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Consulta Pública sobre Revisão do Modelo de Telecomunicações http://www.participa.br/revisaodomodelo/ De 23 de novembro de 2015 a 23 de dezembro de 2015

Consulta sobre Novo Modelo de Telecomunicações

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ConsultaPúblicasobreRevisãodoModelodeTelecomunicaçõeshttp://www.participa.br/revisaodomodelo/

De23denovembrode2015a23dedezembrode2015

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Origens

ALGTtrouxe,emsuapromulgação, importantealteraçãodomarcoregulatório,passando ao setor privado o protagonismo para o desenvolvimento dastelecomunicaçõesnopaís.

A fim de lidar com a nova realidade, a lei criou rico arcabouço normativo.Considerando que o principal serviço de telecomunicações à época era atelefoniafixa(STFC),equeelapassariaaserprestadaporempresasprivadas,aLGT definiu mecanismos para assegurar sua universalização e continuidade.Nessa linha, estabeleceu dois regimes de prestação de serviços detelecomunicações[1]: oregime público[2], sujeito à celebração de contrato deconcessão – ou termo de permissão[3]–, a metas de universalização, a bensreversíveisàUnião,sehouver,aofimdaoutorga[4],aobrigaçõesdecontinuidadedo serviço e a controle tarifário; e oregime privado[5], prestado medianteautorização,porprazoindeterminado,emquealiberdadeéaregra,constituindoexceçõesasproibições,restriçõeseinterferênciasdoPoderPúblico.

Aoestabeleceroregimepúblico,apróprialeiestabeleceuqueasmodalidadesdeserviço de telecomunicações de interesse coletivo sob esse regime teriam suaexistência, universalização e continuidade assegurados pela própria União.Adicionalmente,aLGTpreviu,entreessesserviços,asdiversasmodalidadesdoSTFC (local e longa distância nacional e internacional), assegurando, portanto,nãosósuaprestaçãonoregimeprivado,mastambémnopúblico.

Tal sistemática apresentava a vantagem de permitir ao poder concedente, porexemplo,oexercíciodecontroledetarifasdatelefoniafixa,demodoaasseguraro princípio da modicidade tarifária. Possibilitava também avançar nauniversalizaçãodesseserviço,àépocaconsideradoessencial,pormeiodemetasperiódicasestabelecidasemPlanosGeraisdeMetasdeUniversalização–PGMUs.Aomesmotempo,omodelodeconcessãodavasegurançaàsempresasdequeosobjetivos de modicidade tarifária e de universalização seriam buscadosrespeitandooequilíbrioeconômico-financeirodaconcessão.

Cenárioatualedesafios

Apesar da notável expansãodo STFCnopaís a partir da promulgaçãoda LGT,assiste-se, atualmente, à sua estagnação. Ao mesmo tempo, a demanda por

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serviçosqueviabilizamoacessoà Internetexperimentaconsiderávelevolução.Aperda de valor do STFC para o consumidoré um fenômeno mundial. No Brasil,segundo dados da PNAD 2013, 92,5% dos domicílios possuem algum tipo detelefone (fixo oumóvel). Em 2,73% dos domicílios brasileiros, o único acessotelefônico disponível é o fixo, ao passo que 54% dos domicílios brasileiros jápossuemapenasotelefonemóvel.Noperíodo2001/2013,houvequedade25,1pontosnopercentualdedomicílios comapenas telefone fixoconvencional.Emcontrapartida, houve aumento de 46,1 pontos percentuais na quantidade dedomicíliosquepossuemapenasotelefonemóvel.

De outro lado, é inerente à concessão a garantia do equilíbrio econômico-financeiro do contrato, o que visa a balancear o interesse negocial doconcessionárioparticularcomamáximageraçãodebenefíciocoletivonafruiçãodo serviço público outorgado. Diante disso, tal garantia apresenta-se comopreocupaçãonãoapenasdomercado,mastambémdoPoderconcedente,poisévinculada à manutenção da existência do próprio serviço concedido. Diantedesse quadro, uma questão que se coloca écomo assegurar a rentabilidade dasconcessões frente a um cenário de demanda declinante pelo serviço concedido e forte

concorrência com empresas autorizatárias e serviços Over-The-Top (OTT). Osurgimentodenovastecnologiasimpactaosetorcomoumtodo,principalmenteum serviço declinante como o STFC, que atualmente enfrenta estagnação(concessionáriaseautorizatárias)equedapersistentedereceita.

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Além do declínio global do interesse pelo STFC, as concessionárias sofremadicionalmente com a competição de autorizatárias de STFC, que, aoincorporarem outros serviços e se sujeitarem a regrasmais flexíveis, levam àreduçãodaparticipaçãodemercadodasconcessionárias.

Essa forte concorrência com as autorizatárias levou as concessionárias aodesenhodeplanosalternativos,fugindoàrigidezdosplanosbásicosparamelhoradequaçãoaocenáriocompetitivovigente.Atualmente,menosde30%dabasede assinantes do STFC está vinculada a planos básicos de serviço e há clarossinais de tendência de queda desse percentual para os próximos anos[6].Entretanto, conforme demonstra o gráfico acima, tais ações não tem sidosuficientespara reverteraquedaacentuadadeMarketSharedas concessionárias,emcontrapontoaoavançodosacessosdasautorizatáriasdoSTFC.ÉdesesuporqueocrescimentodabasedeacessosdasautorizatáriasnãoocorraemrazãodointeressedosconsumidorespeloSTFC,maspelofatodeoserviçovirembutidonasofertasconjuntas(combos).

Alémdisso,omecanismode reversãodosbensvinculadosà concessãoao términodosatuaiscontratosem2025tendeainibirinvestimentosemumsetoremqueainovaçãotecnológica e a demanda por atualização da planta são marcantes. Taiscaracterísticasgeramdemandaporgrandes inversõese,porconsequência,pormaiorprazodematuraçãopararetornodocapitalinvestido,oquepodenãoseralcançadoantesdofimdoscontratos.Assim,aproximidadedofinaldoprazodaconcessão gera progressivos desincentivos ao investimento nos serviçosconcedidos e nas redes que lhes dão suporte.Vale notar que a Lei Geral deTelecomunicaçõesnãopermiteaprorrogaçãodasatuaisconcessões.

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Háaindaindefiniçãoquantoàparceladosativosdasconcessionáriasquesejamreversíveis, tendo em vista que o avanço da tecnologia transforma aessencialidadedos bens que, ontem considerados cruciais para a prestaçãodoserviço,hojepodemestarobsoletos.Alémdisso,umamesmaempresaoupessoajurídicaé responsávelpordiferentes serviços (STFC, SCMSMPeSeAC[7]) cadavezmaisintegradosemumcenáriodeconvergênciatecnológica.Comoasredesde nova geração (baseadas em fibra óptica) são únicas para a telefonia fixa,banda larga fixa e TV por assinatura (IPTV), o cenário de incerteza sobre adestinação dessas novas redes após o final da concessão tende a afetar osinvestimentosemtodosessesserviçosenãoapenasnoSTFC[8].

Tais circunstâncias advêm do estreito vínculo das telecomunicações com oavançotecnológico.Abuscapelodireitoàcomunicaçãoéprofundamenteafetadapeloconstanteaprimoramentodas ferramentasqueviabilizamessagarantia,oqueexigeconstanteatualizaçãodaspolíticaspúblicasparaessesetor.

Visão de futuro: a banda larga e novas tecnologias no centro da políticapública

Sobaóticagovernamental, senapromulgaçãodaLGTaprincipalpreocupaçãoeraauniversalizaçãodoSTFC[9],aolongodosúltimosanos,aspolíticaspúblicaspara o setor de telecomunicações têm tido seu foco alterado para açõesdeinclusãodigitaleparaaexpansãodabandalarga.Provadissoéque,em2003,foipublicado o Decreto nº 4.733, que dispõe sobre as políticas públicas detelecomunicações, cujo texto ressalta nos arts. 3º e 4º,como finalidadeprimordial das políticas de telecomunicações, a busca pela inclusão social e agarantia do acesso de todos os cidadãos à rede mundial de computadores(Internet).

Diantedisso,oPoderPúblico,noanode2008,pormeiodoDecretonº6.424,de04deabril,alterouoPGMUvigenteàépoca,afimderealizaratrocadametadeimplantaçãodepostosdeserviçosdetelecomunicaçõespelametadeconstruçãodebackhaul(infraestrutura de rede de suporte ao STFCpara conexão embandalarga), com previsão de atendimento de 3.439 municípios, com valoresinicialmenteprevistosnaordemde800(oitocentos)milhõesdereais.

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Nomesmo ano, foram assinados Termos Aditivos aos Termos de AutorizaçãoparaaPrestaçãodoSCM(bandalargafixa),cominstituiçãodoProgramaBandaLarga nas Escolas – PBLE, por meio dos quais as concessionárias de STFCcomprometeram-seadisponibilizarconexãoàinternet,embandalarga,atodasas escolas públicas urbanas do País, sem ônus para a União, Estados, DistritoFederal e Municípios, até o final do ano de 2025. Atualmente o Programa jáatendemaisde62milescolasurbanasemtodoPaís.

Em 2010, pormeio do Decreto nº 7.175, de 12 demaio, criou-se o ProgramaNacional de Banda Larga (PNBL). No âmbito desse programa, foi estabelecidameta de chegar a 40 milhões de domicílios conectados à rede mundial decomputadores em 2014[10]e, para isso, o Governo Federal atuou em diversasfrentes, como a expansão da rede pública de fibra óptica administrada pelaTelebráseadesoneraçãodosterminaisdeacessoedosinvestimentosemrede.

Em 2011, o atual PGMU, aprovado pelo Decreto nº 7.512, de 30 de junho,tambémconhecido comoPGMU III, estabeleceuamanutençãodas capacidadesdebackhauloferecidasnosmunicípiosatendidospordeterminaçãodoDecretonº6.424/2008. Adicionalmente, determinou à Anatel a realização de licitação dafaixade450MHzparaprestaçãodeserviçosdevozedados[11]nasáreasruraiseoestabelecimentodoatendimentogratuitodasescolaspúblicasruraissituadasnaáreadeprestaçãodoserviçocomconexãoà Internetembanda larga,oquerepresentaráatendimentode96%detodasasescolasruraisatéofinaldoanode2015.AindanocontextodasdiscussõessobreoPGMUIII,houveacordocomasempresasintegrantesdogrupoeconômicodasconcessionáriasparaaofertadeserviços de banda larga no atacado (infraestrutura de transporte) e no varejo(infraestruturadeacesso–bandalargapopular).

OutrasaçõesdoGovernoFederal,comooProgramaCidadesDigitais,queprevêaconstrução de redes de fibra óptica interligando órgãos públicos locais,comprovamaprioridadeatribuídaàsaçõesdeinclusãodigitaledeampliaçãodoacessoaosserviçosdebandalarga.

Encontram-se atualmente em estágio de formulação outras políticas públicasquetêmporobjetivopromovera implantaçãoderedesde telecomunicaçõesdeúltima geração. Por contribuírem decisivamente para o empoderamento docidadão, para melhoria dos serviços públicos e para criação de ambiente de

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circulação de conhecimento e utilização de tecnologias avançadas, tais redesconstituem infraestrutura de suporte ao desenvolvimento econômico e àinclusãosocial.

Conclusão

Dianteda grande transformaçãopelaqualpassouo setorde telecomunicaçõesdesdeapromulgaçãodaLGT,acarretandoinclusivemudançasdepercepçãoporparte dos consumidores, das empresas e do governo quanto à evolução dosserviçosde telecomunicações, ediantedoobjetivoexplícitodepolíticapúblicadepromoveraampliaçãodoacessoàbanda larga, faz-seoportunaadiscussãosobrealteraçõesnoatualmodelodeconcessõesdoSTFC,comoobjetivode,nãosó promover a construção de infraestrutura de suporte à banda larga, mastambémdeconsideraroconstanteimpactodasnovastecnologiassobreosetorde telecomunicações e as contínuas transformações dessemercado – tanto naprestaçãodosserviçosquantonademandadosconsumidores.

Fatoéque,nãoobstanteastransformaçõesobservadasnosetor,oSTFCpermanececomo

únicoserviçodetelecomunicaçõesprestadoemregimepúblico.Osdiferentesserviçosde interesse coletivo que dão suporte à banda larga tais como o SCM (bandalargafixa)eoSMP(bandalargamóvel),sãohojeprestadossomenteemregimeprivado, sem exigências de universalização e de continuidade, porém, comresultadosmuitopositivosemtermosdecrescimentodeacessoseatendimentoàpopulação.Comovistoacima,têmsidobuscadasalternativasparapromoveraampliação desses serviços, como, por exemplo, no caso do SMP, a inserção decompromissos de abrangência nas licitações de faixas de radiofrequênciarealizadaspelaAnatel.

Ante o exposto, é preciso refletir acerca de como será o setor pós-2025 e decomoaspolíticaspúblicasdevemserestabelecidasafimdegarantireficiênciaeatualidadenoatendimentodasdemandassociais,tendoporbaseacompreensãodabandalargacomoinstrumentodeconcretizaçãodedireitosfundamentais.

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Eixo1-ObjetivodaPolíticaPúblicaÀépocadaaprovaçãodaLeiGeraldeTelecomunicações-LGT,ograndeanseiodasociedadeerapelamassificaçãodoacessoàsredesdetelefoniafixa,sendoointeresse por conexões de dados e por serviços commobilidade residuais, atéporquetaisredeserammuitoincipientesàquelaépoca.Por esta razão, o único serviço prestado atualmente em regime público é atelefonia fixa (STFC) e, portanto, apenas este pode ser objeto de metas deuniversalização. No contexto dos Planos Gerais de Metas de Universalização(PGMUs) e dos contratos de concessão, têm sido estabelecidas obrigações deuniversalizar acessos individuais, acessos coletivos (orelhões) e infraestruturadesuportedoserviço,denominadabackhaul.Aolongodosanos,osetorsofreualteraçõesdecorrentesdaevoluçãotecnológica,oquepossibilitoua convergênciadaexploraçãode serviços, antesprestadosapartir de diferentes plataformas, para uma única infraestrutura. Esta evoluçãotecnológicatem,ainda,possibilitadocadavezmaisoacessoadiversosserviçoseaplicaçõesdisponíveisnaInternet,muitosdelesconcorrentescomosserviçosdetelecomunicações tradicionalmente regulados. Ou seja, se por um lado ainfraestruturaconvergeparaumaúnicaplataformacapazdesuportarotráfegodedadosmultimídia,poroutroapluralidadedeserviçoseaplicaçõessobreestainfraestruturacrescecadadiamais.Tal evolução tem transformado o panorama do setor, com demanda cada vezmaior por serviços de telecomunicações ditos convergentes, em detrimentodaqueles baseados em redes especializadas e com uso limitado. Isso pode servisualizado no considerável aumento da demanda por serviços detelecomunicaçõesquedão suporte à internet embanda larga (SMPeSCM,porexemplo).Some-seaessasrazõesparaoaumentodademandaporbandalargaofatodeque suapenetração já se apresenta como fatordedesenvolvimentodoPIBdasnações.Tendoemvistaonovoanseiodasociedadeporbanda larga, fixaoumóvel,emdetrimento da telefonia fixa, é preciso redesenhar as políticas públicas parapermitiraexpansãodoacessodasmaisdiversascamadasdasociedadeaessesserviços, considerando também a dimensão geográfica continental do país. Defato, o SMP e o SCM são serviços prestados, atualmente, em regimeprivado e,portanto,nãosujeitosametasdeuniversalização.Dessaforma,asaçõesparasuaexpansão têm sido baseadas em outras fontes de financiamento, diferentesdaquelasprevistasnasconcessõesdoSTFCnaépocadesuaprivatização.Além da expansão das redes de acesso em banda larga que chegam até osusuários, é premente que a política a ser construída reflita sobre as redes detransporte(backboneebackhaul).Issoporque,aviabilizaçãodoacessoàbanda

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larga constitui-se tanto da necessidade de infraestrutura de rede quanto dadisponibilizaçãodeserviçosdeacessodiretamenteaousuário.Diantedisso,solicitam-secontribuiçõesàsseguintesindagações,semprejuízodeoutrasconsideraçõessobreotema:

• Considerando a forte demanda social pela expansão dos serviços debanda larga, qual deveria ser o foco da política pública, seja em regimepúblicoouemregimeprivado,emrelaçãoa:

1. Bandalargafixa?2. Bandalargamóvel?3. Redesdetransporte?4. Redesdeacesso?

• Como garantir a atualidade da política pública para o setor de

telecomunicaçõesdiantedaevoluçãotecnológica?

• Haverianecessidadedesepararapolíticapúblicaparaofertadeacessoedetransporte?Dequemaneira?

• ConsiderandoqueoSCMeoSMP,serviçosdesuporteàbandalarga,são

hojeprestadosemregimeprivado,qualdeveseraintensidadedaatuaçãoregulatóriasobreessesserviçosnocenáriodeatualizaçãodomodelo?

• Deve haver simplificação da estrutura de serviços para que existam

serviços convergentes, capazes de suportar voz e dados? Como essasimplificaçãosedaria?

• Quais incentivos devem ser estabelecidos para a atuação de pequenos

provedoreseparaoestímuloainvestimentosembandalarga?

• OSTFC(telefoniafixa)continua,emtodoouemparte,caracterizando-secomo serviço cuja universalizaçãodeve ser asseguradapeloEstado?Nocaso de encerramento do contrato de concessão, quais metas deuniversalizaçãodatelefoniafixadeveriamserpreservadas?

• A política pública deveria abranger o território nacional de maneira

uniforme, ou deveria ser focada nas áreas não competitivas e nãoatrativas?

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Eixo2-PolíticadeUniversalizaçãoA LGT previu, como fontes de financiamento da universalização, oOrçamentoGeral da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípiose a criaçãodefundo específico (FUST), além desubsídio entremodalidades de serviço ousegmentos de usuáriose o pagamento de adicional ao valor de interconexão.Essasfontessomentesedestinamacobrirparceladocustonãorecuperávelcomaexploraçãoeficientedoserviçoobjetodasmetasdeuniversalização.ALeinº9.998,de17deagostode2000,criouoFundodeUniversalizaçãodosServiçosdeTelecomunicações,oFUST,quenãopodeserdestinadoàcoberturade custos com universalização dos serviços que a própria prestadora devasuportar,nostermosdocontratodeconcessão.Porsetratardefundodestinadoàuniversalizaçãodeserviços,oFUSTsomentepode ser aplicado na prestação em regime público.Ou seja, apenas pode seraplicado para cobrir a parcela do custo não recuperável da universalização datelefoniafixanopaís.Deoutrolado,atualmenteoserviçodetelefoniafixaencontra-seemestagnação,perdendoespaçoparaosserviçosquepossibilitamacessoàInternet,prestadosem regime privado e sujeitos a decisão das empresas para sua ampliação,seguindoaregradolivremercado.Estessãocrescentementedemandadospelosconsumidores, expandem-se cada vez mais e apresentam-se como meios deconcretizaçãodediversosdireitosfundamentais,como,porexemplo,àeducação,àinformação,àcultura,aolazereaoemprego.Diantedisso,solicitam-secontribuiçõesàsseguintesindagações,semprejuízodeoutrasconsideraçõessobreotema:

• O conceito de universalização deve ser alterado a fim de abrangerserviços essenciais, independentemente de seu regime (público ouprivado)deprestação,taiscomoosserviçosdesuporteàbandalarga?

• Édesejávelqueosrecursosdofundodeuniversalizaçãosejamdestinados

exclusivamenteacobrir“aparceladocustoexclusivamenteatribuívelaocumprimentodasobrigaçõesdeuniversalizaçãodeprestadoradeserviçode telecomunicações, que não possa ser recuperada com a exploraçãoeficientedoserviço”,ouseriapreferívelexpandirseuescopoparaoutrashipóteses?

• Seria desejável utilizar recursos do fundo de universalização para

subsidiardiretamenteousuáriofinal?Emquaiscircunstâncias?

• DequemaneirapoderiasermodernizadaalegislaçãodoFUST,demodoatornar sua aplicação mais eficiente? Quais exemplos de outros setoresreguladospoderiamseraplicadosaosetordetelecomunicações?

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Eixo3-RegimePúblicovs.RegimePrivadoA Constituição Federal prevê que os serviços de telecomunicações serãoprestados mediante concessão, permissão ou autorização. A LGT estabeleceuseparaçãodosserviçosemregimeprivado–exploradospormeiodeautorizaçãoecombasenosprincípiosconstitucionaisdaatividadeeconômica–eemregimepúblico,medianteconcessãooupermissão,sujeitosaodeverdecontinuidade,acontrole tarifário, a bens reversíveis à União ao fim da outorga (se assimdeterminar o contrato de concessão) e a obrigações de universalização, quevisam a possibilitar o acesso a serviços de telecomunicações,independentementedelocalizaçãoecondiçãosocioeconômica.Aleidefineaindaquecomportarãoprestaçãonoregimepúblicoasmodalidadesde serviço de telecomunicações de interesse coletivo, cuja existência,universalização e continuidade a própria União comprometa-se a assegurar.Além disso, segundo a LGT,modalidades de serviço de interesse coletivo que,consideradas essenciais, estejam sujeitas a deveres de universalização, nãopoderãoserexploradasapenasemregimeprivado.Diante dessa sistemática, somente serviços em regime público submetem-se ametas de universalização, o que, segundo as normas atuais, restringe-se aoserviçodetelefoniafixa(STFC).Contudo, o regime público, apesar de embutir o benefício de propiciar auniversalização e assegurar a continuidade do serviço, pode implicar tambémdesincentivoainvestimentos,peloriscodereversãodeativos.Quandosedefiniua prestação em regime público identificou-se que os benefícios poderiamcompensar eventuais ineficiências, mas essa conclusão não é estática, pois éinfluenciadaporconstante transformação tecnológicadosetor,queaindapodesofrerprofundasmudançasatéofimdaconcessão,em2025.Observa-se que, no momento atual, as novas tecnologias possibilitam aconvergênciadaexploraçãodeserviçosapartirdeumaúnica infraestrutura,oque viabilizou acesso cada vez maior a serviços e aplicações disponíveis naInternet. Diante disso, assiste-se a considerável aumento da demanda porserviçosdetelecomunicações,comooServiçoMóvelPessoal–SMPeoServiçodeComunicaçãoMultimídia–SCM,queviabilizamacessoàbandalargamóvelefixa,respectivamente.Esses serviços, prestados em regime privado e por isso orientados pelosprincípiosconstitucionaisdaordemeconômica,têmexperimentadocrescimentosignificativo, conforme ilustra o gráfico abaixo, mesmo sem contar com agarantialegaldeuniversalização.Àsuafalta,outrosremédiostêmsidoadotados:oseditaisdelicitaçãodefaixasderadiofrequênciaforamquasetodoselaboradoscontendocláusulasqueobrigaramoavançoininterruptodoalcancedoSMPem100% dos municípios brasileiros. Ademais, várias ações foram tomadas comvistasaimpulsionaroavançodoSCM,taiscomoaatualizaçãodoregulamentodo

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serviço em 2013, a previsão de assimetrias regulatórias para incentivar aprestaçãodoserviçoporpequenosprovedoreseareduçãodopreçodeoutorgadeR$9.000(novemilreais)paraR$400(quatrocentosreais).

Após a massiva implantação da infraestrutura de STFC no país, o serviçoencontra-seuniversalizado,perdendoespaçoatualmenteparaaquelesquedãosuporte à banda larga. Esses são crescentemente demandados pelosconsumidoreseexpandem-secadavezmais,mesmosendoprestadosemregimeprivadoe,portanto,sujeitosaregrasmaisflexíveis.Deve-se destacar que a LGT define a possibilidade de o Poder Executivo, pordecreto, instituiroueliminaralgumamodalidadedeserviçodoregimepúblico.Tal decisão pode tomar como embasamento diferentes razões. Por exemplo,poder-se-ia concluir que a União nãomais atribuiria a determinado serviço ocaráter de essencialidade e, por isso, não mais seria responsável por suacontinuidade e universalização. Por certo, semelhante raciocínio pode serintroduzidonosentidoinverso,ouseja,parasedaressecaráteraoutrosserviçosde telecomunicações que venham a ser considerados como essenciais àsociedade.Diantedisso,solicitam-secontribuiçõesàsseguintesindagações,semprejuízodeoutrasconsideraçõessobreotema:

• Adefiniçãodos serviços comoprestados em regimepúblico ouprivadocontinuatendosentido?Éoportunaamanutençãodessesdoisregimes?

• Qual(is)mecanismo(s)seria(m)o(s)maisadequado(s)parapromovera

ampliação do acesso àqueles serviços entendidos como essenciais,considerando inclusive a contínua transformação tecnológica a que elesestãosubmetidos?

• Quais incentivos deveriam ser discutidos para promover os ajustes

necessários no setor de telecomunicações e viabilizar amassificação dabandalarga?

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Eixo4-ConcessãoALGTdefineconcessãodeserviçodetelecomunicaçõescomoadelegação,aumparticular, da prestação de um serviço essencial, em regime público, sujeito ametasdecontinuidade,controletarifárioereversãodebens,sehouver,aofinalda outorga. Esta se dámediante contrato, sem caráter de exclusividade e porprazo determinado de, no máximo, vinte anos, podendo ser prorrogado, umaúnicavez,porigualperíodo.Ainda de acordo com a citada lei, as áreas de exploração, o número deprestadoras,osprazosdevigênciadasconcessõeseosprazosparaadmissãodenovasprestadoras serãodefinidos considerando-se o ambientede competição,observados o princípio do maior benefício ao usuário e o interesse social eeconômicodoPaís,demodoapropiciara justaremuneraçãodaprestadoradoserviçonoregimepúblico.Diantedisso,asconcessõesobedecemaumPlanoGeraldeOutorgas(PGO),quedefineadivisãodoPaísemáreas,onúmerodeprestadorasparacadaumadelas,seusprazosdevigênciaeparaadmissãodenovasprestadoras.

Nesseregime,busca-seefetivarobinômio"maiorbenefícioaousuário"e"justaremuneraçãodoencarregadodoserviço",quefazjusàpreservaçãodoequilíbrioeconômico-financeiro do contrato de concessão, mas se sujeita aos riscosempresariais, remunerando-se pela cobrança de tarifas dos usuários ou por

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outras receitas alternativas e respondendo diretamente por suas obrigações epelosprejuízosquecausar.A concessão submete-se ainda ao cumprimento de metas de universalização,periodicamente aprovadaspeloPoderExecutivopormeiodePlanosGerais deMetasdeUniversalização,oschamadosPGMUs.Porisso,taismetasapresentam-setambémcomoinstrumentoderealizaçãodepolíticapúblicacomoobjetivodepossibilitar o acesso a serviços de telecomunicações considerados básicos,independentemente da localização e condição socioeconômica, o que visa agarantir,inclusive,aprestaçãodetaisserviçosemáreaseconomicamentemenosrentáveis.Um dos grandes diferenciais do serviço prestado em regime público é aobrigaçãodecontinuidadenaprestaçãodos serviçosde telecomunicações,quedisciplina as relações econômicas no setor e possibilita a fruição de formaininterruptadoserviço,semparalisaçõesinjustificadas.DeacordocomaLGT,demodo a assegurar essa obrigação de continuidade dos serviços prestados emregime público, é utilizado o instituto da reversibilidade dos bens. Os bensreversíveis serão revertidos à União automaticamente na extinção da outorga,resguardado à Concessionária o direito às indenizações previstascontratualmente ena legislação.Alémdisso, seo contrato for extinto antesdoprazoinicialmenteprevisto,haverápagamentodeindenizaçãopelasparcelasdeinvestimentosaelesvinculados,aindanãoamortizadosoudepreciados.Deve-se registrar que o atual cenário de convergência possibilita que umamesmaempresasejaresponsávelpordiferentesserviçosdetelecomunicações,oque pode gerar incerteza sobre a parcela dos ativos das concessionárias,utilizados na prestação dos demais serviços, que devem ser consideradosreversíveis.Adiciona-seaessecenáriojábastantecomplexoarecentealteraçãodaLGT(pormeiodaLeinº12.485/2011)quepermiteaexploraçãodireta,pelaconcessionária,deoutrosserviçosdetelecomunicações.A proximidade do fim dos contratos de concessão reduz o incentivo aoinvestimento emmodernização de infraestrutura de rede, tendo em vista quegrandes investimentos requerem um prazo maior de maturação para que ovolumedeinvestimentosejacompensadopelasreceitasauferidas,quepodenãoser alcançado antes do fim dos contratos. A obrigação da reversibilidade temsidoidentificadatambémcomocausapararedundânciadeinfraestrutura.Atualmente,oúnicoserviçodetelecomunicaçõesoutorgadomedianteconcessãoéatelefoniafixa(STFC).Alémdisso,asoutorgasatualmenteemvigor,jáumavezprorrogadas,encerram-seem2025,semquepossamserobjetoderenovação.Diantedisso,solicitam-secontribuiçõesàsseguintesindagações,semprejuízodeoutrasconsideraçõessobreotema:

• É necessário que continuem existindo contratos de concessão? Atéquando?Quaissãooscustos/desvantagensebenefíciosparatanto?

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• Sesim,qualdeveserseuobjeto?[videEixo1:Objetodapolíticapública]

• Sesim,qualdevesersuaabrangênciaterritorial?Equalseriaonúmerodeprestadores?

• Sesim,haverianecessidadederevera formacomosãoestabelecidasas

metasdeuniversalizaçãohoje?Como?

• Se sim, como assegurar a viabilidade econômica das concessões emumcenário de concorrência com empresas autorizadas eOver The Top(OTTs)?

• Se não, como assegurar a prestação de serviços essenciais à população

residenteemáreaseconomicamentemenosrentáveisoudedifícilacesso?

• Dequeformaseriaasseguradooequilíbrioeconômico-financeiroentreasobrigaçõeseoretornofinanceiro?

• Comodevem ser tratados em relação à reversibilidade os bens que são

utilizados de forma compartilhada para a prestação de outros serviçosalémdoSTFCemregimepúblico?

• Seviesseahaverreduçãodaáreageográficadeprestaçãodeserviçoem

regimepúblico,qualtratamentodeveriaserdadoaosbensreversíveisnaregiãoemqueoserviçopassasseaserprestadoemregimeprivado?

• Como pode ser assegurada a continuidade da prestação do serviço de

bandalargapelasempresasemáreasmenosatrativas?

• Há outros mecanismos jurídicos, além da reversibilidade, que possamassegurar a continuidade do serviço no caso de desistência/falência daempresaqueprestaserviçosessenciais?Quais?

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Eixo5-OutrosTemasOdinamismodosetordetelecomunicaçõestemprogressivamentecolocadoemxeque concepções consagradas na legislação setorial e nas práticas do órgãoregulador. Nesse contexto, diversos temas têm ganhado destaque nos debatespúblicos, comoas questões ligadas à gestão e à outorgade espectro, a relaçãoentre os novos serviços e tecnologias disponíveis na Internet e os serviçostradicionais de telecomunicações, os desafios do setor face ao surgimento daInternet das Coisas e a progressiva convergência entre terminais e serviçosdistintos,dentreoutros.

• NocontextodeumaamplarevisãodomodelodeprestaçãodeserviçosdetelecomunicaçõesnoBrasil,quaisoutrostemasdeveriamserabordados?

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