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1 UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS Curso de graduação em Farmácia-Bioquímica Construção de farmacóforo para o receptor AT1 baseado em agonistas enviesados, um estudo de modelagem molecular. SILVESTRE MASSIMO MODESTIA Trabalho de Conclusão do Curso Farmácia-Bioquímica da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo Orientadora: Profa. Dra. Carlota de Oliveira Rangel-Yagui Co-Orientador: Prof. Dr. Gustavo Henrique Goulart Trossini São Paulo 2014

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS Curso de graduação em Farmácia-Bioquímica

Construção de farmacóforo para o receptor AT1 baseado em agonistas enviesados, um estudo de modelagem

molecular.

SILVESTRE MASSIMO MODESTIA

Trabalho de Conclusão do Curso Farmácia-Bioquímica da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo

Orientadora: Profa. Dra. Carlota de Oliveira Rangel-Yagui Co-Orientador: Prof. Dr. Gustavo Henrique Goulart Trossini

São Paulo

2014

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SSUUMMÁÁRRIIOO

CONTEÚDO

LISTA DE ABREVIATURAS ................................................................................................... 1

RESUMO ........................................................................................................................ 2

1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA ........................................................................................ 4

1.1 Insuficiência cardíaca ................................................................................................ 4

1.2 Agonismo enviesado no AT1R ..................................................................................... 5

1.3 Planejamento racional de fármacos e modelagem moelcular ............................................ 6

2. OBJETIVOS .................................................................................................................. 8

3. MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................................. 8

3.1 Construção e otimização de ligantes ............................................................................ 8

3.2 Dinâmcia Molecular ................................................................................................. 9

3.2.1 Construção e otimização do sistema ...................................................................... 9

3.2.2 Minimização ................................................................................................... 10

3.3.3 Equilibração .................................................................................................... 10

3.3.4 Dinâmica de produção ...................................................................................... 10

3.3 Seleção de confôrmeros .......................................................................................... 11

3.3 Construção do farmacóforo ..................................................................................... 11

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................... 11

4.1 Minimização e equilibração ...................................................................................... 11

4.2 Seleção de confôrmeros .......................................................................................... 17

4.3 Construção do farmacóforo ..................................................................................... 18

4.4 Discussão e modelo final ......................................................................................... 22

5. CONCLUSÕES ............................................................................................................. 26

6. BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................ 26

7. ANEXOS .................................................................................................................... 31

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LISTA DE ABREVIATURAS

Ang II Angiotensina II

AT1R Angiotensin II Type 1 Recepetor (Receptor de Angiotensina II do tipo 1)

ARB Angiotensin II Receptor Blocker (Bloqueadores do receptor de angiotensina II)

IC Insuficiência cardíaca

LBDD Ligand Based Drug Design (Planejamento de Farmáco Baseado no Ligante)

DM Dinâmica Molecular

PAC Perfil de Amostra Conformacional

PBC Periodic Bondary Conditions (Condições Periódicas de Contorno)

PDB Protein Data Bank

RMN Ressônancia Magnética Nuclear

RMSD Root Mean Square Deviation (Desvio Quadrático Médio das Posições

Atômicas)

RMSF Root Mean Square Fluctuation (Média do Desvio Quadrático Médio)

SAR Structure Activiy Relationship (Relação Estrutura Atividade)

SBDD Structure Based Drug Design (Planejamento de Fármaco Baseado no

Receptor)

SUS Sistema Único de Saúde

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Resumo

MODESTIA, S. M. Construção de farmacóforo para o receptor AT1

baseado em agonistas enviesados, um estudo de modelagem molecular.

Trabalho de Conclusão de Curso Farmácia-Bioquímica – Faculdade de Ciências

Farmacêuticas – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2014.

Palavras-chave: Insufuciência Cardíaca, Agonismo Enviesado, Modelagem

Molecular e Planejamento de Fármacos Baseado na Estrutura do Ligante (LBDD).

Introdução: A insuficiência cardíaca (IC) é uma síndrome de elevada

morbimortalidade, correspondendo a um grave problema de saúde pública. Estudos

recentes mostram que agonistas enviesados para o receptor de Angiotensina II do

tipo 1 (AT1R) ativam a via da β-arrestina de modo independente da via da proteína

G. Isso representa uma vantagem terapêutica sobre os antagonistas do AT1R, que

bloqueiam ambas as vias. Desta forma, entender os requisitos estruturais que levam

um composto a ter atividade agonista enviesada consiste no primeiro passo para a

descoberta de novos compostos com potencial terapêutico para o tratamento de IC.

Objetivo: O objetivo deste trabalho é a construção de um farmacóforo para o

receptor AT1R baseado na estrutura de um grupo de agonistas enviesados.

Materiais e Métodos: A estrutura da Angiotensina II obtida por RMN foi utilizada

como geometria inical para a geração das coordenadas de sete agonistas envieados

e da própria Angiotensina II. O programa computacional GROMACS e o campo de

força AMBER99sb*-ildn foram utilizados para a criação do sistema de simulação. As

estruturas foram minimizadas pelo método Steepest Descent com 10.000 passos.

Simulações de dinâmica molecular com solvente explicito (água modelo TIP3P)

foram realizadas a 310 K e 1 atm por 10ns, utilizando-se o termoestato V-Rescale e

o barostato de Parrinello-Rahman, ambos com constante de acomplamento de 0,2

ps. Os confôrmeros selecionados foram sobrepostos para a geração de modelos

farmacóforicos no programa computacional Sybyl 2.0 – módulo Unity.

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Resultados: Os parâmetros de controle da dinâmica molecular foram mantidos

(pressão média = 1 bar, temperatura = 310 ± 3,8 K, densidade = 987 ± 4.6 Kg/m3). A

análise por RMSD mostrou que todos os compostos alcançaram a estabilidade

conformacional após 6,5 ns. Uma grande flexibilidade dos três primeiros

aminoácidos foi observada por análise de RMSF. O modelo final apresentou seis

pontos farmacofóricos: dois pontos aromáticos, um ponto doador de ligação

hidrogênio, um centro carregado negativamente e dois pontos doadores/aceptores

de ligação de hidrogênio.

Conclusão: A construção de um farmacóforo por meio da sobresposição de

confôrmeros obtidos por dinâmica molecular foi bem sucedida. Nossos resultados

indicam que a posição alternativa da carboxila terminal é responsável pelo agonismo

enviesado. Estudos posteriores como triagem virtual e ensaios biológicos poderiam

ser usados para a validação deste modelo.

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1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA

1.1. Insuficiência cardíaca

A insuficiência cardíaca (IC) é definida como uma síndrome resultante de

qualquer desordem funcional ou estrutural do coração que cause ou aumente o risco

do desenvolvimento de manifestações de um baixo débito cardíaco. Ela consiste na

via final de várias doenças, como hipertensão arterial sistêmica, diabetes melitus,

doença de Chagas e coronariopatias.1

Estudos de prevalência estimam que 23 milhões de pessoas no mundo

tenham IC e que dois milhões de casos novos sejam diagnosticados anualmente. Só

nos EUA, conjecturam-se 550 mil novos casos por ano e 5 milhões de portadores

desta síndrome. A IC gera um custo anual ao sistema de saúde americano de mais

de 26 bilhões de dólares com assistência médica e de até 13 bilhões de dólares em

custos indiretos, provocados por incapacitações. 2,3

A prevalência da IC aumentou nas últimas 5 décadas e, ainda hoje, a

mortalidade pode ultrapassar 50% em 5 anos, a partir do momento do diagnóstico.4

Segundo o Sistema Único de Saúde (SUS) ocorreram cerca de 400 mil internações

por IC no ano de 2000 no Brasil. Isso correspondeu a um consumo de mais 33% dos

gastos com doenças do aparelho circulatório, o que tornou a IC a primeira causa de

internação de pacientes acima de 65 anos no SUS. Projeções indicam que em 2025

o Brasil terá a sexta maior população de idosos do mundo e que a IC será a primeira

causa mundial de morte por doença cardiovascular. Por esse motivo, esta sindrome

é considerada um problema de saúde publica pela Organização Mundial de

Saúde.4,5

Há 40 anos a terapia para IC consistia no uso de glicosídeos cardiotônicos e

diuréticos, que serviam apenas como medida paliativa. Hoje, o tratamento visa

mudar ou evitar a progressão da doença, através do uso de β-bloqueadores

adrenérgicos, vasodilatadores, antagonistas de aldosterona, inibidores da enzima

conversora de angiotensina (IECA) e bloqueadores do receptor AT1R de

angiotensina II (ARB, Angiotensin Receptor Blocker)2. Essas últimas três classes

agem sobre o sistema hormonal renina-angiotensina-aldosterona, responsável pela

regulação da pressão arterial e da homeostase eletrolítica.1

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O atual arsenal de ARBs consiste em oito fármacos: candesartana,

losartana, irbesartana, olmesartana, telmisartana, valsartana, azilzartana e

eprosartana, esses últimos dois fármacos não são comercializados no Brasil. Os

ARBs agem de maneira potente e seletiva prevenindo e revertendo a maioria dos

efeitos da angiotensina II (Ang II). Essa inibição leva à vasodilatação, excreção de

sódio e redução da contração da musculatura lisa vascular. Porém, estudos recentes

sobre as formas de ativação do AT1R apontam que a importância fisiológica e

patológica deste alvo é subestimada por essa classe de fármacos.6,7,8,9

1.2. Agonismo enviesado no AT1R

O AT1R pertence à família dos receptores com sete seguimentos

transmembrana (7TM) acoplados à proteína G (GPCR). Este tipo de receptor é

responsável por 80% da sinalização hormonal e aproximadamente 5% do genoma

codifica GPCRs. Por esse motivo a modulação de GPCRs por fármacos agonistas

ou antagonistas é uma das estratégias mais utilizadas atualmente no planejamento

de fármacos, resultando em vários agentes terapêuticos. 10,11

A sinalização celular do AT1R começa com a ligação da angiotensina II,

provocando a estabilização da conformação capaz de se ligar à proteína G

heterotrimérica.7 A ativação da proteína G gera segundos mensageiros,

desencadeando o restante da cascata de sinalização intracelular. 8,12 Logo após sua

ativação, quinases de receptor acopladas à proteína G (GRKs) fosforilam a porção

citosólica do AT1R, começando o processo de dessensibilização. Essa porção

fosforilada do receptor promove o recrutamento da β-arrestina, que se liga ao AT1R

impedindo a continuidade da interação entre a proteína G e o receptor, o que

maracá o término da cascata de sinalização.

Estudos recentes mostram ser possível a ativação da via da β-arrestina de

modo independente da via da proteína G.13 Essa ativação seletiva pode ainda ser

obtida por meios farmacológicos, como é o caso do composto SII [(Sar1,Ile4,Ile8)-Ang

II] capaz de ativar vias dependentes da β-arrestina (internalização e

dessenssibilização do receptor), sem a geração de segundos mensageiros da via da

proteína G.13,14,15 A observação de fenômenos similares em diferentes GPCRs levou

ao desenvolvimento do termo seletividade funcional ou agonismo enviesado.16,17

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Esta seletividade funcional do AT1R é particularmente interessante porque

a componente dependente de proteína G (Figura 1) é responsável pelo

desenvolvimento de morte celular e fibrose tecidual, o que leva à hipertrofia cardíaca

deletéria e a progressão a insuficiência cardíaca. Por outro lado, a sinalização

seletiva da via da β-arrestina está associada com fenótipos como renovação celular

e regulação de contrações musculares. Desta forma, compostos capazes de ativar

apenas a via da β-arrestina poderiam corresponder a uma nova estratégia

terapêutica no tratamento de doenças cardiovasculares.6

Figura 1. Diferentes efeitos de ligantes sobre o AT1R (adaptado de Aplin et al. 2009).

Dentre os agonistas enviesados para a via da β-arrestina destaca-se o

TRV27, que atualmente encontra-se em ensaios clínicos de Fase IV para o

tratamento de insuficiência aguda descompensada. 9,18,19,20,21 Apesar das vantagens

apresentadas pelo TRV27, sua natureza peptídica o torna farmacocineticamente

inviável por via oral devido a degradação por peptidases gástricas, o que limita o seu

uso ao ambiente hospitalar. Desta forma, entender as diferenças estruturais que

levam a esta seletividade funcional seria o primeiro passo para a obtenção de

fármacos agonistas enviesados de natureza não proteica.

1.3. Planejamento racional de fármacos e modelagem molecular

A modelagem molecular é uma alternativa cada vez mais viável e econômica

no organograma de introdução de um novo fármaco no mercado. Isso se deve aos

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constantes avanços em diversas áreas, como a caracterização de

biomacromoléculas, conhecimento de processos bioquímicos envolvidos nas bases

moleculares das doenças e, principalmente, da ciência computacional 22,23.

Segundo a IUPAC a modelagem molecular é definida como a investigação

das estruturas e das propriedades moleculares pelo uso de química computacional e

técnicas de visualização gráfica, visando fornecer uma representação tridimensional

de um sistema, sob um dado conjunto de circunstâncias. Nesta definição se

encaixam os sistemas biológicos como os envolvidos na interação fármaco-

biomacromolécula alvo (receptor, enzima, ácido nucléico, canais de íons).

A modelagem molecular pode ser dividida em duas vertentes, o

planejamento direto ou dependente do receptor (SBDD), que utiliza a estrutura

tridimensional da biomacromolécula alvo em complexo com a micromolécula, e o

planejamento indireto ou independente do receptor (LBDD), que se vale somente da

estrutura dos ligantes disponíveis.24,25,26 Como o AT1R ainda não foi cristalizado,

este trabalho recorreu ao LBDD, utilizando um conjunto de ligantes para fornecer os

requisitos estruturais mínimos para a interação com o receptor.

A dinâmica molecular é um procedimento de simulação que consiste na

computação dos movimentos atômicos de uma molécula ou de átomos individuais

ou moléculas em sólidos, líquidos e gases de acordo com as leis newtonianas de

movimento. As forças que agem sobre os átomos são calculadas utilizando um

conjunto de parâmetros e equações chamado de campo de força. Essa técnica

considera a flexibilidade do sistema ao longo do tempo e permite a exploração de

variações conformacionais registradas em um arquivo trajetória, que corresponde ao

perfil de amostragem conformacional (PAC) do sistema investigado. As simulações

de DM têm se tornado ferramenta importante no estudo estrutural de modelos de

biomoléculas para complementar os dados experimentais.27

Segundo a IUPAC, farmacóforo é definido como o conjunto de

características eletrônicas e estéricas necessárias para garantir uma interação

supramolecular ótima em um alvo biológico específico e, deste modo, desencadear

(ou impedir) uma resposta biológica. Uma das formas mais comuns de construção

de um farmacofóro é por meio da sobreposição da estrutura de compostos com o

mesmo mecanismo de ação e alvo. 26 Assim sendo, a dinâmica molecular pode ser

utilizada para fornecer confôrmeros representativos (obtidos em simulações em

condições biológicas) para a criação de um modelo farmacofórico por sobreposição.

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Neste trabalho técnicas de dinâmica molecular e criação de farmacóforo

foram empregadas com o intuito de se entender o comportamento estrutural e,

principalmente, criar um modelo farmacóforico de agonistas enviesados para o

receptor AT1R.

2. OBJETIVOS

O objetivo deste trabalho consistiu na construção de um farmacóforo

tridimensional para o receptor AT1 baseado na comparação estrutural entre a

Angiotensina II e um conjunto de agonistas enviesados. Desta maneira, buscou-se

elucidar as características estruturais que poderiam levar moléculas a apresentarem

perfil de agonistas enviesados para esse receptor.

3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1. Construção e otimização de geometria dos ligantes

A estrutura da angiotensina II (Ang II) em meio aquoso (RMN) foi extraída da

base de dados PDB (Protein Data Bank) sob o código 1N9V.28 Esta estrutura foi

utilizada como geometria inicial para a construção da série de agonistas enviesados

análogos de angiotensina II (Tabela 1) no programa computacional HyperChem v.

7.5. 29

Tabela 1. Lista de peptídeos agonistas e agonistas enviesados para o AT1R obtidos na literatura. 9,19

Em

negrito estão representadas as substituições feitas em relação à estrutura inicial da Angiotensina II.

Nome Sequência peptidica Ação sobre o AT1R

Ang II Asp Arg Val Tyr Ile His Pro Phe Agonista

SI Sar Arg Val Tyr Ile His Pro Ile Agonista enviesado

SII Sar Arg Val Ile Ile His Pro Ile Agonista enviesado

TRV27 Sar Arg Val Tyr Ile His Pro D-Ala Agonismo enviesado

TRV23 Sar Arg Val Tyr Lys His Pro Ala Agonista enviesado

DVG Asp Arg Val Tyr Val His Pro Gly Agonista enviesado

SVdF Sar Arg Val Tyr Val His Pro D-Phe Agonista

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3.2. Dinâmica Molecular

O pacote GROMACS v. 4.5.6 consiste em um conjunto de programas para a

realização de DMs, minimizações energéticas e análises, sendo utilizado nas etapas

seguintes. 30

3.2.1. Construção do sistema

As estruturas construídas na etapa anterior serviram de input para a geração

de topologias no campo de força Amber99sb*-ildn.31 Cada composto foi colocado no

centro de uma caixa cúbica de simulação de volume 103 ± 1 nm3 distando 1,1 nm da

borda da caixa. Condições periódicas de contorno (PBC) foram usadas. A caixa foi

preenchida com moléculas de água do modelo TIP3P e íons Na+ e Cl- de modo a

neutralizar a carga líquida do sistema e manter a concentração iônica fisológica de

0,15 mols/L.32 Vale ressaltar que o campo Amber99sb*-ildn não possui parâmetros

para o aminoácido sarcosina (Figura 2). Desta forma, a parametrização manual do

campo de força foi realizada baseada em valores validados obtidos na literatura, que

são apresentados na Figura 3.33

Figura 2. Formula estrutural do aminoácido artificial sarcosina (N-metilglicina).

Figura 3. Tipos atômicos, cargas atômicas e ângulo H-C-N do aminoácido sarcosina. Estes

valores foram adicionados ao campo de força AMBER99sb*-ildn.

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3.2.2. Minimização:

Após a adição de moléculas de água e íons ao sistema, geometrias e

contatos estéricos inapropriados podem surgir. Uma minimização pelo método

Steepest Descent com 10.000 passos foi realizada tendo como critério de

convergência energética o valor de 100 kJ/mol/nm.

3.2.3. Equilibração:

As etapas de equilibração têm por objetivo a adequação das moléculas de

água e íons ao redor do ligante à medida que condições de simulação, como

temperatura e pressão, são gradativamente impostas. Diferente da DM de

produção, as DM de equilibração são realizadas mantendo-se o ligante rígido.

A primeira etapa da equilibiração foi conduzida em ensemble NVT canônico

(NVT- número constante de partículas, volume e temperatura) durante 200 ps.

Utilizou-se o PME (Particle Mesh Ewald) como método de cálculo de interações

elétricas de longa distância com valor de raio de corte de interações de 10 Å.34 O

termostato de Berendsen foi utilizado tendo a temperatura de 310K como referência

e constante de acoplamento de 0,2 ps.35 O acoplamento foi feito separadamente

para o ligante e solvente.

A segunda etapa foi realizada em ensemble NPT (isotérmico-isobárico),

mantendo-se as condições prévias com exceção da adição do barostato de

Parrinello-Rahman, tendo como referência a pressão de 1 bar e constante de

acoplamento de 0,2 ps.

3.2.4. Dinâmicas de Produção:

Cada dinâmica molecular (MD) de produção (sem posição restrita) foi feita

com 5.000.000 passos de 0,002 ps totalizando 10 ns (10.000 ps) de simulação. O

algoritmo Leap-Frog foi empregado para a resolução da equação de movimento

Newtoniana. A temperatura de referência de 310K (temperatura corpórea) e a

pressão de 1 bar foram equilibradas separadamente pelo uso do termoestato V-

rescale e o barostato de Parrinello-Rahman, respectivamente. As coordenadas,

velocidades e energias foram salvas a cada 100 ps. Os arquivos trajetória foram

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salvos a cada 20 passos de simulação, gerando um PAC de 50.000 confôrmeros

para cada ligante.

Este protocolo de simulação foi baseados no trabalho de Lindorff-Larsen et

al, que realizou a validação sistemática do campo Amber99sb*-ildn com peptídeos

em meio aquoso. 31

3.3 Seleção de Confôrmeros

Os confôrmeros obtidos do PAC de cada dinâmica foram submetidos ao

método de agrupamento por Desvio Quadrático Médio (RMSD) utilizando-se o

algoritmo gromos.36 O RMSD mede o quanto as posições atômicas de uma

determinada conformação diferem de uma conformação modelo. As estruturas com

valores de RMSD inferiores a 0,15 nm entre si foram alocadas no mesmo

agrupamento.

3.4 Construção do farmacóforo

O farmacóforo foi gerado no programa Sybyl 2.0 utilizando-se o módulo

Unity.37 Os confôrmeros selecionados na etapa anterior foram sobrepostos e todos

os grupos semelhantes contidos em um raio de 1Å foram considerados possíveis

grupos farmacofóricos. Os pontos farmacofóricos incluídos na busca foram: aceptor

de ligação de hidrogênio, grupo aromático, doador de ligação de hidrogênio,

hidrofobicidade, centro carregado positivamente e centro carregado negativamente.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Minimização e Equilibração

O sistema de simulação criado para a Ang II consistiu em uma caixa de

simulação cúbica com volume de 103 nm3. Esta caixa continha 3302 moléculas de

água e 20 íons, além da Ang II em seu centro (Figura 4). Os demais compostos

foram simulados nas mesmas condições.

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Figura 4. Representação da caixa de simulação da dinâmica molecular com a Ang II em seu centro. Moléculas de água e íons foram omitidos.

Os valores de energia potencial na etapa de minimização são apresentados

na Figura 5. Pode-se verificar que após 5000 passos há a formação de uma

assíntota horizontal, indicando a convergência energética do sistema em um mínimo

local.

Figura 5. Gráfico de Energia Potencial da etapa de minimização da Ang II. A energia do sistema

converge para um mínimo local, indicado pela linha vermelha.

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Os gráficos de controle da etapa de equilibração da Ang II (Figura 6)

mostram que a temperatura do sistema e a densidade da água foram mantidas

constantes, com valores de 310 ± 3,8 K e 987 ± 4,6 Kg/m3, respectivamente. Os

resultados dos demais compostos são apresentados no Anexo (Figuras A2 e A3).

Figura 6. Gráficos de Temperatura (A) e densidade (B) das etapas de equilibração nvt e npt,

respectivamente.

Utilizou-se como critério de estabilidade da dinâmica o valor de RMSD da

cadeia principal dos confôrmeros em relação à estrutura inicial. Para a Ang II, a

estabilidade foi alcançada no intervalo de 6,5-10ns (Figura 7), pois há a manutenção

de um valor médio de RMSD (0,24 nm) acompanhado de uma baixa amplitude entre

o valor máximo e mínimo desse intervalo (0,1 nm) por um longo período (4 ns). Em

contrapartida, quando incluímos as cadeias laterais nessa análise, observa-se um

aumento nos valores de RMSD, refletindo a maior liberdade conformacional das

cadeias laterais.

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Figura 7. Gráfico de Desvio Quadrático Médio (RMSD) das posições atômicas. Estrutura inteira da

angiotensina em (A) e somente o esqueleto peptídico (B). O intervalo de estabilização da dinâmica é

marcado em vermelho.

Uma avaliação mais precisa foi feita discriminando-se cada um dos átomos

(Figura 8). O gráfico de flutuação do desvio quadrático médio (RMSF) mostra que há

uma maior flexibilidade dos 3 primeiros resíduos (Asp, Arg, Val) e suas cadeias

principais. Os demais compostos apresentaram resultados similares (Figura A5),

com execeção do composto TRV23. Este composto possui o resíduo Lisina, que é

muito flexível, na posição 5 ao invés da isoleucina/valina, o que explica esse

resultado. De fato, essas observações sobre uma maior flexibilidade da porção N-

terminal são descritas em estudos estruturais por ressonância magnética nuclear e

simulações feitas em água e dimetilsulfóxido. 28,38,39

Essa maior rigidez da porção C-terminal poderia ser consequência da

formação de interações intermoleculares, como ligações de hidrogênio e interações

do tipo π-π. Portanto, avaliamos as distâncias entre tirosina, histidina e fenilalanina

(Figura 9), que poderiam fazer estes tipos de interação.

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Figura 8. Valores de RMSF de cada átomo para a Ang II (esquerda) e TRV23 (direita). OSIntervalos de maior

flexibilidade correpondem as cadeias laterais dos aminoácidos.

Os requisitos para a formação de ligações de hidrogênio incluem a distância

de 1,6-2,4 Å entre o átomo aceptor de ligação de hidrogênio e o hidrogênio; e ângulo

entre eles de 180-150º. Já a interação do tipo π-π tem distância ótima de 3,3-3,8 Å

entre o centro dos dois anéis aromáticos com ângulos próximos de 180º (paralelos)

ou 90º (perpendiculares).40,41 Como mostrado na figura 9, as distâncias entre os

átomos são muito superiores àquelas descritas como mínimas e os ângulos também

não se encontram nos intervalos descritos. Outros estudos teóricos também não

observaram a presença dessas interações quando a Ang II ou análogos são

simulados em água.38,39

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Continuação Figura 9

Figura 9. Estrutura molecular da Ang II e gráficos de distância e ângulo entre os átomos destacados.

4.2 Seleção de confôrmeros

Os confôrmeros obtidos no intervalo de estabilidade de cada dinâmica (Figura

A4) foram submetidos ao método de agrupamento gromos. Um confôrmero de um

agrupamento diferia até 0,15 nm de qualquer outro integrante do mesmo

agrupamento. A aplicação desta metodologia resultou na formação de poucas

dezenas de agrupamentos por composto. Selecionou-se o confôrmero com o menor

valor de RMSD em relação à estrutura da Ang II obtida por RMN (estrutura inicial). A

formação de agrupamentos antes da seleção visou garantir que o confôrmero é

representativo de uma série de outros confôrmeros do mesmo grupo. Os

confôrmeros selecionados são apresentados sobrepostos na Figura 10.

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20

Figura 10. Sobreposição dos conformeros selecionados de todos os análogos e Ang II

4.3 Construção do farmacóforo

Diferentes combinações de agonistas e agonistas enviesados foram

sobrepostas resultando na geração de quatro modelos. As informações fornecidas

por esses modelos foram discutidas e combinadas para a geração do modelo final.

Isso foi feito para contornar a baixa disponibilidade de agonistas enviesados, o que

impossibilita a validação estatísitica do modelo. Os modelos criados são

apresentados abaixo:

Modelo 1: Todos os peptídeos foram sobrepostos gerando três pontos

farmacofóricos. Este modelo teve como objetivo identificar os centros comuns para

as duas classes de compostos. Com exceção do ponto correspondente à cadeia

lateral da valina, observa-se que os pontos farmacofóricos encontrados ficaram entre

as posições 6 e 7, ou seja, regiões menos flexíveis da molécula. Apesar disso, a

sobreposição do anel imidazólico da histidina apresentou um ponto farmacofórico

com valor de tolerância de 0,955 Å (Figura 11), quase ultrapassando o limite de 0,1

nm (1 Å).

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Figura 11. Modelo 1 feito com a sobreposição de todos os compostos. As esferas

coloridas correspondem aos pontos farmacofóricos.

Grupo Doador e Aceptor de Ligação Hidrogênio: Nitrogênio δ do anel

imidazólico da histidina (Tolerância = 0,955 Å).

Grupos Hidrofóbicos: Cadeia lateral da valina (Tolerância – 0,500) e anel da

prolina (Tolerância = 0,500 Å).

Modelo 2: Foram utilizados somente os agonistas enviesados: SI, SII, TRV23,

TRV27 e DVG. Este modelo teve como objetivo identificar pontos farmacofóricos

exclusivos dos agonistas enviesados. O ponto correspondente ao nitrogênio da

ligação peptídica do resíduo 8 apresentou baixa sobreposição (valor de tolerância de

0,985 Å). Contrariamente, a sobreposição de todos os anéis Imidazólicos dos

agonistas enviesados foi feita em uma esfera de raio de 0.500 Å. O centro carregado

negativamente foi outro ponto exclusivo apresentando valor de tolerância de (0,722

Å). O modelo 2 é apresentado na Figura 12:

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Figura 12. Modelo 2 feito com a sobreposição de todos os agonistas enviesados As

esferas coloridas correspondem aos pontos farmacofóricos.

Grupo Doador e Aceptor de ligação Hidrogênio: Nitrogênio δ da histidina

(Tolerância = 1,000 Å).

Grupo Doador de ligação Hidrogênio: Nitrogênio da ligação peptídica do

resíduo 8 (Tolerância = 0,985 Å).

Grupos Hidrofóbicos: Cadeia lateral da valina (Tolerância = 0,500 Å) e anel

da prolina (Tolerância = 0,500 Å).

Grupo Aromático: Anel imidazólico da histidina (Tolerância = 0,500 Å).

Centro Carregado Negativamente: Carboxilato terminal (Tolerância = 0,722

Å).

Modelo 3: Foram utilizados os agonistas enviesados: SI, SII, DVG e os

agonistas Ang II e SVdF. O objetivo deste modelo foi verificar se a identificação de

algum dos pontos exclusivos do modelo 2 poderia ser feita se dois agonistas

enviesados fossem substituídos por agonistas plenos. Neste modelo temos 6 pontos

farmacofóricos (Figura 13).

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Figura 13. Modelo 3 feito com a sobreposição dos compostos DVG, SVdF, SI, SII e Ang

II. As esferas coloridas correspondem aos pontos farmacofóricos.

Grupo Doador de ligação de Hidrogênio: Nitrogênio da ligação peptídica do

resíduo 8 (Tolerância = 0,960 Å).

Grupos Doadores e Aceptores de ligação de Hidrogênio: Nitrogênio δ da

histidina (Tolerância = 0,680 Å) e nitrogênio δ da histidina (Tolerância = 0,680

Å) e

Grupos Hidrofóbicos: Cadeia lateral da valina (Tolerância = 0,500 Å) e anel

da prolina (Tolerância = 0,500 Å).

Modelo 4: Foram utilizados os peptídeos SI, TRV23, TRV27. A utilização dos

três agonistas enviesados mais potentes permitiu identificar de maneira mais precisa

os pontos comuns aos agonistas enviesados.9,19 Neste modelo temos 9 pontos

farmacofóricos.

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Figura 14. Modelo 4 feito com a sobreposição dos agonistas enviesados SI, TRV23 e

TRV27. As esferas coloridas correspondem aos pontos farmacofóricos.

Grupo Doador de Ligação de Hidrogênio: Nitrogênio da ligação peptídica do

resíduo 8 (Tolerância =0,628 Å).

Grupos Doadores e Aceptores de Ligação de Hidrogênio: Nitrogênio ε da

histidina (Tolerância = 0,739 Å) e o nitrogênio δ da histidina (Tolerância =0,739 Å).

Grupos Hidrofóbicos: Cadeia lateral da valina (Tolerância= 0,500 Å) e o anel da

prolina (Tolerância 0,500 Å).

Centro Carregado Negativamente: Oxigênio do carboxilato terminal (Tolerância

=0,739 Å).

Grupo Aromático: Anel benzênico da tirosina (Tolerância = 0,500 Å) e anel

imidazólico da histidina (Tolerância = 0,500 Å).

4.4 Discussão dos modelos e modelo final

Discussão dos modelos:

Nenhum dos modelos foi capaz de gerar um grupo farmacofórico para os

resíduos na posição 1 e 2. Esse resultado era esperado, pois, como dito

anteriormente, a porção N-terminal deste grupo de compostos apresenta grande

liberdade conformacional, o que dificulta a avaliação por sobreposição. A

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importância da arginina (resíduo 2) para o agonismo é reconhecida, porém, devido à

alta variação de posição apresentada, esse grupamentoe não pôde ser considerado

um ponto farmacófórico.42

Os pontos hidrofóbicos, correspondentes aos resíduos 3 e 5, cadeia lateral da

valina e anel da prolina, respectivamente, aparecem em todos os modelos.

Experimentos com análogos de Ang II rígidos tendo substituições nas posições 3 e

5 indicam que estes resíduos não são essenciais, pois levam a pequenas variações

nos valores de atividade de agonistas e antagonistas.43,44 Já os estudos sobre a

substituição da prolina indicam que o anel em sí parece não interagir com o receptor.

Por ser um aminoácido rígido, sua função se resumiria a manter os demais resíduos

em uma posição definida para interagir com o receptor.42

A comparação entre o modelo 2 e o modelo 4 mostra que o anel aromático da

tirosina é considerado um grupo farmacofórico somente no modelo 4. Quando o

composto SII [(Sar1,Ile4,Ile8)-Ang] é removido do modelo 2, o anel benzênico passa a

ser considerado um ponto farmacofórico, pois há a remoção da isoleucina, que

corresponde ao resíduo 4 neste composto. Todos os outros agonistas enviesados

possuem a tirosina na posição 4 e apresentam potência superior à do composto SII.

9,19 A histidina é outro ponto interessante, pois aparece em todos os modelos. De

fato, diversos estudos de relação estrutura-atividade apontam a tirosina e a histidina

como resíduos essenciais para a atividade agonista, o que justifica a presença

destes dois pontos no modelo final.42,43,44

O nitrogênio da ligação peptídica do último resíduo é outro ponto recorrente,

que aparece nos modelos 2, 3 e 4. Agonistas enviesados fracos, como o TRV26

[(Sar1,Tyr5, Pro7-NH2)-Ang II] e o TRV45 [(Sar1, Arg5, Pro7-NH2)-Ang II são

heptapeptídeos terminados em um grupo amidico, sugerindo que este ponto poderia

ser parcialmente responsável pela atividade agonista enviesada, sendo, portanto,

considerado para o modelo final. 9,18

Quando todos os modelos são comparados, percebe-se que a presença dos

agonistas Ang II e SVdF não permite a formação do grupamento negativo do resíduo

8. De fato, a sobreposição da cadeia principal de todos os compostos (Figura 15)

mostra que as carboxilas terminais dos agonistas enviesados ocupam um espaço

bem definido, diferindo dos agonistas plenos. Esse ponto farmacofórico foi

considerado no modelo final por ser capaz de diferenciar as duas classes de

compostos.

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Figura 15. Sobreposição do resíduo número 8 de todos os compostos, as cadeias laterais foram

omitidas para melhor visualização. Circulado em azul temos o agrupamento das carboxilas dos agonistas

enviesados e circulado em vermelho temos os agonistas plenos Ang II e SVdF.

A partir da discussão apresentada anteriormente, chegou-se ao seguinte

modelo de farmacóforo:

Modelo Final: Sobreposição dos agonistas enviesados: SI, DVG, TRV23 e

TRV27.

Figura 16. Modelo Final feito com a sobreposição dos agonistas enviesados DVG, SI, TRV23 e

TRV27. As esferas coloridas correspondem aos pontos farmacofóricos.

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Grupo Doadorde Ligação de hidrogênio: Nitrogênios δ e ε do anel

imidazólico e nitrogênio da ligação peptídica do resíduo 8.

Grupo Aceptor de Ligação de Hidrogênio: Nitrogênios δ e ε do anel

imidazólico.

Grupo Negativo: Carboxilato terminal.

Grupos Aromáticos: Anel benzênico da tirosina e Anel imidazólico da

histidina.

Figura 17. Farmacóforo para o AT1R. Grupo aromático - esfera amarela (Tolerância = 0,500 Å),

Grupo doador e aceptor de ligação de hidrogênio - esfera verde (tolerância = 0,500 Å), grupo

aromático - esfera amarela (Tolerância = 0,500), grupo doador e aceptor de ligação de hidrogênio

- esfera verde (Tolerância = 0,739), grupo doador de ligação de hidrogênio - esfera azul

(Tolerância = 0,650) e grupo carregado negativamente - esfera vermelha (Tolerância = 7,32 Å).

O modelo final apresentado (Figura 17) contem 6 pontos farmacofóricos.

Ressaltamos que os pontos aromático (esfera amarela) e doadores e aceptores de

ligação de hidrogênio (esferas verdes) visam reproduzir o anel imidazólico em sua

totalidade. Além de este anel aparecer em todos os modelos e ser essencial para a

atividade, todos os ARBs no mercado possuem em sua estrutura o anel imidazólico

livre ou fundido a outro anel.45 Desta forma, os pontos negativo (esfera vermelha) e

o doador de ligação hidrogênio (esfera azul) seriam exclusivos para a atividade

agonista enviesada enquanto que os demais pontos seriam essenciais para a

atividade biológica de um modo geral (agonista, antagonista ou agonista enviesada).

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28

5. CONCLUSÃO

Neste trabalho simulações de dinâmica molecular foram empregadas com o

intuito de gerar confôrmeros representativos para a geração de um modelo

farmacofórico.

Os resultados dos controles de simulação indicam a construção de um

sistema de simulação estável. Os compostos simulados apresentaram alta liberdade

conformacional, principalmente da porção N-terminal, estando de acordo com

resultados experimentais e com o fato de serem estruturas peptídicas.

A construção de um modelo farmacófórico através da sobresposição de

confôrmeros obtidos por simulação foi bem sucedida. O modelo farmacofórico

gerado apresentou 6 pontos farmacofóricos. Destes pontos, dois são bem

conhecidos e descritos na literatura, porém nossos resultados indicam um ponto

exclusivo dos agonistas enviesados. Apesar da importância do grupo carboxilato ser

conhecida para o agonismo, esses resultados levantam a hipótese de que os

diferentes substituintes no resíduo 8 sejam responsáveis pela indução de mudanças

sutis na disposição espacial do grupo carboxilato que poderiam ser responsáveis

pelo surgimento do perfil agonista enviesado destes compostos.

O modelo farmacofórico gerado nesse trabalho pode ser futuramente

empregado em ensaios de triagem virtual (VS). Os compostos assim selecionados

poderiam ter sua atividade in vivo/in vitro avaliadas como forma de validação do

modelo aqui gerado.

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7. ANEXOS

Figura A1. Gráficos de temperature da etapa de minimização de todos os análogos de

Ang II

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Figura A2. Gráficos de temperature da etapa de equlibração nvt de todos os análogos

de Ang II

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Figura A3. Gráficos de densidade da etapa de equilibração npt dos análogos de Ang II

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Figura A4. Gráficos de Desvio quadrático médio da posição atômica (RMSD) de todos os

análogos de Ang II. As linhas vermelhas indicam os períodos de estabilidade conformacional

de cada dinâmica.

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Figura A5. Gráficos de Média do Desvio Quadrático Médio (RMSF) de todos os análogos de

Ang II. Os picos correspondem as cadeias laterais dos aminoácidos.

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