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3 CONSIDERAÇÕES SOBRE A BIOSSEGURANÇA EM ARQUITETURA DE BIOTÉRIOS Telma Abdalla de Oliveira Cardoso Fundação Oswaldo Cruz Av. Brasil 4036, sala 709, 22041-361, Rio de Janeiro, RJ, Brasil Este trabalho visa a reflexão do desenvolvimento da pesquisa científica brasileira, relativa à programação arquitetônica de biotérios e de laboratórios de experimentação animal, tendo como premissa que o ambiente físico é um aspecto importante, que contribui para a confiabilidade e repetibilidade dos resultados experimentais. Para a discussão das variáveis que caracterizam a ciência de animais de laboratório, a equipe multidisciplinar envolvida, necessita lançar mão de diretrizes para fundamentar o processo de planejamento das edificações. A programação arquitetônica representa uma das formas de pensar da própria atividade de pesquisa, propondo-se a definir as condições adequadas, espacial e ambientalmente, para que o trabalho do pesquisador possa se desenvolver. Solicitar separatas ao: Centro Pan-Americano de Febre Aftosa (OPAS/OMS). Bol. Centr. Panam. Fiebre Aftosa, 64-67: 3-17, 1998-2001 A complexidade e diversidade das atividades do setor saúde vão desde o atendimento primário, que expõe o profissional a uma gama de agentes de risco por vezes desconhecidos, até sofisticados estudos com DNA recombinante, que colocam o profissional diante de uma tecnologia avançada de terapia gênica, cuja dimensão de risco constitui em desafio a ser mensurado. Além do enfrentamento com agentes patogênicos tradicionais, as doenças emergentes e reemergentes representam um problema adicional para os profissionais de saúde sob dois aspectos. Primeiro, no que diz respeito à definição de mecanismos eficazes de contenção do processo epidêmico e, segundo, na identificação de medidas que assegurem o controle do risco ao qual estão sujeitos esses profissionais. Biossegurança pode ser definida como sendo um conjunto de ações voltadas para a prevenção, minimização ou eliminação de riscos inerentes a estas atividades e que podem comprometer a saúde do homem, dos animais, do meio ambiente ou a qualidade dos trabalhos desenvolvidos. Neste contexto está inserida a atuação do médico veterinário, que é essencial

CONSIDERAÇÕES SOBRE A BIOSSEGURANÇA EM … · 3 Bol. Centr. Panam. Fiebre Aftosa, 64-67, 1998-2001 CONSIDERAÇÕES SOBRE A BIOSSEGURANÇA EM ARQUITETURA DE BIOTÉRIOS Telma Abdalla

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Bol. Centr. Panam. Fiebre Aftosa, 64-67, 1998-2001

CONSIDERAÇÕES SOBRE A BIOSSEGURANÇA EM

ARQUITETURA DE BIOTÉRIOS

Telma Abdalla de Oliveira CardosoFundação Oswaldo Cruz

Av. Brasil 4036, sala 709, 22041-361, Rio de Janeiro, RJ, Brasil

Este trabalho visa a reflexão do desenvolvimento da pesquisa científica brasileira, relativaà programação arquitetônica de biotérios e de laboratórios de experimentação animal,tendo como premissa que o ambiente físico é um aspecto importante, que contribui paraa confiabilidade e repetibilidade dos resultados experimentais.Para a discussão das variáveis que caracterizam a ciência de animais de laboratório, aequipe multidisciplinar envolvida, necessita lançar mão de diretrizes para fundamentaro processo de planejamento das edificações.A programação arquitetônica representa uma das formas de pensar da própria atividadede pesquisa, propondo-se a definir as condições adequadas, espacial e ambientalmente, paraque o trabalho do pesquisador possa se desenvolver.

Solicitar separatas ao:Centro Pan-Americano de Febre Aftosa (OPAS/OMS).

Bol. Centr. Panam. Fiebre Aftosa, 64-67: 3-17, 1998-2001

A complexidade e diversidade dasatividades do setor saúde vão desde oatendimento primário, que expõe o profissionala uma gama de agentes de risco por vezesdesconhecidos, até sofisticados estudos comDNA recombinante, que colocam o profissionaldiante de uma tecnologia avançada de terapiagênica, cuja dimensão de risco constitui emdesafio a ser mensurado.

Além do enfrentamento com agentespatogênicos tradicionais, as doenças emergentese reemergentes representam um problema

adicional para os profissionais de saúde sobdois aspectos. Primeiro, no que diz respeito àdefinição de mecanismos eficazes de contençãodo processo epidêmico e, segundo, naidentificação de medidas que assegurem ocontrole do risco ao qual estão sujeitos essesprofissionais.

Biossegurança pode ser definida comosendo um conjunto de ações voltadas para aprevenção, minimização ou eliminação de riscosinerentes a estas atividades e que podemcomprometer a saúde do homem, dos animais,do meio ambiente ou a qualidade dos trabalhosdesenvolvidos. Neste contexto está inserida aatuação do médico veterinário, que é essencial

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para o estabelecimento e manutenção dascondições adequadas em uma unidade de criaçãoou de experimentação animal.

A classificação do nível de biossegurança,nos laboratórios de experimentação animal, énorteada por diversos fatores. Dentre elesdestaca-se a patogenicidade do microrganismoinfectante, virulência, via de inoculação,endemicidade, conseqüências epidemiológicas,disponibilidade de tratamento eficaz e demedidas profiláticas (2).

Em 1997, a Comissão Técnica Nacionalde Biossegurança estabeleceu a “Classificaçãode agentes etiológicos humanos e animais combase no risco apresentado”, em sua InstruçãoNormativa n07 (1). Como forma deexemplificação, observa-se que: Leishmania,Toxocara canis, Lepstopira interrogans,Clostridium botulinum e o vírus rábicopertencem à classe de risco 2. Brucella,Mycobacterium bovis, vírus rábico urbano evírus da Varíola Símia pertencem à classe derisco 3. Os agentes da Febre Hemorrágica(Junin, Sabiá, Lassa e outros), vírus da PesteSuína, Vírus da Febre Aftosa e o vírus da PesteEquina Africana pertencem à classe de risco 4.Portanto, o tipo de projeto de edificação doslaboratórios de experimentação animal serádeterminado por esta classificação.

O presente trabalho visa contribuir coma equipe multidisciplinar envolvida noplanejamento de um projeto arquitetônico, nomomento em que discute a maioria das variáveisque caracterizam a ciência de animais delaboratório.

O desenho das instalações que compõemum biotério ou um laboratório deexperimentação animal, constitui um dos fatores

de maior importância assegurando a eficácia de seufuncionamento e, consequentemente, o cuidado ea vigilância adequados à manutenção dos animaisali alojados.

Inicialmente, temos que estabeleceralguns conceitos relativos à organização e critériosde programação, objetivando subsidiar aelaboração e avaliação dos projetos. Discuti-remos aspectos referentes à qualificação equantificação dos animais de laboratórios,localização e edificação do biotério,dimensionamento interno, organização espacial efuncional, entre outros. A estruturação da áreadeve estar relacionada ao tipo de atividade a serdesenvolvida. A relação entre espaço e atividadessão caracterizadas por requisitos ambientais,morfológicos e funcionais.

CARACTERIZAÇÃO DE BIOTÉRIOS

Biotérios são instalações capazes de produzire manter espécies animais destinadas a servircomo reagentes biológicos em diversos tipos deensaios controlados, para atender as necessidadesdos programas de pesquisa, ensino, produção econtrole de qualidade nas áreas biomédicas, ciênciashumanas e tecnológicas segundo a finalidade dainstituição.

Cada situação é específica, devendo oprojeto ser estabelecido em função do plano deprodução ou de necessidades de utilização deanimais.

Necessitamos estabelecer requisitos quantoà organização funcional, espacial e construtiva quepermitam a criação ou a experimentação animaldentro de padrões de higiene, assepsia e segu-rança necessários à obtenção ou utilização dediferentes espécies animais segundo seu padrãosanitário. Os animais criados serão usados como

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reativos biológicos. Portanto a sua pureza deveráser fiscalizada ainda dentro do biotério, de formaa apresentar reações uniformes propiciando arepetibilidade e a reprodutibilidade de resultadosexperimentais.

Tanto os animais de criação, que serãoutilizados como reativos, quanto os animaisinfectados requerem uma permanentevigilância ambiental, higiênica, profilática,epidemiológica, nutricional e genética. Istodemostra, uma estrita disciplina operacional.Também significa que deverá haver umacontrapartida, em termos espaciais econstrutivos, que responda a esta organizaçãofuncional.

TIPOS DE BIOTÉRIOS

Um dos pontos a ser analisado para ainstalação de um biotério é a localização, queestá diretamente relacionada à sua finalidade. Alocalização deverá apresentar, certas característicastais como, facilidade de estacionamento,local para carga e descarga de animais esuprimentos (18).

No biotério de experimentação, onde osanimais ficarão alojados durante umdeterminado período experimental, a práticatem demostrado a conveniência de que estaconstrução seja próxima à do laboratório depesquisa. Ter-se-á, portanto, uma construçãoem torno da qual existam laboratórios. Assim,deverão ser previstos espaços para a instalaçãode barreiras sanitárias de proteção, tanto para otrabalhador quanto para o meio ambiente.

Preconiza-se a instalação do biotério decriação em áreas isoladas, distantes de centrosurbanos, em locais onde possa ser maisfacilmente evitada a introdução de fatores

ambientais desfavoráveis. Neste caso, é importanteque sejam observadas as normas para o transportedos animais.

CRITÉRIOS GERAIS DE PROGRAMAÇÃO

A obtenção de determinadas informações arespeito das necessidades irão orientar oplanejamento da edificação. Sugerimos que sejaobedecido o seguinte roteiro demonstrativo:espécie animal; definição do padrão sanitário;densidade de ocupação animal; tipo de caixas ede estantes; tipo de separação por sala (espécieanimal, tipo de ensaio ou nível de biossegurança);necessidade de isolamento; espaços auxiliares;definição do fluxograma das operações; tamanhoda sala incluindo altura, largura e comprimento;arranjo interno dos espaços; informações arespeito da circulação ou tráfego, incluindoatividades operacionais tais como entrada decaixas, ração, saída do lixo, lavagem de materiais(caixas e bebedouros), quarentena, dentre outras;tipos de linhas de serviços (água, gases, energiae interfonia); circulação vertical (escadas eelevadores) e rotas ( rotas de acesso e de saída) (10).

IMPLANTAÇÃO DO BIOTÉRIO

Os biotérios podem ser implantados deduas formas: pavilhonar ou em bloco único.

O sistema pavilhonar possui áreas destinadasaos animais independentes da área de controle deserviços. Nas áreas dos animais encontram-se osequipamentos mecânicos, bem como o depósito deração e suprimentos. Nas áreas de serviçoencontram-se a recepção dos suprimentos,escritórios e equipamentos para lavagem edesinfecção. Esta forma é bastante favorecida porlimitar o acesso. Os animais são facilmente separadospor espécie e por categoria, em edificações específicas,contendo anexos comuns. Além disto, a construção

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pavilhonar facilita a expansão quando necessária.Porém, para este tipo de edificação, são elevados oscustos de construção e de manutenção. Os espaçosde apoio comuns deverão estar localizadoscentralmente em relação às áreas de produção a fimde que sejam facilitados os fluxos operacionais(figura 1).

O sistema construção em bloco únicoestá disposto num só piso, situado ao níveltérreo, para facilitar o controle sanitário, asrotinas de trabalho, o acesso de pessoal, desuprimentos e a evacuação de lixo. Neste tipode implantação os acessos ao biotério se dãoatravés de barreiras. São independentes dosacessos às outras áreas ocupadas. Pode possuirum único corredor ou um sistema de doiscorredores (figura 2).

No sistema mais simples, que constituio biotério convencional, a circulação depessoas, de mater ia l l impo, de l ixocontaminado e de outros materiais, são feitosatravés de um único corredor, o que podepropiciar contaminação.

No segundo tipo o acesso e a saída dassalas são separados, ou seja, passam a ocorrer pordois corredores independentes, havendo, portanto,maior nível de contenção. Este biotério possuimelhor padrão sanitário porém requer maiorárea física. Temos dois corredores separados. Oprimeiro, denominado corredor de acesso (dedistribuição ou corredor “limpo”), é destinado aotráfego de pessoal técnico e de material a serenviado às salas. O segundo, denominado corredorde retorno (ou corredor “contaminado” ou “sujo”)é destinado à saída de todos os materiais a seremencaminhados à esterilização, lavagem e incineração(figura 2b).

Com o intuito de aumentar a árealaboratorial e de manutenção de animais, podemosobter biotérios de altos padrões sanitários comum só corredor se houver um controle rígido dasboas práticas laboratoriais. Neste tipo de biotérioteríamos a entrada e saída de materiais sendo feitaatravés de autoclaves de porta dupla. (Figura 3).

Tanto para a forma pavilhonar quantopara a de bloco único, o biotério deverá ser

FIGURA 1.Sistema pavilhonar deconstrução.

Unidades de criação ou deexperimentação

Área decontrole

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FIGURA 2. Biotério de corredor único e biotério com doiscorredores (National Research Council).

implantado em áreas dotadas de todos os tipos deserviços públicos necessários ao seu perfeitofuncionamento (8).

Recomenda-se que a área total construídapara instalação do biotério corresponda a,aproximadamente, 10% da área total dainstituição à qual irá atender.

CONDIÇÕES AMBIENTAIS - ASPECTOSRELEVANTES

Em termos de resposta biológica, todoexperimento animal é a composição de efeitosgenéticos e ambientais. Muitos fatores físicos,químicos e microbiológicos do ambiente,acrescidos aos fatores genéticos, podem, dealguma forma, influenciar a resposta do animal ao

estímulo experimental. Meio ambiente e espaçosmal planejados podem propiciar situaçõesdramáticas como a super-aglomeração que leva àasfixia ou ao canibalismo. O ambiente artificialtranstorna, por vezes, aspectos comportamentaisessenciais. Price, em 1976, observou taltransformação em espécies que praticam aterritorialidade mas que, em cativeiro, passama estabelecer hierarquias sociais, desde que osindivíduos menos fortes não têm como evitaros indivíduos dominantes (12).

1. Temperatura e umidade

Estas condições estão associadas aos níveisde metabolismo e comportamento animal. Paracada espécie animal existe uma faixa requerida de

Área deRecepção

Depósito Sala de Preparo

Sala de Lavagem

Sala de Animais

Depósitode Ração

Quarentena

Flux

o de

Pes

soas

e M

ater

iais

Sala deArmazenamento de

Resíduos Sala de Animais

Sala de AnimaisSala de Animais

Sala de Animais

Sala de Animais"Air Lock"

Sala de PósOperatório

Sala deCirurgias

Vestiários

Sala deReuniões

Área de Escritórios

Sala de Armazenamentode Resíduos

Sala deLavagem

Recepção

Áreas deDepósito

Quarentena

"Air Lock"Sala de PósOperatório

Sala deCirurgia

Corre

dor "

Sujo"

Corre

dor "

Limpo

"

Sala

de

Anim

ais

Vestiários Áreas deConvívio

Escritório

2a 2b

Sala de Equipamentos

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FIGURA 3. Planta para áreas deisolamento em biotérios (NationalResearch Council).

temperatura e umidade ambiental, na qual atemperatura corporal pode ser mantida constanteatravés de mecanismos termorreguladores.

Para estabelecer as condições ambientaisde temperatura e umidade deverá serconsiderada a transferência de calor porirradiação do animal para o ambiente, a perdade calor livre ou forçado devido ao movimentodo ar e a perda de calor por condução desde ocorpo do animal aos materiais que entram emcontato com ele. Além disto, para ajuste dascondições térmicas, deverão ser consideradosainda aqueles fatores que foram impostos aosanimais para fins de sua adaptação, tais comotamanho e material da gaiola, a presença ouausência de material de cama, densidadepopulacional e outros.

2. Luminosidade

Na definição das condições ambientais deluz, deverão ser considerados a duração dofotoperíodo (horas/luz X horas/escuro), aintensidade expressa em Lux (lumens/m2) e ocomprimento de onda, expressa em Angstrons.A luz visível estimula fotorreceptores e éresponsável pela fotoperiodicidade que regulaos ritmos circadianos, ciclos reprodutivos,atividade locomotora, consumo de água ealimentos, temperatura corpórea, toxicidade eefetividade de drogas, níveis séricos de lipídeose de outros elementos.

O fotoperíodo deverá ser controlado. Aluz é um fator sincronizador que origina osistema circadiano, que é uma adaptaçãofilogenética quase sincrônica com a rotação daTerra. A duração do fotoperíodo é um assuntoainda em discussão.

Temos ainda alguns fatores interferentes,tais como a localização das caixas nas estantes eo material usado na confecção das caixas, dentreoutros. É um engano achar que a iluminaçãoobtida através das janelas ou vidraças é natural.A luz obtida desta forma, apresenta um espectromais vermelho, para o qual os animais delaboratórios são insensíveis, e menos violeta,que, além de elevar a carga térmica do recinto,aumenta o custo dos equipamentos declimatização (22).

3. Gradiente de pressão

O fluxo de ar de áreas sujas para áreaslimpas deve ser banido e as pressões de ardeverão ser sempre maiores nas áreas limpas ouestéreis, nas quais é requerido menorcontaminação ou maior assepsia. Já nas salas deexperimentação animal as pressões de ar devem

Recepção Sala deArmazenamentode ResíduosDepósito

Sala de Lavagem ePreparo de Materiais

Câmera de Transferencia

Auto Clave

Sala

de

Anim

ais

Sala

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Perím

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Depósito de Suprimentos

Vestiários

"Air Lock" de Suprimento

Escr itóriodo

Laboratório

Área AdministrativaSalade

Reuniões

Área de ArmazenamentoProv isório de Resíduos

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ser sempre menores que nos corredores deacesso, para que seja evitada a contaminaçãoambiental por microrganismos patogênicos.

Os gradientes de pressão, além do diferencialde pressão, deverão também ser assegurados.Por exemplo: os gradientes de pressões em áreasestéreis ou limpas para as áreas sujas devem ser:depósito de suprimentos esterilizados e corredorlimpo: tripla positiva; salas de animais devem possuirpressão dupla positiva; corredor sujo pressãopositiva simples e o exterior pressão normal (21).

4. Ruído

O som é uma das variáveis maisimportantes do meio ambiente em biotérios.Nestes ambientes os ruídos originam-se de diversosfatores, tais como vocalização de pessoas e dospróprios animais, operações de limpeza e dealimentação, funcionamento de equipamentos,bater de portas, dentre outros.

Avaliam-se os ruídos pela intensidade, queé medida em decibéis (dB) e, pela freqüência, queé medida em Hertz. As freqüências inaudíveis aohomem são chamadas de infra-som (baixas) (sonsgraves) e ultra-som (altas) (sons agudos).

A maioria dos animais, incluindo osanimais de laboratório, ouvem sons defreqüências superiores àquelas audíveis pelohomem (13). Tanto o homem quanto os animaisapresentam, dentro de suas faixas de freqüênciasde audição, as chamadas faixas de sensibilidade,ou seja, um ou mais intervalos de freqüência nosquais é maior a percepção da intensidadedo som.

CONSIDERAÇÕES SOBRE OMICRO-AMBIENTE

A importância do controle ambiental, sejado macro-ambiente ou do micro-ambiente, se dá

naturalmente devido à necessidade de sepadronizarem as condições físicas do animal,permitindo a realização de experimentos quepossam ser repetidos a qualquer momento.

Micro-ambiente é o ambiente imediato dagaiola. Este ambiente é fundamental para o projetoe o planejamento de biotérios.

Os componentes mais importantes, a níveldo micro-ambiente, são os materiais usados naconfecção de gaiolas, o projeto da gaiola, adistribuição espacial das gaiolas e o material dacama.

As correntes convectivas, provocadas pelocalor dos animais, associadas ao número deanimais por gaiola, de gaiola por estante e degaiolas por sala, são fatores que poderãocontribuir para a contaminação cruzada. Omovimento de ar resultante em cada saladepende da interação entre as correntes de arque se originam das gaiolas com animais, deoutras fontes de calor (equipamentos, lâmpadase janelas), de movimento, bem como do própriosistema de insuflamento e de exaustão.

RISCOS PROVENIENTES DO MANEJODE ANIMAIS

O manejo de animais oferece aos humanos,basicamente, dois tipos de risco: o de infecção e otraumático (por agressão), que muitas vezes poderálevar ao infeccioso.

Os animais podem excretar microrga-nismos nas fezes, urina, saliva ou aerolizá-los,originando, consequentemente, infeccões.Existe ainda a possibilidade de inoculação depatógenos por mordeduras ou arranhaduras,assim como a transmissão direta, por contatocom o animal, seu sangue ou tecidos coletadosem necrópsias e autópsias, e indireta, por inalação

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de poeira originada das gaiolas e camas dosanimais (19).

Considerando, ainda, que animais infectadospodem apresentar infecções subclínicas, nãoapresentando os sintomas da doença, todos osanimais deverão ser considerados potencialmenteinfectados (11). Além disto é bom lembrar que,geralmente, as infecções naturais oferecem maiorrisco que as induzidas. Isto porque não sãogeralmente sintomáticas e não serão detectadasantes das primeiras manifestações (4).

NÍVEIS DE CONTENÇÃO FÍSICA

Os níveis de contenção física estãorelacionados aos requisitos de segurança para omanuseio de agentes infecciosos. Sãoclassificados em quatro classes de risco (20).Estes agentes estarão presentes naturalmenteou inoculados experimentalmente em animaisnos biotérios de experimentação e irãoestabelecer os níveis de biossegurança.

Laboratórios de experimentação animalde nível de biossegurança 1 são aqueles utilizadosno ensino básico. Nestes não é necessárionenhum tipo de desenho especial além doatendimento às boas práticas laboratoriais e de umplanejamento eficaz.

Os laboratórios de experimentaçãoanimal de nível de biossegurança 2 sãoaqueles que manipulam animais infectadoscom microrganismos da classe de risco 2.Nestes, o atendimento às boas práticaslaboratoriais estão somadas alguns requisitosfísicos de construção.

Os laboratórios níveis 1 e 2 sãoconsiderados laboratórios básicos deexperimentação animal.

O laboratório de experimentação animalde contenção, nível de biossegurança 3, requerdesenho e construção mais especializados queaqueles de níveis 1 e 2. Neste nível debiossegurança, os técnicos deverão recebertreinamentos específicos quanto ao manuseioseguro destes microrganismos.

No laboratório de experimentação animalde contenção máxima, nível de biossegurança 4, asatividades estão diretamente relacionadas àsatividades do laboratório de contenção máxima.Só deverão funcionar sob o controle direto dasautoridades sanitárias e, devido ao alto grau decomplexidade de atividades, recomenda-se aelaboração de manual de procedimento de trabalhopormenorizado devendo ser previamente testadopor exercícios de treinamento.

BARREIRAS PRIMÁRIAS

Barreira é um sistema que combinaaspectos construtivos, equipamentos emétodos operacionais que buscam o controledas condições ambientais das áreas fechadas ea minimização das probabilidades decontaminações (20).

Se refere aos tipos de equipamentosutil izados dentro da sala para evitar acontaminação e a liberação de contaminantesbiológicos, químicos ou radiológicos. Sãoconstituídas pelas caixas com sistemas deventilação-exaustão próprios e pelas cabinesde segurança biológica (14).

- Caixas ventiladas

Estas caixas podem ser: caixas com filtrosno topo, caixas de isolamento e cubículos paraisolamento de caixas (figura 4).

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- Cabines de Segurança Biológica

Estes tipos de equipamentos têm comoobjetivo principal conter quaisquer aerossóisgerados durante os ensaios com animais, taiscomo: necrópsias de animais infectados, manuseiode fluidos ou tecidos; ovos de animais infectados;inoculação intranasal de animais e manipulação dealtas concentrações ou grandes volumes de materialinfeccioso.

Estes equipamentos devem ser ligados aosistema de emergência no caso de falhas nofornecimento de energia (17). São eles (figura 5):cabine de segurança biológica classe I, classe II,classe II A, classe II B 1, classe II B 2, classe II B3 e classe III. (22).

FIGURA 4. Tipos de caixas (National ResearchCouncil).

EQUIPAMENTOS ESPECIAISPARA CONTROLE DE CONTAMINAÇÃOAMBIENTAL

Sistema de contenção animal de ar limpo

Este é um sistema de contenção parcial(figura 6). Necessita de equipamentos deproteção individual para os técnicos. Previne apropagação de infecções entre os animais noscubículos adjacentes. Minimiza tanto asinfecções cruzadas dentro dos cubículos quantoa exposição dos animais aos contaminantes doar da sala. Caixas convencionais são mantidasem cubículos com frente aberta, colocadosverticalmente dos dois lados da sala. O arinsuflado passa por filtros absolutos (HEPA),

Filtro deFibra de Vidro

Filtro de PoliesterPrensado

FiltrosHepa

CAIXAS COM FILTROS NO TOPO

Filtro de Alta Eficiência

Filtro Hepa

Cúbiculos para Isolamento de Caixas

FiltrosHepa

Caixa de Contenção Total

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- Incineradores

A incineração é um método útil para odescarte dos resíduos dos laboratórios deexperimentação animal. Este processo só seráindicado em substituição ao da autoclavação noscasos de existência de um incinerador sob ocontrole do próprio laboratório e se houver aexistência de câmara secundária de combustão(5). São desenhadas de forma a permitir ótima-combustão e o mínimo de emissão de poluentesno ar. Os resíduos são incinerados na câmaraprimária, onde a temperatura atinge pelo menos8000 C. Os gases combustíveis e partículas quedeixam a câmara primária são totalmenteoxidados na câmara secundária por adição decalor onde a temperatura deve atingir no mínimo10000 C. Os materiais que se destinam àincineração, mesmo após serem autoclavados,devem ser transportados até o incinerador, dentrode sacos plásticos fechados totalmente, de formaa não permitir o derramamento de seu conteúdomesmo se virados para baixo. Os sacos contendoos resíduos deverão ser enviados dentro de umrecipiente fechado e com tampa. As lixeiras pararesíduos deste tipo deverão ser providas detampas (3).

O tamanho do incinerador serádeterminado pelo tipo, volume, peso do resíduoe tempo gasto na operação de incineração. Alémdestes fatores sempre, no projeto desteequipamento, deverá ser lembrado que durantea vida útil do mesmo haverá mudanças oudecaimentos na capacidade de carga. Osincineradores podem produzir fumaça, gases,cinzas e odores. A cinza é um fator dependentedo tipo de incinerador. O odor é umfator presente em todos os tipos.

de cima para baixo, por entre as passagens doscubículos, e é retirado de dentro das caixas sendoexaurido pela parte inferior dos cubículos. O ar érecirculado através de filtros HEPA (23).

- Autoclaves

Os métodos mais eficazes de esterilizaçãode materiais oriundos dos laboratórios deexperimentação animal são aqueles que utilizama aplicação de calor úmido por pressão. Para aexecução destas atividades são utilizadas trêstipos de autoclaves: com deslocamento porgravidade, à vácuo e do tipo panela de pressãoaquecida com combustível.

FIGURA 5. Tipos de cabines de segurançabiológica (National Research Council).

Abertura paraTrabalho

Filtro Hepana Exaustão

Fluxo de Ar

VisãoLateral

Visão FrontalCabine deSegurança

Biológica ClasseI

Filtro Hepana Exaustão

Visão LateralVisão Frontal

Cabine de SegurançaBiológica Classe II

(Tipo1)

FiltroHepanaExaustão

Espaço deExaustãocomPressãoNegativa

Filtro Hepa

Difusor doAr de

Fornecimento

Visão Frontal Visão Lateral

Cabine de SegurançaBiológica Classe II (Tipo 2)

Exaustão FornecimentoFiltro Hepa

Exaustão

Visão LateralVisão Frontal

Cabine de SegurançaBiológica Classe III

Filtro Hepa no Arde Fornecimento

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FIGURA6. Sistema de contenção animal de arlimpo (National Research Council)

- Barreiras secundárias

São componentes de edificação que incluem:piso, paredes, teto, portas, air-locks, guichês detransferência, sistema de ar, dentre outros.

a) Paredes em alvenaria estrutural reforçada,com acabamentos sem juntas nem reentrâncias,com cantos arredondados, impermeáveis a líquidose resistentes a desinfetantes químicos e gasosos.

b) Pisos antiderrapante, em resina epoxi,de alta resistência, com acabamento sem juntas,sem reentrâncias, com cantos arredondados,impermeável a líquidos e resistentes a desinfetantesquímicos e gasosos.

c) Tetos em estrutura lisa, sem juntas ereentrâncias, com cantos arredondados e comacabamentos resistentes a desinfetantes químicos egasosos.

d) Portas - confeccionadas em materialretardante a fogo, a prova de insetos e roedores,nas dimensões de 1,00 X 2,00m (no mínimo) e,com dispositivo de abertura sem a utilizaçãodas mãos. Deverão possuir uma placa deproteção, com altura mínima de 0,40m em relaçãoao piso, para evitar fuga de roedores.

e) Janelas - não é recomendável ainstalação de janelas com projeção ao exterior,pois podem alterar as condições climáticas.

- Sistemas de Barreiras

Suas principais variáveis são:

a) Entrada e saída de materiaisfeitos através de barreiras tipo câmaraspressurizadas (air-lock), autoclaves, tanques deimersão, guichês de transferências e outros.

Filtros Hepa

Cubículos

Passagem deTrabalho

Visão Lateral

Filtros Hepa

Pré Filtro

Visão Lateral

Filtros deCarvão

Difusão doAr de

Fornecimento

Cubículos

Passagem deTrabalhoVisão Lateral Visão Frontal

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O guichê de transferência é, normalmente,um túnel de dupla porta com abertura controladae com sistema de desinfecção prévia por lâmpadaultravioleta, óxido de etileno ou qualquer outrodesinfetante químico, que é utilizado enquanto osanimais não o estão atravessando (7).

O tanque de imersão (dip-tank) é um tanquede passagem por imersão em que o animal passadevidamente acondicionado.

A câmara de transferência é um guichê maissofisticado que apresenta adaptação paraisoladores.

b) Entrada e/ou saída de técnicos atravésde vestiário com sistema de dupla porta,pressurizadas (air lock) e outros.

c) Sistema de condicionamento do meioambiente, em especial o ar condicionado,quando obedecer a padrões pré estabelecidostais como filtragem, não recirculação do ar,equilíbrio e outros.

CONCLUSÃO

A atual era tecnológica, em que a interferênciado homem no meio ambiente e o encurtamentodas distâncias concorrem para o surgimento eagravamento do risco da introdução oureincidência de doenças zoonóticas, alerta para adiscussão das condições de biossegurança nasinstituições de pesquisa, ensino, desenvolvimentotecnológico e prestação de serviços.

Em 1967 o mundo se espantou com oaparecimento de uma nova doença. Eratrazida pelos macacos verdes importadospara experiências de laboratório num institutode pesquisa em Marburg, na AlemanhaOcidental. Sete seres humanos morreram,entre o pessoal do laboratório e asenfermeiras que trataram deles. Os macacos

trouxeram um vírus desconhecido da ÁfricaCentral (9).

A relevância do paradigmabiotecnocientífico no mundo contemporâneodecorre do fato de que, a princípio, todos nósestamos envolvidos nos seus efeitos. Dentre elespodemos citar a fecundação in vitro; transferênciade embriões; fármacos obtidos através dasbiotecnologias; modificações de plantas e animaispela manipulação e reprogramação dos seusgenes; combate às grandes endemias e à fome,tratamento do câncer e da Aids, e atécaracterísticas meramente indesejáveis, dentreoutras. Todas estas atividades envolvem uso detécnicas de biologia molecular, uso de novasterapêuticas que utilizam medicamentos oucélulas vivas de animais, manipulação demicrorganismos e a produção de animaisgeneticamente definidos para diversos fins, queexpõem o trabalhador de saúde a riscos deorigem biológica, se constituindo, portanto emum dos maiores desafios atuais (15). Os animaisutilizados nestas técnicas geralmente sãoimunocomprometidos e, por esta razão,devemos repensar os ensaios de alto risco e odesenvolvimento dos agentes infecciosos quesão administrados aos animais. Uma publicaçãodo ASM News em 1990, há o questionamento dareplicação do HIV em camundongos SCIDe as interações entre as viroses endógenas doanimal e o vírus HIV que poderiam produzirpseudo tipos. Avaliam também, o risco datransmissão por aerossóis. Este tipo detransmissão amplifica o potencial de exposiçãoem uma área de experimentação animal. Ospesquisadores aconselham, portanto, que seutilizem recomendações para laboratório deexperimentação animal do nível 3 ao invés dolaboratório de nível 2, neste tipo de modelo

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animal (16). Isto exemplifica claramente que cadaatividade de risco deve ser bem avaliada quantoàs aplicações de biossegurança, e que poderáhaver situações em que níveis de biossegurançamaiores do que o recomendado sejamnecessários, devido à natureza da atividade ou àproximidade do laboratório de experimentaçãocom locais de riscos. Da mesma forma, umdeterminado nível de biossegurança poderá seradaptado para compensar a ausência dedeterminadas práticas e recomendações. Osprocedimentos de diagnóstico, envolvendopropagação de um agente para a identificação,tipagem ou teste de susceptibilidade, podem serrealizados em instalações de nível debiossegurança 2, desde que as práticas operativasrecomendadas para o nível 3 sejamrigorosamente observadas. Por exemplo, notrabalho com vírus rábico, os procedimentos derotina com tecidos ou fluidos de animaisinfectados podem ser realizados em instalaçõesde nível de biossegurança 2, porém usando aspráticas operativas de nível 3, enquanto os estudosde replicação viral e a manipulação deconcentrados de vírus somente podem serrealizados em instalações e com práticas operativaspara o nível 3.

A biossegurança é demonstrada mediantea determinação dos níveis de contenção física, deseus requisitos e da utilização de procedimentosde boas práticas laboratoriais, que são objetosda derivação dos julgamentos dos pesquisadoresbaseados no conhecimento atual e que têm porobjetivo o desenvolvimento de um trabalhoseguro (6). Ao determinarmos que os ensaioscom animais são uma extensão da pesquisalaboratorial, os requisitos de qualidade e decontrole das variáveis são os mesmos.

Profissionais com qualificação adequada esuportes laboratoriais adequados podemocasionar uma queda acentuada nos custos dapesquisa. Os suportes laboratoriais sãodependentes do projeto de edificação. Para aelaboração deste projeto há a necessidade deintercâmbio, contínuo e intenso, entre ospesquisadores e usuários com os engenheiros earquitetos, especialmente na escolha de tipos deacabamento, finalização de linhas de serviço,níveis de iluminação, diferenciais de pressão,dentre outros detalhes evitando, assim, adisseminação ou a contaminação ambiental,infeções cruzadas e assegurando a saúde dostrabalhadores.

REFERÊNCIAS

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ABSTRACT

Considerations on biosafety in architectureof laboratory animal housing.

This work seeks the reflection of thedevelopment of the Brazilian scientific research,relative to the architectural programming oflaboratory animal housing and of laboratoriesof animal experimentation, tends as premisethat the design criteria is an important aspect,that contributes to the reliability of theexperimental results. For the discussion of thevariables that characterize the science oflaboratory animals, the diversity team involved,needs to throw hand of guidelines to base theprocess of planning of the constructions. Thearchitectural programming represents one inthe ways of thinking of the own research activity,intending to define the appropriate, space anddesign conditions, so that the researcher’s workcan be developed.

RESUMEN

Consideraciones a respecto de labioseguridad en arquitectura de bioterios.

Este trabajo busca la reflexión del desarrollo de lainvestigación científica brasileña, relativa a laprogramación arquitectónica de biotérios y delaboratorios de experimentación animal, tienecomo premisa que la atmósfera física es unaspecto importante que contribuye a laconfiabilidad y repetibilidad de los resultadosexperimentales. Para la discusión de las variablesque caracterizan la ciencia de animales dellaboratorio, el equipo multidisciplinarenvuelto necesita usar diretrizes para basar elproceso de planificación de las construcciones. Laprogramación arquitectónica representa una delas maneras de pensamiento de la propia actividadde la investigación y piensa definir las condicionesapropiadas, espaciales y ambientales, para que eltrabajo del investigador pueda desarrollarse.