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UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO ATUALIZA ASSOCIAÇÃO CULTURAL ENFERMAGEM OBSTETRICA MIRTHES ALVES DE CARVALHO CONSULTA DE ENFERMAGEM NO PERÍODO PRÉ-NATAL: Um Componente para Consolidação do Modelo Assistencial da Vigilância da Saúde SALVADOR – BAHIA 2011

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UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO

ATUALIZA ASSOCIAÇÃO CULTURAL

ENFERMAGEM OBSTETRICA

MIRTHES ALVES DE CARVALHO

CONSULTA DE ENFERMAGEM NO PERÍODO PRÉ-NATAL:

Um Componente para Consolidação do Modelo Assistencial da

Vigilância da Saúde

SALVADOR – BAHIA

2011

MIRTHES ALVES DE CARVALHO

CONSULTA DE ENFERMAGEM NO PERÍODO PRÉ-NATAL:

Um Componente para Consolidação do Modelo Assistencial da

Vigilância da Saúde

Monografia apresentada à Universidade Castelo Branco e Atualiza Associação Cultural, como requisito parcial para obtenção do titulo de Especialista em Enfermagem Obstetrica sob orientação do Professor Fernando Reis do Espirito Santo.

SALVADOR – BAHIA

2011

MIRTHES ALVES DE CARVALHO

CONSULTA DE ENFERMAGEM NO PERÍODO PRÉ-NATAL:

Um Componente para Consolidação do Modelo Assistencial da

Vigilância da Saúde

Monografia para obtenção do grau de Especialista em Enfermagem Obstétrica.

Salvador, 14 de novembro de 2011.

EXAMINADOR:

Nome:_________________________________________________________.Titula

ção: ______________________________________________________.

PARECER FINAL:

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

____________________________________________

.

Dedico este trabalho as colegas enfermeiras

Pollyana, Raquel e Ana Carolina que abriram

suas unidades para que eu realizasse as

entrevistas com as gestantes e por se

disponibilizarem para ajudar no decorrer da

realização do estudo.

RESUMO

Este estudo trata da perspectiva de mudança no cenário atual da assistência da saúde com a proposta do novo modelo assistencial da Vigilância da Saúde. Tem como bjetivo avaliar se a consulta de enfermagem no período pré-natal é um componente para consolidação do modelo assistencial da vigilância da saúde no município de Lapão-BA. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, realizada no município de Lapão- BA, que teve como sujeitos 14 gestantes de 03 Unidades de Saúde da Família e que teve como instrumento de coleta de dados uma entrevista semi-estruturada. Concluiu-se, portanto, que a consulta de enfermagem no período pré-natal é realmente um subsidio para a consolidação da assistência da Vigilância da Saúde no município de Lapão-BA, mesmo apresentando entraves na profissão enfermagem, mas ainda vê-se extremamente enraizado, nesta cidade, o modelo médico-privatista nas ações dos profissionais médicos como também na fala de algumas gestantes.

Palavras Chave: consulta de enfermagem – pré-natal – modelo assistencial da vigilância da saúde

ABSTRACT

This study deals with the prospect of change in the current climate of health care with a proposed new model of care of the Health Surveillance Section of guiding this study "Prenatal Nursing Consultation" is aimed at assessing whether the nursing consultation in the prenatal is a component to support the consolidation of health surveillance in the town of Lapão-BA. It is a qualitative research conducted in the city of Lapão-BA, which had 14 pregnant women as subjects of 03 Family Health Units and had as an instrument of data collection a semi-structured interview. It was concluded therefore that the nursing consultation in the prenatal period is really a subsidy to support the consolidation of the Health Surveillance in the municipality of Lapão, Bahia, even with obstacles in the nursing profession, but still find it extremely rooted in this city, the medical model-privatized in the actions of medical professionals as well as in the speech of some pregnant women. Keywords: nursing consultation - prenatal - care model of health surveillance

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ---------------------------------------------------------------------07

2. REFERENCIAL TEÓRICO------------------------------------------------------12

2.1 O Modelo Assistencial de Vigilância da Saúde e o Programa de

Saúde da Família ---------------------------------------------------------------------12

2.2 Assistência Pré-Natal -------------------------------------------------------14

2.3 Consulta de Enfermagem e sua inserção no pré-natal-------------20

2.4 O Pré-Natal --------------------------------------------------------------------23

3. PERCURSO METODOLÓGICO -------------------------------------------- 27

3.1 Tipo de Pesquisa ------------------------------------------------------------27

3.2 Local da Pesquisa -----------------------------------------------------------27

3.3 Sujeitos -------------------------------------------------------------------------28

3.4 Instrumentos de Coleta de Dados ---------------------------------------29

3.5 Apresentação e Discussão dos Resultados----------------------------30

4.CONSIDERAÇÕES FINAIS -----------------------------------------------------40

5.REFERÊNCIAS---------------------------------------------------------------------42

APÊNDICE -----------------------------------------------------------------------------45

1. INTRODUÇÃO

Apresentação do Objeto de Estudo

O Ministério da Saúde divulgou oficialmente o Programa de Assistência Integral à

Saúde da Mulher (PAISM), em 1984. O PAISM foi anunciado como uma nova e

diferenciada abordagem da saúde da mulher, baseado no conceito de “atenção

integral à saúde das mulheres”. Esse conceito implica o rompimento com a visão

tradicional acerca desse tema, sobretudo no âmbito da medicina, que centralizava o

atendimento às mulheres nas questões relativas à reprodução. Isto é, acaba com o

modelo denominado materno-infantil, que focalizava a mulher somente no exercício

da função de reprodução biológica; por isso, a atenção específica era dirigida para a

gravidez, parto e puerpério. (OSIS, 1998; LIMA, 2005).

Nesse programa, a atenção à mulher deveria ser integral, clínico-ginecológica e

educativa. Além disso, segundo Osis (1998), estabelecia-se que todas as atividades

previstas no PAISM deveriam ser adotadas em conjunto. Entretanto, uma vez que

algumas ações – como as relativas ao pré-natal – já se achavam incorporadas ao

atendimento da rede de saúde, o início da implementação poderia se dar pelo

investimento na melhoria dessas ações. Frisava-se, entretanto, que as atividades de

concepção e contracepção nunca poderiam ser implementadas isoladamente,

tampouco seriam aceitas em serviços em que os outros objetivos programáticos do

PAISM não estivessem em desenvolvimento.

Segundo o Ministério da Saúde (Brasil, 2004), o PAISM representou a ruptura

conceitual com os princípios norteadores da política de saúde das mulheres e os

critérios para eleição de prioridades neste campo, incorporando como princípios e

diretrizes as propostas de descentralização, hierarquização e regionalização dos

serviços, bem como a integralidade e a eqüidade da atenção, num período em que,

paralelamente, no âmbito do Movimento Sanitário, se concebia o arcabouço

conceitual que embasaria a formulação do Sistema Único de Saúde (SUS).

O processo de construção do SUS tem grande influência sobre a implementação

do PAISM. O SUS vem sendo implementado com base nos princípios e diretrizes

contidos na legislação básica: Constituição de 1988, Lei n.º 8.080 e Lei n.º 8.142,

Normas Operacionais Básicas (NOB) e Normas Operacionais de Assistência à

Saúde (NOAS), editadas pelo Ministério da Saúde. Particularmente com a

implementação da NOB 96, consolida-se o processo de municipalização das ações

e serviços em todo o País. A municipalização da gestão do SUS vem se constituindo

num espaço privilegiado de reorganização das ações e dos serviços básicos, entre

os quais se colocam as ações e os serviços de atenção à saúde da mulher,

integrados ao sistema e seguindo suas diretrizes ( BRASIL, 2004).

Ainda segundo Brasil (2004), o processo de implantação e implementação do

PAISM apresenta especificidades no período de 84 a 89 e na década de 90, sendo

influenciado, a partir da proposição do SUS, pelas características da nova política de

saúde, pelo processo de municipalização e principalmente na perspectiva de

construção de mudança do cenário atual da saúde com o modelo assistencial da

vigilância da saúde.

Até este momento, conviviam de forma complementar ou contraditória dois

modelos assistenciais: o modelo médico privatista – centrado na figura do médico

especialista, predominantemente curativo, hospitalocêntrico e o modelo assistencial

sanitarista – com privilégio de controle de certos agravos, com programas especiais,

campanhas e ações de vigilância epidemiológica e sanitária. Na perspectiva de

construção de mudança desse cenário atual, surge a proposta do modelo

assistencial da vigilância da saúde como eixo de um processo de reorientação

desses modelos assistenciais. Este modelo assistencial da vigilância da saúde esta

voltado para um novo processo de trabalho voltado para a qualidade de vida,

articulado com ações de promoção, recuperação e reabilitação na dimensão

individual e coletiva. (SALVADOR, 2003).

Na perspectiva da construção deste modelo assistencial de vigilância da saúde,

uma etapa fundamental é a organização da atenção básica. Com isso, a nível local e

municipal surgiu o Programa de Saúde da Família com a proposta de ruptura com os

modelos assistenciais hegemônicos e de fortalecimento dos princípios do SUS

No âmbito do modelo assistencial de Vigilância a saúde e então, do Programa de

Saúde da Família, correlacionando ao PAISM, os aspectos biopsicossociais são

considerados de forma não hierárquica, não mais se concebendo a assistência à

mulher, sobretudo a mulher grávida, restrita a modelos biomédicos, são levados em

consideração os seus sentimentos acerca da experiência em suas múltiplas

dimensões (DUARTE, 2006).

O fato aqui importante que se ressalta com a implantação do PAISM, com a

construção do SUS, construção de novo modelo assistencial e conseqüentemente

com a criação do Programa de Saúde da Família, para a reorganizar a atenção

básica, é o estimulo à participação do enfermeiro nas ações de saúde da mulher,

especialmente na assistência pré-natal.

De acordo com a Lei do Exercício Profissional da Enfermagem – Decreto n.º

94.406/87 e o Ministério da Saúde, o pré-natal de baixo risco pode ser inteiramente

acompanhado pela enfermeira. Como descrito na Lei n.º 7.498 de 25 de julho de

1986, que dispõe sobre a regulamentação do exercício de Enfermagem, cabe à

enfermeira realizar consulta de enfermagem e prescrição da assistência de

enfermagem; como integrante da equipe de saúde: prescrever medicamentos, desde

que estabelecidos em Programas de Saúde Pública e em rotina aprovada pela

instituição de saúde; oferecer assistência de enfermagem à gestante, parturiente e

puérpera e realizar atividades de educação em saúde (RIOS, 2007)

Lima (2006) considera que na prática, a consulta de enfermagem significa um

instrumento relevante que deu maior visibilidade à importância da assistência

integral a mulher gestante, que busca nos serviços de saúde pública a resolução de

suas necessidades e as intervenções para o desenvolvimento saudável do binômio

mãe-filho.

Justificativa

Optei por realizar este estudo porque a saúde pública e a saúde da mulher

sempre foram os campos de minha maior identificação na fase acadêmica. Na vida

profissional, por conta dessa identificação me enveredei para a saúde coletiva que

esta inserida na saúde pública e que engloba a saúde da mulher. O exercício da

enfermagem há 6 anos no Programa de Saúde da Família (PSF), do município de

Lapão-BA, programa que a Enfermagem assiste a mulher de forma integral,

estimulou-me a busca pela elucidação se esta atenção a saúde da mulher,

especialmente a assistência Pré Natal no PSF, tem conseguido transformar o

modelo assistencial médico-privatista, centrado no médico, para o modelo

assistencial da vigilância à saúde, centrado na equipe e na comunidade.

A atuação profissional tem-me permitido vivenciar a importância dada na história

da Saúde Pública á saúde da mulher e constatar que a consulta de enfermagem,

principalmente a de pré-natal, propicia ao enfermeiro um amplo espaço de

desenvolvimento para sua atuação diária, quer seja dentro da própria consulta de

enfermagem através do atendimento direto à clientela, com o suporte dos exames

laboratoriais de rotina e da prescrição medicamentosa padronizada, como também

através da educação em saúde, tanto desenvolvida em nível individual ou em nível

coletivo, na comunidade onde está inserido.

Problema

Consulta de enfermagem é um componente para consolidação do modelo

assistencial da vigilância da saúde?

Objetivo

Avaliar se a consulta de enfermagem no período pré-natal é um componente

para consolidação do modelo assistencial da vigilância da saúde no município de

Lapão-BA.

Estrutura do Trabalho

O presente estudo esta constituído por quatro momentos no referencial teórico. O

primeiro momento mostra a concepção e a proposta do modelo assistencial da

vigilância da saúde. Traz, também, a história do Programa de Saúde da Família e

seu objetivo de reorganizar a atenção básica. O segundo momento mostra a história

da assistência pré-natal; seu início no Brasil voltado para melhoria dos indicadores

da saúde infantil e suas transformações com o advento do Programa de Assistência

Integral à Saúde da Mulher (PAISM) que abordava a mulher de forma integral e

holística. O pré-natal, então, passa a ser voltado para a saúde da mulher grávida,

possibilitando a prevenção das complicações que determinam maior morbidade e

mortalidade materna e perinatal. No terceiro momento, além da história da consulta

de enfermagem, traz o inicio da consulta de enfermagem no periodo pré-natal que

não foi bem recebida pelos profissionais médicos, mas que mesmo assim se

consolida como instrumento que contribui para consolidação da enfermagem. O

quarto momento relata a consulta pré- natal propriamente dito, seus objetivos e

roteiros que norteiam a consulta de enfermagem neste período. E por fim, o

percurso metodológico que mostra a natureza do estudo que é de caráter qualitativo,

com entrevista semi-estruturada realizado com gestantes de 03 PSF’ s do município

de Lapão-BA.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 O MODELO ASSISTENCIAL DA VIGILANCIA DA SAÚDE E O PROGRAMA DE

SAÚDE DA FAMÍLIA

A concepção de Vigilância da Saúde, comparando com os modelos

assistenciais vigentes (médico-privatista e sanitarista) constatam-se as diferenças

com relação aos sujeitos, objeto, métodos e forma de organização dos processos de

trabalho (Figura 1). Enquanto o modelo médico-assistencial privilegia o médico,

tomando como objeto a doença, em sua expressão individualizada e utiliza como

meios de trabalho os conhecimentos e tecnologias que permitem o diagnóstico e a

terapêutica das diversas patologias, o modelo sanitarista tem como sujeitos os

sanitaristas, cujo trabalho toma por objeto os modos de transmissão e fatores de

risco das diversas doenças em uma perspectiva epidemiológica, utilizando um

conjunto de meios que compõem a tecnologia sanitária (educação em saúde,

saneamento, controle de vetores, imunização, etc.) (SALVADOR, 2003).

A Vigilância da Saúde, todavia, propõe a incorporação de novos sujeitos,

extrapolando o conjunto de profissionais e trabalhadores de saúde ao envolver a

população organizada, que corresponde à ampliação do objeto, que abarca, além

das determinações clínico epidemiológicas no âmbito individual e coletivo as

determinações sociais que afetam os distinto grupos populacionais em função de

sua condições de vida. Nessa perspectiva, a intervenção também extrapola o uso

dos conhecimentos e tecnologias médico-sanitária e inclui tecnologias de

comunicação social que estimulam a mobilização, organização e atuação dos

diversos grupos na promoção e na defesa das condições de vida e saúde

(TEIXEIRA, 1998).

Ainda segundo Teixeira (1998), a proposta de Vigilância da Saúde, entretanto,

transcende os espaços institucionalizados do sistema de serviços de saúde e se

expande a outros setores e órgãos de ação governamental e não governamental,

envolvendo uma trama complexa de entidades representativas dos interesses de

diversos grupos sociais. A Vigilância da Saúde corresponderia, assim, a um modelo

assistencial que incorpora e supera os modelos vigentes, implicando a redefinição

do objeto, dos meios de trabalho, das atividades, das relações técnicas e sociais,

bem como das organizações de saúde e da cultura sanitária. Nessa perspectiva,

aponta na direção da superação da dicotomia entre as chamadas práticas coletivas

(vigilância epidemiológica e sanitária) e as práticas individuais (assistência

ambulatorial e hospitalar) através da incorporação das contribuições da nova

geografia, do planejamento urbano, da epidemiologia, da administração estratégica

e das ciências sociais em saúde, tendo como suporte político-institucional o

processo de descentralização e de reorganização dos serviços e das práticas de

saúde ao nível local.

Para esta construção de mudança de cenário atual, da hegemonia dos

modelos médico-privatista e sanitarista para vigilância da saúde, uma etapa

fundamental é a reorganização da atenção básica. Trabalhar com a idéia de atenção

básica como atenção resolutiva a situações e problemas sanitários extremamente

complexos e não com a proposta de atenção primária centrada na assistência de

baixo custo, simplificada e com poucos equipamentos.

Assim, no intuito de potencializar a reorganização da atenção básica, o

Ministério da Saúde, implementa, em 1994, o Programa Saúde da Família (PSF),

com características que apontam para a ruptura com os modelos assistenciais

hegemônicos e para fortalecimento dos princípios do SUS na construção do modelo

assistencial de vigilância da saúde mais resolutivos e humanizados. A atenção deste

programa esta centrada na família, entendida e percebida a partir do seu ambiente

físico e social, o que possibilita maior compreensão do processo saúde/doença e da

necessidade de intervenções que vão além de práticas curativas (DUARTE, 2006).

Os princípios sob os quais a Unidade de Saúde da Família atua:

1. integralidade e Hierarquização: A Unidade de Saúde da Família está inserida

no primeiro nível de ações e serviços do sistema local de saúde.

2. territorialização e adscrição da clientela: trabalha com território de

abrangência definido;

3. equipe multiprofissional: A equipe de Saúde da Família é composta

minimamente por um médico generalista ou médico de família, um enfermeiro, um

auxiliar de enfermagem e de quatro a seis agentes comunitários de saúde (ACS)

(FRANCO, 1999)

Oliveira (2007), afirma que o Programa Saúde da Família possibilita uma melhor

compreensão das situações, com uma atuação mais dialógica e completa, como, por

exemplo, o atendimento do pré-natal. Nessa perspectiva, o Programa Saúde da

Família é uma oportunidade de requalificação do trabalho da saúde coletiva, da

saúde pública e da saúde da mulher para uma defesa do Sistema Único de Saúde.

Figura 4 – Modelos Assistenciais e Vigilancia da Saúde

Modelo

Sujeito

Objeto Meios de Trabalho

Formas de Organização

Médico-privatista

Médico

*especialização *complementariedade

(paranédicos)

Doença

(patologias e outras) Doentes

(clinica e cirurgia)

Tecnologia médica

(individuo)

Rede de serviços de

saúde Hospital

Sanitarista

Sanitarista *auxiliares

Modos de transmissão

Fatores de risco

Tecnologia sanitária

Campanhas sanitárias,

programas especiais Sistemas de vigilância

epidemiológica e sanitária

Vigilância da saúde

Equipe de Saúde População (cidadãos)

Danos, riscos, necessidades e

determinantes dos modos de vida e

saúde (condições de vida e trabalho)

Tecnologias de comunicação,

de planejamento local situacional e tecnologias

médico-sanitárias.

Politicas publicas saudáveis

Ações intersetoriais Intervenções especificas (promoção. Prevenção e recuperação)

Operações sobre problemas e grupos

populacionais.

2.2 ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL

No que tange a revolução histórica da assistência pré-natal, pode-se distinguir

três fases. A primeira inicia-se com aconselhamentos mencionados em livros hindus,

recomendando que as gestantes deveriam manter-se alegres, evitando a cólera, o

medo e obedecendo regras dietéticas especiais, mas destituídas de fundamentos

científicos. A segunda fase inicia-se nos Estados Unidos com a introdução, na

assistência às gestantes, as visitas domiciliares e as internações hospitalares. Mas,

foi na Austrália, em 1910, que foi inaugurada a primeira clinica pré-natal que

sistematizou a assistência pré-natal, recomendando: 1. A supressão da ansiedade e

do medo entre gestantes e puérperas; 2. O diagnóstico e o tratamento precoces das

moléstias capazes de agravar o prognóstico materno; 3. A redução da mortalidade

perinatal. Com o advento de numerosas práticas relacionadas à propedêutica

obstétrica, inicia-se a terceira e atual fase, na qual se hipertrofiou e se valorizou, em

particular, o concepto. Daí surgiu o conceito de perinatologia, salientando-se as

medidas que favorecem o diagnostico e a terapêutica fetal intra-útero (PENNA,

2001).

A atenção ao Pré-Natal deu-se, no Brasil, a partir do Século XX, decorrente da

preocupação de grupos da sociedade, principalmente o Movimento de Mulheres que

questionava a omissão do Estado em não implantar políticas públicas direcionadas à

saúde da mulher gestante e ao recém-nascido. As reivindicações se pautavam em

exigir do Estado políticas que impactassem as taxas de mortalidade materno-infantil,

existentes no Brasil desde o final do século passado (LIMA, 2006).

A assistência à gestante, no entanto, foi por muitos anos, orientada

principalmente para melhorar os indicadores da saúde infantil. Só em 1994, com o

Programa de Assistência Integral à saúde da Mulher (PAISM), instituído pelo

Ministério da Saúde, preconizando assistir as necessidades globais de saúde da

mulher, nos aspectos clinicoginecológicos e educativos, voltados ao

aperfeiçoamento do controle pré-natal, do parto e puerpério; direciona a abordagem

dos problemas presentes desde a adolescência até a terceira idade; busca o

controle das doenças transmitidas sexualmente, do câncer cérvico-uterino e

mamário e abrange a assistência para concepção e contracepção (OSIS, 1998).

O pré-natal é o “período anterior ao nascimento da criança, em que um conjunto

de ações é aplicado à saúde individual e coletiva das mulheres grávidas. Nesse

período, as mulheres devem ser acompanhadas a partir da gestação, de forma que

lhes seja possível, quando necessário, realizar exames clínico-laboratoriais, receber

orientação e tomar medicação profilática e/ou vacinas” (BRASIL, 2006a)

Para o Ministério da Saúde do Brasil, o principal objetivo da atenção ao pré-

natal é acolher a mulher desde o início de sua gravidez – período de mudanças

físicas e emocionais - que cada gestante vivencia de forma distinta. Essas

transformações podem gerar medos, dúvidas, angústias, fantasias ou simplesmente

a curiosidade de saber o que acontece no interior de seu corpo (BRASIL, 2000)

Para promover a segurança da saúde da mãe e do feto é necessário

identificar as gestantes de risco e oferecer atendimento diferenciado nos variados

graus de exigência, possibilitando a prevenção das complicações que determinam

maior morbidade e mortalidade materna e perinatal. A gravidez é considerada de

baixo risco quando não é necessário aplicar intervenções de maior complexidade e

cujas morbidades e mortalidade materna e perinatal são menores do que as da

população geral, ou seja, somente pode ser confirmada ao final do processo

gestacional, após o parto e o puerpério. Quando são identificados os fatores

associados com pior prognóstico materno e perinatal, a gravidez é definida como de

alto risco, passando a exigir avaliações mais freqüentes e com maior complexidade

(GAIO, 2004).

As ações de saúde desenvolvidas durante a atenção ao pré-natal devem dar

cobertura a toda população de gestantes, assegurando o acompanhamento, a

continuidade no atendimento e avaliação. Seus objetivos são de prevenir, identificar

e/ou corrigir as intercorrências maternas fetais, bem como instruir a gestante no que

diz respeito à gravidez, parto, puerpério e cuidados com o recém-nascido. Destaca-

se, ainda, a importância de oferecer apoio emocional e psicológico ao companheiro

e a família, para que estes também estejam envolvidos com o processo de gestar,

parir e nascer (XIMENES NETO, 2008).

Buscando melhorar os indicadores de morbidade e mortalidade relacionados

à gestação, parto e puerpério, o Ministério da Saúde no ano de 2000

institucionalizou o Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento, com base

nos seguintes princípios: “toda gestante tem direito ao acesso a atendimento digno e

de qualidade no decorrer da gestação, parto e puerpério; toda gestante tem direito

de saber e ter assegurado o acesso à maternidade em que será atendida no

momento do parto; toda gestante tem direito à assistência ao parto e ao puerpério e

que esta seja realizada de forma humanizada e segura, de acordo com os princípios

gerais e condições estabelecidas na prática médica; todo recém-nascido tem direito

à assistência neonatal de forma humanizada e segura (BRASIL, 2000).

O termo humanização foi atribuído pelo Ministério da Saúde ao PHPN com

intuito de melhorar as condições de atendimento, por meio da mudança de atitude

dos profissionais que assistem as mulheres grávidas e puérperas, contemplando,

além daquilo que se vê e se palpa, também o que se ouve e o que foi descrito pela

mulher, de modo que o atendimento seja eficiente e participativo. Ressalta-se,

também, a participação da família durante a gestação, o parto e o puerpério, desse

modo, a atenção ao pré-natal deixa de ser um ato técnico, centrado no útero

gravídico (DUARTE, 2008).

Ainda conforme DUARTE (2008), a tranqüilidade adquirida por meio da

garantia de atendimento e o estabelecimento de vínculo entre a mulher e o

profissional são quesitos importantes para a humanização da assistência e

favorecem a adesão e a permanência das gestantes no serviço de atenção ao pré-

natal, ao sentirem-se acolhidas.

Para garantir a qualidade da assistência pré-natal conforme a filosofia do

PHPN o Ministério da Saúde estabeleceu diretrizes para atenção pré-natal, dentre

elas figuram desde rotinas preconizadas para consultas até a definição de fatores de

risco na gravidez, de forma que se possa ampliar a assistência pré-natal incluindo,

entre outras normas, a participação do enfermeiro como membro da equipe de

saúde que presta assistência direta à mulher durante o ciclo gravídico-puerperal

(GONÇALVES, 2008).

No ano de 2004, o Ministério da Saúde efetivou outra medida, no sentido de

melhorar a qualidade da assistência prestada à mulher: O pacto Nacional pela

Redução da Mortalidade Materna e Neonatal, assumido pelas três esferas da gestão

do Sistema Único de Saúde (SUS) – União, Estados, Distrito Federal e Municípios -,

em conjunto com outros órgãos de governo e com o apoio da Sociedade Civil

Organizada, por meio de entidades médicas, de enfermagem, científicas de

movimentos feministas. O Pacto tem como meta a redução materna e neonatal em

15%, até o final de 2006, e em, 75% até o ano de 20015. Seu objetivo estratégico é

a redução desses indicadores aos níveis considerados aceitáveis pela Organização

Mundial de Saúde (OMS). Essa medida definiu ações estratégicas, com vistas a

garantir:

• O acompanhamento de toda mulher grávida no pré-natal, para assegurar uma

gestação saudável e a detecção, bem como o tratamento precoce nos

serviços de referencia, dos eventuais riscos e agravos;

• A ampliação do acesso e o aprimoramento dos serviços dos serviços de pré-

natal e de pós-parto, com expansão da estratégia de saúde da família;

• A universalização dos serviços para o atendimento no momento do parto,

abolindo definitivamente a peregrinação em busca de um leito dentro da área

de abrangência dessa mulher gestante;

• A definição de ações preventivas e a adoção de praticas acolhedoras

humanizadas no tratamento do aborto;

• A criação de serviços especializados, com recursos humanos capacitados

para a atenção às mulheres vitimas de violência sexuais, que precisem

realizar o aborto previsto em Lei;

• O direito de acompanhante no pré-parto, parto e pós-parto imediato e o

alojamento conjunto, inclusive nos serviços privados (LIMA, 2006)

Recentemente a OMS divulgou recomendações essenciais para a atenção

pré-natal, perinatal e puerperal. Tais recomendações basearam-se em revisão

sistemática de estudos controlados e da aplicação dos conceitos da Medicina

baseada em Evidencias. Os dez princípios fundamentais da atenção perinatal,

assinalados pela OMS, indicam que o cuidado na gestação e no parto normal deve:

1. Não ser medicalizado, o que significa que o cuidado fundamental deve ser

previsto, utilizando conjunto mínimo de intervenções que sejam realmente

necessárias;

2. Ser baseado no uso de tecnologia apropriada, o que se refere como conjunto

de ações que inclui métodos, procedimentos, tecnologia, equipamento e

outras ferramentas, todas aplicadas para resolver um problema especifico.

Esse principio é direcionado a reduzir o uso excessivo de tecnologia, ou a

aplicação de tecnologia sofisticada, ou complexa, quando procedimentos

mais simples podem ser suficientes, ou ainda ser superiores;

3. Ser baseado em evidencias, o que significa ser embasado pela melhor

evidencia cientifica disponível, e por estudos controlados aleatorizados,

quando seja possível, e apropriado;

4. Ser regionalizado e baseado em sistema eficiente de referencia de centros de

cuidado primário para centros de cuidado secundário e terciário;

5. Ser multidisciplinar e multiprofissional, com a participação de médicos,

enfermeiros, técnicos de enfermagem, agentes comunitários de saúde,

educadores, parteiras tradicionais e cientistas sociais;

6. Ser integral e levar em conta necessidades intelectuais, emocionais, sociais e

culturais das mulheres, seus filhos, e familiares, e não somente um cuidado

biológico;

7. Estar centrado nas famílias e ser dirigido para as necessidades não só da

mulher e seu filho, mas do casal;

8. Ser apropriado, tendo em conta as diferentes pautas culturais para permitir

lograr objetivos;

9. Compartilhar a tomada de decisão com as mulheres;

10. Respeitar a privacidade, a dignidade e a confidencialidade das mulheres

(BRASIL, 2006b)

Segundo o Ministério da Saúde, as mulheres estão sendo estimuladas a fazer

o pré-natal e, respondendo a esse chamado. Elas acreditam que terão benefícios

procurando os serviços de saúde. Depositam sua confiança e entregam seus corpos

aos cuidados de pessoas autorizadas legalmente, a cuidarem delas. Entretanto, o

que se constata é o despreparo ou negligência dos profissionais na adoção de

tecnologias de assistência, seja no acompanhamento prénatal ou durante o trabalho

de parto (BRASIL, 2000)

A organização do serviço tem sido um elemento fundamental para execução

da atenção ao pré-natal, pois uma atenção humanizada e resolutiva necessita, além

de trabalhadores de saúde qualificados e sensíveis às necessidades de saúde das

famílias, sujeitos e comunidades, como também de ferramentas tecnológicas

comuns ao desenvolvimento da consulta, a atenção especializada e a dinâmica do

cuidado nos diferentes níveis de atenção e o seguimento desse cuidado de maneira

integral e holística.

2.3 CONSULTA DE ENFERMAGEM E SUA INSERÇÃO NO PRÉ-NATAL

Por determinação do Conselho Federal de Enfermagem e segundo a Lei 7.498,

de 25 de junho de 1986, foi obtido respaldo legal para o desenvolvimento da

Consulta de Enfermagem, entendida, no caso, como uma das atividades que melhor

caracterizam o profissional liberal da categoria. A Consulta encontra-se listada

dentre as atividades afim da enfermeira, que são: aquelas que somente podem ser

executadas por ela, sem possibilidade de delegação a outro membro da equipe de

enfermagem. A referida Lei apenas consolidou uma atividade já desenvolvida pelas

enfermeiras, desde 1968, quando começou a ser difundida no país. Inicialmente, era

exercida de forma não oficial, direcionada às gestantes e crianças sadias, sendo,

posteriormente, estendida aos portadores de tuberculose e outros Programas da

Área de Saúde Pública (MACIEL, 2003)

A denominação “Consulta de Enfermagem” surgiu, no Brasil, na década de 60.

Não obstante, ela já existia desde a década de 20, denominada entrevista pós-

clínica, por se tratar de um procedimento delegado pela equipe médica à enfermeira,

a título de complementação da consulta médica (CASTRO, 1975; BASSO, 1998)

A conquista do espaço, para realização da consulta de enfermagem no Brasil,

acompanhou as fases de ascensão e declínio da enfermagem como um todo,

culminando na sua implantação de forma definitiva. A primeira fase pela qual passou

a Consulta de Enfermagem corresponde à época de criação da Escola Ana Néri, em

1923, quando a enfermeira de Saúde Pública fez-se valorizada, tendo uma atuação

definida junto aos pacientes, tanto nos centros de saúde, como nos domicílios,

exercendo uma função educativa, sem precedentes. Nessa fase, foi fundamental o

apoio de médicos brasileiros (merecem ser lembrados Carlos Chagas e Clementino

Fraga) e de enfermeiras americanas, responsáveis pela implantação da consulta de

enfermagem no país (CASTRO, 1975).

A segunda fase caracterizou-se como um período de transição e declínio,

vivenciado a partir de reformas ocorridas no país. Foi um período de contradições,

durante o qual foram criados os Ministérios da Educação e da Saúde, e

regulamentado o exercício da profissão de enfermagem. Em 1938, no Rio de

Janeiro, então capital Federal, as enfermeiras conseguiram carrear, para a

categoria, a organização dos serviços de Saúde Pública, nos Estados, sendo essa

atribuição suspensa no ano posterior. A enfermeira perdia, assim, espaço na

atuação direta ao paciente, sendo-lhe delegadas apenas funções normativas. Em

contraposição, aumentava o número de candidatas à Escola Ana Néri. Essa fase de

instabilidade estendeu-se até a Segunda Grande Guerra (MACIEL, 2003).

A terceira fase da evolução da Consulta de Enfermagem no Brasil

correspondente ao pós-guerra trouxe uma imagem mais positiva para a enfermagem

e, conseqüentemente, para a Consulta de Enfermagem, sob sua responsabilidade,

com a criação e aperfeiçoamento de escolas de enfermagem, algumas incorporadas

às universidades e à criação do Serviço Especial de Saúde Pública (SESP). Nos

hospitais da rede privada, a enfermeira ainda era uma presença tímida, o que já não

acontecia na rede pública, com a profissional entrando em luta por maior espaço

(MACIEL, 2003).

Em 1956, teve início a quarta fase, que trouxe melhores perspectivas para a

profissão, com o surgimento das primeiras pesquisas de enfermagem, realização de

congressos abordando pesquisas, reformas do ensino das escolas de enfermagem e

inclusão da enfermeira nas equipes de planejamento de saúde (CASTRO, 1975).

Nessas fases coexistentes da história da enfermagem brasileira e da Consulta

de Enfermagem, foi se consolidando o trabalho da enfermeira na área de Saúde

Pública, o que se traduziu em fator decisivo para a implantação da consulta. A

atividade, a esse tempo, já estava sendo realizada em outros países, como os

Estados Unidos e Inglaterra. Em 1925, as enfermeiras americanas ofereceram

grandes contribuições ao processo de implantação da Consulta de Enfermagem. Foi

muito enfatizada, à época, a função educativa exercida pela enfermeira (CASTRO,

1975).

Os acontecimentos que consolidaram na prática o caminhar da consulta da

enfermeira no Programa Pré-Natal foram: a assistência materno-infantil, que firmou

esta assistência como importante instrumento do cuidado, devido à complexidade

dos diversos aspectos sociais e vulnerabilidade vinculadas à maternidade e à

infância, e o surgimento do Programa de Atenção à Saúde da Mulher (PAISM), que

reivindica um espaço para um atendimento especial à saúde da mulher (LIMA,

2006).

Padilha (1993), afirma que o inicio da Consulta de Enfermagem no Pré-Natal,

na Unidade Básica de saúde, não foi bem recebida pelos profissionais médicos, que

consideraram como invasão no seu exercício profissional, até então realizado de

forma exclusiva e independente, além de ressaltarem que era uma atividade surgida

com o propósito tão somente de descongestionar o seu atendimento e, se

necessário, como uma conduta delegada. Essa percepção ainda se mantém nos

dias atuais por uma significativa parcela dos médicos.

Nessa perspectiva, percebe-se que o Projeto Lei do Ato Médico Nº 025/2002

tende a confirmar esse comportamento, ao buscar, por meio deste, assegurar a

hegemonia médica sobre o conjunto das profissões da área da saúde, quando

estabelece que o médico assuma todo o diagnóstico e o controle das ações de

saúde.

No pré-natal, a consulta de enfermagem é estruturada com base nas normas

de atendimento à gestante, instituídas pela OPAS/OMS e adaptadas à realidade de

cada país. No Brasil, a referida consulta é realizada de acordo com as normas

estabelecidas pelo Ministério da Saúde (MS) (LIMA, 2006).

O MS, em seu Manual técnico de Assistência ao pré-natal, estabelece q

normatização desse atendimento, elencando os passos que devem ser seguidos

após a inscrição da gestante no pré-natal. É relevante destacar que, na situação de

baixo risco, tal atendimento pode ser inteiramente acompanhado pela enfermeira,

respaldado pelo decreto 94.406/87, que regulamenta a Lei 7.498/86 (BRASIL, 2000).

Assim sendo, é percebido que a Consulta de Enfermagem é um instrumento

que contribui para consolidar o exercício profissional da enfermeira, pois norteia

suas ações, define condutas de forma autônoma, repercutindo na assistência ao

individuo, família e comunidade.

2.4 O PRÉ-NATAL

Os objetivos principais da consulta pré-natal são a avaliação do estado de

saúde materno e fetal, a identificação de fatores de risco que possam alterar o

equilíbrio da gravidez e a determinação da idade gestacional. A partir dessa analise

inicial, deve ser definido um plano de acompanhamento, por meio de monitoramento

continuado da saúde materna e fetal, com capacidade para ampliar o grau de

complexidade do atendimento, quando necessário (GAIO, 2004).

Na hipótese de gravidez, levanta-se se há sintomas característicos, por

exemplo, queixa de atraso menstrual, náuseas e vômitos, sensibilidade mamária,

polaciúria, constipação, irritabilidade, entre outros, inclusive o aumento do volume

abdominal, segundo o tempo da gestação. Na ocasião é solicitado o teste

confirmatório da gravidez. O exame para diagnóstico laboratorial mais comumente

utilizado é a dosagem do hormônio gonadotrófico coriônico encontrado na urina ou

no sangue materno, sendo solicitado pelo enfermeiro, de acordo com as rotinas

estabelecidas. Com o resultado positivo, procede-se à assistência ao pré-natal

propriamente dita (Brasil, 2001).

Confirmada a gestação, a enfermeira realiza, a partir de então, o

cadastramento da gestante, que é uma ferramenta fundamental de seguimento

norteador para todos os profissionais da equipe. O cartão da gestante deverá ser

preenchido com as informações necessárias que servirão de referencial para a

detecção de riscos maternos e fetais, além de outros parâmetros desejáveis para o

pré-natal adequado; enquanto que a ficha B-GES é preenchida pelo ACS (DUARTE,

2006).

No Manual Técnico de Assistência ao pré-natal constam dois roteiros

diferentes para a realização da Consulta de Enfermagem, sendo um para a primeira

consulta e outro para as consultas subseqüentes.

Na primeira consulta, a enfermeira deve realizar a historia clinica para colher

dados da identificação da gestante, dados socioeconômicos e culturais, investigação

dos antecedentes (familiares, pessoais, ginecológicos, obstétricos e outros) e dados

referentes à sexualidade e gestação atual.

O exame físico, considerando o segundo passo de todas as consultas, deve

ser realizado no sentido céfalo-caudal, usando a técnicas de inspeção, palpação,

ausculta e toque, realizado de forma geral e especifico para exames gineco-

obstétrico. No exame geral, faz-se a avaliação do peso, estado nutricional, altura

uterina, freqüência cardíaca, temperatura axilar e pressão arterial. No exame gineco-

obstetrico, procede-se À ausculta dos batimentos cardiofetais, identificação da

situação e apresentação fetal, inspeção dos órgãos genitais externos, exame

especular e toque vaginal.

As consultas da fase pré-natal poderão ser feitas na unidade de saúde ou no

domicílio, por ocasião da visita domiciliar. O Ministério da Saúde refere que o

calendário de atendimento pré-natal deve ser programado na primeira consulta, em

função da idade gestacional, dos períodos mais adequados para a coleta de dados

necessários ao bom seguimento da gestação. Deve-se intensificar a vigilância, pela

possibilidade maior de incidência de complicações, e por contar-se com recursos

nos serviços de saúde e pela possibilidade de acesso da clientela a eles. O intervalo

entre as consultas deverá ser de quatro semanas. Após a 36a semana, a gestante

deverá ser acompanhada a cada 15 dias, visando, entre outras ocorrências, a

avaliação da pressão arterial, a verificação de edemas, da altura uterina, dos

movimentos do feto e dos batimentos cardiofetais (BRASIL, 2000)

Uma atenção pré-natal e puerperal qualificada e humanizada, como já foi dito,

se da por meio da incorporação de condutas acolhedoras e sem intervenções

desnecessárias; do fácil acesso a serviços de saúde de qualidade, com ações que

integram todos os níveis da atenção: promoção, prevenção e assistência à saúde da

gestante e do recém nascido, desde o atendimento ambulatorial básico ao

atendimento hospitalar para o alto risco. Estados e municípios, por meio das

unidades integrantes de seu sistema de saúde, devem garantir atenção pré-natal

realizada em conformidade com os parâmetros estabelecidos a seguir:

1. Captação precoce das gestantes com realização da primeira consulta de pré-

natal ate 120 dias da gestação;

2. Realização de, no mínimo, seis consultas de pré-natal, sendo

preferencialmente, uma no primeiro trimestre, duas no segundo trimestre e

três no terceiro trimestre da gestação;

3. Desenvolvimento das seguintes atividades ou procedimentos durante a

atenção pré-natal:

a. Escuta ativa da mulher e de seus acompanhantes, esclarecendo

duvidas e informando sobre o que vai ser feito durante a consulta e as

condutas a serem adotadas;

b. Atividades educativas a serem realizadas em grupo ou individualmente,

com linguagem clara e compreensível, proporcionando respostas às

indagações da mulher ou da família e as informações necessárias;

c. Estimulo ao parto normal e resgate do parto como ato fisiológico;

d. Anamnese e exames clinico-obstetrico da gestante;

e. Exames laboratoriais:

• ABO-RH, hemoglobina/hematocrito, na primeira consulta;

• Glicemia de jejum, um exame na primeira consulta e outro

próximo à 30ª semana de gestação;

• VDRL, um exame na primeira consulta e outro próximo à 30ª

semana de gestação;

• Urina tipo 1, um exame na primeira consulta e outro próximo à

30ª semana de gestação;

• Testagem anti-HIV, com um exame na primeira consulta e outro

próximo à 30ª semana de gestação, sempre que possível;

• Sorologia para hepatite B (HBsAg), com um exame, de

preferência próximo à 30ª semana de gestação, se disponível:

• Sorologia para toxoplasmose na primeira consulta, se disponível.

f. Vacinação antitetânica (VAT): aplicação de vacina dupla tipo adulto até

a dose imunizante (segunda) do esquema recomendado ou dose de

reforço em gestantes com esquema vacinal completo há mais de 5

anos;

g. Avaliação do estado nutricional da gestante e monitoramento por meio

do SISVAN;

h. Prevenção e tratamento dos distúrbios nutricionais;

i. Prevenção ou diagnostico precoce do acncer de colo uterino e de

mama;

j. Tratamento das intercorrências da gestação

k. Classificação de risco gestacional e detecção de problemas, a serem

realizados na primeira consulta e nas subseqüentes;

l. Atendimento às gestantes com problemas ou co-morbidades,

garantindo vinculo e acesso à unidade de referencia para atendimento

ambulatorial e/ou hospitalar especializado;

m. Registro em prontuário e cartão da gestante, inclusive registro de

intercorrências/urgências que requeiram avaliação hospitalar em

situações que não necessitem de internação.

4. Atenção à mulher e ao recém-nascido na primeira semana após o parto, com

a realização das ações da “Primeira Semana de Saúde Integral” e da consulta

puerperal, ate 42º dia pós-parto (BRASIL, 2006b).

3. PERCURSO METODOLÓGICO

3.1 Tipo de Pesquisa

Para o desenvolvimento do estudo optei pela pesquisa qualitativa. Minayo

(1993) descreve que a abordagem qualitativa se preocupa nas ciências sociais, com

nível de realidade que não pode ser quantificado, ou seja, ela trabalha com o

universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores, atitudes, o que

corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos

fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis. [...]

Permite alcançar áreas inacessíveis ou incômodas para outras metodologias,

permitindo estudar aspectos complexos do comportamento, atitudes, interações e

convicções dos profissionais da saúde.

3.2 Local da Pesquisa

O município de Lapão-BA foi criado, oficialmente, no dia 09 de maio de 1985

pelo Decreto Lei Estadual n.º 4.445, sendo desmembrado de Irecê – BA. Possui

24.727 habitantes sendo 12.646 homens e 12.081 mulheres, com concentração de

15.505 habitantes (62,7%) na zona rural e 9.222 habitantes (37,3%) na zona urbana.

Está localizado no centro norte baiano na Chapada Diamantina Setentrional. Possui

extensão de 642 Km² de área é constituído de 03 distritos e 42 povoados. À

distância da sede para a capital é de 401 km. Limita-se com os municípios de

América Dourada, Ibititá, Canarana e Irecê (LAPÃO, 2008b).

A rede de assistência do município é constituída por 01 hospital, 01 Unidade

Básica de Saúde (UBS) na sede do município, 04 Unidades de Saúde da Família

(USF) na sede, nos distritos de Aguada Nova e Tanquinho e no povoado de Lagedo

de Pau D’arco e 04 postos de saúde nos povoados de Rodagem, Lagoa dos Patos,

Belo Campo e Bom Prazer. Sendo que os postos de saúde de Lagoa dos Patos e de

Bom Prazer são unidades satélites de unidades de PSF. (LAPÃO, 2008).

O município de Lapão, pertencente à 21.ª Diretoria Regional de Saúde

(DIRES), vislumbra como tarefa principal a consolidação da Atenção Básica no

contexto de consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS). No entanto, o contexto

atual aponta a dificuldade central: Gestão da Atenção Básica versus gerencia de

parte da Média Complexidade. Esta forma como se organizou a Rede de Unidade de

Saúde, com uma estrutura hospitalar que não se auto sustenta, onera-se bastante o

município, criando o dilema do investimento dos recursos financeiros que implica na

dificuldade de expansão do programa de Saúde da Família.

Assim, ainda em relação ao Modelo Assistencial, o município possui um

Sistema de Saúde fragmentado entre a Atenção Básica e a Hospitalar, sendo que o

forte vinculo é com Modelo Assistencial Médico-Privatista que prioriza a consulta

médica e a solicitação de exames, embora tenha tentado se voltar à estruturação da

Atenção Básica, com implementação da Estratégia de Saúde da Família (LAPÃO,

2008).

Em relação à morbidade hospitalar, Lapão (2008a) informa que a 1ª causa de

internamento é por partos, a 2ª é por doenças do aparelho respiratório com destaque

para pneumonia e asmas, como 3ª causa estão às doenças infecciosas e

parasitárias com destaque para as doenças infecciosas intestinais e a 4ª causa as

doenças cardiovasculares com destaque para insuficiência cardíaca e acidente

vascular cerebral.

O presente estudo foi realizado em 03 Unidades de Saúde da Família do

município de Lapão-BA. Exclui a Unidade Saúde da Família Mãe Antônia por ser

meu local de trabalho, o que poderia influenciar na pesquisa. Sendo assim, a

pesquisa foi realizada com as seguintes Unidades: Aguada Nova, Tanquinho e

Lagedo de Pau D’arco.

3.3 Sujeitos

Para a seleção das participantes do estudo foram estabelecidos os seguintes

critérios: gestantes de baixo risco com freqüência ativa no pré-natal, ter realizado no

mínimo duas consultas enfermagem na unidade selecionada e ainda demonstrar

aceitação voluntária à participação na pesquisa, sendo entregue no momento da

entrevista o termo de consentimento livre e esclarecido.

Os sujeitos do estudo foram usuárias que freqüentam a assistência pré-natal

de cada uma das unidades estudadas. A definição do número de sujeitos baseou-se

na saturação dos discursos, ou seja, encerraram-se as entrevistas no momento em

que novas entrevistas apresentaram repetições de conteúdo, pois a repetição dos

discursos indica que a introdução de novos sujeitos nada acrescenta. Para Bardin

(2000), a representatividade não é atribuída à quantidade de indivíduos

investigados, mas a deduções específicas sobre um acontecimento, que podem

melhor funcionar sobre corpos reduzidos e favorecer categorias mais discriminantes.

Assim, o universo pesquisado foi constituído de 14 gestantes.

No desenvolvimento da pesquisa foram consideradas as diretrizes e normas

regulamentadoras de pesquisas, as que envolvem seres humanos, previstas na

resolução 196/96 do Comitê Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP). Assim, o

estudo respeitou todas as determinações éticas, tendo sido realizada, previamente,

a solicitação, à Secretaria Municipal de Saúde, de autorização para o

desenvolvimento da pesquisa. Só participaram da pesquisa as que concordaram

com o termo de consentimento esclarecido, ficando nítido o compromisso ético e

assegurado o anonimato da participante. Em relação às considerações éticas, é

preciso destacar, ainda, que as usuárias foram abordadas pela pesquisadora, que

se apresentou, expôs os objetivos do estudo, e posteriormente foi lido o termo de

consentimento que explicitava claramente que as informações/opiniões emitidas não

causariam nenhum dano, risco ou ônus à sua pessoa e seriam tratadas

anonimamente no conjunto dos demais respondentes.

3.4 Instrumentos de Coleta de Dados

A coleta de dados procedida junto às gestantes foi realizada por meio de

entrevista semi-estruturada. Optou-se por essa modalidade, por permitir, que a

informante pudesse abordar, livremente, o tema proposto, sem respostas ou

condições prefixadas pelo pesquisador.

As entrevistas ocorreram nas Unidades pesquisadas e foram gravadas

mediante a permissão dos sujeitos e posteriormente transcritas integralmente,

respeitando a dinâmica própria de cada produção conservando o máximo de

informações.

A entrevista está organizada nas seguintes categorias: identificação do

profissional que realiza a consulta pré-natal, a consulta de enfermagem pré-natal,

sentimento de estar realizando a consulta pré-natal com enfermeira, valorização do

poder e do saber da equipe, consulta de pré-natal de enfermagem e demanda

organizada, opinião das usuárias entrevistadas sobre o atendimento pré-natal da

unidade. Além disso, será apresentada separadamente a identificação das gestantes

com os seguintes dados: idade, grau de instrução, renda familiar,

profissão/ocupação, início de pré-natal.

3.5 Apresentação e Discussão dos Resultados

Preliminarmente, segue o perfil das gestantes que foram entrevistadas, a fim

de contextualizá-las em termos socioeconômicos e de facilitar a compreensão da

analise de dados.

Das 14 gestantes entrevistadas, 04 são menores de 18 anos. Em relação à

profissão/ocupação: 05 são trabalhadoras rurais, 05 são donas de casa, 02 são

estudantes e 01 está desempregada. 09 possuem relacionamento estável, 03 são

casadas e 02 são solteiras. A maioria (6 gestantes) finalizou estudos entre a 5ª a 8ª

série, 04 terminaram o ensino médio e 04 possuem ensino médio incompleto. 100%

das gestantes entrevistadas possuem renda inferior a 1 salário mínimo, ou seja

totalmente dependentes do Sistema de Saúde vigente. 92,9% das gestantes

entrevistadas iniciaram seu pré-natal no 1º trimestre.

Na apresentação dos dados as gestantes receberam os nomes de flores. As

enfermeiras que tiveram seus nomes citados pelas entrevistadas receberam o

codinome de pedras preciosas, a técnica de enfermagem recebeu nome de um

pássaro, os médicos nomes de Estados e os Agentes Comunitários de Saúde

apenas ACS.

3.5.1 Identificação do Profissional que Realiza a Consulta Pré-Natal

“Eu realizo meu pré-natal com Rubi. Ele é enfermeiro. E Sabiá é a

enfermeira.” (ROSA)

“Quem realiza mais meu pré-natal é Diamante. Eu não sei a profissão dela.”

(HORTENCIA)

“Diamante realiza meu pré-natal, mas eu não sei a profissão dela. Ela é muita

coisa lá”. (TULIPA)

“Diamante. Ela consulta gestante.” (ANGELICA)

“Com Safira. Não sei a profissão dela. Chamo ela de doutora”. (GIRASSOL)

Estas respostas foram dadas pelas gestantes para a seguinte pergunta: Você

realiza sua consulta pré-natal com quem? Qual a profissão dela?

Diante do exposto acima, observa-se que nossos clientes ainda não

identificam a Enfermeira da unidade, pois acham que a enfermeira é a técnica de

enfermagem e que a enfermeira é outro profissional que não o médico. Essa

inversão de papéis dos profissionais apresentadas pelas gestantes entrevistadas,

possivelmente, deve-se ao fator que na cidade onde o estudo foi realizado as

enfermeiras começaram a ser efetivamente contratadas nos últimos 10 anos. Nesta

cidade, Lapão, a equipe de saúde era basicamente a auxiliar de enfermagem e o

médico.

Mas, com certeza, a invisibilidade da enfermagem nas gestantes lapoenses e,

de modo geral, na sociedade brasileira, esta centrada na sua própria historia. De

acordo com Stacciarini (2011), a enfermagem antiga se respaldava na solidariedade

humana, no misticismo, no senso comum e em crendices. Ou seja, baseava-se em

atividades que todo mundo podia desenvolver. Atualmente, é que essa profissão

aprofundou e procura aprofundar seus aspectos científicos, tecnológicos e

humanísticos, tendo como centro de suas atividades, cuidar da saúde do ser

humano.

E neste sentido aprofundar seus aspectos científicos, tecnológicos e

humanísticos que a enfermagem se fortaleceu e onde percebe-se que embora as

gestantes não saibam qual a profissão de quem realiza sua consulta pré-natal senti

respeito, satisfação e em nenhum momento indignação ao dizer quem realizava seu

pré-natal. Elas deixam claro nas suas expressões que sabem que realizam seu pré-

natal com uma pessoa qualificada.

Ainda as seguintes respostas foram obtidas:

“Diamante que é enfermeira chefe.” (CRAVO)

“Diamante realiza meu pré-natal. Ela é enfermeira.” (ORQUIDEA)

“Realizo meu pré-natal com Safira. Ela é enfermeira”. (VIOLETA)

“Com Safira. Ela é enfermeira geral” (CRISANTEMO)

“Com Safira. Ela é enfermeira, né?” (GARDENIA)

Às vezes para a enfermeira ser diferenciada da equipe de enfermagem ela

deve receber um adjetivo: "enfermeira chefe", "enfermeira padrão", “enfermeira

geral”. Isso nos leva a crer que embora a enfermagem e a consulta de enfermagem

tenham se consolidado enquanto profissão independente e atividade executada

somente por esta categoria, ainda nos dias de hoje as pessoas (pacientes) não

identificam a enfermeira da unidade pela sua profissão, não sabem qual a função da

enfermagem, mas a diferenciam na unidade pelo modo que se reportam a estas,

quer seja pelas consultas individualizadas, pelo trabalho burocrático que realiza na

unidade ou pelo simples fato de como são tratadas.

3.5.2 A Consulta de Enfermagem no Pré-Natal

As seguintes respostas foram dadas para a pergunta: O que você acha da

consulta de enfermagem no pré-natal?

“De Rubi? (...) eu gosto, né! Ele é um bom enfermeiro! Deixa tudo claro pra

gente”. (ROSA)

“Bem, é ótima! Eu gosto muita de Diamante! Ela é uma médica (...) uma

enfermeira muito boa!” (ORQUIDEA)

“Bom, ela dá dicas de como vai ser o pré-natal”. (TULIPA)

“Eu acho bom! Ela passou o teste, eu fiz. Daí, fiquei passando todo mês (...)

ela explica em detalhes, tudo que a gente pergunta ela responde.”

(ANGELICA)

“É um acompanhamento bom, porque como só tem Drº Bahia de médico e ele

trabalha também em Lapão ele não teria tempo para todas as gestantes. E já

com Diamante não, passo uma vez no mês.” (LIRIO)

“Eu acho excelente. Eu gosto da maneira que ela trata. Pelo menos ela me

examina, mede minha barriga (...) faz um trabalho excelente!” (CRAVO)

“Maravilhosa! Explica tudo, consulta a gente dizendo o que tem que comer o

que não deve, como deve cuidar (...) tudo direitinho. Já da médica eu não

gosto.” (CRISANTEMO)

“Pra mim não tem melhor. Eu gosto muito dela. O que ela fez por mim desde

o começo (...) é bom demais!” (ACÁCIA)

“Eu acho boa. Eu gosto dela deixa a gente a vontade. Pergunta o que a gente

ta sentindo (...) passa remédio.” (GARDENIA)

É interessante ressaltar que a percepção que buscou-se evidenciar foi a

relação ao profissional que desenvolvia que consulta de enfermagem e não à

pessoa em si, no entanto sei ser difícil separar tais aspectos.

Nerry (2006), ao localizar a consulta no contexto das relações humanas,

afirma que: A consulta de enfermagem oferece um instrumento, um vínculo de

interação, de aproximação, de efetivo contato com o ser humano. Coloca o

profissional enfermeiro em contato direto com o cliente, possibilitando desvelar a

compreensão, a descoberta de dados que subsidiam todo o seguimento de seu

estado de saúde ou de doença. Este espaço de relações em que se evidencia o

cuidado coloca em ação a escuta atentiva, a observação e, principalmente a tomada

de decisão.

Todas as respostas dadas retratam exatamente o que foi dito acima, as a

consulta de enfermagem no pré-natal é vista de forma positiva pelas gestantes, pois

se sentem mais confortável para dialogar, assim amenizam dúvidas e angústias. Os

dados encontrados revelam que na consulta de enfermagem se sentem mais

valorizadas e importantes,

As clientes, que não conseguiram se expressar com clareza, manifestaram,

mesmo assim, a opinião de que a consulta de enfermagem é melhor que da consulta

médica, e ainda proporciona o estabelecimento de uma relação mais próxima e

individual com elas.

A consulta de enfermagem fica caracterizada, então, de acordo com os

princípios que rege o Programa de Saúde da Família: humanizada, voltada aos

sentimentos da mulher grávida e não privilegiando a doença, buscando articular

ações de promoção, prevenção e recuperação. Embora algumas gestantes não

identifiquem o profissional que esta realizando a consulta pré-natal, como dito no

item anterior, as respostas retratam que a consulta de enfermagem conquistou seu

espaço e que os clientes já a aceitam como parte importante de sua assistência,

estabelecendo um vinculo entre a enfermagem e a cliente, e o saber e o poder de

outro profissional de saúde que não o médico.

3.5.3 Sentimento de Estar Realizando a Consulta Pré-Natal com Enfermeira

Como você se sente realizando seu pré-natal com a enfermeira e não com o

médico?

“Eu acho que passar com Rubi é melhor, que ele deixa mais claro as coisas

que eu tenho que fazer ou deixar de fazer em ralação ao bebê. As vezes eu

não entendo bem o que Drº Sergipe fala. Rubi medi tudo, anota tudo, diz

como ta o bebê e eu fico menos preocupada.” (ROSA)

“Me sinto bem. Eu já passei com Drº Bahia, pois o inicio da minha gravidez

não foi muito legal. Eu acho tudo uma coisa só.” (ORQUIDEA)

“Bem. Eu prefiro Diamante, porque na verdade eu tenho vergonha do médico.

È melhor com a enfermeira, porque ela conversa mais, ela é mulher. Eu acho

bem melhor! Diamante conversa mais sobre alguns assuntos que a gente

precisa saber.” (MARGARIDA)

“Prefiro Diamante é melhor, porque ela é mulher.” (TULIPA)

“Com Safira eu sinto mais confiança do que com a médica (...)” (ACACIA).

“(...) eu mesma gosto dela (enfermeira) em tudo (...) ela tem paciência de

conversar com a gente, explica, porque tem médico que não explica, né? (...)”

(ANGELICA)

A maioria das clientes já sente a importância da abordagem multiprofissional

e gostam, pois muitas vezes se sentem mais a vontade e valorizados com um

determinado profissional. Mostra novamente que consulta de enfermagem se

consolidou e que as clientes reconhecem outros saberes na unidade.

Pela seguinte fala de Cravo:

“Não tem diferença nenhuma, mas quando eu tive necessidade ela me

encaminhou para Drº Bahia.”

Vê-se que a Lei do Exercício Profissional da Enfermagem – Decreto n.º

94.406/87 e o Ministério da Saúde, que estabelece que o pré-natal de baixo risco

pode ser inteiramente acompanhado pela enfermeira esta sendo cumprindo, pois os

encaminhamentos das gestante com complicações ou intercorrências ao médico da

unidade. Neste sentido contextualiza a ação integrada e complementar de médicos e

enfermeiros, principio do trabalho em equipe previsto pelo PSF

Percebe-se que o modelo médico-privatista ainda encontra-se enraizado na

nossa cultura. As ações dos médicos ainda estão centradas na sua figura de pessoa

inatingível, onipotente, detentora de todo poder e saber e voltada apenas à cura das

pacientes.

“(...) a médica não passa muita intimidade pra gente, nem olha pra cara da

gente pra poder conversar. Com Safira é melhor, ela quer saber de tudo que a

gente ta passando. A médica só passa mesmo a receita sem querer saber o

que a gente ta sentindo”. (ACÁCIA)

“Eu me sinto bem melhor com a enfermeira, pois a enfermeira me explica as

coisas e a medica é caladona. A médica não mede minha barriga e em ouvi o

coração do bebê”. (CRISANTEMO)

“Eu prefiro a enfermeira. A médica nem olha na cara da gente (...) eu nunca

quis passar por ela. Já ouvi que ela nem medi a barriga, nem nada (...)

(VIOLETA)

Também se observa a existência do modelo médico-privatista na figura das

pacientes que consideram que a consulta de enfermagem pré-natal uma

complementação da consulta médica para somente descongestionar o seu

atendimento.

“Eu acho que a consulta pré-natal com enfermeira possui limitação. Diamante

só é uma enfermeira, ela ainda ta fazendo faculdade. Só que ela é uma

pessoa que já tem mais instrução pra passar pra gente, mas quando é pra

passar medicação ela manda passar por Drº Bahia. Ai ele examina a gente

direitinho, põe o aparelho, aperta a barriga, vê mais ou menos a posição... e

já diamante não, ela conversa com a gente e tem aparelho pra ver os

batimentos, mas ela não tem o aparelhinho que ele tem. Ai já tem uma

diferença, porque ele como médico tem mais conhecimento”.(LIRIO)

3.5.4 Valorização do Poder e do Saber da Equipe

Quando aparece algum problema na sua gravidez você procura qual

profissional de saúde?

“Rubi ou a ACS.” (ROSA)

“A ACS. Eu falo com ela e ela fala com Diamante.” (ORQUIDEA)

“Diamante. Porque ela é a única enfermeira que tem La no posto. E eu prefiro

ela do que Drº Bahia.” (MARGARIDA)

“Drº Bahia, porque ele é o médico.” (LIRIO)

“As vezes Diamante, as vezes Drº Bahia”. (CRAVO)

“Eu tava sentindo dor, eu não vou escolher quem vai me atender. Elas lá que

devem saber. Mas eu saí de casa no pensamento de procurar Diamante.”

(ANGELICA)

Os Programas de Saúde Pública, principalmente o Programa de Saúde da

Família, vêm evidenciando, cada vez mais, a importância da abordagem

multiprofissional, uma vez percebida a necessidade dessa forma de atuação,

levando-se em conta o fato de o cliente, em geral, carecer de intervenções que

fogem da competência de um só profissional. Para que essa abordagem atinja os

propósitos que lhe deram origem, torna-se imprescindível que cada profissional

envolvido tenha domínio da área que está sob sua responsabilidade, não só do

ponto de vista de conhecimento científico, mas também das suas implicações éticas,

sociais e políticas. A partir do instante em que faz parte da equipe, a enfermeira

precisa conhecer o seu papel e estar bem preparada para desempenhá-lo (MACIEL,

2003).

Além da consulta de enfermagem que é foco deste estudo, a enfermeira

possui outras atribuições no Programa de Saúde da Família, como, por exemplo,

desenvolver ações para capacitação dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS).

Assim, diante das respostas observamos novamente que as gestantes entrevistadas

entendem a necessidade da abordagem multiprofissional. A consulta de

enfermagem consegue satisfazer suas clientes fazendo com que estas a procurem

em outro momento pós-consulta e que o cumprimento de suas outras atribuições faz

com que outro profissional que esta sob seu domínio seja também procurado para

resolução de algum determinado problema, como no caso, o ACS. Isso acontece

pelo estabelecimento de vínculos criados na consulta de enfermagem pré-natal e na

comunidade pela visita domiciliar do ACS. O que quebra o paradigma da prevalência

do saber e poder único do profissional médico.

3.5.5 Consulta de Enfermagem Pré-Natal e Demanda Organizada

Existe um dia certo para você comparecer na unidade para realizar sua consulta pré-

natal?

“Sim, segunda-feira.” (ANGELICA)

“Existe”. (MARGARIDA)

“Nas quinta-feiras.” (ROSA)

“Tem dia marcado e eu posso vir se eu tiver sentindo alguma coisa.”

(VIOLETA)

“Existe, eu vou voltar dia 23, mas se eu tiver algum problema eu posso ir

antes” (CRAVO).

Esta pergunta foi criada para saber se a consulta de enfermagem pré-natal

obedecia à oferta organizada, conforme preconizado pelo Programa de Saúde da

Família que busca reorganizar a Atenção Básica.

A oferta organizada de serviços tem o objetivo de suplantar as ações dirigidas

ao atendimento da chamada demanda espontânea, do modelo médico-privatista,

bem como as ações realizadas a partir da implantação dos chamados programas

especiais dirigidos a grupos populacionais específicos do modelo assistencial

sanitarista. A organização da oferta ou oferta programada seria o espaço de

articulação do enfoque epidemiológico, na medida em que a programação e

execução das ações e serviços devam partir da identificação dos problemas e

necessidades da população em territórios delimitados. Isso significa que no

Programa de Saúde da Família com o território delimitado e com a oferta organizada

possibilita uma análise mais abrangente da situação de saúde da sua comunidade

(CASTRO, 2011).

Foi constatado que todas as unidades possuem oferta organizada de pré-

natal. Isso se deve também a organização da enfermeira que acaba tomando para si

a coordenação da unidade.

3.5.5 Opinião das Usuárias Entrevistadas sobre o Atendimento Pré-Natal da

Unidade

O que você acha do atendimento pré-natal nessa Unidade de Saúde da Família?

“Eu acho excelente! Gosto da maneira que me tratam, nunca me disseram

não.” (CRAVO)

“Gosto. Eu não mudaria nada.” (ROSA)

“Eu só não gosto, porque às vezes demora (...) demora de fazer a ficha (...)

demora bastante. Fora isso eu não tenho nada a dizer não. Pra melhorar,

deveria ter mais medico, porque Diamante às vezes demora ou não vai ao

posto porque ta em reunião (...) e esperar é ruim.” (MARGARIDA)

“Até agora eu acho bom! O primeiro filho foi lá. Não tenho o que dizer não.”

(ACÁCIA)

“Não é muito bom não. A gente diz o que senti e ela só manda a gente se

alimentar direito, não passa nenhuma vitamina.” (JASMIM)

“Bom, perto de casa”. (GIRASSOL)

“É bom. A gente não tinha, com o PSF aqui é melhor.” (GARDENIA)

A maioria das gestantes demonstrou satisfação com o atendimento pré-natal

prestado pelas unidades estudas, havendo uma associação desse contentamento

com o bom tratamento dado pelos membros da equipe e pelo fato da unidade esta

inserida na comunidade local.

Os pontos negativos observados devem-se a má organização do

funcionamento da unidade e da percepção da clientela de que a consulta que

realmente presta é aquela em que se sai do consultório com medicação para tomar

e exames para realizar, conforme modelo médico-privatista.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conclui-se, com este estudo, que uma mudança cultural da hegemonia da

assistência do modelo médico-privatista para a assistência do modelo da vigilância

da saúde não será em poucos anos e nem se tem a certeza que isso acontecerá,

mas viu-se que a consulta de enfermagem pré-natal traz elementos essenciais para

firmar a vigilância da saúde como prática assistencial.

O estudo demonstrou que consulta de enfermagem tem buscado ir além do

que preconiza o modelo biomédico, que centra as condutas a partir dos sinais e

sintomas, dificultando um olhar ampliado para as necessidades da gestante. Nesta

consulta possibilita-se o dialogo para discutirem suas duvidas, experiências e

sentimentos estreitando o vinculo enfermeira-gestante e acrescentando um caráter

humanizado ao atendimento.

Com consulta de enfermagem pré-natal a enfermeira também consegue

estabelecer e fazer a gestante/comunidade entender que no Programa de Saúde da

Família a demanda ao serviço é organizada, com a finalidade de analisar de forma

mais abrangentes a situação de saúde daquela comunidade, pois a vigilância da

saúde, em suas propostas de ação, mostra que na desigualdade social há

distribuição desigual de agravos à saúde e, portanto todos não podem ser assistidos

de forma igual. É o principio da Equidade do SUS de respeitar a diversidade entre

povos e regiões de oferecer tratamento diferente para se chegar a igualdade. Dá

mais para quem precisa mais.

A consulta de enfermagem pré-natal, para algumas gestantes, foi considerada

melhor em relação à consulta do médico, tendo sido ressaltado a seu favor a

vantagem de abordar o ser humano diante de suas complexidades e necessidades.

Outro ponto positivo que se observa na representação das gestantes é que ao

contrário do modelo médico-privatista, que o saber e o poder são inerentes ao

profissional médico, vê-se a valorização de outros saberes e poderes como o

modelo da vigilância da saúde. Daí a surpresa e o contentamento que além da

enfermagem oura categoria esta conseguindo mostrar sua importância que é o

Agente Comunitário de Saúde.

Questões inerentes da própria profissão da enfermagem foram levantadas. A

opinião das gestantes, que é também a opinião da grande maioria da população em

geral, não distingue bem os limites do campo da ação do profissional enfermeiro,

porém sua resposta a consulta de enfermagem pré-natal é positiva. No imaginário

popular, todos os profissionais que estão na unidade e até aqueles que não estão na

unidade, mas que vestem roupas brancas (secretária de consultório, babás,

acompanhantes de pessoas idosas) são designadas como enfermeiras. Essas

imagens culturais e arcaicas ainda afetam a enfermagem e são indicadores do

descrédito e deturpação da imagem do profissional perante o senso comum. Neste

contexto, o estudo traz um novo pensamento das clientes que é percepção da

existência de um certo profissional na unidade, o respeitam e o valorizam, mas não

sabem sua profissão, pois este não se encaixa nos padrões estabelecidos para um

enfermeiro e sabem que estes não são médicos. Isso mostra que o enfermeiro esta

em posição de destaque e que seu trabalho esta sendo coerente com o que

buscamos que é o reconhecimento profissional.

Porém, esse reconhecimento profissional segue em passos de formiguinha,

por causa, principalmente, da própria enfermagem. O profissional enfermeiro deve-

se apresentar como tal; tirar dúvidas sobre sua profissão, quando levantadas;

divulgar seu trabalho; além disso, faz-se necessário uma preparação profissional

adequada para execução de suas atividades com competência e habilidade,

associadas a uma metodologia e a um principio cientifico para fortalecimento da sua

atuação e do reconhecimento da sua identidade profissional. Tal prática ganhará

visibilidade dentro da unidade e credibilidade por parte da população, no que diz

respeito à sua função.

Portanto, a consulta de enfermagem no período pré-natal é realmente

um componente para a consolidação da assistência da Vigilância da Saúde no

município de Lapão-BA, mesmo apresentando entraves na profissão enfermagem,

mas ainda vê-se extremamente enraizado, nesta cidade, o modelo médico-privatista

nas ações dos profissionais médicos como também na fala de algumas gestantes.

5. REFERÊNCIAS

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APÊNDICE

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Esta pesquisa que tem como título Consulta de Enfermagem no Período Pré-Natal: Subsídio para Consolidação da Assistência da Vigilância da Saúde? Está sendo desenvolvida pela Enfermeira Mirthes Alves de Carvalho, discente da Pós-Graduação Lato Sensu em Obstetrícia da Atualiza sob a orientação do Professor Drº Fernando Reis. O objetivo da mesma é avaliar se a Consulta de Enfermagem Pré-Natal é um subsídio para consolidação da Assistência da Vigilância à Saúde no Município de Lapão-BA. A realização dessa pesquisa só será possível com a sua colaboração. A participação é voluntária e, portanto, não é obrigado a fornecer as informações e/ou colaborar com as atividades solicitadas pela pesquisadora. Caso decida não participar do estudo, ou resolver a qualquer momento desistir da mesma, não sofrerá nenhum dano. Ressaltamos que os dados serão coletados através de uma entrevista. A senhora responderá algumas perguntas relacionadas a seus dados pessoais e questionamentos sobre sua opinião acerca da consulta de enfermagem no período pré-natal, e os mesmos farão parte de um trabalho de conclusão do curso de pós-graduação, podendo ser divulgados em eventos científicos, periódicos e outros conclaves tanto a nível nacional quanto internacional. Por ocasião da publicação dos resultados, o nome da senhora será mantido em sigilo. Diante do exposto agradecemos a sua contribuição, o que tornará possível a realização dessa pesquisa. Eu,_______________________________________________________, RG: __________________________________________, diante do exposto, declaro que fui devidamente esclarecida, estando ciente do objetivo e da finalidade da pesquisa, bem como direito de desistir em qualquer momento com a liberdade de tirar o consentimento sem que me traga qualquer prejuízo na minha assistência.

Dou o meu consentimento para participar dessa pesquisa e para publicação dos resultados.

Lapão, ______ de ___________________________ de 2011.

______________________________________ Assinatura da entrevistada

______________________________________ Mirthes Alves de Carvalho

Pesquisadora

Pesquisa – “Consulta de Enfermagem no Período Pré-Natal: Subsídio para Consolidação da Assistência da Vigilância da Saúde.”

Entrevista Semi-Estruturada

1) Identificação

a) Idade: ________

b) Escolaridade: a) Analfabeta b) Ensino fundamental de 1ª a 4ª série c) Ensino fundamental de 5ª a 8ª série d) Ensino médio completo e) Ensino médico incompleto

c) Profissão/Ocupação:_____________________________________

d) Estado Civil/União:_______________________________________ e) Renda Familiar:

a) Menos de um salário mínimo b) De 2 a 3 salários mínimos c) De 4 a 5 salários mínimos d) > de 5 salários

f) Iniciou o Pré-Natal

a) 1º trimestre b) 2º trimestre c) 3º trimestre

2) Você realiza sua consulta pré-natal com quem? Qual a profissão dela?

3) O que você acha da consulta de enfermagem no pré-natal?

4) Como você se sente realizando seu pré-natal com a enfermeira e não com o

médico?

5) Quando aparece algum problema na sua gravidez você procura qual

profissional de saúde?

6) Existe um dia certo para você comparecer na unidade para realizar sua

consulta pré-natal?

7) O que você acha do atendimento pré-natal nesta Unidade de Saúde da

Família?