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/ CPATU DO'CUM,ENTOS, 7 1982 SIMPOSIO SOBRESISTEMASDE PRODUÇAO \ EM \CONSÓRCIO PARA EXPLORAÇAQ PERMANENTE DOS SOLOS DA AMAZONIA EMBRAPA CENTRO DE PESQUISA AGROPECUÁRIA DO TRÓPICO ÚMIDO Belém. PA 1

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CPATUDO'CUM,ENTOS, 7 1982

SIMPOSIO SOBRESISTEMASDE PRODUÇAO\

EM \CONSÓRCIO PARA EXPLORAÇAQ

PERMANENTE DOS SOLOS DA AMAZONIA

EMBRAPACENTRO DE PESQUISA AGROPECUÁRIA DO TRÓPICO ÚMIDOBelém. PA

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~ EMBAAPA~~ EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÃRIA

Vinculada ao Ministério da AgriculturaCentro de Pesquisa Agropecuária do Trópico Úmido

@OEUTSCHEc 17· GESELLSCHAFTFÜR TECHNISCHEZUSAMMENARBEIT

SIMP6sIO SOBRE SISTEMAS DE PRODUÇÃO EM CONs6RCIOPARA EXPLORAÇÃO PERMANENTE DOS SOLOS DA AMAZÔNIA

(19-20 de novembro de 1980)

ANAIS

Belém,PA1982

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EMBRAPA.CPATU.Documentos 7 ISSN 0101-2835

Pedidos desta publicação devem ser solicitados aoCentro de Pesquisa Agropecuãria do Trópico ÚmidoTrav. Dr. Enêas Pinheiro s/n?Caixa Postal 4866000 - Belêm, PATelex (091) 1210

Simpõsio sobre Sistemas de Produção em Con-sórcio para Exploração Permanente dos 50los da Amazônia. Belemt 1980.Anais. Belemt EMBRAPA-CPATU/GTZt 1982.

290 p. i 1 u s t . (EM B RA PA - C PA TU.t o s , 7).

1. Agricultura - Sistema de produção -Congressos - Brasi l-Amazôni a. 2. Consorci açãode plantas - Congressos - Brasil - Amazônia.I. Titulo. 11. Serie.

Documen-

CDD: 631. 58060811

@ UURAPA.1.12

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SUM~RIOIntrodução 5

Sistema de produção com plantas perenes emconsõrcio duplo............................. HSistema de produção em consõrcio de seringue!ra com pimenta-do-reino e seringueira com cac a u •• u ••••••••••••••••• c • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • 37

Sistema integral de producciõn cultivos/gan!dom e n o r Y 1e fi a e fi 1a A ma z o n ia E c u a t o r ia na. . 67

Consorciação seringueira x pimenta-do-reinor e sul ta dos dos t rês p r im e i r o s a nos ...•...... 93

O cultivo intercalar da seringueira com pla~tas d e v a 1o r e co nô m ic o ....................•. 105

Sistemas de produção permanente de culturasanualS .......•.....•. "...................... 119

Condições e justificativas para produção deco n sõ r c io s n a Ama zô n ia ~ e n f o que te õ r ic o . . . . . • 153

Sistemas de produção de guaranã consorciadocom culturas de expressão econômica..... .... 175

Sistemas de consõrcio para sombreamento do C!caueiro problemas e perspectivas •••..••• •••• 187

Experimentos de consorciação com frutiferasn o I N PAu • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • 205

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Experi~ncias prãticas de consõrcio com pla~tas perenes no municipio de Tome-Açu, Parã.. 213

Sistemas de produção silvopastorls •. 0....... 227

P r o g r a m a A g r o f 1 o r e s tal d a EM B R A PA / C PA T U / P N P F . 235Sistema de produção em rotação e consorciaçãode culturas tendo o arroz como cultura princ~pal 243Uma tentativa de interpretação teõrica do ext ra t i v i sm o A m a zô n ic o •.•. u • • • • • • • • • • • • • • • • • • • 255

Considerações econômicas e sociais de sist~mas de produção na Região Amazônica •.•..•.•• 273

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INTRODUÇAOEm todos os trópicos úmidos, a agricult~

ra migratória vem sendo praticada e tem proporcionado o sustento das pequenas populações quetêm povoado essas regiões. As populações das Iatitudes mais afastadas aumentaram a tal ponto quejá não existem mais áreas para aumento dos cult~vos, procedendo-se a migração para as regiCes tropicais, de modo que, atualmente, se fazem grandes pressões nas regiões dos trópicos ú~idos, eum modelo de agricultura diferente da "shiftingcultivation" faz-se necessário para a manutençãopermanente dessas populações.

o Centro de Pesquisa Agropecuária do Trópico Omido - CPATU - da Empresa Brasileira dePesquisa Agropecuária - EMBRAPA - tem como pri~ridade em seus trabalhos a consecução de um sistema agrícola, que permita a exploração contínuae permanente dos solos amazônicos,proporcionandocondições de subsistência para seus habitantes,e preocupando-se também em causar o mínimo de impacto ambiental. Dentro desta idéia, foram cria-dos dois grandes projetos de pesquisa: "Sistemasde cultivo com plantas perenes em consórcio" e"Produtividade de solos amazônicos e mudanças ecológicas sob diferentes sistemas de manejo". Estes projetos se encontram em pleno desenvolvimento.

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veio juntar-se ao CPATU a Sociedade Alemãde Cooperação Técnica - GTZ, através de um convênio para a execução de pesquisas em colaboração,buscando, juntamente, o estudo e a análise dossistemas de agricultura, com as características ~numeradas. Deste convênio faz parte a realizaçãode um simpósio anual sobre sistemas de produçãopara o uso permanente dos solos amazônicos, pr~movido pelas duas entidades. Deste modo, surgiueste simpósio, e, certamente, outros virão paranovas comunicações, apresentação de novos resultados de pesquisa, novas discussões e aprofundamento dos conhecimentos sobre a utilização daspotencialidades agrícolas dos trópicos úmidos.

Os trabalhos apresentados são muito dive~sificados quanto aos assuntos enfocados e quantoà forma como foram redigidos, no entanto, todosmostram a preocupaçao e o que já se está reali-zando para o melhor uso dos solos tropicais. Hátrabalhos versando sobre sistemas de produção deculturas alimentares em consórcio e em rotação,como também sistemas usando culturas perenes co~sorciadas com culturas alimentares ou entre si.

Merecem os agradecimentos do CPATU e daGTZ a Fundação Universidade do Amazonas, UEPAE-Manaus, UEPAE-RioBranco, UEPAE-Altamira, UEPAF.-Porto Velho, EMAPA, EMGOPA, JARI Florestal,FCAP,

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DFA/Pará, INPA, CEPLAC-DEPEA, IDESP, SAGRI-Pará,INATAM/JAMIC, EMATER-Pará e INIAP-Peru, pela ac~lhida do convite e sensibilidade para o problema,proporcionando aos seus técnicos a participaçãoneste Simpósio, trazendo seus trabalhos, ou contribuindo com suas presenças e debates. Em esp~cial os agradecimentos aos autores dos trabalhos~sobretudo, pelo curto espaço de tempo do qualdispuseram para sua preparação e apresentação

Mário DantasPesquisador do CPATU

Coordenador

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SISTEMA DE PRODUÇAO COM PLANTAS PERENES EMCONSORCIO DUPLO

- 1Dilson Augusto Capucho Frazao 1Emeleocípio Botelho de AlJdradeAntonio Agostinho MlHlerItalo Claudio FalesilMário Dant.as+ 1Annando Kouzo Kato 1Tatiana Deane de Abreu sá DinizAntonio Ronaldo Camac:hoBaena-Rairmmdo Freire de aliveiral 1Femando Carneiro de AlbuquerqueCarlos Hans MÜller1Raimmdo Parente de aliveira2Nina Rosaria Maradei MlUlerlTherezinha Xavaer Bastos+Antonio Carlos Paula Neves da Ibc:h;

INTRODUçAOA Amazônia Brasileira abrange uma área de

cinco milhões de quilômetros quadrados, onde abaixa fertilidade natural, de cerca de 90%, dossolos tem sido o obstácUiO mais sério para a introdução de uma agricultura do tipo convencional,que se pratica tradicionalmente em outras· re-giões. Como consequência das chuvas torrenciais,esses solos, além de pobres em nutrientes essen

1 Pesquisadores do CPATU-EMBRAPA. Cx. ·Postal 48,66000 - Belém, Pará, Brasil.

2 Pesquisadores da UEPAE-Al tamira. Cx.Postal 0061 ,68370 - Altamira, pará, Brasil.

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ciais, apresentam alta concentração de alumínioe hidrogênio, o que ocasiona severa fixação defósforo.

o revestimento florlstioo e caracterizadopela heterogeneidade. E, apesar da deficiente compos~ção química dos solos, a vegetação em suamaior extensão se apresenta exuberante, graças àexcelente adaptação dos indivíduos às condiçõesclimáticas, que propiciam o seu crescimento du-rante a maior parte do ano e, possivelmente, também, em virtude da perfeita reciclagem de nu-trientes que lhe permite o hábito perene.

A expansão acelerada da fronteira agríco-~a do Trópico Úmido implica na substituição ori-ginal por sistemas de cultivos economicos, quedevem, entretanto, ser planejados, levando-se emconsideração peculiaridades ecológicas regionais.

Considerando-se as características climá-ticas, a fraca potencialidade dos solos, bem co-mo a heterogeneidade do revestimento flonstioo etoda a gama de interações ecológicas reinantesna região, deduz-se que grande parte de sua vasta área esteja vocacionada para culturas de ci-clo longo (perenes) e, possivelmente, em culti-vos consorciados, que proporcionariam um revestimento florístioo que mais se aproximasse ao orig,i

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nal, com vantagens sob vários aspectos,inclusivefitossanitários.

Atualmente, as culturas perenes de maiorexpressão econômica na Amazônia são: Castanha-do-brasil, seringueira, cacau, guaraná e pimenta-do-reino, dentre as quais apenas a última não e nativa da região, encontrando porém condições sa-tisfatórias para cultivo.

Diante da reconhecida vocaçao da regiãopara culturas perenes e da lmportância que essesprodutos representam para a economia r-e qaon aL,

o Centro de pesquisa Agropecuária do Trópico Úm~do (CPATU-EMBRAPA) vem desenvolvendo um experi-mento visando testar o Sistema de Produção comPlantas Perenes em Consórcio Duplo, capaz de melhor utilizar os recursos naturais disponíveis eque se coadune com as condições ecológicas, so-ciais e econômicas do Trópico Omido.

MATERIAL E METO DOSo ensaio foi instalado em fevereiro de

1977, em dois locais: município de Altamira (Pará) na rodovia Transamazônica, em Terra Roxa E s-truturada (Alfisol) e município de Capitão Poço,na zona Guajarina (Pará) em Latossolo ~lo (te~tura argilosa (Oxisol). O revestimento florísticodos locais é caracterizado por urna floresta tro-

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pical de terra firmeI sendo o clima do tipo Amiem Capitao Poço e Awi em Altamiral segundo a elassificação de K5ppenl cujos balanços hídricosl segundo Thornthwaitel são apresentados na Fig. 1.I

•• .m500 500

- Precip. 1610- -- Preci,. Z896-_ .. - Ew.,.,... 151'- _.- E•• p.po!. 1.4'5_

400--- Evop.~1 1155- --- Ev.p .•••• 15M".

he. 5U- 400De( 454_

nnnn EXCEDENTE • EXCEDENTE

E.J DEFICIÊNCIA D DEfiCIÊNCIA

~ REPOSIÇ~O ~ REPOSiÇÃO

~ RETIRADA SOO ~ R(TIRADA

ZOO

ALTAIIIRA

LeI. 05° li"LOtli·5104l'.

CAPITÃO POÇO

LII. 010Sl'5'·SLO"'. 47- 0,1 W

100

lIIIe ••• ... '"

FIG. l-Balanços hídricos seQundo Tharnthwaite poro Altamira e Capitõa Poço.

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As culturas em teste sao: castanha-do-brasil (Bertholletia excelBa)~ seringueira (Hevea

braBilienBiB)~ cacau (Theobroma cacao)~ pimenta-do-reino (Piper nigpum) e guaran~ (Paulinia cup~

na)~ consideradas como priorit~rias para as pe~quisas do CPATU.

As sementes de castanha-do-brasil foramobt i.das no município de Marab~-Par~, e, um anoapós o plantio, foram enxertados os clones SantaFé-l, Manoel Pedro-2, 606, 614 e 722, pertencen-tes ao Bànco de Germoplasma do CPATU. As serin-ggueiras foram enxertadas com os clones IAN 717e Fx 3899 e plantadas em mistura ao acaso. A cultivar da pimenta-do-reino utilizada foi a cinga-pura, mais difundida na região. Para o cacau fo-ram utilizados os híbridos comerciais distribuí-dos pela CEPLAC. O material do guaran~ foi oriu~do de semente de matrizes selecionadas, perten-centes à quadra de matrizes do CPATU.

A castanha-do-brasil e a seringueira es-tão sendo usadas, no experimento, como plantasque se desenvolvem naturalmente a pleno sol, heliófilas ,e as demais como umbrófilas.

Objetivando testar o índice de tolerânciaao sombreamento, implicações ecológicas das con-sorciações em estudo e sua economicidade,adotou-se o consórcio duplo de culturas heliófilas (se-

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ringueira ou castanha-do-brasil) com as umbrófi-Ias (cacau, guaraná ou pimenta-do-reino) .

Visando avaliar o aproveitamento propor-cionado pela sombra da mata raleada, foram pla~tadas sob este revestimento florístico as cul tu-ras urnbrófilas em teste.

Corno fonte de comparação para os demaissistemas, foram implantados os monocultivos dosprodutos em estudo, bem corno urna parcela de reg~neração natural após a queima e urna de regenara-ção do bosque raleado, que foram estabelecidascorno termos de comparação com urna área de mataintacta para os estudos ecológicos.

A grande dimensão das parcelas dificultaa aplicação dos métodos estatísticos convencio-nais pela imensa área que ocupariam. Entretanto,a dessemelhança entre os sistemas é tão rnarcante,que a determinação de suas diferenças dispensa aaplicação de um delineamento experimental.

o experimento é constituído de 16 parce-las de observação com os diferentes sistemas deprodução ou cobertura vegetal em estudo. A dimensão destas parcelas é suficiente para que possamser selecionadas miniparcelas representativas decada sistema, o que permite determinar a amplitude da variação.

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A análise será feita individualmente .•do cada sistema enfocado de modo isolado. e

senpo~

sível,todavia .•a comparaçao econômica e ecológi-ca entre "eles, bem como algumas correlações po-

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dem ser determinadas entre aqueles que capresent~rem culturas comuns. As parcelas dos diversos tratamentos apresentam tamanhos diferentes, em virtude do espaçamento diferencial das espécies,po~sibili tando a obtenção do número adequado de -plantas úteis. Assim, os cul tivos tradicionais docacau, guaraná, pimenta-do-reino e regeneraçao,bem como os sistemas em sub-bosque e a regenera-ção destes, ocupam parcelas de 50 m x 75 m. Asparcelas dos consorcios e monocultivos de serin-gueira são de 75 m x 75 m. Nos consórcios comcastanha-do-brasil e monocultivo, a parcela apr~senta dimensão de 150 m x 75 m. As Fig. 2 e 3 apresentam os croquis dos experimentos.

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REGENERAÇÃO CASTANHA-DO-BRASIL SERINGUEIRA PlMENTAdoREINe(25,Om x 15,0 m ) (lS.OmxS.Om)

DO + + TRADICIONAL

GUARANÁ CACAU

SUB-BOSQUE(S.Om x 2.Sm) (2.5m x 2.5m) (2.5m x 2.5m)

-4 fileiros- - 5 fi leiros-

CACAU CA STANHA-DO-BRASIL SERINGUEIRA CACAU

EMSUB-8OS<U05,Om x 5,Om)

MONOCULTIVO + TRADICIONAL

(2.5m x 2.5m) (lS'om x 12.5m ) GUARANÂ (205m x 2.5m)( 5.0mx2.5m)-2 fileiros-

CASTANHA-DO-BRASILGUARANÁ(25.0m x 15.0m) SERINGUEIRA

EMSllHlCSJIJE + MONOCULTIVO TRADICIONALPIMENTA-DO-REINO

(2·.5m x 2.5m) (2.5m x 2.5m) (7.5m x 2.5m) (5.Om x 2.5m)- 9'f ilei ros-

GUARANÁ' CASTANHA-DO-BRASIL SERINGUEIRA(25,Om x lS,Om) 05,Om x s,Om)

EMSI.IHlCl:iQ.E + + RmENERACÃO

CACAU PIMENTA-DO-REINO(S,Omx2.Sm) (2.5m x 2.Sm) (2.Sm x 2.Sm)

-9 fileiros- -S fileiros-

oQ~

-50.00-·-----,-----150.00----- 75.00----50.00-

Fig',02 - Sistema de produção com plantas perenes em consórcio duplo, ' -Capitão Poço- Pará-

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I•"- oo.nr-

f•oo.nr-

~ t•oo.nr-

tesr-

i

I, REGENERAC1iQ SE RI NGUEIRA

DO(15,Dm X 5,Om)

+SUB-BOSQUE GUARANÁ

( 5,Om X 2,5 m )( 2 li leiras )

CACAU SERINGUEIRA PI MENTA-DO-REINO C A C AU GUARANÁEM MONOCULTIVO 'REGENERAÇÃO TRADICIONAL TRADICIONAL TRADICIONAL

SUB-BOSQUE

( 3,Om X 3,Om) ( 7,5m X 2,5m ) ( 3,Om X 3,Om) ( 3,Om X 3,Om) ( 5,Om X 2,5m )

GUARANÁ SERINGUEIRA CASTANHA-DO-BRASIL CASTANHA- DO-BRASIL CASTANHA-DO-BRASIL CASTANHA-DO-BRASIL

EM (15,Om X 5,Om) ( 25,Om X 15pm) (25,Om X 15,Om) (25,Om X 15pm)+ + + +

SUB-BOSQUE PIMENTA-DO-REINO CACAU PIMENTA-DO- REINO GUARANÁ MONOCULTIVO

( 5,0 m X 2,5 m ) (2,5m X 2,5m) (3,Omx3,Om) ( 3,Om X 3,Om) ( 5,Om X 2,5m ) (15,Om X 12,5 m )(4 (i leiras ) ( B file i ra s ) ( B I ileira s) ( 4 I i lei ras )

PIMENTA-DO-REINO S ERI NGUEIRA( 15Pm X 5,Om )

EM +SUB-BOSQUE CACAU

(2,5m x 2,5m )( 3,0 m x 3,Om )

( 4 filei ras)

~50,00m I H,OOm I 75,00.. I 75,oam I 75,00m I 75,oam----t-

FIG.03. SISTEMAS DE PRODUCAQ COM PLANTAS PERENES EM CONSÓRCIO DUPLO ALTAMIRA-PARÁ

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Em cada parcela foram isoladas quatro á-reas ao acaso) com o número de plantas represen-tativo do consórcio. Uma área não recebe aplic~ção de fertilizante e funciona como testemunha~demais recebem a adubação recomendada. Estas a-reas servem para os estudos de variações edáfi-cas, físicas e químicas do solo no decorrer dotempo e para estudos fenológicos e de comport~to das plantas.

A seguir sao apresentados os tratamentosesubtratamentos:r - Sub-bosque

a) Cacau em sub-bosqueb) Pimenta-do-reino em sub-b0squec) Guaraná em sub-bosqued) Regeneração natural do sub-bos~ue

rr - Sombreamento com seringueira

a) Cacau x seringueirab) Pimenta-do-reino x seringueirac) Guaraná x seringueirad) Seringueira em monocultivo

rrr - Sombreamento com castanha-do-brasil

a) Cacau x castanha-do-brasilb) Pimenta-do-reino x castanha-do-brasilc) Guaranã x castanha-do-brasil

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d) Castanha-do-brasil em monocultivo

IV - Cultivos Tradicionais e Regeneração

a) Cacaub) Pimenta-do-reinoc) Guaranád) Regeneração natural ápós a queima

Levando em consideração os níveis de competição inter e intra-específica das culturas emconsórcio com relação à necessidade de nutrien-tes, luz e água, foram estabelecidos os espaça-mentos apresentados na Tabela 1. Na Tabela 2 sãomostradas as áreas totais e úteis das microparc~Ias e testemunhas com os respectivos números deplantas umbrófilas e heliófilas. Em virtude dasmelhores propriedades físicas e principalrrentequI.micas dos solos de Altamira, foi estabelecida uma.

pequena modificação no número de fileiras de ca-cau e pimenta nas entrelinhas das culturas heliófilas, a fim de evitar excessivo sombreamento emrazão do maior desenvolvimento das copas destasculturas, como tem sido observado.

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TABELA 1. Espaçarnento das plantas heliófilas e urnbrófilas no exper~mento com consórcio de plantas perenes. CPATU.

Castanha-do-brasil SeringueiraBosque

25 m x 15 m 15 m x 5 m

Castanha-do-brasil

2,5 m x 2,5 m 2,5 m x 2,5 m 2,5 m x 2,5 m

2,5 m x 2,5 m 2,5 m x 2,5 m 2,5 m x 2,5 m

5,0 m x 2,5 m 5,0 m x 2,5 m 5,0 m x 2,5 m

12,5 m x 15 malternado

7,5 m x 2,5 m

Cacau

NQ Pimenta-do-reino

Guaranã

Seringueira

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Tabela 2. lIreas~ totais, utei s , das micro~arcelas e testemunhas e respectivos números de plantas umbrôfilase heliôfilas no experimento com plantas perenes em Altamira e Capitão Poço.

lIrea (m2) Número de plantasHel iôfilas Umbrõfil as

'"' '" '"Subtratamentos .<: .<: .<:

" " ".• '" .• .• '" .• .• '"1- e: -;; 1- e -;; 1_ e-; 001 01 V> 0<:1 01 V> o 01 oJ- I-V .•.. IV I-u .•.. U -; I- V .•...•.. Ul- V> .01- ., UI- V> I- U l- V>o .•.. .~'" QI "' .• .•.. .~.• 01 .• " .•.. .~ .. <:I>- "'0 :.:c. >- V) c. '= :.: c. >- e, o :c c.: >-

Castanha (monoculti vo) 11 .250 9.281 375 375 72 50 2 2I\)

" 54 (4~..• Ca:;tanha x cacau 7.500 375 375 42 20 1 1 1.620 (1.440) 1.080 (960) 54 (46)Castanha 'x pimenta " 7.500 375 375 42 20 1 1 1.620 (1.440) 1.080 (960) 54 (48) 54 (48)Castanha x guaranã " 7.500 375 375 42 20 1 1 720 480 24 24Seri nguei ra (monocultivo) 5.625 3.600 225 75 320 192 12 4Seringueira x cacau " 3.600 225 75 96 48 3 1 750 (600) 480 (384) 30 (24) 10 (S)Seringueira x pimenta . 3.600 225 75 96 48 3 1 750(600) 480 (384) 30 (24) 10 (8)Seringueira x guaranã " 3.600 225 75 96 48 3 1 300 192 12 4.Sub-bosque x tradicionalCacau 3.750 1.500 150 75 - - - - 630 240 24 12PimQnta " 1.500 150 75 - - - - 630 240 24 12Guaranã' " 1.500 150, 75 - - - - 330 120 12 6

Obs: Os valores em parênteses se referem a Altamira

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A castanha-do-brasill seringueiral bana-neira (Musa spJ e mamona (Ricinus cummunisJ~ asduas últimas para sombreamento provisório das ali

turas umbrófilas I foram plantadas na mesma epoca,isto él em fevereiro de 19771 sendo que as esp~cies umbrófilas entre fevereiro e março de 1978,quando, entãol o sombreamento provisório da banana, em Altamira, e da mamona, em Capitão Poço,jáapresentavam condições adequadas de sombra.

A aplicação de fertilizantes está sendorealizada de acordo com as quantidades recomend~das pela literatura especializada, para os res-pectivos monocultivos, com as devidas modifica-çoes para o consórcio e considerando-se sempreos dados de análise de solo.

Os parâmetros a serem medidos dentro daslinhas sao:a) Ecologia

- Decomposição de celulose e li li tter"- Respiração edáfica- Produção de "litter" pela floresta, re-

generaçao e sub-bosque- Biologia do solo- Umidade do solo

Levantamento da composição botânica original e regeneração

- Matologia

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b) Solo

- PedologiaFísica de solosQuímica de solos

- FertilidadeAmostragem do soloAmostragem foliar

- Sistema Radicular

c) Climatologia- Temperatura do ar- Um i,dade do ar- Evaporação (Piché e Tanque classe A)- Precipitação pluviométrica (medição e

registro)- Radiação global (a partir de outub:roj80)

d) Fenologia

- Castanha-do-brasilDiâmetro de enxertoAltura das plantasInicio de floração e percentagem de frutificaçãoDados de produçãoIncidência de pragas e doenças e sua relação com as plantas em consórcio

- Seringueira

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Média semestra~ de lançamentosDiâmetro do porta-enxerto e do enxertoAltura das plantasEspessura da cascaInício da ramificação da copa enxertadaQueda de folhas e a sua relação com fa-tores climáticosInício de floraçãoInício de produçãoIncidência de pragas e doenças e suas relações. com as plantas consorciadas

- Pimenta-do-reino

Altura das plantasEmissão de ramificaçãoDados de produção anualEfeito do sombreamento sobre a arquite-tura das plantas, produção de fruto eincidência de pragas e doenças

- Guaraná

Início da floração e frutificaçãoPercentagem de frutificaçãoEfeito do sombreamento sobre a arquitetura das plantas, produção de frutos eincidência de pragas e doençasDados de produção

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- Cacau

Diâmetro do caule a 30 em do soloInício de floração e frutificaçãoIncidência de pragas e doençasDados de produção

e) Sócio-Econômicos

Os dados a serem coletados referem-se àcorrente de custo e de benefícios. Para o prime~ro, devem ser quantificadas todas as entradas deinsurnos (mão-de-obra, fertilizantes, defensivos,máquinas e implementos etc.), através dos coeficientes físicos, para posterior quantificação monetária. A corrente de benefícios representa osprodutos físicos que tenham valor econômico. Umaavaliação social deverá ser feita para aquelessistemas que foram considerados viáveis.

RESULTADOS E DISCUssAoO experimento instalado no município de

AI tamira em solo do tipo Terra Roxa Estruturada(Alfisol) está apresentando melhor desempenho do

que em Capitao Poço em Latossolo Arnarelo(Oxisol).Este resultado verificado é devido, em grandeparte, às melhores propriedades físicas e quími-cas dos solos do primeiro local. Um outro fatorque concorreu para isto foi a queimada da área deCapitão Poço ter sido prejudicada pelos atrasos

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de seu inicio e pelas chuvas por ocasião da queima.

As parcelas de sub-bosque, onde as culturas de cacau, guaraná e pimenta-do-reino vem sendo cultivadas à sombra de mata raleada, estãoapresentando um comportamento não muito satisfa-tório. Isto ocorreu por causa da maneira como oraleamento foi efetuado, pois optou-se pela eli-minação das árvores com diâmetro igualou infe-rior a 30 cm. Esta prática acarretou uma distribuição desuniforme das árvores de grande porte,havendo um natural adensamento irregular de sombra ou clareiras na parcela, o que ocasionou umdesenvolvimento irregular .das culturas. Um outrofator que deve ter prejudicado foi a existênciade um número muito grande de raizes de plantas recém-derrubadas e, principalmente, das árvores degrande porte, as quais devem ter competido pornutrientes e água, impedindo o desenvolvimentodas culturas. Em virtude da eliminação do su-bo~que, rompeu-se o sistema de sustentação natural,sendo freqrente a queda de árvores, causando sé-rios danos às plantas cultivadas.

A eliminação das árvores de grande portepara posterior manejo do sub-bosque tem sido sugerida. Entretanto, neste caso, ocorre o incove-niente da retirada do material da área.Quando se

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quer aproveitar a madeira, devem ser utilizadosequipamentos próprios para este fim, porem, acompactação do solo pelas máquinas e a destruiçãoparcial do sub-bosque pela queda das árvores,to~nam este processo inviável.

Acredita-se que a melhor utilização desombreamento provisório e definitivo é aquela emque as culturas são plantadas em trilhas de ummetro na capoeira, formada atraves da regenera-ção natural da vegetação, conforme resultados satisfatórios obtidos em um experimento, onde estemétodo se constitui um dos tratamentos,principalmente para a cultura do cacau.

Em relação ao revestimento florístico das~areas experimentais, observou-se a ocorrência de212 espécies por hectare, em Altamira, com pred~minância de leguminosas, sendo caenostigma tocan

tinum a de maior freqüência. Já em Capitão Poço,a ocorrência foi de 188 espécies por hectare,se~do verificado um maior número de lecitidáceas,prin-cipalmente da espécie Eschweilera odora.

No tocante à produção de "li tter" em Cap.!.tão Poço, nas áreas de floresta primarla, regeneraçao de sub-bosque, cacau, guaraná, pimenta-do-reino em sub-bosque e regeneração de capoeira,osdados até agora coletados, entretanto, não anal~sados estatisticamente, mostram-se dentro dos p~

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drões observados para florestas tropicais uilldas,onde a produção de "litter" está entre 5,5 e15,3 t/ha/ano, e sua produção máxima foi observada nos meses mais secos.

Outro parâmetro estudado nos experimentosdiz respeito à física de solo, onde, através dosresultados encontrados para a porosidade, verif~caram-se valores máximos Qais altos nos solos deAltamira do que em Capitão Poço, indicando comisso uma maior capacidade de armazenamento de are água, bem como uma melhor permeabilidade dossolos. Quanto aos valores de densidade aparente,mostraram-se estes mais elevados na área de Cap~tão Poço, indicando, assim, condições menos pr~pícias ao desenvolvimento do sistema radicular dosvegetais, quando comparados aos solos de Altami-ra.

Com relação aos dados coletados de graude floculação, observa~se que os solos de Altamira apresentaram uma melhor estrutura quando comparados com os de Capitão Poço.

As atividades na área de climatologia seresumem, até o momento, no experimento localiza-do'em Capitao Poço, em quatro grupos de tratame~tos, onde são efetuadas mensurações microclimáticas de temperaturas extremas, precipitação plu-viométrica e evaporação, através de quatro jogos

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de aparelho instalados alternadarnente, por peri2dos de, em média, três semanas.

Considerando o estágio de desenvolvimentodas plantas, não vêm sendo observadas diferençasmarcantes nos parâmetros mensurados entre os tr~tamentos que incluem plantas sombreadas, sombre~doras, ou em combinação, sendo que as diferençasmarcantes têm ocorrido em relação à área de bos-

-que e regeneraçao.

o desenvolvimento das plantas de castanha-do-brasil tem sido mais significativo em Altamira do que em Capitão Poço, possivelmente, em virtude da diferença na fertilidade do solo. Entre-tanto, o índice médio de pegamento de enxerto frliconsiderado baixo, cerca de 16%, motivado, prin-cipalmente, pela incompatibilidade do diâmetrodas plantas (porta enxerto) com o material fornecido pelas matrizes; já em Capitão Poço o índicefoi superior.

Em seringueira, observou-se que houve umaaparente vantagem no comportamento das plantas emCapitão Poço no que diz respeito à altura, diâmetro do caule a 10 cm de enxerto e número de lançamentos, apesar das melhores condições de fertilidade do solo de Al t.amí.r-e, No momento, as pl~tas nos dois locais se encontram com as copas for

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madas, bom aspecto vegetativo, entretanto, a incidência de MicrocyZus ulei já foi observada.

Tanto em Al t.am.íra corno em Capitão Poço,asplantas da pimenta-do-reino apresentaram um me-lhor desempenho no tratamento tradicional, quan-do comparado aos tratamentos em consorcio.

Em virtude das condições de sornbreamentoe fertilidade do solo, o cacaueiro apresenta umdesenvolvimento altamente satisfatório em Altamira, quando comparado a Capitão Poço graças, so-bretudo, a problemas de sombreamento provisório.

Fazendo-se uma análise dos diversos sistemas que envolvem guaraná, verificou-se que, atéo momento, o sistema tradicional vem apresentan-do um bom comportamento. Entretanto, o guaranáem sub-bosque da mata raleada já se mostra inferior em relação aos demais, tanto pela competi-ção de luz e nutrientes, corno, principalmente,p~Ia dificuldade de manejo dos sistemas.

Pelo exposto, em virtude do curto espaçode tempo de instalação dos ensaios, isto e, cer-ca de três anos, bem como por se tratar de tra-balho que envolve culturas perenes, os resultadosora apresentados são ainda preliminares.

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SISTEMA DE PRODUÇ~O EM CONSORCIO DE SERINGUEIRACOM PIMENTA-Da-REINO E SERINGUEIRA COM CACAU

EmeleocipioBotelho de Andradel

INTRODUÇ~OOs consórcios de plantas perenes parecem

ser uma excelente alternativa para a exploraçãodos solos tropicais úmidos. Os sistemas "multi--strata", nos quais diferentes cultivos perenes,com diversificados padrões de exigências nutricionais, crescem juntos e exploram de forma equ!librada os recursos naturais, são capazes de peEmitir uma produtividade auto-sustentada. Destaforma, asseguram melhor proteção ao solo, reciclam mais eficientemente os nutrientes, e suahomeostase ecológica permite uma perfeita interação entre os diferentes componentes do sistema.O conjunto parece atuar favoravelmente na prot~ção contra fatores anatagônicos, cujo sinergismo,finalmente, propicia um desempenho satisfatório.

A pimenta-do-reino e o cacau, além de suaelevada importância econômica para a região, pr~piciam produtividades-aceitáveis sob razoáveis

1 Eng9 AgI'<?,M.S. em Fitorrelhoramento,Pesquisador doCPA'IU-EMBRAPA,Cx. Postal 48,66000- Pelém,Pará,Brasil.

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níveis de sombreamento. A seringueira, por outrolado, com seu porte elevado e crescendo a plenosol, funciona corno planta sombreadora.

Com o objetivo de estudar o comportamentoda seringueira em consórcio com a pimenta-do-reino e com o cacaueiro, foram instalados dois exp!:.rimentos, onde, isoladamente, pode ser verificado o desempenho destes consórcios.

MATERIAL E MtTODOSOs experimentos foram instalados nos muni

cípios de Altamira e Prainha, no Estado do Pará,às margens da rodovia Transamazônica, kms 23 e101, respectivamente. O clima, segundo a classificação de K~ppen, é do tipo Awi, apresentandoum típico período seco, que se estende de setembro a novembro. A Fig. 1 mostra o balanço hidríco, segundo Thornthwaite, para o local. O solo éconhecido corno terra roxa estruturada (Alfisol),que é um produto da decomposição de material ferromagnesiano .(rochas básicas). A Tabela 1 apr!:.senta a análise completa de um perfil de solo dolocal. A seguir sao apresentados os delineamentos experimentais.

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400

mm.r---------------------------------------------------------------~

300

200

100

PRECIP. 1680",,,,

_'_0- EVAP. POT.l~89mtll.

----- EVAP. REAL 11~5",,,,.EXC. 52511\111

OEF. 43411111'1.

fillIITllll EXCEDENTE

11;\:~:iS.3J O EFI C I Ê NC I A

_ REPOSIÇÃO

_ RET1RADA

O ~~ __ ~ ~ __ ~ ~ __ ~ ~ L_ __ _L L_ __ _L ~~

J

FIG.1. Balanço hidr ico segundo Thornlhwailede Altamira,km23 da Rodovia Transa-mazônica, 1980.

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TABELA1. Anâ1ise ccmpleta de umperfil do solo, onde está instalado o experimento de sistemas de produção da seringueira consorciada coma pimenta-da-reino.Altamira 1980

Profun, Fração da Granu1ometria. (%) Grau'CCmplexo de laterizaçâo

Protocolo Horizonte didade amostra total (%) de rrea rner(ataque HZS04d= 1,47)

Ki Kr(em) Calhaus Cascalho areia areia limo argila argila flocu1ação 5i02(%) A1203(%) Fe203(%)

>20 n'In 20-2 nm grossa fina total maturat (%)

23732 AI 0-3 ° ° 11 12 30 47 25 47 10,07 12,49 12,77 1,37 0,83

23733 A3 0-27 ° O· 9 13 . 21 . 57 29 43 18,04 17,85 13,97 1,72 1,15

23734 B1 27-56 ° 1 9 9 16 66 x 100 18,77 20,91 13,57 1,53 1,08

23735 B21 56-98 ° 1 6 8 20 .66 x 100 19,77 22,44 14,57 1,42 1,01

.1::0 237.36 B22 90-150+ ° 1 7 R 21 65 x 100 14,91 21,93 14,57 1,16 0,81'...•.Gradiente textural,

C x.o. N. pH fator Bases trocâvej s S H+ Al+++ T V P205(mE/100g T F SA)

Protocolo C!N mE/100g mE/100g rng/100g(%) (%) (%) H20 HC1 residual

. ++ Mg++ Na+ K+ (%) (CarolinaCa TFSA mE/100g T F SA TFSA do Norte)

23732 3,32 5,71 0,41 8 5,3 5.,1 1,076 7,03 1,27 0,03 0,36 9,49 3,96 0,00 13,45 71 0,43

23733 0,88 1,52 0,16 6 5,5 5,0 1,054 3,00 0,86 0,04 0,09 3,99 , 2,48 0,00 6,47 62 0,27

23734 0,48 0,82 0,07 7 5,6 5,2 1,046 1,59 0,60 0,03 0,03 2,25 1,49 0,00 3,74 60 0,11

23135 0,25 0,44, 0,05 5 5,4 5,1 1,045 1,50 0,41 0,03 0,03 1,97 1,16 0,00 ' 3,13 63 0,11

23736 0,18 0,31 0,03 6 5,5 .5,3 1,045 1,33 0,34 0,01 0,02 1,70 0,66 0,00 2,36 72 0,11

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Seringueira x pimenta-da-reinoBlocos ao acaso, com quatro tratamentos e

quatro r~petições. As parcelas têm - fixa dearea756 2 (28 27 m) áreas úteis de 336 2m m x e m(14 m x 24 m) •

Os tratamentos constituem-se de três fiIas simples de seringueira, no espaçamento de14 m x 3 m, com as pimenteiras nas entrelinhas,plantadas no espaçamento fixo de 3,0 m x 2,5 m,variando apenas as distâncias entre as filas depimenteiras, para as seringueiras, do seguintemodo:

Tratamento 1 - duas filas de seringueirasafastadas 5,75 m

Tratamento 2 - três filas de seringueirasafastadas 4,50 m

Tratamento 3 - quatro filas de seringueiras afastadas 3,25 m

Tratamento 4 - cinco filas de seringueirasafastadas 2,00 m

A densidade da seringueira é de 238 pla~tas por hectare e a pimenteira de 476 para o tratamento 1, 714 para o tratamento 2, 954 para otratamento 3 e 1.130 para o tratamento 4.

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TRATAMENTO TRATAMENTO

~ I'''\9111

Ia,•• 14,0",!--...-..., .;.

+ o O + + + o O

r---------, r- --------~---,+ i c + o I O + ( o I o o + O I o +

I I i I~r: + o : o +.' o I o + o I o +

I I Io I o + + + Q I o + , +

I

I I I+ I + +~ + o ! + o I o +5

:; I I,-

+ o i o + + + i -l-I +

I l I I+ o I o + o o + + o I o + o I o +

I I II I o+ o I o + o I o + + o + o I o +II I I I

+ o I o t o I o + + o I o + o I o +L ______ _____ . .J L _____ ..____ ...J

+ + + + + +

TRATAMENTO 3 TRATAMENTO 4

~ 14,0111 2,5m 14,0111I I r---1 I I

+ o o + + + o o o + o +r------------+. I r---- -------.~r: o o + o ,o I: + ( o o I o o + o o I o o +I I,I I Io o + o o' I I o + o o o + o

I +I I I

I I+ + o I o + + o o + o I ? +

I I

+ o : o + oI

o + o+ I +~I ~~I I :;

+ + I+N + o r r o o + +

I I+ + o i + + o o I o o + o o +

I I I+ + o I , + o I o + n o I Q o +

I II I I

+ o I o + c I o + + o o : o o + o o I o +L.____________ J 1____________ ---'

+ + + + o + o o +

CONVENÇÕES

+ SERIHGUEIPA

o PIMEN TA- DO- R E I N o

FIG. 2 - Detalhe das parcelos.

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Os materiais utilizados foram: seringue!ra, o clone IAN 717 e pimenta-do-reino, a cultivar Cingapura, sendo o plantio da seringueiraefetuado em março de 1974 e as mudas de pimenta--do-reino em fevereiro de 1975.

Seringueira x cacauBlocos ao acaso, com três tratamentos e

seis repetições. As parcelas variáveis são constituídas de filas duplas de seringueira no esp~çamento de 3 m x 7 m e o espaço entre as filasduplas é variável, medindo 12,5, 17,5 e 22,5 metros. O cacaueiro foi plantado no espaçamento2,5 m x 2,5 m, da seguinte maneira:

Tratamento 1 quatro linhas de cacaueirosTratamento 2 - seis linhas de cacaueirosTratamento 3 - oito linhas de cacaueiros

As densidades das plantas nos tratamentossao:

Tratamento1 - seringueira:341 cacau: 835Tratamento2 - seringueira:272 cacau: 997Tratamento3 - seringueira:246 cacau: 1.207

O clone da seringueira é o IAN 717 e oscacaueiros são híbridos, fornecidos pela Comissão Executiva do Plano de Recuperação Econômico--Rural da Lavoura Cacaueira (CEPLAC).

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Os tocos de seringueira foram plantadosem março de 1974 e os híbridos do cacau em marçode 1976.

RESULTADOS E DISCUSS~OSeringueira x pimenta-do-reino

Os resultados ora apresentados nao sao conclusivos, urna vez que o experimento se encontrano sexto ano, dispondo-se apenas da produção dedois anos de pimenta-seca. As seringueiras, porsua vez, ainda não entraram em corte. Entretanto,com base nos resultados disponíveis, algumas informações podem ser consideradas úteis.

Usando a experiência ganha no decorrerdeste e de outros experimentos, e através da verificação dos variados sistemas em áreas de agricultores, tenta-se discutir preliminarmente estes resultados. Considerando-se os dados de pr~dução do clone da seringueira utilizado (mN 717),tenta-se estimar urna produção média, a fim de seutilizar o método de simulação.

O experimento vem-se desenvolvendo normalmente, estando tanto as plantas da pimenta-do--reino como da seringueira com excelente estadovegetativo. As pimenteiras foram atacadas inicialmente por Rigidoporus Zignosus, a podridãobranca das raízes, logo controlada. Os ataques

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mais severos foram devidos ao Fusarium solani f.piperis, agente etiolõgico da podridio das raizes, sendo sua incidência no consõrcio, em termos gerais, menor que a verificada no plantio emmonocultivo (Testemunha), localizado ao lado eplantado na mesma epoca. A Tabela 2 apresenta onúmero de plantas mortas da pimenta-do-reino notranscorrer do experimento, referente aos doisprimeiros anos de colheita. Observa-se que naohá, no primeiro ano de observaçio, diferença entre os tratamentos. No segundo ano (1979), seconsiderarmos que os dados sio cumulativos, atendência é a mesma, excetuando-se o tratamentocom três fileiras, que teve um indice médio demortalidade. Este ataque foi localizado em umadas parcelas, que sofreu uma perda de seis pla~tas acima da média de perdas das outras parcelas(3,2 plantas).

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TAmIA 2. Número de plantas mortas da pimenta-do-reino no ensaio de sistema de produção emconsórcio da seringueira com a pimenta-do-reino. Altamira 1980

R e p e t.i.ç õ e sTratamento r II lIr .rv x

1978 1979 1978 1979 1978 1979 1978 1979 1978 1979~OQ

1 4 5 o o 1 5 3 6 2 4

2 2 6 o 6 6 15 2 5 2,5 83 1 6 3 5 3 s 3 5 2,5 54 2 9 3 4 .2 4 4 7 3,5 7,5

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As produções por pé e a produtividade dapimenta-do-reino são apresentadas nas Tabelas 3e 4. Considerando-se os dois parãmetros, observa-se que há tendência para o aumento da produt!vidade, quando se eleva a densidade de pimente!ras entre as linhas de seringueira, a qual é ev!denciada pela inexistência de variação signific~tiva entre as produções, por planta, nos difere~tes tratamentos. Sabe-se que, no espaçamento de,,:.2,5 m x 2,5 m, a pimenta-do-reino, quando bem nutrida, pode atingir produções de até 4 kg porplanta. Considerando-se a elevada fertilidade natural dos solos onde se desenvolve o experimentoe o espaçamento mais largo, o que diminui o índ!ce de competição intra-específica, o comportame~to da pimenta-do-reino está dentro do esperado,principalmente considerando-se a inexistência deadubação no período e a carência do elemento fósforo nos solos. Logo, até o momento, em termosde média, não se constatou influência restritivada seringueira, principalmente no aspecto de limitação de luz, pelo sombreamento, sobre as pla~tas da pimenta-do-reino. Por outro lado, o ensaioa pleno sol, no monocultivo mencionado anteriormente, apresentou uma produção por pé e produt!vidades superiores em 30% aos demais tratamentos,o que pode ser atribuído à influência da sombracausada pela seringueira.

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As seringueiras apresentam-se bem dese~volvidas, possuindo 60% das plantas diâmetro ad~quado para entrada em corte. Isto se deve, sobr~tudo, à elevada fertilidade natural dos solos dolocal, bem corno à existência de um período secodefinido, de três meses, epoca que coincide coma troca de folhas, o que tem limitado o ataque deMicY'ocyclus ulei. A partir de agosto de 1981, deverá ser iniciada a sangria das árvores aptas p~ra tal.

o consórcio da seringueira com outras pl~tas perenes tem sido desaconselhado e mesmo re]eltado pelos agentes de crédito rural. Isto se deve, entre outros aspectos, à falta de respaldotécnico-científico que indique estes sistemas deprodução corno viáveis economicamente. Por outrolado, toda a exploração racional na agriculturamoderna envolve o monocultivo em larga escala.Apesar das sugestões apresentadas em diferentesreuniões, por pesquisadores experientes em agr!cultura tropical, pouca importância vem sendoatribuída ao incentivo dos consórcios, cornoopçaoadequada para os Trópicos úmidos.

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TABELA 3. Produção da pimenta-preta por pé no ensaio de sistema de produção em consórcio da seringueira com a pimenta-do-reino. Altamira 1980

R e p e ti çõ.e sTratanentos I x

.1978 1979

II !Ir N

1978 1979

---------------------------------- kqjplanta --------------------------------------(.11..•.1 1,350

0,874

1,980

0,3832

3 2,410 1,700

4 2,1101,770

1978 19781979 1978 1979 1979

3,330

1,750

1,860

3,280 2,160 2,580 3,880

2,650

3,050

2,870

2,750 1,600 3,500 3,740

2,3002,8.30

3,610 3,3402,5202,200 3,100 2,4602,770 3,060

2,680

1,718

2,210

2,300

2,679

2,593

2,462

2,770

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TABELA 4. Produtividade da pimenta-seca no ensaio de produção em consórcio da seringueira com apimenta-do-reino. A1tamira 1980

R e p e t.i ç õ e sTratanentos I II TIl IV x

1978 1979 1CJ78 1979 1978 1979 1978 1979 1978 1979

U1N

------------------------------------- kgjha --------------------------------------1 642,6 942,4 1.585 1.561,2 1.028, 1 1.228,0 1.846,8 1.366,1 1.275,6 1.274,4

2 624,0 273,4 1.249,5 1.963,5 1.142,4 2.499,0 1.892,1 2.670,3 1.227,0 1.851,5

3 2.249,3 1.618,4 1.770,7 2.189,6 2.399,0 2.389,5 2.903,6 3.179,7 2.330,6 2.344,34 2.106,3 2.510,9 2.618,0 3.367,7 3.296,3 3.689,0 2.927,4 3.641,4 2.737 3.302,2

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Nas Tabelas 5 e 6 sao apresentados os fluxos de caixa para formaçio de 1 ha da seringue!ra e de 1.000 pés da pimenta-do-reino. No casoda seringueira, observa-se que, com o atual preço da'!borracha seca, o empreendimento apresentareceita liquida positiva, a partir do décimo segundo ano de implantaçio. Há poucos anos, em virtude do preço desestimulante da borracha seca,este periodo se estendia ao décimo nono ano. Areceita liquida anual, após a estabilização daproduçio, permite auferir Cr$ 68.600,00. No casoda pimenta-do-reino, a receita liquida positiva inicia-se a partir do quarto ano, sendo que,ao estabilizar a produção, podem ser auferidos,como receita liquida anual, Cr$ 136.300,00.

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TAllELA 5. Fluxo de caixa pe r a formação de um hectare de seringal de c uLti vo de acordo com a prouução

anuo.l indicada pelo CNPSe. 1930

Anos de Despesa Despesa Ac.!:! Produção Rece i ta br~ Receita bru Receita li Receita líqu.!:

cultivo Anual rnu Lada anual ta 2.nual ta acumulu.dil suid~ anu.3.1 da a cumu Lacla

Cr$ Cr$ kg/ha crs Cr$ Cr$ Cr$

19 65.590 65.590 - - - -65.590 - 65 ..580

29 14.790 80.3lJO - - -14.790 - 80.350-39 13.700 94.080 - - - -13.700 - 91.020

49 13.550 107.630 - - - -13.5:;0 -107.63059 16.850 124.480 - - - -16.850 -124.4eO

U1~ -69 16.850 141. 330 - - -16.850 -141. 33079 38.45Q 179.780 350 35.000 35.000 - 3.450 -H4.78089 31.400 211.180 450 45.000 80.000 13.GOO -131.13C99 31.400 2-12.580 600 60.000 140.000 28.600 -102.58J

109 31.400 273.980 750 75.OOO 215.000 43.600 - 58.980

119 31.400 305.380 900 90.000 305.000 58.600 - no129 31.400 336.780 1000 100.000 405.000 68.600 68:220

139 31.400 368.180 1000 100.000 505.000 68.600 136.82014<'> 31.400 399.580 1000 100.00e 605.000 6lJ.600 205.420159 31.<100 430.930 1000 100.000 705.000 68.600 274.020

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TABELA 6. Fluxo de ce í xa para formação de 1.000 p,3s da pimenta-do-reino. 1930

;'.:105 ele Despesa Despesa Ac~ Produção Preço de p~ Rece í, ta b~~ Receita bru Receita lí Receita lísuj,cultivo :,1\ual mulada anual me n t a e- seca ta anua L ta acumuladil quiàa anual da ilcu1l1u1adi!

Cr$ Cr$ kg/ha Cr$/kg Cr$ crs Cr$ c-s

19 147.975 147.975 - - - - -147 .975 -14"/.975~ 29 50.350 198.325 1.800 60 108.000 108.000 59.133 - 88.837

J? 92.700 291. 025 3.000 60 130.000 288.000 87.300 - 1.:;37

49~ 103.700 394.725 4:000 60 240.000 528.000 136.300 134.76359 103.•700 498.425 4.000 60 240.000 768.000 136.300 271.063

69. 103.700 602.125 4.000 60 240.000 1.008.000 136.300 407.JEJ79 103.700 705.825 4.000 60 240.000 1.248,000 136.300 50.663

89. 103.700 809.525 4.000 60 240.000 1.".'38.000 136.300 679.963

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Comparando-se as Tabelas 5 e 6 com a TabeIa 7, onde é apresentado o fluxo de caixa para aformaç~o de I ha de seringueira (3,0 m x 14,Om)consorciada com cinco fileiras de pimenta-db-re!no (2,5 m x 3,0 m), a receita liquida apresenta--se positiva, a partir do quinto ano de plantio.Considerando-se apenas a receita líquida da seringueira, observa-se que esta se torna positiva, a partir do oitavo ano. Isto é devido àentrada mais cedo em corte (69 ano), favorecidap~Ia absorç~o de parte do adubo aplicado à pime~ta, bem corno à maior produç~o por planta (4 kg/planta/ano). Os custos ~o seringal s~o amortizados ,c?m a produç~o da pimenta-do-reino, e areceita líquida anual atinge Cr$ 168.000,OO/ha.Considerando-se o longo período de imaturidade quecara6teriza o cultivo da seringueira, a finica aIternativa para estimular os médios e pequenosprodutores ao seu cultivo é através do con sô.r

cio, sendo o consórcio com a pimenta-do-reino urnadas alternativas viáveis.

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TABELA 7. Fluxo de caixa para formação de 1 ~a ne um sistema de produção da seringueira (14,0m x3,0 m) consorciada com cinco fileiras da pimenta-do-rei.no (3,0 m x 2,5 m). Altami.ra.1980.

Anos de Despesa Anual Despesa Acumulada Produção Anual Receita Ryuta Anualcultivo Cr.$ Cr$ 11 kg/hA 21 Cr$

Sering. Pimenta Total Sering. Pimenta Total Sering. Pimenta Sering. Pimenta 1 Total

19 56.920 158.970 215.890 56.920 158.970 215.89029 7.442 60.420 67.862 64.362 219.390 283.752 1. zno 72.000 72.00039 6.893 111.240 118.133 71.255 330.630 401.885 2.900 174.000 174.00049 6.818 124.440 131.258 78.073 455.070 533.10 3.1\00 216.000 216.00059 8.478 124.440 132.918 86.551 579.510 666.061 3.600 216.000 216.00069 8.478 8.478 95.029 95.029 180 3.200 18.000 192.000 210.000r.n

-.I 79 19.346 19.346 114.375 114.375 480 3.000 48.000 180.000 228.00089 19.346 19.346 133.721 133.721 800 3.000 80.000 180.000 260.00099 19.346 19.346 153.067 153.067 800 2.800 80.000 168.000 248.000

109 19.346 19.346 172.413 172.413 800 2.800 80.000 168.000 248.000119 19.346 19.346 191.759 191.759 800 2.800 80.000 168.000 248.000129 19.346 19.346 211.105 211.105 800 2.800 80.000 168.000 248.000

Continua11 Seringueira = borracha seca

Pimenta-da-reino = pimenta seca21 ~reços: 18.06.80

Seringueira: Cr$ 100,00/kgde cernambi prensado

Pimenta-da-reino: Cr$ 60,00/kgde pimenta-seca.

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TABELA 7. Continuação

Receita Bruta Acumulada Receita Líquida Anual Receita Líquida AcumuladaAnos de Cr$ Cr$ Cr$cultivo

Sering. Pimenta Total Sering. Pimenta Total Sering. Pimenta Total

19 -56.920 -158.970 -215.890 -56.920 -158.970 -215.89029 72.000 72.000 -7.442 11.580 4.138 -64 •.362 -147.390 -211.752

c.n 39 246.000 246.000 -6.893 67.760 60.867 -71. 255 -79.630 -150.885Q) 49 462.000 462.000 -6.818 91. 560 84.742 -78.073 11. 930 -66.143

59 678.000 678.000 -8.478 91.560 83.082 -86.551 103.590 17.03969 18.000 870.000 888.000 9.522 192.000 182.478 -77.029 295.590 218.56179 66.000 1. 050.000 1.115.000 2!f.654 180.000 151. 346 -48.375. 475.590 427.21589 146.000 1.230.000 1.376.000 60.654 180.000 119.346 12.279 655.590 667.86999 226.000 1.398. 000 1.624.000 60.654 168.000 107.346 72.933 823.590 896.523

109 306.000 1. 646.000 1. 952.000 60.654 168.000 107.346 133.587 .991.590 1.125.177119 386.000 1.894.000 2.280.000 60.654 168.000 107.346 194.241 1.159.590 1.353. 831129 466.000 2.142.000 2.608.000 60.654 168.000 107.346 254.895 1.327.590 1.582.485

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Seringueira x cacaueiroo experimento, no que diz respeito ao de

senvolvimento vegetativo, pode ser consideradoótimo. Por causa do ataque de roedores, o cacauplantado em 1975 foi ~everamente prejudicado,havendo necessidade de replantio de cerca de 40%..das plantas no ano seguinte.

Em 1980 foi feita a colheita da primeirasafra comercial do cacau, e as plantas de seringueira devem entrar em corte em 1981. No entanto,os dados disponíveis são apenas aqueles relacionados aos aspectos feno lógicos , os quais são mostrados nas Tabelas 8, 9 e 10. Corno se observa,não há diferença significativa entre os tratamentos, quanto aos parâmetros relativos à altura deplantas e diâmetro do tronco, em cacau, e diâmetro do tronco e esI1essura da casca, em seringueira. Isto ipdica que o nível de competição entreos dois cultivos, nos espaçamentos utilizados,não é suficiente para restringir o crescimentode arnbas as culturas. Até o momento, não foi observado qualquer fator prejudicial ao consórcioda seringueira com o cacaueiro.

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TABELA 8. Médias de altura e diâmetro a 70 em do solo em plantas do eaeau de 1978 e 1979.

T r a t a m e n tosD~ta das mensurações 1 2 3

Alt. Diâm. Alt. Diâm. A1t. Diâm.(em) (em) (em) (em) (em) (em)

Q) Abril 78 72 1,2 81 1,4 86 1,4o

Outubro 78 110 2,6 118 3,0 129 3,1

Março 79 127 3,0 134 3,5 140 3,6

Outubro 79 141 4",6 149 5,3 151 5,6

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TABELA 9; Dados de altura e número de lançamentos em plantas (Ia s e r in gue i r a , 1974/75.

Tratamentos

Datas das mensurações 1 2 3Alt. Lan c , Alt. La n c , Alt. Lane.(em) (em) (em)

CTl..•.Setembro 74 63,7 2,8 65,5 2,8 70,0 3,0

Dezembro 74 80,4 3,5 75,7 3,4 70,4 3,3

Março 75 167,4 5,2 163 5,1 151,5 5, O

Junho 75 226,3 6,6 222 6,5 208,6 6,1

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TABELA 10. M€dias de diimetro do caule e espessUra da casca de plantas da serin~ueira noexperimento de consórcio da serin gue ira com o cacau.

T r a t a m e n tosData das mensurações 1 2 3

Alt. F.sP. Casco Alt. 'RsP. Casco Alt. F.sp. Cascom (cm) (cm) (cm) (cm) (cm) (Cll')N

Abril 78 6,0 0,4 1),1 11,4 6,4 0,4

Outubro 78 7,7 0,5 8,4 0,6 R,6 0,6

Março 75 9,5 0,8 10,2 0,8 10,0 0,8

Outubro 79 9,9 0,5 10,5 0,6 10,5 0,6

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Existem alguns autores que sao contráriosao consórcio de plantas perenes. Afirmam elesque, geralmente, ao entrar em produção, um doscultivos será sacrificado. Na Indonésia, onde ocultivo da seringueira consorciada com o café erauma prática comum, o percentual de 25% do café,consorciado com a seringueira, após quatro anos,caiu para 16%. Este fato pode ser explicado porque o café estava adequado à consorciação com aseringueira enquanto esta não houvesse entradoem produção, porém com o início do corte, toda avegetação precisou ser eliminada para propiciarmelhor~s condiç6es microclimáticas, principalmente próximo aos painéis, a fim de evitar problemasfitossanitários (Cramer 1957). Embora concordando com o consórcio com plantas anuais, Staldman& Lescano (1953) são contra o consórcio da seringueira com o cacau ou o café, por crerem que estas duas culturas podem trazer problemas para obom desenvolvimento da seringueira.

Em levantamento feito no experimento em1979, foram constatadas apenas treze plantas atacadas de "podz í.dâo parda", causada por Phytophthora

palmivora, sendo que houve uma média de duas porrepetição. Esta incidência pode ser consideradabaixa.

Grande parte da restrição que a maioria

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dos autores faz ao consórcio do cacaueiro com seringueira ~ a possibilidade do ataque de Phitophthora paZmivora do cacau na seringueira e vice-versa. Orellana, em 1954, tentando inocularseringueira com material de Phytophthora, retir~do de plantas doentes do cacau e o inverso, nãoobteve qualquer resultado, sugerindo que difere~tes estirpes do fungo atacam cada esp~cie. No m~mento, tem-se conseguido resultado positivo desta experiência, por~m em condições excepcionaisde laboratório. Quando as plantas são inoculadasno campo, não se obt~m o mesmo resultado do laboratório.

No sul da Bahia, Brasil, onde o consórciodo cacau com a seringueira vinha sendo práticacomum, há forte incidência de Phytophthora paZmivora em ambas as culturas, entretanto, a excessiva precipitação pluviom~trica distribuída durante todo o ano, mantendo umidades relativas elevadas, com uniformidade de temperatura, propor- -ciona condições ambientais propícias à disseminação de diferentes patógenos. Não há qualquer indicação de que o fungo, atacando a seringueira,tenha sido proveniente do cacau ou vice-versa.

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TERADA, S. Experiment ou mulching cultivationpepper plant.ln: REPOR!'rn A TECHNICALCOOPERATIONIN BRAZ IL BASED ON THE '::ENTRALMID EaJTH AMERICATECHNICAL COOPERATION PLAN.1976. 6-52.

Belérn, IPEAN,

WAARD, P.W.F. The role of mineral nutrition ofthe rubber tree (Hevea brasiZensis) in Brasil.Amsterdam, Royal Tropical Institute, 1978. 42p.(Consultant Report. Nov.) (Mimeografado).

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SISTEMA INTEGRAL DE PROOUCCION CULTIVOS/GANADOMENOR Y LENA EN LA AMAZONIA ECUATORIANA

hn . h 1Jo P. B1S cp

INTRODUCCIONEn Ia Amazonía ecuatoriana se están abrien

do carreteras de penetración corno ccnsecoencí a delos descubrimientos de petróleo y los cámpesinosmas pobres de Ias zonas andinas sobrepobladas(Crist & Nissly 1973), a establecerse en pequenasfincas con Ia esperanza de \ncontrar mej orescondiciones de vida (Fig. 1). Una apreciable ármde cada finca está siendo explotada en productosde primera necesidad, tales corno cultivos alimentícios, ganado menor y lena.

Los pequenos agricultores en Ia Amazoníaecuatoriana pratican Ia rotación y descanso delos terrenos cultivados (Sanchez 1977, 1973 eWatters 1971), ya que Ia baja fertilidad naturalde los suelos y Ia alta precipitación limitanseveramente Ia producción sostenida de cultivos(Sourdat & Custode 1980). Con Ia creciente pn=sxndemográfica y con Ia demanda de mayores ingresos,

1 Ph.D., miernbro de Ia Misión de Asistencia Téc-nica INIAP/UFLA/IBRD. Estação Experimental N~po/Centro Amazônico Limoncocha. Apartado 2600,Quito, Ecuador.

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9000 ,-

-

-

I I

10000

8000

7000

6000

ouc

• 5000-e

~.E

4000

3000

2000

1000

o - 20 h •. 20-50 h•. 50 -100 h•. + 100 he.

Tamono de finca.

FIG. 1 - Número de f inc c s por tamoiío en Ia Amazonía ecuatoriana. Fuente: Ministériode Agricultura y Ganadería,l 978.

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se está est:rechandoIa re1ación de anos ôe cultivoa anos de descans o j ésto está acelerando en formaalarmante e1 deterioro fíSico/químico de 10ssue10s y Ia invasión de ma1ezas/enfermidades/in-sectos, y reduciendo c.ri, ticamente Ias rendimientas,precisamente cuando Ias necesidades son mayores(Sanchez 1971, Tosi 1974).

Una solución prometedora és Ia de intensificar Ia producción de ganado menor y 1ena en €1período de descanso (Bishop 1978a, 1978b, 1979,1980a, 1980b, Bredero 1977, Breitenbach 1974,Kir1y 1976, Masefie1d 1965, Nye 1960, Ochs1 1961e Sprague 1976). Las 1eguminosas forrajeras y10s árbo1es 1eguminosos productoresôe Iefia aumentanIa materia orgânica, e1 nitrógeno, e1 fósforodisponib1e y Ia aireación deI sue10, ademáscontro1an Ia erosión y 1ixivación deI mismo{Bredero 1977, 1973, f.!J:oore,1967 e Singh 1967).Los porcinos, ovinos tropica1es y aves de corra1mejoran Ia ferti1idad deL sue Lo j depos.Lt.andomateriaorgãnica, que estimula Ia simbiosis 1eguminosa/Rhizobium~ y aportando microorganismos feca1es"los cuales mineralizan 10s residuos de 10s cu1tivos (Bredero 1977). Además, 10s porcinos yovinastropica1es pueden proporcionar mejor ingressos a10s pequenos productores (CIAT 1971 e Wi11iamson1975) y producir mayores cantidades de proteína

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animal a bajo costo sin usar cereales en sualimentaci6n(Thomsen 1978 e Williamson 1975).

La mayoría deI ganado menor en el Ecuadorse produce en pequenas fincas familiares(Tablilla1) y la poblaci6n porcina/ ovina en el país esuna de las mas densas de las Américas (Tablilla2 y Fig. 2). En la Amazonía ecuatoriana, lamayoría del ganado menor se cria a campo abierto,utirizando guineo como el alimento principal paralos porcinos y maíz como el alimento suplernentariopara las aves de corral.

TABLILLA 1. Porcentaje de ganado menor por tamaiiode finca en el Ecuador.

Tamaiiode finca % de porcinos % ôe ovinos % ôe aves

o - 20 ha 81,7 84,9 81,7

20 - 50 ha 10,7 4,8 9,5

+ 50 ha 7,6 10,3 8,8

Fuente Ministério de Agricultura yGanadería, 1978.

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TABLILLA 2. Países americanos conmayores de porcinos.

poblaciones

% de personas por porcino

Brasil 2,3Ecuador 2,7Nicaragua 3,3EE.UU. 3,9Bolivia 5,2Venezuela 6,1perú 8,3Colombia 12,2

Fuente: World Almanac, 1978.

F1Q. 2. - Porcen1ale de bovinos. porclnoa y ovino. en ., Ecuador

Fuent.: Mini.1'ério de AQricultura y Ganaderia.

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El sistema de cria a campo abierto ésuno de los que requiere menos trabajo y no senecesi tan cóns trucc í one s permanentes ni suplerrentovitarnínico o proteico (Eyles 1963, Lassiter etalo 1955, Horrison 1949, Shaw & Nighttall 1951 eVenn et aI. 1947).

, ;,

En Ia Arnazonía ecuatoriana se están realizando ensayos para intensificar Ia producción deganado menor a campo abierto durante el períodode descanso, utilizando los siguientes cultivosperenés en un sistema integral de producción verticalmente estratificado:

Pisosuperior

Pisomédios upe'r í.o r

Pisomédioinferior

Pisoinferior

Inga e du lis (guaba) y?oteria caimito (abiyu)

Musa acuminata.x M. balbisiana ABB(guir:eos "manzano" y "orit.o ")

Canna edulis (achira) yColocasia escuienta (papa china)

- Des modi um ov a l i f o l. i um (tréboltropicaJ)yAlternanthera sp. (cuChicol).

Se es tán uti li zando los forrages umbriófilosDesmo di um ova li fo li um (Leguminos ae)y 4ltemantherasp . (Amar-ant.haceae) corno cubertura verde '(Mas~fild

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1965, McDowell et alo 1974 e Terra 1966) " debidoa que Ias leguminosas forrajeras y cuchicol son

los pastos preferidos y mejor utilizados por elganado menor (Eyles 1963 e Jonas & Wallace 1974).Las raizes forrajeras umbriófilas Colocasia escu

lenta/Canna edulis (papa china y achira) y los

guine os Musa acumi n at:a x M. b a l.b i e i an a ABB(oritoY rnanzano)Sal cultivos perenes locales poros exigentesa Ia mano de obra y fertilidad deI suelo, y ,seutilizan como alimento de consumo directo para elganado menor (Herklots 1972, Kay 1973 ,I~urita 1967,

Le Dividich 1977, Purseglove 1972, Walker 1953 eWilliamson & Pyne 1975). Los árboles nativos Inqa.

edulis (Leguminosae) y Pouteria caimito (abiyu)

son de crecimiento rápido y se utilizan comoproductores de Lefia , fruta alimento para chanchosy palos, vigas y bases para construcciones (Bishop1978a, 1978b, 1979, 1980a e 1980b), Y comorrejoradores de.I suelo (Ochseet alo 1961). La Leria seaprovecharespués ôe un ci cl.o rotati vo de ocho anos(Fig.3).

Inicialmente, se pratica Ia agriculturaconvencional en \IDanueva parceIa cada ano: ôesrrorrte yproducción de cultivos alimentícios, ôe coriformí.dad a

uno o outro sistema cl.âstco de multi-cultivos. Lasespécies perenes deI futuro sistema verticalmenteestratificado son introducidas en el transcursode los cultivos alirrentícios (Fig. 4, 5, 6 Y 7). IEspués

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••••.r:o.

L Producción de gonodo menor y leno

Pr c du c c i dn de cultivos olimeniícios

ICortor l e ii oSembror cultivos

FIG,3, Producción integral de cultivos cl ime n+ícics (do$oiios') en rotacióh ton qo ncdo menor y lefin (seis o ãos l

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1/2 h•.

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I PRODUCCION DE I

PLÁTANO PAPAYA PAPA MANDI SANADO MENOR II I I I

I • I Y LEHA II TREBOL TROPICAL, CUCHICOL, ORITO, eUA8A, ABIYU, NANZANO I (6 Allos) I~ L J

QUEMA

I ~ l' ----.--------.,NAíz YUCA, ,uíz ~ CHINA: .:

I PRDDUCCION DE It SANADO NENOR IIYLEHA I'

I TRÉaOl TROPICAL, CUCHICOl, ORITO, eUABA I (6 ANOS) IL ~ ~

PLÁTANO, PAPAYA, PAPA MANDI

FIG. 4 - La producción en una hectárea de e s p e c ie s alimentícias mayores en rotoción con espécies perenes.

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~ ® [E] ® ~ CULTIVOS ALIMENTíCIOS MAYORES:y y y y y y y y

[f] PLÁTANO

Y Y Y Y Y Y Y Y ® MANOI® ® ® ® ®y y y y y y y y ® PAPAYA

Y Y Y Y Y Y Y Y Y YUCA

[E] ® ~ @ [E]y y y y y y y y

~ CUL TlVOS PERENES:cn

@y y®y y@y y®y y@ [ill GUINEO MANZANO

Y y y Y Y Y Y Y [[] GUINEO ORITO

Y Y Y Y Y Y Y Y

0 @ [ill @ 0I , I , I I I

O 2 4 6 8

FIG. 5 - Diagrama de siembra en un sistema de multi-cultivos: 1':1 etapa.

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CULTIVOS ALIMENTíCIOS MAYORES:

[f] PLÁTANO

® MANOI

® PAPAY<A

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CUL TI VOS PERENES:

U

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ffiJ GUINEO ORI TO

@] GUABA

[]] A BIYUo ACHIRA

© PAPA CH I NA

U CUCHICOL

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y

~

I ' I , I . I IO 2 4 6 8

FIG. 6 - Diagrama de siembro en un sistema de multi-cultivos: 21! etapa (o Ias 3-4 semanas com 10 lI! limpiezo).

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@] u © u [ill u © u @]U T U T U T U T U CULTIVOS PERENES:

© U (]) u © u (]) u © em GUINEO MANZANO

U T U T U T U T U [BJ GUINEO OR I TO

@J u © u.~

u © u [0@] GUABA

[ê] ABIYU

U T U T U T U T U(]) ACHIRA~

CO

@ U 0 u © u 0 u @ © PAPA C H I NA

U T U T U T U T U U CUCHICOl

@] © [[] © @] T TREBOl TROPICALU U U U

I ! I ! I ! I ! IO 2 4 6 8

FIG. 7 - Diagrama de Ias espécies perenes poro 10 producción de ganado menor y l e fi c,

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de dos anos, los mencionados componentes pereneshabrán alcanzado un estado consistente.de de-

.sarrollo vertical. Rapidarrentese diferencian cuatroestratos distintos, resultando un conjunto estratificado bastante aut.osust.errtado j : que por suestructura, y composición pluriespecífica,ecológicay biológica se asemeja al ecosistema forestal(D~bois 1974, Holdrige 1959 e Janzen 1973).

Una unidad familiar de diez hectáreas (Fi~8) se divide en ocho lotes (1 ha c/u),utilizãndolasdespués de los cultivos alimentícios mayores(Tablilla 3) para ganado menor (monta/cria/engo.!:de) y lena. También se forman ocho parcelitas(2,Oha c/u), utilizándolas después de los cultivos'álimentícios menores (Tablilla 4) para ganadomenor (maternidades individuales) y lena. Paralas cercas se usan siete hilos de alambra (Otero1977) bien tejidos con pos tes vivos de Jatrophacu r c ae (pí.fion ) (Pay uL 1973). Cada tres meses sehace el control químico (levamisole) de los

.p aras í, tos internos del gariadc rrenor,sincranizándolocon el pastoreo alternado. También se utiliza unaparcela de 0,4 ha para la casa, el gallinero ylos ârbo Les frutales (Tablilla 5).

E L B E N EFI C10

Con 1.5 unidades animales (1 UA = 5 porcinos

79

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GANA DO MENOR/lENA GANADO MENOR/lENA

1 h o. 1 h o.

o

GANADO MENOR/ lENA GANADO MENOR/lENA

1 h o. 1 h o.

GANADO MENOR/LENA GANADO MENOR/ lENA

1 h o. 1 h o.

T T.•. .•.[g"-"

CUl TIVOS ALIMENTíCIOS CUl TIVOS ALIMENTíCIOS

MAYORES MAYORES.1 ho. 1 h o.

000 000CULTIVOS

GANADO "'ENOR/ O 0g~"ings O O GANADO MENOR/ GANADO MENOR/AlIMEHTrCIOS

LEHA LEHA LEHAMENORES

O O O O O0,2 hD. 00 00 0,2 hD. 0,2 h"0,2 ho .. O tr O ..

e-

ri ..CULTIVOS O COSO O

ALIMENTíCIOS 6ANADO MENOR/ 00 00 GANADO MENOR/ 6ANADO MENOR/

MENORES LEHA Árboles frutales LEHA LEMA

0,2 h•. 0,2 h•. 000 000 0,2 he. 0,2 ha.O O O O O O

t----50m----~---50m----~--50m----+_---50m----4----50m~

FIG. 8 - Producción integral de cultivos alimentícios, ganado menor y lena,en una unidad familiar de 10 ha.

80

Eo<D

t[Eo<D

Eo<D

Eo<D

Eo..tEo..1

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'TABLILLA 3. Cultivos alimentí'ciOs mayo r e s en Ia Ana zon í a ecua to

r i an a ,

Nombre local Nombre cientifico Variedad

Maiz Zea mays INIAP VS-2

Yuca Manihot escu~enta Nativa

Plátano "lusa dcuminata x '1. ba l.b-isiana MB-

Local

Papa man dr Xanthosoma sagittifo~ium Nativa

Papa china Co~ocasia escu~enta Local

Papaya Carica papaga Nativa

81

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TABLILLA 4. Cultivos menores en Ia Amazonía ecuatoriana

Nombre local Va r.i e da dNornbre científico

"ManíFréjol comunFréjol ratón

Fréjol vaini taHabas nativas

Haba blanca

AshipaPina

CoconaBadeaGranadillaf'.laíz pequeno

Camote

Papa de sogaPuj ín

AchochaTomate criolloZapallo

CuchicolCebolla criollaCana de az íicar

Araahis hypogaea

PhaseoZus vuZgaris

Vigna unguiauZata

Vigna sesquipedaZis

PhaseoZus Zunatus

CanavaZia ensiformis

Paahyrrhizus tuberosus

Ananas aomosus80 Zanum ti opi ro

PassifZora quadranguZaris

PassifZora eduZis

Zea mays

Ipomea batatas

Diosaorea trifida

CaZathea aZZouia

CyaZantera pedata

Lyaopersiaon esauZentum

Cuaurbita sp

A Ztel'nanthel'asp

A l.L ium aepa

8aahal'um sp

NativaLo ca I

Local

Local

NativaLocal

NativaNati va

NativaNativaNativa

Local

NativaNativa

Nativa

Nativa

LocalNativa

Nativa

Local

Local

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TABLILLA S. Árboles frutales en Ia Amazonía ecuatoriana

Nombre local Nombre científico Variedad

Limón mandarina Citrus l imon ia LocalLima Citrus limettoides LocalNaranj a criollo Citrus sinensis LocalManÍ de árbol Caryo dendron orino aense NativaGuaba ilta Inga den e i flora NativaÁrbol de pan Artoaarpus alfi l i e LocalCacao blanco Theobroma biaolor NativaZapote Ca loaarpum sapote NativaAbiyu Pouteria aaimito NativaAnona Annona squamosa NativaUvilla Pourouma ae cr op-i ae fo lia NativaGuaba comun Inga e du l i e Nat í va

Guaba machetona Inga epe o tab-i l i e NativaAguacate Persea ameriaana Na t í va

Guanábana Annona muriaata NativaChonta duro Gui Zie Zma gasipaes NativaGuayaba Psidium guajara Nativa

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adultos) por hectáreal una finca familiar de diezhectáreas puede mantener doce cerdas IBpIOductor~Y producir cinco crías por cerda por ano.Estimandoel valor de cada chancho en US $75, se puedealcanzar una ganancia de US $4.500 por anoly conIas ganancias de Ias aves de corral y los ovinostropicales esta cifra puede duplicar-se.

La producción de ganado menor y lenal

entoncesl tiene gran potencial para mejorar Iarentabilidade económical estabilidade ecológicay viabilidad sociológica de Ia producción faIDUiaragropecuaria florestal en Ia Amazonía écuatoriana.

Para transferir Ia tecnología aI pueblorural, se está preparando material educativo agropecuario forestal, destinado a cursillos locales de capacitación, cursos regionales deensenaza radiofónica y actividades práticas enescuelas rurales.

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CONSORCIAÇAO SERINGUEIRA x PIMENTA-Da-REINORESULTADOS DOS TRtS PRIMEIROS ANOS

T'>~ • .~ 1~emary Moraes Ferrelra Ví.eqasRESUMO: são apresentados os resultadospreliminares de um experimento de consorciação da seringueira com a pimenta-do=reino, instalado em 1977, na Ilha do Mosqueiro, Belém,Pará, em área de LatossoloAmarelo, textura média, objetivando estudar num seringal, estabelecido em linhasduplas, o número ótimo de linhas de pi-menteiras que podem ser implantadas en-trelinhas de seringueira, a distância ótima entre as duas culturas, bem como aincidência de doenças em comparação como cultivo sem consorciação. Desta forma,estão sendo testados os fatores: númerode linhas de pimenteira e afastamento dElinhas de pimenteira para as linhas deseringueira, segundo um arranjo fatorial3 x 5 em delineamento de blocos ao acaso,com três repetições. Até essa fase do experimento, o afastamento de 2,5 m das Irnhas de seringueira para as linhas de pimenteira ofereceu as melhores condiçõespara as duas culturas. Não foram observadas doenças em estado epidêmico. As ta=xas de aumento anual de circunferênciado caule da seringueira permitem esperaruma possível diminuição no período de imaturidade.

INTRODUÇAOA tecnologia usada nos pequenos e médios-------

1 Eng9 Agr9, Pesquisadorado CNPSe, Convênio EMBRAPA-FCAP. Cx. Postal 917,66000 - Eelérn,Pará, Brasil.

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plantios faz com que a seringueira tenha um longo período de imaturidade, e os agricultores relutam, deste modo, a plantar seringueiras, semque neste longo período possam ter outra fontede renda.

A consorciação surge corno solução idealnos cultivos de ciclo longo, para aumentar e manter esse interesse, na medida em que se promoveum melhor uso possível do solo, na tentativa decopiar o que ocor.re na natureza, em vez de ape-nas maximizar o rendimento de uma espécie.

Em Tomé-Açu, no Estado do Pará, consorci~ção envolvendo seringueira e pimenta-do-reino temsido excelente, onde aos quatros anos de idadeas seringueiras atingem 40 cm de circunferência,apresentando ótimo aspecto vegetativo, e as pi-menteiras têm sua vida prolongada pelo efeito dosornbreamento e pela diminuição da incidencia dedoença.

Em experimento desenvolvido em Yangambi,com idade de três anos, comparou-se o crescimen-to das seringuelras sem consórcio e seringueirascultivadas com cafeeiro intercalado, não havendodiferença quanto ao crescimento das seringueirasnas duas situações; mas para um agricultor quenao dispunha de um capital elevado, a cultura do

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cafeeiro deu, apos dois ou três anos de planta-ção, apreciáveis lucros que lhe permitiram espe-rar a entrada em corte das seringueiras (Ferrand~9 4 4) •

Salienta-se, em todo caso, a acurada escolha da cultura a ser intercalada entre as linhasde seringueira, paraprevinir erosão do solo epouco desenvolvimento das seringueiras. Freqtlen-temente, a necessidàde d~ medidas para previnirerosão ou imprópria competição é apreciada comoum todo ou é descartada em favor de uma políticaimprevidente de barateamento e retornos rápidos(Incdrporated Society qf Planters 1960).

Paardekooper & Newal (1977) consideram illn

da que, em se tratando da cultura da seringueira,a prática de consorciação influencia largamentesobre outras, como espaçamento.

Maximizar a capacidade de intercultivo estã.em relação direta com maximizar distância entre linhas.

Dijkman (1951) refere-se ao fato de que,no oeste de Java e em certas partes do Médio Java, em muitos experimentos e plantações come r-qiais, tentou-se encontrar um sistema de plantioadequado consorciando as duas principais cultu-ras perenes desta reEião, seringueira e café. A

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solução foi encontrada no chamado "sistema ave-nida", onde a seringueira crescia em renques,dando um "stand" de cerca de 600 árvores por hectare. O cafe foi plantado nos largos espaços ou"avenidas" entre as linhas da seringueira. Emambas as experiências, o café como cultura com-plemen tar e a seringueira como cultura principal,a seringueira produzia 30 50% mais que nos pl~tios convencionais usados.

No Camboj a ou Sarawak I as seringueiras saoassociadas às pimenteiras em cultivos extensivosdestas. Também nesses casos a seringueira atuacomo principal cultura. Na India, a Hevea brasi

Ziensis é considerada como um dos melhores tutores vivos para o cultivo da pimenta-da-reino (Mai~tre 1969).

A ocorrência da "podridão das raí zes" ,ca~sada pelo fungo Fusarium soZani f. piperis, fazcom que, na Amazônia, a vida econômica da pimegta-da-reino gire em torno de somente quatro anos.A incidência da doença é retardada ou diminuídaquando o pimental é ligeiramente sombreado.

Terada (197~) reconhece não haver dificuldade para diminuir a incidência da "podridão dasraízes", causada pelo Fusarium existente no sol~com cobertura morta que melhora o meio ambiente,

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as propriedades físicas, químicas e a populaç~odos microorganismos do solo. Ressalta/ porém/queo controle na parte aérea continua difícil.

Nos plantios consorciados surge o momentoonde urna das duas espécies cultivadas, no casode duplo consõrcio, deve ser mais ou menos sacrificada e, no caso em que há o esforço de manterintegralmente as duas culturas, alguma das duasnao se encontra, no fim, nas condições ideais.

Considerando a pimenta-da-reino corno cultura transitória e que, desaparecidas as pimen-teiras, deverá restar um seringal ainda com densidade econômica, foi instalado o presente expe-rimento, objetivando estudar em um seringal, es-tabelecido em linhas duplas, o número ótimo delinhas de pimenteiras, que podem ser implantadasentre as duas culturas, sem uma drástica diminu~ç~o no número de seringueiras por hectare e evitando a incidência de doenças nas duas culturas,em comparaç~o com o cultivo sem consórcio.

MATERIAL E METODOo experimento está sendo desenvolvido na

Ilha de Mosqueiro, Pará, sob a responsabilidadeda Atividade Satélite Belém do Centro Nacionalde Pesquisa da Seringueira (CNPSe) ,localizada naFaculdade de Ciências Agrárias do Pará (FCAP).

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o experimento é composto de quinze tratamentos. O delineamento estatístico usado é o deblocos ao acaso, com três repetiç~es. Est~o sendo testados os fatores: números de linhas de p~menteira para as linhas de seringueira, num ar-ranjo fatorial 3 x 5.

O clone da seringueira utilizado é o IAN717 I plantado em linhas duplas no espaçarrento3 mx 5 m. Estão sendo estudados os parâmetros:

a) altura da planta e número de lançamen-tos até o segundo ano;

b) circunferencia do caule a partir doprimeiro ano;

c) espessura da casca a partir do tercei-ro ano.

Após a entrada em corte, serao estudadosos dados de produção expressos em gramas de barracha seca/corte.

Para a pimenta-da-reino está sendo utili-zada a cultivar Cingapura e anotada a produçãode pimenta-seca por pe e por tratamento. O esp~çarnento adotado para a pimenteira é 2,0 m x 3,0 m.

Está sendo observada a incidência de en-fer~idade e pragas nas duas culturas.

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o experimento foi instalado em março de1977 em Latossolo Amarelo textura média.

RESULTADOS E DISCUssAoAs Tabelas 1 e 2 mostram, respectivamente,

a análise da variância dos parâmetros avaliadosna cultura da seringueira e da pimenta-do-reinoe as médias dos tratamentos nos anos de 1978,1979e 1980.

Com referência à cultura da seringueira,aanálise estatística dos dados de perímetro docaule evidencia diferença significante entre ostratamentos, e os incrementos médios anuais decircunferência indicam um bom desenvolvimento llilli

seringueiras. Os tratamentos, nos quais a circunferência do caule apresenta-se com maior desen-volvimento e que nao mostram diferença estatistica significante, sao os que mantêm as linhas deseringueiras afastadas 2,0 m e 2,5 m das iinhasde pimenteira. Isto parece indicar que a serin-gueira está se beneficiando da adubação forneci-da às pimenteiras.

As seringueiras nao têm sido atacadas p~10 "mal das folhas" ou por qualquer outra doençaem estado epidêmico. Dijkman (1951) reporta-se aofato de que em plantios onde as linhas de seringueira estavam bem afastadas a incidência de

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TABELA 1. Análise da variância com valores do teste "F" para perímetro do caule (r.c.S), alt!!ra das plantas (A.S), número de lançamentos (N.L.S) e espessura de casca (E.C.S))com referência à cultura da seringueira e produção da pimenta-do-reino (P.P.R).

Fontes T e s t e "F"de

Variação 1 9 7 8 1 9 7 9 1 9 8 OP.C.S. A.S. N.L.S. P.P.R. P.C.S. P.P.R. P.C.S. E.C.S. P.P.R.

Repetições 2 6,33a S,lSa 2,OOns 12,8Zb 4,4óa 5,97b 4,24a 28,OOb 2,41ns..•.c 4,OOa 3,698 5 96bc LPIM 4 O,40ns l,46ns l,06ns l,65ns l,55ns 4,000- ,

mA 2 7,80a 5,38b 2,OOns 2,17ns 12,03b 5 89b 10,11b 2,OOns 5 91b, ,

LPIM x mA 8 3 SOb l,23ns l,OOns O,74ns O,S3ns 1,O2ns O,50ns l,20ns l,13ns,

CV 7% 13~ 4% 39% 5% 34% 5% 4% 27%

LPIM - Linhas de pimenteirasmA - Metros de afastamento da pimenteira para a seringueiraa - Significativo ao nível de 5% de nrobabilidadeb - Significativo ao nível de 1% de probabilidade

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TABELA 2. Médias dos diversos tratamentos nos anos de 1978, 1979 e1980. em relação a perímetro do caule e seringueira e produçãoda pimenta-ào-reino.

Seringueira Pimenta-oo-PeinoTratamentos Perímetro do caule em em Produção P"1 k g Zp ar ce l s

1978 1979 1980 1978 1979 1980

3 LPIM-2,0 mA 8,3 17,4 25,5 11 176 146

4 LPW-2,0 mA 8,2 17,5 27,2 2(, ]88 2615 LPD!-2,0 IilA 7,6 16,1 25,6 24 11'0 '254

6 LPP!- 2, O 1'11\ 8,6 17,6 26,9 26 142 2787 LPD!-2,0 !l1.A 8 t 5 lli,9 26,3 40 200 3793 LPrl-2,5 mA Q,4 11';,9 25,4 19 236 2024 LPI"!-2 ,5 mA 8,0 16',6 2(,,4 18 277 3765 LPI'!-2,5 "1A 7 ,8 lli,3 26,1 25 256 ~Sl

6 LPI'!-2,5 r.1A R, O 16,1 25,5 33 21i6 5047 LPIH-2,5 nA 7,7 ie .s 26, a 26 16R 364

3 LPP·I-3,O mA 7,6 15,7 24,3 Ia 315 2894 LPP!-3,O 1'1A 7,1i 15,9 25,0 32 348 3215 LPI\1-3, O mA 7,8 IS ,4 23,8 36 308 3856 LPi'I-3,0 mA 7,1 15,3 23,9 35 187 371.17 LPI'!-3,O mA 7,3 15,4 25,0 38 197 448O~IS 5% 1,1 0,78 1,14 10 72

,2,O mA 8,2 a 17,1 a 26,3 a 25 a 173 b 264 b2,5 mA 8, O a 16,5 a 26,1 a 24 a 241 ah 359 a3,0 mA 7,5 a 15,5 b 24,4 b 31 a 271 a 31i3 a

3 LPIM 212 b4 LPIM 319 ab5 LPIM 330 ab6 LPIM 384 n

7 LPIM 397 a

~.Iédias deincrementos 8,5 em 9,2 CII\ 20] kg 101 kg

.101

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doenças de painel diminuiu, graças às condiçõesde maior intensidade de luz e circulação de arna microatmosfera sob as copas das seringueiras,e urna maior produção foi possivel corno resultado

'"do aumento da superfície de assimilação (super-fície exposta da folha) .

A análise estatística dos dados de pime~ta-do-reino, já no tercejro ano de produção, ev~denciou diferenças significantes entre as prod~ções dos diversos tratamentos. Estes apresent~se, significativamente, superiores em produçãoàqueles que mantêm as linhas de pimenteira afastadas 2,5 m e 3,0 m das linhas de serí.nque í ra.Eal.

vez em decorrência do desenvolvimento das seringueiras, fornecendo, deste modo, um sornbreamentoàs pimenteiras, influenciando na menor produção.

Não foi observada ainda "podridão das raízes" em estado epidêmico.

CONCLUSAO

Urna análise global parece indicar,até essa fase do experimento, que o afastamento de2,5 m das linhas de seringueira para as linhas repimenteiras e o que oferece condições satisfatórias para o desenvolvimento das duas culturas.

Não foram observados, ainda, "podridão das

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raízes" nas pimenteiras e Mic.rocyclus ulei nasseringueiras, em estado epidêmico.

Os benefícios residuais da aplicação defertilizantes nos intercultivos fazem com que asseringueiras apresentem-se com o desenvolvimentodo perímetro do caule em taxas anuais, que perm~tem esperar uma possível diminuição no períodode imaturidade para o corte.

REFERÊNCIAS

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TERADA, S. Cobertura morta na cultura da pimenta-do-reino. Belém. EMBRAPA-CPATU. 1979. Comunicado Técnico, 16.

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o CULTIVO INTERCALAR DA SERINGUEIRA COM PLANTASDE VALOR ECONOMICO

E . p' h' 1url.CO l.nel.ro

A consorciação de culturas não e práticarecente, ao contrário, está vinculada aos proce~sos primitivos de agricultura nos tr6picos fimi-dos. O pr6prio caboclo amazônico aprimorou umsistema intenso de consorciação quando fez suaagricultura de subsistência. ~ prática que es-tá perfeitamente, ajustada ao método de preparode are a para fazer seus "roçados". A maneira peIa qual ele consegue aproveitar ao máximo os nu-trientes concentrados com a queimada e plantar,simultaneamente, várias culturas, as quais, emdecorrência dos periodos variados de amadureci-mento, lhe permitem colheitas diversificadas epor tempo mais prolongado.

Atualmente, a moderna agronomia, na faixatropical, defende, através de um processo que sechama "agricultura ecoI6gica", a consorciação decultivos, baseando-se no principio que se deverepetir ou copiar a natureza nas suas formações

1 - . / .Eng9 AgrQ, Executor Convenl.o EMBRAPA FCAP, Cal.-xa Postal 917, 66000 - Belém, Pará, Brasil.

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eminentemente heterofiticas, juntando-se plantasdiversas numa mesma area cultivada. A idéia ba-seia-se na possibilidade do desenvolvimento radicular dessas plantas em estratos ou niveis dife-rentes e, dada a possivel variação quantitativae qualitativa das necessidades dessas culturas,em nutrientes básicos, a agricultura ecológicatambém propiciaria um melhor aproveitamento daarea. Natiu raLmerrt.e , que questões de ordem econõmica e ecológica devem ditar a harmonização daconsorciação.

Em geral, em quase todas as culturas perenes e permitido, logo nos primeiros anos de de-senvolvimento da cultura, algum grau de consor-ciação. A seringueira enquadra-se perfeitamentenesta assertiva. A consorciação com a seringueira tem sido motivo de ativa investigação, principalmente, nos grandes centros mundiais de produ-ção de borracha e se tem concentrado no atendlirento ao pequeno produtor, o IIsmall hOlderll

, objetivando a produção de alimentos para auto-sustent~çao, com pequeno excedente destinado à comercia-lização.

Trabalhos desenvolvidos na Malásia, Tai-lândia, Indonésia e Sri-Lanka confirmam que emterrenos satisfatórios com bom manejo, consorci~çoes com culturas alimentares podem, perfeitame~

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te, ser conduzidas sem efeitos adversos sobre aseringueira, nos dois primeiros ou três anos aposo plantio. Entretanto, a pesquisa tem concentrado sua ação para proporcionar à consorciação se-gurança econômica e biológica na escolha das culturas ancilares.

No Sudeste Asiático tem-se dado preferên-cia para cultivos de maior valor econômico comomilho, banana, amendoim, melancia, porém a tradição acaba orientando o plantio de arroz de se-queiro.

Trabalhos levados a efeito na África Oci-dental conduzem à idêntica conclusão, porém ali,a exemplo do que ocorre na Malásia, é feita ain-da maior restrição à consorciação da seringueiracom a mandioca, em virtude da alta incidência deenfermidades da raiz, principalmente a provocadapelo fungo Ridigoporus Zignosus, comprovadamentefacilitada pelo cultivo da mandioca, que aindaapresenta o inconveniente do revolvimento do so-lo durante sua colheita.

A prática usual da consorciação e quaseque totalmente restrita à área dos pequenos pro-dutores porém, eventualmente, é possível que osetor das plantações industriais adote algum me-todo de consorciação, no primeiro ou dois primei

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ros anos do plantio, principalmente se o preparoda área for totalmente mecanizado, no sentido deminimizar os altos custos do estabelecimento dacultura principal, no caso a seringueira.

No Brasil, a pesquisa com culturas consorciadas com a seringueira, ou mesmo cultivos mis-tos, no qual a seringueira acha-se associada comoutras plantas perenes ou mesmo semiperenes, en-contra-se em estágio inicial, não obstante al-guns dados preliminares já obtidos de experimentos conduzidos, principalmente, pelo Centro Na-cional de Pesquisa da Seringueira e Dendê (CNPSD),com sede em Manaus.

Sendo uma tecnologia de fácil transferên-cia e adaptação, a inferência dos dados experi-mentais de outros centros produtores de borra-cha, associados aos resultados colhidos dos tra-balhos de pesquisa do CNPSD e da Faculdade de Ciências Agrárias do Pará (FCAP), aliados às observações de campo realizadas em plantios de peque-nos heveicultores que, principalmente nas re-giões de Tomé-Açu, no Pará, Outro Preto, em Ron-dônia, e Rio Branco, no Acre, têm a seringueiraconsorciada com hortigrangeiros e outras cultu-ras perenes, e possível oferecer, a guisa de su-gestão, alguns esboços de sistemas alternativos

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do uso do solo em culturas intercalares no plan-tio da seringueira.

Os sistemas de produção preconizam paraa região amazônica a seringueira plantada no es-paçamento de 3 m x 7 m e nas entrelinhas o esta-belecimento da Pueraria phaseoZoides como leguminosa de cobertura. Para as pequenas plantaçôese nas áreas de ocorrência de pronunciada estaçãoseca, a cobertura de puerária poderá ser substi-tuIda pela regeneração de vegetação natural, da-do o perigo de incêndio que a leguminosa aprese~ta na epoca de profunda estiagem.

A nIvel de pequeno produtor é viável aprática da consorciação da seringueira com ar-roz, milho, feijão, amendoim, melão, melancia,abacaxi, mamão, banana, algodão herbáceo etc.

Mesmo em plantio consorciado poderá serestabelecida uma única cultura ancilar, como"plantio solteiro", ou, ainda, um conjunto, nosistema de rotação de culturas.

A escolha do sistema, ou do cultivo, oucultivos a serem realizados, estará na dependência dos fatores econômicos, ecológicos e sociais

anteriormente discutidos. exceção do mamão, banana e abacaxi, as

outras culturas ocupariam as entrelinhas da se-

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ringueira somente no primeiro ano de plantio.Quaisquer das culturas a serem implantadas deve-rão distar nunca menos que 1,5 m da linha da se-ringueira. Esta distância permitirá que, mesmono inicio do segundo ano de plantio, e em areasmecanizadas, os restos da cultura sejam incorpo-rados com grades, sem injuriar o sistema radi-cular da seringueira, estabelecendo-se em segui-da a leguminosa de cobertura, se for o caso.

Na associação de cultivos, onde o plantioda seringueira se faz com culturas subsidiáriasdo tipo permanente ou semipermanente, é mais expressivo o volume de experimentação realizada p~los orgaos nacionais de pesquisa com a seringue!ra.

Este sistema é muito mais complexo por~gir modificações nos dispositivos básicos de campo, com alterações no espaçamento da seringueira,a fim de ajustá-Io à associação de cultivos. No"stand" normal, a sombra lançada pela seringuei-ra impedirá boas colheitas.

É importante observar que quaisquer dasculturas estabelecidas, associadas com a serin-gueira, ocuparão transitoriamente a área. O ob-jetivo fim é a produção de borracha, daí a necessidade de manter uma população de seringueira,

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por hectare, capaz de, retirada a cultura subsi-diária, ainda permanecer uma densidade que garanta a sua exploração em bases econômicas e racio-

nais. A seringueira não poderá ser utilizada meramente como p~anta de sombreamento, sob pena dadensidade por hectare comprometer o rendimentoeconômico da sua exploração. No Brasil, não ob~tante o volume de pesquisa que estuda essa asso-ciação, ainda não existem evidências experimen-tais que possibilitem a definição de sistemas,em decorrência da própria natureza da cultura(planta perene).

Dados e observações preliminares,dos dos experimentos em desenvolvimento eguns cultivos particulares, permitem quetecidas algumas considerações sobre esseagricultura na Amazônia.

inferide al-

sejamtipo de

S.eringueira x cacau - O cacau é planta que nece~sita de sombra nos primeiros estágios de desen-volvimento; entretanto, quando entra na fase pr~dutiva requer luz para atingir os melhores ní-veis de produtividade. Neste.caso, a sombra te-ria que ser raleada. Nessa oportunidade o agri-cultor teria que optar por um dos cultivos, eli-minando ou des.bastando a níveis desejáveis aque-le que, no momento, apresentasse mercado em con-dições desvantajosas.

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Ainda quanto ao cacau, ele é atacado poruma enfermidade causada pelo fungo PhytophthorapaZmivora, que também ataca a seringueira. Istopoderá constituir-se problemas nas áreas de ocorrência dessa enfermidade.

Seringueira x guaranã - A exemplo do caCau, tam-bém o guarana é planta que necessita de sombranos primeiros estágios de desenvolvimento, en-tretanto, posteriormente, ele precisa de luz pa-ra melhor produzir. Em experimentos instaladosem 1975 no CNPSD, duas linhas de guaranazeiro e~tão plantadas no espaçamento de 4 m x 4 m entrelinhas de seringueira. A seringueira estáplantada no espaçamento de 4 m x 12 m o que con-fere uma densidade de 208 plantas por hectare.O guaranazeiro produziu aos quatro anos de idade,cerca de 2,3 kg de sementes o que se pode consi-derar produção normal. O desenvolvimento da se-ringueira até o momento e satisfatório. Entre-tanto, é prematura qualquer preconização, pornao se ter idéia do comportamento do guarãnáquando adensar o sombreamento da seringueira.

Seringueira x cafe - As mesmas experiências doscultivos anteriores no tocante a luminosidade.Experimentos instalados em Rio Branco pelo CNPSDtestaram a associação da seringueira com algumascultivares de café do tipo arábica e robusta.

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Até o momento, o café está vegetando e produzigdo bem; entretanto, a seringueira, que está noespaçamento de 4 m x 12 m tem uma densidade bas-tante diluIda, por hectare. As linhas de café,estabelecidas no espaçamento de 4 m x 4 m, dis-tam também 4 m da linha de seringueira. Re-ceia-se que o aumento da sombra possa facilitaro ataque de "ferrugem" (Hemileia vastatrix) docafé, principalmente sobre as cultivares do tipoarábica, o que condicionaria a eliminação do ca-fé ou, então, o desbaste da seringueira, para melhorar as condições de ambiente do cafeeiro. A'robusta', ou cultivares hIbridas com a 'arábi-ca', em decorrência da resistência que apresen-tam ã "ferrugem" do café, poderá limitar o pro-blema.

Seringueira x pimenta-da-reina - Até o momento;esta associação tem-se mostrado a mais eficien-te.

Normalmente, a pimenta-do-reino, nas re-giões de cultivo tradicional, é seriamente atacada por uma enfermidade causada pelo fungo Fusa-rium solani varo piperis, a "podridão da raiz",que encurta sobremodo a vida econômica da plan-ta. Observações de campo, posteriormente compr~vadas experimentalmente, mostraram que um ligei-ro sombreamento reduzia o nIvel de incidência da

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enfermidade sobre a pimenteira. Entretanto, as-sim como a exemplo do cacau, café e guarana, também a pimenta-do-reino precisa de luminosidadeabundante para produzir bem. Por outro lado, naAmazônia, de solos predominantemente pobres, apimenteira necessita de aplicação maciça de fer-tilizantes para apresentar os melhores rendimentos.

Em experimentos conduzidos na FCAP, essaassociação de cultivos, até o momento, tem-se mostrado eficaz. A grande vantagem é que a pimentado-reino, logo no segundo ano de plantio, pri-meiro de produção, produziu em média 200 g de p!menta-preta por planta, o que se constitui umaapreciável renda suplementar para o pequeno agricultor. Nesse experimento, atualmente com trêsanos de idade, as seringueiras estão plantadasobedecendo ao esquema de linhas duplas 3 m x 5 m,afastadas tanto quanto necessário, para permitiro interplantio de três, quatro, cinco, seis e sete linhas de pimenteiras, dispostas no espaçame~to de 2 m x 3 m. Os resultados parciais estãomdicando que o melhor desempenho é alcançado coma associação de três linhas de pimenteira entre-linhas duplas de seringueira, o que ainda confe-re ao seringal um "stand" de 444 plantas porhectare.

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Algumas vantagens podem ser apontadas pa-ra esse tipo de associação de cultivo, corno porexemplo:

- A pimenta-do-reino proporcionar expres-siva renda subsidiária logo nos primeiros anos deplantio;

- Ã seringueira se beneficia do efeito residual do fertilizante. aplicado, quase sempre emabundância, para a pimenteira;

- A associação concorre para diminuir aincidência de enfermidades de raiz da pimentei-ra.

Todas as consorciações ou associações atéentão estudadas, para estabelecimento junto coma seringueira, têm sido realizadas com plantasque necessitam de bastante insolação para melhorproduzir.

Atualmente, a FCAP estuda a consorciaçãode plantas, de valor econômico, para serem esta-belecidas dentro do seringal desenvolvido, já emfase de produção, onde prevalece um nível acen-tuado de sombreamento, cerca de 70% de sombra.

A atenção concentrou-se em plantas produ-toras de óleos essenciais, de grande valor e de-manda no mercado e cuja colheita seja procedida

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somente da parte aérea da planta, a fim de evi-tar revolvimento de 50105, além de proporcionarao cultivo um caráter semipermanente.

Estão sendo testadas, consorciadas com aseringueira, (seringal em produção) três plantasprodutoras de óleo essencial: patchuli, citrone-Ia e capim-limão (limon-grass).

Nesse experimento tem-se mostrado muitoanimador o comportamento do patchuli e do ca-pim-limão que, no primeiro corte, produziram,re~pectivamente, o equivalente da 1.181 e 1..979 kgde massa verde por hectare, o que se considerauma produção razoável.

05 dados experimentais sao ainda prematu-ros e nao se tem idéia da qualidade do óleo pro-duzido nessas condições de sombreamento.

Algumas vantagens podem ser apontadas pa-ra esse tipo de consorciação:

- Realiza-se em seringal adulto, em plena

produção;

- Apresenta importante renda subsidiáriadado o valor'do produto (óleo essencial);

- Estabelecimento da associação da serin-gueira com cultivos semiperenes, sem ser necessa

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rio modificar o "stand" e disposição de campo docultivo principal;

- A seringueira beneficia-se do efeito residual do fertilizante aplicado na cultura subsidiária;

- Os tratos culturais dispensados à cultura ancilar concorrem para manter limpo o serin-gal.

Seringueira x seringueira - Outra interessantís-sima consorciação, que vem sendo posta em práti-ca, é o interplantio de viveiros de seringueirano seringal em desenvolvimento. Pequenos vivei-ros têm sido conduzidos satisfatoriamente quandoestabelecidos em seringal de um ano de idade. Autilização transitória do viveiro proporciona ~quada manutenção do seringal, permitindo, ainda,que este se beneficie do efeito residual dos feEtilizantes aplicados no viveiro. Neste caso, como nos anteriores, é guardada urna distância mín!ma de 1,5 m da linha de seringueira para plantioda cultura subsidiária.

Corno conclusão, pode ser ressaltado que aconsorciação de culturas é um método intensivode cultivo, o qual requer cuidados especiais naosomente no plantio, no uso de fertilizantes, co-rno também no eficiente controle das enfermidades

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e pragas, para, dessa forma, poder beneficiar simultaneamente a seringueira e a cultura em con-sórcio.

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SISTEMAS DE PRODUC~O PERMANENTE DECULTURAS ANUAIS

Agostinho Lamarão de C. Ribeir01/

RESUMO: O sistema tradicional de agricultura migratória, praticado pelos indíge=nas desde antes do descobrimento do Bra-sil, foi adotado pelos colonizadores eu-ropeus que, com o aumento da população ecom o auxílio de instrumentos cortantesmelhores que os dos indígenas, passarama derrubar extensas áreas de florestas,no afã de produzir mais e mais as cultu-ras alimentares anuais de que precisa-vam; tal método, que consiste na derru-

.ba, queima e plantio entre tocos, tambémadotado pelos colonizadores da Amazônia,é por muitos considerado como o únicométodo capaz de permitir a utilização dossolos firmes das regiões tropicais úmi-das com culturas anuais, mediante a uti-lização curta de no máximo três anos, intercalada por um pousio florestal longo~de modo a permitir o restabelecimento dafertilidade dos solos utilizados. O sistema de produção ora enfocado fundamen=ta-se na utilização de solos portadoresde "Capacidade de Uso" compativel com autilização por culturas anuais, obedecendo tanto a aspectos tecnológicos de con=servação dos solos, como a fatores ecológicos que, modificados em razão de desmatamentos, devem ser restabelecidos, se

1/EngQ AgrQ, DFA/pará. Rua Padre Prudêncio 20866000 - Belém, Pará, Brasil.

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nao de igual forma, mas de forma adapta-da; se não em iguais proporções, mas emproporções que permitam a manutenção ouo aumento da camada humosa do solo, bemcomo o desenvolvimento de organismos emicroorganismos adaptados à nova condição de cobertura vegetal e de mobiliza=ção do solo. O sistema estudado tem porfinalidade a fixação dos rurícolas emsuas propriedades agrícolas, mediante aimplantação de áreas permanentes de cul-turas anuais, capazes de permitir o de-senvolvimento paralelo de outras atividades exploratórias e, em última instân=cia, o desenvolvimento socioeconômicodos próprios rurícolas.

A AGRICULTURA TRADICIONAL DE DERRUBA E QUEIMAQUE TEM CAUSADO AOS SOLOS E AO MEIO AMBIENTE

Por ocasião do descobrimento do Brasil,os portugueses, que primeiro se instalaram nasregiões litorâneas do novo continente, encontra-ram indígenas praticando uma agricultura rudime~tar. Com o uso de instrumentos cortantes primi-tivos, costumavam derrubar pequenos trechos deflorestas, deixando a vegetação abatida secar sobre o solo, para em seguida atear fogo, que seincumbia de efetuar o resto da limpeza das áreas;nelas plantavam milho, batata-doce, mandioca eoutras culturas, que utilizavam como alimento,juntamente com o obtido na caça e na pesca. Es-te processo empírico de preparo de áreas de cul-tivo, nas regiões de florestas, foi adotado pelo

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colonizador europeu que, com o aumento da populaçao e como auxílio de instrumentos cortantes melhores que os dos indígenas, passou a derrubarextensas áreas de florestas, devastando-as, noafã de produzir mais e mais os alimentos que pr~cisava.

o método acirra- também adotado pelos pri-meiros colonizadores da Amazônia, assim como pe-los imigrantes nordestinos que aqui chegaram fu-gindo das secas prolongadas do Nordeste brasileiro, para a extração de látex nos seringais nati-vos e para o trabalho agrícola com culturas tem-porárias - continuou e continua sendo utilizadona quase totalidade, tanto no desbravamento dafloresta como no preparo das áreas de cultivodas culturas alimentares.

No Estado do Pará, os plantadores de tabaco das regiões de campos naturais dos municípiosde Bragança, Capanema e Primavera - com base naadubação orgânica proveniente do esterco bovino,aplicado pelo processo de parcagem - preparandosuas áreas de cultivo revolvendo o solo à enxa-da, com arado de tração animal ou com arado detração mecânica; uns poucos agricultores da Transamazônica (no trecho com solo fértil originá-rio de material diabásico situado entre Altamirae Itaituba) também preparam áreas de cultivo pa-

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ra culturas temporárias por meio de araçoes, comanimal ou motomecanizada.

A agricultura tradicional de derruba equeima - amplamente difundida não apenas na Ama-zônia, mas em outras regiões dos trópicos úmidos(Indonésia, África etc.) - e por muitos conside-rada como o único método capaz de permitir a utilização dos solos destas regiões com culturas ~porárias, mediante a utilização curta de no máximo três anos, intercalada por um pousio longode dez a vinte anos, de modo a permitir o resta-belecimento da fertilidade dos solos trabalha-dos; desta forma, a derruba e a queima - para opreparo de áreas de cultivo nos trópicos - têmsido consideradas um "mal.necessário", por pro-porcionar a auto-subsistência dos rurículas des-sas regiões, através do plantio de milho, arroz,feijão, mandioca e outros produtos obtidos deculturas de ciclo curto.

o restabelecimento da fertilidade dos so-los, trabalhados pelo método de derruba e quei-ma, so e conseguido a níveis semelhantes aos dafloresta primitiva, após longo pousio; entretan-to, quando a densidade demográfica de uma regiãoagrícola aumenta, de modo a obrigar os agricultores à redução do pousio a níveis inferiores adez anos, o efeito das queimadas sucessivas logo

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se faz sentir, promovendo o empobrecimento acelerado dos solos.

° empobrecimento acelerado dos solos, de-vido ao uso continuado do fogo ou seu uso em curtos periodos, pode ser explicado do seguinte mo-do:

Os vegetais retiram nutrientes mineraisdo solo em proporções que variam de 2 e 5%, emrelação a biomassa por eles produzida; tais nu-trientes, pela ação da fotossintese, combinam-secom hidroginio, oxiginio e carbono, retirados daágua (H20) e do ar atmosférico (C02) , para a pr~dução de compostos orgânicos, formadores dos te-cidos vegetais e indiretamente dos tecidos dosanimais que deles se nutrem.

No processo de formação dos tecidos orga-nicos, detritos escretados, bem como animais evegetais mortos são depositados sobre a superfi-cie do solo ou em mistura com sua camadasuperf!cial, constituindo a matéria orgânica bruta domesmo; o referido material, abundante nas florestas tropicais úmidas pela continua deposição dematerial orgânico, é atacado por insetos, fun-gos, bactérias e outros microorganismos, seguin-do uma seqüência repetitiva de digestão, prolif~ração e morte (combustão biológica), da qual re-

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sulta uma substância escura, também orgânica, deconstituiçâo coloidal complexa, denominada hú-mus, na qual estâo contidos os nutrientes mine-rais originalmente retirados do solo pelos vege-tais.

o processo de transformaçâo da matéria orgânica não cessa, entretanto, ao atingir a formade húmusi ele continua, devido a agentes climáticos (água, ar, luz e calor) e biológicos (animaise vegetais vivos), até atingir a forma de subs-tâncias químicas diversas, assimiláveis, tal co-mo se encontravam inicialmente no solo.

Sendo o húmus um produto intermediário deum ciclo, que podemos chamar de "Ciclo da Maté-ria Orgânica do Solo", o seu conteúdo depende dadiferença entre a acumulação da matéria orgânicabruta e a velocidade de sua transformação em &ill~

tâncias não orgânicas; assim, esquematicamente,podemos representar o referido ciclo da formaapresentada na Fig. 1.

Embora todos os componentes do ciclo de-monstrado sejam importantes, vale ressaltar, es-especificamente, a importância do húmus, que re-presenta um dos principais fatores de produtivi-dade do solo, pela interferência benéfica de suaspropriedades ~ísicas, químicas e biológicas, ex-pressa do seguinte modo:

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Nutrientes minerais do soloH20

FotossínteseCO2

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Detritos, Animais e vegetais

Húmus animais e vegetais mortos vivos---------------------Ação microbiana

( Combustão biológico)

FIG. 1 - Ciclo do matéria orgônica do solo.

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- o húmus apresenta grande capacidade deabsorção de água, podendo reter quantidade deágua correspondente a uma vez e meia em relaçãoao seu peso, facilmente absorvida pelas raízesdas plantas, juntamente com os nutrientes nelecontidos;

- promover a aglutinação das partículasdos solos arenosos, bem como a granulação dos solos argilosos, melhorando a sua textura e estru-tura;

- pelo fenômeno da absorção, o húmus re-tém cátions junto às suas partículas, em propor-ções duas a trinta vezes superiores aos colóidesminerais do solo, opondo-se, desta forma, ao ar-raste e perda dos mesmos pela água das chuvas;

- os ácidos orgânicos e enzimas, resulta~tes do prQces&o de humificação da matéria orgânica no solo,~concorrem à solubilização de nutrie~tes minerais contidos nas -rochas, liberando-osem favor da nutrição vegetal, em proporções com-preendidas entre 30 e 90% superiores ao poderde extração dos referidos nutrientes pelos vege-tais, em solos minerais;

- a maior ou menor presença de organismosou microorganismos no solo depende diretamentedo seu teor de húmus; 8sses seres vivos, além de

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participarem ativamente da humificação da maté-ria orgânica, desenvolvem outros processos bio-quimicos.importantes, como a fixaç:ão do nitrogê-nio do ar atmosférico no solo, fertilizando-o.

° fogo, processando uma combustão acelerada, destr6i integralmente o material orgânicoproduzido pela açâo fotossintética, liberando p~ra a atmosfera gáscarbônico (C02) e água deconstituição da matéria orgânica,. como também nitrogênio, sob a forma elementar não assimilávelpelos vegetais, exportando, desta forma, todo onitrogênio retirado do solo pelas raizes, .empo-brecendo-o de um elemento tão importante para anutrição vegetal.

Asc~nzas, que .correspondem aos nutrien-~es minerais extraidos do solo pelas plantas(pr~duto final, resultante da combustão violenta damatéria orgânica, depositado na superficie do so10), ficam expostas à erosao laminar hidrica,perdendo-se em grande parte, antes de ser assimiladaspelas culturas.

Em conseqüencia da destruição da matériaorgânica bruta, o húmus do solo tende a desaparecer, e com ele a capacidade de adsorção dos nu-trientes minerais. Tais nutrientes, quer prove-nientes de .cinzas, quer de adubações quimicastornam o solo mais sujeito ao empobrecimento rá-

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pido, em decorrência do fenômeno da lixiviação.

Pela ação do fogo, o "Ciclo da Matéria O~ginica do Solo" sofre grandes alteraçôes, pas-sando a ser representado conforme a Fig. 2.

Parece que a exuberincia da floresta, arapidez, na maioria das vezes, de sua auto-recu-peraçao e o comodismo que a natureza proporcio-na aos habitantes das regiões tropicais têm con-corrido para que um sistema de cultivo reconhecidamente maléfico, até mesmo por muitos ruríco-lãs, permaneça inalterado até nosssos dias. Noentanto, já se dispõe de conhecimentos e recur-sos tecnológicos e infra-estruturais capazes deproporcionar uma utilização racional de nossossolos, menos sujeita a riscos decorrentes de va-riações climáticas, muito mais produtiva e eco-nomicamente mais rentável do que o sistema indí-gena, o qual, após o desbravamento inicial deuma área necessária e propícia à produção de culturas temporárias, passa a concorrer unicamentepara a devastação de florestas, muitas vezes tí-picas de preservação permanente, concorrendo pa-ra o empobrecimento dos solos por elas proteg!dos.

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Htímus, emproporçõessempremenores

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Nutrientes minerais do soloH20

FotossínteseCO2

Perdas '"por erosõooNc:

e lixiviação (J

Animais e vegetaisvivos

Detritos,animais e vegetais mortos- ------------------

Perdas-FogoH20 / CO2 / N

FIG. 2 - Ciclo da matéria orgânica do solo após a ação do fogo.

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TENTATIVA PARA MODIFICAÇAO DO SISTEMA DE CULTIVOAs primeiras tentativas de destocamento e

utilização dos solos por meios mecãnicos, para aprodu~ão de culturas tempor~rias em regi6es tro-picais úmidas, coincidem, aproximadamente, com aépoca de introdução dos primeiros tratores de e~teira, equipados com lâmina (Buldozer), e os tratores de roda, nestas regi6es. Entretanto, desde o início e até h~ pouco tempo, os resultadossempre se mantiveram desanimadores por v~rias razoes, citando algumas delas a seguir:

- desmatamento e destocamento, executadoscom m~quinas pesadas, equipadas exclusivamentecom lâmina, concorrendo para a remoção da camadasuperficial húmica dos solos, tornando-os menosférteis;

- araçoes profundas em solos de delgadacamada humosa superficial (10 cm, por exemplo),levando-a para o subsolo e trazendo para a supeEfície solos de menor fertilidade;

- não aplicação de pr~ticas conservacio-nistas dos solos, expondo-os à ação da erosão hídrica acelerada;

- escolha inadequada dos solos desbrava-dos, sem levar ~m consideração fatores limitan-tes, tais como: textura excessivamente arenosa,

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pedregosidade excessiva, pequena profundidadeefetiva, declividade acentuada e outros;

aplicações de fertilizantes mineraisque, mesmo proporcionando aumento de prbdutivid~de das culturas implantadas, não correspondiam,em termos econômicos, às aplicaçôes efetuadas.

Os fracassos freqüentes parecem confirmara opinião mais generalizada de que as máquinasagrícolas concorrem para a destruição mais rápi-da dos solos do que o próprio fogo, em regiõestropicais úmidas como a Amazônia. Tal fato temmotivado uma posição comodista dos que trabalhamnestas regiões, que pode ser representada pelaseguinte expressão popular: "dentre os males, omenor" .

É sabido que tanto a mecanização agríco-la, como a aplicação de defensivos modernos, fe!,tilizantes minerais etc., quando mal aplicados,causam transtornos ao solo e ao meio ambiente,maiores do que aqueles causados por métodos ex-ploratórios tecnologicamente rudimentares.

Fato também comprovado é que outras re-giões do mundo, localizadas em zonas temperadas oufrias, igualmente ~ofreram problemas de empobr~cimento acelerado de seus solos, devido ao seuuso inadequado; citando-se, como exemplo, as ter

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ras pretas e fecundas das depressões da bacia doMississipi-Missouri, nos Estados Unidos da América do Norte. Entretanto, os habitantes dessas

,regiões souberam reconhecer os erros cometidos eos corrigiram de tal modo que solos esgotados equase totalmente degradados voltaram a produzircolheitas abundantes, às vezes até maiores doque as obtidas na primeira fase de exploração.

o CULTIVO RACIONAL EM TERRENOS DESTaCADOSo manejo de solos tropicais de terra fir-

me com culturas temporárias - por processo meca-nico, a partir do destocamento e desenraizamento - é viável, tanto em termos práticos como econõmicos, embora os mesmos sejam, na maior pa rt.e ,constituídos por Oxissolos, geralmente ácidos epobres em bases trocáveis, bem como submetidos aíndices pluviométricos elevados (de 1.800 mm amais de 2.500 mm anuais). Fundamenta-se sua apJ:!:.cac âo na utilização de solos por t.adcres de "C2_[-2.-

cidade de uso" compatível com a finalidade refe-rida, obedecendo tanto a aspectos tecnológicosde conservação dos solos como a fatores ecológi-cos que, modificados em razao do desmatamento,d~vem ser restabelecidos, se não de igual forma,mas de forma adaptada; se não em iguais propo~ções, mas em proporções que permitam a manuten-ção ou o aumento da camada humosa do solo, bem

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como o desenvolvimento de organismos e microorg~nismos adaptados à nova condição de cobertura vegetal e mobilização do solo.

o sistema de manejo ora enfocado tem porfinalidade a fixação dos rurícolas em suas pro-priedades agrícolas, mediante a implantação deáreas permanentes de culturas temporárias, capa-zes de permitir o paralelo desenvolvimento de outras atividades exploratórias e o desenvolvimen-to socibeconômico dos rurícolas que o venham apraticar, tendo por base o sistema de cultivo rotativo, conforme Tabela 1.

Assim, uma área de cultivo é dividida embindoglebas e todas elas são trabalhadas anoapós ano, de modo diferente do ano anterior, tanto com respeito às práticas de preparação do so-lo, como em relação às culturas que as ocupam,durante cinco anos consecutivos. Somente no sexto ano de utilização da área de cultivo as cult~ras tornam a ocupar as mesmas glebas que ocupa-ram no primeiro ano, recomeçando, deste modo, umnovo ciclo de rotaçâo que se repetirá por maiscinco anos, e assim sucessivamente.

Especial atenção deve ser dispensada aspráticas conservacionistas do solo, a serem apl~cadas em função da topografia das áreas de cultivo, de modo a reduzir a erosão hídrica a níveis

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TABELA 1. Esquema básico do cultivo rotativo

19 ano 69 anoGlebas Início do 29 ano 39 ano 49 ano 59 ano Retorno do

ciclo ciclo

G-l Ca AV AV Fm Mi + F Ar + Ma Ma Ca AV

G-2 AV Fm Mi + F Ar + Ma Ma Ca AV AV

...•. G-3 Fm Mi + F Ar + Ma Ma Ca AV AV Fm 'vii+ Fw

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G-4 Ar + Ma Ma Ca AV AV Fm ~Ii + F Ar + Ma

G-5 Ma Ca AV AV Fm Mi + F Ar + Ma Ma

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CONVENÇOES: Ca = Calcário Mi = MilhoFm : Fertilizantes minerais F = FeijãoAV = Adubo verde Ar = Arroz

Ma = Mandioca

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toleriveis. Por outro lado, dados relativos aregimes pluviométricos - conforme a Fig. 3, e,se possível, outras informações climatológicas -são necessirios à aplicação do sistema de manejoem questão que, juntamente com os dados cultu-rais das espécies vegetais participantes do es-quema exposto, irão permitir o estabelecimentode um "cronograma de execução" (Tabela 2) de to-das as atividades necessirias ao êxito do empre-endimento.

É ficil notar que, pelo método exposto, omanejo dos solos tropicaip de terra firme apre-senta grande complexidade, face à necessidade daaplicação conjunta do complexo de conhecimentostecnológicos agriculturais ji disponíveis. Aviabilização econômica, na sua aplicação, nao econseguida imediatamente, mas no decorrer de al-guns anos (sete anos, aproximadamente) (Tabelas3 e 4), por causa das despesas iniciais eleva-das, para o desbravamento e implantação das ireasde cultivo e do progressivo "aumento de fertili-dade" das mesmas, cujo aspecto constitui um as-sunto altamente polêmico.

Deve ficar bem claro, entretanto, que naose pode ficar acomodado, aceitando uma tecnolo-gia exploratória primitiva e predatória, pelasimples razão de causar "menores males". !: pre-

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JA N. FE V.

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~,' 19731 ano de menor índice pluviométrico

W Total d, chuvas - 18121 4",m

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IMédia pluviométricQ de ~ onOI - 1973 Q 1977

M6dio anual - 2799, 7mm

1974, ono dt maior {ndiel pluviomt:trico

Total de chuvo. - 36", 9"!.~

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MAlA' Il. J UM.

FIG, 3 - Precipitaç40 conforme dadol fornecidol pelo pOltO mehorolóllico da estaçcfoexperimental de Tracuateua - Bragonço - Parll.

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TABELA 2 Cronogromo de e x e cu ç o o

ATIVIDADES JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ JAN FEV MAR ABR MAl JUN JUL AGO SET OUT NOV OEZ JANl+D e s t o c c rn e n t o e G TO AS

dese n roizomento2-Aroçõo GI~ ~S J>-2 Q. ~3-G r o d o g e m G-T bOAS ~-3- ~-2 G-2 G-2 ~-3-5

- I-- ~ I-- - t-- f--

4-Aplicoçõo de colcório G..:!~ IG-5

5-Aplicoçõo de fertilizontes G-3 ~-2

6-Plontio de milho G 3 G-- I-- - r-

7-Plontio de nr r o z G-4 G-3- -

a-Plontio de mandioca G-5 G-4I- I--

9-Plontio de te ijõo G-.:.....:

lO-Plontio de adubo verde G- ~§..

~.:....

ll-Ceifo do adub o ve rde G~ G-]r---

12-0esboste do milho G-3 G-2f'--

13-Copinos G-3 ~ -3 -' G2 ~ ~-- F---"---' ~\4-0uebro do mi lho G-3

-

15-Colheitas 1'-3- "- ~ G - ~ L16- Secogem ~ ~ ~~17- Comb o té o progos e ~EM RE PU I': NU ES S là R I

doenços

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ciso partir para uma modificação tecnológica ra-dical no campo das culturas temporárias, de modoa possibilitar o desenvolvimento dos agriculto-res de baixa renda que com elas trabalham, sus-tentáculo do desenvolvimento agrário da regiãoamazônica, apesar do desenvolvimento e importãn-cia econômica de outras atividades agropecuáriase florestais desenvolvidas nesta região.

o CONTROLE DOS SOLOS DAS ~RES PERMANENTES DE CULiURAS TEMPOR~RIAS

o solo de uma área de cultivo nao podeser considerado como elemento passivo no proce~so produtivo, p.r í.nc LpaLmerit;etratando-se de suautili?ação lntensi~~ ,e"permanente, conforme osistema rotativo em questão.

Sabe-se que os s61cis~ossuem características físicas, químicas e biológicas que se mantêmquase inalteradas quando o ambiente permanececom poucas alteracões, como no caso dos solos demata virgem. Entretanto, retirada a mata, essascaracterísticas sofrem modificações profundas,até atingir um novo equilíbrio físico, químico ebiológico, adaptado à nova condição de coberturavegetal herb~cea ou arbustiva.

~ lógico e natufal que alterações muitomais profundas e freqüentes que as acima citadas

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TABELA 3 - Comparação entre despesas e rendimentos

Despesas RendimentosAnos \

(em Cr$) (em Cr$)

19 25.006,00 7.400,00

29 15.249,00 10.550,00

39 15.249,00 15.400,00..•.wCD 49 15.249,00 18.050,00

59 15.249,00 21.650,00

69 15.249,00 21.650,00

79 15.249,00 21.650,00

TOTAL 116.500,00 116.350,00

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TABELA 4. Rendilrento provável em cinoo anos

Valor 19 ano 29 ano 39 ano 49 ano 59 ValorProdutos unitário totalQuant. Valor OJant. Valor Quant. Valor Olant. Valor Quant. Valor

atual (kg) (t.) (Cr$l,OO) (t) (Cr$l,OO) (t) (Cr$l,OO) (t.) (Cr$l,OO) (t) (Cr$I,OO) (Cr$l,OO)

MiUx> 1,50 1 1.500 1,1 1.600 1,2 1.800 1,3 1.950 1,5 2.250 9.150

::. Arroz 2,00 1 2.000 1,4 2.200 1,3 2.600 3.000 1,7 3.400 13.200O

Feijão 3,00 0,3 900 0,4 1.200 0,5 1.500 2.100 1 3.000 8.700

~Jandioca 6 11 19 26

Farinha 2,00 1,5 3.000 2,75 5.500 4,75 9.500 11.000 6,5 13.000 42.00

Total - - 7.400 - 10.550 - 15.400 - 18.050 - 21.650 73.050

Fonte: Resultados obtidos na área de estudo derronstrativa da DEMA-AP,instalada no CarrpoAgrioola da Linha do Equador, em Maca

pá-AP)•

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ocorram em solos constantemente trabalhados pormáquinas agricolas, recebendo a aplicação de corretivos, feitilizantes e defensivos, bem comoplantados periodicamente com culturas diversas;por isso, especial atenção deve ser dispensadaao comportamento dos solos das áreas permanentesde cultivo de culturas temporárias, de modo aevitar ou corrigir comportamentos prejudiciais asua produtividade, ou melhorar práticas que con-corram para um maior rendimento.

Dentre os comportamentos desfavoráveis~devem ser evitados ou corrigidos, podem ser citados:

- formação de camada compacta no subsolo.Dentre outras formas, pode ser evitada pelo pla~tio de veg~tais portadores de sistema radicularpivotante, como as leguminosas arbustivas que,além de romperem a camada compacta no inicio desua 10rmação, concorrem ao transporte, para a superficie do solo, dos nutrientes minerais arras-tados por lixiviação para camadas profundas, in~cessiveis às plantas portadoras de raizes fasci-culadas.

desequilibrios de nutrientes minerais nosolo. Ocorrem tanto em conseqüência dos fenôme-nos da erosão e lixiviação como em conseqüência

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da diferença quantitativa de extração dos diver-sos nutrientes minerais pelas plantas, quer ori-ginários do próprio solo, quer a ele aplicadospor adubações químicas. Às vezes, aplicaçõescontinuadas de uma mesma fórmula de adubação(N -P - K), em um mesmo tipo de solo, para uma mesmacultura, concorrem para a diminuição de produti-vidade da cultura, apos algum tempo de sua apli-caçao, em virtude de se ter estabelecido o dese-quilíbrio referido no solo. Para evitar que talcomportamento venha a ocorrer nas- areas permanen-".tes de culturas temporárias, coletas de amostrasdo solo para análises químicas são necessárias,inicial e periodicamente, de modo a permitir oestabelecimento de termos comparativos de níveisde nutrientes no solo que nos indiquem as corre-çoes a serem efetuadas, por ocasião de novas aplicaçoes de fertilizantes minerais. (Fig. 4).

- Outros:

Quanto aos comportamentos favoráveis a serem aprimorados, devem ser utilizados:

Aumento do húmus da camada superficial dosolo e, conseqüentemente, de sua fertilidade.

"Os trópicos úmidos estão situados na faixa ecológica da globo, onde os processos biológicos são mais acentuados e a produtividade primá-

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ria dos ecossistemas alcança seus valores maiselevados". Tal condição, embora bastante conhe-cida, tem sido usada inadequadamente pelo processo tradicional de cultivo, face à destruição dabiomassa pelo fogo. Por outro lado, tocos e troncos de árvores, sempre presentes nas areas sobcultivo tradicional, dificultam ou mesmo impedema aplicação de práticas conservacionistas dos solos.

o cultivo racional em terrenos destoca-dos, além do emprego de práticas conservacionis-tas dos solos, permite a aplicação de corretivose fertilizantes, necessários à correção das suasdeficiências naturais e à repo sLcâo vda s perdas denutrientes minerais, com a utilização adequadadaextraordinária capacidade do processamento biológico das regiões tropicais úmidas, através do aumento do teor de húmus nos solos das áreas decultivo, pela incorporação aos mesmos de eleva-do volume de material orgânico, proveniente daparte aérea da leguminosa utilizada na adubaçãoverde, da vegetação espontânea invasora semprepresente e dos resíduos culturais, como da partesubterrânea correspondente às raízes das diver-sas espécies vegetais e dos organismos e micro-organismos do solo, todos eles participantes do

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FIG.4-Comporlomenlo do solo.

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processo de transformação da matéria orgânica emhúmus.

A recuperaçao da fertilidade dos solostropicais de terra firme, pelo sistema de manejoora exposto, é representada pela Fig. 5.

Economicidade crescente do processo produtivo, aliada ao aumento de produtividade das culturas.

Em todo empreendimento agrícola, este eum comportamento que deve ser buscado e continuamente aprimorado, não sendo necessárias, por co~seguinte, maiores explicações sobre o assunto.

Vale citar, entretanto, que aumentos deprodutividade de 230% e 180%, nas culturas de

mandioca e feijão, respectivamente, foram ating!dos, na área de estudo implantada no Campo Agrí-cola da Linha do Equador, em Macapá, TerritórioFederal do Amapá, nos anos de 1970 a 1976 (Tabe-la 4).

MrTODO DE DIFU~AO DO CULTIVO DE SISTEMA RACIONALA fim de que se possa levar a bom termo a

implantação de um método de trabalho que impli-que na aplicação de técnicas modernas de culti-vo, com despesas iniciàis elevadas, normalmentefora do alcance financeiro dos rurícolas da Ama-

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Maior fertilidade

~ Nutrientes minerais do solo I-----,-t-~H20

FotossínteseCO2

Vegetais e animais vivosLeguminosas = AVCulturas = Mi+F+Ar+MaVegetação espontônea.Organismos e microorga-nismos do solo.

Húrnus : emproporçõescrescentes

I Perdas: Nutrientes mine-rais exportados pelos pro-dutos agrícolas.Nutrientes arrostados pe-la erosão que tenho esca-pado ao controle.

Combustão biológica

Vegetais e animais mortosLeguminosas : AVResíduos de culturas :

L--- Mi + Ar + FVegetaçõo espontânea.Organismos e microorga-nismos do 5010.

Reposições:Aplicaçóes de calcário efertilizantes minerais.,..--------1 Nitrogênio do ar incorpo-rado ao solo por nitro-bactérias.

FIG. 5 - Processo de recuperação da fertilidade dos solos tropicais.

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zônia, torna-se necessário o delineamento de umasistemática adequada a sua difusão, envolvendo aparticipação dos setores t~cnico, agronômico,cr~diticio e associativo, de modo a permitir que osagricultores que venham a adotar o novo m~todo ofaçam devidamente orientados, financiados e as-sistidos, reduzindo ao minimo os riscos de insu-cesso.

o organograma apresentado na Fig. 6 tempor objetivo proporcionar uma melhor visualiza-çao do acima exposto, juntamente com as explica-çoes a seguir:

a) cabe ao setor t~cnico, devidamente a-poiado pela pesquisa, desenvolver as seguintes atividades:

- entrosar-se com o setor crediticio, nosentido de estabelecer um plano de financiamentoa longo prazo e a juros módicos, mesmo para osagricultores que não disponham de garantias fisicas suficientes para empr~stimos de grande ~onta,contudo portadores de conceito moral elevado;

orientar o setor crediticio quanto aomontante necessário para cada financiamento, equanto ãs ~pocas de liberação das suas parcelas;

encaminhar ao setor crediticio os agri-cultores. a serem financiados;

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PESQUISA SETOR TÉCNICO CRÉDITOFEEOBAC'

Divulgação

I Projetos

Controle

ÁREAS DE ESTUDO e

I:: Avolioção .. ..DEMONSTRATIVAS U U

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I ~~a.(;

COOPERATIVISMO· Preços mínimosu.. Armozenamento! Beneficiamento· Comercioli zoçõo': Moto mecanizaçõo.~': ! o· ~· ~

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I PRODUTORES RURAIS

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I II PROD. RURAIS I I PRDD. RURAIS I I PROD. RURAIS I I PROD. RURAIS

D E S E N V O L V I M E N T O EM C A D E I A

FIG. 6 Orgonograma de difusão de um sistema de cultivo proposto.

14E

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- orientar o setor associativo quanto aaquisição, no "mercado", de insumos necessáriosao meio rural, para fornecimento. aos agriculto-res financiados, como parte de seus financiamen-tos;

- orientar o setor associativo quanto aomontante em dinheiro que deve ser fornecido a cada agricultor, bem como insumos modernos e serviços, componentes do financiamento;

- orientar o setor associativo quanto aaplicação de preços minimos, armazenamento, beneficiamento e conservação dos produtos agricolas;

- selecionar, no meio rural, agricultoresportadores de caracteristicas de liderança, dis-postos a seguir as orientações técnicas, e apre-sentá-Ios ao setor crediticio para financiamen-to;

- escolher, nas propriedades agricolas á-reasapropriadas ao emprego do método em foco;

- orientar tecnicamente osque adotarem o novo método.

b) Ao setor crediticio caberá:

agricultores

- após uma seleção, financiar os agricul-tores anteriormente selecionados pelo setor téc-nico, através do setor associativo.

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c) o setor associativo deverá:

- estabelecer perfeito entrosamento comos setores técnico e creditício;

- adquirir, no "mercado", insumos necessarios ao meio rural;

- receber, armazenar, beneficiar e comer-cializar os produtos agrícolas dos associados;

pagar os compromissos bancários;

restituir aos associados as sobras dosrecursos resultantes da comercialização, apos serem saldados os compromissos bancários e as des-pesas inerentes ao próprio setor associativo.

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CONDICOES E JUSTIFICATIVAS PARA PRODUCAO DE CON-SORCIOS NA AMAZONICA, ENFOQUE TEORICO

Jean Dubois1

o objetivo da presente exposição será a-presentar e analisar, de maneira precisa, deter-minados parãmetros primordiais, que justificam econdicionam a adoção de sistemas de produção emconsórcio, com referência especial, mas não exaustiva, a consórcios perenes.

Os cultivos de espécies alimentícias emconsórcio têm uma longa tradição entre numeroSascomunidades nativas dos trópicos úmidos.

As comunidades autóctones da Amazônia,quepraticam exclusivamente monocultivos, constituemcasos excepcionais (p. ex.: os matsiguengas, doalto Rio urubamba no Perú. Casevitz Renard1972) •

Amplamente generalizados entre os índiosamazônicos são os consórcios temporários ou se-mitemporários, que abrangem um grande número deespécies (Gasché 1975, Casanova 1980).

1Eng9 Florestal, Especializado em Desenvolvimen-to do Trópico Úmido. IICA-Trópicos. Cx. Postal917, 66000 - Bel~m, Parã, Brasil.

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No quadro dos consórcios nativos de ciclocurto, a distribuição espacial das espécies cul-tivadas é ponderada em função de dois critériosprincipais:

a) a acumulação mais ou menos intensa decinzas na roça depois da queima da mata. As manchas mais ricas em cinzas são reservadas às espécies mais exigentes (bananeiras, xanthosoma, co-locasia etc ...).

b) a variação das características pedoló-gicas dentro da mesma roça. Por exemplo, os C~~as do "Gram pajonal" (Per~) plantam a mandiocaem monocultivo na parte alta das colinas; na parte média da ladeira, associam mandioca e milho

·na proporção 90-10%; o consórcio cultivado naparte baixa do declive é constituído por 60% demilho e 40% de mandioca (Denevan 1971).

Nas proximidades da maloca, os índios costumam plantar consórcios perenes, abrangendo es-pécies alimentícias (GuiZieZma gasipaes, frutapão etc), frutíferas e medicinais. De um modogeral, estes consórcios perenes ocupam superfí-cies pequenas.

Poucas comunidades nativas da AmazôniatÊrna tradição de implantar e manter consórcios perenes·de dimensão consistente, utilizados como fon

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te essencial de produtos de subsistência; enqua~to que esta tradição é profundamente enraizada egeneralizada nas comunidades nativas das ilhasdo Pacífico, Sri Lanka, Malásia e Índia. O sis-tema agroflorestal de subsistência alcança umgrau de alta eficiência, por exemplo, na regiãode Kandy (Sri Lanka): o consórcio abrange o co-queiro e um grande número de espécies arbustivase arborescentes alimentícias, frutíferas e con-dimentícias (McConnel & Dharmafala 1978).

Os estudos dos sistemas nativos de prod~ção agrícola, ainda que incipientes, parecem in-dicar que os autóctones do trópico úmido, ao conjugar cultivos em consórcio e longos períodos depousio florestal (capoeira), buscam, concomitan-temente, maximizar a produção agrícola à custade labor mínimo, o que eles alcançam mediante oconsórcio múltiplo de espécies, e, por outro la-do, buscam manter a capacidade produtiva de suasterras a longo prazo.

A tendência que hoje se consolida no meiocientífico, de generalizar no trópico úmido agr~ecossistemas de cultivos em consórcio, correspo~de a uma crescente preocupação no que diz respe!to a preservação da qualidade do meio ambiente.

Por exemplo, no que tange ao conceito de

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equilibrio macroclimatológico, é particularmenteimportante determinar se o produto da evapotran~piração "continental" constitui um fator prepon-derante do ciclo hidrológico e da economia drá_gua a nivel de bacia.

Na Bacia do Mississipi, 90% da água rece-bida é de origem oceânica e, pelo menos teorica-mente, uma mudança radical da cobertura vegetalnatural, "a priori", não deveria provocar umaconsistente modificação do ciclo hidrológico.

Quanto à Bacia Amazônica, os estudos rea-lizados por um grupo de brasileiros indicam, pe-lo contrário, que o balanço hidrico dependeriaem 61,8% da evapotranspiração continental, ou s~ja, depende, significativamente, da evapo~ranspiração, ocorrendo numa imensa vastidão, mormente,coberta por florestas (Molion 1975;aI. 1977; Vila Nova et aI. 1976).

Marques et

Um desmatamento exagerado poderia modifi-car profundamente o ciclo hidrológico e as caracteristicas pluviométricas da região. O risco deperturbação seria particularmente patente no ca-so de substituir vastas áreas de florestas hete-rogeneas e poliestratadas nativas por sistemas deprodução monoestratados ou de estratificação vertical reduzida.

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A essa hipótese de fragilidade no nexo vegetação - macroclima, convém superpor a baixafertilidade da maior extensão dos solos amazôni-cos e o fato de que, - nessas condições de dis-trofia caracterizada -, a exuberãncia das matasnativas decorre da conjugação de fatores climat~lógicos favoráveis (água e luz solar) e biológi-cos (indice elevado de bioconversão da energiasolar, mecanismos eficientes de reciclagem dosnutrientes) .

Essas duas primeiras considerações, de c~ráter ecológico, não deixam de consolidar a con-vicção de que os agrossistemas, que mais se as-semelham ao ecossistema "mata natural", apresen-tariam uma maior segurança do ponto de vista daconservaçao do meio ambiente e uma melhor biopr~dutividade, particularmente em solos distrófi-coso

A Fig. 1 ilustra este conceito, ressalta~do a incidência da arquitetura e diversificaçãofloristica do sistema de produção sobre os parã-metros bioecológicos de base (lixiviação, compa~tação superficial do solo, acumulação do "litter"e húmus, grau de ocupação do solo e de eficiên-cia da reciclagem de nutrientes).

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CULTIVOS DE CICLO CURTO EBANANEIRAS POUSIO FLORESTAL (CAPOEIRA)

CURTOS: Degradação

SISTEMA AGRO FLORESTAL

FIG. 1. Arquitetura dos SiS\lemos de Produção.

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convém notar que precisamos realizar, ainda, muita pesquisa antes de alcançar uma conclu-sao ponderada quanto à universalidade, nos trópicos úmidos, do conceito aqui esboçado.

Podemos perguntar-nos, por exemplo, se oconsórcio EZaeis - Pueraria, de estratificaçãovertical, ainda relativamente rudimentar, é bio-ecologicamente inferior a sistemas de arquitet~ra mais sofisticados, como o consórcio Cordia-

Erythrina-cacau, de três estratos, ou ainda opróprio ecossistema florestal natural idealmentepoliestratado.

Por outro lado, segundo estudos conduzi-dos já há 25 anos na Âfrica Central (Yangambi)pelo INEAC, a evapotranspiração, em pastos bemmanejados e em mata primária não tocada, apresentaria valores praticamente iguais.

Porém, nos dois exemplos citados, - o consórcio EZaeis-Pueraria e a pastagem, convém no-tar que a estabilidade e a rentabilidade delesdependem da qualidade de manejo e aportes perió-dicos de fertilizantes. Requerem, portanto, umadeterminada capacidade financeira por parte dosprodutores.

Com a aplicação de fertilizantes, rota-çoes e tecnologias adequadas, os monocultivos,

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mesmo de ciclo curto, podem ser eficientes notrópico úmido, em termos de produção sustentada.

Na maioria dos casos, o uso sustentado daterra por monocultivo é factivel no trópico úmi-do por agricultores ricos que, na região, const~tuem ainda uma minoria social, e as expectativasde lucro dependem, em grande parte, de uma loca-lização estratégica das áreas cultivadas e dafertilidade natural do solo, numa região onde ossolos eutróficos ocupam uma baixa proporçao doterritório.

A eficiência dos monocultivos no que tan-ge a proteção do solo é variável, dependendo,particularmente, da densidade de cobertura quepodem proporcionar (comparar, por exemplo, o mo-nocultivo da cana-de-açúcar e o monocultivo dapimenta-do-reino) .

o uso de "mulch" pode amenizar os efeitosprejudiciais do monocultivo.

Assegura-se uma melhor proteção do solopela introdução de leguminosas de cobertura (e.g: EZaeis - Pueraria, cana-de-açúcar - Kudzu, Piper nigrum - mulch - Siratro, .••). Mas já setrata, na realidade, de consórcios! ••.

Independentemente dos argumentos ecológi-cos aqui aludidos, convém analisar os aspectos ~

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lacionados ao rendimento dos consórcios e dosrespectivos monocultivos.

Na maioria dos casos, ainda que cada umdos componentes do consórcio tenha, geralmente,um rendimento inferior ao do monocultivo corres-pondente, a sorna das safras do consórcio propor-ciona quase sempre urna renda maior por unidadede superficie. Esta vantagem se deve a urna me-lhor ocupação do espaço aéreo e do solo. As ex-ceções a esta regra são atribuidas a fatores deincompatibilidade ou competição (competição pelaluz, competição radicular, efeitos alelopáti-cos ...). No caso do consórcio "Cordia-Erythrina

-cacau (ou café)", por exemplo, se a Erythrina

não for submetida à decapitação anual e podas a-dicionais, ela provoca urna sensivel queda na pr~dução do cultivo principal (comparar a conduçãodeste consórcio na Costa Rica e em Tomé-Açu) •

o modelo dinâmico de crescimento de umplantio uniforme de coqueiros "altos", - de den-sidade tradicional -, é tal que possibilita cul-tivos intercalados rentáveis durante dois perio-dos da vida do coqueiro, segundo experiências re2lizadas na Malásia Ocidental (Denamany et aI.1978 e Sheperd et aI. 1977):

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a) de um lado, durante os seis a oito primeiros anos após o plantio dos coqueiros (arroz,milho, mamão, banana, pimenta-do-reino ••.) i

b) e, por outro lado, após o vigãsimo ano(mandioca e outros cultivos de ciclo curto, pas-to, espécies perenes, particularmente o cacau).

Entre, aproximadamente, o oitavo e o vi-gésimo ano, o sombreamento provocado pelos co-queiros dificulta a manutenção de consórcios rentáveis.

As características favoráveis demento em plantios maduros de coqueirossão aproveitadas na Malásia e nafndiamanejo de diversos consórcios:

sombrea"altos"

para o

a) consórcio coqueiro-cacau: a produçãodecopra nao é afetada pelo cultivo intercalado decacau (Shepherd 1977), pelo menos, quando as reservas de água no sítio não constituem um fatorlimitante.

Uma pesquisa desenvolvida na Tailândia sugere a existência de relações sinergéticas entreos dois cultivos (Nair et aI. 1975).

b) em Sumatra e Java, os consórcios múltipIos com coqueiros são praticados tradicionalmente, particularmente nas pequenas propriedades

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rurais, constituindo um dos sistemas de maiorrentabilidade financeira nesta região (Watson198O) •

As espécies integradas no consórcio saoo coqueiro, arroz, milho, mandioca, amendoim,feijão, gengibre, patchuli, pimenta-de-cheiro, ca-fé, banana, cravo, cinamomo, jaca e outras espé-cies frutíferas e, em geral, a pimenta-do-reinoapoiada nos fustes dos coqueiros.

Os consórcios com o dendê apresentamres limitantes mais intensos pelo menos, atir do quinto ou sétimo ano após o plantio,ças a densidade da sombra.

fatopar-gra-

Uns consórcios experimentados na MalásiaOcidental (Lee Aik & Kasbi 1978), na Sierra Leo-ne (Nifor s.d.) e na Nigéria (Sparnaaij 1:957; L~gemann et aI. 1975) estão produzindo, todavia,resultados animadores durante a fase juvenil dodesenvolvimento do dendê.

A maioria das nossas espécies cultivadassao heliófilas. As espécies, que antes de suadomesticação convivem no sub-bosque de matas na-tivas, têm, liapriori", uma capacidade de produ-ção quando cultivadas sob sombra. Porém, umgrau exagerado de sombra (com efeitos adicionaisde maior competição radicular) provoca um sensí-

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vel decréscimo da-rentabilidade efetiva na maio-ria dos casos.

No que tange ao cacau, por exemplo, osrendimentos máximos são observados em monoculti-vos estabelecidos em solos eutróficos, condiçõesótimas de reservas d'água no solo e fertilizaçãoperiódica do solo.

Segundo Alvim (1966), a principal vanta-gem do sombreamento é aparentemente compensar f~tores desfavoráveis tais como a baixa fertilida-de do solo, deficiência de água e a incidência depragas e doenças.

Neste caso, o sombreamento, que automati-camente concretiza um consórcio, e basicamenteum dispositivo de compensação.

Existem, no entanto, plantas domesticadasque mantém seu caráter original de espécie umbrófila obrigatória (p. ex.: o cardamomo = Eletta-

ria cardamomum), requerendo, portanto, o culti-vo em consórcio (p. ex.: consórcio bananeira-cardamomo).

Os sistemas agroflorestais densos e cultivos perenes em consórcio poliestratado apresen-tam vantagens, que muitas vezes não recebem todaa atenção que merecem. Gostaríamos de caracterizar algumas delas:

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a) Vantagens ergomitricaso agricultor que pratica exclusivamente

uma agricultura de ciclo curto desempenha suastarefas de campo em pleno sol. O desmatamento,a coivara e o preparo da terra para cultivos deciclo curto bem como as freqüentes limpezas rea-lizadas em campo aberto requerem um grande gastofisico e a renovação destas tarefas ano apos ano.

Uma vez implantado e verticalmente desen-volvido, o consórcio perene poliestratado provi-dencia sombra ao camponês e produz de uma manei-ra continua, exigindo somas relativamente dimi-nutas para sua manutenção.

b) Vantagens econômicasA manutenção de niveis satisfatórios de

rendimento nos consórcios perenes po1iestratadosmobiliza menos insumos que os monocu1tivos de cic10 curto, em regime de produção prolongada oupermanente.

A este respeito, pode-se dizer que os mo-nocu1tivos intensivos, em geral, estão mais aoalcance do grande proprietário rural, enq~antoque os cultivos em consórcio, particularmente osperenes po1iestratificados, são mais adaptadosaos projetos que visam a promoção sócio-econômi-ca dos pequenos agricultores.

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No caso de calamidade climática(seca pro-longada, inundação), os sistemas agroflorestaise os consórcios poliestratados apresentam um risco agronômico nitidamente mais atenuado que osmono e policultivos de ciclo curto.

c) Vantagens politico-sociaiso nomadismo das populações rurais, em a-

reas de crescente pressão demográfica, constituium dos mais ár9uos problemas a nível de manejoterritorial e de aproveitamento racional dos re-cursos naturais renováveis.

Uma ampla difusão de sistemas agroflores-tais e consórcios perenes poliestratados não deixaria de "enraizar" as comunidades, facilitando,portanto, o controle do avanço das fronteirasagrícolas.

Na Amazônia, grandes extensões de matasnativas 'são convertidas em pastos, no quadro deprojetos de pecuária extensiva.

Em determinados tipos de solos e climastropicais, uma' pastagem bem manejada pode contribuir para melhorar as características originaisdo solo (Falesi 1976).

porim, convim admitir que, na prática, 2

maioria das pastagens artificiais estabelecidasna Amazônia são mal manejadas.

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Por outro lado, nao se tomou em conta anecessidade de manter grupos de arvores ou cor~inas arborizadas para a proteção do gado: os ani-mais transitam sem nenhum abrigo, transpirandode um modo continuo e levam mais tempo para che-gar ao seu peso de corte.

Para consolidar um sistema silvo-pastoril,temos basicamente duas alternativas:

a) ao derrubar e queimar a mata, manterem pé umas árvores judiciosamente selecionadas.O maior problema reside no fato de que muitas á~vores da mata nativa, uma vez isoladas, sofremum choque fisiológico e morrem, e não sabemosquais as espécies capazes de resistir a este choque. Por outro lado, as leguminosas arborescen-tes da mata nativa não teriam nódulos radicula-res para fixar o nitrogênio atmosférico, e quasetodas nao são forrageiras.

b) explorar a mata nativa e eliminar o povoamento residual e, em seguida, ao estabelecera pastagem, introduzir espécies arbustivas e ar-borescentes, ~referencialmente forrageiras legu-minosas fixadoras do nitrogênio atmosférico.

Aqui, o fator limitante se relaciona aprática de queimas anuais das pastagens, que di-ficulta ou impossibilita a introdução deste sis-tema.

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Este fator limitante seria superado no caso de pastos de Brachiaria humidicoZa que, peloalto grau de sua agressividade, nao requerem umregime de queima anual.

A associção de leguminosas forrageirashe~báceas em pastagem de Brachiaria humidicoZa epraticamente impossível, por razão desta mesmaagressividade.

Sua associação com forrageiras arbustivas(Desmodium spp, Leucaena, Desmanthus, virgatus,Sesbania spp ... ) e arborescentes (Leucaena arbo-rescente, PitheceZobium saman, Acacia spp •.. ) s~ria viável, mas o fato deve ser verificado expe-rimentalmente.

Daccarett & Blydenstein (1968) realizaramum estudo em Turrialba (Costa Rica) que demons-trou ser a percentagem de proteína~ nas gramí-neas forrageiras, que crescem ao redor de Ery-thrina, significativamente superior as taxas ob-servadas nas gramíneas, que crescem fora da zonade influência desta leguminosa.

O uso mais generalizado de leguminosas,emsistemas perenes e outros como silvopastoris, d~ve ser recomendado (Cajanus indicus, Inga spp,T~marindus indica, •..), inclusive a introdução deDesmodium ovaZifoZium, como leguminosa de cober-tura em consórcios poliestratados.

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SISTEMAS DE PRODUÇ~O DE GUARANA CONSORCIADOCOM CULTURAS DE EXPRESS~O ECONOMICA

Acilino do Canno Cantol

INTRODUÇ1\Oo guaranazeiro é originário da região ama

zônica. Seu uso data de muito tempo e se remontaà tradição indígena desta parte do Brasil. O E~tado do Amazonas detém cerca de 80% da produçãonacional e mundial.

A produção do guaraná é ainda incipienteem relação às nec~ssidades interna e externa (T~bela 1 e 2). A produtividade média da cultura noestado - 165 kg de amêndoas secas/ano, é considerada baixa. As estimativas da produção e do déficit de amêndoas de guaraná em 1980, para o atendimento de três mercados (uso de r~frigerantes)já estudados, são de 2.587 t e, para 1985, de5.479 t de amêndoas secas (Tabela 3). Considerando os déficits projetados, e uma produtividademédia de 400 kg/ha/ano, a área a ser plantada de1980 a 1985 será de 6.467 ha e 13.697 ha, respe~tivamente (Tabela 3).

1 Eng<?Agr9, M.S. Pesquisadorda UEPAE de Manaus, Cx. Postal 455, 69000 - Manaus, Arrazonas,Brasil.

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Ressalte-se que o uso do guaranã, atualmente, não se limita apenas ao fabrico de refrigerantes. Seus componentes quimicos, elevadosteores de cafeina, teobromina e teofilina, ofer~cem nova perspectiva graças à demanda do produtopela indústria farmacéutica.

o sistema de cultivo predominante naregião é o da monocultura. Os produtores de guaraná começam a obter retorno de seus cultivos somente a partir do quinto ou sexto ano, além dedeixar o solo exposto às intempéries, que nostrópicos são consideráveis. Pesquisas com consórcios visam atenuar o impacto da descapitalizaçãona fase de implantação do guaranazal, fomentar adiversificação de culturas e identificar qual osistema de cobertura de solo que mais o protegedos efeitos danosos do clima.

Diversos consórcios estão sendo estudadose alguns já apresentam resultados estimuladores.

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TABELA 1. Produção de fruto do guaraná no peri~do de 1970 a 1979

Anos Quantidade(t)

1970 188

1971 204

1972 222

1973 180

1974 195

1975 221

1976 310

1977 400

1978 440

1979 650

Fonte: CODEAMA

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TABEIA 2. projeção da demanda interna do guaraná

AnosPrcxlutos

1981 % 1982 % 1983 % 1984 %

Bastão(em t) 126 17 154 16 187 16 227 15

Guaraná em pó(em t) 128 18 173 18 232 20 313 21

..•. Extrato fluído-..:a (em litros) 320.600 405.500 512.900 648.800elO

(em t)a (480) 65 (610) 66 (770) 64 (975) 64

T o tal (t) 734 100 937 100 1.189 100 1.515 100

Fonte: CFAG/AM- Guaraná - série Perfil Industrial

a Guaraná em rama utilizado no extrato

Taxa de Crescimento: 1975/1977

Bastão - 21,58%

Guaraná em pó - 34,52%Extrato fluído - 26,49%

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~ 3. Ârea a ser plantada para cobrir os déficits de amêndoas projetados nostrês rrercados estudados

..•....•CD

AnoDéficit projetado

(t)N9 de hectares aserem estudados

produtividade(kg/ha)

1980 2.587 6.467400

1985 400 13.6975.479

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Consórcio guaranã x feijão (Vigna

(L.) Walp) + Milho (Zea mays L.)unguiculata

As culturas de feijão e milho ocupam asentrelinhas do guaraná, aproveitando cerca de60 a 70% da area nos dois primeiros anos, e 50%no terceiro cultivo.

Foram feitos três cultivos de feijão, utilizando-se adubação química com formulação deN, P, K na base de 30 - 200 - 60 kg/ha, 30 - 150-60 kg/ha e 30 - 100 - 60 kg/ha de N, P205 e K20,no primeiro, segundo e terceiro cultivo, respe~tivamente, e os rendimentos obtidos foram de772 kg/ha (1978), 978 kg/ha (1979) e 765 kg/ha(1980) (Tabela 4). A queda de produção ocorreu

por causa da redução da área no último cultivo(50% apenas).

Já os rendimentos obtidos nos dois cultivos de milho foram 1.164 kg/ha (1978/1979) e2.579 kg/ha (1979/1980), utilizando-se adubaçõesquímicas complementares de 60 kg de N/ha (prime!.ro cultivo) e 60 kg de N/ha mais 50 kg de P205/ha no segundo cultivo. Em solos de terra firme,o produtor, no sistema usual (sem adubação e,cultivo solteiro~ obtêm produtividade em torno de300 e 500 kg/ha de feijão e milho, respectivamente.

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...•.co...•.

TABEIA 4. Produção (kg/ha) de feijão-caupi + milho, quando consorciado com gua-ranazeiro - 1979

Cultura 1978 1979 1980

Feijão-caupi 772 (70% da área) 978 (70% da área) 765 (50% da área)

Milho 1.164 (80% da área 2.579 (60% da área)

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Consórcio guaranã x batata-doce(Ipomea batatas Poir)

o consórcio guaraná x batata-doce se constitui em urna das alternativas para o produtor.Caso se efetuem dois cultivos anuais de batata--doce, estes oferecem urna receita líquida que v~ria de Cr$ 40.735,00 a Cr$ 80.843,00/ha e perm!te ressarcir as despesas com o tutoramento doguaraná, prática viável sob o ponto de vista técnico e considerada, até então, inacessível aoprodutor em virtude do seu alto custo (Cr$43.060,00/ha em 1979).

De acordo com a análise de rentabilidadetecnológica, que envolve a participação da batata-doce, verificou-se que é dominante sem nenhumaprobabilidade de prejuízos.

Consórcio guaranã x feijão (Vigna unquicul.ata (L)Walp) + Mandioca (Manihot esculenta Grantz)

Como o feijão, a mandioca é consideradaum dos principais produtos da dieta alimentar dohomem na região.

utilizou-se o espaçarnento de 3 m x 5 m p~ra o guaraná. As culturas consorciadas ocuparamas entrelinhas do guaraná. O feijão foi semeadoem maio/78. A cultivar utilizada foi a IPEAN V

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- 69 e a adubação química foi a seguinte: 30 kgde N/ha, 200 kg de p205/ha e 60 kg de K2~/ha.

O rendimento médio de feijão obtido nessecons6rcio foi de 560 kg/ha. Essa redução na pr~dutividade atribui-se ao fato de que a colheitafoi efetuada sob condições de intensa precipitação pluviométrica, ocasionando, portanto, altapercentagem de perda no campo.

O plantio da mandioca foi efetuado em dezembro/78, nas entrelinhas do guaraná (quatro fileiras de mandioca/entrelinhas), no espaçamentode 1 m x 1 m, aproveitando-se cerca de 80% daárea, bem como o efeito residual da adubação dofeijão.

As manivas utilizadas neste experimentoforam oriundas do produtor local. Foram feitasduas colheitas no primeiro ano (1979), uma aosseis meses e outra aos doze meses. Procedeu-se osegundo cultivo na mesma área, desta vez ut~lizando-se apenas três linhas de mandioca (60% daárea). Os rendimentos médios obtidos encontram--se na Tabela 5.

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'mBEIA 5. Dados médios de prcdução, percentual de amido e rendimento industrialdas culturas consorciadas

CUlturas Colheita Produção Amido Rendirrento

kgjha industrial..•. - - - ~-~ ~-~ ~ ~---~--_._ .. - ~00~

Feijão-caupi - 560

Mandioca 6 meses (1979) 9.000 29 22

Mandioca 12 meses (1979) 13.000 28 20

Mandioca 6 meses (1980 6.548 27 21

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Consórcio guarana x maracujã (Passifloraedulis Varo flavicarpa Deg)

A cultura do maracujá constitui-se, parao estado, em uma das grandes opções agrícolas,umavez que, no momento, há escassez do produto eperspectivas de industrializaç~o de fruteiras regionais. Por outro lado, ~ planta adaptada: enquanto nos tr6picos o maracujazeiro produz dura~te os doze meses do ano, nas outras regiões doPaís o período de produção ~ de apenas oito adez meses.

o experimento foi instalado em maio de1978 e tem como objetivos amortizar os custos deimplantação do guaranazal e estudar o comportamento do guaraná nas condições de cons6rcio. Oguaraná foi plantado no espaçamento de 3 m x 3 me será conduzido no sistema de espaldeira. Ambasas culturas foram plantadas na mesma cova. Est~osendo avaliados dois espaçamentos para o maracujá, 3 m x 3 m e 3 m x 6 m. Foram feitas três adubações químicas nas dosagens de 45g de N, 45g deP205 e 30g de K20, por planta, durante o prime!ro ano de produção do maracujá, al~m da adubaçãoorgânica feita por ocasi~o do plantio, em queutilizaram-se 3 kg de composto orgânico por cova.

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As produções obtidas em 18 meses foram de16,3 t/ha (espaçamento 3 m x 3 m) e 10,3 t/ha(espaçamento 3 m x 6 m). Acrescenta-se que as

produtividades obtidas sio consideradas expressivas, se for levado em conta aue em outras re-giões e em cultivos solteiros, no primeiro ano,a produçio, por hectare, oscila entre oito a deztoneladas.

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\

SISTEMAS DE CONSORCIO PARA SOMBREAMENTO DOCACAUEIRO PROBLEMAS E PERSPECTIVAS

lvan Crespo SilvalMoisés Moreira dos Santos2

INTRODUÇAOo cacaueiro é uma olanta originária do

continente americano, provavelmente da bacia dosrios Amazonas e Orenoco, onde até hoje pode serencontrado em estado silvestre. Na literatura botânica, o cacaueiro está enquadrado na familiaSterculiaceae, gênero Theobroma, tendo sido inicialmente descrito por Charles L'ecluse sob a denominação de Cacao fructus e, posterioemente, porLineu como Theobroma cacao.

Ecologicamente, todas as espécies do gên~ro Theobroma são encontradas no estrato inferiorda floresta tropical, onde predominam condiçõesde temperatura e umidade elevadas. A distribuição do cultivo está limitada pelo paralelo de

o20 , ao norte ou sul do equador, sendo a maiorconcentração localizada a 100 N ou 100 S, gera!

1 Eng9 Florestal, Pesquisador CEPLAC/DEPEA2 Eng9 Agr9, Pesquisador CEPLAC/DEPEA

Cx. Postal 1801, 66000 - Pelém, Pará, Brasil.í~

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mente em áreas de pouca elevação.

A ocorrência do cacaueiro, vegetando noestrato inferior da floresta, foi, aparenteme~te, o fator responsável pelo estabelecimento tradicional do cultivo sob sombreamento denso,cabroca ou sob bosque. Entretanto, investigaçõesde após guerra mostraram que o cacaueiro aprese~ta maior produtividade quando cultivado a plenosolou sob sombreamento moderado.

REQUERIMENTOS DE SOMBRA DO CACAUEIROOs estudos pioneiros sobre o efeito da

sombra no crescimento e produção do cacaueiro foram realizados no Colégio Imperial de Trinidad,ao final da década de 40. Os resultados obtidosrevelaram que as necessidades de sombra do cultivo diminuem com a idade da planta e o nível defertilidade do solo.

A Fig. 1 resume a relação teórica entre ograu de sombreamento e o nível de fertilidade dosolo em urna plantação produtiva de cacau. Deve--se ressaltar que, nos estágios iniciais de crescimento (dois - três anos), o cacaueiro necessita de urna intensidade luminosa variável entre 25e 50%, sendo praticamente impossível a implantaçao deste cultivo sem algum tipo de proteção contra a radiação solar ou a ação dos ventos.

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100908070605040302010O~~~~~~L-~-J

.I"<:.~---------""Tl00 ::te~--------------~90 o

~).-------~ 80 •....T-------------T70 ~

'--------+60 ~r-------T50 ooC't--------+ 40 g-'-"-----+ 30 g

a::'Ir-----+20· ~

- --+10

O

C"fRTlLlOAOf 00 SOLO

FIG. 1. Efeito da interoçõa sombro x .iyel de fertilid·ode do 1010sobre o produçõo do cacaueiro.

Fonte: Alvim ( 1977)

Experimentos efetuados em diversos paísesprodutores demonstraram que, após o estágio inicial de crescimento ou quando a plantação encontra-se auto-sombreada, a produção do cacaueiro émais elevada a pleno sol do que sob sombra densa.

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A Fig. 2 contém os dados do ensaio realizado emGana, durante quatorze anos, onde se observa quea remoção do somBreamento e a aplicaç~o de fert!lizantes ocasionaram aumentos de produç~o da ordem de 200% sobre a testemunha, sombra sem adub~ção. Deve-se notar, porém, que a produção dos tratamentos não sombreados começou a declinar a paE,tir do décimo ano experimental, fato atribuído ãperda de matéria orgânica e elementos mineraisdo solo, defici~ncia hídrica causada pela intensificação da ação dos ventos e maior incid~nciade pragas e plantas parasitas.

Em virtude dos problemas encontrados como cultivo do cacaueiro a pleno sol, parece que oestabelecimento da plantação sob sombreamento moderado U5 - 80% de luz) constitui o método maiseconômico e adequado, para amenizar os efeitosadversos do ambiente. A redução do sombreamentode 70 - 100 árvores/ha para 30 - 35 árvores/ha,combinada com a aplicação de fertilizantes, temsido o principal fator responsável pelos acrésc!mos de produção obtidos nos últimos anos, nasplantações tradicionais do sul da Bahia.

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'F1'6. ~ - Ehit'Os da re,mo'ç'40 11. 'S'~mb'r'á e do apl'icoção de fettilizantu na produçã,o d'b co'COueiroFonte! Aheilkoróh •• 01. (1974).

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Em resumo, deve-se-dizer que a principalfunção do sombreamento é proteger o cacaueiro defatores adversos do ambiente, tais como: baixafertilidade natural do solo, distribuição irregular de chuvas, evapotranspiração excessiva emaior incidência de insetos. Naturalmente, se todos esses problemas puderem ser evitados sem ouso do sombreamento, o cultivo do cacaueiro apleno sol é o sistema mais produtivo de explor~ção da cacauicultura.

SISTEMAS DE PRODUÇ~O DE CACAUA Tabela 1 mostra os sistemas de produção

atual dos principais países produtores de 6acau.peve-se ressaltar, entretanto, que nos países daAfrica Ocidental (Gana, Nigéria, Costa do Marfimetc.) o método da cabroca ou broca do sub-bosqueconstitui, ainda, o sistema de estabelecimentopreferido pelos agricultores locais. Nesses paises, é comum a utilização da área brocada com oplantio de cultivos alimentícios (mandioca, milho, inhame, banana etc.) para consumo familiar.

Os dados da Tabela 1 indicam que, em exceçao à Costa do Marfim, os demais países usam doistipos de sombreamento: provisório e permanente.O sombreamento provisório, ger-almente utilizado,é constituído de cultivos alimentícios, sendo o

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sorr~reamento permanente de espécies daLeguminosae. Acredita-se que as árvoresespécies contribuam para a economia denio na plantação de cacau.

famíliadessas

nitrog§.

Na Costa do Marfim o sistema recomendadoé o da regeneração natural da floresta (recrusnaturelle), ficando a plantação de cacau a plenosol no quarto ou quinto ano de campo. Em geral,essas plantações são estabelecidas em ambienteflorestal, onde a mata funciona corno proteçãocontra a ação dos ventos.

A Malásia, após a tentativa do plantioconsorciado com o coqueiro (Cocus nucifera),ex

perimenta atualmente o sistema de caixas (boxes)ou sombreamento lateral. O sistema consiste noplantio da gliricídia corno sombra provisória,gradualmente raleada em função da idade da pIa!:tação de cacau. Ao final do quarto ou quinto anopermanece somente a gliricídia plantada nas lat:=,rais da área, em um formato semelhante ao de urnacaixa (box). Os resultados obtidos, até o momen

I to, indicam que esse sistema pode ser estabelecido em áreas de 0,8 a 1,2 ha.

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TABElA 1. Sistemas de produção de cacau em diferentes países

Espaç. do 5anbra 5anbra posição noPaís Espaç. Espaç. rrercado

cacaueiro provisória permanente produtor

Costa do Marfim 2,5 m x 2,5 m Regeneração - Pleno sol - 19da Floresta

Brasil 3,0 m x 3,0 m Banana 3 m x 3 m Erythrina spp. 24 m x 24 m 29Inga cinammonea 18 m x 18 mGmeZina arborea 24 m x 24 m

Gana 3,0 m x 3,0 m Banana, 6mx6m TerminaZia 18 m x 18 m 39..•CD Maniçoba, ivorensis,~

Leucaena e ErythrinaMandioca

Nigéria 3,0 m x 3,0 m Banana, 6rnx6m T. ivorensis, 18 rn x 18 m 49Maniçoba, Erythrina spp,Leucaena eMandioca

Malásia 3,0 m x 3,0 m GZiricidia spp, 1rnxlm AZbizia spp. 18 m x 18 mCocus mucifera 9 m (Quincôncio)

Equador 4,0 m x 4,0 m Banana 4 m x 4 rn Erythrina spp. 24 m x 24 m ouInga spp. 18 m x 18 m

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sorr~reamento permanente de espécies da famíliaLeguminosae. Acredita-se que as árvores dessasespécies contribuam para a economia de nitrog§.nio na plantação de cacau.

Na Costa do Marfim o sistema recomendadoé o da regeneração natural da floresta (recrusnaturelle), ficando a plantação de cacau a plenosol no quarto ou quinto ano de campo. Em geral,essas plantações são estabelecidas em ambienteflorestal, onde a mata funciona corno proteçãocontra a ação dos ventos.

A Malásia, após a tentativa do plantioconsorciado com o coqueiro i Coou.e nucifera), e xperimenta atualmente o sistema de caixas (boxes)ou sombreamento lateral. O sistema consiste noplantio da gliricídia corno sombra provisória,gradualmente raleada em função da idade da pIa!.:tação de cacau. Ao final do quarto ou quinto anopermanece somente a gliricídia plantada nas lat::rais da área, em um formato semelhante ao de urnacaixa (box), Os resultados obtidos, até o momen

I to, indicam que esse sistema pode ser estabelecido em áreas de 0,8 a 1,2 ha.

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'I1IBEIA 1. Sistemas de produção de cacau em diferentes países

Espaç. do Sanbra Sanbra posição noPaís Espaç. Espaç. mercaôo

cacaueiro provisória permanente prooutor

Costa do Marfim 2,5 m x 2,5 m Regeneração - Pleno sol - 19da Floresta

Brasil 3,0 m x 3,0 m Banana 3 m x 3 m Erythrina spp. 24 m x 24 m 29Inga cinammonea 18 m x 18 mGmeZina arborea 24 m x 24 m

Gana 3,0 m x 3,0 m Banana, 6mx6m TerminaZia 18 m x 18 m 39..•CD Maniçoba, ivorensis,.".

Ieucaena e ErythrinaMandioca

Nigéria 3,0 m x 3,0 m Banana, 6 m x 6 m T. ivorensis, 18 m x 18 m 49Maniçoba, Erythrina spp,

Ieucaena eMandioca

Ma1ãsia 3,0 m x 3,0 m Gliricidia sr:p. 1mx1m Albizia spp. 18 m x 18 m

Cocue mucifera 9 m (Quincôncio)

Equador 4,0 m x 4,0 m Banana 4 m x 4 m Erythrina spp. 24 m x 24 m ou

Inga spp. 18 m x 18 m

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EXPERItNCIA DE CONSORCIO DO CACAUEIROEM PAIsES PRODUTORES

A Tabela 2 resume a experiência de algunspaíses produtores, com sistemas consorciados docacaueiro e outros cultivos perenes de aproveit~mento econômico.

o sistema de consórcio cacau x seringue.:!:.ra foi tentado inicialmente no Ceilão e, poste-rioemente, na Malãsia, em plantações da Dunlop.O cacaueiro foi estabelecido sob urna plantaçãonormal de seringueira (476 ãrvores/ha), verificando-se, ao final de alguns anos, urna baixa pr~dutividade do cacaueiro, em virtude do excessode sombreamento e competição interespecífica porágua e nutrientes. Em um segundo experimento, ocacaueiro foi implantado na densidade de 400,600 e 800 plantas/ha, sob plantio raleado deseringueira. Neste ensaio, foram observadas dificuldades de formação da copa do cacaueiro eincidência elevada de insetos. Outro problema aconsiderar ê o fungo phytophthora paZmivora,age~te causal da podridão parda do cacaueiro e cancro do painel da seringueira.

195

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TABELA 2. Alguns experimentos de consórcio do cacaueiro com outros cultivos perenes de aprove~tamento econômico

Natureza doconsórcio ObservaçõesLocal do

experimento Início

Cacau x seringueira

Cacau x coqueiro

-o.CDQ)

Cacau x laurel

cacau x castanheira

Cacau x mogno

Ceilão,Malãsia

Malásia

Costa Rica

Manaus, AM

Ouro Preto, RO

1959,1960

1964

1974

Excesso de sombra para o cacaueiro no "stand"normal de seringueira e competição por águae nutrientes;hospedeiro de Phythophtora paZmivora

Provoca desbalance nutricional do cacaueirograças a alta exigência em K;a rentabilidade do coco com cultivos alimentícios é maior do que com cacaueiro;maior rentabilidade do cacaueiro em monocultivo.

Dificuldade na exploração econômica do laurel;renovação foliar do laurel no período seco,possivelmente com reflexos negativos para ocacaueiro;excesso de sombra, provocada pela densidadepopulacional do laurel (180 árvores/ha).

1972-75 Excesso de sombra, ocasionando baixa produtividade do cacaueiro; -inexistência de produção da própria castanheira.

1971-72 Ocorrência de Hypsiphyla q r an de la que dizimouo .sombxaamento de. mogno

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Na Malásia, o plantio consorciado do cacaueiro e do coqueiro foi iniciado em 1~64. Aidéia era aumentar a rentabilidade do pequenoprodutor de coco do País. Apesar do cacaueirocontribuir para aumentar a produtividade do coqueiro, os resultados demonstraram que os elevados níveis de K, exigidos por desse cultivo, p~dem ocasionar um desbalance nutricional do ca-caueiro e conseqüente decréscimo na produção. Oestabelecimento do cacaueiro em cultivos puros,ou o consórcio do coqueiro com culturas alimentícias, tem-se mostrado mais rentável do que o sistema cacau x coco.

O sistema laurel x cacau foi implantadoem Turrialba - Costa Rica, em populações espontª-neas de laurel, com aproximadamente 20 anos deidade. Atualmente, o sistema se encontra em equ!líbrio, porém não se conhece a evolução da associação laurel x cacau, desde o princípio. Estefato impede que se façam conjecturas sobre oestabelecimento artificial de tal associação.

Vale ressaltar que o laurel, neste teste,apresentou um número médio de 180 árvores/ha,densidade normal para exploração madeireira, causando, porém, excesso de sombra para a fase pr~dutiva do cacaueiro. Ademais, o laurel processaa renovação foliar no período seco, provocando,

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possivelmente, efeitos negativos sobre o cacaual.

Segundo Budowski (Informação) 3, a exploraçao madeireira do laurel deve ser efetuada porocasião da renovação da plantação de cacau (emtorno de 50 anos), o que nos permite concluirque a import~ncia do sistema estã restrita, basicamente, à valorização potencial do terreno.

~ importante mencionar que o laurel ê utilizado tambêm associado ao cafê, apresentando r~sultados satisfatórios, sem prejuízos aparentespara as duas culturas.

Na região amazônica, a primeira tentativasistemãtica de consórcio do cacaueiro foi realizada com o mogno no Território Federal de Rondônia. A incidência de HypsipyZa grandeZa, urna lagarta que ataca os brotos terminais daquele cultivo, dizimou todas as ãrvores do mogno. Em 1972,foi implantado o consórcio cacau x castanheira,em Manaus, no espaçamento de 15 m x 15 m, apr~veitando urna plantação de castanha existente nokm 3 da estrada do Aleixo. O excesso de sombrada castanheira, causando urna baixa produtividade

1 '- BUDOWSKI, G. Jefe Programa de RecursosNaturales.Turrialba, Costa Rica, CATIE, feb. 1978.

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do cacaueiro, e a inexistência de produção daqu~le cultivo fizeram com que o experimento fossecancelado em 1975.

Em síntese, pOde-se concluir que os exp!:.rimentos sobre sistemas de consórcio do cacaueiro com outros cultivos perenes de aproveitamentoeconômico são, ainda, bastante escassos e constituem um desafio para o pesquisador. Ao contrário do que tem sido obtido nos consórcios do cacaueiro com cultivos alimentícios (sombra prov~sória), onde o retorno do investimento fi imediato e contribui para minimizar as despesas de estabelecimento da plantação, o seu consórcio comcultivos perenes tem apresentado problemas dedifícil solução. Alfim disso, a experiência temdemonstrado que os cultivos perenes em monocult~ras sao mais rentáveis do que em sistema de consórcio.

EXPERIMENTOS DE SISTEMAS DE PRODUÇ~ODO CACAU NA AMAZONIA

o programa de sombreamento do cacaueirona Amazônia é constituído, basicamente, de trêsfases: a) seleção de espficies; b) coleção de matrizes em arboreto; c) testes de campo em plan-tios consorciados com o cacaueiro.

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A Tabela 3 contém um sumário dos experi-mentos que estão sendo executados no campo. Oe~perimento "Determinação de Sistemas de Implan't~ção de Lavoura de Cacau" visa conhecer o campo,!:.tamento do cacaueiro nos tr~s a quatro primeirosanos e em consórcio com cultivos alimentícios oude interesse regional e local. O sombreamentope,!:.manente é formado por plantios heterog~neos constituídos por jacarandá, vinhático, diphysa, laureI, gmelina, gliricídia, erythrina e ingá.

O experimento cacau x pupunha é um trabalho que objetiva determinar a possibilidade decultivo do cacaueiro associado com uma palmeirade potencial alimentício para a região. Neste experimento, a pupunheira foi estabelecida em espaçamentos variáveis, para se determinar a melhordensidade de plantio em consórcio com o cacaueiro.

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TABELA3. Sistemas de produção em experiência na Amazônia

Experimento De!. Exp. Tratarrentos Locais

Det. de sistemas Blooos, l-cacau x banana x Ml Pará, Rondônia,de implantação de 3 repe- 2-Cacau x guandu x ~ Amazonas, Maralavoura de cacau lições 3-cacau x maml30 x Ml nhão e Mato Gros

4-Cacau x gliricidia 50.

S-Cacau x rnamonax ~&-Cacaux mani.çobax Ml7-cacau x mandioca x Ml8--Cacaux parida sp.

9-Cacau x regeneração naturallD-Cabroca

Cacau x pupunha Blooos, l-Pupunha 6 m x 6 m Amazonas4 repe- 2-Pupunha 8mx 8 mlições 3-Pupunha6 m x 12 m

4-Pupunha 12 m x 12 m

Cacau x café x'se Blooos, l-Cacau Amazonase Matoringueira 3 repe- 2-Seringueira Grosso.

lições 3-café4-cacau x café x seringueira

Cacau x casta- Blooos, l-castanheira 10 m x 10 m eametã-PAnheira 2-4 re- 2-Castanha 20 m x 20 m

netiç0es 3-Castanha 20 m x 40 m

~ Sistema heterogêneo de sombreamento permanente constituído delaurel, vinhático, jacarandá, gmelina, dyphisa, Erythrina e ingá.

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o objetivo fundamental do consórcio ca-cau x café x seringueira é ámenizar ou eliminaros problemas relacionados com as principais enfermidades desses cultivos. Acredita-se que o estabelecimento desse consórcio, de forma a que-brar a continuidade populacional das espécies eoferecer proteção contra a ação dos ventos, po~sa reduzir a incidência de doenças nos três cultivos, especialmente de Crinipellis perniciosa,agente causa~ da Vassoura de Bruxa do cacaueiro.

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BHAT, K.S. & VAPAPPA, K.V.A. Cocoa under plams,s.l., Cocoa and coconuts in Malasya, 1~72.p.116-26.

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workand

MURRAY, D.B. A shade and fertilizer experimentwi th cacao. 111. In: Imperial College TropicalAgricul ture, Trinidad, Report on Cacao Research,

203

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1953. 1954. p.30-37.

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WESSEL, L. Fertilizer requirernent of Cacao(Theobroma cacao L.) in South-Western Nigeria.s.l. Koninklihk Instituut Viir de Tropen,1971 (Cornunication, 61) l04p.

204

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EXPERIMENTOS DE CONSORCIAÇAO COMFRUrTFERAS NO INPA

David A:r:kcolll

INTRODUÇAOOs sistemas agroflorestais têm como obj~

tivo principal a geração de produtos alimentarese florestais. Assim, depois de cultivos de ciclocurto, em vez de surgirem capoeiras, tem-se comoresultado uma floresta útil. Parece que a just~ficativa lógica dessas idéias é o maior uso daspoucas espécies de árvores capazes de produziremalimentos básicos. Tais plantas apresentam todasas vantagens ecológicas bem conhecidas nas pla~tas p~renes. Estas vantagens se evidenciam qua~do as árvores são comparadas com espécies de cielo curto nos aspectos relacionados a mudançasclimáticas (evapotranspiração, albedo, retençãode chuva, sombra e temperatura) e a mudanças edáficas (erosão, compactação e perda de nutrientes) , evitando-as. Desta forma, em 1977 foi concebido o conceito do que se veio chamar II Floresta de Alimen tos" .

1 Pesquisador do INPA, Cx. Postal 478,Manaus, Amazonas, Brasil.

69000 -

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VANTAGENS AGRICULTURAIS DA "FLORESTA DE ALIMENTOS"

Pensando mais sobre esta idéia, o que pr~meiro se percebeu foram os rendimentos enormesrecertas espécies sem seleção genética e sem insu-mos. Estes rendimentos podem ser bem maiores doque os de plantas anuais, devido a grande área eduração das folhas e das raizes de tais árvores(Tabela 1) .

TABELA 1. Comparação dos rendimentos de arvorese espécies de ciclo curto.

Árvores Iendirrento(t;ha/ano)

Pupunha 10

Banana 9

Cereais 1 - 5

C)leo de dendê 5

Óleo de soja 0,5

Estudos fenológicos identificaram três espécies de bom crescimento na região: a pupunha

206

,

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EXPERIMENTOS DE CONSORCIAÇAO COMFRUTTFERAS NO INPA

David Al:kcolll

INTRODUÇAOOs sistemas agroflorestais têm como obj~

tivo principal a geração de produtos alimentarese florestais. Assim, depois de cultivos de ciclocurto, em vez de surgirem capoeiras, tem-se comoresultado uma floresta útil. Parece que a just~ficativa lógica dessas idéias é o maior uso daspoucas espécies de árvores capazes de produziremalimentos básicos. Tais plantas apresentam todasas vantagens ecológicas bem conhecidas nas plantas perenes. Estas vantagens se evidenciam qua~do as árvores são comparadas com espécies de cicIo curto nos aspectos relacionados a mudançasclimáticas (evapotranspiração, albedo, retençãode chuva, sombra e temperatura) e a mudanças edáficas (erosão, compactação e perda de nutrientes), evitando-as. Desta forma, em 1977 foi concebido o conceito do que se veio chamar n Floresta de Alimentos".

1 Pesquisador do INPA, Cx. Postal 478,Manaus, Amazonas, Brasil.

69000 -

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VANTAGENS AGRICULTURAIS DA "FLORESTA DE ALIMENTOS"

Pensando mais sobre esta idéia, o que pr~meiro se percebeu foram os rendimentos enormes cecertas espécies sem seleção genética e sem insu-mos. Estes rendimentos podem ser bem maiores doque os de plantas anuais, devido a grande área eduração das folhas e das raizes de tais arvores(Tabela 1).

TABELA 1. Comparação dos rendimentos de árvorese espécies de ciclo curto.

Árvores Iendirrento(t;hajano)

Pupunha 10

Banana 9

Cereais 1 - 5

61eo de dendê 5

61eo de soja 0,5

Estudos fenológicos identificaram três espécies de bom crescimento na região: a pupunha

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,

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(Bactris gasipaes) I fruta-pão (Artocarpus atilis)

e a jaca (Artocarpus integrifolia). Todas constituem-se em alimentos básicos em uma ou outra paEte do mundo e têm grandes produções (Tabela 2) .

TABELA 2. Rendimento de algumas árvores em Manaus

Árvores kg de frutas/árvore/ano

Fruta-pão 600

Jaca 1. 800

Touceira de pupunha 264

Percebem-se logo as inúmeras vantagens daprodução de alimentos por árvores, quando comp~rada à produção de alimentos por espécies de ci-clo curto. Pois as árvores possuem as seguintescaracteristicas: apresentam alto rendimento emsolos pobres; efetuam melhor aproveitamento deadubo e reservas de nutrientes; são plantadas u-ma única vez, evitando a preparação e o cultivoanuais da terra; propiciam a utilização de terreno marginal (inclinado, pedregoso e alagado) ;of~recem resistência à seca e inundações; oferecemresistência a pragas e doenças; têm produção e

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colheita longas; permitem a co-produção de pla~tas anuais, perenes menores e animais; evitam aderrubada constante, fixando o homem em um mesmolugar; e possibilitam a reciclagem de nutrientessem trabalhos desagradáveis e sem problemas hi-giênicos.

convém ressaltar que urna das maiores vantagens e a possibilidade do uso de excrementos animais e humanos e lixo, sem os problemas higi§.nicos e o trabalho desagradável encontrados nospaíses orientais. Com a finalidade de adubar po-mares de pequenos produtores, foi desenvolvido noINPA um tipo de latrina que pode ser transporta-da de um local para o outro dentro do pomar.

EXPERIMENTO DE CONSORCIAÇAo SEQ~ENCIALPensou-se também nos problemas de produ-

-çao de alimentos com árvores, e um deles e a demora do começo da produção. Assim, instalou-se ~experimento de consorciação seqüencial com milho,que produziu alimentos depois de quatro meses,mandioca, depois de seis meses, bananeiras, de-pois de nove meses, e as frutiferas fruta-pão,j~ca e pupunha, depois de dois anos e meio. fracassaram o milho e as bananeiras nest~ solo pobre !

mas a melhor variedade ce mandioca produziu 15,2t/ha, usando 40% da área no primeiro ano e 5,8

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tjha usando 20% da área no segundo. Plantou-sea mandioca a 2 e 2,5 m das arvores, as quais estavam a urna distância de 5 m entre si. Assim, amandioca não competiu com as arvores e aprovei-tou a luz lateral, vantagem que poderá aumentaro .seu rendimento em 30%. Plantou-se, ôepoí.s, gua!2.du perene para bombear nutrientes do subsolo efixar N. Culturas tolerantes à sombra serão pla~tadas em seguida.

OUTROS EXPERIr~ENTOS DE CONSORCI AçAO COM FRUTrFERAS

Ternos dois outros experimentos com frutí-feras mistas: um com pupunha, fruta-pão e jaca eo outro com coco, caju, biribá, graviola, matapie pupunha. O objetivo principal é estudar o rendimento e a transmissão de doenças e pragas entre e dentro das parcelas da consorciação e damonocul tura.

EXPERIMENTOS COM ESPECIES DE COBERTURA- O feijão-de-asa foi atacado por Rhizoc-

tonia em um experimento, sendo trocado por gua~du e Zornia nativa.

- O Desmodium intortum foi muito prejudi-cado pelos' gafanhotos ini cialmen te I mas se recuperou bem no experimento com seis frutíferas.

- O Desmodium ovaZifoZium cresceu bem na

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sombra e nos solos pobres da regiãol sem subirnas arvores. No entantol cresceu devagar nosprimeiros três meseSj depois deste tempo,dominouum guandu de baixo porte e várias taiobas. Há i~formações de que ele é susceptível aos nematõ-deos na Malásia e que não é palatável para o g~do.

- Um amendoim perene prejudicou e matou alguns açaís, devido à competição (provavelmentepor água) ou inibição do sistema radicular.

Uma Canavalia nativa (brasiliensis) estácrescendo com maior rapidez do que a pu=rária,rnascomo está subindo nas árvores não se mostra mui-to útil.

EXPERIMENTOS EM SOMBREAMENTONuma seleção preliminar de diferentes es

pécies para adaptação à sombra, somente três das20 testadas cresceram melhor em plena luz do queà meia-luz, e apenas duas desenvolveram-se sobsombra forte.

Tem-se notícia de que certas tribos de í~dios têm variedades de mandioca adaptadas à floresta e à plena luz. Isto significa que se pod~riam selecionar espécies e variedades adaptadasàs condições variadas de luz ou microclimas.

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t/ha usando 20% da área no segundo. Plantou-sea mandioca a 2 e 2,5 m das arvores I as quais estavam a uma distância de 5 m entre sí. Assim, amandioca não competiu com as arvores e aprovei-tou a luz lateral, vantagem que poderá aumentaro .seu rendimento em 30%. Plantou-se, depoí.s, gua~du perene para bombear nutrientes do subsolo efixar N. Culturas tolerantes à sombra serão pla~tadas em seguida.

OUTROS EXPERIt~ENTOS DE CONSORCI AçAO COM FRUTrFERAS

Temos dois outros experimentos com frutí-feras mistas: um com pupunha, fruta-pão e jaca eo outro com coco, caju, biribá, graviola, matapie pupunha. O objetivo principal é estudar o rendimento e a transmissão de doenças e pragas entre e dentro das parcelas da consorciação e damonocul tura.

EXPERIMENTOS COM ESPECIES DE COBERTURA

- O feijão-de-asa foi atacado por Rhizoc-

tonia em um experimento, sendo trocado por gua~du e Zornia nativa.

- O Desmodium intortum foi muito prejudi-cado pelo& gafanhotos inicialmente, mas se recuperou bem no experimento com seis frutíferas.

- O Desmodium ovalifolium cresceu bem na

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sombra e nos solos pobres da regiãoJ sem subirnas arvores. No entantoJ cresceu devagar nosprimeiros três meseSj depois deste tempoJdominouum guandu de baixo porte e várias taiobas. Há i~formações de que ele é susceptível aos nemató-deos na Malásia e que não é palatável para o g~do.

- Um amendoim perene prejudicou e matou aIguns açaís, devido à competição (provavelmentepor água) ou inibição do sistema radicular.

Uma CanavaZia nativa (brasiliensis) estácrescendo com maior rapidez do que a poorária,mascomo está subindo nas árvores não se mostra mui-to útil.

EXPERIMENTOS EM SOMBREAMENTONuma seleção preliminar de diferentes es

pécies para adaptação à sombra, somente três das20 testadas cresceram melhor em plena luz do queà meia-luz, e apenas duas desenvolveram-se sobsombra forte.

Tem-se notícia de que certas tribos de í~dios têm variedades de mandioca adaptadas à fIoresta e à plena luz. Isto significa que se poderiam selecionar espécies e variedades adaptadasàs condições variadas de luz ou microclimas.

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Finalmente, algumas vantagens e desvantagens de consorciações são apresentadas. Observam-se vantagens potenciais de consorciações quantoà renda e rendimento mais altos devido ao melhoruso da luz, melhor uso do solo e do adubo, controle de ervas daninhas, controle de erosão ecompactação, controle de doenças e pragas (dire-to e barreira) ~ fixação de nitrogênio, melhor m~croclima e ambiente (temperatura, radiação, umi-dade relativa e quebra-vento), ajuda na colheitade fruteiras altas e melhor uso da mão-de-obra.

As desvantagens potenciais referem-se arenda e rendimento mais baixos, devido à compet~ção por luz, água e nutrientes, produção de inibidores do crescimento, repositório de doenças epragas, queda de galhos e de árvores, manejo maiscomplicado (implantação, controle de ervas e p~da anual, pulverização e adubações dí.fer-en t.esLesgotamentos de nutrientes altos e ambiente paraplantas tóxicas em sistemas silvopastoris.

As avaliações, obviamente, têm que serbaseadas num balanço desses fatores e a nossa ~quisa deverá estar voltada para o esclarecimentode seus interrelacionamentos.

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EXPERI[NCIAS PRATICAS DE CONSORCIO COM PLANTASPERENES NO MUNIC1PIO DE TOMt-AÇU, PARA

Gilberto Koichi Taketal

o município de Tomé-Açu, localizado asmargens do rio Acará-Mirim, dista cerca de 200 krnda cidade de Belém. A colonização foi iniciadano ano de 1929, sob o patrocínio dos governosbrasileiro e japonês, tendo corno principal obj~tivo desenvolver as terras devolutas amazônicas,conjugando o investimento de capital japonês ede imigrantes agricultores permanentes. O GoVerno do estado ofereceu gratuitamente 600.000 ha,na época, para o inicio do desenvolvimento aqr!cola.

Inicialmente, 43 famílias imigrantes seimplantaram na colônia, dedicando-se às culturasdo cacau e do arroz. Os insucessos se acentuaramem face da incompatibilidade nos custos deros de primeira necessidade com os produtostivados na época. A fim de racionalizar taltuação, tendo em vista a sobrevivência, osprios colonos atentaram para o sistema de

-gen~euL

sipr~

coop~

1Eng9 Florestal,DiretorAdrninistrativo da COPERCACAUAmazônia S.A. Av. 25 de Setembro 1366. 66000 - I3elém,para,Brasil.

213

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rativismo, que j5 era praticado na terra de origem, surgindo, posteriormente, a Cooperativa deHortaliças, em 1931.

As imigrações contínuas, para um local emque as dificuldades não tinham sido superadas,vieram agravar a situação econômica local. Asdoenças endêmicas da região ceifavam muitas vidas. O quadro se tornou desolador e dramãtico.Crescia diariamente o número de óbitos e o nÚlnero de pessoas que abandonavam o povoado.

A partir de 1935, concentraram-se os esforços no sentido de aumentar a produção de hortaliças e cereais e cuidou-se das questões ralacionadas com as suas vendas, em condições as maisvantajosas possíveis, passando a Cooperativa deHortaliças a se denominar Cooperativa de Acar5.

Uma nova perspectiva surgiu com a introduçao da piperácea indiana (PipeY' n iq rum'i , pelo Sr.Makinosuke Ussui, de Singapura, em 1933.

Na fase em que os agricultores já obtinhama melhoria econômica, deu-se a eclosão do conflito mundial e, a partir do dia 28 de janeiro de1942, a Cooperativa de Acarã teve suas atividades prejudicadas, passando a ser reestruturadaem 1949, com a denominação de Cooperativa Agrrc~la Mista de Tomé-Açu.

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A partir de 1952, o processo foi acelerado graças ã valorização da pimenta-do-reino nomercado interno, tendo o novo produto nacionalde concorrer com o similar importado da índia.Favorecida em decorrência natural da modernização introduzida no cultivo, seleção, colheita,s~cagem e classificação dos frutos, de 1953 a 1955,a colônia obteve um aumento de 245% na venda doproduto.

Em 1956, a Cooperativa, obtendo autor~zação do Governo Federal, iniciou a exportação doproduto, em pequena escala, para os Estados Unidos e Argentina.

De 1957 a 1966, a ~olheita favorável dapimenta indiana nos principais paises produtorescausou a queda da cotação deste produto no mercado internacional, a ponto de não compensar o custo de produção. O reconhecimento da fragilidadeeconômica da monocultura veio promover a buscapor uma nova cultura, e foram experimentadas espécies introduzidas como o cravo da india (Syz}Lgium aromaticum) e outras que apresentassem boademanda no mercado.

Entre 1967 e 1974, além da conseq'Üência

da queda de cotação de 1966, houve uma incidfincia de doenças, causadas por fungo do gênero Pu

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sarium, nas pimenteiras, resultando em desastrepara a economia regional e, conseqüentemente, tr~zendo aos agricultores um enorme prejuízo. A pr~duçio decresceu de 5.300 para 3~198 toneladas.

Foi a primeira experiência da monocultura,evidenciando sério perigo ao desiquilíbrio econômico, tornando-se necessário partir para a diversificaçio de produtos. Várias práticas com as espécies agrícolas têm sido feitas pelos agricult~res e técnicos da Cooperativa, visando desenvolver novas técnicas para aumentar a sua produtividade tais corno, densidade por área, tratos culturais, adubaçio etc •••

Em 1971, houve a introduçio dos primeirospés de cacau híbrido do Estado da Bahia e, em1974, o inicio de plantios de maracujá, marnaoHavai e melio.

A Tabela 1 demonstra que houve urna reduçao gradativa de produçio da pimenta-do-reino,nosanos de 1976 a 1979, e o aumento de outros prod~tos, indicando que a diversificaçio de culturaé a opçio para a estabilidade econômica na agricultura.

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TABELA 1. Percentagem de venda de produtos.

Produto 1976 1977 1978 1979

Pimenta-do-reino 89,58 79,98 77,21 76,84Maracujá 4,56 11,03 16,78 11,63

'"...•.~ Cacau 1,26 6,16 4,15 8,06••

Melão 4,43 3,30 0,99 1,25

Mamão Havai 0,17 0,53 0,69 0,86Pimentão - - 0,18 0,54Outros - - - 0,82

Fonte: Cooperativa Agrícola Mista de Tomé-Açu,' 1979

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Basicamente existem dois métodos diferentes em sistemas consorciados: o primeiro em queas culturas (espécies) são plantadas, juntamente,na mesma época e o segundo em épocas diferentes.O segundo método é mais uma seqfiência de plantio,visando o aproveitamento da mesma área.

Aparentemente, é evidente que existe urnacerta preocupação pela longevidade da pimenta-do-reino quando agricultores efetuam o seu pla~tio. Alguns preferem fazer urna forte adubação, apartir do segundo ano, em torno de 3-4 kg, porpé, de mistura de farinha de osso, torta de ma~ona e adubo industrial para urna boa colheita nosprimeiros anos. Em seguida, é consorciada como~tras espécies, visando o aproveitamento da mesmaarea, minimizando o custo de implantação.

Com o aumento do custo de combustivel, osprodutores são pressionados a procurar a maneira menos onerosa para a entrega do produto nomercado, modernizando as técnicas de embalagense reduzindo o custo de produção, urna vez que ocusto de transporte se torna cada vez mais dificil de solucionar.

A tendência ao uso racional da terra é evidente, parecendo que a seqfiência de produç~o deculturas ou suas consorciações e o custo de pr~

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dução sao pontos muito importantes para o plan~jamento inicial.

As cUllsorciações mais utilizadas sao dotipo pimenta x cacau e maracujá x cacau (Tabe,las 2 e 3). O primeirb sistema é adaptado com o. .plantio inicial' da pimenta-do-reino e, do terceiro ao quarto ano, é plant('ldoo'cacau. Est~ espaço de tempo é justamente, para dar o melhor rendimento à colheita.da pimenta-do-reino, porqueparece que esta espécie exige urna certa quantid~dé de luz. O correlacionarnento do tempo de vidada pimenteira e a época de implantação do cacaue~ro é importante também para o sombreamento inicial do segundo.

Na região de Tomé-Açu, o cacaueiro começaa formar copa do segundo ao terceiro ano, e a piI'lenteiratem a sua produção inicial no terceiro ano. Quando se trata de implantar este sistema na área onde a mata virgem é a vegetação inieial, torna-se mais conveniente efetuar o pla~tio do cacau no quarto ou quinto ano, dependendodo grau de incidência de doença nas pimenteiras.Já nas áreas onde as pimenteiras são replantadas,a susceptibilidade é maior e o cacaueiro é, emgeral, plantado no terceiro ou quarto ano.

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TABELA 2. Consórcios usando nimenta-do-rei!"'o e outras cultivares

Freq. < I ha 1-5 ha » 5 haTipo

total Fr eq , " Fre<1. " Fret"!. 'l,

Pimenta x cacau 102 4 4 fi9 fi8 29 28Pimenta x cacau x mamão 10 - - 8 80 2 20Pimen ta x m'lmão 9 3 ~3 s 56 1 11

Pimenta x cunuaçu 5 - - 5 100Pimenta x feijão 5 - - s 100

N Pimenta x andiroba 4 1 7.5 3 75Nc Pimenta x café 4 - - 4 100

Pimenta x guaraná 3 1 33 1 33 1 33Pimenta x freijó ~ - - 1 33 2 1)7Pimenta x graviola 2 - - 2 100Pimenta x arroz 2 - - 2 100Pimenta x maracujá 1 - - 1 100Pimenta J( soja 1 - - 1 100

Pimenta x b a rur I 1 - - - - 1 l!)OPimenta x melã,' 1 - - I llJOPimenta x melancia 1 1 100Pimenta x s1'P 7 1 J4 I) Rfi

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TABELA3. Consórcios us and o cacau e outras cu l.t iva r es,

Freq. < 1 ha 1- 5 ha > 5 haTipo

total Freq. ~ Freq. % Freq. %

Cacau x pimen ta 102 4 4 69 6~ 29 28Cacau x m~racujá 48 2 4 30 63 16 33

Cacau x seringa 17 3 18 10 59 4 23Cacau x mamão 13 1 8 12 92Cacau x pimenta x mamio 10 - - 8 80 2 20

N Cacau x freijó 7 3 43 4 57N - -..•.Cacau x café 6 2 33 4 f.7Cacau x guaranã 2 - - 2 100Cacau x laranja 1 - - 1 100Cacau x banana 1 - - 1 100Cacau x c;J.stanha 1 - - - - 1 100Cacau x cupuaçu 1 1 ]00Cacau x j erimum 1 - - - - 1 100Cacau x cedro 1 - - 1 100Cacau x spp 25 2 8 18 72 5 20Consórcio entre outras espéciessem o cacau e a pimenta 16 4 25 11 f.9 1 6

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o planejamento inicial é necessário parao sistema consorciado com relação ao espaçamentoe densidade das plantas, principalmente quando sedeseja a mecanização para tratos culturais e, canseqfientemente, ter o maior rendimento.

o sistema cacau x maracujá é um pouco diferente. O cacau é normalmente plantado um anodepois do plantio do maracujá. A linha de maracujá é que servirá de sombra no início de desenvolvimento do cacaueiro. ~ comum o maracujazal serabandonado no terceiro ano completo, época emque se deve plantar alguma espécie para sombreamento definitivo. A palheteira (Glitaria race~a

sal, ingá (Inga spp), eritrina (Erithrina gZauca

ou Erithrina paepigiana), freij6 (Gardia gaeldi~

na), cumaru (Dypterix odorata) ou outras espé-cies podem ser utilizadas. A vantagem de utilizar espécies comerciais florestais é que na ep~ca de queda de produção do cacau, tem-se comoproduto final a madeira.

O sistema que atualmente está sendo apr~vado com êxito é a pimenta x cacau x freij6. Ne~te caso, o cacau e o freij6 podem ser plantadosno mesmo ano. Têm-se testado vários espaçamentosde freij6, mas ainda não existe um método de pl~tio estabelecido para a região. Esta espécie temuma variação muito grande no seu desenvolvimento

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e ramificação. ~ muito freqüente a perda de dominância apical com engrossamento de ramos late-rais. Com um rigoroso programa de seleção, hápossibilidade de melhorar o desenvolvimento ap.!cal, forma do fuste e derrama natural. Talvez,como acontece em outros países, com este sistema, auxiliado pela eritrina podada totalmente todos os anos à altura do alcance da ferramenta(facão) pelo homem, haja possibilidade de conj~gar a seleção e manejo do freijó para o crescimento do fuste linheiro, visando o futuro apr~veitamento, visto que em torno de 100-150 árvores desta espécie serão plantadas por hectare.Assim, a eritrina não só fornecerá uma sombra auxiliar ao cacaueiro, como também ajudará no desenvolvimento do freijó com boa derrama natural.

Os sistemas consorciados como pimenta xmelão, pimenta x melancia e pimenta x feijão, emque o segundo elemento é uma cultura anual, saomais simples. Faz-se o aproveitamento do espaçointerno com o plantio dessas culturas anuais emmontículos, onde são feitas as adubação nas P.!menteiras. Nesta situação, só há necessidade demaior quantidade de adubação. Alguns casos nosindicam que existe uma forte consorrência, impedindo o desenvolvimento normal das pimenteiras.

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As consorciações de mamao com outras esp§.cies, como graviola, pimenta-do-reino, jerimum eguaranã, sio diferentes das acima relatadas, pOEque arnbas podem ser implantadas na mesma época.

Outros sistemas como pimenta x café, p!menta x fruteiras, cacau x café, cacau e jerimum,café x spp florestal, pimenta x spp agrícolas, ~cau x spp agrícolas e outros sio menos difundidos.

Geralmente a aptidio por um determinadosistema de consorciaçio surge em conseqüência daprocura no mercado, onde o agricultor irã buscaras respostas para o melhor aproveitamento po~sível de uma certa ãrea.

Ainda nio se fez um estudo econômico quanto ã rentabilidade dos sistemas acima mencionados. Mesmo assim, a prãtica nos indica que asconsorciações sio sistemas que terio uma grandeaceitaçio tanto pelos pequenos como pelos médiosagricultores (Tabelas 4 e 5).

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TABEIA 4. ma tots1 aproveitáve1 em lavoura de um levantamento de 241 fazendasno município de Tamé Açu

Fazendas levantadas Cem consórcio Sem consórcio

Especifi cação 241 174 67ha % ha % ha 9,;

I\)I\)(.TI

Total 34.406,30 100 23.325,20 67,79 11.081,1 32,21

Aproveitáve1 26.255,70 100 17.184,20 65,45 9.071,5 34,55

Em lavoura 5.276,65 100 4.019,65 76,18 1. 257 ,0 23,82

Monocul tura 3.738,45 100 2.481,45 66,38 1.257,0 33,62

Consórcio 1.538,20 100 1.538,20 100,00

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TABELA. 5. Tarranhosmédios de áreas em ha de um 1evantaIrentode 241 fazendas nomunicípio de Tomé-AçU

Fazendas levantadas Can consórcio Sem consórcioESPecificação 241 174 67

N Total 142,76 134,05 165,39NCJ)

Aprovei táve1 108,94 98,76 135,40Fin lavoura 21,89 23,10 18,76Monocu1tivo 15,51 14,26 18,76Consórcio 6,33 8,77

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SISTEMAS DE PRODUÇAO SILVOPASTORISCristóvão Lins1

INTRODUÇAOA ociosidade parcial de uma are a pelo pe-

ríodo de sete anos, enquanto não se torna produ-tora de celulose para a confecção de papel, doqual o mundo está cada vez mais carente, poderáser eliminada através da produção de algo aindamais nobre, ou seja, a proteína animal.

Esta referência é feita com relação asareas plantadas com essências florestais, asquais podem ser utilizadas com dupla finalidade,como é o caso do Pinus caribaea, onde já se con~tatou a viabilidade econômica e zootécnica até osétimo ano, consorciado com pecuária bovina eeqüina.

Além da dupla utilização da área, a con-sorciação traz significantes beneficios para asduas atividades, os quais serão descritos a se-guir.

1Eng9 Agr9, Departamento de Pecuária Jari Florestal e Agropecuária Ltda.

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SILVICULTURAA ocupaçao da irea nas entrelinhas do ~inheiro

o plantio de gramlneas nas entrelinhas dopinheiro ocupa a área onde germinariam as ervasdaninhas com maior intensidade, causando uma competição com o mesmo, não somente em nutrientes,mas, principalmente, em luminosidade, causandodeformações no fuste e até mesmo a morte da planta.

Conservação (limpeza da irea)Com o plantio de gramlneas nas entreli-

nhas do pinheiro, há uma competição delas com aservas daninhas, diminuindo a incidência destasúltimas e, em conseqüência, torna-se desnecessá-rio o emprego de uma mão-de-obra maior na limpe-za.

Fertilização da ireaEsta e aumentada pela incorporação ao so-

lo de urina e fezes.Supervisão e penetração na area

Torna-se bem mais fácil a penetração naarea, para supervisão, quando ela não está ape-nas ocupada por jurubeba com espinnos ou outraerva daninha, promovendo um obstáculo menor.

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PECU~RIACustos mais baixos

Corno na Empresa Jari a pecuária e um aproveitamento secundário das áreas que ficariam so-mente com floresta, as principais atividades,que sao a silvicultura, o desmatamento, a cons-trução de estradas, a conservação das áreas etc.,ficam por conta do setor florestal. Ao setor dapecuária caberá apenas o plantio das gramíneas ea construção de cercas e currais.

Viabilidade comprovada da pecuária com alto ren-dim~nto zootêcnico

Utilizando o método de inseminação artificial, já foram feitos inúmeros cruzamentos de raças européias com Zebu e mesmo entre as raças zebuinas, sendo produtores de alta qualidade zoo-técnica e de perfeita adaptação às condições tropicais. Dos cruzamentos já efetuados entre Bos

indicus, podem ser citados os seguintes:

- Charolês com Nelore

Utilizando sêmen de touros charoleses, melhoradores comprovados provenientes da ArnericanBreeders Service (A.B.S.), em vacas nelores oumesmo azebuadas, obtem-se um animal de excelen-tes qualidades. Deste produto, por ser o melhor

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.entre os já testados, serao dados maiores deta-lhes, os quais passaremos a descrever:

a) Os machos e fêmeas, por ocasião da desmama, com a 'idade entre oito e dez meses pesam263 kg e 245 kg, respectivamente.

b) As fêmeas, entre quinze e dezoito me-ses, entram no cio e podem ser inseminadas.

c) Os machos vão para o abate com peso medio de 444 kg, na faixa de 24 a 36 meses.

d) As fêmeas metade Charolês e Nelore, emregime de inseminação artificial, alcançam o ín-dice médio de parição de 85%.

Além dos aspectos citados, pode-se afir-mar também que os animais provenientes deste cr~zamento são resistentes às condições climáticasda região.

Retrocruza com ZebuComo se falou anteriormente, do cruzamen-

to do Charolês com o Nelore obtem-se um produtode excelente qualidade, porém qual das raças ze-buínas seria a mais indicada para obter-se 3/4do Zebu' e Europeu?

Dos cruzamentos já testados - Nelore, Gu-zera, Gir e, ultimamente, Tabapuã - acha-se que

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o melhor é com o Nelore, embora o Tabapuã estejaprometendo ser também um bom produto.

A seguir, serão fornecidos alguns dados arespeito dos animais com sangue 3/4 Nelore/Char~lês:

a) Os machos com a idade entre oito e dezmeses (ocasião de desmama) obtêm peso médio de230 kg e as fêmeas, na mesma faixa de idade, pe-sam 197 kg.

b) As fêmeas entram no cio a partir dos24 meses de idade.

c) Os machos vao para o abate com o pesomédio de 428 kg, na faixa de 24 a 36 meses.

Outros cruzamentosCitaremos a seguir, outros cruzamentos já

efetuados, os quais também deram bons resulta-dos:

- Herefford com Nelore.

Apesar de ser um pouco inferior ao 1/2Charolês/Nelore, este animal também tem um bomdesempenho, superando em peso o 3/4 Nelore/Charolês, com peso médio de 424 kg, na faixa de 24 a36 meses.

- Brown Swiss com ~acas azebuadas

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Este cruzamento foi feito visando obterurna vaca com melhores aptidões leiteiras. Em1980, já foram obtidos alguns resultados com aparição das primeiras fêmeas, tendo sido insemi-nadas com o Gir leiteiro. Os machos são bons a-nimais para o corte, podendo ser comparados ao1/2 Herefford/Nelore.

Além dos cruzamentos já citados, podem-secitar outros cujos resultados estão sendo esper~dos, corno é o caso do Nelore com o Holandês, 1/2Charolês/Nelore com o Quianina e, ultimamente, oBeefalor com o Nelore.

Baixa infestação de hectoparasitasAté o presente momento, não se teve qual-

quer problema com doenças causadas por carrapa-tos, embora os animais sejam banhados periodica-mente.

GRAMTNEAS PLANTADAS E MtTODOS DE PLANTIOCõlonião (Paniaum maximum)

o espaçarnento do pinheiro e de 2 m entreas plantas e 4 m entre as linhas. No caso do capim colonião, o espaçamento é de 1 m x 1 m, ouseja, 1 m para cada lado, a fim de que nao hajasombreamento para o pinheiro. Este capim é plantado após o plantio do pinheiro e as covas ficam

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abertas, sendo que os animais so serao colocadosum ano após o seu plantio.

Neste sistema, com sementes de boa proce-dência, pode-se plantar 1 ha com 2 kg de semen-tes. A capacidade de suporte da pastagem bem formada e de 1 ha para uma unidade animal (animalde 500 kg/peso vivo) e a conversão média é de16 kg por animal/mês, com bois de engorda, semfazer rodízio de pastagem; os lotes são de, nomáximo, 100 animais, sendo mais aconselhável osde 70 animais. Para outras categorias de ani-

mais, sao usados lotes de 200 animais em rodíziode pasto, como e o caso das matrizes emde inseminação artificial.

regime

"Green panic" (P. maximum v. trichogZume)

Esta gramínea mostra-se menos exigente doque o capim-colonião; de porte mais baixo, resi~

tindo bem ao verão (como o colonião), palatável,porem dando menos massa verde do que o primeiro.O seu plantio foi feito de modo semelhante ao docolonião. Ainda nao se têm os resultados de su-porte, embora tenha demonstrado um bom índi-ce de rebrota.

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Quicuio (Brachiaria humidicoZa)

Apesar de estolonIfero, podendo causar a-bafamento do pinheiro quando plantado com espaç~mento reduzido (3 m x 3 m) com uma boa semente,a pastagem se forma com cinco meses, o que nao edesejável para a consorciação com florestas. Atualmente, se faz o espaçamento de 6 m x 6 m e oplantio é feito da seguinte maneira: risca-se ochão com um pau na profundidade de uma polegadae 50 cm de comprimento; a seguir colocam-se assementes no sulco, cobrindo-as. Este sistema eo que tem dado melhores resultados. Quanto aosuporte em U.A. (Unidade Animal), o quicuio podesuportar um pouco mais do que o colonião, emboraa conversao seja mais baixa, pois, em bois de engorda - sem fazer rodIzio - se alcança um ganhomédio mensal de 14 kg por animal.

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PROGRAMA AGROFLORESTAL DA EMBRAPA/CPATU/PNPFS'l' , -, 1/1 V10 Br1enza Jun10r

INTRODUÇAOComo e sabido, o eco s-sLst.erna da floresta

amazônica é frágil,e, dentro deste, a arvore eum elemento estrutural básico, sendo muito importante a sua manutenção para o equilíbrio ambien-tal.

A combinação agroflorestal é uma práticapotencial para a Amazônia brasileira, como formade maximizar a utilização racional e econômicado solo com produção contínua de madeira e ali-mento, evitando danos ecológicos graves ao solo.Esta prática possibilita a formação de sistemasecologicamente mais estáveis, além de poder pro-porcionar redução dos custos de implantação e m~nutenção de povoamentos florestais. Efeitos no-civos à floresta natural, decorrentes da agricultura nômade, poderão ser minimizados com a ado-ção dos sistemas agroflorestais. Dessa forma, afloresta nativa terá melhores condições de serconservada.

1/ Eng9 Florestal, Pesquisador do CPATU. CaixaPostal 48, 66000 - Belém, Pará, Brasil.

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o programa agroflorestal da EMBRAPA/CPATUcomeçou em 1978, através do Programa Nacional dePesquisa Florestal, tendo como objetivos:

a) maximização racional de uso do solo,com produção contínua de madeira e alimentos;

b) diminuição dos custos de implantação emanutenção de povoamentos florestais; e

c) avaliação da viabilidade técnica e econômica de sistemas agroflorestais e taungya paraa Amazônia brasileira.

Inicialmente, o CPATU contou com a colaboraçao do ICRAF (International Council forResearch in Agro-forestry) e de Robert Peck(Consultor do IICA-Trópicos/Banco Mundial), naidentificação e sugestões para o aprimoramento,anível teórico, de sistemas agroflorestais.

CULTURAS AGR!COLAS E ESPtCIES FLORESTAIS SELECIONADAS PARA SISTEMAS AGROFLORESTAIS

Culturas de ciclo curto: arroz, milho e feijão.

Culturas de ciclo medio: mandioca e banana.Culturas perenes: cacau, café, guarana e pimen-

ta.

Especies florestais:- Cordia goeZdiana (Freijõ)

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- Swietenia macrophylla (Mogno)- Bertholletia excelsa (Castanha-do-bra-

sil)- Cordia alliodora (Freijó-Iouro)- Carapa guianensis (Andiroba)- Bagassa guianensis (Tatajuba)- Didymopanax morototoni (Morototó).

Os sistemas agroflorestais podem ser dirigidos para a econ0mia de subsistência ou de mer-cado, de acordo com as tecnologias disponíveis.

Na região de Tomé-Açu (Pará), colonos ja-poneses estão utilizando combinações agroflores-tais, envolvendo Cordia goeldiana, sombreamento,cacau e café. As técnicas empregadas são empíricas, mas permitem afirmar que estes tipos de combinações sao viáveis.

EXPERIMENTO ATUALSistema Taungya

A nlvel de produtorO sistema taungya está sendo experimenta-

do com dois agricultores na região de Santarém(PA), ao norte da rodovia Santarém-Cuiabá - km51. Coma essências florestais, foram escolhi-dos: freijó, mogno e freijó-Iouro, devido ao seubom desenvolvimento silvicultural e valor comer-

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cial da madeira. As culturas agricolas selecio-nadas foram o arroz, o milho, a mandioca e a ba-nana, comumente utilizadas pelos agricultores.A experimentação é simples, dando-se maior impoEtância ao comportamento das essências flores-tais.

Foram realizadas as seguintes combina -çoes:

Agricultor (I)

o agricultor aproveitou a capoeira derru-bada no final de 1978 para o cultivo, totalizan-do 3 ha com as combinações:

a) milho + mandioca + freijó, plantadosem linhas alternadas de 0,50 x 0,50 m, com o freijó entrando na linha do milho.

b) milho + banana + freijó + mogno + freijó-louro, sendo a banana remanescente de plantioanterior; o milho plantado entrou no espaça~entode 0,50 m x 0,50 m e as essências florestais foramplantadas nas linhas do milho, intercalando-sesempre duas plantas do gênero Cordia com uma demogno.

c) milho + arroz + mandica + freijó + mo~no + freijó-louro. Inicialmente, houve plantiode milho e arroz e posteriorment~ mandioca. As

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essências florestais foram plantadas na linha domilho, intercalando-se duas plantas do generoCordia com uma de mogno.

o espaçamento para as essências flores-tais, em todas as combinações, foi de 7 x 7 pas-sos ou, aproximadamente, 49 m2/planta.

Agricultor (II)

A área utilizada também foi dederrubada em 1978, sendo cultivada pelavez, totalizando aproximadamente 3 ha.

capoeirasegunda

A combinação empregada foi milho + mandioca + freijó.

o espaçamento para a essência florestalfoi de 10,50 m x 10,50 m, sendo o plantio realizado nas linhas do milho. As culturas agrícolasficaram a 1,50 rn x 1,50 rn em linhas alternadas. Napróxima estação chuvosa (1981) entrará o mognoplantado nas entrelinhas do freijó.

A nivel de campo experimental (Campo Experimen-tal de Capitão Poço-PA

o experimento com o sistema taungya foiidealizado em blocos ao acaso com quatro repeti-ções, dois tratamentos e parcelas subdivididas

86 2 - - 'Icom 1.3 m de area ut1 •

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A are a utilizada era de capoeira com ida-de entre oito a dez anos; foi brocada, queimadae encoivarada tradicionalmente sem mecanização.

As culturas agrícolas de milho, arroz,feijão e mandioca, e o melhor sistema de combinação dessas culturas, foram obtidos através de seleção pelo CPATU em experimentações anteriores.

o consórcio prevê primeiro o plantio demilho e arroz e posteriormente mandioca e fei-jão, respectivamente nos lugares de milho e ar-roz.

Neste sistema, introduziu-se o freijó co-mo essência florestal de rápido crescimento. Aexploração pelas culturas de cico curto será pordois anos, sem o uso de adubação. Após este pe-ríodo, haverá pousio com o plantio de leguminosaem dois blocos. Este pousio será acompanhadopor análises de solo, para se comparar o efeitoda leguminosa. QJando o solo estiver apto paraser cultivado novamente, pretende-se introduziro cacau, o café e/ou o guaraná, ou culturas deciclo curto.

As variedades de milho, arroz, feijão emandioca foram, respectivamente, BR-5101, IAC-1246, IPEAN-V 69 e Pretinha.

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o milho foi plantado em linha dupla, com0,80 x 0,50 m, ficando 2,50 m entre cada duas linhas, onde entraram seis linhas de arroz a 0,30 mxO,30 m. A mandioca entrou no lugar do milho,com 0,80 m x 1,00 m, e o feijão em quatro linhas,a 0.,50m x 0,30 m, no lugar do arroz. Devido aoarranjo do freijó dentro do sistema, seu espaça-mento ficou 6160 m x 6,00 m.

Neste ensaio obteve-se urna média de 567kg/ha de arroz e 607.kg/ha de milho, ambos a 11%de umidade.Combinação envolvendo plantas perenes

Inicialmente, deu-se preferência ao frei-jó, para ser utilizado em combinações com plan-tas perenes, devido às suas ótimas característi-cas silviculturais e valor econômico de sua ma-deira.

Corno plantas perenes, o cacau e o cafésao culturas de boa rentabilidade econômica e suportam certo sombreamento.

Foi implantado, em Belterra (PA), umsaio com quatro espaçamentos de freijó (3,53,0 m; 3,5 ~ 4,5 m; 3,5 x 6,0 m e 3,5 x a,5dois espaçamentos de cacau (3,5 x 2,25 m ex 3,0 m) e dois espaçamentos de café (3,5 xe 3,5 x 4,0 m).

en-x

m) ,

3,53,Om

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o cacau e o café (Coffea robusta) seraoplantados no inicio da próxima estação chuvosa(1981) •

EXPERIMENTAÇAO PROGRAMADA PARA 1981Experimento: Combinação de freijó com guaraná.

Locais: Porto Velho (RO) e Manaus (AM), emcooperaçao com a UEPAE/Po~to Velho ea UEPAE/Manaus.

Experimento: Combinação de freijó CGm culturas ôeciclo curto, a nivel de plantio etratos culturais mecanizados.

Local: Manaus (AM), em cooperaçao com a UEPAE/Manaus.

Experimento: Combinação de freijó com café.

Local: Porto Velho {RO), em cooperaçao com aUEPAE/Porto Velho.

Experimento: Combinação de freijó com Erythrinae cacau.

Local: Belterra (PA), em cooperaçao com oCPATU.

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SISTEMA DE PRODUÇAO EM ROTAÇAO E CONSORCIAÇAO DECULTURAS TENDO O ARROl COMO CULTURA PRINCIPAL

Lucien seguy1/

o presente estudo se propõe a fornecer, acurto prazo, alternativas .de sistemas de produ-ção utilizáveis pelos pequenos produtores da re-gião dos Cocais, no Maranhão.

o modelo de desenvolvimento implica, a nível conceitual, em:

- uma atuação pluridisciplinar de todosos participantes do sistema agrícola (pesquisadores, extensionistas, planejadores e produtores)para a elaboração dos modelos de pesquisa;

- que os modelos sejam definidos, em prioridade para os pequenos produtores, os quais sãoresponsáveis por 90% da produção orizícola do M~ranhão (800.000 toneladas de arroz, aproximada-mente) e são os menos·beneficiados. Eles praticam uma agricultura de subsistência exclusivamente manual (sem insumos) , com uma produtividadeestável desde 1970;

1/Eng9 Agr9, Pesquisador da EMAPA. Rua FranciscoAguiar,SO, 65000 - são Luís, f.1aranhão,Brasil.

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que o modelo de pesquisa seja regional,a fim de atingir a especificidade ecológica esocioeconômica dessa região;

- que o enfoque experimental usado devaminimizar as distorçôes entre resultados técni-cos agroeconômicos, obtidos na estação experime~tal e com o produtor. Por isso, as relações pe~quisador/produtor são de suma importância. Oprodutor executa os modelos, na estação exper~tal, com os seus meios de produção tradicionais.A estação experimental serve de fonte de crédi-to. O modelo experimental será formulado comum enfoque ascendente, a partir do sistema deprodução real do pequeno produtor que receberáos melhoramentos.

Três objetivos principais sao visados:

- Aumento da produtividade dosde produção e do potencial humano;

sistemas

- fixação do pequeno produtor e passagemda agricultura de subsistência para a agricultu-ra comercial;

- preservaçao do meio fIsico (ambiente)visando manter a produtividade a longo prazo.

Dois modelos do sistema de produção foramcomparados:

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- um modelo já consagrado, somente com aintrodução de melhoramentos da agricuLtura ma-nual e com a minimização dos investimentos emmeios de produção.

um segundo modelo, mais evoluido, usan-do uma pequena mecanização associada ao preparomotomecanizado das terras.

Cada modelo em estudo está constituidopor:

a) Um núcleo central, onde serao estuda-dos em real grandeza todos os componentes agro-econômicos de produção:

- fatores agroclimáticos;

- tempos de trabalhos e calendários culturais;

- custos de produção;

- renda liquida.

- valorização do dia de trabalho.

b) Satélites de apoio e ajustagem dos problemas e~idenciados nos núcleos centrais, usandoas pesquisas temáticas clássicas:

- melhoramento;

- fertilidade;

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- controle de invasores e pragas (herbicidas e entomologia).

Os satélites estão ligados por tratamen-tos comuns, permitindo uma avaliação global dossistemas e da sua evolução durante o tempo.

Cada modelo está composto de dez sistemasde culturas; um deles constitui a testemunha tradicional de referência. O arroz e a cultura pri~cipal do sistema:

- Arroz - arroz }- Arroz - milho- Milho - arroz

- Amendoim - arroz }- Arroz - amendoim

- Mandioca - arroz }- Arroz - mandioca

Rotação de cereais

Rotação de cereais com leguffiinosas

Rotação de cereais com tuberosas

- l\mendo:im- arroz - milho } Rotação canbinada

- Consórcio tradicional: testemunha permanente(Arroz + milho + feijão-caupi, em sucessão do arroz)

~ Consórcio sistematizado:(arroz + milho + mandioca + amendoim + feijão-caupi, emsucessão do arroz)

As pesquisas temáticas, conduzidas nos satélites, são específicas a cada sistema de cultu

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-ra; estas sao considerada~ como os discriminantes essenciais do estudo, gerando problemascíficos (calendários culturais, cultivares,bação, evolução da fauna e da flora).

esp~adu

Para cada um dos sistemas de cultura apl!cam-se os oito seguintes níveis de intensificação:

r Zero O (T)

Cultivarestradicionais Herbicida H (T)

(T) 1Adubação A (T)

Adubação + herbicida A+H (T)

Zero O (M)

Cultivaresmelhor.adas <: Herbicida H (M)

(M) lAdubação A (M)

Adubação + herbicida A+H (M)

Os níveis de intensificação foram escolhidos em função das pesquisas anteriores e das recomendações feitas pelos produtores e extensionistas.

A avaliação e a interpretação realizam-se:

- A nível global, núcleos - satélites, através da análise multivariada (Análise de Comp~nentes Principais e Análise Fatorial Discrlimnan~e) dos resultados agropedolõgicos, ·dos compone~tes da produção e dos dados econômicos.

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- A nivel dos sat~lites, atrav~s da an~lise estatistica convencional e das análises deFinley - Wilkinson, para extrair os fatores deprodução e as combinações mais estáveis para aunidade morfopedo15gica básica (cultivares, adubos e pesticidas).

Os resultados obtidos mais significativossao apresentados na Tabela 1.

O uso de herbicjdas provoca um aumento de32% na produtividade do arroz, de 68% no milho,de 142% no feijão, al~m de uma safra de 6.500 kgde mandioca, coisa que nao existe no sistema tradicional.

- A renda liquida passa de 712 cruzeiros}ha, em culturas tradicionais, para 8.500 cruzeiros/ha.

- A valorização adicional do dia de trabalho passa de 5,8 cruzeiros/dia para 92,8 cruzeiros/dia.

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TABELA1. Alternativas mais interessantes obtidas no nÚf::leooentxal,

Culturas(tratanento)

CUsto gealproduçaoCr$/ha

Renda líouidaal

cr$/hã

valorização})ladicional do

.dia .de .trabalho

Rendirrentosem kg/ha

NÚIrero dedias de tra.balho

N.j:Io,CQ

Mandioca/cultura manual O (T)

Mandioca/cultura mecanizadae aração O (T)

Mandioca/cultura mecanizadae gradagem H (T)

Arroz/cultura manual (A+ H)(M) cx::.rn IRAT79

Oansórcio sistematizado rna-mal (A + H) (M)

Oansórcio sistematizado domanual H (M)

Testemunha tradicional e consórcio tradicional

5.480 8.423 99

5.300 9.308 150

6.678 9.272 226

9.279 10.221 95,4

11.836 14.125 99,5

5.801 8.496 92,5

7.814 5,8

31.200

33.200

34.864

3.900

3.182435249

2.032662184

6.4891.533

39276

Arroz:Milho:Mandioca:

Arroz:Milho:Feijão:Mandioca:

Arroz:Milho:Feijão:

85

62

41

107

141

119

123712

ai 'Incluindo o custo da mão-de-obra.

b/ Valorização adicional ultrapassando o salário mínímo da região.

Através da Tabela 1 podem-se obter as seguintes conclusões:

o sistema de consorciação tradicional pede atingir una renda líquida e urra valorização do dia de trabalho nui to Límí, tadas 1

o sistema de consorciação sistematizada pennite melhorlas consideráveis na produtividade, na renda líquida e na valorização adicicnal do dia de trabalho.

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Na presença do tratamento adubos + herbir.idas:

- A produtividade do arroz aumenta107%, em relaçio aos sistemas de çons5rcio'dicional.

paratra-

- A renda líquida passa de 712 cruzeirospara 14.125 cruzeiros/ha.

Essas melhorias significativas foram obtidas com um calend~rio cultural quase equivalenteao da testemunha tradicional.

A mandioca, em cultura pura praticada emcultivo manual ou mecanizado, constitui-se nacultura mais lucrativa do ponto de vista da vaIorização adicional do dia de trabalho, com um calendário cultural muito leve.

A cultivar de arroz lRAT 79, em culturapura manual com insumos (adubação + herbicidas),provoca uma renda liquida alta de 10.220 cruzeiros/ha, treze vezes suoerior ã testemunha tradicional, e traz um aumento de 150% na valorizaçãodo dia de trabalho, com um calendário pouco intenso.

Dos dois sistemas de produção estudados,o sistema" de produção manual integral do pequenoprodutor mostrou resultados econômicos geralme~te superiores (exceto no caso da mandioca) a~s

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do sistema mecanizado. Além disso, as alternativas escolhidas em cultivo manual não precisam dequalquer mudança dos meios de produção do pequ~no produtor, fora do pulverizador costal, enqua~to que as alternativas no sistema de produção a~sistido com mecanização exigem um apoio logístico importante (preparo motomecanizado das terrase fabricação e manutenção dos pequenos impleme~tos agrícolas).

Além disso, a prática do cultivo manualpermite intervenções culturais permanentes semlimitação, o que não é o caso do cultivo motomecanizado (preparo do solo e colheita).

Enfim, o cultivo manual promove um controle bem melhor da erosao do que o cultivo mecanizado, no qual o preparo do solo traz uma fortesensibilidade do solo , dificilmentea erosao, controlável.

Como solução das alternativas escolhidas,conserva-se-ão, em prioridade, aquelas que podemser usadas em cultivo manual, pois elas poderãoser transferidas imediatamente para o meio real,sem levar modificações radicais das estruturasde produção atuais.

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Resultados tecnicos procedentes dos satelitesMelhoramento

Na cultura do arroz, as variedades mutantes 68-83 (IRAT 79 e lRAT 102) e lRAT 10 foramsuperiores às tradicionais e ultrapassaram de4 t/ha, com adubos e herbicidas, em cultivo manual (sem preparo do solo).

Na cultura da mandioca, a cultivar Rebenta Burro deu uma produção maior do que a cultivar melhorada, no núcleo central(aproximadame~te 30 tlha, sem insumos).

FertilidadeOs cereais arroz e milho, em cultura pura

e consorciada, respondem principalmente à adubaçao nitrogenada efosfatada.

O amendoim e a mandioca foram pouco sensíveis a adubação no primeiro ano de cultivo.

Defesa das culturasHerbicidas

- O RONSTAR (oxadiazon), na dosagem de 4llha em pré-emergência (um e dois dias após oplantio), foi o melhor herbicida para o arroz,para os consórcios e para o amendoim.

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- o GESATOP e o GESAPRIN (simazine e atrazine) foram os mais indicados para o milho, nadosagem de 5 kgjha, em pr~-emerg~ncia.

- O COTORAN (fluometuron), na dosagem de5 kg/ha em pr~-emerg~ncia, foi o herbicida maiseficiente para a mandioca.

InseticidasOcorrem poucos problemas de pragas, com

exceção de um inseto que ~ vetor de virose no milho (Dalbulus maydis) e que ~ controlado peloD~cis (decametrin).

Ligações nucleos centrais - satelitesAs distorções registradas nos componentes

do rendimento das várias culturas - desde pequenas parcelas estatísticas (10 m2) at~ as áreas;atualização (5.000 m2), incluindo as parcelasdos núcleos centrais (250 m2) -- foram mínimas edemonstraram a credibilidade do m~todo experime~tal para extrair resultados viáveis no meio rural.

Para concluir, salienta-se que os sistemas de produção tradicionais podem chegar a sermuito interessantes (motivantes) para o pequenoprodutor, do ponto de vista econômico, com po~cas modificações nas t~cnicas tradicionais e cominvestimentos em material muito reduzidos.

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Esses sistemas de produção manuais forammais motivantes do que os sistemas de produçãoassistidos com pequena mecanização do solo.

Do ponto de vista,metodológico, o modeloimplantado mostrou-se excelente para fornecer s~luções imediatamente aplicáveis no meio rural,pois as distorções dos resultados são muito fracas quando a escala de aplicação aumenta consideravelmente.

Em 1980, as alternativas mais motivantese compatíveis para o calendário cultural seraoaplicadas no meio rural, controlado juntamentepela pesquisa e pela extensão, em áreas do próprio produtor.

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UMA TENTATIVA DE INTERPRETAÇAO TEQRICA DOEXTRATIVISMO AMAZONICO

Alfredo Kingo Oyama Homma1/

RE.SUMO: É proposto um modelo teórico pa-ra interpretar o processo extrativo ca-racterizando dois tipos distintos: o decoleta e o de aniquilamento,sugerindo-setratamentos diferenciados na exploração,preservação e conservação. Explicação dadinâmica do processo extrativo, iniciale final, e a dificuldade de compatibili-zar bens livres e bens de mercado, comvistas à conservação e preservação dosrecursos naturais e sua exploração econômica.

INTRODUÇAOo processo extrativo sempre foi entendido

como a primeira forma de exploração econômica,limitando-se à coleta de produtos existentes nanatureza, com produtividades baixas ou declinan-tes, decorrentes do custo de oportunidade do tr~balho próximo do zero ou do alto preço unitário,

1/Eng9 Agr9, MS em EconomiaCPATU. Caixa Postal 48 -Brasil.

Rural,Pesquisador do66000 - Belém, Pará,

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devido ao monopólio extrativo, 2/tendendo parasua extinção com o correr do tempo. Muitas dasantigas formas de extrativismo fazem parte hojede culturas ou criações racionais, outras desap~recem, algumas estão em processo de domestica-çao, e novas atividades extrativas poderão sur-gir.

o fato das atividades extrativas estaremrelacionadas com o esgotamento desses recursos -que, em alguns casos, sao de propriedade comume, com exceçao do ar, sao localizados e afetosaos efeitos externos - tem motivado, ultimamente, o aparecimento de certas medidas de sentidoconservacionista, notadamente relacionadas com aproteção da floresta amazônica.

A despeito da alta importância que o ex-trativismo tem desempenhado na formação econômi- ..ca e social do Brasil, os enfoques de análise têmsido convencionais, bem como os tratamentos dis-pensados a este setor. A fronteira de conheci-mentos, abrangida por vários autores, relacio-na-se com os aspectos econômicos e sociais, com

2/Em certas áreas do Nordeste, dada ã grande disponibilidade de mão-de-obra, pode-se aventar ahipótese da manutenção do extrativismo em de-corr~ncia do baixo cüsto do trabalho.

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a irracional idade do sistema, sua baixa produti-vidade e a necessidade de sua racionalizaçâo;tem caráter descritivo, sendo que nâo foi encon-trada qualquer referência à teorizaçâo econômicado processo (Benchimol 1966, Mendes 1971 e Reis1953).

No caso da regiâo amazônica, dada à quan-tidade de recursos naturais, o extrativismo temdesempenhado um papel decisivo na formaçâo econ~mica e social da regiâo e do Brasil, sobretudopela exploraçâo extrativa da seringueira.

A pauta de produtos extrativos 3/, atual-mente explorada no Brasil, é bastante extensaabrangendo borrachas, gomas nâo elásticas, céras,fibras, oleaginosas, tanantes, produtos alimen-tícios, aromáticos, corantes, medicinais, tóxi-cos, madeiras, caça e pesca - envolvendo grandeparcela da populaçâo rural na coleta e nos pro-cessos de beneficiamento, industrializaçâo e ar-tesanato, e formando, também, diversos tipos ca-racterísticos e peculiares regionais.

3/Nâo é mencionado o extrativismo mineral porser um recurso nâo renovável, portanto nâo pa~sível de exploração sustentada ao longo do tempo.

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A pressuposição principal do extrativis-mo requer a existência de recursos naturais quetenham potencialidades para a exploração econôm!ca, quer através do seu consumo in natura, bene-ficiamento ou industrialização. Requer, também,que estes produtos sejam competitivos em relaçãoa determinados produtos substitutos ou compleme~tares à inexistência de qualquer substituto nomercado. Com referência a estas considerações eao conceito geral do extrativismo, procurar-se-ádiscutir algumas implicações teóricas ligadas aoprocesso extrativista.

CLASSIFICAÇAO DO PROCESSO EXTRATIVISTAOs processos extrativistas podem ser clas

sificados em dois grandes grupos, quanto à sua- 4/forma de exploraçao:

a) Extrativismo por aniquilamento ou de-predação - quando a obtenção de recursos econôrnicos implica na extinção da fonte ou quando a ve-

4/Esta classificação, feita por Hagget (Ritter1975), para o desenvolvimento da teoria, dife-re das usualmente conhecidas como recursos na-turais renováveis e não renováveis. Não é considerado o caso de "belezas naturais" para :finSturísticos, que alguns autores caracterizam como recursos naturais.

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locidade de recuperaçao for inferior à velocida-de da exploração extrativa. Trata-se, por exem-p l.o , da extraçãode rradeira,do palmito, da caça ed . d í •• d 5/a pesca ~n ~scr~m~na a.

b) Extrativismo de coleta - quando a suaexploração é fundamentada na coleta de produtosextrativos produzidos por determinadas plantas ouanimais. Nesse caso, é comum forçar-se a obten-ção de urna produtividade imediata, levando o seuaniquilamento a médio e a longo prazos. Cornoexemplos deste grupo, se têm a seringueira, acastanha-do-brasil etc. No caso em que a velocidade da extração for igual à velocidade da recu-peraçao, o extrativismo permanecerá em equilí-brio.

Em ambos os casos, as substituições des-sas explorações por outras atividades econõmi

cas6/ levam também ao total aniquilamento das antigas formas de exploração extrativa.

5/0 extrativismo mineral se inclui nesta catego-ria, com a diferença de que a sua exploraçãolevará ao esgotamento definitivo, corno é o ca-so das reservas petrolíferas. Certas formasde agricultura predatória podem ser enquadra-d~s nesta categoria, levando ao esgotamento dos~16, à erosão etc.

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INIcIO DA EXPLORAÇAO EXTRATIVACertos recursos naturais tiveram a sua ex.

ploração acelerada nos dias atuais, culminandocom o aparecimento de movimentos ecológicos con-tra esta destruição ou o aparecimento de novasformas extrativas a serem desenvolvidas. A intocabilidade pode ser explicada como uma oferta p~tencial cujo preço da exploração excede ao preçoda demanda potencial por este determinado produ-to.

Com o desenvolvimento da tecnologia, métodos de exploração ou com a melhoria das çondi-ções infra-estruturais, as condições para o ex-trativismo são viabilizadas t" induzindo ao inícioda exploração extrativa. Para alguns produtos,com o crescimento da demanda e do caráter exclu-sivo do produto, o seu plantio em bases racio-nais e induzido com a disponibilidade de tecnologia da produção. Nesse caso, a seringueira e oguaraná são exemplos típicos de sua expansão embases racionais, e a castanha-do-brasil encontra-se em vias de domesticação através da pesquisa.

l,

6/A substituição pode ser feita passando de umproduto extrativopara o outro, em função dospreços e mercados condicionados pelo sistemasocial pecu~iar ao extrativismo ou deslocadopa~a outras atividades fora do setor.

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o inicio da exploração pode ser entendidocomo uma oferta potencial (5) bastante grande dedeterminado recurso natural, como um bem livre euma demanda potencial (D) inicialmente pequena(Fig. 1 (a). Com o tempo - devido ao crescimento

do mercado, à melhoria dos processos de transpoEte e comercialização e às obras de infra-estrutura - estas explorações tenderiam a entrar ao ~librio com o crescimento da demanda (Fig. 1 (b)•

p pp

s s

o

Q Q

(o) (b)

FI G. 1- Potencial do recurso extrotivo, processo iniciol e fose final do extrotivismo por oniquilomento e coleto.

(e)

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Coleto

S

Q

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A intensificação da exploração de rnadei.ras na região amazônica pode ser entendida comoo aumento gradativo da demanda por este produto,associado ao processo da implantação de grandesfazendas para a criação bovina, causando grandesdevastações na região, em relação a duas ou trêsdécadas anteriores. A abertura de estradas e ocrescimento da demanda condicionaram a viabilidade econômica destas explorações.

o processo das "queimadas", bastante tiP!co na região amazônica, - onde gra.ndes quan t.Ldades de madeiras nobres são inutilizadas; ao pardos aspectos culturais, exigüidade de tempo, custo de preparo da ãrea mais econômico, fertil~zação do solo e manejo mais fãcil- pode ser expl!cado como um problema econômico. O agricultorassim procede, jã que o preço de exploração dorecurso é superior ao que o mercado pode pagar,dai a razão de sua inutilidade. Reforça-se, ainda, pelo fato das madeiras, para aquelas condições do produtor, serem um bem livre, dada suadisponibilidade na ãrea e seu baixo c~sto.7/ A

7/ A este aspecto deve-se acrescentara dispersão himanana região e a grande distânciados mercados, tornandoelevadosos custos da transferênciae do sistema so-cial no processoextrativo. ouanto à abordagemdo problema de mão-de-obrano processoextrativo, urna teorização econômicaserâ divulgada poster-íonrente,

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construção de estradas ou de indústrias madeireiras gera a extração econômica, passando nesta segunda etapa a sua exploração.

FINAL DO PROCESSO EXTRATIVISTAPara o extrativismo por aniquilamento a

sua fase final pode ser interpretada corno sendoo esgotamento de seus recursos naturais ou a ri-gidez da oferta, com o deslocamento da curva deoferta para a esquerda, pela redução das fontesde recursos, levando, por conseguinte, à eleva-ção dos preços a cada nível de equilíbrio (Fig.1 (c). A longo prazo, por nao atender à exigê~cia da demanda, dado o nível de rigidez dos pre-ços, a partir do qual não seriam suportados maiores aumentos, tendendo a aumentar o excesso dademanda positiva, levando a urna instabilidadewarlasiana (Bilas 1973 e Friendman 1971).

Para o extrativismo de coleta, por atin-gir o ponto em que a oferta passaria a ser ine-lástica, onde os preços atingiriam níveis tãoelevados que seriam estimuladas as formas racio-nais de cultivo ou criação, levando o extrativi~mo ao abandono ou a sua substituição por outrasatividades (Fig. 1 (c). Neste estrativismo ecomum também verificar-se o aniquilamento em busca de maior produtividade imediata; por exemplo,

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os seringueiros danificarem as arvores com o intuito de obter maior produção, sugerindo uma curva de oferta a curto prazo, negativamente incli-nada.8/

Para algumas espécies, a exploração extrativa. é feita tanto por aniquilamento, para umafinalidade, como por coleta, para outra finalid~de. Um exemplo típico é o açaí, do qual são ob-tidos o palmito, por aniquilamento, e o suco, peIa coleta dos seus frutos.

Mesmo com o extrativismo de coleta, os recursos nao deixam de ser aniquilados, uma vezque sofrem uma exploração irracional por depred~ção, aumento da produtividade imediata ou substituição por outras atividades mais competitivas.

CONCLUSOES FINAISA exploração extrativa não se faz de ma-

neira isolada, mas envolve todo um complexo ru-ral, urbano e industrial, com vinculações no mercado nacional e internacional. Por exemplo, com

8/para o extrativismo, há necessidade de desen-volver modelos teóricos de oferta levando emconta os aspectos dinâmicos acima mencionados·além de, por exemplo, a simples pressuposiçãodo conceito nerloviano (Nerlove 1958).

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o crescimento das cidades da região Norte, au-mentando consideravelmente as importações de pr~dutos industrializados do centro - sul, criou-seum fluxo para uma maior exploração extrativa demadeira na região.

o processo do extrativismo é iniciadoquando o recurso deixa de ser um bem livre, como crescimento da demanda. O final do extrativismo dá-se quando há o esgotamento, com o seu ani-quilamento, ou quando a sua oferta torna-se ine-lástica para satisfazer a demanda. Em ambos oscasos, os niveis dos equilibrios são atingidos

- 9/com a constante elevaçao nos preços • Nas duassituações, a não existência de produtos substi-tutos adequados pode levar ao aperfeiçoamento doprocesso de produção, através de tecnologia, pa~sando à exploração racional, cuja demanda de tecnologia pode ficar regulada pelo mecanismo deautocontrole e da competição com produtos artif!ciais, por ser urna produção em bases domésticas,

9/Apesar da inexistência de comprovação empirka,é possivel que - com a perda do monopólio ex-trativo, com a concorrência de produtos arti-ficiais ou uma exploração em bases racionais -o nivel dos preços decresça, a fim de acompa-nhar o preço dos produtos substitutos das ex-plorações racionais.

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altamente dispendiosa, ou·pela inviabiliàade ded t' - 10/sua ornes lcaçao •

A teoria exposta permite delinear trata-mentos distintos para o extrativismo quanto aos'ent.Ldo de preservação. No caso do extrativismopor aniquilamento, a limitação da expansão da d~manda, através do aumento de seu custo de explo-raçao, - tais como impostos, taxas, a não execu-çao de obras infra-estruturais e outros - . podeser retardada ou dificultada, mas a longo prazotorna-se inevitável a sua exploração. Há o perigo de que, pelo seu baixo custo, o extrativismoseja pouco estimado, levando à exploração preda-tória e seletiva; neste caso, o Governo deveriaestimular a exploração mais racional possíveldesse recurso. Paralelamente, o Governo deveriaprocurar estabelecer áreas ou espaços destinadosa sua preservaçao, tais como reservas, parques efiscalização.

No caso do extrativismo por coleta, a po-lltica a ser seguida seria evitar a depredaçãodesses recursos, estabelecendo padrões mais ríg!dos para a sua manutenção e evitando a sua subs-

10/Este aspecto representa uma critica ao meca-nismo de autocontrole na difusão das técnicasmodernas propostas por paiva (1975).

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tituição indiscriminada por outras atividadescampetitivas.

Comum para ambas as formas de extrativis-mo seria uma pOlitica visando desenvolver pe~qu!sas para, a médio e a longo prazo, possibilitara elaboração de tecnologias para desenvolver es-tas atividades em bases racionais. Neste elen-co, colocam-se também os recursos extrativos po-tenciais, cuja utilização poderá ser adequada p~la descoberta de alternativas de uso, ou que ap~sentem viabilidade pela domesticação.

Outras medidas são ligadas ao incentivopara o plantio ou criação racional de recursosextrativos, que devem ser estimulados não só nasáreas onde sao desenvolvidas estas atividades,mas também nas áreas de consumo desses produtosextrativos. Nesse caso, o reflorestamento cons-tituiria um exemplo tipico. Alternativas dirigidas para a area de educação da população devemser estimuladas no sentido de uma maior preserv~ção dos recursos naturais, uma politica de assistência social dirigida aos extratores e a formu-lação de padrões mais rigidos, para o estabelecimento de outras atividades em substituição asatividades extrativas.

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Finalmente, deve-se ressaltar que no sis-tema de livre marcado11/, a orientação das atividades no extrativismo, pela mão invisível deAdam Smith, é prejudicada para atingir o ótimode Pareto (Bilas 1973, Herderson & Quandt 1976),quando se busca obter o aproveitamento econômicoe o sentido da preservação ecológica, uma vezque os recursos extrativos, quando deixam de serbens livres, passam a ser regulados pelas forçasdo mercado, porém com a diferença que apresentamuma oferta rígida, necessitando de um tra~amentodiferente dos outros setores.

11/N . d'um s1stema e l1vre mercado, a busca de lu-cros shumpeterianos leva à procura de maioresbenefícios privados, em relação a de maioresbenefícios sociais (Shumpeter" 1961).

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HOMMA, A.K.O. Uma tentativa de interpretação teórica do extrativismo AmazônIco. In: SIMPÓSIO SOBRE SISTEMAS DEPRODUÇÃO EM CONSÓRCIO PARA EXPLORAÇÃOPERMANENTE DOS SOLOS DA AMAZÔNIA, Be-lém, 1980. Anais. Belém. EMBRAPA-CPATU/GTZ, 1981.

ABSTRACT: A theoretical model to understandtwo kinds of exploitation (through gatheringand elimination) is proposed. Specifictreatments for exploitation, preservationand conservation are suggested, as wellas an explanation on the dynamic of theexploitation process is provided fromthe beginning to the end, and thedifficulties invelved in harmonizingboth free and market goods, aiming theconservation and preservation of naturalresources and their economical utilization.

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REFERtNCIASBENCHIMOL, S. Estrutura geosocial e econômica

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BILAS, R.A. Teoria microeconômica: uma análisegráfica. Rio de Janeiro, Forense, 1973, 404p.

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HENDERSON, J.M. & QUANDT, R.E. Teoria microeco-nômicai uma abordagem matemática. são Paulo,Pioneira, 1976. 417p.

MENDES, A.D. A Amazônia e o extrativismo. R.econ. BASA. Belém 1(3) :5-7. maio/ago. 1971.

NERLOVE, M. Distributed lags and estimation oflong run supply and demand elasticities,theoretical considerations. J. Farm Econ.,4O (2):301-11. May 1958.

PAIVA, R. Modernização e dualismo tecnológicona agricultura, uma reformulação. pesq. PlanoEcon. 5 (1):117-161. jun. 1975.

REIS, A.C.F. O seringal e o seringueiro. Rio deJaneiro, Serviço de Informação Agrícola do Ministé~io da Agricultura, 1953. 149p (Documen-tário da Vida Rural, 5).

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RITTER, W. Natural resources in developingcountries. Natural Resourc. and Develop.(1) :44-58, 1975.

SHUMPETER, Joseph.A. Teoria do desenvolvimentoeconômico. Rio de Janeiro, Fundo de Cultura,1961. 329p.

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CONSIDERAÇOES ECONOMICAS E SOCIAIS DE SISTEMASDE PRODUÇAO NA REGIAO AMAZONICA

Alfredo Kingo Oyama Homma1/

Duas dificuldades se dimensionam quando~tentam caracterizar sistemas de produção com vi~tas à avaliação de sua eficiência técnica, economica e social na região Amazônica:

- a necessidade de conceituar sistemas deprodução; e

- a escassez de informaçôesaos atuais sistemas existentes.

referentes

o primeiro aspecto prende-se ao fato deque o número de sistemas de produção é pratica-mente infinito, existindo tantos sistemas de produção quanto for o número de produtores, dado oseu caráter dinâmico, uma vez que os sistemas estão sempre em transformação, regulada pelas va-riáveis endógenas, que podem ser controladas pe-lo produtor, e exógenas, que escapam ao seu con-trole. Há necessidade, nesta tentativa-de ava-liação, de efetuar um certo nível de agregaçao,a fim de caracterizar um sistema de produção,toE

1/ Eng9 Agr9, M.S. em Econo~ia Rural,Pe9quisadordo CPATU, CX. Postal 48, 66000- Belém,pará,Brasil.

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nando mais viável a sua interpretação. Este nu-mero será acrescido se considerarmos as infini-tas possibilidades de combinações teóricas e si-tuações diversas, o que reforça a nossa asserti-va. Entre as várias definições e teorizações r~ferentes a sistemas de produção, preferimos ado-tar uma conceituação adaptada da SUPLAN1, comosendo "o conjunto integrado de relações t~cni-cas, sociais e econômicas que concorrem para aproduçãv de um bem ou complexo de bens em estab~lecimentos de tamanho típico representativo naregião considerada".

Quanto ao segundo aspecto, estes estudosna região estão por ser iniciados. Tenta-se por-tanto, caracterizar os sistemas de produção existentes na região amazônica, baseando-se na expe-riência e em algumas observações. Como foi fri-sado anteriormente, dependendo do nível de agre-gação que se queira dar, podem-se caracterizardiversos sistemas, segundo o enfoque a ser dado"a priori". Podem-se caracterizar, ã guisa deexemplo, pelo nível de renda, sistemas de produ-ção adotados pelos produtores de baixa renda,que

1SUPLAN - Caracterização dos sistemas de produ-ção da agropecuária "uso atual". Bras!lia, 1977 (mimeografado).

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compreenderiam as culturas de juta, malva, ar-roz, milho, feijão, mandioca, algodão etc., emsuas diversas modalidades de combinações, localização espacial, acesso ao mercado etc. Para mé-dios ou grandes produtores, envolvendo as ativi-dades de pecuária, pimenta-do-reino, cacau, se-ringueira, café etc., em suas várias caracterizações e aspectos peculiares. Uma oura forma deagregaçao seria pelas condições ecológicas dife-renciadas existentes na região, pelo grau de de-senvolvimento da agricultura regional (áreas deagricultura estruturada, áreas de transição eáreas em processo de expansão da fronteira agrí-cola), pela importância econômica dos produtos(Fig. 1).

Entre os fatores geradores das transfor-maçoes dos sistemas de produção, cabe à pesquisao papel de viabilizar estas mudanças. Contudo,na região amazônica estas transformações tecnológicas parecem derivar de três fontes principais:experiência dos próprios produtores, transferên-cia de tecnologia, tanto nacional como interna-cional, e resultados de pesquisa derivados dosinstitutos regionais, Em termos de contribuiçãopara a a~ricultura regional, a atual tecnologiautilizada pelos produtores parece seguir esta o~dem de importância. Indutoras das transforma-

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ções, as variáveis exógenas - tais corno a política agrícola, consubstanciada nos programas de colonização, preços, incentivos fiscais, programasespeciais de incentivo à produção etc. - sao responsáveis pelo desempenho e desenvolvimento dossistemas de produção na região amazônica e osorientarão nos anos vindouros. Corno exemplo destes casos, ternos o PROBOR para a seringueira, oPROCACAU para a cultura do cacau, e outros quedeverão surgir para atender às políticas gover-namentais do setor.

Outra consideração importante reside nofato de que para as culturas perenes se intentaa domesticação e/ou utilização dos recursos ex-trativos da floresta amazônica, tais corno a cas-tanha-do-brasil, seringueira, guaraná e espéciesflorestais, entre outros, ao lado das espéciesjá domesticadas - corno o cacau, café, pimenta-do-reino e outras atividades complementares. Este fato coloca o aspecto de adoção e difusão detecnologia corno comportamentos atípicos em rela-çao as espécies já completamente domesticadas.

As relações econômicas e sociais dos sis-

temas de produção serão discutidas nas suas va-rias modalidades, subdividindo-as em culturas p~renes e anuais.

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a) Culturas p~renesA exploração das culturas perenes difere~

cia-se da atividade pecuária e de ciclo curto p~Ia rigidez do elemento produtivo, colocando oprodutor - quando este toma a decisão de plantarculturas perenes - em uma situação onde qualquermodificação é bastante difícil, tendo ainda umhorizonte de tempo amplo, impossível de recupe-rar. Um criador de gado pode tomar a decisão devender o rebanho ou mudar para uma outra atividade, conforme as circunstâncias ou perspectivasque melhor se lhe apresentarem. ~ claro que osfatores de gosto pessoal do agricultor têm muitoa ver com a decisão de dedicar-se a determinadostipos de atividade.

No caso da região amazônica, a exploraçãode culturas perenes tem sido considerada como omodelo ideal para os trópicos úmidos. Ecologis-tas têm lançado esta idéia como uma solução paraevitar a depredação dos recursos naturais e man-ter o equlíbrio ecológico da região. Nesta li-nha de raciocínio, considerações sobre a melhorforma de utilização destes recursos muitas vezessão desprezadas, sua viabilidade de mercados al-gumas vezes contradizendo com as necessidades docrescimento da população mundial e a potenciali-dade da região amazônica. Uma simples aritméti-

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ca mostra que as culturas perenes nao estariamsendo reservadas para um papel de importância capital, como forma de utilização de vastas exten-saes do recurso terra, pelo menos para as cultu-ras tradicionalmente debatidas. Por exemplo, oplantio de 200.000 ha de seringueiras seria suficiente para trazer a auto-suficiência nacional,160.000 ha de cacau tornariam a região amazôni-ca em uma produtora da metade do cacau produzidono Brasil, 10.000 ha de guarani seriam suficien-tes para saturar os mercados nacional e interna-cional com este produto e a cultura da pimenta-do-reino também tem suas pretensões bastante re-duzidas. Restariam,portanto, neste comentirio,a castanha-do-brasil, o dendê, a pecuiria e a exploração florestal. No caso da castanha-do-~ra-sil, a despeito de sua potencialidade - devido àconcorrência por produtos substitutos - prova-velmente o limite de sua expansão no futuro naodeva ocupar grandes areas. Para a cultura do café, as perspectivas poderiam ser colocadas emtermos de substituição das ireas tradicionais,sujeitas a risco de geadas, e para atender ocrescimento da demanda e do esgotamento do recurso terra na região Centro-sul. A exploração dodendê, caso seja comprovada a sua viabilidade como fonte de combustível, poderi ter uma irea es-

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timada superior a dois milhões de hectares paraatender ao consumo atual de óleo diesel. Nestecaso, portanto, ~-~ia abrir um grande mercado em termos mundiais, no futuro, carecendo degrandes extensões para o cultivo desta fonte dematéria-prima. Neste mesmo processo de avalia-ção, a exploração florestal se apresentaria comgrandes perspectivas como abastecedora, a nívelnacional e internacional. A exploração pecuar1aparece ter seguido melhor as orientações das tendências, sendo a atividade que realmente deu aarrancada na ocupação do espaço amazônico; oscálculos moderados estimam um potencial de 100milhões de cabeças para a região amazônica e in-dicam que, prevalecendo as tendências atuais, e~ta será uma previsão que se tornará realidade,sem as pretensões de estímulo inicial, por partedo Governo, que têm caracterizado as outras ati-vidades. Neste quadro, é possível notar que umaimportante alternativa está sendo negligenciada,que provavelmente despertará a atenção no futuro;trata-se de considerar a região como produtorade alimentos de ciclo curto, sendo que este as-pecto deverá ocupar grandes espaços nas próximasdecisões (Tabela 1).

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TABELA 1 - Estimativas futurlsticas para a ocupação do espaço Amazônico

Atividades Area (ha)Indicadores

Pecuária

seringueiraal

CacaublPimenta-do-reinoDendêcl

Guaraná

NCOW

Castanha-do-brasildl

Café

SubtotalFloresta

Area restante

Estima-se um potencial de 100 milhões de cabeças e umataxa de lotação de 1 cabeça/ha/ano.Dimensionando para a atual área plantada no mundo, oque significa multiplicar por 33 a atual área necessá-ria·para a auto-suficiência nacional.Decuplicar a atual área projetada pelo PROCACAU.Decuplicar a atual área plantada.Decuplicar a atual área hipotética para substituir oconsumo de óleo diesel no PaIs. Usou-se o eqüivalen-te de 1 litro de óleo diesel = 1 litro de óleo de den-dê.Decuplicara área necessãria para atender a demanda in-terna e externa, projetada para 1985.A atual produção extrativa poderia ser obtida em 9.000ha de castanhais cultivados, utilizando o atual níveltecnológico. Para esta estimativa, decuplicou-se estevalor hipotético.Dimensionou-se para a região amazônica, a atual áreaplantada no Pais.Corresponde a 25,10% do espaço amazônico.Estimativa atual da área e sua manutenção a longo tem-po. Corresponde a 54,905 do espaço amazônico.Correspondente a 20% do espaço amazónico.

100.000.000

4.000.0001.600.000

200.000

20.000.000

100.000

90.000

2.000.000127.990.000

280.000.000102.000.000

ai - a atual produção de borracha natural atende apenas 1/3 do consumo aparente, e a produção brasileira é de apenas 0,5% da produção mundial;

bl - a atual produção de cacau na região amazônica é de 3%, em relação ã produção brasileira. Como PROCACAU, prevê-se a participação do cacau na região amazônica em torno de 50% da nacional,por volta da década de 90;

cl - a atual produção brasileira de óleo de dendê representa apenas 0,5% da produção mundial, com20.000 toneladas aproximadamente.

di - para castanhais cultivados, estima-se uma produtividade de 1,65 t/ha/ano. A produtividademédia de castanhais extrativos é de 0,36 hectolitro/ha/ano.

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Outro aspecwque deve ser caracterizadoem sistemas de produção com culturas perenes naAmazônia, é a busca de respostas de cunho ecoló-gico, isto é, conhecimento das inter-relaçõesgoose processam no meio ambiente, tratando-se de umcampo complexo que precisa ser melhor entendido.Do ponto de vista econômico-social, a viabilidade desses sistemas de produção precisa ser deinício agronomicamente possível, dentro de um 'leque de alternativas que o produtor encontre asua disposição na tomada de decisões.

Em relação aos experimentos conduzidos,!! - I-com culturas perenes, deve-se ressaltar que va-'

rios sistemas testados são econômicos e já se 'en-contram adotados pelos produtores. Neste elen-co, colocam-se a pimenta-do-reino, o cacau, oguaraná, o café e a seringueira, em monoculti~

• ~ 1.1

vos. O fato dos produtores estarem se dedica~doa estas atividades, mostra que ou as outras com-binações são inviáveis ou se desconhecem as van-tagens. O jogo de avaliações ficaria dependendoda sua produção, produtividade, preços dos prod~tos e insumos, e o custo da exploração. Por hi-pótese, espera-~e que a produtividade seja, nómáximo, igual a do cultivo solteiro.

Quanto à produção, deve-se inferir que asplantas sombreadoras apresentam uma redução, em

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relação aos plantios solteiros, de 75% para ocaso da seringueira, e de 50% para o caso da castanheira, corno é verificado em alguns experimen-tos em an9amento. O numero das plantas sombrea-das é praticamente o mesmo adotado para os plan-tios solteiros, podendo-se entender o consorcia-mento, caso apresente resultados satisfat6rios,corno urna maneira de melhor aproveitar estas a-reas, desde que nao causem urna redução brusca naprodutividade.

Outro aspecto a ser observado diz respei-to ao mercado. O produtor, ao decidir pelo con-sorciamento, está sujeito ao comportamento dedois mercados distintos, além de processos de decisão, práticas de tecnologias, administração emanejo de sua propriedade. Neste caso, as pers-pectivas de mercado são mais amplas para a seringueira e cacau, e seringueira e café, e reduzi-das para o guarana e a pimenta-do-reino, com al-gumas dúvidas para a castanha-do-brasil, cujaadoção e difusão estariam sujeitas ao mecanismodo auto-controle. Portanto, dentro de urna pers-pectiva de mercado e pOlítica governamental, acombinação destes dois sistemas apresenta maioresperspectivas de sucesso para o consorciamento,frente às comparações com os rendimentos a seremauferidos nos sistemas solteiros.

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A viabilidade econômica dos sistemas queusam o sombreamento pelo bosque e pela regenera-çao, para a pimenta-do-reino, o cacau e o guara-ná, precisa ser constatada. A adoção e difusãodestes sistemas seriam feitas em função diretados seus custos de exploração e administração,emtermos de tamanho da área. No caso de sucesso,provavelmente eles estariam destinados a peque-nos produtores, a não ser que haja urna reduçãosensivel nos custos de produção.

Outro ponto a ser discutido se refere apolitica de crédito que deve ser adotada nos fi-nanciamentos para os sistemas consorciados, urnavez que eles estão direcionados aos plantios solteiros, bem corno localização espacial dos progr~mas governamentais para estas atividades. O treinamento dos produtores no manejo dos sistemas será outra caracteristica que não pode ser despr~zada para o sucesso completo do empreendimento.

A heterogeneidade dos preços de insumos eprodutos, dependendo da localidade, fará com queas alterações na renda liquida dos empreendimen-tos direcionem as atividades com sinais positi-vos, Lndeperident.e do sentido ecológico.

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b) Culturas anuaisAs culturas anuais, em vista do pouco tem

po para entrar no processo produtivo, ficam su-jeitas a maiores flexibilidades quanto às trans-formações nos sistemas de produção, causadas por-mecanismo de origem endógena ou exógena. As po-líticas governamentais, junto ao setor produti-vo, têm obtido respostas favoráveis ao aumentoda produção, atr~vés da expansão de novas areas,facilitada_pelas políticas de preços e de merca-dos.

No caso da região amazõnica, as culturasanuais, notadamente as alimentares, têm-se voltado para o mercado regional, crescendo em funçãodeste e das facilidades de comercialização, den-tro de um processo de economia fechada. As ma-térias-primas industriais - como a juta e a mal-va - para atendimento à indústria têxtil regio-nal, são dependentes desta, como uma extensãodas próprias fábricas, com alto grau de interme-diação e relações de produção bastante atípicas.'Em geral, os pequenos agricultores se dedicam àsculturas anuais, fazendo parte do sistema regio-nal, onde se associam com aqueles sistemas maiscapitalizados, interagindo e fornecendo alimen-tos ou matérias-primas e mão-de-obra nas epocasda entressafra. O aumento da produtividade nem

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sempre levará ao aumento da renda destes produt~res, pois os mecanismos das leis do mercado e daapropriação de excedentes funcionam sempre emdesvantagem para os pequenos produtores.

A frente de expansão da fronteira agríc~la, que está chegando às áreas recém-desbravadasda região arnazô~ica, tem, nos sistemas de cultu-ras anuais, o seu primeiro ponto de apoio paraa penetração das formas mais capitalizadas daagricultura. As frentes pioneiras funcionam co-mo garantia de alimentos e mão-de-obra, além dasrelações quase feudais no processo de produção;por exemplo, o posseiro poderá ser obrigado aplantar capim após a colheita de sua roça.

No processo de ocupação das áreas na re-gião amazônica, o grau de interesse não tem se-guido, na maioria dos casos,os aspectos de prot~ção ecológica mais favoráveis para determinadasculturas anuais, pastagens ou culturas permanen-tes. É dada maior atenção ao benefício privadoem detrimento do benefício social e, neste caso,dolocam-se as culturas anuais dentro desta re-gra. Desenvolver sistemas de produção com culturas anuais de caráter permanente e rentável tor-na-se urna questão bastante difícil de ser resol-vida e, sobretudo, quando se chega a conclusão

~de que as maiores perspectivas que se abrem a re

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gião amazônica relacionam-se com a produção dealimentos. Neste aspecto, as pesquisas com sistemas de produção em culturas anuais devem tomarum sentido pragmático, fugindo dos métodos con-vencionais, isto é, não fazer pesquisa de siste-mas de produção somente pelo fato de fazer pes-quisa, e sim ir direto aos pontos de estrangula-mento encontrados.

Considerações finaisOs sistemas de produção, pelo seu caráter

dinâmico, ficam, em grande parte, sujeitos aocontrole das polIticas econômico-sociais. Osprodutores podem nmanejar", criando novos siste-mas de produção, fazendo alterações, ou mesmoeliminando os sistemas anteriormente adotados,s~gundo ~ fluxo das polIticas agrIcolas, de merca-dos, incentivos, créditos, programas especiaisetc. A busca de uma melhor eficiência técnica,econômica e social dos sistemas de produção deveser a tônica a ser perseguida nos programas dedesenvolvimento agrIcola, compatibilizando coma conservação, preservação e utilização dos re-cursos naturais da região amazônica. O maiorobstáculo constitui-se na dicotomia entre compa-tibilizar os benefIcios privados com os benefIcios sociais, quando se pensa em ~istemas de pr~

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dução adequados para a região ~mazônica e a suacapacidade de evoluir com o desenvolvimento dasociedade.

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GRÁFICA FALANGOLAoffset

BELtM PARÁ