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SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADO PEDAGOGIA NEIDA MENEZES SILVEIRA CARDOSO CONSTRUTIVISMO: TEORIA PÓS-MODERNA E SUAS REFLEXÕES CONTEMPORÂNEAS

CONSTRUTIVISMO

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Teoria do Conhecimento desenvolvida por Piaget e aplicada à Educação.

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SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADO

PEDAGOGIA

NEIDA MENEZES SILVEIRA CARDOSO

CONSTRUTIVISMO: TEORIA PÓS-MODERNA E SUAS

REFLEXÕES CONTEMPORÂNEAS

Cruz Alta

2009

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NEIDA MENEZES SILVEIRA CARDOSO

CONSTRUTIVISMO: TEORIA PÓS-MODERNA E SUAS

REFLEXÕES CONTEMPORÂNEAS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à

UNOPAR - Universidade Norte do Paraná, como

requisito parcial para a obtenção do título de licenciado

em Pedagogia

Orientador: Orlando Fogaça

Tutor Eletrônico: Fernanda Hummel

Tutor de Sala: Gracieli Botti

Cruz Alta

2009

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Dedico este trabalho aos professores e

colegas, que nutrem uma reflexão íntima

consigo mesmo e trabalham com

comprometimento, cônscios de que seu

trabalho é uma missão nobre.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, que me sustentou em momentos difíceis.

Aos meus filhos Júnior e João que em silêncio compreenderam

minha ausência.

Ao meu marido “Beto” que ousou sonhar comigo.

A minha mãe que com sacrifício me deu uma boa educação.

Ao meu pai, “in memorian”, que cultivou bons sonhos para minha

vida.

As minhas colegas de trabalho que doaram-se por mim.

A tutora de sala que foi a pessoa mais presente em minha jornada

acadêmica.

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CARDOSO, Neida Menezes Silveira. Construtivismo: teoria pós-moderna e suas reflexões contemporâneas. 2009. 33p. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação – Pedagogia) – Sistema de Ensino Presencial Conectado, Universidade Norte do Paraná, Cruz Alta, 2009.

RESUMO

A educação brasileira vem ensaiando a séculos de história uma elevação nos níveis

de ensino ofertado às massas populares. Apesar desses esforços, ainda não

encontrou o caminho certo e vive um momento de incógnitas entre teorias, ideários,

métodos que não representam objetivamente uma aprendizagem satisfatória por

parte do alunado, nem uma convicção segura dos docentes que atuam nos diversos

níveis de ensino. Com isso, surge nos meios acadêmicos mais uma teoria, criada

para ser aplicada em salas de aula, conceituado como Construtivismo.

Fundamentado nas teorias de Jean Piaget, o construtivismo promete ser o que os

pós-modernistas chamam de processo revolucionário na educação. Baseado em

princípios de liberdade e autonomia, apresenta os estudos da epistemologia

genética e das formas de construção do conhecimento descobertas por Piaget. As

diferentes formas como o construtivismo têm sido encarado no meio docente é de

estarrecer qualquer adepto, caracterizado sob facetas que de longe representam

uma adesão alienada, uma fundição com métodos conservadores, ou ainda a

absoluta repulsa a uma nova maneira de pensar e agir as práticas docentes.

Defendido pelos teóricos pós-modernos, o construtivismo representa uma

concepção fascinante que valoriza as descobertas individuais e as formas de

construir saberes sob um ponto de vista singular e factível. O seu surgimento

pretende uma mudança radical dos paradigmas impostos tradicionalmente através

dos tempos que, apesar de ter sido sempre pensado, continua-o sendo hoje mais do

que nunca. O construtivismo é uma porta de entrada para o sucesso das novas

gerações no século XXI. Depois do construtivismo, não vai ser possível manter as

mesmas práticas enraizadas na educação, por seu cunho emancipador.

Palavras-chave: Construtivismo, Piaget, educação, pós-modernismo.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 3

CAPITULO 1- CONSTRUTIVISMO PIAGETIANO 5

CAPITULO 2- CARACTERÍSTICAS DO CONSTRUTIVISMO 8

CAPITULO 3- CONSTRUTIVISMO E MÉTODO TRADICIONAL 10

CAPITULO 4- CONSTRUTIVISMO COMO MODISMO 14

CAPITULO 5- FORMAÇÃO DO EDUCADOR CONSTRUTIVISTA 17

CAPITULO 6- CONSTRUTIVISMO PRÁTICO PARA O SÉCULO XXI

CAPITULO 7- PRATICIDADE DO CONSTRUTIVISMO

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25

CONSIDERAÇÕES FINAIS 26

REFERENCIAS 28

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INTRODUÇÃO

O respectivo Trabalho de Conclusão de Curso tem a pretensão de

discutir a problemática da teoria do Construtivismo, seguindo uma linha de pesquisa

que contempla a História da Educação, Filosofia da Educação, Psicologia da

Educação e Metodologias de Ensino. Ele foi desenvolvido por razões intrínsecas à

curiosidade bibliográfica em aprofundar o tema de forma reflexiva, visto que o

construtivismo é uma incógnita nos meios educacionais, os educadores discutem o

construtivismo como um conceito indefinido, mas aplicável.

Com o objetivo de difundir o ideal construtivista como teoria

fundamentada, consolidada na perspectiva pós-moderna e merecedora de uma

provocação para uma reflexão nas suas implicações com a prática pedagógica, este

trabalho é uma alusão relacionada às pesquisas anteriores e um pano de fundo para

pesquisas posteriores. Pode-se destacar ainda objetivos específicos relacionados às

características peculiares do objeto de pesquisa, que pretendem em tese

desenvolver a teoria construtivista pautada em análises contundentes, analisar as

bases históricas que deram origem à teoria construtivista, provocar reflexões junto

às classes de formação de profissionais da educação e confrontar com as atuais

tendências vigentes nas instituições de educação.

Ele se justifica pela necessidade de conhecimento e

aprofundamento da teoria construtivista, visto que, as metodologias observadas no

percurso de estágio, absorvem tanto métodos tradicionais como tendências

modernas. Após uma reflexão acerca das concepções pessoais dos educadores,

contatados no decorrer das práticas de estágio, ficou evidente uma carência de

informação e efetivadas algumas leituras, ficou compreendida a necessidade de

embasamento teórico sobre o construtivismo. Percebeu-se igualmente que os

professores que aderem ao ideário construtivista são impulsionados por

tendenciosidades coletivas, sem um aprofundamento teórico e sem um

apaixonamento pela arte de educar destemidamente, caindo em artimanhas que se

confundem entre o método convencional e a teoria construtivista, produzindo uma

prática turva e indefinida. Entretanto alguns o renegam, em detrimento das ações

empíricas que sempre deram certo. Certo para quem? Para os professores ou para

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o aluno?

Para isso, é adotada como forma de desenvolver este trabalho, a

pesquisa bibliográfica, recorrendo às literaturas da área da educação em bibliotecas

públicas, Internet e títulos indicados por profissionais da área, sendo que a seguir foi

dado ênfase à leitura, análise, interpretação e destaque dos tópicos mais relevantes.

O presente projeto investiga o tema em anais publicados nas últimas décadas, livros

literários, pesquisas em bibliotecas, vídeos informativos e pesquisas na Internet,

fundamentando obstinadamente a teoria construtivista, não para adesão coletiva,

mas para análise de uma teoria do conhecimento essencial a formação do homem

moderno, criativo, livre e crítico.

A abordagem qualitativa permitiu refletir sobre o quadro atual das

práticas educativas, fornecendo bases para a formação acadêmica dos profissionais

da educação, que contemplem novas ações no trabalho docente.

Elaborado categoricamente para análise pedagógica e áreas afins

da educação, este trabalho será apresentado em segmentos, sem pretensão de

seguir uma ordem cronológica, mas com tópicos para reflexões, baseado em

referenciais teóricos que discutem o construtivismo sob suas diferentes nuances,

demarcando na história sua influência e levantando suas diferentes formas de

expressão. Cabe aqui ressaltar que discussões de temas relevantes, sejam elas nas

múltiplas áreas sociais, neste caso a educação, não se esgotam em projetos,

bibliografias, monografias e estudos afins. Nessa perspectiva, é legítimo afirmar que

o presente trabalho sugere uma polemização e politização do tema que ainda é uma

incógnita no âmbito educacional.

Com essa intencionalidade, esse projeto de pesquisa se constituí em

mais uma referência de estudo sobre o tema. Circunstancialmente, poderá ser base

para reflexões e questionamentos, nas práticas produzidas em sala de aula e que

talvez fortaleçam e consolidem a teoria construtivista como exercício em

consonância com a sociedade moderna em plena transformação e evolução.

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CAPITULO 1 – CONSTRUTIVISMO PIAGETIANO

Em, Ambiente de Aprendizagem Construtivista, encontramos que,

historicamente, as teorias de aprendizagem dividem-se em duas correntes: uma

empirista e uma apriorista. Para os aprioristas a origem do conhecimento está no

próprio sujeito, ou seja, sua bagagem cultural está geneticamente armazenada

dentro dele, a função do professor é apenas estimular que estes conhecimento

aflorem. Já para os que seguem as teorias empiristas, cujo princípio é tão longínquo

quanto os ensinamentos de Aristóteles, as bases do conhecimento estão nos

objetos, em sua observação. Para estes, o aluno é tabula rasa e o conhecimento é

algo fluido, que pode ser repassado de um para outro pelo contato entre eles, seja

de forma oral, escrita, gestual, etc. É nesta teoria que baseiam-se a maioria das

correntes pedagógicas que conhecemos, entre elas o behaviorismo (psicologia do

comportamento que procura sempre o bem-estar, a satisfação dos sentidos).

Rompendo com estes dois paradigmas, ou fundindo-os, temos as teorias de Piaget.

Jean Piaget foi um dos primeiros estudiosos a pesquisar cientificamente como o

conhecimento era formado na mente de uma pessoa, uma vez que seus estudos

iniciaram-se com os bebês. Piaget observou como um recém-nascido passava do

estado de não reconhecimento de sua individualidade frente o mundo até a idade de

adolescente, com o início de operações de raciocínio mais complexas. Do fruto de

suas observações, posteriormente denominada o Método Clínico, Piaget

estabeleceu as bases de sua teoria, a qual chamou de Epistemologia Genética. Esta

fundamentação está muito bem descrita em um de seus livros mais famosos, O

Nascimento da Inteligência na Criança (1982), no qual ele escreve que:

As relações entre o sujeito e o seu meio consistem numa interação radical, de modo tal que a consciência não começa pelo conhecimento dos objetos nem pelo da atividade do sujeito, mas por um estado diferenciado; e é desse estado que derivam dois movimentos complementares, um de incorporação das coisas ao sujeito, o outro de acomodação às próprias coisas. (PIAGET, apud AMBIENTE DE APRENDIZAGEM)

Com as descobertas da epistemologia genética de Jean Piaget e

estudos da inteligência infantil no século XX, houve uma revolução no modo de

conceber a formação do indivíduo, do modo como são produzidas as hipóteses

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teóricas e abstratas sobre o conhecimento, no processo do desenvolvimento

humano. É fundamental para compreensão do texto que se definam alguns termos

como Epistemologia Genética e Conhecimento.

O termo Epistemologia é encontrado no Dicionário de Língua

Portuguesa como sendo o “estudo do grau de certeza do conhecimento científico em

seus diversos ramos”. Já na Wikipédia, a enciclopédia livre da Internet,

epistemologia ou teoria do conhecimento aparece como sendo “um ramo da

Filosofia que trata do problemas filosóficos relacionados à crença e ao

conhecimento. A epistemologia estuda a origem , a estrutura, os métodos e a

validade do conhecimento (daí também se designar por filosofia do conhecimento).

Ela se relaciona ainda com a metafísica, a lógica e o empirismo, uma vez que avalia

a consistência lógica da teoria e sua coesão factual, sendo assim a principal das

vertentes da filosofia”. Sua problematização compreende a questão da possibilidade

do conhecimento. A questão sobre a origem do conhecimento : Por quais faculdades

atingimos o conhecimento? Haverá conhecimento certo e seguro em alguma

concepção, a priori?

A palavra Genética, no Dicionário de Língua Portuguesa significa:

“Ciência biológica que estuda a hereditariedade e a evolução dela nos seres

organizados”. E Genético: “Relativo à genética ou à gênese; que diz respeito à

geração”. Para Piaget, a palavra Genética significava um processo contínuo de

desenvolvimento cognitivo por transformações contínuas, construções e

reconstruções a partir de estruturas preexistentes. Nenhuma estrutura cognitiva

existe sem uma gênese, sem uma história, sem uma origem; daí o genético.

Conhecimento, no Dicionário de Língua Portuguesa significa

basicamente: “Ciência, experiência, informação”. Burke (2003), fundamentado em

Piaget, define conhecimento com mais concisão: “Processo de construção e

reconstrução interior”. Em outras palavras, o conhecimento é um processo interativo

entre o sujeito e o objeto. O conhecimento não é uma cópia da realidade, como uma

fotografia, mas uma reconstituição, como um desenho, uma imagem construída

através de atividades e sondagens experimentais, concretas ou abstratas, efetivas

ou imaginadas.

Piaget desenvolveu uma teoria do conhecimento ou, desenvolveu

uma concepção sobre as formas como o conhecimento é construído na mente

humana, através de pesquisas científicas com consistência lógica. Fundamentada

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sob as análises de Piaget, as concepções de infância e educação precisavam ser

repensadas, considerando que suas descobertas coincidiam para a importância da

tomada de consciência no processo de construção do conhecimento. Nesse

contexto, sobre a escolha do método de ensino ele diz:

A primeira dessas condições é naturalmente o recurso aos métodos ativos, conferindo-se especial relevo à pesquisa espontânea da criança ou do adolescente e exigindo-se que toda verdade a ser adquirida seja reinventada pelo aluno, ou pelo menos reconstruída, e não simplesmente transmitida. (PIAGET, 1988, p.14-17).

A Epistemologia Genética usada habitualmente para caracterizar a

construção do conhecimento humano, foi um forte subsídio para fundamentar o

termo Construtivismo, que se consolidou com o passar dos tempos. Obstante

considerada uma metodologia pedagógica, o construtivismo é um desafio subjetivo à

prática docente, intrínseco à subjetividade humana e ao conhecimento cognitivo.

Para Duarte (2000), a concepção de objeto de Piaget não contempla

a teia de relações sociais, sua existência física não é suficiente para instituí-lo

enquanto tal.

Tomemos por exemplo, uma caneta. Numa sociedade àgrafa a existência do objeto caneta, enquanto tal, é impossível, pois, para que a “coisa” física se transmude no objeto caneta é necessária uma teia de relações que tem, como corolário, a escrita, a qual poderá, por sua vez, dar sentido à caneta (DUARTE, 2000, p.81).

Esse ponto de vista é marcante quando Piaget caracteriza as fases

de desenvolvimento da consciência como imutáveis, ainda que flexíveis no tempo.

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CAPÍTULO 2 – CARACTERÍSTICAS DO CONSTRUTIVISMO

De acordo com o texto Ambiente de Aprendizagem Construtivista na

teoria de Piaget, o conhecimento é gerado através da interação do sujeito com o

meio, a partir de estruturas pré concebidas. A aquisição de conhecimentos depende

dessas estruturas cognitivas inerentes ao sujeito – S, como de sua relação com o

objeto – O. A relação entre S – O se dá através de um processo denominado

adaptação, o qual é subdividido em dois momentos: a assimilação e a acomodação.

Por assimilação entende-se as ações que o indivíduo toma para internalizar o objeto,

interpretando-o de forma a encaixa-lo nas suas estruturas cognitivas. A acomodação

é o momento em que o sujeito altera suas estruturas cognitivas para melhor

compreender o objeto. Dessas sucessivas relações, entre assimilação e

acomodação o indivíduo vai adaptando-se ao meio externo através de um terminável

processo de desenvolvimento cognitivo. O processo de construção de um novo

conhecimento é, portanto, desestruturante-reestruturante, onde ocorre inicialmente

um desequilíbrio das estruturas mentais do sujeito, seguido de um reequilíbrio. Todo

esse processo é subjetivo, permanecendo assim até que , como por um estalo, dá-

se a tomada de consciência das novas estruturas resultantes, passando a um nível

de compreensão superior. Os mecanismos construtores do conhecimento Piaget

chamou de esquemas de ação ou esquemas de assimilação, que correspondem às

atividades concretas ou mentais com o objeto de aprendizagem. São essas

atividades que constroem o conhecimento. Piaget dividiu o processo de

desenvolvimento psicológico em cinco períodos que se caracterizam por diferentes

esquemas de ação, cada um deles marcado pelo aparecimento de estruturas

próprias, sendo: até dois meses, os atos instintivos hereditários de pegar e sugar;

dos dois meses aos dois anos, a inteligência sensorio motriz, com a coordenação da

percepção e dos movimentos; dos dois aos sete anos, a inteligência intuitiva, os

esquemas simbólicos e o aparecimento da linguagem; dos sete aos onze anos, as

operações intelectuais concretas, a lógica, a reversibilidade, início da reciprocidade

social e finalmente dos onze anos em diante, as operações intelectuais abstratas ou

formais, em que o indivíduo é capaz de operar com conceitos abstratos,

matemáticos e gramaticais. Autores como o psicólogo francês Henri Wallon (1975),

também reconheceu a importância e peculiaridade de etapas específicas de

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desenvolvimento infantil onde a criança é essencialmente emocional no início de sua

existência e vai, gradualmente, se constituindo num ser sociocognitivo ao construir,

paulatinamente, uma visão única e particular de sua existência. Vygotsky (2001,

p.138) diz que: “as formas primitivas de comportamento puramente psíquico da

criança são as reações de prazer e desprazer que surgem antes das demais”.

Segundo Burke (2003), esses fenômenos básicos da aprendizagem

e da construção do conhecimento descobertos por Piaget são universais e podem

servir de orientação para a prática pedagógica , com as devidas adequações , em

todos os níveis de educação formal e informal, desde agricultores semi-alfabetizados

até universitários de graduação e pós-graduação. Recebeu a definição de

Construtivismo , dando-se a idéia de que novos níveis de conhecimento estão sendo

indefinidamente construídos através das interações entre sujeito e objeto. O

construtivismo é uma teoria epistemológica e foi concebido como uma forma de

explicar a realidade da produção de conhecimento. Mais precisamente o

conhecimento científico.

Em escolas construtivistas, verificam-se, de modo geral, as

seguintes tendências, mais ou menos consolidadas: mudança na configuração física

da sala de aula; mudança no padrão, na estrutura e na dinâmica da aula; grande

importância dada à pesquisa como estratégia de aprendizagem; redução e

secundarização da presença do professor na condução do processo de ensino;

grande ênfase na produção de textos pelos alunos e no desenvolvimento da leitura e

da escrita; simplificação e redução dos conteúdos; menor controle no aspecto

disciplinar e mudança na noção e na prática de avaliação.

A adoção da pedagogia construtivista traria, entre outras mudanças,

as seguintes consequências: maior autonomia do aluno; maior interatividade na

relação sujeito-objeto, mediado pelo professor; valorização do processo de

aprendizagem; mudança no processo de avaliação, valorizando-se o erro;

diferenciação do processo de socialização do aluno; modificação na atuação do

professor, mais democrático; uma sala de aula menos ordeira e silenciosa, com

lugar a experimentação, a espontaneidade, o ruído e a inquietação do aluno; um

ambiente escolar adequado aos desafios.

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CAPÍTULO 3 – CONSTRUTIVISMO E MÉTODO TRADICIONAL

Seria errôneo produzir uma dissertação equivocada e intencional no

sentido de colocar em pólos opostos construtivismo e método tradicional de ensino,

visto que atualmente circulam nas instituições práticas de ressignificação das

práticas pedagógicas onde ambas ainda se fundem. Isso fica evidente em

observações das práticas de estágio e docência realizados por acadêmicas de

cursos ligados a área da educação. Escolas definidas como tradicionais estão

reelaborando suas metodologias em função de necessidades atuais de formar

cidadãos críticos e reflexivos; e escolas denominadas construtivistas sentem a

necessidade de adotar métodos tradicionais em função de não encontrarem no

construtivismo um modelo definido e objetivo de conteúdos, formas de avaliação,

currículo e saberes.

O ensino herbartiano, segundo Saviani (1997), descreve a estrutura

do método tradicional, onde o primeiro passo é recordar a lição anterior, já

conhecida; na apresentação é colocado ao aluno um conhecimento novo a ser

assimilado; a assimilação ocorre por comparação do novo com o velho; o novo é

assimilado, pois, através do velho. Esses três passos correspondem , no método

científico indutivo, ao momento da observação; o passo seguinte é o da

generalização, se o aluno já assimilou o novo conhecimento, ele é capaz de

identificar todos os fenômenos correspondentes ao conhecimento adquirido. O

passo da aplicação, coincide, via de regra, com as lições de casa, onde, se o aluno

acerta os exercícios, a aprendizagem está confirmada. Contrapôndo-se ao método

tradicional, Saviani (1997) descreve o novo método como projeto de pesquisa,

desenvolvido a partir de uma atividade, que suscitando determinado problema,

provocaria o levantamneto de dados, a partir dos quais seriam formuladas as

hipóteses , emprendendo alunos e professores e conjuntamente a experimentação,

que permitiria confirmar ou rejeitar as hipóteses formuladas. Em suma, nos métodos

novos, se privilegiam os processos de obtenção do conhecimento, enquanto nos

métodos tradicionais, se privilegiam os métodos de transmissão do conhecimento.

O construtivismo é visto como um dos principais e mais importantes

modelos teóricos norteadores de reflexão e práticas pedagógicas, na tentativa de

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legitimação científica numa série de políticas e propostas de reformas na educação,

com vistas a uma suposta melhoria de qualidade de ensino.

Frente aos núcleos docentes, pode-se observar uma falta de

definição para o construtivismo, sendo denominado por um método “não tradicional”,

pela oposição ao ensino tradicional. O tradicional pouco guarda do modelo

pedagógico surgido com o processo de escolarização , em suas vertentes católicas

e laicas e equivale às ações empíricas aplicadas sem significação, sem

contextualização e sem interdisciplinaridade, mas fundamentadas na prática

cotidiana de anos e até décadas. “A escola tradicional apresentada é um conceito

sem história. É algo que a escola não deveria ser “(DUARTE, 2000, p.34).

A história das idéias é descontínua. Não existe propriamente um

aperfeiçoamento crescente que faz com que as idéias filosófico-

educacionais antigas deixem de ser válidas e sejam superadas pela

modernas. As idéias dos clássicos da filosofia continuam atuais. É por isso

que a história da filosofia se destingue da história das ciências. As novas

descobertas das ciências vão tornado as antigas obsoletas. Isso não

acontece com a filosofia e a teoria educacional. (GADOTTI, 1997, p.17)

Talvez seja imperativo destacar uma síntese elaborada por Silva,

onde formula uma conclusão sobre a educação construtivista: “Crianças educadas

sob o construtivismo tenderiam a favorecer em sua vida adulta – este é o raciocínio

– relações mais democráticas, tenderiam a não aceitar em sua vida política e de

trabalho, relações autoritárias” (SILVA, 1993, p.5).

Para Burke (2003), do ponto de vista da educação convencional

essa colocação soa como uma ameaça. Um dos principais motivos pelos quais o

ensino tradicional perdura até hoje, seja o fato de Piaget não ter sido bem

compreendido; seus inúmeros e volumosos trabalhos nem sempre são fáceis de

entender.

Exemplo disso, é a dificuldade em aceitar a idéia de que as crianças

não adquirem conhecimentos interiorizando-os de fora para dentro. As crianças,

como os adultos, constroem o conhecimento a partir do seu interior, através de

interações com o ambiente. Além disso, o conhecimento não se dá dividido em

disciplinas, mas por interconexões, que no nível neural, correspondem à formação

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de redes de neurônios interligados através de sinapses. Todo indivíduo normal, é

capaz do raciocínio abstrato; não obstante, se tiver exercitado pouco nesse nível,

terá dificuldade em fazê-lo. Tais pessoas sentem a necessidade de trabalhar

mentalmente no nível das operações concretas, traduzindo em coisas concretas da

sua vivência os conceitos abstratos que lhe são apresentados. A aprendizagem será

tanto maior e melhor quanto mais ativo o sujeito for no processo de aprender. Ele

aprende a aprender e sem dúvida, essa é a lição mais importante para viver num

mundo em constante transformação. No ensino tradicional, tenta-se ensinar de uma

maneira que não corresponde ao verdadeiro processo natural pelo qual se aprende.

O ensino tradicional, para Burke (2003), sempre deu muita ênfase à

memorização, ela chega a ser parte integrante da aprendizagem mas, sua

interiorização não sugere por si só uma aprendizagem. Uma simples memorização

não passa de superficial, passageira, decorada e pouco significativa. A memória

profunda , duradoura, significativa, decorre de processos de construção-

reconstrução de estruturas mentais no processo de assimilação-acomodação. Como

é impossível armazenar na memória tantas informações disponíveis, é igualmente

inútil depositar conteúdos na cabeça das pessoas. A efetiva aprendizagem se

constrói de dentro para fora, sendo fundamental desenvolver a capacidade de captar

e utilizar inteligentemente toda a informação disponível. Pedagogicamente, se aplica

aqui o conselho de Piaget (1973b):

[...] a extensão do programa importa menos que a qualidade do trabalho. Conquistar por si mesmo um certo saber, com a realização de pesquisas livres e por meio de um esforço espontâneo, levará a retê-lo muito mais; isso possibilitará, sobretudo, ao aluno a aquisição de um método que lhe será útil por toda a vida e aumentará permanentemente a sua curiosidade, sem o risco de estancá-la; quando mais não seja, ao invés de deixar que a memória prevaleça sobre o raciocínio, ou submeter a inteligência a exercícios impostos de fora, aprenderá ele a fazer por si mesmo a sua razão e construirá livremente suas próprias noções.

A construção do conhecimento é um trabalho, mesmo quando

apenas mental, mas para isso o objeto de aprendizagem precisa ser interessante,

desafiador. Nenhuma motivação externa pode substituir a motivação interna de

quem aprende.

Os atos de aprendizagem, conforme Hernández (1998), se definem

de maneira operacional e se separam em unidades, tornando-se desordenado e

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cientificamente impróprio, se pensar em termos de utilização na vida. É mais fácil

usar um livro baseado em formas fragmentadas de conhecimento ou avaliar o

aprendizado mediante uma prova do que desenvolver um currículo que ajude a

conectar a experiência individual com os conceitos e problemas da pesquisa nas

disciplinas , e desses com sua vida. É mais fácil formar um professor para seguir

alguns passos específicos de um planejamento curricular do que animá-lo a refletir

sobre os pontos de interação entre a experiência do aluno e as evidências de uma

disciplina ou de um problema de pesquisa. O interesse e a paixão aparecem como

duas virtudes fundamentais, e o desenvolvimento racional se contempla como um

aspecto do pensamento. Os problemas para aprender e pensar são complexas

interações entre personalidades, interesses, contextos sociais, culturas e

experiências de vida.

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CAPÍTULO 4 – CONSTRUTIVISMO COMO MODISMO

O Construtivismo é uma terminologia usada de forma superficial nos

corredores escolares, talvez muito mais por estar na moda, do que por dominá-la

com segurança. Sobre o construtivismo e suas teorias, foram e tem sido lançadas

críticas questionadoras, quando as circunstâncias apontam para mais um modismo

passageiro, um ideário infundado, produto do pós-modernismo ou ainda um

instrumento de alienação.

O construtivismo é declaradamente um processo de alienação e

adesão a um modismo, quando reconhecido nos projetos políticos pedagógicos

comumente como “forma de construir conhecimento”, mas sem fundamentação

teórica das características dos processos de desenvolvimento humano e suas

formas de produzir conhecimento, desenvolvidas ao longo dos tempos.

O núcleo de referência básica do construtivismo é a epistemologia

genética de Jean Piaget, já mencionada anteriormente, em torno do qual se

agregam características que definem o ideário construtivista. A partir de 1980, este

ideário ganhou simpatia e adesão entre os educadores, exercendo poder de encanto

e sedução.

Até porque falar em adesão não significa, num primeiro instante, qualificá-la, pois ser adepto de uma dada teoria pode concretizar-se através de diferentes modalidades de adesão e não implica necessariamente a existência de uma aplicação coerente e integral da teoria à qual se aderiu (DUARTE, 2000, p.8).

Entretanto, diz Duarte (2000), a difusão dessa corrente é contestada

através da afirmação de que o discurso e a prática dos educadores não

correspondem ao modelo do construtivismo, que se sustenta por uma reflexão

profunda. Mas não há de se negar o impacto que o construtivismo causou entre os

educadores brasileiros, modificando o ambiente, o trabalho ou a cultura da escola. O

ideário construtivista vem sendo utilizado na tentativa de legitimação científica de

uma série de políticas e propostas de reforma na educação, com vistas à melhoria

de qualidade de ensino. Quando as políticas educacionais voltam-se para a

implementação, é preciso questionar e refletir sobre o potencial da teoria em ganhar

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simpatia rapidamente. Enquanto alguns educadores parecem imunes ao poder de

sedução do construtivismo, posicionando-se criticamente em relação a ele, outros

apaixonadamente, porém de forma acrítica, se encantam por ele. Mais sedutor ainda

torna-se esse modelo quando ele não se apresenta como uma teoria meramente

especulativa, mas investida de prestígio científico. A adesão ao construtivismo teria

por base formas de pensar, sentir e agir produzidas pelo psíquico cotidiano,

configurado no interior dos processos de alienação, de natureza imediata,

espontânea, pragmática, carente de reflexão, de rigor lógico, aprofundamento

teórico e posicionamento crítico. A sedução seria uma manifestação da alienação

dos educadores, de sua prática, de seu pensamento ou de sua formação.

A presença ou não da sedução na vida dos indivíduos de um determinada sociedade atesta o grau de alienação desses indivíduos, dessa mesma sociedade. Para nós, quanto mais alienados forem a sociedade e seus membros, mais presentes estarão nessa sociedade os fenômenos de sedução. A sedução é um fenômeno generalizado numa sociedade de classes, ou seja, numa socidade alienada. Basta observarmos como as massas se seduzem pelos produtos, pelas idéias, pelos valores etc., veiculados pela TV, pela mídia em geral, pelas campanhas publicitárias e/ou politicas. Enfim, basta observarmos como os indivíduosse deixam seduzir por aquilo que é a nova moda ou o discurso do momento. A sedução é portanto, um fenômeno histórico, surgido no intreior dos processos de alienação das relações humanas e, nesse sentido, contrário à formação de indivíduos livres e conscientes. Por outro lado, temos que considerar que esse fenômeno não poderá ser totalmente superado numa sociedade capitalista que se caracteriza , essencialmente, pelo predomínio da alienação entre os indivíduos e entre estes e os produtos de seu trabalho (DUARTE, 2000, P.18).

A adesão alienada ao ideário construtivista contradiz o objetivo por

ele proclamado: a busca da autonomia intelectual e moral dos sujeitos. Assim

propõe-se ao educador uma reflexão sobre seus posicionamentos críticos diante dos

processos cognitivos, no âmbito das relações estabelecidas com os ideários, como

única forma possível de conhecer o mundo e de alcançar um conhecimento objetivo,

que permita superar os processos de dominação e alienação da socidade capitalista

contemporânea.

Duarte (2000), alerta para o reducionismo provocado pelo

construtivismo, ao simplificar a formação do professor à atividade prática, com pouco

tempo de atividade intelectual, retirando da profissão sua construção histórica e

social e apagando as marcas da baixa qualidade do ensino por falta de formação

teórica. Esse reducionismo abre as portas para um processo da alienação violento

dos indivíduos dentro da escola.

Page 20: CONSTRUTIVISMO

16

[...] educar é produzir, de maneira intencional, necessidades cada vez mais elevadas nos alunos e nos futuros professores; é lutar contra a alienação produzida no cotidiano alienado e alienante no qual a sociedade capitalista contemporânea procura mergulhar a todos nós; é colocar os alunos em contato com o não-cotidiano, através da transmissão daquilo que de mais elevado tenha sido produzido pelo gênero no campo da cultura intelectual. [...] não se trata de supor ingenuamente que a educação possa , por si só, superar a lienação produzida pelas relações sociais capitalistas (DUARTE, 2000, p.59).

Nessa perspectiva, Duarte (2000) concorda com Saviani (1997,

pp.9-14) “que existe sim um conhecimento objetivo da realidade natural e social,

conhecimento esse que deve ser transmitido pela escola”. Os parâmetros não são o

cotidiano, mas a humanidade, seu desenvolvimento, seu patrimônio intelectual e

social que devem ser disponibilizado. Só assim o indivíduo poderá perceber a

condição alienada e subalterna em que vive.

CAPÍTULO 5 – FORMAÇÃO DO EDUCADOR CONSTRUTIVISTA

Page 21: CONSTRUTIVISMO

17

Há ainda aqueles que têm uma boa fundamentação teórica, mas não

conseguem aplicá-la na sua prática diária. Ainda são bem poucos os professores

que além de compreenderem o processo com profundidade, em síntese, o modo de

aprender e de pensar do aluno, conseguem adequar a prática pedagógica às

exigências desse processo. É necessário uma boa base teórica do processo de

aprendizagem e sobre a qual possam reorientar suas ações. A necessária

revolução, segundo Burke(2003) só pode ser provocada em cada professor e pelo

professor. As escolas, na maioria, estão preparando os alunos com conhecimentos e

habilidades que eles precisam para viver nos dias de ontem. Mas eles precisam sair

das escolas bem preparados para viver, não no passado, nem no presente, mas nos

dias de amanhã. Basta refletir sobre a contemporaneidade ou era da globalização

caracterizada pelo mundo difitalizado, produtores ativos, inovação, democratização

das tecnologias da comunicação, competitividade, sustentabilidade,

responsabilidade social e ambiental, para se perceber que é preciso desenvolver

novas habilidades e novas competências para atuar no mundo moderno.

Precisamos de um novo paradigma. Sendo assim, a primeira tarefa da educação

precisa ser a de formar o raciocínio, as operações da lógica. No livro Para onde vai

a educação?, Jean Piaget escreveu: “...as personalidades verdadeiramente lógicas

e donas do seu pensamento são tão raras quanto os homens verdadeiramente

morais e que exercem sua consciência em toda plenitude.”

O que se espera da escola é que o aluno, mais do que aprender

coisas, aprenda a aprender, aprenda a pensar, a resolver problemas, a ser crítico,

flexível e autônomo. Deve prepará-lo para interagir, trabalhar em grupo, comunicar-

se bem, para se inserir de forma consciente, responsável e construtiva na

sociedade. No entanto o arcaico e inadequado sistema escolar, constituído de um

depósito de conteúdos programáticos cobrados em testes e provas e oferecido

pronto e acabado pelo professor não atende essas expectativas.

Como forma de reverter esse quadro, as bases para se repensar o

sistema escolar, deve ser uma sólida compreensão do processo natural de

aprendizagem – como as pessoas aprendem, como elas constroem seus

conhecimentos, desenvolvem suas habilidades e suas aptidões. Essa compreensão

vem sendo chamada Construtivismo e é pela formação de construtivistas que se

Page 22: CONSTRUTIVISMO

18

pretende revolucionar a educação. Segundo Piaget: “Compreender é inventar, ou

reconstruir através da reinvenção, e será preciso curvar-se ante tais necessidades

se o que se pretende, para o futuro, é moldar indivíduos capazes de produzir ou de

criar, e não apenas de repetir” (Piaget, 1973b).

Aqueles que se dedicam à educação devem começar por adquirir

sólida compreensão daquilo que as pesquisas têm comprovado sobre o processo

pelo qual as pessoas constroem suas noções, conhecimentos e habilidades. O

professor não pode querer que o aluno tenha em sua mente uma cópia daquilo que

ele, professor, tem na sua cabeça ou está nos livros didáticos. Cada aluno terá sua

própria compreensão de uma lição. O Construtivismo é uma ferramenta importante,

mas não é a única, a transformação mais urgente e mais importante é a mudança no

pensamento dos professores. Segundo Burke:

Nunca seremos verdadeiramente construtivistas se nós não tivermos construído em nossas próprias mentes uma correta compreensão da teoria construtivista e se não agirmos de acordo com essa teoria. Mas só construiremos uma correta compreensão da teoria na medida que formos os sujeitos ativos dessa construção, e a melhor maneira de sermos ativos é, de um lado, ler, estudar, pesquisar, discutir, refletir sobre o processo de construção do saberes, de outro, tentar agir na prática pedagógica de uma maneira coerente com esse processo; é, continuadamente, “tematizar a prática”, ou seja, analisar criticamente o que se está fazendo e conseguindo. Somente assim os conceitos abstratos do construtivismo irão adquirindo para cada um de nós seu verdadeiro significado. Afinal, sermos construtivistas significa, essencialmente, conhecermos que todo e qualquer conhecimento é uma construção do sujeito, porque nós próprios contruímos esse conhecmento e estamos tentando agir de acordo com aquilo que construímos (2003, p.42).

Para que um ambiente de ensino seja construtivista é fundamental

que o professor conceba o conhecimento sob a ótica levantada por Piaget, ou seja

que todo e qualquer desenvolvimento cognitivo só será efetivo se for baseado em

uma interação muito forte entre o sujeito e o objeto. É imprescindível que se

compreenda que sem um contato com o objeto que perturbe as estruturas do sujeito,

é impossível assimilá-lo e acomodá-lo mentalmente. Conforme Piaget teorizou,

existem alguns pressupostos básicos de sua teoria que devem ser levados em

conta, se desejarmos criar um ambiente construtivista. A primeira das exigências é

que o ambiente permita, a interação do aprendiz com o objeto de estudo. Esta

interação deve integrar o objeto de estudo à realidade do sujeito, dentro de suas

condições, de forma a estimulá-lo e desafiá-lo, mas ao mesmo tempo permitindo que

Page 23: CONSTRUTIVISMO

19

as novas situações criadas possam ser adaptadas às estruturas cognitivas

existentes, propiciando o seu desenvolvimento. A interação deve abranger, não só o

universo aluno - objeto, mas também aluno - aluno e aluno – professor.

Outro aspecto primordial nas teorias construtivistas, é a quebra de

paradigmas que os conceitos de Piaget trazem, é a troca do repasse da informação

para a busca da formação do aluno; é a nova ordem revolucionária que retira o

poder e autoridade do mestre transformando-o de todo poderoso detentor do saber

para um educador - educando e esta visão deve permear todo um ambiente

construtivista.

O normal é ver as crianças como aquelas que precisam ser ensinadas, seres inacabados que, à semelhança do Pinóquio, só se tornam pessoas de carne e osso depois de serem submetidas às nossas artimanhas pedagógicas. Como tolo estou sugerindo caminhar na direção contrária : que os mestres se transformem em aprendizes, que os adultos se disponham a aprender das crianças. Uma filosofia da educação às avessas (Alves, 1994, p.40)

A aprendizagem é um processo de construção de relações, em que

o aprendiz, como ser ativo, na interação com o mundo, é o responsável pela direção

e significado do aprendido. O processo de aprendizagem se daria em virtude do

fazer e do refletir sobre o fazer. Mais do que repassar conhecimentos, a função de

um professor que se propõe a ser facilitador seria liberar a curiosidade, permitir que

os indivíduos invistam em novas direções ditadas pelos seus próprios interesses,

abrir tudo ao questionamento e à exploração, reconhecer que tudo se acha em

processo de mudança.

Um ambiente de aprendizagem que pretenda ter uma conduta de

acordo com as descobertas de Piaget precisa lidar corretamente com o fator do erro

e da avaliação. É importante salientar sua estreita relação com o erro. Em uma

abordagem construtivista, o erro é uma importante fonte de aprendizagem, o

aprendiz deve sempre questionar-se sobre as conseqüências de suas atitudes e a

partir de seus erros ou acertos ir construindo seus conceitos, ao invés de servir

apenas para verificar o quanto o aluno assimilou, como é comum nas práticas

empiristas. Neste contexto, a forma e a importância da avaliação mudam

completamente, em relação às práticas convencionais. Os erros são usados para

depurar os conceitos e não para se tornarem a arma do professor. O quesito mais

importante para a construção de um ambiente construtivista é que o professor

Page 24: CONSTRUTIVISMO

20

realmente conscientize-se da importância do processo de aprendizagem que

passam necessariamente por uma interação muito forte entre o sujeito da

aprendizagem e o objeto. Somente a partir desta interação completa é que

poderemos dizer que estamos construindo novos estágios de conhecimento, tanto

no aprendiz como no professor.

No Simpósio Internacional para a Alfabetização, em Persépolis, IRÃ,

em setembro de 1975, Paulo Freire disse:

“Não basta saber ler mecanicamente que “Eva viu a uva”. É

necessário compreender qual a posição que Eva ocupa no seu contexto social,

quem trabalha para produzir uvas e quem lucra com esse trabalho.”

Nesse caso, o objeto de conhecimento torna-se significativo e

contextualizado, ampliando os horizontes cognitivos da criança. O conhecimento não

é passado para a criança, mas ela interage com os objetos desenvolvendo conceitos

éticos, sociais, científicos, gramaticais, geométricos e infinitos. Entretanto, o objeto

com o qual a criança interage deve tornar manipulável estes conceitos, ou pelo

menos compreensível. Segundo o modelo tradicional ou empirista, o conhecimento

pronto, a solução é apresentada ao aluno da melhor forma possível, para que ele

memorize e futuramente, quando numa situação real necessitar, ele utilize esse

conhecimento. Mas as pesquisas de Piaget provaram que o sujeito aprende diante

de uma situação-problema, de um desafio, de uma necessidade, de um desiquilíbrio

ou curiosidade que constituem os mecanismos operatórios da inteligência. O novo

conhecimento aparece como solução para o problema, acompanhado de um

sentimento de satisfação, de alegria pela descoberta. Isso torna a aprendizagem

significativa e gratificante. É fundamental que o professor pergunte, problematize,

que deixe as perguntas e respostas por conta do aluno. No caso da solução não for

a mais correta ou adequada, reproblematizar, mas nunca dizer que está errado.

A escola deveria acima de tudo estimular o desenvolvimento da

inteligência, que está essencialmente ligada à capacidade de resolver problemas e

estabelecer conexões entre fatos, fenômenos, conceitos e teorias. Os métodos e

recursos que estimulam a passividade do aluno são prejudiciais à construção do

conhecimento. Se o aluno é um simples expectador passivo às apresentações bem

explicadas e ilustradas do professor, nada sendo exigido dele para a solução dos

problemas, não resta dúvida de que ele não está aprendendo a aprender.

O ensino precisa deixar de ter como preocupação fundamental quem

Page 25: CONSTRUTIVISMO

21

ensina, o que ensina e como ensina e se voltar principalmente para quem aprende,

por que aprende, como aprende, e como ajudar o aprendiz nesse processo.

Ensinar, deve passar a ser uma permanente tentativa de respeitar e estimular o

processo natural de construção do conhecimento daqueles que são os únicos e

verdadeiros agentes dessa construção: os aprendizes. Para a prática de uma

pedagogia construtiva e libertadora a regra universal é a criatividade, fundada numa

sólida compreensão do processo de aprendizagem. Os pais e educadores

condicionados por concepções tradicionais e mal fundadas sobre aprender e

ensinar, repetem os mesmos processos aos quais foram submetidos, tendo grande

dificuldade para imaginar ou aplicar uma pedagogia construtivista. Essa estrutura

disciplinar hierarquizadas do sistema escolar torna ainda mais difícil de se

institucionalizar um ensino verdadeiramente construtivista. Além disso, os cursos de

pedagogia não preparam bem os professores para serem construtivistas, e o que é

pior, a teoria é ensinada de forma tradicional, numa evidente contradição.

Para que alguém torne-se um bom professor construtivista seria necessário que sua formação também ocorresse através de um processo construtivista. Isso permitiria aos professores desenvolverem uma prática profissional coerente com os pressupostos dessa corrente (DUARTE, 2000, p.41).

Piaget era muito enfático neste ponto e dizia que a preparação dos

professores é uma questão primordial de todas as reformas pedagógicas em

perspectiva e que deve considerar dois aspectos fundamentais: a formação

intelectual e moral, e a valorização do corpo docente. Para esses dois problemas,

uma solução que Piaget recomendava: “Uma formação universitária completa para

os mestres de todos os níveis”. O professor que precisa trabalhar tempo integral

para sobreviver, não lhe resta tempo para se dedicar e adquirir uma formação

necessária. A este quadro caótico articula-se o universo ideológico pós-moderno

com seu irracionalismo e a realidade passa a constituir-se por contrastes. Mas até

nesse ponto o construtivismo desempenha um papel viável. Nessa concepção, o

professor não ensina – “[...] a afirmação de que o professor é que ensina, é contrária

a uma posição construtivista” (DUARTE, 2000, p.51 apud DELVAL, 1997) . O

professor ajuda o aluno a construir o conhecimento a partir de seus conhecimentos

prévios, ou seja, o cotidiano do sujeito e ele próprio trazem os conteúdos

necessários para que ocorra a aprendizagem, incorporando à escola a sabedoria

popular. Conteúdos devem ser reduzidos aos que puderem ser realmente

Page 26: CONSTRUTIVISMO

22

compreendidos pelo aluno; a educação é uma prática artificial quando tenta impor ao

aluno conteúdos que estão fora do seu mundo ignorando os conhecimentos que ele

já possui.

Caberia questionar como o aluno pode tornar-se autônomo se sua visão do mundo é tão restritiva. Como ele seria capaz de desvencilhar-se das armadilhas ideológicas tão requisitadas pelos governos com uma bagagem cultural tão ínfima? (DUARTE, 2000, p.55).

Duarte (2000) diz que a inteligência não se mede quantitativamente,

mas ela se revela na capacidade que o indivíduo possui de propor e solucionar

problemas a partir do seu cotidiano. “[...] a escola, embora tenha de ser local,

enquanto ponto de partida, deve ser universal, enquanto ponto de chegada”.

(GADOTTI, 1997, p.13)

O professor precisa trabalhar ativa e permanentemente na

construção do próprio conhecimento e batalhar pelo direito de ser construtivista na

prática diária. O professor que tenha se tornado construtivista será capaz de

colaborar para que se alcance a educação que necessita um mundo pluralista,

globalizante e mutante como o da atualidade.

CAPÍTULO 6 – CONSTRUTIVISMO PRÁTICO PARA O SÉCULO XXI

Page 27: CONSTRUTIVISMO

23

Gadotti data o fim do modernismo na década de 50 e a partir daí

surge o pós-modernismo, nome aplicado às mudanças ocorridas nas ciências, nas

artes e nas sociedades avançadas. Hoje representa um movimento de indagação

sobre o futuro e uma crítica ao modernismo, que diante da racionalização, levou o

homem à desumanização. Nega-se o sistema, para se afirmar o indivíduo. O homem

pós-moderno volta-se ao seu cotidiano face à globalização da economia e das

comunicações. A educação prioriza o processo do conhecimento e suas finalidades,

onde o pressuposto básico é a autonomia.

Chegará o dia – e talvez este já seja uma realidade – em que as crianças aprenderão muito mais e com maior rapidez em contato com o mundo exterior do que no recinto da escola... Os cidadãos do futuro terão muito menos necessidade que hoje de ter formação e pontos de vista semelhantes. Pelo contrário, serão recompensados pela sua diversidade e originalidade. O educador de amanhã será capaz de lançar-se à apaixonante tarefa de criar um novo âmbito escolar. Os estudantes circularão nele livremente, qualquer que seja o espaço a eles reservado: uma sala, um prédio, um conjunto de prédios ou ainda, como depois veremos, algo mais vasto. Um dia passaremos toda nossa vida na escola; um dia passaremos toda nossa vida em contato com o mundo, sem nada que nos separe. (GADOTTI, 1997, apud McLUHAN, 1990).

O construtivismo pós-moderno é hoje mais amplo que a psicologia

genética piagetiana, pois a esta teriam sido agregadas outras teorias, entre elas a

teoria sociocultural de Vygotsky. Segundo Gadotti(1997) a educação pós-moderna

requer uma reflexão crítica, que garanta meios de resgatar a unidade entre história e

sujeito, perdidas nas desconstruções da cultura e da educação provocadas pelo

racionalismo moderno.

Todo leitor da teoria da educação acaba praticando-a. Todo educador, ao interrogar-se sobre as finalidades de seu trabalho, está, de certa forma filosofando, mesmo que não o pretenda. A filosofia da educação representa, assim, um instrumento eficaz de formação do educador, capaz de levá-lo a superar o senso comum, o ativismo inconsequente e o verbalismo estéril. (GADOTTI, 1997, p.18)

Hernández (1998), transcreve uma nova noção de globalização,

vinculado exclusivamente com uma opção mercantilista e da mundialização das

comunicações e da informação, levando em conta sua relação com a educação.

Segundo ele, a globalização se apresenta como uma forma de conhecimento do

mundo que vai além das disciplinas do currículo escolar e que, hoje em dia, enfrenta

Page 28: CONSTRUTIVISMO

24

o desafio de “como adquirir o acesso às informações sobre o mundo e como adquirir

a possibilidade de articulá-las e organizá-las” (MORIN, 1993, p.67). O ensino

mediante projetos de trabalho, projetos interdisciplinares, currículo integrado,

pesquisas são iniciativas desenvolvidas para responder de maneira mais satisfatória

às mutáveis demandas e necessidades apresentadas no contexto escolar. O aluno

deve dominar diversas técnicas de pesquisa e argumentação, possuir certas

capacidades sobre as relações interpessoais e deve aprender negociar e tomar

decisões. Morin(1993) assinala, “não basta agitar a bandeira do global: deve-se

associar os elementos do global com uma articulação organizadora complexa, deve-

se contextualizar esse mesmo global. A reforma necessária do pensamento é aquela

que engendrará um pensamneto do contexto e do complexo.”

Hernández (1998), aponta para a urgência de se olhar para o

presente, visto que o futuro, em princípio é mutável, levando em conta as

experiência e as necessidades que o aluno tem, em cada período e diante das

possibilidades futuras que ainda não se produziram. Os problemas atuais levam a

recorrer e explorar outros caminhos, levando em conta não só o que sabemos a

partir da psicologia, mas sim a partir das contribuições sobre a construção social do

conhecimento vinculada à educação escolar.

CAPÍTULO 7 – PRATICIDADE DO CONSTRUTIVISMO

Burke(2003), cita a leitura de trechos da apostila Educação

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25

Construtivista: orientação para o século XXI, da pedagoga C.Kammi, que apresenta

referenciais úteis à pratica construtivista. Na educação construtivista o professor

orienta o aluno baseado em princípios interacionistas: 1) As crianças aprendem

rapidamente quando estão pessoalmente interessadas e mentalmente ativas; 2) A

meta de longo alcance da educação deve ser a autonomia e não a habilidade de

encontrar as respostas “certas”; 3) Os professores devem reduzir sua autoridade e

estimular as crianças a debater honestamente seus pontos de vista, a fim de

promover o desenvolvimento da autonomia nas crianças.

As crianças aprendem melhor a ler e escrever quando elas querem

dizer algo que é importante para elas. O debate estimula as crianças a pensarem

criticamente, relacionando e modificando opiniões a partir de outras idéias. As

crianças se tornam mais interessadas e responsáveis quando solicitadas a

defenderem suas próprias idéias. Os jogos de grupo são melhores que a aplicação

de provas, pois neles as crianças estão mais ativas mentalmente. Os educadores

precisam formar crianças capazes de julgar automamente o que é certo e errado,

independentemente do que leva a uma recompensa ou punição. Da mesma forma o

“bom comportamento” deve ser fruto da autonomia e convicção pessoal. Para

Piaget:

a criança obediente é por vezes um espírito submetido a um conformismo exterior, mas que não se apercebe “de fato” nem do alcance real das regras às quais obedece, nem da possibilidade de adaptá-las ou de construir novas regras em circunstâncias diferentes.

O objetivo da educação deve ser o de ajudar a desabrochar no

sujeito o potencial quase infinito de desenvolvimento intelectual e moral, com

condições de se inserir de forma inteligente, eficaz, consciente, criativa, crítica e

responsável no meio em que vive, exercendo assim sua cidadania.

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26

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Todo caminho percorrido nunca é o suficiente quando temos uma

jornada pela frente, todo conhecimento adquirido é acomodado à nossa bagagem

pessoal e certamente seu fardo é tão leve, quanto inesgotável. Com essa certeza,

esse espaço é destinado à concusão de um trabalho que não se esgota nas

entrelinhas, mas serve de pano de fundo para um leque de possibilidades, que se

abrem para a pesquisa e a reflexão. Estes últimos devem compreender o trabalho

pedagógico continuamente, na busca de fundamentação teórica que permita ao

professor a convicção de suas concepções e princípios éticos. É nessa perspectiva

que o presente trabalho deixa apenas um retalho para formar a colcha do

conhecimento da teoria construtivista. Notável por seu caráter autônomo, o

construtivismo vem se consolidando com eloquência por alguns autores e críticas

por outros. Com esse referencial, procura-se sensibilizar o leitor não para a adesão

alienada ao ideário construtivista, mas para uma reflexão profunda sobre sua

prática, a partir da concepção de aluno que aprende. Esse deve ser o objeto de

estudo mais importante nos cursos acadêmicos e obras literária destinadas aos

profissionais da educação, buscando-se assim uma superação do processo de

ensino aprendizagem de forma satisfatória. Na busca da afirmação do sujeito –

aluno, devemos, como educadores, permitir e nos permitir ao erro, à construção de

hipóteses, à apropriação de conhecimentos de forma mútua. Devemos transgredir

os paradigmas pré-estabelecidos e nos aventurar nas experiências intelectuais,

sociais, culturais e políticas, pois somos seres historicamente construídos. Devemos

problematizar, se pretendemos elitizar culturalmente nossos alunos, nos engajando

nas descobertas que buscamos sobre as formas do mesmo produzir seu

conhecimento. Que este trabalho seja uma luz ou uma pequena réstia, para quem

busca novos desafios de educar, frente à globalização. Por meio de uma

metodologia construtivista, seja possível conciliar e democratizar a educação,

conforme as necessidades do aluno - que frente às tecnologias da informação e

comunicação, está anos-luz de nós, educadores. Vale também destacar

enfaticamente, que o professor, mais do que um trabalho, tem uma função social a

desempenhar e essa causa deve ser abraçada; pelo menos até que as políticas

públicas para a educação reconheçam a necessidade de olhar carinhosamente para

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27

os docentes. Essas ferramentas constituem a essência do professor construtivista,

que interiorizou um conhecimento íntegro do desenvolvimento do sujeito e é capaz

de compartilhá-lo com o grupo escolar. Se o presente trabalho deixou

questionamentos e provocou conflito no leitor, o objetivo do mesmo foi alcançado,

pois o considero “inacabado”, como também eu o sou, “ser inacabado”. Construir

meu conhecimento consciente de que sou reflexo do meio e dos outros, indica que

estou no caminho certo e nessa linha difundo a teoria construtivista como forma de

educar com autonomia. O século XXI não permite andarmos para trás, é

fundamental uma auto avaliação que justifique nossa prática pedagógica.

Page 32: CONSTRUTIVISMO

28

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