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CONSIDERAÇÕES SOBRE OS IMPACTOS PRODUTIVOS DO COMPLEXO LOGÍSTICO E INDUSTRIAL DO PORTO DO AÇU (RJ) Daniele Cristina Pereira Passos (UENF) José Arica (UENF) Resumo Este trabalho trata dos impactos produtivos do Complexo Logístico e Industrial do Porto do Açu (CLIPA), previsto para entrar em operação em 2014 no Norte Fluminense (São João da Barra, RJ). O CLIPA prevê-se como um sistema logístico portuárrio associado a atividades industriais de exportação, inicialmente dedicado à exportação de minério de ferro. Contará com um porto e uma retro área industrial. Neste contexto, este trabalho apresenta os impactos produtivos mais significativos associados à atividade mineral. Para tanto, apresentam- se os elementos mais importantes da cadeia produtiva do minério de ferro (pellet feed) a ser produzido no CLIPA, incluindo o minero duto de 524 km que transportará o minério desde Conceição do Mato Dentro (MG) até São João da Barra (RJ) e as atividades portuárias associadas, de forma a identificar as atividades produtivas relacionadas às ofertas e demandas geradas. Palavras-chaves: Impactos Produtivos, Porto, Minério de Ferro. 20, 21 e 22 de junho de 2013 ISSN 1984-9354

CONSIDERAÇÕES SOBRE OS IMPACTOS PRODUTIVOS DO … · Daniele Cristina Pereira Passos (UENF) José Arica (UENF) Resumo Este trabalho trata dos impactos produtivos do Complexo Logístico

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CONSIDERAÇÕES SOBRE OS

IMPACTOS PRODUTIVOS DO

COMPLEXO LOGÍSTICO E

INDUSTRIAL DO PORTO DO AÇU (RJ)

Daniele Cristina Pereira Passos

(UENF)

José Arica

(UENF)

Resumo Este trabalho trata dos impactos produtivos do Complexo Logístico e

Industrial do Porto do Açu (CLIPA), previsto para entrar em operação

em 2014 no Norte Fluminense (São João da Barra, RJ). O CLIPA

prevê-se como um sistema logístico portuárrio associado a atividades

industriais de exportação, inicialmente dedicado à exportação de

minério de ferro. Contará com um porto e uma retro área industrial.

Neste contexto, este trabalho apresenta os impactos produtivos mais

significativos associados à atividade mineral. Para tanto, apresentam-

se os elementos mais importantes da cadeia produtiva do minério de

ferro (pellet feed) a ser produzido no CLIPA, incluindo o minero duto

de 524 km que transportará o minério desde Conceição do Mato

Dentro (MG) até São João da Barra (RJ) e as atividades portuárias

associadas, de forma a identificar as atividades produtivas

relacionadas às ofertas e demandas geradas.

Palavras-chaves: Impactos Produtivos, Porto, Minério de Ferro.

20, 21 e 22 de junho de 2013

ISSN 1984-9354

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1. Introdução

O modelo de infra-estrutura no Brasil associado ao transporte e logística tem crescido de

forma lenta nos últimos anos, trazendo custos sistêmicos à produção nacional inibindo a

competitividade e desenvolvimento do país. Entretanto, o modelo nacional de

desenvolvimento atual, em grande parte associado ao mercado externo, com destaque para as

commodities minerarias e aos desdobramentos verticalizados, vem desencadeando animação

econômica nas regiões onde se insere, ao criar e consolidar cadeia de valor (LLX, 2009).

Para mudar o estado em que se encontrava o sistema portuário nacional, o governo, em 25 de

fevereiro de 1993, promulgou a Lei nº. 8.630, conhecida como Lei de Modernização dos

Portos, com a finalidade de melhorar esse importante elo de transporte marítimo.

A nova lei de Modernização dos Portos se constituiu num importante marco institucional no

setor, o qual resultou, nos anos que se seguiram, dentre outros, na ampliação do número de

terminais portuários destinados a atender às demandas do comércio internacional de

mercadorias. Novos arranjos institucionais criaram condições para a adequação dos portos

brasileiros ao seu novo papel como nó central de uma rede logística que articula as escalas

internacional, nacional, regional e local.

Assim, surge o Complexo Logístico e industrial do Porto do Açu (CLIPA), com a construção

do minero duto Minas-Rio que tem por finalidade o transporte de minério de ferro para este

porto, sendo tratado e exportado para diversas localidades do mundo.

Esta nova iniciativa traz grandes modificações na região, que irá precisar de uma nova

estrutura produtiva para atender as novas demandas que estão sendo esperadas. Estas

demandas podem ser classificadas como empresas para atender os novos setores e mão de

obra qualificada.

No entanto, principalmente a cidade de são João da barra, onde o porto está sendo construído

não possui uma infraestrutura de serviços para atender as novas demandas produtivas que

serão esperadas. Já a cidade de Campos dos Goytacazes, é considerada uma cidade de médio

porte, já possuindo alguma estrutura para atender as demandas desse impacto produtivo.

Deste modo, este trabalho tem por objetivo apresentar às características do complexo

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portuário que está sendo construído, e assim falar sobre sua primeira atividade desenvolvida, a

exportação do minério de ferro e por fim fazer algumas conclusões sobre os possíveis

impactos produtivos esperados na região.

2. Aspectos metodológicos

Este artigo através de revisão bibliográfica faz algumas considerações importantes sobre o

Complexo Logístico e Industrial do Porto do Açu, empreendimento que está sendo construído

na cidade de São João da Barra, Norte do Estado do Rio de Janeiro. Para compreender como

tal iniciativa trará grandes impactos na região, primeiramente foram relatadas características

divulgadas do empreendimento, depois são feitas considerações importantes da cadeia

produtiva do minério de ferro que será exportado do porto para diversos lugares do mundo.

Assim, através de estudo da literatura, foram encontrados os impactos que tal

empreendimento será capaz de gerar na região onde está inserido. Por fim, são feitas algumas

considerações sobre os possíveis efeitos da construção de tal complexo portuário na região.

3. Complexo Logístico Industrial do Porto do Açu (CLIPA)

As mudanças tecnológicas estão levando a uma completa reformulação no conceito de porto.

Os portos são os elos da cadeia logística entre os modais terrestres e marítimos, com a função

de receber o impacto do fluxo de cargas, através da armazenagem e de sua distribuição física.

O porto logisticamente ideal é aquele com capacidade para atender a navios de grande porte,

com alto grau de automação e integração operacional (RODRIGUES, 2003).

Os portos brasileiros, até o início deste século, não possuíam muito espaço para atracação de

navios, os quais permaneciam a maior parte do tempo, fundeados, ou seja, ancorados distante

do cais, recebendo mercadorias ou desembarcando-as por meio de embarcações menores. As

mercadorias eram transportadas por sacarias, barris ou caixas pequenas, para facilitar o

manuseio pelos trabalhadores portuários. As técnicas de transporte e, consequentemente, as de

embarque e desembarque, tiveram evolução lenta, ao longo do tempo, passando por alterações

maiores com a introdução da mecanização e do advento da conteinerização, mais

recentemente (VIDIGAL, 1996).

No início da década de 1990, o sistema portuário brasileiro podia ser caracterizado pelos

problemas de ineficiência, baixa produtividade, excesso de burocracia e uma crônica falta de

investimentos. O excesso de mão-de-obra portuária aliada à força política dos sindicatos

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colaborava decisivamente para os altos custos portuários (RODRIGUES; LEMOS, 2011).

A partir das mudanças institucionais estabelecidas pela Lei nº. 8630/1993, que, dentre outras

importantes mudanças no sistema portuário nacional, está sendo organizado o projeto

destinado à implantação do Complexo Logístico e Industrial do Açu, em São João da Barra,

localizado no Norte Fluminense.

O Complexo Logístico e Industrial do Porto do Açu (CLIPA) é um Terminal Portuário

Privativo de uso misto, desenvolvido pela empresa de logística do Grupo EBX (LLX), o

complexo Industrial planeja incorporar vários tipos de indústrias (como usinas de minério,

siderúrgicas, pólo metal-mecânico, usina termoelétrica, cimenteiras, unidade de tratamento de

petróleo e indústria naval), além de retro área para armazenamento e movimentação de

produtos. Planejam-se, também, serviços complementares em expedição, integração

intermodal, armazenagem e desembaraço aduaneiro (ver figura 1).

FIGURA1 - Complexo Logístico Industrial Portuário do Açu - Empreendimento da empresa LLX Açu

Operações Portuárias SA, subsidiária da LLX Logística S.A, pertencente ao grupo BBX. (Fonte:

http://www.llx.com.br).

Na visão da empresa empreendedora do projeto, “o porto além, de representar uma estratégia

de inovação para a logística do Rio de Janeiro, também é responsável pela organização

territorial do município de São João da Barra, que deixará de ser um município de

características rurais para ser um município urbano podendo apresentar um grande

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crescimento populacional devido às novas oportunidades de trabalho que serão

disponibilizadas na região”.

4. Cadeia produtiva do minério de ferro

O objetivo da atividade mineradora é a descoberta, a lavra e o beneficiamento de minérios

(CHAVES, 2002).

Assim, as atividades executadas dentro da mineração consistem em:

Retirar os recursos minerais existentes no subsolo;

Trazer o bem mineral do subsolo até a superfície; e

Colocar esse bem mineral em condições de ser utilizado pela a indústria metalúrgica,

cerâmica ou química.

O processamento do minério consiste em uma sequência de operações industriais que se

denominam operações unitárias, assim chamadas devido ao fato de somente a combinação e a

sequência dessas operações poder atender a um determinado objetivo, ou poder atender às

características específicas de um determinado minério (CHAVES, 2002).

Sequência de operações:

Lavra do Minério: que abrange uma combinação das operações de extração do

minério, cominuição e auxiliares;

Beneficiamento: que corresponde a uma combinação das operações de cominuição, e

concentração de auxiliares;

Transporte: que compreendem a operação de transporte do minério até a unidade

industrial onde ele será utilizado e processado para a agregação de valor.

Aglomeração: que tem como finalidade a agregação de valor ao minério de ferro

através da criação de características especiais, que tornam o produto muito mais

atrativo no processo de fabricação do ferro primário a que são destinados os

aglomerados na indústria siderúrgica; compreendem os processos de sintetização e/ou

pelotização, que geralmente são combinados com operações de cominuição e

auxiliares;

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Estocagem e embarque: que integram o processo produtivo de uma parcela

significativa das empresas de mineração que exportam seus produtos através de

transporte marítimo.

Nesse sentido, as operações de estocagem, embarque e portuárias torna-se parte integrante do

processo produtivo em uma parcela significativa das empresas de mineração.

Assim, como observamos (ver figura 2) o minério de ferro pode ser classificado da seguinte

forma segundo sua granulometria (PFIFFER, 2004):

Granulado ou Lump: possui maior valor de mercado devido a sua maior

granulometria, siderúrgicas podem utilizar o minério granulado de alta concentração

de ferro diretamente nos altos fornos, sem necessidade de qualquer outro

beneficiamento;

Sinter feed: é o produto de minério de ferro mais comercializado atualmente. As

siderúrgicas necessitam que o sinter feed sofra um processo adicional de sintetização,

antes que o minério seja fundido em altos-fornos;

Pellet Feed: é o produto que tem aumentado sua participação no consumo mundial de

minério de ferro, sendo o mais fino dos produtos. Há uma necessidade de um processo

de pelotização para a sua aplicação para a indústria siderúrgica. A pelotização

transforma o pellet feed em pelotas, ou pellets (como usualmente chamados), que

podem substituir o granulado nos altos-fornos ou nos reatores de redução direta:

Pellets: produzidas através do processo de pelotização, que visa o aproveitamento da

fração ultrafina de minério de ferro. Após o tratamento térmico apropriado essas

pelotas adquirem características desejáveis ao processo de redução, seja no alto forno

ou em fornos de redução direta. Apresentam teor de ferro acima de 65%, baixo níveis

de impurezas (principalmente fósforo e sílica) e propriedades físicas e metalúrgicas

superiores.

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FIGURA 2 - Classificação do Minério de Ferro segundo sua granulometria. (Fonte: Laherce

Ribeiro de Castro Neto, 2006).

5. Transporte de Minério de Ferro

Atualmente existem diversos minero dutos em operação, em várias partes do mundo,

transportando produtos como fosfato, caulim, calcário, carvão, concentrados de minério de

ferro e de cobre, e até rejeitos de mineração. No Brasil podemos citar alguns projetos

similares em operação (BRANDT, 2006).

Um deles, em funcionamento desde 1977 e com extensão de 396 km, passa por 24 municípios

dos estados de Minas Gerais e Espírito Santo.

No estado do Pará, o mesmo sistema é utilizado para transporte de bauxita (minério de

alumínio). Esse, com aproximadamente 243 km de extensão, tem em suas proximidades mais

dois minero dutos voltados ao transporte de caulim, sendo um com 158 km e outro com 180

km de extensão.

No estado de Minas Gerais existe ainda, um minero duto de aproximadamente 120 km de

comprimento por onde é realizado o transporte de concentrado fosfático entre os municípios

de Tapira e Uberaba.

Contudo, está sendo construído pela Empresa Anglo American o minero duto Minas-Rio com

extensão de 524 km e com uma que tubulação atravessará 33 municípios, sendo 26 em minas

Gerais e 7 no Rio de Janeiro, como podemos observar (ver figura 3).

De acordo com o engenheiro responsável pelas obras, a primeira atividade desenvolvida no

CLIPA será a exportação de minério de ferro na forma de pellet feed. Sendo assim, não

passando pelo processo de pelotização, que de acordo com (CHAVES, 2002), tem a finalidade

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de agregação de valor ao minério de ferro através da criação de características especiais, que

tornam o produto muito mais atrativo no processo de fabricação do ferro primário a que são

destinados os aglomerados na indústria siderúrgica.

Desta forma, podemos identificar que as atividades produtivas relacionadas à exportação do

minério de ferro no porto não trará uma grande demanda por serviços especializados na região

para a atividade de mineração. De fato, as atividades que seriam demandadas na cidade de

São João da Barra estão mais relacionadas a atividades de apoio e não a atividades produtivas.

No Caso, a cidade de Campos dos Goytacazes possui uma melhor estrutura com um polo de

serviços e mão de obra mais qualificada para estar atendendo as demandas provenientes de

outras atividades que possam se desenvolver no porto.

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FIGURA 3 - Mapa do Projeto Minas-Rio. (Fonte: Apresentação Anglo American, 2012).

6. Avaliação de Impactos

Outro fato relevante é que as obras em vários momentos de sua construção vêm passando por

interrupções devido principalmente a problemas de licenças ambientais, atrasando assim o

início das operações no porto.

Para que não ocorram problemas ambientais severos que venha a danificar de forma drástica

uma região que esteja recebendo grandes empreendimentos que modifique seu meio ambiente

é necessário que seja feito Avaliação de impactos ambientais (AIAs). No Brasil, as AIAs

foram estabelecidas como requerimento para toda atividade modificadora do ambiente pelo

artigo 1 o da Resolução 001/86 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA)

(Secretaria do Meio Ambiente de São Paulo, 1992), e objetivam contribuir com subsídios

técnicos para o planejamento regional, além de servir de instrumento no processo de

licenciamento (PINHEIRO, 1990).

Este papel é de importância no país, devido a três fatores: primeiro, à relevância dos recursos

naturais do país no contexto mundial; segundo, por causa da expressiva escala das atividades

econômicas e de ocupação dos espaços; e finalmente à inserção das questões ambientais tanto

nas preocupações nacionais quanto na perspectiva internacional sobre o país (Rodrigues &

Rodrigues, 1999).

A AIA é operacionalizada por meio dos EIA-RIMA (Estudo de Impacto Ambiental e

Relatório de Impacto Ambiental), previstos na Constituição. O papel do EIA é qualificar e,

quanto possível, quantificar antecipadamente o impacto ambiental, como suporte adequado ao

planejamento de atividades relacionadas com o ambiente (Milare, 1994). O EIA é de maior

abrangência que o RIMA e o engloba em si mesmo. O EIA compreende o levantamento da

literatura científica e legal pertinente, trabalhos de campo, análises de laboratório e a própria

redação do relatório. E o RIMA, destina-se ao esclarecimento das vantagens e consequências

ambientais do empreendimento, e reflete as conclusões do EIA. Desse modo, o RIMA é o

instrumento de comunicação do EIA ao gerente e ao público. Um outro ponto a destacar é que

o EIA-RIMA de um empreendimento deve ter publicidade e participação pública, ou seja,

primeiro o pedido de licenciamento, sua renovação e concessão devem ser publicados em

jornal oficial e em um periódico de grande circulação. Segundo, o documento é

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disponibilizado previamente para ser discutido pelo público interessado em uma audiência

pública previamente agendada. Com isso assegura-se o direito à participação da sociedade na

tomada de decisão sobre a instalação de um empreendimento em um determinado local.

Além dos impactos de ordem ambiental existem outras categorias de impactos que um

determinado empreendimento pode trazer. Como impactos econômicos, sociais e produtivos.

Entretanto, estes tipos de impactos não são contemplado na legislação brasileira, porém tais

consequências também precisam ser avaliadas para um empreendimento de tal magnitude,

pois é esperado que essas iniciativas tragam grandes modificações produtivas.

7. Resultados

Como pode ser observada no trabalho, uma nova estrutura produtiva está sendo montada na

Região Norte Fluminense para atender principalmente o mercado de exportação de minério

dentre outras demandas que constam no projeto do CLIPA. Associado a esses novos

investimentos se espera que ocorra uma procura por trabalhadores qualificados e demanda de

serviços específicos para atender as novas necessidades produtivas da região.

O produto a ser exportado, no caso do minério, é o pellet feed, que embora não inclua o

processo de pelotização, demandará um processo industrial sofisticado, mas que na sua maior

parte estará desvinculado do mercado regional, pois está verticalizado na Anglo-American.

Entretanto, a atividade portuária associada à exportação do pellet feed irá demandar uma mão

de obra de menor qualificação, mas que pode ser providenciada regionalmente. Embora a

região não esteja tomando providências para tanto.

Isso nos leva a perceber que é necessário que haja uma infraestrutura da Região Norte

Fluminense, principalmente de São João da Barra e Campos dos Goytacazes para atender

essas novas demandas e evitar externalidades negativas desse impacto produtivo.

8. Conclusões

De acordo com a pesquisa, podemos ver que são esperados diversos investimentos que

modificarão a estrutura produtiva da Região Norte Fluminense. Assim, espera-se que o

funcionamento do CLIPA traga grandes modificações produtivas na região em que está sendo

construído.

No entanto, na medida em que a legislação não contempla os impactos produtivos é

conveniente que se criem possíveis cenários capazes de identificar ações e sugestões de

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políticas que contribuam para maximizar os efeitos positivos e minimizar os efeitos negativos

que um investimento desse porte pode gerar.

Pois, vários investimentos estão sendo esperados, porém como foi possível observar a cidade

de São João da Barra não possui uma estrutura produtiva para apoiar esta iniciativa, faltam

empresas preparadas para apoiar os novos setores e também mão de obra qualificada na

região. Porém, Campos dos Goytacazes pode se configurar como um polo de serviços mais

diversificado para estes novos investimentos, pois além de possuir vários segmentos de

empresas na região possui também mão de obra qualificada com maior possibilidade de

atender a demanda que está sendo esperada.

9. Referências Bibliográficas

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Volume III. São Paulo-SP, 2009.

LLX. Disponível em <http://www.llx.com.br/pt/superporto-do-acu/Paginas/default.aspx> 7 de

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de Empresas, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2004.

PINHEIRO, S. L. G. Alternativas para avaliação de impactos ambientais, sociais e

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