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Estudo superficial que aborda a credibilidade, problemas e características da Ufologia.
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CONSIDERAÇÕES
SOBRE A UFOLOGIA.
Direitos reservados
ANTONIO ILSON KOTOVISKI FILHO
Almirante Tamandaré
2013
3
INTRODUÇÃO
Elaborar ou escrever qualquer perspectiva informativa referente ao campo
da Ufologia é desafiador, complexo e por efeito arriscado no que tange a credibilidade
pessoal. Uma vez que o assunto é exótico, carregado de vícios interpretativos ligados na
maioria das vezes a considerações falaciosas e sem sustentação probatória
legitimamente elaborada.
Neste contexto o assunto Ufologia se torna um problema filosófico e não
científico como aparenta ser. Pois, a grande questão da credibilidade do estudo
ufológico se relaciona diretamente as suas expressões éticas, da estrutura organizacional
da pesquisa realizada no campo, delimitação de tema e principalmente por ser feita e
propagadas em grande parte por leigos que não consideram o conhecimento científico e
filosófico como norte legítimo dos estudos. Este cenário todo acaba sendo o principal
argumento que sustenta a falácia da “validação pessoal”, bulverismo (argumentar
partindo do pressuposto de que o oponente já está comprovadamente errado), “ataque ao
argumentador”, “apelo ao ridículo”, “apelo ao preconceito”, “apelo a vaidade” entre
outras, que são utilizadas contra qualquer pesquisador quando ele vai se referir a
assuntos ligados a Ufologia.
A Ufologia é uma ciência, pois carrega todos os requisitos e características.
Da mesma forma reforçando a mencionada afirmação, a sua origem se deu em um
contexto investigativo forense ainda na década de 1940. No entanto, em decorrência de
observações, propagações, afetações e recepções leigas dos interessados no assunto,
ocorre uma falsa ideia que toda informação que trate de um fenômeno ufo seja por si só
uma informação produzida pela Ufologia.
A partir desta condição a presente pesquisa visa separar o estudo ufológico
sério das manifestações que se passam ou leigamente são consideradas como ufologicas.
Pois, a Ufologia é que como as outras ciências, ou seja, busca ter certeza dos resultados
antes de propaga-los. É buscando resgatar e mostrar esta realidade não considerada por
muitos críticos, que este estudo foi elaborado.
O objetivo é promover a reflexão junto a comunidade ufológica para
reverem não só o aspecto prático da pesquisa, mas também para desenvolver uma
reestruturação em suas bases de fundamentações, filosofias e principalmente no que
tange a sua imagem frente ao público geral, independente se este é especializado ou
leigo.
4
Esta reflexão e análise é imparcial. Não se prende a exposição especializada
de fenômenos ufo. Porém, parte de um contexto geral dos hábitos comuns das
pesquisas, da propagação de informação e da sustentação argumentativa. Sendo assim, a
análise, busca sugerir novos pontos de vistas, sem com isto interferir nas
particularidades que envolvem o campo ufológico, mas que se apresentam mal
compreendidos por falta justamente elucidação de seus objetivos, procedimentos e
ligações.
JUSTIFICATIVA DA ABORDAGEM
Vivemos em um mundo normatizado e organizado por legislações
específicas que possuem como objetivo comum o bem viver, progresso e evolução
humana. Pois, independente de consideração critica os terráqueos possuem o status de
“civilização”, já que o contemporâneo grupo humano agrega características comuns que
os identificam como pares permitindo uma convivência tolerante no contexto tanto da
cultura universal, quanto da cultura específica.
Em decorrência desta realidade, existe por efeito uma gama de
conhecimentos técnicos e científicos compartilhados em comum e livremente entre
todas as nações e povos civilizados do mundo, ou seja, as ciências. Porém, ainda
existem povos no planeta que desconhecem as Ciências dos “civilizados”. No entanto, o
desconhecimento deles dessa ciência, nada interfere no seu cotidiano, pois possuem a
sua própria, a qual lhe permite fornecer subsídios e informações necessárias para
enfrentar e sobreviver na realidade em que vivem. Não é uma “ciência primitiva”, tão
pouco alternativa. São os mesmos conhecimentos que em um passado distante serviram
aos ancestrais que deram origem aos povos contemporâneos.
A partir desta breve e resumida introdução, é observado que os
conhecimentos adquiridos na trajetória humana e posteriormente compartilhados,
contribuíram para criar a realidade que contemplamos no presente. Porém, estes
conhecimentos, não apareceram ao acaso, prontos para serem usados, mas foram frutos
de observações espontâneas. Eis, que tiveram gênese em um contexto de senso comum
que respondesse a necessidade do momento sofrendo evolução empírica (erro e acerto),
dentro de um espaço e tempo não linear e revolucionário.
5
Atualmente ainda é assim, e sempre será assim. A diferença é que o ser
humano adquiriu a consciência de sistematizar o que observa e percebe em diferentes
contextos da manifestação humana (senso comum, cultural, política, social, científica,
protocientífico, pseudocientífica,...), ou seja, o ser humano por ser um animal
acumulador de conhecimentos, experiências e criativo consegue encontrar inspiração,
fundamento, argumentações para solucionar suas questões vitais em campos muitas
vezes sem ligação com a realidade vislumbrada, e por efeito criar algo novo. Algo
classificado até então como impossível ou inexplicável. Ou seja, o filosofo Gastón
Bachelard (1979, p. 06) considera que:
“para o cientista, o conhecimento sai da ignorância tal como a luz sai das
trevas. O cientista não vê que a ignorância é um tecido de erros positivos,
tenazes e solitários. Não vê que as trevas espirituais tem uma estrutura e que
nestas condições, toda a experiência objetiva correta deve implicar sempre a
correção de um erro subjetivo (...) o espírito científico só pode se construir
destruindo o espírito não científico”1.
Esta capacidade intelectual que permite o ser humano evoluir possui uma
aceitação plausível, tanto na comunidade científica quanto na leiga. Da mesma forma,
ela é tão vital para a sobrevivência humana, que é protegida por legislação
internacional, como é possível observar no contexto do inciso primeiro do artigo 27
presente na Declaração Universal de Direitos Humanos, que cita o seguinte: “I - Toda
pessoa tem o direito de participar livremente da vida cultural da comunidade, de fruir
as artes e de participar do processo científico e de seus benefícios;...”
Neste sentido, fica notório que a busca pelo aperfeiçoamento científico
existente na realidade no contexto de produzir novas perspectivas, paradigmas, pontos
de vistas, descobertas e explorar assuntos não contemplados pela ciência corrente, são
elementos reconhecidamente que colaboram com o processo evolutivo humano. Sendo
que o resultado dessa colaboração, independente do reconhecimento que terá na
sociedade em especial no meio científico deveria ser respeitada e até auxiliada por
outras ciências de forma notória. Pois, como já foi observado historicamente em várias
oportunidades e em diferentes períodos, é a constante mudança de opinião sobre
determinado assunto. Isto ocorre porque, pela descoberta de um elemento novo, ou um
ponto de vista novo, o que antes era portador da absoluta credibilidade, posteriormente
ao novo evento (paradigma) se torna o “maior erro da história”,...
1 BACHELARD, Gastón. A Filosofia do não. In: Os pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1984.
6
Observando esta realidade em constante construção, sábios legislaram em
contexto universal um dispositivo que preserva o livre pensamento como é possível
interpretar no que tange o Artigo 19 da Declaração Universal de Direitos Humanos que
expressa entre outras coisas o seguinte:
“Todo o indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de expressão, o que
implica o direito de não ser inquietado pelas suas opiniões e o de procurar,
receber e difundir, sem consideração de fronteiras, informações e ideias por
qualquer meio de expressão”.
Porém, deve ficar claro que ninguém é obrigado a aceitar o que achar
contraditório. Já que, o direito de expressão é um direito de mão dupla. No entanto, isto
não dá o direito de um ser humano tratar com desmerecimento o outro fundado no que o
outro pensa. Mas, pode agir por via judicial, quando um pensamento ou publicação
afrontar a legislação civil e penal pertinente.
A partir desta exposição é plausível concluir que o estudo ufológico possui
o potencial de colaborar significativamente com a ciência e filosofia corrente. Pois,
aborda assunto de interesse geral, porém de contexto desconhecido e exótico.
Independente de status de credibilidade é uma expressão do pensamento humano, e por
este motivo deve receber considerações e respeitos. Deve ser considerado que é uma
abordagem recente em relação a outras ciências, sendo que até o presente se encontra
em processo de construção a sua base de suporte teórico-bibliográfico-científica, apesar
da mesma ser multidisciplinar.
Seu estudo se justifica dentro do mesmo princípio das outras ciências, ou
seja, descobrir, encontrar respostas, sanar a curiosidade,... que a propósito são ações que
foram e sempre serão os principais vetores e incentivadores do aperfeiçoamento do
conhecimento humano. Ou seja, como é claramente expressado por um “Roteiro de
Projeto de Pesquisa do Programa de Pós-graduação – Mestrado em Serviço Social
(ppss) da Pontifícia Universidade Católica de Goiás”. Que cita o seguinte:
“É importante lembrar que o problema é algo factível, real e histórico. Sua
definição pressupõe o seguinte movimento: reconhecer que não se conhece
algo que já existe na realidade, e se dispor a desvendá-lo. Trata-se, portanto,
de delimitar, circunscrever o tema-problema, isto é, privilegiar o
detalhamento e a contextualização do objeto de estudo”.
Então ascende outro desafio tão importante quanto o apresentado que é a
necessidade de uma universalização da linguagem ufológica, um norte imparcial que
sirva para sustentar os estudos ufológicos manifestados em qualquer de suas vertentes.
7
É por este motivo que a Ufologia não deve se prender só ao estudo de fenômenos, mas
seria muito importante para imagem da mesma que ela tivesse uma constante análise
crítica de seus resultados, métodos e filosofias. Pois, sendo ela uma manifestação do
conhecimento humano, se justifica por si só o aperfeiçoamento da sua racionalização e
por efeito o seu estudo.
PROBLEMA
Em pleno século XXI o estudo ufológico ainda não encontrou espaço junto
as grandes ciências em decorrência principalmente por não possuir uma sustentação
probatória física devido a complexidade de seu objeto de estudo.
Por não ser considerada uma ciência de fato até a presente pesquisa, não
existem cursos superiores ofertados por universidades oficiais, o que não permite a
formação de especialistas na área. Por efeito, o estudo ufológico é feito por pessoas de
outras áreas científicas em um contexto de adaptação do assunto a sua área de estudo no
que tange a elaboração de trabalhos acadêmicos. O que existe de fato são programas de
pós-graduação em Astrobiologia (Estudo de vida no Universo) oferecidos em várias
universidades oficiais pelo mundo. Ou seja, um assunto contemplado pelo estudo
ufológico. Por que então existe tratamento diferenciado entre Ufologia e Astrobiologia?
De forma objetiva, a Astrobiologia nasceu de uma realidade científica e
propaga exclusivamente por meio dela como também tem como uns de seus objetivos a
busca de vida fora do planeta Terra. Já a Ufologia começou em um contexto forense
militar e posteriores investigações científicas supostamente sem êxito. No entanto a sua
propagação se deu fora da academia, por meios de noticiários e posteriormente ganhou
simpatia do esoterismo e misticismo que praticamente ocultaram ao olhar leigo o seu
lado científico. Um dos seus objetivos é a identificação de vida extraterrestres no
contexto das manifestações observadas no planeta Terra.
O estudo ufológico possui uma história recente, iniciado timidamente na
década no final da década de 1940. Por consequência ele ainda esta se desenvolvendo.
No entanto, por efeito dos objetos e circunstâncias não identificadas de fato, vem
sofrendo um processo de desenvolvimento de contexto contemplativo que necessita de
seres de racionalidade ampla, não restrita, não manipulável e tão pouco de ideólogos.
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Pois, a contemplação de fenômenos ufológicos ainda não apresentam respostas
objetivas, teorizadas e adaptadas ao padrão da racionalidade comum humana no
presente. Esta contemplação ainda se forma entre vários pontos de vistas ao clivo da
interpretação subjetivas que pode ser influenciado pelo interesse que carrega.
Pois primeiro, é preciso entender a filosofia do estudo ufológico, seu
conceito, objetivos e linhas de pesquisas. Identificar seus pesquisadores, pois
profissional despreparado existe em qualquer área do conhecimento, no entanto quando
o assunto é Ufologia, as pessoas leigas não se prendem a considerar os acertos e
descobertas científicas de fato feitas pela Ufologia, mas tecem juízos sobre erros e
atitudes de pseudos-ufólogos e a relaciona em forma de opinião fundada no senso
comum sobre a Ufologia. Já que a população e muitos pseudos-intelectuais não
desfrutam da habitualidade de uma atitude científica para nortear e analisar o que
escutam e verem na mídia.
A Ufologia investiga o fenômeno “omni” (objeto móvel não identificado) –
qualquer objeto visto no céu, mar, terra que não possa ser identificado ao primeiro olhar
que é de contexto subjetivo. A hipótese extraterrestre é apenas uma das possibilidades a
serem investigadas. “Este é o principal problema da ufologia: a maioria dos próprios
ufólogos”, segundo Rogério Chola, ombudsman da revista UFO que também cita: “Eles
são os responsáveis por perpetuar os paradigmas de que ovni é o mesmo que nave
extraterrestre.”2
A racionalidade ufológica não encontra resistência entre a população, pois
existe a curiosidade mesmo que velada em saber o que existe de fato no universo. No
que tange estas considerações, é observado o mesmo ponto de vista pelo astrônomo
Derrick Pitts (cientista sênior e astrônomo chefe do Museu de Ciência do Instituto
Franklin da Filadélfia, além de Embaixador do Sistema Solar da NASA), quando
comentou sobre a credibilidade da Ufologia3: "Eu diria que devemos realizar esse
estudo, porque temos um fenômeno que atrai um enorme interesse público. Por que não
tentar entendê-lo?”.
No entanto não é contemplada pelo povo leigo quanto por pseudos
intelectuais e intelectuais de fato, devido a complexidade da forma de racionalizar, já
que as perspectivas e observações se apresentam dentro de um contexto de
2 Revista Superinteressante. Ufologia é Ciência?. Editora Abril, S/A, junho 2005. 3 Comentário extraído do artigo “Astrônomo afirma que deve haver estudo científico dos UFOs” elaborado pelo jornalista e escritor
Renato A. Azevedo e publicado dia 09/10/2012 no endereço eletrônico: http://www.ufo.com.br/noticias/astronomo-afirma-que-
deve-haver-estudo-cientifico-dos-ufos .
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desconhecimento que não possui coesão comum racional e que se perdem em um
labirinto de explicações que se contradizem, muitas vezes por estarem equivocadamente
relacionados a seitas, exibicionismo ou a cultura da ficção. Ou seja, são exposições de
abrangência tão amplas que passam a ideia de estarem descaracterizada com o real
objetivo do estudo ufológico e que por efeito atrapalham o processo de fortalecimento e
de busca por credibilidade no sentido do estudo deixar de ser leigo e se tornar
legalmente científico.
Diante desta circunstância a Ufologia se apresenta como uma “terra de
ninguém”, um campo de conhecimento anárquico, sem regras, fiscalização, ordem e
delimitação de suas fronteiras. Um mundo visitado por aventureiros, “turistas” e
alienados sem pretensões de trazerem o progresso de fato para este campo do
conhecimento. É um microuniverso científico e filosófico de fontes possíveis, tangíveis
e investigáveis contaminadas por devaneios especulativos refutados dentro do próprio
estudo ufológico sério.
O astrônomo Derrick Pitts comenta a respeito do que seria necessário para
mudar este panorama e trazer mais credibilidade ao ponto de cientistas estudarem os
fenômenos UFOs:
"Há duas maneiras. A primeira seria se um UFO pousasse no jardim diante
da Casa Branca em Washington. A outra seria se alguma instituição científica
reconhecida iniciasse uma pesquisa a respeito. E também ajudaria se fosse
mudado o nome pelo qual tratamos esse assunto, pois é sempre causa de
problemas. Se isso auxiliasse a dar legitimidade e tornar esse estudo
aceitável, de forma a comprometer as pessoas a resolver a questão, então
seria uma coisa muito boa"4.
A pesar de existir uma manifestação acadêmica no sentido de tentar
colaborar com o estudo ufológico, ele contemporaneamente é desenvolvido de forma
independente, praticamente fora das academias, por pessoas leigas motivadas pelos mais
diversos interesses e pontos de vistas divergentes que se caracterizam em delimitar a
Ufologia como uma forma embrionária de ciência (protociência) ou de misticismo.
Alguns pesquisadores acreditam ser uma disciplina autônoma e independente, com
metodologia própria, e até não dependendo de vinculação acadêmica, que se reflete nos
fundamentos da pesquisa de campo a qual se relaciona a conclusões tiradas de contextos
orais e documentos questionáveis devido a sua origem, história e a forma como são
conseguidos. Ou seja, no laboratório mais sensível e indispensável para produzir um
contexto probatório. Por efeito dessa falta de coesão de atitude científica, o estudo se
4 Idem.
10
deleita no senso comum e negativamente molda uma identidade negativa. O que por
efeito se torna inspiração para observações de peso como a feita pelo astrofísico
americano Josef Allen Hynek crítico da explicação extraterrestre quando em 1976, ele
afirmou:
“Tenho apoiado cada vez menos a ideia de que os ovnis são espaçonaves de
outros mundos. Há tantas coisas se opondo a essa teoria. Para mim, parece
ridículo que superinteligências viajariam grandes distâncias para fazer coisas
relativamente estúpidas, como parar carros, coletar amostras de solo e
assustar pessoas”5.
No final da vida, ele estava convencido de que os “discos voadores” tinham
mais a ver com fenômenos psíquicos do que com veículos alienígenas.
A partir desta introdução é plausível refletir que o problema do estudo
ufológico é a sua credibilidade questionável por falta de identidade científica de fato
motivada pela falta de coesão em seus estudos.
CIÊNCIA, PROTOCIÊNCIA OU PSEUDOCIÊNCIA?
Para entender a verdadeira essência da Ufologia é necessário entender
primeiramente a forma como ela se manifesta entre a população e por efeito como os
mesmos reagem a ela. Já que, muitos fatores que interferem diretamente em sua
reputação surgem neste contexto. Principalmente, quando não existe na população um
discernimento capaz de perceber pseudos-ligações consideradas superficialmente como
Ufologia.
Merece a devida consideração a seguinte situação a ser abordada nesse
capítulo: os efeitos de sua divulgação pública em relação a análise de sua essência
científica. Pois, a ideia de manifestação no pertinente capítulo se reporta a maneira que
esta sendo propagada a Ufologia, da mesma forma que se analisa as fontes da origem
das muitas informações propagadas ao público. Neste contexto, será possível observar e
refletir sobre os principais agentes contaminantes e colaboradores que para o leigo se
caracteriza como objetos da Ufologia.
Diante disso, a Ufologia pode ser identificada em um primeiro momento
como:
Ufologia Ciência;
5 Revista Superinteressante. Ufologia é Ciência?. Editora Abril, S/A, junho 2005.
11
Protoufologia;
Ufologia Romântica;
Pseudoufologia;
Ufoteologia.
Ufologia Ciência
Esta manifestação tem como característica a colaboração dos métodos
científicos no que tange a busca de identificação de fenômenos, antes de tecer qualquer
tipo de conclusão sobre um determinado objeto estudado. É por natureza uma
manifestação de divulgação de seus estudos ao público, a prudência.
De suas observações se vinculam muitos assuntos ufológicos que são
adaptados ou referidos diretamente em trabalhos científicos acadêmicos de outros
campos do conhecimento humano.
A Ufologia Ciência não se apresenta de forma sensacionalista, vinculada a
interesses econômicos ou a seitas religiosas. Porém, o resultado de seus estudos, muitas
vezes é utilizado e explorado por estas formas de manifestações, para fundamentar
circunstâncias cientificamente e ufologicamente refutadas.
Neste sentido a Ufologia Ciência é de fato uma manifestação científica,
pois, se caracteriza como Ciência, informando a verdade que dispõe fundada em
métodos científicos conhecidos ou adaptados racionalmente a realidade investigada,
buscando de forma organizada, sistêmica e dialética identificar novos paradigmas que
aperfeiçoe os métodos e que norteiem explicações plausíveis de caráter a colaborar com
o conhecimento humano. É um estudo que se caracteriza com a contemporânea
concepção de Ciência, que:
“é a que reconhece, como garantia única da validade da Ciência, a sua auto
corrigibilidade. É significativa, seja por partir da desistência de qualquer
pretensão à garantia absoluta, seja por abrir novas perspectivas ao estudo
analítico dos instrumentos de pesquisa de que as Ciências dispõem”6.
Observando esta característica que identifica a Ufologia Ciência é possível
desmistificar ou refutar pontos de vistas de um grupo de “simpatizantes da ufologia”
que defendem a ideia que o estudo ufológico não deve ser feito ou considerado pela
6 ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. Tradução da 1ª edição brasileira coordenada e revisada por Alfredo Bosi; revisão
e tradução dos novos textos Ivone Castilho Beneditti - da 4ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2000, p. 139.
12
visão científica pelo fato de torna-la cientificista. É uma visão contraditória e afetada, já
que neste momento histórico é impossível identificá-la ou rotulá-la como cientificista,
pois, ela não “possui a crença infundada de que a ciência pode e deve conhecer tudo e é
a explicação causal das leis da realidade tal como esta é em si mesma”7. Pelo
contrário, ela busca quebrar paradigmas científicos. Já que, os estudos ufológicos são os
maiores exemplos da pesquisa científica (não cientificista), onde se identifica em seu
processo os constantes confrontos epistemológicos, problemas e enigmas a serem
desbravados em um constante processo de aperfeiçoamento.
Protoufologia
Esta manifestação não deixa de ser científica, no entanto as informações que
partem desses estudos se caracterizam por possuírem contextos hipotéticos filosóficos a
serem experimentados. São fatos a serem provados e identificados, mas não
inexistentes. Os quais, só não são devido a falta ou efeito da impossibilidade da ciência
atual prover meios para isto.
Da Protoufologia se originam diversas teorias ufológicas no que tange a
própria falta de explicação plausível da ciência atual frente a alguns questionamentos
históricos clássicos e teológicos. É o empirismo contextualizado ao senso comum. Um
exemplo disto são os constantes questionamentos sobre monumentos egípcios, pré-
colombianos, origem da vida, seres mitológicos e afins. Como também, as questionáveis
mais válidas dentro de um contexto de liberdade de expressão, das “Teorias
Conspiradoras”.
Geralmente as informações desenvolvidas pela especulação protoufologica é
a que mais produz elementos e teorias que inspiram as manifestações sensacionalistas
propagadas pela mídia. Um exemplo é a própria criação do termo “disco voador” o qual
foi pioneiramente identificado e propagado leigamente pela edição de 26 de junho 1947
do periódico Chicago Sun. Pois, apesar desta informação se referir a um avistamento
real, existem contradições de contexto bem característicos quanto a informação que foi
passada ao público. Pois, os textos das primeiras histórias noticiadas sobre o “Caso
Kenneth Arnold (1947)” não mencionava o termo “prato voador” ou “disco voador”.
Entretanto, histórias anteriores ao artigo que originou a popular denominação citam que
7 CHAUI, Marilena. Convite à Filosofia. 8ª. São Paulo. Atica, 1997, p. 280.
13
Arnold usou os termos “prato”, “disco” e “forma de torta” para descrever os objetos
avistados.
Porém, anos depois Kenneth Arnold alegou ter dito ao reporte William C.
Bequette que “eles voavam erráticos, como um prato atirado pela superfície da água”.
Arnold acreditava ter sido mal interpretado, já que sua descrição se referia ao
movimento do objeto e não ao seu formato. Assim, Bequette frequentemente recebe os
créditos por ter usado pela primeira vez o termo “disco voador”, supostamente numa
interpretação equivocada do que disse Arnold, mas o termo não aparece nos primeiros
artigos de Bequette. Na verdade, seu primeiro artigo de 25 de junho de 1947 diz
somente “Ele disse ter avistado nove aeronaves que pareciam pires voando em
formação...”, ou seja, apenas em 28 de junho 1947 Bequette usaria pela primeira vez o
termo “disco voador” (mas não “prato voador”).
A princípio Protoufologia não é Ufologia, é uma falsa ligação que se faz no
que tange o desdobramento resultado da especulação científica e de senso comum. Pois,
dos objetivos da Ufologia Ciência, o principal é identificar fenômenos ufos e
posteriormente provar seu vínculo com o padrão extraterrestre, para depois definir
ligações com outras teorias que o cerca. Na Protoufologia ocorre o contrário, ou seja,
primeiro se manifesta a conclusão que um fenômeno é ufológico, e em seguida se
procede na busca da prova para tal afirmação. Nesse sentido, esta questionável ação se
torna o principal vetor de ligações de fatos fora da abrangência da Ufologia com a
mesma. Por efeito disso, o que é questionável em outros ramos do conhecimento acaba
contaminando e se tornando um argumento contra o próprio estudo ufológico, ou seja,
segue o mesmo princípio só que adaptado a circunstância supracitada descrito na
“Teoria do fruto da árvore envenenada”.
Ou seja, a partir da ideia da Teoria do fruto da árvore envenenada, será
considerado e relacionado a ideia que não é só a literalidade de se conseguir provas por
meios ilícitos, no caso ufológico: sem a devida perícia, metodologia e análise feita por
profissionais capacitados. Mas também, considera-se nesta perspectiva a situação em
que uma circunstância ou informação de uma outra área de conhecimento ou cultural
carregada de imperfeições e questionamentos ainda não esgotados tende a serem
utilizados por protoufólogos e pseudosufólogos como sustentação de argumentos as
suas teorias. Por efeito, a teoria ufológica não logra êxito, quando contaminada com a
informação. Porém, mesmo assim é divulgada e propagada devido a falta de
conhecimentos investigativos de quem a recepciona e por efeito a propaga.
14
Só para constar, em pesquisas da Ciência História, Geografia, Biologia,...
entre outras, existem algumas regras básicas como: verificar e analisar as informações
que são colhidas em bibliografias pesquisadas; tomar cuidado com teorias e
informações refutadas ou superadas; e principalmente não concluir informações sem ter
norteamento plausível.
A Protoufologia possui um contexto embrionário a espera do surgimento de
um paradigma que lhe possibilite a experimentação. Por ter um caráter exótico, místico
e curioso, é explorada na integra por programas televisivos e bibliografias de
questionável interesse em prol da ciência Ufologia. É uma manifestação que passa ao
leigo a ideia que Ufologia se tipifica neste universo, quando na verdade o estudo
ufológico se distancia do mesmo, pois, o que esta em foco é um contexto histórico,
social ou científico, que é “enfeitado” com elementos ufológicos para ganhar uma nova
perspectiva.
Ufologia Romântica
É a manifestação leiga e para o leigo, propagada em um contexto fictício de
caráter econômico. É por efeito o principal vetor da forma errada de ver e considerar a
Ufologia, mesmo que muitos escritores (livro, filme, animes,...) utilizem elementos,
fundamentos e argumentações típicas da pesquisa ufológica. Diante disso, a Ufologia
Romântica é a apresentação fictícia e ideia distorcida propagada pela mistura de fatos
ufológicos e de protoufológicos.
Por outro lado, é a principal incentivadora de pessoas no que tange ao
universo ufológico. Mas, só que deste contexto nasce muitos pseudosufólogos e
charlatões. E um pequeno número de ufólogos pesquisadores de fato.
A manifestação de caráter fictício da Ufologia é anterior ao surgimento dela.
Pois, alguns grupos da população já consideravam, mesmo que de forma velada a
possibilidade de existir vida fora do planeta Terra. Esta ideia inspirou Herbert George
Wells a escrever a famosa obra de ficção científica a Guerra dos Mundos em 1898.
Curiosamente apesar de não existir nenhuma prova da existência de vida
fora do planeta, como também nenhuma discussão ufológica ou observações que se
ligassem a isto nos períodos anteriores a década de 1940 de forma notória e específica, o
povo veladamente considerava esta possibilidade. A maior prova dessa crendice
relacionada ao poder dos meios de comunicação ocorreu nos Estados Unidos em 30 de
15
outubro de 1938 quando o radialista Orson Welles começou a transmitir uma
dramatização de "A Guerra dos Mundos" de H.G. Wells pela estação de rádio CBS em
forma de programa jornalístico. Ou seja, por uma hora ingênuos trechos de música
foram interrompidos por flashes realísticos do radialista. No entanto, ocorreu a
propagação do caos em decorrência a um mal-entendido, já que aproximadamente das 6
milhões de pessoas que sintonizaram o programa, metade delas começaram a escutar o
mesmo depois da introdução que explicava que a estória não passava de uma peça de
ficção. Cerca de 1,2 milhão de cidadãos norte-americanos acreditaram ser um
acontecimento real, meio milhão teve certeza de que a invasão estava ocorrendo. O
efeito dessa dramatização provocou um pânico generalizado refletido no sobre
carregamento das linhas telefônicas, aglomerações nas ruas e congestionamentos
causados por pessoas tentando escapar da trajetória da invasão. O caos paralisou três
cidades.
Posteriormente ao incidente, Orson Welles foi intimado a explicar para as
autoridades as suas ações do dia 30 de outubro de 1938.
Das manifestações da Ufologia Romântica nascem as especulações da
Protoufologia e das refutadas e paranoicas fontes de argumentações das pseudoteorias.
Ou seja, é a inspiração direta da Pseudoufologia.
Pseudoufologia
Esta manifestação se difere da Ufologia Romântica, porque seus adeptos se
esforçam em provar ficções como verdades absolutas. Desconsideram as ciências e seus
métodos e por efeito colocam em duvida até os resultados obtidos pela Ufologia de fato.
Geralmente na propagação de seus pseudoconhecimentos, fica clara a alienação
ufólotra. Ou seja, a pseudoufologia é caracterizada em contextos doutrinários ditados
por seitas de interesse não definido e por pessoas alienadas e paranoicas cujos efeitos de
suas ações se expressam no contexto material, psicológico e em algumas circunstâncias
por fatalidades.
É a exploração leiga e integrada a um propósito que acha na análise da
admiração ingênua seu norte. Pois, segundo Gerd A. Bornheim, em sua obra
“Introdução ao filosofar/O pensamento filosófico em bases existenciais” p. 47: a
admiração ingênua é:
16
“o fenômeno da admiração tal como se verifica em sua manifestação
primária, em seu primeiro desabrochar, ainda em um horizonte de
ingenuidade e espontaneidade, buscando-lhe as características mais
fundamentais”.
É da pseudoufologia que os céticos e pessoas parcialmente intelectualizadas
retiram as argumentações para equivocadamente vincular e refutar a essência científica
da Ufologia.
Ufoteologia;
A manifestação da ufológica teve por meio do misticismo o principal
percussor da Ufologia no mundo. Pois, os conhecimentos ufológicos chegavam aos
diversos gêneros de simpatizantes do fenômeno através de bibliografias esotéricas e
místicas.
Esta característica ainda é carregada pela Ufologia, já que nas livrarias
conservadoras, obras ufológicas são encontradas nas seções esotéricas, limitadas a best
seller do assunto. Porém, se a pessoa buscar variedade, deverá procurar livrarias
esotéricas ou catálogos existentes em revistas referentes ao mesmo assunto.
Suas informações apesar de carecerem de paradigmas bem complexos e
específicos, possuem contemplação baseada na fé. Ou seja, não é ciência. Mas
colaboram com ela já que abordam fenômenos ufológicos.
A manifestação ufoteológica segue a mesma base da teologia, a diferença
esta na interpretação doutrinaria. No entanto, a Ufoteologia encontrou um norte na
Exoteologia que é o exame das consequências teológicas advindas do contato com
inteligências extraterrestres e a compreensão das crenças em extraterrestres. Ambas
estudam idolatrias e alertam sobre a alienação.
A Ufoteologia não é Ufologia, porém ainda se vincula a ela em muitos de
seus estudos e divulgação. Da mesma forma que acontece com a Ufologia, muitos dos
elementos da Ufoteologia são irresponsavelmente explorados por pseudoufólogos,
protoufológos e romancistas.
A partir das principais manifestações que erroneamente são vinculadas a
Ufologia, temos que a única e menos considerada é a enfadonha, mas honesta, zelosa,
prudente e previdente Ufologia Ciência. O resto das manifestações, não é Ufologia, ou
seja, são pontos de vistas que partem da ideia indutiva de que pelo simples fato de uma
17
manifestação possuir um elemento ufológico em seu contexto subjetivo, ela será por
efeito considerada Ufologia.
Esta visão leiga e alienada deve ser combatida, principalmente com
conscientização e refutações que partam em forma de ampla divulgação feita por
ufólogos. Blogs, comentários em redes sociais eletrônicas, livros e até pesquisas devem
ser fiscalizados e refutados de forma respeitosa e fundamentada. Pois, é da internet que
os leigos coletam informações e é de livros questionáveis que eles tiram suas
conclusões. Porém, o leigo não é um investigador de fato, já que, não busca verificar as
informações que colheu. Ele aceita sem questionamento a informação como verdadeira.
Ufologia é ciência produzida em um contexto científico em sua pré-
investigação e desenvolvida quando confirmado o fenômeno ufo de fato, sob os
métodos de suas vertentes de estudo. Não é uma pesquisa feita de qualquer jeito ou no
“achometro”.
UFOLOGIA E SEU OBJETO DE ESTUDO
A partir das primeiras análises, se entende como Ufologia uma manifestação
da exploração científica em um contexto relacionado as pesquisas leigas, não oficiais e
de caráter de autoconhecimento (pois, ainda não é uma ciência oficial e tão pouco é
derivada de alguma que lhe sustente cientificamente e lhe possibilite identidade formal).
É também conhecida como Ovnilogia.
A palavra “ufologia” deriva de seu objeto de estudo denominado pela sigla
inspirada nas letras iniciais das três palavras que formam a expressão de origem na
língua inglesa “UFO” que significa “Unidentified Flying Object”, que na tradução
literal para a língua portuguesa significa “Objeto Voador Não Identificado” o que
explica gênese da sigla “OVNI”. Acrescentada do sufixo grego (lo-gía) que significa
estudo, razão. Estra expressão sufixial “lo-gía” é tradicionalmente aplicada nas
denominações dos diversos ramos do estudo científico.
Neste contexto, Ufologia significa literalmente: “estudo de objetos voadores
não identificados”.
Em decorrência do processo histórico e afetações que permearam a trajetória
da Ufologia somadas as complexidades e particularidades que envolvem o “fenômeno
18
OVNI” esta definição da literalidade da palavra ufologia não deve ser utilizada como
norte de delimitação da área de estudo no que tange o que buscam os seus
pesquisadores. Pois, a partir de uma análise geral possibilitada por bibliografias, artigos
eletrônicos, fóruns, documentários e comunidades referente ao assunto Ufologia, foram
as seguintes questões norteadoras comuns identificadas entre os interessados pelo
assunto:
1. Identificar os OVNIS e proceder a sua análise;
2. Provar que determinados OVNIS identificados estão ligados a seres
vivos de capacidade racional não pertencente a este planeta,
denominados de extraterrestres.
3. Provar que determinados OVNIS identificados estão ligados a seres
vivos inteligentes que sejam deste planeta, pertencente a uma raça
ou civilização desconhecida denominados de intraterrestres;
4. Identificar, provar e estudar a existência de vida extraterrestre e
intraterrestre;
5. Analisar os objetivos e intenções dos seres extraterrestres e
intraterrestres no contexto dos motivos de suas aparições e ações;
6. Contextualizar a possibilidade ou não de existir uma ligação da vida
na Terra e na história da humanidade com ações colaborativas,
interventivas ou experimentais intraterrenas e extraterrenas;
7. Identificar e estudar fenômenos não contemplados pela ciência
motivada por sua não identificação.
A partir desse rol de questões a serem desvendadas, fica notório que a
delimitação para criar um conceito abrangente, objetivo e ao mesmo tempo limitador
para definir Ufologia, se torna impossível se não haver uma filtragem de “sub objetos de
estudos”, para alcançar um status saldável no contexto de sua identidade.
A importância da definição de um conceito para um ramo de estudo é por
efeito a personificação da identidade da mesma. Pois “a função primeira e fundamental
do conceito é a mesma da linguagem, isto é, a comunicação”8. A partir disso, este ramo
vai deixar de ser contaminado por assuntos que apesar de parecerem que possuem
ligação com o estudo, acabam fazendo o estudo se distanciar de seu objeto e objetivo.
8 ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. Tradução da 1ª edição brasileira coordenada e revisada por Alfredo Bosi; revisão
e tradução dos novos textos Ivone Castilho Beneditti - da 4ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2000, p. 164.
19
Neste contexto a ideia geral de conceito é dada “como todo processo que torne possível
a descrição, a classificação e a previsão dos objetos cognoscíveis”9.
No caso específico da Ufologia o nome do estudo e a sua superficial
definição (estudo de OVNIS) é um atrativo para “curiosos”. Infelizmente o curioso nem
sempre é um pesquisador, ele simplesmente é um leigo, que possui uma ideia
preconcebida no contexto da ficção científica fundada em informações leigas, superadas
e distorcidas sobre o assunto colhidas na mídia e na internet. Que para agravar os levam
a participarem de comunidades online onde as informações que muitas vezes colhem, só
se referem a questionáveis avistamentos e informações sem o mínimo de plausibilidade
científica da séria pesquisa ufológica, da astrobiologia, astronomia, história,... ou seja,
“vira uma grande conversa de boteco”. Porém, esta leiga troca de informações
desencontradas acabam parando em blogs, e tudo sem aprofundamento,...
Resumindo este cenário apresentado quando analisado por qualquer pessoa
que possui um pouco de senso critico e racional estará fadado não apenas a ser
rechaçado como por efeito produzirá uma contemplação errada da Ufologia. E mesmo
que o critico reconheça o processo que desencadeou este cenário, ele vai questionar:
como os ufólogos sérios deixaram isto ocorrer? Por que não foi questionado e refutada
certas informações pelo próprio corpo de pesquisadores sérios da comunidade
ufológica? Neste sentido, a imagem que fica no que tange uma visão superficial é que os
próprios interessados em conseguir a credibilidade necessária para Ufologia não
conseguem cuidar da imagem da mesma.
Questionar, refutar e criticar hipóteses e teorias é um processo científico.
Não é desrespeito ou antiética. Pois, se o objetivo é buscar a verdade de um assunto, o
caminho é a troca de informações, correções, reflexões,... que só se desenvolvem em
debates de exposições teóricas no contexto de argumentações e contra argumentações. É
neste sentido que os céticos são bem vindos, já que eles são os que conseguem ver o que
está errado. E da mesma forma são eles que avaliam a seriedade e o grau de uma teoria.
Em contra partida o curioso e o leigo, infelizmente não servem nem para argumentar a
favor ou contra.
A partir destas observações o conceito de Ufologia não pode ser ambíguo e
possuir interpretação lato sensu (em sentido amplo), mesmo buscando ser abrangente.
Diante desta exposição a Ufologia possui um conceito corrente e elaborado por ufólogos
científicos que atende a esta regra expressado pelo artigo 2º do Código de Ética do
9 Idem.
20
Ufólogo elaborado pesquisador Aramis Baraldi Dias em outubro de 1994 que expressa
o seguinte:
“Entende-se por Ufologia, o estudo, a pesquisa e a análise do aparecimento
de objetos, máquinas ou luzes, no céu, na terra e nas águas, seus movimentos,
reações, formas e efeitos produzidos, de origem não terráquea ou sem um
fator ou processo físico, químico ou psicológico conhecidos, bem como é o
estudo e a análise do comportamento e das formas de atuação sobre os Seres
deste planeta, por parte dos Seres ou Inteligências que dirigem ou mantém
sob controle, aqueles objetos, máquinas ou luzes.
Parágrafo único - Para fins deste artigo, compreende-se como objetos e
máquinas os denominados popularmente como Disco Voador (DV), UFO
(Unidentified Flying Object), Objeto Voador Não Identificado (OVNI),
Objeto Submarino Não Identificado (OSNI), Nave Extraterrestre (NAVEX) e
outras e quanto aos Seres e Inteligências que os dirigem, são denominados de
ETs, Seres Extraterrestres, Alienígenas, Ufonautas, Irmãos Cósmicos e
outros”.
A partir deste conceito com gênese na Ufologia, é possível observar uma
delimitação de seu estudo bem explicita, na qual foi definido parâmetros citando
objetos. No entanto surge um outro problema: qual é a delimitação que possui cada
objeto de estudo da ufologia?
Uma pergunta complexa e necessária no sentido de evitar que a ufologia
seja um amplo “estudo de fenômenos renegados”. Pois, segundo a observação geral do
Desembargador Luiz Antonio Rizzatto Nunes10
:
“...a linguagem é um componente importante de qualquer escola ou ciência.
Quando se examina a linguagem utilizada pelas várias ciências, percebe-se
que existe uma tentativa de postular para cada ramo científico uma
linguagem própria, técnica, construída com o propósito de eliminar
ambiguidades que tem a linguagem natural, de uso comum da sociedade”.
Ou seja, apesar de ser uma observação extraída de uma obra direcionada ao
estudo do Direito, ela contempla de forma clara a necessidade de existirem conceitos,
objetos, objetivos e expressões padronizadas no contexto de qualquer estudo com status
de científico.
Em referência a esta condição, será analisado cada objeto definido pelo
texto do artigo 2º do supracitado Código de Ética dos ufólogos do Brasil, para que
exista um parâmetro delimitado dos mesmos:
1. Objetos, máquinas ou luzes
10 NUNES, Luiz Antonio Rizzatto. Manual de introdução ao estudo do direito. São Paulo, p. 249.
21
No que tange o Parágrafo único do 2º artigo do supracitado código temos a
seguinte delimitação:
“Para fins deste artigo, compreende-se como objetos e máquinas os
denominados popularmente como Disco Voador (DV), UFO (Unidentified
Flying Object), Objeto Voador Não Identificado (OVNI), Objeto Submarino
Não Identificado (OSNI), Nave Extraterrestre (NAVEX) e outras...”.
Observando a condição ampla de OVNI, será analisado neste trabalho uma
sugestão de delimitação mais adequada para se referir ao objeto de estudo da ufologia,
ou seja, “objeto móvel não identificado”. Pois, no contexto literal de OVNI, existe o
norteamento apenas a fenômenos que acontecem no céu, quando na verdade o próprio
conceito abrange acontecimentos em céu, mar e terra.
Dentro de um padrão científico terráqueo é plausível entender por “objeto
móvel não identificado” ou “OMNI” uma imagem física ou não avistada no céu, no mar
e na terra norteada por um contexto avaliativo condicionado pela inter-relação de
conhecimentos, condição psicológica, influência subjetiva de grupo e ponto de vista que
possui o observador relacionado com as condições atmosféricas, climáticas e em certos
casos oceânica do local de avistamento. Pois, pode ser um simples avião, uma estrela,
um satélite artificial, um balão meteorológico, um fenômeno atmosférico, um
experimento militar ou científico, submarino,...
Por possuir o caráter de não identificado no momento de seu avistamento e
carregar características que chamem a atenção por ser supostamente exótico por
motivos determinados ou indeterminados, se relacionam a informações leigas que criam
hipóteses vinculadas a possibilidade “de ser” uma máquina aeroespacial extraterrestre.
Estas hipóteses por chamarem a atenção costumam passar pelo clivo de ser analisadas
para se chegar a uma conclusão plausível que responda o que foi visto realmente.
Neste sentido só é considerado um “objeto móvel não identificado” com
características pertinentes ao objeto delimitado pela ufologia, quando o resultado da
hipótese analisada sofreu o esgotamento de todas as possibilidades de verificação
científica que confirme que o que foi visto não é passivo de ser explicado pela ciência.
No que tange o Parágrafo único do artigo 2º do Código de Ética do Ufólogo
elaborado pela Associação Nacional dos Ufólogos do Brasil, fica notório e de caráter de
interpretação objetiva, que o objeto a ser estudado se refere exclusivamente aos
relacionados com elementos extraterrestres. Da mesma forma que existe uma
delimitação quanto aos possíveis locais a serem visto (mar e céu). Não existe nenhuma
22
indicação nesta delimitação que provoque o estudo de objetos móveis de origem
humana terráquea, com exceção do processo científico da sua inicial identificação. Que
é o ponto que irá sustentar a hipótese. Resumindo, se for identificado e confirmado sua
origem terráquea acaba a investigação, porém, se não for identificado dentro dos
padrões terráqueos a pesquisa continua.
O problema, no entanto é a consideração de denominações leigas carregadas
no citado parágrafo único do artigo segundo que esta sendo analisado, que além de
identificar os “objetos móveis não identificados”, cria a superficial ideia que existe uma
confirmação de origem do mesmo. Quando na verdade, não existe. É neste contexto que
se observa a primeira falha do conceito e definição do objeto de estudo da Ufologia.
Pois, se existem fenômenos comprovados por laudos, imagens reais e
relatórios científicos, políticos e militares, que “não são identificados” cientificamente,
por que a ufologia não consegue comprovar que existem fenômenos extraterrestres?
A resposta deveria ser simples, mas é de difícil contemplação para muitos
estudiosos da Ufologia. Pois, pelos muitos relatos e documentos observados em várias
obras, documentários, textos religiosos, documentos históricos e relatórios, fica claro e
objetivo a confirmação de um OMNI (objeto móvel não identificado), não de uma nave
de origem extraterrestres. É neste sentido que o conceito norteador define um novo
objeto de estudo: “seres de origem não terráquea”.
Para ciência, apesar de muitas pesquisas serem empíricas, as respostas não
podem ser fundadas em suposições absolutas. Ela deve ser baseada em elementos que
existem e possuem uma definição plausível. Ou seja, em elementos identificados de
fato. Neste contexto, para se provar que um OMNI é uma nave espacial extraterrestre é
necessário ter um conjunto de provas inter-relacionadas: a nave (prova física parcial);
laudo e relatório que a tecnologia, material e outros elementos sejam de origem
indeterminada (prova analítica parcial); relatório oficial que ela foi avistada (relatos
civis por diferentes meios), detectada (radar) e capturada (procedimento), histórico dos
fatos (prova legal de veracidade da origem e ações do objeto em análise) (prova
parcial); contra prova e perícia dos resultados (prova parcial). Ou seja, mesmo
comprovando que o OMNI é real e é uma nave, e que possivelmente seja extraterrestre,
não será possível concluir que ela tenha origem extraterrena. Pois, existe a prova de
confrontação que é a prova complementar. Já que, para a nave ser extraterrestres ela
necessariamente deve estar sendo pilotada por um ser de outro planeta de fato.
23
Neste complexo processo comprovatório existe a necessidade de relacionar
o ser com a sua ferramenta, analisa-lo para verificar a sua origem por diferentes
métodos. Ou seja, não basta ser diferente ou ter tecnologia superior para ser de outro
planeta. Principalmente porque alguns ufólogos compartilham a teoria que existem os
intraterrestres, ou seja, seres terráqueos que a milhares de anos habitam as profundezas
dos mares e o subsolo.
Resumindo, não é uma foto, uma abdução, um contato,... que irá provar a
existência de seres de outro planeta ou que um OMNI é uma nave. Mas sim um
conjunto de fatos probatórios de fé pública e científica.
A partir do conhecimento desse processo é plausível o refutando das teorias
de muitos, que expressam que é o governo que tem má vontade em dizer a verdade. Já
que, os governos não irão começar propagar fatos, sem tem certeza do que é, resumindo
vão evitar um caos desnecessário. Pois, dentro de uma racional suposição é um ato
consciente e consequente dele não possuir uma resposta plausível sobre as questões que
permeiam o assunto somado a possíveis efeitos na ordem civil.
Este contexto supracitado probatório, responsável e providencial é de
consciência corrente e aceita por qualquer cientista e ufólogo no que tange a seriedade
de seus estudos e a busca pela verdade. O próprio Código de Ética do Ufólogo
elaborado pela Associação Nacional dos Ufólogos do Brasil (ANUB), expressa e
tipifica esta preocupação nos seus respectivos dispositivos de forma notória e objetiva.
2. Seres extraterrestres
É fato que não existe na contemporaneidade um conceito sobre o que é vida,
o que existe é um padrão leigo de reconhecimento e valoração de fatos notórios
racionalizados a partir de doutrinas científicas e místicas que tentam definir um padrão
comum. Diante deste fato, existe uma superficial contemplação leiga, que para algo ser
considerado com status de vida, deve necessariamente seguir os padrões terráqueos.
Porém, a Astrobiologia apesar de ter consciência dessa ideia leiga, reconhece que utiliza
métodos na sua busca por vida extraterrestre que se identifique aos padrões existentes
no Planeta Terra, como é possível observar na afirmação de Chris McKay, astrobiólogo
da NASA que expressou que “neste momento, estamos nos concentrando na busca de
vida que seja idêntica a nós, com as mesmas moléculas”.
24
Segundo a opinião de Sara Walker, astrobióloga da Universidade do
Arizona (EUA), “normalmente, nossa forma de identificar a vida na Terra é através da
presença de DNA no organismo”. Porém, essa é uma definição química que pode
limitar a busca de vida extraterrestre, além de incluir, erroneamente, sistemas não vivos
nessa classificação, como uma placa de Petri cheia de DNA autor replicante.
Neste contexto, existe uma divergência científica entre o tipo de vida
extraterrestre considerada pela ciência e a diversidade de vida teorizada por diferentes
ufólogos. O que torna difícil definir o que é um ser extraterrestre de fato.
Porém, a partir do conceito acordado entre a comunidade ufológica
identificado no foco de estudo previsto no artigo 2º do supracitado Código de Ética, é
possível montar um superficial conceito delimitador de estudo sobre a ideia do que é um
ser extraterrestre: “Seres ou Inteligências de outro planeta denominados ETs, Seres
Extraterrestres, Alienígenas, Ufonautas, Irmãos Cósmicos e outros”.
Porém, este conceito fundado na literalidade das palavras possui uma
abrangência muito grande, dando margem para que as pesquisas ufológicas sejam
contaminadas por objetos de estudo folclóricos relacionados ao misticismo popular.
Pois, não existe um conceito de “ser” que crie um parâmetro entre o tipo de
manifestação vital que será estudado pela Ufologia, e o que pertence a estudos
paralelos. Existe neste sentido uma fuga do objeto a ser pesquisado.
A pesar da complexidade ufológica, o conceito do “ser” investigado pela
Ufologia deve ser delimitado. Pois, este fato por si só é um grande passo para criar uma
identidade e credibilidade junto a outras ciências. É nesse sentido que o ufólogo deve se
ater ao presente, com apoio do passado. E não ao passado e a lendas como estudo
principal.
Pois, se levar em consideração que primeiramente devemos provar
oficialmente a existência de vida extraterrestre em nosso tempo, para ela servir de
parâmetro a outras pesquisas. Já o que existe no passado pode até servir de prova para a
existência de uma tecnologia ou vida superior, mas não prova que estes seres vivos
eram de fora do planeta.
O passado pertence a História, os seres extraterrestres pertencem a
Astrobiologia, porém as manifestações não identificadas de hipótese extraterrestre no
espaço do planeta pertencem a Ufologia. Ou seja, se a Astrobiologia provar que existe
vida fora do planeta e a Ufologia identificar seres no contexto delimitados por seu
estudo, a História por efeito reverá muitas de suas teorias.
25
Apesar da complexidade em estabelecer um conceito delimitador que
contemple a perspectiva que identifique um extraterrestre é possível estabelecer alguns
parâmetros. Ou seja, “o ser que recebe atenção de estudos ufológicos pode ter
características: física ou energética, com padrão exótico ou similar a vida terráquea,
inteligente ou não, adaptável ou não as condições do planeta Terra, que estejam
vinculados diretamente aos objetos móveis não identificados e ter necessariamente
origem em outro local fora do Planeta. Porém, possível, tangível, real e passivo de
estudo”.
A identificação apresentada do “ser vivo extraterrestre” não considerou
teorias vinculadas a seres lendários já identificados, manifestações parapsicológicas,
contextos de ordem mística. Pois, apesar destes serem objetos de estudo já que se
configuram como vida e fenômenos não identificados eles carregam uma identidade
forjada no universo contemplativo leigo, doutrinário e fictício. Diante desta condição é
possível dentro de uma racionalidade entender porque a Ufologia não é levada a sério
no meio científico.
Quando se comenta sobre “fantasmas, lobisomem, gnomos, centauros,
luzes, visões do futuro, irmãos cósmicos,...” o assunto recebe um foco de atenção
notório, mas de recepção folclórico, ou seja, em decorrência da falta de coesão da
identidade do objeto, esses assuntos se tornam estórias de fato.
Porém, o objetivo da Ufologia como já foi explicado é provar a existência
de vida extraterrestre em visita ao planeta, independente se padrão ou não a existente no
Planeta Terra. De forma geral é identificar o que não é identificado cientificamente
dentro de um contexto investigativo, experimental de produção teórica sobre o objeto.
Ou seja, criar um padrão científico, um ponto coeso entre o mítico e conhecimento
leigo, entre o que e real e o que é invenção. Pois, um ser mítico, é um ser não
identificado, denominado culturalmente de acordo com o conhecimento e subjetividades
sociais de sua época que formavam o senso comum. Podendo ser desde um ser hibrido
terráqueo, um ser ou um grupo com má formação genética,...
Porém, este estudo não deve ser norteado dentro de um contexto de que um
ser não identificado existiu pura e simplesmente. Pois, segundo a observação do filosofo
Severino Croatto “O histórico do mito não é o acontecimento exemplar (que é
imaginário), mas a realidade humana que ele quer interpretar”. Ou seja, personagens
podem ser inventadas para atingir um contexto metafórico ou para atingir um interesse
específico no grupo social que abrange. Já que, a gênese de mito, por natureza sempre
26
nasce de um fato real destorcido ou forjado em algum interesse, circunstância ou ponto
de vista de compreensão.
O problema desses objetos esta em sua contemplação denominativa,
explicativa e sem contexto probatório (teórico, oficial e físico em estado de
interdependência, nunca separados).
A partir da racionalidade supracitada, temos que a credibilidade da Ufologia
se liga diretamente ao contexto de falta de coesão teórica de seu objeto “ser vivo” e
manifestações. Pois, enquanto não se estabelecer o que é um ser lendário e o que é um
ser real exótico de fato, definindo-os de forma padronizada, coerente e desvinculada das
denominações populares no que tange os seres não identificados que pertence ao Planeta
e fora dele, infelizmente não ocorrerá recepção científica e aceitação popular dos
estudos ufológicos.
O ESTUDO UFOLÓGICO
Os estudos ufológicos tiveram seu impulso despertado a partir da
divulgação pela imprensa jornalística em 25 de julho de 1947 quando foi relatado o
avistamento feito pelo piloto civil norte-americano Luis Kenneth Arnold de nove
objetos voadores luminosos de caráter não identificado no percurso da cidade Chehalis
(46º39’36”N - 122º57’48”W) no Condado de Lewis localizado no Estado norte-
americano do Washington até a cidade de Yakima (46º 35’48”N – 120º31’46”W),
abrangida pelo Condado de Washington, localizado no mesmo Estado (não confundir
com a Capital ianque que fica no Leste do território), ocorrido minutos antes da 15:00
da data de 24 de junho de 1947.
Por efeito da divulgação do acontecimento ter corrido, a América do Norte
e o mundo começaram a serem informados vários avistamentos em diversas regiões
norte-americanas e do planeta, cujos relatos os descreviam subjetivamente como objetos
em forma de disco. Sendo que o avistamento que ganhou repercussão mais abrangente
na mídia americana foi o observado em 4 de julho 1947 pela tripulação da United
Airlines que relataram de outros nove objetos em formato de disco sobre Idaho (EUA).
Porém, o fato que talvez tenha causado efeitos mais diretos nas autoridades americanas
e consequentemente desencadeador de devida investigação oficial por parte dos
militares do avistamento no Estado de Washington, foi o ocorrido na cidade de Roswel
no Estado do Novo México em 8 de julho de 1947.
27
Neste breve resumo histórico e superficial da gênese da pesquisa
ufológico, temos que a pioneira pesquisa foi de caráter oficial, forense e científica
realizadas pelos militares norte-americanos como é possível concluir no simples
contexto de existência de um relatório feito por Kenneth Arnold a inteligência das
forças aéreas americanas (AAF), datada de 12 de julho de 1947, que inclui esboços
anotados do formato típico da dos nove objetos.
Neste contexto surgia um fenômeno que atraiu a curiosidade de
intelectuais, leigos e místicos oriundos da população civil. No início, eram poucos
norteados por informações subjetivas de origem no senso comum, que eram adaptadas a
contemplação científica ou a mística. Por ser exótico, de caráter subjetivo e de contexto
a ser provado, começou a influenciar e sofrer influência do misticismo que
fundamentavam vertentes esotéricas apesar de existirem diferenças bem definidas entre
elas. Ou seja, a palavra deriva etimologicamente do grego “esoteros”, que quer dizer
“mais íntimo”. O termo pode ser compreendido de duas formas. De um ponto de vista
filosófico, serve para designar uma doutrina que defende que o ensinamento da verdade,
seja ela científica, filosófica ou religiosa, deve ser vetado a pessoas consideradas
profanas e ficar restrito a um número pequeno de iniciados, escolhidos por sua
inteligência ou valor moral. O outro significado, mais popular, relaciona o esoterismo a
um conjunto de ensinamentos religiosos ou espiritualistas que têm o objetivo de iniciar
o indivíduo no caminho do autoconhecimento e da paz. Tais ensinamentos
supostamente mobilizam formas de energia não reconhecidas pela ciência e, geralmente,
estão articulados com elementos religiosos e das ciências ocultas. “Essa articulação
remete para um estilo de religiosidade que alguns chamam de Nova Era”, afirma o
antropólogo Emerson Giumbelli, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O
tarô, a numerologia, a astrologia e a quiromancia são exemplos de práticas esotéricas,
nas quais o conhecimento não pode ser quantificado ou comprovado. Muita gente
confunde esoterismo com misticismo. Embora os dois se baseiem em princípios
espirituais, na experiência mística o divino vem ao homem naturalmente, enquanto no
processo esotérico toda iniciativa deriva do esforço humano.
Ou seja, com o passar dos anos o estudo ufológico não se propagou por
intermédio da ciência, mas por difusão da cultura esotérica, principalmente na década de
1960 e 1970 quando foi relacionada ao Movimento Nova Era por efeito de estar ligada
ao esoterismo. É por este motivo que a receptividade do assunto recebe olhares de
desconfiança por parte da comunidade científica.
28
Porém, a Ufologia possui essência científica, pois seu estudo tem no senso
comum o norte a ser investigado, desbravado e contemplado. Pois, é isto que
inicialmente no ano de 1947 se buscou. Já que, as pessoas naquele momento histórico,
queriam saber o que era de fato os fenômenos e os objetos voadores que eram relatados
pela mídia. O mesmo acontece contemporaneamente, de forma velada ou não, as
pessoas também possuem a curiosidade de saber. Mas o problema que diferente dos
anos dos primeiros questionamentos sobre os ditos ovnis, temos uma realidade em que o
assunto foi muito contaminado devido a seu vínculo com o esoterismo e misticismo e
circunstâncias históricas de contexto sensacionalista, charlatanista. Além, da própria
imperícia, irresponsabilidade, imprudências e alienação de um grupo de pseudos-
ufólogos. Que por efeito, se refletem na apresentação, divulgação e aceitação do
resultado e dos estudos, prejudicando a ufologia séria, prudente, neutra e desvinculada
de interesses financeiros.
Em decorrência da importância do assunto, mas por efeito da credibilidade
negativa da Ufologia:
“em novembro de 1977, o primeiro-ministro de Granada, Eric Matthew
Gairy, sugeriu a criação de uma agência na Organização das Nações Unidas
(ONU) para coordenar os estudos mundiais sobre o fenômeno ovni. A
proposta foi adiante e, um ano depois, foi constituído um grupo de trabalho,
formado, entre outros, pelos astrofísicos Josef Allen Hynek e Jacques Vallée,
pelo engenheiro Claude Poher e pelo astronauta Leroy Gordon Cooper Jr.
Pela primeira vez na curta história da Ufologia, objetos voadores não-
identificados seriam estudados com o aval de uma instituição digna de
crédito no mundo todo. Mas os Estados Unidos não gostaram muito da ideia
e avisaram que não financiariam qualquer investigação oficial sobre ovnis.
Sem o apoio e financeiro da maior economia do planeta, a proposta foi
engavetada. E ficou uma pergunta no ar: se a ONU tomasse a frente desses
estudos, a ufologia seria levada mais a sério?”11
Em virtude desta busca por seriedade e reconhecimento, a ufologia
contemporânea começou a ganhar organização. Identificando padrões de pesquisas
comuns e contextualizando em linhas de abordagem.
LINHAS DE ESTUDOS UFOLÓGICOS
Os estudos ufológicos podem ser identificados por três linhas inter-
relacionadas:
a) Ufologia Conservadora (Científica);
11 Revista Superinteressante. Ufologia é Ciência?. Editora Abril, S/A, junho 2005.
29
b) Ufologia Paraolistica;
c) Ufologia Holística.
1. Ufologia Conservadora (Científica)
O estudo ufológico científico apesar de possuir um objeto exótico norteados
sob o efeitos direta e indiretamente do universo do senso comum recebe atenção que
inevitavelmente se conduz nos parâmetros da atitude científica, como é possível
observar no contexto de seus métodos e observações quando o relacionado as
características dessas duas formas de contemplação da realidade expressada pelo ser
humano.
Em observância a estes segmentos em relação as observações gerais
filosóficas apresentadas pelos estudos da filosofa Marilena Chaui em sua obra “Convite
a Filosofia”, p.248-251 é possível elaborar a seguinte análise, no qual temos que o
estudo ufológico carrega o senso comum porque “são subjetivo, já que exprimem
sentimentos e opiniões individuais e de grupos variando de uma pessoa para outra, de
um grupo para outro, dependendo das condições que vivemos”.
No que tange esta característica de senso comum temos que a interpretação
leiga frente aos objetos de estudo da Ufologia estarão vinculados diretamente a
realidade, ao conhecimento e principalmente ao meio em que vive o observador. Pois,
um “OMNI”, extraterrestre,... para um religioso vai ser interpretado e descrito
totalmente diferente se fosse feito por um cético, que divergiria da analise de uma
pessoa leiga. Ou seja, se com fenômenos comprovadamente científicos já existem
divergências de opiniões, por efeitos com fenômenos exóticos de contexto desconhecido
as opiniões divergentes de senso comum se multiplicam.
Então nessa linha de raciocínio se verifica que a falta de conhecimento
sobre assuntos ufológicos relacionados aos seus objetos exóticos produzem um ponto de
vista equivocado que se expressa subjetivamente na população. Destes contexto, se
expressa o senso comum de característica “qualitativa, isto é, as coisas são julgadas por
nós como por exemplo: grandes ou pequenas, feia ou bonita,...”12
. No caso do objeto da
ufologia possíveis ou impossíveis, reais ou irreais,... ou seja, o ser humano utiliza
padrões de identificações comuns forjado no conhecimento e experiências vividas que
carrega. Este julgamento se complementa com a percepção “heterogênea, já que refere-
12 CHAUI, Marilena. Convite à Filosofia. 8ª. São Paulo. Atica, 1997, p. 248.
30
se a fatos que julgamos diferentes, porque os percebemos diversos entre si”13
. Nesse
sentido pelo fato de um ponto brilhante no céu sair do padrão natural como
concebemos, rapidamente o julgamos de acordo com o conhecimento que carregamos.
Porém, esta interpretação vai estar intimamente vinculada a várias condições climáticas,
emocionais, de conhecimento que se carrega no momento do avistamento e da
racionalização que se faz do momento.
Se a observação do senso comum sofre o efeito de ser qualitativo e
heterogêneo, por consequência “são individualizadores, isto é, cada coisa ou cada fato
se manifesta ao ser humano como um corpo distinto ou como um ser autônomo com
qualidades que o afetam de maneira diferente”14
. Isto provoca o senso comum da
“generalização, pois tendem a reunir numa só opinião ou numa só ideia coisas e fatos
julgados semelhantes”15
. Esta contemplação promove a ideia de fenômenos que se
inter-relacionam, ou seja, observações leigas que por superficiais deduções “tendem a
estabelecer relações de causa e efeito entre as coisas ou entre os fatos”16
.
Porém, a característica mais marcante do senso comum que permeia os
fenômenos ufológicos se enquadra no contexto em que o leigo “não se surpreende e
nem se admira com a regularidade, constância, repetição e diferença das coisas, mas,
ao contrário, a admiração e o espanto se dirigem para o que é imaginado como único,
extraordinário, maravilhoso ou miraculoso”17
. É pelo fato do objeto da ufologia ser
exótico, que o mesmo é explorado em um contexto sensacionalista e econômico, pois
representa algo novo, extraordinário. Sendo que “pelo mesmo motivo e não por
compreenderem o que seja investigação cientifica, tendem a identificá-la com a magia,
considerando que ambas lidam com o misterioso, o oculto, o incompreensível”18
. O
senso comum confunde magia com ciência, sendo que algumas observações
fundamentam seitas a partir de fenômenos ufológicos explorando o universo leigo, ou
seja, o “leigo explorando o leigo”. Esta fundamentação leiga (ou proposital) se prende a
uma característica marcada no contexto em que os seres humanos “costumam projetar
nas coisas ou no mundo sentimentos de angustia e de medo diante do desconhecido”.
Um exemplo típico e utilizado pela filosofa Marilena Chauí, p.249 e bem relacionada ao
13 Idem. 14 Idem. 15 Idem. 16 Idem. 17 Idem, p.249. 18 Idem.
31
assunto é citado que “...durante a Idade Média, as pessoas viam o demônio em toda a
parte e, hoje, enxergam discos voadores no espaço”.
Em decorrência dessas características padrões do senso comum:
“por serem subjetivo, generalizadores, expressões de sentimentos de medo e
angústia e de incompreensão quando ao trabalho científico, nossas certezas
cotidianas e o senso comum de nossa sociedade ou de nosso grupo social
cristalizam-se em preconceitos com os quais passamos a interpretar toda a
realidade que nos cerca e todos os acontecimentos”19
.
Neste contexto, fica notória a existência de um fenômeno sem explicação
plausível já que sofre o clivo do senso comum.
No entanto, o senso comum é por natureza a inspiração do “curioso” que
pode ser um leigo ou um homem da ciência. Porém, independente de status que ambos
carregam junto a sociedade, eles iniciarão uma investigação mais apurada do assunto
que lhe atenta no seio do senso comum. Neste sentido ambos vão desenvolver uma
atitude científica, que se tipifica no contexto de experimentações, análises,
detalhamentos que permeie uma conclusão plausível.
Em decorrência dessa nova condição que permeou Ufologia e que
contemporaneamente fica notória, a atitude científica é identificadas nas características
de seus estudos, já que os mesmos visam ser “objetivos, já que, procuram as estruturas
universais e necessárias das coisas investigadas”20
.
Mas para se alcançar o objetivo, a análise científica costuma ser
inicialmente “quantitativa, já que, busca medidas, padrões, critérios de comparação e
de avaliação para coisas que parecem ser diferentes”21
. Neste sentido a pesquisa irá se
tornar “homogênea, pois, busca as leis gerais de funcionamento dos fenômenos, que são
as mesmas para fatos que nos parecem diferentes”22
. Com os pertinentes resultados o
estudo se desenvolverá “generalizador, em um contexto onde reúne individualidades,
percebidas como diferentes, sob as mesmas leis, os mesmos padrões ou critérios de
medidas, mostrando que possuem a mesma estrutura”23
. Por efeito ocorre um processo
de cunho “diferenciador, pois não reúne nem generaliza por semelhanças aparentes,
mas distinguem os que parecem iguais, desde que obedeçam a estruturas diferentes”24
.
Com êxito nos procedimentos característicos de qualquer zelosa investigação só será
19 Idem. 20 Idem. 21 Idem. 22 Idem. 23 Idem, p.250. 24 Idem.
32
“estabelecida relações causais depois de investigar a natureza ou estrutura do fato
estudado e suas relações com outros semelhantes ou diferentes”25
.
Neste contexto supracitado a conclusão científica “surpreende-se com a
regularidade, a constância, a frequência, a repetição e a diferença das coisas e procura
mostrar que o maravilhoso, o extraordinário ou o “milagroso” é um caso particular do
que é regular, normal, frequente”26
. E é neste ponto onde a Ufologia encontra um
contexto metafísico “por ter como objeto o objeto de todas as outras ciências, e como
princípio um princípio que condiciona a validade de todos os outros”27
, reflexo da
carência de informações para análise em decorrência de seu objeto de característica
exótica, desconhecida e indeterminado parcialmente. Pois, alguns fenômenos ainda são
contemplados e explicados por intermédios de “faculdades intuitivas e/ou seus
psicopoderes” que se assemelham muito a ideia de magia citada na p. 250 da obra
“Convite a Filosofia” de Marilena Chaui que se tipifica na admissão:
“de uma participação ou simpatia secreta entre coisas diferentes, que agem
umas sobre outras por meio de qualidades ocultas e considera o psiquismo
humano uma força capaz de ligar-se a psiquismos superiores (planetários,
astrais, angélicos, demoníacos) para provocar efeitos inesperados nas coisas e
nas pessoas”28
.
Surgi uma contradição, pois a princípio a atitude científica distingue-se da
magia na visão da filosofia corrente. Porém, apesar do estudo ufológico contemplar
linhas de pesquisas Paraolísticas e Holísticas que para o pesquisador conservador fora
do universo da Ufologia é caracterizado como magia, mas denominado por outro nome,
a racionalidade ufológica criou um mecanismo de adaptação onde as teorias neste
sentido são orientadas dentro do próprio universo ufológico a serem analisadas pela
linha ufológica científica como é possível perceber no Código de Ética do Ufólogo em
seu Art. 34 “As pesquisas ufológicas de cunho paraolístico deverão ser realizadas sob
forma discreta e seus resultados comparados com o que se conhece da ciência”29
.
A partir do texto supracitado, merece a consideração que os estudos
ufológicos além de serem recentes, tiveram gênese em contextos místicos. Possuem
como fonte bibliográfica textos místicos, e por este motivo é natural que a sua
contemplação e estudo ainda carregue esta característica. Nesse sentido, conforme os
25 Idem. 26 Idem. 27ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. Tradução da 1ª edição brasileira coordenada e revisada por Alfredo Bosi; revisão e tradução dos novos textos Ivone Castilho Beneditti - da 4ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2000, p.660. 28 CHAUI, Marilena. Convite à Filosofia. 8ª. São Paulo. Atica, 1997, p. 250. 29 Idem.
33
estudos ufológicos avancem e produzam novas perspectivas, ao natural a atitude
cientifica confirme “que, pelo conhecimento, o homem pode libertar-se do medo e das
superstições, deixando de projetá-los no mundo dos outros”30
.
Sendo que esta condição é um processo continuo já que é da natureza da
atitude científica a ideia que o estudo forjado neste norteamento deve inevitavelmente:
“procurar renovar-se e modificar-se continuamente, evitando a
transformação das teorias em doutrinas e destas, em preconceitos e sociais.
Pois, o fato científico resulta de um trabalho paciente e lento de investigação
e de pesquisa racional, aberto a mudanças, não sendo nem um mistério
incompreensível nem uma doutrina geral sobre o mundo”31
.
Esta tendência já é observada em diversos artigos e obras do gênero, sendo
que seus frutos já começam a se manifestar no contexto da separação dos elementos
subjetivos e objetivos de um fenômeno o construindo como um objeto do
conhecimento, controlável, verificável, interpretável e capaz de ser retificado ou
corrigido por novas elaborações.
Quando isto ocorre, com grande alegria e satisfação o ufólogo divulga o
resultado de seus trabalhos geralmente apresentando e provando os resultados
alcançados durante a investigação, graças ao rigor das relações definidas entre os fatos
estudados. Independente de opinião, a apresentação deve ser realizada não só para
verificar a validade dos resultados alcançados, mas também para prever racionalmente
novos fatos como efeitos dos já estudados.
Por efeito desta pesquisa ocorre a confecção de:
“uma teoria geral sobre o conjunto dos fenômenos observados e dos fatos
investigados, isto é, formular um conjunto sistemático de conceitos que
expliquem e interpretem as causas e os efeitos, as relações de dependência,
identidade e diferença entre todos os objetos que constituem o campo
investigativo”32
.
A partir da exposição supracitada é plausível considerar que a Ufologia
Conservadora (Científica) é uma linha de estudo investigativa fundada em
procedimentos metodológicos que norteiam observações, experimentações, verificações
e estudos de direcionamento bibliográfico ou de campo, para fins de elaborações de um
conjunto de conceitos sistemáticos que possibilite a construção de uma teoria geral
30 Idem. 31 Idem, p.251. 32 Idem.
34
sobre os fenômenos estudados, que harmonizem e sirvam de parâmetro para posteriores
estudos e permitindo a previsão de novos focos a partir dos já conhecidos.
2. Ufologia Paraolística
A linha do estudo ufológico paraolístico foi delimitada pelo historiador e
ufólogo Aramis Baraldi Dias no contexto da elaboração do Código de Ética do Ufólogo,
com o intuito de promover uma organização e coesão desta linha em especial. Já que
sua fonte argumentativa de análise dos fenômenos se expressam em um contexto único
ou relacionado ao universo: espiritualista, místico, exotérico, filosófico e afins, sem
perder a essência e o vínculo com a fonte inspiradora. Porém, contrário ao radicalismo
fundado na fé ou no cientificismo.
Neste contexto se objetivou uma linha de estudo que contemplasse atitudes
científicas, senso comum, parapsicologia, misticismo, teologia e outras manifestações
do saber em um contexto único. Então se observou no Holismo esta possibilidade, pois
segundo o ufólogo Aramis Baraldi Dias:
“adotamos a definição de que interação é um estado de relações mútuas,
onde todas as coisas e eventos se correlacionam de forma dependente e se
influenciam. É um estado de dependência simbiótica entre dois ou mais
sistemas, dois ou mais seres, duas ou mais partículas etc. Atualmente, em
todos os campos de trabalho – técnico, científico, motor etc – estão sendo
realizadas novas aberturas através da visão holística”33
.
Ou seja, a ideia geral dela se adapta um contexto que transcende a
interdependência de elementos e vetores como é possível interpretar e relacionar ao
entendimento que o filosofo Karl Popper, tece sobre as características gerais do
Holismo filosófico quando explica que ele “é a tendência dos historicistas em sustentar
que o organismo social, assim como o biológico, é algo mais que uma soma dos seus
membros e é algo mais que a simples somas das relações entre os membros”34
.
Esta contextualização supracitada se reflete no próprio contexto literal da
palavra “holístico”, ou seja, palavra deriva de “hólos” de origem grega significando
“inteiro”, “composto”. Tendo por base o dicionário, “holismo” é a tendência a sintetizar
unidades em totalidades, que se supõe seja própria do universo. Sintetizar é reunir
elementos em um todo; compor. Porém, em decorrência de possuir características de
33 REVISTA UFO. Opinião/Ufologia holística-Aramis Baraldi Dias. Fevereiro de 1997. 34 ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. Tradução da 1ª edição brasileira coordenada e revisada por Alfredo Bosi;
revisão e tradução dos novos textos Ivone Castilho Beneditti - da 4ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2000, p.512.
35
abordagem, místicas exótica, recebe o prefixo “para-” de origem grega que significa
“além de”. Neste contexto temos que paraolístico significa “transcender a totalidade”.
O prefixo “para-” possui características da metafísica, já que a ideia é
transcendência contemplativa, neste sentido, esta característica “pressupõem uma
situação cultural determinada, em que o saber já se organizou e dividiu em diversas
ciências, relativamente independentes e capazes de exigir a determinação de suas inter-
relações e sua integração com base em um fundamento comum”35
. Ou seja, é a
racionalização do ser enquanto ser, que se ocupa da natureza última do que existe,
questionando o mundo natural “de fora”, e suas questões que não podem ser abordadas
pelos métodos da ciência.
Neste contexto, a ufologia paraolística claramente se expressa do
misticismo, já que sua característica marcante se da pela ideia e na insistência da
impossibilidade de chegar até a essência de tudo ou de realizar qualquer comunicação
com ela através de procedimentos comuns do saber humano. Ou seja, a contemplação
filosófica de “O amor místico” explicado por Henri Bergson na obra “Les Deux sources
de la morale et de la religion (1932), p. 256” “identifica-se com o amor de Deus por sua
obra, amor que criou todas as coisas e é capaz de revelar a quem souber interrogá-lo o
mistério da criação. É composto de essência mais metafisica que moral”.
A linha de estudos ufológicos paraolísticas explora os fenômenos ufo que
não são contemplados pelo senso comum, tão pouco pela atitude científica, na constante
busca de nortear um paradigma novo em decorrência da impossibilidade da ciência
explicar o fenômeno de forma coesa.
Diante desta circunstância, é necessária a consideração que o padrão de
contemplação da Ufologia Paraolistica carrega a mesma natureza de complexidade dos
objetos de estudo por ela abordada, ou seja, um contexto de desbravação do novo, de
coisas, circunstâncias e condições ainda não identificadas pela ciência, que muitas vezes
não possuem recepção na característica kantiana denominada inteligível, ou seja,
contexto de capacidade que o ser humano possui de “representar” as coisas
conceitualmente, isto é, expressar os dados que não podem ser captados pelos sentidos.
Esta condição de abstração se liga muito a ideia do que Immanuel Kant denominou de
conhecimento sensível, cujo o qual o sujeito recebe “impressões” dos objetos. Ou seja,
o sujeito lida com as aparências dos fenômenos, já que são obtidos pela experiência,
mas há dimensões desses conceitos que nunca se experimenta. Nesta linha kantiana todo
35 Idem, p. 660-661.
36
fenômeno é uma experiência sensível limitada ao sujeito que percebe. Por este motivo
que muitas vezes aos olhos do leigo a linha paraolística transmite a superficial ideia de
não possuir coesão devido a falta de um padrão estabelecido.
Pois, o ser humano se condicionou a entender o que lhe cerca a partir de sua
realidade forjada nos conhecimentos, informações correntes e experiências vivenciadas.
Sendo que muitos ainda não conseguem contemplar a ideia que os fenômenos de
percepção abstrata não se conceitua, apenas se sente. Um exemplo é que ninguém no
mundo foi capaz de conceituar uma cor, a ponto de fazer um cego que nunca a
presenciou a imaginá-la de forma fidedigna ao que um ser de ampla visão consegue ver.
Em decorrência desta ignorância ocorre a ideia de que uma informação para
ser real ou verdadeira deve seguir uma linha de raciocínio e literalidade que se enquadre
dentro de um contexto padrão, geralmente ditado pelo misticismo ou pela ciência.
Porém, a ufologia paraolistica também tem como característica seu contexto de estar
entre o místico e a ciência.
Os estudiosos dessa linha consideram que uma contempla a outra. Ou seja,
uma fornece norte para outra. Porque o que é magia para a religião vira tecnologia para
a ciência. Dentro de um contexto em lato sensu, estas duas áreas de influência e
contemplação dos fenômenos ufológicos que permeiam a realidade humana, descrevem
um mesmo objeto com expressões e ponto de vistas diferentes. Não tão diferente. Pois,
a ciência torna um fenômeno compreensivo ao contexto prático. Já a religião explica
este mesmo fenômeno com uma linguagem metafórica e analógica que de certa forma,
para um ser de ampla contemplação se resume a um mesmo senso comum.
A divergência nasce de uma realidade em que a ciência e a religião são
irmãs gêmeas, mas criadas por pais diferentes. Porém, suas essências não são diferentes,
mas sim são seus pais que dizem que elas são contraditórias porque elas são “educadas”
a atender interesses.
Outro problema que esta análise propicia, é que quanto mais aprofundada
ela fica, mais trás efeitos sob a própria ciência e o misticismo. Pois, superficialmente se
cria a ideia que a existência sobrenatural não exista e ao mesmo tempo se confirme
devido a incapacidade até o presente de se conceituar o abstrato.
Este padrão transcende a ideia doutrinaria mística, e se propaga a uma
essência exótica. Um mistério e desafio para a ciência que transcende a Teoria dos
Antigos Astronautas. Pois, até os supostos extraterrestres se utilizaram de uma noção
divina para camuflar sua relação com os supostamente primitivos humanos. Seres com
37
um desenvolvimento tecnológico extremamente desenvolvido para a sua época se
passando por deuses? A questão não é o por quê? Mas o que o inspirou? Pois entre os
astecas existiam a crença nos deuses e em um criador que estava acima em poder e
hierarquia aos primeiros. A ideia de um ser divino ou uma energia que se compartilha e
convive não é exclusiva a nós, seres tecnologicamente e filosoficamente inferior.
As gêmeas ciências e religião não podem conviverem separadas
simplesmente porque seus objetivos se diferem, (ou melhor, não se diferem, porque
tanto uma como outra, buscam formas de melhorar a existência humana). O problema,
são os seguidores mais exaltados dessas formas de contemplar a realidade. Já que a
cegueira é o principal mecanismo que fundamenta vê-las diferente.
Este argumento é frágil, no entanto é uma reflexão que só é observado por
quem soube tirar proveitos dos conhecimentos fornecidos pelas duas e interligá-los para
chegar a um ponto comum, por isto que alguns homens entraram para a história da
humanidade, porque quebraram paradigmas. É da natureza desse procedimento
paraolistico, o contato com um universo que transforma o que não entendemos em
conhecimentos tão simples e óbvios, que nos fazem perceber o quanto o ser humano é
responsável pelas ações que se voltam contra eles (nós). Tudo porque analisa o
complexo sem confiar no contexto que este complexo é recepcionado. Ou seja,
simplesmente porque não se vê ou outra pessoa sente, não é aceito. No entanto, existem
formas de energias que para poder entender, deve-se aprender a sentir em todas suas
formas. Pois, ela não é visual ou auditiva. Mas se expressa como elemento provedor de
ações e reações. Porém, é essência. E essência se compreende utilizando os seis sentidos
humanos ao mesmo tempo. Não é esoterismo, misticismo ou ciência. É como a
recepção que entramos em contato que se expressa em presságios, sensações,... ocorre
naturalmente. Todos presenciam isto intimamente. Porém, alguns ignoram, outros
relevam,... ou seja, deixam doutrinas condicionarem a forma de se relacionar com o
mundo em suas múltiplas manifestações.
A ufologia paraolistica não nega as informações da ciência e nem o
misticismo. Busca nelas elementos para desenvolver a sabedoria de descobrir o que a
nossa criatividade não contemplou e a transformar em racionalidade útil para um fim
que desvendem os mistérios não só ufológicos, mas que sejam aproveitados por outras
ciências.
Houve um tempo em que a ciência criticou a analise e reflexões humanas
por que estas se prendiam a ideia: o que o homem conseguia explicar é ciência e o que
38
não consegue faz parte do sobrenatural. Esta mesma critica entendia que o que a ciência
não explicou é motivado pela falta de tecnologia e pensamentos capazes de recepcionar
o “sobrenatural”. Então se negava a fé.
Mas era um tempo de trevas, onde a igreja tinha um poder que sufocava a
liberdade de expressões dos homens. No entanto os tempos são outros e o pensamento
científico esta certo. Porém, ele não considera um vetor dessa consideração. Somos
seres cíclicos, formados por elementos cíclicos em um contexto de interligações. Tudo a
nossa volta se relacionam a nós. Porque o ser superior usa os elementos compatíveis ao
que ele criou. Se não fosse assim, o “sobrenatural” sequer seria notado.
Diante destas considerações temos que a linha de estudo ufológica é
tangida nos limites da subjetividade e da objetividade, pois diferente da linha
conservadora a contemplação paraolística se norteia na existência de um processo de
ação e reação de caráter interligado que determina o padrão de equilíbrio do ser humano
com o Universo, a vida espiritual e cósmica. Por este fato não é um estudo que se
caracteriza com uma visão exclusivamente filosófico-mística, nem exclusivamente
religiosa, mas sim aquele que propõe uma visão contemplativa de caráter
parapsicológico contemplado ao científico e místico em um contexto em lato senso da
realidade e procura desenvolver uma focalização multidirecionada interdependente, para
que, dessa forma, sensação, razão e intuição se equilibrem e se criem laços mais
intensos de manifestação útil. É esta linha que, ao analisar o objeto de estudo ufológico,
aceita estabelecer interdependência entre a ciência, a espiritualidade e o misticismo,
entre a arte, a filosofia e as tradições esotéricas. A perspectiva do pensamento
paraolístico é a relação de transcendência que se pode desenvolver sobre todos os
limites do conhecimento, sempre em um processo de evolução.
3. Ufologia Holística
A linha de estudos da Ufologia Holística é resultado do processo de
aprimoramento recente dentro da Ufologia que se fundamenta nos resultados alcançados
entre as outras duas vertentes de pesquisas supracitadas. Por efeito sua base teórica esta
na ufologia científica e na ufologia paraolistica.
Neste contexto se torna fato plausível da ufologia holística um aspecto de
consideração da interdependência entre ambas vertentes para uma consolidação da
própria Ufologia. Pois, o norteamento da integração responsável entre a pesquisa
39
científica aos preceitos da ufologia paraolistica, se funda na ideia que através de uma
contemplação transcendente a racionalidade corrente e sem preconceitos entre si, poderá
ajudar a entender não somente os fenômenos ufológicos, como outros que ainda se
determinam sem explicação.
Esta perspectiva é expressada pelo Artigo 30 do Código de Ética do
Ufólogo o qual expõem em sua alínea “c” que:
“Ufólogo (Holístico) é aquele que, além de seguir as linhas científica e
paraolística, usa também suas faculdades intuitivas e/ou seus psicopoderes
para o estudo, a pesquisa, a análise e a divulgação dos fenômenos ufológicos,
procurando ainda correlacionar o fenômeno com outros fatores, não o vendo
de forma isolada e sim o integrando em um todo mais amplo”.
Esta conceituação em forma de norma norteadora e identificadora elaborado
pelo ufólogo Arismaris Baraldi Dias visava estabelecer um padrão comum para linhas
de pesquisas ufológicas dispersas que não se tipificavam com outras vertentes e nem
entre si, apesar de possuírem características comuns. Ou seja, não foi criado uma linha
nova, apenas foi identificada e delimitada a um padrão de identidade comum, onde
quem possuía a perspectiva de integração de conhecimento, pudesse ser reconhecido e
aceito na comunidade ufológica.
Em observação a esta perspectiva de estudo é explicado pelo próprio Aramis
Baraldi Dias a ideia geral de Ufologia Holística:
“Ufologia holística é a globalização dos estudos, pesquisas, análises e
divulgação, realizados sob os aspectos científico, paracientífico, esotérico,
místico, espiritualista e filosófico, que unifica todos os resultados acima para
completar um todo. Por sua vez, este pedaço será juntado a outras partes
maiores, afim de que se forme um novo todo… E assim por diante, até à
complementação das definições que facilitarão a compreensão do Fenômeno
UFO. E, assim, entendermos a finalidade maior da existência dos seres de
outras orbes e de nós mesmos, além do porquê das interações no universo”36
.
Por ser uma contemplação complexa de racionalidade relacionada a
fenômenos exóticos de característica parapsicológicos que por efeito dependem da
interpretação de mesmo caráter, esta linha sugere que o pesquisador se esforce em
entender, desenvolver e dominar psicopoderes.
Em uma análise geral as linhas de pesquisa holística e paraolística aparenta
ter a mesma característica. Porém, existe diferença bem definida no que tange seus
norteamentos filosóficos. Eis, que as pesquisas ufológicas paraolísticas se expressam do
misticismo e tradições esotéricas contextualizadas quando necessário e possível de
36 REVISTA UFO. Opinião/Ufologia holística-Aramis Baraldi Dias. Fevereiro de 1997.
40
recepção pela ciência, mas sem perder a essência mística ou exótica. Já a vertente
holística busca nos conhecimentos alcançados pelo estudo paraolístico e científico
padrões de contemplações neutras e coesas interdependentes para o desenvolvimento de
um paradigma de racionalidade novo, que consiga amenizar a crise científica, no
contexto dela não conseguir responder as respostas sobre um objeto pesquisado, em
decorrência de seus padrões e sistematizações não se adaptarem a nova realidade.
Não é uma ideia nova, pois segundo o filosofo Thomas Kuhm:
“a ciência normal funciona submetida por paradigmas estabelecidos
historicamente em um campo contextual de problemas e soluções concretas37
.
Os paradigmas são estabelecidos nos momentos de revolução científica, o
que denominamos de ciência revolucionaria. Portanto para o filosofo Thomas
Kuhm, a ciência se desenvolve por meio de rupturas, por saltos e não de
maneira gradual e progressiva38
.
Neste sentido, o filosofo rejeita a ideia de progresso científico a não ser pela
criação de novos paradigmas. Assinala que a ciência se desenvolve nos
momentos de ciência revolucionaria quando o aparecimento de novos
elementos, anomalias e fenômenos até então não estudados e impossíveis de
explicar com as metodologias existentes, torna o paradigma vigente incapaz
de dar conta do problema proposto; este paradigma entra em crise e sede
espaço para um outro modelo científico estabelecendo um novo paradigma,
incomensurável em relação ao paradigma anterior”39
.
Talvez este paradigma esteja relacionado a exploração do estado
heliotrópico, ou seja, é quando o ser humano desenvolve uma consciência liberta do
espeço-tempo, da identificação restritiva com o corpo físico e o ego racional. A
consciência passa a englobar domínios cada vez mais amplos da realidade. Esse é o
estado no qual tem origem as grandes inspirações artísticas, científicas e filosóficas, a
iluminação mística e os dons proféticos. De forma simples de entender a teoria de
Stanislav Grof, seria aquele momento em que o ser humano deixa de contemplar a
realidade norteada por convenções artificiais e passa a observar o mundo dentro de um
contexto natural inter-relacionado. Uma consciência universal.
Apesar de existirem resistência, mais por desconhecimento dos críticos do
que por racionalização, o que ocorre é uma racionalização relacionada a um ponto de
vista visionário, a frente das perspectivas presente, mas reais porque partem de fatos que
existem, no entanto visto por um outro ângulo e complementado por elementos simples
que sempre estiveram próximos.
37 SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ. FILOSOFIA/Vários autores. 2ª. Curitiba: SEED-PR, 2006, p.247. 38 Idem, 247-248. 39 Idem, 248.
41
MÉTODO E METODOLOGIA DA PESQUISA UFOLÓGICA
A investigação ufológica é por natureza científica independente de vertente
que represente. Pois, seus investigadores de forma geral visam como objetivo entender
o fenômeno ufológico para posterior responsável e prudente divulgação. Para
Gewandsznajder (1989, p. 3) afirma que “o que melhor caracteriza o conhecimento
científico não é o que ele estuda, mas como estuda. [...] Assim, não é o objeto de estudo
que importa, mas a forma, o método pelo qual estudamos este objeto”40
Diante desta
circunstância padrão de norteamento de qualquer ciência, temos que para existir uma
investigação ufológica necessita existir a identificação confirmada de um fenômeno ufo.
Neste contexto, luzes, objetos ou fenômenos diversos observados e descritos
de acordo com as considerações baseadas em um primeiro momento no senso comum e
superficialmente relacionadas aos fenômenos ufológico devem responsavelmente e
prudentemente passarem por uma análise científica para determinar o que realmente foi
avistado antes de qualquer divulgação por qualquer meio de comunicação.
Esta inicial investigação é uma pré-investigação ufológica, já que, é o ponto
de partida da qualificação do objeto em questão como já existente e contemplado pela
ciência ou se exótico não identificado.
Neste contexto, esgotadas todas as possibilidades investigativas científicas e
forenses de identificação do objeto analisado, se inicia de fato o estudo ufológico
orientado pelas linhas de pesquisas científicas, paraolísticas e holísticas.
Diante disso a pesquisa Ufológica se desenvolve dentro da seguinte
delimitação:
Pré-investigação ufológica;
Estudo ufológico.
Pré-investigação ufológica
A pré-investigação ufológica quando realizada de forma responsável, zelosa
e prudente se torna tipicamente científica e forense, pois, no contexto científico vai se
40 GEWANDSZNAJDER, F. O que é o Método Científico. 1989. Pioneira Editora, São Paulo, p. 38.
42
nortear por métodos científicos e metodologias de pesquisa que melhor se adaptem as
características e circunstância do objeto em análise.
Neste sentido é necessário considerar que método é uma técnica particular
de pesquisa, explicada como sendo uma “um procedimento organizado, repetível e
autocorrígel, que garanta a obtenção de um resultado valido”41
. Já metodologia “é a
análise filosófica das técnicas de investigação empregadas em uma ou mais
ciências”42
. Ou seja, é a argumentação ou norteamento que melhor recepciona a análise
dos resultados obtidos pela pesquisa proporcionando a caracterização do objeto a partir
de análises filosóficas que por efeito irão definir traços coesos na identificação e
valoração racional da própria Ufologia afastando desta forma a contemplação leiga da
mesma fundada no senso comum.
A partir das informações que possibilitaram identificar a ação de pesquisa
de fato que se norteia a Ufologia será possível estabelecer alguns parâmetros quanto a
sua saudável realização.
Neste sentido a pré-investigação ufológica tem gênese de acordo com o
fenômeno determinado pelo ufólogo, que pode ser um avistamento, relatos particulares
ou públicos (expostos pela mídia), arqueológicos,... Sendo assim ela por natureza vai ser
bibliográfica complementada com a pesquisa de campo e pericial.
Quanto ao método a ser utilizado, isto vai ser estabelecido a partir da analise
e fundamentação do processo investigativo original, no que tange a confecção do
resultado final da pesquisa a ser apresentada ao público. Isto não é cientificismo, é a
demonstração que a pesquisa seguiu padrões comuns ao científico, e por efeito que
merece ser considerada como uma tentativa de busca pelo conhecimento e que
colaborou, mesmo que de forma exótica com outros saberes humanos, independente se
científico ou não.
Diante desse exposto, o ufólogo deve se atentar a qualidade dos
documentos, relatos orais, fotos e imagens e bibliografia, no contexto da fundamentação
argumentativa e probatória da teoria que defende e apresenta ao público, para não expor
a Ufologia ao ridículo.
Neste contexto, deve ser considerado que os documentos de credibilidade
são aqueles que se originam da fé pública. Por exemplo, um relatório das Forças
Armadas conseguido dentro de um processo burocrático legal. Ou seja, o relatório não
41 ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. Tradução da 1ª edição brasileira coordenada e revisada por Alfredo Bosi;
revisão e tradução dos novos textos Ivone Castilho Beneditti - da 4ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2000, p.668. 42 Idem, p.669.
43
deve ser conseguido por meios obscuros, já que se for dessa forma, o documento pode
ser refutado pelo contexto incerto de origem. Já que levanta a suspeita ou hipóteses se
realmente foi um órgão público que o forneceu, ou seja, se recai no principio da “Teoria
do fruto da árvore envenenada”. Da mesma forma que merece consideração a analise do
documento e o contexto dele, pois, não é porque ele cita o avistamento de ovni e
confirma esta condição de não identificação, que a interpretação do documento seja
considerada como a existência de uma nave extraterrestre. Ou seja, a interpretação tem
que ter coerência e realizada sem afetações. O ufólogo nesse sentido deve ter em mente
que o documento é apenas uma peça de um grande quebra cabeça, onde qualquer
dedução hipotética deve ser relacionada coerentemente a uma outra peça.
Além dos documentos de fé publica, existem os documentos eclesiásticos,
que possuem credibilidade, porém de complexa interpretação, já que, os jesuítas e
párocos relatavam os acontecimentos de acordo com sua realidade ou a partir da
oralidade popular. Ou seja, antes de se utilizar estas valiosas informações, se deve
primeiro investigar a sua origem e contexto que foi produzida. É uma informação
imperfeita, assim como os documentos de fé pública, pois dentro de um contexto
conspirador ou paranoico, porém dialético é possível refletir intimamente: “e se estes
documentos foram elaborados para esconder algo maior e por efeito saciar a
curiosidade de populares? Onde estão os documentos reais de fato? Eles existem ou é
só isto mesmo?” São especulações que levam a outras investigações, porém de
complexidade de efeitos indeterminado a integridade física e de reputação do
pesquisador.
As pesquisas também se fundamentam em bibliografias (livros, revistas e
periódicos jornalísticos). Por este motivo antes de ser considerado um ponto de vista
carregado por uma bibliografia, é prudente verificar a credibilidade da mesma, assim
como as informações dispostas nelas através do contexto do método comparativo, ou
seja, comparar informações, observar se as informações não foram superadas. Isto vale
para as informações de jornais, que também necessita da devida verificação da
tendência filosófica do jornal (sensacionalista, conservador, político,...), quem escreveu
a matéria,... O pesquisador deve ter em mente também que não é porque se escreve
sobre assuntos relacionados a Ufologia, que a bibliografia tem que ser relacionada a
Ufologia única e exclusivamente.
Quanto a pesquisa eletrônica, o ufólogo deve observar o princípio que ela é
norteadora de informações a serem investigadas, verificadas, fundamentadas. Pois, são
44
informações superficiais de caráter objetivo a satisfazer quem procura informação
rápida. A pesquisa eletrônica é assessória não a principal.
No que tange fotos e imagens de vídeo, por consenso dos ufólogos sérios,
estas devem ser periciadas. Principalmente, antes de começar uma pesquisa. É um
procedimento para não se perder tempo com fatos inventados.
Já no que toca as pesquisas arqueológicas, primeiramente é necessário ser
formado em história e se especializar em arqueologia, antropologia,... Além de possuir
recursos financeiros. A arqueologia não é para aventureiros e curiosos, pois o estudo
histórico e arqueológico carregam particularidades e não toleram afetações. É um
campo complexo, neutro, frio, calculista, sistemático, cientificista, e de caráter
demorado no que tange a conclusão de algo, fundado em pesquisas periciais sérias
devido ao alto custo da pesquisa. Na pesquisa arqueológica, “não se acha que é algo”, se
presume possibilidades plausíveis a serem provadas com outras descobertas que se
correlacionem. Pois, o pesquisador deve lembrar sempre, “se já é difícil provar
acontecimentos contemporâneos, fundado em imagens, documentos oficiais e
testemunhal, imagine então provar fatos de 4000 anos atrás”.
Nesse sentido, é também prudente sempre verificar bibliografias e
documentários que exploram o assunto. Pois, não é porque um “estudo” é apresentado
em um livro ou na televisão, que o mesmo merece credibilidade absoluta. Existem
muitos interesses por de trás deles, como o econômico, marketing pessoal ou do estudo
em si,... ou seja, não é uma critica historicista, mas é uma previdente observação, já que,
muitas dessas informações são repassada sem um contexto de refutação critica da
mesma. Sendo que o maior problema é o leigo que recepciona estas ideias, ou seja,
começa a considerar tudo sem a devida reflexão.
Por fim, temos a oralidade. A pesquisa oral é válida, mas só como
norteamento para a pesquisa e para ilustrar um fato comprovado. É imperfeita devido as
características subjetivas do interlocutor (entrevistado). Pois, os relatos colhidos podem
ter sido gerados sob diversas condições, entre elas a ficção, invenção, doença,
alucinação, sonho, fama,..., além de se prender a paradigmas do senso comum, onde só
porque uma pessoa possui uma idade mais avançada, ou é um intelectual, autoridade, ou
de prestigio social que por efeito tudo que relatou é verdade.
A partir do que foi exposto, é possível considerar que a pesquisa de campo é
junto com sua fundamentação bibliográfica e pericial o caminho para se conseguir
produzir informações e conhecimentos confiáveis a serem analisados e aproveitados
45
pelas vertentes ufológicas, sem o risco de produzir pseudosconhecimentos que
posteriormente venham a ser utilizados por argumentos destrutivos da credibilidade da
Ufologia.
Considerando que o ufólogo independe da linha ufológica que siga, e de
conhecimento do método que emprega, costuma sem perceber tipificar as descrições
filosóficas caracterizadas no contexto dos Métodos de Raciocínio ou de abordagem
classificadas como:
1 – Método indutivo;
É o método caracterizado na indução que é o processo mental que parte de
dados particulares constatados para inferir-se uma verdade geral ou universal não
contida na parte analisada. Primeiro os fatos a observar, depois hipóteses a confirmar.
Consiste na observação sistemática da sucessão de fatos da realidade, resultando na
explicação do fenômeno. Assim, parte do particular para o geral. Formula leis gerais
com base em casos particulares. É o empirismo (fundamentado exclusivamente na
experiência, sem levar em consideração princípios preestabelecidos). Gewandsznajder
(1989, p. 41) define a indução como “[...] o processo pelo qual – a partir de um certo
número de observações, recolhidas de um conjunto de objetos, fatos ou acontecimentos
– concluímos algo aplicável a um conjunto mais amplo ou a casos dos quais ainda não
tivemos experiência”43
.
De forma geral é a racionalização fundada no senso comum e que reflete o
conhecimento e experiência do observador, que nas maiorias das vezes colabora com o
descredito da ufologia. Porque, esta forma de analisar um avistamento ou um fenômeno
costuma desconsiderar diversos elementos necessários para a formulação de uma
conclusão coerente, ou seja, de forma geral, ocorre a seguinte condição:
“No céu foi avistado um óvni.
Ovni é sinônimo de disco voador.
Então o que foi avistado no céu é um disco voador”.
O exemplo supracitado de racionalização indutiva, é um fato típico corrente
nas pesquisas ufológicas de campo e observações, ou seja, será utilizado dois exemplos
comuns entre vários: muitas vezes pesquisadores novatos, que por acharem que estão
em uma região de ocorrência do fenômeno ufo desconsideram qualquer outra analise
43 GEWANDSZNAJDER, F. O que é o Método Científico. 1989. Pioneira Editora, São Paulo, p. 41.
46
mais apurada e divulgam muitas vezes fotos e relatos que quando investigado mais
afundo por pessoas não ligadas a ufologia principalmente, se tornam motivo e um
exemplo de descredito. Decorre deste contexto, a percepção de muitos ufolotras
(adoradores de ovnis), que por simplesmente estarem alienados, desconsideram analisar
o que verem dentro da realidade do que é realmente o fenômeno que vivenciam e por
efeito desta ação irresponsável viram exemplos de argumentações que colabora com a
má fama da Ufologia.
No entanto, estes fatos relacionados ao Método Indutivo se tornam
didáticos, pois os mesmos ensinam, que o erro não esta na ufologia em si, mas na forma
como foi levantada a hipótese e posteriormente concluída. Pois, o método indutivo
apesar de ter suas limitações, ele por efeito depende muito da coerente formulação das
perguntas a serem respondidas (hipótese) e neste mesmo contexto das argumentações,
fatos, circunstância,... que sustentarão a veracidade da hipótese, para se atingir uma
plausível conclusão. Nesse sentido, através da indução, não é produzido conhecimentos
novos, porém explicita conhecimentos que antes estavam implícitos.
Neste contexto, por efeito também ocorre falhas na argumentação contra a
Ufologia. Pois, se levar em consideração que a critica parte fundada em ações de
pseudos ufólogos, alienados e charlatões, que a propósito não corresponde as atitudes
ufológicas de fato, então temos que ocorre um na conclusão que é repassada ao público
em geral.
Do Método Indutivo por efeito decorrem dois paradigmas, ou seja, o
Positivismo (método indutivo), cujo característica se fia fielmente na filosofia científica,
cientificismo à filosofia, ficando notória sua postura intelectual contraria a teologia e
por efeito a metafisica.
É a por este motivo que muitos ufólogos são contra a cientificidade da
Ufologia, pois afasta ela da teologia e da metafisica, ou seja, do conjunto de
conhecimento que até o presente momento colaboram significativamente com a
explicação de muitos elementos estudados por eles.
No entanto, o paradigma positivista considera que o conhecimento é obtido
com base nos fatos dados da experiência vivida no mundo (empirismo). Ou seja, a
existência de objetos móveis não identificados (não confundir com disco voador
alienígena), é um fato notório vivenciado pela experiência humana no contexto do erro e
acerto que tange a sua investigação. Neste contexto, o problema não é provar a
47
existência de OVNIS, mas sim as hipóteses que geram deles. Só se confirma a
existência do vivenciado, não do imaginado.
Outro paradigma gerado do Método Indutivo é o Neopositivismo
representado pelo Positivismo lógico que carrega como característica a associação a
tradição empirista do positivismo ao formalismo lógicomatemático, objetivando a
aplicação prática.
2 – Método dedutivo;
É um método racionalista caracterizado pela Dedução a qual difere do
processo racional indutivo por apresentar premissas verdadeiras e por toda a informação
já estar, pelo menos implicitamente, nas premissas. Os fenômenos não podem ser
explicados sem uma teoria geral ou no mínimo um modelo teórico. Portanto, parte-se da
teoria geral para explicar o particular. É o racionalismo (Só a razão é capaz de levar ao
conhecimento verdadeiro). Ou seja, utilizando as palavras de Galliano (1979, p. 39) “a
dedução consiste em tirar uma verdade particular de uma verdade geral na qual ela
está implícita”44
.Parte de duas premissas, da qual se retira a conclusão.
Esta é uma racionalização fundada no conhecimento científico, já que a sua
ideia é procurar a confirmação de uma hipótese através da verificação das
consequências previsíveis nessa mesma hipótese.
O método dedutivo recepciona a teoria geral ufológica no sentido de
confirmar suas previsões hipotéticas. Pois, quando o ufólogo descreve um fenômeno
ufo, por efeito ele recorre ao conhecimento já existente na “teoria geral ufológica”, para
buscar referências que melhor se adapte a realidade vivenciada. Ou seja para
GALLIANO (1979) esse tipo de raciocínio é muito útil uma vez que parte do conhecido
para o desconhecido com pequena margem de erro, desde que se respeitem os critérios
de coerência e de não-contradição.
No entanto várias críticas são feitas ao método dedutivo, uma delas é a de
que essa forma de raciocínio é essencialmente tautológica, ou seja, permite concluir, de
forma diferente, a mesma coisa. Além dessa observação, dependendo da verdade das
premissas definidas o raciocínio pode induzir ao erro. Por isso, os críticos do método
dedutivo argumentam que esse raciocínio assemelha-se ao adotado pelos teólogos, que
partem de posições dogmáticas.
44 GALLIANO, A. G. O Método Científico: Teoria e Prática. São Paulo: Harbra, 1979, p. 39.
48
Do Método Dedutivo tem gênese o paradigma denominado de
Funcionalismo (Psicologia) que em termos gerais considera que todo sistema social tem
uma unidade funcional (instituição) na qual as partes as acham interligadas num grau
suficiente de harmonia ou consistência interna (cada unidade possui uma função). Os
elementos culturais representam a ligação entre o grupo humano e o meio físico,
elementos através de necessidades reclamadas pelo grupo (necessidades biológicas)
para atender a sua existência (imperativos culturais: economia, controle social,
educação, organização política, religião e estética)...
Deste paradigma nasce a Parapsicologia também conhecida como
Metapsíquica, que se refere a um estudo:
“sem preconceito e com visão científica, das faculdades humanas, reais e
imaginárias, que são inexplicáveis com base geralmente nas hipóteses
conhecidas. Os fenômenos que ela investiga situam-se em duas categorias
fundamentais: os chamados fenômenos mentais, que consistem em
informações adquiridas por meios supranormais ou fenômenos de percepção
extra-sensorial, e os fenômenos físicos ou prodígios. Procura estabelecer a
realidade desses fenômenos e apresentar hipóteses cabíveis para a sua
explicação”45
.
A partir desta introdução, fica notório que um paradigma gerado no
contexto de introduzir novas perspectivas de busca por conhecimento no que tange o
inexplicável é por efeito a base de sustentação das vertentes ufológicas Holística e
Paraolistica, pois ambas dependem do conhecimento e dos fenômenos parapsicológicos
no sentido nortear as observações e interpretações de muitos fenômenos ufológicos. Da
mesma forma fica possível definir casos relativos as hipóteses psicossociais, ou seja,
teorias de que alguns avistamentos OVNI são alucinações, sugestões hipnóticas ou
fantasias que são causadas pelos mesmos mecanismos de origem em experiências
ocultas, paranormais, sobrenaturais ou religiosas.
Este contexto do método investigavo dedutivo fundado no paradigma da
Psicologia e Parapsicologia permite ao ufólogo em especial verificar se o
comportamento de uma pessoa que supostamente relata que foi abdosida (por exemplo),
possua origem em fantasias influenciada pelo ambiente em que a mesma foi criada.
3 – Método hipotético-dedutivo;
45 ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. Tradução da 1ª edição brasileira coordenada e revisada por Alfredo Bosi; revisão
e tradução dos novos textos Ivone Castilho Beneditti - da 4ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2000, p. 668.
49
Quando o pesquisador não dispõe de uma teoria (ou explicações
insuficientes), ele começa pelo método indutivo para organizar as informações e
possibilitar a formulação de uma teoria geral para depois formular e testar as hipóteses e
depois utiliza o método dedutivo. Defende em primeiro lugar o problema e a conjectura
a serem testadas pela observação. Pois, segundo David Kaplan (1972, p.12):
“...o cientista, através de uma combinação de observações cuidadosas, hábeis
antecipações e intuição científica, alcança um conjunto de postulados que
governam os fenômenos pelos quais está interessado, daí deduz ele as
consequências por meio da experimentação e, dessa maneira, refuta os
postulados, substituindo-os, quando necessário por outros e assim
prossegue”.
Grande parte das pesquisas ufológicas se tipificam com este método, pois o
ufólogo não dispõem de uma teoria geral sobre determinados fenômenos ufológicos,
neste sentido ele tem que formular uma hipótese e verificar a veracidade da mesma. Ou
seja, é a teoria que norteia os dados colhidos na pesquisa de campo, para serem
analisados e serem classificados, descritos,... em um relatório, que por efeito, será
contextualizado como se fosse uma peça de um quebra cabeça a outras pesquisas.
É relacionado a esta predominante característica da Ufologia, que muitos
intelectuais a classificam com o status de Protociência.
4 – Método dialético;
O método dialético é identificado na pesquisa ufológica em dois contextos.
O primeiro se refere a abordagem com características Pré-socrática cujo a
busca da verdade é feita por meio de formulação adequada de perguntas e respostas até
se chegar ao ponto crítico do que é falso e verdadeiro. A primeira pergunta é a tese e a
resposta é a antítese, até se chegar a verdade que é a síntese.
Este método é contemplado no período de reflexão intima. Ou
contextualizada com os processos investigativos que envolvam a utilização de
psicopoderes ou faculdades intuitivas como defende a vertente Holística e Paraolistica.
A segunda abordagem Contemporânea (Hegeliana) segue algumas leis a
serem consideradas no contexto da analise do fenômeno. Sendo que muitos ufólogos no
contexto da elaboração de hipóteses consideram o seguinte:
50
Cada fenômeno é um processo em realização, modificando-se e
transformando-se em virtude de leis internas, do seu autodinamismo
e das contradições que encerram;
Há um encadeamento de processos, de forma que o mundo, o
conjunto de todos os processos, onde tudo sofre uma transformação
concentrada e progressiva como uma espiral;
Os fenômenos trazem em si as contradições; tendem a se transformar
no seu contrário;
Em várias oportunidades um processo que se orienta em ritmo
quantitativo de repente muda qualitativamente, ou seja, muda de
natureza.
Paradigmas derivados dos Métodos Dialéticos é conhecido como
Materialismo Histórico (método dialético) que é a doutrina que admite que as condições
concretas materiais são suficientes para explicar todos os fenômenos mentais, sociais,
históricos. Baseia-se no marxismo – teoria que afirma que o modo de produção da vida
material condiciona o conjunto de todos os processos da vida social, política e
espiritual. Utiliza o método dialético que se baseia das teorias de luta de classes e do
relacionamento entre o capital e o trabalho.
5 – Método Estruturalista (sistêmico);
Parte de um modelo simbólico da estrutura de um fenômeno, descreve e
quantifica as relações entre os objetos do modelo com base na realidade. As estruturas
pressupõem relações, conexões entre as partes de um fenômeno. Os fluxos respondem
pelas relações entre objetos distintos, sendo fluxos de matéria, energia e informação.
Cabe também analisar as relações do sistema com seu ambiente externo e com outros
sistemas.
Ufologia é por natureza sistêmica, pois classifica, qualifica, quantifica e
busca na realidade a sustentação necessária nos diversos conhecimentos produzidos pela
humanidade, para o reconhecimento plausível, coerente e divulgável de forma
responsável dos objetos que investiga.
Os paradigmas derivados dos é o Estruturalismo (método sistêmico) que é o
Método de investigação estrutural dos fenômenos a partir da inter-relação dos objetos
51
que o compõem. Ou seja, se aproxima muito da ideia de integração defendido pela
vertente ufológica Holística.
Os métodos de abordagem supracitados norteiam a analise e proporcionam a
complementação e sustentação aos Métodos de Investigação ou de Procedimento, que
são classificados da seguinte forma:
Método histórico se desenvolve no contexto em que a ideia
norteadora da pesquisa se fundamenta e considera que as atuais
formas de vida social é um reflexo do passado. Coloca o fenômeno
no contexto histórico-social. Esta é uma investigação que
contemporaneamente ganha muito destaque em decorrência da
“Teoria dos deuses astronautas”, já que a mesma não analisa apenas
a existência de seres extraterrestres, mas a sua relação com o ser
humano em seu processo histórico;
Método comparativo parte da ideia de comparações com o fim de
explicar semelhanças e diferenças de um objeto em analise. Este
método tem aplicação direta ou assessoria na pesquisa, pois devido a
complexidade e o contexto exótico em que se apresenta o fenômeno
ufo do qual decorre a carência de informações específica por efeito
ocorre a necessidade de compará-lo com informações cientificas,
culturais, parapsicológicas que melhor se adapte a ele. É muito útil
na identificação de seres lendários no contexto de histórias e estórias
quando comparado com o que representam de fato;
Método tipológico é similar ao comparativo, mas cria tipos ou
modelos ideais a partir da observação de aspectos essenciais do
fenômeno;
Método monográfico considera que qualquer caso estudado em
profundidade pode explicar outros ou todos os semelhantes. Este
método é a base de qualquer tipo de estudo, independente de
científico, místico, filosófico,... É o método fonte que explora o
conhecimento guardado em bibliografias, documentos e outras
fontes escritas. Neste sentido, a pesquisa é caracterizada por
cruzamentos de informações diversas que melhor explique e
52
fundamente os paradigmas, teorias, observações e experimentações
em diversos segmentos do conhecimento;
Método estatístico consiste na representação simples de conjuntos
complexos, se caracteriza por ser quantitativo. Ou seja, é o método
que transmite o conhecimento coletado e analisado de forma
classificatória e quantitativa através de gráficos, linhas temporais,
ranking,... ou seja, é a ligado a exposição da coleta da pesquisa de
campo, principalmente quando ele se apresenta informando
ocorrência de avistamentos, abduções, contatos imediatos
relacionado a períodos, acontecimentos históricos,...;
Método funcionalista parte do pressuposto que o conhecimento é
formado por partes componentes diferenciados e interdependentes.
Estuda a função de cada parte. Considera a pesquisa uma estrutura
complexa desenvolvida por grupos de indivíduos reunidos numa
trama de ações e reações sociais e de outro lado como um sistema de
instituições correlacionadas onde a descoberta de um setor do
conhecimento, pode influenciar ou alterar radicalmente a visão de
outro estudo. Neste sentido temos que a Ufologia é por seu contexto
exótico composto de objetos parcialmente indeterminados um estudo
que por necessidade tem que buscar em conhecimentos específicos a
fundamentação para o objeto teorizado.
Método estruturalista parte da investigação de um fenômeno
concreto, abstraindo para modelar o objeto. É a descrição do objeto
dentro de um contexto objetivo. Ou seja, quando o ufólogo,
caracteriza (tamanho, coloração de pele, peso, aparência física,...) de
um ser extraterrestre, ele está especificando objetivamente o que é o
mesmo, dentro do assunto ufológico.
TEORIAS UFOLÓGICAS E AS PSEUDOTEORIAS
As teorias nascem de especulações fundadas no senso comum dentro de um
contexto em que existe uma circunstância ou mais, que gere a atenção do meio
científico e filosófico para desmistificá-la. É uma pratica natural da racionalidade
humana no simples ato indireto de interpretar o que ocorre a sua volta e dentro de sua
53
realidade. O professor de Filosofia Eloi Correa dos Santos explica esta característica
humana da seguinte forma:
“Em nosso dia-a-dia formulamos uma série de opiniões a respeito de tudo
que nos cerca. São descrições imprecisas ou relatos de fatos e acontecimentos
abordados de maneira superficial impregnados de opiniões, que geram
conceitos pré-concebidos os quais aos poucos vão se tornando parte do
conhecimento popular. Contudo nem todos os conhecimentos integrantes do
senso comum são irrelevantes, já que partem da própria realidade, algumas
concepções são de fatos precisas, faltando a elas, sobretudo, o rigor, o
método, a objetividade e a coerência típicas do senso crítico”46
.
A partir desta elucidante introdução é plausível sustentar que as teorias
ufológicas tiveram gênese inspirador em fenômenos reais, vistos de fato. Porém, de
contexto questionáveis. Pois, caso não fossem não receberiam atenção de pesquisadores
independente se do campo ufológico ou se de outro campo científico. Ou seja, esta não
é uma afirmação que existe o fenômeno ufo, mas sim é uma afirmação que existe um
fenômeno que carece de identificação, por é isto que deve ser investigado.
Neste contexto começa a ser construído um campo de possibilidades com
várias vertentes: a perspectiva da ciência, do leigo e do ufólotra. A perspectiva da
ciência é naturalmente elaborar um relatório, onde entre outras coisas será determinado
se o que foi visto é algo identificável ou não. Já a perspectiva do leigo estará presa ao
senso comum esperando confirmação ou não do que acha que viu. No entanto, para o
ufólotra, não existe perspectiva, ele simplesmente considera real o relacionando ao
conhecimento que carrega sobre fenômenos ufos.
São desses contextos que nascem as teorias ufológicas e as pseudoteorias.
As quais possuem diferenças pontuais e marcantes.
As teorias produzidas pela Ufologia Ciência só começam a serem
construídas com especulações hipotéticas, quando um fenômeno observado não é
identificado pela Ciência. Posteriormente a esta crucial informação ocorrerá a
identificação ufológica se o fenômeno é de competência da Ufologia ou não. A partir
dessas duas condições básicas, é que o ufólogo irá começar a levantar hipóteses que
sustente a teoria que racionalizou, mas tendo como norte fatos específicos da natureza
do objeto estudado e de seus efeitos junto a pesquisa e a realidade. Ou seja, o
pesquisador não irá começar formular novas teorias sem ainda ter confirmado a teoria
principal.
46 SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ. FILOSOFIA/Vários autores. 2ª. Curitiba: SEED-PR, 2006, p.
34.
54
Naturalmente com esta teoria se confirmando ou se tornando plausível,
mesmo carecendo de informações complementares, diversos pesquisadores irão estuda-
la para encontrar nela paradigmas que sustentem hipóteses de outras teorias em fase de
construção ou para aperfeiçoa-la. É um processo natural de integração a autocorreção
teórica científica. Ou seja, um campo da ciência colabora com outro.
No que tange as pseudoteorias temos um contexto totalmente contraditório
ao apresentado. Pois, as pseudoteorias nascem do senso comum e continuam presas a
ele, no que tange a sua abordagem. Neste contexto as hipóteses possuem por base
especulações não confirmadas ou refutadas, ou seja, são pseudohipóteses, já que não
carecem de informações complementares, pois a sua condição já esta cientificamente
determinada, sendo que nem mesmo a confirmação científica de um fenômeno ufo é
capaz de mudar sua condição. Pois, esta “teoria” foi construída a partir de vícios,
alienações,..., ou seja, um exemplo curioso é que quando acontece isto, geralmente o
objeto em análise quando confirmado, depõe contra a própria pseudoteoria,
independente de campo científico.
As pseudoteorias aparentam ser reais, pois muitas vezes são sustentadas por
relatos orais, imagens e documentos. O problema é que o contexto probatório não foi
devidamente periciado ou sequer foi, o que por efeito vai gerar outras contradições. Para
agravar a situação dessas manifestações pseudoufológica, se verifica a sua sustentação
em outras teorias de questionável credibilidade.
Por serem “teorias” de impacto devido a sua enorme gama de informação
exóticas e se relacionarem e responderem a curiosidade leiga, ganham muitos
simpatizantes e exploração na mídia. Por efeito se tornam sustentação de teorias
conspiradoras.
Merece consideração a seguinte informação, não esta se tecendo críticas as
Teorias Conspiratórias, pois, elas não são o foco dessa análise. A crítica é feita as
teorias conspiratórias que utilizam elementos ufológicos em seu contexto. Pois, elas são
o exemplo perfeito de como uma pseudoteoria funciona, ou seja, é elaborada uma trama
com elementos reais, mas sobre efeitos de elementos irreais. A pessoa começa a
elaborar um contexto imaginário fundado no senso comum, relacionando a este
devaneio personagens e possibilidades que ainda se manifestam em um campo de
suposições. Isto é, não é racional utilizar um fenômeno não comprovado (independente
se ufológico ou não) para servir de elemento colaborador na construção de uma
possibilidade especulativa.
55
Observadas as diferenças fundamentais entre as teorias ufológicas e as
pseudoteorias, verifica-se que o principal foco da teoria ufológica é o objeto de estudo e
as informações que se extraem dele para iniciar novos estudos. Tendo como
característica desse processo a ideia grega da própria palavra que significava vida
contemplativa ou especulação47
. Diante disso, cada hipótese ou especulação
desenvolvida vai se relacionar diretamente a um conjunto de manifestações resultante
exclusivamente do objeto, nunca além ou aquém dele. Ou seja, funciona como um
complexo quebra-cabeça onde as peças além de serem encaixadas coerentemente devem
ser encontradas, investigadas e periciadas.
Neste sentido a teoria ufológica é por essência científica já que, ela é
caracterizada por um sistema consistente formado por observações, ideias e axiomas ou
postulados, constituindo no seu todo um conjunto explicativo do objeto em análise.
FALÁCIAS QUE CONTAMINAM A UFOLOGIA
Relacionado diretamente as teorias que afetam negativamente a imagem da
Ufologia, se desenvolvem as argumentações falaciosas. Principalmente no que tange a
argumentação que explica os fenômenos ufos.
As falácias se apresentam dentro de um contexto de falta de informações ou
de provas para uma determinada tese. Sendo assim, inevitavelmente o ufólogo
pesquisador quando questionado sobre determinada circunstância no que foi exposto, no
que tange a falta de uma explicação costuma buscar refugio no senso comum, no apelo e
no distanciamento do foco do assunto em questão. Resumindo responde um monte de
coisa, mas não explica nada.
Porém, isto ocorre muitas vezes por ingenuidade e falta de delimitação do
assunto que irá tratar. Já que, o grande problema é o ufólogo achar que vai estar apto
para responder a todas as questões feitas. Como também desconsidera o fato que ele não
possui um auditório favorável. Por efeito dessa falta de perspectiva existe uma
empolgação inicial onde o assunto ganha abrangência e por consequência abre brecha
para que o questionamento se direcione a assuntos sem respostas plausíveis.
47 ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. Tradução da 1ª edição brasileira coordenada e revisada por Alfredo Bosi;
revisão e tradução dos novos textos Ivone Castilho Beneditti - da 4ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2000, p. 952.
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Por experiência, participando ou assistindo apresentações de trabalhos
acadêmicos e palestras diversas, aprendi que nunca se transcende o que esta programado
a ser apresentado. Como também, nunca se explora assuntos que não domina por
completo, que ainda esta confuso ou que possui resultado inexistente. Da mesma forma,
que se deve avaliar o tipo de público que assiste a apresentação. Pois, se o mesmo for de
ufólogo a didática, linguagem e assunto será totalmente diferente se for para um público
“leigo em ufologia”. Não é uma questão de ser “espertão” (se o auditório for de
alienado, qualquer coisa que se falar vale), mas sim de ser coerente, previdente e
honesto e de não dar margem para alimentar os céticos.
Não se fala nada que não seja provado pela ciência. Pois, o mundo não é
feito só de ufólogos ele é científico. Quando o contrário ocorre, os efeitos são evidentes
daninhos a imagem da ufologia. Exemplificando tal fato, a própria Igreja Católica, antes
de considerar a ocorrência de um milagre, ela esgota todas as possibilidades científicas
de investigação, para dai sim definir o status do fenômeno.
Neste contexto, algumas falácias se destacam não só na ufologia como em
outras áreas da ciência para sustentar fenômenos não provados ou para convencer o
público a acreditar, já que o mesmo é confirmado por alguém importante ou que se
destaca na sociedade. Ou seja, é a clássica falácia “meu mestre disse” (apelo a
autoridade). É muito usada na argumentação das pesquisas de campo (entrevistas) e na
fundamentação. Porém, se difere da fundamentação teórica por que nela se utiliza
pessoas especialistas da área, diferente da utilização de um artista muito famoso, por
exemplo.
O campo das falácias é muito amplo e deveria receber a atenção de todo
ufólogo antes deste desenvolver suas teorias ou argumentações. É um estudo útil que
faz o pesquisador refletir e estudar mais, tanto Ufologia quanto outras áreas do
conhecimento para complementar seus conhecimentos e por efeito se tornar coerente.
Pois, o ufólogo tem que entender que mesmo ele buscando ser alternativo e
tendo a boa intenção de demonstrar isto para outras pessoas, suas ideias ainda esbarram
nas convenções correntes. Ou seja, não adianta o ufólogo apresentar uma entrevista em
que aparece o “presidente da república” dizendo que viu um fenômeno ufo, por
exemplo, se ele não tiver realizado uma ampla e coerente investigação sobre o fato. O
mundo é científico e neste momento histórico ele é quase que exclusivamente receptivo
a resultados padronizados pela ciência. Querendo ou não é dentro desta realidade que o
ufólogo tem que se prender se quiser ser respeitado fora do campo da Ufologia.
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ÉTICA UFOLÓGICA
As ações dos representantes de uma ciência é por efeito a forja da alma e da
credibilidade da mesma. Pois, por meio destas ações que os leigos e representantes de
outras áreas de conhecimento valoram a qualidade dos estudos realizados em seu
campo.
Não diferente de outras áreas de conhecimento a Ufologia possui um
contexto histórico forjado por ações que interferem diretamente em sua essência. O
problema é que a maioria destas ações se refletem de forma negativa que por
consequência construíram e ainda constroem uma imagem contraditória e denigrida dos
estudos ufológicos.
Observando este contexto de descredito, é possível identificar elementos
que contribuem. Neste sentido, temos: o “ufólogo”, os ufólotras, as pseudoteorias, a
falta de ordem dentro do mundo da ufologia e a propagação irresponsável por diversos
meios de comunicação de informações “ufológicas”. Ou seja, não é o fenômeno ufo o
vetor do descredito dos estudos ufológicos. O que existe de fato é um objeto exótico e
desconhecido com todos os requisitos para ser pesquisado por qualquer campo da
Ciência que se julgue capaz. O problema é a forma e por efeito as pessoas que se
interessam em investigá-lo, que se norteiam na falsa ideia da Ufologia não ser uma
ciência legalizada, e por este motivo deduzem que o estudo ufológico se guia em um
contexto alternativo e anárquico.
Diante desta primeira condição fica notória a falta de ordem dentro do
campo de abrangência científica. Pois, a Ufologia não é um estudo alternativo, ela
apenas se apresenta sem paradigmas capazes de dar sustentações a algumas de suas
teorias.
Porém, devido a falsa ideia de se achar que a Ufologia é uma manifestação
alternativa de conhecimento, alguns adeptos dessa filosofia buscam sustentar essa
condição fundada nos princípios de um sistema anárquico. Ou seja, um reflexo de seu
desenvolvimento histórico, já que a Ufologia se propagou e ainda se propaga através de
movimentos hippies e exotéricos. O problema não é a ideologia anarquista, já que ela é
uma filosofia organizacional bem avançada, no entanto o grande desafio é se adaptar ao
58
senso coletivo, ou seja, ser responsável e estar consciente disso, já que o sistema
depende das ações das pessoas.
No que tange a ideia de ações das pessoas, aparece o segundo problema que
se liga intimamente aos outros problemas que tange a Ufologia. Pois, infelizmente
muitos não possuem o senso ético de ser responsável, ou seja, “reconhecer-se como
autor da ação, avaliar os efeitos e as consequências dela sobre si e sobre os outros”48
.
Não é uma questão de conhecimento, é uma ação de sabedoria. Esta condição somada a
“capacidade para controlar e orientar desejos, impulsos, tendências, sentimentos e de
capacidade para deliberar e decidir entre várias alternativas possíveis”49
que por
efeito vai se efetivar em ações. No contexto dessas ações temos os seguintes vetores:
Ufólogo é o pesquisador científico da Ufologia, já que, se norteia por
métodos científicos e paradigmas desenvolvidos dentro de uma
plausibilidade adequada ao objeto que analisa. Busca sempre
repassar os resultados de seus estudos de forma responsável,
coerente e neutro. Evita afetações em seus estudos, pois entende que
suas ações possuem efeitos que transcende a sua honra e se reflete e
contamina a ciência Ufologia;
Ufólotra é a pessoa alienada por afetações de origem místicas ou
ideológicas diversas que se manifestam de forma ingênua e
desprovida de racionalização aprofundada. Suas ações não visam o
estudo ufológico, mas sim a adoração de fenômenos ufos e a
posterior criação de doutrinas que se revertem como a única fonte
capaz de contemplação do que é idolatrado. Equivocadamente é
confundido com ufólogo;
Pseudosufólogos é a pessoa que se diz ufólogo, mas que na verdade
não age como um. É um simpatizante radical da Ufologia Romântica
e da Protoufologia afetado por racionalizações paranoicas. Por este
motivo não consegue se estabelecer dentro do deserto real filosófico
e por efeito disso ele distorce as informações para sustentar uma
argumentação paranoica ou uma ficção. Os pseudosufólogos
carregam também características dos ufólotras e irresponsavelmente
são os principais propagadores de falsas informações além de
48 CHAUI, Marilena. Convite à Filosofia. 8ª. São Paulo. Atica, 1997, p. 338. 49 Idem, p. 337.
59
estarem envolvidos com casos de charlatanismo. Equivocadamente
são confundidos com ufólogos;
Simpatizante é o leigo curioso, que simplesmente colhe informações
ufológicas sem um aprofundamento, pois, se satisfaz simplesmente
com que juga atender seus interesses. Porém, tem por habito
propagar informações nas redes sociais sem analisar a mesma.
Estas pessoas por suas ações junto ao campo ufológico produzem
informações que acabam evoluindo para teorias. Porém, devido as contaminações
geradas em seu processo de construção, a maioria costuma ser refutadas ou classificadas
como pseudosteorias.
Em decorrência desta degradante situação a sociedade ufológica mundial,
entendeu a necessidade de se criar limites, pois percebeu que um campo de estudo onde
não existe regras, delimitações e fiscalização, fica sujeito ao fenômeno da desordem. E
por efeito este universo desordenado acaba aceitando tudo que é tipo de ideias e
informações. Uma consequência direta do tipo de “estudiosos” que age dentro dele.
Neste contexto, muitas organizações ufológicas preocupado com o destino
da Ufologia buscaram estabelecer regras que norteie delimitações e ações de seus
membros e de pessoas interessadas no assunto para se alcançar uma ordem capaz de
proporcionar uma imagem mais adequada ao estudo ufológico e afastar a possibilidade
da Ufologia se tornar uma manifestação de ufolatria. Porém, devido a inexistência por
muitos anos de um padrão comum, não existe um consenso entre os ufólogos na
maneira de procederem seus estudos e de se relacionarem com o fenômeno ufo.
A falta de consenso ético ainda esbarra em considerações oriundas
divergentes da visão contemporânea que ascende ao caminho científico frente as
propostas dos adeptos da Ufologia do século XX que ainda carregam características
vinculada ao esoterismo e algumas afetações proporcionadas por protoufólogos,
ufólotras e pseudosufólotras.
A implantação da ética dentro da Ufologia contemporaneamente ainda esta
em um processo de construção e intimamente vinculada a característica de seus
representantes e o sucesso probatório de suas teorias.
Independente de coesão ética, outro problema é a falta de fiscalização de
informações. Sei que não é possível proibir as pessoas de expressar o que pensam,
porém, é possível refutar esta ideia propagada, tanto na fonte quanto por outro meio.
60
Porém, que fique bem claro, refutar não é sinônimo de humilhar verbalmente outra
pessoa.
A ideia de refutar é argumentar fundamentado em informações coerentes
sobre o assunto em questão, dentro de um contexto científico e pacífico contra a
informação incoerente. É a prática da discussão científica onde se aprende e ensina ao
mesmo tempo no contexto de aprimorar e difundir o conhecimento.
E por fim, mesmo existindo um padrão ético, vai continuar existindo
pessoas que desconhecem a ordem dentro da Ufologia simplesmente porque eles estão
interessados no fenômeno ufo. Diante disso, seria muito interessante, que todo curso,
produção bibliográfica, blog, site, palestras e eventos, reservassem um espaço para a
ética ufológica.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como qualquer pesquisa séria quando comecei a escrever esta superficial
reflexão, já possuía mais de quinze anos de leituras de livros e artigos além de
observações de discussões de ufólogos na internet, palestras e reuniões de eventos.
Sempre de forma discreta, só observando, questionando quando necessário e buscando
informações complementares, fui montando meu conhecimento.
No início me restringia ao fenômeno ufo, mas conforme fui evoluindo
academicamente, vi muitos que os que se interessavam por ufologia abandonarem esse
mundo, outros, usavam estudos ufológicos para fundamentar o ateísmo, outros para
ganharem dinheiro e por fim outros que sabem da verdade, mas que não tinham meios
de expressar ou de fundamentá-la e por este motivo eram e são ridicularizado por
pessoas que sequer tem metade do conhecimento do mesmo.
Nunca fui ufólogo, só coletava informação, no entanto meu lado científico
sempre identificava falhas em pesquisas que ocorriam por falta de orientação ou
conhecimento, e isto me fazia a cada dia entender porque a Ufologia era tão
ridicularizada. Mas eu acreditei na seriedade dela. Foi neste contexto que resolvi tecer
esta superficial consideração. Pois, alguém deveria apontar os erros dos estudos
ufológicos de forma construtiva não destrutiva, como acontece até então.
61
Foi o que eu fiz. Não sei se esta coerente, no entanto, espero que no
aperfeiçoamento do que foi analisado nasçam alternativas que norteiam um estudo
ufológico mais saudável. E que deste caminho surjam descobertas cientificas que
ajudem a descobrir mais sobre a vida e o planeta.
EXPERIÊNCIA PESSOAL NO CAMPO CIENTÍFICO
Sou um homem da ciência, professor público de profissão, historiador por
formação, bacharel em Direito por opção, Especialista em História do Brasil e
Especialista em Geografia do Brasil por dever moral e Mestre em Ciências da Educação
a título de aperfeiçoamento profissional. Possuo uma visão conservadora e cética quanto
as informações científicas. Contemplo a consciência de me policiar constantemente,
para não ser corrompido por filosofias e doutrinas gerais que inviabilize meu
pensamento no que tange uma alienação.
O desconhecido sempre me despertou curiosidade, sempre quis saber coisas
e detalhes sobre assuntos, lugares e acontecimentos da forma mais ampla possível.
Porém, o que me levou ao mundo da pesquisa científica, foi o desejo de conhecer e
preservar a história da cidade que nasci. Pois, sempre me questionei se realmente eu
estava sendo útil para a sociedade, mesmo eu sendo um educador.
A partir de conhecimentos concretos da Ciência História, é fato que todos
nós fazemos história, que interferimos no meio em que vivemos passiva ou ativamente.
Porém, existem aqueles que são lembrados e referenciados pela História, ou seja,
aquelas pessoa que no desempenhar de suas vidas excederam as suas básicas funções e
o comodismo para agirem ativamente para atingir seus interesses (politico, científico,
social, cultural,...), e por esta ação, acabaram indiretamente deixando marcas na
sociedade. Se boas ou ruins não cabe a esta obra específica se prender.
Neste contexto supracitado, me tornei um pesquisador historiador de fato.
Utilizando de minha experiência adquirida no processo de elaboração das monografias
necessárias de requisito parcial para alcançar a aprovação nos cursos e especializações
que realizei, comecei a aplica-la na prática. Apesar da familiaridade com os métodos e
metodologias, inicialmente cometi pequenas contradições em minha pioneira obra
histórica sobre o município pesquisado, em decorrência que me faltava experiência no
62
contexto real em lidar com uma localidade que naquele momento se encontrava sem
uma história contada a partir de documentos oficiais, já que grande parte deles foram
extraviados por diversos motivos.
Apesar das falhas e da forma como foi elaborado o texto que abordava o
assunto pesquisado, (atender o universo leigo) o livro “Relatos de um tamandareense:
História do município de Almirante Tamandaré”, se apresentou com um grau bem
elevado de credibilidade.
Posteriormente, norteando-se exclusivamente por documentos oficiais
logrado êxito em acha-los em periódicos de época e publicações raras fora dos limites
da cidade montei um complexo quebra cabeça que resultou na obra “Considerações
históricas e geográficas sobre o município de Almirante Tamandaré”.
Como fica notório, carrego uma boa bagagem de experiência e
conhecimentos metodológicos adquiridos tanto no universo acadêmico quanto no
universo prático. Diante disso, busco tentar colaborar com os estudos ufológicos,
repassando este conhecimento e agindo criticamente no que observo estar errado dentro
de um contexto plausível relacionado ao universo científico e filosófico. Principalmente
porque observo que no contexto do estudo ufológico, existem ocorrências dos mesmos
problemas presentes em outras ciências (principalmente em história), ou seja, a
existência de pseudos pesquisadores, os quais por serem inaptos por alienação ou por
falta de aperfeiçoamento de seus conhecimentos, só atrapalham o desenvolvimento e a
credibilidade da ciência que representam. No caso especificamente da Ufologia, este
tipo de ação tem consequências muito daninhas, já que elas se tornam o fundamento
argumentativo para destruir a quase inexistente credibilidade científica que esta não
considerada ciência possui.
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BIBLIOGRAFIA
ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. Tradução da 1ª edição brasileira
coordenada e revisada por Alfredo Bosi; revisão e tradução dos novos textos Ivone
Castilho Beneditti - da 4ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
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CHAUI, Marilena. Convite à Filosofia. 8ª. São Paulo. Atica, 1997.
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GEWANDSZNAJDER, F. O que é o Método Científico. Pioneira Editora, São Paulo,
1989.
HYNEK, J. Allen. Ufologia: Uma Pesquisa Científica. Nórdica Editorial, 1982.
NUNES, Luiz Antonio Rizzatto. Manual de introdução ao estudo do direito. São
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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ. FILOSOFIA/Vários
autores. 2ª. Curitiba: SEED-PR, 2006.