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CONSIDERAÇÕES ACERCA DAS INTERFACES ENTRE CONFIGURAÇÕES FAMILIARES, POLÍTICA SOCIAL E ASSISTÊNCIA SOCIAL Larissa Tuane Lima do Nascimento 1 RESUMO Esse artigo objetiva produzir um estudo da família enquanto instituição e como grupo na sociedade contemporânea, a fim de compreender como se estabelecem as relações entre Famílias e a Política de Assistência Social. A pesquisa ocorreu por meio de levantamento de literatura sobre as temáticas Política Social, Assistência Social e Configurações Familiares e apresentou como resultados: o debate acerca da concepção de família é considerado mais acessível e ampliado, todavia são conservadas as mesmas expectativas sobre o seu papel e suas responsabilidades na qualidade de um grupo e/ou arranjo responsável pela proteção e cuidados dos indivíduos que o compõem. Palavras-chave: Famílias; Política Social; Assistência Social. ABSTRACT This paper aims to produce a study about the family as an institution and as a group in contemporary society, to understand how the relationships between Families and Social Welfare Policy are established. The research was developped since a survey on the literature about Social Policy, Social Work and Family Settings thematics, and presented the following results: the debate about the concept of family is considered more accessible and expanded, but the same expectations about their role and their responsibilities as a group and/or arrangement in charge of the protection and care of individuals who compose it are preserved. Keywords: Families; Social policy; Social Work. I. INTRODUÇÃO O presente artigo apresenta resultados parciais do Relatório de Iniciação Científica vinculado ao projeto de pesquisa “NOVAS CONFIGURAÇÕES E PRÁTICAS SOCIAIS DAS FAMÍLIAS USUÁRIAS DO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA EM BELÉM DO PARÁ”, desenvolvido pelo Grupo de Estudos, Pesquisa e Extensão INTERFACES – Gêneros, Famílias e Gerações, da Faculdade de Serviço Social da UFPA 2 . Esta pesquisa tem como objetivo produzir um estudo da família, enquanto instituição e como grupo na 1 Estudante da Universidade Federal do Pará. [email protected] 2Universidade Federal do Pará.

CONSIDERAÇÕES ACERCA DAS INTERFACES ENTRE CONFIGURAÇÕES FAMILIARES ... · compreender como se estabelecem as relações entre Famílias e a Política de Assistência Social. A

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CONSIDERAÇÕES ACERCA DAS INTERFACES ENTRE CONFIGURAÇÕES FAMILIARES, POLÍTICA SOCIAL E ASSISTÊNCIA SOCIAL

Larissa Tuane Lima do Nascimento1

RESUMO Esse artigo objetiva produzir um estudo da família enquanto instituição e como grupo na sociedade contemporânea, a fim de compreender como se estabelecem as relações entre Famílias e a Política de Assistência Social. A pesquisa ocorreu por meio de levantamento de literatura sobre as temáticas Política Social, Assistência Social e Configurações Familiares e apresentou como resultados: o debate acerca da concepção de família é considerado mais acessível e ampliado, todavia são conservadas as mesmas expectativas sobre o seu papel e suas responsabilidades na qualidade de um grupo e/ou arranjo responsável pela proteção e cuidados dos indivíduos que o compõem.

Palavras-chave: Famílias; Política Social; Assistência Social.

ABSTRACT This paper aims to produce a study about the family as an institution and as a group in contemporary society, to understand how the relationships between Families and Social Welfare Policy are established. The research was developped since a survey on the literature about Social Policy, Social Work and Family Settings thematics, and presented the following results: the debate about the concept of family is considered more accessible and expanded, but the same expectations about their role and their responsibilities as a group and/or arrangement in charge of the protection and care of individuals who compose it are preserved.

Keywords: Families; Social policy; Social Work.

I. INTRODUÇÃO

O presente artigo apresenta resultados parciais do Relatório de Iniciação

Científica vinculado ao projeto de pesquisa “NOVAS CONFIGURAÇÕES E PRÁTICAS

SOCIAIS DAS FAMÍLIAS USUÁRIAS DO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA EM BELÉM DO

PARÁ”, desenvolvido pelo Grupo de Estudos, Pesquisa e Extensão INTERFACES –

Gêneros, Famílias e Gerações, da Faculdade de Serviço Social da UFPA2. Esta pesquisa

tem como objetivo produzir um estudo da família, enquanto instituição e como grupo na

1 Estudante da Universidade Federal do Pará. [email protected]

2Universidade Federal do Pará.

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sociedade contemporânea, a fim de compreender por meio das especificidades das famílias

da Amazônia, como se estabelecem as relações entre famílias e a política de Assistência

Social, tendo como ponto de partida o acesso ao Programa Bolsa Família. Para tal, esse

estudo inicial tem como delineamento o levantamento de revisão de literatura sobre as

temáticas de Política Social, Assistência Social e Configurações Familiares.

Isto posto, ao revisitar a literatura especializada que reflete sobre a categoria

família, é possível observar vários posicionamentos quanto a sua origem e função. Uma

delas é de que esta é vista como a mais antiga instituição social que se relaciona com o

privado e o público pois é afetada pelas particularidades da chamada “questão social”3.

Segundo Petrine, Alcântara e Moreira (2009), “para alguns, a família como instituição, está

relacionada ao inevitável conservadorismo. Outros a consideram um recurso para a pessoa

e para a sociedade, por inserir o indivíduo em processos fundamentais da constituição da

identidade”.

Para Therborn (2006), a instituição família é configurada por um agrupamento de

normas que definem direitos e deveres entre os membros que a compõem, bem como os

afetos e as intimidades. Já, para Mioto (2010), a família é um espaço altamente complexo

em que as relações sociais são construídas historicamente a partir das negociações entre

seus membros, e entre seus membros e outras esferas da sociedade, a exemplo do

mercado e do Estado. A autora pontua ainda que a família é produtora de subjetividades,

além de ser um polo de cuidado e de redistribuição de recursos. Ou seja, seu papel principal

é o de socializar seus membros por ser considerada portadora de um caráter social protetivo.

Ante as diversas conceituações existentes sobre categoria família em seu molde

nuclear, eis que faz-se mister os questionamentos acerca desta, pressupondo a pluralidade

de arranjos e configurações familiares, pois, se constitui em uma temática contemporânea

complexa, principalmente no que tange o entendimento da garantia de direitos aos seus

membros. Uma vez que se exige a compreensão do lugar que ocupam no âmbito social,

cultural e econômico, traduzidas nas políticas públicas de Seguridade Social, em especial a

Assistência, foco desta pesquisa.

II. DESENVOLVIMENTO

3 Segundo Iamamoto e Carvalho (2000), “A questão social não é senão as expressões do processo de formação e desenvolvimento da classe operária e de seu ingresso no cenário político da sociedade, exigindo seu reconhecimento como classe por parte do empresariado e do Estado. É a manifestação, no cotidiano da vida social, da contradição entre o proletariado e a burguesia, a qual passa a exigir outros tipos de intervenção mais além da caridade e repressão.”

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II.I. Notas sobre as obras de Goldani (1993) e Sarti (2010) para o entendimento

das configurações familiares no Brasil.

A necessidade da realização de revisão de literatura tem em vista apreender e

refletir acerca do vasto campo de discussões em torno da categoria família. Destarte, a

revisão aqui exposta se deteve a dois estudos. O primeiro da Ana Maria Goldani (1993),

socióloga pós-doutora pela University of Texas System (1993), que retrata a discussão

sobre as famílias brasileiras e as mudanças sobre a estrutura que acarreta no discurso

moralizante da crise na família. E um segundo da antropóloga Cynthia Andersen Sarti

(2010), A família como espelho: um estudo sobre a moral dos pobres, em que traz vários

elementos para pensar a família pobre (em sua maioria) no contexto do Brasil.

Com base no exposto acima, Ana Maria Goldani (1993), em seu estudo sobre As

famílias no Brasil contemporâneo e o mito da desestruturação anuncia que a família se

constitui enquanto instituição de confiança. Expressa ainda que os discursos sobre as

alterações na família, bem como as circunstâncias que a originam, são demasiadamente

variadas.

Ela exemplifica trazendo a visão das pesquisas de opinião pública e os discursos

políticos para mostrar o paradoxo posto à família. Segundo sua pesquisa, relacionadas a

pesquisa de opinião pública se tem por um lado, considerações de que a família é uma

instituição que comportam relações de confiança entre seus pares, e por outro, a família

seria uma instituição em fragmentação e/ou crise. Já nos discursos políticos, por meio do

debate acerca da seguridade social é verificado a efetivação de novos direitos e deveres

constitucionais dos membros da família, realizando o que ela chamará de “uma associação

entre família, crise e Estado” (Goldani, 1993 p.69). Nessa situação, a fala sobre família está

muito mais relacionada “à ordem estabelecida do que com as mudanças”, conferindo ao

crescimento populacional a responsabilidade pela chamada crise da família. Já a partir dos

estudos sociológicos sobre família e a visão dos grupos feministas, o destaque posto às

mudanças nas relações familiares é apreendido como parte de um movimento amplo de

transformações econômico e sociais, não estando a família a parte dessas transformações.

E, por este motivo, não consideram o desaparecimento da família. Como diz Goldani (1993,

p.69), os principais argumentos que sustentam a ideia do desaparecimento da família,

…giram em torno das mudanças nos padrões de comportamento, desde o aumento de novos tipos de uniões entre os sexos, declínio da fecundidade, aumento das mães solteiras e de separações e divórcios, novos padrões de sociabilidade e relações de gênero, até a participação de mulheres, crianças e adolescentes no mercado de trabalho formal e informal.

Outra justificativa que a autora nos coloca, é a de que a chamada crise da

família está estritamente ligada a determinados modelos de famílias visto como conservador.

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Um deles é o da “Família Patriarcal”. A família Patriarcal na sociedade brasileira foi e é

estimulada e corroborada pela igreja católica. Neste modelo há a agregação de parentes em

um sistema de hierarquias e de valores em que se destacam a autoridade paterna,

consequentemente o homem sobre a mulher. Outros aspectos são a monogamia, a não

concessão da separação dos casais, e a reafirmação da procriação.

Além dessa, se apresenta a partir do crescimento urbano do país, o modelo da

“Família classe média urbana”. Esta família continua a concentrar suas relações em torno

das funções reprodutoras, tendo como destaque o lugar assumido pelas crianças.

Diferentemente do primeiro, este modelo familiar prima pelo individualismo, intimidade dos

seus membros, assim como as relações afetivas dos mesmos, originando novas práticas de

sociabilidade. E, como nos remonta a autora,

parece que é entre os estereótipos extremos, o de uma “família patriarcal”, associado com o antigo, ou “tradicional”, e o de uma família “classe média urbana”, vista como o novo, o moderno – que encontraria apoio e eco a percepção pública negativa da chamada crise da família” (Goldani 1993, p.70).

Goldani (1993) chama atenção ainda, que este sentimento de falência perante a

família, pode estar correspondente com o fato do Estado não ser capaz de propiciar os

serviços sociais básicos às famílias que deles necessitam e seus dependentes, o que

geraria especulações sobre a debilidade e insegurança da família enquanto instituição.

Ao revisar este estudo, se percebe que a autora é de acordo com a ideia da não

falência da família como instituição, uma vez que traz a tona diversos argumentos que

sugerem este posicionamento. São eles, por exemplo, as mudanças demográficas que

como efeito impactam na estrutura etária e longevidade da população. Para ela, o maior

tempo de vida das pessoas, e as infindáveis dificuldades econômicas atreladas a ineficácia

do Estado de superá-las, fazem com que um maior número de famílias necessitem arcar

com cuidados a seus dependentes.

Assim sendo, entender a família enquanto processo e não como núcleos imóveis

na história e no tempo, permite perceber que os laços familiares e de parentesco, ainda que

sob outros moldes estruturais, se fortalecem, sendo esta uma leitura diferente para a “crise”

da família no Brasil. Nesse sentido, compreende-se que,

… mudaram as condições de reprodução da população, os padrões de relacionamento entre os membros da família, os modelos de autoridade estão em questionamento, e a posição da mulher alterou-se profundamente. Completando o quadro, até mesmo a legislação brasileira redefiniu o conceito de família (Goldani 1993, p.72).

Sobre os direitos adquiridos com a constituição de 1988, a família passa a ser

vista como a “união estável entre homem e mulher ou qualquer dos pais e seus

descendentes” (Goldani, 1993 p.72). Dessa forma, alteram-se o direito do domínio dos

homens sobre as mulheres casadas, desembaraçam os processos de divórcio, reconhecem-

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se em lei os mesmos direitos quanto aos filhos – adotivos e não adotivos – e constituem-se

a partir da posição que ocupam, direitos e deveres de cada membro familiar.

Ainda em relação as mudanças nas estruturas familiares brasileiras, é

importante dizer que as famílias comportam-se enquanto agentes das transformações

sociais, econômicas, políticas e culturais nos quais se inserem historicamente. Em sua

análise, Ana Maria Goldani (1993) reconhece inclusive o local da família pobre no cenário

brasileiro para então situar a forma como elas estão compostas.

Sendo assim, ela analisa que são as formas de precariedade de vida das

famílias da periferia urbana, que definirão em um maior grau a forma como esta irá se

organizar internamente. É desta debilidade das condições de vida que se atribui o conceito

de “família desestruturada”. A família desestruturada é aqui colocado como uma suposta

desorganização familiar entre os pobres, considerado por Goldani (1993) como um mito

carregado de estereótipos de “perversidade e estigma na medida que influi no

comportamento daqueles que nele acreditam e serve para desqualificar o pobre” (Goldani

1993, p.74).

Mais uma vez sobre a organização da vida familiar do pobre, têm-se como

destaque o lançamento das mulheres, dos jovens e das crianças ao mercado de trabalho

precocemente, pelo fato das famílias das camadas populares estarem constantemente

ameaçados pelos baixos salários ou falta de empregos. O que não ocorre com as famílias

brasileiras da classe média urbana, que prima seus arranjos familiares nos moldes

alternativos, que estaria ligado “em um contexto de abertura no leque das opções individuais

e estilos de vida” (Goldani 1993, p.75). Conclui-se, que a lógica individual das famílias da

classe média, substitui a lógica da solidariedade posta nas camadas pobres como um

movimento de enfrentamento da pobreza a fim de uma sociedade familiar menos desigual.

Outra unidade doméstica a ser considerada é a denominada “não famílias”. Este

grupo tem sua fundamentação nas ordens unipessoais, ou seja, as pessoas que residem

sozinhas. Estes grupos unipessoais podem simbolizar, similarmente, “uma espécie de

família em uma etapa de desagregação do núcleo familiar” (Goldani 1993, p.87).

Normalmente, vê-se que estes arranjos unipessoais são formados em sua maioria por

homem mais jovens e solteiros, ou mulheres mais velhas e/ou viúvas.

Quanto à conceituação de família de modo global, é comum que as referências

indiquem que esta se constitui enquanto “grupo de pessoas que residem em uma mesma

casa, mantém relações de parentesco e dependência e mantém relações de hierarquias”

(Goldani 1993, p.88). Assim sendo, a “crise” da família nada mais seria que as mudanças

significativas relacionadas as condições, valores e modos de vida de uma determinada

população, que afeta diretamente os arranjos familiares e as classes sociais.

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Sobre as famílias pobres (centralidade do estudo desta pesquisa) e a moralidade

imposta a elas, Cynthia Andersen Sarti (2010), no capitulo três da obra indicada

anteriormente, explicita que as relações familiares nas camadas populares evidencia que o

poder paternal perde sua força simbólica, quando se torna incapaz de mobilizar aspectos

indispensáveis para desenvolver a obediência dos outros membros, afetando o pilar dos

padrões patriarcais que sustentam as famílias pobres. Esta afirmação é situada na medida

em que ela irá informar que nos estudos sobre os pobres na área urbana, ainda é evidente a

reafirmação da autoridade paterna como o interventor da família com o mundo externo, e,

na ausência deste homem mediador, fragilizam-se as relações de provimento material.

Ambas as autoras demonstram que no Brasil ainda existem o predomínio conservador da

ideia da família patriarcal.

Diante disto, é possível verificar a separação entre os papeis masculinos e

femininos perante a hierarquia familiar, na qual se outorga ao homem o lugar da autoridade

na família que, como diz a autora, “trabalhador e pobre, não encontra no mundo da rua”

(Sarti 2010, p.61). Esta responsabilidade perante a família é onde se gesta a “moral do

homem”. E, quando este pai não consegue ser o provedor ou quando exerce uma má

autoridade, “é sobre ele que recai mais forte o peso do fracasso. É o homem que falta com

sua obrigação quando o dinheiro não dá” (Sarti 2010, p. 61).

Em contrapeso, cabe a mulher nessa estrutura, desenvolver o exercício da boa

dona de casa e dentro desta relação de qualidade, se insere o fato da esposa ter de saber

como administrar o pouco dinheiro que o marido traz para casa. Dessa forma, os papeis

familiares para os pobres possuem um caráter de complementariedade, quando o único

objetivo da união entre os pares, é a divisão do pouco que se tem (materialmente falando).

O caso do homem ser reconhecido como a pessoa que possui o poder na família,

não significa que a mulher também não o possua. Sarti (2010), traz que nesta relação de

autoridade há um sentido de dever e complementariedade, e o que diferencia esta

autoridade é a correspondência entre a casa e a família. Sendo assim, em consenso, a

autoridade da mulher é colocada perante a organização da casa, e a do homem sobre a

família. Ela coloca que “casa e família, como mulher e homem, constituem um par

complementar, mas hierárquico” (Sarti 2010, p.63). Irá competir ainda à mulher em sua

autoridade, manter a unidade dos membros que compõe o grupo, sendo dever dela cuidar

para que tudo esteja em seu devido lugar. Para Sarti (2010, p. 54), “a autoridade feminina

vincula-se à valorização da mãe, num universo simbólico em que a maternidade faz da

mulher, mulher, tornando-a reconhecida como tal”. Outra justificativa para o poder feminino

é o de controlar o dinheiro que entra para a manutenção da casa.

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Ainda para a população pobre, a família irá ultrapassar as fronteiras da casa,

compreendendo as relações de parentesco mais abrangente, principalmente quando não

existe uma casa “própria” em que possa ser exercido plenamente as diferenciações de

papéis acima relatados. Portanto, é necessário partir do pressuposto que para entender a

sociabilidade da família pobre, é necessário também entender as dinâmicas entre a casa e a

família. É importante salientar, que a autora expõe que nas redes de parentesco da família

pobre, é fundamental apreender que na sua constituição se inserem os fatores

socioeconômicos, como exemplo os empregos instáveis, e a dificuldade do estabelecimento

de relações que permeiem um ciclo familiar sem rupturas. Ou seja, “isso significa dizer que

as famílias desfeitas são mais pobres e, num círculo vicioso, as famílias mais pobres

desfazem-se mais facilmente” (Sarti 2010, p.66).

Relacionados às chefias familiares, vê-se que nas famílias regidas por homens

há uma tendência na repetição das rupturas conjugais, e nas famílias chefiadas por

mulheres se verifica uma maior precariedade estrutural. No entanto, quando a chefia passa

a ser feminina, a mulher encontra nessa ocasião a oportunidade de assumir o papel

masculino de “chefe” e definir-se enquanto tal, já que para as mulheres pobres acostumadas

ao trabalho, o fato de tornarem-se provedoras não se torna uma dificuldade e/ou novidade.

Todavia, é reparado que para o sustento da família, chefiada pela provedora e

trabalhadora, é preciso que haja uma mobilização de um conjunto familiar que extrapole o

núcleo da casa, configurando “uma estreita dependência entre os laços consanguíneos e

laços conjugais em qualquer sociedade”, e esta rede de solidariedade quando “na

impossibilidade de serem exercidos pela mãe-esposa-dona-de-casa, são igualmente

transferidos para outras mulheres da família, de fora ou dentro da unidade doméstica” (Sarti

2010, p.68).

Porém, como em toda estrutura patriarcal, a família ainda que chefiada por

mulheres, não garante à mulher uma centralidade ou uma importância devida. Nas

situações em que as mulheres são responsáveis por suas famílias, elas cumprem seu papel

sexual, de zeladora do lar e dos bons modos. Mas, ainda assim, a família continua sendo

“pensada como uma ordem moral, onde o homem representa a autoridade” (Sarti 2010, p.70)

e mesmo na ausência do marido/pai, há a delegação da responsabilidade masculina a

outros membros homens da casa. Como sugere a autora,

Não é, portanto, necessariamente o controle dos recursos internos do grupo doméstico que fundamenta a autoridade do homem, mas sim seu papel de intermediário entre a família e o mundo externo, em seu papel de guardião da respeitabilidade familiar (Sarti 2010, p.70).

Para tanto, a análise que Sarti (2010) faz da família pobre, é que ela se constitui

não como um “núcleo”, mas como uma “rede”, com ramais que agregam a rede de parentes

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como uma totalidade. Dessa forma, configura-se uma teia de incumbências morais que

entrelaçam todos os membros da família. Essas responsabilidades morais possuem então

dois sentidos, sendo um o impedimento da individualização dos seus componentes, e um

segundo, a viabilização da família como um local de subsistência e apoio. Assim, a família

para os pobres “associa-se àqueles em que se pode confiar. Sua delimitação não se vincula

à pertinência a um grupo genealógico, e a extensão vertical do parentesco restringe-se

àqueles com quem convivem ou conviveram, raramente passando dos avós” (Sarti 2010,

p.85).

Diferentemente das famílias ricas que usam seu sobrenome como uma garantia

de poder e status, as famílias pobres são determinadas pela rede de obrigações

estabelecidas para “aqueles com quem se pode confiar” e, são estes, os considerados “da

família”. Logo, a percepção de família para o pobre é definida “em torno de um eixo moral”

(Sarti 2010, p.85), ou seja, a autenticidade do grupo familiar tem como essência a

disposição dos componentes do grupo de receber as obrigações morais. Esta

correspondência dos membros nem sempre ocorre de forma imediata, por este motivo as

retribuições de responsabilidades uns com os outros, transcorrem das relações de confiança.

Sarti (2010, p.86) conclui então que, “a família como ordem moral, fundada num dar, receber

e retribuir contínuos, torna-se uma referência simbólica fundamental, uma linguagem através

da qual os pobres traduzem o mundo social, orientando e atribuindo significado a suas

relações dentro e fora de casa.

Em vista disso, pensar e trabalhar com famílias requer reflexões em torno não só

da categoria família, mas também de suas intersecções com outras categorias como as de

classes sociais, gênero, geração e etária, considerando os contextos urbano e rural, bem

como a raça/etnia que demarcam hierarquias e características das famílias na sociedade

brasileira.

II.II Interfaces entre Famílias, Política Social e Assistência Social.

Concernente a discussão anterior sobre Famílias, em conjunto ao debate com a

Política Social Brasileira, há um consenso em dizer que a família não é uma instituição

apenas natural, biológica, restrita a consanguinidade ou a relações de parentesco. Para

Sarti (2015), delimitar a concepção de família tem se tornado uma lida cada vez mais difícil

devido suas redes de laços e solidariedade. No entanto, como já mencionado, é de comum

acordo a ideia de que família é um agrupamento de pessoas que se constitui de modo não

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naturalizável, responsável pela formação da personalidade e socialização de cada indivíduo

que a compõe, bem como de manter a proteção social dos mesmos.

Além disso, a família pode ser vista como uma associação construída e

modificada a partir da articulação dialética dos movimentos culturais, históricos e

econômicos das sociedades nos quais se inserem (SILVA, 2007). A partir deste contexto de

mudanças, é possível afirmar que hoje não se pode mais falar da categoria família no

singular. Silva (2007) e Pizzi (2012) nos mostram também, que a partir da década de 1990

já se percebe institucionalmente mudanças em sua composição, e os motivos giram em

torno de questões como: “a redução do número de filhos; o predomínio das famílias

nucleares; o aumento significativo das famílias monoparentais, com predominância das

mulheres como chefes; o aumento das famílias recompostas; e o aumento de pessoas que

vivem sós” (SILVA, 2007, p.3), incluindo-se também as famílias Homoparentais.

Todavia, o caráter protetivo construído ou imposto às famílias, não pode ser

romantizado a tal ponto de não se admitir o conflito, as relações socioeconomicamente

desiguais, as relações de exploração, de poder e, como podemos ver:

A família se constitui num espaço de conflitos diversificados e de constantes lutas entre seus membros e entre o grupo familiar e a sociedade. Existem famílias com experiências de desigualdade, individualismo, desrespeito, autoritarismo, opressão, exploração, preconceito, falta de cuidado e de afeto, violência doméstica, abandono, etc. E, como nos afirma Mioto (1997, p. 115), “a família não se constitui, a priori, como um lugar de felicidade”, porque nem sempre ela é cuidadosa e protetora (SILVA, 2007, p4).

Se tratando da relação das famílias com o Estado brasileiro, é apreendido que

este encadeamento se dará no contexto de defasagem da política econômica e social de

Ford e Keyness4 a partir da década de 70, e as reestruturações do capitalismo concebidas

na política neoliberal, – que objetivava a retomada do crescimento econômico mundial

dissolvida nesse mesmo período, como também a atuação do Estado no âmbito social,

deveria ser mínimo – surge uma tendência mundial de elaborar sistemas de proteções

sociais que acolhessem a classe trabalhadora (CAMPOS; MIOTO, 2003).

Com esse cenário, em especial para os países pobres (incluindo aí o Brasil), os

sistemas de proteção social além de baseados nos mínimos sociais e nas necessidades

básicas e suas diferenças (SILVA, 2007), são “orientadas pelas normativas de organismos

internacionais” e “passaram a ter como critérios orientadores a focalização, a privatização e

a participação da sociedade civil na execução de programas e serviços sociais” (MIOTO,

2004, p.2). Se tratando da sociedade civil, esta será caracterizada no grupo familiar, porém,

este grupo não é reconhecido enquanto totalidade e, dessa forma, a execução dos serviços

4 O Estado de Bem-Estar Social para Keyness, criado influenciado pela crise de 29, traz como ideário a intervenção do Estado na economia e no social. Constitui-se na proposta políticoeconômica à regulamentação no mercado e os direitos sociais, reconhecendo o valor do capital e as necessidades da classe trabalhadora.

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e programas sociais se designam de formas diferenciadas a cada ajuntamento

etário/geracional que compõe o grupo familiar. Assim sendo,

... dilui-se a responsabilidade coletiva da proteção social e recolocou-se em cena a tese da responsabilidade dos indivíduos, ou melhor de suas famílias na provisão do bem-estar, que De Martino (2001) denomina de “neo-liberalismo familiarista”. Ou seja, a crise do Estado de Bem Estar implicou na adoção de uma “solução familiar” para a proteção social, quando se caminhou no sentido de reduzir a dependência em relação aos serviços públicos e “redescobrir” a autonomia familiar enquanto capacidade de resolver seus problemas e necessidades (MIOTO, 2007, p. 2).

No Brasil, a década de 90 é marcada como o período em que as ideias

neoliberais se desenvolvem com maior potência, tendo como ponto de partida da

institucionalização das políticas sociais no país, a criação e promulgação da Constituição

Federal de 1988. E, como já mencionado acima, a influência mundial ratifica que os modelos

sociais protetivos no Brasil, desde a C.F. de 88, elejam as famílias como foco central na

“tríade composta também pelo Estado e o mercado” (CASTILHO; CARLOTO, 2010, p.13).

Não há uma hegemonia entre os países no mundo quanto a abordagem dos

modelos socialmente protetivos aplicados às famílias5. Contudo, Campos e Mioto (2003)

fazem destaque há três principais formas, sendo elas: “a família do provedor masculino”, o

“familismo” e a “família no Estado de Bem-Estar Social de orientação social-democrata”.

Assim, o Brasil encontra seu modelo de proteção social baseado no familismo. Isso significa

dizer que o país parte da lógica das agências internacionais de conferir e substituir seu

papel enquanto provedor dos serviços protetivos para as famílias. E neste fluxo, as famílias

e as políticas sociais competem papéis semelhantes, quando a ela é empregado à

responsabilidade de "dar conta da reprodução e proteção social dos grupos que estão sob

sua tutela" (CARVALHO, 2015, p. 297).

Ainda sobre o Brasil, as famílias posicionam-se dentro dos marcos legais e

operacionais da Política Social de Seguridade Social principalmente na área da Assistência

Social, e este posicionamento evidentemente “influencia o tamanho, composição,

comportamentos, normas e valores familiares e paralelamente sua posição no contexto

maior da sociedade” (CAMPOS; MIOTO, 2003, p. 176). Atualmente, a concepção adotada

pela Política Nacional de Assistência Social (PNAS) é a de que “família é quando

encontramos um conjunto de pessoas que se acham unidas por laços consanguíneos,

afetivos e, ou, de solidariedade” (BRASIL, 2004, p.25).

Com a promulgação da Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS) em 1993, a

Assistência Social passa a integrar a Política de Seguridade Social, e tem como escopo o

provimento de mínimos sociais materializados por meio do conjunto de ações integrados de

“iniciativa pública e da sociedade, para garantir o atendimento às necessidades básicas”. O

atendimento dessas necessidades básicas se objetivam, primeiramente, à proteção social à

5 Para mais detalhes, ver Campos e Mioto (2003, p. 165-190).

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família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice, com vistas à garantia da vida,

da redução dos danos e à prevenção dos riscos sociais. Verifica-se então que as diferentes

categorias geracionais são acionadas pela assistência pressupondo o agrupamento familiar.

Assim sendo, a família torna-se ponto central de atuação da Política de

Assistência, quando a ela é direcionado o suprimento das necessidades básicas visando a

autonomia de seus membros. Como nos diz Silva (2007, p. 2):

... ou seja, como principal referência para a concepção e implementação das ações da política. Na nova Política Nacional, a família ganhou maior relevância, entranhando-se em seus princípios, diretrizes, objetivos, beneficiários e estratégias de implementação de seus programas, serviços e projetos, tanto na proteção social básica quanto na especial.

Consequentemente, é evidenciado que na atual conjuntura é impossível

pensar a Assistência Social desvinculada dos principais usuários a qual se destina: as

famílias.

III. CONCLUSÃO

Conclui-se que a política de assistência ao definir padrões familiares, define

também quem serão as famílias contempladas pelos programas, projetos e serviços

ofertados pela rede do Sistema Único de Assistência Social (SUAS).

Em suma, a interface entre Política Social, Assistência Social e a Centralidade

na família se dá a partir de dois sentidos. O primeiro é a premência do Estado em

reconhecer que a família deve ser amparada, pois garante a proteção de seus membros no

que tange as expressões da Questão Social, quais sejam: a exclusão, as desigualdades, a

pobreza, as diversas opressões, exploração, etc. Ou, por outro, de caráter neoliberal que

prima pela diminuição do papel do Estado nas intervenções da reprodução social, e dessa

forma transfere para as famílias a responsabilização do seu sustento, bem como as

marginaliza quando as mesmas não conseguem.

Ademais, corrobora-se aqui com o pensamento das autoras Carloto e Mariano

(2008), ao anunciarem que o debate acerca da concepção de família está considerado mais

aberto e ampliado, todavia são preservados as mesmas expectativas sobre o seu papel e

suas responsabilidades na qualidade de um grupo e/ou arranjo de proteção e cuidados dos

indivíduos, principalmente o papel da mulher/mãe como principal elemento provocador de

mudanças, e tendo um papel ativo para a configuração de uma “boa família”.

REFERÊNCIAS

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