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CONSTITUIÇÃO DE 1988 1.0 DIREITOS FUNDAMENTAIS Talvez, a principal, ou uma das principais, e inerente característica ou faculdade, por assim dizer, do ser humano seja a sua busca pela liberdade. A todo momento luta-se contra forças hostis, tanto advindas da natureza quanto da convivência. A sociedade é, acima de tudo, a fonte da opressão e arma contra ela. Como diria Einstein: “tudo é relativo”. A noção e a sensação de liberdade também o são. Uma conceituação do que venha a ser liberdade pode ser muito espinhosa. Contudo nada impede que se faça pelo menos um esboço, mesmo que deficitário, desta, pode-se dizer, faculdade do homem. Na filosofia, há muitas verdades, meta-verdades e não verdades. Como é de praxe, sempre é de bom tom fazer aquela velha arguição de que não existe verdade absoluta. Todavia, a de se convir de que esta assertiva, por si só, já é uma tentativa de dogmatizar o objeto a síntese e o produto de uma. No início do último parágrafo, fez-se uma afirmação. Entende-se pertinente ao assunto, comentá-la. Qual a diferença entre uma verdade, uma meta-verdade e uma não verdade? Pode-se, se fazendo uma Sistematização, se é que se deve chamar assim, Axiológica hierarquizar estes três vocábulos. O primeiro tem um valor supremo, absoluto, definitivo. Sendo aquilo que não sucinta dúvida; o segundo é o que não é uma verdade total, porém também não é uma mentira total, um conceito túrbido; seria uma meia verdade ou, se preferir, meia mentira, o terceiro é uma mentira cabal, irrefutável, incontestável. Porventura, de se alocar o conceito de liberdade, aqui convencionado. Será ele posto, dentro das hierarquias, no patamar segundo, de meta-verdade. Por mais que isso pareça pernóstico, concordo, o assunto é conflituoso. A título de conhecimento pode-se citar duas acepções de liberdade. Uma de Sartre, um existencialista, outra de

Constituição de f 1988

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CONSTITUIÇÃO DE 1988

1.0 DIREITOS FUNDAMENTAIS

Talvez, a principal, ou uma das principais, e inerente característica ou faculdade, por assim dizer, do ser humano seja a sua busca pela liberdade. A todo momento luta-se contra forças hostis, tanto advindas da natureza quanto da convivência. A sociedade é, acima de tudo, a fonte da opressão e arma contra ela. Como diria Einstein: “tudo é relativo”. A noção e a sensação de liberdade também o são.

Uma conceituação do que venha a ser liberdade pode ser muito espinhosa. Contudo nada impede que se faça pelo menos um esboço, mesmo que deficitário, desta, pode-se dizer, faculdade do homem.

Na filosofia, há muitas verdades, meta-verdades e não verdades. Como é de praxe, sempre é de bom tom fazer aquela velha arguição de que não existe verdade absoluta. Todavia, a de se convir de que esta assertiva, por si só, já é uma tentativa de dogmatizar o objeto a síntese e o produto de uma.

No início do último parágrafo, fez-se uma afirmação. Entende-se pertinente ao assunto, comentá-la. Qual a diferença entre uma verdade, uma meta-verdade e uma não verdade? Pode-se, se fazendo uma Sistematização, se é que se deve chamar assim, Axiológica hierarquizar estes três vocábulos. O primeiro tem um valor supremo, absoluto, definitivo. Sendo aquilo que não sucinta dúvida; o segundo é o que não é uma verdade total, porém também não é uma mentira total, um conceito túrbido; seria uma meia verdade ou, se preferir, meia mentira, o terceiro é uma mentira cabal, irrefutável, incontestável.

Porventura, de se alocar o conceito de liberdade, aqui convencionado. Será ele posto, dentro das hierarquias, no patamar segundo, de meta-verdade. Por mais que isso pareça pernóstico, concordo, o assunto é conflituoso.

A título de conhecimento pode-se citar duas acepções de liberdade. Uma de Sartre, um existencialista, outra de Schopenhauer, um “kantiano-pessimista”. Para aquele a liberdade é uma condição ontológica do ser humano, o homem é livre, antes de tudo. Para o último, esta faculdade não passa de pura vontade mera expectativa.

Aquiescendo-se assim esta acepção de liberdade, encetar-se-á um célere escólio sobre os Direitos Fundamentais contidos na Constituição Brasileira de 1988.

O quinhão dedicado aos Direito Fundamentais contempla, ao todo, treze artigos, incoando pelo artigo 5° e prologando até o 17. Subdividindo-se, os dispositivos apresentar-se-ão amanhados da seguinte forma:

vida; liberdade; igualdade; segurança; propriedade .

Outra classificação, Pedro Lenza, subdivide em:

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direitos e deveres individuais e coletivos; direitos sociais; direitos de nacionalidade; direitos políticos; partidos políticos.

Cabe fazer-se uma distinção entre o que seja Direito e Garantias.

“Direitos Fundamentais são bens e vantagens disciplinados na Constituição Federal. Exemplo: art. 5º, XVI e XXII.

Garantias Fundamentais são ferramentas jurídicas por meio das quais tais direitos se exercem, limitando os poderes do Estado. Exemplo: art. 5°, XXXV e LXXVII.

[...]Numa mesma norma constitucional, contudo, garantias podem vir

disciplinadas junto com direitos. Exemplos: CF, art. 5°, VI — direito a crença + garantia da liberdade de

culto; CF, art. 5°, IX — direito de expressão + garantia da

proibição à censura; CF, art. 5°, LV — direito à ampla defesa + garantia do

contraditório.1”

Como já aludido não será feito um estudo pormenorizado da matéria. Entretanto, faz-se imperioso uma alusão ao histórico por trás desta matéria.

Caio Tácito, comenta acerca dos Direitos Fundamentais:

“O Estado de Direito consolida-se como princípio da supremacia da lei, oposto ao arbítrio da autoridade, fazendo nascer o conceito de direitos públicos subjetivos oponíveis ao Estado, que se deve submeter às leis que ele próprio estabelece.

A regra da igualdade equipara, perante a força da Lei, o Poder Público e o cidadão, administração e os administrados. A era liberal repousa sobre o individualismo jurídico e a liberdade de iniciativa econômica. A autoridade da vontade e o direito de associação, o direito de propriedade e liberdade de locomoção, a limitação e harmonia dos Poderes e a legitimidade do sistema representativo são os valores básicos do Estado Liberal.

A dinâmica da evolução social começa, porém, a opor ao princípio tradicional de que todos são iguais perante a Lei, à compreensão de uma crescente desigualdade perante os fatos sociais. Uma nova ordem jurídica começa, lentamente, a evoluir sobre a pressão de causas e concausas econômicas e sociais. O Estado é chamado a dirimir conflitos entres forças do capital e do trabalho, bem como a conter os excessos do liberalismo e da propriedade privada, submetendo-os aos princípios do bem comum e

1 BULOS, Uadi Lammêgo. Curso de Direito Constitucional – 8 ed. rev. e atual. de acordo com a Emenda Constitucional n.76/2013 – São Paulo: Saraiva, 2014. p. 525.

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da justiça social. [...] O centro de gravidade da ordem jurídica caminha do individual para o social.

[...]Os direitos sociais do homem não se opõem, antes completam as

liberdades tradicionais. Os direitos econômicos e sociais são um prolongamento dos direitos e garantis individuais, contemplando a pessoa, além de sua qualidade singular, para garantir seus direitos de participação na sociedade, a substituição de um conceito de justiça distributiva pela de justiça comutativa que deve levar em conta as desigualdades individuais.2”

Continua Tácito:

“Estabelece o parágrafo primeiro do artigo 5° que as normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata. Todavia, o conteúdo dessas normas, conforme o seu texto, em certos casos atribui à lei ordinária a disciplina do princípio que nelas se contêm.3”

Finda Tácito:

“É marcante, no texto constitucional, a presença do povo e a valorização da cidadania e da soberania popular.”

Não podia “ficar de fora” um breve comentário sobre a Emenda n.45/2004, também conhecida como Reforma do Judiciário que prevê no seu artigo 5°, § 3°:

“Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovadas, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais4”

É perceptível, nesta emenda, que há uma evolução no cerne dos Direitos Fundamentais, quando se abre um precedente para a legitimação de Tratados Internacionais que tenham por desiderato os Direitos Humanos é sensível um grande, por assim dizer, progresso.

2 TÁCITO, Caio. Constituições Brasileiras: 1988 – Brasília: Senado Federal e Ministério da Ciência e Tecnologia, Centro de Estudos Estratégicos, 1999. p. 22.3 Idem, p.27.4 Idem, p.29.