tem que tá agora valorizando os processos, pra mim processo ele é valorizado a medida em que ele gera um bom resultado, porque a área ambiental está se perdendo em processos. Então, o Ministério Público agilizar os processo para que os processos se transformem em resultados concretos, porque a gente não tem/ a gente tem processos muito longos que não são compatíveis com a velocidade de degradação Essas três contribuições, se eu posso falar na minha experiência, que o Ministério Público deveria investir em continuidade dos processos, tentar tornar os processos menos burocráticos e agilizar as ações em andamento. Tá bom? Obrigada! ((aplausos))

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Jarbas Soares Júnior - Conselheiro do CNMP: Eu aqui Gisela, tô como o fiscal do MP, do Ministério Público, não como membro ... mas assim, acho que nós aqui presentes, mas o ministério público de Minas tem dado continuidade. Essa criação de regionais, ela teve o objetivo de/ de/ de manter o Ministério Público permanente na atuação, quer dizer, se mudar o coordenador daqui esses continuam, se mudar um aqui esse continua. O Ministério Público investiu nisso e está também investindo bastante na desburocratização dos processos; isso ai é uma marca da atuação ativa do Ministério Público e os resultados estão aí. A outra parte, que é a parte eh/ das conclusões né... que o Ministério Público tem agilizado também o/ ... eu vejo no Brasil inteiro pela minha experiência, buscando os termos de ajustamento de conduta. Algo agora que o conselho vai ao menos tentar dar uma ajuda, é nessa agilização dos processos judiciais. Nós trabalhamos em conjunto com o Conselho Nacional de Justiça e estamos atentos a isso ... uma/ uma das razões das audiências públicas é nós localizarmos esses focos e provocarmos o poder judiciário a concluir os processos e priorizar de certa forma, que é a finalidade também, as questões ambientais que atingem a todos. Nós sabemos da dificuldade do Supremo de julgar trezentos mil processos né ... então, mais do que/ nós temos que estar ali e o Conselho descobriu essa faceta sua de junto com o CNJ de provocar. De toda forma, nesse contexto, nós vamos encaminhar todas as sugestões pro/ pros ministérios públicos eh/ que estão nos estados e que compõem, de certo modo, a Mata Atlântica. Finalizando, eh/ eu quero convidar o Movimento Mineiro dos Direitos {animais} Animais, mais que são muitos/ ze/, são muito próximos né da nossa luta, até em homenagem a Lilian Marotta que tá aqui Adriana, então se pode ficar com a palavra e finalizando nós vamos convidar da parte dos movimentos sociais a/ a Ligia Vial, que por conta daquele computador de mil novecentos e noventa e dois nós vamos, bom, deixa a Ana Fragoso/ Adriana ((sobrenome não claramente identificado)) - Representante do MMDA: Ééé, eu integro o movimento mineiro do animais, animais não humanos, gostaria de colocar aqui essa reflexão. Nós também somos animais né, e a/ a nossa inteligência diferenciada não nos coloca como privilegiados, mas com uma responsabilidade maior pra cuidar dos demais animais. A declaração de Cambridge, de julho de dois mil e doze, comprovou isso, neurocientistas de todo o planeta se reuniram pra assinar esse documento, comprovando que os animais sentem como nós, sofrem como nós, tem vínculos familiares, tem necessidades de viver em seus habitat em liberdade e não existirem em função da gente. Eles tem vontades próprias, direitos próprios que a gente em pleno século vinte e um ainda ignora eh/ e os coloca eh... de forma escravizada, no servir, nas diversas instâncias, no policiamento, no circo, na ciência e por ai vai, é... Eu estou aqui me pronunciando em defesa dos mantenedores da fauna silvestre eh ... e aí gostaria de contextualizar aqui um pouco, vou/ eh/ anotei e vou ler rapidinho pra eu não esquecer de nada. Ah.../ a gravidade da extinção né/da nossa fauna silvestre, principalmente da Mata Atlântica, essa biodiversidade maravilhosa tão pouco considerada, quando a gente vê algo por elas é por iniciativa das ONG’s. O poder público não se manifesta ah/ isso quando acontece de forma muito ((ininteligível)) muito simplória. E aí que aja um novo formato dos zoológicos, para que essas instâncias, esses estabelecimentos, essas instituições passem a investir efetivamente de forma aprofundada na pesquisa e preservação da nossa fauna silvestre ... menos girafas, menos gorilas e mais tamanduás bandeiras, onças pintadas e suçuaranas, antas e outros né, o tatu bola que foi uma piada né, um desrespeito o que fizeram com esse animal, nenhum investimento, nenhum repasse de verbas, pra efetiva preservação desse animal. O mesmo acontece também com as maratonas que acontecem no nosso zoológico, outro absurdo, com a desculpa de que é pra preservar, esse animal está ali, escravizado, aprisionado. Bom, então ah../, o risco da mineração, o maior risco que todos nós estamos expostos e somos culpados né, de tanto comprarmos e nos desfazermos dos metais, as queimadas, os atropelamentos, o tráfico, ãh.../... Quais os instrumentos possíveis, o TAC ãh, quais são os instrumentos legais que o poder né, que o Ministério Público pode utilizar, pode

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recorrer pra poder proteger essa fauna silvestre? A lei complementar de dois mil e onze, que eu acho complicada, ao invés de fortalecer o IBAMA, descentralizar, né, como é que fica essa fauna no Piauí, no nordeste, na Amazônia, né. Então, nós temos que fortalecer é o IBAMA, nós temos que ter ocupantes de cargos verdadeiramente comprometidos no Ministério do Meio Ambiente e de todas as instâncias que lidam com a fauna e com o meio ambiente como um todo; que a fauna é um berço/ eh/ neh/, um braço do meio ambiente. Eu converso muito com os técnicos e eles dizem olha isso é uma forma de diminuir do tráfico, de novo o mesmo raciocínio do IBAMA, ao invés de fortalecer o IBAMA e o Ministério Público e colocar pessoas competentes, comprometidas com a causa, aprova lei pra que todos possam comprar um animal silvestre. E aí/ um criador vai manter esse animal escravizado alimentado e bonitinho, pra gente comprar e dar de bibelô de presente de natal. Isso não é presente, isso não é objeto, né ... então, esse raciocínio continua sendo estendido, ah/ nessa área. A questão das capivaras né que a gente está vivendo localmente, se tornou um problema. Elas não são um problema, o problema somos nós que estamos destruindo seu habitat que não tem mais predador né. Então tô aqui clamando pra falar por elas, campanha constante, constante e efetiva nas mídias ah/ de conscientização da população, nas escolas educação humanitária, né, menos propagandas dos políticos e dos prefeitos e mais efetiva campanha de conscientização das nossas/ da nossa população, menos novela né, que o poder público invista nisso. Recentemente, por meio do G10,a gente agradece ao Ministério Público a criação, do grupo especial de defesa da fauna e da flora representado aqui pela Doutora Lilian Marotta, Dona Luciana Emaculada, grandes parceiras nossas na defesa da fauna. Criou-se um evento de que bicho é esse, guarda responsável, que bicho é esse; não ouve praticamente nenhuma replicação, nenhuma divulgação né, além do portal do Ministério Público. Então, a gente precisa investir mais em educação humanitária. A população cortou esse vinculo né com a natureza, vivendo em shoppings, em campos de futebol, em botecos e em sambódromos e esqueceu que a gente depende do resto de natureza. Somos grandes apoiadores de todo contexto e tô colocando aqui uma lupa sobre a fauna, tão pouco considerada, existem sim, pelo menos pra nós, os direitos animais. Eh... a integração dos órgão afins, é o empurra-empurra eu que lido com as questões dos cavalos, eu vou estender aqui um pouco. Um liga pro outro, liga pro outro, liga pro outro, que liga pro movimento mineiro e que liga pra sociedade mineira protetora dos animais, que foi denunciada neh/ por/ por conduta indevida, pra nós assumirmos a responsabilidade que é nossa. Assim nos colocamos pra defender a fauna, mas também igualmente e em primeiro lugar do poder público, como bem a Gisela colocou, nós não temos braço. Eu sou servidora, tenho meu trabalho e o resto final de semana e madrugada eu sou ativista; nem a minha vida social, a diversão, a saúde, as férias não existe mais. É o meu sustento pra bancar o tanto de animal que eu mantenho, de cavalo; enfim, porque o poder público se omite, vai muito bem obrigado com seu salário garantido no final do mês ... falei isso na Assembleia Legislativa recentemente pros deputados. Então eu gostaria aqui de concluir a minha fala eh/ defendendo os mantenedores; porque os animais que advém do tráfico, das queimadas, dos atropelamentos, são trazidos pela para uma meia dúzia que carrega esse fardo essa responsabilidade sozinha, sem haver um repasse de verba. Eu concluo a minha fala, que haja não só repasses esporádicos advindos de compensação ambiental, mas constantes e efetivos. O caso do Leonardo Maciel é um absurdo, pra quem não conhece, ele tem na clínica dele, que ele custeia do bolso dele, um monte de animal que vem do tráfico, neh/ e desse outros todos ai eh/ ações humanas so/ com dinheiro dele. Então, que haja investimento constante, não sei como, repasse de verba constante e fiscalização, e aí a aplicação vai ser correta. Eh/ então, que o poder público disponibilize espaço pra e repasse de verba, porque só levar os animais mutilados, isso é obrigação do poder público, na Constituição Federal, dois, dois, cinco (225). Nós somos movidos pelas leis planetárias, mas se elas são desconsideradas pelo poder público e pela maioria da população, que haja leis criadas pelos homens pra dar suporte pra essas pessoas que doam as suas vidas pelos animais. Obrigada! ((Aplausos)) Liberdade aos animais, ainda que tardia.

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Jarbas Soares Júnior - Conselheiro do CNMP: Obrigado Adriana. Eu so/ eu vou levar essa proposta pro grupo de trabalho do Conselho Nacional do Ministério Público de Meio Ambiente, para que eles avaliem o que o Conselho pode introduzir de política no Ministério Público sobre essa matéria. Tem um belíssimo exemplo que certamente comporia o nosso grupo lá, que é a Lilian Marotta né, promotora de justiça, referência nacional na lu/ defesa dos direitos dos animais. E só justificar porque a sua letra é muito boa, neh/ mas ah/ ah/ talvez a minha leitura não esteja tanto, mas é que tá direitos uuu/ alguma coisa, parecendo um agá, e não ficou claro que era direto dos animais aqui nã... pra ler../ tá aqui, tá então, por isso talvez eu tenha me confundido. E ... dizer que também que eu lá, como da roça neh, nunca mais vi um pássaro preto, nunca mais vi um sofre, nunca mais vi um canarinho, nem aquele outro que ficava só comendo mamão né, tava em todos os lugares agora se não encontra mais nem se pegar uma lupa, né, e nem um binóculo. Então é verdade, e dizer também duma parte que foi dita aqui sobre essa questão da descentralização, que tá havendo da/ da/ da/ do licenciamento ambiental, a AGU, Advocacia Geral da União sempre vai lá reclamar dos promotores de justiça, dos procuradores da república, dos procuradores/ que é aqueles que atuam na ponta, mas tá havendo uma descentralização que é necessária até. Acho, para a eh/ o município, e os municípios não estão se qualificando para tal, então o que que acontece? Fica na mão de uma pessoa, praticamente, ele é uma secretaria, como nós somos lá em noventa, na década de noventa, sozinhos, e ficam com responsabilidade muito grande. E o Ministério Público, que tá lá mais qualificado na/ na/ na ponta, ele vai acionar o servidor; então, é um ponto também que nós temos discutido isso lá em nível nacional, porque a politica é correta, mas não está havendo a contrapartida na estruturação. E aá toda essa/ esse quadro que foi traçado inclusive por você aqu i... vai ser uma/ uma conseqüência. Então, antes de passar a palavra aqui pro ministério público pra conclusão do ministério público/ pra conclusão da audiência pública, dos colegas do ministério público, eu vou passar a palavra rapidamente pra Ligia, eh... Vasconcelos da AMDA, pra aaaaaa... pra fazer a abordagem final aí da, dos movimentos sociais, das organizações sos/ da sociedade sobre a atuação do Ministério Público na área ambiental. Ligia Vial Vasconcelos - AMDA: Obrigada Jarbas, pela concessão. Primeiro parabenizar o Ministério Público e conselho nacional pela audiência. Todo mundo sabe da importância, acho que não é novidade que o ministério público é o grande parceiro da AMDA que, principalmente as coordenadorias que a gente tem muito contato e que hoje se tornou uma grande esperança. Estou até com pena aí dos promotores com a carga, deve estar pesada com esse tanto de sugestão; coisas simples de fazer de resolver, tranqüilo. Mas eu queria atentar sobre uma coisa que ainda não foi falada, que é a extensão urbana sobre as áreas de Mata Atlântica. Hoje no estado, acredito que não seja prerrogativa no Estado de Minas Gerias, o Estado de São Paulo e Rio também sofrem muito com isso eh/, mas é uma coisa muito séria; hoje nós temos vários municípios, todos inseridos dentro do bioma, com um avanço muito grande da expansão urbana sobre essas áreas. Uma atividade em tese inclusive, que você tem alternativa local pra que ela possa se expandir pra áreas já urbanizadas né, ou já degradadas ... Mas a gente sabe que, principalmente os grandes condomínios, eles vão sempre pra essas áreas mais preservadas em busca de paisagem etc. Então é uma área que ainda tá muito engatinhando dentro do estado, dentro do licenciamento e até dentro do próprio Ministério Público. Agora, uma coisa que a AMDA sempre envia é representação pra começar a entrar com as ações e conversar com o setor imobiliário, que é um setor que ainda é muito pouco vigiado. E pra falar disso, eu tenho que citar a questão da descentralização, que até foi colocado pelo Mario, que é a impor/ que é/ esse/ essa questão né de passar agora o/ o/ o licenciamento para os municípios. Nós temos hoje, nós sabemos que os municípios são super despreparados né, tecnicamente pra/ pra licenciar. Nós estamos vendo cada coisa, cada licenciamento dentro desses municípios, que/, cada falha que a gente fica assustado. E eu deixo como uma sugestão até pra promotoria, a possibilidade de começar agora a pleitear, porque essa descentralização

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agora ela inevitável né ... óbvio, ela é uma questão constitucional né de separação de poderes, mas vamos ter que começar a trabalhar a conscientização municipal pra começar a vigiar de perto que os municípios vão começar a licenciar. Nós sabemos principalmente essa questão de expansão eh/ imobiliária, porque é o que os municípios querem/ eles tem pouquíssima consciência de preservação, o que eles querem é IPTU, grandes condomínios proc/ e cada vez eh/ mais/ mais/ ocupado neh/ o seu território pra/ pra gerar renda, imposto. Então, eu queria colocar essa questão porque eu acho que ainda é muito/ nós estamos engatinhando muito. E a Lei da Mata Atlântica, nesse ponto, acho que tem um grande gargalo neh/ uma grande falha; porque a lei simplesmente, se o município transforma aquela área como urbana, eh/ automaticamente ele já pode implantar neh/ o condomínio, ou expandir, preservando, sei lá, trinta ou cinquenta por cento, dependendo da data de aprovação da/ da lei que transformou em urbano. Mas tem áreas/ se tem estágio avançado de regeneração de Mata Atlântica, que não serve pra ser urbano, nós não precisamos implantar um condomínio de luxo do lado de uma unidade de conservação com Mata Atlântica em estágio avançado e a lei permite isso. Então assim/ e o município ainda/ esse por exemplo esses trinta por cento neh/ que é pedido pra/ pra locar pra preservação, nem isso é respeitado pelos municípios ou, se é feito é feito, sem nenhum critério eh/ técnico, sem saber a onde que essas áreas vão ser preservadas, qual que e a função, a efetividade de conservação do bioma. Então eu queria deixar essa sugestão, eu sei que não é fácil essa questão de/, mas acho que é inevitável até pra própria sociedade civil começar a participar disso com os municípios. ((Comentários inaudíveis ao fundo)) É, licenciando com os municípios, é pois é, então assim, nós tamo falando em/ inclusive de grande empreendimentos né, com impacto grande e vai ser uma discussão, tem que ser trazida pelo próprio estado, que vai começar agora porque é a lei complementar cento e quarenta define que tem que definir eh/ quais são as atividades de impacto local, que é super difícil ((comentário inaudível ao fundo)) É. Dificílimo de/ de/ de se decidir, mas assim eu acho que nós vamos ter que ser conservadores na hora de definir qual atividade que é de impacto local. Então uma coisa que a gente já propôs até num GT que inicialmente tinha sido criado é que, o que houvesse de supressão de Mata Atlântica, em estagio médio ou avançado automaticamente deixasse de ser impacto ambiental local, considerando que nós temos um bioma hoje quase instinto, no território brasileiro. Então a supressão de dois hectares pra nós deixa de ser impacto local porque tem um impacto sobre toda a sobrevivência do bioma que se estende ai por todo território eh/ brasileiro. Então queria colocar isso, acho que é uma reflexão importante, nós temos que pensar nessa questão de expansão urbana que a gente não vê os impactos que disso, mas, tem sim grandes impactos sobre essas áreas preservadas. {brigado} Brigada! ((aplausos)) Jarbas Soares Júnior - Conselheiro do CNMP: Eu estava di/ adivinhando o que, que ela iria falar, mas a questão tem sido discutida com a AGU da descentralização da forma como está sendo feita, que eles reclamam muito das ações do Ministério Público, do quanto os servidores públicos responsáveis pelo licenciamento, quer dizer concordo que fica uma carga em cima daquele que assina e a decisão às vezes é política, mas nós temo que avaliar de todo/ de todos os âmbitos. O Ministério Público também não vai perder a sua/ a sua razão de atuar e um ponto aqui que foi registrado por/ pela Ligia, é a participação do Ministério Público nos conselhos. Essa questão tá sob crivo do Conselho Nacional do Ministério Público e há um voto do membro do Ministério Público, um voto até circunstanciado, com base em decisão do supremo, é, no sentido meio que de excluir o Ministério Público desses conselhos. Nós, que temos vivência na área ambiental e outros colegas que participaram da/ da ((ininteligível)) diária do ministério público, eh/ e em outros conselhos inclusive, não só de meio ambiente, sabe da importância. Então o/ o/ a tendência que eu vejo é de direito a voz, eu estou usando de expediente regimental de postergar essa discussão eh/ vamos dizer/, deixando um tempo pra análise maior, madura, porque pode ser que tecnicamente s/ essa posição seja defensável, do ministério público tenha direito a voz. Agora, na prática, tá aqui se chamando o

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((ininteligível)) pros CODEMAS, que agora pro licenciamento eh/ local neh da forma que tá/ tá se colocando .... o ap/ a/ a participação do Ministério Público é muito importante, então é/ é/ fico com muito receio porque as decisões do conselho são como as decisões do Supremo Tribunal Federal, basicamente, ultima instancia, única, e ... e se decidido isso, pra depois voltar, é um negócio muito desgastante pra instituição. Então eu acho que iss/ esse debate que, lá no conselho nacional, não tá maduro; de impedir que o Ministério Público atue nos conselhos é/ temáticos, vamos dizer assim, sociais e ai/ público sociais. Eu tenho usado esse expediente, não estou tendo o poder de convencimento e às vezes inseguro; porque o voto que existe, que está com vista, é um voto muito sustentável, e com base em algumas decisões do Supremo Tribunal Federal. Até acho que, do ministro Carlos Ayres Britto, que é um homem avançado, então eu vou ainda trabalhar no sentido de deixar essa decisão amadurecer até pelo menos eu sair de lá do/ do Conselho Nacional do Ministério Público, e concluindo, eu vou te convidar aqui/ ... eu sei que a escolha do Carlos Eduardo foi muito difícil, pra falar pelo Ministério Público de Minas Gerais, sobre os temas referidos aqui. Porque nós temos os colegas, todos especializados, referencias ai regionais, mas o indicado foi nosso colega Felipe e eu o queria convidar para falar então é sobre atuação do Ministério Público nesse tema e, em seguida, vou convidar a Cristina pra falar sobre o Ministério Público da Bahia, nosso Estado irmão aqui, aliás melhor estado do Brasil. E depois concluímos aqui com a fala daquela que coordena nacionalmente a atuação dos coordenadores do ministério público, pois não. ((longo momento de silêncio)) Felipe Faria de Oliveira - Coordenador das Promotorias de Justiça de Meio Ambiente das Bacias dos Rios Jequitinhonha e Mucuri do MP/MG: Boa tarde a todos! Eh/ vou ser muito breve, o tempo urge, e acho que o estõômago de todos ai também. Acho que o pessoal tá um pouco ansioso ai, eh/ agradecer e parabenizar o Conselho Nacional na pessoa do Doutor Jarbas, nosso procurador de justiça né, cuja o retorno aguardamos aqui ansiosos, a existência de espaços igual a essa audiência pública é de uma importância impar, né ... São caixas de ressonância aos anseios da sociedade, das organizações, é imprescindível pra que a gente compreenda realmente as demandas, consiga/ o ministério público, consiga atuar de maneira mais efetiva, mais prática e cada vez mais concreta e mais eficiente. É o anseio que todos nós temos e nós também promotores de justiça temos obviamente. Ãh...eh, agradecer o espaço que temos aqui ainda, rapidamente né, falo tenho certeza em nome de todos os colegas da regional, eh.. em especial o nom/ nome do nosso coordenador geral que é o Doutor Carlos Eduardo, cuja pessoa eu tenho cada vez mais ouvido muito né, e aprendido muito, tenho certeza que essa fala depois vai ser muito cobrada de mim. Vão falar assim, você tá brincando que você falou publicamente que tem aprendido cotidianamente com o Doutor Calor Eduardo, mas, é, um promotor exemplar que realmente eu tenho tentado me espelhar, pra poder aprender. Em São Paulo, ele falou um/ uma frase que eu acho que espelha muito o que eu quero dizer aqui né; eu ouvi aqui várias, nós ouvimos né, várias, eh/ várias/ vários movimentos sociais, a sociedade civil, claro, acho que tem um papel imprescindível e/ e/ eh/eh/ igualmente protagonista na defesa do meio ambiente, de várias dificuldades. Essas dificuldades nós também enfrentamos né, falaram de biodiversidade, da proteção à Mata Atlântica, seja da flora seja da fauna. Esse é um desafio que muitas vezes na regularização ambiental nós enfrentamos, eh ... e temos estado muito atentos pra isso, né. É uma demanda que não é fácil muitas vezes de ser eh/ de se atuar né, em razão até mesmo de/de/de/ da/ da realização de/ de/ seja de laudos, de provas, qualquer coisa que o seja. E compartilhamos de todas essas angustias né; não apenas do CNMP que está aqui pra isso obviamente, o Doutor Jarbas levará todas essas questões aí pro Conselho Nacional, encaminhará aos demais Ministério Públicos. Mas nós que estamos aqui presentes seguramente já absorvemos todas essas demandas, eh/ iremos absorvê-las, refletir ainda mais, e sempre pensando na maneira mais estratégica e eficiente de atuar em prol desse objetivo que é comum é convergente/ é convergente, com a secretária de meio ambiente, é convergente com a sociedade civil, é convergente com/ enfim,

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com o Ministério Público, com todas as instituições que atuam nessa seara. É, então gostaria de parabenizar a todos, acho que eu ouvi várias/ várias/ várias eh/ várias instituições/ várias eh/ eh/ organizações aqui.. eh... vou fazer um especial destaque a AMDA, em especial, abraço, fraterno meu realmente a SOS Mata Atlântica. Eh/ e com base no SOS Mata Atlântica, na pessoa da Márcia, do Mario, eu vou resgatar uma frase que o Carlos Eduardo usou em São Paulo e que eh/ tem reverberado muito em mim, é, ele falou com muita propriedade que a Constituição da República, ela fala que a defesa do meio ambiente é dever do poder público e da sociedade, mas esqueceu da possibilidade de atuação conjunto do poder público, com a sociedade, na defesa do meio ambiente. Eu acho que ah/ ah/ poderia destacar aqui várias, várias, várias frentes de atuação do Ministério Público nessa seara, mas em especial essa atuação conjunta com a SOS Mata Atlântica que eu gostaria de/ de/ de fazer um pequeno relato, um pequeno histórico, pra/ para que a gente possa perceber que essa união de forças ela pode ser muito eficiente, ela pode trazer ãh/ eh/ resultados muito mais concretos do que ãh/ a nossa caminhada solitária, né, que é via de regra uma caminhada extremamente solitária, como a gente pode perceber no olhar e na fala de várias pessoas que vieram aqui a frente é rela/ relatando né, as dificuldades, as lutas. Se nós nos unirmos, obviamente ãh/, o Ministério Público dentro do seu papel institucional, sempre é bom deixar isso claro, tenho certeza que os resultados são muito mais/ muito mais, interessantes, muito mais produtivos. Eh/ logo após ter vindo pra/ pra/ pra coordenadoria regional, em Diamantina, cuja cidade sempre que eu tenho a oportunidade eu faço um breve jabá né, tomo a liberdade de fazer isso aqui utilizando o espaço do Conselho Nacional do Ministério Público para fazer uma propaganda da cidade histórica de Diamantina que merece a visita de todos ((riso)) né. ééé.../ enf/ Fui pra lá em novembro e em fevereiro do ano seguinte, de dois mil e treze, tivemos uma reunião ainda talvez, não vou dizer resistência, mas muito resc/ um/ uma SOS Mata Atlântica muito receosa do que o Ministério Público poderia fazer né/ eh/ apresentando dados realmente preocupantes em relação ao desmatamento. Naquela oportunidade eh/ eh/ eh/ sentamos juntos eu, Carlos Eduardo e SOS Mata Atlântica, pra poder compartilhar informações. Eu acho que assim, realmente foi o primeiro papel né, eu vejo que a Márcia tá ai concordando né Márcia, eu acho que esse ai foi o ponto principal né, eu acho que de doação mútua das duas/ das duas/ das duas instituições digamos assim né, compartilhar informações, compartilhar desafios e apontar eh/ quais instrumentos cada um tinha pra poder conseguir uma atuação conjunta efetiva. A partir daí sim né, eh/ eh/ eh/ levantamos, diagnosticamos, quais seriam nossos pontos prioritários, aquelas áreas de maior desmatamento na nossa/ no nosso estado, na nossa região, para que juntos pudéssemos fazer eh/ eh/ um trabalho pericial. um trabalho de prova adequado. Fizemos um trabalho q/ que/ que o Marcos falou muito bem aqui, da utilização da tecnologia em prol da defesa do meio ambiente e ele colocou muito bem ... imagem de satélite não/ não podem diagnosticar estados secionais né. Isso é primário, isso é secundário – estágio meio, avançado, inicial – mas conjugamos isso com visitas em campo né, utilizamos áreas paradigmas de estágio médio, avançado, análise de imagens de satélite dessas áreas, paradigmas de comparação de rugosidade com áreas desmatadas e com isso conseguimos fazer um retrospecto histórico eh/ da área suprimida a cinco, seis anos atrás né. A partir disso, apenas no ano de dois mil e treze, nós conseguimos ajuizar as ações, algumas concretas outras mais genéricas; mas em dois mil e treze então, ações concretas que redundaram eh/ no combate a supressão de quase onze mil hectares de áreas de vegetação meio avançado pra silvicultura, que é eh/ obviamente proibido em lei. Ah ... Na oportunidade, se constatou que havia alguns documentos ambientais, resolver/ enfim/ possivelmente, o próprio estado fez a análise dessa/ dessas documentações e o nosso compromisso, falou-se aqui em continuidade ... eu acho isso eh/ eh/ realmente extremamente importante, houve, de certa forma, um compromisso do Ministério Público com o SOS Mata Atlântica. A cada ano, nós continuarmos um trabalho dessa natureza, ou seja, não necessariamente com o mesmo enfoque mas um trabalho/ um comprometimento continuo, no Ministério Público, da defesa desse bioma né. Então, se em dois mil e treze nós apresentamos esse resultado, ajuizamos as

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ações cíveis, criminais, posteriormente improbidade administrativa quando for necessário, em dois mil e quatorze voltamos, conversamos novamente e ind/ fizemos novos diagnósticos e atuamos novamente com o mesmo enfoque com o mesmo rigor. Eh/ para além disso eh/, estamos já nos comprometendo viu, Márcia, Mário, pro ano que vem, estarmos juntos novamente eh/ com novos objetivos, novos desafios e/ e temos certeza, novas conquistas conjuntas, não apenas com o SOS mas com a sociedade civil em geral. E a partir daí, também o Ministério Público, conseguiu perceber que eh/ o problema não é apenas de supressão, eh/ o problema não é apenas combativo, repressivo, mas sim uma ação preventiva e de resgate é primordial. A partir daí, então, outros trabalhos foram sendo desenvolvidos sempre eh/ eh/ em atenção ao comando do nosso Carlos Eduardo. Em primeiro lugar, eh/ a análise de/ de/ ãh/ ajuizamento de ações em/ pra fim de proteção de unidade de conservação, que ainda são responsáveis, as grandes responsáveis pela manutenção da nossa biodiversidade, da fauna e da flora na mata atlântica ... Então, foram dezenas de milhares de hectares de unidades de conservação de/ de ãh/ de proteção integral, objeto de ação do ministério público ... Agora, em dois mil e quatorze final de dois mil e treze e o mo/ mo/ maior parte em dois mil e quatorze, eh/ já iniciamos/ já iniciamos um procedimento para focar os Planos Municipais de Mata Atlântica também com um trabalho conjunto com o Mario, posteriormente eu vou pegar o Mario ali na saída pra cobrar uns dados que ele nos prometeu há alguns meses né ... tô aproveitando aqui também viu Mário, ((risos)) né/ eh/ ... também pra poder ãh/ ãh/ o Mário tem nos ((ininteligível)), a SOS como um todo né, tem sido sensacional nisso, dos dados o conhecimento que nos tem passado, e tem sido essencial; é graças ao SOS, posso dizer dessa forma, que o Ministério Público tem tentado e tem conseguido avançar na proteção da Mata Atlântica né, eh/. Para além disso, não posso deixar de registrar também, uma/ um/ um/ trabalho que foi feito também a partir de/ dessa iniciativa conjunta com o SOS Mata Atlântica, que eh/ é uma ação ajuizada .... noss/ nossos mecanismos não são apenas em termo de ajustamento de conduta, que também foram celebrados ao longo desse tempo eh/ com reservas legais de quarenta por cento ao invés de vinte por cento das áreas protegidas, APPs de duzentos metros em borda de chapada ao invés de cem metros que a legislação exige, quer dizer, reafirmando os institutos, hoje tão combatidos com a questão do novo código florestal neh/. Mas também eh/ a Daniela falou muito bem aqui da questão da fiscalização, nós fizemos algumas fiscalizações, digamos assim em conjunto né, a SEMAD fiscalizando, o Ministério Público apoiando, eu acho que teve um resultado primordial. Mas não é apenas a fiscalização neh/, eu acho que o grande/ a/ eh/ o grande aprendizado pra mim, foi que um dos maiores problemas que a gente tem hoje, na defesa da Mata Atlântica, na supressão desses dados, nós vemos nos diagnósticos da SOS eh/ se/ foca-se na/ na regularização ambiental, neh/. E foi com base nisso/ que ai/ fo/ a ulti/ a ultima/ a última ação ajuizado no min/ pelo Ministério Público, focou justamente nessa questão né, que o Estado de Minas Gerais consiga fazer, ou faça a regularização ambiental atenta a/ da/, que as normas, e em especial que a Lei da Mata Atlântica preconiza. Eh/ nós temos uma legislação/ que não é perfeita, traz paradigmas importantíssimos de proteção de preservação. Não é uma legislação qualquer, não acho que é uma legislação eh/ insignificante; pelo contrário, ela deve apenas ser seguida, né. Se nós conseguirmos esse desafio eh/, superar essa questão; se conseguirmos uma aplicação da norma legal eu tenho certeza que o avanço será eh../gigantesco. E é pra isso que o Ministério Público está aqui né, aberto a todos os senhores, a sociedade civil, ao poder público ah/ eh/ ouvir toda e qualquer pessoa eu acho que esse papel de caixa de ressonância é realmente ãh/ ãh/ intrínseco a instituição, não à toa, o CNMP sob o comando aqui da/ do que se refere a esse projeto do/ Doutor Jarbas, está ouvindo toda população, toda a sociedade e o Ministério Público de Minas Gerais também está aberto pra isso neh/ ãh/ eh,/ aberto pra ouvir e assim conseguirmos construir uma solução adequada a esse desafio que estão a nossa frente, tá ok? Falo isso com certeza em nome de todos os colegas. Obrigado! ((aplausos)) ((silêncio))

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Jarbas Soares Júnior - Conselheiro do CNMP: E se mostra aqui a capacidade do Ministério Público de se renovar. Então, não sei se deu pra observar que uma geração nova tá/ assumindo oh/ os/ as funções, certamente conjugando a experiência de uns com a juventude de outros, e o vigor dos outros. E o Ministério Público vai se renovando e foi atingindo os graus de excelência que se procura, pelo menos se tenta. Eu convido a/ colega Cristina Seixas do Ministério Público da Bahia, que é uma referencia nacional e que atua conosco também no/ no CNMP para ãh.../ sua manifestação enfim depois nós vamos concluir com a grande Sheila Pitombeira, vice presidente da ABRAPA. Cristina Seixas Graça - Promotora de Justiça do Meio Ambiente do MP/BA: Bom! Boa tarde a todos. Eu queria também mais uma vez parabenizar o Conselheiro Jarbas, e a iniciativa do conselho nacional. Nós tivemos lá nas reuniões pra decidir neh/ onde fazer as reuniões dos biomas, tô um pouco enciumada né, porque a Bahia não teve a oportunidade de discutir o bioma Mata Atlântica. Nós eh/, a exemplo do Ministério Público de Minas Gerais, temos também núcleos de atuação específicos, na verdade foi um plágio aqui do ministério público; nós temos o ((ininteligível)) de defesa da mata atlântica, o “NUMA” e... neh/ também temos um núcleo de defesa da bacia do São Francisco. Eu queria dizer que esses dois núcleos, e temos outros, mas que importam assim para o foco que nós temos tido aqui, e que nós temos atuado muito conjuntamente e verificando que todos os pontos tratados aqui muitos são idênticos aos que nós temos lá. Na verdade eu acho que os problemas do bioma Mata Atlântica, eles se repetem em todos os Estados onde esse bioma existe. Não há nenhuma diferença eh/ entre os problemas existentes, eh/ apenas a gente pode buscar soluções bem especificas que possam ser aprimoradas em cada um dos ministérios públicos por suas especificidades. E eu acho que nessa audiência pública, nós temos o dever de prestar contas à sociedade da nossa atuação, ah/ das iniciativas que temos ah/ tomado com relação à proteção e conservação desse bioma. Eh/ creio que podemos repetir, Doutor Jarbas esse projeto, muito uh/ importante em outros estados, para que também a sociedade civil possa eh/ relatar ao Conselho Nacional do Ministério Público os nossos problemas, as nossas questões que são cada vez maiores com relação a gestão ambiental eh../. O que nós vimos aqui hoje, de uma forma bastante resumida, é que o problema da proteção e da conservação da Mata Atlântica passa por uma gestão ambiental mal elaborada, mal feita; ou seja, o que nós vemos em todos os municípios hoje com a descentralização do licenciamento ambiental e da própria gestão ambiental com a lei complementar cento e quarenta, é que, os municípios não estão efetivamente preparados para licenciar ou para fiscalizar as questões. Os projetos ambientais, eh/ no Ministério Público do Estado da Bahia, nós identificamos isso como uma consequência da é ... eh/ e/ d/ do licenciamento incorreto das supressões de vegetação passando por todos os erros e ilegalidades possíveis em diversos municípios. Primeiro que os municípios não têm capacidade de formar equipe técnica e isso é geral. Nós temos um projeto que eu queria trazer pros senhores que é um projeto que eu considero um dos mais assim, relevantes para entender essa dificuldade da atuação dos órgãos públicos e também da questão do cumprimento da legislação, o projeto se chama “Município Eco Legal” e nós fizemos um estudo dos quatrocentos e dezessete municípios do estado da Bahia eh/ com/. A primeira coisa que nós fizemos foi com um/ ehn/ questionário encaminhando ao prefeito para que ele responda se ele tem sistema municipal de meio ambiente atuando; que sistema municipal de meio ambiente é este; se esse conselho é deliberativo; como ele é formado, enfim são umas quinze a vinte questões elaboradas a partir de uma câmara técnica de gestão ambiental municipal. E o que é que a gente tem feito? Quando os questionários voltam, nós encaminhamos pros promotores de justiça locais e eles mantêm contato com as prefeituras para incentivar e capacitar as prefeituras a buscarem a sua eh/ vamos dizer assim, emancipação no licenciamento ambiental. Nós temos tido surpresas muito grandes, porque nós estamos ajudando os municípios a elaborarem as suas leis ambientais desd/ desde a formação da legislação até a, vamos dizer assim, a constituição dos conselhos municipais. Na Bahia, a/ a/ o

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Instituto de Meio Ambiente, ele delega praticamente todo o licenciamento, ele não quer fazer mais nenhum licenciamento ambiental a não ser aqueles efetivamente definidos como de excepcional porte ou de interesse regional. Então, os municípios então licenciando tudo, tudo, tudo, tudo; sem nenhuma condição. Nós tivemos um caso muito interessante de um município que ele tinha, o único técnico que licenciava, era o mesmo que fazia os estudos ambientais, ou em tese, as análises técnicas para as empresas que estavam se licenciando, evidentemente um equivoco imenso. Então eh/ ele era equipe técnica capacitada pra tudo e a partir daí, nós estamos, quando fazemos um/ um termo de ajustamento de conduta e quando o município já se // eh/ i/ incorpora aos biom/ ao bioma Mata Atlântica, nós já estamos eh/ nessa legislação praticamente colocando como um/ um/ uma obrigação dele fazer o seu plano, o Projeto Municipal de Mata Atlântica. Por que nós já temos um projeto que foi criado pela terceira e quarta e quinta Promotoria de Justiça de Meio Ambiente, com TAC’s feitos no município de Salvador, em que nós conseguimos um valor de seiscentos mil reais para fazer todo o estudo, caracterização eh/ análise de sucessão da floresta/ da/ da Mata Atlântica na cidade de Salvador. Esse trabalho, eu trouxe três exemplares aqui, conselheiro, tem um pen drive com a metodologia toda de campo, análise de satélite, mais análise de campo. E isso foi feito em toda a cidade de Salvador, onde a equipe que/ era composta inclusive pelos representantes do estado, do IBAMA, do município e, surpreendam-se, da Associação do Mercado Imobiliário. Porque nós travamos durante seis anos, eu inclusive fui cinco vezes representada no Conselho Nacional do Ministério Público por ser ativista ambiental, por estar impedindo o desenvolvimento eh/ imobiliário da cidade de Salvador; porque entrei com diversas ações contra todos praticamente, os eh/ grandes empreendimentos e contra o plano diretor de desenvolvimento urbano que foi feito exclusivamente para destruir a Mata Atlântica em Salvador. Então, nós conseguimos fazer um mapa da cidade, lote por lote, com todos os estágios sucessionais; eu tô trazendo aqui, depois vocês podem pegar ali no site do Ministério Público; é só baixar, tem toda a metodologia. A nossa equipe do centro de apoio técnico foi quem coordenou esse trabalho, com a universidade. Então, a gente pode assim, mostrar, que hoje esse trabalho está sendo incorporado e, dia primeiro de setembro, nós vamos discutir a Lei Municipal de Meio Ambiente do município de Salvador. Nós estamos ingressando com essa questão inclusive no Conselho Municipal, que é um problema sério, tem o/, só de ação contra o a formação do Conselho, tem umas quatro ou cinco; enfim, foi uma guerra de oito anos com a ex-gestão. E a gente tá discutindo muito com a atual, enfim, esse projeto tá sendo usado pelo Ministério Público; pelos processos, nos inquéritos civis, nos inquéritos administrativos onde a gente consegue hoje definir qual é a área que pode ou não pode suprimir vegetação e impedindo que a prefeitura suprima vegetação porque ela não tem competência técnica pra determinar supressão de vegetação. Então eu acho que foi um trabalho lento, longo, difícil; uma tratativa realmente que cansa às vezes, mas a gente não pode desistir. Então assim, esse é um prestação de informação que a gente tem que fazer pra sociedade soteropolitana ... A gente tá pedindo pra que todos os colegas do Ministério Público incorporem essa metodologia nas aç/ nas ah/ as/ nos termos de ajustamento de conduta onde a gente estabelece o sistema municipal de meio ambiente, e onde tem o bioma Mata Atlântica. Então, assim, é apenas uma das nossas iniciativas, foram coisas que um promotor gerou lá conversando com a sociedade civil ... o ... Mario tá sempre lá né, ele é freguês da Bahia, graças a Deus. Então temos feito várias é/ eh/ eh/ propostas de atuação, não só essa, mas com relação também à silvicultura, nós temos lá um projeto chamado “Arboreto”. Todas as empresas de silvicultura têm que fazer sua reserva legal, ele tem que fazer, constituir a reserva legal, ele tem que fazer eh/ a o reflorestamento da/ da área de APP, sempre eh/ no nível eh/ superior ao que o código de florestal têm estabelecidas. Esse projeto é um projeto que a gente tá inaugurando, e eu quero convidar a todos em outubro e outro projeto também chamado “Floresta Legal”. A Bahia toda quase tem muita caatinga, cerrado, e bioma Mata Atlântica, e a gente tá trabalhando bastante com essa questão florestal, porque nós somos também quase que campeões de desmatamento do cerrado para abastecer as siderúrgicas mineiras. Nós tivemos uma operação

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importante chamada “Corcel Negro”, nós apuramos realmente um problema gravíssimo, quadrilhas e quadrilhas falsificando documentos, quadrilhas e quadrilhas eh/ levando carvão com trabalho escravo ... Então assim, todos nós sofremos dos mesmos problemas, nós temos que unir forças, garantir que a gestão pública, municipal, estadual e federal tenha o q/ força pra fazer o que tem que fazer, tenha uma política de zoneamento econômico ecológico, pra que a gente possa ter garantia e segurança jurídica pra que efetivamente o desenvolvimento seja um desenvolvimento sustentável e que o empresário venha .... eh/ é legitimo que venha nós estamos num sistema capitalista, tem que vir .... mas que venha cumprindo aquilo que é posto pela ciência e pela legislação. Nós também estamos muito preocupados com a questão da legislação, interferimos muito na discussão legislativa, porque eu acho que e lei precisa avançar, avançar com a ciência, avançar com tranquilidade pra que a gente possa mostrar que é bom investir e investir com segurança. E nós não podemos nos afastar desse nosso dever de cumprir evidentemente a norma, mas uma norma que seja evidentemente uma norma adequada para a proteção ambiental. Então eu queria agradecer a oportunidade de estar aqui com os colegas aqui de Minas, a colega do Ceará que eu não vejo há algum tempo né, e dizer que é muito importante que essas audiências públicas se repitam voc/. Vocês estão de parabéns por tudo isso. Obrigada!!! ((Aplausos)) Jarbas Soares Júnior - Conselheiro do CNMP: Obrigado Cristina e todos aqui que estão vendo, ouviram, e viram que o Ministério Público da Bahia também tem uma responsabilidade enorme com o Brasil e com os mineiros que gostam ali do sul, em janeiro, fevereiro ... Na verdade, o ministério da Bahia também tem dado exemplo pro brasil e dividiu eh/ o estado também por promotorias regionais, ambientais e por lei. Nós aqui em Minas não fizemos por lei não, nós fizemos por, nós somos por ato procurador-geral e as designações aqui do/ do; de Minas, são feitas pelo procurador-geral. A equipe que coordena, no Ministério Público da Bahia, faz parte de carreiras de promotorias regionais, a opção de Minas foi que, deixar um pouco de ((ininteligível)) ao procurador- geral pra tá ali tendo exatamente aqueles que mais eh/ talento, os que possam também atuar junto com os colegas de forma amistosa, amigável, pra essas coisas eh/ fluírem. E/ e/ e quero dizer aqui, que essa nossa primeira audiência pública dos projetos biomas ... então, algumas coisas estão assim, eh/ não tão saindo tão quanto a gente imaginava, mas é uma ótima oportunidade aqui, eh/ acho que nos conseguimos trazer eh/ uma opinião nacional uma opinião local e enfim, dentro do espírito que foi pensando dentro do conselho nacional, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot. E dizer aqui também pra a/ ãh/ a Cristina que Salvador, na semana que vem, estamos todos lá, na Ação Nacional de Combate ao Uso Indiscriminado de Agrotóxico, que é uma ação do planejamento do Ministério Público Nacional e que obviamente com o eh/ prestigiando uma cidade tão querida, que é Salvador. Agora, infelizmente, não há como o conselho compatibilizar as suas agendas pra fazer essa audiência pública sobre Mata Atlântica em todos os estados que necessitam ... Então, nós iremos no mês que vem discutir o bioma do pampa com o pessoal da região sul e ai depois do cerrado, da caatinga, da Amazônia, enfim, é nas outras régios do pais porque tem uma agenda própria do conselho; exceções de outras tantos comissões e outros tantos projetos do conselho, mas aqui a gente tenta contextualizar nacionalmente e vamos discutir com o grupo nacional. Por fim aqui, eu sei que nós vamos encerrar ouvindo a Sheila, pra terminar de alimentar nossa alma né, porque o corpo já está aqui resistindo a ferro e fogo, né, um direto animal aqui como foi dito por todos nós. Só pra lembrar o seguinte, sexta-feira, agora, depois de amanhã nós vamos estar em Porto Alegre reunidos com o Conselho Nacional de Procuradores-Gerais e o Conselho Nacional do Ministério Público com os Ministros de Estado do Meio Ambiente, das Cidades, da Casa Civil; o Secretário-Geral da Presidência da República e a AGU, pra discutir o que o encerramento dos lixões. Cinco anos depois, vamos fazer a reunião pra gente ver como tratar do problema agora que o prazo foi vencido, tá vencendo, venceu né, ((comentários inaudíveis ao fundo)) tá vencendo, é, venceu. Então nós vamos tentar fazer uma reunião pra ver como vamos agir; Ministério Público pelo menos nos

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órgãos, os/ neh/... de controle e de cúpula, pra conversar com os membros do Ministério Público, o que fazer ... enfim, nós esperamos é, cinco anos pra/ para eh/ essa reunião com os ministros. E concluindo, então, eu convido a colega Sheila Pitombeira, que é vice-presidente da Associação Brasileira do Ministério Público do Meio Ambiente, coordenadora dos/ presidente, colegiado de coordenadores de centros de apoio de meio ambiente, membro do nosso grupo eh/ de trabalho do CNMP de meio ambiente e pessoa imprescindível não só pelo sei conhecimento, mas pela liderança que exerce em todo o Brasil na questão da atuação do Ministério Público Ambiental. Sheila Pitombeira - Associação Brasileira do Ministério Público do Meio Ambiente, Procuradora de Justiça do Ceará: Bom! Boa tarde Jarbas, eu vou ser bem/ bem breve. Primeiro queria parabenizar o Ministério Público de Minas e o conselho nacional e também o doutor Jarbas aqui na/ ne/ representando todo o Ministério Público de Minas. O conselheiro Jarbas, ele é realmente um líder, um líder, hoje, a gente houve vários conceitos de várias questões, mas um líder sobre determinadas temáticas, penso eu e me/ e me/ neh/ me avanço no sentido de colocar a minha compreensão, é exatamente aquela pessoa que trabalha num determinado oficio, numa determinada área e que tem os links e os insights sobre temáticas que envolvem, que engrandecem, que aprimoram a sua atuação a sua área de pesquisa o seu fazer, a sua forma de fazer. E ninguém tem dúvida que esse/ esse/ essa audiência pública sobre os biomas que foi assim vamos dizer, abraçada pelo conselho nacional teve indiscutivelmente a ideia e o fôlego e a tratativa do Doutor Jarbas. Todos diziam, não é oportuno porque temos uma agenda da Copa, depois temos uma agenda eleitoral, depois terminou o ano; mas ele falou, não, é oportuno, vamos levar a frente e vamos discutir. E daí bom, como fazer? Vamos fazer em Minas, que Minas é a casa dele, é a casa que acolhe todo mundo; esse jeitinho carinhoso do mineiro e de todos os colegas e do Ministério Público de minas, como o Ministério Público da Bahia e outros colegas/ outros/ outras instituições estão em condições de acolher e realizar. É quase como fazer uma festa sem ter preparado, sem ter combinado tudo, mas as instalações dos colegas e do organismo interno assim o permitiu né? Então, assim, parabéns doutor Jarbas, parabéns ao conselho nacional, por esses encaminhamentos e por essa iniciativa né, que agora engrandeceu e tomou um corpo enorme e uma responsabilidade muito grande para o Ministério Público. Se a gente fosse resumir a nossa reunião de hoje, e fosse colar assim em três eixos de participação, muito enriquecedor; a gente poderia dizer que os três tópicos bem colocados foram a questão institucional, a legislação; passando não só pela legislação da Mata Atlântica, mas também essa questão da / da/ da conciliação da cooperação entre os entes da federação, União, estados e municípios ... sobretudo né, tendo que caminhar a implementação desse/ des/ dessa repartição de competências constitucionais entre os entes da federação com tantos problemas, lixões, resíduos, mata atlântica e todas essas questões. Além da sociedade representada pelas entidades não governamentais e a academia né, e o poder econômico que força e que tem os seus interesses na maioria das vezes muito conflitado com a proteção ambiental. O Ministério Público, ele é exatamente a instituição que mais ou menos é como se fosse um equilibrista né. Nós temos que zelar pelos interesses da sociedade brasileira, no município, estados e União, em todo o território nacional, mas é/ essa sociedade engloba todos esses setores, engloba o poder político, o poder econômico o pode/ os interesses dos indivíduos e os interesses da sociedade. E na nossa trilha pra poder dirimir toda ess/ esses interesses, é exatamente o papel constitucional e o papel de defender os interesses da sociedade que não pode conflitar ou não podem desatender aquele principio que está ali na Constituição, que o meio ambiente ecologicamente sadio e equilibrado é um direito de todo mundo né. Esse, então, é o perfil, é o traço triz que orienta e que deve orientar o papel do Ministério Público em toda essa nação, e uma audiência pública, ela tem um/ um papel absurdamente relevante pra todos nós do Ministério Público. Extremamente relevante porque primeiro, com todo esse nosso papel constitucional, às vezes, as pessoas pensam que nós podemos resolver tudo; chegou no Ministério Público, vai resolver. Nós tentamos resolver tudo

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que chega e tudo que nós imaginamos que vai chegar né, e aprendemos porque também não somos donos do saber, e aprendemos muito resolvendo. Eu me lembro que, quando eu era promotora do meio ambiente de Fortaleza, às vezes tinham casos complicados e empreendedores muito é, eh/ sabidos muito espertos, e quando eles não conseguiam conversar, eu dizia o seguinte. A lei diz desse jeito, nós vamos aqui ver o que está dito, quais são as condições e o que a gente vai aprender resolvendo esse caso. Não é só o que tá dito, é que a gente vai conseguir aprender né, no contexto jurídico, na interdisciplinaridade e na transversalidade que a questão ambiental tem com toda/ com todas as/ as/ as outras ciências afins. Então, a audiência pública, ela viabiliza não só pra nós do Ministério Público, ela é importante pra toda instituição e pra todo órgão e pra todo servidor público, como nós o somos, perceber a dimensão de onde ainda não chegamos e como nós precisamos aprimorar a nossa atuação em defesa da sociedade, na perseguição desse ambiente ecologicamente sadio e equilibrado. Como nós somos pequenos! Como existem coisas feitas pelo cidadão, pelas entidades não governamentais, até pelo poder público, e que nós não sabíamos, que nós não conhecíamos e que precisamos então nos aprimorar e conciliar todos esses interesses e cumprir esse preceito constitucional. O outro, o outro aspecto curioso é como nós nos enriquecemos com as experiências trazidas da AMDA, do SOS Mata Atlântica, e de cada cidadão que vem aqui, apresentar, questionar, colocar o seu interesse, ou achando que o Ministério Público tem o dever de defender aquele interesse que é legitimo da sociedade. Esse é um papel muito importante pra nós e nos engrandece muito. Por isso, somos muito agradecidos a presença de todos os que vieram aqui, todos que acharam que não perderiam a manhã em relatar casos e casos de desencontros entre a legislação e interesses que deveriam ser harmoniosos em toda a sociedade brasileira em todos os espações dos vários biomas né. Outro aspecto muito relevante é como essa/ ess/ essa/ esse trato nos dá o compromisso de aprimorar esse nossa interlocução com a sociedade né, a sociedade efetivamente saber como estamos trabalhando, o que estamos fazendo e também as nossas dificuldades, às vezes, de dialogar e implementar usando os recursos legais que as leis nos possibilitam trabalhar. Porque muitas vezes é mais/ é mais interessante conciliarmos uma solução através de um ajustamento de conduta, mas um ajustamento de conduta como o nome diz, eh/ o empreendedor ou a atividade ou o poder público que está em desconformidade com a lei, vai ter que se enquadrar. Esse enquadramento pode ser difícil pro empreendedor e pro poder público, é difícil chegar e reconhecer que tô totalmente errado e vou assumir isso, perante a população e ainda vou pagar por ter feito esse/ todas as minhas ações em desconformidade. É um diálogo longo, difícil de ser perseguido, mas é um dialogo construtivo, estruturante; todos saem ganhando, mas muito lento e, às vezes a sociedade, o cidadão, não consegue dimensionar essa dificuldade. Daí também a importância da audiência pública, e por outro lado, também a/ muitas vezes o diálogo fica impossível, ou inviável. E ai temos que propor as ações civis públicas, e como os senhores viram aqui, nessa apresentação, que os interesses que os/ dos/ que os senhores mesmo trouxeram aqui, as várias demandas, as várias questões, como é complexo também eh/ para o poder judiciário compreender logo de pronto, julgar uma questão eh/ eu/. Eu, se tivesse no lugar deles, também teria uma certa/ um cert/ não é um desprezo, mas assim, não a celeridade entre abordar tantas outras questões se não existem juízos em outros lugares especializados pra tratar essas questões. Isso é tão delicado que eu fiquei surpresa aqui que a/ o S/ o pessoal da Mata Atlântica, apresentou para o Ceará, setenta e três municípios com o bioma Mata Atlântica. Nas minhas contas, no Ceará e na conta de todo mundo, só tem sessenta e dois, eu quero saber onde estão os onze, quando eu chegar lá, nós vou procurar, cadê os onze? Eu acabei de ouvir lá em/ em Belo Horizonte, e vejam que aspectos curiosos nessa questão, enquanto Bahia, Minas, Rio de Janeiro, Espírito Santo, e os demais Estados do sul e do sudeste tratam o bioma Mata Atlântica como/ lógico porque, ouve uma intervenção muito grande nós do Ceará né, talvez do/ do/ do Piauí neh/ nós não temos a mesma presença do/ tão exuberante, ou/ o/, ou tão significativa no sentido de ocupação de espaço territorial o/ no/. No Ceará, por exemplo, o bioma Mata Atlântica, ele é como um

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coitado bipolar. Quando interessa até para os empreendimentos, eles dizem que nós temos um bioma Mata atlântica, quando não interessa, eles dizem que nós temos pequenos ecossistemas associados. Que não me venham perguntar o que é isso, mas que deve ser primo legitimo ou primo carnal do/ do bioma Mata Atlântica, porque é dito por quem diz, que são os empreendedores; então veja, quando a gente participa né, todos nós de uma audiência pública, rica, dessa forma, então a gente consegue perceber até informações ou onde buscar essas informações pra melhor trabalharmos as nossas demandas pontuais, as nossas demandas locais. E vemos também quantas afinidades nas nossas agruras dos vários/ dos vários estados, e quanto nós podemos nos fortalecer, daí eu acho que o resultado maior melhor da audiência pública é o engrandecimento que a sociedade civil traz ao Ministério Público, fazendo essa contribuição né. Por último, uma gentileza né, por favor, não deixem de nos cobrar de enviar, de solicitar, e se por acaso eh/ institucionalmente, daqui a pouco, mais dias né, nós não, através do/ do/ da/ do grupo, não apresentarmos os encaminhamentos no sentido do que já ... Foi pra alguém, perguntei: “ Ei, e ai, como é que já tá, como é que ficou aquela audiência pública?” Porque é muito importante essa troca, neh/ de energia, essa troca de informação e esse compartilhamento. O meio ambiente é muito rico, muito diverso, não é? ... muito grandioso pra ser tratado por uma só pessoa e por uma só instituição. Por isso, acho que é sábia a constituição quando ela diz que é o poder público e a sociedade e, se não for todo mundo junto neh/ acertando o passo, uns mais pra frente, outros mais atrasados, como ocorr/ como ocorre nas maratonas, a gente não vai conseguir a esse preceito que a constituição determinou para todos nós, que é mais ou menos cuidar do meio ambiente ecologicamente equilibrado, sadio, equilibrado. Bom! Muito boa tarde, e muito obrigada pela presença de todos e pela oportunidade de estar aqui com vocês! Até breve! ((aplausos)) Jarbas Soares Júnior - Conselheiro do CNMP: Brigado! Obrigado Sheila, eu quero aqui agradecer o Ministério Público de Minas Gerais; o CAOMA na figura do Carlos Eduardo Ferreira Pinta; a equipe do cerimonial, ééé ... assessoria de comunicação; agradecer também a equipe do CNMP, Luciano e Juliano que estão aqui comigo; a presença das entidades, das organizações, sobre tudo da SOS Mata Atlântica; e dizer aqui que ouvindo a Sheila falando, fica passando até um filme na cabeça. Porque a experiência, o bom senso, a alma de Ministério Público presente é que não pode nos abandonar, uma capacidade de/ de se indignar com as situações. Isso é uma necessidade, mas também da ponderação de saber os caminhos que nós traçamos e verificar aqui que o Brasil, nós temos tantas cabeças iluminadas, tantas, tantos colegas qualificados. Estou dizendo aí, Ministério Público, e que nós que/ q/ que participamos de entidades nacionais, às vezes temos dificuldades de enxergar o Brasil, sobretudo quando não se tem estrutura, como é o caso de/ da/ de algumas entidades do próprio Ministério Público, uma estitura/ estitu/ eh/ uma estrutura nacional. Quando assumi a associação de meio ambiente, eh/ ... que era/ u/ um/ uma/ na/ naturalmente uma instituição muito sul e sudeste, porque foi composta lá, foi organizada lá, como se fala hoje os partidos são paulistas nã/ mas é porque o partido foi fundado lá, eh/ tem essa/ essa conotação ... E eu fiquei oito anos como presidente da Associação do Meio Ambiente do Ministério Público; saí porque já estava passando da hora, primeiro ponto neh/, tava virando um verdadeiro Hugo Chaves lá ((risos)) na Associação, encurtei um ano de mandato, eh/, criei o sistema de só uma reeleição e/; mas, desde então eu busquei tornar a entidade nacional, e fui buscar né, esses nomes nos Estados todos, pra compor a diretoria. Hoje, a Sheila, do Ceará, é vice-presidente e nacionalizamos ah/ a entidade. E outra coisa que nós fizemos muito importante foi abrir, porque a gente, o Ministério Público, combinava, nós combinávamos tudo pra recuperar o Brasil e depois não conseguíamos recuperar nada; porque o judiciário sobretudo, era muito refratário das nossas ações. Então nós abrimos ao judiciário, levamos pra lá os ministros dos supremos, os desembargadores, juízes, abrimos pra sociedade. Quer dizer, hoje a entidade que é, tod/ toda capilarizada, unificada, tah j/ atua junto com as entidades todas ligadas ao meio ambiente e fazem parte dos nossos eventos, tem mais eh/ pessoas de fora do Ministério

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Público do que de dentro nos nossos eventos. Foi uma coisa muito lúcida e que deu ao Ministério Público a capacidade de ouvir, inclusive as críticas, porque pode ter certeza, o Ministério Público não gosta de ouvir críticas ... eu sou do Ministério Público, não gosto de ouvir crítica, mas elas já estão sendo melhores absorvidas e são fundamentais pra quem quer aprimorar. Foi o que disse a Sheila aqui, neh/ eu/ o/ saber onde nós estamos e co/ e como e para onde nós pretendemos ir; então eh/ eu particularmente, sou muito grato aos colegas do nordeste, que me ajudaram. Pra concluir, eu fui outro dia aí, um tempo atrás, lá no Ceará, e falei assim com eles: “Olha! Eu estou aqui no segundo estado que eu mais gosto.” Ai perguntaram pra mim: “Ah! Minas Gerias é o primeiro?”, e eu falei não, o primeiro é a Bahia”. Obrigado! ((Risos)) Mestre de Cerimônias: Lembra-los mais uma vez que aquelas pessoa que fizeram, tiveram suas intervenções nessa audiência pública e tiverem mais documentos ou informações complementares eh/ podem encaminhar para o e-mail que está na tela. O Conselho Nacional do Ministério Público e o Ministério Público de Minas Gerias agradece a presença, tenham todos uma boa tarde! ((Aplausos)) ((Burburinhos inaudíveis ao fundo))