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Química no cotidiano: alimentos, medicamentos, venenos, estética
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QUÍMICA DA CONSERVAÇÃO
DE ALIMENTOS
Com o processo de urbanização surgiu a necessidade de produzir e estocar quantidades
de alimentos, disponibilizando-os a todos e em diferentes lugares e distâncias.
A indústria de alimentos surgiu a partir do aperfeiçoamento de técnicas caseiras que já
utilizavam conservantes para retardar a decomposição de alimentos
A maioria das reações que provocam deterioração de alimentos é resultado da ação de
micro-organismos ou de substâncias existentes no ambiente, como o oxigênio.
Daí a necessidade de se conhecer os processos para propor formas de evitar essa
deterioração.
IMPEDIR O CONTATO COM O AR
O oxigênio é essencial para o metabolismo da maioria dos micro-organismos e
participa de diversas reações de decomposição de alimentos. Uma forma de
aumentar a vida útil de diversos alimentos é evitar seu contato com o oxigênio.
Isso pode ser feito por imersão em óleos e gorduras ou por meio de embalagens.
Embalagens protegem os alimentos de diversas formas,
inclusive do contato com o ar. A imersão em
óleos e gorduras é prática antiga e
também auxilia na conservação.
REFRIGERAÇÃO E CONGELAMENTO
A diminuição da temperatura diminui a rapidez em que as reações químicas
ocorrem. Isso se aplica aos micro-organismos, que tem seu metabolismo
reduzido e sua reprodução inibida quando submetidos a baixas temperaturas.
Por isso, diversos alimentos são conservados por mais tempo quando
armazenados em refrigeradores, a baixas temperaturas.
O congelamento aumenta em
muitas vezes a durabilidade de
um alimento.
DEFUMAÇÃO
A fumaça proveniente da queima da madeira é constituída por uma infinidade
de substâncias. Muitas dessas substâncias tem efeito antimicrobiológico. O
processo de defumação é, portanto, a exposição de determinados alimentos à
fumaça.
A defumação propicia, além do efeito antimicrobiano, o conservante, que se
dá pela ação do calor e da desidratação, e o flavorizante. São conservados por
esse método linguiças, toucinhos, presuntos, ...
A defumação é um processo antigo de
conservação de alimentos, que foi
descoberto logo após o início da utilização do
fogo para preparar alimentos.
SALGA
Dos processos de conservação de alimentos, a salga está entre ao mais antigos e
populares. A adição de sal ajuda na conservação dos alimentos porque desidrata e evita o
desenvolvimento de micro-organismos.
A salga desidrata alimentos pelo processo de osmose, procedimento físico-químico que
consiste na passagem de um solvente por uma membrana semipermeável que separa
dois meios com diferentes concentrações de soluto. Na osmose, o solvente migra da
solução mais diluída para a mais concentrada.
Popularmente, esse processo é feito com a adição de sal ou açúcar. Essas adições fazem
com que a água, contida nas células de tecidos animais e vegetais, saia das células por
osmose e passe para a superfície do alimento, e em seguida, evapora-se.
Conforme o tipo de alimento pode-se
utilizar sal ou açúcar para conservá-lo.
Peixes e carnes são salgados, enquanto
frutas são açucaradas.
RETIRADA DE ÁGUA DOS ALIMENTOS
A secagem é um dos métodos mais antigos de conservação de alimentos, sendo
muito aplicada a cereais, frutas, carnes e peixes. Como muitas reações químicas
ocorrem em meio aquoso, que é favorável ao desenvolvimento microbiano,
desidratar os alimentos evita que eles se estraguem, pois interrompe a
proliferação de micro-organismos.
A desidratação de alimentos pode ser feita por secagem ao sol ou por meio
de calor.
PASTEURIZAÇÃO
A pasteurização, desenvolvida pelo médico francês Louis Pasteur (1822 - 1895), é
um método em que o alimento é aquecido e mantido a uma certa temperatura
durante um certo tempo e, a seguir, resfriado rapidamente. Nessas condições,
diversos micro-organismos não resistem e são eliminados.
A pasteurização é muito utilizada em leites, para
aumentar sua durabilidade. No caso
do leite, os bacilos responsáveis pela tuberculose são eliminados , mas algumas outras
bactérias permanecem.
OUTROS MÉTODOS
A esterilização industrial a altas temperaturas e a esterilização pela irradiação
com materiais radioativos são técnicas cada vez mais utilizadas. Uma outra
forma, hoje amplamente utilizada, é a incorporação de substâncias, de
origem natural ou artificial, denominadas conservantes.
Uma batata irradiada pode ser estocada até um ano sem apodrecer ou brotar. O peixe, se for irradiado, também poderá se conservar à temperatura ambiente
por mais de nove meses.
ADITIVOS QUÍMICOS
São substâncias específicas que a indústria alimentícia adiciona aos alimentos para
aumentar a vida útil ou realçar determinadas características dos alimentos.
Os aditivos adicionados tem como função:
* Manter sua consistência
* Melhorar ou manter seu valor nutricional
* Manter sabor e frescura
* Controlar a acidez e a textura
* Melhorar o aspecto visual e o sabor
Aditivos / códigos Função Exemplos
Acidulantes/ H Conferir ou intensificas o sabor ácido e conservar
Ácido benzoico, ácido bórico, ácido cítrico, ácido fosfórico.
Antioxidantes/ A Evitar a oxidação dos alimentos EDTA, ácido ascórbico
Aromatizantes/ F Conferir ou realçar aroma Álcool isoamílico, óleo de laranja
Flavorizantes/ F Conferir ou realçar aroma e o sabor
Acetaldeído, acetato de etila, glutamato de sódio
Conservantes/ P Impedir a deterioração Ácido benzoico, antibióticos, nitritos, nitratos, ácido sórbico
Corantes/ C Conferir ou intensificar a cor dos alimentos
Clorofila, carotenoides, curcumina, óxido de ferro (III)
Espessantes/ EP Aumentar a viscosidade e o volume, mantendo sua textura e consistência
Ágar-ágar, carboximetilcelulose
Estabilizantes/ ET Dar cremosidade, não deixar que os componentes se separem
Fosfolipídeos, polifosfatos, citrato de sódio
Edulcorantes/ D Adoçar (sem açúcares naturais como sacarose e frutose)
Sacarina, ciclamatos, aspartame
Umectantes/ U Evitar a perda de umidade Glicerol, sorbitol, propilenoglicol
Antiumectantes/ AU Evita a absorção de água Carbonato de cálcio, carbonato de magnésio, silicato de cálcio
Ácido benzoico
Curiosidade
Muitos aditivos são reconhecidos por siglas. É o caso do 2-terc-butil-4-metoxifenol, o BHA, e do 2,6-terc-butil-4-metilfenol, o BHT.
Estes derivados do fenol inibem reações oxidativas que podem acontecer nos alimentos, capazes de alterar suas qualidades. Ambos são muito utilizados; confira, por exemplo, uma embalagem de margarina: na certa um deles estará presente.
Evidências indicam que, além de antioxidantes, estes compostos auxiliam na prevenção
do câncer.
Andrew Dannenberg, do Cornell Medical College, recentemente publicou um estudo
demonstrando que tanto o BHA como o BHT podem reduzir o risco de câncer, em
humanos, da mesma forma de alguns vegetais fazem (brócolis, repolho, couve).
Fármacos, cosméticos e a Química desses produtos que atuam no organismo ora como remédio ora como veneno...
FÁRMACOS
Desde o início das civilizações o ser humano usava algumas substâncias para curar males do corpo e da mente... Na maioria das vezes, essas substâncias era, extraídos de plantas.
Galeno (129 – 199) considerado o pai da farmácia, divulgou o uso de extratos de plantas
para tratar inúmeras enfermidades.
Diversas culturas pelo mundo desenvolveram técnicas para extrais substâncias que eram
utilizadas em cerimônias religiosas.
Tanto num caso como no outro, essas substâncias são normalmente denominadas drogas.
O conceito de droga é muito amplo e assume diferentes significados em função de
diferentes grupos de uma mesma sociedade.
Do ponto de vista farmacológico, drogas são substâncias ou materiais que, depois de introduzidos num organismo vivo, alteram processos bioquímicos, causando mudanças fisiológicas ou comportamentais.
As drogas que objetivam a cura são chamadas MEDICAMENTOS.
As drogas que buscam atenuar os sintomas de uma doenças são chamados REMÉDIOS.
Para a farmacologia, ramo da ciência que estuda as drogas utilizadas com finalidades
preventiva, diagnóstica ou terapêutica são denominadas fármacos ou medicamentos.
Os medicamentos podem ser classificados em naturais e sintéticos.
Os naturais são aqueles extraídos de fontes minerais, animais ou vegetais.
Os sintéticos são os produzidos em laboratórios por meio de processos químicos, e
atualmente representam cerca de 85% do mercado.
As substâncias contidas num medicamento podem ter ações terapêuticas:
Curativas: como os antibióticos, que removem o agente causador da doença;
Paliativas: que aliviam um sintoma da doença, como os analgésicos;
Substitutivas: quando repõem outra substância, como a insulina insuficiente ou
ausente.
VENENOS
Uma substância eficiente como remédio também pode causar danos à saúde, dependendo da dose utilizada...
O cientista Paracelso foi um dos primeiros cientistas a relacionar a cura de certas
doenças a substâncias específicas.
Theophrastus Philippus Aureolos Bombastus von
Hohenheim, com nome de Paracelso (1493 –
1541), ficou eternamente conhecido como o pai da
ciência que estuda os efeitos das substâncias sobre
os seres vivos: a Toxicologia, batizada por ele de
Iatroquímica ou Química Medicinal.
Sua frase mais célebre: A diferença entre o
remédio e o veneno é apenas a dose.
A toxicidade de uma substância pode ser classificada em aguda e crônica
Aguda: é decorrente de um único contato ou de vários contatos num período de 24 horas.
Crônica: Surge por contatos frequentes durante meses ou anos.
* Muitas substâncias que não causam danos de imediato podem, em longo prazo, provocar
até mutações genéticas, além de vários tipos de câncer.Venenos: substâncias que, ministradas por qualquer via ou desenvolvidas no próprio corpo, podem causar doenças ou matar.
Essas substâncias podem ser sintéticas (substâncias ativas nos inseticidas) ou produzidas por
organismos vivos, como as liberadas nas ferroadas de abelhas e picadas de cobras, chamadas
toxinas.
As toxinas podem ser definidas, grosseiramente, como um veneno biológico: são proteínas
produzidas por animais ou presentes em alimentos estragados, ou resultante de doenças
infecciosas.
Tanto as toxinas quanto os venenos são capazes de matar, podendo ser tratadas como
sinônimos.
Os venenos estão em toda parte: Nos alimentos, nos produtos de limpeza doméstica, nos medicamentos...
Exemplos: sal de cozinha, água...
No entanto, há mais riscos com substâncias presentes nos alimentos e que tem efeitos
nocivos à saúde.
Na Química dos alimentos essas substâncias são classificadas em:TOXINAS
ENDÓGENASComponentes naturais dos alimentos;
TOXINAS MICROBIANAS
Oriundas da atividade de fungos ou bactérias;
RESÍDUOS TÓXICOS
Produtos e substâncias que são incorporados aos alimentos, como agrotóxicos e medicamentos dados aos animais;
CONTAMINANTES TÓXICOS
Produtos e substâncias que contaminam alimentos durante o processamento industrial e a manipulação, no transporte ou no preparo culinário.
Nesses casos, e em milhares deles, o problema é o excesso
Toxidez de substâncias:
DL50: dose que, quando aplicada a um grupo de cobaias de laboratório, causa a morte
de metade delas. (dose letal para 50% do grupo)
É dada em miligramas de substâncias por quilograma de massa corporal para o animal
de teste. (mg/Kg)
Curiosidade:
Entre os mais poderosos venenos está a toxina botulina, com uma DL50 para ratos de
aproximadamente 3.10-8 mg/kg.
É produzida por um micro-organismo presente no solo, denominado Clostridium
botulinum, encontrado em frutas e vegetais mal lavados ou conservados de forma
inadequada.
Esse micróbio não resiste a altas temperaturas nem sobrevive em alimentos com pH
abaixo de 4,6.
Uma variedade dessa substância tem sido empregada na medicina por cirurgiões
plásticos e dermatologistas no intuito de suavizar rugas faciais, curar dores de cabeça e
torcicolos.
Será mesmo necessário injetar propositadamente uma toxina no organismo?
COSMÉTICOS... UM POUCO DE HISTÓRIA...O nome vem do grego kosmetikós: “o que serve para enfeitar”
Hoje os cosméticos são produtos usados para limpar, embelezar, perfumar, mudar o
aspecto visual, impedir a ocorrência de odores desagradáveis...
Os cosméticos são utilizados desde a antiguidade...
* Na Grécia antiga, as mulheres pintavam os lábios com cinabre (sulfeto de mercúrio),
uma substância tóxica.
* Em Roma, inventou-se um creme dental à base de pedra pomes moída e vinagre e, para
deixar os dentes mais brancos, era incluída urina humana na fórmula.
* Na Idade Média, usava-se fuligem para escurecer os cílios.
*No século XVIII, muitos homens e mulheres morreram devido ao pó branco que usavam
para empoar o rosto – que era feito à base de chumbo.
Mercúrio e chumbo, denominados metais pesados, acumulam-se no corpo,
afetando o sistema nervoso e provocando graves intoxicação que podem levar à
morte.
* Civilizações do Oriente e povos indígenas da América e da África também faziam amplo
uso de cosméticos e perfumes.
No século XIX, surgiu a chamada cosmética tecnológica, que, além da beleza, se preocupa
com a toxicidade dos produtos.
Para fabricar todos os produtos de higiene e cuidados pessoais que existem é necessário
conhecer e estudar muitos aspectos de corpo – a Farmacologia, um ramo da Química, faz
isso muito bem.
DROGAS
QUE
ATUAM
COMO
MEDICAMENTOS
USO DE MEDICAMENTOS
Falar de saúde é também falar de doença e até mesmo de morte.
Falar de saúde é falar da vida humana, e lidar com algo tão precioso e frágil envolve
questões éticas.
A Medicina, como qualquer ciência, tem se estabelecido com métodos confiáveis, mas
não infalíveis.
O tratamento ortodoxo em medicina sempre foi baseado em intervenção direta no
organismo, seja fisicamente – com manipulação ou remoção de tecidos ou órgãos
afetados – ou quimicamente – com a utilização de substâncias ativas presentes em
ervas, animais, materiais minerais, ou de substâncias sintetizadas pela indústria
farmacêutica.
Como muitas doenças surgiram, no século XX, justamente em decorrência de
tratamentos ortodoxos com produtos farmacêuticos, quer pelo seu uso prolongado ou
até mesmo por efeitos colaterais que só se manifestaram anos mais tarde, pois não
puderam ser identificados na fase de testes de medicamentos, a busca por tratamentos
médicos menos ortodoxos – terapias de tradição secular como a acupuntura e a
homeopatia, só tem aumentado.
QUÍMICA DOS FÁRMACOS E DAS DROGAS
Fármaco vem do grego phármakon = droga.
Substâncias produzidas pelo próprio organismo = endógenas (como a serotonina)
Substâncias externas ao organismo = exógenas (como ácido acetilsalicílico)
Para explicar a ação dos medicamentos no organismo, o químico alemão Hermann Emil
Fischer (1852 – 1919) formulou um modelo conhecido como chave-fechadura, utilizado até
os dias atuais.
Simplificadamente, esse modelo define que as moléculas das substâncias ativas no
organismo seriam como chaves específicas.
Essas chaves interagem com as macromoléculas do organismo, chamadas biorreceptores,
como se elas fossem fechaduras.
É dessa interação chave-fechadura que resulta a resposta farmacológica de substâncias
ativas presentes em medicamentos.
Todo medicamento possui um princípio ativo (fármaco), que é a principal substância da sua
fórmula, responsável pelo seu efeito terapêutico.
Morfina
Quinina
Da Papaver somniferum se
obtém o ópio, do qual se
extrai morfina (analgésico
mais poderoso conhecido
em 1853).
Cinchona officinalis contém
a quinina (antitérmico)
ASPIRINA = Ácido acetilsalicílico
Sua síntese foi feita pela primeira vez em 1853 por um químico francês, que descobriu a
estrutura química do ácido salicílico, substância de origem natural a partir da qual o ácido
acetilsalicílico foi obtido. 1899 a indústria Bayer obteve o registro da patente da aspirina.
A aspirina foi o primeiro comprimido produzido, visto que seu pó é pouco solúvel em
água.
Um século depois, apesar do surgimento de tantas novas drogas, a aspirina ainda é o
medicamento mais vendido no mundo. E atualmente, além de analgésico, é indicada para
o tratamento de muitas doenças, incluindo as cardíacas.
Úlceras e dores no estômago costumam ser os
efeitos colaterais do ácido acetilsalicílico após
utilização prolongada.
Paracetamol ou acetaminofen provocam menos
efeitos colaterais com o uso contínuo.
Medicamentos como os antigripais,
descongestionantes e antitussígenos possuem
princípios ativos derivados de aminas.
Ácido acetilsalicílico
Acetaminofen
ANTIBIÓTICOS
Os antibióticos forma descobertos em 1932, quando descobriu-se um pigmento
vermelho chamado prontosil, que curava certas infecções.
Antes disso, as pessoas não tinham com tratar infecções bacterianas.
A degradação do prontosil pelo processo in vivo gera a sulfanilamida, que combate as infecções bacterianas.
Outros derivados de
sulfanamidas foram
sintetizados e receberam o
nome de sulfas.
Estas agem como agentes
anti-infecciosos,
impedindo a multiplicação
de muitas bactérias.
PENICILINA
Em meados de 1928, o escocês Alexander Fleming, em seus estudos, pesquisava uma
colônia de bactérias causadoras de infecções no organismo humano.
E observou que suas bactérias foram contaminadas por um fungo (Penicilium notatum),
por descuido.
Em vez de descartar o sistema, continuou a observação e observou que o fungo passou a
produzir substâncias que destruíam as bactérias à sua volta. Após identificar e isolar essa
substância, nomeou-a de penicilina – um poderoso antibiótico que revolucionou a
medicina.
A elucidação da estrutura da penicilina e
do seu modo de ação impulsionaram as
pesquisas em busca de novos
antibióticos, mais eficientes e com
menos efeitos colaterais. Hoje são
conhecidos mais de mil antibióticos,
variando em fórmula e estrutura.
Os antibióticos devem ser usados apenas quando necessário, e são eficazes somente se
usados de maneira adequada.
Alguns são administrados durante 5, 10 ou 14 dias, e uma vez iniciado o tratamento, não se
deve interrompê-lo, mesmo se os sintomas passarem, pois a infecção pode não estar
completamente eliminada, restando os micro-organismos mais resistentes da colônia.
Ao longo dos anos, as bactérias também se tornam mais resistentes em decorrência do
abuso e do uso incorreto do medicamento. Elas ficam resistentes ao antibiótico ministrado
com frequencia, forçando o paciente a optar por algum outro tipo. O perigo é não haver
um substituto mais potente.
COQUETEL PARA TRATAMENTO DA AIDS
Em 1984, o agente etiológico da AIDS (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida) foi
identificado e denominado HIV (Human Immunodecience Vírus, ou vírus da
imunodeficiência humana).
Em 1986 surgiram as primeiras drogas do grupo AZT (azidotimidina ou zidovudina) usadas
no tratamento da AIDS, diminuindo a mortalidade de pacientes com a síndrome. Mais
tarde surgiram novos medicamentos com menos efeitos colaterais.
DROGAS
QUE
ATUAM
COMO
VENENO
Muitas drogas atuam no sistema nervoso central, como os analgésicos, que bloqueiam a
sensação de dor.
Essas drogas podem ser classificadas como: depressoras, perturbadoras ou estimulantes.
Todas elas alteram a comunicação química mediante a ativação ou desativação de certos
neurotransmissores, que são as substâncias que transmitem sinais elétricos no sistema
nervoso central, mas produzem resultados diferentes no comportamento de quem as
ingere.
Com as drogas estimulantes, há um aumento na atividade cerebral, deixando a pessoa
elétrica, ao passo que as drogas depressoras deixam seus usuários mais aquietados, pois
reduzem a atividade do cérebro.
ÁLCOOL
É uma droga depressora do SNC, ou seja, não atua num neurotransmissor específico, mas
diminui a transmissão dos sinais nervosos, provocando distúrbios na capacidade de
percepção e nas habilidades.
Seu efeito no organismo produz, em princípio, sensação de euforia, relaxamento, torna a
pessoa mais efusiva, diminui a tensão, a ansiedade e o tédio, mas reduz o reflexo a
estímulos externos.
Essa é a principal razão para que seja proibido dirigir após o consumo de bebidas alcoólicas.
Segundo a Polícia Rodoviária Federal, no
Brasil morrem mais de 35 mil pessoas a
cada ano em acidentes de trânsito e,
metade dessas mortes é provocada por
condutores alcoolizados.
Ao ser ingerido em grandes quantidades,
o álcool atua como veneno, causando
intoxicação, e morte.
O fígado humano consegue metabolizar cerca de 15 mL de álcool por hora, porém,
enquanto trabalha na eliminação do álcool deixa de metabolizar outras substâncias tóxicas
produzidas pelo organismo. Então, a permanência do álcool por longo tempo no
organismo afeta uma série de outras funções do corpo.
Está comprovado que o consumo constante de bebidas alcoólicas favorece o
aparecimento de doenças como hepatite, distúrbios do coração., do pâncreas e alguns
tipos de câncer, tais como de garganta, de boca, de esôfago e de cordas vocais.
Ingerido em pequenas quantidades é metabolizado de acordo com o esquema:
Substância responsável pela ressaca
CIGARRO
No cigarro encontra-se uma enorme
quantidade de substâncias. A começar por
sua fumaça, que já é considerada um
grande poluente atmosférico, diversas
doenças são provocadas por substâncias
tóxicas inaladas pelos fumantes, como
problemas de visão, câncer de bexiga,
problemas estomacais e intestinais, câncer
de rim, do pâncreas, entre outros.
As substâncias presentes na fumada dos
cigarros podem até branquear os cabelos e
causar calvície.
Benzopireno
O alcatrão de fumo é uma mistura gasosa
liberada durante a queima e que contém
mais de 4000 substâncias. Dessas, pelo
menos 60, como o benzopireno e alguns
metais, são cancerígenos e causam
alterações nos genes das células
comprometidas com a divisão celular,
favorecendo a multiplicação celular
descontrolada e a consequente formação de
tumores.
A causadora da dependência em
cigarros é a nicotina, que atua
diretamente no SNC e provoca uma
sensação de bem-estar agradável e
passageira. E quanto mais se fuma,
mais o organismo se adapta à droga.
A nicotina aumenta a capacidade de
circulação sanguínea, aumenta a
deposição de gorduras nas paredes
dos vasos sanguíneos e sobrecarrega
o coração, podendo levar a infarto.
Uma estratégia adotada pelas companhias de tabaco é seduzir os jovens.
A estratégia visa reabastecer as fileiras daqueles que deixam de fumar ou morrem, pelos
consumidores que serão regulares amanhã.
O cigarro promove o envelhecimento precoce da pele. A fumaça libera radicais livres,
espécies químicas muito reativas, que promovem morte celular contribuindo para o
aparecimento de rugas e para o aumento da predisposição do câncer de pele e de boca.
A elevada temperatura da ponta do cigarro também contribui para o envelhecimento
precoce da pele e dos cabelos; a cor amarelada nos dentes, unhas e pele do rosto vem
do alcatrão presente na composição do cigarro.
ANFETAMINAS
Algumas drogas atuam no hipotálamo, parte do cérebro que regula o apetite, inibindo
a fome e provocando sensação de saciedade. Outras inibem a absorção de gorduras
pelo intestino. Genericamente chamadas de “remédios para emagrecer”, essas drogas
, se não forem bem administradas, podem até matar.
As anfetaminas são drogas de uso controlado por causarem dependência e alteração
do comportamento do indivíduo, provocando diminuição ou perda de apetite, insônia,
falta de afetividade, agressividade, taquicardia, sudorese, etc.
Durante a Segunda Guerra Mundial, a benzidrina foi largamente utilizada por soldados
que queriam evitar a fadiga, aumentar a coragem e diminuir a consciência do perigo,
acarretando pelo uso indiscriminado, dentre outros, erros fatais nas aterrissagens por
parte dos pilotos.
ANABOLIZANTES
Os Esteroides Anabólicos Androgênicos (EAA), ou anabolizantes, são hormônios
sintéticos derivados da testosterona.
Eles possuem propriedades que favorecem o aumento da massa muscular e
desenvolvem características masculinas.
Na medicina são usados para tratar pacientes com distúrbios que provoque queda nos
níveis de testosterona ou tratamentos de obesidade, pois o hormônio masculino
provoca um aumento do metabolismo do organismo, aumentando a “queima” de
gorduras.
Os anabolizantes tem sido usados, com bons resultados, no tratamento de pessoas
com AIDS, pois o hormônio reforça o sistema imunológico.
Testosterona
QUÍMICA DOS COSMÉTICOS
PERFUME
Significa odor natural ou artificial agradável. Deriva da palavra “fumo”, pois os
método utilizado para perfumar ambientes consistia em queimar materiais em
defumadores. Isso era feito para invocar deuses, curar doenças ou, simplesmente,
para seduzir.
Os perfumes são soluções de essências dissolvidas em um ou mais solventes,
geralmente água e álcool.
As principais fontes de perfumes são as plantas, mas também podem ser utilizados
essências de origem animal.
Felizmente as essências sintéticas estão substituindo, gradativamente, as essências
naturais, evitando o sacrifício e extinção de espécies vegetais e animais.
CREMES HIDRATANTES
São a base para vários outros tipos de cremes de tratamento de beleza, tendo como
principal função proteger a pele contra o ressecamento e manter a sua adequada
elasticidade.
O ingrediente básico é a lanolina, que é uma mistura de ácidos graxos (gorduras) e seus
ésteres, que tem aspecto de massa branca amarelada e consistência pastosa.
É sintetizada pelas glândulas foliculares da pele e tem propriedades hidrofílicas, ou seja,
apresenta grupos funcionais que interagem fortemente com moléculas de água, o que
lhe confere um eficiente poder hidratante e amaciante.
Atualmente as indústrias, no intuito de ampliar o mercado de consumidores e criar
novidades, adicionam vitaminas, substâncias fitoterápicas e outros componentes, para
criar diferentes cremes de tratamento de beleza que, além de promover a hidratação,
possam combater o envelhecimento e amenizar efeitos desagradáveis à pele.
A lanolina, presente
nos cremes hidratantes,
sabonetes e amaciantes
de roupas, é um
material constituído
por vários tipos de
substâncias, como
ésteres, álcoois e
ácidos graxos.
Colesterol
OS DESODORANTES
O suor, aquele líquido desagradável e incômodo que muitas vezes pode nos deixar
desconfortáveis e não muito cheirosos, tem importantes funções para o metabolismo
humano, como conduzir água para a superfície da pele a fim de manter a temperatura
corporal e a manter sua hidratação.
A composição química do suor é, basicamente, 99% de água e, em ordem de concentração
do maior para o menor, íons cloreto, sódio, potássio, ureia, amoníaco, ácido lático e
proteínas.
A transpiração corporal é proveniente do trabalho de 2 a 5 milhões de glândulas
sudoríparas espalhadas por quase todo o corpo.
O suor humano é uma solução quase inodora (não tem cheiro), porém as associações com
micro-organismos existentes normalmente na pele, que interagem com os componentes
do suor, é que causam odor desagradável e algumas doenças da pele, como a acne.
O odor de uma pessoa não está associado com a quantidade de suor que ela produz, mas
com a quantidade de bactérias existentes em sua pele.
Os cosméticos antissudorais apresentam-se no mercado como desodorantes, que são
compostos por substâncias capazes de favorecer as atividades microbianas, e os
antitranspirantes, que agem diminuindo a produção de suor pelas glândulas sudoríparas, e
a adstringência e outras funções que impeçam o metabolismo dos micro-organismos.
Quimicamente pode-se destacar algumas substâncias que fazem parte da composição dos
desodorantes como sulfato de zinco, cloreto de zinco, sulfofenato de zinco, sulfofenato de
alumínio, cloridróxido de alumínio, bicarbonato de sódio, triclosan, brometo de
cetiltrimetilamônio, éster trietílico do ácido cítrico.
O CREME DENTAL
Os dentifrícios possuem a função de remoção da placa bacteriana e garantem a limpeza e
polimento dos dentes.
Existem três tipos: a anticárie, que contém flúor; a antitártaro, que contém substâncias
que reduzem a formação de tártaro; e as antiplacas, que contém substâncias
antimicrobianas.
A composição dos cremes dentais inclui algumas substâncias que permitem atuar
conforme a necessidade, como o bicarbonato de sódio, substância alcalinizante capaz de
neutralizar os ácidos produzidos pela placa bacteriana durante a metabolização do açúcar.
Os tipos de flúor e sua concentração variam de acordo com o tipo de abrasivo que a pasta
contém. A ação clareadora da pasta de dente é muito discutida e pode ser contraindicada.
XAMPUS E CONDICIONADORES
O xampu, palavra que em sua origem significa amassar ou massagear os cabelos, nasceu na
Indonésia. Os ingleses levaram a novidade para seus país e a palavra sofreu influências de lá.
Aqui, usa-se a grafia própria, que é xampu, apesar do mundo comercial preferir a de origem
inglesa.
Os xampus são detergentes, ou seja, substâncias capazes de desengordurar. Possuem em
sua formulação os surfactantes ou tensoativos, substâncias que apresentam de fato a ação
detergente, limpando sujeiras associadas a óleos e graxas.
Quando o cabelo está sujo, ele contém óleo proveniente do próprio corpo, insolúvel em
água, associado às sujeiras provenientes de poeiras existentes no ambiente. O xampu,
associado à água da lavagem, possibilita a dispersão da sujeira e gordura do cabelo em água.
O cabelo é constituído, basicamente, de uma proteína chamada queratina. Em cada fio
existem milhares de cadeias de queratinas entrelaçadas em forma de espiral, gerando placas
que se sobrepõem, resultando em um longo e fino “cordão” proteico. Essas proteínas
interagem fortemente entre si, por várias maneiras, o que resulta na forma característica de
cada cabelo: liso, enrolado, ondulado...
Existe na formulação dos xampus basicamente dois tipos de substâncias: o tensoativo
aniônico (um tipo de detergente) e a alcanolamida (ou amida). O primeiro retira gordura e
sujeira mas resseca o cabelo e promove uma ação eletrostática nos fios, deixando-os
rebeldes, por causa da repulsão entre as moléculas do tensoativo aniônico (negativos) que
permanecem no cabelo mesmo depois do enxágue. A alcanolamida repõe um pouquinho da
oleosidade retirada pelo detergente, para diminuir o ressecamento.
Portanto, xampu para cabelos oleosos contém pouca alcanolamida e mais tensoativo; e os
xampus para cabelos secos possuem uma quantidade maior de alcanolamida e menor de
tensoativo.
Dietanolamida de ácido graxo
Além dos xampus usados para o banho,
você utiliza condicionadores. Eles são
feitos a partir de surfactantes catiônicos e
em sua composição existem também
outros produtos para repor a oleosidade
retirada pelo xampu.
Quando os cabelos são lavados pelos xampus, os surfactantes
aniônicos se associam à queratina dos fios de cabelo, que ficam
carregados eletricamente, e as escamas de queratina que
formam os fios de cabelo ficam levantadas, com aspecto mais
quebradiço e sujeito a agressões.
Os condicionadores tem a unção de eliminar a eletricidade do
cabelo porque interagindo fracamente com polímeros e
proteínas neutras, são capazes de agregar e arrastar moléculas
de xampu que ainda estão no cabelo.
Assim as escamas do cabelo se fecham, o pH do cabelo fica
equilibrado e os cabelos ganham maleabilidade.