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5/7/2018 Construção de viveiros de piscicultura - slidepdf.com
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Construção de viveiros de piscicultura
Existem vários tipos de lugares onde podem ser criados peixes, mas a
produção sempre será maior quanto mais adequado for o local em relação
às espécies criadas e ao sistema de cultivo (manejo) empregado. No Alto
Rio Negro é possível criar peixes em lagos e açudes (represas) que não
contam com sistemas controláveis de abastecimento e drenagem de água,
mas a produção será sempre menor que nos viveiros que possuem estes
dispositivos. Na área indígena, com a produção ainda em pequena escala,
pode-se dividir os viveiros em quatro tipos:
1. viveiros-barragens;2. viveiros escavados de derivação;
3. viveiros escavados sobre olhos d'água; e
4. viveiros escavados sobre leitos de igarapés
Viveiros-barragem
Dentro da categoria de viveiros-barragens é possível incluir dois tipos que
podem apresentar um mesmo potencial de produção: os viveiros-barragemde terra, que podem ser construídos quando o solo varia de argiloso a areno-
argiloso (argila misturada com areia), e os viveiros-barragem de pedras-
de-mão e argamassa ou de alvenaria, caso haja afloramentos rochosos
(lajes de pedra) no local.
A vantagem dos viveiros-barragens de terra em relação aos outros tipos de
viveiros está principalmente na simplicidade da construção e
conseqüentemente na economia. Com um pequeno e único aterro podem-se
ter, dependendo do relevo local, grandes áreas alagadas onde muito peixe
pode ser produzido. Por outro lado, os viveiros-barragens de alvenaria ou
pedras-de-mão e argamassa requerem o emprego de materiais como
cimento, areia, pedras e/ou tijolo e mão-de-obra capacitada ao serviço.
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Viveiros escavados
Já os viveiros escavados apresentam o inconveniente de sua construção
demandar maior volume de terra a ser movimentado na escavação. Assim a
área alagada diminui e o trabalho aumenta comparado aos viveiros-
barragens. Quando os viveiros escavados são de derivação, ou seja,
dotados de sistemas de abastecimento e drenagem por tubulações ou
canais, apresentando maior controle da água, geralmente são mais
produtivos que os demais tipos, sendo mais indicados para serem utilizados
nas fases iniciais do ciclo de produção (alevinagem). O ideal seria fazer o
fortalecimento e a proteção das larvas e alevinos (larvicultura e
alevinagem) em viveiros escavados de derivação e depois, durante a fase
de engorda, fornecer mais espaço para o crescimento em viveiros-
barragens.
Os viveiros escavados de derivação captam a água através de canais ou
tubulações a partir de um igarapé ou, até melhor, de um outro viveiro-
barragem ou represa construída em terreno acima para que a água seja
captada por gravidade, sem o gasto com moto bombas. Já os viveiros-
barragens captam a água diretamente do igarapé, por simples
represamento, não possuindo controle da água que entra no sistema.
Ambos devem possuir duas qualidades em comum: profundidade e
nivelamento de fundos adequados e pelo menos um sistema de drenagem e
controle do nível da água, para facilitar o esvaziamento total no final do
ciclo de produção dos peixes.
Viveiros escavados sobre olhos d'água ou leitos de igarapés
Quando o relevo não favorece a construção de viveiros-barragem, podemos
construir viveiros escavados sobre olhos d'água ou leitos de igarapés,
porém, estes dois últimos tipos apresentam desvantagens graves, além
daquelas relacionadas com a movimentação de terra. Os viveiros escavados
sobre leitos de igarapés geralmente não têm controle da vazão (entrada e
saída de água) devido à impossibilidade de instalação adequada de
tubulações. Apresentam, assim, o inconveniente de propiciar tanto a fuga
dos peixes criados, quanto à presença de inúmeros predadores e
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competidores, que podem entrar livremente no sistema através do próprio
igarapé.
No caso dos viveiros escavados sobre olhos d'água, os problemas são
relacionados com a reduzida vazão, esquentamento e falta de oxigenação
da água, limitando assim a produção dos peixes.
Características gerais
A profundidade dos viveiros de piscicultura tanto em regiões de clima frio
quanto em regiões de clima quente, não deve ser inferior a um metro,
sendo o ideal de um metro e meio a dois, pois a água muito quente
prejudica a produção tanto quanto a água muito fria. Nesse sentido,
viveiros de maior profundidade (no máximo dois metros) possuem
proporcionalmente maior volume, o que lhes confere a qualidade de serem
termicamente mais estáveis.
O sistema de drenagem pode ser do tipo cachimbo, ou seja, composto
por tubulação de PVC e joelho articulado com diâmetro proporcionalmente
maior que a vazão local, para que o viveiro possa ser devidamenteesvaziado quando necessário em qualquer tempo.
A possibilidade de esvaziamento total e limpeza de viveiros de
piscicultura são tão importantes quanto às limpezas de terreno para plantio
das roças. Assim como as roças, os viveiros de piscicultura devem ser
preparados antes de receberem novos alevinos: é importante limpar sua
bacia o melhor possível - retirar paus, pedras e lama orgânica - e nivelar o
fundo o quanto puder. Isso serve para diminuir a ocorrência de doenças e
predadores e facilitar a colheita bem como as operações de monitoramento
da produção (utilizando redes de arrasto). Isso também garante uma boa
qualidade de água ao longo do próximo ciclo de criação, já que a lama
orgânica acumulada, às vezes durante anos, originária de restos de
comidas, folhas mortas ou dos próprios dejetos dos peixes, pode poluí-la.
Dessa forma, assim como nas roças, os viveiros de piscicultura devem ser
preparados, semeados, colhidos (despesca dos) e novamente preparados
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para o próximo plantio (peixamento) seja com pós-larvas (“sementes”) ou
alevinos (“mudas”).
Uma vez escolhido o local para a construção do viveiro-barragem, devem
ser realizadas as seguintes etapas:
• Marcação do terreno com estacas e linhas, de acordo com as
proporções da futura barragem, reguladas segundo a profundidade
de água. Sua função é guiar a movimentação de terra;
• Drenagem e limpeza da área, principalmente aquela que for ocupada
pelo dique, retirando o máximo possível de pedras, troncos, raízes e
partes orgânicas (restos de folhas e madeiras mortas) que cobrem acamada superficial do solo, sobre os quais a argila não colaria,
proporcionando infiltrações;
• Canalização da água do igarapé com os próprios tubos de PVC do
sistema de drenagem, para secar o máximo possível à área de
construção do aterro (pode-se fazer um pequeno aterro na boca do
tubo);
• Escavação da cava (trincheira) de fundação da barragem, retirando a
camada superficial do solo que contém maior teor de areia e matéria
orgânica;
• Preenchimento da trincheira com solo argiloso bem compactado para
constituir o núcleo (estrutura) de segurança da barragem (fundação
+ estrutura);
• Soterramento do núcleo, compactando bem um solo de boa qualidade
(não precisa ser tão bom quanto o do núcleo) até a altura planejada
para a barragem;
• Construção de sangradouros a céu aberto (canais) nos cantos,
contornando por fora do aterro;
• Adaptação do joelho articulado e da tubulação cachimbo na tubulação
de drenagem;
• Encher por vinte dias;
• Tornar a esvaziar;
• Recompactar o aterro e completar o volume de terra na altura
planejada.
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• Reencher e povoar com peixes (larvas ou alevinos).
Observação importante: Os viveiros quando cheios não podem ficar
totalmente sem peixes pois desse modo ocorre proliferação de larvas de
insetos indesejáveis, que podem trazer doenças para as pessoas que
moram perto. Daí mais uma vantagem de manejar viveiros com controle de
drenagem. Assim podem ser feitas despescas totais e deixar o fundo dos
viveiros secando ao sol até o próximo ciclo.
Como a região do Alto Rio Negro é muito chuvosa, os igarapés podem se
transformar em verdadeiros rios durante as enxurradas. Nesta situação, as
tubulações de drenagem dos viveiros-barragens podem não dar conta do
volume de água, ou podem entupir com os restos de vegetais (galhos,
folhas) carregados pela chuva, causando o transbordamento dos viveiros. A
água de um viveiro-barragem de terra jamais deve passar por cima do
aterro. Quando isso acontece, ocorre um grande risco de erosão e
rompimento do dique, podendo causar muitos prejuízos, como a perda
dos trabalhos de construção e dos trabalhos de manejo dos peixes devido à
sua fuga. Daí a necessidade de escavação de sangradores a céu aberto,
muito importante para a segurança da barragem. Para evitar a fuga de
peixes através desses canais, devem ser instaladas pequenas paris
(cercados) nas suas entradas.
Existem grandes diferenças de relevo, tipos de solo e vazão dos igarapés
dentro de uma mesma região. Por isso, a construção de barragens de terra
feita através de receitas copiadas de um local para outro não funciona bem.
Ou seja, um mesmo modelo pode não dar certo em locais diferentes,
principalmente quanto ao formato e dimensões do aterro e os diâmetros
das tubulações de drenagem. Nesse sentido, existem certos critérios que
devem ser considerados no projeto, antes da construção. O volume de terra
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a ser movimentado será menor quanto mais argiloso for o solo, sendo maior
quanto mais arenoso o solo, devido às diferenças de resistência dos
materiais quando em contato com a água.
Embaixo Deágua, podemos colar pedra com pedra através da aplicação de
argamassa (areia + cimento 3:1), madeira com madeira utilizando pregos
ou cola, e argila com argila (terra com terra) simplesmente umedecendo os
dois lados; mas não podemos colar madeira ou pedra com argila, pois a
água lavará completamente a madeira e a pedra. Desse modo, a utilização
de esteios ou vigas na construção de viveiros-barragem de terra não é
eficiente e tampouco facilita o trabalho como parece à primeira impressão.
O ideal é reforçar a estrutura da barragem com a própria terra, proveniente
de escavações que servem também para aumentar a bacia.
A inclinação dos taludes (margens) é muito importante para evitar
desmoronamentos e reforçar a estrutura. Além disso, a largura da base
deve ser bem maior que a largura da crista do aterro, já que a pressão da
água aumenta com a profundidade. Quando trabalhamos em solos
argilosos, a inclinação deve ser a seguinte: 2:1, ou seja, a cada metro na
altura damos 2 m de base para frente e 2 m de base para trás. Então, para
um viveiro-barragem de 1 m de profundidade máxima, o aterro terá 1,5 m
de altura, no mínimo 1 m de largura de crista (melhor 2 m) e, de acordo
com a relação 2:1, a base no ponto mais fundo da barragem terá 8 m: 3 m
+ 2 m (crista) + 3 m. Nessa barragem será utilizado no mínimo 9 m (8 m +
1 m) de tubulação de drenagem de fundo (cachimbo com joelho
articulável).
Ao trabalharmos com solos mais arenosos, a inclinação das margens do
aterro deve ser maior: 3:1, isto é, a cada metro de altura damos 3 m de
base para frente e 3 para trás. Então, para um viveiro-barragem de 1 m de
profundidade máxima, o aterro terá 1,5 m de altura, é desejável que a
crista seja mais larga (melhor 3 m) e, de acordo com a relação 3:1 a base
terá: 4,5 m + 3 m + 4,5 m = 12 m, o que exigirá no mínimo 13 m (12 m +
1 m) de tubulação de drenagem de fundo (cachimbo com joelho
articulável). Se o solo for totalmente arenoso ainda há necessidade de
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utilização de lonas plásticas impermeabilizantes por cima, cobrindo
totalmente o aterro.
Quando não temos disponíveis as tubulações e conexões de PVC para o
cachimbo, podemos adaptar um sistema de drenagem total - transformando
a represa em um viveiro -, usando troncos de árvores ocos providos de
tampões esculpidos em madeira.