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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE ENGENHARIA CIVIL CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL Considerações de projeto e execução de coberturas em Light Steel Frame VICTOR SANTOS MOURA GOIÂNIA 2015

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Considerações de projeto e execução de coberturas em Light Steel Frame 1

V. S. Moura

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

ESCOLA DE ENGENHARIA CIVIL

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

Considerações de projeto e execução de

coberturas em Light Steel Frame

VICTOR SANTOS MOURA

GOIÂNIA

2015

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Considerações de projeto e execução de coberturas em Light Steel Frame 2

V. S. Moura

Victor Santos Moura

Considerações de projeto e execução de

coberturas em Light Steel Frame

Monografia apresentada ao Curso de Engenharia Civil da

Universidade Federal de Goiás para obtenção do título de

Engenheiro Civil

Orientador: Prof. Orlando Ferreira Gomes

GOIÂNIA

2015

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V. S. Moura

Victor Santos Moura

Considerações de projeto e execução de coberturas em Light Steel Frame

Monografia apresentada ao Curso de Engenharia Civil da

Universidade Federal de Goiás para obtenção do título de

Engenheiro Civil

Orientador: Prof. Orlando Ferreira Gomes

Aprovada em _____/_____/_____.

Prof. Dr. (Presidente)

Universidade

Prof. Dr. (Examinador)

Universidade

Prof. Dr. (Examinador)

Universidade

Atesto que as revisões solicitadas foram feitas:

_____________________________________

Orientador

Em:_____/_____/_____.

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Considerações de projeto e execução de coberturas em Light Steel Frame 4

V. S. Moura

Resumo

MOURA, Victor Santos. Considerações de projeto e execução de coberturas em

Light Steel Frame. 2015. 65 páginas. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em

Engenharia Civil) – Escola de Engenharia Civil, Universidade Federal de Goiás, Goiás, 2015.

O cenário atual da construção de habitações populares no Brasil ainda possui muitas

características artesanais marcadas pela baixa produtividade e baixa aplicação de novas

tecnologias. A substituição dos materiais comumente aplicados na atualidade por elementos

provenientes do aço galvanizado oferece uma característica industrial na construção civil,

melhorando a qualidade e eficiência das edificações. Nos últimos 12 anos muitas políticas de

incentivo à construção de casas populares foram aplicadas no Brasil, aumentando a demanda e

necessidade de novas soluções menos onerosas e mais eficientes. A aplicação de perfis Light

Steel Frame nas coberturas das habitações populares traz várias vantagens que se encaixam

nesta necessidade de novas tecnologias. A realização de um estudo contendo considerações de

projeto e execução de coberturas com estes perfis metálicos incentiva e viabiliza a sua aplicação

no mercado atual brasileiro, alcançando assim uma evolução da atividade da construção civil.

Palavras-chaves: Light Steel Frame. Habitação Popular. Cobertura. Industrialização

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V. S. Moura

Abstract

MOURA, Victor Santos. Design and implementation considerations of Light Steel

Frame roof structures. 2015. 65 pages. End of Course Paper (Majoring in Civil Engineering)

– Civil Engineering School, Federal University of Goiás, Goiás, 2015.

The current scenario of the construction of affordable housing in Brazil still has many

features handmade marked by low productivity and low application of new technologies. The

replacement of these existing materials and methods by elements coming from galvanized steel

offers industrialization in the civil construction, improving the quality and efficiency of the

buildings. Over the past 12 years, many policies to encourage the construction of affordable

homes have been applied in Brazil, increasing demand and need for less expensive and more

efficient solutions. The application of the Light Steel Frame on the roof structure of popular

dwellings brings many advantages that fits on this need for new technologies. Conducting a

study containing design considerations and implementation of these metal profiles encourages

and enables its application in the current Brazilian market of construction, thus achieving an

evolution on this field.

Keywords: Light Steel Frame. Affordable Housing. Roof Structure. Industrialization.

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Considerações de projeto e execução de coberturas em Light Steel Frame 6

V. S. Moura

Lista de Figuras

Figura 2.3.1: Montagem de obra residencial com Steel Frame 20

Figura 2.3.2: Montagem de obra residencial com Steel Frame 21

Figura 2.3.3. Conjunto habitacional em alvenaria de vedação com cobertura em LSF.

22

Figura 2.4.4. Habitação hipotética com tipologias de telhado. 24

Figura 5. Alvenaria de blocos cerâmicos ou estrutural com laje maciça. 26

Figura 6. Alvenaria de blocos cerâmicos ou estrutural sem laje maciça. 26

Figura 7. Sistema composto por pontaletes, caibros e contraventamentos verticais. 27

Figura 8. Sistema composto por um montante central, mãos-francesas, caibros e

contraventamentos verticais. 28

Figura 9. Sistema composto por treliças. 28

Figura 10. Elevação de projeto do sistema TIPO 01. 29

Figura 11. Elevação de projeto do sistema TIPO 02. 29

Figura 12. Elevação de projeto do sistema TIPO 03. 30

Figura 13. Ilustração do beiral (em vermelho) e da platibanda (em verde). 30

Figura 14. Detalhe de platibanda acompanhando o caimento da cobertura. 31

Figura 15. Testeira em estruturas de madeira. Erro! Indicador não definido.

Figura 16. Tabeiras em LSF para acabamento da estrutura. 31

Figura 17. Instalação do forro na estrutura de LSF. 32

Figura 18. Telhas cerâmicas usuais. 33

Figura 19. Galga das telhas cerâmicas. 34

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Considerações de projeto e execução de coberturas em Light Steel Frame 7

V. S. Moura

Figura 20. Residência com a utilização de telhas de fibrocimento. 35

Figura 21. Telhas metálicas isolantes. 36

Figura 22. Residência padrão escolhida para estudo de caso. Medidas externas em

centímetros. 42

Figura 23. Indicação do sistema estrutural composto por treliça, com definição dos

banzos superiores e inferiores. 45

Figura 24. Aprovação de todos os perfis no cálculo da estrutura LSF. 46

Figura 25. Etiquena nas peças de LSF. 47

Figura 26. Fabricação das treliças. 49

Figura 27. Estocagem das treliças fabricadas. 49

Figura 28. Edificação a ser coberta. 50

Figura 29. Fixação das treliças na alvenaria. 50

Figura 30. Primeira linha de ripas da cumeeira. 51

Figura 31. Fixação da estrutura do forro. 51

Figura 32. Detalhe para fixação do banzo superior da treliça nas vigas de apoio. 52

Figura 33. Detalhe de fixação dos caibros dos oitões na alvenaria que acompanha a

inclinação da cobertura. 53

Figura 34.Detalhe de fixação dos perfis cartola para o forro na alvenaria. 54

Figura 35. Detalhe de ligação entre dos montantes centrais da treliça com os banzos

superiores. 55

Figura 36. Detalhe de ligação entre dos montantes centrais da treliça com o banzo

inferior e as diagonais. 56

Figura 37. Detalhe de ligação das diagonais e montantes nos banzos. 57

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V. S. Moura

Figura 38.Detalhe de fixação das ripas nos banzos superiores. 58

Figura 39. Detalhe de fixação dos perfis cartola para sustentação do forro no banzo

inferior das treliças. 59

Figura 40. Detalhe de contraventamento entre dos montantes centrais das treliças. 60

Figura 41. Detalhe de formação dos perfis tubulares. 61

Figura 42. Detalhe de fixação entre as tabeiras na cumeeria. 62

Figura 43. Detalhe de ligação das tabeiras nas ripas da cobertura. 63

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V. S. Moura

Lista de Tabelas

Tabela 1.6.1. Cronograma do trabalho. 17

Tabela 2.4.2. Perfis LSF usuais em cobertura. 23

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V. S. Moura

Lista de Gráficos

Gráfico 1. Incidência dos variados tipos de telhas para a vedação da cobertura. ......... 37

Gráfico 2. Incidência de inclinação nas coberturas. ..................................................... 38

Gráfico 3. Finalidade da edificação de acordo com a utilização da edificação. ........... 38

Gráfico 4. Incidência da tipologia estrutural. ............................................................... 38

Gráfico 5. Incidência das áreas cobertas das edificações. ............................................ 39

Gráfico 6. Incidência dos perfis LSF em comprimento. ............................................... 39

Gráfico 7. Incidência dos perfis LSF em peso. ............................................................. 39

Gráfico 8. Taxa média das coberturas em LSF. ............................................................ 40

Gráfico 9. Comportamento da taxa de acordo com a área de cobertura. ...................... 40

Gráfico 10. Comportamento das taxas de acordo com as tipologias estruturais. ......... 41

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V. S. Moura

Lista de Abreviaturas e Siglas

LSF – Light Steel Frame

PMCMV – Programa Minha Casa Minha Vida

PAC – Programa de Aceleração do Crescimento

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

CBCA – Centro Brasileiro da Construção em Aço

TCC - Trabalho de Conclusão de Curso

UFG - Universidade Federal de Goiás

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V. S. Moura

SUMÁRIO

1 CAPÍTULO 1 ......................................................................................................... 14

1.1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 14

1.2 OBJETIVO ..................................................................................................... 15

1.3 METAS ........................................................................................................... 15

1.4 JUSTIFICATIVA ........................................................................................... 15

1.5 METODOLOGIA ........................................................................................... 16

1.6 CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO .............................................................. 17

1.7 ORÇAMENTO ............................................................................................... 17

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................... 18

2.1 DEFINIÇÃO ................................................................................................... 18

2.2 TIPOLOGIA ATUAL DE HABITAÇÃO POPULAR .................................. 18

2.3 APLICAÇÃO DO LIGHT STEEL FRAME .................................................. 20

2.4 PERFIS LIGHT STEEL FRAME ................................................................... 22

3 ESTUDO DE CASO .............................................................................................. 25

3.1 DEFINIÇÃO DA TIPOLOGIA ESTRUTURAL ........................................... 25

SISTEMA ESTRUTURAL HABITAÇÃO POPULAR ........................... 25

SISTEMA DE VEDAÇÃO DA COBERTURA ....................................... 32

3.1.2.1 TELHAS CERÂMICAS ........................................................................ 33

3.1.2.2 TELHAS DE FIBROCIMENTO E METÁLICAS ISOLANTES ......... 35

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V. S. Moura

3.2 ESTUDO DAS INCIDÊNCIAS ..................................................................... 37

3.3 DEFINIÇÃO DA RESIDÊNCIA PADRÃO .................................................. 41

3.4 ASPECTOS DE CÁLCULO DOS PERFIS ................................................... 43

3.5 ETAPA DE MONTAGEM ............................................................................. 47

4 ANEXO .................................................................................................................. 52

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V. S. Moura

1 CAPÍTULO 1

1.1 INTRODUÇÃO

A construção civil no Brasil ainda possui características marcadas pela atividade

artesanal, tendo como alguns aspectos a baixa produtividade, desperdício de materiais e

empirismo nas práticas utilizadas. A industrialização dos sistemas construtivos é uma das

principais saídas para a redução destes fatores que afetam diretamente a qualidade e

confiabilidade de qualquer edificação entregue ao seu usuário (SANTIAGO, 2008).

Há centenas de anos o aço é uma opção muito viável para a substituição de vários

materiais comumente utilizados nas construções. Ele permite de forma mais eficiente

estabelecer a industrialização na construção civil. Como o Brasil é um dos maiores produtores

de aço do mundo, devemos aproveitar esta característica para aplicar cada vez mais o aço em

soluções de engenharia (HASS & MARTINS, 2011).

As construções para habitações populares não são diferentes quando comparadas aos

padrões adotados nos outros ramos da construção civil, na qual ainda são utilizados materiais

como madeira, blocos cerâmicos e telhas cerâmicas. Estes itens em sua produção possuem alto

índice de agressão ao meio ambiente e não são renováveis. A substituição da madeira pelo aço

na estrutura da cobertura de casas populares representa um significativo avanço na

industrialização do sistema. Com o objetivo de sempre melhorar a atividade da construção civil,

outros componentes das edificações devem também ser substituídos pelo aço a fim de alcançar

um nível de industrialização suficiente e ideal.

Segundo Castro (2005) o aço galvanizado formado a frio em chapas finas é muito

indicado para a substituição da madeira nas soluções de coberturas para casas populares. Os

perfis formados a partir deste aço possuem em sua seção transversal pequenas dobras que

permitem maior rigidez apesar da baixa espessura. Quando fixados entre si corretamente de

acordo com as devidas prescrições de projeto formam uma estrutura rígida e resistente

denominada Light Steel Frame, capaz de suportar grandes carregamentos devido ao vento ou

demais cargas eventuais.

As principais vantagens geradas pela eliminação da madeira e utilização do Light Steel

Frame é o grande aumento da produtividade tanto na produção quanto na montagem das peças,

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Considerações de projeto e execução de coberturas em Light Steel Frame 15

V. S. Moura

padronização dos perfis, melhoria no controle de qualidade, resulta em estruturas mais leves,

material incombustível e inorgânico, a agressão ao meio ambiente é muito menor e como fator

determinante a sua viabilidade econômica é comprovadamente superior (LEONÍDIO, 2013).

1.2 OBJETIVO

O objetivo geral deste trabalho é o estudo e proposição de considerações de projeto e

execução para perfis Light Steel Frame aplicados em coberturas de casas populares ou

condomínios horizontais.

O objetivo específico é fazer uma abordagem estrutural e executiva do sistema Light

Steel Frame a fim de esclarecer etapas de projeto e de montagem deste opcional na construção

de casas populares. Serão analisados e indicados os perfis ideais e métodos de montagem, dentre

outras considerações para situações diferentes encontradas em obra.

1.3 METAS

A meta principal é reunir durante 8 (oito) meses de pesquisa um conjunto de

informações que viabilize o entendimento do tema para a aplicação deste tipo de aço na solução

de coberturas em habitações populares, com o objetivo de evoluir a construção civil brasileira

no que se trata de industrialização dos sistemas construtivos.

Para realizar estas considerações serão necessários estudos relacionados à resistência

mecânica deste tipo de aço, resistência mecânica das fixações entre os perfis e também das

fixações entre perfil e alvenaria.

Este trabalho contará com a participação do poder privado para o possível fornecimento

de material e mão-de-obra e contará também com a participação da Universidade Federal de

Goiás para a realização de possíveis ensaios de carga.

1.4 JUSTIFICATIVA

O tema foi escolhido analisando a realidade brasileira atual da construção civil, onde é

possível ver que há espaço para melhorias na metodologia construtiva adotada, podendo reduzir

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V. S. Moura

significativamente impactos ao meio ambiente e reduzir também os custos financeiros relativos

a materiais e mão-de-obra. O foco do trabalho em habitações populares se dá com o objetivo

de fornecer amparo técnico para a melhoria da habitação popular, sendo de total importância

para o crescimento e aumento da qualidade de vida do brasileiro.

Programas como Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV) e o Programa de

Aceleração do Crescimento (PAC) aumentam muito a importância de estudos relativos a casas

populares. O financiamento facilitado que estes programas oferecem um crescimento acelerado

na quantidade de casas de baixo a médio padrão a serem construídas, gerando demanda de

novas técnicas construtivas. Segundo a Caixa Econômica Federal em seu texto “Demanda

habitacional no Brasil”, no período de 2001 a 2009 houve o financiamento de 4.516.364 casas.

Segundo o IBGE, em 2009 a demanda habitacional no Brasil em relação da quantidade de

domicílios ainda correspondia a 9.297.214 unidades. Estes dados demonstram a real

necessidade de agregar ao tema de habitação popular conhecimento técnico-científico com o

objetivo de tornar mais eficientes as construções de casas para população brasileira.

De acordo com Abiko (2005), a inovação tecnológica é dependente de inovações de

projeto, desenvolvimento de novas tecnologias de produtos e processos construtivos,

abrangendo equipamentos utilizados em obra, programas computacionais. Diante disto, o foco

para aspectos de projeto e execução deste trabalho torna-se mais importante ainda.

1.5 METODOLOGIA

Para a elaboração das considerações de projeto e montagem dos perfis LSF em

coberturas de habitações populares o estudo será dividido em etapas.

Etapa 1: Levantamento de conteúdo bibliográfico referente ao tema.

Etapa 2: Levantamento da tipologia mais aplicada no cenário atual brasileiro de acordo

com o fornecimento dos projetos executados pela ISOESTE IND E COM DE ISOLANTES

LTDA.

Etapa 3: Considerações de cálculo e detalhamento do projeto para que seja realizada a

fabricação da cobertura em Light Steel Frame, analisando os perfis adequados de acordo com

as solicitações mecânicas.

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Considerações de projeto e execução de coberturas em Light Steel Frame 17

V. S. Moura

Etapa 4: Após a fabricação e entrega dos perfis in loco, algumas considerações a

respeito da montagem também serão expostas, para conferir maior segurança estrutural ao

sistema de perfis LSF e aumento de produtividade.

Serão realizadas 2 visitas à obras para aquisição de conteúdo e informações necessárias

à realização das metas.

1.6 CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO

Para a execução dos itens acima dispostos tem-se disponível o tempo determinado pela

duração das disciplinas de TCC1 e TCC2 do curso de Engenharia Civil da Universidade Federal

de Goiás. Este tempo está previsto em 8 meses. A tabela abaixo demonstra as etapas que serão

planejadas para cada intervalo de tempo.

1 2 3 4 5 6 7 8

nov/14 dez/14 jan/15 fev/15 mar/15 abr/15 mai/15 jun/15

Etapa 1:

Levantamento

Bibliográfico

X X X

Etapa 2:

Considerações

sobre

Dimensionamento

X X X

Etapa 3:

Considerações

sobre Detalhamento

X X

Etapa 4:

Considerações

sobre Montagem

X X X

Tabela 1.6.1. Cronograma do trabalho.

1.7 ORÇAMENTO

Para a realização das considerações desejadas, serão realizadas duas visitas a obras já

em andamento. Para a realização das mesmas, será necessário apenas combustível automotivo,

já que cada visita será feita com duração não superior a um dia. Totalizando os gastos resulta-

se em um valor de 250,00 reais.

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V. S. Moura

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 DEFINIÇÃO

A tradução do termo Light Steel Frame, ou Light Steel Framing, para a língua

portuguesa é “light = leve”, “steel = aço” e “framing = estrutura, enquadramento, esqueleto”.

O termo “Framing” não está somente relacionado ao aço e pode ser definido também como

um “esqueleto” estrutural formado por diversos elementos individuais ligados entre si,

formando um conjunto que dá forma a edificação e resiste aos esforços solicitantes.

Segundo Rodrigues (2006), sua origem está no início de século XIX, nos Estados

Unidos. Nesta época a população americana aumentou significativamente e devido à demanda

por habitação utilizou-se madeira aplicando conceitos de praticidade, velocidade e

produtividade que tinha origem na Revolução Industrial.

Com o aumento contínuo da produção do aço, percebeu-se que a substituição do aço

pela madeira em alguns casos era vantajosa. O aço é impermeável, incombustível e inorgânico

e ocasionava em estrutura mais leves. A aplicação do conceito “Framing” ao aço foi muito

proveitosa e deu origem a sua grande aplicação mundial.

O sistema de perfis leves formados a frio com chapa de espessura reduzida ligados entre

si consegue substituir quase todos os elementos estruturais de uma edificação, como pilares,

vigas, lajes e cobertura, exceto a fundação. Este sistema proporciona segurança estrutural,

conforto visual, rapidez na execução e sustentabilidade.

2.2 TIPOLOGIA ATUAL DE HABITAÇÃO POPULAR

Segundo a Caixa Econômica Federal, em sua publicação “Projeto padrão – casas

populares | 42m².”, um exemplo de tipologia estrutural aplicada em grande quantidade das

edificações populares brasileiras é a edificação feita a partir de blocos de concreto. Sua

fundação é composta de vigas baldrames apoiadas sobre um lastro fino de concreto e locadas

abaixo de todas as divisórias internas e externas. As vigas baldrames são compostas por blocos

de concreto do tipo calha, para enchimento de concreto moldado in loco em seu interior e

colocação das ferragens. É feito um aterro interno que consiste em uma camada de areia e lastro

de concreto para nivelamento e preparação para execução do contrapiso. A alvenaria é

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Considerações de projeto e execução de coberturas em Light Steel Frame 19

V. S. Moura

composta por painéis de blocos de concreto assentados com argamassa sendo a última fiada

composta por viga de travamento com os mesmos elementos da viga baldrame. Uma laje de

concreto é realizada geralmente acima do banheiro para a sustentação da caixa d’água. A

estrutura do telhado é feita de madeira e apoiada nas vigas de travamento e recebem telhas

cerâmicas convencionais encontradas no mercado.

Segundo Abiko (1995) esta configuração atual de materiais e métodos utilizados

apresenta muitos problemas, dentre eles:

- base manufatureira da produção, caracterizada pela sobrevivência da estrutura de

ofícios baseada na habilidade de trabalhadores de ofícios (pedreiros, carpinteiros, etc...), pelo

baixo grau de mecanização e pelo uso intensivo de mão-de-obra;

- insuficiência, desatualização, desconhecimento e/ou desobediência à normalização

técnica;

- baixa produtividade da mão-de-obra;

- elevada ocorrência de desperdícios de materiais e tempo de produção;

- ausência ou caráter sumário de controle da qualidade de produtos e processos;

- alta incidência de problemas de qualidade do produto final;

- predominância de condições de trabalho adversas: higiene e segurança do trabalho

precários, utilização intensiva de horas extras, elevado dispêndio de esforço humano

desnecessário.

O desenvolvimento tecnológico procura diminuir a intensidade destes problemas

encontrados, introduzindo o conceito industrial e eficiente na construção habitacional em geral,

não sendo exclusivas das habitações populares.

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Considerações de projeto e execução de coberturas em Light Steel Frame 20

V. S. Moura

2.3 APLICAÇÃO DO LIGHT STEEL FRAME

Analisando a tipologia de habitação popular brasileira nota-se que há um grande espaço

para mudança dos materiais convencionais aplicados. Todos os elementos estruturais e de

vedação podem ser substituídos pela combinação dos perfis Light Steel Frame.

As figuras a seguir ilustram a aplicação do conceito ”framing” em edificações de médio

porte. Os elementos estruturais de madeira ou aço fazem o papel da alvenaria estrutural, dando

sustentação e forma a toda a edificação.

Figura 2.3.1: Montagem de obra residencial com Wood Frame

(Fonte: disponível em:

http://www.strandsystems.com/Services/StructuralFrameDesignServices/tabid/68/Default.aspx)

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Considerações de projeto e execução de coberturas em Light Steel Frame 21

V. S. Moura

Figura 2.3.2: Montagem de obra residencial com Steel Frame

(Fonte: disponível em: http://www.forumdaconstrucao.com.br/conteudo.php?a=29&Cod=85)

No Brasil o sistema construtivo LSF não é muito aplicado devido à nossa resistência à

substituição da alvenaria de blocos cerâmicos ou de concreto. O acervo literário brasileiro

relacionado a construções com os elementos estruturais em concreto armado é bastante amplo,

sendo mais um motivo para a repulsa quando um novo sistema é proposto.

A substituição da estrutura do telhado de madeira para perfis LSF não altera

significativamente as características externas da edificação e já representa um grande avanço

tecnológico. Ao passo que estes perfis metálicos vão sendo incorporados de forma gradativa na

estrutura da casa, a aceitação brasileira dos perfis LSF para aplicação em outras soluções, como

na estrutura da edificação, tende a crescer.

A ilustração abaixo mostra a utilização de perfis LSF apenas na cobertura, sendo a

estrutura da edificação similar à estrutura citada no item 2.2 deste trabalho.

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Considerações de projeto e execução de coberturas em Light Steel Frame 22

V. S. Moura

Figura 2.3.3. Conjunto habitacional em alvenaria de vedação com cobertura em LSF.

(Fonte: Acervo Pessoal)

A norma brasileira que trata da fabricação dos perfis formados a frio é a NBR

6355:2003. Já a norma NBR 14762:2001 trata sobre o dimensionamento destes perfis quando

aplicados em sistemas estruturais. O CBCA (Centro Brasileiro da Construção em Aço) possui

um acervo de manuais e especificações que tratam sobre Light Steel Frame, porém apenas na

sua aplicação completa, sendo estrutura da casa, vedação e cobertura.

2.4 PERFIS LIGHT STEEL FRAME

Os perfis comuns para estruturação de uma cobertura em madeira são barras de seções

retangulares e maciças, com dimensões variando de acordo com o carregamento que irá receber.

Os principais elementos que compõe uma cobertura são as vigas, caibros, ripas, tesouras,

tabeiras, cumeeiras, montantes, contraventos, dentre outros.

Page 23: Considerações de projeto e execução de coberturas em Light ... · Considerações de projeto e execução de coberturas em Light Steel Frame 15 V. S. Moura padronização dos

Considerações de projeto e execução de coberturas em Light Steel Frame 23

V. S. Moura

Os perfis Light Steel Frame conseguem substituir por completo todos os perfis de

madeira que são utilizados em uma cobertura. As peças adquirem os mesmos nomes utilizados

na cobertura convencional, como caibros, ripas, tesouras, porém com propriedades físicas,

geométricas e mecânicas diferentes.

A estrutura de sustentação do telhado formada por perfis LSF possui alguns tipos de

perfis e acessórios padronizados que servem para formar o “esqueleto” estrutural. A tabela

abaixo ilustra os elementos mais usuais para a construção de um telhado em LSF.

Perfil UE

Alma: Variável

Mesa Superior: 40 mm

Mesa inferior: 42 mm

Abas: 12 mm

Espessura: 0,80 mm

Perfil Cantoneira

Abas: 50 mm

Espessura: 0,80 mm

Perfil US

Alma: Variável

Mesa Superior: 38 mm

Mesa inferior: 42 mm

Abas: 12 mm

Espessura: 0,80 mm

Cantoneira

Aba Menor: 30 mm

Aba Maior: 60 mm

Comprimento: 60 mm

Espessura: 1,25 mm

Perfil Cartola

Alma: 30 mm

Mesa: 20 mm

Aba: 12 mm

Espessura: 0,80 mm

Parafusos de Fixação

Tabela 2.4.2. Perfis LSF usuais em cobertura.

Os elementos metálicos da estrutura em LSF são interligados através de parafusos de

aço galvanizado autobrocantes. Para a fixação da estrutura na alvenaria, também são utilizados

parafusos galvanizados, porém estes necessitam de furo prévio na estrutura fixadora.

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Considerações de projeto e execução de coberturas em Light Steel Frame 24

V. S. Moura

Existem algumas tipologias de cobertura em LSF nas quais são adotadas soluções

diferentes para cada caso. Para habitações que possuem laje de concreto, o sistema mais comum

é através de montantes que sustentam os caibros. No caso de habitações sem lajes, as tesouras

são as melhores soluções. Em alguns casos quando há uma parede alinhada à cumeeira (casa

geminada) pode-se utilizar um montante central apoiado nesta alvenaria. Para efeito didático a

figura abaixo representa uma habitação hipotética, onde muitas tipologias de estrutura estão

incorporadas à imagem.

Figura 2.4.4. Habitação hipotética com tipologias de telhado.

(Fonte: Acervo Pessoal)

É possível ver as situações descritas e também como a estrutura se comporta diante às

condições da alvenaria. O objetivo principal do sistema LSF é a perfeita fixação entre os

elementos metálicos para formar uma estrutura rígida e ancoragem desta estrutura na alvenaria,

possibilitando a total transferência dos carregamentos do telhado para o solo.

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Considerações de projeto e execução de coberturas em Light Steel Frame 25

V. S. Moura

3 ESTUDO DE CASO

3.1 DEFINIÇÃO DA TIPOLOGIA ESTRUTURAL

Este capítulo irá detalhar o procedimento de projeto e de montagem para a perfeita

utilização dos perfis LSF para coberturas de casas populares. Primeiramente serão discutidos

aspectos de projeto, como qual tipo de estrutura utilizar, dentre treliçadas, conjunto de

montantes e caibros, etc., e quais tipos de telhas são as mais utilizadas, como telhas cerâmicas,

de chapa metálica, dentre outras.

O estudo de caso foi feito com o auxílio da biblioteca de projetos da empresa ISOESTE

IND E COM DE ISOLANTES LTDA. Foram consultados todos os projetos referentes a casas

populares desde junho de 2013 até junho de 2015. Com o apoio da empresa citada foi possível

catalogar 36 obras de variadas soluções e situações de projeto. Estas obras foram realizadas em

todo o território nacional e respeitam as características de casas populares citadas na revisão

bibliográfica.

SISTEMA ESTRUTURAL DA HABITAÇÃO POPULAR

De acordo com o levantamento, as habitações populares possuem predominantemente

2 tipos de sistema estrutural:

a) Alvenaria de blocos cerâmicos ou estrutural com laje maciça;

b) Alvenaria de blocos cerâmicos ou estrutural sem laje maciça.

Para exemplificar os itens dispostos, as figuras (6) e (7) ilustram respectivamente estas

tipologias.

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Considerações de projeto e execução de coberturas em Light Steel Frame 26

V. S. Moura

Figura 5. Alvenaria de blocos cerâmicos ou estrutural com laje maciça.

Figura 6. Alvenaria de blocos cerâmicos ou estrutural sem laje maciça.

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Considerações de projeto e execução de coberturas em Light Steel Frame 27

V. S. Moura

Dentre as casas sem lajes maciças, será necessário a aplicação de um forro para que a

cobertura em LSF não fique aparente para os usuários da habitação. Desta forma, de acordo

com a tipologia de forro utilizada, as estruturas de LSF se dividem em duas, aquelas com peças

para fixação do forro e aquelas sem peças para fixação do forro.

Desta forma, há três possíveis tipos de estruturas de LSF para aplicação em edificações:

a) Estruturas para fixação em lajes maciça;

b) Estruturas para fixação em paredes sem peças para fixação do forro;

c) Estruturas para fixação em paredes com peças para fixação do forro.

Para cada tipo descrito há uma solução ideal. No caso das estruturas com lajes maciças,

é utilizado o sistema composto por pontaletes, caibros e contraventamentos verticais. Para

posterior citação, este caso será mencionado como TIPO 01. A figura (8) ilustra esta tipologia.

Figura 7. Sistema composto por pontaletes, caibros e contraventamentos verticais.

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Considerações de projeto e execução de coberturas em Light Steel Frame 28

V. S. Moura

No caso das estruturas sem laje maciça e sem a necessidade de peças para sustentação

do forro, são indicados dois tipos estruturais. Um deles é composto por um pontalete central,

mãos-francesas, caibros e contraventamentos verticais. Para posterior citação, este caso será

mencionado como TIPO 02. O outro tipo indicado é composto por treliças de banzo inferior

horizontal e banzo superior na inclinação da cobertura. Para posterior citação, este caso será

mencionado como TIPO 03. As figuras (9) e (10) ilustram respectivamente estas soluções.

Figura 8. Sistema composto por um montante central, mãos-francesas, caibros e contraventamentos

verticais.

Figura 9. Sistema composto por treliças.

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Considerações de projeto e execução de coberturas em Light Steel Frame 29

V. S. Moura

Para o caso das estruturas sem laje maciça e sem a necessidade de peças para sustentação

do forro é utilizado o sistema TIPO 02. Para o caso das estruturas sem laje maciça e com a

necessidade de pelas para sustentação do forro é utilizado o sistema TIPO 03.

Figura 10. Elevação de projeto do sistema TIPO 01.

Figura 11. Elevação de projeto do sistema TIPO 02.

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Considerações de projeto e execução de coberturas em Light Steel Frame 30

V. S. Moura

Figura 12. Elevação de projeto do sistema TIPO 03.

Outra variável pertencente às habitações populares é a existência do beiral ou de

platibanda. Define-se como beiral a região da cobertura que ultrapassa horizontalmente os

limites impostos pelas paredes mais externas da edificação. Define-se como platibanda a faixa

de alvenaria estrutural ou de vedação que ultrapassa verticalmente o plano da cobertura.

Na situação em que há a ocorrência da platibanda, não é necessário o acabamento lateral

da cobertura em LSF, já que a estrutura estará ‘escondida’ atrás da alvenaria. No caso da

existência do beiral, torna-se necessário a utilização de uma nova peça: a tabeira. De forma

análoga as estruturas de madeira, a tabeira tem a finalidade de realizar o acabamento do telhado,

não possuindo função estrutural alguma.

Figura 13. Ilustração do beiral (em vermelho) e da platibanda (em verde).

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Considerações de projeto e execução de coberturas em Light Steel Frame 31

V. S. Moura

Nas estruturas de madeira, as tabeiras ou testeiras costumam ser aplicadas em perfis

semelhantes à uma barra chata (uma das dimensões da seção é muito menor que a outra). No

caso das estruturas em LSF este perfil passa a ter a seção de ‘U’ simples (perfil US), como

ilustrado na tabela 2.4.3.

Figura 16. Tabeiras em LSF para acabamento da estrutura.

Para os perfis citados como caibros, pontaletes, mãos-francesas e treliças, os mesmos

possuem a seção em ‘U’ com abas (perfil UE), como ilustrado na tabela 2.4.4.

Figura 15. Testeira em estruturas de

madeira. Figura 14. Detalhe de platibanda acompanhando

o caimento da cobertura.

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Considerações de projeto e execução de coberturas em Light Steel Frame 32

V. S. Moura

Nas situações onde são necessárias as peças para fixação do forro, as mesmas são

compostas por perfis cartola, conforme ilustrado na tabela 2.4.1. São fixados no banzo inferior

das treliças e também nas cantoneiras de fixação do forro. Estas cantoneiras são perfis ‘L’

conforme ilustrado na tabela 2.4.1. A figura (18) ilustra a fixação dos perfis cartola no banzo

inferior das treliças e a posterior fixação do forro nos cartolas.

Figura 17. Instalação do forro na estrutura de LSF.

SISTEMA DE VEDAÇÃO DA COBERTURA

Outra variante que é relevante na etapa de projeto e montagem é o sistema de vedação

da cobertura da habitação. A estrutura em LSF permite a fixação tanto de telhas cerâmicas,

como as telhas coloniais ou americanas, quanto telhas maiores como as de fibrocimento, de

chapas metálicas, dentre outras. Para a determinação do sistema a ser utilizado devem ser

considerados aspectos como fornecedores, prazo de entrega, facilidade de montagem,

resistência, durabilidade e estética.

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Considerações de projeto e execução de coberturas em Light Steel Frame 33

V. S. Moura

3.1.2.1 TELHAS CERÂMICAS

As telhas cerâmicas possuem uma estética bastante aceita pelos usuários, além de

possuírem resistência e durabilidade às ações de vento, galhos e chuva, porém são pouco

resistentes à realização de atividades sobre a cobertura.

A telhas cerâmicas podem ser divididas em dois tipos, as telhas de encaixe e as telhas

de capa e canal. Quanto às telhas de encaixe, existem alguns tipos mais difundidos no mercado,

como a telha francesa, romana, americana e portuguesa.

Figura 18. Telhas cerâmicas usuais.

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Considerações de projeto e execução de coberturas em Light Steel Frame 34

V. S. Moura

Para a correta fixação das telhas cerâmicas na cobertura a distância de fixação entres as

linhas de fixação deve seguir o comprimento útil da telha, ou ‘galga’, de acordo com a

informação do fabricante. A figura abaixo ilustra a correta fixação das ripas para estruturas de

madeira, porém a aplicação para o LSF é a mesma.

Figura 19. Galga das telhas cerâmicas.

Todas as telhas cerâmicas possuem valores limites máximos e mínimos para a

inclinação da cobertura. Estes limites devem ser consultados com o fabricante afim de definir

a inclinação da cobertura da residência ou escolher qual tipo de telha utilizar.

Para o caso das telhas cerâmicas, as peças indicadas para a sustentação destas telhas são

as ripas. Este elemento estrutural é um perfil com dimensão da seção reduzida. São fixadas nos

caibros ou treliças com o espaçamento determinado pela telha cerâmica, denominado ‘galga’.

No caso das estruturas em madeiras, estes perfis possuem uma seção retangular maciça, para as

estruturas em LSF, este perfil passa a ter a seção de um perfil cartola, como ilustrado na tabela

2.4.5.

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Considerações de projeto e execução de coberturas em Light Steel Frame 35

V. S. Moura

3.1.2.2 TELHAS DE FIBROCIMENTO E METÁLICAS ISOLANTES

As telhas de fibrocimento e telhas metálicas com isolamento possuem uma característica

marcante quando comparadas com as telhas cerâmicas, permitem um espaçamento muito maior

entre as peças que as sustentam, diminuindo o consumo de estrutura da edificação. Outra grande

diferença é sobre a fixação destas telhas, que é feita através de parafusos nas estruturas de

sustentação, não sendo apenas apoiadas e ancoradas na estrutura pelo peso próprio, como nas

telhas cerâmicas.

As telhas de fibrocimento são compostas por uma mistura de fibras, água e cimento. São

indicadas para habitações populares devido ao seu preço reduzido, boa resistência mecânica,

baixo peso (permitindo o fácil manuseio) e ótima resistência acústica.

Figura 20. Residência com a utilização de telhas de fibrocimento.

As coberturas em telhas metálicas iolantes são compostas por telhas com revestimentos

internos e externos em aço e um núcleo entre os revestimentos de Poliisocianurato (PIR)

combinados com perfis de acabamento em chapas metálicas finas, sendo todos os componentes

da cobertura fixados através de fixadores em aço com tratamento anticorrosivo.

As figuras abaixo ilustram como os revestimentos e o núcleo são dispostos para a

formação da telha.

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Considerações de projeto e execução de coberturas em Light Steel Frame 36

V. S. Moura

Figura 21. Telhas metálicas isolantes.

O núcleo é composto por espuma rígida de Poliisocianurato (PIR) produzida através de

um processo contínuo garantindo homogeneidade de preenchimento certificando que as telhas

proporcionem conforto térmico na utilização deste produto.

Os fixadores utilizados para a ancoragem das telhas na estrutura existente são fabricados

em aço carbono AISI/SAE 1022 endurecido. Todos os fixadores são revestidos por uma camada

de zinco e de flúorpolímero à base de alumínio, com alta resistência a corrosão.

Abaixo estão listadas as principais vantagens da aplicação das telhas metálicas com

isolamento térmico em edificações.

Excelente isolamento térmico;

Enorme economia na aquisição do sistema de climatização;

Excelente acabamento interno (telha forro);

Superior resistência mecânica;

Redução no consumo de energia / mensal;

Resistência ao fogo - classe R1 conforme ABNT MB1562 – uma vez retirada a

chama se extingue em 3 a 4 segundos;

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Considerações de projeto e execução de coberturas em Light Steel Frame 37

V. S. Moura

Para o caso das telhas de fibrocimento ou metálicas com isolamento, as peças indicadas

para a sustentação destas telhas são as terças. São fixadas nos caibros ou treliças com o

espaçamento determinado pelo fornecedor das telhas, que em sua grande maioria varia entre

1,69 e 3,5 metros. No caso das estruturas em madeiras, estes perfis possuem uma seção

retangular maciça, para as estruturas em LSF, este perfil passa a ter a seção ‘U’ com abas, como

ilustrado na tabela 2.4.6 (perfil ‘UE’).

3.2 ESTUDO DAS INCIDÊNCIAS

Este item tem o objetivo de analisar o quadro atual brasileiro de edificações que aplicam

o LSF quanto a incidências das principais características dos projetos, levantados a partir dos

projetos fornecidos pela empresa ISOESTE IND E COM DE ISOLANTES LTDA.

Os gráficos a seguir levantaram dados como tipos de cobertura, inclinações, finalidade

da edificação, tipologia estrutural, área coberta, perfis mais utilizados e estudos sobre o valor

de peso por metro quadrado.

Este estudo permite definir qual a tipologia mais comum de edificações de interesse

social aplicadas no território brasileiro, afim de toma-la como estudo de caso e elaborar

considerações de cálculo e montagem posteriormente.

Gráfico 1. Incidência dos variados tipos de telhas para a vedação da cobertura.

64%5%

14%

17%

INCIDÊNCIAS DE TELHAS

CERÂMICA

FIBROCIMENTO

METÁLICA S/ ISOLAMENTO

METÁLICA C/ ISOLAMENTO

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Considerações de projeto e execução de coberturas em Light Steel Frame 38

V. S. Moura

Gráfico 2. Incidência de inclinação nas coberturas.

Gráfico 3. Finalidade da edificação de acordo com a utilização da edificação.

Gráfico 4. Incidência da tipologia estrutural.

25%

0%

75%

0%

INCLINAÇÃO DAS COBERTURAS

Menor ou igual a 16%

Entre 17% e 29%

Entre 30% e 50%

Maiores que 50%

78%

11%

8%3%

FINALIDADE DA EDIFICAÇÃO

Habitação Unifamiliar

Habitação Multifamiliar

Edificação de interessesocial

Edificação de interesseeconômico

26%

37%

37%

TIPOLOGIA ESTRUTURAL

Alvenaria de blocoscerâmicos ou estruturalcom laje maciça

Alvenaria de blocoscerâmicos ou estruturalsem laje maciça semnecessidade de forro

Alvenaria de blocoscerâmicos ou estruturalsem laje maciça comnecessidade de forro

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Considerações de projeto e execução de coberturas em Light Steel Frame 39

V. S. Moura

Gráfico 5. Incidência das áreas cobertas das edificações.

Gráfico 6. Incidência dos perfis LSF em comprimento.

Gráfico 7. Incidência dos perfis LSF em peso.

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

Entre 50 m²e 59 m²

Entre 60 m²e 69 m²

Entre 70 m²e 79 m²

Entre 80 m²e 89 m²

Entre 90 m²e 99 m²

Entre 100m² e 109

Entre 110m² e 119

Maioresque 120 m²

ÁREA DE COBERTURA

46%

44%

5%

2%

3%

INCIDÊNCIA DE PERFIS EM COMPRIMENTO

CAR

UE 70

UE 90

CANT

Outros

55%

31%

8%

2%

4%

INCIDÊNCIA DE PERFIS EM PESO

CAR

UE 70

UE 90

CANT

Outros

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Considerações de projeto e execução de coberturas em Light Steel Frame 40

V. S. Moura

Gráfico 8. Taxa média das coberturas em LSF.

Gráfico 9. Comportamento da taxa de acordo com a área de cobertura.

y = 3,341x

0,00

100,00

200,00

300,00

400,00

500,00

600,00

700,00

20,00 70,00 120,00 170,00 220,00

PES

O D

A E

STR

UTU

RA

EM

kg

ÁREA COBERTA EM m²

PESO x ÁREA

y = -0,0124x + 5,5033

0,00

1,00

2,00

3,00

4,00

5,00

6,00

7,00

20,00 70,00 120,00 170,00 220,00

TAX

A D

A C

OB

ERTU

RA

EM

kg/

ÁREA COBERTA EM m²

TAXA x ÁREA

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Considerações de projeto e execução de coberturas em Light Steel Frame 41

V. S. Moura

*Tipo 1A - Estruturas para fixação em lajes maciças e utilização de ripas.

**Tipo 1B - Estruturas para fixação em lajes maciças e utilização de terças.

***Tipo 2 - Estruturas para fixação em paredes sem peças para fixação do forro;

****Tipo 3 - Estruturas para fixação em paredes com peças para fixação do forro.

Gráfico 10. Comportamento das taxas de acordo com as tipologias estruturais.

3.3 DEFINIÇÃO DA RESIDÊNCIA PADRÃO

Diante dos dados levantados, é possível estabelecer a residência com características que

mais se repetem. A casa popular brasileira tem as seguintes características:

Cobertura em telhas cerâmicas;

Inclinação de 30%;

Galga da telha igual a 342 mm;

Beiral de 500 mm;

Área de 65 m²;

3,00

3,50

4,00

4,50

5,00

5,50

60,00 70,00 80,00 90,00 100,00

TAX

A D

E EM

kg/

ÁREA COBERTA EM m²

TAXA / ÁREA NAS COBERTURAS TIPO 1A

0,00

1,00

2,00

3,00

4,00

5,00

0,00 100,00 200,00 300,00

TAX

A E

M k

g/m

²

ÁREA COBERTA EM m²

TAXA / ÁREA NAS COBERTURAS TIPO 1B

3,00

3,50

4,00

4,50

5,00

5,50

54,00 64,00 74,00 84,00 94,00 104,00

TAX

A E

M k

g/m

²

ÁREA COBERTA EM m²

TAXA / ÁREA NAS COBERTURAS TIPO 2

4,50

5,00

5,50

6,00

6,50

7,00

0,00 50,00 100,00 150,00

TAX

A E

M k

g/m

²

ÁREA COBERTA EM m²

TAXA / ÁREA NAS COBERTURAS TIPO 3

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Considerações de projeto e execução de coberturas em Light Steel Frame 42

V. S. Moura

Estrutura em alvenaria estrutural sem laje maciça com necessidade de peças para

fixação do forro;

PDL igual a 2,5 metros;

Dentre as edificações do estudo de caso, uma em especial corresponde a todas as

características citadas acima. Será feito o cálculo estrutural desta edificação assim como suas

etapas de montagem.

Figura 22. Residência padrão escolhida para estudo de caso. Medidas externas em centímetros.

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Considerações de projeto e execução de coberturas em Light Steel Frame 43

V. S. Moura

3.4 ASPECTOS DE CÁLCULO DOS PERFIS

Serão 3 tipos de carregamentos aplicados na estrutura: o peso próprio das telhas com a

absorção de água pluvial, o peso do forro da residência e a ação do vento na cobertura.

PESO PRÓPRIO DAS TELHAS

Peso da telha seca:

Gt = 45 kgf/m²;

Absorção de água pluvial:

Gh20 = 30% x Gt (Telha colonial)

Gh20 = 0,3 x 45 kgf/m² = 14 kgf/m².

PESO PRÓPRIO DO FORRO

Peso de forro genérico:

Gt = 10 kgf/m²; (de acordo com o fornecedor)

CÁLCULO DO VENTO

O cálculo do vento foi feito de acordo com a norma NBR 6123/88. Primeiramente é

necessário a escolha de um valor de vento básico. Com o objetivo de fazer um cálculo genérico,

foi escolhido o valor com alta incidência na região do Brasil, sendo este V0 = 35 m/s.

Após a definição do vento é necessário definir quais os valores dos fator topográfico da

região, rugosidade do terreno e estatístico. Quanto ao fator topográfico, foi considerado que não

há taludes nas redondezas da edificação, sendo assim seu valor é S1 = 1,00.

Quanto ao fator rugosidade, foi estabelecida a categoria referente à casas de campo,

fazendas, ou subúrbios com considerável distância de centros urbanos, com casas baixas e

espaçadas na região da edificação. A classe A foi escolhida devido ao fato de a residência não

possuir nenhuma dimensão maior que 20 metros. Desta forma o valor de S2 é igual a 0,85.

Quanto ao fator estatístico, foi utilizado o fator S3 = 1,00, referente à edificações

residenciais.

A partir da definição do vento básico e dos três fatores definidos pela norma, é possível

calcular o valor de vento característico e da pressão dinâmica através das seguintes expressões:

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Considerações de projeto e execução de coberturas em Light Steel Frame 44

V. S. Moura

Vk = V0 * S1 * S2 * S3, e

q = 0,613 Vk^2

sendo Vk = 29,75 m/s e q = 55,25 kgf/m².

Após a definição da pressão dinâmica é necessário o cálculo das pressões internas e

externas à edificação. Foram considerados os valores mais desfavoráveis indicados pela norma,

que são Cpi = +0,2 e Cpe = -1,4. A partir destes valores é possível definir a pressão dinâmica

característica do vento através da expressão:

qk = q * (Cpe – Cpi),

sendo qk = - 86,01 kgf/m² (sucção)

Com os valores dos carregamentos definidos é possível elaborar o unifilar do sistema

de LSF da habitação. A primeira definição é sobre a distância máxima entre treliças, que é

definida pela resistência das ripas à flexão.

A NBR 14762/10 estabelece os critérios de cálculo para medir a resistência de qualquer

perfil dobrado sob carregamentos. A partir dos critérios definidos pela norma, calcula-se o vão

máximo para a ripa em perfil cartola submetido ao carregamento de vento e peso próprio das

telhas cerâmicas, respeitando os critérios de resistência e flecha máxima de L/120. O valor do

mão máximo calculado é 1,55 metros, sendo a aprovação da resistência com 60,92% e da flecha

com 98,20%.

É necessário também calcular o balanço máximo da ripa em perfil cartola, afim de

definir o valor do beiral frontal da habitação. O valor do balanço máximo calculado é 1,0 metro,

sendo a aprovação da resistência com 93,70% e da flecha com 36,75%.

Desta forma o espaçamento máximo entre treliças é igual ao vão máximo das ripas, 1,55

metros. Assim é possível calcular o carregamento incidente em cada treliça e definir quais perfis

adequados em seus banzos superiores e inferiores, montantes e diagonais. Por convenção é de

comum prática a utilização de apenas perfis ‘UE’ 70. Caso esta geométrica não resista ao

carregamento calculado é indicado alteração destes perfis para tubos em ‘UE’, que são peças

formadas a partir de dois perfis ‘UE’ de mesmo comprimento parafusados entre si. (Ver anexo)

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Considerações de projeto e execução de coberturas em Light Steel Frame 45

V. S. Moura

A treliça deve possuir um banzo inferior de comprimento igual à distância entre as vigas

de apoio, e o banzo superior deve possuir a mesma inclinação da cobertura, e também

ultrapassando as vigas de apoio no valor igual ao beiral adotado. São sempre posicionados três

montantes ao longo da treliça, o primeiro é localizado no centro da mesma, os demais são

fixados um em cada lada na região interna à viga de apoio. As diagonais são projetadas para

possuírem inclinação próxima à 45º, otimizando a resistência destas peças.

A Figura (24) ilustra a conformação da treliça utilizada nas estruturas de LSF para

coberturas de habitações populares.

Figura 23. Indicação do sistema estrutural composto por treliça, com definição dos banzos superiores e

inferiores.

No estudo de caso proposto, a treliça foi dimensionada de acordo com os critérios da

norma NBR 14762/10, tendo como peça mais solicitada o banzo superior, com aprovação de

93,4% quanto a resistência mecânica.

O último elemento estrutural a ser analisado é o sistema de sustentação do forro,

composto pelos perfis cartola fixados no banzo inferior das treliças. Através da definição do

carregamento permanente de 10kgf/m², é possível calcular o espaçamento máximo entre estas

peças para que as mesmas possam atender aos critérios da norma NBR 14762/10. Para tal, foi

definido o valor máximo de carregamento linear para cara perfil, afim dividir pelo valor do

carregamento do forro e então encontrar o valor em metros do espaçamento.

De acordo com a norma citada, o carregamento limite para cada peça, com um vão de

1,5 metros, é 15,4 kgf/m, sendo então o espaçamento máximo 1,55 metros. Porém é necessário

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V. S. Moura

consultar o fornecedor o sistema do forro para indicação do vão máximo entre apoios. É de

comum prática utilizar forros de PVC que possuem este valor limite igual a 75 cm. Portanto o

valor limitante é a indicação do fornecedor, e não a resistência do perfil.

A figura (25) ilustra a aprovação de todos os perfis LSF tanto para a resistência quanto

para a flecha dos elementos estruturais que compõem a cobertura.

Figura 24. Aprovação de todos os perfis no cálculo da estrutura LSF.

O Anexo 1 apresenta os detalhes necessários para a correta fixação dos perfis entre si,

com descrição de quantidade de parafusos e localização dos mesmos na ligação.

Após definido todo o projeto estrutural, é possível definir o quantitativo de barras e

parafusos necessários para a execução da obra. Esta etapa é de suma importância e deve ser

realizada muito cuidadosamente para que erros de comprimentos e quantidades de barras sejam

evitados. Caso algum erro de interpretação de projeto ou levantamento de materiais ocorra, será

necessário um novo estudo da obra e posterior compra do material necessário, o que eleva os

custos da obra e estende o prazo de execução.

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V. S. Moura

3.5 ETAPA DE MONTAGEM

A etapa de montagem é responsável pela perfeita execução do projeto estrutural de LSF,

respeitando todas as medidas e quantidades indicadas. Abaixo é descrito o procedimento

adequando para que o processo de montagem seja realizado de forma correta, ágil e sem

desperdícios, sendo estes as principais vantagens do sistema LSF, como já citado anteriormente.

TRANSPORTE E CARREGAMENTO

Na etapa de transporte, é recomendado sempre conferir todas as peças que estão sendo

embarcadas, atentando para seus comprimentos e quantidades. Sempre agrupar as peças de

mesmo perfil para que não risquem ou amassem as outras.

Durante o transporte, recomenda-se que a cada duzentos quilômetros rodados deve-se

conferir a carga para que seja possível reapertar as cordas de amarração dos perfis caso

necessário.

RECEBIMENTO

Na etapa de recebimento, é recomendado sempre conferir todas as peças que estão sendo

descarregadas, atentando para seus comprimentos e quantidades constantes no projeto

executivo. As peças devem estar etiquetadas afim de facilitar a conferência.

Figura 25. Etiquena nas peças de LSF.

O descarregamento pode ser manual ou através de máquinas como caminhão munk ou

empilhadeiras. Para o descarregamento manual, utilizar no mínimo dois homens sobre o

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caminhão e dois homens no solo, sempre utilizando os EPI’s necessários para a atividade, como

luvas de raspa, botas de segurança, óculos de segurança e capacete de segurança.

ESTOCAGEM

Quanto à armazenagem, as peças da estrutura devem ser direcionadas a um lugar seco e

ventilado, protegidas contra a ação das chuvas, nas proximidades da edificação na qual a

cobertura será montada.

Recomenda-se utilizar calços de EPS ou madeira sob as peças de LSF. Desta forma

evita-se a degradação das peças devido a lama, chuvas ou qualquer outro intempere que possa

prejudicar a qualidade das peças. Evitar transitar sobre as peças, afim de não ocasionar

amassados nos perfis e inviabilizá-los para aplicação na cobertura.

EXECUÇÃO DA MONTAGEM

Antes do início da montagem da cobertura é indicado verificar se todas as ferramentas

necessárias para a execução da cobertura estão disponíveis na obra. A lista abaixo cita as

principais ferramentas necessárias para a execução da montagem de coberturas LSF.

Escada de alumínio - 12 degraus

Trena de 8 metros

Nível de mão magnético

Extensão Elétrica 30 metros

Parafusadeira

Martelete

Lixadeira

Disco de Corte para Cortar e Rebarbar

Marreta de Aço

Talhadeira

Soquete Magnético Sextavado 1/4” x 65

Soquete Magnético Sextavado 5/16” x 65

Broca 10 x 145 x 210

Broca 5 x 50 x 110

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Esta etapa final deve iniciar com a formação de todos os tubos e treliças da obra,

devendo ser parafusadas de acordo com o projeto, e posterior estocagem das mesmas em local

de fácil acesso.

Figura 26. Fabricação das treliças.

Figura 27. Estocagem das treliças fabricadas.

Para o início da instalação das treliças, a alvenaria da edificação deve estar com chapisco

ou emboço ao longo de toda a alvenaria, afim de assegurar a fixação das peças através dos

parafusos.

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Figura 28. Edificação a ser coberta.

Inicia-se então a fixação das treliças na alvenaria. Esta fixação é feita através da

utilização das cantoneiras de ligação, conforme detalhe L1 do anexo.

Figura 29. Fixação das treliças na alvenaria.

Após a fixação das treliças e caibros, inicia-se a etapa de fixação das ripas, iniciando da

cumeeira para o beiral, respeitando a medida de ‘galga’ indicada pelo fornecedor da telha

cerâmica.

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Figura 30. Primeira linha de ripas da cumeeira.

Figura 31. Fixação da estrutura do forro.

Ao fim da montagem das ripas, inicia-se a montagem da estrutura de sustentação do

forro, que é composta pelas cantoneiras fixadas na alvenaria e os perfis cartola que servirão de

apoio para o forro.

A última etapa consiste na fixação das tabeiras, conforme já ilustrado na figura (16).

O anexo presente neste trabalho apresenta todos os detalhes de projeto necessários para

a execução correta da montagem.

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4 ANEXO

Figura 32. Detalhe para fixação do banzo superior da treliça nas vigas de apoio.

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Figura 33. Detalhe de fixação dos caibros dos oitões na alvenaria que acompanha a inclinação da

cobertura.

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Figura 34.Detalhe de fixação dos perfis cartola para o forro na alvenaria.

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Figura 35. Detalhe de ligação entre dos montantes centrais da treliça com os banzos superiores.

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Figura 36. Detalhe de ligação entre dos montantes centrais da treliça com o banzo inferior e as diagonais.

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Figura 37. Detalhe de ligação das diagonais e montantes nos banzos.

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Figura 38.Detalhe de fixação das ripas nos banzos superiores.

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Figura 39. Detalhe de fixação dos perfis cartola para sustentação do forro no banzo inferior das treliças.

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Figura 40. Detalhe de contraventamento entre dos montantes centrais das treliças.

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Figura 41. Detalhe de formação dos perfis tubulares.

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Figura 42. Detalhe de fixação entre as tabeiras na cumeeria.

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Figura 43. Detalhe de ligação das tabeiras nas ripas da cobertura.

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2.5 REFERÊNCIAS

ABIKO, A. K. Introdução à Gestão Habitacional, 1995. 35 f. Texto técnico da Escola

Politécnica da USP – Departamento de Engenharia de Construção Civil, Escola Politécnica da

USP, São Paulo, 1995.

LEONÍDIO, D. M. Análise da viabilidade econômica do sistema Light Steel Frame na

execução de coberturas de habitações de interesse social. 2013. 52 f. Trabalho de Conclusão

de Curso – Departamento de Engenharia Civil, UniEvangélica – Centro Universitário,

Anápolis, 2013.

HASS, D. C. G. e MARTINS, L. F. Viabilidade econômica do uso do sistema construtivo

steel: Frame como método construtivo para habitações sociais. 2011. 76 f. Trabalho de

Conclusão de Curso – Departamento de Engenharia de Construção Civil, Universidade

Tecnológica Federal do Paraná, Curitiba, 2011.

RODRIGUES, F. C. Steel Frame: Engenharia. Rio de Janeiro: IBS/CBCA, 2006. 127 p.

SANTIAGO, A. K. Steel Frame: Arquitetura. Rio de Janeiro: IBS/CBCA, 2012. 152 p.

SANTIAGO, Alexandre Kokke. O uso do sistema light steel framing associado a outros

sistemas construtivos como fechamento vertical externo não-estrutural. 2008. 168 f.

Dissertação (Mestrado)) – Departamento de Engenharia Civil, Universidade Federal de Ouro

Preto, Outro Preto, 2008.

CASTRO, Betina Guimarães dos Santos. Utilização de estruturas metálicas em edificações

residenciais unifamiliares. 2005. 206 f. Dissertação (Mestrado) – Departamento de

Engenharia Civil, Universidade Federal de Ouro Preto, Outro Preto, 2005.

SILVA, E. L. Dimensionamento de perfis formados a frio conforme NBR 14762 e NBR

6355. Rio de Janeiro: IBS/CBCA, 2008. 121 p.

ABNT: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8681: Ações e

segurança nas estruturas – Procedimento. Rio de Janeiro, 2003, 15 p.

ABNT: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6120: Cargas para

cálculo de estruturas de edificações. Rio de Janeiro, 1980, 5 p.

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Considerações de projeto e execução de coberturas em Light Steel Frame 65

V. S. Moura

ABNT: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14762:

Dimensionamento de estruturas de aço constituídas por perfis formados a frio - Procedimento.

Rio de Janeiro, 2001, 53 p.

Caixa Econômica Federal. Demanda habitacional no Brasil. Brasília, 2011. 173 p.

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Acessado em 07 de novembro de 2014.

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Acessado em 07 de novembro de 2014.